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balanço e avaliação
Paulo Roberto de Almeida
A critical assessment of Lula’s Foreign Policy (2003-2010), starting by its assumed priorities and an evaluation of
attained results, as well as its unfulfilled goals: a permanent seat at UN Security Council, the strengthening and
enlargement of Mercosur and a successful conclusion of multilateral trade negotiations of the Doha Round.
Lula’s government was characterized by new features in diplomacy, mostly of a partisan nature, which influen-
ced some of its initiatives: some of those, leaning to a leftist conception, departed from the old practices of
Brazilian professional diplomatic staff, as in the cases of democracy and human rights. Despite its activism and
the enhancement of Brazil’s international presence, Lula’s diplomacy could be considered as departing from the
old consensual acceptation of traditional diplomacy.
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Amorim. Este último adquiriu progressi- vam bem tanto as “armas da crítica”,
vamente maior influência política, propor- quanto a “crítica das armas”, ou seja, ela-
cional a seu ativo empenho em viagens boravam e implementavam as grandes li-
internacionais e em negociações bilate- nhas da diplomacia de Lula, da qual eles
rais e multilaterais, à medida em que o eram apenas em parte os formuladores
presidente e o PT se distanciavam da ên- conceituais.
fase latino-americanista, típica dos anos Parte significativa das bases conceituais
de luta anti-imperialista, para alçar voos da “nova” política externa brasileira pro-
mais ambiciosos na grande diplomacia. O vinha mesmo do PT, e mais exatamente
primeiro, por sua vez, se fez responsável de alguns próceres do PT, começando pelo
pelas mensagens de orientação política próprio Lula – e sua visão “sindicalista-
que foram servidas ao público nacional negociadora” do sistema internacional – e
(em especial à comunidade acadêmica), passando por dois de seus apparatchiks
bem como administrou, com certo grau mais destacados, o primeiro ministro-chefe
de autoritarismo, o funcionamento inter- da Casa Civil – uma espécie de Richelieu
no do Itamaraty, multiplicando coorde- do Planalto – e o assessor presidencial para
nadorias e divisões, e determinando, assuntos internacionais, ambos compro-
ademais, qual deveria ser o “pensamen- metidos com uma agenda basicamente
to” dos diplomatas, tanto os já integrados “cubana” para as relações internacionais e
à carreira, como, em especial, os alunos regionais do Brasil. Independentemente,
do Instituto Rio Branco. porém, da diferença entre as visões do
Lula e o PT tinham, obviamente, rudi- mundo, ou da heterogeneidade conceitual,
mentos de “política internacional”, mas que poderia separar diplomatas profissio-
estes – basicamente políticos, muito pouco nais, de um lado, e militantes partidários,
econômicos ou comerciais – eram rústicos, de outro, durante toda a gestão Lula eles
mesmo grosseiros, para responder ade- estiveram unidos, por um conjunto de pro-
quadamente a todos os desafios colocados pósitos basicamente similares: atuar para
ao Brasil nos planos regional, hemisférico “mudar a relação de forças no mundo” –
e mundial; eles cobriam, ademais, apenas no sentido da sua “democratização”, um
uma pequena parte da agenda diplomáti- eufemismo para impulsionar a diminuição
ca do Brasil, razão pela qual os líderes do do unilateralismo imperial e a desconcen-
PT foram submetidos a um aprendizado tração hegemônica – e construir a liderança
em regra sobre os vários matizes das di- regional brasileira, tanto para apoiar a
ferentes agendas, o que os habilitou a construção de um espaço econômico pró-
adquirir, pouco a pouco, maior experiên- prio na América do Sul – a partir do reforço
cia sobre como adequar suas pretensões e ampliação do Mercosul – quanto para,
políticas às realidades do poder mundial. novamente, afastar a dominação do im-
Seria um exagero, e um equívoco parcial, pério, e consolidar um espaço político tam-
afirmar que o secretário-geral se constituía bém puramente sul-americano, no máximo
em “ideólogo” essencial da política exter- latino-americano. No que se refere especifi-
na petista e o chanceler o seu principal camente à “política de poder”, a intenção
executor no plano prático, tanto porque comum também era a da união das potên-
este também formulava as ideias e dire- cias do Sul, ou seja, não hegemônicas, para,
trizes que depois se encarregava de con- mais uma vez, alterar o “eixo do poder”;
duzir nos diversos teatros de atuação; daí as “alianças estratégicas” com parceiros
ambos, secretário-geral e chanceler, opera- privilegiados, entre eles os “grandes” do
mundo periférico. Dispensável dizer que criar uma “nova geografia comercial inter-
esse retorno a alinhamentos maniqueístas nacional”, segundo declarações do pró-
do passado – basicamente a divisão Nor- prio presidente e de seu chanceler. Um
te-Sul – se encaixava mal nos novos desa- dos instrumentos utilizados para essa fi-
fios colocados à diplomacia brasileira. nalidade foi a constituição do G20 comer-
cial na conferência ministerial de Cancún
(2003) da Rodada Doha, quando o Brasil
Objetivos diplomáticos passou a liderar um grupo de países em
desenvolvimento numa ofensiva contra os
As prioridades de política externa – es- subsídios agrícolas dos países avançados
tabelecidas no discurso inaugural da pre- (mas integrando seus próprios subvencio-
sidência Lula (1/01/2003), explicitadas nistas, como China e Índia). Esses objeti-
várias vezes pelo chanceler e reafirmadas vos de reforma da ordem internacional,
pelo próprio Lula por ocasião do início do sobre a base de coalizões com países “não
seu segundo mandato (1/01/2007) – po- hegemônicos”, foram confirmados em di-
dem ser alinhadas em torno de três objeti- ferentes discursos e entrevistas dos atores
vos principais: principais – tomadores de decisões e exe-
cutivos – da diplomacia do governo Lula
(a) a conquista de uma cadeira perma- ao longo de seus dois mandatos, alguns
nente no Conselho de Segurança das desses objetivos de maneira apenas implí-
Nações Unidas, mediante a reforma cita (já que fazendo parte da “agenda
da Carta da organização e da amplia- partidária” da política externa).
ção desse organismo central nos meca- Esses eram os objetivos considerados
nismos decisórios da ONU; prioritários pela diplomacia de Lula, em
(b) o reforço e a ampliação do Mercosul, função dos quais deve ser feita uma ava-
enquanto base de apoio para a consti- liação sobre sua eficácia, ou seja, aferir se
tuição de um espaço econômico inte- os resultados efetivos corresponderam de
grado na América do Sul; fato às metas estabelecidas para a política
(c) a conclusão das negociações comer- exterior em seu momento inaugural. Ca-
ciais multilaterais iniciadas em 2001 beria, também, examinar os meios empre-
(rodada Doha da OMC) e a inversão gados para implementar essa diplomacia,
de rota nas negociações comerciais he- discutir, em seguida, em que medida esses
misféricas no contexto do projeto ame- meios estavam adaptados às finalidades
ricano da ALCA (segundo acordo pretendidas, efetuar um balanço paralelo
aceito em Miami, em dezembro de dos objetivos que não foram alcançados,
1994, pelo então presidente Itamar bem como, se possível, determinar as ra-
Franco e seu chanceler, Celso Amorim). zões das falhas operacionais ou, em certos
casos, dos erros de concepção que estão na
Havia, evidentemente, diversos outros origem dessas frustrações.
objetivos, entre eles a formação de coali-
zões seletivas com “parceiros estratégi-
cos” tendo em vista “mudar as relações de Nações Unidas
força” no mundo, ou ainda o impulso da-
do às relações de todos os tipos com os Junto com o reforço e a ampliação do
países em desenvolvimento, no quadro da Mercosul e uma conclusão bem-sucedida
“diplomacia Sul-Sul”, alegadamente para das negociações comerciais multilaterais
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bem mais movimentações do que reali- entre outros exemplos, a relutância dos
zações, ou, segundo a frase conhecida, demais vizinhos em reconhecer uma su-
bem mais transpiração do que inspiração, posta liderança brasileira – mais enfatica-
tudo isso centrado talvez excessivamente mente afirmada nos primeiros meses, para
na figura do próprio presidente, que apro- ser logo depois deixada em segundo ou
veitou seu acolhimento excepcional pela terceiro plano –, a complacência de diver-
imprensa internacional para gerir ele sos líderes com a insistência de Lula em
mesmo, ainda que apenas superfi- grandes encontros de cúpula, ou mesmo a
cialmente, grande parte dos dossiês di- oposição disfarçada de alguns dos vizi-
plomáticos, com os riscos e perigos de tal nhos em relação aos interesses econômi-
empreendimento.12 cos brasileiros, ou de suas empresas (como
É bem verdade que, durante a era Lula, a nacionalização unilateral, até hostil, de
o prestígio internacional do Brasil aumen- ativos da Petrobras na Bolívia, ou tensões
tou significativamente, embora muito des- relativas aos investimentos brasileiros em
sa imagem tenha sido laboriosamente outros países).
construída sobre a base de intensos gastos Os impasses em negociações comerciais
de publicidade, internos e externos, com a – embora nem sempre devidos à intransi-
mobilização de diferentes serviços, inclu- gência ou ao protecionismo brasileiro, co-
sive diplomáticos, para realçar fabulosos mo no caso do difícil esquema de associação
programas de inserção social que, vistos entre o Mercosul e a União Europeia – ou
de perto, apresentavam índices de mate- retornos mínimos em iniciativas pratica-
rialização bem mais modestos. Parte subs- mente natimortas, como o projeto de um
tancial do bom conceito adquirido pelo equivalente universal do igualmente frus-
Brasil no cenário internacional também trado “Fome Zero” brasileiro, para não
pode ser creditada à manutenção das boas mencionar a busca da cadeira permanente
políticas de estabilidade macroeconômica no CSNU, podem ter sido simples resul-
herdadas do governo anterior, cujos efei- tados de complexidades operacionais. Mas
tos se manifestaram mais concretamente também podem revelar erros de concepção
depois dos ajustes de 1999, justamente, e e de implementação de iniciativas políticas
da confirmação pelo novo presidente elei- na frente externa, problemas que, todavia,
to em 2002 das principais âncoras do Pla- não chegaram a comprometer a continui-
no Real: responsabilidade fiscal, metas de dade da diplomacia ativista, bem mais ba-
inflação, flutuação cambial e superávit seada em anúncios e discursos, do que em
primário. Pode-se dizer que Lula eximiu- resultados concretos.
-se de cometer os erros populistas que es- Alguns dossiês, sobretudo aqueles con-
tavam sendo praticados alhures na região, duzidos por não diplomatas, receberam,
tendo, por sua vez, reforçado os elementos como seria de se esperar, uma condução
distributivistas das políticas de inserção amadora, quando não comprometedora da
social criadas pela gestão FHC. credibilidade externa do corpo profissio-
Outros aspectos, menos reluzentes, nal, ou até mesmo colocada nas antípodas
dessa diplomacia grandiloquente nos ges- dos procedimentos que seriam seguidos
tos, mas menos grandiosa nos fatos – no segundo os padrões tradicionais do Itama-
confronto do que ela pretenderia ser, com raty. Os exemplos de maior gravidade che-
muito reforço auto-publicitário, é verdade garam a ferir dispositivos constitucionais
– foram cuidadosamente minimizados ou regulando princípios consagrados, como
passados sob silêncio. Estão nesse caso, a não intervenção nos assuntos internos de
Notas:
1. Publicado em Carta Internacional, Nupri-USP, vol. 2, Guilhon de Albuquerque, J.A.; Seitenfus, R.; Nabuco de
n. 1, jan.-mar. 2007, p. 3-10; disponível em: http://www. Castro, S.H. (orgs.), Sessenta anos de política externa
sumarios.org/sites/default/files/pdfs/56810_6556.pdf. brasileira, 2ª ed.; Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006;
2. Ver, por exemplo, o capítulo sobre partidos políticos 1º vol.; p. 537-559; “O Brasil como ator regional e glo-
e política externa neste livro do autor: Relações inter- bal: estratégias de política externa na nova ordem
nacionais e política externa do Brasil: história e sociolo- internacional”, Cena Internacional, vol. 9, n. 1, 2007,
gia da diplomacia brasileira. Porto Alegre: Editora da p. 7-36; disponível em: http://www.mundorama.info/
UFRGS, 2004, bem como este artigo: “A política inter- Mundorama/Cena_Internacional_files/Cena_2007_1.
nacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação do pdf; “Brazil in the International Context at the First
partido à diplomacia do governo Lula”, Sociologia e Decade of the 21st Century: Regional Leadership and
Política, n. 20, 2003, p. 87-102. Strategies for Integration”. In: Evans, Joam (org.), Bra-
3. Ver, entre outros trabalhos do autor: “Uma política zilian Defence Policies: Current Trends and Regional
externa engajada: a diplomacia do governo Lula”, Re- Implications. Londres: Dunkling Books, 2009, p. 11-26;
vista Brasileira de Política Internacional, vol. 47, n. 1, “Lula’s Foreign Policy: Regional and Global Strategies”.
2004, p. 162-184; “Políticas de integração regional no In: Love, Joseph L.; Baer, Werner (eds.), Brazil under
Governo Lula”, Prismas: Direito, Políticas Públicas e Lula: Economy, Politics, and Society under the Worker-
Mundialização, v. 2, n. 1, jan.-jun. 2005, p. 20-54; dispo- -President. Nova York: Palgrave-Macmillan, 2009,
nível em: http://www.publicacoesacademicas.uniceub. p. 167-183; disponível em: http://www.pralmeida.org/0
br/index.php/prisma/article/view/182/157; “A política in- 5DocsPRA/1811BrForPolicyPalgrave2009.pdf; “Never
ternacional do PT e a diplomacia do governo Lula”, in Before Seen in Brazil: Luis Inácio Lula da Silva’s grand
diplomacy”, Revista Brasileira de Política Internacional, -o-que-faltou.html; “La diplomatie de Lula (2003-2010):
vol. 53, n. 2, 2010, p. 160-177; disponível em: http:// une analyse des résultats”, In: Denis Rolland, Antonio
www.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S0034- Carlos Lessa (coords.), Relations Internationales du Bré-
73292010000 200009&lng=en &nrm=iso&tlng=en; “Pen- sil: les Chemins de la Puissance. Paris: L’Harmattan,
samento e ação da diplomacia de Lula: uma visão críti- 2010, vol. 1, p. 249-259; disponível em: http://diploma-
ca”, revista Política Externa, vol. 19, n. 2, set.-out.-nov. tizzando.blogspot.com/2010/10/relations-internationa-
2010, p. 27-40. les-du-bresil.html.
4. Para uma visão geral da diplomacia brasileira, bem 8. Identifiquei e analisei as grandes linhas da “diploma-
como dos temas e agendas constantes de seu trabalho cia partidária” e da visão do mundo do PT e de seus
habitual, ver Henrique Altemani de Oliveira e Antônio principais responsáveis neste artigo: “A política inter-
Carlos Lessa (orgs.): Relações internacionais do Brasil: nacional do Partido dos Trabalhadores: da fundação do
temas e agendas. São Paulo: Saraiva, 2006, 2 vols. partido à diplomacia do governo Lula”, Sociologia e
5. O historiador Amado Luiz Cervo, da UnB, identifica-se Política, op. cit., bem como no capítulo já referido do
com a visão dicotômica das duas diplomacias, ainda livro Relações Internacionais e Política Externa do Brasil
assim numa versão bem mais equilibrada do que os (edição de 2004).
inúmeros artigos do seu colega historiador Luiz Alberto 9. A CELAC, formalizada em dezembro de 2011, é, na
Moniz Bandeira, que se transformou numa espécie de verdade, o resultado da “Cúpula da Unidade da Améri-
porta-voz da interpretação petista da diplomacia brasi- ca Latina e do Caribe” (realizada no México, em feve-
leira. Para um exemplo, entre muitos outros, das ideias reiro de 2010), e que tinha decidido integrar a CALC e
do primeiro autor, ver seu livro Inserção internacional: o Grupo do Rio, um instrumento existente desde 1986.
formação dos conceitos brasileiros. São Paulo: Saraiva, 10. Para uma consulta aos instrumentos de compromisso
2008. Uma visão similar, embora com outro tipo de democrático existentes no âmbito hemisférico e subre-
abordagem, está presente em Sebastião Carlos Velasco gional, ver, respectivamente: “Carta Democrática Intera-
e Cruz, O Brasil no mundo: ensaios de análise política e mericana”, da OEA, disponível em: http://www.oas.org/
prospectiva. São Paulo: Editora UNESP: Programa San OASpage/port/Documents/Democractic_Charter.htm;
Tiago Dantas de Pós-Graduação em Relações Interna- Declaração especial sobre a defesa da democracia e da
cionais da UNESP, 2010; especialmente representativo ordem constitucional da Celac, disponível na “sala da
dessa visão é o artigo escrito com Ana Maria Stuart: imprensa do Itamaraty”, nota n. 472, 3/12/2011. Elaborei
“Mudando de rumo: A política externa do governo considerações sobre a involução democrática no âmbito
Lula”, p. 71-86. O debate sobre a busca de autonomia latino-americano neste artigo: “Obsolescência de uma
da diplomacia brasileira, e a divisão de campos entre velha senhora?: a OEA e a nova geografia política lati-
“participação” e “diversificação”, por sua vez, estão no-americana”, Interesse Nacional, ano 2, n. 6, jul.-set.
muito bem sintetizados no livro conjunto de Tullo Vige- de 2009, p. 58-69; disponível em: www.pralmeida.org/0
vani e Gabriel Cepaluni, Brazilian Foreign Policy in 5DocsPRA/2011OEArevIntNacional6.pdf.
Changing Times: The Quest for Autonomy. Lanham, 11. Efetuei, em trabalhos variados, uma análise crítica
MD: Lexington Books, 2009; publicado no Brasil como: do fenômeno dos BRICs em conexão com sua relevância
A política externa brasileira: a busca da autonomia, de para a agenda diplomática brasileira, mas especial-
Sarney a Lula. São Paulo: UNESP, 2011. mente nos dois ensaios seguintes: “To Be or Not the
6. Efetuei uma primeira distinção quanto a essas leitu- BRIC”, Inteligência, ano 11, 12/2008, p. 22-46; dispo-
ras diversificadas da diplomacia do governo Lula neste nível: http://www.insightnet.com.br/inteligencia/43/
artigo: “Uma nova ‘arquitetura’ diplomática?: interpre- PDFs/01.pdf; “O BRIC e a substituição de hegemonias:
tações divergentes sobre a política externa do governo um exercício analítico (perspectiva histórico-diplomáti-
Lula (2003-2006)”, Revista Brasileira de Política Interna- ca sobre a emergência de um novo cenário global)”, In:
cional, vol. 49, n. 1, 2006, p. 95-116. Renato Baumann (org.): O Brasil e os demais BRICs:
7. Análises preliminares da diplomacia de Lula foram Comércio e Política. Brasília: CEPAL-Escritório no Brasil/
efetuadas por este autor nos seguintes artigos: “Uma IPEA, 2010, p. 131-154; disponível em: http://www.pral-
avaliação do governo Lula: o que foi feito, o que fal- meida.org/05DocsPRA/2077BricsHegemoniaBook.pdf.
tou”, Espaço da Sophia, ano 4, n. 40; out.-dez. 2010; 12. Sobre o estilo diplomático do presidente Lula, ver,
ISSN: 1981-318X; link: http://www.revistaespacodaso- por exemplo, o artigo de Rubens Ricupero, “À sombra
phia.com.br/no-40-outnov-2010/item/395-uma-avalia de Charles De Gaulle: uma diplomacia carismática e in-
%C3%A7%C3%A3o-do-governo-lula-o-que-foi-feito- transferível: a política externa do governo Luiz Inácio
Lula de Silva (2003-2010)”, Novos Estudos CEBRAP, n. 87, Abdenur, Veja, 8 de setembro de 2010, p. 17 e 19-20;
julho 2010, p. 35-58; disponível em: http://novosestu- resumida neste link: http://veja.abril.com.br/blog/rei-
dos.uol.com.br/acervo/acervo_artigo.asp?idMateria naldo/tag/roberto-abdenur/.
=1389. Minha análise dessa questão foi feita num plano 14. Para uma descrição das posições históricas do PT
mais conceitual, neste ensaio: “Bases conceituais de em matéria de relações internacionais, ver meu ensaio
uma política externa nacional”, in: Estevão C. de Rezen- a esse respeito: “La politique internationale du Parti
de Martins e Miriam G. Saraiva (orgs.) Brasil-União Eu- des Travailleurs: de la fondation du parti à la diploma-
ropeia-América do Sul: Anos 2010-2020. Rio de Janeiro: tie du gouvernement Lula”, in: Denis Rolland et Joëlle
Fundação Konrad Adenauer, 2009, p. 228-243; disponí- Chassin (orgs.), Pour Comprendre le Brésil de Lula. Paris:
vel: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1929BasesCo L’Harmattan, 2004, p. 221-238.
nceitPExtNacBook.pdf.
15. Para o depoimento-defesa de Fernando Henrique
13. Tais tipos de favorecimentos, de um lado, e de prá-
Cardoso, ver A Arte da Política: a história que vivi. Rio
ticas discriminatórias, de outro, bem como o processo
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006; de Celso Lafer: A
vergonhoso de “reeducação ideológica” dos diploma-
identidade internacional do Brasil e a política externa
tas conduzido no âmbito da Secretaria Geral vieram a
brasileira: passado, presente e futuro. São Paulo: Pers-
público em algumas matérias de imprensa, infelizmen-
pectiva, 2001; Mudam-se os tempos: diplomacia brasi-
te já no decorrer do segundo mandato de Lula, bem
leira 2001-2002. Brasília: FUNAG, 2002; de Luiz Felipe
como em histórica entrevista concedida em setembro
Lampreia: Diplomacia brasileira: palavras, contextos e
de 2010 às “Páginas Amarelas” da revista Veja pelo ex-
razões. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999; O Brasil
-embaixador em Washington, Roberto Abdenur, inglo-
e os ventos do mundo: memórias de cinco décadas na
riosamente defenestrado de seu posto por não concor-
cena internacional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010; de
dar com os aspectos mais obviamente nefastos para o
Rubens Antonio Barbosa: O dissenso de Washington:
Brasil decorrentes da diplomacia partidária; sua entre-
notas de um observador privilegiado sobre as relações
vista teve pelo menos o mérito de terminar com o
Brasil-Estados Unidos. São Paulo: Agir, 2011.
“campo de reeducação” montado na Secretaria Geral,
com base em leituras enviesadas, em funcionamento 16. Ver, novamente, o artigo de Rubens Ricupero, “À
pleno durante praticamente sete anos; ver “Diplomacia sombra de De Gaulle: uma diplomacia carismática e in-
de palanque”, entrevista de Diogo Schelp com Roberto transferível”, op. cit.