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MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sérgio Dayrell (org.). O jornal: da forma ao sentido.

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002 (2ª edição).

FICHAMENTO

Capítulo 11
DELIMITAÇÃO, NATUREZA E FUNÇÕES DO DISCURSO MIDIÁTICO
Adriano Duarte Rodrigues

INTRODUÇÃO (p. 217)


 Discurso: o objetivo e expressão final da mídia;
 Discurso midiático: discurso acabado, sem intermitências ou vazios. O discurso
midiático flui de maneira constante e ininterrupta, se compõe de enunciados que se
apresentam habitualmente de forma acabada, sem revelar os seus processos de gestação;
 Uso predominante da terceira pessoa no discurso midiático: (forma verbal da não-
pessoa). É uma estratégia de universalidade referencial dos enunciados, uma
credibilidade dos enunciados independente do lugar de fala do enunciador. (p. 217-218);
(p. 218)
 Manutenção constante do contato com o público. O discurso da mídia não cessa, a
manutenção do contato com o público é incessante (função fática);
 No entanto, o silêncio é uma das instâncias de interlocução no discurso midiático. O
silêncio do público o torna presente nessa relação;
 Mesmo que silencioso, o público faz parte da cadeia de produção do discurso. O sentido
do discurso da mídia se assenta no silencioso processo de escuta por parte do público;
 Importante distinguir a posição de um ouvinte da posição de um destinatário de um
discurso. Ser destinatário de um discurso implica ser envolvido por ele, ser alvo de seu
sentido. Essa é a condição sem a qual não há público para o discurso midiático. (p. 218-
219);
(p. 219)
 O autor pretende apenas contribuir para a delimitação do âmbito do discurso
midiático, para tangenciar a natureza desse discurso, bem como de seus modos de
funcionamento. Além disso, o autor esclarece ainda que pretende pensar as relações
do discurso midiático com outras modalidades de discurso e as funções
desempenhadas por ele nas sociedades modernas;

O PROBLEMA DA DELIMITAÇÃO DAS FRONTEIRAS DO DISCURSO


MIDIÁTICO (p. 219)
 A delimitação do discurso midiático é tarefa complexa, uma vez que esse é um tipo
de discurso multifacetado e polimórfico. Esse aspecto é ainda mais agravado quando
se pensa a característica midiática de colocar todo tipo de discurso em circulação e
de sua capacidade de permear o restante das práticas discursivas;
 O discurso midiático é um discurso de mediação, já que contamina e é contaminado
por outras modalidades de discurso;
(p. 220)
 A contaminação recíproca entre os discursos midiáticos e as outras modalidades de
discurso acarreta a existência tanto de discursos midiáticos que não são veiculados
pelos órgãos de informação quanto a existência de órgãos de informação que
disseminam discursos não midiáticos;

A NATUREZA EXOTÉRICA DO DISCURSO MIDIÁTICO (p. 220)

 O âmbito de legitimidade do discurso midiático perpassa todos os domínios da


experiência moderna, não é limitado a um dos domínios específicos tal qual os
outros tipos de discurso. Dizemos que os discursos não midiáticos são esotéricos,
ao passo que o discurso midiático é exotérico, ou seja, trata-se de uma modalidade
discursiva que não se restringe a um corpo institucional em específico, mas que se
destinada a todos indiscriminadamente. Esotérico, nesse caso, designa o tipo de
discurso que se destina aos membros de uma instituição, exigindo a compreensão
de suas representações simbólicas próprias;
(p. 221)
 O discurso midiático é capaz de transmutar discursos esotéricos em discursos
exotéricos, fazendo-os transparentes e universalmente compreensíveis;
 O lugar de fala dos enunciadores autorizados do discurso midiático é um lugar
simbólico dessacralizado, ou seja, está aberto a todos e, assim, compõe a dimensão
simbólica da modalidade exotérica do discurso;
 Essa distinção entre a opacidade dos discursos das outras instituições e a
transparência do discurso midiático é essencial. Comumente os detentores da
legitimidade dos discursos de outras instituições acusam o discurso midiático de
atentar contra a autenticidade dos discursos especializados;
 O funcionamento exotérico do discurso midiático contribui para a homogeneização
das sociedades modernas e para a permeabilidade dos discursos das outras
instituições;

A NATUREZA METAFÓRICA DO DISCURSO MIDIÁTICO (p. 222)

 Como resultado da contaminação causada pelo discurso midiático entre as


diferentes modalidades discursivas ocorre um efeito metaforizante da prática
discursiva midiática. Essa é uma das consequências da função de mediação pela
qual o discurso da mídia é responsável.
(p. 223)
 Além da dimensão discursiva, as instituições têm uma dimensão pragmática que
lhes garante a competência nos domínios que lhes são exclusivos. Apesar dessas
dimensões se contraporem, elas guardar uma intersecção, haja vista que a palavra
também tem eficácia e a ação também é imbuída de simbolismos. A dimensão
pragmática é o que escapa do domínio do discurso da mídia;
 A mídia não se apropria de totalidade do discurso das outras instituições, mas tão
somente de seus componentes exotéricos, aqueles que se destinam a um público
indiferenciado. Esse aspecto acarreta um processo de reelaboração dessacralizante
dos diferentes discursos institucionais;
 Essa reelaboração do discurso esotérico das instituições para uma forma exotérica
de discurso é operada por profissionais cujo papel é adequar esses discursos às
exigências midiáticas (porta-vozes, agentes da informação, adidos da imprensa,
relações públicas, etc);
(p. 224)
 Os componentes exotéricos e esotéricos do discurso determinadas vezes entram em
conflito: nem sempre guardam limites claros;
 O discurso garante às instituições a transmissão de sua legitimidade como
normatizadoras e reguladoras de comportamentos e a capacidade de intervenção
eficaz nos limites de um determinado domínio da experiência.

A FUNÇÃO ESPECULAR DO DISCURSO MIDIÁTICO (p. 224)

 À instituição midiática cabe o papel de, nas sociedades modernas, homogeneizar a


vida coletiva e evitar a fragmentação das diferentes esferas da experiência na
contemporaneidade. A instituição midiática reflete a variedade das funções
pedagógicas, simbólicas, mobilizadoras e reparadoras das restantes instituições;

AS FUNÇÕES ESTRATÉGICAS DE COMPOSIÇÃO DO DISCURSO MIDIÁTICO (p.


225)

 O discurso midiático desempenha um papel estratégico de composição entre os


diferentes interesses das instituições tradicionais. Dentre tais papéis estratégicos se
destacam as modalidades de naturalização, de reforço, de compatibilização, de
exacerbação dos diferendos, de transparência e de alteração do regime de
funcionamento;
AS ESTRATÉGIAS DE NATURALIZAÇÃO (p. 225)
 Naturalização do recorte arbitrário da multiplicidade de domínios da experiência
realizado na modernidade assim como o poder legítimo, tanto expressivo como
pragmático, que as instituições detêm sobre eles. O efeito dessa naturalização é o
engendramento de um caráter inquestionável da legitimidade das outras instituições
pelo discurso midiático;
 As estratégias de naturalização guardam relação com a memória (dimensão mnésica
do discurso midiático). Enunciados efêmeros são retomados regularmente na forma
de retrospectivas ou citações e se constituem em mecanismos essenciais desta
dimensão mnésica do discurso midiático;
 O discurso midiático oscila entre efeitos de esquecimento/arquivação e efeitos de
rememoração das formas que vai arquivando. Assim, produzem-se efeitos de
habituação e de naturalização. (p. 225-226);

AS ESTRATÉGIAS DE REFORÇO (p. 226)


 O discurso midiático exerce um papel de reforçar a legitimidade das outras
instituições, empreendendo a sua disseminação por todo o tecido social. Fato
resultante da projeção pública de sua simbólica, contribuindo para a sua
manutenção no imaginário social;

AS ESTRATÉGIAS DE COMPATIBILIZAÇÃO (p. 226)


 O discurso midiático desempenha o papel de promover o esvaziamento da
conflitualidade nas sociedades modernas. Esse aspecto confere ao discurso
midiático a natureza exotérica que o torna apto para assegurar as suas funções de
mediação. Nesse processo opera-se o esvaziamento dos discursos institucionais em
confronto. A exposição do somatório de posições por parte da instituição
proporciona a garantia à instituição midiática de sua autonomia institucional como
promotora de valores da visibilidade e às instituições concorrentes o reforço das
suas posições relativas. (p. 226-227);

AS ESTRATÉGIAS DE EXACERBAÇÃO DOS DIFERENDOS (p. 227)


 Papel que se opõe ao exposto no tópico anterior. Determinadas vezes o discurso
midiático desempenha um papel de exacerbar as diferenças entre instituições,
catalisando antagonismos;

AS ESTRATÉGIAS DE VISIBILIDADE (p. 227)


 É por meio do discurso midiático que as outras instituições adquirem visibilidade.
Sem a intervenção mediadora do discurso midiático nada tem sua existência
socialmente reconhecida. Esta é uma função diretamente conectada com a natureza
exotérica da simbólica relativa ao discurso midiático;

A ALTERAÇÃO DOS REGIMES DE FUNCIONAMENTO (p. 227)


 O discurso midiático assegura ainda alterações significativas no regime de
funcionamento das instituições, quer acelerando, quer desacelerando o ritmo e a
intensidade do seu funcionamento (Ex: efeitos de aquecimento e inflação na
economia alternados com efeitos inversos periodicamente sendo isso um resultado
da projeção midiática das decisões tomadas pelos agentes com competência de
intervenção na esfera dos valores econômicos). Esses efeitos podem ser observados
em relação ao discurso midiático acerca de outras instituições como a religiosa, a
militar, a escolar, entre outras. A mídia acelera ou “trava” o discurso em torno das
instituições. A partir daqui se torna possível delimitar as funções do discurso
midiático e torná-lo distinto das outras modalidades de discurso;

A RELAÇÃO ENUNCIATIVA DO DISCURSO MIDIÁTICO (p. 228)

 O discurso midiático se caracteriza pela unilateralidade, nele não existe a relação


de alternância regular de tomada da palavra que tornam os interlocutores
destinadores e destinatários. No decurso da relação discursiva midiática o público
não tem a possibilidade de tomar a palavra. No discurso midiático o público não
escolhe a natureza da relação interlocutiva de que é destinatário, ainda que hajam
simulacros de interlocução como é o caso de interações por telefone ou pela
internet.
 A natureza unilateral da relação enunciativa é um bom critério para distinguir, nos
suportes midiáticos da informação, as modalidades midiáticas de discurso. (p. 229-
230);
 O discurso midiático é ainda caracterizado pela eliminação das marcas
enunciativas, ou seja, dos dispositivos da linguagem que explicitam a relação dos
enunciados com a pessoa, o lugar e o tempo da própria enunciação. O discurso é
produzido a partir de um lugar de fala de predomínio da função referencial e de uma
estratégia universalizante do próprio discurso midiático. (p. 230);
(p. 231)
 O discurso midiático é polifônico, caracterizado por uma pluralidade de vozes. Um
locutor singular enuncia um discurso que, embora seja seu, é também de outros
enunciadores;

A MUTUALIDADE DAS EVIDÊNCIAS (p. 232)


 Um dos problemas pragmáticos do discurso midiático está relacionado com a
probabilidade de entendimento de seus enunciados por parte do público. De que
maneira os enunciados da mídia podem ser apreendidos por uma diversidade de
indivíduos, a partir de quadros que escapam à percepção do locutor?
 A inferência de sentidos, em geral, é dada pela presença física, a co-presença
linguística e a pertença a uma comunidade da experiência do mundo. No caso do
discurso midiático, a presença do locutor é mediada por dispositivos que asseguram
o suporte do discurso. A co-presença linguística e a comunidade da experiência do
mundo desempenham, por isso, no caso do discurso midiático, um papel
determinante no entendimento do sentido, na constituição das evidências
mutuamente partilhadas, a partir dos quais o público infere aquilo que o locutor
quer dizer.
 Uso de elementos anafóricos e de unidades discursivas que remetem para outras,
criando assim efeitos co-textuais que ancoram o discurso a um sentido intertextual,
identificável pelo público, independentemente do horizonte da sua experiência
individual. (p. 232-233);
 Assim o discurso midiático se converte em um discurso auto-reflexivo, e relação ao
qual são situados os fatos, as referências ao mundo narrado.

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