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MATERIAL DE APOIO

CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES


Habilitação de Professores da Educação Infantil ao Ensino Fundamental (1º ao 5 º ano)

Organização: Profª Vergilia Costa

2012

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© 2012, IMEC Ltda
Rua Manuel Martins, 16
CEP: 21.310-240 – Madureira – Rio de Janeiro/RJ
Telefax: (21) 3355-3377
www.imec-edu.com.br
imec-edu@uol.com.br

Obra organizada pelo Instituto COSTA, Vergilia dos Anjos Mendonça da


Mendonça da Costa Educacional
Ltda – IMEC para fins didáticos a História e Filosofia da Educação
ser utilizada no Curso de
Formação de Professores, na Rio de Janeiro: IMEC, 2012.
modalidade Normal.
1. História da Educação
Informamos que é de inteira 2. Filosofia da Educação
responsabilidade do autor os 3. Saberes
conceitos e fundamentações 4. Tendências pedagógicas
emitidos. 5. Educação no Brasil

A edição desta obra é de


responsabilidade do IMEC.

O nascimento do pensamento
é igual ao nascimento de uma criança:
tudo começa com um ato de amor.
Uma semente há de ser depositada no ventre vazio.
E a semente do pensamento é o sonho.
Por isso os educadores [e educadoras],
antes de serem especialistas em ferramentas do saber,
deviam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.

Rubem Alves

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 4

I. A EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE DA IDADE MÉDIA 5


1.1. A tradição grega
1.2. Períodos educativos
1.3. Principais educadores gregos
1.4. A tradição romana
1.5. Principais educadores romanos
1.6. A tradição medieval

II. A EDUCAÇÃO DO MUNDO RENASCENTISTA À CONTEMPORANEIDADE 14


2.1. O humanismo cristão no processo educativo
2.2. O renascimento e a educação moderna
2.3. Principais educadores da modernidade
2.4. O iluminismo e o processo educativo
2.5. Principais educadores do iluminismo

III. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO 20


3.1. Conceitos
3.2. Origem
3.3. Alguns filósofos
3.4. As filosofias
3.5. O papel do filósofo e o ato de filosofar
3.6. As formas de abordar o mundo
3.7. O que é educação?
3.8. E qual seria a finalidade básica da educação?
3.9. E na atualidade, qual seria a finalidade básica da educação?
3.10. Filosofia da educação

IV. A FORMAÇÃO CRÍTICA E A NECESSIDADE DE UMA POSTURA ÉTICA DO 30


PROFESSOR
4.1. Educação e ideologia
4.2. O conhecimento
4.3. A necessidade de uma nova ética na educação

REFERÊNCIAS 35

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APRESENTAÇÃO

Caro/a Aluno/a,

Apresentamos o material de apoio sobre a História e Filosofia da Educação que tem como
objetivo geral analisar a Educação enquanto um objeto crítico e reflexivo.
Enfocaremos historicamente seus aspectos sociais e políticos, da Antiguidade ocidental até
e contemporaneidade em suas relações com o Estado, sociedade e cultura, bem como o estudo do
desenvolvimento do processo educacional: práticas educativas, principais teóricos e a organização do
ensino no contexto das sociedades. Abordaremos também as principais interfaces da filosofia com a
educação e seus principais teóricos, bem como os pressupostos filosóficos para a construção do
conhecimento.
A História e a Filosofia da Educação enquanto disciplinas no campo da formação do
educador objetiva contribuir com a construção de uma base teórico-conceitual que dê sustentação à
ação docente como práxis. Isto, considerando-se a especificidade da história e da filosofia ao tratar a
realidade na busca de apreender o sentido que, historicamente, lhe é instituído, bem como em seu
processo de instituição.
Este material permite não somente a ampliação dos conhecimentos, de forma prazerosa e
significativa, mas também apresentar as concepções teóricas e práticas sobre a História e a Filosofia da
Educação o que vai contribuir para a formação do pensar filosófico do professor a respeito dos objetivos
da Educação, da importância da formação de educadores, bem como para qualificar, cada vez mais, os
debates sobre a filosofia e a história como instrumento de análise crítica do processo de educação no
Brasil.
Nosso material está organizado em unidades e no decorrer delas são apresentadas:
a) Atividades;
b) Sugestões de pesquisas;
c) Sugestões de leituras;
d) Sugestões de discussões;
e) Sugestões de filmes, vídeos.
É importante que você atenda às sugestões no sentido de ampliar sua experiência e sua
reflexão sobre as questões relativas ao domínio das competências e habilidades necessárias ao trabalho
com as crianças da educação infantil aos anos iniciais do ensino fundamental.
Quanto mais você ampliar sua própria experiência com leituras, pesquisas, trocas de
experiências etc mais compreenderá como se dá o trabalho docente com os alunos desta faixa etária, o
que se reverterá em benefício para você e para seus futuros alunos.
Bom trabalho!

Vergilia Costa

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1. A EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE E DA IDADE MÉDIA

1.1. A Tradição Grega


No mundo ocidental, a Grécia é um país que se destaca pela sua importância cultural, pois é da cultura
grega que se origina, em grande parte, nossa pedagogia e nossa educação.

Resumindo em um esquema geral, essas seriam as principais características da cultura grega:


 valorização do Homem;
 exaltação da inteligência crítica;
 valorização do trabalho intelectual;
 valorização do ideal de cidadão;
 defesa de uma educação integral (física, intelectual, ética e estética);
 valorização da competição na sociedade.

Na Grécia existiram diversas formas de educação, abaixo, conversaremos sobre os principais períodos
educativos.

1.2. Períodos educativos


EDUCAÇÃO HERÓICA

A educação grega heróica tinha como principal meta formar futuros


guerreiros e heróis, baseando-se nos conceitos de honra, valor, sacrifício
e bravura, tudo isso resumia a mentalidade grega, existia o ideal máximo
chamado de areté. Além disso, estimulava-se a competição entre os
alunos, enfatizando ideais como superioridade. Caracterizavam assim o
espírito de emulação (desejo de se sobressair entre os demais, de ser
sempre o melhor). As obras literárias fundamentais para compreender a
educação desse período são Ilíada e Odisséia, de Homero.

Os jovens eram educados com bastante rigor, dedicavam-se aos exercícios com armas e do corpo (arco
e flecha, educação física, jogos cavalheirescos), ao mesmo tempo, estudavam artes musicais (lira e
canto), oratória e por fim estudavam boas maneiras.

A educação feminina limitava-se ao aprendizado das artes domésticas. Essa educação não ocorria ainda
em escolas ou instituições formais de ensino, o espaço reservado para tais atividades eram as áreas
livres dos palacetes pertencentes à elite econômica.

EDUCAÇÃO ESPARTANA

Esparta, localizada na península do Peloponeso, foi uma das cidades-estado que mais se destacaram na
Grécia Antiga.

Caracterizava-se por ser extremamente militarizada. A educação tinha caráter totalitário e não perdia de
vista os interesses do Estado, o qual exigia do cidadão sacrifício e obediência acima de tudo, isso se
refletia, em termos pedagógicos, na severidade, cultivo ao amor à Pátria e na dureza. A educação
espartana também era esportiva e artística (eles praticavam dança e música), sendo que o maior
destaque recaía sobre os exercícios militares que não excluía as mulheres. O processo educativo ainda
não se dava em escolas formais, mas sim em grandes acampamentos.

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EDUCAÇÃO ATENIENSE

Vimos que Esparta se deteve no governo e na educação


autoritária. Atenas, ao contrário, alcançou a vida política
democrática (sobretudo no século VII a.C.). Vale lembrar
que tal democracia era restrita a uma pequena elite
econômica, contemplando apenas os homens. Surge aqui
a vida urbana da Pólis.

O espírito da educação ateniense pode ser resumido na ideia de kalokaghatia (educação moral e
estética reunidas) aliada aos valores cívicos e ao espírito democrático. A educação era mais social (ficava
a cargo de particulares) que estatal.

O processo educativo externo iniciava-se aos sete anos e compreendia duas etapas: física e
musical/poética. As mesmas eram ministradas nos campos (escolas particulares) e nos ginásios (escolas
estatais). Aos dezoito anos, os jovens ingressavam numa espécie de serviço militar, onde aprendiam
artes bélicas. Depois disso, os homens podiam prosseguir nos estudos mais elevados, nas academias de
cultura superior, nas quais estudavam Retórica Filosofia e Ciência.

EDUCAÇÃO HELENÍSTICA

Imaginem se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma grande potência mundial (EUA ou
França, por exemplo) com certeza a nossa cultura sofreria mudanças.

Isso foi o que aconteceu com a Grécia no período helenístico.

Alexandre Magno (Rei da Macedônia), dominou a Grécia no século IV a.C e, a partir daí a cultura grega
se universalizou, ampliou-se e tornou-se multicultural. Nessa época a Paidéia transformou-se em
enciclopédia.

A educação passou a valorizar o aspecto intelectual ao invés dos aspectos físicos e estéticos. A leitura, o
cálculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas o método era de memorização.

Se a memorização ainda era valorizada, a disciplina era bastante rigorosa e os castigos corporais eram
considerados como algo natural. A escola dos grammátikos foi a que mais cresceu, nela estudava-se:
literatura clássica, poesia e história. No ensino superior (Universidade de Atenas e no Museu de
Alexandria), as matérias de ensino dividiam-se em:
 humanistas (gramática, retórica e filosofia ou dialética);
 e realistas (aritmética, música, geometria e astronomia).

O ensino privado ainda existia, mas possuía uma dimensão bastante restrita, os pedagogos passam a ser
mais bem remunerados e ganham um certo prestígio social.

Veja os vídeos:
- Educação espartana e ateniense
http://www.youtube.com/watch?v=JMUJXa5dtto
- A Grécia de Alexandre o Grande
http://www.youtube.com/watch?v=aX1kSxMHHco

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1.3. Principais Educadores Gregos
SÓCRATES (469-399 a.C.)

Filósofo nascido em Atenas, considerado o maior representante da pedagogia do Ocidente. Como


educador pretendeu despertar e estimular a busca pessoal da verdade, ou seja, despertar o
conhecimento de si próprio.

Sócrates acreditava que o autoconhecimento era o início do caminho para se atingir o verdadeiro saber,
convidava seus discípulos para um mergulho em si mesmo, em suas aulas, os alunos não recebiam os
conteúdos prontos de maneira passiva, pelo contrário, buscava que o aluno construísse os mesmos.

Esse grande pensador grego foi acusado de desrespeitar os deuses e de


corromper a juventude. Foi condenado à morte e, apesar da possibilidade de
fugir da prisão, preferiu seguir fiel à sua missão e escolheu morrer.

Não deixou nada escrito. O que herdamos foi o testemunho de seus


contemporâneos, especialmente do seu mais importante discípulo, Platão.

Sócrates não deixou nada escrito. Ele era filho de uma parteira que, em grego, se diz mauêutica. Assim,
observando sua mãe trazer os bebês ao mundo, Sócrates criou seu método pedagógico que passou a se
chamar maiêutica, pelo qual ele fazia perguntas a seus alunos, ajudando-os a parir as ideias e as
soluções sobre seus problemas e dificuldades.

Sócrates humanizou a Filosofia, colocando o Homem no centro de seus debates. Ensinava as Virtudes e
o esforço para combater os vícios. Suas frases imortais são: Conhece-te a ti mesmo e a única coisa que
sei é que nada sei.

Por ensinar aos jovens a pensar racionalmente e com sentimentos, Sócrates foi condenado à morte,
devendo ingerir um veneno chamado cicuta.

Platão, que foi seu discípulo, escreveu uma grande obra chamada Apologia a Sócrates.

Se você quiser ler esta obra acesse http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000065.pdf

PLATÃO (427-347 a.C.)

Principal discípulo de Sócrates foi um Importante filósofo de Atenas, nascido em


uma família rica, esteve em contato com as personalidades mais importantes de sua
época.

Entre as várias obras que deixou, destacam-se:


República, Alegoria da caverna, Sofista e Leis. Através delas, estudou a tarefa
central de toda educação; “elevar o espírito” e fazer com que as pessoas saiam do
mundo “aparente”, fazendo elas olharem para a luz do “verdadeiro ser”. Segundo
Platão, somente com o cumprimento desta tarefa existiria educação, única coisa
que o homem pode levar para a eternidade. Para se alcançar este objetivo ele dizia
ser necessário “converter” a alma. Assim a educação seria a “arte da conversão”.

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ARISTÓTELES (384-322 a.C)

Um dos maiores filósofos da história de toda a Antiguidade. Nascido na


Macedônia, estudou na Academia de Atenas, onde permaneceu estudando e
ensinando por mais de vinte anos. Aristóteles, ao contrário do seu mestre
(Platão), não era idealista, pregava de maneira mais racional e dizia que as ideias
estão nas coisas, como sua própria essência. Era também realista em sua
concepção educacional, afirmando que três fatores principais determinariam o
desenvolvimento espiritual do homem: disposição inata, hábito e ensino. Com
isso, mostrava-se favorável à medidas educacionais “condicionantes.” Acreditava
que o homem podia tornar-se a criatura mais nobre, assim como podia tornar-se
também o pior de todos os seres. Outra tese sua é de que aprendemos fazendo e
de que nos tornamos mais justos agindo justamente.

EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO


SÓCRATES Autoconhecimento do educando. Diálogo crítico, dividido em duas etapas: ironia e
maiêutica.
PLATÃO Elevação do “espírito” do Dialético a partir de etapas precisas para o
educando. processo educacional.
ARISTÓTELES Hábitos virtuosos e orientação Lógico, partindo da percepção do objeto,
racional para os alunos. memorização do percebido e inter-relação entre
os mesmos.

TEXTO COMPLEMENTAR

MITO DA CAVERNA

Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea.


Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de sorte que tudo
o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam
figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro.
Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxuleantes na parede
da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é este “teatro de sombras”. E
como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que as sombras que veem são a única
coisa que existe.
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. Primeiramente
ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se
libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras
que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue
enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras,
ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sai da caverna, terá mais
dificuldade ainda para enxergar devido a abundância de luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá
como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos: verá animais e flores de verdade,
de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações baratas. Suponhamos, então, que
ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende
que o Sol dá vida às flores e aos animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna
que ele podia ver as sombras refletidas na parede.
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade
que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro da caverna não lhe
saem da cabeça. E por isso ele decide voltar.

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Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas
imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e
dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matando-o.

Extraído do livro Mundo de Sofia de Jostein Gaarder. Cia da Letras, 2000, p.104/105.

Veja os vídeos:
- A Educação Grega
http://www.youtube.com/watch?v=UPfW1utTF1A
- O Mito da Caverna: Platão
http://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78

1.4. A Tradição Romana


Nasce uma nova forma de educar: a educação prática dos romanos

Ideal formativo e organização da educação romana

Você já ouviu falar da Itália? Pois é, Roma ocupava a área que atualmente é conhecida como Itália e
muitas outras regiões da Europa. A Civilização Romana tem início em dois mil a.C, quando a porção
central da península itálica foi povoada por diversos povos: entre eles destacamos italiotas, gregos,
latinos e etruscos.

E os romanos faziam o que para se sustentar? Diversas coisas, falaremos aqui sobre as principais. Na
economia destacava-se o pastoreio e as atividades comerciais. A principal fonte de riqueza eram os
impostos cobrados das colônias (países dominados pelos romanos). E como as pessoas viviam em
Roma? A sociedade era patriarcal (os pais tinham poderes absolutos) e, era dividida em classes: de um
lado a nobreza por nascimento, chamados de patrícios que eram geralmente proprietários das terras e
do outro, os plebeus, maioria absoluta da população, estes se subdividiam em dois grandes
seguimentos: os homens livres (camponeses, artesãos e comerciantes) e os escravos. Sendo que dentre
os plebeus sobressaía-se um grupo específico, os clientes, protegidos das famílias patrícias que
prestavam serviços às mesmas. Agora que a gente já conhece a economia e a sociedade romanas,
vamos ver, em linhas gerais, as principais características culturais desta civilização:
 valorização da vontade e da ação humanas;
 cultivo dos ideais de domínio e de espírito prático;
 afirmação da importância da família;
 defesa de uma educação realista e estatal, amor pelas normas jurídicas.

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EDUCAÇÃO HERÓICO-PATRÍCIA

A educação heróico-patrícia ocorreu nos primeiros anos da República e era voltada para as pessoas
mais ricas, ou seja, aos patrícios. Este tipo de educação almejava divulgar os valores da nobreza de
sangue. A família era a instituição mais respeitada e dava plenos poderes ao pai.

Depois dos sete anos as meninas continuavam no lar aprendendo serviços domésticos e os meninos
passam a ser educados pelo pai que enfatizam a consciência histórica e o patriotismo.

Os meninos acompanhavam os pais às sessões dos tribunais, do senado e às festas. Além disso, eles
aprendiam a cuidar da terra, fortalecendo os músculos ao trabalharem com a pá e o arado.

Essa educação estava mais preocupada com a formação jurídico-moral e física. Era uma pedagogia da
ação, para a vida cotidiana, tomando como base o amor a pátria e a conscientização histórica.

EDUCAÇÃO DE INFLUÊNCIA GREGA

A República iniciou-se no século VI a.C., representando os interesses dos patrícios (únicos a terem
acesso aos cargos políticos). Mais ou menos no século V a.C. uma parcela dos plebeus enriqueceu e
passou a lutar por direitos políticos através da criação do Tribunato da Plebe e da Lei das Doze Tábuas.

Foi no período republicano que Roma experimentou sua política expansionista, ocupando diversas
regiões, esse fato ocasionou grande desenvolvimento do comércio romano.

Em meados do século III a.C. a educação romana experimentou profundas mudanças. A educação ficou
mais complexa, as escolas cresceram em número e em qualidade. O ensino tanto podia ser ministrado
tanto em grego como em latim e dividia-se em três graus de ensino: elementar, médio e superior.

A escola elementar ou ludi magister, recebia alunos de 7 anos, seu programa de estudos era: leitura,
escrita, cálculo e o estudo de algumas canções. A disciplina era muito rigorosa e os castigos físicos uma
constante. Já a escola secundária ou grammaticus começava aos 12 e prosseguia até os 16 anos. Aí
estudava-se gramática latina, literatura, geografia, aritmética, geometria e astronomia. O ensino
superior desenvolveu-se no decorrer do século I a.C, os estudantes dessas escolas eram da elite
econômica e estudavam política, direito e filosofia. A educação física era muito valorizada, sendo que a
ênfase recaía nas artes marciais, com o intuito de preparar os soldados.

Vejamos na tabela abaixo uma síntese da educação desse período:

GRAU DE ENSINO CARACTERÍSTICAS DISCIPLINAS


Elementar ou ludi recebia alunos a partir dos 7 anos; disciplina leitura, escrita, cálculo,
magister muito rigorosa, castigos físicos constantes. canções.
Médio ou começava aos 12 anos, disciplina um pouco gramática latina, literatura,
grammaticus menos rígida. geografia, aritmética,
geometria e astronomia.
Superior estudantes membros da elite econômica, política, direito e filosofia.
ensino voltado para a erudição.

EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO

Em 27 a.C. Otávio (Imperador Romano entre os anos 27 a.C. e 14 d.C.) recebe o título de Augusto (título
honorífico) e implanta o Império, nessa época ocorreram várias melhorias (construção de templos,

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aquedutos, termas, estradas, edifícios públicos, portos e estradas). As artes são incentivadas e a
literatura sofre clara influência dos gregos.

O processo educativo desta época se distinguiu do anterior apenas pela maior organização e converteu-
se numa educação pública, com a criação das escolas municipais no século I a.C. Vespasiano (Imperador
Romano entre 69-74) libera os professores do ensino médio e superior do pagamento de impostos.

1.5. Principais Educadores Romanos


Boa erudição para falar bem em público: o espírito dos educadores romanos.

CÍCERO (106- 46 a.C.)

Marco Túlio Cícero, Orador e político romano, nascido numa região


próxima a Roma. Estudou literatura grega, literatura latina e retórica com
os melhores mestres da época, aprofundou-se no estudo das leis e nas
doutrinas filosóficas.

Valorizava a fundamentação teórica e filosófica do discurso, apaixonado


defensor da educação integral, afirmava que o orador deveria ter
erudição, conhecer a cultura geral, aprofundar-se na formação jurídica, na
argumentação filosófica e, conhecer e desenvolver habilidades literárias e
teatrais.

Seus textos não se ocupam apenas da filosofia, mas também de temas sociais.

Não só pela extensão, mas pela originalidade e variedade de sua obra, Cícero é considerado o maior dos
escritores romanos e o que mais influenciou os oradores modernos. Além de ser o maior orador do seu
tempo, foi também, o mestre das letras mais completo de toda a Antiguidade ocidental.

QUINTILIANO (35-96)

Marco Fábio Quintiliano nasceu na Espanha.


Estudou retórica com os maiores mestres de seu tempo e lecionou em Roma
durante vinte anos. É considerado um dos pedagogos mais brilhantes do mundo
antigo.

Sua mais significativa obra foi De institutione oratória (escrita no ano de 95),
publicada em 12 volumes, nessa obra, o autor apresentou diretrizes para a
formação cultural dos romanos, desde a infância até a maturidade.

Defendia muito a necessidade de dominar os aspectos técnicos da educação, sobretudo a formação do


orador.

Dizia que o ideal educacional da eloquência (falar com o público de maneira convincente) associada à
sabedoria, seria a fórmula perfeita para educar uma pessoa.

Valorizava também a psicologia como instrumento para se conhecer a individualidade do aluno. Pelo
que pudemos ver até então, Quintiliano, não se prendia apenas às discussões teóricas, pelo contrário,
defendia o uso de técnicas de diversas ciências para a melhoria da educação.

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Por falar em melhoria educacional, um aspecto que não se pode esquecer é que ele também defendia o
lúdico no processo ensino-aprendizagem, dizendo que intercalando recreação com as atividades
didáticas, o ensino seria mais prazeroso.

Achava o estudo em grupo fundamental para o favorecimento da emulação (busca pelos melhores
postos na escola e na sociedade) e no estímulo intelectual dos alunos. Incluiu na sua pedagogia
exercícios físicos moderados. Por outro lado não esqueceu da formação intelectual vigorosa, pois para
ele, o estudo da gramática devia estimular nos alunos uma escrita clara e elegante.

O trabalho de Quintiliano atravessou as barreiras do tempo e das fronteiras, fazendo com que sua obra
retornasse com vigor na época do Renascimento em diversos países de língua latina.

1.6. A Tradição Medieval


No século V, o Império Romano do Ocidente caiu diante dos povos bárbaros. Estava fundada assim uma
“nova ordem” na vida social européia: a Idade Média. Esse fato vai modificar completamente a base
educacional até então existente.

Em meio à destruição do Império Romano, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição social.
Solidificou sua organização e espalhou o cristianismo, preservando ainda, muitos elementos da cultura
greco-romana.

Foi dessa maneira que a Igreja passou a desempenhar um papel muito importante. Os únicos letrados
da época eram os monges.

Vale ressaltar que nem os nobres nem os servos sabiam ler. E o que é que isso tem a ver com a
educação? É justamente disso que falaremos abaixo.

Ora, se a Igreja ficou sendo a única instituição organizada depois da queda do Império Romano, ela
passou a dar as cartas no jogo do Poder e, acreditando que Saber é Poder, a mesma controlou a
Educação, os princípios morais e jurídicos da sociedade medieval.

O conhecimento passou a ser extremamente valorizado, assim nas bibliotecas dos mosteiros era
executado um trabalho cauteloso e paciente dos monges copistas.

Quem eram esses monges copistas? Tradutores experientes que passavam para o latim (idioma dos
romanos, adotado pela Igreja) textos selecionados da literatura e da filosofia grega. Você deve estar a se
perguntar: que mal há nisso? Em se traduzir textos a partir de um trabalho meticuloso? Ora o que
acontecia era que esses conhecimentos não eram partilhados com o grande público. Deste modo, havia
um controle rigoroso, com relação às leituras permitidas ou proibidas, com a finalidade de preservar o
poderio da Igreja.

A partir do século VIII, os Feudos se espalharam pela Europa, houve um enfraquecimento acentuado do
comércio, provocando atraso econômico. Esse cenário dificultou o aprendizado das pessoas, e mesmo
na Igreja muitos padres se descuidaram da formação intelectual. Por outro lado, o Estado
(enfraquecido) ainda iria precisar do Clero culto para a execução e organização dos trabalhos
administrativos.

As escolas medievais não possuíam o formato das escolas que conhecemos hoje, as aulas podiam ser
ministradas ao ar livre e a maioria esmagadora delas era ligada à Igreja Católica (escolas monacais e
catedralícias). E o que se ensinava nessas escolas? O conteúdo do ensino era o estudo clássico, isto é, as
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“artes do homem livre”, bem diferente das “artes mecânicas do homem servil”. Essas artes eram
baseadas em algumas disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas gregos. Na Idade Média elas
constituíram o trivium e o quadrivium.

O trivium (gramática, retórica e dialética), corresponderia atualmente ao ensino médio era mais comum
e de caráter mais popular, encontrava-se abaixo do quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e
música) que seria uma categoria superior de ensino.

Assim o conteúdo de ensino passou a ser chamado de “as sete artes liberais” e dividiam-se em o
trivium e o quadrivium, que estão brevemente resumidos na tabela abaixo:

TRIVIUM QUADRIVIUM
Estudo de gramática, retórica e dialética Estudo de geometria, aritmética, astronomia e
corresponderia atualmente ao ensino médio era música, era considerada como uma categoria
mais comum e de caráter mais popular, menos superior de ensino. Geralmente só a elite
complexo que o quadrivium. econômica tinha acesso ao mesmo.

Apesar de fortemente ligadas ao catolicismo, as escolas monacais e catedralícias, de início, educavam os


burgueses, mas em seguida estes procuraram uma educação que atendesse aos objetivos da vida
prática. Alterações importantes no sistema educacional só vão ocorrer por volta do século XI, com o
fortalecimento do comércio, isso resulta em algumas coisas importantes para a educação. Uma delas foi
o surgimento das escolas seculares. Com efeito, o desenvolvimento do comércio faz brotar novamente a
necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Nessas escolas burguesas, acontece uma forte
contestação à Igreja, pois as mesmas se opunham ao ensino puramente religioso. Na verdade essas
escolas queriam uma proposta ativa, que atendesse aos interesses da classe burguesa.

A educação medieval vai sofrer mudança novamente por volta do século XII, pois a sociedade vai ficando
cada vez mais complexa. Assim houve ampliação dos estudos (filosofia, teologia, leis e medicina);
surgimento de mestres especializados; exigência de provas para a aquisição dos títulos de bacharel,
licenciado e doutor e por fim o surgimento das universidades.

Por outro lado, na época medieval a maior parte das mulheres não tinham acesso à educação formal.
Apesar de trabalharem arduamente ao lado do marido, continuariam analfabetas. As meninas nobres
aprendiam alguma coisa em seu próprio castelo, ocasião em que recebiam aulas de artes domésticas.
Quando surgiram as escolas seculares, as meninas burguesas, começaram a ter acesso à educação.
Porém nos mosteiros (alunas internas) e nos educandários (alunas externas) as meninas aprendem a ler,
escrever, fazer artes da miniatura executar cópia de manuscritos (raramente).

Já que somos educadores ou futuros educadores, é bom nos perguntar quem eram esses mestres
medievais? Os pedagogos – no sentido exato da palavra – não aparecem na época medieval. As
questões pedagógicas eram objeto de reflexão de qualquer pessoa que se dedicasse à interpretação dos
textos sagrados, na preservação dos princípios religiosos, no combate à heresia e na conversão dos
infiéis. A principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna.

Por conseguinte, no final do período medieval, com a ampliação do comércio e por influência da
burguesia, começam a haver transformações que irá determinar os novos rumos da ciência, da
literatura, da educação.

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2. A EDUCAÇÃO DO MUNDO RENASCENTISTA À
CONTEMPORANEIDADE
2.1. O humanismo cristão no processo educativo
A retomada dos valores greco-romanos acontece no período entre os séculos XV e XVI e é denominado
de Renascimento, que provoca um movimento conhecido como humanismo. Por conseguinte, nas
primeiras décadas do século XVI, o movimento de Reforma Religiosa, detona com toda a sua força,
dando lugar a profundas mudanças político-religiosas.

A EDUCAÇÃO PROTESTANTE DE MARTINHO LUTERO (1483-1546)

Alemão da região da Saxônia se tornou mestre em Filosofia, Mais tarde, ingressou


no convento dos agostinianos, onde em 1507 ordenou-se sacerdote e
posteriormente doutorou-se em teologia.

O movimento de Reforma Religiosa inicia-se na Alemanha durante o século XVI e foi


liderado por Martinho Lutero. Esse movimento se estendeu não só pelo território
alemão, mas por boa parte da Europa central e do norte.

A educação encontrou local privilegiado na Reforma por ser utilizada como um importante mecanismo
para a divulgação da nova religião protestante. Tanto é que um dos primeiros pressupostos da Reforma
é oferecer iguais condições para todos os homens lerem e interpretarem a Bíblia.

No entanto, a primeira consequência desse movimento na área educacional, foi a fundação da educação
pública moderna, medida que visava reagir contra o poderio da educação católica, já que esta última se
dedicava às escolas confessionais pagas. Vejamos a seguir as principais propostas da Reforma
Protestante para o campo educacional:

 aspirava a implantação da escola primária para todos, para camponeses e artesãos;


 defendia a educação pública e universal, sugerindo ainda que as autoridades de cada cidade
assumissem tal tarefa;
 condenava a aplicação de castigos físicos e crítica a erudição e a ênfase na retórica da
Escolástica;
 propunha uma educação mais moderna e pragmática, incluindo no currículo: exercícios físicos,
jogos e canto.

A reação dos católicos foi imediata que propuseram a criação de ordens religiosas.

Assim a Ordem dos jesuítas viria a exercer grande influência não só na concepção da escola tradicional
europeia como também na constituição do homem brasileiro.

Veja o vídeo:
- MARTINHO LUTERO
http://www.youtube.com/watch?v=SiHfn3vQbCc

14
A EDUCAÇÃO JESUÍTICA

A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loyola (1491-1556) em 1534. Foi a
mais poderosa organização da Igreja católica durante muitos séculos e ainda na
atualidade ocupa posição de destaque no Vaticano. As principais mudanças
propostas durante a Contra-Reforma estão listadas abaixo:
 Concilio de Trento (1545-1564);
 Fundação da Companhia de Jesus (1534);
 Restabelecimento do Tribunal da Inquisição (1538).

Na educação, exerceu grande influência, pois substituiu a ação de outras instituições católicas que
entraram em decadência por conta da Reforma Protestante, a exemplo das escolas monásticas e
catedralícias. De certa forma foram os colégios e as universidades dos jesuítas que, nesta época, vão ser
os mecanismos mais importantes para conter a saída de fiéis do catolicismo.

A educação dos jesuítas é regida pelo Ratio Studiorum. Como era a organização dos jesuítas no campo
educacional? Para começar existia uma forte hierarquia nos colégios: cada estabelecimento era um
dirigido por um Reitor, auxiliado por um Prefeito de estudos, que era quem de dirigia a instituição e
fiscalizava os professores. Geralmente, os colégios dividiam-se em duas alas:
 estudos inferiores;
 estudos superiores (de caráter teológico e diplomava em nível universitário).

E o que os alunos estudavam? A base estava nos clássicos. Os Estudos assim estavam divididos:
 Inferiores: latim e grego, gramática e matemática;
 Superiores: teologia, filosofia e retórica.

Essa pedagogia vai reinar no Brasil Colônia por mais de 300 anos. O método de ensino consistia no
seguimento de alguns passos: preleção, explicação, repetição e composição.

A escola jesuítica enfatizava a, memorização e dava especial importância à retórica e à redação, assim
como à leitura dos clássicos e às artes cênicas. Entre os alunos a emulação e os castigos físicos eram
constantes, castigava-se ou premiava-se de acordo com a disciplina e o rendimento escolar, o professor
era considerado o detentor de todo o saber e o transmissor absoluto dos conteúdos, cabendo aos
alunos obedecê-lo em todas as circunstâncias.

Veja os vídeos:
- Educação jesuítica
http://www.youtube.com/watch?v=y_Opbd2Hr8U
- Jesuítas e a Educação
http://www.youtube.com/watch?v=pwAYeZFboV4

2.2. O Renascimento e a Educação Moderna


O Surgimento da escola moderna

A partir do Renascimento, o espírito religioso medieval começou a cair, seu prestígio diminuiu, a Igreja
perdeu o sua função de explicar o mundo dos homens. Assim o próprio homem procurava explicar a
realidade que o cercava. Imagine que você durante muitos anos vivesse preso em uma sala fechada, e
agora tivesse a oportunidade de viver em um campo aberto; provavelmente a sensação seria muito boa
e as possibilidades de experimentar coisas emocionantes também. Essa analogia serve para explicar
como o homem renascentista se sentia na área conhecimento; agora eles tinham um campo aberto para
correr, investigar e chegar as suas conclusões, sem o medo imposto pelos dogmas religiosos.
15
Essa nova maneira de encarar a doutrina religiosa auxiliou a evolução das ciências humanas. O homem,
desenvolvendo o pensar crítico, substitui uma visão direcionada pela possibilidade da indagação.

Esse procedimento representa a tendência ao antropocentrismo isto é, o resgate da dimensão humana


sob todos os aspectos. Um deles é entender o sujeito do conhecimento, questão predominante na Idade
Moderna. René Descartes, Francis Bacon, John Locke, David Hume, dentre outros, são filósofos que
discutem a teoria do conhecimento e ocupam-se com o problema do método, isto é, com os
procedimentos da razão na investigação de uma determinada realidade.

Através da ciência moderna, foram se constituindo, então, uma nova teoria da mente, uma nova visão
do saber e uma nova imagem do mundo que imprimiriam no mundo uma mudança radical no âmbito da
educação. Hoje em dia é bastante comum nos perguntarmos qual o método utilizado por tal professor?
Sua didática é boa? Isso começou a se construir na idade moderna, ou seja, a ação científica e
pedagógica passou a contar com opções diferenciadas do modelo tradicional. Passaram então, os
pedagogos a se interessarem, cada vez mais, pelo método e realismo em educação.

Apesar disso, maioria das instituições educativas ainda permaneciam tradicionais, embora assumissem
uma nova feição. Vejamos algumas de suas principais características:
 ênfase na formação moral;
 renovação do pensamento educativo;
 novos métodos de teorização;
 uso de línguas modernas;
 revalorização da educação física.

Essa pedagogia moderna contrariava a educação Antiga/Medieval, excessivamente formal, retórica e


conteudista. Ela preferia usar o rigor das ciências naturais (física, biologia, etc.) a permanecer na
tendência literária e estética própria do humanismo renascentista.

A pedagogia moderna começa a exigir uma didática, que possa partir da compreensão das coisas. Os
educadores leigos e religiosos se empenham na organização da escola.

A escola moderna propunha o seguinte: descobrir uma forma de ensinar mais acelerada e mais segura.

2.3. Principais Educadores da Modernidade


João Amós Comênio (1592-1670)

Nascido na Moravia vai propor um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual


direito de todos os homens ao saber. O maior educador e pedagogo do século XVII
produz uma obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é Didática Magna.

Principais propostas de Comênio: educação realista e permanente; método pedagógico rápido,


econômico e sem fadiga; ensinamento a partir de experiências cotidianas; conhecimento de todas as
ciências e de todas as artes; ensino unificado.

Segundo ele, seriam assim distribuídas. Para ele o processo educativo teria as seguintes fases:
 Escola Materna cultivaria os sentidos e ensinaria a criança a falar;
 Escola Elementar desenvolveria a língua materna, a leitura e a escrita, incentivando a
imaginação e memória, além do canto, das ciências sociais e da aritmética.
 Escola latina se destinaria, sobretudo ao estudo das ciências.

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 Para os Estudos Universitários recomendava trabalhos práticos e viagens. Aí se formariam os
guias espirituais e os funcionários. À Academia só deveriam ter acesso os mais capazes.

Assim, Comênio deseja ensinar “tudo a todos”. Atingir o ideal de uma educação ideal.

John Locke (1632-1704)

Inglês que criticava em sua teoria pedagógica o racionalismo de Descartes, desenvolve


uma concepção da mente infantil e da educação.

Locke valorizava: a educação física; o estudo da contabilidade e escrituração


comercial; as línguas modernas e o cálculo.

Para ele a finalidade da educação se concentrava no caráter, muito mais importante que a formação
intelectual. Enfim, propõe o tríplice desenvolvimento físico, moral e intelectual. Segundo Locke, devia-se
evitar a escola, onde a criança pudesse ser bem acompanhada ou vigiada.

Ao contrário de Comênio, Locke não defendia a universalização da educação, sua pedagogia era elitista,
pois a formação dos que irão governar e daqueles que serão governados devia ser distinta.

Com efeito, no século XVII, o empenho é imenso na tentativa de institucionalizar a escola. Efetivamente,
o direito do ensino ainda pertence à Companhia de Jesus, que adentra o século XVIII com mais de 600
colégios distribuídos pelo mundo. Mesmo sendo organizados e competentes, os jesuítas representam o
ensino tradicional mais conservador.

Entretanto surgem outras congregações religiosas, desenvolvendo um trabalho mais apropriado ao


espírito moderno. Podemos citar os oratorianos e os jansenistas, que se opõem aos jesuítas.

Por conseguinte as academias do século XVI, não são escolas institucionalizadas, mas se propõe a
atender aos interesses da nobreza na formação cavalheiresca de seus filhos. Há uma intensificação
dessas academias, no século XVII, pois elas representam a mudança dos padrões conservadores no
ensino, para uma concepção mais realista.

Veja os vídeos:
- Comênio
http://www.youtube.com/watch?v=gB_iOuxl99A
- John Locke
http://www.youtube.com/watch?v=T3UVGyCcRxw

2.4. O Iluminismo e o processo educativo


E surgem as luzes do conhecimento ocidental, será que realmente iluminava-se a vida das pessoas de
maneira igual?

A Organização Educacional
Apesar dos progressos evidentes que discutimos no conteúdo anterior com relação ao processo
educativo, é bom salientar que os mesmos ainda são limitados, pois não existia ainda um plano global
ou mesmo uma teoria educacional que realmente merecesse ser chamada de avançada.

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Os movimentos de reforma educacional eram isolados e dependiam de grupos de voluntários ou mesmo
de pessoas que aspiravam objetivos bem limitados e sem perspectivas mais abrangentes. Por
conseguinte, na segunda metade do século XVIII, muitos desses esforços não oficiais (que não erma do
Governo) entraram em decadência.

E quem eram as pessoas que tinham acesso a esse sistema de ensino? Infelizmente “as luzes” não
conseguiam mudar ainda a realidade dos mais pobres, assim o sistema educacional estava
fundamentado numa estrutura rígida de classes sociais, ou seja, os mais ricos é que estudavam mais,
tanto em qualidade como em quantidade.

Mas as rápidas transformações intelectuais, econômicas, sociais e políticas no Ocidente solicitavam


novas perspectivas no processo educativo e o movimento Iluminista nesse sentido ajudou na reação da
sociedade contra o autoritarismo religioso e político e, em menor escala, contra as diferenças sociais. No
núcleo desse movimento encontra-se uma fé inabalável na ciência, na razão humana e no próprio
homem.

Assim sendo, no final do século XVIII, a educação começa a dar sinais de um direcionamento para a
cidadania, mas era bastante evidente ainda as diferenças de classe nessa educação: a classe dirigente
receberia instrução para governar e a classe trabalhadora seria educada o bastante para trabalhar, em
outras palavras o sistema educacional ainda não era democrático. Essa escola em nível de infraestrutura
já começava a se parecer com as escolas que conhecemos na atualidade: vão estar divididas em classes
de pessoas mais ou menos da mesma faixa etária, vai dispor as carteiras dos alunos em filas, vai contar
com prédios próprios para a prática pedagógica, as aulas vão ser ministradas por profissional qualificado
e vai estar submetida a um sistema nacional de ensino público.

2.5. Principais educadores do Iluminismo


A Pedagogia de Rousseau (1712-1778)

O filósofo francês Jean Jacques Rousseau, nasceu em Genebra, na Suíça. Suas


principais obras são: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, Do
Contrato Social, e Emílio ou Da Educação (1762).

“O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”.

Comumente se costuma dizer que Rousseau foi um revolucionário na pedagogia, já que delineou um
método liberal de educação com a finalidade de desenvolver a criança sem destruir seu estado
“natural”. O núcleo central dos interesses pedagógicos passa a ser a criança e não mais o professor.

Também, ressalta a especificidade da criança, que não deve ser encarada como um adulto em
miniatura.

Principais propostas da pedagogia de Rousseau:


 homem ser educado para si mesmo e não mais para Deus ou para a vida social;
 educação afastada do artificialismo das convenções sociais, espontânea original;
 recusa o intelectualismo;
 valoriza os sentidos, as emoções, os instintos e os sentimentos;
 valoriza a experiência, o ensino ativo voltado para a vida, para a ação;
 teme a educação que põe a criança em contato com os vícios e a hipocrisia.

A pedagogia de Rousseau incentiva o controle no mundo físico e nas relações com as pessoas. Alguns
teóricos acham que a educação de Rousseau é elitista, pois ele defende que a criança seja acompanhada

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por um preceptor, procedimento próprio dos ricos. Outros o acusam de estar defendendo uma
educação individualista ao separar o aluno da sociedade: estaria.

A Pedagogia de Kant

Immanuel Kant (1724 - 1804), maior representante do Iluminismo alemão,


realizou em suas obras a análise das possibilidades do conhecimento da razão
humana situando os limites e as condições nas quais a razão pode conhecer o
mundo.

Kant dá à educação grande importância podemos verificar isso nas obras mais clássicas, a Crítica da
razão pura, na qual desenvolve a crítica do conhecimento, e a Crítica da razão prática, que faz o exame
da moralidade. O problema do conhecimento humano é uma das mais importantes questões levantadas
por Kant.

Ele retoma o debate entre os racionalistas e os empiristas. Condena os empiristas, segundo os quais
tudo o que conhecemos vem dos sentidos, e discorda dos racionalistas, para os quais tudo o que
pensamos vem de nós. Segundo ele, o conhecimento é uma súmula dos conteúdos particulares dados
pela experiência e da estrutura da razão. O conhecimento acontece na relação sujeito e objeto.

Em suas investigações defende:


 a não probabilidade de conhecermos realidades que não passam pelo conhecimento sensível;
 não ser possível dizer nada sobre a alma humana e sobre Deus, pois eles superam a nossa
capacidade de entendimento;
 ser impossível provar a existência de Deus.

Kant fundamentou a moral na autonomia da razão humana, isto é, na idéia de que as normas morais
devem brotar da razão humana.

Portanto, cabe a educação, ao desenvolver a faculdade da razão, constituir o caráter moral.

O principal problema do processo educativo consiste em conciliar a submissão ao livre-arbítrio da


criança. Para ele é nos primeiros anos da infância que a criança encontra-se na fase pré-moral. Assim
sendo, não há necessidade de inculcar-lhe a moral.

Contudo, na medida em que a criança começa a crescer, o processo de formação deve tornar-se mais
formal e incluir:
 a paciência,
 a disciplina e
 o cultivo das dimensões cognitivas e morais.

É o progresso sistemático desse desenvolvimento controlado da criança em processo de maturação que


Kant procura se dedicar. A disciplina deve inculcar-se a partir dos cinco ou seis anos de idade.

O impacto de Kant sobre o processo educativo foi profundo, tanto que no século XX serão reexaminados
por vários autores na área da moral e da educação, entre eles estão Piaget e Habermas.

Veja os vídeos:
- Rousseau
http://www.youtube.com/watch?v=70jFf1DqciA
- Immanuel Kant
http://www.youtube.com/watch?v=4K79ga3UMTE

19
3. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

O que é Filosofia
Entendendo a origem e o conceito

Você já pensou o que é Filosofia? Como a Filosofia pode contribuir para a sua formação?
A partir de agora você estará entrando no mundo das reflexões. Boa leitura...

Quando começamos a estudar Filosofia, somos logo levados a buscar o que ela é. Nossa primeira
surpresa surge ao descobrirmos que não há apenas uma definição da Filosofia, mas várias. A segunda
surpresa vem ao percebermos que, além de várias, as definições parecem contradizer-se. Eis porque
muitos, cheios de perplexidade, indagam: afinal, o que é a Filosofia que sequer consegue dizer o que ela
é?

3.1. Conceitos
As palavras também têm historia e conhecer essa história (etimologia) nos
ajuda a entendê-las.

A origem da palavra Filosofia é grega. Compõe-se de Philo (ph tem som de


f), cuja tradução é amizade ou amor + Sophia, que é sabedoria. Ou seja,
originalmente, Filosofia queria dizer amor ao conhecimento, busca da
sabedoria, o desejo de estar próximo do saber, do conhecimento
verdadeiro. Ao longo do tempo, ela passou também a significar um tipo de
conhecimento, uma visão de mundo, tornando-se uma disciplina.

Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras (séc. V antes de Cristo) a criação da palavra filosofia. Mas este
afirmou que a filosofia estava ligada à sabedoria através dos deuses, mas que os homens podem amá-la
ou desejá-la, tornando-se assim, filósofos.

Para Pitágoras a verdade não pertence a ninguém, pois ela está diante de nós para quem quiser
enxergar e para quem a busca. A Filosofia surge quando alguns gregos, ao se defrontar com a realidade,
admirados e, ao mesmo tempo, espantados e insatisfeitos com as explicações que as tradições culturais
lhes deram, buscavam novas respostas, através da reflexão das coisas da Natureza, dos homens, do
mundo em si, buscando uma razão para o viver (princípios e causas). Assim, se descobre que a verdade
do mundo e dos humanos não poderia ser algo secreto ou misterioso, ao contrário, poderia ser
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conhecida e divulgada a todos, através da reflexão e da razão, podendo ser transmitida a todos da
mesma forma.

3.2. Origem
A filosofia, como a entendemos hoje, tem seu início no século VI a.C., na Grécia Antiga. Poderia ter
surgido em qualquer lugar, mas naquele momento da história diversas coisas ocorriam para que ali
fosse seu começo.

A Grécia Antiga vivia um momento de auge de sua cultura. O comércio com outros povos trouxe
conhecimento. A produção artística era muito ativa. Havia os jogos olímpicos. A linguagem, moeda e
tecnologia (de arquitetura e militar) também marcaram esse período.

Entretanto, naquele momento iniciou-se uma nova tentativa de responder os questionamentos sobre a
existência. Se, para alguns, as narrações fantásticas da mitologia serviam para explicar o mundo, suas
catástrofes, seu clima, sua organização, sua origem; outras pessoas começaram a procurar respostas
fora dos mitos.

Para a Filosofia, em sua busca da sabedoria, é importante que ela combata dogmas, ideologias e crenças
infundadas. Em vez de tomar como certas as explicações já consolidadas, ela vai questioná-las e
averiguar suas razões.

Será que as explicações que nos deram sobre as origens e os princípios da realidade são mesmo
verdadeiros? Será que por trás de experiências particulares, que ocorreram com você e com os outros,
não há uma razão comum ainda que desconhecida, uma outra visão que pode ajudar a entender como
as coisas ocorrem? Será que não haveria uma forma melhor de organizar a sociedade? Será que
queremos manter os valores que serviram para educar as gerações que nos antecederam? Que razões
temos para julgar algo como certo ou errado?

Para muitos pensadores, a experiência filosófica brota de experiências que todos temos ao longo de
nossas vidas, como uma angústia que não nos dá sossego, ou como uma dúvida que desemboca num
questionamento profundo, seja lá sobre o que for: o destino das coisas, o sentido da vida, os
fundamentos do conhecimento, as características da Natureza, das dimensões humanas e os valores
que lhes são dados em cada Cultura.

São muitas as maneiras de começar a indagar e de perceber que uma indagação leva a outra e que, por
fim, somos levados a refletir sobre coisas em que não pensamos quando estamos imersos na lida diária.

Esse processo não ocorreu mecanicamente, nem de imediato o que exigiu dos seres humanos um
amadurecimento intelectual. Esses dois tipos de consciência coexistiram na Grécia, assim como,
guardadas as devidas proporções, coexistem na nossa sociedade.

Quando lemos um texto de filosofia, na verdade, estamos nos aproximando de um entendimento que o
autor construiu a partir da sua visão de mundo, esse trabalho foi construído a partir dos valores e
aspirações que dão sentido ao mundo.

Nesse sentido pode-se afirmar que os filósofos, refletem também sobre o cotidiano dos seres humanos
e podem organizar um quadro coerente e organizado para o entendimento da realidade que nos cerca.

Na Idade Média (476 a 1453), as diversas abordagens da Filosofia continuaram metafísicas, ou seja
entendia a educação como um processo de do aperfeiçoamento humano, no qual o indivíduo é
21
estimulado a despertar as suas potencialidades. Assim acreditava-se em um “modelo” de Homem que a
criança deveria alcançar, atualizando a essência que já existia em si, transformando-a em potência.
Alguns filósofos se destacaram nesta época, destacaremos dois deles: São Tomás de Aquino e Santo
Agostinho.

A filosofia clássica Antiga pode ser dividida em três grandes etapas:


Período pré-socrático (sécs. VII e VI a.C.): os filósofos pré-socráticos discutem de forma racional sobre a
natureza, distanciando-se das explicações míticas do período anterior. Dentre os pré-socráticos,
podemos destacar dois: Heráclito e Parmênides.
Período socrático ou clássico (sécs. V e IV a.C.): o núcleo cultural passa a ser Atenas; nesse período,
destacam-se Sócrates, Platão, e Aristóteles; também, fazem parte os sofistas.
Período pós-socrático (sécs. III e II a.C.): esse período é caracterizado pela expansão dos macedônios
sobre os territórios gregos e formação do império de Alexandre Magno; após a morte do mesmo,
começa a época helenista, marcada pela influência oriental.

Veja o vídeo:
- Filósofos e a educação - Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino
http://www.youtube.com/watch?v=WKdKxsp8LhY

3.3. Alguns filósofos


Tales de Mileto (624-5 – 556-8 a.C.)
É considerado o primeiro filósofo, primeiro pensador grego, “O Pai da
Filosofia”.
Os fragmentos que restaram de seus escritos nos mostram a tentativa dele em
explicar sobre o que forma o mundo. Para ele, existe um elemento material
que forma todas as coisas, a água. Podemos encontrar água em todos os
locais. Ao furar o solo, se nos cortamos, dentro do tronco das árvores, nas
rochas das nascentes dos rios. Se a água está em tudo, é porque ela forma
tudo. Esta maneira de explicar o mundo, usando a razão, é que irá diferenciar
a filosofia da mitologia.

Porém, Tales nunca se chamou filósofo. A palavra “filósofo” apareceu anos mais tarde, com um homem
chamado Pitágoras (580 – 497 a.C.). Ele, famoso hoje pelo teorema matemático que leva o seu nome, é
que se considerou um “amigo da sabedoria”.

Pitágoras (570 - 497 a.C.)

Foi um importante matemático e filósofo grego. Com 18 anos de idade, Pitágoras


já conhecia e dominava muitos conhecimentos matemáticos e filosóficos da
época. Através de estudos astronômicos, afirmava que o planeta Terra era
esférico e suspenso no Espaço (idéia pouco conhecida na época).

Enquanto visitava o Egito, impressionado com as pirâmides, desenvolveu o famoso Teorema de


Pitágoras. De acordo com este teorema é possível calcular o lado de um triângulo retângulo,
conhecendo os outros dois. Desta forma, ele conseguiu provar que a soma dos quadrados dos catetos é
igual ao quadrado da hipotenusa.

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Segundo Pitágoras, a essência, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número,
ou seja, as relações matemáticas.

Heráclito (550 - 480 a.C.)


Foi um filósofo considerado o "pai da dialética". Heráclito é o pensador do
"tudo flui" e do fogo, que seria o elemento do qual deriva tudo o que nos
circunda. Parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode
permanecer estático, tudo o que existe está em permanente mudança ou
transformação.

Para ele, “É impossível entrar no mesmo rio duas vezes”. As águas já são outras
e nós já não somos os mesmos.

Xenófanes (570 - 460 a.C.)

Foi um filósofo e poeta grego. Levou uma vida de forma errante e com isso,
adquiriu e exercitou a arte de escrever poesias em sua vida nômade. É
considerado um estudioso da teologia. Ele era um pensador independente e
acreditava que da terra é que surgiam as coisas. A terra é o princípio das coisas
que são feitas de terra e água, inclusive o homem. Tudo vem da terra e para
ela volta.

3.4. As filosofias
Patrística

A Patrística teve como principal figura Santo Agostinho (354-430), seu


pensamento, reativa no cristianismo os princípios da clássica filosofia
platônica, mas salvaguardando as características originais da teologia e da
moral cristã. A finalidade do processo educativo é constituída de
conhecimento e fé.

Ele aborda o processo educativo em três obras: Sobre o Educador (389), Sobre
Aqueles que Ensinam ao Povo Simples (399) e Sobre a Doutrina Cristã. (397-
426). A questão principal do processo educativo é o fato de o verdadeiro
conhecimento ser inato, depositado na alma por Deus. Assim, é papel do
mestre auxiliar o aluno, tornar revelada a verdade preexistente, latente,
elevando-se acima do mundo material, que é simples aparência. O processo
educativo implica em auxílio mútuo entre o mestre terrestre e o Deus.

Escolástica

A Escolástica, estudo obrigatório dos teólogos. Nela a razão encontra-se a


serviço da fé. Seu principal representante é Santo Tomás de Aquino (1225-
1274), doutor da Escolástica que fez da filosofia de Aristóteles um instrumento
a serviço da fé cristã.

Ela era lecionada nas escolas medievais. Os teólogos da Escolástica procuram


amparar a fé na razão, com o fim de melhor justificar as crenças, converter a
população que não era católica e ainda combater muçulmanos e judeus.

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Em sua vida Santo Tomás escreve uma obra importante para a educação: De Magistro, na qual ele
afirma que a educação é vista como uma atividade potencializadora daquilo que já existe de maneira
adormecida no aluno, esse processo se daria com o auxílio do mestre. Sem dúvida a filosofia medieval é
fascinante, mas não podemos nos estender no assunto.

3.5. O Papel do Filósofo e ato de Filosofar

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A principal tarefa do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descortinando seus
significados mais profundos, ou seja, descobrindo o que está por trás das aparências. Para o filósofo,
refletir significa pensar de maneira organizada, sistemática e a partir de uma metodologia, o que já foi
pensado. Nesse sentido, refletir, seria fazer o próprio pensamento retornar, para assim termos uma
melhor compreensão, um maior entendimento de determinado assunto que se apresenta.

A reflexão só é considerada uma atitude própria da Filosofia, quando é feita de forma radical, rigorosa e
em conjunto. Assim, a filosofia é considerada radical porque investiga um problema até as suas raízes,
ou seja, quando investiga um problema não se preocupa apenas em entender somente o efeito, mas
sim as causas, isto é as origens, a raiz que originaram aquele efeito. Daí conclui-se que a filosofia é
radical enquanto explicita os fundamentos do pensar e do agir.

Tendo em vista que a filosofia é um modo de pensar, um posicionamento frente as questões que o
mundo nos apresenta, ela não pode ser considerada como um conjunto de saberes pronto e acabado,
muito menos fechado em si mesmo. Desta forma o ato de filosofar começa por inventário dos valores
(éticos, estéticos e morais) que dão rumo à nossa vida. Depois dessa primeira etapa é preciso criticar
tais valores sob todos os ângulos, ou seja, a sua base de sustentação, descobrir a sua essência. Na
terceira etapa é necessário reconstruir os valores, ou seja, construí-los criticamente para a orientação
de nossas vidas em sociedade.

3.6. As formas de abordar o mundo

São várias as formas pelas quais o homem entra em relação com o mundo que o rodeia, a depender das
circunstâncias e necessidades, bem como do tipo de cultura em que ele está inserido.

O homem, ao longo de sua existência na Terra, tem procurado conhecer o mundo através de várias
formas: a mais antiga é a que ficou conhecida como consciência mítica, predominantemente religiosa e
ligada a rituais mágicos, buscando soluções para os problemas concretos da humanidade geralmente a
partir de apelos à divindades.

Com o rompimento das organizações tribais e a crescimento das formas de organização humana, surge
uma outra abordagem conhecida como do senso comum, nela as pessoas passam a reelaborar a
herança cultural recebida da comunidade. Mais ou menos a partir do século XVII a parece a abordagem
científica que através de toda uma metodologia vai estabelecer leis e teorias científicas afim de
delimitar os seus objetos de estudo. Existe também uma outra abordagem do real que é a concepção
filosófica, na qual se busca compreender o mundo criticamente parti do pensamento lógico e racional.

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AS FORMAS DE ABORDAR O MUNDO REAL
MÍTICA - Saber baseado na magia, busca de Segurança via forças ocultas;
- Presença de rituais mágicos no cotidiano.
SENSO COMUM - Saber fragmentado, espontâneo; não crítico, impreciso, incoerente;
- De início procura compreender o mundo com base na tradição dos costumes, na
experiência social;
- Posteriormente pode se articular com interesses políticos, econômicos e religiosos.
CIENTÍFICA - Saber bem elaborado, objetivo, usa a experimentação, investigação de causa e
efeito; coerente e intencional;
- Baseia-se na lógica; busca a utilização de métodos racionais e o desenvolvimento
de teorias;
FILOSÓFICA - Compreensão crítica do mundo;
- Busca esclarecimentos coerentes, racionais e lógicos;
- Reflete sobre as questões buscando superar as aparências.

As abordagens descritas anteriormente foram o resultado da experiência cultural da Humanidade e que


foi construída ao longo de muitos anos. Cabe ressaltar que uma forma de abordar o real não invalida a
outra. Por exemplo, aquilo que pensamos e desejamos primeiro se formata na esfera da imaginação, ou
seja, nos pressupostos míticos, dessa forma, o mito serve de alicerce para o trabalho posterior da esfera
da razão Não se trata de aceitar o mito de forma mecânica, afinal podemos, aceitá-los ou recusa-los.
Quando entramos em contato com os mitos, podemos usar a reflexão para entendermos os valores, a
“moral da história” que existe em cada um deles e que fundamenta o mesmo, para a partir daí
construirmos um determinado juízo de valor.

3.7. O que é Educação


O homem é um ser histórico-social, ou seja, que efetiva suas relações mediante práticas culturais
complexas ocorridas em determinado tempo-espaço.

Sendo assim, nenhuma pessoa consegue se esquivar do processo educativo. Em casa, na rua, na igreja
ou na escola, de uma maneira ou de outra, todos nós envolvemos partes da vida com ela.

O ser humano constrói o seu lastro cultural a partir do trabalho (através do qual transforma a natureza e
a si mesmo) e dos aspectos culturais (danças, jogos, relações familiares etc). O aperfeiçoamento de suas
atividades só é possível através da educação. Assim sendo a mesma é um fator importantíssimo para a
socialização e humanização dos Homens.

A educação pode ser formal ou informal. Aquela que acontece no cotidiano, que é realizada através do
aprendizado empírico das tarefas, ou seja, construída no dia-a-dia é considerada a educação informal.
Essa categoria é construída, sobretudo, pela observação e convivência entre os membros de uma
sociedade, sem um planejamento prévio, sem local ou mesma hora determinada. Já a educação formal
acontece através de pessoas especializada, procura selecionar os elementos essenciais para a sua
transmissão, geralmente acontece com planejamento prévio e em local e hora definidos.

Assim, a educação dentro de uma sociedade se revela como um instrumento de manutenção ou


transformação social e não como um fim em si mesma. Deste modo, ela precisa de pressupostos, de
conceitos que possam fundamentar e orientar os seus caminhos. A sociedade da qual ela está inserida
precisa possuir alguns valores que possam nortear a sua prática.

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Portanto, entende-se que a educação é o processo de desenvolvimento integral do homem, isto é, de
sua capacidade física, intelectual e moral, que tem como fim não só a formação de habilidades, mas
também do caráter e da personalidade social.

No processo educativo formal, a transmissão de valores e conhecimentos se materializa através da


pedagogia (diversos processos sistematizados de métodos e diretrizes educacionais). Existiram diversas
pedagogias ao longo da História da Educação. As que mais se destacaram no Brasil foram três:
 a Tradicional: nascida no século XVI;
 a Renovada: implantada no início do século XX
 a Tecnicista: iniciada na década de 1960.

Segue abaixo um quadro comparativo resumido dessas pedagogias.

CARACTERÍSTICAS TRADICIONAL RENOVADA TECNICISTA


CONCEITO DE Assimilação de Construção conjunta dos Direcionamento dos
EDUCAÇÃO conhecimentos. conhecimentos. conhecimentos para a
área industrial.
RELAÇÃO Vertical, o professor é o Professor facilitador do O professor racionaliza o
EDUCADOR / transmissor do conhecimento, o aluno é o saber científico e o aluno
EDUCANDO conhecimento. centro do processo. recebe, aprende e fixa as
informações.
FINALIDADE O aluno aprender o que Desenvolvimento das Apropriação do saber
PRIMORDIAL DA foi transmitido. potencialidades dos científico, exigido pela
EDUCAÇÃO alunos. sociedade moderna.
Aula expositiva centrada Pesquisa, uso de vídeo, Aula expositiva,
MÉTODOS DE no professor, leitura atividades lúdicas, aulas exercícios práticos, uso
ENSINO repetida, exercícios de expositivas participadas. de vídeos, slides, ensino à
fixação e cópias. distância.
FORMAS DE Exames escritos e Seminários, estudo Provas objetivas,
AVALIAÇÃO arguições com caráter dirigido,avaliação escrita, minitestes.
MAIS punitivo. autoavaliação.
UTILIZADAS
CARACTERES Disciplinadora, Democrática, responsável, Disciplinadora,
GERAIS DA autoritária, rígida, interativa e prazerosa. racionalista e ordenada.
ESCOLA desprazerosa.

É bom que se diga que não queremos que você veja com preconceito nenhuma das três pedagogias aqui
resumidas, criticar as pedagogias, requer um alto nível de ponderação, pois se a pedagogia Tradicional
não estimula o senso crítico e a criatividade dos alunos, a Renovada estimula o individualismo no
educando, já a Tecnicista propicia a alienação do Ser Humano, cabe-nos a reflexão para encontrar uma
forma de atuar na prática.

3.8. E qual seria a finalidade básica da educação?


Esta é uma pergunta complexa, pois a finalidade pode variar bastante ao longo do tempo e a depender
da cultura e da sociedade na qual se dá o processo educativo. Isso é o que tem mostrado a História da
Educação: por exemplo, na Grécia dos tempos heróicos, a finalidade era formar guerreiros, na Grécia da
época das cidades-estado, almejava-se formar cidadãos. Em Roma, os esforços se concentravam na
formação de cidadãos com espírito prático e assim sucessivamente.

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3.9. E na atualidade, qual seria a finalidade básica da educação?
Bom, responder a esta pergunta é um exercício bastante interessante. Num mundo globalizado é
extremante difícil ponderarmos a finalidade exata da educação, pois as realidades de cada sociedade
são distintas.

Assim os objetivos educacionais em um país desenvolvido pode ter pontos em comum com os de um
país em desenvolvimento, mas certamente não serão iguais e daí por diante.

Portanto os fins da educação baseiam-se em valores permanentes (ética, estética, moral, conhecimento,
etc) e em valores provisórios (necessidades humanas concretas). Estes valores provisórios se alteram
conforme vamos alcançando os objetivos imediatos, ou seja enquanto nossa realidade concreta vai se
modificando e as etapas vão avançando.

A educação é um processo que dura a vida toda, não tendo idade para se iniciar e nem terminar, ela não
pode se limitar à mera continuidade da tradição, pois ela supõe a possibilidade de rupturas, pelas quais
a cultura se renova e o homem se aperfeiçoa, construindo assim a sua história.

Tornar a Educação verdadeiramente integral e, portanto realmente formativa do Ser Humano é, antes
de mais nada, oferecer a todos instrumentos de crítica e reflexão acerca da sociedade em que vivemos,
afim de que possamos superar as contradições e assim tornar a mesma mais justa, menos excludente e
portanto menos violenta.

Não é a prática educacional quem estabelece os seus fins. Quem o faz é a reflexão filosófica que
permeia a educação, dentro de uma dada sociedade. As relações entre educação e filosofia parecem ser
quase “naturais”.

Enquanto a primeira trabalha com o desenvolvimento do Ser Humano e sobretudo das novas gerações,
a segunda é a reflexão sobre o que e como devem ser estes Seres Humanos e a própria sociedade.

3.10. Filosofia da educação


Imaginem a análise vigorosa e radical da filosofia aliada ao processo educacional, sem dúvida é melhoria
na qualidade da educação, vejamos então como tentar fazer isso.

Enquanto reflexão filosófica, a Filosofia da Educação tem como tarefa básica buscar o sentido mais
profundo do próprio sujeito no processo educacional, ou seja, de construir a imagem do Homem em seu
papel de sujeito/educando, nesse sentido deve ser uma disciplina que busque integrar as várias
contribuições das ciências humanas. A relação entre Educação e Filosofia é bastante espontânea.
Enquanto a educação trabalha com o desenvolvimento dos homens de uma sociedade, a filosofia faz
uma reflexão sobre o que e como devem ser ou desenvolver estes homens e esta sociedade, isto é, uma
reflexão sobre os problemas que a realidade educacional apresenta.

A função maior da filosofia da educação é contribuir para que o Ser Humano adote uma postura
reflexiva no que tange à problemática educacional. É assim que a Filosofia da Educação passa a
desenvolver uma tríplice tarefa:
 Antropológica- se preocupa com a ideia de Homem que se pretende forjar a partir das
contribuições das ciências humanas;
 Epistemológica- discutir sobre o processo de produção, sistematização e transmissão do
conhecimento);

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 Axiológica- estuda as questões relacionadas ao valor que os homens atribuem às coisas, a sua
valoração.

Vejamos abaixo um quadro resumo elucidativo dessas três tarefas da Filosofia:

ÁREAS DA FILOSOFIA QUE TRATAM DA BUSCA DO


SENTIDO DA EXISTÊNCIA HUMANA
Epistemologia Estuda as questões relacionadas ao conhecimento do ponto de vista crítico
Axiologia Trata das questões relacionadas ao agir humano calcado em valores
Antropologia Trata das questões relacionadas à condição da existência humana

É também papel fundamental da Filosofia da Educação procurar construir uma imagem do Homem que
se pode educar. Essa imagem que a Filosofia deve construir do homem só será consistente se for
baseada nas condições reais de existência, isto é em suas mediações históricas e sociais concretas.

Na história da humanidade existiram três grandes Concepções de Homem que a orientação pedagógica
pretendeu formar ao longo da história:

AS CONCEPÇÕES DE HOMEM
Essencialista Naturalista Histórico-social
- Homem compreendido a partir - Homem entendido enquanto -Homem enquanto uma
de uma natureza imutável; organismo vivo, regido pelas leis entidade natural e histórica;
da natureza;
- A perfeição de cada ser - A natureza humana
dependeria da realização plena - Homem compreendido a partir determinada pelas condições
das potencialidades internas. do dualismo mente e corpo; objetivas de sua existência;

- A supremacia seria do corpo, - O ser humano seria resultado


organismo vivo regido por leis da de um processo de vir-a-ser.
natureza.

Além das análises antropológica (concepções de homem), epistemológica (conhecimento) e axiológica


(valores) no processo educativo; a filosofia da educação tem a função de mediar a questão da
interdisciplinaridade, através da qual se estabelece um elo de ligação entre as diversas disciplinas, o que
auxilia e muito o trabalho desenvolvido pela pedagogia. Assim espera-se que com o auxílio da filosofia,
por exemplo, evite-se a supremacia dos “ismos” (capitalismo, psicologismo, etc.), ou seja, de a educação
ficar alienada e só enfocar determinada ciência na análise dos fenômenos pedagógicos. Por que isso é
importante? Na nossa concepção todos os “ismos” se não forem devidamente analisados e ponderados,
acabam por escravizar o pensamento humano, tornando o educador apenas um defensor ou um crítico
feroz de determinada ciência, não fornecendo ao educando uma visão mais ampla da vida.

O conhecimento, os valores e as relações humanas permeiam toda a existência humana, assim sendo a
filosofia da educação ocupa lugar central para a prática pedagógica, pois é somente a partir do
pensamento crítico-reflexivo que a educação se tornará mais eficaz, clara e coerente. A educação,
quando imbuída dos ideais filosóficos não se ocupa em “formatar” os seres humanos de maneira
homogênea, mais sim oferecer condições ideais para que o educando caminhe com as suas próprias
pernas e encontre assim o seu próprio caminho que certamente não serão iguais, pois cada aluno tem o
seu tempo, aspirações, valores e inteligências múltiplas. É justamente nesse ponto que reside a beleza
da educação.

Assim a filosofia da educação auxilia muito a pedagogia, mas não se deve confundir uma com a outra.
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Enquanto a pedagogia pode ser compreendida como uma teoria geral da educação que se preocupa
com a eficácia e a intencionalidade da práxis pedagógica; a filosofia acompanha reflexivamente os
problemas ligados á educação, mediando a contribuição que as outras ciências podem fornecer para
que o processo de ensino/ aprendizagem se torne mais reflexivo e ao mesmo tempo mais objetivo. Em
resumo a filosofia da educação busca a compreensão profunda de determinada realidade educacional
de maneira vigorosa e integral.

A reflexão sobre os problemas referentes à transmissão e construção do conhecimento é uma tarefa


fundamental para a filosofia da educação.

Veja os vídeos:
- Educação
http://www.youtube.com/user/temporadafora?v=rLSmU6deuPQ
- TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
http://www.youtube.com/watch?v=ljMtHeE5p_I

4. A FORMAÇÃO CRÍTICA E A NECESSIDADE DE UMA POSTURA


ÉTICA DO EDUCADOR
4.1. Educação e Ideologia
O mundo, entre outras coisas é constituído por valores materiais (bens de consumo, dinheiro,
propriedades recursos naturais, etc.) e por valores imateriais ou simbólicos (conhecimento, educação,
sentimentos, postura, etc.) A educação é constituída não só de prática técnica e política, mas também
de prática simbolizadora, suas ferramentas são essencialmente símbolos, que desenvolve sua ação.

Em função da subjetividade, o homem começa a produzir os bens culturais e a desfrutar deles. A


atividade subjetiva acontece em função da capacidade que temos de representar simbolicamente os
objetos de nossa experiência. A cultura é o resultado do trabalho humano nas diversas esferas da nossa
vida.

A educação é uma prática cujos utensílios técnicos são


especificamente simbólicos.

Ela atua sobre o conjunto das demais mediações da existência, a partir


dessa sua especificidade.

Com efeito, a cultura é uma criação humana. Portanto, a educação é


fundamental para a socialização do homem e sua humanização, é
também um meio de distribuição de bens culturais, ou seja, ela torna
possível a apropriação dos bens culturais já produzidos.

Enquanto prática que lida com instrumentos simbólicos, a educação ainda atua nas dimensões
individual e coletiva, correndo um duplo risco de se envolver nesse processo ideologizador. Assim, é
pela educação, mesmo quando informal, que o indivíduo se apropria dos conteúdos culturais de seu
grupo. Ela amplia seu trabalho empregando essencialmente esses conceitos e valores presentes na
cultura em que se processa.

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Por outro lado, para manter sua ideologia, uma sociedade necessita reproduzi-la, e a educação é
comumente considerada como uma das mais adequadas mediações para garantir essa reprodução. Ao
lado da Religião, dos Partidos Políticos e das Forças Armadas, a Escola é um dos mais poderosos
Aparelhos Ideológicos que se conhece, pois trabalha de maneira eficaz com a inculcação de valores e
interesses de classe. Assim, fica evidente que as instituições educacionais constituem perfeitos
aparelhos ideológicos para agirem em função do Estado.

A política, queiramos ou não, permeia a maior parte das atividades humanas, o tempo todo o homem
mal informado, que se diz apolítico é facilmente manipulado e influenciado pelos donos do poder. Assim
é hora de repensarmos a importância da mesma em nossas vidas. Desde que as sociedades humanas se
tornaram mais complexas, o principal instrumento de disputa pelo poder deixou de ser a violência física
e passou a ser a palavra, o discurso, a persuasão.

A função principal da ideologia é camuflar, mascarar as contradições existentes nas sociedades, tais
como as diferenças de classe, de raça e de gênero, apresentando a sociedade como algo harmônico e
igualitário, pois a mesma é um conjunto de idéias, representações e de normas de conduta que induzem
o homem a pensar de determinada maneira. Essa maneira de pensar geralmente é articulada pelas
classes dominantes, ou seja, por quem está no poder.

A ideologia facilita a coesão entre os homens e a aceitação apolítica de determinadas situações


vantajosas para uns e de exploração para outros, estabelecendo a noção de que as coisas são como
deveriam ser. A própria classe dominante sofre também a influência de sua própria ideologia na medida
em que ele (o dominador) considera o seu papel de explorador como algo natural.

O processo de alienação da consciência em relação à realidade objetiva dá-se quando o Ser Humano
elabora conteúdos explicativos e valorativos que julga válidos e verdadeiros com os quais pretende
explicar e legitimar vários aspectos da vida cotidiana.

Assim a própria consciência humana sai lesada e não se dá conta de que tais valores, ideais e conceitos
tem um sentido que naquela situação está na contramão da objetividade real.

Na escola, a ideologia desempenha um papel de destaque, para alguns cientistas sociais da corrente
Crítico-reprodutivista, ela reproduz as desigualdades presentes na sociedade.

Assim sendo a escola não é encarada como uma instituição realmente democrática, pois existiria uma
escola para formar as elites econômicas (de qualidade, com estrutura pedagógica, profissionais bem
pagos etc) e outra para formar as classes menos favorecidas (geralmente em condições inferiores). Na
primeira a ideologia difundida seria a de como se tornar um membro da classe dominante e alcançar os
mais altos postos na vida econômica e social.

Mesmo sendo esta uma posição um tanto quanto extremada, há de se convir que existe muitos acertos
nesta teoria.

4.2. O conhecimento

O que é conhecimento? Como podemos conhecer as coisas? Essas perguntas vêm


perseguindo o homem há muitos anos, aliás, há séculos. Dependendo da cultura,
do momento histórico, do próprio saber acumulado, da estrutura socioeconômica,
política e social, ou até mesmo em decorrência da evolução tecnológica, teremos
as mais diversas respostas.

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Ao falarmos em conhecimento, estamos designando o ato de conhecer como uma relação que se
estabelece entre a consciência que conhece e o objeto conhecido. Portanto há dois elementos no ato de
conhecer: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido.

Assim sendo o conhecimento pode ser considerado como a compreensão inteligível da realidade que o
sujeito humano adquire através de sua confrontação com a realidade.

Ele pode ser adquirido e construído em conversas, nos livros em jogos, etc. A raiz de todo conhecimento
está na sua meta maior que é atingir o entendimento da verdade e não a simples e pura retenção de
informações.

Para sermos intelectualmente ativos, é necessário utilizarmos as informações adquiridas de maneira


ativa para que assim entendamos o mundo exterior e o nosso interior (autoconhecimento). Vejamos a
seguir as principais teorias do conhecimento constituídas no mundo moderno:

A primeira dessas teorias foi o inatismo que teve como principal ícone teórico René Descartes (1596-
1650), que é considerado o pai da Filosofia Moderna, começou uma forma de reflexão que se opõe à
tradição escolástica. Ao analisar o processo pelo qual a razão chega a verdade, Descartes utiliza o
recurso da dúvida metódica. Para conhecermos a verdade, é necessário, em princípio, colocarmos todos
os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para criteriosamente analisarmos se existe
algo na realidade de que possamos total certeza.

Descartes insere uma ampla mudança no pensamento moderno, segundo a qual o sujeito tem a função
ordenadora do conhecimento: O pensamento, sistematicamente dirigido, encontra inicialmente em si os
critérios que permitirão estabelecer algo como verdadeiro.

Por conseguinte, a ciência na era moderna, deixa de ser um saber contemplativo e passa a se afirmar
como sinônimo de verdade e progresso.

Segundo o mesmo as idéias superiores derivam não do geral, mas do particular, ou seja as elas já se
encontram no espírito e são comuns a uma natureza humana. O critério proposto para saber se tais
idéias eram verdadeiras ou não seria um critério seguro do nosso espírito.

Enquanto o inatismo de Descartes prioriza a razão, como ponto de partida de todo conhecimento,
Locke se opõe a esse pensamento. O empirismo de John Locke, afirma que nada está no espírito que
não tenha passado primeiro pelos sentidos.

O empirismo, apesar de influenciado pelo inatismo, vai propor que o conhecimento só se efetiva a partir
da experiência sensível, ou seja, só depois de algum experimento poderia se elaborar o conhecimento.
As duas fontes do conhecimento seria a sensação e a reflexão Locke foi o mais importante teórico dessa
corrente do pensamento.

A corrente interacionista é fruto das teorias progressistas de influência marxista e do construtivismo


soviético que se utiliza da dialética, entendida como a lógica da contradição. Sujeito e objeto situam-se,
por assim dizer, numa nova relação entre si, na qual nenhum dos dois prevalece, um dependendo do
outro, só existindo enquanto pólo da relação.

O sujeito se dá conta de que, embora condicionante da posição do objeto não pode integrá-lo; o objeto,
por sua vez, por mais autônomo que seja não mais se impõe dogmaticamente ao sujeito como pura
positividade.

Temos um quadro resumo dessas teorias que marcaram a história do pensamento humano:

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AS FORMAS DO CONHECIMENTO
Inatista Empirista Interacionista
- Supremacia do sujeito; - Supremacia do objeto (do - Não há contradição
meio); sujeito/objeto; homem/mundo.
- Sujeito: idéias inatas é a
condição do conhecimento. - Sujeito: tábula rasa (passivo); - O conhecimento renova-se
sempre.
- Conhecimento transmitido e
recebido.

4.3. A necessidade de uma nova ética na educação


Na nossa vida cotidiana, encontramos freqüentemente situações nas quais a nossa decisão depende
daquilo que consideramos justo, bom ou moralmente correto. Assim, toda vez que isso ocorre, estamos
diante de uma decisão que envolve um julgamento moral da realidade, a partir do qual vamos nos guiar.

Portanto, a ação humana é uma ação carregada de valores, pois para homem, as coisas do mundo e as
ações sobre o mundo não são indiferentes. O homem analisa a validade e legitimidade das suas ações.

Com efeito, certas ações tornam-se objeto de valoração. Assim essa sensibilidade aos valores é
denominada de consciência moral. Como vimos anteriormente o ramo da filosofia que estuda os valores
é a axiologia. Dentre eles destaca-se a Ética (um dos temas transversais dos PCN’s). Se os valores são o
alicerce de todas as nossas ações, é imprescindível reconhecer sua importância para a práxis educativa.
Entretanto, os valores transmitidos pela sociedade nem sempre são claramente tematizados, e até
mesmo muitos educadores não fundamentam sua prática em uma reflexão mais cuidadosa a respeito
ética.

Na atualidade existe uma crise sem precedentes quanto aos valores que orientam a vida em sociedade e
nesse sentido alguns conceitos têm sido esvaziados do seu real valor.

Qualquer vocábulo quando exageradamente utilizado faz com que seu sentido original perca a força.
Assim tem acontecido com alguns conceitos importantes, tais como Justiça, Liberdade, Fraternidade e a
Ética, que atualmente têm sido confundidos quanto aos seus verdadeiros significados.

Por que isso tem ocorrido? Ora de tanto se ouvir falar de tais conceitos, as pessoas passam a ter uma
falsa impressão de já tê-los compreendido em sua verdadeira essência.

Para o homem atual, os valores não estão pré-definidos e não são descobertos pelo acaso, mas vão
sendo construídos ao longo de suas vidas tanto de forma coletiva como de forma individual, ou seja, o
Homem educa-se pelo exemplo dos outros e pela suas próprias inclinações. Assim, como exigir de uma
criança que ela não minta se alguém (que eu não quero falar naquele momento) ligar para a minha
residência e aí eu orientar a criança a dizer que eu não estou em casa, quando na verdade estou? Como
exigir de uma criança que ela não ache a corrupção algo comum se no meu relacionamento cotidiano
com ela, repito uma frase mágica do tipo: se você passar de ano vai ganhar uma bicicleta.? Não seria
mais correto orientá-la a passar de ano porque é o certo e não para que ela se acostume a cumprir o seu
dever esperando sempre receber algo em troca?

Mais uma vez cabe-nos a reflexão.

No processo educacional, o resgate da ética é de fundamental importância uma vez que antes de tudo a
verdadeira educação é um compromisso ético, ou seja é preciso que a relação professor-aluno seja
calcada em valores positivos e verdadeiros, estes que constroem a dignidade humana. A escola é uma
das instituições mais complexas de nossa sociedade, tendo em vista que as forças de dominação,

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degradação, alienação estão se consolidando em nossa sociedade de maneira alarmante e somente a
partir de uma (re) educação da humanidade podemos aspirar a dias melhores.

As condições de trabalho, ainda são muito degradantes, as relações de poder estão desvirtuadas e a
distribuição dos bens materiais e simbólicos extremamente desiguais, nesse sentido se torna necessário
um verdadeiro pacto social entre os educadores para o resgate da verdadeira cidadania, inclusive a
partir de uma postura crítica em relação a sua própria atuação, a atuação da direção da instituição de
ensino na qual trabalha e da postura de seus alunos em sala de aula.

Muitos podem se perguntar o que a educação tema a ver com a ética? A resposta mais razoável é tudo,
uma vez que a penas um ser humano educado pode educar outro e para se educar uma sociedade
inteira é necessário termos a moralidade positiva denunciada em nosso agir cotidiano em quaisquer que
sejam as condições materiais e imateriais que constituam a nossa realidade social. Os sistemas e códigos
morais podem até variar, mas não a moralidade em si e nem a sensibilidade humana.

A educação se tornará mais coerente e eficaz a partir do momento que estivermos capacitados para
explicitar esses valores, ou seja, se desenvolvermos um trabalho reflexivo que esclareça as bases
axiologia educacional.

Veja os vídeos:
- Educação e Ideologia
http://www.youtube.com/watch?v=GERMACrB4j8
- Ética e Educação
http://www.youtube.com/watch?v=9-dDK-6lnLE

JOGO
Pensadores e correntes filosóficas
Ao longo da história, alguns filósofos provocaram verdadeiras revoluções na forma de se pensar o
mundo e deram início a correntes filosóficas novas. Neste jogo, tente relacionar cada pensador com a
corrente correspondente.
http://super.abril.com.br/multimidia/filosofos-memoria-632893.shtml

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Referências

ARANHA, M. L. Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1997.

___________________. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2002.

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002.

GILES, Tomas R. História da Educação. São Paulo: EPU. 1987.

LUCKESI, Cipriano. Filosofia da Educação. SP, Cortez, 1993.

LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo: Cia Editora Nacional, 2002.

SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13ª ed. (rev.). São Paulo:
Autores associados, 2000.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia da Educação. Construindo a Cidadania.São Paulo: FTD, 1994.

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