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Direito Constitucional
Na concepção democrático-decisionista há uma relativização ou tenden-cial dissolução da normatividade jurídico-
constitucional. Só que isso deriva, não do princípio democrático em si, mas da transformação do princípio demo-
crático em «decisão», em «mecanismo aclamatório» do unanimismo pré-deter-minado. E a degradação do princípio
democrático em decisão de integrismo autoritário só vem confirmar a validade da síntese dialéctica entre Estado de
direito e Democracia.
Há uma democracia do Estado de Direito e um Estado de direito democrático 122. Daqui se
infere já a posição sobre a «barganha» política que se desenvolve em torno do princípio
democrático e da sua superioridade sobre a constituição. Esta visão não é, em geral, um índice
de crença no princípio democrático mas uma expressão do pensamento decisionista. Neste
sentido se deve interpretar, segundo cremos, a afirmação de HESSE 123 sobre a prevalência da
constituição. Ao proibir rupturas constitucionais e a dissolução dos direitos fundamentais e ao
restringir as alterações constitucionais, a constituição reafirma a sua supremacia mesmo em face
do princípio da soberania popular. O sentido prático deste princípio da prevalência da
constituição traduzir-se-ia, sobretudo, na exclusão de modificações da constituição que
eliminassem os seus próprios fundamentos (cfr. art. 288.°). Fora estes casos, o princípio
democrático e o princípio de Estado de direito contribuem ambos para a conformação e
racionalização da vida da comunidade e são ambos instrumentos contra abusos do poder. O
princípio democrático acentuará talvez o momento dinâmico e confor-mador; o princípio do
Estado de direito colocará a tónica no momento de permanência e defesa 124. Neste sentido se
deverá interpretar a fórmula do art. 2.°, aditada pela lei da l.a revisão (LC n.° 1/82): a República
Portuguesa não é só um Estado de direito mas um «Estado de direito democrático» (cfr. ainda
art. 9.°/b).
122
Cfr. KÀGI, cit., p. 150. No sentido do texto, cfr. HESSE, Grundzúge, cit., 110. Entre nós, cfr., por último, JORGE
MIRANDA, Manual, IV, p. 185.
123
Cfr. K. HESSE, Der Rechtsstaat, cit., p. 294.
124
Cfr. K. HESSE, Grundzúge, cit., p. 110; BÀUMLIN, Die rechtsstaatliche Demokratie, 1954, p. 87. Nesta última se
pode ver a argumentação no sentido de que a «logique de le démocratie» não está em insanável oposição com a
«logique de Ia constitution»; C. OFFE, «Democracy Against the Welfare State? Structural Foun-dations of
Neoconservative Political Opportunities» in Political Theory, 15/4, 1987, p. 588 ss.

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