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UNIME – ITABUNA/BA

CURSO DE ENFERMAGEM

FERNANDA CAMARGO BRANSFORD CARDOSO

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Itabuna- BA
2018
FERNANDA CAMARGO BRANSFORD CARDOSO

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Trabalho escrito apresentado junto ao


curso de enfermagem, docente Larayne
Gallo como crédito na matéria
Supervisionado I.

Itabuna – BA
2018
Sumário

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ............................................................................... 1


1.0 SISTEMAS NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO BRASIL ... 2
1.1 origem e conceitos ......................................................................................... 2
1.2 Propósitos........................................................................................................2
1.3 Funções...........................................................................................................3
2.0 COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES..............................................................3
2.1 Tipos de dados............................................................................................4

3.0 NOTIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA, SURTOS E


EPIDEMIAS.................................................................................................................5
4.0 FONTES DE DADOS ..........................................................................................5
4.1 Notificação .....................................................................................................5
5.0 FONTES ESPECIAIS DE DADOS........................................................................7
5.1 Estudos epidemiológicos..................................................................................7

5.2 Inquéritos epidemiológicos...............................................................................7


5.3 Levantamento epidemiológico..........................................................................8

5.4 Sistemas sentinelas..........................................................................................8

5.5 Diagnósticos de casos......................................................................................8

6.0 INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS, EMERGÊNCIAS DE


SAÚDE PÚBLICA, SURTOS E EPIDEMIAS..............................................................9
6.1 Normatização...................................................................................................9

6.2 Retroalimentações do sistema.........................................................................9

7.0 AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA................10

8.0 ESTRUTURAS DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA


EPIDEMIOLÓGICA................................................................................................... 11
8.1 Perspectivas....................................................................................................12

9.0 INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS E EPIDEMIAS...................12


10. INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE UMA DOENÇA............................................13

11. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS E EPIDEMIAS.................................................14


11.1 Planejamentos do trabalho de campo...........................................................15

12. ESQUEMA DE INTERAÇOES ENTRE OS SUBSISTEMAS DE VIGILÂNCIA,


SERVIÇOS DE SAÚDE E PESQUISA.....................................................................16

13 LISTAS NACIONAIS DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO


COMPULSÓRIA.......................................................................................................16

CONCLUSÃO...........................................................................................................19
REFERÊNCIA...........................................................................................................20

ANEXOS...................................................................................................................21
1

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de


doenças, desenvolvidas sob bases científicas modernas, datam do início do século
vinte e foram orientadas pelo avanço da era bacteriológica e pela descoberta dos
ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias. Essas
intervenções consistiram na organização de grandes campanhas sanitárias e
visavam controlar doenças que comprometiam a atividade econômica, a exemplo da
febre amarela, peste e varíola.
A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle
das doenças transmissíveis na década de 1950, para designar uma série de
atividades subsequentes à etapa de ataque da Campanha de Erradicação da
Malária, vindo a designar uma de suas fases constitutivas. Originalmente, essa
expressão significava “a observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou
confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos”.
Na década de 1960, o programa de erradicação da varíola também instituiu
uma fase de vigilância epidemiológica, que se seguia à de vacinação em massa da
população. Simultaneamente, porém, o programa disseminou a aplicação de novos
conceitos que se firmavam no âmbito internacional e não se vinculavam à prévia
realização de uma fase de ataque. Pretendia-se, mediante busca ativa de casos de
varíola, a detecção precoce de surtos e o bloqueio imediato da transmissão da
doença.
No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola – CEV (1966-1973) é
reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigilância no país,
tendo fomentado e apoiado a organização de unidades de vigilância epidemiológica
na estrutura das secretarias estaduais de saúde.
Tal processo fundamentou a consolidação, nos níveis nacional e estadual, de
bases técnicas e operacionais que possibilitaram o futuro desenvolvimento de ações
de grande impacto no controle de doenças evitáveis por imunização. O principal
êxito relacionado a esse esforço foi o controle da poliomielite no Brasil, na década
de 1980, que abriu perspectivas para a erradicação da doença no continente
americano, finalmente alcançada em 1994.
2

1.0 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO


BRASIL

1.1 origem e conceitos

5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, o Ministério da Saúde


instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio de
legislação específica (Lei n° 6.259/75 e Decreto n° 78.231/76). Esses instrumentos
tornaram obrigatória a notificação de doenças transmissíveis selecionadas,
constantes de relação estabelecida por Portaria.
Em 1977, foi elaborado, pelo Ministério da Saúde, o primeiro Manual de
Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas que
eram, então, utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de
controle específicos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo, em seu texto legal (Lei n°
8.080/90), a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde
individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle
das doenças ou agravos”. (Guia de Vigilância Epidemiológica 7ª edição 2009 p18).

De outra parte, as profundas mudanças no perfil epidemiológico das


populações, no qual se observa o declínio das taxas de mortalidade por doenças
infecciosas e parasitárias e o crescente aumento das mortes por causas externas e
doenças crônicas degenerativas tem implicado na incorporação de doenças e
agravos não transmissíveis ao escopo de atividades da vigilância epidemiológica.

1.2 Propósitos

A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica


permanente para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir
sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, a vigilância
epidemiológica constitui-se em importante instrumento para o planejamento, a
organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a
normatização de atividades técnicas correlatas.
3

1.3 Funções

A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de


funções específicas e intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo,
permitindo conhecer, a cada momento, o comportamento da doença ou agravo, as
medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e
eficácia. São funções da vigilância epidemiológica:

 Coleta de dados;
 Processamento de dados coletados;
 Análise e interpretação dos dados processados;
 Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas;
 Promoção das ações de prevenção e controle indicadas;
 Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;

 Divulgação de informações pertinentes.

As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal,


estadual e federal) abarcam todo o espectro das funções de vigilância
epidemiológica, porém com graus de especificidade variáveis. Por sua vez, cabe aos
níveis nacional e estadual conduzirem ações de caráter estratégico, de coordenação
em seu âmbito de ação e de longo alcance, além da atuação de forma
complementar ou suplementares aos demais níveis.
A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmônico das funções
realizadas nos diferentes níveis. Quanto mais capacitada e eficiente a instância
local, mais oportunamente poderão ser executadas as medidas de controle.

2.0 COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES

A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde.


O valor da informação (dado analisado) dependem da precisão com que o dado é
gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser preparados para aferir a
qualidade do dado obtido. Tratando-se, por exemplo, da notificação de doenças
4

transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos e a


realização de investigações epidemiológicas correspondentes.

Outro aspecto relevante refere-se à representatividade dos dados em relação


à magnitude do problema existente. Como princípio organizacional, o sistema de
vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, cuidando-se
de que seja assegurada a regularidade e oportunidade da transmissão dos dados.

2.1 Tipos de dados

Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância


Epidemiológica são os seguintes:

 Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos.

Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais,


com vistas à definição de denominadores para o cálculo de taxas. O
número de habitantes, de nascimentos e de óbitos deve ser
discriminado segundo características de sua distribuição por sexo,
idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de
saneamento, entre outras.

 Dados de morbidade

Correspondem à distribuição de casos segundo a


condição de portadores de infecções ou de patologias específicas,
como também de sequelas. Tratam-se, em geral, de dados oriundos da
notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e
hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa de
casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras fontes. O
SNVE deve estimular, cada vez mais, a utilização dos sistemas e
bases de dados disponíveis, vinculados à prestação de serviços, para
evitar a sobreposição de sistemas de informação e a consequente
sobrecarga aos níveis de assistência direta à população.

 Dados de mortalidade

São de fundamental importância como indicadores da gravidade do


fenômeno vigiado, sendo ainda, no caso particular de doenças de
maior letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade, por se
5

referirem a fatos vitais bem marcantes e razoavelmente registrados.


Essa base de dados apresenta variáveis graus de cobertura entre as
regiões do país, algumas delas com subnumeração elevada de óbitos.
Além disso, há proporção significativa de registros sem causa definida,
o que impõe cautela na análise dos dados de mortalidade.

3.0 NOTIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA,


SURTOS E EPIDEMIAS.

A detecção precoce de emergências de saúde pública, surtos e epidemias


ocorrem quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem estruturado,
com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de
casos de cada doença e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a
constatação de qualquer situação de risco ou indício de elevação do número de
casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes no local
e, consequentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial, para a
adoção imediata das medidas de controle.

4.0 FONTES DE DADOS

A vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões esse princípio


deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes
que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados.

4.1 Notificação

Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo


à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão,
para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. A notificação
compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual,
na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. Os
dados coletados sobre as doenças de notificação compulsória são incluídos no
Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (Sinan). Estados e municípios podem
6

adicionar à lista outras patologias de interesse regional ou local, justificados a sua


necessidade e definidos os mecanismos operacionais correspondentes.
Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação
compulsória devem obedecer aos critérios a seguir.

 Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam


grandes contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de
incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida
perdidos.

 Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de


transmissão da doença, através de vetores ou outras fontes de
infecção, colocando sob risco a saúde coletiva.

 Transcendência – se expressa por características subsidiárias que


conferem relevância especial à doença ou agravo, destacando-se:
severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de
sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor
imputado pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta
pela sensação de medo, de repulsa ou de indignação; e relevância
econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições
comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e
laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros.

 Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de


instrumentos específicos de prevenção e controle da doença,
propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre indivíduos e
coletividades.

 Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas


continentais ou mundiais de controle, de eliminação ou de erradicação
de doenças, previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro
com organismos internacionais.

 Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos


– são situações que impõe notificação imediata de todos os eventos de
saúde que impliquem risco de disseminação de doenças, com o
objetivo de delimitar a área de ocorrência, elucidar o diagnóstico e
deflagrar medidas de controle aplicáveis.

O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para


todo cidadão e uma obrigação inerente ao exercício da medicina, bem como de
outras profissões na área de saúde. Mesmo assim, sabe-se que a notificação nem
sempre é realizada, o que ocorre por desconhecimento de sua importância e,
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também, por descrédito nas ações que dela devem resultar. O sistema de
notificação deve estar permanentemente voltado para a sensibilização dos
profissionais e das comunidades, visando melhorar a quantidade e a qualidade dos
dados coletados, mediante o fortalecimento e a ampliação da rede. Todas as
unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem fazer parte do sistema,
como, também, todos os profissionais de saúde e mesmo a população em geral.
Aspectos que devem ser considerados na notificação:

 Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a


confirmação do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode significar
perda da oportunidade de intervir eficazmente.
 A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito
médico-sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o
direito de anonimato dos cidadãos.
 O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na
ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação
negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de
informações.

5.0 FONTES ESPECIAIS DE DADOS

5.1 Estudos epidemiológicos

Além das fontes regulares de coleta de dados e informações para analisar, do


ponto de vista epidemiológico, a ocorrência de eventos sanitários, pode ser
necessário, em determinado momento ou período, recorrer diretamente à população
ou aos serviços, para obter dados adicionais ou mais representativos. Esses dados
podem ser coletados por inquérito, investigação ou levantamento epidemiológico.

5.2 Inquéritos epidemiológicos

O inquérito epidemiológico é um estudo seccional, geralmente realizado em


amostras da população, levado a efeito quando as informações existentes são
inadequadas ou insuficientes, em virtude de diversos fatores, dentre os quais se
podem destacar: notificação imprópria ou deficiente; mudança no comportamento
epidemiológico de uma determinada doença; dificuldade na avaliação de coberturas
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vacinais ou eficácia de vacinas; necessidade de se avaliar eficácia das medidas de


controle de um programa; descoberta de agravos inusitados.

5.3 Levantamento epidemiológico

É um estudo realizado com base nos dados existentes nos registros dos
serviços de saúde ou de outras instituições. Destina-se a coletar dados para
complementar informações já existentes. A recuperação de séries históricas, para
análises de tendências, e a busca ativa de casos, para aferir a eficiência do sistema
de notificação, são exemplos de levantamentos epidemiológicos.

5.4 Sistemas sentinelas

Para intervir em determinados problemas de saúde, pode-se lançar mão de


sistemas sentinelas de informações capazes de monitorar indicadores chaves na
população geral ou em grupos especiais, que sirvam de alerta precoce para o
sistema de vigilância. Evento sentinela é a detecção de doença prevenível,
incapacidade, ou morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta
de que a qualidade terapêutica ou prevenção deve ser questionada. Entende-se
que, toda vez que isso ocorre, o sistema de vigilância deve ser acionado para que o
evento seja investigado e as medidas de prevenção adotadas.

5.5 Diagnósticos de casos

A credibilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da


capacidade dos serviços locais de saúde – que são responsáveis pelo atendimento
dos casos – diagnosticarem corretamente as doenças e agravos. Diagnóstico e
tratamento, feitos correta e oportunamente, asseguram a confiança da população
em relação aos serviços, contribuindo para a eficiência do sistema de vigilância.
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6.0 INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS,


EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA, SURTOS E EPIDEMIAS.

A investigação epidemiológica é um método de trabalho utilizado para


esclarecer a ocorrência de doenças, emergências de saúde pública, surtos e
epidemias, a partir de casos isolados ou relacionados entre si. Destina-se a avaliar
as implicações da ocorrência para a saúde coletiva, tendo como objetivos: confirmar
o diagnóstico, determinar as características epidemiológicas da doença ou evento,
identificar as causas do fenômeno e orientar as medidas de prevenção e controle.

6.1 Normatização

Essas normas devem primar pela clareza e constar de manuais, ordens de


serviço, materiais instrucionais e outros, disponíveis nas unidades do sistema. Tem
especial importância a definição de caso de cada doença ou agravo, visando
padronizar critérios diagnósticos para a entrada e a classificação final dos casos no
sistema. As normas técnicas têm de estar compatibilizadas em todos os níveis do
sistema de vigilância, para possibilitar a realização de análises consistentes,
qualitativa e quantitativamente. Nesse sentido, a adaptação das orientações de nível
central, para atender realidades estaduais diferenciadas, não deve alterar as
definições de caso, entre outros itens que exigem padronização.

6.2 Retroalimentações do sistema

Um dos pilares do funcionamento do sistema de vigilância, em qualquer de


seus níveis, é o compromisso de responder aos informantes, de forma adequada e
oportuna. consiste no retorno regular de informações às fontes produtoras,
demonstrando a sua contribuição no processo. O conteúdo da informação fornecida
deve corresponder às expectativas criadas nas fontes, podendo variar desde a
simples consolidação dos dados até análises epidemiológicas complexas
relacionadas com ações de controle. A retroalimentação do sistema materializa-se
na disseminação periódica de informes epidemiológicos sobre a situação local,
regional, estadual, macrorregional ou nacional. Essa função deve ser estimulada em
10

cada nível de gestão, valendo-se de meios e canais apropriados. A organização de


boletins que contenham informações jornalísticas, destinados a dirigentes com poder
de decisão, pode auxiliar na obtenção de apoio institucional e material para
investigação e controle de eventos sanitários.

7.0 AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

A avaliação do sistema presta-se, ainda, para demonstrar os resultados


obtidos com a ação desenvolvida, que justifiquem os recursos investidos em sua
manutenção. Nesse sentido, o reconhecimento da função de vigilância decorre, em
última análise, da capacidade demonstrada em informar com precisão, a cada
momento, a situação epidemiológica de determinada doença ou agravo, as
tendências esperadas, o impacto das ações de controle efetivadas e a indicação de
outras medidas necessárias. A manutenção em funcionamento de um sistema de
vigilância envolve variadas e complexas atividades, que devem ser acompanhadas e
avaliadas continuamente, com vistas a aprimorar a qualidade, eficácia, eficiência e
efetividade das ações.

Avaliações periódicas devem ser realizadas em todos os níveis, com relação


aos seguintes aspectos.

 Atualidade da lista de doenças e agravos mantidos no sistema;


 Pertinência das normas e instrumentos utilizados;
 Cobertura da rede de notificação e participação das fontes que a integram;
 Funcionamento do fluxo de informações;
 Abrangência dos tipos de dados e das bases informacionais utilizadas;
 Organização da documentação coletada e produzida;
 Investigações realizadas e sua qualidade;
 Informes analíticos produzidos, em quantidade e qualidade;
 Retroalimentação do sistema, quanto a iniciativas e instrumentos
empregados;
 Composição e qualificação da equipe técnica responsável;
 Interação com as instâncias responsáveis pelas ações de controle;
 Interação com a comunidade científica e centros de referência;
 Condições administrativas de gestão do sistema;
 Custos de operação e manutenção.
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As medidas quantitativas de avaliação de um sistema de vigilância


epidemiológica incluem utilidade, sensibilidade, especificidade, representatividade e
oportunidade, enquanto que simplicidade, flexibilidade e aceitabilidade são medidas
qualitativas.

 Sensibilidade é a capacidade de o sistema detectar casos


 Especificidade expressa a capacidade de excluir os “não-casos;
 Representatividade diz respeito à possibilidade de o sistema identificar todos
os subgrupos da população onde ocorrem os casos.
 Oportunidade refere-se à agilidade do fluxo do sistema de informação.
 Simplicidade deve ser utilizada como um princípio orientador dos sistemas
de vigilância, tendo em vista facilitar a operacionalização e reduzir os custos.
 Flexibilidade se traduz pela capacidade de adaptação do sistema a novas
situações epidemiológicas ou operacionais (inserção de outras doenças,
atuação em casos emergenciais, implantação de normas atualizadas,
incorporação de novos fatores de risco, etc.), com pequeno custo adicional.
 Aceitabilidade se refere à disposição de indivíduos, profissionais ou
organizações de participarem e utilizarem o sistema.

8.0 ESTRUTURAS DO SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA


EPIDEMIOLÓGICA

O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) compreende o


conjunto articulado de instituições do setor público e privado, componente do
Sistema Único de Saúde (SUS) que, direta ou indiretamente, notifica doenças e
agravos, presta serviços a grupos populacionais ou orienta a conduta a ser tomada
para o controle dos mesmos. Esse processo foi bastante impulsionado a partir das
Portarias GM/MS n° 1.399, de 15 de dezembro de 1999, e n° 950, de 23 de
dezembro de 1999. Esses instrumentos legais instituíram o repasse fundo a fundo
dos recursos do Governo Federal para o desenvolvimento das atividades de
epidemiologia, vigilância e controle de doenças.
Posteriormente, a Portaria GM/MS n° 1.172, de 15 de junho de 2004, revogou
as de 1999, para incorporar os avanços das mesmas como ampliar o escopo da
Vigilância em Saúde, que passou a compreender a vigilância das doenças
transmissíveis, vigilância de doenças e agravos não transmissíveis, vigilância em
saúde ambiental e a vigilância da situação de saúde.
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8.1 Perspectivas

Uma das características dos sistemas de vigilância epidemiológica é estar


permanentemente acompanhando o desenvolvimento científico e tecnológico
através da articulação com a sociedade científica e formação de comitês técnicos
assessores. Esta articulação é importante por possibilitar a atualização dinâmica das
suas práticas pela incorporação de novas metodologias de trabalho, aprimoramento
das estratégias operacionais de prevenção e controle e a incorporação dos avanços
científicos e tecnológicos (imunobiológicos, fármacos, testes diagnósticos, etc).
Os profissionais de saúde têm como desafio atual trabalhar para o
desenvolvimento da consciência sanitária dos gestores municipais dos sistemas de
saúde, para que passem a priorizar as ações de saúde pública e trabalhem na
perspectiva de desenvolvimento da vigilância da saúde, que tem como um dos seus
pilares de atuação a vigilância epidemiológica de problemas de saúde prioritários,
em cada espaço geográfico.

9.0 INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS E EPIDEMIAS

A investigação epidemiológica de casos e epidemias constitui-se em uma


atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância epidemiológica. A
investigação epidemiológica tem que ser iniciada imediatamente após a notificação
de caso isolado ou agregado de doença/agravo, seja ele suspeito, clinicamente
declarado, ou mesmo contato, para o qual as autoridades sanitárias considerem
necessário dispor de informações complementares.
A necessidade de uma resposta rápida, para que as medidas de controle
possam ser instituídas, muitas vezes determina que alguns procedimentos utilizados
não apresentem o rigor necessário para o estabelecimento de uma relação causal.
Portanto, embora a investigação epidemiológica de campo apresente diversas
semelhanças com a pesquisa epidemiológica, distingue-se desta principalmente por
duas diferenças importantes:
• as investigações epidemiológicas de campo iniciam-se, com frequência, sem
hipótese clara. Geralmente, requerem o uso de estudos descritivos para a
13

formulação de hipóteses que, posteriormente, deverão ser testadas por meio de


estudos analíticos, na maioria das vezes, estudos de caso-controle;
• quando ocorrem problemas agudos, que implicam em medidas imediatas de
proteção à saúde da comunidade, a investigação de campo deve restringir a coleta
dos dados e agilizar sua análise, com vistas ao desencadeamento imediato das
ações de controle.
Uma investigação epidemiológica envolve também o exame do doente e de
seus contatos, com detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos,
além da coleta de amostras para laboratório quando indicada, busca de casos
adicionais, identificação do agente infeccioso, quando se tratar de doença
transmissível, determinação de seu modo de transmissão ou de ação, busca de
locais contaminados ou de vetores e identificação de fatores que tenham contribuído
para a ocorrência do caso.
Pode-se dizer de modo sintético, que uma investigação epidemiológica de
campo consiste da repetição das etapas que se encontram a seguir, até que os
objetivos referidos tenham sido alcançados:
 Consolidação e análise de informações já disponíveis;
 Conclusões preliminares a partir dessas informações;
 Apresentação das conclusões preliminares e formulação de hipóteses;
 Definição e coleta das informações necessárias para testar as hipóteses;
 Reformulação das hipóteses preliminares, caso não sejam confirmadas, e
comprovação da nova conjectura, caso necessário;
 Definição e adoção de medidas de prevenção e controle, durante todo o
processo.

10. INVESTIGAÇÃO DE CASOS DE UMA DOENÇA

Em geral, os pacientes que apresentam quadro clínico compatível com


doença incluída na lista de notificação compulsória, ou com algum agravo inusitado,
necessitam de atenção especial tanto da rede de assistência à saúde, quanto dos
serviços de vigilância epidemiológica, os quais devem ser prontamente
disponibilizados. Salientam-se aqui os seguintes procedimentos.
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 Assistência médica ao paciente – é a primeira providência a ser tomada no


sentido de minimizar as consequências do agravo para o indivíduo. Quando a
doença for de transmissão pessoa a pessoa, o tratamento contribui para
reduzir o risco de transmissão. Portanto, a depender da magnitude do evento,
a equipe de vigilância epidemiológica deve buscar articulação com os
responsáveis pela rede de assistência à saúde, para que seja organizado o
atendimento à população.
 Qualidade da assistência – verificar se os casos estão sendo atendidos em
unidade de saúde com capacidade para prestar assistência adequada e
oportuna, de acordo com as características clínicas da doença.
 Proteção individual – quando necessário, adotar medidas de isolamento
(entérico, respiratório, reverso, etc.) considerando a forma de transmissão da
doença.
 Proteção da população – logo após a suspeita diagnóstica, adotar as
medidas de controle coletivas específicas para cada tipo de doença.

11. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS E EPIDEMIAS

Os primeiros casos de uma epidemia, em uma determinada área, sempre


devem ser submetidos à investigação em profundidade. A magnitude, extensão,
natureza do evento, a forma de transmissão, tipo de medidas de controle indicadas
(individuais coletivas ou ambientais). O principal objetivo da investigação de uma
epidemia ou surto de determinada doença infecciosa é identificar formas de
interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos casos. As epidemias
também devem ser encaradas como experimentos naturais, cuja investigação
permite a identificação de novas questões a serem objeto de pesquisas, e seus
resultados poderão contribuir no aprimoramento das ações de controle.
Epidemia – elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um
determinado lugar e período de tempo, caracterizando, de forma clara, um excesso
em relação à frequência esperada.
Surto – tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área
geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada
(creches, quartéis, escolas, etc.).
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É essencial a detecção precoce de epidemias/surtos para que medidas de


controle sejam adotadas oportunamente, de modo que um grande número de casos
e óbitos possa ser prevenido.

11.1 Planejamentos do trabalho de campo

Antes de iniciar o trabalho de investigação, os profissionais da vigilância


epidemiológica deverão procurar apreender o conhecimento disponível acerca da
doença que se suspeita estar causando a epidemia e, ainda:

 Verificar o material e os equipamentos necessários para realizar a


investigação;
 Prever a necessidade de viagens, insumos e outros recursos que dependam
de aprovação de terceiros, para as devidas providências; definir junto aos
seus superiores qual o seu papel no processo de investigação (executor
assessor da equipe local, líder da investigação, etc.);
 Constituir equipes multiprofissionais, se necessário. Nesses casos, o
problema e as atividades específicas a serem desenvolvidas deverão ser
discutidos previamente em conjunto, bem como as respectivas atribuições;
 A equipe deve partir para o campo com informações acerca de
encaminhamento de pacientes para tratamento (unidades básicas e de maior
complexidade, quando indicado), com material para coleta de amostras
biológicas, roteiro de procedimento de coletas, de procedimentos para
transporte de amostras, com relação dos laboratórios de referência, dentre
outras.
16

12. ESQUEMA DE INTERAÇOES ENTRE OS SUBSISTEMAS DE


VIGILÂNCIA, SERVIÇOS DE SAÚDE E PESQUISA.

FIGURA 1 Disponível em:<


https://www.google.com.br/search?q=esquema+vigilancia+epidemiologica&source=lnms&tbm=isc
h&sa=X&ved=0ahUKEwit4KOJnf7ZAhVDfZAKHSEUCWsQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc
=iMZMXrjZI9JekM:>.Acesso em 22 março 2018.

13 LISTAS NACIONAIS DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO


COMPULSÓRIA

I. Botulismo

II. Carbúnculo ou Antraz

III. Cólera

IV. Coqueluche

V. Dengue

VI. Difteria

VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob


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VIII. Doenças de Chagas (casos agudos)

IX. Doença Meningocócica e outras Meningites

X.Esquistossomose (em área não endêmica)

XI. Eventos Adversos Pós-Vacinação

XII.Febre Amarela

XIII. Febre do Nilo Ocidental

XIV. Febre Maculosa

XV. Febre Tifóide

XVI. Hanseníase

XVII. Hantavirose

XVIII. Hepatites Virais

XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana - HIV em gestantes e crianças expostas
ao risco de transmissão vertical

XX. Influenza humana por novo subtipo (pandêmico)

XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana

XXII. Leishmaniose Visceral

XXIII.Leptospirose

XXIV. Malária

XXV. Meningite por Haemophilus influenzae

XXVI. Peste

XXVII.Poliomielite

XXVIII.Paralisia Flácida Aguda

XXIX.Raiva Humana XXX.Rubéola

XXXI.Síndrome da Rubéola Congênita

XXXII. Sarampo
18

XXXIII. Sífilis Congênita

XXXIV. Sífilis em gestante

XXXV. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS

XXXVI. Síndrome Febril Íctero-hemorrágica Aguda

XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave

XXXVIII. Tétano

XXXIX. Tularemia XL. Tuberculose

XLI. Varíola
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CONCLUSÃO

Conclui- se que vigilância epidemiológica é o conjunto de atividades que


adaptam a informações indispensáveis para conhecer, detectar ou prever qualquer
mudança que possa ocorrer nos fatores condicionantes do processo saúde-doença,
com a finalidade de recomendar, oportunamente, as medidas indicadas que levem à
prevenção e ao controle das doenças.
A vigilância epidemiológica é um instrumento importante que abrange
planejamento, organização e operacionalização da assistência de saúde, assim
como para a normalização de atividades técnicas correlatas. Na VE sua
operacionalização compreende um conjunto de funções especificas que deve ser
desenvolvidas de modo continuo permitindo conhecer o comportamento das
doenças e agravos para que possam programar ações pertinentes e eficazes.
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REFERÊNCIA

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde.


Divisão Nacional de Epidemiologia. Guia de vigilância epidemiológica. Brasília,
1986.
BRASIL. Disponível em:
<https://www.google.com.br/search?q=esquemas+da+vigilancia+epidemiologi
ca&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjTxa_p1vnZAhXR2VMKHVj7
AskQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgdii=K6I2h0Y6MdVryM:&imgrc=iMZMXrj
ZI9JekM/> Acesso em: 19 de março de 2018.
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ANEXO
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