Desenvolvimento de uma metodologia para o cálculo analítico de tambores de

transportadores de correia

Milla de Paula Kleinsorge1, Marcelo Alves Gelais2, Marcelo de Araújo Marcondes3 e Antônio Eustáquio de Melo
Pertence4
1
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFMG, milla.kleinsorge@tecnometal.com.br,
2
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UFMG, marcelo.gelais@sandvik.com,
3
Mestre em Engenharia Mecânica UFMG, marcelo.marcondes@domuseng.com.br,
4
Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, pertence@demec.ufmg.br

Resumo – A crescente necessidade de manuseio de
minério tem propiciado o desenvolvimento de
transportadores de correia com capacidades cada vez
maiores. Estes projetos têm demandado estudos mais
detalhados de seus principais componentes, dentre
eles, pode-se destacar o sistema de acionamento, as
correias e seus tambores. A necessidade de transportar
cada vez mais material está diretamente relacionada
com as tensões sobre as correias, ou seja, com as
tensões atuantes nos tambores em geral. Neste
trabalho são apresentadas informações sobre
transportadores de correia, os tipos existentes e seus
principais componentes, além do desenvolvimento um
método para o cálculo analítico de tambores. São
analisadas as tensões na casca, no disco e eixo do
tambor sendo definidos valores limites para tensões e
deformações atuantes. A partir do desenvolvimento da
metodologia de cálculo analítico para o tambor foi
desenvolvido um programa em Excel® com a utilização
de macros baseado em VBA® (Visual Basic
Application) possibilitando a criação de uma interface
gráfica amigável para o usuário. O programa foi
utilizado no estudo de casos e os resultados obtidos
foram comparados com o resultado de um programa
comercial de cálculo de tambor. Assim, espera-se que
este estudo contribua para um maior conhecimento de
um método de cálculo de tambores para
transportadores de correia, possibilitando a melhoria
na execução dos projetos e minimizando as
possibilidades de falhas destes componentes.
Palavras-chave: Manuseio de minério, Transportador
de Correia, Tambores, Tambores motrizes, Tambores
movidos
Abstract – The growing need for conveyor bulk
material pushed the development of belt conveyors with
bigger capacities. These projects have been requiring
more detailed studies of its main components, among
them are the drive system, the belts and their pulleys.
The need to convey more and more material is directly
related to the tension on the belts, ie, the stresses
acting on the drums in general. This paper presents
information on belt conveyors, existing types and their
main components, and the development of an
analytical method for the calculation of pulleys.
Tensions will be analyzed in the rim, discs and shaft
and stress limits and strain values will be set. From the
development of an analytical calculation methodology
for pulleys was developed a program in Excel® using
VBA®-based macros (Visual Basic Application)
enabling a friendly graphical user interface. The
program was used in case studies and the results were
compared with the results of another commercial
program of pulley calculation. Thus, it is expected that
this study contributes to a better understanding of a
method of calculation of pulleys for belt conveyors,
enabling the improvement in project execution and
minimizing the possibility of failure of these
components.
Keywords: Bulk Handling, Belt Conveyor, Drive
Pulley, Non-drive Pulley.
I. INTRODUÇÃO
A necessidade de transportar cada vez mais
materiais a granel possibilitou o desenvolvimento de
novas tecnologias nas áreas relacionadas à mineração,
em especial os transportadores de correia.
Cada transportador de correia apresenta
características bastante individuais e peculiares
conforme sua aplicação, conforme o material a ser
transportado e também de acordo com o perfil do
terreno, distâncias e diferentes elevações entre o
carregamento e a descarga do material [1].
O aumento das capacidades e das distâncias a
serem transportadas tem relação direta com as tensões
aplicadas na correia e consequentemente nas tensões
atuantes nos tambores. O tambor é responsável por
transmitir o torque fornecido pelo conjunto de
acionamento, composto de motor, acoplamentos e
redutor para a correia, além de tracionar as correias,
vencendo as resistências diversas, bem como promover
as mudanças de direção da correia de forma a ter-se o
perfil desejado do transportador.
Como os tambores são componentes de grande
importância para o funcionamento dos transportadores,
é apresentado neste trabalho o desenvolvimento de uma
metodologia para o cálculo analítico de tambores a
partir da norma [2] para projeto de eixos de
transmissão e com base na teoria de placas finas e
casca desenvolvida por [3], além de livros e
publicações cientificas [4], [5], [6], [7] e [8]. O cálculo

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analítico contempla as partes relevantes do tambor, ou
seja, eixo, casca e disco.
A partir do desenvolvimento da metodologia de
cálculo analítico para o tambor foi desenvolvida um
programa em Excel® com a utilização de macros
baseado em VBA® (Visual Basic Application)
contendo as equações utilizadas no cálculo, além de um
banco de dados com informações e padrões
determinados pela norma [9].
O programa foi utilizado no estudo de casos e os
resultados obtidos foram comparados com os
resultados de outro programa comercial de cálculo de
tambor que apresenta metodologia distinta.
Assim foi possível a criação de uma interface
gráfica amigável que permite ao profissional uma
maior facilidade e rapidez ao executar os cálculos do
tambor, possibilidade que é de grande interesse tanto
para as indústrias de mineração, quanto para as
empresas de projetos e fabricantes dos transportadores
de correia.
II. TRANSPORTADORES DE CORREIA
Segundo a NBR 6177 [1], o conceito de
transportador de correia é o seguinte: “Arranjo de
componentes mecânicos, elétricos e estruturas
metálicas, consistindo em um dispositivo horizontal ou
inclinado (ascendente ou descendente) ou em curvas
(côncavas ou convexas) ou ainda, uma combinação de
quaisquer destes perfis, destinado à movimentação ou
transporte de materiais a granel através de uma correia
contínua com movimento reversível ou não que se
desloca sobre os tambores, roletes ou mesa de
deslizamento, segundo uma trajetória pré-determinada
pelas condições de projeto, possuindo partes ou regiões
características de carregamento e descarga.”
De uma forma geral, os transportadores de correia
são constituídos por um ou mais acionamentos que, por
meio de tambores sustentados em seus eixos por
mancais de rolamentos tracionam correias de borracha
sobre as quais o material granulado é transportado.
Cada transportador de correia irá apresentar
características bastante individuais e peculiares
conforme sua aplicação, conforme o material a ser
transportado e também de acordo com o perfil do
terreno e as distâncias e diferentes elevações entre o
carregamento e a descarga do material [1].
III. TAMBORES
Os tambores de transportadores de correia,
antigamente eram fabricados utilizando madeira, hoje
podem ser fabricados utilizando ferro fundido forjado
ou aço soldado. O aumento do uso de transportadores
de correia e a necessidade de peças de reposição, levou
a indústria de tambores a abandonar os tambores feitos
sob medida e partir para o desenvolvimento de padrões,
com dimensões já predefinidas, assim como faixas de
tensões que podem ser aplicados.
Os tambores transmitem o movimento rotativo do
acionamento, do eixo de saída dos redutores de
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velocidade para a correia, tracionando e movimentando
a mesma, juntamente com o material transportado,
vencendo as distâncias e as resistências diversas, bem
como promovendo as mudanças de direção da correia
de forma a ter-se o perfil desejado do transportador.
Neste sentido, tem-se normalmente o tambor de
descarga, os tambores de desvio diversos, os tambores
de acionamento, de esticamento e de retorno conforme
indicado esquematicamente na Figura 1. Muitas vezes,
o tambor de descarga é o próprio tambor de
acionamento bem como o tambor de retorno pode ser
também o tambor de esticamento, mas nem sempre isso
ocorre.
A posição do tambor ao longo do transportador de
correia tem grande influência na tensão na qual ele está
submetido, os tambores localizados antes do tambor de
acionamento (considerando o sentido de transporte)
estarão sujeitos a maiores tensões, enquanto que, os
tambores localizados após o tambor de acionamento
estarão sujeitos a menores tensões, podendo assim, ter
dimensões menores.
Figura 1 – Desenho esquemático mostrando uma posição típica dos
diversos tambores.
TAMBOR DE
DESVIO
TAMBOR DE
DESCARGA
TAMBOR DE
RETORNO
TAMBOR DE
ESTICAMENTO
TAMBOR DE
ACIONAMENTO
Fonte: Elaborada pelos autores.
Os tambores dos transportadores podem ser
classificados como motrizes, ou seja, transmitem
torque através dos seus eixos, ou movidos em que os
eixos servem como de apoio. A Figura 2, apresenta um
tambor típico movido, com seus principais
componentes: o eixo, a casca os discos laterais e anel
de expansão.
Figura 2 – Tambor movido.
REVESTIMENTO CASCA
ANEL DE
CUBO
EXPANSÃO
EIXO
DISCO
Fonte: Elaborada pelos autores.
A. Eixo
Um eixo é um elemento rotativo, geralmente de
seção transversal circular, utilizado para transmitir
potência ou movimento. Um eixo que não transmite
nenhum torque é utilizado apenas para suportar rodas,
polias e tambores.
 As dimensões do eixo de um transportador devem transmitir o torque do conjunto de acionamento para o
ser determinadas de acordo com as cargas aplicadas tambor. Por especificação de clientes, cada anel de
nele, bem como aspectos construtivos dos expansão em cada lado do tambor deve transmitir 1,6
transportadores, tal como a largura da correia. O eixo vezes o torque efetivo do transportador, isto é, o torque
juntamente com todos os componentes do tambor deve transmitido pelo anel selecionado deverá ser igual ao
ser considerado como um único conjunto estrutural, torque tabelado pelo fabricante dividido por 1,6
pois seu dimensionamento depende da interação entre A máxima tensão cisalhante (  m áx ) em um eixo
eles. submetido à flexo-torção é dada pela Equação 2.
O diâmetro do eixo é determinado por dois
critérios, à tensão atuante máxima e deflexão máxima.
2
Dependendo do caso, ou a tensão ou a deflexão podem x 
ser determinantes para a seleção do diâmetro.  máx      xy
2
(2)
 2 
A resultante da carga radial aplicada no tambor é
uma soma vetorial das tensões aplicada na correia. Em que:
As tensões de correia aplicadas no tambor devem
ser determinadas em função da potência transmitida, da  x - Tensão de flexão
elevação do transportador, comprimento do  xy - Tensão de torção
equipamento e das várias resistências presentes no
transportador.
As tensões de flexão e torção são dadas pela
Uma vez que o acionamento do transportador já
Equação 3 e Equação 4, respectivamente.
tenha sido calculado e a força de esticamento definida,
tem-se conhecimento das duas tensões chamadas de T1
M
e T2 atuantes no tambor e que são, respectivamente, a x  y (3)
tensão na entrada do tambor e a tensão na saída do I
tambor ocasionada pelo esforço do esticamento e T
responsável por manter o atrito entre o revestimento do  xy  y (4)
J
tambor e a correia evitando que o tambor deslize e não Onde:
consiga transmitir o torque do motor para a correia.
O cálculo do tambor é feito a partir da resultante M - Momento fletor
das tensões T1 e T2, elas são calculadas através do T - Momento de torção
ângulo de abraçamento do tambor. A Figura 3 e a
Equação 1 apresentam o cálculo da tensão resultante Segundo [2], os momentos M e T devem ser
T1y , através de relações trigonométricas básicas. multiplicados por fatores de correção devido a choque
e fadiga. Adota-se Cm  1,5 e Ct  1,0 . Assim,
Figura 3 – Cálculo da tensão resultante aplicada no tambor. desenvolvendo as Equações 3 e 4, e as substituindo na
Equação 2, chega-se a Equação 5.

 máx 
16
 1,5  M 2  1,0  T 2 (5)
  d3

Segundo [2], as máximas tensões cisalhantes

admissíveis são dadas pelas Equação 6 ou Equação 7, a
que apresentar menor valor.
Fonte: Elaborada pelos autores.
 adm  0,30  S y (6)
 
T 1 y  T 1  sen  (1)
2  adm  0,18  Sut (7)
Onde:
O cálculo do eixo, neste trabalho, será feito baseado
em [2], ela apresenta um modo simplificado para o S y - Tensão de escoamento do material
projeto de eixos e pressupõe que o carregamento é
constituído de flexão alternada e torque fixo, ou seja, a Sut - Tensão de ruptura do material
componente de flexão média é nula, enquanto que a
componente alternada do torque é nula. Deflexão do eixo
O dimensionamento do eixo deve ser realizado
Seja um eixo, em equilíbrio, apoiado em suas
para cada seção, sendo elas: a região do acionamento,
extremidades, submetido a uma carga que gera flexão
região do mancal e do cubo. A determinação do
normal. Este eixo fletido, deixa de ser reto assumindo
diâmetro mínimo do eixo no cubo é feita pela seleção
uma forma, como a mostrada na Figura 4.
do anel de expansão. O anel de expansão deve

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 Note-se que as seções do eixo sofreram
deslocamentos na direção perpendicular ao eixo. Estes c
3 L  L  2  L  L 
2 3
2
1
3
2
3
(11)
deslocamentos são conhecidos como flechas e 12  I c
indicados por f .
É possível perceber também, que as seções, antes d
L2  
 B 2  4  L32  (12)
paralelas, agora ocupam uma posição inclinada em 16  I ec
relação à posição inicial. A inclinação existente entre a
posição final e a posição inicial da seção é chamada de B. Casca
deflexão e é indicada por  .
Analiticamente é difícil estabelecer como a tensão da
Figura 4 – Eixo fletido. correia aplicada no tambor será distribuída entre a
casca e os outros componentes do tambor, assim
utiliza-se por simplificação a hipótese de que a casca
do tambor é considerada como uma viga bi-apoiada. A
tensão de flexão da casca segundo [10] é dada pela
Equação 13.

3  kc  Tt  D
Fonte: Elaborada pelos autores. C  (13)
tc 2
Os valores das flechas e as deflexões são obtidos a
partir da integração da função momento fletor que atua Onde:
nas seções do eixo.
Um eixo de um tambor de transportador possui, Tt - Tensão média aplicada por comprimento de
normalmente, diferenças em seu diâmetro, tornando o tambor
cálculo da deflexão mais complicado, pois há mudança D - Diâmetro do tambor
nas propriedades da seção transversal ao longo do seu t c - Espessura da casca
comprimento. A Figura 5 apresenta um eixo de tambor k c - Fator de correção devido ao ângulo de
com escalonamentos entre a região do mancal e do
cubo e entre a região do cubo e entre cubos. abraçamento

Figura 5 – Eixo de um tambor escalonado. A Tabela 1 apresenta os valores para k c  de acordo

com o ângulo de abraçamento [10].

Tabela 1 – Fator de correção devido ao ângulo de abraçamento

 kc  kc
0º 0,0000 120º 0,1006
20º 0,0685 140º 0,0810
30º 0,0891 150° 0,0680
40º 0,1097 160º 0,0551
60º 0,1270 180º 0,0292
Fonte: Elaborada pelos autores.
70º 0,1260 190º 0,0425
80º 0,1249 200º 0,0551
As Equações 8, 9, 10, 11 e 12 são utilizadas para o 90º 0,1171 210º 0,0664
cálculo da deflexão do eixo escalonado, utilizando-se
100º 0,1092 220º 0,0780
de uma técnica de integração numérica como a regra de
Simpson ou a regra do trapézio. 110º 0,1050 240º 0,1006

2 f A máxima tensão admissível na casca [10] é dada

tan( )  (8) pela Equação 14.
B
 admC  0,18  S y (14)
T1  T 2
f   b  c  d  (9)
2 E
C. Anel de expansão
L3
b 1 (10) Anéis de fixação, normalmente chamados de anéis
6  Im de expansão devido ao seu princípio de funcionamento,
unem por pressão eixos e cubos, eliminando a

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necessidade de rasgos de chaveta, diminuindo as Figura 7 – Geometrias do disco.
concentrações de tensão, aumentado a capacidade de
carga do eixo significativamente. Dois modelos de anel
de fixação estão representados na Figura 6.

Figura 6 – Anéis de fixação.

Fonte: Retirado de [11].

A forma de turbina (b) reduz a rigidez do disco,

melhorando a distribuição de flexão no disco. A Figura
8 apresenta a distribuição de tensões ao longo do disco,
quando adotado o perfil de turbina.
Fonte: Catalógo Ringfeder.
Figura 8 – Distribuição de tensões ao longo do disco.
D. Cubo
O cubo é o elemento fixado no disco para permitir a
união deste ao eixo, de acordo com [15] sua
deformação é considerada zero, devido a sua largura. O
diâmetro externo e a largura do cubo dependem
também das dimensões do anel de expansão escolhido.
Conhecida as dimensões do anel de expansão é
possível determinar o diâmetro externo do cubo,
apresentado por [15]. As Equações 15, 16, 17 e 18
apresentam a sequência de cálculo do diâmetro externo
do cubo, dimensão de extrema importância para o
cálculo do disco.

s  4s  3 Fonte: Elaborada pelos autores.

d ext  d ext ANEL (15)
s 3 Os discos são os componentes de dimensionamento
mais complexo e os mais propensos a falhas. No seu
2
 Sy  dimensionamento com geometria do tipo turbina, é
s   
 (16) utilizada uma sequência de equações desenvolvidas
 c  p 'red  para o estudo da flexão simples, além de equações
baseadas em [3] e [12].
lint A teoria de placas finas e casca foi desenvolvida
p'red  p' (17) para discos com espessuras constantes e no caso dos
lext
discos com espessuras variáveis apresenta as seguintes
limitações:
65  0,075  S y - A espessura do disco deve ser pequena quando
c (18)
100 comparada com as outras dimensões do conjunto do
tambor e não variar bruscamente;
As variáveis d extANEL , p ' , lint e lext , são valores - O disco deve sempre estar fixado de maneira rígida
na região de contato com o cubo, enquanto que a
tabelados pelo fabricante do anel de expansão. fixação na casca pode, ou não, ser feita de maneira
rígida.
E. Disco Podem ser feitas duas considerações, uma que o
Os discos podem ter várias geometrias diferentes: disco está sujeito a um de momento de flexão no centro
chapa plana (a), cônico (b), turbina (c), lápis (d) e e que a parte do disco, em contato com a casca, é
moldada (e), como mostrado na Figura 7. Podem ser fixada de maneira rígida (condição A) ou que disco não
fabricados de chapas laminadas a frio, por fundição, está fixado de maneira rígida na casca não podendo
forjamento ou placas usinadas. transmitir qualquer momento de flexão para a casca
(condição B) [7]. As condições A e B são apresentadas
na Figura 9.
Em ambos os casos, o diâmetro interno do disco está
rigidamente ligado ao eixo. A condição real está entre
as condições A e B. Será considerado para estudo o
caso A, pois ele apresenta maiores valores de tensão
atuante.

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 Figura 9 – Representação do disco. na Figura 12, o que pode gerar falhas tanto na junção
do disco com o cubo, quanto no eixo. Assim é
necessário encontrar a melhor combinação das
dimensões das partes para chegar a uma melhor
operação do tambor.

Figura 12 – Tambor dimensionado de maneira que sofrerá altas

deformações no eixo e junção entre cubo e disco.

Condição A Condição B
Fonte: Retirado de [12].

O projeto do tambor deve ser tal que todas as partes,

casca, disco, cubo, anel de expansão e eixo trabalhem
em conjunto, como mostrado na Figura 10 não Fonte: Elaborada pelos autores.
permitindo deformações maiores que os limites
especificados em nenhuma das partes, caso contrário, Para o cálculo da tensão no disco é necessário
ocorrerão tensões locais elevadas. considerar:
- Tensão devido à deflexão do eixo, causada pelo
Figura 10 – Tambor com deformações dentro do aceitável.  
memento fletor  DF ;
- Tensão de compressão devido à carga aplicada no

tambor  DCO ; 
- Tensão de cisalhamento devido ao torque aplicado

no tambor  DCI ; 
A Figura 13 mostra todas as tensões citadas para o
cálculo da tensão no disco.

Figura 13 – Tensões nas quais o disco está submetido.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Uma carga aplicada em uma casca pouco espessa

com um disco de grande espessura resultará em uma
grande deformação na casca e pouca do disco, como
representado na Figura 11, produzindo uma alta tensão
localizada na região da junção entre a casca e o disco,
como destacado em vermelho. Esta alta tensão pode
gerar a quebra do tambor na região da casca.

Figura 11 – Tambor dimensionado de maneira que sofrerá com altas

tensões na região da junção entre casca e disco.
Fonte: Elaborada pelos autores.

De acordo com [10], a Equação 19 apresenta a

equação para o cálculo da tensão resultante no disco.

D   D F
  DCO 2  4   D 2
CI
(19)

Existe ainda uma pressão radial aplicada pelo anel

Fonte: Elaborada pelos autores.
Para uma mesma carga aplicada, em um eixo pouco
robusto com um disco muito espesso, a deformação
angular do eixo será grande, mas o disco não
deformará, isto pode ser visto na Figura 12. Esta
situação pode causar altas tensões localizadas na região
do anel de expansão e cubo, representado em vermelho
de expansão no eixo e também no disco, mas essa não
será considerada no cálculo.
Foi dito em [3], que a fixação do disco e do cubo
deve ser feita de maneira rígida, dessa maneira, é
possível afirmar que a deformação na região entre eixo
e o disco é igual. O diagrama de momento fletor do
disco é apresentado na Figura 14.

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 Figura 14 – Momento fletor no disco. Figura 16 – Detalhe do tambor com relação.

MD

Fonte: Elaborada pelos autores.

Fonte: Elaborada pelos autores.
O disco absorve o momento fletor no eixo, é
possível perceber isso na Figura 15, que apresenta o Pelo estudo da flexão simples, pela equação da linha
diagrama de momento fletor para o disco e eixo, nela o elástica é possível chegar a Equação 23.
valor do momento fletor do disco na região de contato
com eixo é igual à parcela de momento fletor subtraída MS  L
do eixo. S  (23)
2 E  I
Figura 15 – Diagrama de momento fletor no disco e no eixo.
Igualando e desenvolvendo as Equações 21 e 23,
MD
chega-se as Equação 24.

M
MD  (24)
 
1  2  I 
   Lt 3 
MS
 d 
M
MD
De posse das Equações 20 e 24, é possível chegar ao
 
valor de  DF , apresentado na Equação 25.

Fonte: Elaborada pelos autores.

2   M
D  (25)
É possível encontrar as Equações 20 e 21 em [12], F
 2  I 
em que  DF é a tensão de flexão e  D é a deformação Di  t d  1 
2
3 
nos discos.    L  td 

 DF 
2   M D O cálculo da tensão de compressão  DCO 
 é dado
pela Equação 26 e da tensão de cisalhamento  D  é
(20)
Di  td 2
CI

dado pela Equação 27, segundo [10].

MD
D  (21)
T1  T 2
  E  td 3  DCO  (26)
2  d ex  td
Em que α é o fator de rigidez dos discos e β é o fator
de rigidez do par eixo-cubo, ambos tabelados em [3]. Di  T1  T 2
 DCI  (27)
As constantes são dependentes da razão entre d ex Di ,   dex 2  td
como indicado na Figura 16, já t d é a espessura do
disco. A máxima tensão admissível no disco é apresentada
Através da Figura 14, é possível perceber que o na Equação 28.
momento M é a soma do momento no eixo M S e o
momento do disco M D como mostra a Equação 22.  adm  0,30  S y (28)

M  MS  MD (22)

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 IV. PROGRAMA KLEINGEL tambor está submetido e ângulo de abraçamento do
tambor.
O programa consiste na aplicação direta das
O modelo do anel de expansão dever ser preenchido,
fórmulas para cada componente do tambor. Assim, os
para que seja determinado o diâmetro mínimo
dados de entrada são apenas os dados inicias de
requerido para o anel de expansão, e
cálculo, tais como o tipo de tambor (motriz ou
consequentemente, qual deve ser o diâmetro mínimo
movido), as tensões aplicadas no tambor, a largura da
do eixo na região do cubo.
correia, o diâmetro nas diversas seções do eixo, as
espessuras do disco e da casca e a seleção do material Figura 18 – Tela de definição dos dados do acionamento.
do eixo e o modelo do anel de expansão.
No caso de um tambor motriz ainda devem ser
inseridos o valor da potência instalada no
transportador, a rotação do motor e a relação de
redução fornecida pelo redutor, para a definição do
torque requerido pelo acionamento para a seleção do
anel de expansão e cálculo do eixo. O comprimento do
tambor, distância entre mancais e disco são
estabelecidas automaticamente pelo programa, após
determinada a largura da correia.
Como resultados, o programa apresenta os valores
calculados para as tensões atuantes da casca, disco, e
nas seções do eixo, cabe ao usuário comparar com os Fonte: Elaborada pelos autores.
limites estabelecidos os dados de capacidade indicados
na literatura para o material escolhido e alterar as O programa tem um banco de dados com todas as
dimensões dos componentes, caso seja necessário, ou dimensões e torque transmissível de dois modelos de
propor outro material mais resistente. anel de expansão mais utilizados comercialmente, 7012
e 7015.1. Informações que serão utilizadas não só para
A. Telas principais do programa Kleingel o dimensionamento do eixo, como também para o
cálculo do diâmetro externo do cubo.
Serão apresentadas a seguir as principais telas da
interface do programa com o usuário. Inicialmente, ao Figura 19 – Tela de inserção dos dados para cálculo de eixo de
entrar no programa o usuário irá se deparar com a tela tambor motriz.
apresentada pela Figura 17. Nesta tela, ele terá a opção
de decidir qual o tipo de tambor será calculado: tambor
movido ou tambor motriz.

Figura 17 – Tela inicial do programa de cálculo.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Uma vez tendo escolhido o tipo de tambor a ser

calculado, o usuário será conduzido às próximas telas.
Caso tenha escolhido calcular um tambor motriz será Fonte: Elaborada pelos autores.
mostrada a tela apresentada na Figura 18, nela deverá
Algumas dimensões do tambor já são definidas por
ser preenchida as informações do acionamento do
[9] de acordo com a largura da correia. São elas: o
transportador previamente determinadas pelo cálculo.
comprimento do tambor, distância entre mancais e
Depois de preenchidas as informações da potência
distância entre discos. Essas três dimensões serão
instalada, a rotação do motor e a relação de redução
automaticamente preenchidas pelo programa.
fornecida pelo redutor, além do modelo de anel de
O dimensionamento do eixo deve ser realizado para
expansão, o usuário é direcionado para a tela, mostrada
cada seção do eixo, sendo: a região do acionamento,
na Figura 19, em que deverá preencher as principais
região do mancal e do cubo. A determinação do
informações do tambor, além das tensões na qual o

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diâmetro mínimo do eixo no cubo, como já citado, é Figura 20 – Relatório de cálculo gerado pelo programa Kleingel.
feita pela seleção do anel de expansão.
É necessário para o cálculo do eixo que seja
selecionado seu material do eixo, o programa tem no
seu banco de dados às informações dos seguintes
materiais: aço 1020, 1045, 4140 e 4340, que são os
mais utilizados para fabricação de eixos.
É importante ressaltar que, o diâmetro do eixo no
cubo inserido pelo usuário deve ser maior ou igual ao
diâmetro mínimo requerido pelo anel de expansão,
caso não seja, o programa gerará uma mensagem de
erro.
Assim como, o diâmetro do eixo no acionamento
dever ser sempre maior ou igual ao diâmetro do eixo
no mancal, que deve ser sempre maior ou igual que o
diâmetro do eixo no cubo, que por sua vez, deve ser
maior ou igual ao diâmetro do eixo entre cubos.
Caso isso não ocorra, uma nova mensagem de erro
aparecerá mostrando qual dimensão está errada.
Após todos os dados preenchidos, e conferência se
os diâmetros do eixo respeitam os pré-requisitos, o
usuário será direcionado para a tela de resultados de
um cálculo de um tambor motriz.
A tela de resultados do Kleingel traz todos os dados
inseridos pelo usuário e todos os cálculos realizados
para o eixo, casca e disco. Cabe ao usuário comparar os
resultados obtidos pelo programa com os valores
limites para cada componente, caso seja de desejo, ele
poderá criar um relatório do cálculo, com as
informações inseridas e com as tensões resultantes para
cada componente.
Para o cálculo do tambor movido, como no cálculo
para o tambor motriz, devem ser inseridos os principais
dados do transportador. Feito isso, é realizada a
Fonte: Elaborada pelos autores.
conferência pelo programa dos diâmetros do eixo em
cada região. E assim, o usuário é direcionado para a
tela de resultados do cálculo do tambor movido. Quando executado o cálculo de um tambor em que o
ângulo de abraçamento é menor que 180 graus, é
necessário primeiro, corrigir a tensão no tambor T1 e
B. Geração de um relatório de cálculo
T2, para as tensões resultantes, como mostrado na
Após ser feito o cálculo é possível ver os resultados Equação 1.
do cálculo com os dados de entrada e resultados mais Após feita a correção, são inseridos os dados do
relevantes na tela do programa, assim como é possível tambor no programa. Do resultado obtido pelo
também, gerar um relatório de cálculo com essas programa, ainda se faz necessário, corrigir o valor de
informações, mostrado na Figura 20. tensões na casca devido ao ângulo de abraçamento da
correia. A Figura 21 traz o gráfico com a curva do fator
V. PROGRAMA TROSPAD® de correção para a flexão radial e tangencial. Não é
necessário fazer a correção para o cisalhamento.
Foi desenvolvido por engenheiros alemães após
testes realizados em tambores. Através destes testes,
VI. ESTUDO DE CASO 1
foram determinados os valores do fator de rigidez dos
discos e do fator de rigidez do par eixo-cubo Foi escolhido, para primeiro estudo, um tambor de
apresentados por [3], em sua teoria de placas finas e acionamento de um transportador de correia de largura
casca. de 1000 mm. O transportador já foi calculado, tendo-se
É um programa bastante utilizado e difundido pelas assim, os valores das tensões T1 e T2 atuantes no
várias empresas de projetos de tambor. Foi obtido no tambor, ângulo de abraçamento, assim como a
acervo técnico da empresa Tecnometal sendo de uso definição do acionamento. A Tabela 2 apresenta os
livre. A versão utilizada no presente trabalho é uma principais dados para o caso em estudo.
versão em português.

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 Figura 21 – Gráfico do fator de correção do abraçamento fornecido segundo a Equação 14 é 37,5 MPa, já para o disco 75
pelo programa Trospad.
MPa, de acordo com a Equação 28.

Tabela 4 – Propriedades do aço ASTM-A36.

Módulo de elasticidade do aço E  200 GPa

Coeficiente de Poisson   0,26
Tensão de escoamento S y   250 MPa
Tensão de ruptura Sut  400 MPa

A. Kleingel
O usuário após selecionar o tambor como motriz na
tela mostrada na Figura 16 deve inserir os principais
Fonte: Programa Trospad. dados do acionamento na tela da Figura 17. Feito isso,
ele deve respeitar o diâmetro mínimo requerido pelo
Tabela 2 – Dados para o cálculo do tambor em estudo. anel de expansão que já foi definido pelo programa.
Tipo de tambor Acionamento Assim, depois de determinado o diâmetro do eixo no
cubo, são definidos os diâmetros do eixo na região do
Largura da correia 1000 mm mancal e entre cubos. As espessuras da casca e do
Tensão atuante (T1) 160 kN disco do tambor foram escolhidas considerando que o
Tensão atuante (T2) 70 kN diâmetro do tambor é de 800 mm e os valores
Ângulo de abraçamento   180°
propostos parecem ser razoáveis, considerando a carga
a ser aplicada. A Tabela 5 apresenta as dimensões
Potência instalada (N) 150 kW escolhidas para o cálculo do tambor.
Velocidade de rotação (n) 1200 rpm Tabela 5 – Dimensões para cálculo do tambor.
Relação de redução (i) 16,21
Diâmetro do eixo na região
150 mm
do acionamento
Algumas dimensões do tambor já são definidas por
Diâmetro do eixo na região
[9] de acordo com a largura da correia. O comprimento 150 mm
do tambor Lt  distância entre mancais B  e distância
do mancal
Diâmetro do eixo na região
entre discos L  . do cubo
180 mm
Diâmetro do eixo na região
210 mm
Lt  1150 mm entre cubos
B  1600 mm Espessuras da casca 16 mm
L  950 mm Espessuras do disco 12 mm

O diâmetro escolhido para o tambor foi de 800 mm, Os resultados apresentados pelo programa após o
Para o eixo foi escolhido o aço forjado SAE 1045, pois cálculo são mostrados na Tabela 6.
apresenta resistência mecânica superior a dos aços de
baixo carbono convencionais. A Tabela 3 apresenta as Tabela 6 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor.
principais características do aço SAE 1045 [14].
Tensão cisalhante na região do
acionamento  máxA  29,20 MPa
Tabela 3 – Propriedades do aço forjado SAE 1045.
Tensão cisalhante na região do mancal
Módulo de elasticidade do aço E  200 GPa  máxM  74,79 MPa
Coeficiente de Poisson   0,29 Tensão cisalhante na região do cubo
Tensão de escoamento S y   310 MPa  máxC  60,48 MPa

Tensão de ruptura Sut  570 MPa Deflexão do eixo   1,556’

Tensão de flexão da casca  C  27,38 MPa
Através das Equações 6 e 7, da tensão de
escoamento e ruptura do material é possível chegar as  
Tensão de flexão no disco  DF 55,17 MPa
máximas tensões cisalhantes admissíveis para o eixo, Tensão de compressão no disco  D  32,49 MPa
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO
que para o caso em estudo é de 93 MPa.
O material escolhido para a casca e disco é o ASTM- CI 21,07 MPa
A36. A Tabela 4 apresenta as principais características Tensão resultante no disco  D  97,26 MPa
do material [14]. A tensão máxima de flexão na casca,

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 Depois do cálculo do tambor, as dimensões
escolhidas para o eixo e casca atendem os limites
definidos, mas o valor da tensão resultante no disco,
97,52 MPa, é maior que a admissível para o material,
75 MPa, assim será necessário alterar algumas
dimensões já determinadas e recalcular todos os
componentes.
As variáveis que tem maior impacto no cálculo da
tensão no disco são: o diâmetro do eixo, espessura do
disco, diâmetro do tambor e as tensões aplicadas no
tambor. Como não é possível diminuir as tensões no
tambor, a primeira tentativa será aumentar o diâmetro
do eixo, assim será adotado:
d A  d M  180 mm
d C  200 mm
d EC  240 mm
Novamente é feito o cálculo, considerando as novas
dimensões. Nova conferência das tensões cisalhantes
no eixo e tensão de flexão da casca deve ser realizada,
mas como o eixo está sujeito as mesmas tensões do
cálculo anterior e apenas os seus diâmetros foram
alterados, sendo ele aumentado, não se faz necessário
novo cálculo. O mesmo ocorre com a casca, o cálculo
da flexão na casca não depende dos diâmetros do eixo,
assim, só será necessário verificar as tensões no disco.
Sabendo que o limite de resistência do material para
o disco é de 75 MPa, o tambor com as novas
dimensões atende a todos os requisitos impostos pelo
cálculo, já que a tensão resultante no disco é 74,33
MPa. A Tabela 7 apresentados os novos resultados do
programa.
Tabela 7 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor.
Tensão cisalhante na região do
acionamento  máxA 
Tensão cisalhante na região do mancal
 máxM 
Tensão cisalhante na região do cubo
 máxC 
Deflexão do eixo  
Tensão de flexão da casca  C 
 
Tensão de flexão no disco  DF
Tensão de compressão no disco  D 
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO
CI
Tensão resultante no disco  D 
B. Trospad
O programa utilizado para cálculo de tambores é o
Trospad, ele também é baseado na teoria de placas
finas e casca desenvolvida por [3]. Como resultado do
cálculo são apresentados às tensões na casca, a
deformação do eixo e as tensões no disco. O programa
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não calcula o eixo, assim, cabe ao usuário definir o
método de cálculo do eixo.
O programa Trospad calcula a flexão radial,
tangencial e o cisalhamento para a casca, e diferente do
critério adotado para o Kleingel, cada tensão apresenta
um valor de tensão admissível. De acordo com o
manual do programa, para a tensão radial  CR , a  
tensão admissível é igual a 38% da tensão de
escoamento. Já para a tensão tangencial  CT a  
admissível é 44% da tensão de escoamento, enquanto
que para a tensão de cisalhamento  CC é igual a 
24%.
Sabe-se que o material escolhido para a casca é o
ASTM-A36 e que sua tensão de escoamento é igual a
250 MPa. Assim:
 CR adm  95MPa
 CT adm  110MPa
 CC adm  60MPa
A Tabela 8 apresenta um resumo das tensões
encontradas nas diferentes partes do tambor.
As tensões nas quais todas as partes do tambor estão
submetidas estão todas dentro dos limites aceitáveis,
sendo assim, mais uma vez, as dimensões escolhidas
para o tambor estão corretas.
Tabela 8 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor.
Deflexão do eixo  
1,784’
 
Flexão radial na casca  CR 25,02 MPa
Flexão tangencial na casca  C  40,42 MPa
Cisalhamento na casca  C 
T
20,95 MPa
Tensão de flexão no disco  D 
C
16,90 MPa
45,07 MPa
Tensão de compressão no disco  D 
F
13,52 MPa
42,38 MPa
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO
CI 8,92 MPa
44,78 MPa Tensão resultante no disco  D  61,28 MPa
0,904’ A Tabela 9 traz todos os valores de tensões
27,38 MPa calculados pelos dois programas.
36,24 MPa
Para o estudo de caso 1, no cálculo da casca o valor
encontrado para a flexão na casca, para os programas
29,49 MPa Kleingel (27,38 MPa) e Trospad (25,02 MPa) são bem
parecidos.
17,36 MPa Os programas utilizados apresentam métodos de
74,33 MPa cálculo e maneiras de validar os resultados distintos.
No cálculo da casca o valor encontrado para a flexão na
casca, para os programas Kleingel (27,38 MPa) e
Trospad (25,02 MPa) são bem parecidos, agora se
compararmos o valor da tensão resultante no disco,
esse valor é completamente diferente.
Apesar dos valores das tensões de flexão na casca
serem próximos, se compararmos com o valor limite de
tensão definido no cálculo, esse valores já ficam bem
distantes. Para o Kleingel a flexão radial é 73,01% da Tabela 10 – Dados para o cálculo do tambor em estudo.
tensão admita como limite, enquanto que para o
Tipo de tambor Encosto
Trospad é de 26,34%.
Largura da correia 2000 mm
Tabela 9 – Resumo de tensões resultantes de cada programa. Tensão atuante (T1) 360 kN
Tensão atuante (T2) 360 kN
Kleingel Trospad
Ângulo de abraçamento   30º
Tensão cisalhante na região
do acionamento  máxA  16,90 MPa - As dimensões definidas por [9] de acordo com a
largura da correia são:
Tensão cisalhante na região
do mancal  máxM  42,38 MPa - Lt  2200 mm
B  2800mm
Tensão cisalhante na região L  2000mm
do cubo  máxC  44,78 MPa -

Deflexão do eixo  
O diâmetro definido para o tambor foi de 1000 mm,
0,904’ 1,784’ por ser um transportador de largura igual a 2000 mm,
Tensão de flexão da casca com valores altos de tensões. O material escolhido para
 C 
R
27,38 MPa 25,02 MPa o eixo foi o aço forjado SAE 4140. A Tabela 11
apresenta as principais características do aço SAE 4140
Flexão tangencial na casca
 C 
[14].
- 40,42 MPa
T
Tabela 11 – Propriedades do aço forjado SAE 4140.
Cisalhamento na casca
 C  - 20,95 MPa Módulo de elasticidade do aço E  200 GPa
Coeficiente de Poisson  
C

Tensão de flexão no disco 0,29

 D 
F
27,38 MPa 45,07 MPa Tensão de escoamento S y   420 MPa
Tensão de compressão no Tensão de ruptura Sut  655 MPa

disco  DCO  36,24 MPa 13,52 MPa
A tensão cisalhante máxima admissível para o eixo,
Tensão de cisalhamento no de acordo com as Equações 6 e 7, é de 117,9 MPa.

disco  DCI  29,49 MPa 8,92 MPa O material escolhido para a casca e para o disco é o
ASTM-A36. As características do material já foram
Tensão resultante no disco apresentadas na Tabela 4. Assim, a tensão máxima de
 D  17,36 MPa 61,28 MPa
flexão na casca é 37,5 MPa e a tensão limite admissível
para o disco 75 MPa.
As diferenças entre as tensões atuantes e as tensões
admissíveis para os programas podem ser explicadas A. Kleingel
pelo fato que o programa Kleingel faz aplicação direta Novamente o usuário deve selecionar o tipo do
das fórmulas para cada componente do tambor, já para tambor a ser calculado, por ser um tambor movido não
o programa Trospad não é possível ter-se acesso ao são inseridos os dados do acionamento. Assim, a
código fonte e as premissas e fatores consideradas escolha dos diâmetros do eixo não depende do torque
pelos seus desenvolvedores, assim acredita-se que em transmitido pelo anel. A Tabela 12 apresenta as
alguns casos o programa Trospad é mais conservador e dimensões escolhidas para o cálculo do tambor.
em outros menos conservador que o modelo de cálculo
analítico teórico presente no programa Kleingel. Tabela 12 – Dimensões para cálculo do tambor.
Sendo assim, a melhor maneira de comparar os
resultados entre programas, é verificar se eles atendem Diâmetro do eixo na região
180 mm
as tensões admissíveis. do acionamento
Diâmetro do eixo na região
180 mm
VII. ESTUDO DE CASO 2 do mancal
Diâmetro do eixo na região
Para o segundo estudo de caso foi escolhido um 220 mm
do cubo
tambor de encosto, ou seja, um tambor movido, de um Diâmetro do eixo na região
transportador de correia de largura de 2000 mm. Como 260 mm
entre cubos
para o primeiro estudo, os principais dados para o Espessuras da casca 16 mm
início do cálculo já foram definidos após o cálculo do
transportador. A Tabela 10 apresenta os dados Espessuras do disco 12 mm
utilizados para o estudo de caso.

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 Como o ângulo de abraçamento do tambor é igual a Para a nova espessura definida, o valor da tensão de
30°, o programa calcula as tensões resultantes T1 e T2 flexão da casca diminuiu para 28,30 MPa, tensão que é
utilizando da Equação 1. menor que a determinada como limite. É feita, então, a
análise do disco, a tensão resultante no disco,
T 1R  93,17 kN considerando a flexão, compressão e cisalhamento, é
T 2 R  93,17 kN menor que 75 MPa, tensão definida como admissível
pelo cálculo.
Os resultados apresentados pelo programa após o
cálculo são mostrados na Tabela 13. B. Trospad
Para o cálculo do utilizando o programa Trospad,
Tabela 13 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor. como o ângulo de abraçamento do tambor é menor que
Tensão cisalhante na região do 180° é necessário colocar as tensões na correia, T1 e
acionamento  máxA  0 Mpa T2, já com o valor das tensões resultantes T1R e T 2 R .
Dos valores para a tensão radial e tangencial da
Tensão cisalhante na região do mancal
 máxM  40,03 MPa casca apresentados nos resultados do programa é
necessário aplicar os fatores de correção nas tensões de
Tensão cisalhante na região do cubo casca calculadas apresentadas na Figura 19. Para
 máxC  31,55 MPa   30º , têm-se:
Deflexão do eixo   1,073’
kCR  7,21
Tensão de flexão da casca  C  44,22 MPa kCT  6,89
 
Tensão de flexão no disco  DF 37,41 MPa
Tensão de compressão no disco  D 
A Tabela 15 traz apenas as tensões na casca, já a
22,18 MPa Tabela 16 apresenta um resumo das tensões
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO

CI
0 Mpa encontradas nas diferentes partes do tambor, com os
Tensão resultante no disco  D 
valores para casca já corrigidos.
59,59 MPa As tensões calculadas para o tambor estão todas
dentro dos limites aceitáveis, validando as dimensões
As tensões na região do acionamento, mancal e cubo escolhidas para o tambor.
são todas menores que a admissível, 117,9 MPa, desta
maneira, o diâmetro escolhido para o eixo está de Tabela 15 – Tensões na casca apresentadas pelo Trospad.
acordo com os limites impostos pelo material do eixo,
assim como a deflexão do eixo que é de 1,073 minutos,
 
Tensão de flexão da casca  CR 8,19 MPa
bem abaixo dos 5 minutos permitidos. Flexão tangencial na casca  C  14,25 MPa
Cisalhamento na casca  C 
T
A espessura de 16 mm da casca não atende ao limite
imposto como admissível, pois a tensão de flexão na C
5,85 MPa
casca, 44,22 MPa, é maior que 37,5 MPa definida
como limite. Se faz necessário aumentar a espessura da Tabela 16 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor.
casca, assim, será adotado tc  20 mm . Os resultados
Deflexão do eixo   2,720'
do novo cálculo são mostrados na Tabela 14.
 
Flexão radial na casca  CR 8,19 MPa
Tabela 14 – Resumo de tensões nas diferentes partes do tambor. Flexão tangencial na casca  C  14,25 MPa
Cisalhamento na casca  C 
T
Tensão cisalhante na região do
acionamento  máxA  0 Mpa 5,85 MPa
Tensão de flexão no disco  D 
C

45,39 MPa
Tensão de compressão no disco  D 
F
Tensão cisalhante na região do mancal
 máxM  40,03 MPa 13,89 MPa
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO

Tensão cisalhante na região do cubo 0 Mpa

 máxC 
CI
31,55 MPa
Tensão resultante no disco  D  59,28 MPa
Deflexão do eixo   1,073’
Tensão de flexão da casca  C  28,30 MPa A Tabela 17 traz todos os valores de tensões

 
calculados pelos dois programas.
Tensão de flexão no disco  DF 37,96 MPa
Tensão de compressão no disco  D  22,18 MPa
Tensão de cisalhamento no disco  D 
CO

CI 0 Mpa
Tensão resultante no disco  D  60,14 MPa

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 Tabela 17 – Resumo de tensões resultantes de cada programa. especificados. Apesar de não ser possível comparar os
valores obtidos entre os cálculos, por apresentam
Kleingel Trospad maneiras distintas de análise de resultados, para ambos
os casos em estudo, para os dois programas testados, as
Tensão cisalhante na região dimensões escolhidas foram aprovadas.
do acionamento  máxA  16,90 MPa - Por terem sidos realizados apenas dois estudos de
casos, não é possível considerar que o programa
Tensão cisalhante na região desenvolvido tenha o processo de validação
do mancal  máxM  42,38 MPa - completado. Pode ser que para algum outro caso, o
método desenvolvido, quando comparado com o
Tensão cisalhante na região programa comercial, não esteja dentro dos limites de
do cubo  máxC  44,78 MPa -
resistência impostos, ou o contrário, que a plataforma
Deflexão do eixo  
desenvolvida esteja dentro destes limites, mas os
0,904’ 1,784’ resultados gerados pelos programas não estejam.
Tensão de flexão da casca Há vários aspectos a serem melhorados na
 C 
R
27,38 MPa 25,02 MPa metodologia de cálculo analítico, especialmente o
cálculo da casca. O Kleingel apresenta apenas o cálculo
Flexão tangencial na casca da flexão na casca, enquanto que o Trospad® calcula a
 C 
T
- 40,42 MPa
tensão axial, tangencial e de cisalhamento para a casca
do tambor. É possível ver essa diferença, no estudo de
Cisalhamento na casca
 C 
C
- 20,95 MPa caso apresentado, em que o ângulo de abraçamento é
igual a 30 graus, o impacto nos resultados obtidos para
Tensão de flexão no disco casca é maior.
 D 
F
27,38 MPa 45,07 MPa Para o cálculo do disco, apesar dos resultados
encontrados não serem iguais, por apresentam métodos
Tensão de compressão no de cálculo e maneiras de validar os resultados distintos,

disco  DCO  36,24 MPa 13,52 MPa sabe-se que os dois programas foram baseados na
teoria de placas finas e casca publicada por [3], teoria
Tensão de cisalhamento no
 
que foi desenvolvida através de ensaios. Considerando
disco  DCI 29,49 MPa 8,92 MPa
que todas as literaturas [4], [5] [7], [11], [13], a citam
como referência e que os programas comerciais mais
Tensão resultante no disco conhecidos a utilizam em seus métodos de cálculo, é
 D  17,36 MPa 61,28 MPa
possível concluir que esta teoria ainda é a mais
completa para análise de disco de tambores e
Os valores de flexão radial na casca calculados pelo demonstrar a assertiva de sua utilização no
programa Kleingel e o Trospad, que para o estudo de desenvolvimento da metodologia para o cálculo
caso 1 haviam sido próximos, para o segundo estudo de analítico dos tambores.
caso são completamente diferentes. A diferença
percentual entre o valor calculado e o considerado
como admissível ficou ainda maior neste caso, sendo REFERÊNCIAS
75,47% para o Kleingel e 8,26% para o Trospad. Isso [1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
pode ter acontecido, devido ao valor dos fatores de TÉCNICAS (ABNT). NBR-6177:1999.
correção devido ao ângulo de abraçamento Transportadores contínuos – Transportadores de
estabelecidos. correia – Terminologia. Rio de Janeiro.
A tensão de cisalhamento no disco foi [2] AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL
aproximadamente zero para todos os casos, isso ENGINEERS (ASME). ANSI B106.1M. Design
comprova a coerência dos resultados do programa of Transmission Shafting. 32p, 1985.
desenvolvido com a realidade, pois quando não há [3] TIMOSHENKO, SP and WOINOSKY-KRIEGER.
torque aplicado no eixo do tambor, não existe esforço S. Theory of Plates and Shells. 2nd Ed. McGraw-
de cisalhamento algum no disco. Hill. p 506 1955.
A combinação de tensões atuantes no disco para os [4] KING, T. J. Belt Conveyor Pulley Design - Why
programas Kleingel e Trospad® resultou em valores the Failures? Beltcon 2. Johannesburg, 1983.
próximos, apesar das tensões de flexão e compressão [5] KING, T. J. The Function and Mechanism of
serem diferentes para cada programa. Conveyor Pulley Drums. Beltcon 3. Johannesburg,
1985.
VIII. CONCLUSÃO [6] LANGE, H. Investigation in Stressing of
A metodologia de cálculo desenvolvida gerou Conveyor Belt Drums. Thesis for Doctorate in
resultados satisfatórios, considerando as simplificações Engineering, Hannover, 1963.
adotadas. Quando comparado com o outro programa [7] LLOYD B. E. The Design of Conveyor Pulleys.
comercial, apresentou valores dentro dos limites Beltcon 1. Johannesburg, 1981.

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[8] SCHMOLTZI, W. Designing Drums with
transverse Shafts for Belt Conveyors. Thesis
for Doctorate in Engineering, Hannover, 1974.
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