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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
MESTRADO EM ÉTICA E EPISTEMOLOGIA
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela – Bairro Ininga
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Fone/Fax: (86) 3237 1134 – E-mail: mee@ufpi.edu.br

JOÃO BATISTA FARIAS JUNIOR

VIDA E LIBERDADE: OS PRESSUPOSTOS ONTOLÓGICOS DA ÉTICA DA


RESPONSABILIDADE DE HANS JONAS

TERESINA

FEVEREIRO / 2014
2

JOÃO BATISTA FARIAS JUNIOR

VIDA E LIBERDADE: OS PRESSUPOSTOS ONTOLÓGICOS DA ÉTICA DA


RESPONSABILIDADE DE HANS JONAS

Projeto Final de Dissertação, sob


orientação do Prof. Dr. Helder
Buenos Aires de Carvalho, pelo
Programa de Mestrado em Ética e
Epistemologia da Universidade
Federal do Piauí, na linha de
pesquisa: Ética e Filosofia Política.

TERESINA

FEVEREIRO / 2014
3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
FUNDAMENTAÇÃO ........................................................................................... 6
OBJETIVOS ..................................................................................................... 18
METODOLOGIA............................................................................................... 18
SUGESTÃO PRELIMINAR DE SUMÁRIO ....................................................... 20
CRONOGRAMA ............................................................................................... 21
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 22
4

INTRODUÇÃO

O pensamento de Hans Jonas (1903-1993) aparece-nos atualmente


como uma grande crítica a um tempo em que a razão não se mostrou tão
reflexiva, mas calculista e técnica, e isto se confirma dia a dia nas mais
diversas sociedades. A Modernidade e o seu alto desenvolvimento técnico se
mostraram bastantes lenientes com a instalação de uma terrível crise para a
ética. E é a partir desta crise que se dá a proposta de Hans Jonas de uma nova
ética para a atual sociedade técnico-científica.
A Modernidade enfrenta muitas mudanças e entre elas, no que diz
respeito à ética, podemos dizer que o homem é aquele que perde o “sensor”
moral que o mantinha atento sobre os perigos de suas ações. Assim,
hodiernamente os indivíduos arriscam-se em atos cujos impactos nenhuma
ciência pode realmente prever. “O mais importante que devemos reconhecer, é
a realidade transformadora do homem e seu trato com o mundo, incluindo a
ameaça de sua existência futura” (JONAS, 2004, p. 349). O homem, em sua
história, cuidou de se tornar o centro de tudo, de sua arte, sua religião, suas
ações e filosofia. E não apenas o homem pode ser entendido como o centro,
mas o indivíduo em seu momento presente e que desconsidera o futuro e suas
gerações. A humanidade e sua ideia de grandeza fez-se distinguir da natureza
e deixou esta na condição de um produto disponível para seu bel prazer.
Hans Jonas desenvolveu uma teoria ética baseada no conceito de
responsabilidade, intentando tomá-la como uma teoria ética para a civilização
da era da técnica. A técnica moderna ampliou as possibilidades de
aniquilamento da vida e, mesmo, trouxe a possibilidade de alterarmos a
estrutura dos seres e, com isso, aproximarmos o fenômeno da vida de
resultados nada favoráveis à sua continuidade.
Faz-se necessária uma ética voltada para o ser, para sua conservação e
para a natureza como um todo. “Ser é necessário existir, e para existir é
necessário viver e ter deveres, porém, (...) somente uma ética fundada na
amplitude do ser pode ter significado” (JONAS, 2006, p. 17). Assim, antes de
tudo é necessário reconhecer o valor de bem-em-si que o fenômeno biológico
da vida carrega. Segundo Jonas, mesmo a forma mais primordial de vida já
possui traços do que virá a ser, posteriormente, entendido como liberdade. Por
5

certo, como disse Jonas, uma liberdade necessitada. Mas ainda assim
liberdade, algo que deve receber nossa atenção. A dimensão interior dos seres
vivos permanece, desde sua origem, em uma relação dialética constante, em
que a liberdade se faz possível mesmo frente aos ditames das leis
determinantes da matéria inorgânica.
Jonas, em sua obra considerada mais importante, O Princípio
Responsabilidade (2006), buscou repensar a relação entre ser e dever, levando
em consideração o estado crítico da condição humana no que tange à
moralidade na Modernidade, em que o sujeito está perdido diante de um
subjetivismo de valores e mais sensível aos perigos da técnica. Assim, Jonas
nos propôs uma teoria ética fundamental para a superação da crise da qual se
fala e para uma retomada da relação entre ser e dever, agora em um âmbito
mais condizente com a vida em seu sentido amplo, abrangendo a todos,
inclusive aqueles que ainda não são. Tal proposta é uma teoria ética baseada
no conceito de responsabilidade.
Anterior à sua obra ética, Jonas possuía outra importante obra O
Princípio Vida (2004), na qual o filósofo oferece uma singular interpretação do
fenômeno biológico da vida, interpretação esta imprescindível para sua
posterior teoria ética. Assim, coloca-se do seguinte modo o problema aqui em
questão: a partir da aproximação entre as duas principais obras de Hans Jonas
(O Princípio Vida e O Princípio Responsabilidade) de que forma a ética da
responsabilidade jonasiana está amparada em sua ontologia, ou melhor, como
o autor funda sua teoria ética no conceito de vida e, consequentemente, na
liberdade atribuída ao fenômeno biológico?
O que se intenta desenvolver é uma análise da fundamentação da ética
da responsabilidade proposta por Jonas. Por certo, Jonas em O Princípio
Responsabilidade esteve engajado no desenvolvimento de uma teoria ética
que desse conta de tratar a técnica moderna como um fenômeno a ser
considerado pela moralidade, bem como buscou repensar a natureza, ou o
fenômeno da vida, como detentores de direitos, e não mais só os homens,
sendo isto a base que dá sustentação ao Princípio Responsabilidade na própria
obra. O olhar que aqui se intenciona lançar sobre a ética jonasiana e sobre sua
fundamentação é o de buscar compreender como esta utiliza como
pressuposto a ontologia desenvolvida por Jonas em O Princípio Vida, mais
6

especificamente o conceito de vida desenvolvido pelo filósofo, e a interpretação


do fenômeno biológico da vida através do conceito de liberdade.
Ainda que seja tópico de discussão em Princípio Responsabilidade, a
questão proposta neste trabalho não é tanto demonstrar que a ética da
responsabilidade se trata de uma ética biocêntrica1 contra o antropocentrismo
das éticas anteriores. Nosso trabalho volta-se mais para a interpretação
jonasiana do fenômeno da vida desenvolvida em Princípio Vida e sua proposta
monista, a fim de elucidar de que modo o conceito de vida e o conceito de
liberdade apresentados por Jonas nessas obras atuam como pressupostos
ontológicos para a ética da responsabilidade. Nesse sentido, faz-se necessário
destacar o esforço de Jonas em aplicar ao fenômeno da vida, desde sua mais
ínfima manifestação (o metabolismo) uma categoria de subjetividade, esforço
este desenvolvido em Poder ou impotência da subjetividade (2005).

FUNDAMENTAÇÃO
Enquanto que a filosofia biológica de Hans Jonas tem como principal
objetivo repensar o fenômeno da vida, deixando de lado os paradigmas
apresentados pelo dualismo, sua teoria ética busca problematizar a relação
entre o homem e a natureza, bem como o homem com a própria humanidade.
A obra de Jonas, nas palavras de Oliveira, esboça “uma tentativa de superação
ontológica do dualismo reinante na filosofia ocidental moderna, por cujo intento,
(...) chega-se, também, à superação ética desse dualismo” (OLIVEIRA, 2011,
p.42). Assim como sua filosofia biológica deve ser entendida como um
pressuposto para a compreensão de sua teoria ética, Oliveira defende que a
teoria ética de Jonas, ao lidar com a separação entre homem e natureza e as
consequências morais advindas desta, também pressupõe a superação do
dualismo em um âmbito ainda mais primordial, o próprio ser.
O dualismo representa um dos principais problemas na obra de Hans
Jonas, podendo até ser compreendido como a questão que atravessa toda sua
produção: desde sua tese de doutoramento a respeito do gnosticismo dos

1
Sobre isso ver a dissertação de VALE, Francílio Vaz do. Biocentrismo na ética da
responsabilidade de Hans Jonas. Dissertação (Mestrado em Ética e Epistemologia). UFPI,
Teresina, 2013.
7

primeiros cristãos até O Princípio Responsabilidade o autor posiciona-se


contrário ao dualismo e procura, tanto em sua obra a respeito do fenômeno da
vida quanto em sua obra ética, combatê-lo. Para Jonas, o dualismo moderno,
ou existencial, tem sua base ou referência na experiência religiosa dos
primeiros cristãos, e influenciou negativamente, tanto a relação do homem com
a natureza, como a intepretação do fenômeno da vida. Em outras palavras, o
dualismo foi o principal parâmetro para o pensamento humano, fosse científico
ou filosófico.
Facilmente assumimos que somos os detentores do mais alto grau de
evolução, possuímos consciência e enfrentamos uma longa busca pela
verdade. Mas, antes de qualquer coisa, devemos assumir que compartilhamos
o mesmo processo de evolução. Assim, pode-se ver que já no seio da
compreensão filosófica da biologia lançada por Jonas, temos elementos que
ensejam uma noção de moralidade mais ampla, em que os valores éticos
possam ser estendidos a todo o reino da vida.
Um dos conceitos que permitirá a compreensão da obra ética de Jonas e
é o conceito de liberdade. A liberdade, como concebida por Jonas, permite que
se leve adiante uma leitura filosófica do fenômeno da vida, bem como dá a
abertura necessária para o debate moral a respeito do valor de todo o reino
vivo.
A cadeia em que a liberdade se inscreve está, segundo Jonas,
diretamente ligada ao risco. Quanto maior o grau de liberdade, maiores
também serão os perigos, assim, a vida humana pode comportar esse maior
grau de liberdade na natureza, mas também está sujeita aos maiores riscos. A
racionalidade é expressão de tal condição, a partir do momento em que
estamos livres para escolhermos quase tudo em nossas vidas, a técnica
moderna amplia o grau e característica das escolhas e coloca-nos em uma
situação de fragilidade ainda mais ímpar.

Para Jonas, o homem não é mais um ente desligado das


demais formas de vida e do reino orgânico em geral, mas
apenas uma forma mais acabada do desenvolvimento vital, no
qual a liberdade atinge um grau superior apenas na medida em
que tenha emergido já nas suas formas mais primitivas.
(OLIVEIRA, 2011, p.43).
8

A ligação entre ética e ontologia se dá a tal ponto que Jonas apresentou


a passagem do não-orgânico para o orgânico como um gesto de perigo, tal
gesto é responsável por instalar o paradoxo ‘ser’ e ‘não-ser’. O organismo
passou a possuir seu ser de maneira condicional e revogável. Enquanto a
matéria não-orgânica não possui uma relação de troca com o meio, senão
apenas uma suscetibilidade às leis naturais (leis da física), a forma orgânica
passa a dispor de uma abertura ontológica, realizando uma troca de matérias
com o meio externo, abertura esta que, conforme o grau de complexidade da
forma orgânica, lhe permite um maior grau de liberdade, bem como lhe traz
uma maior fragilidade, daí falar-se de um paradoxo ‘ser’ e ‘não-ser’ no âmbito
biológico.
‘Liberdade’ tem que designar um modo de ser capaz de ser
percebido objetivamente, isto é, uma maneira de existir
atribuída ao organismo em si, e que neste sentido seja
compartilhada por todos os membros da classe ‘organismos’,
sem ser compartilhada pelas demais: um conceito
ontologicamente descritivo, que de início só possa ser mesmo
relacionado a fatos meramente corporais. (JONAS, 2004, p.
13).

A primeira manifestação da liberdade, segundo Jonas um princípio


ontológico, é o próprio passo que é dado da matéria inorgânica para a
orgânica. Algo que pode ser entendido como a saída do não-ser para o ser. O
metabolismo se difere de uma máquina porque em seu processo de troca com
o meio externo ele acaba por produzir a si mesmo. Liberdade e necessidade
estão numa relação tão complexa nos seres vivos que se tornam uma crise
constante. Representam a insegurança e fragilidade do ser frente ao não-ser.

A partir do livre desenlace primitivo do ser em relação ao não-


ser, tornou-se possível pensar a liberdade no âmbito subjetivo.
É por isso que Jonas afirma que a liberdade ‘pode servir de fio
condutor para a interpretação do que chamamos ‘vida’.
(OLIVEIRA, 2011, p.44).

Toda a obra de Jonas pode ser unida sob o núcleo de sua principal
pretensão: superar o dualismo ocidental. Jonas tende a compreender a história
da filosofia ocidental como uma constante dualidade aplicada ao mundo. Desde
a distinção entre o mundo dos homens e dos deuses até uma cisão realizada
no próprio homem entre matéria e espírito, estivemos sempre sob a égide de
9

explicações dualistas, ou, quando não, sob explicações pautadas em um dos


polos do dualismo (idealismo e materialismo).
A fundamentação da ética da responsabilidade jonasiana lança mão de
uma importante especulação a respeito da interação entre mente e corpo, ou
matéria e espírito. Diz-se ser um passo entre dois momentos de sua filosofia
porquanto que tal questão reverbera tanto na fundamentação de sua obra
ética, como faz parte de sua reflexão a respeito do fenômeno biológico da vida.
Para Jonas o correto é fundamentar, metafísica e ontologicamente, seu
imperativo, e aquilo que antes era premissa de toda ética, o homem, agora
também é objeto de nossa obrigação e depende de nossa responsabilidade. A
ética jonasiana parte de um finíssimo antropocentrismo, dada a excelência e
necessidade da existência da espécie humana, porém ruma a um biocentrismo
e preservação das demais formas de vidas. Jonas executa em sua obra ‘O
princípio vida’ a tarefa de estender a liberdade até a forma mais primitiva da
vida, o metabolismo. Uma questão necessária a ser enfrentada é justamente a
estrutura desse Ser.
O dualismo não diz respeito apenas à separação entre o mundo em que
o homem vive e um outro ideal, mas, sobretudo, a uma cisão no próprio
homem (corpo [soma] e alma [psyche]). Um dualismo cósmico, outro dualismo
antropológico. O dualismo radical, de tipo cartesiano, (res extensa e res
cogitans) exime o homem de qualquer interesse pela natureza. Enquanto que a
explicação fisicalista de ser (uma expressão pós-dualista, mais
especificamente, materialista) exclui o espírito da matéria e passa a explicar a
mente a partir de leis físico-químicas determinadas, dizimando qualquer
possibilidade de falarmos em subjetividade ou liberdade.
Todos esses são passos essenciais para a fundamentação de sua ética.
Cabe ressaltar, entretanto, que a superação do problema psicofísico é
entendida como conditio sine qua non para a própria possibilidade da
liberdade, e assim, para a própria ética, ou melhor, para toda e qualquer ética.
A obra Poder ou impotência da subjetividade (2005) é uma parte
importante da fundamentação da ética da responsabilidade de Hans Jonas, e,
a princípio, era intenção do autor que ela compusesse a respectiva obra. O
objetivo de Jonas em seu texto ‘Poder ou impotência da subjetividade’ pode ser
definido da seguinte maneira: demonstrar que existe interação psicofísica e que
10

esta é compatível com a causalidade natural, e, por fim, a formulação de uma


nova doutrina do ser. Em outras palavras, enfrentar de um modo novo o
problema psicofísico e refutar o determinismo naturalista da vida psíquica.
Jonas se coloca, não só contra a abordagem fisicalista, mas, já de
antemão, às duas principais abordagens metafísicas pós-dualismo:
materialismo e idealismo. Sendo a própria necessidade de combater essa
perspectiva um dever moral para Jonas, pois, mais do que nunca, essa
perspectiva levaria o organismo, a vida, a não serem reconhecidos como
portadores de um bem-em-si, algo essencial para sua consideração moral;
assim como não haveria lugar para a própria liberdade, pressuposto de toda
ética, já que segundo o determinismo inerente à abordagem fisicalista, todos
nós estaríamos sobrepujados à causalidade universal. O erro – isto é, que o
espírito é impotente frente à matéria – é tão poderoso graças ao prestígio que o
liga às ciênciais naturais, que o chega a constituir-se como um grave obstáculo
teórico para as pretenções de Jonas.
Jonas afirmou que com o evolucionismo foi possível mostrar que o
espírito é contínuo em relação ao desenvolvimento mais básico das formas de
vida. Assim, o projeto cartesiano, e, de certa forma, todo o projeto moderno, de
relacionar espírito à racionalidade e limitá-lo ao humano, ruiu. A filosofia
biológica de Jonas se constitui como um esforço de demarcar isso, e mais, de
caracterizar os monismos pós-dualistas como formas insuficientes quando se
trata de explicar o fenômeno da vida. Tanto o monismo materialista, como o
idealismo não chegaram a realizar uma real superação do dualismo, mas
unicamente se pautaram em um dos dois lados da visão dualista.
O evolucionismo se constitui como um avanço teórico em relação ao
monismo materialista. Se os homens possuem um parentesco com os outros
animais, por certo podemos dizer o inverso, que os animais possuem
parentesco com o homem, e, assim, partilham em algum grau da liberdade. A
interioridade se torna coextensiva à própria vida.

A vida se orienta em direção ao mundo pela via de uma


interdependência, e sua condição é de uma abertura para o
encontro com a realidade exterior, que lhe fornece as
condições de existência. O encontro é outro nome da dialética
e se efetiva como o momento da liberdade. (OLIVEIRA, 2011,
p.49).
11

Aquilo que Jonas definiu enquanto subjetividade distingue-se bastante


da subjetividade como propagada pelos modernos2. Se estes têm como
horizonte da subjetividade o conceito de “eu”, para Jonas a subjetividade
possui uma relação estreita com o próprio fenômeno da vida. Isso que
descrevemos como encontro, ou, a abertura do organismo, seja ele o mais
simples metabolismo, quer seja um animal como o homem, é aquilo que evoca
uma resposta a um estímulo. Por certo, ainda que Jonas estivesse atribuindo a
toda forma orgânica essa estrutura subjetiva, é só nos animais que poderemos
perceber a interação mais complexa entre liberdade de movimento, percepção
e sentimento.
A complexidade que é inerente ao aumento da liberdade nos animais,
também traz a estes um maior risco de morte. A fragilidade do homem se dá
tanto por ser este um animal e estar sujeito, junto a todos os outros, aos
perigos próprios da aventura de viver, como também pela sua grande
capacidade em criar novos aparatos técnicos para facilitar suas tarefas e saciar
sua vontade e lograr êxito.
As críticas de Jonas ao dualismo são severas e pontuam bastante a
influência deste tipo de filosofia no modo como lidamos com a natureza. Em
poucas palavras poderíamos definir isso como uma desvalorização da
natureza, porquanto identificada como matéria sem qualidades; viva, mas sem
o atributo que serviu de parâmetro para alguma atribuição de valor, a
subjetividade. Esta visão foi, por assim dizer, construída pelos filósofos
modernos e levada adiante e solidificada pela ciência moderna.

Esta desvalorização existencialista da natureza é


manifestadamente um reflexo do seu esvaziamento espiritual
pela ciência natural moderna, e esta possui alguma coisa em
comum com o desprezo gnóstico da natureza. Nunca uma
filosofia preocupou-se tão pouco com a natureza quanto o
existencialismo para quem ela não conservou nenhuma
dignidade. (JONAS, 2004, p. 250).

Para além dos problemas morais no nosso trato com a natureza e com o
fenômeno da vida advindos, em grande parte, da herança dualista que
possuímos, a técnica moderna deverá ser outro problema considerado pela

2Considera-se aqui o Idealismo, uma das vertentes metafísicas pós-dualistas que se configura
como um problema para Jonas.
12

ética. Isto é tal que a obra O Princípio Responsabilidade recebeu de Jonas o


subtítulo de “ensaio de uma ética para a civilização tecnológica”.
Jonas está ligado a pensadores (Heidegger, principalmente) que
desenvolvem uma crítica ao modo de produção técnico moderno, em que o
sujeito se vê cada vez mais distante dos produtos. Assim como também este
sujeitos não são mais capazes de determinar o alcance das consequências que
a utilização destes aparatos pode produzir.
Jonas lembrou, logo no início de O Princípio Responsabilidade, algumas
características das éticas desenvolvidas até seu tempo. Seriam elas: uma
natureza fixa e já dada; uma noção de bem referente ao agir; uma definição de
limites das ações dos homens3. No entanto, tais noções não dão mais conta de
refletir sobre o agir moral do homem. A natureza do agir humano foi modificada
pela tecnologia moderna. E é tarefa da ética considerar tais modificações e
refletir sobre o modo como nossas ações clamam agora por um novo tipo de
pensamento moral.
Nesse momento Heck lembra o motivo de Jonas se distanciar e até
mesmo criticar a teoria ética kantiana. Sua crítica se dá, principalmente, pelo
caráter limitado das interações humanas que são consideradas pelo imperativo
ético kantiano. O mesmo se restringe às relações próximas espaço-
temporalmente. E além de tal questão, Jonas ainda lembrou que a ética
kantiana não leva em conta nenhuma obrigação dos humanos para com a
natureza não-humana.4
Na história da humanidade, o homem restringiu a pensar seu agir
apenas no âmbito da cidade e das relações com seus concidadãos. A
natureza, considerada autossuficiente e apta a restaurar-se mesmo com as
ações dos homens, não fazia parte do rol da moralidade. E mesmo o agir
humano referente ao uso da técnica estava isento de consideração moral,
salvo a medicina. As éticas tradicionais estão edificadas somente sobre as
relações entre os homens (antropocentrismo) de um dado tempo e lugar. E
além da natureza ser desconsiderada pelo homem em seu agir, o próprio
homem era tomado como possuidor de uma essência, tida como determinada.

3
Cf. JONAS, 2006, p.29
4
Cf. HECK, 2011, p.64
13

O universo moral consiste nos contemporâneos, e o seu


horizonte futuro limita-se à extensão previsível do tempo de
suas vidas. Com o horizonte espacial do lugar ocorre algo
semelhante, no qual o que age e o outro se encontram como
vizinhos, amigos ou inimigos, como superior hierárquico e
subalterno, como o mais forte e o mais fraco, e em todos os
outros papéis nos quais os homens têm a ver uns com os
outros. Toda moralidade situava-se dentro dessa esfera da
ação. (JONAS, 2006, p. 36)

Apesar de suas críticas às éticas tradicionais por conta de suas


limitações, Jonas ainda as considerava válidas para dentro da esfera cotidiana
da interação entre os homens. Porém, se faz necessário também outro
pensamento moral, mais amplo e eficaz, para dar conta dessa nova natureza
do agir humano, bem como do dever em considerar moralmente a
vulnerabilidade na natureza.

A natureza como uma responsabilidade humana é


seguramente um novum sobre o qual uma nova teoria ética
deve ser pensada. Que tipo de deveres ela exigirá? Haverá
algo mais do que o interesse utilitário? É simplesmente a
prudência que recomenda que não se mate a galinha dos ovos
de ouro, ou que não se serre o galho sobre o qual se está
sentado? Mas ‘este’ que aqui se senta e que talvez caia no
precipício – quem é? E qual é o meu interesse no sentar ou
cair? (JONAS, 2006, pp. 39-40).

A teoria ética jonasiana está firmada em uma noção de que as coisas


mesmas possuem valor. E partir desse valor inerente às coisas, à própria
natureza, tem-se o postulado de um dever, um “ser-que-tem-que-ser”5. Assim,
a ética da responsabilidade de Jonas pode ser considerada uma alternativa às
éticas antropocêntricas porquanto ensaia pensar a natureza como possuidora
de um valor moral não só por ser o homem dependente desta, mas, sobretudo,
por ser ela mesma um bem.

Isso significaria procurar não só o bem humano, mas também o


bem das coisas extra-humanas, isto é, ampliar o
reconhecimento de ‘fins em si’ para além da esfera do humano
e incluir o cuidado com estes no conceito de bem humano.
Nenhuma ética anterior (além da religião) nos preparou para
um tal papel de fiel depositário – e a visão científica de
natureza, menos ainda. Esta última recusa-nos até mesmo,
peremptoriamente, qualquer direito teórico de pensar a
natureza como algo que devemos respeitar – uma vez que ela

5
Cf. HECK, 2011, p.65.
14

a reduziu à indiferença da necessidade e do acaso, despindo-a


de toda dignidade de fins. (JONAS, 2006, p. 41).

O saber ocupa uma posição especial na moral, segundo Jonas. A


imprevisibilidade das ações é um problema para a ética. Deve-se reconhecer a
ignorância que temos em relação aos diversos efeitos futuros que o uso da
técnica pode trazer. O prolongamento espaço-temporal das ações em nosso
tempo requerem uma igual consideração ética. E, conforme Jonas, nenhuma
ética ou metafísica desenvolvidas anteriormente dão conta de oferecer um
princípio que nos guie nesse percurso.
Outro ponto a ser considerado refere-se ao que o nosso filósofo adverte
sobre o ideal de progresso moderno, que vem a ecoar sobre o homem e sobre
o processo natural da evolução. A evolução, como ocorre naturalmente, nunca
foi um mal, pelo contrário, ela nos legou a possibilidade de decidirmos sobre
diversos pontos de nossas vidas.

No entanto, é exatamente esse elemento transcendente que


está ameaçado de ser lançado também no cadinho da alquimia
tecnológica, como se a condição de todo poder rever também
fizesse parte daquilo que é passível de ser revisto. (JONAS,
2006, p. 80).

Agora a técnica possibilita ao homem escolher não só as novas


características dos novos dispositivos técnicos, mas o próprio homem tem a
possibilidade de intervir em sua evolução.
A ciência e o ideal de progresso pregado na modernidade incorporaram
a vida e o homem de tal forma que a técnica passou de um recurso para o
homem que necessitava produzir seu sustento para um fim em si mesmo,
tornando-se um elemento central para a humanidade do nosso tempo. A
dinâmica cumulativa dos efeitos da técnica representa agora um perigo
impensável e imprevisível e não há em nenhuma das éticas tradicionais um
mandamento que nos resguarde de tal perigo. E nesses termos vemos o
niilismo, que Jonas identifica na história da filosofia no Ocidente, amparar-se na
técnica e na conjuntura da Modernidade.

Num período da história em que a humanidade vive sob a


sombra do niilismo, sem normas objetivas, a universalidade
deve ser capaz de lidar com a multiplicidade de valores que
emergem a cada dia; o ‘princípio responsabilidade’ se configura
em uma confissão de uma nova e paradoxal humildade, a de
15

que o poder humano é infinito e ao mesmo tempo insignificante


diante dos próprios desdobramentos e consequências de sua
aplicação. (ALENCASTRO, 2004, p. 112).

Mesmo que estejamos sobre a égide da técnica e de uma conjuntura


antropocêntrica, uma ética tal como a pensada por Jonas talvez ainda consiga
suplantar a visão dualista e dar conta de nos fazer pensar nosso dever moral,
bem como refletirmos sobre o fenômeno da vida. Nas palavras de Jonas:

Entretanto, um apelo mudo pela preservação de sua


integridade parece escapar da plenitude ameaçada do mundo
vital. Devemos ouvi-lo, reconhecer sua exigência como
obrigatória – porque sancionada pela natureza das coisas –, ou
então devemos ver nele, pura e simplesmente, um sentimento
nosso, com o qual devemos transgredir quando quisermos ou
na medida em que pudermos nos dar ao luxo de fazê-lo? A
primeira alternativa, se tomada a sério em suas implicações
teóricas, nos impeliria a estender a reflexão sobre as
alterações mencionadas e avançar além da doutrina do agir, ou
seja, da ética, até a doutrina do existir, ou seja, da metafísica,
na qual afinal toda ética deve estar fundada. Mais não pretendo
tratar aqui desse objeto especulativo, a não ser dizendo que
deveríamos nos manter abertos para a ideia de que as ciências
naturais não pronunciam toda a verdade sobre a natureza.
(JONAS, 2006, p. 42).

Diagnosticado isso, Jonas desenvolveu em O Princípio Vida sua


ontologia que se centraliza na vida, no fenômeno da vida como algo uno,
monista, e com isso, espera desenvolver a base metafísica que dará
sustentação à sua teoria ética, deixando de lado essa deturpação da visão da
vida, possibilitando agora ao homem pensar a natureza como responsabilidade
sua. Jonas possui como plano de fundo de sua teoria ética a sua filosofia da
natureza que consegue conjugar fenomenologia e neoaristotelismo, dando
assim uma fundamentação naturalista para sua moral.6
A tarefa que se pretende aqui é a de, a partir da proposta ética de Hans
Jonas para a civilização tecnológica, retomar os estudos a respeito do
fenômeno da vida e, utilizando o conceito de vida e liberdade, desenvolver uma
reflexão a respeito do modo como Jonas tomou estes como pressupostos
ontológicos para sua teoria ética. Tendo em vista que o caráter metafísico, um
dos mais importantes para a teoria ética de Jonas, aponta para critérios morais

6
Cf. HECK, 2011, p.68.
16

anteriores à própria formação da consciência dos sujeitos, para uma esfera


ontológica da própria estrutura da vida.

Nesse quadro, o referimento ao conceito de natureza na


reflexão moral aparece como uma presença constante, a partir
de um confronto que delineia uma dicotomia entre fato e valor,
que, entretanto, nas últimas décadas tem dado hospitalidade à
linha interpretativa de revalorização da dimensão ética da
realidade natural. (MUSSATO, 2009, pp. 1-2 [Tradução
minha]).7

Como afirmou Mussato, uma retomada da natureza na discussão moral


vem sendo feita há certo tempo. O mérito de Jonas talvez resida no modo
como ele apontou para a solução da dicotomia entre fato e valor e, mesmo,
para aquilo que ele atribui como causa de tal dicotomia, o dualismo. A crítica
que Jonas teceu ao dualismo moderno é tanto pela separação entre matéria e
espírito, quanto pela cisão no campo da moralidade entre ser e dever-ser.
Destarte, considerar-se-á tanto sua crítica ao dualismo, como também a
análise que o filósofo faz da natureza do agir humano que foi modificada pela
técnica moderna. Sua proposta consiste, então, em uma revisão em nossa
concepção de natureza e da própria vida, bem como das atribuições morais
que estão ligadas a estas.

A reconstrução jonasiana do confronto crítico endereçado ao


contexto da própria formação filosófica mostra claramente
como a possibilidade de tomar a dimensão natural da vida
deriva da transformação da mesma análise existencialista e da
fenomenologia ‘pura’, de modo a ser traduzida no âmbito
ontológico uma nova leitura do dito biológico. (MUSSATO,
2009, p. 5 [Tradução minha]).8

A respeito de trabalhos de pesquisas anteriores a este, LOPES (2008) já


havia problematizado a questão da fundamentação da ética jonasiana na
dissertação intitulada “A fundamentação metafísica do princípio
responsabilidade de Hans Jonas”. Para ele, a fundamentação da ética
jonasiana está ligada diretamente ao valor que o homem possui. “Demonstrar

7 In questo quadro, il riferimento al concetto di natura nella riflessione morale appare una
presenza costante, a partire da un confronto che delinea una dicotomia tra fatti e valori, che,
però, negli ultimi decenni ha dato ospitalità a linee interoretative di rivalutazione della
dimensione etica della realtà naturale.
8 La ricostruzione jonasiana del confronto critico indirizzato al contesto della propria formazione

filosofica mostra chiaramente come la possibilità di cogliere la dimensione naturale della vita
derivi dalla tranformazione delle stesse analisi esistenzialistiche e della fenomenologia ‘pura’,
cosi da tradurre in ambito ontologico una nuova letturadel dettato biologico.
17

que o homem é o valor absoluto, explicitar-se-á o que é o próprio homem, isto


é, qual é a sua essência, pois é a imagem de homem que oferecerá, por fim, o
fundamento metafísico da ética” (LOPES, 2008, p.5).
Somos levados a discordar de Lopes em relação à fundamentação do
princípio responsabilidade de Jonas. Por certo, o homem ocupa um lugar
privilegiado na teoria ética da responsabilidade, visto que é ele o detentor do
maior grau de liberdade na natureza, bem como único capaz de utilizar a
técnica, em sua forma moderna, em função de suas vontades, configurando-se,
assim, como aquele que cria a demanda por uma moral para a sua própria
capacidade técnica. No entanto, somos levados a crer que não é propriamente
o homem o fundamento da ética da reponsabilidade jonasiana. Considerando a
empresa jonasiana em superar o dualismo e conceber uma nova leitura do
fenômeno biológico da vida através da atribuição de liberdade de uma ponta a
outra da evolução, apresentamos o próprio conceito de vida, e a liberdade
atribuída a este, como a fundamentação metafísica necessária para seu projeto
ético para a civilização tecnológica.
Nossa proposta de trabalho será diferente da de Lopes por focar no que
ele concebe como visão niilista de mundo. Faremos isso por entender a obra
de Jonas como possuindo como unidade justamente o projeto de superação do
dualismo, segundo o filósofo, característico de toda a filosofia ocidental. Assim,
trataremos a questão da técnica muito mais como uma consequência,
empregando nossa atenção na revisão e interpretação do fenômeno da vida
desenvolvida por Jonas, a fim de analisar de que modo o filósofo concebe sua
concepção de vida (monismo integral) como uma proposta de superação para
dualismo, bem como a utiliza como fundamento para a sua ética da
responsabilidade.
A compreensão ética jonasiana pressupõe o conhecimento a respeito da
leitura filosófica que Jonas fez da biologia e do evolucionismo, por certo. Uma
importante questão que se faz é saber de que modo ambas funcionam como
pressuposto uma da outra.

O lastro metafísico da ideia de humanidade tem sua


continuidade consequente em uma teoria teleológica de ação,
na qual propósitos subjetivos repousam sobre uma objetividade
de fins, contidos na natureza como valores imanentes a ela e,
portanto, previstos por ela própria. (HECK, 2011, p.65).
18

A aposta que se faz junto a Jonas é que a própria filosofia biológica, ou


ontologia dos organismos, como se preferir, seria o fundamento da ética da
responsabilidade. E esses fins, como afirmou Heck anteriormente, que estão
contidos na natureza e que são, de algum modo, previstos por ela, se
configuram como uma noção teleológica que levam a ética naturalista de Jonas
ao núcleo especulativo da proposta ética e da filosofia biológica aqui discutida.9

OBJETIVOS
Objetivo geral:

Explicitar a fundamentação ontológica da teoria ética de Hans Jonas, a


partir de sua concepção de vida desenvolvida em O Princípio Vida, e da noção
de liberdade atribuída a esta para fundar seu princípio responsabilidade.

Objetivos específicos:

1. Mostrar que a ética da responsabilidade de Jonas se constitui como uma


proposta de superação do dualismo, principalmente da influência deste
no âmbito moral (questão de fundamentação do dever-ser no ser).
2. Mostrar como Jonas propõe um novo modo de compreendermos o
fenômeno da vida a partir de sua filosofia biológica.
3. Apontar de que modo o conceito de liberdade utilizado por Jonas em sua
obra O Princípio Vida pode ser compreendido como elo entre sua obra
ontológica e sua obra ética.

METODOLOGIA
A metodologia que pretendo utilizar parte de uma abordagem
hermenêutica, desenvolvendo uma leitura crítico-reflexiva das duas principais
obras de Hans Jonas (O princípio responsabilidade e O princípio vida), assim
como de outras obras do autor e de seus importantes comentadores. Um

9
Cf. MUSSATO, 2009, p. 2
19

terceiro texto importante no desenvolvimento do trabalho será a obra Poder ou


impotência da subjetividade, a partir do qual mais nos apoiaremos da defesa da
hipótese de que a ética da responsabilidade jonasiana trabalha com os
conceitos de vida e liberdade como pressupostos.
Referente ao problema de pesquisa, até o momento identificamos uma
dissertação de mestrado que enfrenta, de algum modo, um questionamento
próximo ao desta pesquisa. A dissertação de LOPES (2008) será em diversos
pontos deste trabalho contrastada com nossa pesquisa.
Entre os principais comentadores da obra de Jonas que serão utilizados
como suporte no desenvolvimento deste trabalho, além daqueles que já foram
citados neste projeto, estão DONNELLEY(2004), FONSECA(2010),
FURIOSI(2003), LARRÈRE e POMMIER(2013), MICHELIS (2007),
MIRANDA(2012), RUSSO(2004), TIBALDEO(2009), VIANA(2010) e
WOLFF(2009). As obras destes auxiliarão principalmente na compreensão da
filosofia da biologia de Jonas, bem como nos proporcionarão uma importante
confirmação de que a obra ética de Jonas está alicerçada em sua filosofia da
vida.
Nesta pesquisa estarei considerando como hipótese para a questão
proposta que, levando em conta tanto o projeto metafísico como sua ética,
Jonas desenvolveu os dois âmbitos de sua obra a partir de um horizonte
comum: sua crítica ao dualismo. A partir deste e de suas duas faces, metafísica
e ética, Jonas elaborou a ética da responsabilidade em resposta não só a uma
crise advinda do poderio tecnológico moderno, como também, e principalmente
a este, ao problema da relação entre homem e natureza.
A proposta aqui em questão é a de que, devemos utilizar como chave
para entendimento do projeto ético de Jonas o conceito de vida proposto pelo
mesmo em sua obra a respeito do fenômeno biológico da vida, considerando
ainda a revisão do conceito de liberdade e a importância deste para a ética da
responsabilidade, assim como para o próprio ser, em seu sentido biológico.
20

SUGESTÃO PRELIMINAR DE SUMÁRIO

Introdução
1. A ética da responsabilidade de Hans Jonas
1.1 A técnica como problema ético
1.2 A noção de dever a partir do ser
2. Da crítica ao dualismo ao monismo integral
2.1 O dualismo como problema para a compreensão da vida
2.2 O monismo integral
3. Liberdade: pressuposto ontológico da biologia e da ética
3.1 Liberdade necessitada: a compreensão do fenômeno da vida a partir
do evolucionismo
3.2 A ética naturalista de Jonas: do ser ao dever-ser
Considerações finais
21

CRONOGRAMA

Ano 2013 2014 2015

Fases do Trabalho 1º Sem 2º Sem 1º Sem 2º Sem 1º Sem

Disciplinas X X

Estudo sistemático da
bibliografia principal e
X X X X
levantamento das fontes
secundárias.

Seleção e documentação
X X X
das fontes secundárias

Seleção e documentação
X X X X
das fontes secundárias

Redação da introdução e
dos itens 1, 1.1, 1.2 do X
sumário de trabalho

Redação do item 2, 2.1 e


X X
2.2 do sumário de trabalho

Redação do item 3, 3.1 e


3.2 e das Considerações
X X
Finais do sumário de
trabalho

Revisão da dissertação X

Qualificação [três
Ago./2014
primeiros capítulos]

Mar./2015
Defesa da dissertação
22

REFERÊNCIAS

ALENCASTRO, Mário S. C. A ética de hans jonas: alcances e limites sob uma


perspectiva pluralista. Curitiba: UFPR, 2004. (Tese de doutorado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente).

DONNELLEY, Strachan. Hans Jonas, the philosophy of nature, and the ethics
of responsibility. Social Research, vol. 55, n.3, outono, 1989.

FONSECA, Lilian S. G. Liberdade na necessidade ou a resolução do dualismo


segundo Hans Jonas. Dissertatio. 32, 2010, p. 55-75.

FURIOSI, Maria L. Uomo e natura nel pensiero di Hans Jonas. Milão: Vita e
Pensiero, 2003.

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Evanston: Northwestern University Press, 1996.

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______. O princípio vida. Tradução de Carlos Almeida Pereira. São Paulo:


Vozes, 2004.
______. Poder o impotencia de la subjetividade. Buenos Aires: Paidós,
2005.

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tecnológica. Tradução do original alemão: Maijane Lisboa e Luiz Barros
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23

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