Pedagogia da Direção Espiritual – Aula 3 (2ª parte)

Se você tem o livro “A Pedagogia da Direção Espiritual” deve ter

percebido que as obras de São João da Cruz são difíceis de entender.
Por isso, quero dedicar essa aula a São João da Cruz, para que ele se
torne o seu melhor amigo.

Ele não é um teórico, um estudioso, um químico, um filósofo, um

teólogo que reflete e depois diz. Ele é alguém que teve a experiência
e, depois, comunica a sua experiência para poder nos ajudar neste
crescimento interior. Ele é um mestre, um mistagogo. Aliás, segundo
alguns estudiosos é um dos melhores diretores espirituais de todos os
tempos.

São João da Cruz quer nos ajudar desde o primeiro passo, quando
decidimos entregar-nos a Deus e acompanhar-nos até o cume mais
alto da espiritualidade que é o “matrimônio espiritual” (ou seja, uma
profunda transformação interior). Assim, ele apresenta os passos que
devemos dar para chegar a esse cume. E que passos são esses?

-a purificação;

- a entrega total a Deus;

- a busca da vontade de Deus;

- o abrir-se à graça;

- superar os próprios defeitos;

- lutar e despojar-se para ser totalmente e, plenamente, possuído por

Deus.

Nesse caminho espiritual, São João da Cruz distingue três pequenas

etapas:

1º) os principiantes

2º) os proficientes

3º) os perfeitos

Vamos esclarecer cada etapa :

1º - Principiantes

A pessoa que inicia o caminho espiritual é muitas vezes dominada

pelo entusiasmo. Deseja correr, quer chegar primeiro, é desejosa,
impaciente, quer fazer tudo em um único dia. Isso cansa bastante.

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Todos nós somos principiantes, necessitamos caminhar passo a

passo.

O Papa Bento XVI diz que a perfeição e a santidade são conquistadas

passo a passo, lentamente, sem se apavorar e também, sem desistir
dos objetivos que temos.

2º - Proficientes

São aqueles que avançam no caminho, que não param e vão sempre
buscando. Esse seguir é um caminho muito importante.

No livro “Pedagogia da Direção Espiritual” você vai encontrar muitas

páginas em que São João da Cruz fala sobre os principiantes, os
proficientes e os perfeitos.

3º- Perfeitos

São aqueles que chegam à perfeição e criam uma união mais íntima
com Deus que é graça e dom.

Mas a santidade, não se esqueça, é o encontro de duas liberdades:

de um lado, a liberdade de Deus que nos chama a santidade. Por isso
que todos nós somos vocacionados a santidade. A santidade não é
privilégio de um pequeno grupo de pessoas, sejam elas freiras,
padres, bispos, papa ou de cristãos engajados. Todo batizado é
chamado à santidade, é uma vocação universal.

O Concílio Vaticano II, no documento Lúmen Getium, fala bastante

sobre esse aspecto universal. Santa Teresinha fez essa afirmação
quase um século antes do Concílio. Ela afirma que o desejo de
santidade é colocado por Deus no coração do homem e que Ele não
colocaria no coração de uma pessoa desejos irrealizáveis. Portanto, a
santidade não pode ser algo complicado, difícil. Para João da Cruz a
santidade é chegar a esta perfeição, a esta vivência e a este amor
profundo.

Se você tiver a oportunidade de ter em suas mãos as obras

completas de São João da Cruz, não comece a leitura pela “Subida do
Monte Carmelo” ou pela “Noite Escura”. São livros um tanto
complicados e que podem te desanimar.Comece pelo “Cântico
Espiritual” ou a “Chama Viva de Amor”, em que São João da Cruz faz
uma profunda explanação da experiência positiva de Deus. Deus é
tudo e sendo Ele o tudo, nós devemos renunciar a todas as coisas
para possuir o tudo de Deus.

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A linguagem de São João da Cruz é uma linguagem filosófica da

Idade Média. Então, de fato, ela é complexa. Apesar disso, ele é
muito paternal e um grande guia espiritual. Ele quer conduzir as
pessoas a percorrerem o caminho espiritual para chegar à santidade
e a unidade com o Senhor. É claro que ao longo desse caminho,
encontraremos dificuldades e lutas, mas devemos esvaziar de nós
mesmos os nossos sentimentos humanos, para deixar o nosso
coração livre para que Deus possa tomar posse de nós.

João da Cruz nos diz na primeira estrofe do cântico espiritual: “Aonde

te escondeste amado?” E depois diz também: “Saiba, oh alma
formosíssima, que tu mesma és o aposento de Deus. Não procure
Deus fora de ti, nem longe de ti, porque Deus habita no teu coração”.

Para chegar a esta posse de Deus, a esse encontro com Deus dentro
de nós, devemos libertar-nos de todas as coisas que sujam a nossa
vista, o nosso coração e nos impedem de chegar ao encontro
profundo com o Senhor.Todos nós somos sempre principiantes. Mas
principiante, proficiente e perfeito são as três etapas que nós
devemos percorrer para chegar a essa intimidade com Deus.

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