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JURISDIÇÃO

1. Conceito: é o poder soberano do estado na solução dos conflitos, o poder de dizer o direito no caso concreto em substitui-
ção à vontade das partes. Vem do latim iuris dictio (dizer o direito).

2. Características:
a. Substitutividade: implica a atuação do Estado em substituição à vontade das partes na solução das lides, ou seja,
com ela, impede-se a autotutela. Mas haveria alguma exceção a esse monopólio estatal de distribuição do ius
puniendi? Sim, existem autores que entendem que existiria exceção no Estatuto do índio, Lei 6.001/73, art. 571.
Ali não é o Estado-juiz que vai aplicar a sanção penal, mas sim a própria tribo, o Estado acaba não substituindo a
vontade das partes, havendo exceção ao monopólio estatal de dizer o Direito – é espécie de autotutela.
b. Inércia: a regra é que os órgãos jurisdicionais sejam provocados para sua atuação. Nesse sentido, é preciso lem-
brar-se do brocardo ne procedat iudex ex officio , em que o juiz não age de ofício, ele precisa ser provocado. Ex-
ceções: art. 574, CPP – reexame necessário2.
c. Existência de Lide: ‘‘existência de um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida’’ conforme
Canelutti. Modernamente, vem sendo entendido que no Processo Penal não há, a rigor, um conflito de interes-
ses. Muitos dizem que acusação e defesa possuiriam o mesmo objetivo: a busca por um provimento jurisdicional
justo; não haveria, portanto, uma lide. Nesse sentido, o MP deixa de ser um órgão de acusação para ser um órgão
com o intuito de promover a justiça (o antigo Promotor Público passa a ser visto como Promotor de Justiça). O
membro deixa de ser um acusador sistemático, tanto que ele pode pedir a absolvição se assim entender (art. 385,
CPP3 – caso em que o juiz pode reconhecer agravantes que o próprio MP não tenha requerido ou tenha opinado
pela absolvição).
d. Atuação/aplicação do Direito: é o objetivo da jurisdição. É a aplicação do Direito no caso concreto para que seja
alcançada a paz social.
e. Imutabilidade: já que a jurisdição tem o seu exercício concluído em uma sentença, que é imutável. Ainda que se
considerem os recursos, os reexames, as revisões4, aquele primeiro exercício da atividade jurisdicional do juiz de
primeiro grau se encerra com a prolação da sentença.

3. Princípios da Jurisdição:
a. Investidura: para exercer a jurisdição, é necessário estar devidamente investido na função de Magistrado.
b. Indeclinabilidade: o juiz não pode se abster de julgar casos que lhe forem apresentados, não pode declinar de sua
função. É o brocardo da Proibição do non liquet, aquilo que não está claro. Essa expressão vem do Direito Roma-
no e se aplicava aos casos em que o juiz não encontrava uma resposta jurídica clara para fazer o julgamento e
deixava de fazê-lo exatamente por isso.
c. Irrecusabilidade/Inevitabilidade: a jurisdição se impõe, visto que não está atrelada à vontade das partes.

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Exceção prevista no Estatuto do Índio - Lei 6.001/73 – Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos membros tribais, de acordo com as instituições próprias, de
sanções penais ou disciplinares contra seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
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Art. 574, CPP. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
Art. 746, CPP. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.
Lei 1.521/51 Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde
pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.
3
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
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Lembrar que a revisão é estritamente pro reo, sendo recurso da defesa.
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial
da pena.
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

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d. Improrrogabilidade: as partes, no Processo Penal, ainda que queiram, não podem subtrair ao juízo natural o co-
nhecimento de uma causa.
e. Indelegabilidade: o juiz não pode delegar a função jurisdicional a quem não a possui5.
f. Inafastabilidade: previsão expressa ao art. 5º, XXXV, CRFB6. A lei não excluirá da apreciação do Judiciário lesão ou
ameaça a direito.
g. Devido Processo Legal: art. 5º, LIV, CRFB7. Conhecido também como due processo f Law.
h. Unidade: a jurisdição é una, ela pertence ao Poder Judiciário. Diferenciando-se somente no tocante à sua aplica-
ção e ao seu grau de especialização (civil, penal, militar, eleitoral ou trabalhista, etc).
i. Juiz Natural: art. 5º, XXXVII e LIII, CRFB8.

4. Princípio do Juiz Natural: necessidade de que, previamente ao fato, tenhamos a definição de julgador, seja da Constitui-
ção, seja em lei infraconstitucional, seja no Código de Processo Penal, seja na Lei da Magistratura. Trata-se então de esco-
lha prévia. Vedam-se assim juízes ou tribunais de exceção.
a. Criação de Varas Especializadas. Exemplo: quando determinado processo teve início, ele se encontrava com o Ju-
iz A, pois todos os processos da comarca estavam com ele. Frente ao aumento da demanda, o Tribunal de Justiça
competente acabou criando uma vara especializada, passando a existir dois juízes na comarca. Em face dessa es-
pecialização, o processo tem que ser encaminhado ao juiz B, devendo ser redistribuído. Pergunta: ofende-se, as-
sim, o princípio do juiz natural? NÃO, a jurisprudência já disse que não há ofensa (vide HC 322632, STJ,
set/20159).
b. Princípio do Promotor Natural: não está expresso na CRFB, mas decorre das regras implícitas da Constituição e
com ele veda-se o acusador de exceção (vide HC 268191, STJ, jun/201510). Para que não ocorra ofensa ao princí-
pio, é preciso que haja uma portaria na designação de um Promotor de Justiça, que tenha a publicidade necessá-
ria para o ato.
c. Perpetuatio Jurisdictionis: perpetuação da jurisdição. O Código de Processo Penal silencia a esse sentido, aplican-
do-se subsidiariamente o Novo Código de Processo Civil11.
i. Regra Geral: a ação termina perante o juiz que começou.
ii. Exceções:
1. Quando houver supressão do órgão judiciário (p. ex. extinção do Tribunal de Alçada – EC 45)
2. Alteração de regras atinentes à competência absoluta (matéria ou função12 – p. ex. Código
Penal Militar, art. 9, § único13. Nesse sentido, o STJ firmou as decisões RHC 2538414 e HC
22885615).

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Obs:
Carta precatória: para que o magistrado de outra comarca cumpra o objeto da precatória, como ouvir uma testemunha.
Carta de ordem: Magistrado de maior hierarquia delegando atribuições para outro de menor hierarquia.
- Nesses casos, não há delegação de jurisdição. Não são exceções! O que se delega aqui é competência e não jurisdição.
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Art. 5º, XXXV, CRFB - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Exceção: questão envolvendo a exceção da verdade no crime de calúnia (art. 138, CP). Nada mais é do que um instrumento processual facultativo e indireto
de defesa, pois posso me defender diretamente negando fato, dolo, autoria. Ou indiretamente, quase um contra-ataque – ‘’eu admito que falei, mas tudo
que foi dito é verdade’’. É a prova da verdade. Excepciona-se a verdade, a partir desta defesa facultativa indireta. O crime de calúnia aceita a exceção da
verdade. O próprio Código Penal afasta a possibilidade de provocar o Poder Judiciário, levando alguns autores a entenderem que essa exceção seria incons-
titucional. EXCETO: art. 138, §3º.
Art. 138, § 3º, CP - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
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Art. 5º, LIV, CRFB - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
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Art. 5º, XXXVII, CRFB - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Art. 5º, LIII, CRFB - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
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HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. TRÁFICO DE DROGAS. REDISTRIBUIÇÃO DO PROCESSO. CRIAÇÃO DE NOVA VARA NA COMARCA. ALTERAÇÃO DA COMPE-
TÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA. TESE DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. NÃO OCORRÊNCIA. ORDEM NÃO CONHECIDA.
1. Consoante a jurisprudência desta Corte Superior, não ofende os princípios do juiz natural e da perpetuação da jurisdição a redistribuição de processo pela
criação de nova vara especializada na Comarca com consequente alteração da competência em razão da matéria, para fins de melhor prestar a jurisdição e
não de remanejar, de forma excepcional e por razões personalíssimas, um único processo. 2. A redistribuição do processo do paciente não foi casuística, mas
decorreu de alteração de regras de competência material do órgão judicial, por razões de reorganização judiciária.
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4. A subscrição da denúncia por Promotores de Justiça designados pela Procuradoria-Geral de Justiça não ofende o princípio do
promotor natural, se não houver desacordo com os critérios legais e se a designação ocorrer regularmente, mediante portaria e com a devida publicidade.
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Art. 43, NCPC - Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de
fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
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Art. 53, CRFB - Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.

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d. Convocação de Juízes de 1º grau para atuação nos Tribunais: quando um desembargador se afasta, em razão de
licença, por exemplo, é comum que o Tribunal proceda à indicação de juízes da 1ª instância em substituição aos
desembargadores. Fundamento: LOMAN – LC 35/7916. Vale ressaltar que as Cortes Superiores têm dito que não
há ofensa ao Princípio do Juiz Natural, vide STJ no HC 33251117, fev/16.

COMPETÊNCIA
1. Conceito: é a medida da Jurisdição. Nesse sentido, fala-se que um Magistrado, legalmente investido na função pos-
sui jurisdição, mas nem todo possui competência.

2. Competência Absoluta e Relativa: apesar de não existir disposição legal expressa fazendo essa distinção, tanto a
doutrina quanto a jurisprudência são uníssonas em dividir as espécies de competência em absoluta e relativa.

§ 1º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados
criminalmente sem prévia licença de sua Casa..
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Art. 9º, §ú, CPM - Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo
quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáuti-
ca. (Redação dada pela Lei nº 12.432, de 2011).
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RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA PRATICADO POR MILITAR CONTRA CIVIL. DELITO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA
LEI 9.299/1996. DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA PELO JUIZ AUDITOR MILITAR NO CURSO DA AÇÃO PENAL. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA
PROFERIDA PELA AUDITORIA MILITAR ESTADUAL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI 9.299/1996 AOS PROCESSOS EM CURSO. NULI-
DADE DO FEITO.
1. A Lei 9.299/1996 incluiu o parágrafo único ao artigo 9º do Código Penal Militar, consignando que os crimes nele tratados, quando dolosos contra a vida e
praticados contra civil, são da competência da Justiça Comum. (...)
3. Diante de tais modificações, esta Corte Superior de Justiça adotou o entendimento de que, diante da incidência instantânea das normas processuais penais
disposta no artigo 2º do Código de Processo Penal, a Lei 9.299/1996 possui aplicabilidade a partir da sua vigência, de modo que todas as investigações
criminais e processos em curso relativos à crimes dolosos contra a vida
praticados por militar contra civil devem ser encaminhados à Justiça Comum.
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HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. HOMICÍDIO. COMPETÊNCIA. LEI N. 9.299/1996. SENTENÇA PROFERIDA ANTES DA ALTERAÇÃO
LEGISLATIVA. APELAÇÃO. JULGAMENTO. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR. ANULAÇÃO DO PROCESSO DESDE A REMESSA PARA A JUSTIÇA
COMUM. PUNIBILIDADE EXTINTA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. CONSUMAÇÃO. 1. Segundo a orientação firmada nessa Corte, a modificação de
competência trazida pela Lei n. 9.299/1996, a qual estabeleceu que caberia à Justiça comum o julgamento de crimes dolosos contra a vida praticados por
militares contra civis, não era aplicável aos feitos que já contassem com sentença na data em que entrou em vigor a alteração legislativa.
2. No caso, a sentença absolutória havia sido proferida pela 4ª Auditoria da Justiça Militar de São Paulo em 23/11/1995 e, interposta apelação, estava pen-
dente de julgamento no Tribunal de Justiça militar paulista, quando adveio a Lei n. 9.299/1996, razão pela qual cabia a este, e não ao Tribunal de Justiça de
São Paulo, o julgamento do recurso ministerial.
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LOMAN, LC nº 35/79, Art. 118. Em caso de vaga ou afastamento, por prazo superior a 30 (trinta) dias, de membro dos Tribunais Superiores, dos Tribunais
Regionais, dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais de Alçada, (Vetado) poderão ser convocados Juízes, em Substituição (Vetado) escolhidos (Vetado) por
decisão da maioria absoluta do Tribunal respectivo, ou, se houver, de seu Órgão Especial:
§ 1º - A convocação far-se-á mediante sorteio público dentre:
I - os Juízes Federais, para o Tribunal Federal de Recursos;
II - o Corregedor e Juízes Auditores para a substituição de Ministro togado do Superior Tribunal Militar;
III - Os Juízes da Comarca da Capital para os Tribunais de Justiça dos Estados onde não houver Tribunal de Alçada e, onde houver, dentre os membros deste
para os Tribunais de Justiça e dentre os Juízes da Comarca da sede do Tribunal de Alçada para o mesmo;
IV - os Juízes de Direito do Distrito Federal, para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios;
V - os Juízes Presidentes de Junta de Conciliação o Julgamento da sede da Região para os Tribunais Regionais do Trabalho.
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1. Como cediço, o art. 118 da Lei Complementar 35/79, com redação conferida pela Lei Complementar 54/86, permite a convocação de juízes de 1º grau de
jurisdição, em substituição, escolhidos pela maioria absoluta do Tribunal respectivo ou, se houver, do Órgão Especial.
2. Para que essa convocação seja considerada válida, sem qualquer ofensa ao princípio do juiz natural, indispensável que a prefixação dos juízes a serem
convocados, para a escolha da maioria absoluta, atrele-se a critérios objetivos predeterminados, que podem ser estipulados, inclusive, nos regimentos inter-
nos dos tribunais, desde que seguidas as balizas normativas do art. 118 da LOMAN (ADI 1484/ES, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJe 04/06/2004).
3. Admitida como válida a convocação, é assente na jurisprudência desta Corte e do STF que o juiz singular, enquanto convocado ao exercício do cargo
de Desembargador, não sofre limitações em sua atividade jurisdicional, exercendo todas as competências e atribuições conferidas a um magistrado regular-
mente investido perante um tribunal, podendo figurar como relator de qualquer processo que lhe couber por distribuição, sem restrição. Outrossim, se não
haveria falar em violação ao juiz natural, mesmo que o colegiado fosse integrado majoritariamente por magistrados de primeiro grau convocados, a fortio-
ri, não se poderia cogitar nulidade no exercício da relatoria por um juiz de direito convocado. Precedentes.
4. A designação de juízes convocados para atuarem nos tribunais tem o escopo de concretizar a garantia constitucional da duração razoável do processo
para a adequada prestação jurisdicional (CF, art. 5º, LXXVIII), ou, muitas vezes, até viabilizá-la, haja vista que as turmas de tribunais são compostas somente
por três julgadores.

3
COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA
É criada com base no interesse público. Por isso: É criada com base no interesse predominante das par-
- é improrrogável tes:

- é imodificável - é prorrogável e derrogável

- é modificável

Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Cuidar Súmula
33, STJ18.

Podem ser arguida por meio de exceção (ambas)

Se for inobservada, gera NULIDADE ABSOLUTA: Se for inobservada, gera NULIDADE RELATIVA:

1. Pode ser arguida a qualquer tempo e 1. Deve ser arguida até o momento pro-
em qualquer grau de jurisdição; cessual adequado19, sob pena de preclusão;

2. O prejuízo é presumido. 2. O prejuízo deve ser demonstrado nos


autos – não há presunção.

2 espécies: 1. Ratione Loci: é aquela pelo lugar da


consumação do crime.
1. Ratione materiae: em razão da matéria,
da natureza da infração;

2. Ratione personae ou ratione funcione:


em razão da função especialmente desempe-
nhada por aquela autoridade – é o conhecido
foro especial por prerrogativa de função.

Competência Ratione Loci (competência territorial):


- regra: o lugar da consumação do crime, do resultado. Fundamento: art. 70, CPP20.

Nesse sentido, vale lembrar-se das teorias da norma penal:

- atividade (da ação ou da conduta): o local do crime é o local em que foi praticada a atividade.
- resultado: o local do crime seria o local em que se deu o resultado – art. 70, CPP. Fala-se em teoria do resultado, porque o agen-
te vai ser processado, eventualmente até condenado, no lugar onde ele perturbou a ordem jurídica, quebrou a paz social. E há
facilidade na colheita da prova (testemunhas, perícia, local do crime, etc).

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Súmula 33, STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício – APENAS APLICÁVEL AO PROCESSO CIVIL!
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Art. 571, V, CPP - As nulidades deverão ser argüidas:
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes (art. 447);
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Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado
o último ato de execução.
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado,
no Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente,
tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas
divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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- ubiquidade/mista: lugar do crime é tanto o lugar da ação/omissão quanto o lugar em que se deu o resultado dos dois – art. 6º,
CP21. Esse artigo serve para resolver os crimes a distância (crimes de espaço/intervalo máximo), em que a conduta é praticada
num país e o resultado em outro país. Nesse caso, os dois países são competentes para processar e julgar o crime.

O Código de Processo Penal adota, como regra, a teoria do resultado, interessando o local em que o crime se consumou.

* não confundir competência territorial com atribuição para lavratura do APF (auto de prisão em flagrante), pois para esse inte-
ressa o local da captura! Conforme art. 290, CPP22.

crimes a distância – teoria da ubiquidade – art. 6º, CP (são dois países envolvidos)
X
crimes plurilocais – teoria do resultado – art. 70, CPP (são duas comarcas envolvidas)

Exceções à regra geral da Teoria do Resultado:

* Crimes plurilocais e homicídio: a jurisprudência vem trabalhando com uma exceção quando se trata de homicídios, aceitando que
utilizemos, excepcionalmente, a teoria da ubiquidade. Exemplo: supõe-se que os tiros feitos à vítima partiram de um agente na
comarca A, sendo ela alvejada ali mesmo. Mas a comarca A não é provida de um hospital com grande equipamentos, sendo a vítima
transportada para a capital do Estado, onde vem a óbito. Se se aplicasse a regra da teoria do resultado, todos os julgamentos em
tribunal do júri seriam na capital. Contudo, é preciso lembrar que é na cidadezinha do interior onde foi quebrada a paz social, é
onde as testemunhas moram, é onde a perícia vai trabalhar. Portanto, é lá que o processo deve correr. A jurisprudência, nesse
sentido, vem autorizando que se trabalhe com a teoria da ubiquidade (vide HC 95853, STJ, set/201223).

* Infrações de Menor Potencial Ofensivo – IMPO: são as contravenções penais (independentemente da pena) e os crimes com
pena máxima até 02 anos (art. 61, Lei 9.099/9524). A Lei 9.099/95 adota a teoria da atividade, vide art. 6325.

* Crimes continuados (art. 71, CP26): vale lembrar que a jurisprudência do STJ tem entendido que, além desses requisitos objetivos
de tempo, lugar e maneira de execução, ainda é preciso o requisito subjetivo. Portanto, está-se diante de uma teoria mista, pois é
preciso a unidade de desígnio, preciso de um liame subjetivo entre os eventos (a ser explorado na aula de concurso de crimes no
Direito Penal).

* Crimes permanentes: a definição é doutrinária e entende que são os crimes cuja consumação se prolonga no tempo, por exem-
plo, o cárcere privado. Nesse sentido, enquanto a vítima está no cativeiro, o crime segue se desenvolvendo.

Para esses dois casos, pega-se um exemplo em que o cativeiro era móvel. A vítima foi colocada dentro de um motor home, que só
parava para abastecer, transitando em todas as cidades da região metropolitana. Tem-se aí um crime permanente praticado no
território de duas ou mais comarcas. Ou então um caso de um agente cometendo diversos furtos e todos nas várias cidades contí-
guas da região metropolitana. Solução: o Código de Processo Penal traz a regra da prevenção ao art. 71, CPP.

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Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produ-
zir-se o resultado.
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Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
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1. Nos termos do art. 70 do CPP, a competência para o processamento e julgamento da causa, será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumou
a infração.
2. Todavia, a jurisprudência tem admitido exceções a essa regra, nas hipóteses em que o resultado morte ocorrer em lugar diverso daquele onde se iniciaram
os atos executórios, determinando-se que a competência poderá ser do local onde os atos foram inicialmente praticados.
3. Tendo em vista a necessidade de se facilitar a apuração dos fatos e a produção de provas, bem como garantir que o processo possa atingir à sua finalidade
primordial, qual seja, a busca da verdade real, a competência pode ser fixada no local de início dos atos executórios.
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Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
25
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
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Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

5
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência
firmar-se-á pela prevenção.

A inobservância/o descumprimento de uma regra atinente à prevenção gera nulidade absoluta ou relativa? Está-se traba-
lhando a competência territorial, sendo esta uma espécie de competência relativa. Portanto, se descumprida, a nulidade é
relativa. Súmula 70627, STF.

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda
que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).

* Embarcações e aeronaves: o território pode ser ficto ou por presunção (art. 5º, §§1º e 2º, CP28). É possível que tenhamos aerona-
ves particulares estrangeiras onde é praticado um crime dentro desse meio de transporte e que se encontra no Brasil. Duas situa-
ções então:

- ‘’embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem’’
– serão consideradas território brasileiro em qualquer lugar do mundo.

- ‘’a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território na-
cional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil’’.

Disposições especiais com previsão no Código Penal:

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem
como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em
que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.

Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao
alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e
julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.

Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará
pela prevenção.

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Súmula 706, STF - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
28
Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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