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Sumário
8 58 66 Pensar o novo!
Maria 15 Anos O sucesso de tudo o que fizemos
nestes 15 anos de Maria só foi possível
a partir de agora torna-se uma publicação
anual - tem o propósito de reafirmar esses
Maria Comunicação festeja 15 anos esbanjando graças a combinação de três ingredientes princípios e comemorar uma trajetória que,
vitalidade, conquistando novos clientes, fundamentais: confiança, tesão e trabalho. acreditamos, vitoriosa. Uma vitória que é de
ampliando a sua ação no país Pág. 8 Foram muitas marcas, inúmeras campanhas todos: chegamos até aqui graças ao talento
Expediente e ações de comunicação que ficaram na e cooperação de clientes, fornecedores
5 Editorial Publicação anual da Maria Comunicação. cabeça dos cidadãos brasileiros. Isso e, claro, de nossos colaboradores. Sem
16 Aspas porque acreditamos que a peça publicitária a dedicação, postura firme e serena de
20 Tecnologia Mudança de Cultura Edição | Antônio Moreno e Iuri Rubim pode e deve fazer mais do que vender. pessoas como Jussara e Vicente, a Maria
24 Casos da Maria Jacques Janine Textos | Graça Filadelfo, Iuri Rubim
A comunicação tem que fazer pensar. E não seria a mesma Maria.
e Antonio Moreno
26 Pensar o novo! Maria, sai da lata! Produção | Laís Furtado pensar o novo. É uma edição que reúne parceiros de
30 Empreendedorismo No ritmo do berimbau Revisão | Érica Silva
Há 15 anos, colocávamos em outdoor de muitos tempos, como Mano, Raimundo
Fotografia | Almir Bindilatti, Di Souto, Jr Major,
36 Perfil Jorge Ferreira Ricardo Prado e Graça Filadelfo pós graduação da Ufba um ator negro, algo Lima, Vicente Cecim, Valéria, Lariú, Lage,
40 Casos da Maria Governo da Bahia Capa | Tela de Ed Ribeiro
Ilustração | Cau Gomez visto como estranho na época, apesar de Nildão e Cau. Que abre espaço para a arte
42 Pensar o novo! O Brasil mestiço Design Editorial | Alan Alves e Daniedson Rios
68 Pensar o novo! Brasil na muxima de Angola Colaboradores | Emmanuel Publio Dias,
a Bahia ser o estado mais negro do Brasil. de fotógrafos especiais, como Adenor,
70 Cultura Vida ao cinema baiano Valéria Torres, Raimundo Lima, Nivaldo Lariú e Estranho porque todas as instituições de Almir, David, Guerra, Gerusa, Pedro e
Vicente Cecim (Textos) | Maria Geruza, David
74 Casos da Maria Abrigo D. Pedro II Glat, Adenor Gondim, Sérgio Guerra e Pedro ensino só utilizavam na sua comunicação, até Ricardo. E que destaca os novos amigos
82 Casos da Maria Teatro Vila Velha Meirelles (Fotos) | Lage* e Nildão (Ilustração) então, modelos loiros, de olhos azuis, usando que a Maria fez e passou a admirar, como
Impressão | Gráfica Santa Bárbara
84 Causo De como Val desasnou lap tops em cenários europeus. A Maria Jorge Ferreira e Marcus Hadade, dois
86 Tabuleiro da Maria Os artigos assinados são de inteira
ajudou a levar para as ruas a cara da Bahia. empresários de sucesso.
responsabilidade de seus autores, não
88 Crônica Zig-zag refletindo necessariamente a opinião da revista. Hoje, quando vemos na publicidade baiana a A impressão em papel reciclado é uma
90 Humor Nildão
* In Memoriam cor da cultura local, nos orgulhamos muito de opção coerente com o compromisso
poder ter contribuído para isso. socioambiental que a Maria defende e
46 João Silva Nos orgulhamos também de ter feito recomenda a todos os seus clientes.
O fundador da Maria conta a história de muitos a campanha: Não deixe o Abrigo D. A revista é também uma maneira de
anos de sucesso e quase 1.000 marcas. Pedro II morrer de velho. Exatamente preservar a nossa memória. Afinal, como já
porque acreditamos que pensar o novo é disse Mãe Stella: “O que não se registra o
62 Maragojipe também cuidar e valorizar a sabedoria e a vento leva!” E se ela nos dá a sua benção
Salvador/BA – Av. Tancredo Neves, 3343 –
O carnaval da pequena cidade baiana Torre A – 11º andar – 71 3341-0520 experiência dos mais antigos. É trabalhar é porque estamos no caminho certo. Que
é patrimônio imaterial da Bahia. Brasília/DF – SRTVS Quadra 701 – Bloco O,
para a cidadania, a favor do respeito pelas venham novos marcos na trajetória da Maria!
nº 110 – 1º andar – 61 3223-9996
São Paulo/ SP – Rua Funchal, 418 – 35º andar mais diferentes formas de pensamento e
76 Juca Ferreira – Vila Olímpia – 11 3521-7307
em prol da igualdade social. João Silva
O ministro da Cultura do Brasil www.mariacomunicacao.com.br
defende uma agenda pró-ativa. A primeira edição da revista Maria – que Sócio-presidente da Maria
maria@mariacomunicacao.com.br
4 Maria Maria 5
IRMANDADE DA BOA MORTE - CACHOEIRA © RICARDO PRADO - WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/RICARDOPRADO8
15 Anos
A
Maria cresceu. Ao seus clientes, buscou sempre solu-
completar 15 anos ções práticas associadas à pereni-
de mercado, com- zação de uma marca, de um projeto.
prova com idéias e Transformou em capital social peque-
fatos que veio para nas verbas. Usou da criatividade para
ficar. Sua trajetória, ajudar a construir algo que vai muito
iniciada numa salinha no bairro do além da peça publicitária: a imagem
Itaigara, em Salvador, reflete a matu- institucional. Desta forma, ajudou a
ridade de uma agência que, desde o pensar novas e – às vezes – inusita-
início, destacou-se não só pela criati- das estratégias para conseguir atingir Começo | entusiasmo da primeira equipe
vidade posta a serviço do cliente, mas um objetivo. Fez pensar o novo!
por sua visão bem particular do que é Foi assim que a Maria viu a perso-
© R. SOTERO
ser cliente: aquele que demanda pro- nalidade transformar-se em seu maior
jetos e soluções; alguém que precisa cartão de visitas. Questões cruciais
ser entendido como parceiro, cujos como combate ao racismo, respeito
anseios devem ser interpretados nos às minorias, tolerância religiosa, de-
contextos macros do momento eco- fesa do meio ambiente e atenção ao
nômico, do comprometimento social, idoso entram no portfólio da agência
das oportunidades e do bom senso. como um trunfo de sua atuação no
Graças a esta compreensão, a mercado, dando suporte às criações
Maria vem fazendo de sua atuação e estruturando a base ética de seu
um diferencial no mercado baiano e desempenho. Inovação mercadoló-
nacional e conseguiu formar um fã gica? Tendência? O termo pode até Inauguração | festa conta com presenças
clube de políticos, empresários, ativis- variar, mas o certo é que a Maria é de José Sérgio Gabrielli, Walter Queiroz...
© R. SOTERO
1
Maria, uma
agência diferente!
Ao completar 15 anos, a Maria
Andreia Velame e Nilza Barude
Comunicação conquista
definitivamente espaço no mercado
baiano e nacional. E o que é
melhor: sem abrir mão do seu
jeito muito particular de ser e atuar,
transformando pequenas verbas
em grandes resultados, atenta para
a ética e antenada com as questões
Diretoria | Jussara e Vicente comemoram resultados mais nobres do interesse coletivo.
Nova sede | bênção de D. Gregório Paixão
foi fazer com que este mercado en- comunicação a partir do simples,
tendesse, que a Maria não era uma procurando agregar valor às peças e
agência como as outras. Por sua marcas criadas e, sempre que pos-
18
2 – Filme 30” para Fundação Cultural Palmares/AMAFRO; 3 – Filme 30” para Fórum de Entidades Negras da Bahia; 11 – Filme 30’ para Refrigerante Fricote; 12 – Filme 30” para Prefeitura de Jequié; 13 – Filme 30’ para Promoexport;
10 Maria 4 – Filme 30” para Hospital Oftalmológico DayHORC; 5 – Filme 30” para Shopping Top Mall; 6 – Filme 90” para Secretaria da Agricultura do Estado
da Bahia; 7 – Cartaz para Promoexport; 8 – Marca para Teatro Vila Velha; 9 – Outdoor para Gelo Pioneiro; 10 – Outdoor para Refrigerante Fricote
14 – Filme 30’ para Tribuna da Bahia; 15 – Filme 30” para Baldacci; 16 – Marca para Fórum de Entidades Negras;
17 – Outdoor para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia; 18 – Outdoor triplo para Fenagro
Maria 11
nunca abriu mão da confluência de 19 24 25 26
Beleza pura
Atendendo a clientes como o
Grupo Cultural Olodum, Fórum 20 27 28
19 – Cartaz para Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; 20 – Anúncio para Sebrae - Bahia; 24 – Cartaz/Poster para Ministério da Cultura; 25 – Cartaz para Olodum; 26 – Cartaz/Poster para Fundação Cultural Palmares/AMAFRO;
12 Maria 21 – Anúncio para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia; 22 – Marca para Teatro Castro Alves; 27 – Cartaz para Fórum de Entidades Negras da Bahia; 28 – Cartaz para Vereadora Olívia Santana; 29 – Anúncio para Mural Maria 13
23 – Marca para Unesco/Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador
Os muitos 2 (projetos de música). No turismo 30 de Desenvolvimento e Ação Regio- 35 36
lados da Maria de negócios, a agência desenvolveu nal - CAR, para a Empresa Brasileira
Maria tem diversos lados. E pode campanhas e ações para o Conven- de Desenvolvimento Agrário/EBDA e
ser entendida por diversos ângu- tion Bureau, sempre destacando as para a Fenagro.
los também. Ou seja, o portfólio da qualidades e diferenciais de Salva- No varejo, fez a marca do refrige-
agência é rico em exemplos de ações dor e da Bahia como polos de even- rante Fricote virar sucesso na Bahia e
bem sucedidas nos mais diferentes tos e convenções. ajudou a lançar e a projetar shopping
campos da economia e das relações No segmento agropecuário, a Ma- centers, como Top Mall e Quê Park
humanas. Da Cultura ao Turismo, da ria atuou durante quatro anos junto à Center, ambos no Distrito Federal.
Saúde ao Varejo. Em cada cliente, um Agência de Defesa Animal do Esta- Finalmente, na área de saúde, a 37
desafio: descobrir a estratégia ideal, do da Bahia- ADAB e à Secretaria Maria colaborou com o reposiciona-
condizente com sua filosofia e carac- de Agricultura, Irrigação e Reforma mento da marca do Hospital oftal-
terísticas particulares, para a solução Agrária do Estado da Bahia/Seagri, mológico DayHORC, na Bahia, e do
das demandas recebidas. ajudando a ampliar a cobertura da Hospital Anchieta, em Brasília, sem-
Na área cultural, além do Teatro vacinação contra a febre aftosa e de- pre respeitando as orientações do
Vila Velha e grupos Olodum e Ilê mais zoonoses. Além disso, desen- Cremeb no sentido de evitar apelos
Aiyê, destaca-se também Caderno volveu trabalhos para a Companhia de venda e clima de mercantilismo.
31 32
38 39 40
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35 – Anúncio para Orient Filmes; 36 – Anúncio para Jornal Bahia Hoje; 37 – Anúncio para Salvador Convention Bureau; 38 – Marca para projeto da
14 Maria 30 – Postais para Cantina Cortile; 31 – Anúncio para Iphan; 32 – Outdoor para Cantina Cortile;
33 - Cartaz/Poster para Irmandade da Boa Morte; 34 – Anúncios para Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia
Fundação Odebrecht; 39 – Marca para Faculdade Católica de Salvador; 40 – Camisa para Bloco Ilê Aiyê; 41 – Anúncio para Salvador Convention Bureau;
42 – Cartaz para Casa de Cinema da Bahia; 43 – Marcas para Secretaria de Cultura e Turismo/Bahiatursa
Maria 15
Aspas
16 Maria Maria 17
MIRAGEM © MARIAGERUSA - WWW.MARIAGERUSAFOTOGRAFIA.COM.BR
Tecnologia
Mudança
um novo que já sei qual é, e
preciso descobrir um novo que
nem sei o que é.”
E
© EDU MENDES
mpresa líder de mercado no país, com primeiro ano, de 96 para apenas 9, a quantidade de
pelo menos o dobro do tamanho do erros nesses impressos.
concorrente mais próximo. Dona de Mais importante que os ganhos dos clientes é a mu-
uma carteira de clientes que inclui Na- dança de conceito promovida pela Arizona. No novo
tura, Carrefour, Mitsubishi, Coca-Cola, mundo vislumbrado pela empresa paulista, qualquer
Danone, Santander, dentre outros. É investimento gera ativos que poderão ser geridos e uti-
com esse lastro que a arizona.com.br provoca mudan- lizados no futuro.
ças radicais nos processos que envolvem comunica- - O fotógrafo tira 20 fotos, aí o cliente usa uma, depois
ção e marketing no Brasil. de um ano quem acha as outras 19? Nem o fotógrafo
O novo padrão para o mundo do marketing está rela- guarda. Mas você gastou dinheiro para 20 fotos. O Carre-
cionado à colaboração, ao aproveitamento máximo de four economizou 473 mil reais em desembolso com foto-
todos os ativos digitais (fotos; vídeos; áudios; layouts; grafia no primeiro ano que a Arizona estava lá, comenta o
etc.); ao uso intensivo de tecnologia para a gestão des- presidente da empresa.
ses ativos; e à qualificação da gestão através de com- A robustez dos recursos economizados é, inclusive,
preensão holística dos processos de comunicação e motivo de brincadeira para Hadade. “Os clientes falam
do seu acompanhamento. que não dão todos os dados de economia para a gente
Através de uma plataforma Visto, que integra diver- porque acham que a Arizona vai subir o preço. (risos) Se
sos serviços customizáveis (incluindo armazenamento, eu fizesse um acordo deles me darem metade da eco-
customização de peças; pré-impressão; gestão de flu- nomia, acho que ganharia o triplo do que a gente ganha
xos; etc.), a Arizona tem conseguido ganhos formidá- hoje (mais risos).
veis para seus clientes. “A gente simplesmente deixou O episódio da fotografia pode ser aplicado a
a máquina fazer o trabalho braçal”, diz o presidente da todas as outras áreas relacionadas com o marke-
empresa, Marcus Hadade. ting. A automação e a digitalização dos processos
Os números são impressionantes. “O Carrefour fazia transforma a atividade de produzir um anúncio, por
700 páginas de tablóide por semana com 45 pessoas, exemplo, em parte de um processo que gera ativos
hoje ele faz 1500 páginas por semana com 23 pesso- para a companhia.
as”, relata Hadade. Além disso, usando as ferramentas Dessa forma, fotografias viram bancos de imagens;
da Arizona, a rede de supermercados reduziu, já no layouts viram templates; produtos viram ativos digitais.
20 Maria Maria 21
“
participam desses processos e é possível realizar cru-
zamentos de informações das atividades, com os re-
sultados de cada cliente. A Coca-Cola é nosso cliente.
- Antigamente, a Mitsubishi chegava para um conces- Ela contratou uma empresa fora do
sionário de Salvador e dizia: “Você precisa vender 30 car- Brasil pra desenvolver uma solução
ros por mês”. Hoje não. Hoje ela vê o que ele faz e diz: dela, pra ela usar mundialmente.
“Olha, o cara lá de São Luís do Maranhão, que é um mer- O Brasil não só não usa, como
cado parecido, está fazendo isso e está vendendo mais. contratou a Arizona.
Ou então está caindo a venda e não recomendo a você Quando contratou a Arizona, Atlanta
fazer. Tem muito mais interesse de negócios do que uma (a sede da empresa) questionou: Por
pressão por vender mais – conta Marcus Hadade. quê vocês estão contratando algo
que a gente tem próprio? Aí eles
Início foram justificar o porquê. Porque a
Tudo começou quando a empresa passou a gerir Arizona atendia e trazia muito mais
os arquivos da Natura. Como a demanda por fotos era benefícios e melhorias do que a
constante, surgiu a figura carinhosamente cunhada por solução própria que eles têm.
Hadade de “jpegman”.
É aquela velha história, Coca-Cola
- Naquela época, em 2003/ 2004, era tudo em CD/
pôs uma solução, ela é estática,
DVD. Esse rapaz ia lá, buscava o arquivo em nosso
ninguém tá pensando em melhorar,
acervo e depois mandava um jpeg para o cliente, por
isso “jpegman”.
Por conta da quantidade de arquivos existentes, a
gestão desses arquivos beirava o caos. “Aí a gente fa-
“
em evoluir, tem aprendizado em
outros clientes, marketing. Tentou e
conseguiu a aprovação de Atlanta pra
nos contratar.
lou: peraí, precisamos nos organizar, organizar o fluxo
É um exemplo real.”
entre agência e cliente. E isso virou uma baita oportuni-
Expansão | entrar nos EUA é meta da Arizona Marcus Hadade
dade de negócios”, conta Marcus Hadade.
Nas palavras de seu presidente, “a Arizona é hoje uma
empresa que automatiza processos de marketing, fazen- – Eu quero até estudar o caso de vocês, porque ele
do a gestão dos ativos de marketing dos clientes”. não conhecia, primeiro porque eu não sabia que exista
Como os serviços da Arizona participam da confecção e uma empresa no Brasil que faz isso hoje e, dois, eu não
impressão dos catálogos da Natura, pergunto a Marcus sabia que você tinha um modelo diferente do que o mun-
Hadade se eles também administram a solução de incluir do faz hoje – disse o consultor.
nos impressos as fragrâncias da empresa de cosméticos. - Você tem um excelente software de armazenamen- A empresa, que possui quatro escritórios no Brasil, 214
- É impossível. Não somos nós, é a Natura, né? Mas a to, excelentes softwares colaborativos, excelentes lo- funcionários, e espera faturar entre 40 e 50 milhões em
gente tem que pensar nisso, tem que pensar em coisas gísticas digitais de distribuição, uma série de verticais. 2010, tem no horizonte conquistar o mercado externo.
que são impensáveis. E é assim que a Arizona sempre Só que você não tem ninguém na horizontal, vindo aqui Trazer alunos de MBA do Massachusetts Institute of Tech-
cresceu. “Ah, mas isso não dá”. “Por que é que não dá? desde o briefing, da estratégia da concepção até a aná- nology e da Wharton School (Estados Unidos) para fazerem
Vamos tentar!” – conclui. lise, passando pelo armazenamento, fluxo colaborativo, estudos na empresa. Assim, agrega conhecimento estrangei-
distribuição; enfim, passando por todas as verticais e ro e torna-se conhecida pelos profissionais do exterior.
Internacionalização chegando aqui numa análise sobre retorno de investi- Planeja também, comprar uma empresa norte-ameri-
Segundo o presidente da Arizona, executivos da mento – diz Marcus Hadade. cana para entrar naquele mercado. “A gente pensou, já
empresa viajaram o mundo para conhecer soluções Houve, inclusive, um consultor americano que pediu que vamos gastar tempo e dinheiro, vamos pro país mais
para estudar a experiência da Arizona. Hadade repro- difícil, vamos pros EUA. Mas sabemos que é um proces-
SAIBA MAIS:
parecidas às que ela oferece. “Não encontramos nada
www.arizona.com.br
similar”, diz. E explica: duz suas palavras. so de médio e longo prazo”, explica.
22 Maria Maria 23
Casos da Maria
Jacques Janine
A marca que não sai da cabeça do consumidor.
“
Q
© ARQUIVO / MARIA
uando a Maria foi cha- Durante nossa
mada pelas empresá-
rias Gisele Chalub e
longa parceria, a
Eliane Dittebrandt, do Maria nos ajudou
Centro de Estética Jacques Janine,
a consolidar
o cenário era assustador.
O faturamento da empresa nossa marca, o
caía em ritmo acelerado, enquanto que se refletiu na
a clientela mudava-se para outro
salão na mesma rua. Uma antiga premiação do Top
cliente havia aberto a nova loja e of Mind por anos
contratado os melhores profissio-
nais do Jacques Janine, motivo da
consecutivos. Nosso
debandada dos fregueses. relacionamento
Gisele e Eliane estavam certas
sempre foi além do
que uma campanha de TV na princi-
pal emissora do Estado, durante 30 comercial e a Maria
dias, resgataria a clientela perdida.
Anúncio Prêmio Top of Mind
passou a fazer parte
Entretanto, o que seria uma sim-
ples campanha de TV tornou-se uma
mento imediato de outros dois pro- muito bem humorados, defendiam
O resultado foi o sucesso abso- pelos profissionais do seu segmento,
da nossa família”.
fissionais à altura dos que saíram. o conceito de que “Frequentar o
ação bem mais ousada. luto. Além de recuperar os clientes quanto pelo seu público.
Com a participação de Adriane Jacques Janine é in. Não frequen- Eliane Dittebrandt - diretora do
Depois de estudar o caso, a Ma- antigos – seu objetivo inicial –, o A campanha da Maria foi pre-
Nunes e Mônica Moura, foi então pla- tar é out”. Jacques Janine.
ria sugeriu às empresárias o treina- Jacques Janine conquistou e fide- miada como o melhor material de rá-
nejada uma campanha que associas- “Eu não conheço ninguém que
lizou novos clientes. dio da década; ganhou o IV Prêmio
se a marca, Jacques Janine, à quali- goste de ser ‘out’”, comenta João
Tanto que surgiu a necessida- Fonograma e o cliente, as páginas
dade e diferenciação. Silva, criador da campanha.
de da abertura de duas novas uni- dos jornais e uma enorme visibilida-
No lugar da campanha de Além de mobilizar as pessoas
dades na cidade. Nesse período, a de em mídia gratuita e espontânea.
30 dias na TV, a agência prefe- que não queriam ser vistas como
lucratividade da loja baiana só pode O Jacques Janine venceu seis
riu distribuir a mesma verba em “out”, a campanha obteve outro ga-
ser comparada à unidade do Jac- edições consecutivas do prêmio
12 meses para uma campanha nho fundamental: o reconhecimento
ques Janine do Shopping Morumbi, Top of Mind, na categoria Salão
de rádio, reforçada pelo apoio de deixou de estar ligado a um ou outro
em São Paulo. de Beleza, uma prova de que sua
quatro quinzenas de outdoors ao dos profissionais do Centro de Esté-
A marca Jacques Janine passou marca foi definitivamente fixada na
longo do ano. tica e passou a ser um ativo da mar-
a ser respeitada e reconhecida tanto mente do consumidor.
Os comerciais de rádio, sempre ca Jacques Janine.
24 Maria Maria 25
Pensar o novo!
E
u era pequeno quando mi- quele sentimento que o consumidor
nha mãe trazia para casa tem no mais fundo de seu coração e
aquela lata de óleo, que que só os mais talentosos profissio-
não era uma lata de óleo nais sabem perceber e traduzir.
qualquer, mas que, estimulada pela O que vemos hoje e veremos no
propaganda do tubo mágico das TV´s futuro é a busca, cada vez mais difícil
de válvulas, tinha uma outra vida, uma de criar valores relevantes para o con-
outra leitura, um outro significado. Pois sumidor, de forma que ele se sinta gra-
de todas as latas de óleo que existiam, tificado e disposto a retransmitir estes
uma, e apenas uma, tinha uma Maria valores em suas redes sociais, digitais
que podia, a qualquer momento, sair ou do mundo físico. Falamos de uma
da lata, sabe-se lá para que, mas com “moeda social”, cunhada nas propostas
toda certeza para ajudar minha mãe a de comunicação das marcas e que se
fazer as deliciosas refeições com que tranforma em valor de troca para o con-
nos encantava todos os dias. sumidor. E à medida que a transmitem,
Sem nem pensar no que estava transmitem também os valores associa-
acontecendo, eu simplesmente rea- dos às marcas e produtos anunciantes.
gia a uma estratégia de comunicação Sem maiores segredos: comuni-
que os velhos publicitários da época cação fundada na cultura popular,
elaboraram, criaram e produziram tão no consciente e inconsciente coletivo
bem, que resiste até hoje. das paixões que são relevantes para
Por isso, muito antes de João as pessoas; informação útil e hones-
criar a Maria, a receita já estava pron- ta; criação e produção desta mensa-
ta: vamos contar uma boa história e gem com criatividade e talento; uso
associá-la a uma marca. Depois, é só de suportes e pontos de contato re-
criar os comerciais, anúncios, spots, levantes para o consumidor.
sites e cartazes. Segredos que as Marias e Joões
Tanto para a Maria da lata e a da de todos os tempos sabem como
agência, existe uma proposta de co- usar. E continuarão sabendo.
municação que prescinde de platafor-
mas, revoluções digitais, tecnologias EMMANUEL PUBLIO DIAS,
e modismos: falar ao coração, excitar DIRETOR DE ASSUNTOS CORPORATIVOS
a imaginação e promover o diálogo DA ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E
baseado nos valores culturais e na- MARKETING (ESPM)
26 Maria
Salvador
3HOPPING "ARRA
s 3HOPPING )GUATEMI
AMANHECENDO - RIO PARAGUAÇU © ADENOR GONDIM - WWW.APENASBAHIA.BLOGGER.COM.BR
Empreendedorismo
No ritmo do
íris. A afinação também depende da
na prefeitura - e 50% deles participam
cabaça. E a de tamanho médio é a
do Polo de Capoeira. Inaugurada em
melhor”, ensina mestre Trovão. As
setembro de 2006, a loja temática
oficinas constam de aulas teórica
berimbau
deixou de funcionar no Complexo
e prática sobre afinação e toques,
Hoteleiro Costa do Sauípe, primeiro
sequência de movimentos, treina- endereço. Reabre, em dezembro
mento de charanga (um berimbau e deste ano, no Centro de Referência da
dois pandeiros), quadras e corridos Cultura Afro-Brasileira, a ser instalado
Símbolo baiano, instrumento une tradição e musicalidade (cânticos), fabricação de berimbau, no Terminal Turístico Mãe Mirinha de
pandeiro e caxixi. Portão, final de linha do bairro.
S
© JOÃO RAIMUNDO DECOM, L.F
© GRAÇA FILADELFO
A Prefeitura de Lauro de Freitas
alvador tem in- roda de capoeira, um dos mais fortes Em outro box, instalado à esquer- e o Serviço Brasileiro de Apoio
Variedade | no Mercado Modelo, diversos tamanhos e cores
contáveis cartões- símbolos da cultura afro-brasileira. da, as turistas e irmãs Elisa Souza às Micro e Pequenas Empresas
postais. Desenha- No Mercado Modelo (Cidade Baixa), Pinto, do Rio de Janeiro, e Lúcia (Sebrae) apoiaram a organização
dos pela natureza os berimbaus logo atraem o turista. De Martins, moradora de João Pessoa, da cadeia produtiva. O Sebrae Bahia
ou nascidos de R$ 5,00 a R$ 30,00, os vendedores compravam berimbau numa quarta- © desenvolveu o treinamento para
formar a cooperativa de instrutores
traços arquitetôni- oferecem desde instrumentos peque- feira ensolarada de maio. Elas obser-
de capoeira e fabricantes de
cos, o Elevador Lacerda, o Merca- nos - para crianças - até os adequados vavam a demonstração do vendedor
berimbau. Agora a instituição divulga,
do Modelo, o Porto da Barra, a Lagoa a profissionais. O vendedor Miguel Dal- Osmar dos Santos, Mestre Marzi-
junto ao segmento, a possibilidade
do Abaeté, o Pelourinho, o Forte São tro trabalha no box à direita da entra- nho, de uma família de capoeiristas.
desses profissionais se tornarem
Marcelo e seculares igrejas, espalham da principal, há mais de 20 anos. “Se O propósito de Elisa era levar dois empreendedores individuais.
a fama da cidade emoldurada pela o freguês quiser também levar a capa berimbaus para os netos cariocas Quem se registra na condição de
Baía de Todos os Santos. Mas quem do berimbau, o valor passa para R$ que fazem capoeira. Segundo Mar- empreendedor individual tem direito
chega a Salvador também é seduzido 50,00”, informa. Ele lembra que a maior zinho, os instrumentos vendidos ali ao Cadastro Nacional de Pessoa
por outro ícone emblemático: o berim- parte dos berimbaus é procedente de são produzidos pelo pai, Mestre Ola- Jurídica (CNPJ) e aos benefícios da
bau, instrumento de rica sonoridade fábricas do município de Simões Filho vo Paixão dos Santos, no bairro de Previdência Social.
que impulsiona os giros e saltos na e da área suburbana da capital. Santa Mônica/ IAPI.
30 Maria Maria 31
© DIVULGAÇÃO
Lourimbau, eterno artesão
Ele sempre resistiu em anos atrás, no Teatro Vila Velha,
participar da roda de capoeira. o primeiro ano de atividades da
Seu maior interesse era fazer Maria Comunicação.
berimbau e descobrir sons. Da
dedicação ganhou o nome de Lourimbau conta que fez o
guerra, que incorpora parte da primeiro berimbau quando tinha
denominação do instrumento. 10 anos e nunca abandonou
Lourival Santos Araújo – Mestre o trabalho de artesão. O
Lourimbau – tem 61 anos. Ainda mestre tem condição de fazer,
produz berimbau, mas ensina em média, dez instrumentos
a arte agora apenas quando por semana. O preço varia
recebe algum pedido. Ele une de R$ 25,00 (mais simples)
ao dom de artesão o talento de a R$ 250,00 (com melhor
músico, compositor e cantor. acabamento, incluindo verniz).
Por onde anda, no Brasil ou De 1982 a 1994, Lourimbau teve
exterior, Lourimbau leva o atelier no Forte de Santo Antônio
instrumento. E vende. Já tocou Além do Carmo, onde ensinava
no Rio de Janeiro, São Paulo, a turmas, em geral, de 25
Paraná, Alemanha, Suíça... alunos. Hoje o espaço das aulas
Personagem emblemático, é a casa do cliente. Às vezes a
autodidata, tocou o instrumento pessoa quer saber como fazer
© com a desenvoltura de sempre um berimbau. Em outras, o
Ciência | fabricação depende de um jeito especial. na festa que comemorou, 14 desejo é aprender a tocar.
© ABIMAEL
Espelho de Brasília
Ele é o grande nome da noite de Brasília. Dono de dez
empreendimentos na capital federal, frequentados pelos
políticos e empresários mais poderosos do país, Jorge Ferreira
esbanja uma simplicidade incomum. E sabe disso.
S
© DIVULGAÇÃO
ou um empresário que tem 550 funcio-
nários e não tem escritório. Meu escritó-
rio é nos bares. Eu não tenho secretária.
Minha secretária é o celular, entendeu?
E eu despachava muito lá no Feitiço,
debaixo de uma árvore, porque sou um
empresário atípico – diz.
Nossa conversa, portanto, acontece num de seus “es-
critórios”, mais precisamente no Mercado Municipal , tal-
vez a maior “jóia” da coleção do empresário. © DI SOUTO
Caçula | Bar do Ferreira é destaque do shopping Quê, lançado pela Maria, em Águas Claras (DF)
Inaugurada em 2006, a casa é inspirada no Les Halle
de Paris e em outros mercados do país, onde se vende
de tudo e, à noite, a boêmia se reúne. de sobrevivência. Eu me achei empresário e, de repente, grande amigo do empresário-artista e responsável por
Goza do charmoso paradoxo de chamar-se “Mer- tem cem, duzentas pessoas dependendo de mim. cerca de metade das marcas dos bares e restaurantes
cado Municipal” no único local do país onde não exis- Para “sobreviver”, Jorge Ferreira abre, em 1989, o Fei- de Jorge. “Ziraldo é um grande amigo, muito presente
tem municípios. tiço Mineiro. Era a época da primeira eleição presiden- na minha vida”, diz.
- Isso aqui é uma obra de arte – o primeiro no mundo, cial direta após a ditadura, e logo o “Feitiço” tornou-se Fundador do PT e da CUT quando ainda morava em Juiz
acho, a ter um dono só. Eu trouxe 40 toneladas de grades um ponto de encontro de artistas, intelectuais e políticos de Fora, Jorge Ferreira também tem um grande leque de ami-
antigas, revitalizei as coisas todas, fiz um pé direito altís- de esquerda. “Não posso falar do meu empreendimento gos na política, especialmente no campo da esquerda.
simo... O mercado é todo dia. Me emociona porque virou sem esse caldo cultural”, comenta. Tanto que a posse de Lula foi comemorada pelo grupo
um ponto turístico da cidade. Eu não imaginava isso. No pequeno palco do restaurante, apresentaram-se de José Dirceu no Bar Brasília, outro dos estabelecimen-
Logo depois de declarar-se ao Mercado, Jorge co- nomes como Francis Hime, João Bosco, Beto Guedes, tos de Ferreira. “Eu nunca vi Brasília com tanta festa; era
menta que está triste, pois um garçom acabara de que- Lô Borges, Nelson Sargento e Dona Ivone Lara. Foi lá que operário, o bar todo cantando... Esse foi um momento
brar um vitral de mais de 100 anos. “Vou ter que restau- aconteceu o último show de Baden Powell no Brasil – faz muito marcante”, lembra.
rar”, comenta, balançando a cabeça. questão de lembrar um emocionado Jorge Ferreira. O dono da noite brasiliense também é amigo do presi-
Nas mesas – literalmente – do Feitiço Mineiro foi escrita dente Lula há mais de 20 anos. Aliás, de Lula.
De repente, empresário e editada durante 12 anos a revista literária “Tira Prosa”, - Agora ele virou presidente. Presidente não tem ami-
Ferreira conta que só se tornou empresário “pela in- que chegou a ser considerada uma das três melhores re- go. Mas as oportunidades que a gente tem de se en-
compreensão da burguesia”. Explica: vistas culturais do país. contrar, é uma coisa muito carinhosa, era uma vida muito
- Onde eu trabalhava, eu fazia greve, aquelas coisas, e Entre um chope e outro, escreviam na revista 13 junta antes dele ser presidente – diz.
eu sempre era demitido. Então a burguesia não me queria pessoas, entre elas, além do próprio Jorge Ferreira, no- Entretanto, engana-se quem acredita que a proximi-
como trabalhador, né? Aí eu tive que arrumar uma forma mes como Val Santana, Jaguar e Ziraldo. Este último, dade com os poderosos favorece de alguma forma os
36 Maria Maria 37
“
E a nossa conversa acaba porque a “secretária” de Mercado Municipal: W3 Sul, Quadra 509,
Jorge toca. Do outro lado da linha, a esposa de um mi- Brasília, DF, Tel: (61) 3442-4500
João (Silva) foi amor com marcas - até discordando será sem dúvida nenhuma, uma nistro quer saber qual dos bares vai estar mais animado
à primeira vista. Eu fiquei ideologicamente -, mas aquela legenda pro publicitário brasileiro, Feitiço Mineiro: CLN 306,
impressionado como é que uma para a comemoração do aniversário do marido.
marca do Collor é genial né, foi pela criatividade e pela seriedade
pessoa pode ter tanta criatividade Enquanto Ferreira disserta calmamente sobre as atrações Bloco B, Lojas 45/51, Brasília, DF,
criada por ele. com que ele trabalha.
com tanta energia. Inclusive no da noite em seus bares, José Oscar Tel: (61) 3272-3032
primeiro contato que tive com ele, Eu acho que é muito bom pro João Como eu sou contador de casos,
terminei me despedindo: “Ô, João, fazer 15 anos, porque é um momento tem uma história do João que Pelúcio, seu sogro (que acompanhou Bar Brasília: 506 Sul, Bloco A, Brasília, DF,
você é um gênio!’. de repensar, refletir, de tomar rumos. já virou um “causo” meu. Ele já boa parte da entrevista), comenta: Tel: (61) 3443-4323
Acho que o João agora tá num tá puto comigo, porque conto
Eu fico muito feliz desses 15 anos “ele não quer isso, mas poderia se
momento bom da vida dele, de tudo diferente (risos). É sobre um
da Maria, por ter sobrevivido a candidatar para depu- Bar do Brasil: 202 Norte, Bloco A, Loja 21,
definir com a sua criatividade e sua anúncio que ele fez na Copa de
esse mercado competitivo e essa Brasília, DF, Tel: (61) 3327-8342
personalidade o que é que será a 1986, quando o Duda Mendonça tado que ganhava fá-
figura ter mantido uma marca
Maria nos próximos 15 anos. era chefe dele. Eu já tô contando cil. Tem gente demais
tão forte que é hoje a Maria no Chopp Brahma Express: 306 Sul, Bloco, A
até melhor do que ele!”
Brasil, com presenças que foram Agora cabe a ele definir esse outro que gosta dele. E de Loja 2, Brasília, DF, Tel: (61) 3442-4677
marcantes na história brasileira, passo, e eu acho que o João Jorge Ferreira todos os partidos”.
38 Maria Maria 39
Casos da Maria
Governo da Bahia
Contra a febre aftosa, os bois invadem a cidade.
B “
©
asta a ocorrência de um destres, reconhecida por eles como
A Maria
caso de febre aftosa para um mata-burro.
que toda uma região seja Apesar de toda a dificuldade, o mostrou que
penalizada com enormes filme foi um sucesso. competência
prejuízos aos pecuaristas e à econo- A campanha foi apoiada num ar-
mia dos Estados produtores e ex- rojado plano de mídia, com anúncios
e criatividade
portadores de animais, carne, leite e nos principais jornais da capital e do é o que faz a
produtos derivados. interior, outdoors, busdoors, spots
diferença
Em 2001, a Bahia obteve a Cer- nas rádios de maior alcance e nas
tificação de Zona Livre da Aftosa rádios comunitárias, carros de som, num mercado
com Vacinação. Dois anos mais tar- internet, lembretes em contas de luz
tão competitivo”.
de, o índice de vacinação no Estado e extratos do Banco do Brasil, carta-
chegou a 93% do rebanho. zes e panfletos. Pedro Barbosa – Ex-Secretário
Entretanto, era necessária a O esforço de comunicação ga- da Agricultura da Bahia.
imunização regular de todo o re- nhou cobertura da imprensa e uniu
banho. Uma tarefa difícil, especial- todo o mundo rural em torno do
mente a de superar as resistências mesmo objetivo.
dos pequenos produtores, que não O acerto na escolha da estraté-
tinham a cultura da vacinação, di- gia ficou evidente logo nos primeiros
nheiro para comprar as vacinas nem resultados. Após a primeira cam-
eram alcançados e sensibilizados panha, o índice de vacinação subiu
pela comunicação. para 95%. E, apesar da ocorrência
Quando, em 2004, a Maria da doença no Mato Grosso do Sul,
Making-of da filmagem
assumiu as campanhas de vacina- a Bahia intensificou suas campanhas
ção, uma nova estratégia foi esta- vizinhos da sua propriedade”, con- ficava verde para o boi vacinado”, A produção teve ainda que, li- e manteve os criadores mobilizados,
belecida. “A gente percebeu que ta João Silva. explica João. teralmente, enxugar o asfalto por chegando a 97% de cobertura vaci-
boa parte dos produtores rurais Essa constatação gerou a Para fazer o filme, dezenas de conta da chuva e “convencer” os nal em 2007, garantindo a certifica-
está nos grandes centros, e não ideia de fazer um filme de TV com bois nelore foram trazidos de Feira animais a passarem pela faixa de pe- ção de Zona Livre da Febre Aftosa.
estão na zona rural. E são eles que bois parando uma grande avenida de Santana para Salvador e foi ne-
dão o tom da vacinação. Quando da cidade. “Fizemos a boiada pas- cessário construir um curral em ple-
o grande produtor está envolvido, sar exatamente na faixa de pedes- no bairro do comércio, para que os
ele influencia o pequeno e médio, tres. Os carros paravam e o sinal bois pudessem descansar.
40 Maria Maria 41
Pensar o novo!
SAIBA MAIS:
“O Brasil com o qual
sonhamos é mesmo
O Brasil mestiço:
um Brasil com brancos
de um lado e negros
do outro?”
do mito à utopia
A Utopia Brasileira e
os Movimentos Negros
Antônio Risério
EDITORA 34 (440 PÁGINAS)
E
lor talvez não seja mesmo o melhor afro-americanos, esse percentual
ste ano, o Supremo Tri- sa, assim como a economia assen- Brasil contemporâneo ainda opera. caminho para combater o racismo sobe para 24,7%. Os casamentos
bunal Federal deve emitir tou suas bases sobre os horrores do No entanto, alegam intelectuais e ou a desigualdade racial. Primei- interétnicos no Brasil atingem uma
pronunciamento definidor trabalho escravo e da monocultura la- militantes comprometidos com a cau- ramente, como diz o intelectual e taxa de apenas 20% do total de ca-
a respeito das cotas ra- tifundiária. Porém, em sentido contrá- sa negra, eleger a mestiçagem como militante negro Paul Gilroy, usar o samentos contraídos na população.
ciais para ingresso nas universidades rio à separação, à violência e à exclu- valor nacional é um discurso bonito, conceito de raça para combater o Nos Estados Unidos, essa taxa é de
públicas. Trata-se do exemplo mais são, ter-se-iam forjado, no cotidiano mas na prática, não só invisibiliza o racismo serve para dar sobrevida ao apenas 2%.
conhecido e polêmico das políticas promíscuo da casa-grande, hábitos, preconceito racial, como dificulta paradigma que divide a humanidade Assim, a reflexão que se levanta A Modernidade nos
Trópicos: Gilberto Freyre
de ação afirmativa, que vêm sendo valores, crenças e sensibilidades mis- a articulação de ações efetivas de em categorias essenciais, conforme é de ordem estratégica: por que, ao
e os Debate em Torno do
implementadas no Brasil, em escala turados, vitalmente contaminados e combate ao mesmo e de promoção a cor da pele. Depois, a opção por invés de procurar espelhamento em Nacional
crescente, ao longo da última déca- impuros. Essa tendência para a im- de uma maior igualdade social entre um modelo estrangeiro de combate um modelo que não solucionou o Valéria Torres
da. O tema é estratégico justamente pureza é o que caracteriza o Brasil as raças. Do ponto de vista histórico, ao racismo é complicada, justamen- racismo e as desigualdade raciais, da Costa e Silva
porque no fundo diz respeito a nosso mais profundamente, de acordo com não deixam de ter razão. Aliás, não te porque tenta ignorar especificida- o Brasil não procura, dentro de sua CARPE DIEM EDIÇÕES E PRODUÇÕES
(422 PÁGINAS)
projeto de nação. Em texto publicado a interpretação de Gilberto Freyre. creio que qualquer dos intelectuais des das relações raciais no Brasil: própria tradição, formas criativas
recentemente, defendo o argumento Tudo muito próximo ao ideário antro- e artistas modernistas citados acima na prática, como separar o que está para resolver um problema que pa-
de que um mito nacional se desen- pofágico, como muito bem apontou o fosse ingênuo ou cínico o suficiente misturado, não só biológica, como rece incomodar os brasileiros em
volveu e se tornou dominante, no mestre José Guilherme Merquior. para negar a existência do precon- social e culturalmente? geral? Todos desejamos uma nação
Brasil, entre os anos 1920 e o fim da Felizmente, Gilberto Freyre, Mário ceito racial no Brasil. Do mesmo Por fim, se ao menos se pudes- mais justa. Mas o Brasil com o qual
Ditadura de Getúlio Vargas, em 1945. de Andrade e parte da trupe moder- modo, não podem ser simplesmente se constatar o sucesso estrondoso sonhamos é mesmo um Brasil com
Esse mito centrou-se na ideia de uma nista, que, inclusive, assumiu postos tachados de conservadores, elitistas do modelo americano de combate brancos de um lado e negros do ou-
miscigenação inicial de portugueses, de comando da política cultural na- ou racistas, os intelectuais que con- às desigualdades raciais, valeria a tro? Creio que o Brasil pode escolher
índios e africanos, para se tornar, ao cionalizante da Era Vargas (dentre os temporaneamente se posicionam de pena reproduzí-lo. No entanto, a entre acompanhar o ritmo e assumir Meu Tempo é Agora
longo dos anos, uma asserção bem quais, citem-se Villa-Lobos, Carlos maneira crítica quanto às políticas sociedade americana está longe de a agenda da globalização planejada Mãe Stella de Oxossi
mais genérica sobre a habilidade da Drummond de Andrade e Rodrigo de ação afirmativa. A questão le- ser um protótipo de igualdade racial. por outros, ou pode abraçar o legado EDITORA EMPRESA GRÁFICA
DA BAHIA (182 PÁGINAS)
cultura brasileira, para a assimilação e Melo Franco de Andrade, além do vantada pelos críticos da ação afir- Boa parte da população afro-ameri- da mestiçagem, da plasticidade, da
a integração de todo tipo de diferença. próprio Mário), ganharam o embate mativa é outra, é séria e precisa ser cana vive em guetos que se formam antropofagia, não como mito, mas
Na construção desse mito nacional, entre as várias ideologias que nos honestamente debatida: recuperar a nas principais cidades do país. Em como caminho para a realização de
Gilberto Freyre participou tanto quanto anos 1930 concorriam pela definição noção de raça e escolher o caminho sua ampla maioria eles moram nas uma utopia de fraternidade.
os grandes e celebrados modernistas, do que o Brasil havia sido, do que era da oposição entre brancos e pretos, casas mais pobres e estudam nas
Mário e Oswald de Andrade. e do que deveria vir a ser. Graças a adotado alhures, é mesmo a melhor piores escolas, e por isso mesmo VALÉRIA TORRES DA COSTA SILVA,
Na interpretação gilbertiana do eles, vingou um projeto cultural de solução para resolver o problema do têm muito mais dificuldade de che- MESTRE EM ANTROPOLOGIA SOCIAL E COLÍDER
Brasil, a força democratizante não é, nação não-branco e não-europeu, preconceito racial no Brasil? gar à universidade. De acordo com DO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM CRI-
obviamente, política, mas cultural. A que elegeu como valores centrais: o São vários os argumentos que os dados do Censo de 2004, 12,7% MINALIDADE, VIOLÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS Aqui ninguém é branco
vida política brasileira foi fundada pelo mestiço e o potencial de plasticidade/ nos sugerem cautela e prudência. da população americana vive abai- DE SEGURANÇA (NEPS), DO PROGRAMA DE Liv Sovik
arbítrio de minúscula elite portugue- antropofagia. É com esse mito que o Abrir mão da mestiçagem como va- xo da linha de pobreza. Entre os PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA DA UFPE. EDITORA AEROPLANO (176 PÁGINAS)
42 Maria Maria 43
44 Maria Maria 45
CARDUME DE QUATINGAS NOS RECIFES DO PARCEL DOS ABROLHOS © PEDRO MEIRELLES - WWW.PEDROMEIRELLES.COM
Entrevista
“O que o cliente
precisa é de uma
boa estratégia”
Em entrevista, o publicitário baiano João Silva fala de sua
trajetória no mundo da propaganda, foca seu entusiasmo
à frente da Maria Comunicação – empresa que criou há 15
anos –, relembra histórias do passado e revela suas maiores
expectativas em relação ao futuro.
46 Maria Maria 47
“A melhor marca é a que
vou fazer amanhã”
© ISABEL GOUVÊA
a agência no mercado baiano e Tem uma característica muito
depois no brasileiro? presente nos trabalhos da Maria,
JS - Nós não tivemos nenhuma que é essa perenidade, a possibi-
estratégia pré concebida. A gente lidade das coisas serem usadas e
imaginava que havia possibilidade reutilizadas. Por quê?
de transformar pequenas verbas em JS - Eu convivi com muitos pro-
grandes resultados. Sabíamos que fissionais talentosos e tive a sorte de
Lembrança | trajetória da Maria reconstituida as agências do mercado não teriam trabalhar com os melhores do Brasil
Top dos Tops de Marketing | Comemoração
interesse, ou não teriam como em um mercado, que é a Bahia, onde com Dinha e Kátia Silveira
Como foi sua trajetória no mundo da publicidade que poderia, com isso, ter um atender essa faixa de mercado, com você tinha que fazer a coisa aconte-
antes da Maria? diferencial. Como já me conhe- a mesma agilidade. Sabíamos que cer. Não tem coisa pior pra mim, não
João Silva - Eu comecei na Engenho, que nessa ciam, todos tinham interesse poderíamos oferecer um trabalho tem investimento mais jogado fora
época ainda não se chamava Engenho Novo. Depois em trabalhar comigo, porque o com qualidade, com know-how, do que um anunciante colocar uma
eu fui pra D&E, que era um resultado da fusão entre que a gente fazia normalmente por um custo mais acessível, já que puta grana na mão de uma agência,
a Divisão e a Engenho. Entrei para a Propeg no ano dava certo, gerava muita mídia nossa estrutura era enxuta. ela ir lá fazer um anúncio bonitinho
em que nós ganhamos três medalhas de ouro do espontânea. Nós conseguimos e no dia seguinte não tem ninguém
prêmio “Colunistas Nacional”. Foi uma premiação fazer campanhas, transformar em 1 que lembra quem era o anunciante. A
importante: essas foram as únicas medalhas de ouro anunciante muita gente que não propaganda tem que ter a capacida-
que alguém ganhou fora do eixo Rio e São Paulo. poderia ser anunciante e muito de de agregar valor à marca.
Colunistas Nacional | Premiação em Recife
Saí da Propeg e fui pra DM9, onde eu conheci Duda menos estar usando fornecedo-
(Mendonça). Da DM9 eu voltei pra D&E, que, depois, res de primeira linha. E tivemos
fundiu-se com a DM9 e virou DS2000, onde, depois muita sorte, os primeiros clientes
de dois anos, eu me tornei um dos sócios. Em 1995, foram: o Teatro Vila Velha (que
saí para fazer a Maria. renascia com o espetáculo Zumbi
dos Palmares), o Jacques Jani-
Como nasceu a Maria? Quem foram os primeiros ne, Promoexport, Refrigerante
parceiros, onde é que ficava, como era a Maria, Fricote, o shopping Top Mall e o
qual era a sua estrutura nesse início? Hospital Anchieta em Brasília.
JS - A Maria começou numa salinha lá no Edifício
Joventino Silva, no Itaigara, e os primeiros parceiros Depois desses primeiros passos Vila | Márcio
Meirelles recebe
da Maria foram os fornecedores e veículos do mer- projetando a Maria na cidade,
artistas como
cado. Eu tentei me cercar dos melhores. Acreditava o que foi feito para consolidar Daniela Mercury
Me chocava cação que realizam materiais como esse, como também Cite um cliente atual
dos responsáveis por essas instituições de ensino..... que merece destaque.
muito Imagine na Bahia, a população com mais de 70% de JS - Todos merecem e têm toda
quando negros, vendo branco, de olho azul, em tudo quanto é a atenção da Maria. Mas temos
eu só via outdoor na cidade, como se aqui fosse o Paraná ou a uma satisfação especial em aten-
Suíça? Eu acho isso pouco inteligente. O empresário der o Sebrae. Atender o Sebrae da
na Bahia que faz isso, porque ele tem que entender que o seu Bahia sempre foi um sonho nosso,
outdoors público-alvo não é aquele. Sempre achei que, o cara que todos os superintendentes que
com é negro, ele vai ao Shopping, ele consome, ele compra passaram por lá, sempre me diziam
carro, ele compra celular. Isso é óbvio, ele consome, é que adorariam trabalhar com a
modelos
ele quem faz a economia girar nessa terra, nessa cidade. Maria, mas nunca acontecia. Sérgio
loiros, de Quer dizer, negão da Bahia não estuda, não pode fazer Gomes, Mizael Aguilar, Lomanto,
olhos azuis pós-graduação? É um atraso, eu sinto que a Maria veio e eu sempre dizia para eles: “é um
pra poder mostrar esses diferenciais no mercado. absurdo o Sebrae fazer licitação
para escolher a agência que vai cui-
6 dar de sua comunicação e o edital
sempre impedir a participação das
pequenas empresas, e dizia a eles
que isso era no, mínimo, contraditó-
rio, por falta de alinhamento com a
missão do Sebrae. O Sebrae era um
cliente que muito nos fascinava pela
sua capilaridade e papel relevante
no desenvolvimento das micro e
54 Maria 5 – Anúncio para NPGA/UFBA; 6 – Outdoor para Fórum de Entidades Negras da Bahia
7 – Anúncio para Sebrae - Bahia Maria 55
O formato Embora sejam os maiores mercados do país, eu não marca, se você é uma marca
acho que Brasília e São Paulo sejam mercados satu- nacional, eu proponho um desafio:
das rados – ainda mais se considerarmos que, segundo a vamos reduzir entre 10% a 20% do
agências de The Economist, o Brasil vai ser uma das cinco maiores seu investimento em propaganda
propaganda economias do mundo em poucas décadas. Estamos durante um determinado período.
levando para Brasília e São Paulo uma coisa que não Eu lhe garanto um acréscimo nos
tem que se existe, que é uma nova visão de se fazer comunicação. seus resultados de venda e que, de-
modificar. Quando fizemos a Maria é porque não acreditá- pois de um ano ou dois de trabalho,
Esses vamos no formato das agências de propaganda que poderemos fazer uma pesquisa que
existiam na época. E continuo hoje afirmando, que comprovarar o valor agregado a sua
formatos o formato das agências de propaganda tem que se marca. Vender mais, com menor
tradicionais modificar. Esses formatos tradicionais estão falidos. O custo, e ter a sua marca no coração
estão falidos cliente precisa é de estratégia, bom conceito e capaci- do consumidor é o desafio. Destaque | João recebe o prêmio Profissionais do Ano Premiação | refrigerante Fricote no Top de Marketing
dade operacional para produzir o que for feito. E você
pode ter tudo isso sem ter estruturas gigantescas que Por que Brasília e São Paulo?
onerem os seus custos. Acho que essa é a tendência JS - A intenção é disponibilizar Mas anunciantes nacionais só e que pode e deve ser tratado com responsabilidade A saída é ter
da comunicação no mundo. para todo o Brasil, através destes querem grandes agências... pelos publicitários, empresários e gestores públicos.
Se você é um grande anunciante, um gerente de escritórios, a nossa experiência de JS - Os anunciantes sabem Tenho viajado bastante pelo país e o que tenho
empresas
30 anos de atividade e o que a Ma- que no mercado competitivo percebido é que a maioria dos gestores utiliza muito com talento,
ria vem fazendo há 15 anos. Quan- como o atual, é preciso ter um mal a comunicação porque esquece que o objeti- tesão e
do a Maria nasceu, a idéia era criar bom produto com o melhor pre- vo principal é informar a população dos serviços
8
três Marias: na Bahia, em São Paulo ço, senão perde para a concor- que ela dispõe. Um novo hospital, por exemplo,
que de fato
e em Nova York. Mas quis o destino rência. Já há algum tempo, os quando inaugurado, deveria ter como prioridade trabalhe para
que para chegar lá começássemos anunciantes vêm se recusando informar à população sobre o serviço, onde fica, o negócio do
por Brasília. Estamos identificando a pagar a conta que as grandes quantos leitos, procedimentos executados etc...
parcerias para levar a Maria para Isso é comunicação social, mas não é o que se vê
cliente.
agências sempre tiveram, com
onde possamos contribuir. estruturas gigantescas e um mon- por aí. Especialmente aqui na Bahia onde o governo
te de executivos que na maioria gasta em publicidade para dizer apenas que fez x
O que você espera desses dois das vezes não acrescentarão hospitais. Qual o ganho que a população tem desta
mercados? nada à sua comunicação, além informação? Isso me parece mais um desserviço do
JS - Gostaria de ter como desa- do “show off”. que comunicação social.
fio um grande anunciante nacional, A saída é ter uma empresa com Do mesmo jeito, quando se fala do patrimônio
qualquer um, de qualquer área, experiência, tesão e que de fato público aqui no Brasil, tenta-se transferir para o cida-
seja de varejo, produto ou serviço. trabalhe para o negócio do cliente. A dão o estado depredado dos equipamentos. Repare:
Anote aí: depois que eles conhe- equação é simples: vende-se mais; quando alguém diz que o baiano faz xixi na porta de
cerem a Maria vão crescer com paga-se menos e tem a sua marca um prédio, no Pelourinho, os governantes vêm logo
investimento menor. melhor identificada com o seu pú- com um: “Povo mal educado, sem educação, etc...”
blico alvo. O trabalho da Arizona no quando o correto seria dizer o seguinte: precisamos
Se tivesse que fazer um anúncio mercado de São Paulo, já indica que informar a população da importância deste patrimônio
para a Maria, em Brasília ou São o modelo de agência atual está com histórico, origem, data, quem morou, o que aconteceu
Paulo, qual seria o título? seus dias contados. naquele local, ou seja, precisa promover a educação
JS - Procura-se empresário que patrimonial... Tenho certeza que depois disso, a popu-
queira transformar sua marca/produto Isso vale para a comunicação lação terá consciência que se trata de verdadeiro te-
ou serviço, em grande sucesso de governamental? souro de nossa história e ninguém fará xixi na porta da
vendas, investindo menos do que in- JS - Principalmente. Até porque Casa de Rui Barbosa. E isso vale para todo o Brasil.
veste hoje. Ou: Quem confia na Maria acreditamos que a comunicação O governante que sacar isso estará prestando um ver-
tem mais chance de sucesso. é um instrumento transformador dadeiro serviço à população através da comunicação
8 – Marcas para Torneio Nacional de Snooker, Promoexport, Shopping Iguatemi de Salvador, Bloco Ca-
56 Maria maleão, Prefeitura de Salvador, Escola Contemporânea de Dança, Amazonas Shopping Center, Minas Maria 57
Shopping, Restaurante Casa da Dinha, Restaurante Alaíde do Feijão, Hospital Oftalmológico DayHORC.
Especialmente e, com certeza, vai entrar para a história. O Governo o Guiness Book e eles alegaram
Federal tem avançado muito neste sentido. uma série de dificuldades para
aqui na aceitar a categoria. Uma delas na
Bahia onde o Mais isso não foi sempre assim no País inteiro... época era como catalogar para
governo gasta JS - Repare, nós estamos em 2010, início do século proceder a avaliação. Agora,
XXI , as necessidades e exigências da sociedade mo- estamos fazendo contato nova-
em publicidade derna também evoluem, antigas práticas não podem mente para registrar a milésima
para dizer servir de desculpa para os dias atuais. Antigamente marca, o que deve acontecer nos
apenas se trocava tijolo e dentadura por voto e não acontecia próximos meses.
nada. Hoje já acontece. Antes uma carta levava até
que fez x quinze, vinte dias para chegar ao seu destino; hoje, E a Capital Branding, o que faz?
hospitais. Qual com a internet, pode chegar no mesmo instante. Por JS - A Capital Branding é um
o ganho que isso é importante pensar o novo. Qual a fórmula para criar sempre serviço de consultoria que nasceu
marcas e slogans que fazem tan- da evolução natural do negócio
a população São centenas de prêmios conquistados ao longo da comunicação, onde a necessi-
to sucesso e ficam para sempre?
tem desta da sua vida profissional, dentre regionais, nacio- JS - Experiência, tesão e trabalho. dade de agregar valor e inteligên-
informação? nais, internacionais. Isso lhe deixa envaidecido? cia estratégica às marcas, vem se
JS - Quem não gosta de prêmios? Todo mundo gosta Já chegou a Mil Marcas? consolidando como fundamental
de prêmios, só que a premiação tem que ser o reconheci- JS - Faltam poucas...(risos). para as decisões de comuni-
mento por algo que você fez e que alcançou seu objetivo Quando chegamos a 500 há dez cação, porque aumentam as
prioritário que é fazer a máquina registradora do cliente anos, ficamos sabendo que este chances de sucesso. E o melhor
tilintar, como dizia David Ogilvy. Agora, um dos títulos mais número poderia ser recorde no é que o cliente pode contratar os
importantes com certeza, foi a medalha Zumbi dos Palma- mundo, realizado por uma única serviços de consultoria da Capital
res, entregue pela Câmara Municipal de Salvador. pessoa. Aí fizemos contato com Branding, independente de ter
sua própria agência.
E o futuro?
JS - Como está se desenhando
que o Brasil será uma grande po-
tência mundial nos próximos anos,
acredito que o papel da comunica-
ção que valorize a criação estraté-
gica será importantíssimo, porque
ninguém vai querer brincar de jogar
dinheiro pela janela. A competi-
tividade será cada vez maior e a
necessidade de redução de custos
também. Para enfrentar estes de-
safios, vamos precisar de marcas
fortes, produtos e serviços de
qualidade e de profissionais prepa-
rados para atuar com experiência,
competência e responsabilidade.
A minha maior alegria será poder
contribuir com este processo.
58 Maria
PRAIA DA REDONDA © ALMIR BINDILATTI - BINDILATTI@POETICAPHOTO.COM
Patrimônio
A mistura de história, alegria
e o colorido dos mascarados
seduzem os turistas,
enchendo de orgulho
os moradores.
© JR. MAJOR
A outra cara do
do cliente. Também possibilita alternativa de
renda para quatro costureiras auxiliares. Já a
irmã Eronildes Santos da Cruz, a Ninio, 55, e a
Carnaval da Bahia
sobrinha Milena Marcela, 29, se empenham na
confecção de máscaras.
C
© JR. MAJOR R$ 250,00. Na Rua General Pedra, 22, endereço
de moradia e trabalho, ele faz cerca de 60
aretas, pierrôs e tantas outras fanta- ser Patrimônio Imaterial da Bahia em fevereiro de 2009. escravos que habitaram a região. fantasias por ano. Nos outros meses, borda
sias de um passado um tanto remo- O tombamento como bem intangível foi determinado Com 450 Km² de extensão, Maragojipe recebe na tecidos e tapetes, confeita bolos, decora
to, ganham vida quando chega a folia pelo Governo do Estado, após estudos feitos pelo Ins- época da folia cerca de 30 mil pessoas, segundo o pre- ambientes para festas e corta cabelos.
em Maragojipe. Ao invés dos trios tituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), feito Sílvio Santana, 39 anos. Como a oferta de pousa- Ninio mora na Rua J. J. Calazans, 12. Em casa
elétricos e dos gigantescos blocos autarquia da Secretaria de Cultura (Secult). As pesquisas das na sede não atende a todos que chegam buscando se dedica à produção de máscaras, que expõe
da capital baiana -, a festa nessa cidade, a 133 quilô- desenvolvidas levaram ao reconhecimento das caracte- essa festa original, animada e tranquila, os turistas são na garagem ao lado quando a festa se aproxima.
metros de Salvador, mistura história, alegria e o colorido rísticas tradicionais da festa, cultivadas até hoje. A folia acolhidos em casas de parentes e amigos. Outras op- Qualquer peça em tecido ou malha de algodão
é vendida por R$ 10,00. Careta tradicional,
dos mascarados, que seduzem os turistas enchendo de do município, onde residem 43 mil pessoas, é inspirada ções são os leitos da rede de hospedagem nos distritos
palhaço e nega maluca são as preferidas. Ela
orgulho os moradores. Único do Recôncavo Baiano reali- no Carnaval europeu do Século XIX. E também preserva - Nagé, Coqueiro, Guaí, São Roque e Guapira -, além de confecciona geralmente 100 máscaras. Agora
zado na época oficial, o Carnaval de Maragojipe passou a costumes e cantos afro-descendentes, herdados dos São Félix e Cachoeira, cidades próximas. planeja criar caretas no formato de chaveirinho,
que podem se transformar em lembrança da
festa de Maragojipe.
62 Maria
© JR. MAJOR
Forró e
São Bartolomeu
O São João, no ritmo pé de
Alegria | na praça Antônio Rebouças, todos os mascarados se encontram © JR. MAJOR
serra, é também animado
Travestidos, em Maragojipe. Até hoje
64 Maria Maria 65
© JR. MAJOR
LADEIRA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA © DAVID GLAT - WWW.DAVIDGLAT.COM.BR/PROJETOS
Pensar o novo!
Brasil na muxima
de Angola
U
ma constatação empíri- De resto, pode-se dizer que há tações e de 90 % nas exportações. Mas é bom destacar que, as-
ca no dia-a-dia do con- um sentimento recíproco: primeiro De qualquer forma, a mudança do sim como a presença brasileira
tato com os angolanos Estado a reconhecer a Independên- intercâmbio comercial é significati- tem aumentado cada vez mais
agora passou a ter ca- cia de Angola. O Brasil é um dos va. Lembro que, em 2000, quando em investimentos em Angola,
ráter científico: o País que eles mais maiores investidores em terras an- cheguei a Luanda para fazer desta também tem havido crescimen-
gostam – depois do seu, é claro - é o golanas e o único país a instituir a terra minha segunda pátria, o Brasil to significativo dos investimen-
Brasil. De acordo com pesquisa reali- obrigatoriedade do ensino de Histó- exportava apenas US$ 106 milhões tos angolanos no Brasil, mesmo
zada pela empresa Audit, nosso país ria da África nos currículos da edu- por ano para Angola. No mesmo sendo num patamar bem inferior,
mora na muxima dos moradores da cação básica. ano, o Brasil importou de Angola evidentemente. O Banco Central
capital, Luanda, especialmente dos Ao assumir o Governo em 2003, US$ 31 milhões. do Brasil registra que, em 2007,
mais jovens. “Muxima” significa co- o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Não obstante a crise econômica cerca de USD 13 milhões provi-
ração em kimbundo, uma das sete ressaltou que o estreitamento das re- internacional, os recursos da linha de nham de Angola. No ano seguin-
línguas nacionais que são faladas lações com a África constituia para o crédito aberta pelo Brasil em favor te, já praticamente quadruplicou,
em várias regiões (subdivididas em Brasil uma obrigação política, social, de Angola foram ampliados em US$ atingindo USD 50 milhões.
26 dialetos), paralelamente ao portu- moral e histórica. E, efetivamente, ele 500 milhões, há poucos meses. Os Entretanto, entendo que ainda
guês, a língua oficial. tem demonstrado que esta tem sido recursos dessa linha são utilizados há um bom espaço aberto para
Na geografia do coração dos luan- uma das prioridades da política ex- no financiamento de projetos esco- a ampliação das exportações de
denses, o Brasil aparece com 17,5%, terna do seu governo. lhidos pelo Governo angolano nas serviços do Brasil para Angola,
seguido de Portugal (12,9%), Estados O intercâmbio comercial de Ango- áreas de infra-estrutura física e so- bem como para exportações, no
Unidos (9,4%), Inglaterra (6,8%), Ho- la com o Brasil intensificou-se tanto cial. Nos últimos anos, esse meca- futuro, no sentido inverso. Afinal,
landa (5,5%) e África do Sul (5,1%), nesta década que, mesmo com uma nismo soma quase US$ 3,5 bilhões em termos de serviços, Brasil e
de acordo com a pesquisa Audit pu- queda drástica em função da crise, de créditos. Angola são países que têm, ain-
blicada pelo Jornal de Angola. a corrente de comércio entre os dois Essa linha de crédito constitui da, uma balança deficitária. Nos
Os homens hierarquizam suas pre- países no ano passado, foi o terceiro o principal instrumento para a am- últimos anos, o saldo líquido de
ferências de modo diferente das mu- maior da história, atingindo 1 bilhão pliação e adensamento constantes serviços de Angola tem sido ne-
lheres. Estas têm o Brasil bem mais 471 milhões de dólares - ficou abai- das relações entre os dois países. gativo em cerca de USD 12 bi-
perto do coração. Entre os homens, xo apenas do valor alcançado nos Porém, além dessa facilidade, os lhões, enquanto no Brasil, foi de
Brasil empata com Portugal em ter- dois anos anteriores. exportadores brasileiros de bens e US$ 9 bilhões.
mos sentimentais. Pela sondagem, a Em 2009, as importações de pro- serviços para Angola e, consequen-
preferência pelo Brasil independe de dutos brasileiros totalizaram US$ 1 temente, suas contrapartes angola- RAIMUNDO LIMA,
nível de escolaridade e condições so- bilhão 300 milhões, enquanto as nas podem ter acesso a outros pro- JORNALISTA E PRESIDENTE DA
cioeconômicas. Seja rico ou pobre, le- exportações de produtos angolanos gramas como o Proex, o Seguro de ASSEMBLEIA GERAL DA AEBRAN – ASSO-
trado ou não, o verde-amarelo já con- para o Brasil foram de 138 milhões, Crédito às Exportações e o Fundo CIAÇÃO DOS EMPRESÁRIOS E EXECUTIVOS
quistou o coração dos angolanos. com queda de um terço nas impor- de Garantia à Exportação. BRASILEIROS EM ANGOLA
68 Maria Maria 69
Cultura
Vida ao
cinema baiano
Novos longas marcam atual ciclo,
trazendo esperança de renascimento
O
cinema baiano experimentou vários A sétima arte na Bahia com-
pleta 100 anos vivenciando novo
ciclos desde que o primeiro curta-
clico de expansão. Além dos fil-
metragem feito no Estado foi exibido mes Jardim das Folhas Sagradas,
em outubro de 1910. O marco do cineasta Pola Ribeiro, e O Ho-
deste século de história é Regatas mem que Não Dormia, de Edgard
Navarro, outros longas nasceram
da Bahia, assinado por Diomedes
em 2009 e 2010. Escutando Tom
Gramacho e José Dias da Costa. Entre períodos de Zé (de Jorge Alfredo Guimarães),
efervescência e outros de desânimo, a produção teve Estranhos (de Paulo Alcântara),
Trampolim do Forte, (de João
momentos áureos – a exemplo da fase imortalizada por
Rodrigo Mattos) e Os Filhos de
Glauber Rocha, na década de 60 -, e outros de crise, João (de Henrique Dantas) são
como a registrada no início dos anos 90. alguns títulos.
© HENRIQUE ANDRADE
70 Maria
© DIVULGAÇÃO
Jardim das Folhas Sagradas, pri-
meiro longa metragem de Pola, e O
Homem que Não Dormia, segundo
longa da carreira de Edgard, viajam
no gênero ficção. Ambos enveredam
Barão desencarnado
pelo mundo místico, mas abordam O desejo e esforço de Edgard Diamantina), o longa tem orçamento
Navarro é fazer o lançamento de O de R$ 3,6 milhões. Os patrocínios
temas distintos. Jardim... fica pronto
Homem que Não Dormia até o final já obtidos somam pouco mais de R$
em setembro. O diretor se articula
deste ano. Em paralelo à busca de 2,2 milhões. O diretor espera que o
para lançar o filme em 5 de novem- recursos para fechar o orçamento, filme conquiste o público, “mas será
bro, Dia Nacional da Cultura. No mo- a equipe providencia edição de muito gratificante se cumprir essa
mento, o filme passa pelos processos imagem e som, trilha sonora, promessa, tão antiga, de que vou
de mixagem de som, cópia, estraté- liberação do direito autoral de encontrar o meu eixo”.
músicas não originais e animação.
gia de comunicação e distribuição. O Homem que Não Dormia
A primeira versão do roteiro de O
Após cerca de 40 filmes em Su- é a parábola, de um barão
Homem que Não Dormia data de desencarnado, simbolizando a
per-8, produzir curtas em 35 mm e 1978. Nesses 32 anos o processo decadência de um coronelismo
realizar o meia A Lenda do Pai Iná- de criação evoluiu numa sincronia escravagista. Numa noite cinco
cio, Pola quer levar seu primeiro longa com as descobertas interiores pessoas, de uma cidadezinha do
a salas do Brasil e até fora do País. do cineasta. interior, têm o mesmo pesadelo
Porém a ideia é fazer isso, gradual- Diretor de Eu me Lembro – sua envolvendo um homem sinistro e um
mente, começando por Salvador. De estreia em longa - premiado sete tesouro enterrado. Com a chegada
vezes, no Festival de Brasília de de um misterioso peregrino, muda a
acordo com ele, quando se fala de
2005, Edgard recorda experiências rotina do vilarejo e os personagens
produções mais independentes, um
gratificantes na realização do filme, são lançados em acontecimentos
desafio é driblar os obstáculos nos Ação | Pola e Antônio Mendes (diretor de fotografia) em processo de filmagem
onde também atua. Conhecer de insólitos. Assim cada um é trazido
sistemas de comunicação, distribui- perto Luiz Paulino dos Santos, à luz e se liberta do jugo das
ção e exibição. as pessoas”. O ponto principal das contemporâneo de Glauber Rocha, hipocrisias, medos e doenças.
locações foi o Terreiro Ilê Axé Opô foi um desses momentos especiais.
to negro, blocos afro e de samba, além vida “virada pelo avesso”, confor-
de afoxés, foi possível saber que 15 me a sinopse, ao revelar o desejo
mil pessoas desejavam assistir Jardim de abrir um terreiro de candomblé.
das Folhas Sagradas. “Vamos viabilizar Com os espaços disponíveis cada
isso”, adianta o cineasta. vez mais raros, ele procura um lugar
O longa - com investimento de na periferia. Afastado da tradição e
R$ 3 milhões - aborda religiosidade, questionando fundamentos como o
preconceito e ecologia. “Pedi licença sacrifício de animais, “Bonfim” cria
para trazer isso à tona”, afirma o di- um terreiro moderno e longe das ca-
retor. “Não os segredos do Candom- racterísticas tradicionais. O enredo
blé, mas a contribuição da religião a se desenvolve ao som de músicas
esse mundo que busca sustentabili- de Gerônimo e Ildásio Tavares, sob
dade e convivência harmoniosa entre direção de Pedro Augusto. Lançamento | cartaz criado pela Maria
© DIVULGAÇÃO
72 Maria
Casos da Maria
A
os 122 anos, o Abrigo detentores da experiência e guias cia. A campanha foi formulada por nobreza da causa determinou o
é uma das mais antigas das gerações seguintes. Amaral, em conjunto com João Sil- seu envolvimento na empreitada.
casas de recolhimento “As culturas orientais e africa- va e contando com a participação Em pouco tempo, a iniciativa
de idosos do país e fun- na nos ensinam a estimar a ances- amiga de José Armando Nogueira obteve uma resposta à altura do
ciona num belo conjunto de cinco tralidade. Daí o conceito ‘Respeito e Maria Gerusa. desafio: a mídia local aceitou vei-
casarões coloniais do século XIX, é bom e eu gosto’”, conta Vicente Nogueira e Gerusa não faziam cular gratuitamente as peças pro-
inspirado no Palácio de Versailles e Amaral, diretor de criação da agên- parte do quadro da Maria, mas a duzidas pela Maria.
tombado pelo IPHAN. Assim que foi para a rua, a
Em 2006, veio o grito de so- campanha provocou uma gran-
corro. O Abrigo D. Pedro II, em Sal- de mobilização social, envolven-
vador, estava abandonado e sendo do desde políticos, até empresas
solapado pelas ondas do mar, que como construtoras, que se ofere-
corroíam a sua estrutura física. ceram a reformar setores da casa
Em estado precário, seis das de recolhimento.
oito alas do estabelecimento ha- Hoje, o Abrigo D. Pedro II ain-
viam sido interditadas pela Defesa da enfrenta muitas dificuldades.
Civil. O mofo e os cupins dividiam Deixou para trás, no entanto, a
o espaço do abrigo com os seus tristeza da invisibilidade.
114 ocupantes, todos com mais
de 60 anos.
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A Maria reverberou o pedido de
ajuda do Abrigo D. Pedro II, transfor-
mando-o numa campanha publicitária.
Além de sensibilizar a popula-
“ A iniciativa da
Maria em ajudar
ção para as condições precárias
o Abrigo foi
do Abrigo, a campanha idealiza-
da pela Maria foca na valorização fundamental. Foi
das pessoas mais velhas enquanto
a partir dessa
iniciativa que
o Abrigo teve
visibilidade na
mídia e assim as
contribuições
puderam chegar
até nós”.
Ana Valéria Souza Santos –
ex-Gerente do Abrigo D. Pedro II.
Outdoor Anúncio
74 Maria Maria 75
Entrevista
M
aria: Nos últimos anos, ve- A bola está quicando pro Brasil. Mas muitas vezes
Desde 2008 à frente do Ministério música brasileira já é reconhecida no mundo inteiro,
mos constantemente o Brasil várias práticas culturais brasileiras são reconhecidas eu percebo no país um espírito ainda muito voltado
da Cultura do Brasil, o sociólogo ocupar um papel de liderança no mundo inteiro como de qualidade. pra dentro. Ou então percebo em alguns empresários
nos Fóruns internacionais de Além disso, e muito importante, temos a presen- e líderes políticos uma idéia de repetir essa prática
Juca Ferreira fala à revista
cultura. A que o senhor atri- ça do presidente Lula no cenário internacional. É um predatória dos grandes países...
Maria sobre a liderança da pasta bui esse protagonismo? país que vem, através do seu líder, verbalizando a
Juca Ferreira - Isso reflete, em primeiro lugar, o necessidade do respeito de negar as práticas preda- Maria: Quer dizer, um império regional, né? O
da cultura no plano internacional. crescimento de importância do Brasil. O Brasil em tórias e bélicas. desejo de ser império regional...
Nesta entrevista, o ministro da poucos anos vai se tornar a quinta economia do mun- Então o mundo tem um interesse enorme sobre o JF - Quer dizer, se tem divergência com a Bo-
do. A sua importância cultural que já é histórica, a Brasil, isso é comprovado por qualquer pessoa que lívia, aventam logo a possibilidade de invadir a
Cultura que sucedeu Gilberto ultrapasse a fronteira do país. Às vezes, aqui dentro Bolívia; se tem divergência com a Venezuela, a
Gil explica os motivos dessa – talvez por esse complexo de vira-lata que Nelson mesma coisa.
© RICARDO PRADO Rodrigues falava – nós não temos consciência da im- Nós sempre fomos um pouco deslumbrados, antes
liderança, comenta a imagem que portância internacional do Brasil. com a França e agora com os EUA. Há uma certa
os outros países têm do Brasil, Regional nem se fala. Na America Latina, o afeto, subserviência. É bom não esquecer a experiência da
o carinho, a expectativa que o Brasil estabeleça uma ALCA, como a grande imprensa brasileira quis obrigar
as prioridades da cooperação relação positiva com os países vizinhos e admiração o governo brasileiro a entrar na ALCA. E é só olhar
pelo Brasil é enorme. Nos países africanos também agora a consequência que isso teve sobre a econo-
cultural brasileira e os laços que
é enorme. No âmbito da União Africana, o Brasil foi mia do México. O México está absolutamente subal-
vêm sendo construídos, em definido como um país africano fora do continente. ternizado pelos EUA, absolutamente dependente da
Numa reunião de ministros da cultura dos países economia americana, perdeu parte da sua autonomia
especial com a América Latina
africanos e da diáspora negra do mundo, o presidente política em função disso.
e a África. “Esses processos do Senegal me chamou pra ter uma audiência com Enquanto isso o Brasil cresce, exatamente porque
ele. E ele me disse o seguinte: “O Brasil precisa ocu- o presidente Lula teve a coragem de liderar o Brasil
têm que ser voluntários e par o seu lugar no mundo. O Brasil é muito importan- para não entrar na ALCA e constituir uma relação di-
baseados na confiança mútua te para o hemisfério sul, particularmente para África versificada com o mundo inteiro. Quando nós come-
- vocês são parte da África. Nós, africanos, quando çamos esse processo, no início do governo Lula, a
e na generosidade, e não na olhamos para o Brasil, é como se olhássemos pra um grande imprensa brasileira ridicularizava o presidente
mesquinharia”, opina. espelho, e a gente gosta da imagem que a gente vê.”. por estar constituindo processos comerciais com a
Eu fiquei comovido na hora que o presidente disse America Latina, com a África, com a Ásia, dizendo:
isso. Ele ainda recomendou: “Vocês precisam ser me- “O que é que o presidente quer, será que ele não co-
nos tímidos”. nhece a economia mundial?”, quando na verdade...
76 Maria Maria 77
sileiros e baianos. Teve um que pegou na minha mão
chorando e batia no peito e dizia chorando: “Eu sou
baiano”. E com uma ênfase assim, inacreditável, que,
pela característica dolente do baiano, eu não vejo nin-
guém lá falar com tanto orgulho assim que é baiano.
Eu estava no mercado tradicional do Benin quando
um barraqueiro falou: “Você é o ministro da cultura
no Brasil? Eu lhe vi na televisão. Ele pegou na minha
mão, levou pra dentro da barraca e, muito emociona-
do, disse assim: “Descobrimos nossos parentes no
Brasil, os filhos e netos dos que foram escravos”.
São vínculos inquestionáveis. E fora a presença
africana na nossa cultura, na nossa identidade, na
nossa imagem: carnaval, futebol, em tudo isso eles se
reconhecem e é um cartão de visitas assim, fantásti-
co, independente de outras questões.
Ainda tem os países do BRIC, a Índia, a África do
Sul, a China... As possibilidades são maiores do que
a capacidade de realização, aí que entra a importân-
cia de aumentar o orçamento do Ministério da Cultu-
ra. A gente não tem condições de dar atendimento
à demanda de intercâmbio e de contato, é o mundo
inteiro, a Europa... tem uma cacetada de pedidos que
a gente não tem condição de atender. Vamos atender
Internacionalização | cultura brasileira ultrapassa fronteiras © RICARDO PRADO alguns, o que for possível. O Brasil tem que incorporar
que virou um país importante.
Maria: Ele conhecia mais do que a imprensa. leiras. Não só no sentido do fluxo de mão dupla (inter- Então são questões que inevitavelmente nos levam
JF - Essa diversificação foi o que possibilitou que câmbios bilaterais), como nas grandes instituições de a interferir no cenário internacional. Não bastam as Maria: Parece-me que essa pauta internacional
de fato o Brasil tenha uma estabilidade. Porque a crise governança mundial, recolocando a questão cultural e relações geopolíticas e comerciais, as relações cultu- da cultura acaba levando esses outros países a
dos ricos afeta o Brasil, mas afeta menos porque a a necessidade de um reordenamento, de uma redefi- rais são estratégicas para o mundo e, particularmen- fazerem essa revisão conceitual que o Brasil fez a
gente tem uma diversidade de relações hoje constitu- nição dessas relações. te, pra um tipo de diplomacia que o Brasil faz, que é partir de 2003 também. Isso tem acontecido?
ídas nos últimos oito anos. Nós somos profundamente insatisfeitos com as construção de um ambiente de paz, de igualdade, de Juca Ferreira: A gente tem exercido uma lideran-
Isso associado a um processo de constituição de relações na área de direito autoral no mundo. O di- aceitação do outro, de convivência respeitosa – e não ça. Os pontos de cultura abrem os olhos de outros
um mercado interno com a inclusão de quase 40 mi- reito autoral das comunidades e povos amazônicos, há aí dimensão mais importante do que a cultural. países de que há uma produção cultural ali no fron-
lhões de brasileiros na economia, na formação dessa por exemplo, é diariamente ferido pela rapinagem das tline da sociedade, onde a miséria está estabelecida,
nova classe média, que também é outro paradigma grandes empresas de biotecnologia que mandam an- Maria: Além do MERCOSUL e da America Lati- onde a pobreza, a exclusão, a violência estão estabe-
que o presidente Lula quebrou: que desenvolvimento tropólogos – não botânicos nem biólogos pra estudar na, o MinC se relaciona bastante com a Comuni- lecidas. E, apesar da ausência do Estado, essas co-
nada tem a ver com justiça social. a floresta. Mandam antropólogos para saber o que dade de Países de Língua Portuguesa e também munidades produzem cultura, se organizam cultural-
Isso não é nem Marx, isso é Adam Smith, é do te- aquelas populações conhecem da biodiversidade. Daí com alguns outros países da África, não é? mente, pra ter acesso ao deleite estético, à afirmação
órico do capitalismo, que dizia que o mercado precisa levam o material para fazer estudos genéticos, con- Juca Ferreira: Essa é outra cartografia que não cultural, às praticas tradicionais ou contemporâneas.
da inclusão das pessoas... Vai vender pra quem? firmando ou não os efeitos que são do conhecimento pode ser esquecida. Com os países africanos, a liga E nisso o Brasil teve o mesmo papel que o revelador
da população local, patenteiam e a partir daquele mo- é imediata. Na região ali em torno do Golfo do Benin, tinha na época da fotografia analógica, o revelador é
Maria: Qual a justificativa para essa ênfase na mento se torna um ativo econômico dessas grandes parte dos africanos que vieram ao Brasil como escra- que puxava a imagem e lhe dava visibilidade. É mais
atuação internacional do MinC? empresas. Isso é uma pirataria de um grau de ilegiti- vos vieram dali. ou menos esse o processo: as pessoas percebem
JF - Nós tínhamos consciência – e o ministro Gil midade monstruosa. E nós, por um certo academicis- Eu estive lá no Benin e uma parcela minoritária, que dentro dos seus países há processos culturais
falou várias vezes sobre isso – de que os interesses mo, nunca reconhecemos esse conhecimento adicio- mas significativa da população são de escravos que importantíssimos e que não tinham nenhum atendi-
culturais do Brasil ultrapassavam as fronteiras brasi- nal como parte do cabedal da sociedade brasileira. retornaram pra lá. E eles se consideram até hoje bra- mento do Estado.
78 Maria Maria 79
“Seria péssimo que o
Brasil do século XXI fosse
um país economicamente
forte, povoado por uma
comunidade de boçais.”
80 Maria
Casos da Maria
O
Teatro Vila Velha ocupa um
lugar especial no imaginário
baiano. Símbolo de ousadia
e resistência cultural, o Vila
“ Um teatro
como o Vila
já revelou para o Brasil artistas que re-
volucionariam o cenário nacional, como Velha, que
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Be-
thânia, Gal Costa, Tom Zé, Lázaro Ra-
tem uma
mos, entre outros. proposta muito
Em 1994, o diretor teatral Márcio Mei-
relles, atual Secretário de Cultura da Bahia, maior do que
assume o Vila Velha e começa a mobiliza-
ção por uma grande reforma no espaço,
simplesmente
que se encontrava em franco abandono. abrir pauta para
Inaugurada no ano seguinte, a Ma-
ria receberia do diretor a sua primeira espetáculos,
“conta”. Conta assim, entre aspas, por-
que simplesmente não havia dinheiro
precisava de
para um contrato. uma identidade
- Márcio Meirelles me contou que
havia procurado diversas agências de
Cartaz
visual. A Maria
publicidade, mas quando ele contava
qual era o negócio dele, um teatro e artistas como Daniela Mercury, Maria Até hoje, quinze anos depois, Vá ao
sabe traduzir
tal, e que não havia grana, todo mundo Bethânia, Gil, Caetano, Lucélia Santos, Vila, Velho convoca a população baiana a visualmente o
dizia: Tchau. A gente disse Seja Bem- Paulo Betti e Carlinhos Brown apresen- frenquentar o famoso teatro.
vindo! – conta João Silva. tavam-se no espaço para arrecadar re- - Às vezes o cliente tem uma gran- que a gente faz
A remuneração dos profissionais cursos para a compra de cadeiras, luzes, de idéia na mão, mas ele não consegue
da Maria, na época, vinha quando o Vila equipamento de som, etc. enxergar que aquilo é um ativo que vai
de uma maneira
conseguia emplacar um projeto. “Toda João Silva, então, apareceu com a sua render para ele grande recall. No caso do muito bacana.”.
vez que Márcio conseguia recursos para pedra filosofal: o slogan Vá ao Vila, Velho. Vila Velha, Márcio e toda a equipe do Tea-
um espetáculo, alocava parte dele para a Gravado por Gilberto Gil e Caetano tro perceberam que tinham um poderoso Márcio Meirelles - ex-diretor
comunicação”, lembra João Silva. Veloso em comerciais de 15 segundos, ativo, que utilizam até hoje com bastante
do Teatro Vila Velha
O maior desafio para a Maria, na- nos quais os artistas apenas repetiam sucesso – argumenta Silva.
quela época, era mobilizar a população essa mesma frase de diversas maneiras Desde então, grande parte das Cartaz
a freqüentar um teatro que, embora bem e entonações, o slogan logo tornou-se peças promocionais dos espetáculos e
conceituado, encontrava-se, literalmente, mote de toda a campanha pela recupe- grupos residentes do Vila Velha passa-
em obras. Tanto que, constantemente, ração do teatro. ram a ser produzidas pela Maria.
82 Maria Maria 83
Causo
De como
Val desasnou
(Adaptação do autor)
ça. (“Nada de tira-gosto. Tira-gosto
pra quê? Eu bebo porque gosto!”).
Val ficou logo pronto, mas toda mão
dizia que ia se picar. Ai Zé Mário (hum,
Comer água e depois
pegar um buzú...
qual é a de mermo?
E
Zé Mário é graça?) vinha com umas comer água beber
ra dia de sexta-feira de conversas de tomar a saideira, a ante- enfusado preso, limitado
tardinha. E Valdelício penúltima, a de cortesia, a da dolorosa,
trompaço porrada, pancada
Bispo dos Santos, o Val, a de comemoração, a de Jair, e o tem-
caía na taca apanhava, levava uma surra
tava desmilinguido ali na po passando. Quando Val viu, já era de
janela de sua casa no Bairro Ma- manhã. “Ai, meu São Longuinho, é hoje virada na porra brava
chado, agoniado, seco pra comer que eu vou me campar! Aquela bozen- carne-de-pescoço pessoa difícil, temperamental
água com a galera, mas enfusado ga vai me engarguelar, tá rebocado!”
corda de caranguejo forma de venda dos
dentro de casa. Meio azuado, comprou a corda
caranguejos, amarrados com
É que Floripes, a dona Encrenca, de caranguejo e foi pra casa. “Hoje
cerca de dez unidades
tratava ele na corda curta e às vezes eu me lenho, com certeza, sem
passo a porra bater, dar porrada
na base do trompaço. A cada vacilo medo de errar! A sacrista vai me pi-
ele caía na taca. E Flor pra ficar vira- car a porra”, sofria Val. pongou tomou (o ôníbus)
da na porra era daqui prali, a bicha Mas no que ele despongou do humilhante ônibus
era carne-de-pescoço. buzu ele desasnou. Ali defronte da
fudeu maria preá acabou-se tudo, me dei mal
E tava Val nessa consumição oficina estrela de Vadinho Biela, de
corrente amigo
quando Flor, que bulia nuns caquei- junto de sua casa, ele desamarrou
ros no quintal, gritou de lá de dentro: os caranguejos, arranjou uma vari- qual é a de mermo tudo bem?
“Beinho, dê um salto ali na Feira de nha e foi guiando os bichinhos até balaios bundas
São Joaquim e compre uma corda em casa, falando alto pra Flor ouvir;
se picar ir embora, se mandar
de caranguejo pra eu fazer um escal- “caranguejo, diabo, rumbora, ôxe,
vou me campar vou me dar mal
dado pra você mais eu!”. é por aqui!”. Flor, que já esperava
“Oxente, beinho, só se for agora”, na porta, retada, foi logo dizendo : bozenga mulher feia
respondeu Val. E Flor de lá: “Mas ói sua “seu descarado, filho de mulé dama, engarguelar esganar
vida, hem, não vá demorar não senão se prepare que vou lhe bater fixe! E
tá rebocado pode crer, tenha certeza!
eu lhe passo a porra, viu?” E Val saiu nem abra a boca, que você calado tá
picar a porra bater, dar porrada
picado, pongou no primeiro humilhante errado!” E Val: “Oxen, beinho, você
e saltou na Feira de São Joaquim. pensa que é moleza vir de São Jo- buzu ônibus
Malmente ele chegou encontrou a aquim até o Bairro Machado, na pa- desasnou teve uma boa ideia
raça: Beto Bozó, Del, Das Águas, Geni- leta, tangendo essa ruma de caran-
oficina estrela oficina pequena, de rua
nho e Zé Mário. “Êta zorra, agora fudeu guejo, fazendo o bicho andar pelo
de junto ao lado, próximo
maria-preá”, pensou Val. “E aí, corrente, passeio, descer meio-fio, atravessar
qual é a de mesmo?”, saudou. rua, correr de cachorro, e parar em retada brava
E tome a comer rama, dizer dixote sinaleira? Demora como um corno!” bater fixe bater com força, com firmeza
um pro outro e olhar os balaios das Ô, retchado!...
na paleta a pé
meninas feito abelha de padaria. De
vez em quando uma passarinha ou NIVALDO LARIÚ ruma um monte
um caldo de sururu pra dar sustan- DICIONÁRIO DE BAIANÊS sinaleira sinal de trânsito
84 Maria Maria 85
Tabuleiro
da Maria
É só um jeito de corpo
O corpo em sintonia com a saúde, a harmonia interior e a boa forma. O tripé de
benefícios do método Pilates Allegro é, hoje em dia, fato consumado. Por acredi-
tar muito nessa nova forma de cuidar e ver o corpo, a professora baiana Verônica
Fonseca estudou e aplicou o método em Caracas, na Venezuela, durante dez anos.
Agora, retorna a Salvador para fundar o Vero 3 Centro de Movimento, que se desti-
na tanto ao atendimento do público, como à formação de novos profissionais.
A BAHIA É BICAMPEÃ
Zig zag
Para João da Maria
N
a Amazônia, onde nasci,
não temos ladeiras.
Vivemos numa
planície, mas
como ela é toda tecida de rios,
e está numa bacia, já nascemos
sabendo descer correntezas.
Então, descer eu já sabia.
Mas não sabia subir quase como quem
desce. Sem cansar. Isso aprendi na Bahia.
A Bahia me ensinou a subir ladeira em zig zag.
A gente não enfrenta a subida de frente, fica indo
de um lado ao outro dela, atenuando a inclinação.
Claro que demora bem mais, e se dá muitos
mais passos, e a ladeira parece que vai subir
nos dá a sensa-
até o céu, e não acabar nunca.
ção de que podemos su-
Além disso, a gente vai sentando aqui e ali,
bir qualquer altura: até o alto do
para se restaurar e seguir subindo. É uma
Himalaia com o Monte Fugi por cima.
arte que pede paciên-
Quando voltei da Bahia para cá, após
cia. Aliás, artimanha.
13 anos vivendo lá, aprendi a misturar em
Sentar em de-
mim Amazônia e Bahia. E usar as subidas
grau de ladeira
baianas e descidas amazônicas, conforme o
é diferente de
caso.
sentar no fun-
Onde eu quero chegar com essa história, que
do de barco
não sobe nem desce?
na correnteza:
Bem.
na ladeira, a
Se vocês querem uma moral da história, fiquem com esta:
pessoa fica
- Por mais dura ou mole demais que esteja à vida,
sentadinha
subindo ou descendo ao nosso redor, a gente sempre
onde sen-
pode inverter e amolecer ou endurecer as coisas, pas-
tou, não sai do lugar. Na correnteza, a gente des-
sando de fora dos olhos abertos para dentro dos olhos
cansa em movimento, vendo as margens passar por
fechados.
nós. E, imóvel, vai indo em frente.
E se imaginar subindo ladeiras descendo correntezas
Uma vez sentei sozinho no meio de uma ladeira in-
ou descendo correntezas subindo ladeiras.
fernal, na Bahia. E sonhei que estava descendo uma
A vida pode ser vice versa.
correnteza. Fiquei tão leve, subi como um balão e num
piscar de olhos, já estava no alto da ladeira.
VICENTE FRANZ CECIM, ESCRITOR E PUBLICITÁRIO
Subir ladeira sonhando que se está descendo correnteza
CECIMVOZESDEANDARA.BLOGSPOT.COM os
e Edival Pass
Paulo Okamoto
Antônio Marcos,
mariapreta.org
90 Maria
Pensar o novo!
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