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8588-(12) Diário da República, 1.ª série — N.

º 193 — 2 de outubro de 2015

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA a ação administrativa especial foi configurada como uma


forma de processo primacialmente direcionada a harmo-
Decreto-Lei n.º 214-G/2015 nizar o modelo do CPC às especificidades próprias do
processo administrativo.
de 2 de outubro Ora, uma forma de processo com estas características é
suficiente, sem necessidade de um modelo dualista, para
1 — A Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, que apro- dar resposta a todos os processos declarativos não-urgentes
vou o Código de Processo nos Tribunais Administrativos
do contencioso administrativo. Justifica-se, por isso, sub-
(CPTA), previa, no seu artigo 4.º, que este Código seria
meter todos os processos não-urgentes do contencioso
revisto no prazo de três anos, a contar da data da sua entrada
administrativo a um único modelo de tramitação, que cor-
em vigor, que veio a ocorrer em 1 de janeiro de 2004.
responde ao da anterior ação administrativa especial.
Embora tenham sido, entretanto, recolhidos elementos
sobre a aplicação do CPTA, designadamente no âmbito de No sentido da consagração de um modelo único de
uma discussão pública cuja realização foi promovida em tramitação dos processos não-urgentes concorre, por outro
2007, e, desse modo, identificados muitos pontos carecidos lado, do ponto de vista da praticabilidade do sistema, a
de alteração, a verdade é que essa revisão não ocorreu conveniência em dar resposta a dificuldades que a deli-
até hoje. mitação do âmbito de intervenção da ação administrativa
Por outro lado, o Código de Processo Civil (CPC) foi comum e da ação administrativa especial colocava. Basta
recentemente objeto de uma reforma profunda, com a pensar na dificuldade que, em muitas situações concretas,
qual se impõe harmonizar o CPTA. E também a revisão se coloca de saber se a Administração está investida do
do Código do Procedimento Administrativo, em diversos poder de praticar um ato administrativo impugnável, ou
aspetos, se repercute no regime do CPTA. se o interessado pode propor uma ação de reconhecimento
É, pois, o momento de empreender uma revisão que não dos seus direitos ou interesses sem dependência da emissão
podia ser mais adiada. Aproveita-se, entretanto, a ocasião desse ato. E na incoerência de se enquadrar o contencioso
para introduzir modificações também julgadas oportunas dos contratos no âmbito da ação administrativa comum
e necessárias ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e o dos atos administrativos no da ação administrativa
e Fiscais (ETAF), assim como a alguns diplomas avulsos especial, num contexto, tão diferente do tradicional, em
que disciplinam matéria processual administrativa ou que que é admitida uma relativa fungibilidade entre as figuras
com esta são conexas. do ato administrativo e do contrato.
2 — Os aspetos mais significativos da presente revisão Estas razões determinaram a opção de se abandonar o
do CPTA dizem respeito à estrutura das formas do processo modelo dualista que o CPTA consagrava, extinguindo-se
e ao respetivo regime. a forma da ação administrativa comum e reconduzindo-se
Com efeito, o CPTA, no respeito pela tradição mais todos os processos não-urgentes do contencioso admi-
recente do contencioso administrativo português, assente nistrativo a uma única forma de processo, a que é dada a
na contraposição entre o recurso contencioso e o processo designação de «ação administrativa».
declarativo comum do CPC, tradicionalmente seguido no Esta nova forma de processo é submetida ao regime
contencioso das ações, optou por estruturar os processos que, até aqui, correspondia à ação administrativa especial,
declarativos não-urgentes sobre um modelo dualista, de mas com as profundas alterações que decorrem da sua
acordo com o qual, para além dos tipos circunscritos de harmonização com o novo regime do CPC.
situações de urgência, objeto de regulação própria, as cau- 3 — É no regime da nova «ação administrativa» que
sas deviam ser objeto da ação administrativa especial ou mais claramente se refletem as implicações no CPTA da
da ação administrativa comum, consoante, no essencial, recente reforma do CPC. O novo regime da «ação adminis-
se reportassem ou não a atos administrativos ou a normas trativa» introduz, assim, diversas inovações decorrentes do
regulamentares. novo regime do CPC, sem deixar, no entanto, de procurar
A solução prestava-se a reparos, que se prendiam com corresponder às especificidades do contencioso adminis-
a relativa incoerência e com a reduzida praticabilidade do trativo, que estão na base da existência de um Código
modelo adotado. próprio, procurando dar resposta a problemas que não se
Desde logo, relativa incoerência, na medida em que, colocam em processo civil e, nos restantes domínios, con-
embora a tramitação que o CPTA estabeleceu para a ação sagrando, quando tal se justifica, soluções diferenciadas,
administrativa especial tenha sido, de algum modo, a suces- em que o regime do CPTA pontualmente se afasta daquele
sora daquela que, no regime precedente, correspondia ao que resulta do CPC.
recurso contencioso, a verdade é que, nos seus aspetos Deste ponto de vista, merecem, desde logo, referência o
fundamentais, ela foi configurada por referência ao regime regime do novo artigo 78.º-A, que procura reforçar a tutela
do processo declarativo comum do CPC, ao qual, por sua da posição do autor perante o encargo que lhe é imposto
vez, também se reconduzia a forma da ação administrativa de indicar os contrainteressados na petição inicial, e a
comum. revisão do artigo 85.º, que procura consagrar um regime
Esta circunstância tem várias explicações, mas a prin- mais coerente no que respeita à intervenção do Ministério
cipal radica no princípio, que o Código assumiu como Público nos processos em que não é parte.
fundamental, nos artigos 4.º e 5.º, da livre cumulabilidade Por outro lado, devem ser mencionados os regimes do
de pedidos. Com efeito, a introdução da possibilidade da n.º 4 do artigo 83.º, que preserva a solução tradicional da
dedução e apreciação, em cumulação de pedidos, de todos não imposição do ónus de impugnação especificada, mas
os pedidos que correspondem à ação administrativa comum impõe o ónus de contestar, do artigo 85.º-A, que prevê a
no âmbito da ação administrativa especial, tornou inevitá- existência de réplica e, havendo reconvenção, de tréplica,
vel a aproximação da tramitação desta última ao processo dos artigos 87.º-A a 87.º-C, que introduzem adaptações
civil, indispensável para que tal fosse possível. Por isso, pontuais ao regime da audiência prévia e do saneador, bem
mais do que a sucessora do anterior recurso contencioso, como dos artigos 91.º e 91.º-A, que clarificam os termos
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em que se procede à realização de audiência final e em a eliminação do critério de atribuição de providências


que pode haver lugar à apresentação de alegações escritas. cautelares que se encontrava previsto na alínea a) do n.º 1
4 — Ainda no que respeita às formas do processo, é do artigo 120.º, e vinha sendo objeto de críticas e de uma
introduzida nos artigos 97.º e 99.º a previsão de uma nova aplicação jurisprudencial muito restritiva. Neste contexto,
forma de processo urgente, dirigida a dar resposta célere o novo regime previsto no artigo 120.º consagra um único
e integrada aos litígios respeitantes a procedimentos de critério de decisão de providências cautelares, quer estas
massa, em domínios como os dos concursos na Adminis- tenham natureza antecipatória ou conservatória, as quais
tração Pública e da realização de exames, com um elevado poderão ser adotadas quando se demonstre a existência
número de participantes. O novo regime dos procedimentos de um fundado receio da constituição de uma situação de
de massa visa assegurar a concentração num único pro- facto consumado ou da produção de prejuízos de difícil
cesso, a correr num único tribunal, das múltiplas preten- reparação para os interesses que o requerente pretende
sões que os participantes nestes procedimentos pretendam acautelar no processo principal, e seja provável que a pre-
deduzir no contencioso administrativo. tensão formulada ou a formular nesse processo venha a
5 — Nas restantes matérias, são três os domínios em ser julgada procedente.
que assumem maior relevo as alterações introduzidas no Revê-se, ainda, o regime do artigo 131.º, clarificando
regime do CPTA. diversos aspetos, relacionados com o momento e condições
5.1 — O primeiro deles diz respeito ao novo regime em que o decretamento provisório pode ocorrer e com a
do artigo 73.º, em matéria de impugnação das normas possibilidade de decretamento oficioso, e simplificando o
regulamentares, que, indo ao encontro das múltiplas crí- regime do incidente.
ticas de que tinha sido objeto o regime anterior, procede à 7 — São, entretanto, introduzidas outras inovações dig-
respetiva simplificação e clarificação, designadamente no nas de nota no regime do CPTA.
que respeita às situações de dedução do incidente da inva- No n.º 4 do artigo 20.º, consagra-se a solução que parece
lidade de normas regulamentares em processos cujo objeto mais adequada a assegurar a proximidade territorial do
principal não lhes diz respeito. As alterações introduzidas tribunal em relação ao litígio.
neste domínio repercutem-se, naturalmente, no regime da No artigo 30.º, promove-se a publicidade do processo
suspensão da eficácia de normas regulamentares, previsto administrativo.
no artigo 130.º, que também é revisto em conformidade. No artigo 48.º, para além de se proceder à clarificação
5.2 — O segundo diz respeito ao contencioso pré- de determinados aspetos de regime, procede-se à flexibili-
-contratual urgente, regulado nos artigos 100.º e seguin- zação e à ampliação do respetivo âmbito de aplicação.
tes, cujo âmbito de aplicação é, desde logo, alargado, de No n.º 2 do artigo 58.º, é retomado o regime anterior
modo a abranger o contencioso relativo à formação de ao CPTA, que assegura maior segurança e certeza num
todos os tipos contratuais compreendidos pelo âmbito de domínio tão importante como é o da contagem do prazo
aplicação das diretivas da União Europeia em matéria de de impugnação dos atos administrativos, eliminando uma
contratação pública. solução que não tinha racionalidade que a justificasse.
No regime do contencioso pré-contratual urgente, é, Nos artigos 64.º e 74.º procede-se à harmonização do
desde logo, introduzida uma série de clarificações, que CPTA com o novo regime introduzido pela revisão do
visam dar resposta a múltiplas questões que se vinham CPA dos regimes respeitantes, respetivamente, à anula-
colocando na prática jurisprudencial, designadamente ção e à sanação do ato administrativo impugnado durante
no que diz respeito ao regime a aplicar nas situações de a pendência do processo impugnatório, e aos prazos de
cumulação de pedidos (artigo 100.º), à aplicabilidade do impugnação das normas regulamentares.
regime do artigo 45.º (artigo 102.º) e ao contencioso de Nos artigos 77.º-A e 77.º-B, procede-se à harmonização
impugnação do programa e demais documentos confor- do regime da legitimidade e prazos para a impugnação de
madores do procedimento pré-contratual, cujo regime era contratos com o novo regime que, por outro lado, é intro-
particularmente insuficiente e é, agora, objeto de regulação duzido no artigo 285.º do Código dos Contratos Públicos,
própria no artigo 103.º no sentido de se clarificar o regime de invalidade aplicável
O aspeto mais relevante reside, no entanto, no novo às situações de falta e vícios da vontade dos contratos
artigo 103.º-A, que, no propósito de proceder finalmente administrativos.
à transposição das Diretivas Recursos, associa um efeito No novo artigo 110.º-A, é regulada a possibilidade,
suspensivo automático à impugnação dos atos de adjudica- sobre a qual o CPTA era, até aqui, omisso, da convolação
ção e introduz um regime inovador de adoção de medidas dos processos de intimação para proteção de direitos, liber-
provisórias no âmbito do próprio processo do contencioso dades e garantias em processos cautelares, quando não se
pré-contratual. preencham os exigentes pressupostos de que depende a
6 — O terceiro diz respeito aos processos cautelares, admissibilidade dos primeiros.
domínio no qual são introduzidas importantes inovações. No artigo 121.º, os pressupostos são flexibilizados no
Assim, nos n.os 4 e 5 do artigo 113.º é introduzida a pre- sentido de promover a economia processual.
visão da possibilidade da modificação objetiva ou subjetiva No regime dos recursos jurisdicionais (artigos 140.º
da instância, por alteração superveniente das circunstâncias e segs.), procede-se à harmonização com o novo regime
ou por substituição do Ministério Público ao requerente do CPC e à clarificação de um conjunto de aspetos, em
primitivo. matéria de legitimidade para recorrer (artigo 141.º), sucum-
Merecem maior destaque as soluções dirigidas a pro- bência (artigo 142.º), despacho de admissão de recurso
mover a agilidade dos processos cautelares, evitando a (artigos 144.º e 145.º), extensão dos poderes de cognição
respetiva sobrecarga com produção desproporcionada e dos juízes de apelação e possibilidade da produção de prova
injustificada de prova. Inscrevem-se nessa perspetiva, as no tribunal de recurso (artigo 149.º) e extensão dos poderes
modificações introduzidas no artigo 118.º e, sobretudo, de pronúncia do tribunal de revista (artigo 150.º).
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No artigo 151.º, flexibilizam-se os pressupostos do remoção de situações constituídas pela Administração em


recurso per saltum, no sentido de ampliar o âmbito da via de facto, sem título que as legitime, e de impugnação
sua aplicação. de decisões que apliquem coimas no âmbito do ilícito de
No artigo 172.º, flexibilizam-se as condições em que se mera ordenação social por violação de normas de direito
pode processar o pagamento da quantia devida no âmbito administrativo em matéria de urbanismo. Entendeu-se,
dos processos de execução para pagamento de quantia nesta fase, não incluir no âmbito desta jurisdição adminis-
certa. trativa um conjunto de matérias que envolvem a apreciação
8 — Procede-se, por outro lado, à clarificação de um de questões várias, tais como as inerentes aos processos
conjunto de aspetos do regime do CPTA, em múltiplos que têm por objeto a impugnação das decisões da Admi-
domínios, desde há muito identificados na prática juris- nistração Pública que apliquem coimas no âmbito do ilícito
prudencial, em que a sua aplicação suscitava dúvidas. Na de mera ordenação social noutros domínios. Pretende-se
maioria dos casos, as dúvidas eram devidas ao facto de o que estas matérias sejam progressivamente integradas no
Código não prever situações que, na prática, se verificavam âmbito da referida jurisdição, à medida que a reforma dos
e, por isso, careciam de resposta. Mas também à existên- tribunais administrativos for sendo executada.
cia de previsões ambíguas, cujo sentido urgia clarificar, Dando resposta a anseio já antigo, eliminam-se, no
ou à necessidade de harmonizar a redação de diferentes artigo 40.º, as exceções à regra de que os tribunais adminis-
preceitos, desse modo eliminando equívocos. trativos de círculo funcionam com juiz singular, a cada juiz
Nesta perspetiva se inscrevem as alterações introduzidas competindo a decisão, de facto e de direito, dos processos
nos n.os 2, 5 e 7 do artigo 10.º, relacionadas com a legiti- que lhe sejam distribuídos.
midade passiva das Regiões Autónomas e dos Ministérios, Quanto ao mais, procede-se a diversos ajustamentos
em caso de cumulação de pedidos, no artigo 14.º, quanto pontuais na estrutura do Supremo Tribunal Administrativo
ao procedimento a adotar por tribunal incompetente, no e no regime dos concursos para tribunais superiores, e
artigo 16.º, quanto à determinação do tribunal da residên- procede-se à redefinição do regime aplicável aos presi-
cia ou sede de diferentes autores, no artigo 19.º, quanto dentes dos tribunais de primeira instância.
ao tribunal competente para as ações sobre contratos, no 10 — As alterações a outros diplomas legais têm, em
n.º 1 do artigo 20.º, quanto ao âmbito de aplicabilidade primeiro lugar, por objeto os artigos 85.º, 95.º e 112.º do
desta norma, nos n.os 8 e 9 do artigo 20.º, quanto ao tribunal Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, com o objetivo
territorialmente competente para os processos de execução de clarificar algumas regras procedimentais e de compe-
de sentenças e de atos administrativos dependentes de tência e de eliminar dúvidas que se têm colocado sobre
execução jurisdicional, no artigo 29.º, quanto aos prazos a o objeto do processo de intimação que neles se encontra
observar por juízes e funcionários judiciais, no artigo 36.º, previsto, clarificando a profunda diferença que separa este
quanto ao regime a aplicar aos processos urgentes previstos processo da ação de condenação à prática de ato devido,
em legislação avulsa, no artigo 39.º, quanto ao interesse que se encontra consagrada no CPTA.
qualificado em agir exigível nas ações de condenação à abs- As alterações aos artigos 12.º, 16.º e 19.º da Lei
tenção da prática de atos administrativos, nos artigos 45.º e n.º 83/95, de 31 de agosto, visam adequar o respetivo
45.º-A, quanto aos pressupostos e ao âmbito de aplicação regime à estrutura das formas de processo que foi intro-
do regime do artigo 45.º, no artigo 51.º, quanto aos requi- duzida pelo CPTA.
sitos gerais de impugnabilidade dos atos administrativos, A alteração do artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de
no artigo 53.º, quanto ao regime de impugnabilidade dos agosto, é orientada pelo propósito simplificador de deixar
atos confirmativos, no artigo 54.º, quanto ao regime de de fazer corresponder uma forma de processo específica às
impugnabilidade dos atos ineficazes, nos artigos 55.º e ações de declaração de perda de mandato ou de dissolução
68.º, quanto ao âmbito da legitimidade para impugnar de órgãos autárquicos ou entidades equiparadas, subme-
atos administrativos, tanto do Ministério Público, como de tendo essas ações, por remissão, aos termos do processo
órgãos em relação a atos de outros órgãos da mesma enti- do contencioso eleitoral, previstos no CPTA.
dade pública, no artigo 56.º, quanto ao âmbito de aplicação As alterações aos artigos 14.º, 23.º e 31.º da Lei
do instituto da aceitação do ato administrativo, no n.º 1 do n.º 46/2007, de 24 de agosto, e ao artigo 14.º da Lei
artigo 59.º, quanto ao momento a partir do qual corre o n.º 19/2006, de 12 de junho, estão relacionadas com as
prazo de impugnação dos atos administrativos ineficazes, alterações introduzidas no CPTA ao regime da intimação
nos artigos 67.º e 69.º, quanto aos pressupostos de que para prestação de informação, consulta de processos e
depende a propositura da ação de condenação à prática de passagem de certidões.
ato devido nos casos de ter havido um ato negativo nulo Foram ouvidos o Conselho Superior da Magistratura,
ou de se pretender a substituição de um ato de conteúdo o Conselho Superior do Ministério Publico, o Conselho
positivo, e no artigo 70.º, quanto à hipótese de a pretensão Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, o Con-
dirigida à substituição do ato de conteúdo positivo surgir selho dos Oficiais de Justiça, a Ordem dos Advogados, o
na pendência de ação inicialmente proposta em situação Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o Sindi-
de silêncio da Administração. cato dos Funcionários Judiciais, a Associação Sindical dos
9 — No que respeita ao ETAF, clarificam-se, desde logo, Juízes Portugueses e a Câmara dos Solicitadores.
os termos da relação que se estabelece entre o artigo 1.º e Foi promovida a audição do Conselho Distrital da
o artigo 4.º, no que respeita à determinação do âmbito da Madeira da Ordem dos Advogados, do Conselho Distri-
jurisdição administrativa e fiscal, e, por outro lado, dá-se tal dos Açores da Ordem dos Advogados, do Conselho
mais um passo no sentido, encetado pelo atual ETAF, de Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, do Conselho
fazer corresponder o âmbito da jurisdição aos litígios de Distrital do Porto da Ordem dos Advogados, do Conselho
natureza administrativa e fiscal que por ela devem ser Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, do Con-
abrangidos. Neste sentido, estende-se o âmbito da juris- selho Distrital de Évora da Ordem dos Advogados, do
dição administrativa e fiscal às ações de condenação à Conselho Distrital de Faro da Ordem dos Advogados, da
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Associação dos Oficiais de Justiça, do Sindicato dos Ofi- c) A condenação à não emissão de atos administrati-
ciais de Justiça e do Movimento Justiça e Democracia. vos, nas condições admitidas neste Código;
Assim: d) [Anterior alínea h)];
No uso da autorização legislativa concedida pelo e) A condenação à emissão de normas devidas ao
artigo 1.º da Lei n.º 100/2015, de 19 de agosto, e nos termos abrigo de disposições de direito administrativo;
das alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, f) [Anterior alínea a)];
o Governo decreta o seguinte: g) O reconhecimento de qualidades ou do preenchi-
mento de condições;
Artigo 1.º h) A condenação à adoção ou abstenção de com-
portamentos, pela Administração Pública ou por par-
Objeto
ticulares;
O presente decreto-lei procede: i) A condenação da Administração à adoção das con-
dutas necessárias ao restabelecimento de direitos ou
a) À quarta alteração ao Código de Processo nos Tri-
interesses violados, incluindo em situações de via de
bunais Administrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002,
facto, desprovidas de título que as legitime;
de 22 de fevereiro, alterada pelas Leis n.os 4-A/2003, de
j) A condenação da Administração ao cumprimento
19 de fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011,
de deveres de prestar que diretamente decorram de nor-
de 14 de dezembro;
mas jurídico-administrativas e não envolvam a emissão
b) À décima primeira alteração ao Estatuto dos Tribunais
de um ato administrativo impugnável, ou que tenham
Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002,
sido constituídos por atos jurídicos praticados ao abrigo
de 19 de fevereiro;
de disposições de direito administrativo, e que podem
c) À sétima alteração ao Código dos Contratos Públi-
ter objeto o pagamento de uma quantia, a entrega de
cos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de
uma coisa ou a prestação de um facto;
janeiro;
k) A condenação à reparação de danos causados por
d) À décima quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 555/99,
pessoas coletivas e pelos titulares dos seus órgãos ou
de 16 de dezembro;
respetivos trabalhadores em funções públicas;
e) À primeira alteração à Lei n.º 83/95, de 31 de
l) A apreciação de questões relativas à interpretação,
agosto;
validade ou execução de contratos;
f) À segunda alteração à Lei n.º 27/96, de 1 de agosto,
m) A restituição do enriquecimento sem causa,
alterada pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de novem-
incluindo a repetição do indevido;
bro;
n) [Anterior alínea l)];
g) À primeira alteração à Lei n.º 19/2006, de 12 de
o) A intimação para proteção de direitos, liberdades
junho.
e garantias;
p) A extensão dos efeitos de julgados;
Artigo 2.º
q) A adoção das providências cautelares adequadas
Alteração ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos para assegurar o efeito útil das decisões a proferir em
processo declarativo.
Os artigos 2.º a 5.º, 8.º a 12.º, 14.º, 16.º, 19.º, 20.º, 23.º
a 27.º, 29.º a 31.º, 35.º a 39.º, 41.º, 45.º, 48.º, 50.º, 51.º,
53.º a 56.º, 58.º, 59.º, 61.º, 63.º, 64.º, 66.º a 71.º, 73.º, Artigo 3.º
74.º, 76.º a 105.º, 107.º, 110.º a 124.º, 126.º e 127.º, 130.º [...]
a 132.º, 135.º, 140.º a 145.º, 149.º a 152.º, 157.º, 159.º,
1 — [...].
161.º a 164.º, 169.º a 173.º, 175.º, 176.º, 180.º, 182.º, 184.º,
2 — [...].
185.º, 187.º e 191.º do Código de Processo nos Tribunais
3 — Os tribunais administrativos asseguram os meios
Administrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22
declarativos urgentes necessários à obtenção da tutela
de fevereiro, alterada pelas Leis n.os 4-A/2003, de 19 de
adequada em situações de constrangimento temporal,
fevereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de 14
assim como os meios cautelares destinados à salva-
de dezembro, passam a ter a seguinte redação:
guarda da utilidade das sentenças a proferir nos pro-
cessos declarativos.
«Artigo 2.º
4 — Os tribunais administrativos asseguram ainda a
[...] execução das suas sentenças, designadamente daque-
las que proferem contra a Administração, seja através
1 — O princípio da tutela jurisdicional efetiva com-
da emissão de sentença que produza os efeitos do ato
preende o direito de obter, em prazo razoável, e mediante
administrativo devido, quando a prática e o conteúdo
um processo equitativo, uma decisão judicial que apre-
deste ato sejam estritamente vinculados, seja providen-
cie, com força de caso julgado, cada pretensão regular-
ciando a concretização material do que foi determinado
mente deduzida em juízo, bem como a possibilidade de
na sentença.
a fazer executar e de obter as providências cautelares,
antecipatórias ou conservatórias, destinadas a assegurar
o efeito útil da decisão. Artigo 4.º
2 — [...]: [...]
a) A anulação ou a declaração de nulidade ou de 1 — [...].
inexistência de atos administrativos; 2 — [...].
b) A condenação à prática de atos devidos, nos termos 3 — Havendo cumulação sem que entre os pedidos
da lei ou de vínculo contratualmente assumido; exista a conexão exigida, o juiz notifica o autor ou auto-
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res para, no prazo de 10 dias, indicarem o pedido que quias locais e o Ministério Público têm legitimidade
pretendem ver apreciado no processo, sob cominação para propor e intervir, nos termos previstos na lei, em
de, não o fazendo, haver absolvição da instância quanto processos principais e cautelares destinados à defesa de
a todos os pedidos. valores e bens constitucionalmente protegidos, como a
4 — No caso de absolvição da instância por cumu- saúde pública, o ambiente, o urbanismo, o ordenamento
lação ilegal de pedidos, podem ser apresentadas novas do território, a qualidade de vida, o património cultural e
petições no prazo de 30 dias a contar do trânsito em os bens do Estado, das Regiões Autónomas e das autar-
julgado, considerando-se estas apresentadas na data de quias locais, assim como para promover a execução das
entrada da primeira, para efeitos de tempestividade da correspondentes decisões jurisdicionais.
sua apresentação.
5 — [Revogado]. Artigo 10.º
[...]
Artigo 5.º
Cumulação de pedidos em processos urgentes 1 — [...].
2 — Nos processos intentados contra entidades públi-
1 — A cumulação de pedidos é possível mesmo cas, parte demandada é a pessoa coletiva de direito
quando, nos termos deste Código, a algum dos pedidos público, salvo nos processos contra o Estado ou as Regi-
cumulados corresponda uma das formas da ação admi- ões Autónomas que se reportem à ação ou omissão de
nistrativa urgente, que deve ser, nesse caso, observada órgãos integrados nos respetivos ministérios ou secre-
com as adaptações que se revelem necessárias, devendo tarias regionais, em que parte demandada é o ministério
as adaptações que impliquem menor celeridade do pro- ou ministérios, ou a secretaria ou secretarias regionais,
cesso cingir-se ao estritamente indispensável. a cujos órgãos sejam imputáveis os atos praticados ou
2 — Quando a complexidade da apreciação do pedido sobre cujos órgãos recaia o dever de praticar os atos
ou pedidos cumulados o justifiquem, o tribunal pode jurídicos ou observar os comportamentos pretendidos.
antecipar a decisão do pedido principal em relação à 3 — [...].
instrução respeitante ao pedido ou pedidos cumulados, 4 — O disposto nos n.os 2 e 3 não obsta a que se
que apenas tem lugar se a procedência destes pedidos considere regularmente proposta a ação quando na peti-
não ficar prejudicada pela decisão tomada quanto ao ção tenha sido indicado como parte demandada um
pedido principal. órgão pertencente à pessoa coletiva de direito público,
3 — Quando algum dos pedidos cumulados não per- ao ministério ou à secretaria regional que devem ser
tença ao âmbito da competência dos tribunais adminis- demandados.
trativos, há lugar à absolvição da instância relativamente 5 — Quando, na situação prevista no número ante-
a esse pedido. rior, a citação for feita no órgão indicado na petição,
considera-se citada a pessoa coletiva, o ministério ou a
Artigo 8.º secretaria regional a que o órgão pertence.
[...] 6 — [Anterior n.º 5].
7 — Quando o pedido principal deva ser deduzido
1 — [...]. contra um Ministério, este também tem legitimidade
2 — [...]. passiva em relação aos pedidos que com aquele sejam
3 — [...]. cumulados.
4 — [...]: 8 — [Anterior n.º 6].
a) [...] 9 — [Anterior n.º 7].
b) [...] 10 — Sem prejuízo da aplicação subsidiária, quando
c) [...] tal se justifique, do disposto na lei processual civil em
d) A revogação ou anulação do ato impugnado. matéria de intervenção de terceiros, quando a satisfa-
ção de uma ou mais pretensões deduzidas contra uma
5 — Todas as entidades públicas ou privadas devem entidade pública exija a colaboração de outra ou outras
fornecer os elementos e prestar a colaboração necessária entidades, cabe à entidade demandada promover a res-
ao exercício da ação pública pelo Ministério Público, petiva intervenção no processo.
podendo este, em caso de recusa, solicitar ao tribunal
competente para o julgamento da ação proposta ou a Artigo 11.º
propor a aplicação das sanções previstas na lei pro- [...]
cessual civil para as situações de recusa ilegítima de
colaboração para a descoberta da verdade. 1 — Nos tribunais administrativos é obrigatória a
constituição de mandatário, nos termos previstos no Có-
Artigo 9.º digo do Processo Civil, podendo as entidades públicas
fazer-se patrocinar em todos os processos por advogado,
[...]
solicitador ou licenciado em direito ou em solicitadoria
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte com funções de apoio jurídico, sem prejuízo da repre-
e no capítulo II do título II, o autor é considerado parte sentação do Estado pelo Ministério Público.
legítima quando alegue ser parte na relação material 2 — No caso de o patrocínio recair em licenciado
controvertida. em direito ou em solicitadoria com funções de apoio
2 — Independentemente de ter interesse pessoal na jurídico, expressamente designado para o efeito, a refe-
demanda, qualquer pessoa, bem como as associações e rida atuação no âmbito do processo fica vinculada à
fundações defensoras dos interesses em causa, as autar- observância dos mesmos deveres deontológicos, desig-
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(17)

nadamente de sigilo, que obrigam o mandatário da outra 3 — As ações que tenham por objeto litígios emer-
parte. gentes de vínculos de emprego público intentadas por
3 — [...]. trabalhador contra o empregador público podem ser
4 — [...]. propostas no tribunal do lugar da prestação de trabalho
5 — [...]. ou do domicílio do autor.
6 — Os agentes de execução desempenham as suas
funções nas execuções que sejam da competência dos Artigo 20.º
tribunais administrativos.
[...]
Artigo 12.º 1 — Os processos respeitantes à prática ou à omis-
[...] são de normas e de atos administrativos das Regiões
Autónomas e das autarquias locais, assim como das
1 — [...]. entidades por elas instituídas, e das pessoas coletivas
2 — Nos processos impugnatórios, é possível a coli- de utilidade pública são intentados no tribunal da área
gação de diferentes autores na impugnação, seja de da sede da entidade demandada.
um único, seja de vários atos jurídicos, desde que se 2 — [Revogado].
preencha qualquer dos pressupostos estabelecidos no 3 — [...].
número anterior. 4 — O conhecimento dos pedidos de intimação para
3 — [...]. prestação de informações, consulta de documentos e
4 — No caso previsto no número anterior, bem como passagem de certidões é da competência do tribunal
quando haja coligação ilegal de autores, podem ser apre- da área onde deva ter lugar a prestação, consulta ou
sentadas novas petições, no prazo de 30 dias a contar do passagem pretendida.
trânsito em julgado da decisão, considerando-se estas 5 — [...].
apresentadas na data de entrada da primeira, para efeitos 6 — [...].
da tempestividade da sua apresentação. 7 — [...].
8 — A competência territorial para os processos
Artigo 14.º executivos é determinada nos termos da lei processual
[...] civil.
9 — Para a execução jurisdicional de atos administra-
1 — Quando a petição seja dirigida a tribunal in-
tivos que não possam ser impostos coercivamente pela
competente, o processo é oficiosamente remetido, se
Administração, o tribunal competente é o da área da sede
possível por via eletrónica, ao tribunal administrativo
da residência ou sede do executado ou da localização
ou tributário competente.
2 — Quando a petição seja dirigida a tribunal incom- dos bens a executar.
petente, sem que o tribunal competente pertença à juris-
dição administrativa e fiscal, pode o interessado, no Artigo 23.º
prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado da Regime aplicável
decisão que declare a incompetência, requerer a remessa
do processo ao tribunal competente, com indicação do É subsidiariamente aplicável ao processo adminis-
mesmo. trativo o disposto na lei processual civil em matéria
3 — [...]. de entrega ou remessa das peças processuais, dos du-
plicados dos articulados e das cópias dos documentos
Artigo 16.º apresentados, bem como em matéria de realização das
citações e notificações.
[...]
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes Artigo 24.º
e das soluções que resultem da distribuição das com- Realização de atos processuais
petências em função da hierarquia, os processos são
intentados no tribunal da área da residência habitual 1 — Os atos processuais, incluindo os atos das partes
ou da sede do autor. que devam ser praticados por escrito, e a tramitação
2 — Havendo pluralidade de autores, a ação pode do processo, são efetuados, preferencialmente, por via
ser proposta no tribunal da área da residência habitual eletrónica, nos termos a definir por portaria do membro
ou da sede da maioria deles, ou, no caso de não haver do Governo responsável pela área da justiça.
maioria, no tribunal da área da residência habitual ou 2 — A apresentação de peças processuais e docu-
da sede de qualquer deles. mentos por via eletrónica dispensa a sua remessa ao
tribunal, e a dos respetivos duplicados e cópias, em
Artigo 19.º suporte de papel, sem prejuízo da possibilidade de o
juiz exigir a apresentação do original, nos termos da
[...]
lei processual civil.
1 — As pretensões relativas a contratos são deduzidas 3 — Apresentada a petição por via eletrónica, a cita-
no tribunal do lugar de cumprimento do contrato. ção das entidades públicas ou dos órgãos nela indi-
2 — Se as partes convencionarem o tribunal perante cados é efetuada automaticamente por via eletrónica,
o qual se comprometem a deduzir as suas pretensões sem necessidade de despacho do juiz, salvo nos casos
relativas ao contrato, o tribunal competente para o efeito expressamente previstos em que há lugar a despacho
é o tribunal convencionado. liminar.
8588-(18) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

4 — Na situação prevista no número anterior, a enti- Artigo 27.º


dade pública demandada fica obrigada a apresentar as Poderes do relator nos processos em primeiro
suas peças processuais, o eventual processo instrutor e grau de jurisdição em tribunais superiores
demais documentos, preferencialmente, por via eletró-
1 — [...].
nica, nas condições a definir por portaria do membro 2 — Dos despachos do relator cabe reclamação para
do Governo responsável pela área da justiça, devendo a conferência, com exceção dos de mero expediente.
o autor, sempre que possível, receber as notificações
judiciais pela mesma via, de modo automático. Artigo 29.º
5 — Os atos processuais referidos nos números ante-
[...]
riores podem, ainda, ser apresentados a juízo por uma
das seguintes formas: 1 — [...].
2 — [Revogado].
a) Entrega na secretaria judicial, em suporte de pa- 3 — Sem prejuízo do disposto nos números seguin-
pel, valendo como data da prática do ato a da respetiva tes, são aplicáveis aos processos nos tribunais adminis-
entrega; trativos, em primeira instância ou em via de recurso, os
b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo como prazos estabelecidos na lei processual civil para juízes,
data da prática do ato a da expedição; magistrados do Ministério Público e funcionários, com
c) Envio através de telecópia, valendo como data da as devidas consequências legais.
prática do ato a da expedição. 4 — Na falta de disposição especial, os despachos
judiciais são proferidos no prazo de 10 dias.
Artigo 25.º 5 — Na falta de disposição especial, as promoções do
Ministério Público são deduzidas no prazo de 10 dias.
[...] 6 — Os despachos ou promoções de mero expe-
1 — Salvo disposição em contrário, as citações edi- diente, bem como os considerados urgentes, devem
ser proferidos no prazo máximo de dois dias.
tais são realizadas mediante a publicação de anúncio
7 — Decorridos três meses sobre o termo do prazo
em página informática de acesso público, nos termos a fixado para a prática de ato próprio do juiz sem que o
definir em portaria do membro do Governo responsável mesmo tenha sido praticado, deve o juiz consignar a
pela área da justiça. concreta razão da inobservância do prazo.
2 — Em todas as formas de processo, todos os articu- 8 — A secretaria remete, mensalmente, ao presidente
lados e requerimentos autónomos e demais documentos do tribunal informação discriminada dos casos em que
apresentados após a notificação ao autor da contestação se mostrem decorridos três meses sobre o termo do prazo
do demandado são notificados pelo mandatário judicial fixado para a prática de ato próprio do juiz, ainda que
do apresentante ao mandatário judicial da contraparte o ato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao
nos termos da lei processual civil. presidente do tribunal, no prazo de 10 dias contado da
3 — A notificação determinada no número anterior data de receção, remeter o expediente à entidade com
pode realizar-se por meios eletrónicos, nos termos de competência disciplinar.
portaria do membro do Governo responsável pela área
Artigo 30.º
da justiça.
[...]
Artigo 26.º
[...]
1 — O processo administrativo é público, com as
restrições previstas na lei, processando-se o acesso nos
1 — O sistema informático dos tribunais administra- termos e condições previstos na lei processual civil.
tivos e fiscais assegura a distribuição diária dos proces- 2 — Os acórdãos do Supremo Tribunal Administra-
sos e demais documentos sujeitos a distribuição, que se tivo, assim como os dos Tribunais Centrais Adminis-
realiza automaticamente por forma eletrónica. trativos e dos tribunais administrativos de círculo que
2 — Para o efeito do disposto no número anterior, tenham transitado em julgado, são objeto de publicação
são previamente introduzidos no sistema os dados obrigatória por via informática, em base de dados de
jurisprudência.
necessários, determinados no respeito pelos princípios 3 — Do tratamento informático devem constar pelo
da imparcialidade e do juiz natural, de acordo com os menos a identificação do tribunal que proferiu a decisão
seguintes critérios: e dos juízes que a subscreveram, a data e o sentido e os
a) Espécies de processos, definidas pelo Conselho fundamentos da decisão.
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, sob 4 — [Revogado].
proposta do presidente do tribunal; 5 — [Revogado].
6 — [Revogado].
b) [Anterior alínea b) do corpo do artigo]; 7 — [Revogado].
c) [Anterior alínea c) do corpo do artigo]. 8 — [Revogado].
3 — Em tudo o que não esteja expressamente regu- Artigo 31.º
lado neste artigo, aplica-se, com as necessárias adap-
[...]
tações, o disposto no Código de Processo Civil quanto
à distribuição. 1 — [...].
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(19)

2 — Atende-se ao valor da causa para determinar se f) Reconhecimento de situações jurídicas subje-


cabe recurso da sentença proferida em primeira instância tivas diretamente decorrentes de normas jurídico-
e que tipo de recurso. -administrativas ou de atos jurídicos praticados ao
3 — [...]. abrigo de disposições de direito administrativo;
4 — [...]. g) Reconhecimento de qualidades ou do preenchi-
mento de condições;
Artigo 35.º
h) Condenação à adoção ou abstenção de compor-
[...] tamentos pela Administração Pública ou por particu-
1 — O processo declarativo nos Tribunais Adminis- lares;
trativos rege-se pelo disposto nos títulos II e III e pelas i) Condenação da Administração à adoção das con-
disposições gerais, sendo-lhe subsidiariamente aplicável dutas necessárias ao restabelecimento de direitos ou
o disposto na lei processual civil. interesses violados, incluindo em situações de via de
2 — [Revogado]. facto, desprovidas de título que as legitime;
j) Condenação da Administração ao cumprimento de
Artigo 36.º deveres de prestar que diretamente decorram de normas
[...] jurídico-administrativas e não envolvam a emissão de
um ato administrativo impugnável, ou que tenham sido
1 — [...]:
constituídos por atos jurídicos praticados ao abrigo de
a) [...] disposições de direito administrativo, e que podem ter
b) Procedimentos de massa, com o âmbito definido por objeto o pagamento de uma quantia, a entrega de
neste Código; uma coisa ou a prestação de um facto;
c) [Anterior alínea b)]; k) Responsabilidade civil das pessoas coletivas, bem
d) [Anterior alínea c)];
e) [Anterior alínea d)]; como dos titulares dos seus órgão ou respetivos tra-
f) [Anterior alínea e)]. balhadores em funções públicas, incluindo ações de
regresso;
2 — Os processos urgentes e respetivos inciden- l) Interpretação, validade ou execução de contratos;
tes correm em férias, com dispensa de vistos prévios, m) A restituição do enriquecimento sem causa,
mesmo em fase de recurso jurisdicional, e os atos da incluindo a repetição do indevido;
secretaria são praticados no próprio dia, com precedên- n) Relações jurídicas entre entidades administrativas.
cia sobre quaisquer outros.
3 — O julgamento dos processos urgentes tem lugar, 2 — [Revogado].
com prioridade sobre os demais, logo que o processo 3 — [...].
esteja pronto para decisão.
4 — Na falta de especificação própria quanto à res- Artigo 38.º
petiva tramitação, os processos urgentes previstos em
lei especial seguem os termos da ação administrativa, [...]
com os prazos reduzidos a metade, regendo-se, quanto
1 — [...].
ao mais, pelo disposto nos n.os 2 e 3 do presente artigo
e, em fase de recurso jurisdicional, pelo disposto no 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
artigo 147.º não pode ser obtido por outros meios processuais o
efeito que resultaria da anulação do ato inimpugnável.
Artigo 37.º
[...] Artigo 39.º

1 — Seguem a forma da ação administrativa, com Interesse processual


a tramitação regulada no capítulo III do presente tí- 1 — Os pedidos de simples apreciação podem ser
tulo, os processos que tenham por objeto litígios cuja deduzidos por quem invoque utilidade ou vantagem ime-
apreciação se inscreva no âmbito da competência dos diata, para si, na providência jurisdicional pretendida,
tribunais administrativos e que nem neste Código, nem
designadamente por existir uma situação de incerteza,
em legislação avulsa sejam objeto de regulação especial,
designadamente: de ilegítima afirmação por parte da Administração da
existência de determinada situação jurídica, como nos
a) Impugnação de atos administrativos; casos de inexistência de ato administrativo, ou o fundado
b) Condenação à prática de atos administrativos devi- receio de que a Administração possa vir a adotar uma
dos, nos termos da lei ou de vínculo contratualmente
conduta lesiva, fundada numa avaliação incorreta da
assumido;
c) Condenação à não emissão de atos administrativos, situação jurídica existente.
nas condições admitidas neste Código; 2 — A condenação à não emissão de atos admi-
d) Impugnação de normas emitidas ao abrigo de dis- nistrativos só pode ser pedida quando seja provável a
posições de direito administrativo; emissão de atos lesivos de direitos ou interesse legal-
e) Condenação à emissão de normas devidas ao mente protegidos e a utilização dessa via se mostre
abrigo de disposições de direito administrativo; imprescindível.
8588-(20) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 41.º mesmo tipo, o presidente do tribunal deve determinar,


[...]
ouvidas as partes, que seja dado andamento apenas a
um deles e se suspenda a tramitação dos demais.
1 — Sem prejuízo do disposto na lei substantiva e 2 — [...].
no capítulo seguinte, a ação administrativa pode ser 3 — No exercício dos poderes conferidos nos núme-
proposta a todo o tempo. ros anteriores, o tribunal deve certificar-se de que no
2 — [Revogado]. processo ao qual seja dado andamento prioritário a
3 — [Revogado]. questão é debatida em todos os seus aspetos de facto e
de direito e que a suspensão da tramitação dos demais
Artigo 45.º processos não tem o alcance de limitar o âmbito de ins-
trução, afastando a apreciação de factos ou a realização
Modificação do objeto do processo
de diligências de prova necessárias para o completo
1 — Quando se verifique que a pretensão do autor é apuramento da verdade.
fundada, mas que à satisfação dos seus interesses obsta, 4 — Quando a verificação dos pressupostos reque-
no todo ou em parte, a existência de uma situação de ridos no número anterior apenas possa ser alcançada
impossibilidade absoluta, ou a entidade demandada através da seleção conjugada, para efeito de decisão
demonstre que o cumprimento dos deveres a que seria prioritária, de mais do que um processo, os processos
condenada originaria um excecional prejuízo para o selecionados devem ser apensados num único pro-
interesse público, o tribunal profere decisão na qual: cesso.
a) Reconhece o bem fundado da pretensão do autor; 5 — Das decisões de suspensão de tramitação ou de
b) Reconhece a existência da circunstância que obsta, apensação de processos, podem as partes interpor, no
no todo ou em parte, à emissão da pronúncia solici- prazo de 15 dias, recurso com efeito devolutivo com
tada; fundamento na ausência de qualquer dos pressupostos
c) Reconhece o direito do autor a ser indemnizado referidos no n.º 1.
por esse facto; e 6 — O disposto nos números anteriores também é
d) Convida as partes a acordarem no montante da aplicável quando a situação se verifique no conjunto
indemnização devida no prazo de 30 dias, que pode ser de diferentes tribunais, podendo o impulso partir do
prorrogado até 60 dias, caso seja previsível que o acordo presidente de qualquer dos tribunais envolvidos ou de
venha a concretizar-se dentro daquele prazo. qualquer das partes nos processos em causa.
7 — A aplicação do regime do presente artigo a situa-
2 — Na falta do acordo a que se refere a alínea d) ções de processos existentes em diferentes tribunais,
do número anterior, o autor pode requerer, no prazo de segundo o previsto no número anterior, é determinada
um mês, a fixação judicial da indemnização devida, pelo Presidente do Supremo Tribunal Administrativo,
mediante a apresentação de articulado devidamente a quem compete estabelecer qual ou quais os processos
fundamentado, devendo o tribunal, nesse caso, ouvir a aos quais deve ser dado andamento, com suspensão
outra parte pelo prazo de 10 dias e ordenar as diligências dos demais, oficiosamente ou mediante proposta dos
instrutórias que considere necessárias. presidentes dos tribunais envolvidos.
3 — Na hipótese prevista no número anterior, o autor 8 — Ao processo ou processos selecionados é aplicá-
pode optar por pedir a reparação de todos os danos vel o disposto no n.º 4 do artigo 36.º para os processos
resultantes da atuação ilegítima da entidade demandada, urgentes e no seu julgamento intervêm todos os juízes
hipótese na qual esta é notificada para contestar o novo do tribunal ou da secção.
pedido no prazo de 30 dias, findo o que a ação segue os 9 — A decisão emitida no processo ou nos proces-
subsequentes termos da ação administrativa. sos selecionados é notificada às partes nos processos
4 — O disposto na alínea d) do n.º 1 e nos n.os 2 e 3 suspensos, podendo o autor nestes processos optar, no
não é aplicável quando o autor já tinha cumulado na ação prazo de 30 dias, por desistir do pedido ou recorrer
o pedido de reparação de todos os danos resultantes da da sentença proferida no processo ou nos processos
atuação ilegítima da entidade demandada, hipótese na selecionados.
qual o tribunal dá ao autor a possibilidade de ampliar 10 — O tribunal decide oficiosamente a extensão dos
o pedido indemnizatório já deduzido, de modo a nele efeitos da sentença aos processos suspensos em cujo
incluir o montante da indemnização adicional que possa âmbito não haja sido praticado, no prazo determinado
ser devida pela ocorrência das situações previstas no no número anterior, qualquer dos atos ali previstos.
n.º 1. 11 — Quando mereça provimento, o recurso previsto
5 — [Revogado]. no n.º 9 produz efeitos apenas na esfera jurídica do
recorrente.
Artigo 48.º
Artigo 50.º
Seleção de processos com andamento prioritário
[...]
1 — Quando, num mesmo tribunal, sejam intentados
mais de dez processos que, embora referidos a diferentes 1 — A impugnação de um ato administrativo tem
pronúncias da mesma entidade administrativa, digam por objeto a anulação ou a declaração de nulidade desse
respeito à mesma relação jurídica material ou, ainda que ato.
respeitantes a diferentes relações jurídicas coexistentes 2 — [...].
em paralelo, sejam suscetíveis de ser decididos com base 3 — A impugnação de atos lesivos exprime a inten-
na aplicação das mesmas normas a situações de facto do ção, por parte do autor, de exercer o direito à reparação
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(21)

dos danos que tenha sofrido, para o efeito de interromper em relação a este ato, qualquer dos factos previstos nos
a prescrição deste direito, nos termos gerais. n.os 2 e 3 do artigo 59.º
4 — Às ações de declaração de inexistência de ato 3 — Os atos jurídicos de execução de atos admi-
administrativo é aplicável, com as devidas adaptações, nistrativos só são impugnáveis por vícios próprios, na
o disposto nos artigos 55.º e 57.º, em matéria de legiti- medida em que tenham um conteúdo decisório de caráter
midade, assim como no artigo 64.º, no caso de o autor
ter interesse em deduzir, em substituição ou cumulação inovador.
superveniente com o pedido inicial, a impugnação de 4 — Quando seja admitida a impugnação do ato con-
ato administrativo praticado durante a pendência do firmativo, nos termos do n.º 2, os efeitos da sentença
processo. que conheça do objeto do processo são extensivos ao
ato confirmado.
Artigo 51.º
Atos impugnáveis Artigo 54.º
1 — Ainda que não ponham termo a um procedi- [...]
mento, são impugnáveis todas as decisões que, no exer-
cício de poderes jurídico-administrativos, visem produ- 1 — Os atos administrativos só podem ser impugna-
zir efeitos jurídicos externos numa situação individual dos a partir do momento em que produzam efeitos.
e concreta, incluindo as proferidas por autoridades não 2 — O disposto no número anterior não exclui a
integradas na Administração Pública e por entidades faculdade de impugnação de atos que não tenham come-
privadas que atuem no exercício de poderes jurídico- çado a produzir efeitos jurídicos quando:
-administrativos.
2 — São designadamente impugnáveis: a) [Anterior alínea a) do n.º 1];
b) [Anterior alínea b) do n.º 1].
a) As decisões tomadas no âmbito de procedimentos
administrativos sobre questões que não possam ser de
novo apreciadas em momento subsequente do mesmo 3 — [Anterior n.º 2].
procedimento;
b) As decisões tomadas em relação a outros órgãos Artigo 55.º
da mesma pessoa coletiva, passíveis de comprometer
as condições do exercício de competências legalmente [...]
conferidas aos segundos para a prossecução de inte-
1 — [...]:
resses pelos quais esses órgãos sejam diretamente res-
ponsáveis. a) [...]
b) [...]
3 — Os atos impugnáveis de harmonia com o dis- c) Entidades públicas e privadas, quanto aos direitos
posto nos números anteriores que não ponham termo a e interesses que lhes cumpra defender;
um procedimento só podem ser impugnados durante a
pendência do mesmo, sem prejuízo da faculdade de im- d) Órgãos administrativos, relativamente a atos pra-
pugnação do ato final com fundamento em ilegalidades ticados por outros órgãos da mesma pessoa coletiva
cometidas durante o procedimento, salvo quando essas pública que alegadamente comprometam as condições
ilegalidades digam respeito a ato que tenha determinado do exercício de competências legalmente conferidas aos
a exclusão do interessado do procedimento ou a ato primeiros para a prossecução de interesses pelos quais
que lei especial submeta a um ónus de impugnação esses órgãos sejam diretamente responsáveis;
autónoma. e) [...]
4 — Se contra um ato de indeferimento ou de recusa f) [...].
de apreciação de requerimento não tiver sido deduzido o
adequado pedido de condenação à prática de ato devido, 2 — A qualquer eleitor, no gozo dos seus direitos
o tribunal convida o autor a substituir a petição, para o
efeito de deduzir o referido pedido. civis e políticos, é permitido impugnar as decisões e
5 — Na hipótese prevista no número anterior, quando deliberações adotadas por órgãos das autarquias locais
haja lugar à substituição da petição, considera-se a sediadas na circunscrição onde se encontre recenseado,
nova petição apresentada na data do primeiro registo assim como das entidades instituídas por autarquias
de entrada, sendo a entidade demandada e os contrain- locais ou que destas dependam.
teressados de novo citados para contestar. 3 — [...].

Artigo 53.º Artigo 56.º


Impugnação de atos confirmativos e de execução [...]
1 — Não são impugnáveis os atos confirmativos, 1 — Não pode impugnar um ato administrativo com
entendendo-se como tal os atos que se limitem a reiterar,
com os mesmos fundamentos, decisões contidas em atos fundamento na sua mera anulabilidade quem o tenha
administrativos anteriores. aceitado, expressa ou tacitamente, depois de prati-
2 — Excetuam-se do disposto no número anterior cado.
os casos em que o interessado não tenha tido o ónus de 2 — [...].
impugnar o ato confirmado, por não se ter verificado, 3 — [...].
8588-(22) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 58.º administrativa ou com o decurso do respetivo prazo


[...]
legal, consoante o que ocorra em primeiro lugar.
5 — [...].
1 — Salvo disposição legal em contrário, a impug- 6 — [...].
nação de atos nulos não está sujeita a prazo e a de atos 7 — [...].
anuláveis tem lugar no prazo de: 8 — [...].
a) [Anterior alínea a) do n.º 2];
b) [Anterior alínea b) do n.º 2]. Artigo 61.º
[...]
2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 59.º,
os prazos estabelecidos no número anterior contam-se 1 — Quando sejam separadamente intentados dife-
nos termos do artigo 279.º do Código Civil. rentes processos impugnatórios em situações em que
3 — A impugnação é admitida, para além do prazo seja admitida a cumulação de impugnações, a apensação
previsto na alínea b) do n.º 1: dos processos deve ser ordenada no que foi intentado
em primeiro lugar, nos termos do artigo 28.º
a) Nas situações em que ocorra justo impedimento, 2 — [...].
nos termos previstos na lei processual civil;
b) No prazo de três meses, contado da data da ces- Artigo 63.º
sação do erro, quando se demonstre, com respeito pelo
contraditório, que, no caso concreto, a tempestiva apre- Ampliação da instância
sentação da petição não era exigível a um cidadão nor- 1 — Até ao encerramento da discussão em primeira
malmente diligente, em virtude de a conduta da Admi- instância, o objeto do processo pode ser ampliado à
nistração ter induzido o interessado em erro; ou impugnação de atos que venham a surgir no âmbito ou
c) Quando, não tendo ainda decorrido um ano sobre na sequência do procedimento em que o ato impugnado
a data da prática do ato ou da sua publicação, quando se insere, assim como à formulação de novas pretensões
obrigatória, o atraso deva ser considerado desculpável, que com aquela possam ser cumuladas.
atendendo à ambiguidade do quadro normativo aplicável 2 — [...].
ou às dificuldades que, no caso concreto, se colocavam 3 — [...].
quanto à identificação do ato impugnável, ou à sua qua- 4 — A ampliação do objeto é requerida pelo autor em
lificação como ato administrativo ou como norma. articulado próprio, que é notificado à entidade deman-
dada e aos contrainteressados, para que se pronunciem
4 — [Revogado]. no prazo de 10 dias.
Artigo 59.º Artigo 64.º
[...] Anulação administrativa, sanação e revogação
1 — Sem prejuízo da faculdade de impugnação em do ato impugnado com efeitos retroativos
momento anterior, dentro dos condicionalismos do ar- 1 — Quando, na pendência do processo, o ato im-
tigo 54.º, os prazos de impugnação só começam a correr pugnado seja objeto de anulação administrativa acom-
na data da ocorrência dos factos previstos nos números panhada ou sucedida de nova regulação, pode o autor
seguintes se, nesse momento, o ato a impugnar já for requerer que o processo prossiga contra o novo ato com
eficaz, contando-se tais prazos, na hipótese contrária, fundamento na reincidência nas mesmas ilegalidades,
desde o início da produção de efeitos do ato. sendo aproveitada a prova produzida e dispondo o autor
2 — O prazo para a impugnação pelos destinatários a da faculdade de oferecer novos meios de prova.
quem o ato administrativo deva ser notificado só corre 2 — O requerimento a que se refere o número ante-
a partir da data da notificação ao interessado ou ao seu rior deve ser apresentado no prazo de impugnação do
mandatário, quando este tenha sido como tal constituído ato anulatório e antes do trânsito em julgado da decisão
no procedimento, ou da data da notificação efetuada que julgue extinta a instância.
em último lugar caso ambos tenham sido notificados, 3 — O disposto no n.º 1 é aplicável a todos os casos
ainda que o ato tenha sido objeto de publicação, mesmo em que o ato impugnado seja, total ou parcialmente,
que obrigatória. alterado ou substituído por outro com os mesmos efeitos,
3 — O prazo para a impugnação por quaisquer outros e ainda no caso de o ato anulatório já ter sido praticado
interessados começa a correr a partir de um dos seguin- no momento em que o processo foi intentado, sem que
tes factos: o autor disso tivesse ou devesse ter conhecimento.
a) Quando os atos tenham de ser publicados, da data 4 — Se o ato anulado pela Administração na pendên-
em que o ato publicado deva produzir efeitos; cia do processo só vier a ser substituído por outro após
b) Quando os atos não tenham de ser publicados, da a extinção da instância, o interessado pode requerer,
data da notificação, da publicação, ou do conhecimento dentro do prazo de impugnação contenciosa, a reaber-
do ato ou da sua execução, consoante o que ocorra em tura do processo contra o novo ato com fundamento na
primeiro lugar. reincidência nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada
a prova produzida e dispondo o autor da faculdade de
4 — A utilização de meios de impugnação adminis- oferecer novos meios de prova.
trativa suspende o prazo de impugnação contenciosa 5 — O disposto nos números anteriores é também
do ato administrativo, que só retoma o seu curso com aplicável aos casos de revogação do ato com efeitos
a notificação da decisão proferida sobre a impugnação retroativos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(23)

6 — Quando, na pendência de processo de impug- damente comprometam as condições do exercício de


nação de ato que tenha determinado a imposição de competências legalmente conferidas aos primeiros para
deveres, encargos, ónus ou sujeições, a aplicação de a prossecução de interesses pelos quais estes órgãos
sanções ou a restrição de direitos ou interesses legal- sejam diretamente responsáveis;
mente protegidos, for proferido ato com o alcance de e) Presidentes de órgãos colegiais, relativamente à
sanar os efeitos do ato impugnado, o autor pode requerer conduta do respetivo órgão, bem como outras autorida-
a anulação dos efeitos lesivos produzidos por aquele ato
durante o período de tempo que precedeu a respetiva des, em defesa da legalidade administrativa, nos casos
sanação. previstos na lei;
f) [Anterior alínea d)].
Artigo 66.º
[...] 2 — Para além da entidade responsável pela situação
de ilegalidade, são obrigatoriamente demandados os
1 — A ação administrativa pode ser utilizada para
obter a condenação da entidade competente à prática, contrainteressados a quem a prática do ato pretendido
dentro de determinado prazo, de um ato administrativo possa diretamente prejudicar ou que tenham legítimo
ilegalmente omitido ou recusado. interesse em que ele não seja praticado e que possam ser
2 — [...]. identificados em função da relação material em causa ou
3 — A possibilidade prevista no artigo seguinte da dos documentos contidos no processo administrativo.
dedução de pedidos de condenação à prática de ato
devido contra atos de conteúdo positivo não prejudica Artigo 69.º
a faculdade do interessado de optar por proceder, em
[...]
alternativa, à impugnação dos atos em causa.
1 — [...].
Artigo 67.º 2 — Nos casos de indeferimento, de recusa de apre-
[...] ciação do requerimento ou de pretensão dirigida à substi-
tuição de um ato de conteúdo positivo, o prazo de propo-
1 — A condenação à prática de ato administrativo
pode ser pedida quando, tendo sido apresentado reque- situra da ação é de três meses, sendo aplicável o disposto
rimento que constitua o órgão competente no dever de no n.º 3 do artigo 58.º e nos artigos 59.º e 60.º
decidir: 3 — Quando, nos casos previstos no número ante-
rior, esteja em causa um ato nulo, o pedido de conde-
a) Não tenha sido proferida decisão dentro do prazo nação à prática do ato devido pode ser deduzido no
legalmente estabelecido;
b) Tenha sido praticado ato administrativo de indefe- prazo de dois anos, contado da data da notificação do
rimento ou de recusa de apreciação do requerimento; ato de indeferimento, do ato de recusa de apreciação
c) Tenha sido praticado ato administrativo de conte- do requerimento ou do ato de conteúdo positivo que
údo positivo que não satisfaça integralmente a pretensão o interessado pretende ver substituído por outro, sem
do interessado. prejuízo, neste último caso, da possibilidade, em alter-
nativa, da impugnação do ato de conteúdo positivo sem
2 — [...]. dependência de prazo.
3 — [...].
4 — A condenação à prática de ato administrativo Artigo 70.º
também pode ser pedida sem ter sido apresentado reque-
rimento, quando: [...]

a) Não tenha sido cumprido o dever de emitir um ato 1 — Quando a pretensão do interessado seja inde-
administrativo que resultava diretamente da lei; ferida na pendência de processo intentado em situação
b) Se pretenda obter a substituição de um ato admi- de inércia ou de recusa de apreciação de requerimento,
nistrativo de conteúdo positivo. pode o autor alegar novos fundamentos e oferecer dife-
rentes meios de prova em favor da sua pretensão.
Artigo 68.º 2 — [...].
[...] 3 — Quando, na pendência do processo, seja profe-
rido um ato administrativo que não satisfaça integral-
1 — Tem legitimidade para pedir a condenação à
prática de um ato administrativo: mente a pretensão do interessado, o autor pode promover
a alteração do objeto do processo, para o efeito de pedir
a) [...] a anulação parcial do novo ato ou a condenação da enti-
b) O Ministério Público, sem necessidade da apresen- dade demandada à prática do ato necessário à satisfação
tação de requerimento, quando o dever de praticar o ato integral da sua pretensão.
resulte diretamente da lei e esteja em causa a ofensa de
direitos fundamentais, a defesa de interesses públicos 4 — Em todas as situações previstas nos números
especialmente relevantes ou de qualquer dos valores e anteriores, o autor deve apresentar articulado próprio no
bens referidos no n.º 2 do artigo 9.º; prazo de 30 dias, contado desde a data da notificação do
c) [Anterior alínea b)]. ato, considerando-se como tal, quando não tenha havido
d) Órgãos administrativos, relativamente a condutas notificação, a data do conhecimento do ato obtido no
de outros órgãos da Administração Pública, que alega- processo.
8588-(24) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 71.º Artigo 74.º


[...] Prazos

1 — Ainda que o requerimento apresentado não tenha 1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,
obtido resposta ou a sua apreciação tenha sido recusada, a declaração de ilegalidade de normas pode ser pedida
o tribunal não se limita a devolver a questão ao órgão a todo o tempo.
administrativo competente, anulando ou declarando 2 — A declaração de ilegalidade com fundamento em
nulo o eventual ato de indeferimento, mas pronuncia-se ilegalidade formal ou procedimental da qual não resulte
inconstitucionalidade só pode ser pedida no prazo de
sobre a pretensão material do interessado, impondo a
seis meses, contado da data da publicação, salvo nos
prática do ato devido. casos de carência absoluta de forma legal ou de prete-
2 — [...]. rição de consulta pública exigida por lei.
3 — Quando tenha sido pedida a condenação à
prática de um ato com um conteúdo determinado, Artigo 76.º
mas se verifique que, embora seja devida a prática
[...]
de um ato administrativo, não é possível determinar o
seu conteúdo, o tribunal não absolve do pedido, mas 1 — A declaração com força obrigatória geral da
condena a entidade demandada à emissão do ato em ilegalidade de uma norma, nos termos previstos neste
questão, de acordo com os parâmetros estabelecidos Código, produz efeitos desde a data da entrada em vigor
no número anterior. da norma, salvo no caso de ilegalidade superveniente.
2 — [...].
Artigo 73.º 3 — Nos processos intentados por quem tenha sido
[...] diretamente prejudicado pela vigência de norma imedia-
tamente operativa, a aplicação do disposto no número
1 — A declaração de ilegalidade com força obri- anterior não prejudica a eliminação dos efeitos lesivos
gatória geral de norma imediatamente operativa pode causados pela norma na esfera jurídica do autor.
ser pedida por quem seja diretamente prejudicado pela 4 — [Anterior n.º 3].
vigência da norma ou possa vir previsivelmente a sê-lo 5 — A declaração a que se refere o presente artigo
em momento próximo, independentemente da prática implica a repristinação das normas revogadas, salvo
de ato concreto de aplicação, pelo Ministério Público e quando estas sejam ilegais ou tenham deixado por outro
por pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do artigo 9.º, motivo de vigorar.
assim como pelos presidentes de órgãos colegiais, em
relação a normas emitidas pelos respetivos órgãos. Artigo 77.º
2 — Quem seja diretamente prejudicado ou possa Condenação à emissão de normas
vir previsivelmente a sê-lo em momento próximo pela 1 — O Ministério Público, as demais pessoas e en-
aplicação de norma imediatamente operativa que incorra tidades defensoras dos interesses referidos no n.º 2 do
em qualquer dos fundamentos de ilegalidade previstos artigo 9.º, os presidentes de órgãos colegiais, em rela-
no n.º 1 do artigo 281.º da Constituição da República ção a normas omitidas pelos respetivos órgãos, e quem
Portuguesa pode obter a desaplicação da norma, pedindo alegue um prejuízo diretamente resultante da situação
a declaração da sua ilegalidade com efeitos circunscritos de omissão podem pedir ao tribunal administrativo com-
ao seu caso. petente que aprecie e verifique a existência de situações
3 — Quando os efeitos de uma norma não se produ- de ilegalidade por omissão das normas cuja adoção, ao
zam imediatamente, mas só através de um ato adminis- abrigo de disposições de direito administrativo, seja
trativo de aplicação, o lesado, o Ministério Público ou necessária para dar exequibilidade a atos legislativos
qualquer das pessoas e entidades nos termos do n.º 2 carentes de regulamentação.
do artigo 9.º podem suscitar a questão da ilegalidade da 2 — Quando verifique a existência de uma situação
norma aplicada no âmbito do processo dirigido contra de ilegalidade por omissão, o tribunal condena a enti-
o ato de aplicação a título incidental, pedindo a desa- dade competente à emissão do regulamento em falta,
fixando prazo para que a omissão seja suprida.
plicação da norma.
4 — O Ministério Público tem o dever de pedir a Artigo 78.º
declaração de ilegalidade com força obrigatória geral
quando tenha conhecimento de três decisões de desa- [...]
plicação de uma norma com fundamento na sua ilega- 1 — A instância constitui-se com a propositura da
lidade, bem como de recorrer das decisões de primeira ação e esta considera-se proposta logo que a petição
instância que declarem a ilegalidade com força obri- inicial seja recebida na secretaria do tribunal ao qual
gatória geral. é dirigida.
5 — Para o efeito do disposto no número anterior, a 2 — Na petição inicial, deduzida por forma articu-
secretaria remete ao representante do Ministério Público lada, deve o autor:
junto do tribunal certidão das sentenças que tenham a) [...]
desaplicado, com fundamento em ilegalidade, quaisquer b) Identificar as partes, incluindo eventuais con-
normas emitidas ao abrigo de disposições de direito trainteressados, indicando os seus nomes, domicílios
administrativo ou que tenham declarado a respetiva ou sedes e, sempre que possível, não se tratando de
ilegalidade com força obrigatória geral. entidades públicas, números de identificação civil, de
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(25)

identificação fiscal ou de pessoa coletiva, profissões e 6 — [Revogado].


locais de trabalho; 7 — Em tudo o que não esteja expressamente regu-
c) [...] lado neste artigo, aplica-se, com as necessárias adapta-
d) [Anterior alínea j)]. ções, o disposto no Código de Processo Civil quanto à
e) [Anterior alínea d)]. instrução da petição inicial.
f) Expor os factos essenciais que constituem a causa
de pedir e as razões de direito que servem de funda- Artigo 80.º
mento à ação;
g) [Anterior alínea h)]. [...]
h) [Anterior alínea i)]. 1 — [...]:
3 — Para o efeito do disposto na alínea b) do número a) [...]
anterior, a indicação como parte demandada do órgão b) No caso de referir a existência de contrainteressa-
que emitiu ou devia ter emitido uma norma ou um ato dos, não proceder à cabal indicação do respetivo nome e
administrativo é suficiente para que, nos processos com residência, sem prejuízo do disposto no artigo 78.º-A;
esse objeto, se considere indicada, quando o devesse c) Omita qualquer dos elementos a que se referem as
ter sido, a pessoa coletiva, o ministério ou a secretaria alíneas b), c), d) e h) do n.º 2 do artigo 78.º;
regional, pelo que a citação que venha a ser dirigida ao d) Não tenha sido junto nenhum dos documentos
órgão se considera feita, nesse caso, à pessoa coletiva, comprovativos previstos no n.º 1 do artigo 79.º;
ao ministério ou à secretaria regional a que o órgão e) [...]
pertence. f) [...]
4 — Quando o autor pretenda apresentar rol de teste- g) [...].
munhas e requerer outros meios de prova, deve fazê-lo
no final da petição, podendo indicar, quando seja caso
disso, que os documentos necessários à prova constam 2 — A recusa da petição pela secretaria tem os efeitos
do processo administrativo. e consequências que lhe correspondem na lei processual
5 — [Revogado]. civil, podendo ser objeto de reclamação e recurso nos
termos previstos na mesma lei.
Artigo 79.º
Artigo 81.º
[...]
Citação dos demandados
1 — O autor deve instruir a petição inicial com o
documento comprovativo do prévio pagamento da taxa 1 — Recebida a petição, incumbe à secretaria pro-
de justiça devida, da concessão do benefício de apoio mover oficiosamente a citação dos demandados.
judiciário, ou, ocorrendo razão de urgência, do pedido de 2 — O juiz pode, a requerimento do autor e caso
apoio judiciário requerido, mas ainda não concedido. o considere justificado, determinar que a citação seja
2 — Quando a petição inicial seja apresentada por urgente, nos termos e para os efeitos previstos na lei
transmissão eletrónica de dados, o prévio pagamento processual civil.
da taxa de justiça ou a concessão do benefício do apoio 3 — Nos processos que tenham por objeto a impug-
judiciário são comprovados nos termos definidos por nação de norma, o juiz manda publicar anúncio da pro-
portaria do membro do Governo responsável pela área positura da ação, pelo meio e no local utilizados para dar
da justiça. publicidade à norma, a fim de permitir a intervenção no
3 — Sem prejuízo dos demais requisitos exigidos processo de eventuais contrainteressados, que é admis-
pela lei processual civil, a petição inicial deve ser ins- sível até ao termo da fase dos articulados.
truída com a prova documental e designadamente:
4 — [...].
a) Quando seja deduzida pretensão impugnatória, 5 — Nos processos em que haja contrainteressa-
com documento comprovativo da emissão da norma dos em número superior a 10, o juiz, sem prejuízo de
ou do ato impugnados; outros meios de publicitação, pode promover a respe-
b) Quando seja pedida a declaração de inexistência de tiva citação mediante a publicação de anúncio, com a
ato administrativo, com a eventual prova da aparência advertência de que os interessados dispõem do prazo
de tal ato; de 15 dias para se constituírem como contrainteressados
c) Quando a pretensão do autor dirigida à prática de no processo.
um ato administrativo tenha sido indeferida ou rejeitada, 6 — Quando esteja em causa a impugnação de um ato
com documento comprovativo do indeferimento ou da
administrativo que tenha sido publicado, a publicação
rejeição;
d) Quando a pretensão do autor dirigida à prática de do anúncio mencionado no número anterior faz-se, sem
um ato administrativo não tenha sido respondida, com prejuízo de outros meios de publicitação, pelo meio e no
cópia do requerimento apresentado, ou com recibo ou local utilizados para dar publicidade ao ato impugnado,
outro documento comprovativo da entrada do original e, se o ato não tiver sido objeto de publicação, o anún-
nos serviços competentes. cio é publicado em dois jornais diários de circulação
nacional ou local, dependendo do âmbito da matéria
4 — Alegando motivo justificado, é fixado prazo em causa.
ao autor para a junção de documentos que não tenha 7 — Na hipótese prevista no n.º 5, os contrainteres-
podido obter em tempo. sados que como tais se tenham constituído são citados
5 — [Revogado]. para contestarem no prazo previsto no artigo seguinte.
8588-(26) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 82.º termos do artigo 11.º, deve ser junta cópia do despacho
Prazo da contestação e cominação
que o designou.

1 — Os demandados podem contestar no prazo de Artigo 84.º


30 dias a contar da citação, começando o prazo a correr
[...]
desde o termo da dilação, quando a esta houver lugar.
2 — Quando, por erro cometido na petição inicial, 1 — Com a contestação, ou dentro do respetivo
na hipótese prevista no n.º 3 do artigo 78.º, seja citado prazo, a entidade demandada é obrigada a proceder, pre-
um órgão diferente daquele que praticou ou devia ter ferencialmente por via eletrónica, ao envio do processo
emitido a norma ou o ato administrativo, o órgão citado administrativo, quando exista, assim como todos os
deve dar imediato conhecimento àquele que o deveria demais documentos respeitantes à matéria do processo
ter sido, beneficiando, nesse caso, a entidade demandada de que seja detentora, sendo que o sistema informático
de um prazo suplementar de 15 dias para apresentar a dos Tribunais Administrativos e Fiscais deve garantir
contestação e enviar o processo administrativo, quando a apensação dos mesmos aos autos.
exista. 2 — Quando por razões técnicas ou por outros moti-
3 — Se a um contrainteressado não tiver sido facul- vos justificados não for possível o envio eletrónico, nos
tada, em tempo útil, a consulta ao processo adminis- termos do número anterior, a entidade demandada deve
trativo, ele pode dar conhecimento disso ao juiz do remeter ao Tribunal os originais do processo adminis-
processo, podendo, nesse caso, apresentar a contestação trativo e dos demais documentos, que são apensados
no prazo de 15 dias, contado desde o momento em que aos autos.
venha a ser notificado de que o processo administrativo 3 — [Anterior n.º 2].
foi junto aos autos. 4 — [Anterior n.º 3].
4 — Mediante pedido devidamente fundamentado, é 5 — Na falta de envio do processo administrativo
concedida ao Ministério Público prorrogação de prazo, sem justificação aceitável, pode o juiz determinar a
não superior a 30 dias, quando careça de informações aplicação de sanções pecuniárias compulsórias, nos
que não possa obter dentro dele ou quando tenha de termos do artigo 169.º, sem prejuízo do apuramento
aguardar resposta a consulta feita a instância superior. da responsabilidade civil, disciplinar e criminal a que
5 — [Revogado]. haja lugar.
6 — A falta do envio do processo administrativo
Artigo 83.º não obsta ao prosseguimento da causa e determina que
Conteúdo e instrução da contestação os factos alegados pelo autor se considerem provados,
se aquela falta tiver tornado a prova impossível ou de
1 — Na contestação, deduzida por forma articulada,
os demandados devem: considerável dificuldade.
7 — [Anterior n.º 6].
a) Individualizar a ação;
b) Expor as razões de facto e de direito por que se Artigo 85.º
opõem à pretensão do autor;
[...]
c) Expor os factos essenciais em que se baseiam as
exceções deduzidas, especificando-as separadamente. 1 — No momento da citação dos demandados, é for-
necida cópia da petição e dos documentos que a instruem
2 — No final da contestação, os demandados devem ao Ministério Público, salvo nos processos em que este
apresentar o rol de testemunhas, juntar documentos e figure como autor.
requerer outros meios de prova. 2 — Em função dos elementos que possa coligir e
3 — Toda a defesa deve ser deduzida na contestação, daqueles que venham a ser carreados para o processo,
excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em o Ministério Público pode pronunciar-se sobre o mérito
separado, devendo os demandados nela tomar posição da causa, em defesa dos direitos fundamentais dos cida-
definida perante os factos que constituem a causa de dãos, de interesses públicos especialmente relevantes
pedir invocada pelo autor. ou de algum dos valores ou bens referidos no n.º 2 do
4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do artigo 84.º, artigo 9.º
a falta de impugnação especificada nas ações relativas 3 — Nos processos impugnatórios, o Ministério
a atos administrativos e normas não importa confissão Público pode invocar causas de invalidade diversas das
dos factos articulados pelo autor, mas o tribunal aprecia que tenham sido arguidas na petição inicial e solicitar
livremente essa conduta para efeitos probatórios. a realização de diligências instrutórias para a respetiva
5 — Depois da contestação só podem ser deduzidas prova.
as exceções, incidentes e meios de defesa que sejam 4 — Os poderes de intervenção previstos nos núme-
supervenientes, ou que a lei expressamente admita ros anteriores podem ser exercidos até 30 dias após a
passado esse momento, ou de que se deva conhecer notificação da junção do processo administrativo aos
oficiosamente. autos ou, não tendo esta lugar, da apresentação da última
6 — É aplicável à contestação, com as necessárias contestação, disso sendo, de imediato, notificadas as
adaptações, o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 79.º, sendo, partes para se pronunciarem.
quanto ao mais, aplicável o disposto na lei processual 5 — Sendo utilizada a faculdade prevista na parte
civil sobre a apresentação do documento comprovativo final do n.º 3:
do pagamento da taxa de justiça.
7 — Quando a contestação seja subscrita por licen- a) Caso as diligências instrutórias requeridas devam
ciado em Direito com funções de apoio jurídico, nos ser realizadas em audiência final, nos termos do n.º 1
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(27)

do artigo 91.º, o Ministério Público é notificado para 8 — A absolvição da instância sem prévia emissão de
intervir nas mesmas; despacho pré-saneador, em casos em que podia haver
b) Caso as diligências instrutórias requeridas não lugar ao suprimento de exceções dilatórias ou de irregu-
devam ser realizadas em audiência final, o Minis- laridades, não impede o autor de, no prazo de 15 dias,
tério Público é notificado para alegar, nos termos contado da notificação da decisão, apresentar nova
do artigo 91.º-A. petição, com observância das prescrições em falta, a
qual se considera apresentada na data em que o tinha
Artigo 86.º sido a primeira, para efeitos da tempestividade da sua
[...]
apresentação.
9 — Em tudo o que não esteja expressamente regu-
1 — Os factos constitutivos, modificativos ou lado neste artigo, aplica-se, com as necessárias adap-
extintivos supervenientes podem ser deduzidos em tações, o disposto no Código de Processo Civil em
novo articulado, pela parte a que aproveitem, até ao matéria de despacho pré-saneador e de gestão inicial
encerramento da discussão. do processo.
2 — [...]. Artigo 88.º
3 — [...].
4 — [...]. Despacho saneador
5 — As provas são oferecidas com o articulado e 1 — O despacho saneador destina-se a:
com a resposta e os factos articulados que interessem à
decisão da causa são incluídos nos temas da prova. a) Conhecer das exceções dilatórias e nulidades pro-
6 — [Revogado]. cessuais que hajam sido suscitadas pelas partes, ou que,
em face dos elementos constantes dos autos, o juiz deva
Artigo 87.º apreciar oficiosamente;
b) Conhecer total ou parcialmente do mérito da causa,
Despacho pré-saneador
sempre que a questão seja apenas de direito ou quando,
1 — Findos os articulados, o processo é concluso sendo também de facto, o estado do processo permita,
ao juiz, que, sendo caso disso, profere despacho pré- sem necessidade de mais indagações, a apreciação dos
-saneador destinado a: pedidos ou de algum dos pedidos deduzidos, ou de
alguma exceção perentória.
a) Providenciar pelo suprimento de exceções dila-
tórias;
2 — As questões prévias referidas na alínea a) do
b) Providenciar pelo aperfeiçoamento dos articula-
número anterior que não tenham sido apreciadas no
dos, nos termos dos números seguintes;
despacho saneador não podem ser suscitadas nem de-
c) Determinar a junção de documentos com vista a
cididas em momento posterior do processo e as que
permitir a apreciação de exceções dilatórias ou o conhe-
cimento, no todo ou em parte, do mérito da causa no sejam decididas no despacho saneador não podem vir
despacho saneador. a ser reapreciadas.
3 — O despacho saneador pode ser logo ditado para a
ata da audiência prévia mas, quando não seja proferido
2 — O juiz convida as partes a suprir as irregulari-
dades dos articulados, fixando prazo para o suprimento nesse contexto ou quando a complexidade das questões
ou correção do vício, designadamente quando careçam a resolver o exija, o juiz pode proferi-lo por escrito e,
de requisitos legais ou a parte não haja apresentado se for caso disso, suspendendo-se a audiência prévia e
documento essencial ou de que a lei faça depender o fixando-se logo data para a sua continuação.
prosseguimento da causa. 4 — No caso previsto na alínea a) do n.º 1, o despa-
3 — Incumbe ainda ao juiz convidar as partes ao cho constitui, logo que transite, caso julgado formal e,
suprimento das insuficiências ou imprecisões na expo- na hipótese prevista na alínea b), fica tendo, para todos
sição ou concretização da matéria de facto alegada, os efeitos, o valor de sentença.
fixando prazo para a apresentação de articulado em que 5 — Em tudo o que não esteja expressamente regu-
se complete ou corrija o inicialmente produzido. lado neste artigo, aplica-se, com as necessárias adapta-
4 — Os factos objeto de esclarecimento, aditamento ções, o disposto no Código de Processo Civil em matéria
ou correção ficam sujeitos às regras gerais sobre con- de despacho saneador e de gestão inicial do processo.
traditoriedade e prova.
5 — As alterações à matéria de facto alegada não Artigo 89.º
podem implicar convolação do objeto do processo Exceções
para relação jurídica diversa da controvertida, devendo
conformar-se com os limites traçados pelo pedido e 1 — As exceções são dilatórias ou perentórias.
pela causa de pedir, se forem introduzidas pelo autor, e 2 — As exceções dilatórias são de conhecimento
pelos limites impostos pelo artigo 83.º, quando o sejam oficioso e obstam a que o tribunal conheça do mérito
pelo demandado. da causa, dando lugar à absolvição da instância ou à
6 — Não cabe recurso do despacho de convite ao remessa do processo para outro tribunal.
suprimento de irregularidades, insuficiências ou impre- 3 — As exceções perentórias consistem na invocação
cisões dos articulados. de factos que impedem, modificam ou extinguem o
7 — A falta de suprimento de exceções dilatórias ou efeito jurídico dos factos articulados pelo autor, são de
de correção, dentro do prazo estabelecido, das deficiên- conhecimento oficioso quando a lei não faz depender
cias ou irregularidades da petição inicial determina a a sua invocação da vontade do interessado e importam
absolvição da instância. a absolvição total ou parcial do pedido.
8588-(28) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

4 — São dilatórias, entre outras, as exceções seguintes: 3 — No início da audiência, o juiz procura conciliar
as partes, se a causa estiver no âmbito do seu poder de
a) Incompetência do tribunal;
disposição, findo o que se realizam os seguintes atos,
b) Nulidade de todo o processo;
se a eles houver lugar:
c) Falta de personalidade ou de capacidade judiciária
de alguma das partes; a) Prestação dos depoimentos de parte;
d) Falta de autorização ou deliberação que o autor b) Exibição de reproduções cinematográficas ou de
devesse obter; registos fonográficos, podendo o juiz determinar que
e) Ilegitimidade de alguma das partes, designada- ela se faça apenas com assistência das partes, dos seus
mente por falta da identificação dos contrainteressa- advogados e das pessoas cuja presença se mostre con-
dos; veniente;
f) Coligação de autores ou demandados, quando entre c) Esclarecimentos verbais dos peritos cuja com-
os pedidos não exista a conexão exigida no artigo 12.º parência tenha sido determinada oficiosamente ou a
g) Pluralidade subjetiva subsidiária, salvo caso de requerimento das partes;
dúvida fundamentada sobre o sujeito da relação con- d) Inquirição das testemunhas;
trovertida; e) Alegações orais, nas quais os advogados exponham
h) Falta de constituição de advogado ou de represen- as conclusões, de facto e de direito, que hajam extraído
tante legal por parte do autor e a falta, insuficiência ou da prova produzida, podendo cada advogado replicar
irregularidade de mandato judicial por parte do man- uma vez.
datário que propôs a ação;
i) [Anterior alínea c) do n.º 1]; 4 — O juiz pode, nos casos em que tal se justifi-
j) [Anterior alínea g) do n.º 1]; que, alterar a ordem de produção de prova referida no
k) Intempestividade da prática do ato processual; número anterior e, quando o considere conveniente
l) [Anterior alínea i) do n.º 1]. para a descoberta da verdade, determinar a audição em
simultâneo, sobre determinados factos, de testemunhas
Artigo 90.º de ambas as partes.
5 — Quando a complexidade da matéria o justifique
Instrução e decisão parcelar da causa ou qualquer das partes não prescinda da sua apresen-
1 — A instrução tem por objeto os factos relevantes tação, o juiz, no termo da audiência, determina que as
para o exame e decisão da causa que devam considerar- alegações previstas na alínea e) do n.º 3 sejam apresen-
-se controvertidos ou necessitados de prova. tadas por escrito pelo prazo simultâneo de 20 dias.
2 — A instrução rege-se pelo disposto na lei proces- 6 — [Revogado].
sual civil, sendo admissíveis todos os meios de prova
nela previstos. Artigo 92.º
3 — No âmbito da instrução, o juiz ou relator ordena [...]
as diligências de prova que considere necessárias para o
apuramento da verdade, podendo indeferir, por despacho 1 — Nos tribunais superiores, uma vez concluso o
fundamentado, requerimentos dirigidos à produção de processo ao relator, tem lugar a vista simultânea aos
prova sobre certos factos ou recusar a utilização de juízes-adjuntos, que, no caso de evidente simplicidade
certos meios de prova, quando o considere claramente da causa, pode ser dispensada pelo relator.
desnecessário. 2 — [...].
4 — Quando tenham sido cumulados pedidos fun-
dados no reconhecimento, a título principal, da ilega- Artigo 93.º
lidade da conduta administrativa e a complexidade da Julgamento em formação alargada e consulta prejudicial
apreciação desses pedidos o justifique, o tribunal pode para o Supremo Tribunal Administrativo
antecipar a decisão do pedido principal em relação à 1 — Quando à apreciação de um tribunal adminis-
instrução respeitante ao pedido ou pedidos cumulados, trativo de círculo se coloque uma questão de direito
que apenas terá lugar se a procedência destes pedidos nova que suscite dificuldades sérias e possa vir a ser
não ficar prejudicada pela decisão tomada quanto ao suscitada noutros litígios, pode o respetivo presidente,
pedido principal. por proposta do juiz da causa, adotar uma das seguintes
providências:
Artigo 91.º
Audiência final
a) Determinar que no julgamento intervenham todos
os juízes do tribunal, sendo o quórum de dois terços e
1 — Há lugar à realização de audiência final quando havendo lugar à aplicação do disposto no artigo ante-
haja prestação de depoimentos de parte, inquirição de rior;
testemunhas ou prestação de esclarecimentos verbais b) Submeter a sua apreciação ao Supremo Tribunal
pelos peritos. Administrativo, para que este emita pronúncia vincu-
2 — Salvo em tribunal superior, a audiência decorre lativa dentro do processo sobre a questão, no prazo de
perante juiz singular e rege-se pelos princípios da pleni- três meses.
tude da assistência do juiz e da publicidade e continui-
dade da audiência, segundo o disposto na lei processual 2 — A consulta prevista na alínea b) do número an-
civil, gozando o juiz de todos os poderes necessários terior não pode ter lugar em processos urgentes e pode
para tornar útil e breve a discussão e para assegurar a ser liminarmente recusada, a título definitivo, quando
justa decisão da causa. uma formação constituída por três juízes de entre os
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(29)

mais antigos da secção de contencioso administrativo dicos ou comportamentos que envolvam a formulação
do Supremo Tribunal Administrativo considere que não de valorações próprias do exercício da função adminis-
se encontram preenchidos os respetivos pressupostos trativa, sem que a apreciação do caso concreto permita
ou que a escassa relevância da questão não justifica a identificar apenas uma atuação como legalmente pos-
emissão de uma pronúncia. sível, o tribunal não pode determinar o conteúdo do ato
3 — A pronúncia emitida pelo Supremo Tribunal jurídico ou do comportamento a adotar, mas deve expli-
Administrativo não o vincula relativamente a novas pro- citar as vinculações a observar pela Administração.
núncias, que, em sede de consulta ou em via de recurso, 6 — Quando, na hipótese prevista no número ante-
venha a emitir no futuro, sobre a mesma matéria, fora rior, o quadro normativo permita ao tribunal especifi-
do âmbito do mesmo processo. car o conteúdo dos atos e operações a adotar, mas da
4 — [Revogado]. instrução realizada não resultem elementos de facto
suficientes para proceder a essa especificação, o tribu-
Artigo 94.º nal notifica a Administração para apresentar, no prazo
de 20 dias, proposta fundamentada sobre a matéria e
Conteúdo da sentença
ouve em seguida os demais intervenientes no processo,
1 — Encerrada a audiência final ou apresentadas podendo ordenar as diligências complementares que
as alegações escritas ou decorrido o respetivo prazo, considere necessárias antes de proferir a sentença.
quando a essa apresentação haja lugar, o processo é 7 — [Anterior n.º 6].
concluso ao juiz, para ser proferida sentença no prazo
de 30 dias. Artigo 96.º
2 — A sentença começa por identificar as partes e [...]
o objeto do litígio, enunciando as questões de mérito
que ao tribunal cumpra solucionar, ao que se segue Nos tribunais superiores, quando não possa ser la-
a exposição dos fundamentos de facto e de direito, a vrado acórdão na sessão em que seja julgado o processo,
decisão e a condenação dos responsáveis pelas custas o resultado é anotado, datado e assinado pelos juízes
processuais, com indicação da proporção da respetiva vencedores e vencidos e o juiz que tire o acórdão fica
responsabilidade. com o processo para lavrar a decisão respetiva que,
3 — Na exposição dos fundamentos, a sentença deve sem embargo de o resultado ser logo publicado, será
discriminar os factos que julga provados e não provados, lida em conferência na sessão seguinte e aí datada e
analisando criticamente as provas, e indicar, interpretar assinada pelos juízes que nela tenham intervindo, se
e aplicar as normas jurídicas correspondentes. estiverem presentes.
4 — O juiz aprecia livremente as provas segundo a
sua prudente convicção acerca de cada facto, ressalvados Artigo 97.º
os factos para cuja prova a lei exija formalidade especial [...]
e aqueles que só possam ser provados por documentos
ou que estejam plenamente provados, quer por docu- 1 — Regem-se pelo disposto no presente capítulo e,
mentos, quer por acordo ou confissão das partes. no que com ele não contenda, pelo disposto nos capítu-
5 — [Anterior n.º 3]. los II e III do título II:
a) O contencioso dos atos administrativos em matéria
Artigo 95.º eleitoral da competência dos tribunais administrati-
[...] vos;
b) O contencioso dos atos administrativos praticados
1 — A sentença deve decidir todas as questões que as no âmbito de procedimentos de massa, com o âmbito
partes tenham submetido à sua apreciação e não pode estabelecido na secção II;
ocupar-se senão das questões suscitadas, salvo quando c) O contencioso dos atos relativos à formação dos
a lei lhe permita ou imponha o conhecimento oficioso contratos previstos na secção III.
de outras.
2 — A sentença não pode condenar em quantidade 2 — [Revogado].
superior ou em objeto diverso do que se pedir, mas, se
não houver elementos para fixar o objeto ou a quanti- Artigo 98.º
dade, o tribunal condena no que vier a ser liquidado,
Contencioso eleitoral
sem prejuízo de condenação imediata na parte que já
seja líquida. 1 — Os processos do contencioso eleitoral são de
3 — [Anterior n.º 2]. plena jurisdição e podem ser intentados por quem, na
4 — Nas sentenças que condenem à emissão de atos eleição em causa, seja eleitor ou elegível ou, quanto à
administrativos ou normas ou imponham o cumprimento omissão nos cadernos ou listas eleitorais, também pelas
de outros tipos de deveres à Administração, o tribunal pessoas cuja inscrição haja sido omitida.
tem o poder de fixar oficiosamente um prazo para o 2 — [...].
respetivo cumprimento, que, em casos justificados, pode 3 — Nos processos abrangidos pelo contencioso
ser prorrogado, bem como, quando tal se justifique, o eleitoral, a ausência de reação contra os atos relativos
poder de impor sanção pecuniária compulsória, desti- à exclusão, inclusão ou omissão de eleitores ou elegí-
nada a prevenir o incumprimento, segundo o disposto veis nos cadernos eleitorais, e demais atos com eficácia
no artigo 169.º externa anteriores ao ato eleitoral, assim como de cada
5 — Quando no processo tenha sido deduzido pedido ato eleitoral adotado no âmbito de procedimentos enca-
de condenação da Administração à adoção de atos jurí- deados impede o interessado de reagir contra as decisões
8588-(30) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

subsequentes com fundamento em ilegalidades de que concessão de serviços públicos, de aquisição ou locação
enfermem os atos anteriormente praticados. de bens móveis e de aquisição de serviços.
4 — Os prazos a observar durante a tramitação do 2 — Para os efeitos do disposto na presente secção,
processo são os seguintes: são considerados atos administrativos os atos praticados
a) Cinco dias para a contestação; por quaisquer entidades adjudicantes ao abrigo de regras
b) Cinco dias para a decisão do juiz ou do relator, ou de contratação pública.
para este submeter o processo a julgamento; 3 — [Revogado].
c) Três dias para os restantes casos.
Artigo 101.º
5 — Nos processos da competência de tribunal supe- [...]
rior, quando o processo não seja decidido pelo relator,
é julgado, independentemente de vistos, na primeira Os processos do contencioso pré-contratual devem
sessão que tenha lugar após o despacho referido na ser intentados no prazo de um mês, por qualquer pessoa
alínea b) do número anterior. ou entidade com legitimidade nos termos gerais, sendo
aplicável à contagem do prazo o disposto no n.º 3 do
Artigo 99.º artigo 58.º e nos artigos 59.º e 60.º
Contencioso dos procedimentos de massa Artigo 102.º
1 — Para os efeitos do disposto na presente secção, [...]
e sem prejuízo de outros casos previstos em lei espe-
cial, o contencioso dos atos administrativos praticados 1 — Os processos do contencioso pré-contratual
no âmbito de procedimentos de massa compreende as obedecem à tramitação estabelecida no capítulo III do
ações respeitantes à prática ou omissão de atos admi- título II, salvo o preceituado nos números seguintes.
nistrativos no âmbito de procedimentos com mais de 2 — [...].
50 participantes, nos seguintes domínios: 3 — [...].
4 — [...].
a) Concursos de pessoal; 5 — Quando o considere aconselhável ao mais rápido
b) Procedimentos de realização de provas; esclarecimento da questão, o tribunal pode, oficiosa-
c) Procedimentos de recrutamento. mente ou a requerimento de qualquer das partes, optar
pela realização de uma audiência pública para discussão
2 — Salvo disposição legal em contrário, o prazo de da matéria de facto e de direito.
propositura das ações a que se refere o presente artigo é 6 — No âmbito do contencioso pré-contratual, há
de um mês e as ações devem ser propostas no tribunal lugar à aplicação do disposto nos artigos 45.º e 45-A.º,
da sede da entidade demandada. quando se preencham os respetivos pressupostos.
3 — O modelo a que devem obedecer os articulados 7 — O disposto no número anterior é também aplicá-
é estabelecido por portaria do membro do Governo vel nas situações em que, tendo sido cumulado pedido
responsável pela área da justiça. respeitante à invalidade de contrato por violação das
4 — Quando, por referência ao mesmo procedimento, regras relativas ao respetivo procedimento de forma-
sejam propostas diferentes ações em relação às quais se ção, o tribunal proceda, segundo o disposto na lei subs-
preencham os pressupostos de admissibilidade previstos tantiva, ao afastamento dessa invalidade em resultado
para a coligação e a cumulação de pedidos, os respetivos da ponderação dos interesses públicos e privados em
processos são objeto de apensação obrigatória àquele presença.
que tiver sido intentado em primeiro lugar, segundo o
disposto no artigo 28.º Artigo 103.º
5 — Os prazos a observar durante a tramitação do
processo são os seguintes: Impugnação dos documentos conformadores do procedimento

a) 20 dias para a contestação; 1 — Regem-se pelo disposto no presente artigo e


b) 30 dias para a decisão do juiz ou do relator, ou para no artigo anterior, os processos dirigidos à declaração
o despacho deste a submeter o processo a julgamento; de ilegalidade de disposições contidas no programa do
c) 10 dias para os restantes casos. concurso, no caderno de encargos ou em qualquer outro
documento conformador do procedimento de formação
6 — Nos processos da competência de tribunal supe- de contrato, designadamente com fundamento na ile-
rior, quando não seja decidido pelo relator, o processo galidade das especificações técnicas, económicas ou
é julgado, independentemente de vistos, na primeira financeiras que constem desses documentos.
sessão que tenha lugar após o despacho referido na 2 — O pedido de declaração de ilegalidade pode ser
alínea b) do número anterior. deduzido por quem participe ou tenha interesse em parti-
cipar no procedimento em causa, podendo ser cumulado
Artigo 100.º com o pedido de impugnação de ato administrativo
de aplicação das determinações contidas nos referidos
[...]
documentos.
1 — Para os efeitos do disposto na presente secção, 3 — O pedido de declaração de ilegalidade pode ser
o contencioso pré-contratual compreende as ações de deduzido durante a pendência do procedimento a que
impugnação ou de condenação à prática de atos adminis- os documentos em causa se referem, sem prejuízo do
trativos relativos à formação de contratos de empreitada ónus da impugnação autónoma dos respetivos atos de
de obras públicas, de concessão de obras públicas, de aplicação.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(31)

4 — O disposto no presente artigo não prejudica a c) Promover a realização, no prazo de 48 horas, de


possibilidade da impugnação, nos termos gerais, dos uma audiência oral, no termo da qual a decisão é tomada
regulamentos que tenham por objeto conformar mais do de imediato.
que um procedimento de formação de contratos.
4 — [Revogado].
Artigo 104.º 5 — [Revogado].
Objeto
Artigo 111.º
1 — Quando não seja dada integral satisfação a pe- Decisão e seus efeitos
didos formulados no exercício do direito à informação
procedimental ou do direito de acesso aos arquivos e 1 — Sem prejuízo do disposto na alínea c) do n.º 3 do
registos administrativos, o interessado pode requerer a artigo 110.º, o juiz decide o processo no prazo necessário
correspondente intimação, nos termos e com os efeitos para assegurar o efeito útil da decisão, o qual não pode
previstos na presente secção. ser superior a cinco dias após a realização das diligências
2 — [...]. que se mostrem necessárias à tomada da decisão.
2 — Na decisão, o juiz determina o comportamento
Artigo 105.º concreto a adotar e, sendo caso disso, o prazo para o
cumprimento e o responsável pelo mesmo.
Pressupostos 3 — [...].
1 — A intimação deve ser requerida contra a pessoa 4 — O incumprimento da intimação sujeita o parti-
coletiva de direito público, o ministério ou a secretaria cular ou o titular do órgão responsável ao pagamento
regional cujos órgãos sejam competentes para facultar de sanção pecuniária compulsória, a fixar pelo juiz na
a informação ou a consulta, ou passar a certidão. decisão de intimação ou em despacho posterior, segundo
o disposto no artigo 169.º, sem prejuízo do apuramento
2 — Quando o interessado faça valer o direito à
da responsabilidade civil, disciplinar e criminal a que
informação procedimental ou o direito de acesso aos haja lugar.
arquivos e registos administrativos, a intimação deve ser
requerida no prazo de 20 dias, a contar da verificação Artigo 112.º
de qualquer dos seguintes factos:
[...]
a) [Anterior alínea a) do corpo do artigo];
b) [Anterior alínea b) do corpo do artigo]; 1 — [...].
c) [Anterior alínea c) do corpo do artigo]. 2 — As providências cautelares regem-se pela tra-
mitação e são adotadas segundo os critérios previstos
Artigo 107.º no presente título, podendo consistir designadamente
em:
[...]
a) [...]
1 — Deduzido o pedido de intimação, a secretaria b) [...]
promove oficiosamente a citação da entidade deman- c) [...]
dada e dos contrainteressados para responder no prazo d) [...]
de 10 dias. e) [...]
2 — Apresentada a resposta ou decorrido o respetivo f) Arresto;
prazo e concluídas as diligências que se mostrem neces- g) Embargo de obra nova;
sárias, o juiz profere decisão no prazo de cinco dias. h) Arrolamento;
i) Intimação para adoção ou abstenção de uma con-
Artigo 110.º duta por parte da Administração ou de um particular
por alegada violação ou fundado receio de violação do
Despacho liminar e tramitação subsequente
direito administrativo nacional ou do direito da União
1 — Uma vez distribuído, o processo é concluso ao Europeia.
juiz com a maior urgência, para despacho liminar, a
proferir no prazo máximo de 48 horas, no qual, sendo Artigo 113.º
a petição admitida, é ordenada a citação da outra parte [...]
para responder no prazo de sete dias.
2 — Quando a complexidade da matéria o justifique, 1 — [...].
pode o juiz determinar que o processo siga a tramitação 2 — [...].
estabelecida no capítulo III do título II, sendo, nesse 3 — [...].
caso, os prazos reduzidos a metade. 4 — Na pendência do processo cautelar, o reque-
3 — Em situações de especial urgência, em que a rente pode proceder à substituição ou ampliação do
petição permita reconhecer a possibilidade de lesão pedido, com fundamento em alteração superveniente dos
iminente e irreversível do direito, liberdade ou garantia, pressupostos de facto ou de direito, com oferecimento
o juiz pode optar, no despacho liminar, por: de novos meios de prova, de modo a que o juiz possa
atender à evolução ocorrida para conceder a providência
a) Reduzir o prazo previsto no n.º 1 para a resposta adequada à situação existente no momento em que se
do requerido; pronuncia.
b) Promover a audição do requerido através de qual- 5 — Quando assuma a posição de autor num pro-
quer meio de comunicação que se revele adequado; cesso principal, nos termos do artigo 62.º, o Ministério
8588-(32) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Público pode requerer o seguimento de eventual pro- 2 — Constituem fundamento de rejeição liminar do
cesso cautelar, que, com relação a esse processo, se requerimento:
encontre pendente, nele assumindo também a posição
a) [...]
de requerente.
b) [...]
c) [...]
Artigo 114.º
d) A manifesta falta de fundamento da pretensão
Requerimento cautelar formulada;
1 — [...]. e) A manifesta desnecessidade da tutela cautelar;
2 — [...]. f) A manifesta ausência dos pressupostos processuais
3 — [...]: da ação principal.

a) [...] 3 — [...].
b) [...] 4 — A rejeição com os fundamentos indicados nas
c) [...] alíneas b), d) e e) do n.º 2 não obsta à possibilidade de
d) Indicar a identidade e residência dos contrainte- apresentação de novo requerimento com fundamentos
ressados a quem a adoção da providência cautelar possa diferentes ou supervenientes em relação aos invocados
diretamente prejudicar; no requerimento anterior.
e) [...] 5 — O juiz, oficiosamente ou a pedido deduzido
f) [...] no requerimento cautelar, pode, no despacho liminar,
g) [...] decretar provisoriamente a providência requerida ou
h) [...] aquela que julgue mais adequada, segundo o disposto
i) [...] no artigo 131.º
j) Indicar o valor da causa.
Artigo 117.º
4 — No requerimento cautelar, o interessado pode
Citação
pedir que a citação seja urgente, nos termos e para os
efeitos previstos na lei processual civil, e que, no despa- 1 — [...].
cho liminar, o juiz proceda ao decretamento provisório 2 — A situação prevista no n.º 3 do artigo 115.º não
da providência, segundo o disposto no artigo 131.º obsta à citação da entidade requerida e dos contrainteres-
5 — Na falta da indicação de qualquer dos elementos sados cuja identidade e residência se encontre indicada
enunciados no n.º 3, o interessado é notificado para no requerimento cautelar, sendo os demais contrainteres-
suprir a falta no prazo de cinco dias. sados apenas citados se a resposta da entidade requerida
6 — [Anterior n.º 5]. o vier a permitir.
3 — Os contrainteressados incertos ou de residên-
Artigo 115.º cia desconhecida são citados por anúncio a emitir pela
secretaria e que o requerente deve fazer publicar em dois
[...]
jornais diários de circulação nacional ou local, depen-
1 — [...]. dendo do âmbito da matéria em causa, convidando-os
2 — [...]. a intervir até ao limite do prazo do n.º 6.
3 — Se a certidão não for passada, o interessado, no 4 — [...].
requerimento cautelar, junta prova de que a requereu, 5 — [...].
indica a identidade e residência dos contrainteressados 6 — [...].
que conheça e requer a intimação judicial da entidade
demandada para fornecer ao tribunal a identidade e Artigo 118.º
residência dos contrainteressados em falta.
[...]
4 — No caso previsto no número anterior, quando
não haja fundamento para rejeição liminar do reque- 1 — Juntas as oposições ou decorrido o respetivo
rimento cautelar, o juiz, no prazo de dois dias, intima prazo, o processo é concluso ao juiz, podendo haver
a autoridade requerida a remeter, também no prazo de lugar a produção de prova, quando este a considere
dois dias, a certidão pedida, fixando sanção pecuniária necessária.
compulsória, segundo o disposto no artigo 169.º 2 — [Anterior n.º 1].
5 — O incumprimento pela entidade demandada da 3 — O juiz pode ordenar as diligências de prova que
intimação referida no número anterior sem justificação considere necessárias, não sendo admissível a prova
adequada é constitutivo de responsabilidade, nos termos pericial.
previstos no artigo 159.º 4 — O requerente não pode oferecer mais de cinco
testemunhas para prova dos fundamentos da pretensão
Artigo 116.º cautelar, aplicando-se a mesma limitação aos requeridos
que deduzam a mesma oposição.
[...]
5 — Mediante despacho fundamentado, o juiz pode
1 — Uma vez distribuído, o processo é concluso ao recusar a utilização de meios de prova quando consi-
juiz com a maior urgência, para despacho liminar, a dere assentes ou irrelevantes os factos sobre os quais
proferir no prazo máximo de 48 horas, no qual, sendo o eles recaem ou quando entenda que os mesmos são
requerimento admitido, é ordenada a citação da entidade manifestamente dilatórios.
requerida e dos contrainteressados. 6 — [Anterior n.º 4].
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(33)

7 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, e Artigo 122.º


estando a parte impossibilitada de apresentar certa teste- [...]
munha, pode requerer ao tribunal a sua convocação.
1 — A decisão sobre a adoção de providências cau-
telares determina a notificação com urgência às partes
Artigo 119.º para cumprimento imediato e, quando seja caso disso,
[...] às demais pessoas e entidades que lhe devam dar cum-
primento.
1 — O juiz profere decisão no prazo de cinco dias 2 — [...].
contado da data da apresentação da última oposição ou 3 — [...].
do decurso do respetivo prazo, ou da produção de prova,
quando esta tenha tido lugar. Artigo 123.º
2 — O presidente do tribunal pode determinar, por
[...]
proposta do juiz do processo, que a questão seja decidida
em conferência de três juízes. 1 — Os processos cautelares extinguem-se e, quando
3 — [Anterior n.º 2]. decretadas, as providências cautelares caducam:
a) [...]
Artigo 120.º b) [...]
c) [Anterior alínea d)];
[...]
d) [Anterior alínea e)];
1 — Sem prejuízo do disposto nos números seguin- e) Se se verificar o trânsito em julgado da decisão
tes, as providências cautelares são adotadas quando que ponha termo ao processo principal, no caso de ser
haja fundado receio da constituição de uma situação desfavorável ao requerente;
de facto consumado ou da produção de prejuízos de f) Se ocorrer termo final ou se preencher condi-
difícil reparação para os interesses que o requerente visa ção resolutiva a que a providência cautelar estivesse
assegurar no processo principal e seja provável que a sujeita;
pretensão formulada ou a formular nesse processo venha g) [Revogada].
a ser julgada procedente.
2 — Nas situações previstas no número anterior, a 2 — Quando a tutela dos interesses a que a provi-
dência cautelar se destina seja assegurada por via con-
adoção da providência ou das providências é recusada
tenciosa não sujeita a prazo, o requerente deve, para
quando, devidamente ponderados os interesses públicos
efeitos da alínea a) do número anterior, usar essa via no
e privados em presença, os danos que resultariam da sua prazo de 90 dias, contado desde o trânsito em julgado
concessão se mostrem superiores àqueles que podem da decisão.
resultar da sua recusa, sem que possam ser evitados ou 3 — A extinção do processo cautelar ou a caducidade
atenuados pela adoção de outras providências. da providência é reconhecida pelo tribunal, oficiosa-
3 — As providências cautelares a adotar devem mente ou a pedido fundamentado de qualquer interes-
limitar-se ao necessário para evitar a lesão dos inte- sado, mediante prévia audição das partes.
resses defendidos pelo requerente, devendo o tribunal, 4 — [...].
ouvidas as partes, adotar outra ou outras providências, 5 — [...].
em cumulação ou em substituição daquela ou daquelas
que tenham sido concretamente requeridas, quando tal Artigo 124.º
se revele adequado a evitar a lesão desses interesses e
[...]
seja menos gravoso para os demais interesses públicos
ou privados, em presença. 1 — A decisão de adotar ou recusar a adoção de
4 — [...]. providências cautelares, desde que transitada em jul-
5 — [...]. gado, pode ser revogada ou alterada, oficiosamente ou
6 — [...]. mediante requerimento, com fundamento em altera-
ção dos pressupostos de facto e de direito inicialmente
existentes.
Artigo 121.º
2 — [...].
[...] 3 — [...].
1 — Quando, existindo processo principal já inten- Artigo 126.º
tado, se verifique que foram trazidos ao processo cau-
telar todos os elementos necessários para o efeito e a Utilização abusiva da providência cautelar
simplicidade do caso ou a urgência na sua resolução 1 — Sem prejuízo da possibilidade de aplicação pelo
definitiva o justifique, o tribunal pode, ouvidas as partes juiz da taxa sancionatória excecional, prevista no ar-
pelo prazo de 10 dias, antecipar o juízo sobre a causa tigo 531.º do Código de Processo Civil, o requerente
principal, proferindo decisão que constituirá a decisão responde pelos danos que, com dolo ou negligência
final desse processo. grosseira, tenha causado ao requerido e aos contrain-
2 — O recurso da decisão final do processo principal, teressados.
proferida nos termos do número anterior, tem efeito 2 — [...].
meramente devolutivo. 3 — [...].
8588-(34) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 127.º Artigo 132.º


[...] Processos cautelares relativos a procedimentos
de formação de contratos
1 — A execução da decisão cautelar corre termos
nos próprios autos do processo cautelar, sob as formas 1 — Os processos cautelares relativos a procedimen-
previstas neste Código para os processos executivos, ou tos de formação de contratos não abrangidos pelo regime
dos artigos 100.º a 103.º-B, dirigidos designadamente
sob as formas previstas na lei processual civil, quando
a obter a suspensão da eficácia de atos praticados no
se trate de uma execução contra particulares, sendo-lhe âmbito do procedimento, a suspensão do próprio proce-
aplicável o regime dos processos urgentes. dimento e a proibição da celebração ou da execução do
2 — [...]. contrato, regem-se pelo presente Título, com ressalva
3 — [...]. do disposto nos números seguintes.
2 — O requerimento cautelar deve ser instruído com
Artigo 130.º todos os elementos de prova.
[...] 3 — [Anterior n.º 5].
4 — A concessão da providência depende do juízo de
1 — [...]. probabilidade do tribunal quanto a saber se, ponderados
2 — O Ministério Público e as pessoas e entidades os interesses suscetíveis de serem lesados, os danos
referidas no n.º 2 do artigo 9.º podem pedir a suspensão, que resultariam da adoção da providência se mostrem
com força obrigatória geral, dos efeitos de qualquer superiores aos prejuízos que podem resultar da sua não
norma em relação à qual tenham deduzido ou se propo- adoção, sem que tal lesão possa ser evitada ou atenuada
nham deduzir pedido de declaração de ilegalidade com pela adoção de outras providências.
força obrigatória geral. 5 — Quando, no processo cautelar, o juiz considere
3 — [Revogado]. demonstrada a ilegalidade de especificações contidas
4 — [...]. nos documentos conformadores do procedimento que
era invocada como fundamento do processo principal,
Artigo 131.º pode determinar a sua imediata correção, decidindo,
desse modo, o mérito da causa, segundo o disposto no
[...] artigo 121.º
6 — [Revogado].
1 — Quando reconheça a existência de uma situação 7 — [Revogado].
de especial urgência, passível de dar causa a uma si-
tuação de facto consumado na pendência do processo, Artigo 135.º
o juiz, no despacho liminar, pode, a pedido do reque-
rente ou a título oficioso, decretar provisoriamente a [...]
providência requerida ou aquela que julgue mais ade- 1 — Os processos de conflito entre tribunais da ju-
quada, sem mais considerações, no prazo de 48 horas, risdição administrativa e fiscal ou entre órgãos admi-
seguindo o processo cautelar os subsequentes termos nistrativos regem-se pelos preceitos próprios da ação
dos artigos 117.º e seguintes. administrativa, com as seguintes especialidades, sendo,
2 — O decretamento provisório também pode ter quanto ao mais, aplicável, com as necessárias adapta-
lugar durante a pendência do processo cautelar, com ções, o disposto na lei processual civil:
fundamento em alteração superveniente dos pressupos- a) Os prazos são reduzidos a metade;
tos de facto ou de direito. b) O autor do primeiro ato é chamado ao processo
3 — Quando as circunstâncias imponham que o na fase da resposta da entidade demandada e no mesmo
decretamento provisório seja precedido da audição do prazo para se pronunciar;
requerido, esta pode ser realizada por qualquer meio de c) Só é admitida prova documental;
comunicação que se revele adequado. d) Não são admissíveis alegações;
4 — O decretamento provisório não é passível de e) Da sentença não cabe qualquer recurso.
impugnação.
5 — O decretamento provisório é notificado de ime- 2 — [Revogado].
diato às pessoas e entidades que o devam cumprir, sendo
aplicável, em caso de incumprimento, o disposto nos Artigo 140.º
n.os 4 a 6 do artigo 128.º, com as adaptações que se Espécies de recursos e regime aplicável
mostrem necessárias.
6 — Mediante requerimento devidamente funda- 1 — Os recursos das decisões proferidas pelos tribu-
nais administrativos são ordinários ou extraordinários,
mentado, os requeridos, durante a pendência do pro-
sendo ordinários a apelação e a revista e extraordiná-
cesso cautelar, podem solicitar o levantamento ou a rios o recurso para uniformização de jurisprudência e
alteração da providência provisoriamente decretada, a revisão.
sendo o requerimento decidido por aplicação do n.º 2 2 — Só existe recurso de revista para o Supremo
do artigo 120.º, depois de ouvido o requerente pelo Tribunal Administrativo nos casos e termos previstos
prazo de cinco dias e de produzida a prova que o juiz no capítulo seguinte.
considere necessária. 3 — Os recursos das decisões proferidas pelos tri-
7 — As decisões proferidas ao abrigo do número ante- bunais administrativos regem-se pelo disposto na lei
rior são passíveis de impugnação nos termos gerais. processual civil, salvo o disposto no presente título.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(35)

Artigo 141.º Artigo 144.º


[...] [...]

1 — [...]. 1 — [...].
2 — [...]. 2 — O recurso é interposto mediante requerimento
3 — [...]. dirigido ao tribunal que proferiu a decisão, que inclui ou
4 — Pode ainda recorrer das decisões dos tribunais junta a respetiva alegação e no qual são enunciados os
administrativos quem seja direta e efetivamente preju- vícios imputados à decisão e formuladas conclusões.
dicado por elas, ainda que não seja parte na causa ou 3 — [Anterior n.º 1 do artigo 145.º].
seja apenas parte acessória. 4 — Se o recurso tiver por objeto a reapreciação da
prova gravada, ao prazo de interposição e de resposta
Artigo 142.º acrescem 10 dias.
[...] Artigo 145.º
1 — O recurso das decisões que, em primeiro grau Despacho sobre o requerimento
de jurisdição, tenham conhecido do mérito da causa é
admitido nos processos de valor superior à alçada do 1 — Findos os prazos concedidos às partes, o juiz
tribunal de que se recorre, quando a decisão impugnada ou relator aprecia os requerimentos apresentados e
seja desfavorável ao recorrente em valor superior a pronuncia-se sobre as nulidades arguidas e os pedidos
metade da alçada desse tribunal, atendendo-se, em caso de reforma, ordenando a subida do recurso se a tal nada
de fundada dúvida acerca do valor da sucumbência, obstar.
somente ao valor da causa. 2 — O requerimento é indeferido quando:
2 — [...]. a) Se entenda que a decisão não admite recurso, que
3 — Para além dos casos previstos na lei processual este foi interposto fora do prazo ou que o requerente não
civil, é sempre admissível recurso, independentemente tem as condições necessárias para recorrer;
do valor da causa e da sucumbência, das decisões: b) Não contenha ou junte a alegação do recorrente
ou quando esta não tenha conclusões, sem prejuízo do
a) [...] disposto no n.º 4 do artigo 146.º
b) [...]
c) [...] 3 — Do despacho do juiz ou relator que não admita
d) [...]. o recurso pode o recorrente reclamar, segundo o dis-
posto na lei processual civil, para o tribunal que seria
4 — [Revogado]. competente para dele conhecer.
5 — As decisões proferidas em despacho interlo- 4 — Do despacho do relator que não receba o recurso
cutório podem ser impugnadas no recurso que venha interposto de decisão da Secção de contencioso admi-
a ser interposto da decisão final, exceto nos casos em nistrativo do Supremo Tribunal Administrativo para o
que é admitida apelação autónoma nos termos da lei Pleno do mesmo Tribunal, ou o retenha, cabe reclamação
processual civil. para a conferência e da decisão desta não há recurso.
Artigo 143.º Artigo 149.º
[...] [...]
1 — Salvo disposto em lei especial, os recursos ordi- 1 — [...].
nários têm efeito suspensivo da decisão recorrida. 2 — [Anterior n.º 3].
2 — Para além de outros a que a lei reconheça tal 3 — [Anterior n.º 4].
efeito, são meramente devolutivos os recursos inter- 4 — Nas situações previstas nos números anteriores,
postos de: há lugar, no tribunal superior, à produção da prova que,
ouvidas as partes pelo prazo de cinco dias, for julgada
a) Intimações para proteção de direitos, liberdades necessária, sendo aplicável às diligências ordenadas,
e garantias; com as necessárias adaptações, o disposto quanto à
b) Decisões respeitantes a processos cautelares e instrução, discussão, alegações e julgamento em pri-
respetivos incidentes; meira instância.
c) Decisões proferidas por antecipação do juízo sobre 5 — Na situação prevista no número anterior, o rela-
a causa principal no âmbito de processos cautelares, nos tor, antes de ser proferida decisão, ouve as partes pelo
termos do artigo 121.º prazo de 10 dias.
3 — Quando a suspensão dos efeitos da sentença seja Artigo 150.º
passível de originar situações de facto consumado ou a
produção de prejuízos de difícil reparação para a parte [...]
vencedora ou para os interesses, públicos ou privados, 1 — [...].
por ela prosseguidos, o recorrente, no requerimento de 2 — [...].
interposição de recurso, pode requerer que ao recurso 3 — [...].
seja atribuído efeito meramente devolutivo. 4 — [...].
4 — [...]. 5 — Na revista de decisão de atribuição ou recusa
5 — [...]. de providência cautelar, o Supremo Tribunal Admi-
8588-(36) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

nistrativo, quando não confirme o acórdão recorrido, qualquer outro título executivo passível de ser acio-
substitui-o mediante decisão que decide a questão con- nado contra uma pessoa coletiva de direito público, um
trovertida, aplicando os critérios de atribuição das pro- ministério ou uma secretaria regional, mas, quando diga
vidências cautelares por referência à matéria de facto respeito a títulos executivos emitidos fora do âmbito
fixada nas instâncias. das relações jurídicas administrativas, a execução corre
6 — [Anterior n.º 5]. termos nos tribunais judiciais.
5 — As execuções contra particulares das sentenças
Artigo 151.º proferidas pelos tribunais administrativos, assim como
dos demais títulos executivos produzidos no âmbito
[...]
de relações jurídico-administrativas que careçam de
1 — Os recursos interpostos de decisões de mérito execução jurisdicional, correm termos nos tribunais
proferidas por tribunais administrativos de círculo são administrativos, mas, na ausência de legislação especial,
da competência do Supremo Tribunal Administra- regem-se pelo disposto na lei processual civil.
tivo quando as partes, nas alegações, suscitem apenas
questões de direito e o valor da causa seja superior a Artigo 159.º
500.000 € ou seja indeterminada, designadamente nos [...]
processos de declaração de ilegalidade de norma ou de
declaração de ilegalidade por omissão de norma. 1 — [...].
2 — O disposto no número anterior não se aplica a 2 — A inexecução também constitui crime de deso-
processos respeitantes a atos administrativos em maté- bediência qualificada, sem prejuízo de outro procedi-
ria de emprego público ou relacionados com formas mento especialmente fixado na lei, quando, tendo a
públicas ou privadas de proteção social. Administração sido notificada para o efeito, o órgão
3 — Os recursos previstos no n.º 1 são julgados como administrativo competente:
revista, sendo-lhes aplicável o disposto nos n.os 2 a 4 do
a) [...]
artigo anterior.
b) [...].
4 — [Anterior n.º 3].
5 — [Anterior n.º 4].
Artigo 161.º
Artigo 152.º [...]
[...] 1 — Os efeitos de uma sentença transitada em jul-
gado que tenha anulado ou declarado nulo um ato ad-
1 — [...].
ministrativo desfavorável, ou reconhecido a titularidade
2 — A petição de recurso é acompanhada de alegação
de uma situação jurídica favorável a uma ou várias
na qual se identifiquem, de forma precisa e circuns-
pessoas, podem ser estendidos a outras pessoas que,
tanciada, os aspetos de identidade que determinam a
quer tenham recorrido ou não à via contenciosa, tenham
contradição alegada e a infração imputada ao acórdão
sido objeto de ato administrativo com idêntico conteúdo
recorrido.
ou se encontrem colocadas na mesma situação jurídica,
3 — [...].
desde que, quanto a estas, não exista sentença transitada
4 — [...].
em julgado.
5 — A decisão de provimento emitida pelo tribunal
2 — O disposto no número anterior vale apenas para
superior não afeta qualquer decisão anterior àquela que
situações em que existam vários casos perfeitamente
tenha sido impugnada, nem as situações jurídicas ao seu idênticos, nomeadamente no domínio do emprego
abrigo constituídas. público e em matéria de concursos, e só quando se preen-
6 — A decisão que verifique a existência da contra- cham cumulativamente os seguintes pressupostos:
dição alegada anula o acórdão recorrido e substitui-o,
decidindo a questão controvertida. a) Terem sido proferidas por tribunais superiores, no
7 — O recurso de uniformização de jurisprudência mesmo sentido, cinco sentenças transitadas em julgado
deve ser interposto pelo Ministério Público, mesmo ou, existindo situações de processos em massa, nesse
quando não seja parte na causa, caso em que não tem sentido terem sido decididos em três casos, por sen-
qualquer influência na decisão desta, destinando-se, tença transitada em julgado, os processos selecionados
unicamente à emissão de acórdão de uniformização segundo o disposto no artigo 48.º;
sobre o conflito de jurisprudência. b) Não ter sido proferido número superior de sen-
tenças, também transitadas em julgado, em sentido
Artigo 157.º contrário ao das sentenças referidas na alínea anterior,
nem serem as referidas sentenças contrárias a doutrina
[...]
assente pelo Supremo Tribunal Administrativo em
1 — [...]. recurso para uniformização de jurisprudência.
2 — As vias de execução previstas no presente Título
também podem ser utilizadas para obter a execução de 3 — Para o efeito do disposto no n.º 1, o interessado
atos administrativos inimpugnáveis a que a Adminis- deve apresentar, no prazo de um ano, contado desde a
tração não dê a devida execução, por quem possa fazer data em que a sentença foi proferida, um requerimento
valer uma pretensão dirigida à execução desses atos. dirigido à entidade pública que, nesse processo, tenha
3 — [Anterior n.º 4]. sido demandada.
4 — As vias de execução previstas no presente Título 4 — [...].
podem ser ainda utilizadas para obter a execução de 5 — [...].
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(37)

6 — [...]. Artigo 170.º


[...]
Artigo 162.º
1 — Se outro prazo não for por elas próprias fixado,
[...] as sentenças dos tribunais administrativos que conde-
1 — Se outro prazo não for por elas próprias fixado, nem a Administração ao pagamento de quantia certa
as sentenças dos tribunais administrativos que conde- devem ser espontaneamente executadas pela própria
Administração, no máximo, no prazo procedimental
nem a Administração à prestação de factos ou à entrega
de 30 dias.
de coisas devem ser espontaneamente executadas pela 2 — Caso a Administração não dê execução à sen-
própria Administração, no máximo, no prazo procedi- tença no prazo estabelecido no número anterior, dispõe
mental de 90 dias, salvo ocorrência de causa legítima de o interessado do prazo de um ano para pedir a respetiva
inexecução, segundo o disposto no artigo seguinte. execução ao tribunal competente, podendo, para o efeito,
2 — [...]. solicitar:
a) [...]
Artigo 163.º b) A execução do seu crédito, nos termos dos n.os 3 e
[...] seguintes do artigo 172.º
1 — Só constituem causa legítima de inexecução a Artigo 171.º
impossibilidade absoluta e o excecional prejuízo para
[...]
o interesse público na execução da sentença.
2 — [...]. 1 — [...].
3 — [...]. 2 — O recebimento da oposição suspende a execu-
ção, sendo o exequente notificado para responder no
Artigo 164.º prazo de 10 dias.
3 — [Anterior n.º 4].
[...] 4 — A oposição é decidida no prazo de 20 dias.
1 — Quando a Administração não dê execução es- 5 — A inexistência de verba ou cabimento orçamen-
tal que permita o pagamento imediato da quantia devida
pontânea à sentença no prazo estabelecido no n.º 1 do ar- não constitui fundamento de oposição à execução, sem
tigo 162.º, o interessado e o Ministério Público, quando prejuízo de poder ser causa de exclusão da ilicitude da
tenha sido autor no processo ou estejam em causa os inexecução espontânea da sentença, para os efeitos do
valores referidos no n.º 2 do artigo 9.º, podem pedir a disposto no artigo 159.º
respetiva execução ao tribunal que tenha proferido a 6 — Quando a situação de incumprimento se deva
sentença em primeiro grau de jurisdição. à inexistência de verba ou cabimento orçamental que
2 — Caso outra solução não resulte de lei especial, permita o pagamento imediato da quantia devida, a enti-
a petição de execução, que é autuada por apenso aos dade obrigada deve, dentro do prazo previsto no n.º 1,
autos em que foi proferida a decisão exequenda, deve dar conhecimento da situação ao tribunal, que convida as
ser apresentada no prazo de um ano, contado desde o partes a chegarem a acordo, no prazo de 20 dias, quanto
ao pagamento escalonado da quantia em dívida.
termo do prazo do n.º 1 do artigo 162.º ou da notificação 7 — Na ausência do acordo referido no número ante-
da invocação de causa legítima de inexecução. rior, aplica-se o disposto nos n.os 3 a 9 do artigo 172.º
3 — [...].
4 — [...]. Artigo 172.º
5 — [...].
[...]
6 — [...].
1 — [...].
Artigo 169.º 2 — [...].
3 — [...].
[...] 4 — Quando não tenha sido requerida a compensação
1 — [...]. de créditos entre exequente e Administração obrigada, o
2 — [...]. tribunal dá conhecimento da sentença e da situação de
inexecução ao Conselho Superior dos Tribunais Admi-
3 — [...]. nistrativos e Fiscais, ao qual cumpre emitir, no prazo de
4 — [...]. 30 dias, a correspondente ordem de pagamento.
5 — [...]. 5 — [Anterior n.º 7].
6 — No âmbito da liquidação, o titular do órgão pode 6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o
deduzir oposição com fundamento na existência de cau- exequente deve ser imediatamente notificado da situação
sas de justificação ou de desculpação da conduta. de insuficiência de dotação, assistindo-lhe, nesse caso,
7 — As importâncias que resultem da aplicação de em alternativa:
sanção pecuniária compulsória constituem receita con- a) O direito de requerer que o tribunal administra-
signada à dotação anual, inscrita à ordem do Conselho tivo dê seguimento à execução, aplicando o regime da
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a que execução para pagamento de quantia certa, previsto na
se refere o n.º 3 do artigo 172.º lei processual civil; ou
8588-(38) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

b) O direito de requerer a fixação à entidade obri- anulação, mas a sua situação jurídica não pode ser posta
gada de um prazo limite para proceder ao pagamento, em causa se esses danos forem de difícil ou impossível
com imposição de uma sanção pecuniária compulsória reparação e for manifesta a desproporção existente entre
aos titulares do órgão competente para determinar tal o seu interesse na manutenção da situação e o interesse
pagamento. na execução da sentença anulatória.
4 — Quando à reintegração ou recolocação de um
7 — Quando o crédito exequendo onere uma entidade trabalhador que tenha obtido a anulação de um ato
pertencente à Administração indireta do Estado ou à administrativo se oponha a existência de terceiros com
Administração autónoma, o crédito só pode ser satis- interesse legítimo na manutenção de situações incompa-
feito por conta da dotação orçamental a que se refere o tíveis, constituídas em seu favor por ato administrativo
n.º 3 desde que, através da prévia aplicação do regime praticado há mais de um ano, o trabalhador que obteve a
da execução para pagamento de quantia certa regulado anulação tem direito a ser provido em lugar ou posto de
na lei processual civil, não tenha sido possível obter o trabalho vago e na categoria igual ou equivalente àquele
pagamento da entidade devedora. em que deveria ter sido colocado, ou, não sendo isso
8 — Na situação prevista no número anterior, caso imediatamente possível, em lugar ou posto de trabalho
se mostrem esgotadas as providências de execução para a criar no quadro ou mapa de pessoal da entidade onde
pagamento de quantia certa previstas na lei processual vier a exercer funções.
civil sem que tenha sido possível obter a execução do
crédito, a secretaria do tribunal, independentemente de Artigo 175.º
despacho judicial e de tal ter sido solicitado, a título sub-
sidiário, na petição de execução, notifica imediatamente [...]
o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e 1 — Salvo ocorrência de causa legítima de inexecu-
Fiscais para que este emita a ordem de pagamento a ção, o dever de executar deve ser integralmente cum-
que se refere o n.º 4. prido, no máximo, no prazo procedimental de 90 dias.
9 — A satisfação do crédito pelo Orçamento do 2 — [...].
Estado, na hipótese prevista no número anterior, cons- 3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 177.º,
titui o Estado em direito de regresso, incluindo juros de quando a execução da sentença consista no pagamento
mora, sobre a entidade responsável, a exercer mediante de uma quantia pecuniária, não é invocável a existência
uma das seguintes formas: de causa legítima de inexecução e o pagamento deve
a) Desconto nas transferências a efetuar para a en- ser realizado, no máximo, no prazo procedimental de
tidade em causa no Orçamento do Estado do ano se- 30 dias.
guinte;
b) Tratando-se de entidade pertencente à Administra- Artigo 176.º
ção indireta do Estado, inscrição oficiosa no respetivo [...]
orçamento privativo pelo órgão tutelar ao qual caiba a
aprovação do orçamento; ou 1 — Quando a Administração não dê execução es-
c) Ação de regresso a intentar no tribunal compe- pontânea à sentença no prazo estabelecido no n.º 1 do
tente. artigo anterior, o interessado e o Ministério Público,
quando tenha sido autor no processo ou estejam em
Artigo 173.º causa os valores referidos no n.º 2 do artigo 9.º, podem
[...] exigir o cumprimento do dever de execução perante o
tribunal que tenha proferido a sentença em primeiro
1 — Sem prejuízo do eventual poder de praticar novo grau de jurisdição.
ato administrativo, no respeito pelos limites ditados 2 — A petição, que é autuada por apenso aos autos
pela autoridade do caso julgado, a anulação de um ato em que foi proferida a sentença de anulação, deve ser
administrativo constitui a Administração no dever de apresentada no prazo de um ano, contado desde o termo
reconstituir a situação que existiria se o ato anulado não do prazo do n.º 1 do artigo anterior ou da notificação
tivesse sido praticado, bem como de dar cumprimento da invocação de causa legítima de inexecução a que se
aos deveres que não tenha cumprido com fundamento refere o mesmo preceito.
naquele ato, por referência à situação jurídica e de facto 3 — [...].
existente no momento em que deveria ter atuado. 4 — [...].
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, 5 — [...].
a Administração pode ficar constituída no dever de 6 — [...].
praticar atos dotados de eficácia retroativa, desde que 7 — [...].
não envolvam a imposição de deveres, encargos, ónus
ou sujeições a aplicação de sanções ou a restrição de Artigo 180.º
direitos ou interesses legalmente protegidos, assim
como no dever de anular, reformar ou substituir os atos [...]
consequentes, sem dependência de prazo, e alterar as 1 — [...]:
situações de facto entretanto constituídas, cuja manu-
tenção seja incompatível com a execução da sentença a) Questões respeitantes a contratos, incluindo a anu-
de anulação. lação ou declaração de nulidade de atos administrativos
3 — Os beneficiários de boa-fé de atos consequentes relativos à respetiva execução;
praticados há mais de um ano têm direito a ser indem- b) Questões respeitantes a responsabilidade civil
nizados pelos danos que sofram em consequência da extracontratual, incluindo a efetivação do direito de
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(39)

regresso, ou indemnizações devidas nos termos da lei, d) [...];


no âmbito das relações jurídicas administrativas; e) [...].
c) Questões respeitantes à validade de atos adminis-
trativos, salvo determinação legal em contrário; 2 — A vinculação de cada ministério à jurisdição de
d) Questões respeitantes a relações jurídicas de centros de arbitragem depende de portaria do membro
emprego público, quando não estejam em causa direi- do Governo responsável pela área da justiça e do mem-
tos indisponíveis e quando não resultem de acidente de bro do Governo competente em razão da matéria, que
trabalho ou de doença profissional. estabelece o tipo e o valor máximo dos litígios abrangi-
dos, conferindo aos interessados o poder de se dirigirem
2 — Quando existam contrainteressados, a regulari- a esses centros para a resolução de tais litígios.
dade da constituição de tribunal arbitral depende da sua 3 — [...].
aceitação do compromisso arbitral.
3 — A impugnação de atos administrativos relativos Artigo 191.º
à formação de contratos pode ser objeto de arbitragem,
[...]
mediante previsão no programa do procedimento do
modo de constituição do tribunal arbitral e do regime A partir da data da entrada em vigor deste Código, as
processual a aplicar, que, quando esteja em causa a for- remissões que, em lei especial, são feitas para o regime
mação de algum dos contratos previstos no artigo 100.º, do recurso contencioso de anulação de atos adminis-
deve ser estabelecido em conformidade com o regime trativos consideram-se feitas para o regime da ação
de urgência previsto neste Código para o contencioso administrativa.»
pré-contratual.
Artigo 3.º
Artigo 182.º
Aditamento ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos
[...]
São aditados ao Código de Processo nos Tribunais Ad-
O interessado que pretenda recorrer à arbitragem no ministrativos, aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de
âmbito dos litígios previstos no artigo 180.º pode exigir fevereiro, alterada pelas Leis n.os 4-A/2003, de 19 de fe-
da Administração a celebração de compromisso arbitral, vereiro, 59/2008, de 11 de setembro, e 63/2011, de 14 de
nos casos e termos previstos na lei. dezembro, os artigos 7.º-A, 8.º-A, 45.º-A, 77.º-A, 77.º-B,
78.º-A, 83.º-A, 85.º-A, 87.º-A a 87.º-C, 89.º-A, 91.º-A,
Artigo 184.º 103.º-A, 103.º-B, 110.º-A, 185.º-A e 185.º-B, com a se-
[...] guinte redação:
1 — A outorga de compromisso arbitral por parte do «Artigo 7.º-A
Estado é objeto de despacho do membro do Governo
responsável em razão da matéria, a proferir no prazo de Dever de gestão processual
30 dias, contado desde a apresentação do requerimento 1 — Cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de im-
do interessado. pulso especialmente imposto pela lei às partes, dirigir
2 — [...]. ativamente o processo e providenciar pelo seu anda-
3 — [...]. mento célere, promovendo oficiosamente as diligências
necessárias ao normal prosseguimento da ação, recu-
Artigo 185.º sando o que for impertinente ou meramente dilatório
Limites da arbitragem e, ouvidas as partes, adotando mecanismos de simpli-
ficação e agilização processual que garantam a justa
1 — Não pode ser objeto de compromisso arbitral composição do litígio em prazo razoável.
a responsabilidade civil por prejuízos decorrentes do 2 — O juiz providencia oficiosamente pelo supri-
exercício da função política e legislativa ou da função mento da falta de pressupostos processuais suscetíveis
jurisdicional. de sanação, determinando a realização dos atos neces-
2 — Nos litígios sobre questões de legalidade, os sários à regularização da instância ou, quando a sanação
árbitros decidem estritamente segundo o direito consti- dependa de ato que deva ser praticado pelas partes,
tuído, não podendo pronunciar-se sobre a conveniência convidando-as a praticá-lo.
ou oportunidade da atuação administrativa, nem julgar 3 — Das decisões referidas no n.º 1 não é admissível
segundo a equidade. recurso, salvo se contenderem com os princípios da
igualdade ou do contraditório, com a aquisição pro-
Artigo 187.º cessual de factos ou com a admissibilidade de meios
[...] probatórios.
1 — O Estado pode, nos termos da lei, autorizar a
Artigo 8.º-A
instalação de centros de arbitragem institucionalizada
destinados à composição de litígios passíveis de arbi- Personalidade e capacidade judiciárias
tragem nos termos do artigo 180.º, designadamente no
1 — A personalidade e a capacidade judiciárias con-
âmbito das seguintes matérias:
sistem, respetivamente, na suscetibilidade de ser parte
a) [Revogada]; e na de estar por si em juízo.
b) [Revogada]; 2 — Tem personalidade judiciária quem tenha per-
c) [...] sonalidade jurídica, e capacidade judiciária quem tenha
8588-(40) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

capacidade de exercício de direitos, sendo aplicável e) Por quem, tendo participado no procedimento que
ao processo administrativo o regime de suprimento da precedeu a celebração do contrato, alegue que o clausu-
incapacidade previsto na lei processual civil. lado não corresponde aos termos da adjudicação;
3 — Para além dos demais casos de extensão da f) Por quem alegue que o clausulado do contrato não
personalidade judiciária estabelecidos na lei proces- corresponde aos termos inicialmente estabelecidos e
sual civil, os ministérios e os órgãos da Administração que justificadamente o tinham levado a não participar
Pública têm personalidade judiciária correspondente à no procedimento pré-contratual, embora preenchesse
legitimidade ativa e passiva que lhes é conferida neste os requisitos necessários para o efeito;
Código. g) Pelas pessoas singulares ou coletivas titulares ou
4 — Nas ações indevidamente propostas contra defensoras de direitos subjetivos ou interesses legal-
ministérios, a respetiva falta de personalidade judiciá- mente protegidos aos quais a execução do contrato cause
ria pode ser sanada pela intervenção do Estado e a rati- ou possa causar prejuízos;
ficação ou repetição do processado. h) Pelas pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do
5 — A propositura indevida de ação contra um órgão artigo 9.º
administrativo não tem consequências processuais, nos
termos do n.º 4 do artigo 10.º 2 — A anulabilidade de quaisquer contratos por falta
e vícios da vontade só pode ser arguida pelas pessoas
Artigo 45.º-A em cujo interesse a lei a estabelece.
3 — Os pedidos relativos à execução de contratos
Extensão de regime podem ser deduzidos:
1 — O disposto no artigo anterior é aplicável quando, a) Pelas partes na relação contratual;
tendo sido deduzido pedido respeitante à invalidade de b) Pelas pessoas singulares e coletivas portadoras ou
contrato por violação das regras relativas ao respetivo defensoras de direitos subjetivos ou interesses legal-
procedimento de formação, o tribunal: mente protegidos em função dos quais as cláusulas
a) Verifique que já não é possível reinstruir o proce- contratuais tenham sido estabelecidas;
dimento pré-contratual, por entretanto ter sido celebrado c) Pelo Ministério Público;
d) Pelas pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do
e executado o contrato;
artigo 9.º;
b) Proceda, segundo o disposto na lei substantiva,
e) Por quem tenha sido preterido no procedimento
ao afastamento da invalidade do contrato, em resultado
que precedeu a celebração do contrato.
da ponderação dos interesses públicos e privados em
presença.
Artigo 77.º-B
2 — O disposto no artigo anterior também é apli- Prazos
cável quando, na pendência de ação de condenação
à prática de ato devido, se verifique que a entidade 1 — A invalidade dos contratos com objeto passível
demandada devia ter satisfeito a pretensão do autor em de ato administrativo pode ser arguida dentro dos prazos
previstos para o ato com o mesmo objeto e idêntica
conformidade com o quadro normativo aplicável, mas a
regulamentação da situação concreta.
alteração superveniente desse quadro normativo impeça
2 — A anulabilidade, total ou parcial, dos demais
a procedência da ação.
contratos pode ser arguida no prazo de seis meses, con-
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, tado desde a data da celebração do contrato, em relação
a alteração superveniente só impede a procedência da às partes, ou do respetivo conhecimento, quanto a ter-
ação de condenação à prática de ato devido quando se ceiros e ao Ministério Público.
verifique que, mesmo que a pretensão do autor tivesse 3 — A anulação de quaisquer contratos por falta e
sido satisfeita no momento próprio, a referida alteração vícios da vontade pode ser sempre pedida no prazo
teria o alcance de lhe retirar a titularidade da correspon- de seis meses, contado desde a data da cessação do
dente situação jurídica de vantagem, constituindo-o no vício.
direito de ser indemnizado por esse facto.
Artigo 78.º-A
Artigo 77.º-A Contrainteressados
Legitimidade 1 — Quando o autor não conheça, no todo ou em
1 — Os pedidos relativos à validade, total ou parcial, parte, a identidade e residência dos contrainteressados,
de contratos podem ser deduzidos: pode requerer à Administração, previamente à propo-
situra da ação, a passagem de certidão da qual constem
a) Pelas partes na relação contratual; aqueles elementos de identificação.
b) Pelo Ministério Público; 2 — Se a certidão não for passada no prazo legal,
c) Por quem tenha sido prejudicado pelo facto de o autor, na petição inicial, deve juntar prova de que a
não ter sido adotado o procedimento pré-contratual requereu, indicar a identidade e residência dos contrain-
legalmente exigido; teressados que conheça e requerer a intimação judicial
d) Por quem tenha impugnado um ato administra- da entidade demandada para, no prazo de cinco dias,
tivo relativo ao respetivo procedimento e alegue que a fornecer ao tribunal a identidade e residência dos con-
invalidade decorre das ilegalidades cometidas no âmbito trainteressados em falta, para o efeito de poderem ser
desse procedimento; citados.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(41)

3 — O incumprimento pela entidade demandada da Artigo 87.º-A


intimação referida no número anterior sem justificação Audiência prévia
adequada determina a imposição de sanção pecuniária
compulsória, segundo o disposto no artigo 169.º, sem 1 — Concluídas as diligências resultantes do precei-
prejuízo da constituição em responsabilidade, nos ter- tuado no artigo anterior, se a elas houver lugar, e sem
mos do artigo 159.º prejuízo do disposto no artigo seguinte, é convocada au-
diência prévia, a realizar num dos 30 dias subsequentes,
Artigo 83.º-A destinada a algum ou alguns dos fins seguintes:

Reconvenção
a) Realizar tentativa de conciliação, nos termos do
artigo 87.º-C;
1 — Quando na contestação seja deduzida reconven- b) Facultar às partes a discussão de facto e de direito,
ção, esta deve ser expressamente identificada e deduzida quando o juiz tencione conhecer imediatamente, no todo
em separado do restante articulado, e conter: ou em parte, do mérito da causa;
c) Discutir as posições das partes, com vista à deli-
a) Exposição dos factos essenciais que constituem mitação dos termos do litígio, e suprir as insuficiências
a causa de pedir e das razões de direito que servem de ou imprecisões na exposição da matéria de facto que
fundamento à reconvenção; ainda subsistam ou se tornem patentes na sequência
b) Formulação do pedido; do debate;
c) Declaração do valor da reconvenção. d) Proferir despacho saneador, nos termos do n.º 1
do artigo 88.º;
2 — Se na contestação não for declarado o valor da e) Determinar, após debate, a adequação formal, a
reconvenção, a contestação não deixa de ser recebida, simplificação ou a agilização do processo;
mas o reconvinte é convidado a indicar o valor, sob pena f) Proferir, após debate, despacho destinado a iden-
de a reconvenção não ser atendida. tificar o objeto do litígio e enunciar os temas da prova,
3 — Quando o prosseguimento da reconvenção esteja e decidir as reclamações deduzidas pelas partes;
dependente de qualquer ato a praticar pelo reconvinte, o g) Programar, após audição dos mandatários, os atos a
reconvindo é absolvido da instância se, no prazo fixado, realizar na audiência final, estabelecer o número de ses-
sões e a sua duração, e designar as respetivas datas.
tal ato não se mostrar realizado.
2 — Para efeitos do disposto na alínea e) do número
Artigo 85.º-A anterior, o juiz pode determinar a adoção da tramitação
Réplica e tréplica processual adequada às especificidades da causa e adap-
tar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que
1 — É admissível réplica para o autor responder, por visam atingir, assegurando um processo equitativo.
forma articulada, às exceções deduzidas na contestação 3 — O despacho que marque a audiência prévia
ou às exceções perentórias invocadas pelo Ministério indica o seu objeto e finalidade, mas não constitui caso
Público no exercício dos poderes que lhe confere o julgado sobre a possibilidade de apreciação imediata do
artigo anterior, assim como para deduzir toda a defesa mérito da causa.
quanto à matéria da reconvenção, não podendo a esta 4 — Não constitui motivo de adiamento a falta das
opor nova reconvenção. partes ou dos seus mandatários.
2 — Nas ações de simples apreciação negativa, a 5 — A audiência prévia é, sempre que possível, gra-
réplica serve para o autor impugnar os factos constitu- vada, aplicando-se, com as necessárias adaptações, o
tivos que o demandado tenha alegado e para alegar os disposto sobre a matéria na lei processual civil.
factos impeditivos ou extintivos do direito invocado 6 — Os requerimentos probatórios podem ser alte-
pelo demandado. rados na audiência prévia.
3 — A réplica em resposta a exceções é apresentada
no prazo de 20 dias e em resposta a reconvenção no Artigo 87.º-B
prazo de 30 dias, a contar da data em que seja ou se Não realização da audiência prévia
considere notificada a apresentação da contestação. 1 — A audiência prévia não se realiza quando seja
4 — Quando tenha havido reconvenção, o autor, na claro que o processo deve findar no despacho saneador
réplica, deve: pela procedência de exceção dilatória.
a) Expor as razões de facto e de direito por que se 2 — Nas ações que hajam de prosseguir, o juiz pode
opõe à reconvenção; dispensar a realização da audiência prévia quando esta
b) Expor os factos essenciais em que se baseiam as se destine apenas aos fins previstos nas alíneas d), e)
e f) do n.º 1 do artigo anterior, proferindo, nesse caso,
exceções deduzidas, especificando-as separadamente. despacho para os fins indicados, nos 20 dias subsequen-
tes ao termo dos articulados.
5 — No caso previsto no número anterior, o autor, no 3 — Notificadas as partes, se alguma delas pretender
final da réplica, deve apresentar o rol de testemunhas, reclamar dos despachos proferidos para os fins previstos
juntar documentos e requerer outros meios de prova. nas alíneas e), f) e g) do n.º 1 do artigo anterior, pode
6 — Só é admissível tréplica para o demandado res- requerer, em 10 dias, a realização de audiência pré-
ponder, por forma articulada, às exceções deduzidas na via, que, neste caso, deve realizar-se num dos 20 dias
réplica quanto à matéria da reconvenção, no prazo de seguintes e destinar-se a apreciar as questões suscitadas
20 dias a contar da notificação da réplica. e, acessoriamente, a fazer uso do disposto na alínea c)
8588-(42) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

do n.º 1 do artigo anterior, podendo haver alteração dos automaticamente os efeitos do ato impugnado ou a exe-
requerimentos probatórios. cução do contrato, se este já tiver sido celebrado.
2 — No caso previsto no número anterior, a entidade
Artigo 87.º-C demandada e os contrainteressados podem requerer ao
Tentativa de conciliação e mediação
juiz o levantamento do efeito suspensivo, alegando que o
diferimento da execução do ato seria gravemente preju-
1 — Quando a causa couber no âmbito dos poderes dicial para o interesse público ou gerador de consequên-
de disposição das partes, pode ter lugar, em qualquer cias lesivas claramente desproporcionadas para outros
estado do processo, tentativa de conciliação ou media- interesses envolvidos, havendo lugar, na decisão, à apli-
ção, desde que as partes conjuntamente o requeiram ou cação do critério previsto no n.º 2 do artigo 120.º
o juiz a considere oportuna, mas as partes não podem 3 — No caso previsto no número anterior, o deman-
ser convocadas exclusivamente para esse fim mais do dante dispõe do prazo de sete dias para responder, findo
que uma vez. o que o juiz decide no prazo máximo de 10 dias, contado
2 — Para o efeito do disposto no número anterior, da data da última pronúncia apresentada ou do termo
as partes são notificadas para comparecer pessoalmente do prazo para a sua apresentação.
ou se fazerem representar por mandatário judicial com 4 — O efeito suspensivo é levantado quando, pon-
poderes especiais. derados os interesses suscetíveis de serem lesados, os
3 — A tentativa de conciliação é presidida pelo juiz, danos que resultariam da manutenção do efeito suspen-
devendo este empenhar-se ativamente na obtenção da sivo se mostrem superiores aos que podem resultar do
solução mais adequada aos termos do litígio. seu levantamento.
4 — Frustrando-se, total ou parcialmente, a conci-
liação, ficam consignadas em ata as concretas soluções Artigo 103.º-B
sugeridas pelo juiz, bem como os fundamentos que,
no entendimento das partes, justificam a persistência Adoção de medidas provisórias
do litígio. 1 — Nos processos que não tenham por objeto a
5 — A mediação processa-se nos termos definidos impugnação de atos de adjudicação, pode ser requerida
em diploma próprio. ao juiz a adoção de medidas provisórias, dirigidas a
prevenir o risco de, no momento em que a sentença
Artigo 89.º-A venha a ser produzida, se ter constituído uma situação
Despacho de prova e aditamento ou alteração de facto consumado ou já não ser possível retomar o
do rol de testemunhas procedimento pré-contratual para determinar quem nele
1 — Proferido despacho saneador, quando a ação seria escolhido como adjudicatário.
deva prosseguir, o juiz profere despacho destinado a 2 — No caso previsto no número anterior, o pedido
identificar o objeto do litígio e a enunciar os temas da da adoção de medidas provisórias é tramitado como
prova. um incidente, que corre termos nos autos do próprio
2 — As partes podem reclamar do despacho previsto processo declarativo, devendo a respetiva tramitação ser
no número anterior. determinada, no respeito pelo contraditório, em função
3 — O despacho proferido sobre as reclamações da complexidade e urgência do caso.
apenas pode ser impugnado no recurso interposto da 3 — Nas situações previstas nos números anterio-
decisão final. res, a medida provisória é recusada quando os danos
4 — Quando ocorram na audiência prévia e esta seja que resultariam da sua adoção se mostrem superiores
gravada, os despachos e as reclamações previstas nos aos que podem resultar da sua não adoção, sem que
números anteriores podem ter lugar oralmente, devendo tal lesão possa ser evitada ou atenuada pela adoção de
constar da respetiva ata. outras medidas.
5 — O rol de testemunhas pode ser aditado ou alte-
rado até 20 dias antes da data em que se realize a audiên- Artigo 110.º-A
cia final, sendo a parte contrária notificada para usar, Substituição da petição e decretamento
querendo, de igual faculdade, no prazo de cinco dias. provisório de providência cautelar
6 — Incumbe às partes a apresentação das testemu-
nhas indicadas em consequência do aditamento ou da 1 — Quando verifique que as circunstâncias do caso
alteração ao rol previsto no número anterior. não são de molde a justificar o decretamento de uma
intimação, por se bastarem com a adoção de uma provi-
Artigo 91.º-A dência cautelar, o juiz, no despacho liminar, fixa prazo
para o autor substituir a petição, para o efeito de requerer
Alegações escritas a adoção de providência cautelar, seguindo-se, se a peti-
Quando sejam realizadas diligências de prova, sem ção for substituída, os termos do processo cautelar.
que haja lugar à realização de audiência final, as partes, 2 — Quando, na hipótese prevista no número ante-
finda a instrução, são notificadas para apresentarem rior, seja de reconhecer que existe uma situação de espe-
alegações escritas pelo prazo simultâneo de 20 dias. cial urgência que o justifique, o juiz deve, no mesmo
despacho liminar, e sem quaisquer outras formalidades
Artigo 103.º-A ou diligências, decretar provisoriamente a providência
cautelar que julgue adequada, sendo, nesse caso, apli-
Efeito suspensivo automático
cável o disposto no artigo 131.º
1 — A impugnação de atos de adjudicação no âmbito 3 — Na hipótese prevista no número anterior, o
do contencioso pré-contratual urgente faz suspender decretamento provisório caduca se, no prazo de cinco
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(43)

dias, o autor não tiver requerido a adoção de providência d) Fiscalização da legalidade das normas e demais
cautelar, segundo o disposto no n.º 1. atos jurídicos praticados por quaisquer entidades, inde-
pendentemente da sua natureza, no exercício de poderes
Artigo 185.º-A públicos;
e) Validade de atos pré-contratuais e interpretação,
Impugnação das decisões arbitrais
validade e execução de contratos administrativos ou
As decisões proferidas pelo tribunal arbitral podem de quaisquer outros contratos celebrados nos termos
ser impugnadas nos termos e com os fundamentos es- da legislação sobre contratação pública, por pessoas
tabelecidos na Lei de Arbitragem Voluntária. coletivas de direito público ou outras entidades adju-
dicantes;
Artigo 185.º-B f) Responsabilidade civil extracontratual das pes-
soas coletivas de direito público, incluindo por danos
Publicidade das decisões arbitrais resultantes do exercício das funções política, legislativa
As decisões proferidas por tribunais arbitrais tran- e jurisdicional, sem prejuízo do disposto na alínea a)
sitadas em julgado são obrigatoriamente publicadas do n.º 4;
por via informática, em base de dados organizada pelo g) Responsabilidade civil extracontratual dos titulares
Ministério da Justiça.» de órgãos, funcionários, agentes, trabalhadores e demais
servidores públicos, incluindo ações de regresso;
Artigo 4.º h) Responsabilidade civil extracontratual dos demais
sujeitos aos quais seja aplicável o regime específico da
Alteração ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais responsabilidade do Estado e demais pessoas coletivas
Os artigos 1.º, 2.º, 4.º, 9.º, 13.º, 14.º, 17.º, 24.º, 29.º, de direito público;
i) Condenação à remoção de situações constituídas
40.º, 41.º, 43.º, 44.º, 46.º, 48.º, 49.º, 51.º, 52.º e 74.º do
em via de facto, sem título que as legitime;
Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado j) Relações jurídicas entre pessoas coletivas de direito
pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, passam a ter a público ou entre órgãos públicos, reguladas por dispo-
seguinte redação: sições de direito administrativo ou fiscal;
k) Prevenção, cessação e reparação de violações a
«Artigo 1.º valores e bens constitucionalmente protegidos, em maté-
[...] ria de saúde pública, habitação, educação, ambiente,
ordenamento do território, urbanismo, qualidade de
1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e fis- vida, património cultural e bens do Estado, quando
cal são os órgãos de soberania com competência para cometidas por entidades públicas;
administrar a justiça em nome do povo, nos litígios l) Impugnações judiciais de decisões da Administra-
compreendidos pelo âmbito de jurisdição previsto no ção Pública que apliquem coimas no âmbito do ilícito
artigo 4.º deste Estatuto. de mera ordenação social por violação de normas de
2 — Nos feitos submetidos a julgamento, os tribunais direito administrativo em matéria de urbanismo;
da jurisdição administrativa e fiscal não podem aplicar m) [...]
normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os n) Execução da satisfação de obrigações ou respeito
princípios nela consignados. por limitações decorrentes de atos administrativos que
não possam ser impostos coercivamente pela Admi-
Artigo 2.º nistração;
[...]
o) Relações jurídicas administrativas e fiscais que
não digam respeito às matérias previstas nas alíneas an-
Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal teriores.
são independentes e apenas estão sujeitos à lei e ao
Direito. 2 — Pertence à jurisdição administrativa e fiscal a
competência para dirimir os litígios nos quais devam
Artigo 4.º ser conjuntamente demandadas entidades públicas e
[...] particulares entre si ligados por vínculos jurídicos de
solidariedade, designadamente por terem concorrido
1 — Compete aos tribunais da jurisdição adminis- em conjunto para a produção dos mesmos danos ou
trativa e fiscal a apreciação de litígios que tenham por por terem celebrado entre si contrato de seguro de res-
objeto questões relativas a: ponsabilidade.
a) Tutela de direitos fundamentais e outros direitos e 3 — [Anterior n.º 2].
interesses legalmente protegidos, no âmbito de relações 4 — Estão igualmente excluídas do âmbito da juris-
jurídicas administrativas e fiscais; dição administrativa e fiscal:
b) Fiscalização da legalidade das normas e demais a) A apreciação das ações de responsabilidade por
atos jurídicos emanados por órgãos da Administração erro judiciário cometido por tribunais pertencentes a
Pública, ao abrigo de disposições de direito adminis- outras ordens de jurisdição, assim como das correspon-
trativo ou fiscal; dentes ações de regresso;
c) Fiscalização da legalidade de atos administrati- b) A apreciação de litígios decorrentes de contratos
vos praticados por quaisquer órgãos do Estado ou das de trabalho, ainda que uma das partes seja uma pessoa
Regiões Autónomas não integrados na Administração coletiva de direito público, com exceção dos litígios
Pública; emergentes do vínculo de emprego público;
8588-(44) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

c) A apreciação de atos materialmente administrativos 4 — Salvo no caso de recurso para a uniformiza-


praticados pelo Conselho Superior da Magistratura e ção de jurisprudência ou quando tal seja necessário à
seu Presidente; observância do disposto no número anterior, não podem
d) A fiscalização de atos materialmente administra- intervir no julgamento no Pleno os juízes que tenham
tivos praticados pelo Presidente do Supremo Tribunal votado a decisão recorrida.
de Justiça. 5 — [...].
6 — Nos processos da competência do Pleno da Sec-
Artigo 9.º ção, dos despachos do relator que versem apenas sobre
[...] questões processuais e não ponham termo ao processo
cabe reclamação para uma formação de cinco juízes,
1 — [...].
2 — [...]. designados anualmente de entre os mais antigos pelo
3 — [...]. Presidente do Tribunal.
4 — Os presidentes dos tribunais administrativos de
círculo são nomeados pelo Conselho Superior dos Tribu- Artigo 24.º
nais Administrativos e Fiscais, para um mandato de três [...]
anos, que pode ser renovado por uma só vez, mediante
avaliação favorável, resultante de auditoria sobre os 1 — [...]:
termos em que foram exercidos os poderes de gestão a) [...]:
do movimento processual do tribunal, a realizar por
entidade externa, designada para o efeito pelo Conselho i) [...]
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais. ii) [...]
5 — A nomeação a que se refere o número anterior, iii) [...]
para o exercício de funções de presidente dos tribunais iv) [...]
administrativos de círculo com mais de três juízes, pres- v) Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal Admi-
supõe habilitação prévia com curso de formação próprio nistrativo, Tribunal de Contas, Tribunais Centrais Admi-
ministrado pelo Centro de Estudos Judiciários, com nistrativos, assim como dos respetivos Presidentes;
identificação das respetivas áreas de competência, nos vi) [...]
termos a definir por portaria do membro do Governo vii) [...]
responsável pela área da justiça, que aprova o respetivo viii) [...]
regulamento.
ix) [...]
6 — No caso previsto no n.º 3, o tribunal administra-
tivo e fiscal dispõe de um único presidente, designado
pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos b) [...]
e Fiscais. c) [...]
7 — Mediante decreto-lei, podem ser criadas secções d) [...]
especializadas ou tribunais especializados. e) [...]
f) [...]
Artigo 13.º g) [...]
h) [...]
[...]
i) [...].
1 — O Supremo Tribunal Administrativo tem um
presidente, que é coadjuvado por dois vice-presidentes, 2 — [...].
eleitos de modo e por períodos idênticos aos previstos
para aquele. Artigo 29.º
2 — Um vice-presidente é eleito de entre e pelos
juízes da Secção de Contencioso Administrativo, sendo [...]
o outro vice-presidente eleito de entre e pelos juízes da Compete ao plenário do Supremo Tribunal Admi-
Secção de Contencioso Tributário. nistrativo conhecer dos conflitos de competência entre
tribunais administrativos de círculo e tribunais tributá-
Artigo 14.º rios ou entre as Secções de Contencioso Administrativo
[...] e de Contencioso Tributário.
1 — Cada secção do Supremo Tribunal Adminis-
Artigo 40.º
trativo é composta pelo Presidente do Tribunal, pelo
respetivo vice-presidente e pelos restantes juízes para [...]
ela nomeados.
2 — [...]. 1 — Exceto nos casos em que a lei processual admi-
nistrativa preveja o julgamento em formação alargada,
Artigo 17.º os tribunais administrativos de círculo funcionam apenas
com juiz singular, a cada juiz competindo a decisão,
[...] de facto e de direito, dos processos que lhe sejam dis-
1 — [...]. tribuídos.
2 — [...]. 2 — [Revogado].
3 — [...]. 3 — [Revogado].
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(45)

Artigo 41.º sobre matéria administrativa e cuja competência, em


[...]
1.º grau de jurisdição, não esteja reservada aos tribunais
superiores.
1 — [...]. 2 — [...].
2 — O procedimento previsto no número anterior 3 — Os agentes de execução desempenham as suas
tem obrigatoriamente lugar quando esteja em causa funções nas execuções que sejam da competência dos
uma situação de seleção de processos com andamento tribunais administrativos.
prioritário, nos termos previstos na lei de processo.
Artigo 46.º
Artigo 43.º
[...]
[...]
1 — [...].
1 — Os presidentes dos tribunais administrativos 2 — [...].
de círculo são nomeados pelo Conselho Superior dos 3 — O procedimento previsto no número anterior
Tribunais Administrativos e Fiscais para um mandato tem obrigatoriamente lugar quando esteja em causa
de três anos. uma situação de processos com andamento prioritário,
2 — O mandato pode ser renovado uma vez, mediante
nos termos previstos na lei de processo.
avaliação favorável, resultante de auditoria sobre os
moldes em que foram exercidos os poderes de gestão
do movimento processual do tribunal, a realizar por Artigo 48.º
entidade externa, designada para o efeito pelo Conselho [...]
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
3 — Os presidentes dos tribunais administrativos 1 — É aplicável, quanto à nomeação e competências
de círculo com mais de três juízes são nomeados em dos presidentes dos tribunais tributários, o disposto
comissão de serviço, que não dá lugar à abertura de no presente Estatuto para os presidentes dos tribunais
vaga, de entre juízes que: administrativos de círculo.
2 — [Revogado].
a) Exerçam funções efetivas como juízes desembar- 3 — [Revogado].
gadores e possuam classificação não inferior a Bom 4 — [Revogado].
com distinção; ou
b) Exerçam funções efetivas como juízes de Direito
Artigo 49.º
e possuam 10 anos de serviço efetivo nos tribunais
administrativos e classificação não inferior a Bom com [...]
distinção.
1 — [...].
4 — A nomeação para o exercício das funções de 2 — [...].
presidente em tribunais administrativos de círculo com 3 — Os agentes de execução desempenham as suas
mais de três juízes pressupõe a habilitação prévia com funções nas execuções que sejam da competência dos
curso de formação próprio, o qual inclui as seguintes tribunais tributários, sem prejuízo das competências
áreas de competências: próprias dos órgãos da administração tributária.
a) Organização e atividade administrativa; Artigo 51.º
b) Organização do sistema judicial e administração
do tribunal; [...]
c) Gestão do tribunal e gestão processual; Compete ao Ministério Público representar o Estado,
d) Simplificação e agilização processuais; defender a legalidade democrática e promover a reali-
e) Avaliação e planeamento;
zação do interesse público, exercendo, para o efeito, os
f) Gestão de recursos humanos e liderança;
g) Gestão dos recursos orçamentais, materiais e tec- poderes que a lei lhe confere.
nológicos;
h) Informação e conhecimento; Artigo 52.º
i) Qualidade, inovação e modernização. [...]

5 — O curso de formação a que se refere o número 1 — [...]:


anterior é ministrado pelo Centro de Estudos Judiciários a) [...]
com a colaboração de outras entidades formadoras, nos b) [...]
termos definidos por portaria do membro do Governo c) Nos tribunais administrativos de círculo e nos
responsável pela área da justiça, que aprova o respetivo tribunais tributários, por procuradores da República e
regulamento. por procuradores-adjuntos.
Artigo 44.º
2 — [...].
[...] 3 — Na colocação e provimento dos magistrados
1 — Compete aos tribunais administrativos de círculo nesta jurisdição, deve ser ponderada a formação espe-
conhecer, em 1.ª instância, de todos os processos do cializada, de acordo com o disposto nos n.os 1 e 2 do
âmbito da jurisdição administrativa e fiscal que incidam artigo 136.º do Estatuto do Ministério Público.
8588-(46) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 74.º g) Elaborar, para apresentação ao Conselho Superior


[...]
dos Tribunais Administrativos e Fiscais, um relatório
semestral sobre o estado dos serviços e a qualidade da
1 — [...]. resposta, dando conhecimento do mesmo à Procuradoria-
2 — [...]: -Geral da República e à Direção-Geral da Administração
da Justiça.
a) [...]
b) [...]
3 — O presidente do tribunal possui as seguintes
c) [...]
competências funcionais:
d) [...]
e) [...] a) Dar posse aos juízes e funcionários;
f) [...] b) Elaborar os mapas e turnos de férias dos juízes
g) [...] e submetê-los a aprovação do Conselho Superior dos
h) [...] Tribunais Administrativos e Fiscais;
i) [...] c) Autorizar o gozo de férias dos funcionários e apro-
j) [...] var os respetivos mapas anuais;
l) [...] d) Exercer a ação disciplinar sobre os funcionários
m) [...] em serviço no tribunal, relativamente a pena de gravi-
n) [...] dade inferior à de multa e, nos restantes casos, instaurar
o) [...] processo disciplinar, se a infração ocorrer no respetivo
p) Nomear, de entre juízes jubilados que tenham tribunal;
exercido funções nos tribunais superiores da jurisdição e) Nomear um juiz substituto, em caso de impedi-
administrativa e fiscal, o presidente do órgão deonto- mento do substituto legal.
lógico no âmbito da arbitragem administrativa e tri-
butária sob a organização do Centro de Arbitragem 4 — O presidente do tribunal possui as seguintes
Administrativa; competências de gestão processual:
q) [Anterior alínea p)]. a) Implementar métodos de trabalho e objetivos
mensuráveis para cada unidade orgânica, sem prejuízo
3 — [...].» das competências e atribuições nessa matéria por parte
do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
Artigo 5.º Fiscais, designadamente na fixação dos indicadores do
Aditamento ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais volume processual adequado;
b) Acompanhar e avaliar a atividade do tribunal,
É aditado ao Estatuto dos Tribunais Administrativos e nomeadamente a qualidade do serviço de justiça pres-
Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, tado aos cidadãos;
o artigo 43.º-A, com a seguinte redação: c) Acompanhar o movimento processual do tribu-
nal, designadamente assegurando uma equitativa dis-
«Artigo 43.º-A tribuição de processos pelos juízes e identificando os
Competência do presidente do tribunal processos pendentes por tempo considerado excessivo
ou que não são resolvidos em prazo considerado razo-
1 — Sem prejuízo da autonomia do Ministério Pú- ável, e informar o Conselho Superior dos Tribunais
blico e do poder de delegação, o presidente do tribunal Administrativos e Fiscais, propondo as medidas que se
administrativo de círculo possui poderes de represen- justifiquem, designadamente o suprimento de necessi-
tação e direção, de gestão processual, administrativas dades de resposta adicional através do recurso à bolsa
e funcionais. de juízes;
2 — O presidente do tribunal possui os seguintes d) Promover a aplicação de medidas de simplificação
poderes de representação e direção: e agilização processuais, designadamente determinando
a) Representar e dirigir o tribunal; os casos em que, para uniformização de jurisprudência,
b) Acompanhar a realização dos objetivos fixados devem intervir no julgamento todos os juízes do tribunal,
para os serviços do tribunal por parte dos funcioná- presidindo às respetivas sessões e votando as decisões
rios; em caso de empate;
c) Promover a realização de reuniões de planeamento e) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Admi-
e de avaliação dos resultados do tribunal, com a parti- nistrativos e Fiscais a especialização de secções;
cipação dos juízes e funcionários; f) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Admi-
d) Adotar ou propor às entidades competentes medi- nistrativos e Fiscais a reafetação dos juízes, tendo em
das, nomeadamente, de desburocratização, simplifica- vista uma distribuição racional e eficiente do serviço;
ção de procedimentos, utilização das tecnologias de g) Proceder à reafetação de funcionários, dentro dos
limites legalmente definidos;
informação e transparência do sistema de justiça;
h) Solicitar o suprimento de necessidades de resposta
e) Ser ouvido pelo Conselho Superior dos Tribunais
adicional, nomeadamente através do recurso ao quadro
Administrativos e Fiscais, sempre que seja ponderada a
complementar de juízes.
realização de sindicâncias relativamente ao tribunal;
f) Ser ouvido pelo Conselho dos Oficiais de Justiça,
5 — O presidente do tribunal possui as seguintes
sempre que seja ponderada a realização de inspeções
competências administrativas:
extraordinárias quanto aos funcionários do tribunal ou de
sindicâncias relativamente às respetivas secretarias; a) Elaborar o projeto de orçamento;
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(47)

b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de ativi- 8 — Compete aos tribunais administrativos de círculo
dades e relatórios de atividades; onde se localiza o prédio no qual se devam realizar as
c) Elaborar os regulamentos internos do tribunal; obras de urbanização conhecer os pedidos previstos no
d) Propor as alterações orçamentais consideradas presente artigo.
adequadas; 9 — [...].
e) Participar na conceção e execução das medidas de
organização e modernização dos tribunais; Artigo 95.º
f) Planear as necessidades de recursos humanos.
[...]
6 — O presidente exerce ainda as competências que
lhe forem delegadas pelo Conselho Superior dos Tribu- 1 — [...].
nais Administrativos e Fiscais. 2 — [...].
7 — As competências referidas no n.º 5 são exercidas 3 — O mandado previsto no número anterior é reque-
por delegação do presidente, sem prejuízo do poder de rido pelo presidente da câmara municipal junto dos
avocação e de recurso. tribunais administrativos e segue os termos previstos
8 — Dos atos administrativos praticados ao abrigo no código do processo nos tribunais administrativos
dos n.os 3 e 4 cabe recurso necessário, no prazo de para os processos urgentes.
20 dias, para o Conselho Superior dos Tribunais Admi-
nistrativos e Fiscais.
9 — Para efeitos do acompanhamento da atividade Artigo 112.º
do tribunal, incluindo os elementos relativos à duração [...]
dos processos e à produtividade, são disponibilizados
dados informatizados do sistema judicial, no respeito 1 — No caso previsto na alínea a) do artigo anterior,
pela proteção dos dados pessoais.» o interessado pode deduzir junto dos tribunais adminis-
trativos um pedido de intimação dirigido à interpelação
Artigo 6.º da entidade competente para o cumprimento do dever
Alteração ao Código dos Contratos Públicos de decisão.
2 — O requerimento de intimação deve ser instruído
O artigo 285.º do Código dos Contratos Públicos, apro- com cópia do requerimento apresentado.
vado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro, passa
3 — O prazo para a contestação da entidade requerida
a ter a seguinte redação:
é de 14 dias e, apresentada a contestação ou decorrido
«Artigo 285.º o respetivo prazo, o processo é concluso ao juiz para
decisão no prazo de 5 dias.
[...]
4 — A intimação pode ser rejeitada por falta de preen-
1 — Aos contratos com objeto passível de ato admi- chimento dos pressupostos para a constituição do dever
nistrativo é aplicável o regime de invalidade previsto de decisão, por violação de disposições legais ou regu-
para o ato com o mesmo objeto e idêntica regulamen- lamentares.
tação da situação concreta. 5 — O processo pode terminar por inutilidade super-
2 — A anulabilidade, total ou parcial, dos demais veniente da lide se for provada a prática do ato preten-
contratos pode ser arguida no prazo de seis meses, con- dido dentro do prazo da contestação.
tado desde a data da celebração do contrato ou, quanto
6 — Na decisão, o juiz estabelece prazo não inferior
a terceiros, do conhecimento do seu clausulado.
3 — A anulação de quaisquer contratos por falta e a 30 dias para o cumprimento do dever de decisão e fixa
vícios da vontade pode ser sempre pedida no prazo sanção pecuniária compulsória, nos termos previstos no
de seis meses, contado desde a data da cessação do Código de Processo nos Tribunais Administrativos.
vício. 7 — [...].
4 — [Anterior n.º 3].» 8 — [...].
9 — [...].
Artigo 7.º 10 — [...].»
Alteração ao Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro
Artigo 8.º
Os artigos 85.º, 95.º e 112.º do Decreto-Lei n.º 555/99,
de 16 de dezembro, passam a ter a seguinte redação: Alteração à Lei n.º 83/95, de 31 de agosto

Os artigos 12.º, 16.º e 19.º da Lei n.º 83/95, de 31 de


«Artigo 85.º agosto, passam a ter a seguinte redação:
[...]
1 — [...]. «Artigo 12.º
2 — [...]. [...]
3 — [...].
4 — [...]. 1 — A ação popular administrativa pode revestir
5 — [...]. qualquer das formas de processo previstas no Código
6 — [...]. de Processo nos Tribunais Administrativos.
7 — [...]. 2 — [...].
8588-(48) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 16.º e) Expor à CADA dúvidas que tenha sobre a decisão


[...]
a proferir, a fim de esta entidade emitir parecer no prazo
máximo de 30 dias.
1 — No âmbito de ações populares, o Ministério
Público é titular da legitimidade ativa e dos poderes de 2 — [...].
representação e de intervenção processual que lhe são 3 — [...].
conferidos por lei, podendo substituir-se ao autor em 4 — [...].
caso de desistência da lide, bem como de transação ou
de comportamentos lesivos dos interesses em causa. Artigo 23.º
2 — [Revogado].
[...]
3 — [Revogado].
Quando não seja dada integral satisfação ao pedido
Artigo 19.º de reutilização de acordo com o disposto na presente
Decisões transitadas em julgado secção, o interessado pode apresentar queixa à CADA
ou requerer ao tribunal administrativo competente a
1 — Salvo quando julgadas improcedentes por insu- intimação da entidade requerida, nos termos previstos
ficiência de provas ou quando o julgador deva decidir na presente lei e no Código de Processo nos Tribunais
por forma diversa fundado em motivações próprias do Administrativos.
caso concreto, os efeitos das sentenças transitadas em
julgado proferidas no âmbito de processo que tenham Artigo 31.º
por objeto a defesa de interesses individuais homogé-
neos abrangem os titulares dos direitos ou interesses que [...]
não tiverem exercido o direito de se autoexcluírem da 1 — [...].
representação, nos termos do artigo 16.º 2 — [...]:
2 — [...].»
a) [...]
Artigo 9.º b) [...]
c) [...]
Alteração à Lei n.º 27/96, de 1 de agosto d) Queixas sobre questões que já tenham sido apre-
O artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto, alterada ciadas pela CADA de modo uniforme e reiterado.»
pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de novembro, passa a
ter a seguinte redação: Artigo 11.º
Alteração à Lei n.º 19/2006, de 12 de junho
«Artigo 15.º
O artigo 14.º da Lei n.º 19/2006, de 12 de junho, passa
[...].
a ter a seguinte redação:
1 — As ações para declaração de perda de mandato
ou de dissolução de órgãos autárquicos ou entidades «Artigo 14.º
equiparadas têm caráter urgente e seguem os termos do [...]
processo do contencioso eleitoral, previstos no Código
de Processo nos Tribunais Administrativos. 1 — Quando não seja dada integral satisfação ao seu
2 — [Revogado]. pedido de acesso, o interessado pode apresentar queixa
3 — [Revogado]. à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos
4 — [Revogado]. ou requerer ao tribunal administrativo competente a
5 — [Revogado]. intimação da entidade requerida, nos termos previstos
6 — [Revogado]. na Lei de Acesso aos Documentos Administrativos e no
7 — [Revogado]. Código de Processo nos Tribunais Administrativos.
8 — [Revogado].» 2 — Os terceiros lesados pela divulgação de infor-
mação também podem recorrer aos meios de tutela
Artigo 10.º previstos na lei.
Alteração à Lei n.º 46/2007, de 24 de agosto
3 — [Revogado.]»

Os artigos 14.º, 23.º e 31.º da Lei n.º 46/2007, de 24 de Artigo 12.º


agosto, passam a ter a seguinte redação:
Alterações sistemáticas ao Código de Processo
nos Tribunais Administrativos
«Artigo 14.º
São introduzidas ao Código de Processo nos Tribunais
[...]
Administrativos as seguintes alterações sistemáticas:
1 — [...]: 1 — O título II passa a integrar os atuais títulos II e III,
com a epígrafe: «Da Ação Administrativa» e é com-
a) [...]
posto:
b) [...]
c) [...] a) Pelo capítulo I com a epígrafe «Disposições gerais»,
d) [...] que integra os artigos 37.º a 49.º;
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(49)

b) Pelo capítulo II com a epígrafe «Disposições particu- Artigo 13.º


lares», que integra os artigos 50.º a 77.º-B e as seguintes Norma revogatória
secções e subsecções:
São revogados:
i) A secção I com a epígrafe «Impugnação de atos admi-
nistrativos», que integra o artigo 50.º, a subsecção I com a a) Os n.os 2 e 3 do artigo 16.º da Lei n.º 83/95, de 31
epígrafe «Da impugnabilidade dos atos administrativos», de agosto;
composta pelos artigos 51.º a 54.º, a subsecção II com a b) Os n.os 2 a 8 do artigo 15.º da Lei n.º 27/96, de 1 de
epígrafe «Da legitimidade», composta pelos artigos 55.º agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de
a 57.º, a subsecção III com a epígrafe «Dos prazos de novembro;
impugnação» composta pelos artigos 58.º a 60.º, e a sub- c) Os n.os 2 e 3 do artigo 40.º, os n.os 2 a 4 do artigo 48.º
secção IV com a epígrafe da instância» composta pelos e os artigos 60.º e 73.º do Estatuto dos Tribunais Admi-
artigos 61.º a 65.º; nistrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de
ii) A secção II com a epígrafe «Condenação à prática do 19 de fevereiro;
ato devido» que integra os artigos 66.º a 71.º; d) O n.º 5 do artigo 4.º, o n.º 2 do artigo 20.º, o n.º 2
iii) A secção III com a epígrafe «Impugnação de nor- do artigo 29.º, os n.os 4 a 8 do artigo 30.º, o n.º 2 do
mas e condenação à emissão de normas» que integra os artigo 35.º, o n.º 2 do artigo 37.º, o artigo 40.º, os n.os 2
artigos 72.º a 77.º; e 3 do artigo 41.º, os artigos 42.º, 43.º e 44.º, o n.º 5 do
iv) A secção IV com a epígrafe «Ações relativas à vali- artigo 45.º, os artigos 46.º, 47.º e 49.º, o n.º 4 do artigo 58.º,
dade e execução de contratos» que integra os artigos 77.º-A o n.º 5 do artigo 78.º, os n.os 5 e 6 do artigo 79.º, o n.º 5
a 77.º-B; do artigo 82.º, o n.º 6 do artigo 86.º, o n.º 6 do artigo 91.º,
o n.º 4 do artigo 93.º, o n.º 2 do artigo 97.º, o n.º 3 do
c) Pelo capítulo III com a epígrafe «Marcha do pro- artigo 100.º, os n.os 4 e 5 do artigo 110.º, a alínea g) do
cesso», que integra os artigos 78.º a 96.º e as seguintes n.º 1 do artigo 123.º, o n.º 3 do artigo 130.º, os n.os 6 e 7 do
secções: artigo 132.º, o n.º 2 do artigo 135.º, o n.º 4 do artigo 142.º,
as alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 187.º, e o artigo 190.º
i) A secção I com a epígrafe «Articulados» composta do Código de Processo nos Tribunais Administrativos,
pelos artigos 78.º a 83.º-A; aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alterada
ii) A secção II com a epígrafe «Trâmites subsequentes» pelas Leis n.os 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de
composta pelos artigos 84.º a 86.º; 11 de setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro;
iii) A secção III com a epígrafe «Saneamento, instrução e) O n.º 3 do artigo 14.º da Lei n.º 19/2006, de 12 de
e alegações» composta pelos artigos 87.º a 91.º-A; junho.
iv) A secção IV com a epígrafe «Julgamento» composta
Artigo 14.º
pelos artigos 92.º a 96.º;
Republicação
2 — O atual título IV passa a ser o título III, com a 1 — É republicado no anexo I ao presente decreto-lei,
epígrafe: «Dos processos urgentes» e é composto: que dele faz parte integrante, o Código de Processo nos
a) Pelo capítulo I com a epígrafe «Ação administra- Tribunais Administrativos, aprovado em anexo à Lei
tiva urgente», que integra os artigos 97.º a 103.º-B e as n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, com a redação atual.
seguintes secções: 2 — É republicado no anexo II ao presente decreto-
-lei, que dele faz parte integrante, o Estatuto dos Tribu-
i) Secção I com a epígrafe «Contencioso eleitoral» com- nais Administrativos e Fiscais, aprovado em anexo à Lei
posta pelo artigo 98.º; n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, com a redação atual.
ii) Secção II com a epígrafe «Contencioso de procedi-
mentos de massa» composta pelo artigo 99.º;
iii) Secção III com a epígrafe «Contencioso pré- Artigo 15.º
-contratual» composta pelos artigos 100.º a 103.º-B; Entrada em vigor

b) Pelo capítulo II com a epígrafe «Das intimações», que 1 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes,
integra os artigos 104.º a 111.º e as seguintes secções: o presente decreto-lei entra em vigor 60 dias após a sua
publicação.
i) A secção I com a epígrafe «Intimação para a prestação 2 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei
de informações, consulta de processos ou passagem de ao Código de Processo nos Tribunais Administrativos,
certidões» composta pelos artigos 104.º a 108.º; aprovado pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, alterada
ii) A secção II com a epígrafe «Intimação para prote- pelas Leis n.os 4-A/2003, de 19 de fevereiro, 59/2008, de 11
ção de direitos, liberdades e garantias» composta pelos de setembro, e 63/2011, de 14 de dezembro, só se aplicam
artigos 109.º a 111.º; aos processos administrativos que se iniciem após a sua
entrada em vigor.
3 — Os atuais títulos V, VI, VIII e X passam a ser, 3 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei
respetivamente os títulos IV, V, VII e IX. ao Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, e às Leis
4 — O atual título VII passa a ser o título VI e o respe- n.os 83/95, de 31 de agosto, 27/96, de 1 de agosto, alterada
tivo capítulo III passa a ter a epígrafe «Recursos extraor- pela Lei Orgânica n.º 1/2011, de 30 de novembro, 46/2007,
dinários». de 24 de agosto, e 19/2006, de 12 de junho, só se aplicam
5 — O atual título IX passa a ser o título VIII, com a aos processos administrativos que tenham início após a
epígrafe «Tribunais arbitrais e centros de arbitragem». sua entrada em vigor.
8588-(50) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

4 — As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei ao 2 — A todo o direito ou interesse legalmente protegido
Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado corresponde a tutela adequada junto dos tribunais adminis-
pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, em matéria de trativos, designadamente para o efeito de obter:
organização e funcionamento dos tribunais administrativos,
incluindo dos tribunais administrativos de círculo, entram a) A anulação ou a declaração de nulidade ou de ine-
em vigor no dia seguinte ao da publicação do presente xistência de atos administrativos;
decreto-lei. b) A condenação à prática de atos devidos, nos termos
5 — A alteração efetuada pelo presente decreto-lei à da lei ou de vínculo contratualmente assumido;
alínea l) do n.º 1 do artigo 4.º do Estatuto dos Tribunais c) A condenação à não emissão de atos administrativos,
Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, nas condições admitidas neste Código;
de 19 de fevereiro, em matéria de ilícitos de mera ordena- d) A declaração de ilegalidade de normas emitidas ao
ção social por violação de normas de direito administra- abrigo de disposições de direito administrativo;
tivo em matéria de urbanismo, entra em vigor no dia 1 de e) A condenação à emissão de normas devidas ao abrigo
setembro de 2016. de disposições de direito administrativo;
f) O reconhecimento de situações jurídicas subjetivas
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 27 de diretamente decorrentes de normas jurídico-administrativas
agosto de 2015. — Paulo Sacadura Cabral Portas — Ma- ou de atos jurídicos praticados ao abrigo de disposições
ria Luís Casanova Morgado Dias de Albuquerque — Rui de direito administrativo;
Manuel Parente Chancerelle de Machete — Paula Ma- g) O reconhecimento de qualidades ou do preenchi-
ria von Hafe Teixeira da Cruz — Leonardo Bandeira de mento de condições;
Melo Mathias — Jorge Manuel Lopes Moreira da Sil- h) A condenação à adoção ou abstenção de comporta-
va — Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da mentos, pela Administração Pública ou por particulares;
Graça — Fernando Serra Leal da Costa. i) A condenação da Administração à adoção das con-
Promulgado em 25 de setembro de 2015. dutas necessárias ao restabelecimento de direitos ou inte-
resses violados, incluindo em situações de via de facto,
Publique-se. desprovidas de título que as legitime;
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. j) A condenação da Administração ao cumprimento de
deveres de prestar que diretamente decorram de normas
Referendado em 28 de setembro de 2015. jurídico-administrativas e não envolvam a emissão de
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. um ato administrativo impugnável, ou que tenham sido
constituídos por atos jurídicos praticados ao abrigo de dis-
posições de direito administrativo, e que podem ter objeto
ANEXO I o pagamento de uma quantia, a entrega de uma coisa ou a
prestação de um facto;
Republicação do Código de Processo k) A condenação à reparação de danos causados por
nos Tribunais Administrativos
pessoas coletivas e pelos titulares dos seus órgãos ou res-
petivos trabalhadores em funções públicas;
(a que se refere o n.º 1 do artigo 14.º)
l) A apreciação de questões relativas à interpretação,
validade ou execução de contratos;
TÍTULO I m) A restituição do enriquecimento sem causa, incluindo
Parte geral a repetição do indevido;
n) A intimação da Administração a prestar informações,
permitir a consulta de documentos ou passar certidões;
CAPÍTULO I o) A intimação para proteção de direitos, liberdades e
garantias;
Disposições fundamentais p) A extensão dos efeitos de julgados;
q) A adoção das providências cautelares adequadas para
Artigo 1.º assegurar o efeito útil das decisões a proferir em processo
Direito aplicável declarativo.
O processo nos tribunais administrativos rege-se pela Artigo 3.º
presente lei, pelo Estatuto dos Tribunais Administrativos e Poderes dos tribunais administrativos
Fiscais e, supletivamente, pelo disposto na lei de processo
civil, com as necessárias adaptações. 1 — No respeito pelo princípio da separação e inter-
dependência dos poderes, os tribunais administrativos
Artigo 2.º julgam do cumprimento pela Administração das normas e
princípios jurídicos que a vinculam e não da conveniência
Tutela jurisdicional efetiva
ou oportunidade da sua atuação.
1 — O princípio da tutela jurisdicional efetiva com- 2 — Por forma a assegurar a efetividade da tutela, os
preende o direito de obter, em prazo razoável, e mediante tribunais administrativos podem fixar oficiosamente um
um processo equitativo, uma decisão judicial que aprecie, prazo para o cumprimento dos deveres que imponham à
com força de caso julgado, cada pretensão regularmente Administração e aplicar, quando tal se justifique, sanções
deduzida em juízo, bem como a possibilidade de a fazer pecuniárias compulsórias.
executar e de obter as providências cautelares, antecipa- 3 — Os tribunais administrativos asseguram os meios
tórias ou conservatórias, destinadas a assegurar o efeito declarativos urgentes necessários à obtenção da tutela ade-
útil da decisão. quada em situações de constrangimento temporal, assim
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(51)

como os meios cautelares destinados à salvaguarda da utili- Artigo 5.º


dade das sentenças a proferir nos processos declarativos.
Cumulação de pedidos em processos urgentes
4 — Os tribunais administrativos asseguram ainda a
execução das suas sentenças, designadamente daquelas que 1 — A cumulação de pedidos é possível mesmo quando,
proferem contra a Administração, seja através da emissão nos termos deste Código, a algum dos pedidos cumula-
de sentença que produza os efeitos do ato administrativo dos corresponda uma das formas da ação administrativa
devido, quando a prática e o conteúdo deste ato sejam estri- urgente, que deve ser, nesse caso, observada com as adap-
tamente vinculados, seja providenciando a concretização tações que se revelem necessárias, devendo as adaptações
material do que foi determinado na sentença. que impliquem menor celeridade do processo cingir-se ao
estritamente indispensável.
Artigo 4.º 2 — Quando a complexidade da apreciação do pedido
Cumulação de pedidos ou pedidos cumulados o justifiquem, o tribunal pode ante-
1 — É permitida a cumulação de pedidos sempre que: cipar a decisão do pedido principal em relação à instrução
respeitante ao pedido ou pedidos cumulados, que apenas
a) A causa de pedir seja a mesma e única ou os pedidos tem lugar se a procedência destes pedidos não ficar preju-
estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de dicada pela decisão tomada quanto ao pedido principal.
dependência, nomeadamente por se inscreverem no âmbito 3 — Quando algum dos pedidos cumulados não per-
da mesma relação jurídica material; tença ao âmbito da competência dos tribunais adminis-
b) Sendo diferente a causa de pedir, a procedência dos trativos, há lugar à absolvição da instância relativamente
pedidos principais dependa essencialmente da apreciação a esse pedido.
dos mesmos factos ou da interpretação e aplicação dos
mesmos princípios ou regras de direito.
Artigo 6.º
2 — É, designadamente, possível cumular: Igualdade das partes

a) O pedido de anulação ou declaração de nulidade O tribunal assegura um estatuto de igualdade efetiva


ou inexistência de um ato administrativo com o pedido das partes no processo, tanto no que se refere ao exercício
de condenação da Administração ao restabelecimento da de faculdades e ao uso de meios de defesa como no plano
situação que existiria se o ato não tivesse sido praticado; da aplicação de cominações ou de sanções processuais,
b) O pedido de declaração da ilegalidade de uma norma designadamente por litigância de má-fé.
com qualquer dos pedidos mencionados na alínea ante-
rior;
c) O pedido de condenação da Administração à prática Artigo 7.º
de um ato administrativo legalmente devido com qualquer Promoção do acesso à justiça
dos pedidos mencionados na alínea a);
d) O pedido de anulação ou declaração de nulidade Para efetivação do direito de acesso à justiça, as normas
ou inexistência de um ato administrativo com o pedido processuais devem ser interpretadas no sentido de promo-
de anulação ou declaração de nulidade de contrato cuja ver a emissão de pronúncias sobre o mérito das pretensões
validade dependa desse ato; formuladas.
e) O pedido de anulação ou declaração de nulidade ou
inexistência de um ato administrativo com o pedido de Artigo 7.º-A
reconhecimento de uma situação jurídica subjetiva;
Dever de gestão processual
f) O pedido de condenação da Administração à reparação
de danos causados com qualquer dos pedidos mencionados 1 — Cumpre ao juiz, sem prejuízo do ónus de impulso
nas alíneas anteriores; especialmente imposto pela lei às partes, dirigir ativa-
g) Qualquer pedido relacionado com questões de inter- mente o processo e providenciar pelo seu andamento cé-
pretação, validade ou execução de contratos com a impug- lere, promovendo oficiosamente as diligências necessárias
nação de atos administrativos praticados no âmbito da ao normal prosseguimento da ação, recusando o que for
relação contratual. impertinente ou meramente dilatório e, ouvidas as partes,
adotando mecanismos de simplificação e agilização pro-
3 — Havendo cumulação sem que entre os pedidos cessual que garantam a justa composição do litígio em
exista a conexão exigida, o juiz notifica o autor ou au-
prazo razoável.
tores para, no prazo de 10 dias, indicarem o pedido que
2 — O juiz providencia oficiosamente pelo suprimento
pretendem ver apreciado no processo, sob cominação de,
não o fazendo, haver absolvição da instância quanto a da falta de pressupostos processuais suscetíveis de sanação,
todos os pedidos. determinando a realização dos atos necessários à regu-
4 — No caso de absolvição da instância por cumulação larização da instância ou, quando a sanação dependa de
ilegal de pedidos, podem ser apresentadas novas peti- ato que deva ser praticado pelas partes, convidando-as a
ções no prazo de 30 dias a contar do trânsito em julgado, praticá-lo.
considerando-se estas apresentadas na data de entrada da 3 — Das decisões referidas no n.º 1 não é admissível
primeira, para efeitos de tempestividade da sua apresen- recurso, salvo se contenderem com os princípios da igual-
tação. dade ou do contraditório, com a aquisição processual de
5 — [Revogado]. factos ou com a admissibilidade de meios probatórios.
8588-(52) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 8.º 5 — A propositura indevida de ação contra um órgão


Princípio da cooperação e boa-fé processual
administrativo não tem consequências processuais, nos
termos do n.º 4 do artigo 10.º
1 — Na condução e intervenção no processo, os magis-
trados, os mandatários judiciais e as partes devem cooperar Artigo 9.º
entre si, concorrendo para que se obtenha, com brevidade
Legitimidade ativa
e eficácia, a justa composição do litígio.
2 — Qualquer das partes deve abster-se de requerer a 1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte e
realização de diligências inúteis e de adotar expedientes no capítulo II do título II, o autor é considerado parte
dilatórios. legítima quando alegue ser parte na relação material con-
3 — As entidades administrativas têm o dever de reme- trovertida.
ter ao tribunal, em tempo oportuno, o processo adminis- 2 — Independentemente de ter interesse pessoal na
trativo e demais documentos respeitantes à matéria do demanda, qualquer pessoa, bem como as associações e
litígio, bem como o dever de dar conhecimento, ao longo fundações defensoras dos interesses em causa, as autar-
do processo, de superveniências resultantes da sua atuação, quias locais e o Ministério Público têm legitimidade para
para que a respetiva existência seja comunicada aos demais propor e intervir, nos termos previstos na lei, em processos
intervenientes processuais. principais e cautelares destinados à defesa de valores e bens
4 — Para o efeito do disposto no número anterior, constitucionalmente protegidos, como a saúde pública,
incumbe, nomeadamente, às entidades administrativas o ambiente, o urbanismo, o ordenamento do território,
comunicar ao tribunal: a qualidade de vida, o património cultural e os bens do
Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias locais,
a) A emissão de novos atos administrativos no âmbito assim como para promover a execução das correspondentes
do procedimento no qual se inscreva o ato impugnado; decisões jurisdicionais.
b) A celebração do contrato, quando esteja pendente
processo de impugnação de ato administrativo praticado Artigo 10.º
no âmbito de procedimento dirigido à formação desse
contrato; Legitimidade passiva
c) A emissão de novos atos administrativos cuja manu- 1 — Cada ação deve ser proposta contra a outra parte
tenção na ordem jurídica possa colidir com os efeitos a na relação material controvertida e, quando for caso disso,
que se dirige o processo em curso; contra as pessoas ou entidades titulares de interesses con-
d) A revogação ou anulação do ato impugnado. trapostos aos do autor.
2 — Nos processos intentados contra entidades públicas,
5 — Todas as entidades públicas ou privadas devem parte demandada é a pessoa coletiva de direito público,
fornecer os elementos e prestar a colaboração necessária salvo nos processos contra o Estado ou as Regiões Autó-
ao exercício da ação pública pelo Ministério Público, po- nomas que se reportem à ação ou omissão de órgãos inte-
dendo este, em caso de recusa, solicitar ao tribunal com- grados nos respetivos ministérios ou secretarias regionais,
petente para o julgamento da ação proposta ou a propor em que parte demandada é o ministério ou ministérios,
a aplicação das sanções previstas na lei processual civil ou a secretaria ou secretarias regionais, a cujos órgãos
para as situações de recusa ilegítima de colaboração para sejam imputáveis os atos praticados ou sobre cujos órgãos
a descoberta da verdade. recaia o dever de praticar os atos jurídicos ou observar os
comportamentos pretendidos.
CAPÍTULO II 3 — Os processos que tenham por objeto atos ou omis-
sões de entidade administrativa independente, destituída
Das partes de personalidade jurídica, são intentados contra o Estado
ou a outra pessoa coletiva de direito público a que essa
Artigo 8.º-A entidade pertença.
Personalidade e capacidade judiciárias
4 — O disposto nos n.os 2 e 3 não obsta a que se consi-
dere regularmente proposta a ação quando na petição tenha
1 — A personalidade e a capacidade judiciárias consis- sido indicado como parte demandada um órgão pertencente
tem, respetivamente, na suscetibilidade de ser parte e na à pessoa coletiva de direito público, ao ministério ou à
de estar por si em juízo. secretaria regional que devem ser demandados.
2 — Tem personalidade judiciária quem tenha persona- 5 — Quando, na situação prevista no número anterior,
lidade jurídica, e capacidade judiciária quem tenha capaci- a citação for feita no órgão indicado na petição, considera-
dade de exercício de direitos, sendo aplicável ao processo -se citada a pessoa coletiva, o ministério ou a secretaria
administrativo o regime de suprimento da incapacidade regional a que o órgão pertence.
previsto na lei processual civil. 6 — Havendo cumulação de pedidos, deduzidos contra
3 — Para além dos demais casos de extensão da perso- diferentes pessoas coletivas ou Ministérios, devem ser
nalidade judiciária estabelecidos na lei processual civil, os demandados as pessoas coletivas ou os Ministérios contra
ministérios e os órgãos da Administração Pública têm per- quem sejam dirigidas as pretensões formuladas.
sonalidade judiciária correspondente à legitimidade ativa e 7 — Quando o pedido principal deva ser deduzido contra
passiva que lhes é conferida pelo presente Código. um Ministério, este também tem legitimidade passiva em
4 — Nas ações indevidamente propostas contra minis- relação aos pedidos que com aquele sejam cumulados.
térios, a respetiva falta de personalidade judiciária pode 8 — Nos processos respeitantes a litígios entre órgãos
ser sanada pela intervenção do Estado e a ratificação ou da mesma pessoa coletiva, a ação é proposta contra o órgão
repetição do processado. cuja conduta deu origem ao litígio.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(53)

9 — Podem ser demandados particulares ou conces- 2 — Nos processos impugnatórios, é possível a coliga-
sionários, no âmbito de relações jurídico-administrativas ção de diferentes autores na impugnação, seja de um único,
que os envolvam com entidades públicas ou com outros seja de vários atos jurídicos, desde que se preencha qual-
particulares. quer dos pressupostos estabelecidos no número anterior.
10 — Sem prejuízo da aplicação subsidiária, quando tal 3 — Havendo coligação sem que entre os pedidos exista
se justifique, do disposto na lei processual civil em matéria a conexão exigida pelo n.º 1, o juiz notificará o autor ou
de intervenção de terceiros, quando a satisfação de uma autores para, no prazo de 10 dias, indicarem o pedido que
ou mais pretensões deduzidas contra uma entidade pública pretendem ver apreciado no processo, sob cominação de,
exija a colaboração de outra ou outras entidades, cabe à não o fazendo, haver absolvição da instância quanto a
entidade demandada promover a respetiva intervenção todos os pedidos.
no processo. 4 — No caso previsto no número anterior, bem como
quando haja coligação ilegal de autores, podem ser apre-
Artigo 11.º sentadas novas petições, no prazo de 30 dias a contar do
Patrocínio judiciário e representação em juízo
trânsito em julgado da decisão, considerando-se estas apre-
sentadas na data de entrada da primeira, para efeitos da
1 — Nos tribunais administrativos é obrigatória a cons- tempestividade da sua apresentação.
tituição de mandatário, nos termos previstos no Código
do Processo Civil, podendo as entidades públicas fazer-se
patrocinar em todos os processos por advogado, solicitador CAPÍTULO III
ou licenciado em direito ou em solicitadoria com funções Da competência
de apoio jurídico, sem prejuízo da representação do Estado
pelo Ministério Público.
2 — No caso de o patrocínio recair em licenciado em SECÇÃO I
direito ou em solicitadoria com funções de apoio jurídico, Disposições gerais
expressamente designado para o efeito, a referida atuação
no âmbito do processo fica vinculada à observância dos Artigo 13.º
mesmos deveres deontológicos, designadamente de sigilo,
que obrigam o mandatário da outra parte. Conhecimento da competência e do âmbito da jurisdição
3 — Para o efeito do disposto no número anterior, e sem O âmbito da jurisdição administrativa e a competência
prejuízo do disposto nos dois números seguintes, o poder dos tribunais administrativos, em qualquer das suas espé-
de designar o representante em juízo da pessoa coletiva de cies, é de ordem pública e o seu conhecimento precede o
direito público ou, no caso do Estado, do ministério com- de qualquer outra matéria.
pete ao auditor jurídico ou ao responsável máximo pelos
serviços jurídicos da pessoa coletiva ou do ministério. Artigo 14.º
4 — Nos processos em que esteja em causa a atuação
ou omissão de uma entidade administrativa independente, Petição a tribunal incompetente
ou outra que não se encontre integrada numa estrutura 1 — Quando a petição seja dirigida a tribunal incom-
hierárquica, a designação do representante em juízo pode petente, o processo é oficiosamente remetido, se possível
ser feita por essa entidade. por via eletrónica, ao tribunal administrativo ou tributário
5 — Nos processos em que esteja em causa a atuação ou competente.
omissão de um órgão subordinado a poderes hierárquicos, 2 — Quando a petição seja dirigida a tribunal incompe-
a designação do representante em juízo pode ser feita por tente, sem que o tribunal competente pertença à jurisdição
esse órgão, mas a existência do processo é imediatamente administrativa e fiscal, pode o interessado, no prazo de
comunicada ao ministro ou ao órgão superior da pessoa 30 dias a contar do trânsito em julgado da decisão que
coletiva. declare a incompetência, requerer a remessa do processo
6 — Os agentes de execução desempenham as suas ao tribunal competente, com indicação do mesmo.
funções nas execuções que sejam da competência dos 3 — Em ambos os casos previstos nos números anterio-
tribunais administrativos. res, a petição considera-se apresentada na data do primeiro
registo de entrada, para efeitos da tempestividade da sua
Artigo 12.º apresentação.
Coligação
Artigo 15.º
1 — Podem coligar-se vários autores contra um ou vá-
rios demandados e pode um autor dirigir a ação conjunta- Extensão da competência à decisão de questões prejudiciais
mente contra vários demandados, por pedidos diferentes, 1 — Quando o conhecimento do objeto da ação de-
quando: penda, no todo ou em parte, da decisão de uma ou mais
a) A causa de pedir seja a mesma e única ou os pedidos questões da competência de tribunal pertencente a outra
estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de jurisdição, pode o juiz sobrestar na decisão até que o tri-
dependência, nomeadamente por se inscreverem no âmbito bunal competente se pronuncie.
da mesma relação jurídica material; 2 — A suspensão fica sem efeito se a ação da compe-
b) Sendo diferente a causa de pedir, a procedência dos tência do tribunal pertencente a outra jurisdição não for
pedidos principais depende essencialmente da apreciação proposta no prazo de dois meses ou se ao respetivo pro-
dos mesmos factos ou da interpretação e aplicação dos cesso não for dado andamento, por negligência das partes,
mesmos princípios ou regras de direito. durante o mesmo prazo.
8588-(54) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

3 — No caso previsto no número anterior, deve pros- são intentados no tribunal da área da sede da entidade
seguir o processo do contencioso administrativo, sendo a demandada.
questão prejudicial decidida com efeitos a ele restritos. 2 — [Revogado].
3 — O contencioso eleitoral é da competência do tribu-
SECÇÃO II nal da área da sede do órgão cuja eleição se impugna.
4 — O conhecimento dos pedidos de intimação para
Da competência territorial prestação de informações, consulta de documentos e pas-
sagem de certidões é da competência do tribunal da área
Artigo 16.º onde deva ter lugar a prestação, consulta ou passagem
Regra geral pretendida.
5 — Os demais processos de intimação são intentados
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes e no tribunal da área onde deva ter lugar o comportamento
das soluções que resultem da distribuição das competên-
ou a omissão pretendidos.
cias em função da hierarquia, os processos são intentados
6 — Os pedidos dirigidos à adoção de providências cau-
no tribunal da área da residência habitual ou da sede do
autor. telares são julgados pelo tribunal competente para decidir
2 — Havendo pluralidade de autores, a ação pode ser a causa principal.
proposta no tribunal da área da residência habitual ou da 7 — Os pedidos de produção antecipada de prova são
sede da maioria deles, ou, no caso de não haver maioria, deduzidos no tribunal em que a prova tenha de ser efetuada
no tribunal da área da residência habitual ou da sede de ou da área em que se situe o tribunal de comarca a que a
qualquer deles. diligência deva ser deprecada.
8 — A competência territorial para os processos execu-
Artigo 17.º tivos é determinada nos termos da lei processual civil.
9 — Para a execução jurisdicional de atos administra-
Processos relacionados com bens imóveis tivos que não possam ser impostos coercivamente pela
Os processos relacionados com bens imóveis ou direitos Administração, o tribunal competente é o da área da sede
a eles referentes são intentados no tribunal da situação da residência ou sede do executado ou da localização dos
dos bens. bens a executar.

Artigo 18.º Artigo 21.º


Competência em matéria de responsabilidade civil Cumulação de pedidos
1 — As pretensões em matéria de responsabilidade civil 1 — Nas situações de cumulação em que a competência
extracontratual, incluindo ações de regresso, são deduzidas para a apreciação de qualquer dos pedidos pertença a um
no tribunal do lugar em que se deu o facto constitutivo da tribunal superior, este também é competente para conhecer
responsabilidade. dos demais pedidos.
2 — Quando o facto constitutivo de responsabilidade 2 — Quando forem cumulados pedidos para cuja apre-
seja a prática ou a omissão de um ato administrativo ou ciação sejam territorialmente competentes diversos tri-
de uma norma, a pretensão é deduzida no tribunal com- bunais, o autor pode escolher qualquer deles para a pro-
petente para se pronunciar sobre a legalidade da atuação positura da ação, mas se a cumulação disser respeito a
ou da omissão. pedidos entre os quais haja uma relação de dependência
ou de subsidiariedade, a ação deve ser proposta no tribunal
Artigo 19.º competente para apreciar o pedido principal.
Competência em matéria relativa a contratos
Artigo 22.º
1 — As pretensões relativas a contratos são deduzidas
no tribunal do lugar de cumprimento do contrato. Competência supletiva
2 — Se as partes convencionarem o tribunal perante o Quando não seja possível determinar a competência ter-
qual se comprometem a deduzir as suas pretensões rela-
ritorial por aplicação dos artigos anteriores, é competente
tivas ao contrato, o tribunal competente para o efeito é o
o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa.
tribunal convencionado.
3 — As ações que tenham por objeto litígios emergentes
de vínculos de emprego público intentadas por trabalha- CAPÍTULO IV
dor contra o empregador público podem ser propostas no
tribunal do lugar da prestação de trabalho ou do domicílio Dos atos processuais
do autor.
Artigo 23.º
Artigo 20.º Regime aplicável
Outras regras de competência territorial
É subsidiariamente aplicável ao processo administrativo
1 — Os processos respeitantes à prática ou à omissão de o disposto na lei processual civil em matéria de entrega ou
normas e de atos administrativos das Regiões Autónomas remessa das peças processuais, dos duplicados dos articula-
e das autarquias locais, assim como das entidades por elas dos e das cópias dos documentos apresentados, bem como
instituídas, e das pessoas coletivas de utilidade pública em matéria de realização das citações e notificações.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(55)

Artigo 24.º cialidade e do juiz natural, de acordo com os seguintes


Realização de atos processuais
critérios:

1 — Os atos processuais, incluindo os atos das partes a) Espécies de processos, definidas pelo Conselho Supe-
que devam ser praticados por escrito, e a tramitação do rior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, sob proposta
processo, são efetuados, preferencialmente, por via ele- do presidente do tribunal;
trónica, nos termos a definir por portaria do membro do b) Carga de trabalho dos juízes e respetiva disponibili-
Governo responsável pela área da justiça. dade para o serviço;
2 — A apresentação de peças processuais e documentos c) Tipo de matéria a apreciar, desde que, no tribunal,
por via eletrónica dispensa a sua remessa ao tribunal, e a haja um mínimo de três juízes afetos à apreciação de cada
dos respetivos duplicados e cópias, em suporte de papel, tipo de matéria.
sem prejuízo da possibilidade de o juiz exigir a apresenta-
ção do original, nos termos da lei processual civil. 3 — Em tudo o que não esteja expressamente regulado
3 — Apresentada a petição por via eletrónica, a citação neste artigo, aplica-se, com as necessárias adaptações, o
das entidades públicas ou dos órgãos nela indicados é disposto no Código de Processo Civil quanto à distribuição.
efetuada automaticamente por via eletrónica, sem neces-
sidade de despacho do juiz, salvo nos casos expressamente
previstos em que há lugar a despacho liminar. Artigo 27.º
4 — Na situação prevista no número anterior, a enti- Poderes do relator nos processos em primeiro
dade pública demandada fica obrigada a apresentar as suas grau de jurisdição em tribunais superiores
peças processuais, o eventual processo instrutor e demais
documentos, preferencialmente, por via eletrónica, nas 1 — Compete ao relator, sem prejuízo dos demais po-
condições a definir por portaria do membro do Governo deres que lhe são conferidos neste Código:
responsável pela área da justiça, devendo o autor, sempre a) Deferir os termos do processo, proceder à sua ins-
que possível, receber as notificações judiciais pela mesma trução e prepará-lo para julgamento;
via, de modo automático. b) Dar por findos os processos;
5 — Os atos processuais referidos nos números ante- c) Declarar a suspensão da instância;
riores podem, ainda, ser apresentados a juízo por uma das d) Ordenar a apensação de processos;
seguintes formas: e) Julgar extinta a instância por transação, deserção,
a) Entrega na secretaria judicial, em suporte de papel, desistência, impossibilidade ou inutilidade da lide;
valendo como data da prática do ato a da respetiva en- f) Rejeitar liminarmente os requerimentos e incidentes
trega; de cujo objeto não deva tomar conhecimento;
b) Remessa pelo correio, sob registo, valendo como data g) Conhecer das nulidades dos atos processuais e dos
da prática do ato a da expedição; próprios despachos;
c) Envio através de telecópia, valendo como data da h) Conhecer do pedido de adoção de providências cau-
prática do ato a da expedição. telares ou submetê-lo à apreciação da conferência, quando
o considere justificado;
Artigo 25.º i) Proferir decisão quando entenda que a questão a deci-
dir é simples, designadamente por já ter sido judicialmente
Citações e notificações
apreciada de modo uniforme e reiterado, ou que a pretensão
1 — Salvo disposição em contrário, as citações editais é manifestamente infundada;
são realizadas mediante a publicação de anúncio em pá- j) Admitir os recursos de acórdãos, declarando a sua
gina informática de acesso público, nos termos a definir espécie, regime de subida e efeitos, ou negar-lhes admissão.
em portaria do membro do Governo responsável pela área
da justiça. 2 — Dos despachos do relator cabe reclamação para a
2 — Em todas as formas de processo, todos os articu- conferência, com exceção dos de mero expediente.
lados e requerimentos autónomos e demais documentos
apresentados após a notificação ao autor da contestação
do demandado são notificados pelo mandatário judicial Artigo 28.º
do apresentante ao mandatário judicial da contraparte nos Apensação de processos
termos da lei processual civil.
3 — A notificação determinada no número anterior pode 1 — Quando sejam separadamente propostas ações que,
realizar-se por meios eletrónicos, nos termos de portaria do por se verificarem os pressupostos de admissibilidade pre-
membro do Governo responsável pela área da justiça. vistos para a coligação e a cumulação de pedidos, possam
ser reunidas num único processo, deve ser ordenada a apen-
Artigo 26.º sação delas, ainda que se encontrem pendentes em tribunais
diferentes, a não ser que o estado do processo ou outra
Distribuição
razão torne especialmente inconveniente a apensação.
1 — O sistema informático dos tribunais administrativos 2 — Os processos são apensados ao que tiver sido inten-
e fiscais assegura a distribuição diária dos processos e tado em primeiro lugar, considerando-se como tal o de
demais documentos sujeitos a distribuição, que se realiza numeração inferior, salvo se os pedidos forem dependentes
automaticamente por forma eletrónica. uns dos outros, caso em que a apensação é feita na ordem
2 — Para o efeito do disposto no número anterior, são da dependência.
previamente introduzidos no sistema os dados necessá- 3 — A apensação pode ser requerida ao tribunal perante
rios, determinados no respeito pelos princípios da impar- o qual se encontre pendente o processo a que os outros
8588-(56) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

tenham de ser apensados e, quando se trate de processos CAPÍTULO V


que estejam pendentes perante o mesmo juiz, deve ser por
Do valor das causas e das formas do processo
este oficiosamente determinada, ouvidas as partes.
4 — Importa baixa na distribuição a apensação de pro-
cesso distribuído a juiz diferente. SECÇÃO I
Do valor das causas

Artigo 29.º Artigo 31.º


Prazos processuais Atribuição de valor e suas consequências

1 — O prazo geral supletivo para os atos processuais 1 — A toda a causa deve ser atribuído um valor certo,
das partes é de 10 dias. expresso em moeda legal, o qual representa a utilidade
2 — [Revogado]. económica imediata do pedido.
3 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, 2 — Atende-se ao valor da causa para determinar se
são aplicáveis aos processos nos tribunais administrativos, cabe recurso da sentença proferida em primeira instância
e que tipo de recurso.
em primeira instância ou em via de recurso, os prazos 3 — Para o efeito das custas e demais encargos legais,
estabelecidos na lei processual civil para juízes, magistra- o valor da causa é fixado segundo as regras estabelecidas
dos do Ministério Público e funcionários, com as devidas na legislação respetiva.
consequências legais. 4 — É aplicável o disposto na lei processual civil quanto
4 — Na falta de disposição especial, os despachos judi- aos poderes das partes e à intervenção do juiz na fixação
ciais são proferidos no prazo de 10 dias. do valor da causa.
5 — Na falta de disposição especial, as promoções do
Ministério Público são deduzidas no prazo de 10 dias. Artigo 32.º
6 — Os despachos ou promoções de mero expediente, Critérios gerais para a fixação do valor
bem como os considerados urgentes, devem ser proferidos
1 — Quando pela ação se pretenda obter o pagamento
no prazo máximo de dois dias.
de quantia certa, é esse o valor da causa.
7 — Decorridos três meses sobre o termo do prazo 2 — Quando pela ação se pretenda obter um benefício
fixado para a prática de ato próprio do juiz sem que o diverso do pagamento de uma quantia, o valor da causa é
mesmo tenha sido praticado, deve o juiz consignar a con- a quantia equivalente a esse benefício.
creta razão da inobservância do prazo. 3 — Quando a ação tenha por objeto a apreciação da
8 — A secretaria remete, mensalmente, ao presidente existência, validade, cumprimento, modificação ou reso-
do tribunal informação discriminada dos casos em que lução de um contrato, atende-se ao valor do mesmo, deter-
se mostrem decorridos três meses sobre o termo do prazo minado pelo preço ou estipulado pelas partes.
fixado para a prática de ato próprio do juiz, ainda que o 4 — Quando a ação diga respeito a uma coisa, o valor
ato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao presi- desta determina o valor da causa.
dente do tribunal, no prazo de 10 dias contado da data de 5 — Quando esteja em causa a cessação de situações
receção, remeter o expediente à entidade com competência causadoras de dano, ainda que fundadas em ato administra-
tivo ilegal, o valor da causa é determinado pela importância
disciplinar. do dano causado.
6 — O valor dos processos cautelares é determinado
Artigo 30.º pelo valor do prejuízo que se quer evitar, dos bens que
Publicidade do processo e das decisões
se querem conservar ou da prestação pretendida a título
provisório.
1 — O processo administrativo é público, com as restri- 7 — Quando sejam cumulados, na mesma ação, vários
ções previstas na lei, processando-se o acesso nos termos pedidos, o valor é a quantia correspondente à soma dos
e condições previstos na lei processual civil. valores de todos eles, mas cada um deles é considerado em
2 — Os acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo, separado para o efeito de determinar se a sentença pode
assim como os dos Tribunais Centrais Administrativos e ser objeto de recurso, e de que tipo.
8 — Quando seja deduzido pedido acessório de conde-
dos tribunais administrativos de círculo que tenham transi-
nação ao pagamento de juros, rendas e rendimentos já ven-
tado em julgado, são objeto de publicação obrigatória por cidos e a vencer durante a pendência da causa, na fixação
via informática, em base de dados de jurisprudência. do valor atende-se somente aos interesses já vencidos.
3 — Do tratamento informático devem constar pelo 9 — No caso de pedidos alternativos, atende-se uni-
menos a identificação do tribunal que proferiu a decisão camente ao pedido de valor mais elevado e, no caso de
e dos juízes que a subscreveram, a data e o sentido e os pedidos subsidiários, ao pedido formulado em primeiro
fundamentos da decisão. lugar.
4 — [Revogado]. Artigo 33.º
5 — [Revogado].
6 — [Revogado]. Critérios especiais
7 — [Revogado]. Nos processos relativos a atos administrativos, atende-se
8 — [Revogado]. ao conteúdo económico do ato, designadamente por apelo
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(57)

aos seguintes critérios, para além daqueles que resultam d) Intimação para prestação de informações, consulta
do disposto no artigo anterior: de documentos ou passagem de certidões;
e) Intimação para defesa de direitos, liberdades e garan-
a) Quando esteja em causa a autorização ou licencia- tias;
mento de obras e, em geral, a apreciação de decisões res- f) Providências cautelares.
peitantes à realização de empreendimentos públicos ou
privados, o valor da causa afere-se pelo custo previsto da 2 — Os processos urgentes e respetivos incidentes cor-
obra projetada; rem em férias, com dispensa de vistos prévios, mesmo em
b) Quando esteja em causa a aplicação de sanções de fase de recurso jurisdicional, e os atos da secretaria são
conteúdo pecuniário, o valor da causa é determinado pelo praticados no próprio dia, com precedência sobre quais-
montante da sanção aplicada; quer outros.
c) Quando esteja em causa a aplicação de sanções sem 3 — O julgamento dos processos urgentes tem lugar,
conteúdo pecuniário, o valor da causa é determinado pelo com prioridade sobre os demais, logo que o processo esteja
montante dos danos patrimoniais sofridos; pronto para decisão.
d) Quando estejam em causa atos ablativos da pro- 4 — Na falta de especificação própria quanto à respetiva
priedade ou de outros direitos reais, o valor da causa é tramitação, os processos urgentes previstos em lei especial
determinado pelo valor do direito sacrificado. seguem os termos da ação administrativa, com os prazos
reduzidos a metade, regendo-se, quanto ao mais, pelo dis-
Artigo 34.º posto nos n.os 2 e 3 do presente artigo e, em fase de recurso
Critério supletivo
jurisdicional, pelo disposto no artigo 147.º

1 — Consideram-se de valor indeterminável os proces-


sos respeitantes a bens imateriais e a normas emitidas ou TÍTULO II
omitidas no exercício da função administrativa, incluindo
planos urbanísticos e de ordenamento do território. Da ação administrativa
2 — Quando o valor da causa seja indeterminável,
considera-se superior ao da alçada do Tribunal Central CAPÍTULO I
Administrativo.
3 — Das decisões de mérito proferidas em processo de Disposições gerais
valor indeterminável cabe sempre recurso de apelação e,
quando proferidas por tribunal administrativo de círculo, Artigo 37.º
recurso de revista para o Supremo Tribunal Administrativo, Objeto
nos termos e condições previstos no artigo 151.º deste
Código. 1 — Seguem a forma da ação administrativa, com a
4 — Quando com pretensões suscetíveis de avaliação tramitação regulada no capítulo III do presente título, os
económica sejam cumuladas outras insuscetíveis de tal processos que tenham por objeto litígios cuja apreciação se
inscreva no âmbito da competência dos tribunais adminis-
avaliação, atende-se separadamente a cada uma delas para
trativos e que nem neste Código, nem em legislação avulsa
o efeito de determinar se a sentença pode ser objeto de
sejam objeto de regulação especial, designadamente:
recurso, e de que tipo.
a) Impugnação de atos administrativos;
SECÇÃO II
b) Condenação à prática de atos administrativos devidos,
nos termos da lei ou de vínculo contratualmente assu-
Das formas de processo mido;
c) Condenação à não emissão de atos administrativos,
Artigo 35.º nas condições admitidas neste Código;
d) Impugnação de normas emitidas ao abrigo de dispo-
Formas de processo
sições de direito administrativo;
1 — O processo declarativo nos Tribunais Adminis- e) Condenação à emissão de normas devidas ao abrigo
trativos rege-se pelo disposto nos títulos II e III e pelas de disposições de direito administrativo;
disposições gerais, sendo-lhe subsidiariamente aplicável f) Reconhecimento de situações jurídicas subjetivas
o disposto na lei processual civil. diretamente decorrentes de normas jurídico-administrativas
2 — [Revogado]. ou de atos jurídicos praticados ao abrigo de disposições
de direito administrativo;
Artigo 36.º g) Reconhecimento de qualidades ou do preenchimento
de condições;
Processos urgentes h) Condenação à adoção ou abstenção de comportamen-
1 — Sem prejuízo dos demais casos previstos na lei, tos pela Administração Pública ou por particulares;
têm caráter urgente os processos relativos a: i) Condenação da Administração à adoção das condutas
necessárias ao restabelecimento de direitos ou interesses
a) Contencioso eleitoral, com o âmbito definido neste violados, incluindo em situações de via de facto, despro-
Código; vidas de título que as legitime;
b) Procedimentos de massa, com o âmbito definido j) Condenação da Administração ao cumprimento de
neste Código; deveres de prestar que diretamente decorram de normas
c) Contencioso pré-contratual, com o âmbito definido jurídico-administrativas e não envolvam a emissão de
neste Código; um ato administrativo impugnável, ou que tenham sido
8588-(58) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

constituídos por atos jurídicos praticados ao abrigo de Artigo 41.º


disposições de direito administrativo, e que podem ter Prazos
por objeto o pagamento de uma quantia, a entrega de uma
coisa ou a prestação de um facto; 1 — Sem prejuízo do disposto na lei substantiva e no
k) Responsabilidade civil das pessoas coletivas, bem capítulo seguinte, a ação administrativa pode ser proposta
a todo o tempo.
como dos titulares dos seus órgão ou respetivos trabalha- 2 — [Revogado].
dores em funções públicas, incluindo ações de regresso; 3 — [Revogado].
l) Interpretação, validade ou execução de contratos;
m) A restituição do enriquecimento sem causa, incluindo Artigo 42.º
a repetição do indevido;
Tramitação
n) Relações jurídicas entre entidades administrativas.
[Revogado].
2 — [Revogado].
3 — Quando, sem fundamento em ato administrativo Artigo 43.º
impugnável, particulares, nomeadamente concessionários, Domínio de aplicação dos processos
violem vínculos jurídico-administrativos decorrentes de ordinário, sumário e sumaríssimo
normas, atos administrativos ou contratos, ou haja fun- [Revogado].
dado receio de que os possam violar, sem que, solicitadas
a fazê-lo, as autoridades competentes tenham adotado as Artigo 44.º
medidas adequadas, qualquer pessoa ou entidade cujos Fixação de prazo e imposição de sanção pecuniária compulsória
direitos ou interesses sejam diretamente ofendidos pode
pedir ao tribunal que condene os mesmos a adotaram ou a [Revogado].
absterem-se de certo comportamento, por forma a assegurar
Artigo 45.º
o cumprimento dos vínculos em causa.
Modificação do objeto do processo
Artigo 38.º 1 — Quando se verifique que a pretensão do autor é
Ato administrativo inimpugnável fundada, mas que à satisfação dos seus interesses obsta, no
todo ou em parte, a existência de uma situação de impos-
1 — Nos casos em que a lei substantiva o admita, de- sibilidade absoluta, ou a entidade demandada demonstre
signadamente no domínio da responsabilidade civil da que o cumprimento dos deveres a que seria condenada
Administração por atos administrativos ilegais, o tribunal originaria um excecional prejuízo para o interesse público,
pode conhecer, a título incidental, da ilegalidade de um ato o tribunal profere decisão na qual:
administrativo que já não possa ser impugnado. a) Reconhece o bem fundado da pretensão do autor;
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, não b) Reconhece a existência da circunstância que obsta,
pode ser obtido por outros meios processuais o efeito que no todo ou em parte, à emissão da pronúncia solicitada;
resultaria da anulação do ato inimpugnável. c) Reconhece o direito do autor a ser indemnizado por
esse facto; e
Artigo 39.º d) Convida as partes a acordarem no montante da indem-
nização devida no prazo de 30 dias, que pode ser prorro-
Interesse processual gado até 60 dias, caso seja previsível que o acordo venha
1 — Os pedidos de simples apreciação podem ser dedu- a concretizar-se dentro daquele prazo.
zidos por quem invoque utilidade ou vantagem imediata,
2 — Na falta do acordo a que se refere a alínea d) do
para si, na providência jurisdicional pretendida, designa- número anterior, o autor pode requerer, no prazo de um
damente por existir uma situação de incerteza, de ilegítima mês, a fixação judicial da indemnização devida, mediante
afirmação por parte da Administração da existência de a apresentação de articulado devidamente fundamentado,
determinada situação jurídica, como nos casos de inexis- devendo o tribunal, nesse caso, ouvir a outra parte pelo
tência de ato administrativo, ou o fundado receio de que prazo de 10 dias e ordenar as diligências instrutórias que
a Administração possa vir a adotar uma conduta lesiva, considere necessárias.
fundada numa avaliação incorreta da situação jurídica 3 — Na hipótese prevista no número anterior, o autor
existente. pode optar por pedir a reparação de todos os danos resultan-
2 — A condenação à não emissão de atos administrati- tes da atuação ilegítima da entidade demandada, hipótese
na qual esta é notificada para contestar o novo pedido no
vos só pode ser pedida quando seja provável a emissão de
prazo de 30 dias, findo o que a ação segue os subsequentes
atos lesivos de direitos ou interesse legalmente protegidos termos da ação administrativa.
e a utilização dessa via se mostre imprescindível. 4 — O disposto na alínea d) do n.º 1 e nos n.os 2 e 3
não é aplicável quando o autor já tinha cumulado na ação
Artigo 40.º o pedido de reparação de todos os danos resultantes da
Legitimidade em ações relativas a contratos
atuação ilegítima da entidade demandada, hipótese na
qual o tribunal dá ao autor a possibilidade de ampliar o
[Revogado]. pedido indemnizatório já deduzido, de modo a nele incluir
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(59)

o montante da indemnização adicional que possa ser devida a suspensão da tramitação dos demais processos não tem
pela ocorrência das situações previstas no n.º 1. o alcance de limitar o âmbito de instrução, afastando a
5 — [Revogado]. apreciação de factos ou a realização de diligências de prova
necessárias para o completo apuramento da verdade.
Artigo 45.º-A 4 — Quando a verificação dos pressupostos requeridos
Extensão de regime
no número anterior apenas possa ser alcançada através da
seleção conjugada, para efeito de decisão prioritária, de
1 — O disposto no artigo anterior é aplicável quando, mais do que um processo, os processos selecionados devem
tendo sido deduzido pedido respeitante à invalidade de ser apensados num único processo.
contrato por violação das regras relativas ao respetivo 5 — Das decisões de suspensão de tramitação ou de
procedimento de formação, o tribunal: apensação de processos, podem as partes interpor, no prazo
a) Verifique que já não é possível reinstruir o procedi- de 15 dias, recurso com efeito devolutivo com funda-
mento pré-contratual, por entretanto ter sido celebrado e mento na ausência de qualquer dos pressupostos referi-
executado o contrato; dos no n.º 1.
b) Proceda, segundo o disposto na lei substantiva, ao 6 — O disposto nos números anteriores também é apli-
afastamento da invalidade do contrato, em resultado da cável quando a situação se verifique no conjunto de dife-
ponderação dos interesses públicos e privados em pre- rentes tribunais, podendo o impulso partir do presidente
sença. de qualquer dos tribunais envolvidos ou de qualquer das
partes nos processos em causa.
2 — O disposto no artigo anterior também é aplicável 7 — A aplicação do regime do presente artigo a situa-
quando, na pendência de ação de condenação à prática de ções de processos existentes em diferentes tribunais,
ato devido, se verifique que a entidade demandada devia segundo o previsto no número anterior, é determinada
ter satisfeito a pretensão do autor em conformidade com o pelo Presidente do Supremo Tribunal Administrativo, a
quadro normativo aplicável, mas a alteração superveniente quem compete estabelecer qual ou quais os processos aos
desse quadro normativo impeça a procedência da ação. quais deve ser dado andamento, com suspensão dos demais,
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, a alte- oficiosamente ou mediante proposta dos presidentes dos
ração superveniente só impede a procedência da ação de tribunais envolvidos.
condenação à prática de ato devido quando se verifique 8 — Ao processo ou processos selecionados é aplicável
que, mesmo que a pretensão do autor tivesse sido satisfeita o disposto no n.º 4 do artigo 36.º para os processos urgentes
no momento próprio, a referida alteração teria o alcance de e no seu julgamento intervêm todos os juízes do tribunal
lhe retirar a titularidade da correspondente situação jurídica ou da secção.
de vantagem, constituindo-o no direito de ser indemnizado 9 — A decisão emitida no processo ou nos processos
por esse facto. selecionados é notificada às partes nos processos suspen-
sos, podendo o autor nestes processos optar, no prazo de
Artigo 46.º 30 dias, por desistir do pedido ou recorrer da sentença
proferida no processo ou nos processos selecionados.
Objeto 10 — O tribunal decide oficiosamente a extensão dos
[Revogado]. efeitos da sentença aos processos suspensos em cujo âmbito
não haja sido praticado, no prazo determinado no número
Artigo 47.º anterior, qualquer dos atos ali previstos.
11 — Quando mereça provimento, o recurso previsto
Cumulação de pedidos no n.º 9 produz efeitos apenas na esfera jurídica do recor-
[Revogado]. rente.

Artigo 48.º Artigo 49.º


Seleção de processos com andamento prioritário Norma remissiva

1 — Quando, num mesmo tribunal, sejam intentados [Revogado].


mais de dez processos que, embora referidos a diferen-
tes pronúncias da mesma entidade administrativa, digam CAPÍTULO II
respeito à mesma relação jurídica material ou, ainda que
respeitantes a diferentes relações jurídicas coexistentes Disposições particulares
em paralelo, sejam suscetíveis de ser decididos com base
na aplicação das mesmas normas a situações de facto do SECÇÃO I
mesmo tipo, o presidente do tribunal deve determinar,
ouvidas as partes, que seja dado andamento apenas a um Impugnação de atos administrativos
deles e se suspenda a tramitação dos demais.
2 — O tribunal pode igualmente determinar, ouvidas as Artigo 50.º
partes, a suspensão dos processos que venham a ser intenta- Objeto e efeitos da impugnação
dos na pendência do processo selecionado e que preencham
os pressupostos previstos no número anterior. 1 — A impugnação de um ato administrativo tem por
3 — No exercício dos poderes conferidos nos números objeto a anulação ou a declaração de nulidade desse ato.
anteriores, o tribunal deve certificar-se de que no processo 2 — Sem prejuízo das demais situações previstas na lei,
ao qual seja dado andamento prioritário a questão é deba- a impugnação de um ato administrativo suspende a eficácia
tida em todos os seus aspetos de facto e de direito e que desse ato quando esteja apenas em causa o pagamento de
8588-(60) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

uma quantia certa, sem natureza sancionatória, e tenha 2 — O não exercício do direito de impugnar um ato
sido prestada garantia por qualquer das formas previstas contido em diploma legislativo ou regulamentar não obsta
na lei tributária. à impugnação dos seus atos de execução ou aplicação.
3 — A impugnação de atos lesivos exprime a intenção, 3 — O não exercício do direito de impugnar um ato
por parte do autor, de exercer o direito à reparação dos que não individualize os seus destinatários não obsta à
danos que tenha sofrido, para o efeito de interromper a impugnação dos seus atos de execução ou aplicação cujos
prescrição deste direito, nos termos gerais. destinatários sejam individualmente identificados.
4 — Às ações de declaração de inexistência de ato
administrativo é aplicável, com as devidas adaptações, o Artigo 53.º
disposto nos artigos 55.º e 57.º, em matéria de legitimidade, Impugnação de atos confirmativos e de execução
assim como no artigo 64.º, no caso de o autor ter interesse
em deduzir, em substituição ou cumulação superveniente 1 — Não são impugnáveis os atos confirmativos,
com o pedido inicial, a impugnação de ato administrativo entendendo-se como tal os atos que se limitem a reiterar,
praticado durante a pendência do processo. com os mesmos fundamentos, decisões contidas em atos
administrativos anteriores.
SUBSECÇÃO I 2 — Excetuam-se do disposto no número anterior os
casos em que o interessado não tenha tido o ónus de impug-
Da impugnabilidade dos atos administrativos nar o ato confirmado, por não se ter verificado, em relação
a este ato, qualquer dos factos previstos nos n.os 2 e 3 do
Artigo 51.º artigo 59.º
Atos impugnáveis 3 — Os atos jurídicos de execução de atos administrati-
vos só são impugnáveis por vícios próprios, na medida em
1 — Ainda que não ponham termo a um procedimento, que tenham um conteúdo decisório de caráter inovador.
são impugnáveis todas as decisões que, no exercício de 4 — Quando seja admitida a impugnação do ato con-
poderes jurídico-administrativos, visem produzir efeitos firmativo, nos termos do n.º 2, os efeitos da sentença que
jurídicos externos numa situação individual e concreta, conheça do objeto do processo são extensivos ao ato con-
incluindo as proferidas por autoridades não integradas na firmado.
Administração Pública e por entidades privadas que atuem
no exercício de poderes jurídico-administrativos. Artigo 54.º
2 — São designadamente impugnáveis: Impugnação de ato administrativo ineficaz
a) As decisões tomadas no âmbito de procedimentos 1 — Os atos administrativos só podem ser impugnados
administrativos sobre questões que não possam ser de a partir do momento em que produzam efeitos.
novo apreciadas em momento subsequente do mesmo 2 — O disposto no número anterior não exclui a facul-
procedimento; dade de impugnação de atos que não tenham começado a
b) As decisões tomadas em relação a outros órgãos da produzir efeitos jurídicos quando:
mesma pessoa coletiva, passíveis de comprometer as con-
dições do exercício de competências legalmente conferidas a) Tenha sido desencadeada a sua execução;
aos segundos para a prossecução de interesses pelos quais b) Seja seguro ou muito provável que o ato irá produzir
esses órgãos sejam diretamente responsáveis. efeitos, designadamente por a ineficácia se dever apenas
ao facto de o ato se encontrar dependente de termo inicial
3 — Os atos impugnáveis de harmonia com o disposto ou de condição suspensiva cuja verificação seja provável,
nos números anteriores que não ponham termo a um pro- nomeadamente por depender da vontade do beneficiário
cedimento só podem ser impugnados durante a pendência do ato.
do mesmo, sem prejuízo da faculdade de impugnação
do ato final com fundamento em ilegalidades cometidas 3 — O disposto na alínea a) do número anterior não
durante o procedimento, salvo quando essas ilegalidades impede a utilização de outros meios de tutela contra a
digam respeito a ato que tenha determinado a exclusão execução ilegítima do ato administrativo ineficaz.
do interessado do procedimento ou a ato que lei especial
submeta a um ónus de impugnação autónoma. SUBSECÇÃO II
4 — Se contra um ato de indeferimento ou de recusa
de apreciação de requerimento não tiver sido deduzido o Da legitimidade
adequado pedido de condenação à prática de ato devido,
o tribunal convida o autor a substituir a petição, para o Artigo 55.º
efeito de deduzir o referido pedido. Legitimidade ativa
5 — Na hipótese prevista no número anterior, quando
haja lugar à substituição da petição, considera-se a nova 1 — Tem legitimidade para impugnar um ato admi-
petição apresentada na data do primeiro registo de entrada, nistrativo:
sendo a entidade demandada e os contrainteressados de a) Quem alegue ser titular de um interesse direto e pes-
novo citados para contestar. soal, designadamente por ter sido lesado pelo ato nos seus
direitos ou interesses legalmente protegidos;
Artigo 52.º b) O Ministério Público;
Irrelevância da forma do ato
c) Entidades públicas e privadas, quanto aos direitos e
interesses que lhes cumpra defender;
1 — A impugnabilidade dos atos administrativos não d) Órgãos administrativos, relativamente a atos pratica-
depende da respetiva forma. dos por outros órgãos da mesma pessoa coletiva pública
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(61)

que alegadamente comprometam as condições do exercício b) No prazo de três meses, contado da data da cessação
de competências legalmente conferidas aos primeiros para do erro, quando se demonstre, com respeito pelo contra-
a prossecução de interesses pelos quais esses órgãos sejam ditório, que, no caso concreto, a tempestiva apresentação
diretamente responsáveis; da petição não era exigível a um cidadão normalmente
e) Presidentes de órgãos colegiais, em relação a atos diligente, em virtude de a conduta da Administração ter
praticados pelo respetivo órgão, bem como outras autori- induzido o interessado em erro; ou
dades, em defesa da legalidade administrativa, nos casos c) Quando, não tendo ainda decorrido um ano sobre a
previstos na lei; data da prática do ato ou da sua publicação, quando obri-
f) Pessoas e entidades mencionadas no n.º 2 do artigo 9.º gatória, o atraso deva ser considerado desculpável, aten-
dendo à ambiguidade do quadro normativo aplicável ou às
2 — A qualquer eleitor, no gozo dos seus direitos civis e dificuldades que, no caso concreto, se colocavam quanto
políticos, é permitido impugnar as decisões e deliberações à identificação do ato impugnável, ou à sua qualificação
adotadas por órgãos das autarquias locais sediadas na cir- como ato administrativo ou como norma.
cunscrição onde se encontre recenseado, assim como das
entidades instituídas por autarquias locais ou que destas 4 — [Revogado].
dependam.
3 — A intervenção do interessado no procedimento em Artigo 59.º
que tenha sido praticado o ato administrativo constitui mera
Início dos prazos de impugnação
presunção de legitimidade para a sua impugnação.
1 — Sem prejuízo da faculdade de impugnação em mo-
Artigo 56.º mento anterior, dentro dos condicionalismos do artigo 54.º,
Aceitação do ato
os prazos de impugnação só começam a correr na data da
ocorrência dos factos previstos nos números seguintes se,
1 — Não pode impugnar um ato administrativo com nesse momento, o ato a impugnar já for eficaz, contando-
fundamento na sua mera anulabilidade quem o tenha acei- -se tais prazos, na hipótese contrária, desde o início da
tado, expressa ou tacitamente, depois de praticado. produção de efeitos do ato.
2 — A aceitação tácita deriva da prática, espontânea 2 — O prazo para a impugnação pelos destinatários a
e sem reserva, de facto incompatível com a vontade de quem o ato administrativo deva ser notificado só corre
impugnar. a partir da data da notificação ao interessado ou ao seu
3 — A execução ou acatamento por funcionário ou mandatário, quando este tenha sido como tal constituído
agente não se considera aceitação tácita do ato executado no procedimento, ou da data da notificação efetuada em
ou acatado, salvo quando dependa da vontade daqueles a último lugar caso ambos tenham sido notificados, ainda
escolha da oportunidade da execução. que o ato tenha sido objeto de publicação, mesmo que
obrigatória.
Artigo 57.º 3 — O prazo para a impugnação por quaisquer outros
Contrainteressados
interessados começa a correr a partir de um dos seguintes
factos:
Para além da entidade autora do ato impugnado, são
obrigatoriamente demandados os contrainteressados a a) Quando os atos tenham de ser publicados, da data
quem o provimento do processo impugnatório possa di- em que o ato publicado deva produzir efeitos;
retamente prejudicar ou que tenham legítimo interesse na b) Quando os atos não tenham de ser publicados, da
manutenção do ato impugnado e que possam ser identi- data da notificação, da publicação, ou do conhecimento
ficados em função da relação material em causa ou dos do ato ou da sua execução, consoante o que ocorra em
documentos contidos no processo administrativo. primeiro lugar.

4 — A utilização de meios de impugnação administra-


SUBSECÇÃO III
tiva suspende o prazo de impugnação contenciosa do ato
Dos prazos de impugnação administrativo, que só retoma o seu curso com a notificação
da decisão proferida sobre a impugnação administrativa
Artigo 58.º ou com o decurso do respetivo prazo legal, consoante o
Prazos
que ocorra em primeiro lugar.
5 — A suspensão do prazo prevista no número ante-
1 — Salvo disposição legal em contrário, a impugnação rior não impede o interessado de proceder à impugnação
de atos nulos não está sujeita a prazo e a de atos anuláveis contenciosa do ato na pendência da impugnação adminis-
tem lugar no prazo de: trativa, bem como de requerer a adoção de providências
a) Um ano, se promovida pelo Ministério Público; cautelares.
b) Três meses, nos restantes casos. 6 — O prazo para a impugnação pelo Ministério Público
conta-se a partir da data da prática do ato ou da sua publi-
cação, quando obrigatória.
2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 59.º,
7 — O Ministério Público pode impugnar o ato em
os prazos estabelecidos no número anterior contam-se nos
momento anterior ao da publicação obrigatória, caso tenha
termos do artigo 279.º do Código Civil.
sido entretanto desencadeada a sua execução.
3 — A impugnação é admitida, para além do prazo pre-
8 — A retificação do ato administrativo ou da sua notifi-
visto na alínea b) do n.º 1:
cação ou publicação não determina o início de novo prazo,
a) Nas situações em que ocorra justo impedimento, nos salvo quando diga respeito à indicação do autor, do sentido
termos previstos na lei processual civil; ou dos fundamentos da decisão.
8588-(62) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 60.º e este vir a ser celebrado na pendência do processo, como


Notificação ou publicação deficientes
também às situações em que sobrevenham atos adminis-
trativos cuja validade dependa da existência ou validade
1 — O ato administrativo não é oponível ao interessado do ato impugnado, ou cujos efeitos se oponham à utilidade
quando a notificação ou a publicação, quando exigível, não pretendida no processo.
deem a conhecer o sentido da decisão. 3 — Para o efeito do disposto nos números anteriores,
2 — Quando a notificação ou a publicação do ato admi- deve a Administração trazer ao processo a informação da
nistrativo não contenham a indicação do autor, da data ou existência dos eventuais atos conexos com o ato impugnado
dos fundamentos da decisão, tem o interessado a faculdade que venham a ser praticados na pendência do mesmo.
de requerer à entidade que proferiu o ato a notificação das 4 — A ampliação do objeto é requerida pelo autor em
indicações em falta ou a passagem de certidão que as con- articulado próprio, que é notificado à entidade demandada
tenha, bem como, se necessário, de pedir a correspondente e aos contrainteressados, para que se pronunciem no prazo
intimação judicial, nos termos previstos nos artigos 104.º de 10 dias.
e seguintes deste Código.
3 — A apresentação, no prazo de 30 dias, de reque- Artigo 64.º
rimento dirigido ao autor do ato, ao abrigo do disposto Anulação administrativa, sanação e revogação
no número anterior, interrompe o prazo de impugnação, do ato impugnado com efeitos retroativos
mantendo-se a interrupção se vier a ser pedida a intimação
1 — Quando, na pendência do processo, o ato impug-
judicial a que se refere o mesmo número.
nado seja objeto de anulação administrativa acompanhada
4 — Não são oponíveis ao interessado eventuais erros
contidos na notificação ou na publicação, no que se refere à ou sucedida de nova regulação, pode o autor requerer que
indicação do autor, da data, do sentido ou dos fundamentos o processo prossiga contra o novo ato com fundamento na
da decisão, bem como eventual erro ou omissão quanto à reincidência nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada
existência de delegação ou subdelegação de poderes. a prova produzida e dispondo o autor da faculdade de
oferecer novos meios de prova.
2 — O requerimento a que se refere o número ante-
SUBSECÇÃO IV
rior deve ser apresentado no prazo de impugnação do ato
Da instância anulatório e antes do trânsito em julgado da decisão que
julgue extinta a instância.
Artigo 61.º 3 — O disposto no n.º 1 é aplicável a todos os casos em
Apensação de impugnações que o ato impugnado seja, total ou parcialmente, alterado
ou substituído por outro com os mesmos efeitos, e ainda no
1 — Quando sejam separadamente intentados diferen- caso de o ato anulatório já ter sido praticado no momento
tes processos impugnatórios em situações em que seja em que o processo foi intentado, sem que o autor disso
admitida a cumulação de impugnações, a apensação dos tivesse ou devesse ter conhecimento.
processos deve ser ordenada no que foi intentado em pri- 4 — Se o ato anulado pela Administração na pendên-
meiro lugar, nos termos do artigo 28.º cia do processo só vier a ser substituído por outro após a
2 — O processo impugnatório apensado é carregado ao extinção da instância, o interessado pode requerer, dentro
relator na espécie respetiva quando a apensação se funda- do prazo de impugnação contenciosa, a reabertura do pro-
mente em conexão ou dependência entre atos impugnados cesso contra o novo ato com fundamento na reincidência
ou na circunstância de pertencerem ao mesmo procedi- nas mesmas ilegalidades, sendo aproveitada a prova pro-
mento administrativo. duzida e dispondo o autor da faculdade de oferecer novos
meios de prova.
Artigo 62.º 5 — O disposto nos números anteriores é também apli-
Prossecução da ação pelo Ministério Público cável aos casos de revogação do ato com efeitos retroa-
tivos.
1 — O Ministério Público pode, no exercício da ação 6 — Quando, na pendência de processo de impugnação
pública, assumir a posição de autor, requerendo o segui- de ato que tenha determinado a imposição de deveres,
mento de processo que, por decisão ainda não transitada, encargos, ónus ou sujeições, a aplicação de sanções ou a
tenha terminado por desistência ou outra circunstância restrição de direitos ou interesses legalmente protegidos,
própria do autor. for proferido ato com o alcance de sanar os efeitos do ato
2 — Para o efeito do disposto no número anterior, o impugnado, o autor pode requerer a anulação dos efeitos
juiz, uma vez extinta a instância, dará vista do processo lesivos produzidos por aquele ato durante o período de
ao Ministério Público. tempo que precedeu a respetiva sanação.
Artigo 63.º
Artigo 65.º
Ampliação da instância
Revogação do ato impugnado sem efeitos retroativos
1 — Até ao encerramento da discussão em primeira
instância, o objeto do processo pode ser ampliado à im- 1 — Quando na pendência do processo, seja proferido
pugnação de atos que venham a surgir no âmbito ou na ato revogatório sem efeitos retroativos do ato impugnado,
sequência do procedimento em que o ato impugnado se o processo prossegue em relação aos efeitos produzidos.
insere, assim como à formulação de novas pretensões que 2 — O disposto no número anterior é aplicável aos casos
com aquela possam ser cumuladas. em que, por forma diversa da revogação, cesse ou se esgote
2 — O disposto no número anterior é extensivo ao caso a produção de efeitos do ato impugnado, designadamente
de o ato impugnado ser relativo à formação de um contrato pela sua integral execução no plano dos factos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(63)

3 — Quando a cessação de efeitos do ato impugnado Artigo 68.º


seja acompanhada de nova regulação da situação, o autor Legitimidade
goza da faculdade prevista no artigo anterior.
4 — O disposto no n.º 1 é aplicável aos casos em que 1 — Tem legitimidade para pedir a condenação à prática
o ato revogatório já tinha sido praticado no momento em de um ato administrativo:
que o processo foi intentado, sem que o autor disso tivesse a) Quem alegue ser titular de um direito ou interesse
ou devesse ter conhecimento. legalmente protegido, dirigido à emissão desse ato;
b) O Ministério Público, sem necessidade da apresen-
tação de requerimento, quando o dever de praticar o ato
SECÇÃO II resulte diretamente da lei e esteja em causa a ofensa de
Condenação à prática do ato devido direitos fundamentais, a defesa de interesses públicos espe-
cialmente relevantes ou de qualquer dos valores e bens
Artigo 66.º referidos no n.º 2 do artigo 9.º;
c) Pessoas coletivas, públicas ou privadas, em relação
Objeto aos direitos e interesses que lhes cumpra defender;
1 — A ação administrativa pode ser utilizada para obter d) Órgãos administrativos, relativamente a condutas de
a condenação da entidade competente à prática, dentro de outros órgãos da Administração Pública, que alegadamente
determinado prazo, de um ato administrativo ilegalmente comprometam as condições do exercício de competências
omitido ou recusado. legalmente conferidas aos primeiros para a prossecução
2 — Ainda que a prática do ato devido tenha sido expres- de interesses pelos quais estes órgãos sejam diretamente
samente recusada, o objeto do processo é a pretensão do responsáveis;
interessado e não o ato de indeferimento, cuja eliminação e) Presidentes de órgãos colegiais, relativamente à con-
da ordem jurídica resulta diretamente da pronúncia con- duta do respetivo órgão, bem como outras autoridades, em
defesa da legalidade administrativa, nos casos previstos
denatória.
na lei;
3 — A possibilidade prevista no artigo seguinte da dedu-
f) As demais pessoas e entidades mencionadas no n.º 2
ção de pedidos de condenação à prática de ato devido do artigo 9.º
contra atos de conteúdo positivo não prejudica a faculdade
do interessado de optar por proceder, em alternativa, à 2 — Para além da entidade responsável pela situação
impugnação dos atos em causa. de ilegalidade, são obrigatoriamente demandados os con-
trainteressados a quem a prática do ato pretendido possa
Artigo 67.º diretamente prejudicar ou que tenham legítimo interesse
em que ele não seja praticado e que possam ser identi-
Pressupostos ficados em função da relação material em causa ou dos
1 — A condenação à prática de ato administrativo pode documentos contidos no processo administrativo.
ser pedida quando, tendo sido apresentado requerimento
que constitua o órgão competente no dever de decidir: Artigo 69.º
a) Não tenha sido proferida decisão dentro do prazo Prazos
legalmente estabelecido; 1 — Em situações de inércia da Administração, o di-
b) Tenha sido praticado ato administrativo de indeferi- reito de ação caduca no prazo de um ano contado desde o
mento ou de recusa de apreciação do requerimento; termo do prazo legal estabelecido para a emissão do ato
c) Tenha sido praticado ato administrativo de conteúdo ilegalmente omitido.
positivo que não satisfaça integralmente a pretensão do 2 — Nos casos de indeferimento, de recusa de aprecia-
interessado. ção do requerimento ou de pretensão dirigida à substituição
de um ato de conteúdo positivo, o prazo de propositura da
2 — Para os efeitos do disposto na alínea a) do nú- ação é de três meses, sendo aplicável o disposto no n.º 3
mero anterior, a falta de resposta a requerimento dirigido do artigo 58.º e nos artigos 59.º e 60.º
a delegante ou subdelegante é imputada ao delegado ou 3 — Quando, nos casos previstos no número anterior,
subdelegado, mesmo que a este não tenha sido remetido esteja em causa um ato nulo, o pedido de condenação à
o requerimento. prática do ato devido pode ser deduzido no prazo de dois
3 — Para os mesmos efeitos, quando, tendo sido o anos, contado da data da notificação do ato de indeferi-
requerimento dirigido a órgão incompetente, este não o mento, do ato de recusa de apreciação do requerimento
tenha remetido oficiosamente ao órgão competente nem o ou do ato de conteúdo positivo que o interessado pretende
tenha devolvido ao requerente, a inércia daquele primeiro ver substituído por outro, sem prejuízo, neste último caso,
órgão é imputada ao segundo. da possibilidade, em alternativa, da impugnação do ato de
4 — A condenação à prática de ato administrativo tam- conteúdo positivo sem dependência de prazo.
bém pode ser pedida sem ter sido apresentado requeri-
mento, quando: Artigo 70.º
Alteração da instância
a) Não tenha sido cumprido o dever de emitir um ato
administrativo que resultava diretamente da lei; 1 — Quando a pretensão do interessado seja indeferida
b) Se pretenda obter a substituição de um ato adminis- na pendência de processo intentado em situação de inércia
trativo de conteúdo positivo. ou de recusa de apreciação de requerimento, pode o autor
8588-(64) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

alegar novos fundamentos e oferecer diferentes meios de Artigo 73.º


prova em favor da sua pretensão. Pressupostos
2 — A faculdade conferida pelo número anterior é
extensiva aos casos em que o indeferimento seja anterior, 1 — A declaração de ilegalidade com força obrigatória
mas só tenha sido notificado ao autor após a propositura geral de norma imediatamente operativa pode ser pedida
da ação. por quem seja diretamente prejudicado pela vigência da
3 — Quando, na pendência do processo, seja proferido norma ou possa vir previsivelmente a sê-lo em momento
um ato administrativo que não satisfaça integralmente a próximo, independentemente da prática de ato concreto
pretensão do interessado, o autor pode promover a altera- de aplicação, pelo Ministério Público e por pessoas e en-
tidades nos termos do n.º 2 do artigo 9.º, assim como pe-
ção do objeto do processo, para o efeito de pedir a anulação
los presidentes de órgãos colegiais, em relação a normas
parcial do novo ato ou a condenação da entidade deman- emitidas pelos respetivos órgãos.
dada à prática do ato necessário à satisfação integral da 2 — Quem seja diretamente prejudicado ou possa vir
sua pretensão. previsivelmente a sê-lo em momento próximo pela apli-
4 — Em todas as situações previstas nos números cação de norma imediatamente operativa que incorra em
anteriores, o autor deve apresentar articulado próprio no qualquer dos fundamentos de ilegalidade previstos no n.º 1
prazo de 30 dias, contado desde a data da notificação do do artigo 281.º da Constituição da República Portuguesa
ato, considerando-se como tal, quando não tenha havido pode obter a desaplicação da norma, pedindo a declaração
notificação, a data do conhecimento do ato obtido no pro- da sua ilegalidade com efeitos circunscritos ao seu caso.
cesso. 3 — Quando os efeitos de uma norma não se produzam
imediatamente, mas só através de um ato administrativo
Artigo 71.º
de aplicação, o lesado, o Ministério Público ou qualquer
Poderes de pronúncia do tribunal das pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do artigo 9.º
podem suscitar a questão da ilegalidade da norma aplicada
1 — Ainda que o requerimento apresentado não tenha no âmbito do processo dirigido contra o ato de aplicação a
obtido resposta ou a sua apreciação tenha sido recusada, título incidental, pedindo a desaplicação da norma.
o tribunal não se limita a devolver a questão ao órgão 4 — O Ministério Público tem o dever de pedir a decla-
administrativo competente, anulando ou declarando nulo ração de ilegalidade com força obrigatória geral quando
o eventual ato de indeferimento, mas pronuncia-se sobre tenha conhecimento de três decisões de desaplicação de
a pretensão material do interessado, impondo a prática do uma norma com fundamento na sua ilegalidade, bem como
ato devido. de recorrer das decisões de primeira instância que declarem
2 — Quando a emissão do ato pretendido envolva a a ilegalidade com força obrigatória geral.
formulação de valorações próprias do exercício da função 5 — Para o efeito do disposto no número anterior, a
administrativa e a apreciação do caso concreto não permita secretaria remete ao representante do Ministério Público
identificar apenas uma solução como legalmente possível, junto do tribunal certidão das sentenças que tenham desa-
o tribunal não pode determinar o conteúdo do ato a pra- plicado, com fundamento em ilegalidade, quaisquer normas
ticar, mas deve explicitar as vinculações a observar pela emitidas ao abrigo de disposições de direito administrativo
Administração na emissão do ato devido. ou que tenham declarado a respetiva ilegalidade com força
3 — Quando tenha sido pedida a condenação à prática obrigatória geral.
de um ato com um conteúdo determinado, mas se verifique
que, embora seja devida a prática de um ato administrativo, Artigo 74.º
não é possível determinar o seu conteúdo, o tribunal não Prazos
absolve do pedido, mas condena a entidade demandada à
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a
emissão do ato em questão, de acordo com os parâmetros
declaração de ilegalidade de normas pode ser pedida a
estabelecidos no número anterior. todo o tempo.
2 — A declaração de ilegalidade com fundamento em
ilegalidade formal ou procedimental da qual não resulte
SECÇÃO III inconstitucionalidade só pode ser pedida no prazo de seis
Impugnação de normas e condenação à emissão de normas meses, contado da data da publicação, salvo nos casos
de carência absoluta de forma legal ou de preterição de
Artigo 72.º consulta pública exigida por lei.

Objeto Artigo 75.º


1 — A impugnação de normas no contencioso admi- Decisão
nistrativo tem por objeto a declaração da ilegalidade de O juiz pode decidir com fundamento na ofensa de prin-
normas emanadas ao abrigo de disposições de direito ad- cípios ou normas jurídicas diversos daqueles cuja violação
ministrativo, por vícios próprios ou derivados da invalidade haja sido invocada.
de atos praticados no âmbito do respetivo procedimento
de aprovação. Artigo 76.º
2 — Fica excluída do regime regulado na presente
Efeitos da declaração de ilegalidade com força obrigatória geral
secção a declaração de ilegalidade com força obrigatória
geral com qualquer dos fundamentos previstos no n.º 1 do 1 — A declaração com força obrigatória geral da ilega-
artigo 281.º da Constituição da República Portuguesa. lidade de uma norma, nos termos previstos neste Código,
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(65)

produz efeitos desde a data da entrada em vigor da norma, dimento pré-contratual, embora preenchesse os requisitos
salvo no caso de ilegalidade superveniente. necessários para o efeito;
2 — O tribunal pode, no entanto, determinar que os efei- g) Pelas pessoas singulares ou coletivas titulares ou
tos da decisão se produzam apenas a partir da data do trân- defensoras de direitos subjetivos ou interesses legalmente
sito em julgado da sentença quando razões de segurança protegidos aos quais a execução do contrato cause ou possa
jurídica, de equidade ou de interesse público de excecional causar prejuízos;
relevo, devidamente fundamentadas, o justifiquem. h) Pelas pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do
3 — Nos processos intentados por quem tenha sido dire- artigo 9.º
tamente prejudicado pela vigência de norma imediatamente
operativa, a aplicação do disposto no número anterior não 2 — A anulabilidade de quaisquer contratos por falta
prejudica a eliminação dos efeitos lesivos causados pela e vícios da vontade só pode ser arguida pelas pessoas em
norma na esfera jurídica do autor. cujo interesse a lei a estabelece.
4 — A retroatividade da declaração de ilegalidade não 3 — Os pedidos relativos à execução de contratos
afeta os casos julgados nem os atos administrativos que podem ser deduzidos:
entretanto se tenham tornado inimpugnáveis, salvo deci-
são em contrário do tribunal, quando a norma respeite a a) Pelas partes na relação contratual;
matéria sancionatória e seja de conteúdo menos favorável b) Pelas pessoas singulares e coletivas portadoras ou
ao particular. defensoras de direitos subjetivos ou interesses legalmente
5 — A declaração a que se refere o presente artigo protegidos em função dos quais as cláusulas contratuais
implica a repristinação das normas revogadas, salvo tenham sido estabelecidas;
quando estas sejam ilegais ou tenham deixado por outro c) Pelo Ministério Público;
motivo de vigorar. d) Pelas pessoas e entidades nos termos do n.º 2 do
artigo 9.º;
Artigo 77.º e) Por quem tenha sido preterido no procedimento que
precedeu a celebração do contrato.
Condenação à emissão de normas
1 — O Ministério Público, as demais pessoas e entidades Artigo 77.º-B
defensoras dos interesses referidos no n.º 2 do artigo 9.º, os Prazos
presidentes de órgãos colegiais, em relação a normas omi-
tidas pelos respetivos órgãos, e quem alegue um prejuízo 1 — A invalidade dos contratos com objeto passível
diretamente resultante da situação de omissão podem pedir de ato administrativo pode ser arguida dentro dos prazos
ao tribunal administrativo competente que aprecie e veri- previstos para o ato com o mesmo objeto e idêntica regu-
fique a existência de situações de ilegalidade por omissão lamentação da situação concreta.
das normas cuja adoção, ao abrigo de disposições de direito 2 — A anulabilidade, total ou parcial, dos demais con-
administrativo, seja necessária para dar exequibilidade a tratos pode ser arguida no prazo de seis meses, contado
atos legislativos carentes de regulamentação. desde a data da celebração do contrato, em relação às
2 — Quando verifique a existência de uma situação de partes, ou do respetivo conhecimento, quanto a terceiros
ilegalidade por omissão, o tribunal condena a entidade e ao Ministério Público.
competente à emissão do regulamento em falta, fixando 3 — A anulação de quaisquer contratos por falta e vícios
prazo para que a omissão seja suprida. da vontade pode ser sempre pedida no prazo de seis meses,
contado desde a data da cessação do vício.
SECÇÃO IV
CAPÍTULO III
Ações relativas à validade e execução de contratos
Marcha do processo
Artigo 77.º-A
Legitimidade SECÇÃO I
1 — Os pedidos relativos à validade, total ou parcial, Articulados
de contratos podem ser deduzidos:
Artigo 78.º
a) Pelas partes na relação contratual;
b) Pelo Ministério Público; Requisitos da petição inicial
c) Por quem tenha sido prejudicado pelo facto de não 1 — A instância constitui-se com a propositura da ação
ter sido adotado o procedimento pré-contratual legalmente e esta considera-se proposta logo que a petição inicial seja
exigido; recebida na secretaria do tribunal ao qual é dirigida.
d) Por quem tenha impugnado um ato administrativo 2 — Na petição inicial, deduzida por forma articulada,
relativo ao respetivo procedimento e alegue que a invali- deve o autor:
dade decorre das ilegalidades cometidas no âmbito desse
procedimento; a) Designar o tribunal em que a ação é proposta;
e) Por quem, tendo participado no procedimento que b) Identificar as partes, incluindo eventuais contrainte-
precedeu a celebração do contrato, alegue que o clausulado ressados, indicando os seus nomes, domicílios ou sedes e,
não corresponde aos termos da adjudicação; sempre que possível, não se tratando de entidades públicas,
f) Por quem alegue que o clausulado do contrato não números de identificação civil, de identificação fiscal ou
corresponde aos termos inicialmente estabelecidos e que de pessoa coletiva, profissões e locais de trabalho;
justificadamente o tinham levado a não participar no proce- c) Indicar o domicílio profissional do mandatário judicial;
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d) Indicar a forma do processo; b) Quando seja pedida a declaração de inexistência de


e) Identificar o ato jurídico impugnado, quando seja ato administrativo, com a eventual prova da aparência de
o caso; tal ato;
f) Expor os factos essenciais que constituem a causa c) Quando a pretensão do autor dirigida à prática de
de pedir e as razões de direito que servem de fundamento um ato administrativo tenha sido indeferida ou rejeitada,
à ação; com documento comprovativo do indeferimento ou da
g) Formular o pedido; rejeição;
h) Declarar o valor da causa. d) Quando a pretensão do autor dirigida à prática de
um ato administrativo não tenha sido respondida, com
3 — Para o efeito do disposto na alínea b) do número cópia do requerimento apresentado, ou com recibo ou
anterior, a indicação como parte demandada do órgão que outro documento comprovativo da entrada do original nos
emitiu ou devia ter emitido uma norma ou um ato admi- serviços competentes.
nistrativo é suficiente para que, nos processos com esse
objeto, se considere indicada, quando o devesse ter sido,
a pessoa coletiva, o ministério ou a secretaria regional, 4 — Alegando motivo justificado, é fixado prazo ao
pelo que a citação que venha a ser dirigida ao órgão se autor para a junção de documentos que não tenha podido
considera feita, nesse caso, à pessoa coletiva, ao ministério obter em tempo.
ou à secretaria regional a que o órgão pertence. 5 — [Revogado].
4 — Quando o autor pretenda apresentar rol de teste- 6 — [Revogado].
munhas e requerer outros meios de prova, deve fazê-lo 7 — Em tudo o que não esteja expressamente regulado
no final da petição, podendo indicar, quando seja caso neste artigo, aplica-se, com as necessárias adaptações, o
disso, que os documentos necessários à prova constam do disposto no Código de Processo Civil quanto à instrução
processo administrativo. da petição inicial.
5 — [Revogado].
Artigo 80.º
Artigo 78.º-A Recusa da petição pela secretaria
Contrainteressados 1 — A secretaria recusa o recebimento da petição inicial,
1 — Quando o autor não conheça, no todo ou em parte, indicando por escrito o fundamento da rejeição, quando
a identidade e residência dos contrainteressados, pode se verifique algum dos seguintes factos:
requerer à Administração, previamente à propositura da a) Não tenha endereço ou esteja endereçada a outro
ação, a passagem de certidão da qual constem aqueles tribunal ou autoridade;
elementos de identificação.
b) No caso de referir a existência de contrainteressados,
2 — Se a certidão não for passada no prazo legal, o
não proceder à cabal indicação do respetivo nome e resi-
autor, na petição inicial, deve juntar prova de que a reque-
reu, indicar a identidade e residência dos contrainteressados dência, sem prejuízo do disposto no artigo 78.º-A;
que conheça e requerer a intimação judicial da entidade c) Omita qualquer dos elementos a que se referem as
demandada para, no prazo de cinco dias, fornecer ao tri- alíneas b), c), d) e h) do n.º 2 do artigo 78.º;
bunal a identidade e residência dos contrainteressados em d) Não tenha sido junto nenhum dos documentos com-
falta, para o efeito de poderem ser citados. provativos previstos no n.º 1 do artigo 79.º;
3 — O incumprimento pela entidade demandada da e) Não esteja redigida em língua portuguesa;
intimação referida no número anterior sem justificação f) Não esteja assinada;
adequada determina a imposição de sanção pecuniária g) [Revogada].
compulsória, segundo o disposto no artigo 169.º, sem pre-
juízo da constituição em responsabilidade, nos termos do 2 — A recusa da petição pela secretaria tem os efeitos
artigo 159.º e consequências que lhe correspondem na lei processual
Artigo 79.º civil, podendo ser objeto de reclamação e recurso nos
termos previstos na mesma lei.
Instrução da petição
1 — O autor deve instruir a petição inicial com o do- Artigo 81.º
cumento comprovativo do prévio pagamento da taxa de
justiça devida, da concessão do benefício de apoio judiciá- Citação dos demandados
rio, ou, ocorrendo razão de urgência, do pedido de apoio 1 — Recebida a petição, incumbe à secretaria promover
judiciário requerido, mas ainda não concedido. oficiosamente a citação dos demandados.
2 — Quando a petição inicial seja apresentada por trans- 2 — O juiz pode, a requerimento do autor e caso o con-
missão eletrónica de dados, o prévio pagamento da taxa de sidere justificado, determinar que a citação seja urgente,
justiça ou a concessão do benefício do apoio judiciário são nos termos e para os efeitos previstos na lei processual
comprovados nos termos definidos por portaria do membro civil.
do Governo responsável pela área da justiça. 3 — Nos processos que tenham por objeto a impugnação
3 — Sem prejuízo dos demais requisitos exigidos pela de norma, o juiz manda publicar anúncio da propositura da
lei processual civil, a petição inicial deve ser instruída com ação, pelo meio e no local utilizados para dar publicidade
a prova documental e designadamente: à norma, a fim de permitir a intervenção no processo de
a) Quando seja deduzida pretensão impugnatória, com eventuais contrainteressados, que é admissível até ao termo
documento comprovativo da emissão da norma ou do ato da fase dos articulados.
impugnados; 4 — [Revogado].
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(67)

5 — Nos processos em que haja contrainteressados 4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do artigo 84.º, a
em número superior a 10, o juiz, sem prejuízo de outros falta de impugnação especificada nas ações relativas a atos
meios de publicitação, pode promover a respetiva citação administrativos e normas não importa confissão dos factos
mediante a publicação de anúncio, com a advertência de articulados pelo autor, mas o tribunal aprecia livremente
que os interessados dispõem do prazo de 15 dias para se essa conduta para efeitos probatórios.
constituírem como contrainteressados no processo. 5 — Depois da contestação só podem ser deduzidas as
6 — Quando esteja em causa a impugnação de um ato exceções, incidentes e meios de defesa que sejam super-
administrativo que tenha sido publicado, a publicação venientes, ou que a lei expressamente admita passado esse
do anúncio mencionado no número anterior faz-se, sem momento, ou de que se deva conhecer oficiosamente.
prejuízo de outros meios de publicitação, pelo meio e no 6 — É aplicável à contestação, com as necessárias adap-
local utilizados para dar publicidade ao ato impugnado, e, tações, o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 79.º, sendo, quanto
se o ato não tiver sido objeto de publicação, o anúncio é ao mais, aplicável o disposto na lei processual civil sobre a
publicado em dois jornais diários de circulação nacional apresentação do documento comprovativo do pagamento
ou local, dependendo do âmbito da matéria em causa. da taxa de justiça.
7 — Na hipótese prevista no n.º 5, os contrainteressa- 7 — Quando a contestação seja subscrita por licenciado
dos que como tais se tenham constituído são citados para em Direito com funções de apoio jurídico, nos termos
contestarem no prazo previsto no artigo seguinte. do artigo 11.º, deve ser junta cópia do despacho que o
designou.
Artigo 82.º
Prazo da contestação e cominação
Artigo 83.º-A
Reconvenção
1 — Os demandados podem contestar no prazo de 30 dias
a contar da citação, começando o prazo a correr desde o 1 — Quando na contestação seja deduzida reconvenção,
termo da dilação, quando a esta houver lugar. esta deve ser expressamente identificada e deduzida em
2 — Quando, por erro cometido na petição inicial, na separado do restante articulado, e conter:
hipótese prevista no n.º 3 do artigo 78.º, seja citado um
a) Exposição dos factos essenciais que constituem a
órgão diferente daquele que praticou ou devia ter emitido
a norma ou o ato administrativo, o órgão citado deve dar causa de pedir e das razões de direito que servem de fun-
imediato conhecimento àquele que o deveria ter sido, bene- damento à reconvenção;
ficiando, nesse caso, a entidade demandada de um prazo b) Formulação do pedido;
suplementar de 15 dias para apresentar a contestação e c) Declaração do valor da reconvenção.
enviar o processo administrativo, quando exista.
3 — Se a um contrainteressado não tiver sido facultada, 2 — Se na contestação não for declarado o valor da
em tempo útil, a consulta ao processo administrativo, ele reconvenção, a contestação não deixa de ser recebida, mas
pode dar conhecimento disso ao juiz do processo, podendo, o reconvinte é convidado a indicar o valor, sob pena de a
nesse caso, apresentar a contestação no prazo de 15 dias, reconvenção não ser atendida.
contado desde o momento em que venha a ser notificado 3 — Quando o prosseguimento da reconvenção esteja
de que o processo administrativo foi junto aos autos. dependente de qualquer ato a praticar pelo reconvinte, o
4 — Mediante pedido devidamente fundamentado, é reconvindo é absolvido da instância se, no prazo fixado,
concedida ao Ministério Público prorrogação de prazo, tal ato não se mostrar realizado.
não superior a 30 dias, quando careça de informações que
não possa obter dentro dele ou quando tenha de aguardar SECÇÃO II
resposta a consulta feita a instância superior.
Trâmites subsequentes
5 — [Revogado].
Artigo 84.º
Artigo 83.º
Envio do processo administrativo
Conteúdo e instrução da contestação
1 — Com a contestação, ou dentro do respetivo prazo,
1 — Na contestação, deduzida por forma articulada, os
a entidade demandada é obrigada a proceder, preferen-
demandados devem:
cialmente por via eletrónica, ao envio do processo admi-
a) Individualizar a ação; nistrativo, quando exista, assim como todos os demais
b) Expor as razões de facto e de direito por que se opõem documentos respeitantes à matéria do processo de que seja
à pretensão do autor; detentora, sendo que o sistema informático dos Tribunais
c) Expor os factos essenciais em que se baseiam as Administrativos e Fiscais deve garantir a apensação dos
exceções deduzidas, especificando-as separadamente. mesmos aos autos.
2 — Quando por razões técnicas ou por outros motivos
2 — No final da contestação, os demandados devem justificados não for possível o envio eletrónico, nos termos
apresentar o rol de testemunhas, juntar documentos e re- do número anterior, a entidade demandada deve remeter
querer outros meios de prova. ao Tribunal os originais do processo administrativo e dos
3 — Toda a defesa deve ser deduzida na contestação, demais documentos, que são apensados aos autos.
excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em sepa- 3 — Quando o processo administrativo se encontre já
rado, devendo os demandados nela tomar posição definida apensado a outros autos, a entidade demandada deve dar
perante os factos que constituem a causa de pedir invocada conhecimento do facto ao tribunal, indicando a que autos
pelo autor. se refere.
8588-(68) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

4 — O original do processo administrativo pode ser 3 — A réplica em resposta a exceções é apresentada no


substituído por fotocópias autenticadas e devidamente prazo de 20 dias e em resposta a reconvenção no prazo
ordenadas, sem prejuízo da sua requisição, quando tal se de 30 dias, a contar da data em que seja ou se considere
mostre necessário. notificada a apresentação da contestação.
5 — Na falta de envio do processo administrativo sem 4 — Quando tenha havido reconvenção, o autor, na
justificação aceitável, pode o juiz determinar a aplica- réplica, deve:
ção de sanções pecuniárias compulsórias, nos termos do
artigo 169.º, sem prejuízo do apuramento da responsabili- a) Expor as razões de facto e de direito por que se opõe
dade civil, disciplinar e criminal a que haja lugar. à reconvenção;
6 — A falta do envio do processo administrativo não b) Expor os factos essenciais em que se baseiam as
obsta ao prosseguimento da causa e determina que os factos exceções deduzidas, especificando-as separadamente.
alegados pelo autor se considerem provados, se aquela
falta tiver tornado a prova impossível ou de considerável 5 — No caso previsto no número anterior, o autor, no
dificuldade. final da réplica, deve apresentar o rol de testemunhas,
7 — Da junção aos autos do processo administrativo juntar documentos e requerer outros meios de prova.
é dado conhecimento a todos os intervenientes no pro- 6 — Só é admissível tréplica para o demandado respon-
cesso. der, por forma articulada, às exceções deduzidas na réplica
quanto à matéria da reconvenção, no prazo de 20 dias a
Artigo 85.º contar da notificação da réplica.
Intervenção do Ministério Público
Artigo 86.º
1 — No momento da citação dos demandados, é for-
necida cópia da petição e dos documentos que a instruem Articulados supervenientes
ao Ministério Público, salvo nos processos em que este 1 — Os factos constitutivos, modificativos ou extintivos
figure como autor. supervenientes podem ser deduzidos em novo articulado,
2 — Em função dos elementos que possa coligir e
pela parte a que aproveitem, até ao encerramento da dis-
daqueles que venham a ser carreados para o processo, o
Ministério Público pode pronunciar-se sobre o mérito da cussão.
causa, em defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos, de 2 — Consideram-se supervenientes tanto os factos ocor-
interesses públicos especialmente relevantes ou de algum ridos posteriormente ao termo dos prazos estabelecidos
dos valores ou bens referidos no n.º 2 do artigo 9.º nos artigos precedentes como os factos anteriores de que
3 — Nos processos impugnatórios, o Ministério Público a parte só tenha conhecimento depois de findarem esses
pode invocar causas de invalidade diversas das que tenham prazos, devendo, neste caso, produzir-se prova da super-
sido arguidas na petição inicial e solicitar a realização de veniência.
diligências instrutórias para a respetiva prova. 3 — Quando o novo articulado se funde na junção ao
4 — Os poderes de intervenção previstos nos números processo de elementos até aí desconhecidos ou aos quais
anteriores podem ser exercidos até 30 dias após a notifi- não tinha sido possível o acesso, ele deve ser oferecido nos
cação da junção do processo administrativo aos autos ou, 10 dias posteriores à notificação da junção dos referidos
não tendo esta lugar, da apresentação da última contesta- elementos.
ção, disso sendo, de imediato, notificadas as partes para 4 — Recebido o articulado, são as outras partes notifi-
se pronunciarem. cadas pela secretaria para responder no prazo de 10 dias.
5 — Sendo utilizada a faculdade prevista na parte final 5 — As provas são oferecidas com o articulado e com
do n.º 3: a resposta e os factos articulados que interessem à decisão
a) Caso as diligências instrutórias requeridas devam da causa são incluídos nos temas da prova.
ser realizadas em audiência final, nos termos do n.º 1 do 6 — [Revogado].
artigo 91.º, o Ministério Público é notificado para intervir
nas mesmas; SECÇÃO III
b) Caso as diligências instrutórias requeridas não devam
ser realizadas em audiência final, o Ministério Público é Saneamento, instrução e alegações
notificado para alegar, nos termos do artigo 91.º-A.
Artigo 87.º
Artigo 85.º-A Despacho pré-saneador
Réplica e tréplica
1 — Findos os articulados, o processo é concluso ao
1 — É admissível réplica para o autor responder, por juiz, que, sendo caso disso, profere despacho pré-saneador
forma articulada, às exceções deduzidas na contestação destinado a:
ou às exceções perentórias invocadas pelo Ministério Pú-
blico no exercício dos poderes que lhe confere o artigo a) Providenciar pelo suprimento de exceções dilató-
anterior, assim como para deduzir toda a defesa quanto rias;
à matéria da reconvenção, não podendo a esta opor nova b) Providenciar pelo aperfeiçoamento dos articulados,
reconvenção. nos termos dos números seguintes;
2 — Nas ações de simples apreciação negativa, a réplica c) Determinar a junção de documentos com vista a
serve para o autor impugnar os factos constitutivos que o permitir a apreciação de exceções dilatórias ou o conhe-
demandado tenha alegado e para alegar os factos impedi- cimento, no todo ou em parte, do mérito da causa no des-
tivos ou extintivos do direito invocado pelo demandado. pacho saneador.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(69)

2 — O juiz convida as partes a suprir as irregularida- g) Programar, após audição dos mandatários, os atos a
des dos articulados, fixando prazo para o suprimento ou realizar na audiência final, estabelecer o número de sessões
correção do vício, designadamente quando careçam de e a sua duração, e designar as respetivas datas.
requisitos legais ou a parte não haja apresentado documento
essencial ou de que a lei faça depender o prosseguimento 2 — Para efeitos do disposto na alínea e) do número
da causa. anterior, o juiz pode determinar a adoção da tramitação
3 — Incumbe ainda ao juiz convidar as partes ao supri- processual adequada às especificidades da causa e adaptar
mento das insuficiências ou imprecisões na exposição ou o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam
concretização da matéria de facto alegada, fixando prazo atingir, assegurando um processo equitativo.
para a apresentação de articulado em que se complete ou 3 — O despacho que marque a audiência prévia indica
corrija o inicialmente produzido. o seu objeto e finalidade, mas não constitui caso julgado
4 — Os factos objeto de esclarecimento, aditamento sobre a possibilidade de apreciação imediata do mérito
ou correção ficam sujeitos às regras gerais sobre contra- da causa.
ditoriedade e prova. 4 — Não constitui motivo de adiamento a falta das
5 — As alterações à matéria de facto alegada não podem partes ou dos seus mandatários.
implicar convolação do objeto do processo para relação 5 — A audiência prévia é, sempre que possível, gravada,
jurídica diversa da controvertida, devendo conformar-se aplicando-se, com as necessárias adaptações, o disposto
com os limites traçados pelo pedido e pela causa de pedir, sobre a matéria na lei processual civil.
se forem introduzidas pelo autor, e pelos limites impostos 6 — Os requerimentos probatórios podem ser alterados
pelo artigo 83.º, quando o sejam pelo demandado. na audiência prévia.
6 — Não cabe recurso do despacho de convite ao supri-
mento de irregularidades, insuficiências ou imprecisões Artigo 87.º-B
dos articulados. Não realização da audiência prévia
7 — A falta de suprimento de exceções dilatórias ou de
correção, dentro do prazo estabelecido, das deficiências ou 1 — A audiência prévia não se realiza quando seja claro
irregularidades da petição inicial determina a absolvição que o processo deve findar no despacho saneador pela
da instância. procedência de exceção dilatória.
8 — A absolvição da instância sem prévia emissão de 2 — Nas ações que hajam de prosseguir, o juiz pode
despacho pré-saneador, em casos em que podia haver lugar dispensar a realização da audiência prévia quando esta se
ao suprimento de exceções dilatórias ou de irregularida- destine apenas aos fins previstos nas alíneas d), e) e f) do
des, não impede o autor de, no prazo de 15 dias, contado n.º 1 do artigo anterior, proferindo, nesse caso, despacho
da notificação da decisão, apresentar nova petição, com para os fins indicados, nos 20 dias subsequentes ao termo
observância das prescrições em falta, a qual se considera dos articulados.
apresentada na data em que o tinha sido a primeira, para 3 — Notificadas as partes, se alguma delas pretender
efeitos da tempestividade da sua apresentação. reclamar dos despachos proferidos para os fins previstos
9 — Em tudo o que não esteja expressamente regulado nas alíneas e), f) e g) do n.º 1 do artigo anterior, pode
neste artigo, aplica-se, com as necessárias adaptações, o requerer, em 10 dias, a realização de audiência prévia,
disposto no Código de Processo Civil em matéria de des- que, neste caso, deve realizar-se num dos 20 dias seguintes
pacho pré-saneador e de gestão inicial do processo. e destinar-se a apreciar as questões suscitadas e, acesso-
riamente, a fazer uso do disposto na alínea c) do n.º 1 do
Artigo 87.º-A artigo anterior, podendo haver alteração dos requerimentos
probatórios.
Audiência prévia
1 — Concluídas as diligências resultantes do preceituado Artigo 87.º-C
no artigo anterior, se a elas houver lugar, e sem prejuízo do Tentativa de conciliação e mediação
disposto no artigo seguinte, é convocada audiência prévia,
a realizar num dos 30 dias subsequentes, destinada a algum 1 — Quando a causa couber no âmbito dos poderes de
ou alguns dos fins seguintes: disposição das partes, pode ter lugar, em qualquer estado
do processo, tentativa de conciliação ou mediação, desde
a) Realizar tentativa de conciliação, nos termos do ar- que as partes conjuntamente o requeiram ou o juiz a con-
tigo 87.º-C; sidere oportuna, mas as partes não podem ser convocadas
b) Facultar às partes a discussão de facto e de direito, exclusivamente para esse fim mais do que uma vez.
quando o juiz tencione conhecer imediatamente, no todo 2 — Para o efeito do disposto no número anterior, as
ou em parte, do mérito da causa; partes são notificadas para comparecer pessoalmente ou se
c) Discutir as posições das partes, com vista à delimi- fazerem representar por mandatário judicial com poderes
tação dos termos do litígio, e suprir as insuficiências ou especiais.
imprecisões na exposição da matéria de facto que ainda 3 — A tentativa de conciliação é presidida pelo juiz,
subsistam ou se tornem patentes na sequência do debate; devendo este empenhar-se ativamente na obtenção da solu-
d) Proferir despacho saneador, nos termos do n.º 1 do ção mais adequada aos termos do litígio.
artigo 88.º; 4 — Frustrando-se, total ou parcialmente, a conciliação,
e) Determinar, após debate, a adequação formal, a sim- ficam consignadas em ata as concretas soluções sugeridas
plificação ou a agilização do processo; pelo juiz, bem como os fundamentos que, no entendimento
f) Proferir, após debate, despacho destinado a identificar das partes, justificam a persistência do litígio.
o objeto do litígio e enunciar os temas da prova, e decidir 5 — A mediação processa-se nos termos definidos em
as reclamações deduzidas pelas partes; diploma próprio.
8588-(70) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 88.º h) Falta de constituição de advogado ou de representante


Despacho saneador
legal por parte do autor e a falta, insuficiência ou irregu-
laridade de mandato judicial por parte do mandatário que
1 — O despacho saneador destina-se a: propôs a ação;
i) Inimpugnabilidade do ato impugnado;
a) Conhecer das exceções dilatórias e nulidades pro-
j) Ilegalidade da cumulação de pretensões;
cessuais que hajam sido suscitadas pelas partes, ou que,
k) Intempestividade da prática do ato processual;
em face dos elementos constantes dos autos, o juiz deva l) Litispendência e caso julgado.
apreciar oficiosamente;
b) Conhecer total ou parcialmente do mérito da causa, Artigo 89.º-A
sempre que a questão seja apenas de direito ou quando,
sendo também de facto, o estado do processo permita, Despacho de prova e aditamento ou alteração
sem necessidade de mais indagações, a apreciação dos do rol de testemunhas
pedidos ou de algum dos pedidos deduzidos, ou de alguma 1 — Proferido despacho saneador, quando a ação deva
exceção perentória. prosseguir, o juiz profere despacho destinado a identificar
o objeto do litígio e a enunciar os temas da prova.
2 — As questões prévias referidas na alínea a) do nú- 2 — As partes podem reclamar do despacho previsto
mero anterior que não tenham sido apreciadas no despacho no número anterior.
saneador não podem ser suscitadas nem decididas em 3 — O despacho proferido sobre as reclamações ape-
momento posterior do processo e as que sejam decididas nas pode ser impugnado no recurso interposto da decisão
no despacho saneador não podem vir a ser reapreciadas. final.
3 — O despacho saneador pode ser logo ditado para a 4 — Quando ocorram na audiência prévia e esta seja
ata da audiência prévia mas, quando não seja proferido gravada, os despachos e as reclamações previstas nos
nesse contexto ou quando a complexidade das questões a números anteriores podem ter lugar oralmente, devendo
resolver o exija, o juiz pode proferi-lo por escrito e, se for constar da respetiva ata.
caso disso, suspendendo-se a audiência prévia e fixando-se 5 — O rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado
logo data para a sua continuação. até 20 dias antes da data em que se realize a audiência final,
4 — No caso previsto na alínea a) do n.º 1, o despacho sendo a parte contrária notificada para usar, querendo, de
constitui, logo que transite, caso julgado formal e, na hipó- igual faculdade, no prazo de cinco dias.
tese prevista na alínea b), fica tendo, para todos os efeitos, 6 — Incumbe às partes a apresentação das testemunhas
o valor de sentença. indicadas em consequência do aditamento ou da alteração
5 — Em tudo o que não esteja expressamente regulado ao rol previsto no número anterior.
neste artigo, aplica-se, com as necessárias adaptações, o
disposto no Código de Processo Civil em matéria de des- Artigo 90.º
pacho saneador e de gestão inicial do processo. Instrução e decisão parcelar da causa
1 — A instrução tem por objeto os factos relevantes
Artigo 89.º para o exame e decisão da causa que devam considerar-se
controvertidos ou necessitados de prova.
Exceções 2 — A instrução rege-se pelo disposto na lei processual
1 — As exceções são dilatórias ou perentórias. civil, sendo admissíveis todos os meios de prova nela
2 — As exceções dilatórias são de conhecimento ofi- previstos.
cioso e obstam a que o tribunal conheça do mérito da 3 — No âmbito da instrução, o juiz ou relator ordena
causa, dando lugar à absolvição da instância ou à remessa as diligências de prova que considere necessárias para o
do processo para outro tribunal. apuramento da verdade, podendo indeferir, por despa-
3 — As exceções perentórias consistem na invocação de cho fundamentado, requerimentos dirigidos à produção
factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurí- de prova sobre certos factos ou recusar a utilização de
dico dos factos articulados pelo autor, são de conhecimento certos meios de prova, quando o considere claramente
oficioso quando a lei não faz depender a sua invocação da desnecessário.
vontade do interessado e importam a absolvição total ou 4 — Quando tenham sido cumulados pedidos fundados
parcial do pedido. no reconhecimento, a título principal, da ilegalidade da
4 — São dilatórias, entre outras, as exceções seguintes: conduta administrativa e a complexidade da apreciação
desses pedidos o justifique, o tribunal pode antecipar a
a) Incompetência do tribunal; decisão do pedido principal em relação à instrução res-
b) Nulidade de todo o processo; peitante ao pedido ou pedidos cumulados, que apenas terá
c) Falta de personalidade ou de capacidade judiciária lugar se a procedência destes pedidos não ficar prejudicada
de alguma das partes; pela decisão tomada quanto ao pedido principal.
d) Falta de autorização ou deliberação que o autor
devesse obter; Artigo 91.º
e) Ilegitimidade de alguma das partes, designadamente
Audiência final
por falta da identificação dos contrainteressados;
f) Coligação de autores ou demandados, quando entre os 1 — Há lugar à realização de audiência final quando
pedidos não exista a conexão exigida no artigo 12.º haja prestação de depoimentos de parte, inquirição de
g) Pluralidade subjetiva subsidiária, salvo caso de dúvida testemunhas ou prestação de esclarecimentos verbais pelos
fundamentada sobre o sujeito da relação controvertida; peritos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(71)

2 — Salvo em tribunal superior, a audiência decorre Artigo 93.º


perante juiz singular e rege-se pelos princípios da pleni- Julgamento em formação alargada e consulta prejudicial
tude da assistência do juiz e da publicidade e continuidade para o Supremo Tribunal Administrativo
da audiência, segundo o disposto na lei processual civil,
gozando o juiz de todos os poderes necessários para tornar 1 — Quando à apreciação de um tribunal administrativo
útil e breve a discussão e para assegurar a justa decisão de círculo se coloque uma questão de direito nova que sus-
da causa. cite dificuldades sérias e possa vir a ser suscitada noutros
3 — No início da audiência, o juiz procura conciliar litígios, pode o respetivo presidente, por proposta do juiz
as partes, se a causa estiver no âmbito do seu poder de da causa, adotar uma das seguintes providências:
disposição, findo o que se realizam os seguintes atos, se a) Determinar que no julgamento intervenham todos os
a eles houver lugar: juízes do tribunal, sendo o quórum de dois terços e havendo
a) Prestação dos depoimentos de parte; lugar à aplicação do disposto no artigo anterior;
b) Exibição de reproduções cinematográficas ou de b) Submeter a sua apreciação ao Supremo Tribunal
Administrativo, para que este emita pronúncia vincula-
registos fonográficos, podendo o juiz determinar que ela se
tiva dentro do processo sobre a questão, no prazo de três
faça apenas com assistência das partes, dos seus advogados
meses.
e das pessoas cuja presença se mostre conveniente;
c) Esclarecimentos verbais dos peritos cuja comparência
2 — A consulta prevista na alínea b) do número ante-
tenha sido determinada oficiosamente ou a requerimento
rior não pode ter lugar em processos urgentes e pode ser
das partes; liminarmente recusada, a título definitivo, quando uma
d) Inquirição das testemunhas; formação constituída por três juízes de entre os mais anti-
e) Alegações orais, nas quais os advogados exponham gos da secção de contencioso administrativo do Supremo
as conclusões, de facto e de direito, que hajam extraído Tribunal Administrativo considere que não se encontram
da prova produzida, podendo cada advogado replicar uma preenchidos os respetivos pressupostos ou que a escassa
vez. relevância da questão não justifica a emissão de uma pro-
núncia.
4 — O juiz pode, nos casos em que tal se justifique, 3 — A pronúncia emitida pelo Supremo Tribunal Admi-
alterar a ordem de produção de prova referida no número nistrativo não o vincula relativamente a novas pronúncias,
anterior e, quando o considere conveniente para a desco- que, em sede de consulta ou em via de recurso, venha a
berta da verdade, determinar a audição em simultâneo, emitir no futuro, sobre a mesma matéria, fora do âmbito
sobre determinados factos, de testemunhas de ambas as do mesmo processo.
partes. 4 — [Revogado].
5 — Quando a complexidade da matéria o justifique ou
qualquer das partes não prescinda da sua apresentação, o Artigo 94.º
juiz, no termo da audiência, determina que as alegações
previstas na alínea e) do n.º 3 sejam apresentadas por Conteúdo da sentença
escrito pelo prazo simultâneo de 20 dias. 1 — Encerrada a audiência final ou apresentadas as
6 — [Revogado]. alegações escritas ou decorrido o respetivo prazo, quando
a essa apresentação haja lugar, o processo é concluso ao
Artigo 91.º-A juiz, para ser proferida sentença no prazo de 30 dias.
Alegações escritas
2 — A sentença começa por identificar as partes e o
objeto do litígio, enunciando as questões de mérito que ao
Quando sejam realizadas diligências de prova, sem que tribunal cumpra solucionar, ao que se segue a exposição
haja lugar à realização de audiência final, as partes, finda dos fundamentos de facto e de direito, a decisão e a con-
a instrução, são notificadas para apresentarem alegações denação dos responsáveis pelas custas processuais, com
escritas pelo prazo simultâneo de 20 dias. indicação da proporção da respetiva responsabilidade.
3 — Na exposição dos fundamentos, a sentença deve
SECÇÃO IV discriminar os factos que julga provados e não provados,
analisando criticamente as provas, e indicar, interpretar e
Julgamento aplicar as normas jurídicas correspondentes.
4 — O juiz aprecia livremente as provas segundo a sua
Artigo 92.º prudente convicção acerca de cada facto, ressalvados os
Conclusão ao relator e vista aos juízes-adjuntos factos para cuja prova a lei exija formalidade especial e
aqueles que só possam ser provados por documentos ou
1 — Nos tribunais superiores, uma vez concluso o pro- que estejam plenamente provados, quer por documentos,
cesso ao relator, tem lugar a vista simultânea aos juízes- quer por acordo ou confissão das partes.
-adjuntos, que, no caso de evidente simplicidade da causa, 5 — Quando o juiz ou relator considere que a questão
pode ser dispensada pelo relator. de direito a resolver é simples, designadamente por já
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, é for- ter sido apreciada por tribunal, de modo uniforme e rei-
necida a cada juiz-adjunto cópia das peças processuais terado, ou que a pretensão é manifestamente infundada,
que relevem para o conhecimento do objeto da causa, a fundamentação da decisão pode ser sumária, podendo
permanecendo o processo depositado, para consulta, na consistir na simples remissão para decisão precedente, de
secretaria do tribunal. que se junte cópia.
8588-(72) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 95.º sessão seguinte e aí datada e assinada pelos juízes que nela
Objeto e limites da decisão
tenham intervindo, se estiverem presentes.

1 — A sentença deve decidir todas as questões que as


partes tenham submetido à sua apreciação e não pode TÍTULO III
ocupar-se senão das questões suscitadas, salvo quando a
lei lhe permita ou imponha o conhecimento oficioso de Dos processos urgentes
outras.
2 — A sentença não pode condenar em quantidade supe- CAPÍTULO I
rior ou em objeto diverso do que se pedir, mas, se não
houver elementos para fixar o objeto ou a quantidade, o Ação administrativa urgente
tribunal condena no que vier a ser liquidado, sem prejuízo
de condenação imediata na parte que já seja líquida. Artigo 97.º
3 — Nos processos impugnatórios, o tribunal deve Âmbito
pronunciar-se sobre todas as causas de invalidade que
tenham sido invocadas contra o ato impugnado, exceto 1 — Regem-se pelo disposto no presente capítulo e, no
quando não possa dispor dos elementos indispensáveis que com ele não contenda, pelo disposto nos capítulos II
para o efeito, assim como deve identificar a existência de e III do título II:
causas de invalidade diversas das que tenham sido alega- a) O contencioso dos atos administrativos em matéria
das, ouvidas as partes para alegações complementares pelo eleitoral da competência dos tribunais administrativos;
prazo comum de 10 dias, quando o exija o respeito pelo b) O contencioso dos atos administrativos praticados no
princípio do contraditório. âmbito de procedimentos de massa, com o âmbito estabe-
4 — Nas sentenças que condenem à emissão de atos lecido na secção II;
administrativos ou normas ou imponham o cumprimento c) O contencioso dos atos relativos à formação dos
de outros tipos de deveres à Administração, o tribunal tem contratos previstos na secção III.
o poder de fixar oficiosamente um prazo para o respetivo
cumprimento, que, em casos justificados, pode ser pror- 2 — [Revogado].
rogado, bem como, quando tal se justifique, o poder de
impor sanção pecuniária compulsória, destinada a prevenir
o incumprimento, segundo o disposto no artigo 169.º SECÇÃO I
5 — Quando no processo tenha sido deduzido pedido de Contencioso eleitoral
condenação da Administração à adoção de atos jurídicos ou
comportamentos que envolvam a formulação de valorações Artigo 98.º
próprias do exercício da função administrativa, sem que
a apreciação do caso concreto permita identificar apenas Contencioso eleitoral
uma atuação como legalmente possível, o tribunal não 1 — Os processos do contencioso eleitoral são de plena
pode determinar o conteúdo do ato jurídico ou do com- jurisdição e podem ser intentados por quem, na eleição em
portamento a adotar, mas deve explicitar as vinculações a causa, seja eleitor ou elegível ou, quanto à omissão nos
observar pela Administração. cadernos ou listas eleitorais, também pelas pessoas cuja
6 — Quando, na hipótese prevista no número anterior, inscrição haja sido omitida.
o quadro normativo permita ao tribunal especificar o con- 2 — Na falta de disposição especial, o prazo de propo-
teúdo dos atos e operações a adotar, mas da instrução situra de ação é de sete dias a contar da data em que seja
realizada não resultem elementos de facto suficientes para possível o conhecimento do ato ou da omissão.
proceder a essa especificação, o tribunal notifica a Admi- 3 — Nos processos abrangidos pelo contencioso eleito-
nistração para apresentar, no prazo de 20 dias, proposta ral, a ausência de reação contra os atos relativos à exclusão,
fundamentada sobre a matéria e ouve em seguida os demais inclusão ou omissão de eleitores ou elegíveis nos cadernos
intervenientes no processo, podendo ordenar as diligên- eleitorais, e demais atos com eficácia externa anteriores ao
cias complementares que considere necessárias antes de ato eleitoral, assim como de cada ato eleitoral adotado no
proferir a sentença. âmbito de procedimentos encadeados impede o interessado
7 — Quando, tendo sido formulado pedido de indem- de reagir contra as decisões subsequentes com fundamento
nização por danos, do processo não resultem os elementos em ilegalidades de que enfermem os atos anteriormente
necessários à liquidação do montante da indemnização praticados.
devida, terá lugar uma fase complementar de audição das 4 — Os prazos a observar durante a tramitação do pro-
partes, por 10 dias cada, e eventual realização de diligências cesso são os seguintes:
complementares, destinada a permitir essa liquidação.
a) Cinco dias para a contestação;
Artigo 96.º b) Cinco dias para a decisão do juiz ou do relator, ou
para este submeter o processo a julgamento;
Diferimento do acórdão
c) Três dias para os restantes casos.
Nos tribunais superiores, quando não possa ser lavrado
acórdão na sessão em que seja julgado o processo, o resul- 5 — Nos processos da competência de tribunal supe-
tado é anotado, datado e assinado pelos juízes vencedores rior, quando o processo não seja decidido pelo relator, é
e vencidos e o juiz que tire o acórdão fica com o processo julgado, independentemente de vistos, na primeira sessão
para lavrar a decisão respetiva que, sem embargo de o que tenha lugar após o despacho referido na alínea b) do
resultado ser logo publicado, será lida em conferência na número anterior.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(73)

SECÇÃO II Artigo 101.º


Contencioso dos procedimentos de massa Prazo

Os processos do contencioso pré-contratual devem ser


Artigo 99.º
intentados no prazo de um mês, por qualquer pessoa ou
Contencioso dos procedimentos de massa entidade com legitimidade nos termos gerais, sendo aplicá-
1 — Para os efeitos do disposto na presente secção, e vel à contagem do prazo o disposto no n.º 3 do artigo 58.º
sem prejuízo de outros casos previstos em lei especial, o e nos artigos 59.º e 60.º
contencioso dos atos administrativos praticados no âmbito
de procedimentos de massa compreende as ações respei- Artigo 102.º
tantes à prática ou omissão de atos administrativos no
âmbito de procedimentos com mais de 50 participantes, Tramitação
nos seguintes domínios: 1 — Os processos do contencioso pré-contratual obede-
a) Concursos de pessoal; cem à tramitação estabelecida no capítulo III do título II,
b) Procedimentos de realização de provas; salvo o preceituado nos números seguintes.
c) Procedimentos de recrutamento. 2 — Só são admissíveis alegações no caso de ser reque-
rida ou produzida prova com a contestação.
2 — Salvo disposição legal em contrário, o prazo de 3 — Os prazos a observar são os seguintes:
propositura das ações a que se refere o presente artigo é a) 20 dias para a contestação e para as alegações, quando
de um mês e as ações devem ser propostas no tribunal da estas tenham lugar;
sede da entidade demandada. b) 10 dias para a decisão do juiz ou relator, ou para este
3 — O modelo a que devem obedecer os articulados é
submeter o processo a julgamento;
estabelecido por portaria do membro do Governo respon-
c) 5 dias para os restantes casos.
sável pela área da justiça.
4 — Quando, por referência ao mesmo procedimento,
sejam propostas diferentes ações em relação às quais se 4 — O objeto do processo pode ser ampliado à impug-
preencham os pressupostos de admissibilidade previstos nação do contrato, segundo o disposto no artigo 63.º
para a coligação e a cumulação de pedidos, os respetivos 5 — Quando o considere aconselhável ao mais rápido
processos são objeto de apensação obrigatória àquele que esclarecimento da questão, o tribunal pode, oficiosamente
tiver sido intentado em primeiro lugar, segundo o disposto ou a requerimento de qualquer das partes, optar pela reali-
no artigo 28.º zação de uma audiência pública para discussão da matéria
5 — Os prazos a observar durante a tramitação do pro- de facto e de direito.
cesso são os seguintes: 6 — No âmbito do contencioso pré-contratual, há lugar
à aplicação do disposto nos artigos 45.º e 45-A.º, quando
a) 20 dias para a contestação; se preencham os respetivos pressupostos.
b) 30 dias para a decisão do juiz ou do relator, ou para o 7 — O disposto no número anterior é também aplicável
despacho deste a submeter o processo a julgamento; nas situações em que, tendo sido cumulado pedido res-
c) 10 dias para os restantes casos. peitante à invalidade de contrato por violação das regras
relativas ao respetivo procedimento de formação, o tribunal
6 — Nos processos da competência de tribunal supe- proceda, segundo o disposto na lei substantiva, ao afasta-
rior, quando não seja decidido pelo relator, o processo é mento dessa invalidade em resultado da ponderação dos
julgado, independentemente de vistos, na primeira sessão interesses públicos e privados em presença.
que tenha lugar após o despacho referido na alínea b) do
número anterior.
Artigo 103.º
SECÇÃO III Impugnação dos documentos conformadores do procedimento
Contencioso pré-contratual 1 — Regem-se pelo disposto no presente artigo e no
artigo anterior, os processos dirigidos à declaração de ile-
Artigo 100.º galidade de disposições contidas no programa do concurso,
Âmbito no caderno de encargos ou em qualquer outro documento
1 — Para os efeitos do disposto na presente secção, o conformador do procedimento de formação de contrato,
contencioso pré-contratual compreende as ações de impug- designadamente com fundamento na ilegalidade das espe-
nação ou de condenação à prática de atos administrativos cificações técnicas, económicas ou financeiras que constem
relativos à formação de contratos de empreitada de obras desses documentos.
públicas, de concessão de obras públicas, de concessão de 2 — O pedido de declaração de ilegalidade pode ser
serviços públicos, de aquisição ou locação de bens móveis deduzido por quem participe ou tenha interesse em par-
e de aquisição de serviços. ticipar no procedimento em causa, podendo ser cumu-
2 — Para os efeitos do disposto na presente secção, são lado com o pedido de impugnação de ato administrativo
considerados atos administrativos os atos praticados por de aplicação das determinações contidas nos referidos
quaisquer entidades adjudicantes ao abrigo de regras de documentos.
contratação pública. 3 — O pedido de declaração de ilegalidade pode ser
3 — [Revogado]. deduzido durante a pendência do procedimento a que
8588-(74) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

os documentos em causa se referem, sem prejuízo do CAPÍTULO II


ónus da impugnação autónoma dos respetivos atos de
Das intimações
aplicação.
4 — O disposto no presente artigo não prejudica a pos-
SECÇÃO I
sibilidade da impugnação, nos termos gerais, dos regula-
mentos que tenham por objeto conformar mais do que um Intimação para a prestação de informações, consulta
procedimento de formação de contratos. de processos ou passagem de certidões

Artigo 104.º
Artigo 103.º-A Objeto
Efeito suspensivo automático 1 — Quando não seja dada integral satisfação a pedidos
formulados no exercício do direito à informação proce-
1 — A impugnação de atos de adjudicação no âmbito
dimental ou do direito de acesso aos arquivos e registos
do contencioso pré-contratual urgente faz suspender auto- administrativos, o interessado pode requerer a correspon-
maticamente os efeitos do ato impugnado ou a execução dente intimação, nos termos e com os efeitos previstos na
do contrato, se este já tiver sido celebrado. presente secção.
2 — No caso previsto no número anterior, a entidade 2 — O pedido de intimação é igualmente aplicável nas
demandada e os contrainteressados podem requerer ao situações previstas no n.º 2 do artigo 60.º e pode ser uti-
juiz o levantamento do efeito suspensivo, alegando que o lizado pelo Ministério Público para o efeito do exercício
diferimento da execução do ato seria gravemente prejudi- da ação pública.
cial para o interesse público ou gerador de consequências
Artigo 105.º
lesivas claramente desproporcionadas para outros interes-
ses envolvidos, havendo lugar, na decisão, à aplicação do Pressupostos
critério previsto no n.º 2 do artigo 120.º 1 — A intimação deve ser requerida contra a pessoa
3 — No caso previsto no número anterior, o demandante coletiva de direito público, o ministério ou a secretaria
dispõe do prazo de sete dias para responder, findo o que o regional cujos órgãos sejam competentes para facultar a
juiz decide no prazo máximo de 10 dias, contado da data informação ou a consulta, ou passar a certidão.
da última pronúncia apresentada ou do termo do prazo 2 — Quando o interessado faça valer o direito à infor-
para a sua apresentação. mação procedimental ou o direito de acesso aos arquivos
4 — O efeito suspensivo é levantado quando, ponde- e registos administrativos, a intimação deve ser requerida
no prazo de 20 dias, a contar da verificação de qualquer
rados os interesses suscetíveis de serem lesados, os danos
dos seguintes factos:
que resultariam da manutenção do efeito suspensivo se
mostrem superiores aos que podem resultar do seu levan- a) Decurso do prazo legalmente estabelecido, sem que
tamento. a entidade requerida satisfaça o pedido que lhe foi diri-
gido;
Artigo 103.º-B b) Indeferimento do pedido;
c) Satisfação parcial do pedido.
Adoção de medidas provisórias
Artigo 106.º
1 — Nos processos que não tenham por objeto a im-
pugnação de atos de adjudicação, pode ser requerida ao Efeito interruptivo do prazo de impugnação
juiz a adoção de medidas provisórias, dirigidas a prevenir 1 — O efeito interruptivo do prazo de impugnação que
o risco de, no momento em que a sentença venha a ser decorre da apresentação dos pedidos de informação, con-
produzida, se ter constituído uma situação de facto con- sulta de documentos ou passagem de certidão, quando
sumado ou já não ser possível retomar o procedimento efetuados ao abrigo do disposto no n.º 2 do artigo 60.º,
pré-contratual para determinar quem nele seria escolhido mantém-se se o interessado requerer a intimação judicial
como adjudicatário. e cessa com:
2 — No caso previsto no número anterior, o pedido a) O cumprimento da decisão que defira o pedido de in-
da adoção de medidas provisórias é tramitado como um timação ou com o trânsito em julgado da que o indefira;
incidente, que corre termos nos autos do próprio processo b) O trânsito em julgado da decisão que extinga a ins-
declarativo, devendo a respetiva tramitação ser determi- tância por satisfação do requerido na pendência do pedido
nada, no respeito pelo contraditório, em função da com- de intimação.
plexidade e urgência do caso.
2 — Não se verifica o efeito interruptivo quando o
3 — Nas situações previstas nos números anteriores, a tribunal competente para conhecer do meio contencioso
medida provisória é recusada quando os danos que resulta- que venha a ser utilizado pelo requerente considere que o
riam da sua adoção se mostrem superiores aos que podem pedido constituiu expediente manifestamente dilatório ou
resultar da sua não adoção, sem que tal lesão possa ser foi injustificado, por ser claramente desnecessário para per-
evitada ou atenuada pela adoção de outras medidas. mitir o uso dos meios administrativos ou contenciosos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(75)

Artigo 107.º e irreversível do direito, liberdade ou garantia, o juiz pode


Tramitação optar, no despacho liminar, por:
1 — Deduzido o pedido de intimação, a secretaria pro- a) Reduzir o prazo previsto no n.º 1 para a resposta do
move oficiosamente a citação da entidade demandada e dos requerido;
contrainteressados para responder no prazo de 10 dias. b) Promover a audição do requerido através de qualquer
2 — Apresentada a resposta ou decorrido o respetivo meio de comunicação que se revele adequado;
prazo e concluídas as diligências que se mostrem neces- c) Promover a realização, no prazo de 48 horas, de
sárias, o juiz profere decisão no prazo de cinco dias.
uma audiência oral, no termo da qual a decisão é tomada
Artigo 108.º de imediato.
Decisão 4 — [Revogado].
1 — Se der provimento ao processo, o juiz determina 5 — [Revogado].
o prazo em que a intimação deve ser cumprida e que não
pode ultrapassar os 10 dias.
2 — Se houver incumprimento da intimação sem justifi- Artigo 110.º-A
cação aceitável, deve o juiz determinar a aplicação de san- Substituição da petição e decretamento
ções pecuniárias compulsórias, nos termos do artigo 169.º, provisório de providência cautelar
sem prejuízo do apuramento da responsabilidade civil,
disciplinar e criminal a que haja lugar, segundo o disposto 1 — Quando verifique que as circunstâncias do caso
no artigo 159.º não são de molde a justificar o decretamento de uma inti-
mação, por se bastarem com a adoção de uma providência
SECÇÃO II cautelar, o juiz, no despacho liminar, fixa prazo para o autor
substituir a petição, para o efeito de requerer a adoção de
Intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias
providência cautelar, seguindo-se, se a petição for substi-
Artigo 109.º tuída, os termos do processo cautelar.
2 — Quando, na hipótese prevista no número anterior,
Pressupostos seja de reconhecer que existe uma situação de especial
1 — A intimação para proteção de direitos, liberdades urgência que o justifique, o juiz deve, no mesmo despacho
e garantias pode ser requerida quando a célere emissão liminar, e sem quaisquer outras formalidades ou diligên-
de uma decisão de mérito que imponha à Administração cias, decretar provisoriamente a providência cautelar que
a adoção de uma conduta positiva ou negativa se revele julgue adequada, sendo, nesse caso, aplicável o disposto
indispensável para assegurar o exercício, em tempo útil,
no artigo 131.º
de um direito, liberdade ou garantia, por não ser possível
ou suficiente, nas circunstâncias do caso, o decretamento 3 — Na hipótese prevista no número anterior, o decre-
provisório de uma providência cautelar, segundo o disposto tamento provisório caduca se, no prazo de cinco dias, o
no artigo 131.º autor não tiver requerido a adoção de providência cautelar,
2 — A intimação também pode ser dirigida contra parti- segundo o disposto no n.º 1.
culares, designadamente concessionários, nomeadamente
para suprir a omissão, por parte da Administração, das pro-
vidências adequadas a prevenir ou reprimir condutas lesi- Artigo 111.º
vas dos direitos, liberdades e garantias do interessado. Decisão e seus efeitos
3 — Quando, nas circunstâncias enunciadas no n.º 1, o
interessado pretenda a emissão de um ato administrativo 1 — Sem prejuízo do disposto na alínea c) do n.º 3 do
estritamente vinculado, designadamente de execução de artigo 110.º, o juiz decide o processo no prazo necessário
um ato administrativo já praticado, o tribunal emite sen- para assegurar o efeito útil da decisão, o qual não pode ser
tença que produza os efeitos do ato devido. superior a cinco dias após a realização das diligências que
se mostrem necessárias à tomada da decisão.
Artigo 110.º
2 — Na decisão, o juiz determina o comportamento
Despacho liminar e tramitação subsequente concreto a adotar e, sendo caso disso, o prazo para o cum-
1 — Uma vez distribuído, o processo é concluso ao juiz primento e o responsável pelo mesmo.
com a maior urgência, para despacho liminar, a proferir 3 — A notificação da decisão é feita de imediato a quem
no prazo máximo de 48 horas, no qual, sendo a petição a deva cumprir, nos termos gerais aplicáveis aos processos
admitida, é ordenada a citação da outra parte para responder urgentes.
no prazo de sete dias. 4 — O incumprimento da intimação sujeita o particular
2 — Quando a complexidade da matéria o justifique,
ou o titular do órgão responsável ao pagamento de sanção
pode o juiz determinar que o processo siga a tramitação
estabelecida no capítulo III do título II, sendo, nesse caso, pecuniária compulsória, a fixar pelo juiz na decisão de
os prazos reduzidos a metade. intimação ou em despacho posterior, segundo o disposto
3 — Em situações de especial urgência, em que a peti- no artigo 169.º, sem prejuízo do apuramento da responsa-
ção permita reconhecer a possibilidade de lesão iminente bilidade civil, disciplinar e criminal a que haja lugar.
8588-(76) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

TÍTULO IV Artigo 114.º


Requerimento cautelar
Dos processos cautelares
1 — A adoção de uma ou mais providências cautelares
é solicitada em requerimento próprio, apresentado:
CAPÍTULO I
a) Previamente à instauração do processo principal;
Disposições comuns b) Juntamente com a petição inicial do processo prin-
cipal;
Artigo 112.º c) Na pendência do processo principal.
Providências cautelares
2 — O requerimento é apresentado no tribunal compe-
1 — Quem possua legitimidade para intentar um pro- tente para julgar o processo principal.
cesso junto dos tribunais administrativos pode solicitar 3 — No requerimento, deve o requerente:
a adoção da providência ou das providências cautelares,
antecipatórias ou conservatórias, que se mostrem adequa- a) Indicar o tribunal a que o requerimento é dirigido;
das a assegurar a utilidade da sentença a proferir nesse b) Indicar o seu nome e residência ou sede;
processo. c) Identificar a entidade demandada;
2 — As providências cautelares regem-se pela trami- d) Indicar a identidade e residência dos contrainteressa-
tação e são adotadas segundo os critérios previstos no dos a quem a adoção da providência cautelar possa dire-
presente título, podendo consistir designadamente em: tamente prejudicar;
e) Indicar a ação de que o processo depende ou irá
a) Suspensão da eficácia de um ato administrativo ou depender;
de uma norma; f) Indicar a providência ou as providências que pretende
b) Admissão provisória em concursos e exames; ver adotadas;
c) Atribuição provisória da disponibilidade de um g) Especificar, de forma articulada, os fundamentos
bem; do pedido, oferecendo prova sumária da respetiva exis-
d) Autorização provisória ao interessado para iniciar ou tência;
prosseguir uma atividade ou adotar uma conduta; h) Quando for o caso, fazer prova do ato ou norma cuja
e) Regulação provisória de uma situação jurídica, desig- suspensão pretende e da sua notificação ou publicação;
nadamente através da imposição à Administração do paga- i) Identificar o processo principal, quando o requeri-
mento de uma quantia por conta de prestações alegada- mento seja apresentado na sua pendência;
mente devidas ou a título de reparação provisória; j) Indicar o valor da causa.
f) Arresto;
g) Embargo de obra nova; 4 — No requerimento cautelar, o interessado pode pedir
h) Arrolamento; que a citação seja urgente, nos termos e para os efeitos
i) Intimação para adoção ou abstenção de uma conduta previstos na lei processual civil, e que, no despacho liminar,
por parte da Administração ou de um particular por alegada o juiz proceda ao decretamento provisório da providência,
violação ou fundado receio de violação do direito adminis- segundo o disposto no artigo 131.º
trativo nacional ou do direito da União Europeia. 5 — Na falta da indicação de qualquer dos elementos
enunciados no n.º 3, o interessado é notificado para suprir
Artigo 113.º a falta no prazo de cinco dias.
Relação com a causa principal 6 — A falta da designação do tribunal a que o reque-
rimento é dirigido deve ser oficiosamente suprida, com
1 — O processo cautelar depende da causa que tem por remessa para o tribunal competente, quando não seja o
objeto a decisão sobre o mérito, podendo ser intentado próprio.
como preliminar ou como incidente do processo respe-
tivo. Artigo 115.º
2 — O processo cautelar é um processo urgente e tem
Contrainteressados
tramitação autónoma em relação ao processo principal,
sendo apensado a este. 1 — Se o interessado não conhecer a identidade e resi-
3 — Quando requerida a adoção de providências antes dência dos contrainteressados, pode requerer previamente
de proposta a causa principal, o processo é apensado aos certidão de que constem aqueles elementos de identifi-
autos logo que aquela seja intentada. cação.
4 — Na pendência do processo cautelar, o requerente 2 — A certidão a que se refere o número anterior deve
pode proceder à substituição ou ampliação do pedido, com ser passada no prazo de vinte e quatro horas pela autori-
fundamento em alteração superveniente dos pressupostos dade requerida.
de facto ou de direito, com oferecimento de novos meios 3 — Se a certidão não for passada, o interessado, no
de prova, de modo a que o juiz possa atender à evolução requerimento cautelar, junta prova de que a requereu,
ocorrida para conceder a providência adequada à situação indica a identidade e residência dos contrainteressados
existente no momento em que se pronuncia. que conheça e requer a intimação judicial da entidade
5 — Quando assuma a posição de autor num processo demandada para fornecer ao tribunal a identidade e resi-
principal, nos termos do artigo 62.º, o Ministério Público dência dos contrainteressados em falta.
pode requerer o seguimento de eventual processo cautelar, 4 — No caso previsto no número anterior, quando não
que, com relação a esse processo, se encontre pendente, haja fundamento para rejeição liminar do requerimento
nele assumindo também a posição de requerente. cautelar, o juiz, no prazo de dois dias, intima a autori-
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(77)

dade requerida a remeter, também no prazo de dois dias, 5 — Se a providência cautelar for requerida como inci-
a certidão pedida, fixando sanção pecuniária compulsória, dente em processo já intentado e a entidade requerida e
segundo o disposto no artigo 169.º os contrainteressados já tiverem sido citados no processo
5 — O incumprimento pela entidade demandada da principal, são chamados por mera notificação.
intimação referida no número anterior sem justificação 6 — Qualquer interessado que não tenha recebido a
adequada é constitutivo de responsabilidade, nos termos citação só pode intervir no processo até à conclusão ao
previstos no artigo 159.º juiz ou relator para decisão.

Artigo 116.º Artigo 118.º


Despacho liminar Produção de prova
1 — Uma vez distribuído, o processo é concluso ao juiz 1 — Juntas as oposições ou decorrido o respetivo prazo,
com a maior urgência, para despacho liminar, a proferir no o processo é concluso ao juiz, podendo haver lugar a pro-
prazo máximo de 48 horas, no qual, sendo o requerimento dução de prova, quando este a considere necessária.
admitido, é ordenada a citação da entidade requerida e dos 2 — Na falta de oposição, presumem-se verdadeiros os
contrainteressados. factos invocados pelo requerente.
2 — Constituem fundamento de rejeição liminar do 3 — O juiz pode ordenar as diligências de prova que
requerimento: considere necessárias, não sendo admissível a prova peri-
a) A falta de qualquer dos requisitos indicados no n.º 3 cial.
do artigo 114.º que não seja suprida na sequência de noti- 4 — O requerente não pode oferecer mais de cinco
ficação para o efeito; testemunhas para prova dos fundamentos da pretensão
b) A manifesta ilegitimidade do requerente; cautelar, aplicando-se a mesma limitação aos requeridos
c) A manifesta ilegitimidade da entidade requerida; que deduzam a mesma oposição.
d) A manifesta falta de fundamento da pretensão for- 5 — Mediante despacho fundamentado, o juiz pode
mulada; recusar a utilização de meios de prova quando considere
e) A manifesta desnecessidade da tutela cautelar; assentes ou irrelevantes os factos sobre os quais eles
f) A manifesta ausência dos pressupostos processuais recaem ou quando entenda que os mesmos são manifes-
da ação principal. tamente dilatórios.
6 — As testemunhas oferecidas são apresentadas pelas
3 — A rejeição com os fundamentos indicados nas alí- partes no dia e no local designados para a inquirição, não
neas a) e c) do número anterior não obsta à possibilidade havendo adiamento por falta das testemunhas ou dos man-
de apresentação de novo requerimento. datários.
4 — A rejeição com os fundamentos indicados nas 7 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, e
alíneas b), d) e e) do n.º 2 não obsta à possibilidade de estando a parte impossibilitada de apresentar certa teste-
apresentação de novo requerimento com fundamentos munha, pode requerer ao tribunal a sua convocação.
diferentes ou supervenientes em relação aos invocados no
requerimento anterior. Artigo 119.º
5 — O juiz, oficiosamente ou a pedido deduzido no Prazo para a decisão
requerimento cautelar, pode, no despacho liminar, decretar
provisoriamente a providência requerida ou aquela que jul- 1 — O juiz profere decisão no prazo de cinco dias con-
gue mais adequada, segundo o disposto no artigo 131.º tado da data da apresentação da última oposição ou do
decurso do respetivo prazo, ou da produção de prova,
Artigo 117.º quando esta tenha tido lugar.
2 — O presidente do tribunal pode determinar, por pro-
Citação posta do juiz do processo, que a questão seja decidida em
1 — Não havendo fundamento para rejeição, o requeri- conferência de três juízes.
mento é admitido, sendo citados para deduzir oposição a 3 — O relator pode submeter o julgamento da providên-
entidade requerida e os contrainteressados, se os houver, cia à apreciação da conferência, quando a complexidade
no prazo de 10 dias. da matéria o justifique.
2 — A situação prevista no n.º 3 do artigo 115.º não
obsta à citação da entidade requerida e dos contrainteres- Artigo 120.º
sados cuja identidade e residência se encontre indicada no Critérios de decisão
requerimento cautelar, sendo os demais contrainteressados
apenas citados se a resposta da entidade requerida o vier 1 — Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, as
a permitir. providências cautelares são adotadas quando haja fundado
3 — Os contrainteressados incertos ou de residência receio da constituição de uma situação de facto consumado
desconhecida são citados por anúncio a emitir pela secre- ou da produção de prejuízos de difícil reparação para os
taria e que o requerente deve fazer publicar em dois jornais interesses que o requerente visa assegurar no processo
diários de circulação nacional ou local, dependendo do principal e seja provável que a pretensão formulada ou a
âmbito da matéria em causa, convidando-os a intervir até formular nesse processo venha a ser julgada procedente.
ao limite do prazo do n.º 6. 2 — Nas situações previstas no número anterior, a ado-
4 — No caso previsto no número anterior, quando a ção da providência ou das providências é recusada quando,
pretensão esteja relacionada com a impugnação de um ato devidamente ponderados os interesses públicos e privados
a que tenha sido dado certo tipo de publicidade, a mesma em presença, os danos que resultariam da sua concessão
é também utilizada para o anúncio. se mostrem superiores àqueles que podem resultar da sua
8588-(78) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

recusa, sem que possam ser evitados ou atenuados pela três meses por negligência sua em promover os respetivos
adoção de outras providências. termos ou de algum incidente de que dependa o andamento
3 — As providências cautelares a adotar devem limitar- do processo;
-se ao necessário para evitar a lesão dos interesses defendi- c) Se esse processo findar por extinção da instância e o
dos pelo requerente, devendo o tribunal, ouvidas as partes, requerente não intentar novo processo, nos casos em que
adotar outra ou outras providências, em cumulação ou em a lei o permita, dentro do prazo fixado para o efeito;
substituição daquela ou daquelas que tenham sido concreta- d) Se se extinguir o direito ou interesse a cuja tutela a
mente requeridas, quando tal se revele adequado a evitar a providência se destina;
lesão desses interesses e seja menos gravoso para os demais e) Se se verificar o trânsito em julgado da decisão que
interesses públicos ou privados, em presença. ponha termo ao processo principal, no caso de ser desfa-
4 — Se os potenciais prejuízos para os interesses, vorável ao requerente;
públicos ou privados, em conflito com os do requerente f) Se ocorrer termo final ou se preencher condição reso-
forem integralmente reparáveis mediante indemnização lutiva a que a providência cautelar estivesse sujeita;
pecuniária, o tribunal pode, para efeitos do disposto no g) [Revogada].
número anterior, impor ao requerente a prestação de garan-
tia por uma das formas previstas na lei tributária. 2 — Quando a tutela dos interesses a que a providência
5 — Na falta de contestação da autoridade requerida cautelar se destina seja assegurada por via contenciosa não
ou da alegação de que a adoção das providências cautela- sujeita a prazo, o requerente deve, para efeitos da alínea a)
res pedidas prejudica o interesse público, o tribunal julga do número anterior, usar essa via no prazo de 90 dias,
verificada a inexistência de tal lesão, salvo quando esta contado desde o trânsito em julgado da decisão.
seja manifesta ou ostensiva. 3 — A extinção do processo cautelar ou a caducidade da
6 — Quando no processo principal esteja apenas em providência é reconhecida pelo tribunal, oficiosamente ou
causa o pagamento da quantia certa, sem natureza san- a pedido fundamentado de qualquer interessado, mediante
cionatória, as providências cautelares são adotadas, inde- prévia audição das partes.
pendentemente da verificação dos requisitos previstos no 4 — Apresentado o requerimento, o juiz ordena a noti-
n.º 1, se tiver sido prestada garantia por uma das formas ficação do requerente da providência para responder no
previstas na lei tributária. prazo de sete dias.
5 — Concluídas as diligências que se mostrem necessá-
Artigo 121.º rias, o juiz decide sobre o pedido no prazo de cinco dias.
Decisão da causa principal
Artigo 124.º
1 — Quando, existindo processo principal já intentado,
se verifique que foram trazidos ao processo cautelar todos Alteração e revogação das providências
os elementos necessários para o efeito e a simplicidade do 1 — A decisão de adotar ou recusar a adoção de provi-
caso ou a urgência na sua resolução definitiva o justifique, dências cautelares, desde que transitada em julgado, pode
o tribunal pode, ouvidas as partes pelo prazo de 10 dias, ser revogada ou alterada, oficiosamente ou mediante reque-
antecipar o juízo sobre a causa principal, proferindo deci- rimento, com fundamento em alteração dos pressupostos
são que constituirá a decisão final desse processo. de facto e de direito inicialmente existentes.
2 — O recurso da decisão final do processo principal, 2 — À situação prevista no número anterior é aplicável,
proferida nos termos do número anterior, tem efeito mera- com as devidas adaptações, o preceituado nos n.os 3 a 5 do
mente devolutivo. artigo anterior.
3 — É, designadamente, relevante, para os efeitos do
Artigo 122.º disposto no n.º 1, a eventual improcedência da causa prin-
Efeitos da decisão cipal, decidida por sentença de que tenha sido interposto
recurso com efeito suspensivo.
1 — A decisão sobre a adoção de providências caute-
lares determina a notificação com urgência às partes para Artigo 125.º
cumprimento imediato e, quando seja caso disso, às demais
pessoas e entidades que lhe devam dar cumprimento. Notificação e publicação
2 — As providências cautelares podem ser sujeitas a 1 — A alteração e a revogação das providências cau-
termo ou condição. telares, bem como a declaração da respetiva caducidade,
3 — Na falta de determinação em contrário, as provi- são imediatamente notificadas ao requerente, à entidade
dências cautelares subsistem até caducarem ou até que seja requerida e aos contrainteressados.
proferida decisão sobre a sua alteração ou revogação. 2 — A adoção de providências cautelares que se refiram
à vigência de normas ou à eficácia de atos administrativos
Artigo 123.º que afetem uma pluralidade de pessoas é publicada nos
Caducidade das providências termos previstos para as decisões finais de provimento dos
respetivos processos impugnatórios.
1 — Os processos cautelares extinguem-se e, quando
decretadas, as providências cautelares caducam:
Artigo 126.º
a) Se o requerente não fizer uso, no respetivo prazo, do Utilização abusiva da providência cautelar
meio contencioso adequado à tutela dos interesses a que o
pedido de adoção de providência cautelar se destinou; 1 — Sem prejuízo da possibilidade de aplicação pelo juiz
b) Se, tendo o requerente feito uso desses meios, o da taxa sancionatória excecional, prevista no artigo 531.º
correspondente processo estiver parado durante mais de do Código de Processo Civil, o requerente responde pelos
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(79)

danos que, com dolo ou negligência grosseira, tenha cau- Artigo 129.º
sado ao requerido e aos contrainteressados. Suspensão da eficácia do ato já executado
2 — Quando as providências cessem por causa diferente
da execução de decisão do processo principal favorável A execução de um ato não obsta à suspensão da sua
ao requerente, a Administração ou os terceiros lesados eficácia quando desta possa advir, para o requerente ou
pela sua adoção podem solicitar a indemnização que lhes para os interesses que este defenda ou venha a defender,
seja devida ao abrigo do disposto no número anterior, no no processo principal, utilidade relevante no que toca aos
prazo de um ano a contar da notificação prevista no n.º 1 efeitos que o ato ainda produza ou venha a produzir.
do artigo anterior.
3 — Decorrido o prazo referido no número anterior sem
que tenha sido pedida qualquer indemnização, é autorizado Artigo 130.º
o levantamento da garantia, quando exista. Suspensão da eficácia de normas
1 — O interessado na declaração da ilegalidade de
Artigo 127.º
norma emitida ao abrigo de disposições de direito admi-
Garantia da providência nistrativo cujos efeitos se produzam imediatamente, sem
1 — A execução da decisão cautelar corre termos nos dependência de um ato administrativo ou jurisdicional de
próprios autos do processo cautelar, sob as formas previs- aplicação, pode requerer a suspensão da eficácia dessa
tas neste Código para os processos executivos, ou sob as norma, com efeitos circunscritos ao seu caso.
formas previstas na lei processual civil, quando se trate 2 — O Ministério Público e as pessoas e entidades refe-
de uma execução contra particulares, sendo-lhe aplicável ridas no n.º 2 do artigo 9.º podem pedir a suspensão, com
o regime dos processos urgentes. força obrigatória geral, dos efeitos de qualquer norma em
2 — Quando a providência decretada exija da Admi- relação à qual tenham deduzido ou se proponham deduzir
nistração a adoção de providências infungíveis, de con- pedido de declaração de ilegalidade com força obrigatória
teúdo positivo ou negativo, o tribunal pode condenar de geral.
imediato o titular do órgão competente ao pagamento da 3 — [Revogado].
sanção pecuniária compulsória que se mostre adequada a 4 — Aos casos previstos no presente artigo aplica-se,
assegurar a efetividade da providência decretada, sendo, com as adaptações que forem necessárias, o disposto no
para o efeito, aplicável o disposto no artigo 169.º capítulo I e nos dois artigos precedentes.
3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
órgãos ou agentes que infrinjam a providência cautelar Artigo 131.º
decretada ficam sujeitos à responsabilidade prevista no
Decretamento provisório da providência
artigo 159.º
1 — Quando reconheça a existência de uma situação
de especial urgência, passível de dar causa a uma situação
CAPÍTULO II de facto consumado na pendência do processo, o juiz, no
Disposições particulares despacho liminar, pode, a pedido do requerente ou a título
oficioso, decretar provisoriamente a providência requerida
Artigo 128.º ou aquela que julgue mais adequada, sem mais considera-
ções, no prazo de 48 horas, seguindo o processo cautelar
Proibição de executar o ato administrativo
os subsequentes termos dos artigos 117.º e seguintes.
1 — Quando seja requerida a suspensão da eficácia 2 — O decretamento provisório também pode ter lugar
de um ato administrativo, a autoridade administrativa, durante a pendência do processo cautelar, com fundamento
recebido o duplicado do requerimento, não pode iniciar em alteração superveniente dos pressupostos de facto ou
ou prosseguir a execução, salvo se, mediante resolução de direito.
fundamentada, reconhecer, no prazo de 15 dias, que o 3 — Quando as circunstâncias imponham que o decre-
diferimento da execução seria gravemente prejudicial para tamento provisório seja precedido da audição do requerido,
o interesse público. esta pode ser realizada por qualquer meio de comunicação
2 — Sem prejuízo do previsto na parte final do número que se revele adequado.
anterior, deve a autoridade que receba o duplicado impedir, 4 — O decretamento provisório não é passível de
com urgência, que os serviços competentes ou os interes- impugnação.
sados procedam ou continuem a proceder à execução do 5 — O decretamento provisório é notificado de ime-
ato. diato às pessoas e entidades que o devam cumprir, sendo
3 — Considera-se indevida a execução quando falte a aplicável, em caso de incumprimento, o disposto nos n.os 4
resolução prevista no n.º 1 ou o tribunal julgue improce- a 6 do artigo 128.º, com as adaptações que se mostrem
dentes as razões em que aquela se fundamenta. necessárias.
4 — O interessado pode requerer ao tribunal onde penda 6 — Mediante requerimento devidamente fundamen-
o processo de suspensão da eficácia, até ao trânsito em tado, os requeridos, durante a pendência do processo cau-
julgado da sua decisão, a declaração de ineficácia dos atos telar, podem solicitar o levantamento ou a alteração da pro-
de execução indevida. vidência provisoriamente decretada, sendo o requerimento
5 — O incidente é processado nos autos do processo de decidido por aplicação do n.º 2 do artigo 120.º, depois de
suspensão da eficácia. ouvido o requerente pelo prazo de cinco dias e de produzida
6 — Requerida a declaração de ineficácia dos atos de a prova que o juiz considere necessária.
execução indevida, o juiz ou relator ouve os interessados 7 — As decisões proferidas ao abrigo do número ante-
no prazo de cinco dias, tomando de imediato a decisão. rior são passíveis de impugnação nos termos gerais.
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Artigo 132.º 2 — O requerimento, a apresentar com tantos duplica-


Processos cautelares relativos a procedimentos
dos quantas as pessoas a citar ou notificar, deve justificar
de formação de contratos sumariamente a necessidade da antecipação de prova, men-
cionar com precisão os factos sobre que esta há de recair,
1 — Os processos cautelares relativos a procedimentos especificar os meios de prova a produzir, identificar as
de formação de contratos não abrangidos pelo regime dos pessoas que hão de ser ouvidas, se for caso disso, e indicar,
artigos 100.º a 103.º-B, dirigidos designadamente a obter com a possível concretização, o pedido e os fundamentos
a suspensão da eficácia de atos praticados no âmbito do da causa a propor, bem como a pessoa ou o órgão em
procedimento, a suspensão do próprio procedimento e relação aos quais se pretende fazer uso da prova.
a proibição da celebração ou da execução do contrato, 3 — A pessoa ou o órgão referido é notificado para
regem-se pelo presente Título, com ressalva do disposto intervir nos atos de preparação e produção de prova ou
nos números seguintes. para deduzir oposição no prazo de três dias.
2 — O requerimento cautelar deve ser instruído com 4 — Quando a notificação não possa ser feita a tempo
todos os elementos de prova. de, com grande probabilidade, se realizar a diligência
3 — A autoridade requerida e os contrainteressados requerida, a pessoa ou o órgão são notificados da realiza-
dispõem do prazo de sete dias para responderem. ção da diligência, tendo a faculdade de requerer, no prazo
4 — A concessão da providência depende do juízo de de sete dias, a sua repetição, se esta for possível.
probabilidade do tribunal quanto a saber se, ponderados os 5 — Se a causa principal vier a correr noutro tribu-
interesses suscetíveis de serem lesados, os danos que resul- nal, para aí é remetido o apenso, ficando o juiz da ação
tariam da adoção da providência se mostrem superiores com exclusiva competência para os termos subsequentes
aos prejuízos que podem resultar da sua não adoção, sem à remessa.
que tal lesão possa ser evitada ou atenuada pela adoção 6 — O disposto nos n.os 1 a 4 é aplicável, com as neces-
de outras providências. sárias adaptações, aos pedidos de antecipação de prova em
5 — Quando, no processo cautelar, o juiz considere processo já intentado.
demonstrada a ilegalidade de especificações contidas nos
documentos conformadores do procedimento que era invo-
cada como fundamento do processo principal, pode deter- TÍTULO V
minar a sua imediata correção, decidindo, desse modo, o
mérito da causa, segundo o disposto no artigo 121.º Dos conflitos de competência jurisdicional
6 — [Revogado]. e de atribuições
7 — [Revogado].
Artigo 135.º
Artigo 133.º Lei aplicável
Regulação provisória do pagamento de quantias
1 — Os processos de conflito entre tribunais da jurisdi-
1 — Quando o alegado incumprimento do dever de a ção administrativa e fiscal ou entre órgãos administrativos
Administração realizar prestações pecuniárias provoque regem-se pelos preceitos próprios da ação administrativa,
uma situação de grave carência económica, pode o interes- com as seguintes especialidades, sendo, quanto ao mais,
sado requerer ao tribunal, a título de regulação provisória, aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto na
e sem necessidade da prestação de garantia, a intimação da lei processual civil:
entidade competente a prestar as quantias indispensáveis a) Os prazos são reduzidos a metade;
a evitar a situação de carência. b) O autor do primeiro ato é chamado ao processo na
2 — A regulação provisória é decretada quando:
fase da resposta da entidade demandada e no mesmo prazo
a) Esteja adequadamente comprovada a situação de para se pronunciar;
grave carência económica; c) Só é admitida prova documental;
b) Seja de prever que o prolongamento dessa situação d) Não são admissíveis alegações;
possa acarretar consequências graves e dificilmente repa- e) Da sentença não cabe qualquer recurso.
ráveis;
c) Seja provável que a pretensão formulada ou a formu- 2 — [Revogado].
lar nesse processo venha a ser julgada procedente.
Artigo 136.º
3 — As quantias percebidas não podem exceder as que Pressupostos
resultariam do reconhecimento dos direitos invocados pelo
requerente, considerando-se o respetivo processamento A resolução dos conflitos pode ser requerida por qual-
como feito por conta das prestações alegadamente devidas quer interessado e pelo Ministério Público no prazo de
em função das prestações não realizadas. um ano contado da data em que se torne inimpugnável a
última das decisões.
Artigo 134.º
Produção antecipada de prova
Artigo 137.º
Resposta
1 — Havendo justo receio de vir a tornar-se impossível
ou muito difícil o depoimento de certas pessoas ou a veri- Não há lugar a resposta do Supremo Tribunal Admi-
ficação de certos factos por meio de prova pericial ou por nistrativo e do Tribunal Central Administrativo quando
inspeção, pode o depoimento, o arbitramento ou a inspeção o conflito respeite à competência de qualquer das suas
realizar-se antes de intentado o processo. secções.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(81)

Artigo 138.º dessa causa de invalidade dependa a possibilidade de o ato


anulado vir a ser renovado.
Decisão provisória
4 — Pode ainda recorrer das decisões dos tribunais
Se da inação das autoridades em conflito puder resultar administrativos quem seja direta e efetivamente prejudi-
grave prejuízo, o relator designa a autoridade que deve cado por elas, ainda que não seja parte na causa ou seja
exercer provisoriamente a competência em tudo o que apenas parte acessória.
seja urgente.
Artigo 142.º
Artigo 139.º Decisões que admitem recurso
Decisão 1 — O recurso das decisões que, em primeiro grau de ju-
1 — A decisão que resolva o conflito, além de espe- risdição, tenham conhecido do mérito da causa é admitido
cificar a autoridade ou tribunal competente, determina nos processos de valor superior à alçada do tribunal de que
a invalidade do ato ou decisão da autoridade ou tribunal se recorre, quando a decisão impugnada seja desfavorável
incompetente. ao recorrente em valor superior a metade da alçada desse
2 — Quando razões de equidade ou de interesse público tribunal, atendendo-se, em caso de fundada dúvida acerca
especialmente relevante o justifiquem, a decisão pode do valor da sucumbência, somente ao valor da causa.
excluir os atos preparatórios da declaração de invali- 2 — Para os efeitos do disposto no número anterior,
dade. consideram-se incluídas nas decisões sobre o mérito da
causa as que, em sede executiva, declarem a existência de
causa legítima de inexecução, pronunciem a invalidade de
TÍTULO VI atos desconformes ou fixem indemnizações fundadas na
existência de causa legítima de inexecução.
Dos recursos jurisdicionais 3 — Para além dos casos previstos na lei processual
civil, é sempre admissível recurso, independentemente do
valor da causa e da sucumbência, das decisões:
CAPÍTULO I
a) De improcedência de pedidos de intimação para pro-
Disposições gerais teção de direitos, liberdades e garantias;
b) Proferidas em matéria sancionatória;
Artigo 140.º c) Proferidas contra jurisprudência uniformizada pelo
Espécies de recursos e regime aplicável Supremo Tribunal Administrativo;
d) Que ponham termo ao processo sem se pronunciarem
1 — Os recursos das decisões proferidas pelos tribunais sobre o mérito da causa.
administrativos são ordinários ou extraordinários, sendo
ordinários a apelação e a revista e extraordinários o recurso 4 — [Revogado].
para uniformização de jurisprudência e a revisão. 5 — As decisões proferidas em despacho interlocutório
2 — Só existe recurso de revista para o Supremo Tribu- podem ser impugnadas no recurso que venha a ser inter-
nal Administrativo nos casos e termos previstos no capítulo posto da decisão final, exceto nos casos em que é admitida
seguinte. apelação autónoma nos termos da lei processual civil.
3 — Os recursos das decisões proferidas pelos tribunais
administrativos regem-se pelo disposto na lei processual Artigo 143.º
civil, salvo o disposto no presente título. Efeitos dos recursos

Artigo 141.º 1 — Salvo disposto em lei especial, os recursos ordiná-


rios têm efeito suspensivo da decisão recorrida.
Legitimidade
2 — Para além de outros a que a lei reconheça tal efeito,
1 — Pode interpor recurso ordinário de uma decisão são meramente devolutivos os recursos interpostos de:
jurisdicional proferida por um tribunal administrativo quem a) Intimações para proteção de direitos, liberdades e
nela tenha ficado vencido e o Ministério Público, se a garantias;
decisão tiver sido proferida com violação de disposições b) Decisões respeitantes a processos cautelares e res-
ou princípios constitucionais ou legais. petivos incidentes;
2 — Nos processos impugnatórios, considera-se desig- c) Decisões proferidas por antecipação do juízo sobre
nadamente vencido, para o efeito do disposto no número a causa principal no âmbito de processos cautelares, nos
anterior, o autor que, tendo invocado várias causas de inva- termos do artigo 121.º
lidade contra o mesmo ato administrativo, tenha decaído
relativamente à verificação de alguma delas, na medida 3 — Quando a suspensão dos efeitos da sentença seja
em que o reconhecimento, pelo tribunal de recurso, da passível de originar situações de facto consumado ou a
existência dessa causa de invalidade impeça ou limite a produção de prejuízos de difícil reparação para a parte
possibilidade de renovação do ato anulado. vencedora ou para os interesses, públicos ou privados,
3 — Ainda que um ato administrativo tenha sido anu- por ela prosseguidos, o recorrente, no requerimento de
lado com fundamento na verificação de diferentes causas interposição de recurso, pode requerer que ao recurso seja
de invalidade, a sentença pode ser impugnada com base na atribuído efeito meramente devolutivo.
inexistência de apenas uma dessas causas de invalidade, 4 — Quando a atribuição de efeito meramente devolu-
na medida em que do reconhecimento da inexistência tivo ao recurso possa ser causadora de danos, o tribunal
8588-(82) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

pode determinar a adoção de providências adequadas a 2 — No caso de o Ministério Público exercer a facul-
evitar ou minorar esses danos e impor a prestação, pelo dade que lhe é conferida no número anterior, as partes são
interessado, de garantia destinada a responder pelos mes- notificadas para responder no prazo de 10 dias.
mos. 3 — Cumpridos os trâmites previstos nos números ante-
5 — A atribuição de efeito meramente devolutivo ao riores, os autos são conclusos ao relator, que ordena a
recurso é recusada quando os danos que dela resultariam notificação do recorrente para se pronunciar, no prazo de
se mostrem superiores àqueles que podem resultar da sua 10 dias, sobre as questões prévias de conhecimento oficioso
não atribuição, sem que a lesão possa ser evitada ou ate- ou que tenham sido suscitadas pelos recorridos.
nuada pela adoção de providências adequadas a evitar ou 4 — Quando o recorrente, na alegação de recurso contra
minorar esses danos. sentença proferida em processo impugnatório, se tenha
limitado a reafirmar os vícios imputados ao ato impugnado,
Artigo 144.º sem formular conclusões ou sem que delas seja possível
Interposição de recurso e alegações deduzir quais os concretos aspetos de facto que considera
incorretamente julgados ou as normas jurídicas que consi-
1 — O prazo para a interposição de recurso é de 30 dias
dera terem sido violadas pelo tribunal recorrido, o relator
e conta-se a partir da notificação da decisão recorrida.
deve convidá-lo a apresentar, completar ou esclarecer as
2 — O recurso é interposto mediante requerimento diri-
gido ao tribunal que proferiu a decisão, que inclui ou junta conclusões formuladas, no prazo de 10 dias, sob pena de
a respetiva alegação e no qual são enunciados os vícios não se conhecer do recurso na parte afetada.
imputados à decisão e formuladas conclusões. 5 — No caso previsto no número anterior, a parte con-
3 — Recebido o requerimento, a secretaria promove trária é notificada da apresentação de aditamento ou escla-
oficiosamente a notificação do recorrido ou recorridos recimento pelo recorrente, podendo responder no prazo
para alegarem no prazo de 30 dias. de 10 dias.
4 — Se o recurso tiver por objeto a reapreciação da
prova gravada, ao prazo de interposição e de resposta Artigo 147.º
acrescem 10 dias. Processos urgentes

Artigo 145.º 1 — Nos processos urgentes, os recursos são interpostos


no prazo de 15 dias e sobem imediatamente, no processo
Despacho sobre o requerimento principal ou no apenso em que a decisão tenha sido profe-
1 — Findos os prazos concedidos às partes, o juiz ou rida, quando o processo esteja findo no tribunal recorrido,
relator aprecia os requerimentos apresentados e pronuncia- ou sobem em separado, no caso contrário.
-se sobre as nulidades arguidas e os pedidos de reforma, 2 — Os prazos a observar durante o recurso são redu-
ordenando a subida do recurso se a tal nada obstar. zidos a metade e o julgamento pelo tribunal superior tem
2 — O requerimento é indeferido quando: lugar, com prioridade sobre os demais processos, na sessão
a) Se entenda que a decisão não admite recurso, que imediata à conclusão do processo para decisão.
este foi interposto fora do prazo ou que o requerente não
tem as condições necessárias para recorrer; Artigo 148.º
b) Não contenha ou junte a alegação do recorrente ou
Julgamento ampliado do recurso
quando esta não tenha conclusões, sem prejuízo do disposto
no n.º 4 do artigo 146.º 1 — O Presidente do Supremo Tribunal Administrativo
ou o do Tribunal Central Administrativo podem determinar
3 — Do despacho do juiz ou relator que não admita o que no julgamento de um recurso intervenham todos os
recurso pode o recorrente reclamar, segundo o disposto na juízes da secção quando tal se revele necessário ou con-
lei processual civil, para o tribunal que seria competente veniente para assegurar a uniformidade da jurisprudência,
para dele conhecer. sendo o quórum de dois terços.
4 — Do despacho do relator que não receba o recurso 2 — O julgamento nas condições previstas no número
interposto de decisão da Secção de contencioso adminis- anterior pode ser requerido pelas partes e deve ser proposto
trativo do Supremo Tribunal Administrativo para o Pleno pelo relator ou pelos adjuntos, designadamente quando se
do mesmo Tribunal, ou o retenha, cabe reclamação para a verifique a possibilidade de vencimento de solução jurídica
conferência e da decisão desta não há recurso. em oposição com jurisprudência anteriormente firmada no
domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão
Artigo 146.º fundamental de direito.
Intervenção do Ministério Público, conclusão ao relator 3 — Determinado o julgamento por todos os juízes da
e aperfeiçoamento das alegações de recurso secção, nos termos previstos nos números anteriores, o
1 — Recebido o processo no tribunal de recurso e relator determina a extração de cópia das peças processuais
efetuada a distribuição, a secretaria notifica o Ministério relevantes para o conhecimento do objeto do recurso, as
Público, quando este não se encontre na posição de re- quais são entregues a cada um dos juízes, permanecendo
corrente ou recorrido, para, querendo, se pronunciar, no o processo, para consulta, na secretaria do tribunal.
prazo de 10 dias, sobre o mérito do recurso, em defesa dos 4 — O acórdão é publicado na 1.ª ou na 2.ª série do Diá-
direitos fundamentais dos cidadãos, de interesses públicos rio da República, consoante seja proferido pelo Supremo
especialmente relevantes ou de algum dos valores ou bens Tribunal Administrativo ou pelo Tribunal Central Admi-
referidos no n.º 2 do artigo 9.º nistrativo.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(83)

CAPÍTULO II Artigo 151.º


Recursos ordinários Revista per saltum para o Supremo Tribunal Administrativo

1 — Os recursos interpostos de decisões de mérito pro-


Artigo 149.º
feridas por tribunais administrativos de círculo são da com-
Poderes do tribunal de apelação petência do Supremo Tribunal Administrativo quando as
1 — Ainda que declare nula a sentença, o tribunal de partes, nas alegações, suscitem apenas questões de direito
recurso não deixa de decidir o objeto da causa, conhecendo e o valor da causa seja superior a 500.000 € ou seja inde-
do facto e do direito. terminada, designadamente nos processos de declaração
2 — Se o tribunal recorrido tiver julgado do mérito de ilegalidade de norma ou de declaração de ilegalidade
da causa, mas deixado de conhecer de certas questões, por omissão de norma.
designadamente por as considerar prejudicadas pela solu- 2 — O disposto no número anterior não se aplica a
ção dada ao litígio, o tribunal superior, se entender que o processos respeitantes a atos administrativos em matéria
recurso procede e que nada obsta à apreciação daquelas de emprego público ou relacionados com formas públicas
questões, conhece delas no mesmo acórdão em que revoga ou privadas de proteção social.
a decisão recorrida. 3 — Os recursos previstos no n.º 1 são julgados como
3 — Se, por qualquer motivo, o tribunal recorrido não revista, sendo-lhes aplicável o disposto nos n.os 2 a 4 do
tiver conhecido do pedido, o tribunal de recurso, se julgar
que o motivo não procede e que nenhum outro obsta a que artigo anterior.
se conheça do mérito da causa, conhece deste no mesmo 4 — Se, remetido o processo ao Supremo Tribunal
acórdão em que revoga a decisão recorrida. Administrativo, o relator entender que as questões susci-
4 — Nas situações previstas nos números anteriores, tadas ultrapassam o âmbito da revista, determina, mediante
há lugar, no tribunal superior, à produção da prova que, decisão definitiva, que o processo baixe ao Tribunal Central
ouvidas as partes pelo prazo de cinco dias, for julgada Administrativo, para que o recurso aí seja julgado como
necessária, sendo aplicável às diligências ordenadas, com apelação, com aplicação do disposto no artigo 149.º
as necessárias adaptações, o disposto quanto à instrução, 5 — Se o relator admitir o recurso, pode haver recla-
discussão, alegações e julgamento em primeira instân- mação para a conferência, nos termos gerais.
cia.
5 — Na situação prevista no número anterior, o relator,
antes de ser proferida decisão, ouve as partes pelo prazo
de 10 dias. CAPÍTULO III
Recursos extraordinários
Artigo 150.º
Recurso de revista Artigo 152.º
1 — Das decisões proferidas em segunda instância pelo Recurso para uniformização de jurisprudência
Tribunal Central Administrativo pode haver, excecional-
mente, revista para o Supremo Tribunal Administrativo 1 — As partes e o Ministério Público podem dirigir ao
quando esteja em causa a apreciação de uma questão que, Supremo Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias
pela sua relevância jurídica ou social, se revista de im- contado do trânsito em julgado do acórdão impugnado,
portância fundamental ou quando a admissão do recurso pedido de admissão de recurso para uniformização de ju-
seja claramente necessária para uma melhor aplicação do risprudência, quando, sobre a mesma questão fundamental
direito. de direito, exista contradição:
2 — A revista só pode ter como fundamento a violação
de lei substantiva ou processual. a) Entre acórdão do Tribunal Central Administrativo e
3 — Aos factos materiais fixados pelo tribunal recor- acórdão anteriormente proferido pelo mesmo Tribunal ou
rido, o tribunal de revista aplica definitivamente o regime pelo Supremo Tribunal Administrativo;
jurídico que julgue adequado. b) Entre dois acórdãos do Supremo Tribunal Adminis-
4 — O erro na apreciação das provas e na fixação dos trativo.
factos materiais da causa não pode ser objeto de revista,
salvo havendo ofensa de uma disposição expressa de lei 2 — A petição de recurso é acompanhada de alegação na
que exija certa espécie de prova para a existência do facto qual se identifiquem, de forma precisa e circunstanciada,
ou que fixe a força de determinado meio de prova. os aspetos de identidade que determinam a contradição
5 — Na revista de decisão de atribuição ou recusa de alegada e a infração imputada ao acórdão recorrido.
providência cautelar, o Supremo Tribunal Administra- 3 — O recurso não é admitido se a orientação perfi-
tivo, quando não confirme o acórdão recorrido, substitui-o lhada no acórdão impugnado estiver de acordo com a
mediante decisão que decide a questão controvertida, apli- jurisprudência mais recentemente consolidada do Supremo
cando os critérios de atribuição das providências cautelares
por referência à matéria de facto fixada nas instâncias. Tribunal Administrativo.
6 — A decisão quanto à questão de saber se, no caso 4 — O recurso é julgado pelo pleno da secção e o acór-
concreto, se preenchem os pressupostos do n.º 1 compete dão é publicado na 1.ª série do Diário da República.
ao Supremo Tribunal Administrativo, devendo ser objeto 5 — A decisão de provimento emitida pelo tribunal
de apreciação preliminar sumária, a cargo de uma forma- superior não afeta qualquer decisão anterior àquela que
ção constituída por três juízes de entre os mais antigos da tenha sido impugnada, nem as situações jurídicas ao seu
Secção de Contencioso Administrativo. abrigo constituídas.
8588-(84) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

6 — A decisão que verifique a existência da contradição TÍTULO VII


alegada anula o acórdão recorrido e substitui-o, decidindo
Do processo executivo
a questão controvertida.
7 — O recurso de uniformização de jurisprudência deve
ser interposto pelo Ministério Público, mesmo quando CAPÍTULO I
não seja parte na causa, caso em que não tem qualquer Disposições gerais
influência na decisão desta, destinando-se, unicamente à
emissão de acórdão de uniformização sobre o conflito de Artigo 157.º
jurisprudência. Âmbito de aplicação
1 — A execução das sentenças proferidas pelos tribunais
Artigo 153.º administrativos contra entidades públicas é regulada nos
Relator por vencimento termos do presente título.
2 — As vias de execução previstas no presente Título
1 — Quando, no pleno da secção, o relator fique ven- também podem ser utilizadas para obter a execução de
cido quanto à decisão ou a todos os fundamentos desta, atos administrativos inimpugnáveis a que a Administração
o acórdão é lavrado por juiz a determinar por sorteio, de não dê a devida execução, por quem possa fazer valer uma
pretensão dirigida à execução desses atos.
entre os que tenham feito vencimento. 3 — Sem prejuízo do disposto em lei especial, o pre-
2 — Dos sorteios vão sendo sucessivamente excluídos ceituado no número anterior é, designadamente, aplicável
os juízes que já tenham relatado por vencimento. para obter a emissão de sentença que produza os efeitos
de alvará ilegalmente recusado ou omitido.
4 — As vias de execução previstas no presente título
Artigo 154.º podem ser ainda utilizadas para obter a execução de qual-
Objeto
quer outro título executivo passível de ser acionado contra
uma pessoa coletiva de direito público, um ministério
1 — A revisão de sentença transitada em julgado pode ou uma secretaria regional, mas, quando diga respeito a
ser pedida ao tribunal que a tenha proferido, sendo subsi- títulos executivos emitidos fora do âmbito das relações
jurídicas administrativas, a execução corre termos nos
diariamente aplicável o disposto no Código de Processo tribunais judiciais.
Civil, no que não colida com o que se estabelece nos ar- 5 — As execuções contra particulares das sentenças
tigos seguintes. proferidas pelos tribunais administrativos, assim como
2 — No processo de revisão, pode ser cumulado o dos demais títulos executivos produzidos no âmbito de
pedido de indemnização pelos danos sofridos. relações jurídico-administrativas que careçam de execução
jurisdicional, correm termos nos tribunais administrativos,
mas, na ausência de legislação especial, regem-se pelo
Artigo 155.º disposto na lei processual civil.
Legitimidade Artigo 158.º
1 — Têm legitimidade para requerer a revisão, com Obrigatoriedade das decisões judiciais
qualquer dos fundamentos previstos no Código de Processo 1 — As decisões dos tribunais administrativos são obri-
Civil, o Ministério Público e as partes no processo. gatórias para todas as entidades públicas e privadas e preva-
2 — Tem igualmente legitimidade para requerer a lecem sobre as de quaisquer autoridades administrativas.
revisão quem, devendo ser obrigatoriamente citado no 2 — A prevalência das decisões dos tribunais adminis-
processo, não o tenha sido e quem, não tendo tido a opor- trativos sobre as das autoridades administrativas implica
a nulidade de qualquer ato administrativo que desrespeite
tunidade de participar no processo, tenha sofrido ou esteja uma decisão judicial e faz incorrer os seus autores em
em vias de sofrer a execução da decisão a rever. responsabilidade civil, criminal e disciplinar, nos termos
previstos no artigo seguinte.
Artigo 156.º Artigo 159.º
Tramitação Inexecução ilícita das decisões judiciais
1 — Uma vez admitido o recurso, o juiz ou relator 1 — Para além dos casos em que, por acordo do inte-
manda apensá-lo ao processo a que respeita, que para o ressado ou declaração judicial, nos termos previstos no
efeito é avocado ao arquivo onde se encontre, e ordena a presente título, seja considerada justificada por causa legí-
tima, a inexecução, por parte da Administração, de sentença
notificação de todos os que tenham intervindo no processo proferida por um tribunal administrativo envolve:
em que foi proferida a decisão a rever.
2 — O processo tem o seguimento estabelecido para a) Responsabilidade civil, nos termos gerais, quer da
Administração quer das pessoas que nela desempenhem
aquele em que tenha sido proferida a decisão a rever, sendo funções;
a questão novamente julgada e mantida ou revogada, a b) Responsabilidade disciplinar, também nos termos
final, a decisão recorrida. gerais, dessas mesmas pessoas.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(85)

2 — A inexecução também constitui crime de desobe- em seu favor, sendo aplicáveis, com as devidas adaptações,
diência qualificada, sem prejuízo de outro procedimento os trâmites previstos no presente título para a execução das
especialmente fixado na lei, quando, tendo a Administra- sentenças de anulação de atos administrativos.
ção sido notificada para o efeito, o órgão administrativo 5 — A extensão dos efeitos da sentença, no caso de
competente: existirem contrainteressados que não tenham tomado parte
no processo em que ela foi proferida, só pode ser requerida
a) Manifeste a inequívoca intenção de não dar execução
à sentença, sem invocar a existência de causa legítima de se o interessado tiver lançado mão, no momento próprio,
inexecução; da via judicial adequada, encontrando-se pendente o cor-
b) Não proceda à execução nos termos que a sentença respondente processo.
tinha estabelecido ou que o tribunal venha a definir no 6 — Quando, na pendência de processo impugnatório, o
âmbito do processo de execução. ato impugnado seja anulado por sentença proferida noutro
processo, pode o autor fazer uso do disposto nos n.os 3 e
Artigo 160.º 4 do presente artigo para obter a execução da sentença de
anulação.
Eficácia da sentença
1 — Os prazos dentro dos quais se impõe à Adminis- CAPÍTULO II
tração a execução das sentenças proferidas pelos tribunais Execução para prestação de factos ou de coisas
administrativos correm a partir do respetivo trânsito em
julgado. Artigo 162.º
2 — Quando a sentença tenha sido objeto de recurso
a que tenha sido atribuído efeito meramente devolutivo, Execução espontânea por parte da Administração
os prazos correm com a notificação à Administração da 1 — Se outro prazo não for por elas próprias fixado, as
decisão mediante a qual o tribunal tenha atribuído efeito sentenças dos tribunais administrativos que condenem a
meramente devolutivo ao recurso. Administração à prestação de factos ou à entrega de coisas
devem ser espontaneamente executadas pela própria Admi-
Artigo 161.º nistração, no máximo, no prazo procedimental de 90 dias,
Extensão dos efeitos da sentença salvo ocorrência de causa legítima de inexecução, segundo
o disposto no artigo seguinte.
1 — Os efeitos de uma sentença transitada em julgado 2 — Extinto o órgão ao qual competiria dar execução
que tenha anulado ou declarado nulo um ato administrativo à sentença ou tendo-lhe sido retirada a competência na
desfavorável, ou reconhecido a titularidade de uma situa- matéria, o dever recai sobre o órgão que lhe tenha suce-
ção jurídica favorável a uma ou várias pessoas, podem ser dido ou sobre aquele ao qual tenha sido atribuída aquela
estendidos a outras pessoas que, quer tenham recorrido ou competência.
não à via contenciosa, tenham sido objeto de ato adminis-
trativo com idêntico conteúdo ou se encontrem colocadas Artigo 163.º
na mesma situação jurídica, desde que, quanto a estas, não
exista sentença transitada em julgado. Causas legítimas de inexecução
2 — O disposto no número anterior vale apenas para 1 — Só constituem causa legítima de inexecução a
situações em que existam vários casos perfeitamente idên- impossibilidade absoluta e o excecional prejuízo para o
ticos, nomeadamente no domínio do emprego público interesse público na execução da sentença.
e em matéria de concursos, e só quando se preencham 2 — A causa legítima de inexecução pode respeitar a
cumulativamente os seguintes pressupostos: toda a decisão ou a parte dela.
a) Terem sido proferidas por tribunais superiores, no 3 — A invocação de causa legítima de inexecução deve
mesmo sentido, cinco sentenças transitadas em julgado ou, ser fundamentada e notificada ao interessado, com os res-
existindo situações de processos em massa, nesse sentido petivos fundamentos, dentro do prazo estabelecido no n.º 1
terem sido decididos em três casos, por sentença transitada do artigo anterior, e só pode reportar-se a circunstâncias
em julgado, os processos selecionados segundo o disposto supervenientes ou que a Administração não estivesse em
no artigo 48.º; condições de invocar no momento oportuno do processo
b) Não ter sido proferido número superior de sentenças, declarativo.
também transitadas em julgado, em sentido contrário ao das
sentenças referidas na alínea anterior, nem serem as referi- Artigo 164.º
das sentenças contrárias a doutrina assente pelo Supremo Petição de execução
Tribunal Administrativo em recurso para uniformização
de jurisprudência. 1 — Quando a Administração não dê execução es-
pontânea à sentença no prazo estabelecido no n.º 1 do
3 — Para o efeito do disposto no n.º 1, o interessado artigo 162.º, o interessado e o Ministério Público, quando
deve apresentar, no prazo de um ano, contado desde a tenha sido autor no processo ou estejam em causa os valo-
data em que a sentença foi proferida, um requerimento res referidos no n.º 2 do artigo 9.º, podem pedir a respetiva
dirigido à entidade pública que, nesse processo, tenha execução ao tribunal que tenha proferido a sentença em
sido demandada. primeiro grau de jurisdição.
4 — Indeferida a pretensão ou decorridos três meses 2 — Caso outra solução não resulte de lei especial, a
sem decisão da Administração, o interessado pode requerer, petição de execução, que é autuada por apenso aos autos em
no prazo de dois meses, ao tribunal que tenha proferido a que foi proferida a decisão exequenda, deve ser apresentada
sentença, a extensão dos respetivos efeitos e a sua execução no prazo de um ano, contado desde o termo do prazo do
8588-(86) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

n.º 1 do artigo 162.º ou da notificação da invocação de no prazo de 20 dias, acordarem no montante da indemni-
causa legítima de inexecução. zação devida pelo facto da inexecução, podendo o prazo
3 — Na petição, o exequente pode pedir a declaração ser prorrogado se for previsível que o acordo se possa vir
de nulidade dos atos desconformes com a sentença, bem a concretizar em momento próximo.
como a anulação daqueles que mantenham, sem funda- 2 — Na falta de acordo, o tribunal ordena as diligências
mento válido, a situação ilegal. instrutórias que considere necessárias, findo o que se segue
4 — Na petição, o exequente deve especificar os atos e a abertura de vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se
operações em que entende que a execução deve consistir, trate de tribunal colegial, fixando o tribunal o montante da
podendo requerer, para além da indemnização moratória indemnização devida no prazo máximo de 20 dias.
a que tenha direito: 3 — Se a Administração não ordenar o pagamento
a) A entrega judicial da coisa devida; devido no prazo de 30 dias contado da data do acordo
b) A prestação do facto devido por outrem, se o facto ou da notificação da decisão judicial que tenha fixado a
for fungível; indemnização devida, seguem-se os termos do processo
c) Estando em causa a prática de ato administrativo executivo para pagamento de quantia certa.
legalmente devido de conteúdo vinculado, a emissão pelo
próprio tribunal de sentença que produza os efeitos do ato Artigo 167.º
ilegalmente omitido; Providências de execução
d) Estando em causa a prestação de facto infungível, a
fixação de um prazo limite, com imposição de uma sanção 1 — Quando, dentro do prazo concedido para a opo-
pecuniária compulsória aos titulares dos órgãos incumbidos sição, a Administração não dê execução à sentença nem
de executar a sentença. deduza oposição, ou a oposição deduzida venha a ser
julgada improcedente, o tribunal deve adotar as provi-
5 — Se a Administração tiver invocado a existência dências necessárias para efetivar a execução da sentença,
de causa legítima de inexecução, segundo o disposto no declarando nulos os atos desconformes com a sentença e
n.º 3 do artigo anterior, deve o exequente deduzir, se for anulando aqueles que mantenham, sem fundamento válido,
caso disso, as razões da sua discordância e juntar cópia da a situação ilegal.
notificação a que se refere aquele preceito. 2 — Quando o órgão competente para executar esteja
6 — No caso de concordar com a invocação da exis- sujeito a poderes hierárquicos ou de superintendência, o
tência de causa legítima de inexecução, o exequente pode tribunal manda notificar o titular dos referidos poderes para
requerer, no prazo estabelecido no n.º 2, a fixação da indem- dar execução à sentença em substituição desse órgão.
nização devida, segundo o disposto no artigo 166.º 3 — Em ordem à execução das suas sentenças, os tri-
bunais administrativos podem requerer a colaboração das
Artigo 165.º autoridades e agentes da entidade administrativa obrigada
bem como, quando necessário, de outras entidades admi-
Oposição à execução nistrativas.
1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação da 4 — Todas as entidades públicas estão obrigadas a pres-
entidade ou entidades obrigadas para, no prazo de 20 dias, tar a colaboração que, para o efeito do disposto no número
executarem a sentença ou deduzirem a oposição que te- anterior, lhes for requerida, sob pena de os responsáveis
nham, podendo o fundamento da oposição consistir na pela falta de colaboração poderem incorrer no crime de
invocação da existência de causa legítima de inexecução desobediência.
da sentença ou da circunstância de esta ter sido entretanto 5 — Dependendo do caso concreto, o tribunal pode
executada. proceder à entrega judicial da coisa devida ou determinar
2 — O recebimento da oposição suspende a execu- a prestação do facto devido por outrem, se o facto for
ção, sendo o exequente notificado para replicar no prazo fungível, sendo aplicáveis, com as necessárias adaptações,
de 10 dias. as disposições correspondentes do Código de Processo
3 — No caso de concordar com a oposição deduzida Civil.
pela Administração, o exequente pode, desde logo, pedir 6 — Estando em causa a prática de ato administrativo
a fixação da indemnização devida, seguindo-se os termos legalmente devido de conteúdo vinculado, o próprio tri-
prescritos no artigo seguinte. bunal emite sentença que produza os efeitos do ato ilegal-
4 — Junta a réplica do exequente ou expirado o respe- mente omitido.
tivo prazo sem que ele tenha manifestado a sua concordân-
cia com a oposição deduzida pela Administração, o tribunal Artigo 168.º
ordena as diligências instrutórias que considere necessá- Execução para prestação de facto infungível
rias, findo o que se segue a abertura de vista simultânea
aos juízes-adjuntos, caso se trate de tribunal colegial. 1 — Quando, dentro do prazo concedido para a oposi-
5 — A oposição é decidida no prazo máximo ção, a Administração não dê execução à sentença nem de-
de 20 dias. duza oposição, ou a oposição deduzida venha a ser julgada
improcedente, o tribunal, estando em causa a prestação
Artigo 166.º de um facto infungível, fixa, segundo critérios de razoa-
bilidade, um prazo limite para a realização da prestação
Indemnização por causa legítima de inexecução e, se não o tiver já feito na sentença condenatória, impõe
e conversão da execução
uma sanção pecuniária compulsória, segundo o disposto
1 — Quando o tribunal julgue procedente a oposição no artigo seguinte.
fundada na existência de causa legítima de inexecução, 2 — Quando tal não resulte já do próprio teor da sen-
ordena a notificação da Administração e do exequente para, tença exequenda, o tribunal especifica ainda, no respeito
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(87)

pelos espaços de valoração próprios do exercício da função sado do prazo de um ano para pedir a respetiva execução
administrativa, o conteúdo dos atos e operações que devem ao tribunal competente, podendo, para o efeito, solicitar:
ser adotados, identificando o órgão ou órgãos administra-
a) A compensação do seu crédito com eventuais dívidas
tivos responsáveis pela sua adoção.
que o onerem para com a mesma pessoa coletiva ou o
3 — Expirando o prazo a que se refere o n.º 1 sem que a
mesmo ministério;
Administração tenha cumprido, pode o exequente requerer
b) A execução do seu crédito, nos termos dos n.os 3 e
ao tribunal a fixação da indemnização que lhe é devida a
seguintes do artigo 172.º
título de responsabilidade civil pela inexecução ilícita da
sentença, seguindo-se os trâmites estabelecidos no n.º 2
Artigo 171.º
do artigo 166.º
Oposição à execução
Artigo 169.º 1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação
Sanção pecuniária compulsória da entidade obrigada para pagar, no prazo de 20 dias, ou
deduzir oposição fundada na invocação de facto superve-
1 — A imposição de sanção pecuniária compulsória con- niente, modificativo ou extintivo da obrigação.
siste na condenação dos titulares dos órgãos incumbidos 2 — O recebimento da oposição suspende a execução,
da execução, que para o efeito devem ser individualmente sendo o exequente notificado para responder no prazo
identificados, ao pagamento de uma quantia pecuniária por de 10 dias.
cada dia de atraso que, para além do prazo limite estabele- 3 — Junta a réplica do exequente ou expirado o respe-
cido, se possa vir a verificar na execução da sentença. tivo prazo sem que ele tenha manifestado a sua concordân-
2 — A sanção pecuniária compulsória prevista no n.º 1 cia com a oposição deduzida pela Administração, o tribunal
é fixada segundo critérios de razoabilidade, podendo o seu ordena as diligências instrutórias que considere necessá-
montante diário oscilar entre 5 % e 10 % do salário mínimo rias, findo o que se segue a abertura de vista simultânea
nacional mais elevado em vigor no momento. aos juízes adjuntos, caso se trate de tribunal colegial.
3 — Se o órgão ou algum dos órgãos obrigados for cole- 4 — A oposição é decidida no prazo de 20 dias.
gial, não são abrangidos pela sanção pecuniária compulsó- 5 — A inexistência de verba ou cabimento orçamental
ria os membros do órgão que votem a favor da execução que permita o pagamento imediato da quantia devida não
integral e imediata, nos termos judicialmente estabelecidos, constitui fundamento de oposição à execução, sem prejuízo
e que façam registar em ata esse voto, nem aqueles que, de poder ser causa de exclusão da ilicitude da inexecução
não estando presentes na votação, comuniquem por escrito espontânea da sentença, para os efeitos do disposto no
ao presidente a sua vontade de executar a sentença. artigo 159.º
4 — A sanção pecuniária compulsória cessa quando se 6 — Quando a situação de incumprimento se deva à ine-
mostre ter sido realizada a execução integral da sentença, xistência de verba ou cabimento orçamental que permita o
quando o exequente desista do pedido ou quando a exe- pagamento imediato da quantia devida, a entidade obrigada
cução já não possa ser realizada pelos destinatários da deve, dentro do prazo previsto no n.º 1, dar conhecimento
medida, por terem cessado ou sido suspensos do exercício da situação ao tribunal, que convida as partes a chegarem
das respetivas funções. a acordo, no prazo de 20 dias, quanto ao pagamento esca-
5 — A liquidação das importâncias devidas em conse- lonado da quantia em dívida.
quência da imposição de sanções pecuniárias compulsórias, 7 — Na ausência do acordo referido no número anterior,
nos termos deste artigo, é feita pelo tribunal, a cada período aplica-se o disposto nos n.os 3 a 9 do artigo 172.º
de três meses, e, a final, uma vez cessada a aplicação da
medida, podendo o exequente solicitar a liquidação. Artigo 172.º
6 — No âmbito da liquidação, o titular do órgão pode
deduzir oposição com fundamento na existência de causas Providências de execução
de justificação ou de desculpação da conduta. 1 — O tribunal dá provimento à pretensão executiva do
7 — As importâncias que resultem da aplicação de san- autor quando, dentro do prazo concedido para a oposição,
ção pecuniária compulsória constituem receita consignada a Administração não dê execução à sentença nem deduza
à dotação anual, inscrita à ordem do Conselho Superior oposição ou a eventual alegação da existência de factos
dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a que se refere o supervenientes, modificativos ou extintivos da obrigação
n.º 3 do artigo 172.º venha a ser julgada improcedente.
2 — Quando tenha sido requerida a compensação de
CAPÍTULO III créditos entre exequente e Administração obrigada, a
compensação decretada pelo juiz funciona como título de
Execução para pagamento de quantia certa pagamento total ou parcial da dívida que o exequente tinha
para com a Administração, sendo oponível a eventuais
Artigo 170.º reclamações futuras do respetivo cumprimento.
Execução espontânea e petição de execução
3 — No Orçamento do Estado é anualmente inscrita
uma dotação à ordem do Conselho Superior dos Tribunais
1 — Se outro prazo não for por elas próprias fixado, as Administrativos e Fiscais, afeta ao pagamento de quantias
sentenças dos tribunais administrativos que condenem a devidas a título de cumprimento de decisões jurisdicionais,
Administração ao pagamento de quantia certa devem ser a qual corresponde, no mínimo, ao montante acumulado
espontaneamente executadas pela própria Administração, das condenações decretadas no ano anterior e respetivos
no máximo, no prazo procedimental de 30 dias. juros de mora.
2 — Caso a Administração não dê execução à sentença 4 — Quando não tenha sido requerida a compensação
no prazo estabelecido no número anterior, dispõe o interes- de créditos entre exequente e Administração obrigada, o
8588-(88) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

tribunal dá conhecimento da sentença e da situação de ine- a situação que existiria se o ato anulado não tivesse sido
xecução ao Conselho Superior dos Tribunais Administrati- praticado, bem como de dar cumprimento aos deveres
vos e Fiscais, ao qual cumpre emitir, no prazo de 30 dias, que não tenha cumprido com fundamento naquele ato,
a correspondente ordem de pagamento. por referência à situação jurídica e de facto existente no
5 — No caso de insuficiência de dotação, o Presidente momento em que deveria ter atuado.
do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
Fiscais oficia ao Presidente da Assembleia da República Administração pode ficar constituída no dever de praticar
e ao Primeiro-Ministro para que se promova a abertura de atos dotados de eficácia retroativa, desde que não envolvam
créditos extraordinários. a imposição de deveres, encargos, ónus ou sujeições a
6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o aplicação de sanções ou a restrição de direitos ou interesses
exequente deve ser imediatamente notificado da situação legalmente protegidos, assim como no dever de anular,
de insuficiência de dotação, assistindo-lhe, nesse caso, reformar ou substituir os atos consequentes, sem depen-
em alternativa: dência de prazo, e alterar as situações de facto entretanto
a) O direito de requerer que o tribunal administrativo dê constituídas, cuja manutenção seja incompatível com a
seguimento à execução, aplicando o regime da execução execução da sentença de anulação.
para pagamento de quantia certa, previsto na lei processual 3 — Os beneficiários de boa-fé de atos consequentes
civil; ou praticados há mais de um ano têm direito a ser indemniza-
b) O direito de requerer a fixação à entidade obrigada de dos pelos danos que sofram em consequência da anulação,
um prazo limite para proceder ao pagamento, com impo- mas a sua situação jurídica não pode ser posta em causa se
sição de uma sanção pecuniária compulsória aos titulares esses danos forem de difícil ou impossível reparação e for
do órgão competente para determinar tal pagamento. manifesta a desproporção existente entre o seu interesse
na manutenção da situação e o interesse na execução da
7 — Quando o crédito exequendo onere uma entidade sentença anulatória.
pertencente à Administração indireta do Estado ou à 4 — Quando à reintegração ou recolocação de um tra-
Administração autónoma, o crédito só pode ser satisfeito balhador que tenha obtido a anulação de um ato adminis-
por conta da dotação orçamental a que se refere o n.º 3 trativo se oponha a existência de terceiros com interesse
desde que, através da prévia aplicação do regime da exe- legítimo na manutenção de situações incompatíveis, cons-
cução para pagamento de quantia certa regulado na lei tituídas em seu favor por ato administrativo praticado há
processual civil, não tenha sido possível obter o pagamento mais de um ano, o trabalhador que obteve a anulação tem
da entidade devedora. direito a ser provido em lugar ou posto de trabalho vago e
8 — Na situação prevista no número anterior, caso se na categoria igual ou equivalente àquele em que deveria ter
mostrem esgotadas as providências de execução para paga- sido colocado, ou, não sendo isso imediatamente possível,
mento de quantia certa previstas na lei processual civil em lugar ou posto de trabalho a criar no quadro ou mapa
sem que tenha sido possível obter a execução do crédito, de pessoal da entidade onde vier a exercer funções.
a secretaria do tribunal, independentemente de despacho
judicial e de tal ter sido solicitado, a título subsidiário, na Artigo 174.º
petição de execução, notifica imediatamente o Conselho Competência para a execução
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais para que
este emita a ordem de pagamento a que se refere o n.º 4. 1 — O cumprimento do dever de executar a que se refere
9 — A satisfação do crédito pelo Orçamento do Estado, o artigo anterior é da responsabilidade do órgão que tenha
na hipótese prevista no número anterior, constitui o Estado praticado o ato anulado.
em direito de regresso, incluindo juros de mora, sobre a 2 — Se a execução competir, cumulativa ou exclusi-
entidade responsável, a exercer mediante uma das seguintes vamente, a outro ou outros órgãos, deve o órgão referido
formas: no número anterior enviar-lhes os elementos necessários
para o efeito.
a) Desconto nas transferências a efetuar para a entidade 3 — Extinto o órgão ao qual competiria dar execução à
em causa no Orçamento do Estado do ano seguinte; sentença ou tendo-lhe sido retirada a competência na maté-
b) Tratando-se de entidade pertencente à Administra- ria, o dever recai sobre o órgão que lhe sucedeu ou sobre
ção indireta do Estado, inscrição oficiosa no respetivo aquele ao qual tenha sido atribuída aquela competência.
orçamento privativo pelo órgão tutelar ao qual caiba a
aprovação do orçamento; ou Artigo 175.º
c) Ação de regresso a intentar no tribunal competente.
Prazo para a execução e causas legítimas de inexecução

CAPÍTULO IV 1 — Salvo ocorrência de causa legítima de inexecução,


o dever de executar deve ser integralmente cumprido, no
Execução de sentenças de anulação máximo, no prazo procedimental de 90 dias.
de atos administrativos 2 — A existência de causa legítima de inexecução deve
ser invocada segundo o disposto no artigo 163.º, mas não
Artigo 173.º se exige, neste caso, que as circunstâncias invocadas sejam
supervenientes.
Dever de executar
3 — Sem prejuízo do disposto no artigo 177.º, quando
1 — Sem prejuízo do eventual poder de praticar novo a execução da sentença consista no pagamento de uma
ato administrativo, no respeito pelos limites ditados pela quantia pecuniária, não é invocável a existência de causa
autoridade do caso julgado, a anulação de um ato adminis- legítima de inexecução e o pagamento deve ser realizado,
trativo constitui a Administração no dever de reconstituir no máximo, no prazo procedimental de 30 dias.
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Artigo 176.º 6 — Caso não exista verba ou cabimento orçamental


Petição de execução
que permita o pagamento imediato de quantia devida, a
entidade obrigada deve dar conhecimento da situação ao
1 — Quando a Administração não dê execução espon- tribunal, que convida as partes a chegarem a acordo, no
tânea à sentença no prazo estabelecido no n.º 1 do artigo prazo de 20 dias, quanto aos termos em que se pode pro-
anterior, o interessado e o Ministério Público, quando tenha ceder a um pagamento escalonado da quantia em dívida.
sido autor no processo ou estejam em causa os valores re- 7 — Na ausência do acordo referido no número ante-
feridos no n.º 2 do artigo 9.º, podem exigir o cumprimento rior, seguem-se os trâmites dos n.os 3 e seguintes do
do dever de execução perante o tribunal que tenha proferido artigo 172.º
a sentença em primeiro grau de jurisdição.
2 — A petição, que é autuada por apenso aos autos Artigo 178.º
em que foi proferida a sentença de anulação, deve ser
Indemnização por causa legítima de inexecução
apresentada no prazo de um ano, contado desde o termo
do prazo do n.º 1 do artigo anterior ou da notificação da 1 — Quando julgue procedente a invocação da exis-
invocação de causa legítima de inexecução a que se refere tência de causa legítima de inexecução, o tribunal ordena
o mesmo preceito. a notificação da Administração e do requerente para, no
3 — Na petição, o autor deve especificar os atos e ope- prazo de 20 dias, acordarem no montante da indemniza-
rações em que considera que a execução deve consistir, ção devida pelo facto da inexecução, podendo o prazo ser
podendo, para o efeito, pedir a condenação da Adminis- prorrogado quando seja previsível que o acordo se possa
tração ao pagamento de quantias pecuniárias, à entrega vir a concretizar em momento próximo.
de coisas, à prestação de factos ou à prática de atos admi- 2 — Na falta de acordo, seguem-se os trâmites previstos
nistrativos. no artigo 166.º
4 — Na petição, o autor também pode pedir a fixação 3 — Se a Administração não ordenar o pagamento
de um prazo para o cumprimento do dever de executar e devido no prazo de 30 dias contado a partir da data do
a imposição de uma sanção pecuniária compulsória aos acordo ou da notificação da decisão judicial que tenha
titulares dos órgãos incumbidos de proceder à execução, fixado a indemnização devida, seguem-se os termos do
segundo o disposto no artigo 169.º processo executivo para pagamento de quantia certa.
5 — Quando for caso disso, o autor pode pedir ainda
a declaração de nulidade dos atos desconformes com a Artigo 179.º
sentença, bem como a anulação daqueles que mantenham, Decisão judicial
sem fundamento válido, a situação constituída pelo ato
anulado. 1 — Quando julgue procedente a pretensão do autor, o
6 — Quando a Administração tenha invocado a existên- tribunal especifica, no respeito pelos espaços de valoração
cia de causa legítima de inexecução, segundo o disposto no próprios do exercício da função administrativa, o conteúdo
n.º 3 do artigo 163.º, deve o autor deduzir, se for caso disso, dos atos e operações a adotar para dar execução à sentença
as razões da sua discordância e juntar cópia da notificação e identifica o órgão ou os órgãos administrativos responsá-
a que se refere aquele preceito. veis pela sua adoção, fixando ainda, segundo critérios de
7 — No caso de concordar com a invocação da existên- razoabilidade, o prazo em que os referidos atos e operações
cia de causa legítima de inexecução, o autor pode solicitar, devem ser praticados.
no prazo estabelecido no n.º 2, a fixação da indemniza- 2 — Sendo caso disso, o tribunal também declara a nuli-
ção devida, sendo, nesse caso, aplicável o disposto no dade dos atos desconformes com a sentença e anula os que
artigo 166.º mantenham, sem fundamento válido, a situação ilegal.
3 — Quando tal se justifique, o tribunal condena ainda
Artigo 177.º os titulares dos órgãos incumbidos de executar a sentença
ao pagamento de uma sanção pecuniária compulsória,
Tramitação do processo
segundo o disposto no artigo 169.º
1 — Apresentada a petição, é ordenada a notificação 4 — Quando seja devido o pagamento de uma quantia,
da entidade ou entidades requeridas, bem como dos con- o tribunal determina que o pagamento seja realizado no
trainteressados a quem a satisfação da pretensão possa prazo de 30 dias, seguindo-se, em caso de incumprimento,
prejudicar, para contestarem no prazo de 20 dias. os termos do processo executivo para pagamento de quan-
2 — Havendo contestação, o autor é notificado para tia certa.
replicar no prazo de 10 dias. 5 — Quando, estando em causa a prática de um ato
3 — No caso de concordar com a existência de causa administrativo legalmente devido de conteúdo vinculado,
legítima de inexecução apenas invocada na contestação, expire o prazo a que se refere o n.º 1 sem que a Adminis-
o autor pode pedir a fixação da indemnização devida, tração o tenha praticado, pode o interessado requerer ao
seguindo-se os termos prescritos no artigo 166.º tribunal a emissão de sentença que produza os efeitos do
4 — Junta a réplica do autor ou expirado o respetivo ato ilegalmente omitido.
prazo sem que ele tenha manifestado a sua concordância 6 — Quando, estando em causa a prestação de um facto
com a eventual contestação apresentada pela Adminis- infungível, expire o prazo a que se refere o n.º 1 sem que
tração, o tribunal ordena as diligências instrutórias que a Administração tenha cumprido, pode o interessado
considere necessárias, findo o que se segue a abertura requerer ao tribunal a fixação da indemnização que lhe é
de vista simultânea aos juízes-adjuntos, caso se trate de devida, a título de responsabilidade civil pela inexecução
tribunal colegial. ilícita da sentença, seguindo-se os trâmites estabelecidos
5 — O tribunal decide no prazo máximo de 20 dias. no artigo 166.º
8588-(90) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

TÍTULO VIII 30 dias, contado desde a apresentação do requerimento


do interessado.
Tribunais arbitrais e centros de arbitragem 2 — Nas demais pessoas coletivas de direito público,
a competência prevista no número anterior pertence ao
Artigo 180.º presidente do respetivo órgão dirigente.
Tribunal arbitral 3 — No caso das Regiões Autónomas e das autarquias
locais, a competência referida nos números anteriores
1 — Sem prejuízo do disposto em lei especial, pode ser pertence, respetivamente, ao governo regional e ao órgão
constituído tribunal arbitral para o julgamento de: autárquico que desempenha funções executivas.
a) Questões respeitantes a contratos, incluindo a anu-
lação ou declaração de nulidade de atos administrativos Artigo 185.º
relativos à respetiva execução; Limites da arbitragem
b) Questões respeitantes a responsabilidade civil extra-
contratual, incluindo a efetivação do direito de regresso, 1 — Não pode ser objeto de compromisso arbitral a
ou indemnizações devidas nos termos da lei, no âmbito responsabilidade civil por prejuízos decorrentes do exer-
das relações jurídicas administrativas; cício da função política e legislativa ou da função juris-
c) Questões respeitantes à validade de atos administra- dicional.
tivos, salvo determinação legal em contrário; 2 — Nos litígios sobre questões de legalidade, os árbi-
d) Questões respeitantes a relações jurídicas de emprego tros decidem estritamente segundo o direito constituído,
público, quando não estejam em causa direitos indisponí- não podendo pronunciar-se sobre a conveniência ou opor-
veis e quando não resultem de acidente de trabalho ou de tunidade da atuação administrativa, nem julgar segundo
doença profissional. a equidade.

2 — Quando existam contrainteressados, a regularidade Artigo 185.º-A


da constituição de tribunal arbitral depende da sua aceita- Impugnação das decisões arbitrais
ção do compromisso arbitral.
3 — A impugnação de atos administrativos relativos As decisões proferidas pelo tribunal arbitral podem ser
à formação de contratos pode ser objeto de arbitragem, impugnadas nos termos e com os fundamentos estabele-
mediante previsão no programa do procedimento do modo cidos na Lei de Arbitragem Voluntária.
de constituição do tribunal arbitral e do regime processual
a aplicar, que, quando esteja em causa a formação de algum Artigo 185.º-B
dos contratos previstos no artigo 100.º, deve ser estabele-
Publicidade das decisões arbitrais
cido em conformidade com o regime de urgência previsto
no presente Código para o contencioso pré-contratual. As decisões proferidas por tribunais arbitrais transita-
das em julgado são obrigatoriamente publicadas por via
Artigo 181.º informática, em base de dados organizada pelo Ministério
Constituição e funcionamento
da Justiça.
1 — O tribunal arbitral é constituído e funciona nos Artigo 186.º
termos da lei sobre arbitragem voluntária, com as devidas
Impugnação da decisão arbitral
adaptações.
2 — [Revogado]. [Revogado].
Artigo 182.º Artigo 187.º
Direito à outorga de compromisso arbitral Centros de arbitragem
O interessado que pretenda recorrer à arbitragem no 1 — O Estado pode, nos termos da lei, autorizar a ins-
âmbito dos litígios previstos no artigo 180.º pode exigir talação de centros de arbitragem institucionalizada des-
da Administração a celebração de compromisso arbitral, tinados à composição de litígios passíveis de arbitragem
nos casos e termos previstos na lei. nos termos do artigo 180.º, designadamente no âmbito das
seguintes matérias:
Artigo 183.º
a) [Revogada];
Suspensão de prazos b) [Revogada];
A apresentação de requerimento ao abrigo do disposto c) Relações jurídicas de emprego público;
no artigo anterior suspende os prazos de que dependa a d) Sistemas públicos de proteção social;
utilização dos meios processuais próprios da jurisdição e) Urbanismo.
administrativa.
2 — A vinculação de cada ministério à jurisdição de
Artigo 184.º centros de arbitragem depende de portaria do membro do
Governo responsável pela área da justiça e do membro do
Competência para outorgar compromisso arbitral
Governo competente em razão da matéria, que estabelece o
1 — A outorga de compromisso arbitral por parte do tipo e o valor máximo dos litígios abrangidos, conferindo
Estado é objeto de despacho do membro do Governo aos interessados o poder de se dirigirem a esses centros
responsável em razão da matéria, a proferir no prazo de para a resolução de tais litígios.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(91)

3 — Aos centros de arbitragem previstos no n.º 1 podem ANEXO II


ser atribuídas funções de conciliação, mediação ou consulta
Republicação do Estatuto dos Tribunais
no âmbito de procedimentos de impugnação administra- Administrativos e Fiscais
tiva.
(a que se refere o n.º 2 do artigo 14.º)

TÍTULO IX TÍTULO I
Disposições finais e transitórias Tribunais administrativos e fiscais

Artigo 188.º
CAPÍTULO I
Informação anual à Comissão das Comunidades Europeias
Disposições gerais
1 — Até 1 de março de cada ano, o Estado Português
informa a Comissão das Comunidades Europeias sobre Artigo 1.º
os processos principais e cautelares que tenham sido in- Jurisdição administrativa e fiscal
tentados durante o ano anterior, no âmbito do contencioso 1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal
pré-contratual regulado neste Código e relativamente aos são os órgãos de soberania com competência para admi-
quais tenha sido suscitada a questão da violação de dispo- nistrar a justiça em nome do povo, nos litígios compreen-
sições comunitárias, bem como das decisões que tenham didos pelo âmbito de jurisdição previsto no artigo 4.º deste
sido proferidas nesses processos. Estatuto.
2 — A recolha dos elementos a que se refere o número 2 — Nos feitos submetidos a julgamento, os tribunais
da jurisdição administrativa e fiscal não podem aplicar
anterior compete ao serviço do Ministério da Justiça res- normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os
ponsável pelas relações com a União Europeia. princípios nela consignados.

Artigo 189.º Artigo 2.º


Custas Independência

1 — O Estado e as demais entidades públicas estão Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal são
independentes e apenas estão sujeitos à lei e ao Direito.
sujeitos ao pagamento de custas.
2 — O regime das custas na jurisdição administrativa e Artigo 3.º
fiscal é objeto de regulação própria no Código das Custas
Garantias de independência
Judiciais.
1 — Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal são
inamovíveis, não podendo ser transferidos, suspensos,
Artigo 190.º aposentados ou demitidos senão nos casos previstos na lei.
Prazo para os atos judiciais 2 — Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal
podem incorrer em responsabilidade pelas suas decisões
[Revogado]. exclusivamente nos casos previstos na lei.
3 — Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal estão
Artigo 191.º sujeitos às incompatibilidades estabelecidas na Consti-
tuição e na lei e regem-se pelo estatuto dos magistrados
Recurso contencioso de anulação judiciais, nos aspetos não previstos nesta lei.
A partir da data da entrada em vigor deste Código, as
Artigo 4.º
remissões que, em lei especial, são feitas para o regime do
recurso contencioso de anulação de atos administrativos Âmbito da jurisdição

consideram-se feitas para o regime da ação administra- 1 — Compete aos tribunais da jurisdição administrativa
tiva. e fiscal a apreciação de litígios que tenham por objeto
questões relativas a:
Artigo 192.º a) Tutela de direitos fundamentais e outros direitos e
interesses legalmente protegidos, no âmbito de relações
Extensão da aplicabilidade jurídicas administrativas e fiscais;
Sem prejuízo do disposto em lei especial, os processos b) Fiscalização da legalidade das normas e demais atos
jurídicos emanados por órgãos da Administração Pública,
em matéria jurídico-administrativa cuja competência seja
ao abrigo de disposições de direito administrativo ou fiscal;
atribuída a tribunais pertencentes a outra ordem jurisdi- c) Fiscalização da legalidade de atos administrativos
cional regem-se pelo disposto no presente Código, com praticados por quaisquer órgãos do Estado ou das Regi-
as necessárias adaptações. ões Autónomas não integrados na Administração Pública;
8588-(92) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

d) Fiscalização da legalidade das normas e demais atos 4 — Estão igualmente excluídas do âmbito da jurisdição
jurídicos praticados por quaisquer entidades, independente- administrativa e fiscal:
mente da sua natureza, no exercício de poderes públicos;
e) Validade de atos pré-contratuais e interpretação, vali- a) A apreciação das ações de responsabilidade por erro
dade e execução de contratos administrativos ou de quais- judiciário cometido por tribunais pertencentes a outras
quer outros contratos celebrados nos termos da legislação ordens de jurisdição, assim como das correspondentes
sobre contratação pública, por pessoas coletivas de direito ações de regresso;
público ou outras entidades adjudicantes; b) A apreciação de litígios decorrentes de contratos de
f) Responsabilidade civil extracontratual das pessoas trabalho, ainda que uma das partes seja uma pessoa coletiva
coletivas de direito público, incluindo por danos resultantes de direito público, com exceção dos litígios emergentes
do exercício das funções política, legislativa e jurisdicional, do vínculo de emprego público;
sem prejuízo do disposto na alínea a) do n.º 4 do presente c) A apreciação de atos materialmente administrativos
artigo; praticados pelo Conselho Superior da Magistratura e seu
g) Responsabilidade civil extracontratual dos titulares Presidente;
de órgãos, funcionários, agentes, trabalhadores e demais d) A fiscalização de atos materialmente administrati-
servidores públicos, incluindo ações de regresso; vos praticados pelo Presidente do Supremo Tribunal de
h) Responsabilidade civil extracontratual dos demais Justiça.
sujeitos aos quais seja aplicável o regime específico da
responsabilidade do Estado e demais pessoas coletivas Artigo 5.º
de direito público;
i) Condenação à remoção de situações constituídas em Fixação da competência
via de facto, sem título que as legitime; 1 — A competência dos tribunais da jurisdição admi-
j) Relações jurídicas entre pessoas coletivas de direito nistrativa e fiscal fixa-se no momento da propositura da
público ou entre órgãos públicos, reguladas por disposições
causa, sendo irrelevantes as modificações de facto e de
de direito administrativo ou fiscal;
direito que ocorram posteriormente.
k) Prevenção, cessação e reparação de violações a valo-
res e bens constitucionalmente protegidos, em matéria de 2 — Existindo, no mesmo processo, decisões divergen-
saúde pública, habitação, educação, ambiente, ordena- tes sobre questão de competência, prevalece a do tribunal
mento do território, urbanismo, qualidade de vida, patri- de hierarquia superior.
mónio cultural e bens do Estado, quando cometidas por
entidades públicas; Artigo 6.º
l) Impugnações judiciais de decisões da Administração
Pública que apliquem coimas no âmbito do ilícito de mera Alçada
ordenação social por violação de normas de direito admi- 1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal
nistrativo em matéria de urbanismo; têm alçada.
m) Contencioso eleitoral relativo a órgãos de pessoas 2 — A alçada dos tribunais tributários corresponde a um
coletivas de direito público para que não seja competente quarto da que se encontra estabelecida para os tribunais
outro tribunal;
judiciais de 1.ª instância.
n) Execução da satisfação de obrigações ou respeito
3 — A alçada dos tribunais administrativos de círculo
por limitações decorrentes de atos administrativos que não
possam ser impostos coercivamente pela Administração; corresponde àquela que se encontra estabelecida para os
o) Relações jurídicas administrativas e fiscais que não tribunais judiciais de 1.ª instância.
digam respeito às matérias previstas nas alíneas anteriores. 4 — A alçada dos tribunais centrais administrativos
corresponde à que se encontra estabelecida para os tribu-
2 — Pertence à jurisdição administrativa e fiscal a com- nais da Relação.
petência para dirimir os litígios nos quais devam ser con- 5 — Nos processos em que exerçam competências de
juntamente demandadas entidades públicas e particulares 1.ª instância, a alçada dos tribunais centrais administrativos
entre si ligados por vínculos jurídicos de solidariedade, e do Supremo Tribunal Administrativo corresponde, para
designadamente por terem concorrido em conjunto para a cada uma das suas secções, respetivamente à dos tribunais
produção dos mesmos danos ou por terem celebrado entre administrativos de círculo e à dos tribunais tributários.
si contrato de seguro de responsabilidade. 6 — A admissibilidade dos recursos por efeito das alça-
3 — Está nomeadamente excluída do âmbito da juris- das é regulada pela lei em vigor ao tempo em que seja
dição administrativa e fiscal a apreciação de litígios que instaurada a ação.
tenham por objeto a impugnação de:
a) Atos praticados no exercício da função política e Artigo 7.º
legislativa; Direito subsidiário
b) Decisões jurisdicionais proferidas por tribunais não
integrados na jurisdição administrativa e fiscal; No que não esteja especialmente regulado, são subsi-
c) Atos relativos ao inquérito e instrução criminais, diariamente aplicáveis aos tribunais da jurisdição adminis-
ao exercício da ação penal e à execução das respetivas trativa e fiscal, com as devidas adaptações, as disposições
decisões. relativas aos tribunais judiciais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(93)

CAPÍTULO II c) Juízo de grande instância tributária.


Organização e funcionamento dos tribunais 3 — Aos juízos de competência especializada tributária
administrativos e fiscais
pode ser atribuída, por decreto-lei, jurisdição alargada em
função da complexidade e do volume de serviço.
Artigo 8.º
4 — Podem ser criados juízos de média e pequena ins-
Órgãos da jurisdição administrativa e fiscal tância tributária, quando o volume do serviço o aconse-
São órgãos da jurisdição administrativa e fiscal: lhar.
5 — Podem ainda ser criados, por decreto-lei, secções
a) O Supremo Tribunal Administrativo; especializadas em função da matéria ou valor das ações,
b) Os tribunais centrais administrativos; nos tribunais superiores.
c) Os tribunais administrativos de círculo e os tribunais
tributários. Artigo 10.º
Artigo 9.º Turnos

Constituição, desdobramento e agregação A existência e organização de turnos de juízes para asse-


dos tribunais administrativos gurar o serviço urgente rege-se, com as devidas adaptações,
pelo disposto na lei a respeito dos tribunais judiciais.
1 — Os tribunais administrativos de círculo podem ser
desdobrados em juízos e estes podem funcionar em local
diferente da sede, dentro da respetiva área de jurisdição. CAPÍTULO III
2 — Os tribunais administrativos de círculo e os tribu-
nais tributários podem também funcionar de modo agre- Supremo Tribunal Administrativo
gado, assumindo, cada um deles, a designação de tribunal
administrativo e fiscal. SECÇÃO I
3 — O desdobramento ou agregação previstos nos
números anteriores são determinados por portaria do Disposições gerais
Ministro da Justiça, sob proposta do Conselho Superior
dos Tribunais Administrativos e Fiscais. Artigo 11.º
4 — Os presidentes dos tribunais administrativos de cír- Sede, jurisdição e funcionamento
culo são nomeados pelo Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais, para um mandato de três anos, 1 — O Supremo Tribunal Administrativo é o órgão
que pode ser renovado por uma só vez, mediante avalia- superior da hierarquia dos tribunais da jurisdição admi-
ção favorável, resultante de auditoria sobre os termos em nistrativa e fiscal.
que foram exercidos os poderes de gestão do movimento 2 — O Supremo Tribunal Administrativo tem sede em
processual do tribunal, a realizar por entidade externa, Lisboa e jurisdição em todo o território nacional.
designada para o efeito pelo Conselho Superior dos Tri-
bunais Administrativos e Fiscais. Artigo 12.º
5 — A nomeação a que se refere o número anterior, para
Funcionamento e poderes de cognição
o exercício de funções de presidente dos tribunais admi-
nistrativos de círculo com mais de três juízes, pressupõe 1 — O Supremo Tribunal Administrativo funciona por
habilitação prévia com curso de formação próprio minis- secções e em plenário.
trado pelo Centro de Estudos Judiciários, com identificação 2 — O Supremo Tribunal Administrativo compreende
das respetivas áreas de competência, nos termos a definir duas secções, uma de contencioso administrativo e outra
por portaria do membro do Governo responsável pela área de contencioso tributário, que funcionam em formação de
da justiça, que aprova o respetivo regulamento. três juízes ou em pleno.
6 — No caso previsto no n.º 3, o tribunal administra- 3 — O plenário e o pleno de cada secção apenas conhe-
tivo e fiscal dispõe de um único presidente, designado cem de matéria de direito.
pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e 4 — A Secção de Contencioso Administrativo conhece
Fiscais. apenas de matéria de direito nos recursos de revista.
7 — Mediante decreto-lei, podem ser criadas secções 5 — A Secção de Contencioso Tributário conhece ape-
especializadas ou tribunais especializados. nas de matéria de direito nos recursos diretamente interpos-
tos de decisões proferidas pelos tribunais tributários.
Artigo 9.º-A
Desdobramento dos tribunais tributários Artigo 13.º
1 — Os tribunais tributários podem ser desdobrados, Presidência
por decreto-lei, quando o volume ou a complexidade do 1 — O Supremo Tribunal Administrativo tem um pre-
serviço o justifiquem, em juízos especializados e estes sidente, que é coadjuvado por dois vice-presidentes, elei-
podem funcionar em local diferente da sede, dentro da tos de modo e por períodos idênticos aos previstos para
respetiva área de jurisdição. aquele.
2 — Podem ser criados os seguintes juízos de compe- 2 — Um vice-presidente é eleito de entre e pelos juízes
tência especializada tributária: da Secção de Contencioso Administrativo, sendo o outro
a) Juízo de pequena instância tributária; vice-presidente eleito de entre e pelos juízes da Secção de
b) Juízo de média instância tributária; Contencioso Tributário.
8588-(94) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

Artigo 14.º no julgamento no Pleno os juízes que tenham votado a


Composição das secções
decisão recorrida.
5 — As decisões são tomadas em conferência.
1 — Cada Secção do Supremo Tribunal Administrativo 6 — Nos processos da competência do Pleno da Secção,
é composta pelo presidente do Tribunal, pelo respetivo vice- dos despachos do relator que versem apenas sobre ques-
-presidente e pelos restantes juízes para ela nomeados. tões processuais e não ponham termo ao processo cabe
2 — Cada uma das secções pode dividir-se por sub- reclamação para uma formação de cinco juízes, designados
secções, às quais se aplica o disposto para a secção res- anualmente de entre os mais antigos pelo Presidente do
petiva. Tribunal.

Artigo 15.º Artigo 18.º


Preenchimento das Secções Adjuntos

1 — Os juízes são nomeados para cada uma das secções 1 — Entre os juízes que integram cada formação de jul-
e distribuídos pelas subsecções respetivas, se as houver. gamento deve existir uma diferença de três posições quanto
2 — O Presidente do Tribunal pode determinar que ao lugar que lhes corresponde na escala da distribuição
um juiz seja agregado a outra secção, a fim de acorrer no Tribunal ou na secção, sendo a contagem dos lugares
a necessidades temporárias de serviço, com ou sem dis- realizada a partir da posição que corresponde ao relator.
pensa ou redução do serviço da secção de que faça parte, 2 — Cada adjunto é substituído, em caso de falta ou
conforme os casos. impedimento, pelo juiz que imediatamente se lhe segue.
3 — A agregação pode ser determinada para o exer-
cício integral de funções ou apenas para as de relator ou Artigo 19.º
de adjunto. Eleição do Presidente e dos vice-presidentes
4 — O juiz que mude de secção mantém a sua compe-
tência nos processos já inscritos para julgamento em que 1 — O Presidente do Supremo Tribunal Administrativo
seja relator e naqueles em que, como adjunto, já tenha é eleito, por escrutínio secreto, pelos juízes em exercício
aposto o seu visto para julgamento. efetivo de funções no Tribunal.
2 — Os vice-presidentes são eleitos, por escrutínio
Artigo 16.º secreto, pelos juízes que exerçam funções na secção respe-
tiva e de entre os que se encontrem nas condições referidas
Sessões de julgamento no número anterior.
1 — As sessões de julgamento realizam-se nos mesmos 3 — É eleito o juiz que obtenha mais de metade dos
termos e condições que no Supremo Tribunal de Justiça, votos validamente expressos e, se nenhum obtiver esse
sendo aplicável, com as devidas adaptações, o disposto número de votos, procede-se a segunda votação, apenas
entre os dois juízes mais votados.
quanto a este Tribunal.
4 — Em caso de empate, são admitidos a segundo sufrá-
2 — O Presidente do Supremo Tribunal Administrativo
gio os dois juízes mais antigos que tenham sido mais vota-
pode determinar que em certas sessões de julgamento
dos e, verificando-se novo empate, considera-se eleito o
intervenham todos os juízes da secção, quando o considere juiz mais antigo.
necessário ou conveniente para assegurar a uniformidade
da jurisprudência. Artigo 20.º
3 — Na falta ou impedimento do Presidente e dos vice-
-presidentes, a presidência das sessões é assegurada pelo Duração do mandato
juiz mais antigo que se encontre presente. 1 — O mandato do Presidente e dos vice-presidentes do
4 — Quando esteja em causa a impugnação de delibe- Supremo Tribunal Administrativo tem a duração de cinco
ração do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos anos, sem lugar a reeleição.
e Fiscais ou decisão do seu Presidente, a sessão realiza- 2 — O Presidente e os vice-presidentes mantêm-se em
-se sem a presença do Presidente do Supremo Tribunal funções até à tomada de posse dos novos eleitos.
Administrativo, sendo presidida pelo mais antigo dos vice-
-presidentes que não seja membro do Conselho Superior Artigo 21.º
dos Tribunais Administrativos e Fiscais ou pelo juiz mais
antigo que se encontre presente. Substituição do Presidente e dos vice-presidentes
1 — O Presidente é substituído pelo vice-presidente
Artigo 17.º mais antigo.
Formações de julgamento 2 — Na ausência, falta ou impedimento do Presidente
e dos vice-presidentes, a substituição cabe ao juiz mais
1 — O julgamento em cada secção compete ao relator antigo no Tribunal.
e a dois juízes.
2 — O julgamento no pleno compete ao relator e aos Artigo 22.º
demais juízes em exercício na secção.
Gabinete do Presidente
3 — O pleno da secção só pode funcionar com a pre-
sença de, pelo menos, dois terços dos juízes. 1 — Junto do Presidente funciona um gabinete diri-
4 — Salvo no caso de recurso para a uniformização de gido por um chefe de gabinete e composto por adjuntos e
jurisprudência ou quando tal seja necessário à observân- secretários pessoais, em número e com estatuto definidos
cia do disposto no número anterior, não podem intervir na lei.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(95)

2 — O Gabinete coadjuva o Presidente no exercício SECÇÃO II


das suas funções administrativas e presta-lhe assessoria Secção de Contencioso Administrativo
técnica.
Artigo 24.º
Artigo 23.º
Competência da Secção de Contencioso Administrativo
Competência do Presidente
1 — Compete à Secção de Contencioso Administrativo
1 — Compete ao Presidente do Supremo Tribunal Ad- do Supremo Tribunal Administrativo conhecer:
ministrativo:
a) Dos processos em matéria administrativa relativos a
a) Representar o Tribunal e assegurar as suas relações ações ou omissões das seguintes entidades:
com os demais órgãos de soberania e quaisquer autori-
dades; i) Presidente da República;
ii) Assembleia da República e seu Presidente;
b) Dirigir o Tribunal, superintender nos seus serviços e
iii) Conselho de Ministros;
assegurar o seu funcionamento normal, emitindo as ordens
iv) Primeiro-Ministro;
de serviço que tenha por necessárias;
v) Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal Adminis-
c) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Adminis-
trativo, Tribunal de Contas, Tribunais Centrais Adminis-
trativos e Fiscais os critérios que devem presidir à distri- trativos, assim como dos respetivos Presidentes;
buição, no respeito pelo princípio do juiz natural; vi) Conselho Superior de Defesa Nacional;
d) Planear e organizar os recursos humanos do Tribunal, vii) Conselho Superior dos Tribunais Administrativos
assegurando uma equitativa distribuição de processos pelos e Fiscais e seu Presidente;
juízes e o acompanhamento do seu trabalho; viii) Procurador-Geral da República;
e) Providenciar pela redistribuição equitativa dos pro- ix) Conselho Superior do Ministério Público;
cessos, no caso de alteração do número de juízes;
f) Determinar os casos em que, por razões de unifor- b) Dos processos relativos a eleições previstas nesta lei;
mização de jurisprudência, no julgamento devem intervir c) Dos pedidos de adoção de providências cautelares
todos os juízes da secção; relativos a processos da sua competência;
g) Fixar o dia e a hora das sessões; d) Dos pedidos relativos à execução das suas decisões;
h) Presidir às sessões e apurar o vencimento nas con- e) Dos pedidos cumulados nos processos referidos na
ferências; alínea a);
i) Votar as decisões, em caso de empate; f) Das ações de regresso, fundadas em responsabilidade
j) Assegurar o andamento dos processos no respeito por danos resultantes do exercício das suas funções, pro-
pelos prazos estabelecidos, podendo determinar a subs- postas contra juízes do Supremo Tribunal Administrativo
tituição provisória do relator, por redistribuição, em caso e dos tribunais centrais administrativos e magistrados do
de impedimento prolongado; Ministério Público que exerçam funções junto destes tri-
l) Dar posse aos juízes do Supremo Tribunal Admi- bunais, ou equiparados;
nistrativo e aos presidentes dos tribunais centrais admi- g) Dos recursos dos acórdãos que aos tribunais cen-
nistrativos; trais administrativos caiba proferir em primeiro grau de
m) Solicitar o suprimento de necessidades de resposta jurisdição;
adicional através do recurso à bolsa de juízes; h) Dos conflitos de competência entre tribunais admi-
n) Estabelecer a forma mais equitativa de intervenção nistrativos;
dos juízes-adjuntos; i) De outros processos cuja apreciação lhe seja deferida
o) Agregar transitoriamente a uma secção juízes de outra por lei.
secção, a fim de acorrerem a necessidades temporárias de
2 — Compete ainda à Secção de Contencioso Admi-
serviço;
nistrativo do Supremo Tribunal Administrativo conhecer
p) Fixar os turnos de juízes;
dos recursos de revista sobre matéria de direito interpostos
q) Exercer a ação disciplinar sobre os funcionários de
de acórdãos da Secção de Contencioso Administrativo
justiça em serviço no Tribunal, relativamente a penas de dos tribunais centrais administrativos e de decisões dos
gravidade inferior à de multa; tribunais administrativos de círculo, segundo o disposto
r) Dar posse ao secretário do Tribunal; na lei de processo.
s) Elaborar um relatório anual sobre o estado dos ser-
viços;
t) Exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas Artigo 25.º
por lei. Competência do pleno da Secção

2 — O Presidente pode delegar nos vice-presidentes 1 — Compete ao pleno da Secção de Contencioso Admi-
a competência para a prática de determinados atos ou nistrativo do Supremo Tribunal Administrativo conhecer:
sobre certas matérias e para presidir às sessões do pleno a) Dos recursos de acórdãos proferidos pela Secção em
da secção e no secretário do Tribunal a competência para 1.º grau de jurisdição;
a correção dos processos. b) Dos recursos para uniformização de jurisprudência.
8588-(96) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

2 — Compete ainda ao pleno da Secção de Conten- Artigo 29.º


cioso Administrativo do Supremo Tribunal Administrativo Competência
pronunciar-se, nos termos estabelecidos na lei de processo,
relativamente ao sentido em que deve ser resolvida, por Compete ao Plenário do Supremo Tribunal Administra-
um tribunal administrativo de círculo, questão de direito tivo conhecer dos conflitos de competência entre tribunais
nova que suscite dificuldades sérias e se possa vir a colocar administrativos de círculo e tribunais tributários ou entre as
noutros litígios. Secções de Contencioso Administrativo e de Contencioso
Tributário.

SECÇÃO III Artigo 30.º


Secção de Contencioso Tributário Funcionamento
1 — O plenário só pode funcionar com a presença de,
Artigo 26.º pelo menos, quatro quintos dos juízes que devam intervir
Competência da Secção de Contencioso Tributário na conferência, com arredondamento por defeito.
2 — A distribuição dos processos é feita entre os juízes,
Compete à Secção de Contencioso Tributário do Su- incluindo os vice-presidentes.
premo Tribunal Administrativo conhecer: 3 — Não podem intervir os juízes que tenham votado
a) Dos recursos dos acórdãos da Secção de Contencioso as decisões em conflito, sendo nesse caso chamado, para
Tributário dos tribunais centrais administrativos, proferidos completar a formação de julgamento, o juiz que, na res-
petiva secção, se siga ao último juiz com intervenção no
em 1.º grau de jurisdição;
plenário.
b) Dos recursos interpostos de decisões dos tribunais
tributários com exclusivo fundamento em matéria de
direito; CAPÍTULO IV
c) Dos recursos de atos administrativos do Conselho de
Tribunais centrais administrativos
Ministros respeitantes a questões fiscais;
d) Dos requerimentos de adoção de providências caute-
lares respeitantes a processos da sua competência; SECÇÃO I
e) Dos pedidos relativos à execução das suas decisões; Disposições gerais
f) Dos pedidos de produção antecipada de prova, for-
mulados em processo nela pendente; Artigo 31.º
g) Dos conflitos de competência entre tribunais tribu-
Sede, jurisdição e poderes de cognição
tários;
h) De outras matérias que lhe sejam deferidas por lei. 1 — São tribunais centrais administrativos o Tribunal
Central Administrativo Sul, com sede em Lisboa, e o Tri-
bunal Central Administrativo Norte, com sede no Porto.
Artigo 27.º 2 — As áreas de jurisdição dos tribunais centrais admi-
Competência do pleno da Secção nistrativos são determinadas por decreto-lei.
3 — Os tribunais centrais administrativos conhecem de
1 — Compete ao pleno da Secção de Contencioso Tri- matéria de facto e de direito.
butário do Supremo Tribunal Administrativo conhecer: 4 — Os tribunais centrais administrativos são declara-
dos instalados por portaria do Ministro da Justiça, que fixa
a) Dos recursos de acórdãos proferidos pela Secção em
os respetivos quadros.
1.º grau de jurisdição;
b) Dos recursos para uniformização de jurisprudência. Artigo 32.º
2 — Compete ainda ao pleno da Secção de Contencioso Organização
Tributário do Supremo Tribunal Administrativo pronunciar- 1 — Cada tribunal central administrativo compreende
-se, nos termos estabelecidos na lei de processo, relativa- duas secções, uma de contencioso administrativo e outra
mente ao sentido em que deve ser resolvida, por um tribunal de contencioso tributário.
tributário, questão de direito nova que suscite dificuldades 2 — Cada uma das secções pode dividir-se por sub-
sérias e se possa vir a colocar noutros litígios. secções, às quais se aplica o disposto para a secção res-
petiva.

SECÇÃO IV Artigo 33.º


Plenário Presidência dos tribunais centrais administrativos
1 — Cada tribunal central administrativo tem um pre-
Artigo 28.º sidente, coadjuvado por dois vice-presidentes, um por
Composição cada secção.
2 — Salvo se não existirem juízes com essa categoria,
O plenário do Supremo Tribunal Administrativo é com- os presidentes dos tribunais centrais administrativos são
posto pelo Presidente, pelos vice-presidentes e pelos três eleitos de entre os juízes com a categoria de conselheiro
juízes mais antigos de cada uma das secções. que exerçam funções no tribunal.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(97)

3 — À eleição do presidente e dos vice-presidentes são tituição provisória do relator, por redistribuição, em caso
aplicáveis, com as necessárias adaptações, as disposições de impedimento prolongado;
estabelecidas para idênticos cargos no Supremo Tribunal m) Solicitar o suprimento de necessidades de resposta
Administrativo. adicional através do recurso à bolsa de juízes;
4 — O mandato do presidente e dos vice-presidentes n) Estabelecer a forma mais equitativa de intervenção
dos tribunais centrais administrativos tem a duração de dos juízes-adjuntos;
cinco anos, não sendo permitida a reeleição. o) Agregar transitoriamente a uma secção juízes de outra
5 — A substituição do presidente é assegurada pelos secção, a fim de acorrerem a necessidades temporárias de
vice-presidentes, a começar pelo mais antigo. serviço;
6 — Os vice-presidentes substituem-se reciprocamente p) Fixar os turnos de juízes;
e a substituição destes cabe ao juiz mais antigo da respe- q) Exercer a ação disciplinar sobre os funcionários de
tiva secção. justiça em serviço no tribunal, relativamente a penas de
gravidade inferior à de multa;
Artigo 34.º r) Dar posse ao secretário do tribunal;
Composição, preenchimento das secções e regime das sessões s) Elaborar um relatório anual sobre o estado dos ser-
viços;
1 — As secções dos tribunais centrais administrati- t) Exercer as demais funções que lhe sejam atribuídas
vos são compostas pelo presidente do tribunal, pelo vice- por lei.
-presidente respetivo e pelos restantes juízes.
2 — São aplicáveis aos tribunais centrais administrati-
2 — O presidente é apoiado administrativamente por
vos, com as necessárias adaptações, as disposições esta-
um secretário pessoal, nos termos a fixar em diploma
belecidas para o Supremo Tribunal Administrativo quanto
ao preenchimento das secções e ao regime das sessões de complementar.
julgamento. 3 — O presidente pode delegar nos vice-presidentes a
competência para a prática de determinados atos ou sobre
Artigo 35.º certas matérias e no secretário do tribunal a competência
para a correção dos processos.
Formação de julgamento
1 — O julgamento em cada secção compete ao relator SECÇÃO II
e a dois outros juízes.
2 — As decisões são tomadas em conferência. Secção de Contencioso Administrativo
3 — É aplicável aos adjuntos o disposto no artigo 18.º
Artigo 37.º
Artigo 36.º Competência da Secção de Contencioso Administrativo
Competência dos presidentes dos tribunais Compete à Secção de Contencioso Administrativo de
centrais administrativos
cada tribunal central administrativo conhecer:
1 — Compete ao presidente de cada tribunal central
a) Dos recursos das decisões dos tribunais adminis-
administrativo:
trativos de círculo para os quais não seja competente o
a) Representar o tribunal e assegurar as relações deste Supremo Tribunal Administrativo, segundo o disposto na
com os demais órgãos de soberania e quaisquer autori- lei de processo;
dades; b) Dos recursos de decisões proferidas por tribunal
b) Dirigir o tribunal, superintender nos seus serviços e arbitral sobre matérias de contencioso administrativo, salvo
assegurar o seu funcionamento normal, emitindo as ordens o disposto em lei especial;
de serviço que tenha por necessárias; c) Das ações de regresso, fundadas em responsabili-
c) Nomear, no âmbito do contencioso administrativo, os dade por danos resultantes do exercício das suas funções,
árbitros que, segundo a lei de arbitragem voluntária, são propostas contra juízes dos tribunais administrativos de
designados pelo presidente do tribunal da Relação; círculo e dos tribunais tributários, bem como dos magis-
d) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Adminis- trados do Ministério Público que prestem serviço junto
trativos e Fiscais os critérios que devem presidir à distri- desses tribunais;
buição, no respeito pelo princípio do juiz natural; d) Dos demais processos que por lei sejam submetidos
e) Planear e organizar os recursos humanos do tribunal, ao seu julgamento.
assegurando uma equitativa distribuição de processos pelos
juízes e o acompanhamento do seu trabalho;
f) Providenciar pela redistribuição equitativa dos pro- SECÇÃO III
cessos, no caso de alteração do número de juízes; Secção de Contencioso Tributário
g) Determinar os casos em que, por razões de unifor-
mização de jurisprudência, no julgamento devem intervir Artigo 38.º
todos os juízes da secção;
h) Fixar o dia e a hora das sessões; Competência da Secção de Contencioso Tributário
i) Presidir às sessões e apurar o vencimento nas con- Compete à Secção de Contencioso Tributário de cada
ferências; tribunal central administrativo conhecer:
j) Votar as decisões em caso de empate;
l) Assegurar o andamento dos processos no respeito a) Dos recursos de decisões dos tribunais tributários,
pelos prazos estabelecidos, podendo determinar a subs- salvo o disposto na alínea b) do artigo 26.º;
8588-(98) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

b) Dos recursos de atos administrativos respeitantes a dade de substituição nos termos do número anterior, a
questões fiscais praticados por membros do Governo; substituição defere-se, sucessivamente, ao juiz do tribunal
c) Dos pedidos de declaração de ilegalidade de normas judicial, ao conservador do registo predial, ao conservador
administrativas de âmbito nacional, emitidas em matéria do registo comercial ou ao conservador do registo civil
fiscal; em serviço nos tribunais ou conservatórias sediados na
d) Dos pedidos de adoção de providências cautelares mesma localidade.
relativos a processos da sua competência;
e) Dos pedidos de execução das suas decisões; Artigo 43.º
f) Dos pedidos de produção antecipada de prova formu-
lados em processo nela pendente; Presidente do tribunal
g) Dos demais meios processuais que por lei sejam 1 — Os presidentes dos tribunais administrativos de cír-
submetidos ao seu julgamento. culo são nomeados pelo Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais para um mandato de três anos.
CAPÍTULO V 2 — O mandato pode ser renovado uma vez, mediante
avaliação favorável, resultante de auditoria sobre os
Tribunais administrativos de círculo moldes em que foram exercidos os poderes de gestão do
movimento processual do tribunal, a realizar por entidade
Artigo 39.º externa, designada para o efeito pelo Conselho Superior
Sede, área de jurisdição e instalação dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
3 — Os presidentes dos tribunais administrativos de
1 — A sede dos tribunais administrativos de círculo
círculo com mais de três juízes são nomeados em comissão
e as respetivas áreas de jurisdição são determinadas por
decreto-lei. de serviço, que não dá lugar à abertura de vaga, de entre
2 — O número de juízes em cada tribunal administrativo juízes que:
de círculo é fixado por portaria do Ministro da Justiça. a) Exerçam funções efetivas como juízes desembar-
3 — Os tribunais administrativos de círculo são decla- gadores e possuam classificação não inferior a Bom com
rados instalados por portaria do Ministro da Justiça. distinção; ou
b) Exerçam funções efetivas como juízes de Direito e
Artigo 40.º possuam 10 anos de serviço efetivo nos tribunais admi-
Funcionamento nistrativos e classificação não inferior a Bom com dis-
tinção.
1 — Exceto nos casos em que a lei processual admi-
nistrativa preveja o julgamento em formação alargada, os
4 — A nomeação para o exercício das funções de pre-
tribunais administrativos de círculo funcionam apenas com
juiz singular, a cada juiz competindo a decisão, de facto e sidente em tribunais administrativos de círculo com mais
de direito, dos processos que lhe sejam distribuídos. de três juízes pressupõe a habilitação prévia com curso
2 — [Revogado]. de formação próprio, o qual inclui as seguintes áreas de
3 — [Revogado]. competências:
a) Organização e atividade administrativa;
Artigo 41.º b) Organização do sistema judicial e administração do
Intervenção de todos os juízes do tribunal tribunal;
c) Gestão do tribunal e gestão processual;
1 — Quando à sua apreciação se coloque uma questão d) Simplificação e agilização processuais;
de direito nova que suscite dificuldades sérias e se possa e) Avaliação e planeamento;
vir a colocar noutros litígios, pode o presidente do tribunal
f) Gestão de recursos humanos e liderança;
determinar que o julgamento se faça com a intervenção
de todos os juízes do tribunal, sendo o quórum de dois g) Gestão dos recursos orçamentais, materiais e tec-
terços. nológicos;
2 — O procedimento previsto no número anterior tem h) Informação e conhecimento;
obrigatoriamente lugar quando esteja em causa uma situ- i) Qualidade, inovação e modernização.
ação de seleção de processos com andamento prioritário,
nos termos previstos na lei de processo. 5 — O curso de formação a que se refere o número
anterior é ministrado pelo Centro de Estudos Judiciários
Artigo 42.º com a colaboração de outras entidades formadoras, nos
termos definidos por portaria do membro do Governo
Substituição dos juízes
responsável pela área da justiça, que aprova o respetivo
1 — Os juízes são substituídos pelo que imediatamente regulamento.
se lhes segue na ordem de antiguidade em cada tribunal.
2 — Quando não se possa efetuar segundo o disposto Artigo 43.º-A
no número anterior, designadamente para a formação de Competência do presidente do tribunal
coletivos em tribunais com reduzido número de juízes,
a substituição defere-se a juízes de qualquer dos outros 1 — Sem prejuízo da autonomia do Ministério Público e
tribunais administrativos e tributários. do poder de delegação, o presidente do tribunal administra-
3 — Nos tribunais localizados nas Regiões Autónomas tivo de círculo possui poderes de representação e direção,
dos Açores e da Madeira, verificando-se a impossibili- de gestão processual, administrativas e funcionais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(99)

2 — O presidente do tribunal possui os seguintes pode- d) Promover a aplicação de medidas de simplificação


res de representação e direção: e agilização processuais, designadamente determinando
a) Representar e dirigir o tribunal; os casos em que, para uniformização de jurisprudência,
b) Acompanhar a realização dos objetivos fixados para devem intervir no julgamento todos os juízes do tribunal,
os serviços do tribunal por parte dos funcionários; presidindo às respetivas sessões e votando as decisões em
c) Promover a realização de reuniões de planeamento e caso de empate;
de avaliação dos resultados do tribunal, com a participação e) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Adminis-
dos juízes e funcionários; trativos e Fiscais a especialização de secções;
d) Adotar ou propor às entidades competentes medidas, f) Propor ao Conselho Superior dos Tribunais Adminis-
nomeadamente, de desburocratização, simplificação de trativos e Fiscais a reafetação dos juízes, tendo em vista
procedimentos, utilização das tecnologias de informação uma distribuição racional e eficiente do serviço;
e transparência do sistema de justiça; g) Proceder à reafetação de funcionários, dentro dos
e) Ser ouvido pelo Conselho Superior dos Tribunais limites legalmente definidos;
Administrativos e Fiscais, sempre que seja ponderada a h) Solicitar o suprimento de necessidades de resposta
realização de sindicâncias relativamente ao tribunal; adicional, nomeadamente através do recurso ao quadro
f) Ser ouvido pelo Conselho dos Oficiais de Justiça, complementar de juízes.
sempre que seja ponderada a realização de inspeções
extraordinárias quanto aos funcionários do tribunal ou de 5 — O presidente do tribunal possui as seguintes com-
sindicâncias relativamente às respetivas secretarias; petências administrativas:
g) Elaborar, para apresentação ao Conselho Superior dos a) Elaborar o projeto de orçamento;
Tribunais Administrativos e Fiscais, um relatório semes- b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de atividades
tral sobre o estado dos serviços e a qualidade da resposta, e relatórios de atividades;
dando conhecimento do mesmo à Procuradoria-Geral da c) Elaborar os regulamentos internos do tribunal;
República e à Direção-Geral da Administração da Justiça d) Propor as alterações orçamentais consideradas ade-
(DGAJ). quadas;
e) Participar na conceção e execução das medidas de
3 — O presidente do tribunal possui as seguintes com- organização e modernização dos tribunais;
petências funcionais: f) Planear as necessidades de recursos humanos.
a) Dar posse aos juízes e funcionários;
b) Elaborar os mapas e turnos de férias dos juízes e 6 — O presidente exerce ainda as competências que lhe
submetê-los a aprovação do Conselho Superior dos Tri- forem delegadas pelo Conselho Superior dos Tribunais
bunais Administrativos e Fiscais; Administrativos e Fiscais.
c) Autorizar o gozo de férias dos funcionários e aprovar 7 — As competências referidas no n.º 5 são exercidas
os respetivos mapas anuais; por delegação do presidente, sem prejuízo do poder de
d) Exercer a ação disciplinar sobre os funcionários em avocação e de recurso.
serviço no tribunal, relativamente a pena de gravidade 8 — Dos atos administrativos praticados ao abrigo dos
inferior à de multa e, nos restantes casos, instaurar processo n.os 3 e 4 cabe recurso necessário, no prazo de 20 dias,
disciplinar, se a infração ocorrer no respetivo tribunal; para o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos
e) Nomear um juiz substituto, em caso de impedimento e Fiscais.
do substituto legal. 9 — Para efeitos do acompanhamento da atividade do
tribunal, incluindo os elementos relativos à duração dos
4 — O presidente do tribunal possui as seguintes com- processos e à produtividade, são disponibilizados dados
petências de gestão processual: informatizados do sistema judicial, no respeito pela pro-
teção dos dados pessoais.
a) Implementar métodos de trabalho e objetivos men-
suráveis para cada unidade orgânica, sem prejuízo das
competências e atribuições nessa matéria por parte do Artigo 44.º
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, Competência dos tribunais administrativos de círculo
designadamente na fixação dos indicadores do volume
processual adequado; 1 — Compete aos tribunais administrativos de círculo
b) Acompanhar e avaliar a atividade do tribunal, nomea- conhecer, em primeira instância, de todos os processos
damente a qualidade do serviço de justiça prestado aos do âmbito da jurisdição administrativa e fiscal que in-
cidadãos; cidam sobre matéria administrativa e cuja competência,
c) Acompanhar o movimento processual do tribunal, em primeiro grau de jurisdição, não esteja reservada aos
designadamente assegurando uma equitativa distribuição tribunais superiores.
de processos pelos juízes e identificando os processos 2 — Compete ainda aos tribunais administrativos de
pendentes por tempo considerado excessivo ou que não círculo satisfazer as diligências pedidas por carta, ofício
são resolvidos em prazo considerado razoável, e informar o ou outros meios de comunicação que lhes sejam dirigidos
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, por outros tribunais administrativos.
propondo as medidas que se justifiquem, designadamente 3 — Os agentes de execução desempenham as suas
o suprimento de necessidades de resposta adicional através funções nas execuções que sejam da competência dos
do recurso à bolsa de juízes; tribunais administrativos.
8588-(100) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

CAPÍTULO VI Artigo 49.º


Tribunais tributários Competência dos tribunais tributários

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, com-


Artigo 45.º pete aos tribunais tributários conhecer:
Sede, área de jurisdição e instalação
a) Das ações de impugnação:
1 — A sede dos tribunais tributários, e as respetivas
i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais estaduais,
áreas de jurisdição, são determinadas por decreto-lei.
regionais ou locais, e parafiscais, incluindo o indeferimento
2 — O número de juízes em cada tribunal tributário é
total ou parcial de reclamações desses atos;
fixado por portaria do Ministro da Justiça.
ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais e dos
3 — Os tribunais tributários são declarados instalados
atos de determinação de matéria tributável suscetíveis de
por portaria do Ministro da Justiça.
impugnação judicial autónoma;
iii) Dos atos praticados pela entidade competente nos
Artigo 46.º processos de execução fiscal;
Funcionamento iv) Dos atos administrativos respeitantes a questões
fiscais que não sejam atribuídos à competência de outros
1 — Os tribunais tributários funcionam com juiz sin- tribunais;
gular, a cada juiz competindo o julgamento, de facto e de
direito, dos processos que lhe sejam distribuídos. b) Da impugnação de decisões de aplicação de coimas
2 — Quando à sua apreciação se coloque uma questão e sanções acessórias em matéria fiscal;
de direito nova que suscite dificuldades sérias e se possa c) Das ações destinadas a obter o reconhecimento de
vir a colocar noutros litígios, pode o presidente do tribunal direitos ou interesses legalmente protegidos em matéria
determinar que o julgamento se faça com a intervenção fiscal;
de todos os juízes do tribunal, sendo o quórum de dois d) Dos incidentes, embargos de terceiro, reclamação da
terços. verificação e graduação de créditos, anulação da venda,
3 — O procedimento previsto no número anterior tem oposições e impugnação de atos lesivos, bem como de
obrigatoriamente lugar quando esteja em causa uma situ- todas as questões relativas à legitimidade dos responsá-
ação de processos com andamento prioritário, nos termos veis subsidiários, levantadas nos processos de execução
previstos na lei de processo. fiscal;
e) Dos seguintes pedidos:
Artigo 47.º
i) De declaração da ilegalidade de normas administra-
Substituição dos juízes tivas de âmbito regional ou local, emitidas em matéria
1 — Os juízes são substituídos pelo que imediatamente fiscal;
se lhes segue na ordem de antiguidade em cada tribunal. ii) De produção antecipada de prova, formulados em
2 — Quando não se possa efetuar segundo o disposto processo neles pendente ou a instaurar em qualquer tri-
no número anterior, designadamente para a formação de bunal tributário;
coletivos em tribunais com reduzido número de juízes, iii) De providências cautelares para garantia de créditos
a substituição defere-se a juízes de qualquer dos outros fiscais;
tribunais administrativos e tributários. iv) De providências cautelares relativas aos atos admi-
3 — Nos tribunais localizados nas Regiões Autónomas nistrativos impugnados ou impugnáveis e as normas refe-
dos Açores e da Madeira, verificando-se a impossibili- ridas na subalínea i) desta alínea;
dade de substituição nos termos do número anterior, a v) De execução das suas decisões;
substituição defere-se, sucessivamente, ao juiz do tribunal vi) De intimação de qualquer autoridade fiscal para
judicial, ao conservador do registo predial, ao conservador facultar a consulta de documentos ou processos, passar
do registo comercial ou ao conservador do registo civil certidões e prestar informações;
em serviço nos tribunais ou conservatórias sediados na
mesma localidade. f) Das demais matérias que lhes sejam deferidas por lei.

Artigo 48.º 2 — Compete ainda aos tribunais tributários cumprir os


mandatos emitidos pelo Supremo Tribunal Administrativo
Presidente do tribunal
ou pelos tribunais centrais administrativos e satisfazer as
1 — É aplicável, quanto à nomeação e competências diligências pedidas por carta, ofício ou outros meios de
dos presidentes dos tribunais tributários, o disposto no comunicação que lhe sejam dirigidos por outros tribunais
presente Estatuto para os presidentes dos tribunais admi- tributários.
nistrativos de círculo. 3 — Os agentes de execução desempenham as suas
2 — [Revogado]. funções nas execuções que sejam da competência dos tri-
3 — [Revogado]. bunais tributários, sem prejuízo das competências próprias
4 — [Revogado]. dos órgãos da administração tributária.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(101)

Artigo 49.º-A fiscal, cujo valor ultrapasse duas vezes o valor da alçada
Competência das instâncias especializadas
dos Tribunais da Relação;
c) Dos incidentes, embargos de terceiro, reclamação da
1 — Quando tenha havido desdobramento, nos termos verificação e graduação de créditos, anulação da venda,
do disposto no artigo 9.º-A, compete ao juízo de grande oposições e impugnação de atos lesivos, bem como de
instância tributária decidir: todas as questões relativas à legitimidade dos responsáveis
a) Das ações de impugnação, cujo valor ultrapasse subsidiários, levantadas nos processos de execução fiscal,
10 vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação: cujo valor ultrapasse duas vezes o valor da alçada dos
Tribunais da Relação;
i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais estaduais, d) De providências cautelares para garantia de créditos
regionais ou locais, e parafiscais, incluindo o indeferimento fiscais, cujo valor ultrapasse duas vezes o valor da alçada
total ou parcial de reclamações desses atos; dos Tribunais da Relação;
ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais e dos e) De declaração da ilegalidade de normas adminis-
atos de determinação de matéria tributável suscetíveis de trativas de âmbito regional ou local, emitidas em matéria
impugnação judicial autónoma; fiscal;
iii) Dos atos administrativos respeitantes a questões f) Dos seguintes pedidos:
fiscais que não sejam atribuídos à competência de outros
tribunais; i) De produção antecipada de prova, formulados em
processo neles pendente ou a instaurar que seja da sua
b) Das ações destinadas a obter o reconhecimento de competência;
direitos ou interesses legalmente protegidos em matéria ii) De providências cautelares relativas a atos adminis-
fiscal, cujo valor ultrapasse 10 vezes o valor da alçada dos trativos cuja ação de impugnação, pendente ou a instaurar,
Tribunais da Relação; seja da sua competência;
c) Dos incidentes, embargos de terceiro, reclamação da iii) De execução das suas decisões;
verificação e graduação de créditos, anulação da venda,
oposições e impugnação de atos lesivos, bem como de g) Dos pedidos que não recaiam no âmbito de compe-
todas as questões relativas à legitimidade dos responsá- tência definido nos n.os 1 e 3 e das demais matérias que
veis subsidiários, levantadas nos processos de execução lhes sejam deferidas por lei.
fiscal, cujo valor ultrapasse dez vezes o valor da alçada
dos Tribunais da Relação; 3 — Quando tenha havido desdobramento, nos termos
d) Dos seguintes pedidos: do disposto no artigo 9.º-A, compete ao juízo de pequena
instância tributária decidir:
i) De produção antecipada de prova, formulados em
processo neles pendente ou a instaurar que seja da sua a) Das ações de impugnação, cujo valor não ultrapasse
competência; duas vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação:
ii) De providências cautelares relativas a atos adminis-
trativos cuja ação de impugnação, pendente ou a instaurar, i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais estaduais,
seja da sua competência; regionais ou locais, e parafiscais, incluindo o indeferimento
iii) De execução das suas decisões; total ou parcial de reclamações desses atos;
iv) Das demais matérias que lhes sejam deferidas por ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais e dos
lei. atos de determinação de matéria tributável suscetíveis de
impugnação judicial autónoma;
2 — Quando tenha havido desdobramento, nos termos iii) Dos atos praticados pela entidade competente nos
do disposto no artigo 9.º-A, compete ao juízo de média processos de execução fiscal;
instância tributária: iv) Da impugnação de decisões de aplicação de coimas
e sanções acessórias em matéria fiscal;
a) Das ações de impugnação, cujo valor ultrapasse duas v) Dos atos administrativos respeitantes a questões fis-
vezes o valor da alçada dos Tribunais da Relação: cais que não sejam atribuídos à competência de outros
i) Dos atos de liquidação de receitas fiscais estaduais, tribunais;
regionais ou locais, e parafiscais, incluindo o indeferimento
total ou parcial de reclamações desses atos; b) Das ações destinadas a obter o reconhecimento de
ii) Dos atos de fixação dos valores patrimoniais e dos direitos ou interesses legalmente protegidos em matéria
atos de determinação de matéria tributável suscetíveis de fiscal, cujo valor não ultrapasse duas vezes o valor da
impugnação judicial autónoma; alçada dos Tribunais da Relação;
iii) Dos atos praticados pela entidade competente nos c) Dos incidentes, embargos de terceiro, reclamação da
processos de execução fiscal; verificação e graduação de créditos, anulação da venda,
iv) Da impugnação de decisões de aplicação de coimas oposições e impugnação de atos lesivos, bem como de
e sanções acessórias em matéria fiscal; todas as questões relativas à legitimidade dos responsáveis
v) Dos atos administrativos respeitantes a questões fis- subsidiários, levantadas nos processos de execução fiscal,
cais que não sejam atribuídos à competência de outros cujo valor não ultrapasse duas vezes o valor da alçada dos
tribunais; Tribunais da Relação;
d) De providências cautelares para garantia de créditos
b) Das ações destinadas a obter o reconhecimento de fiscais, cujo valor não ultrapasse duas vezes o valor da
direitos ou interesses legalmente protegidos em matéria alçada dos Tribunais da Relação;
8588-(102) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

e) Dos seguintes pedidos: CAPÍTULO VIII


i) De produção antecipada de prova, formulados em Fazenda Pública
processo neles pendente ou a instaurar que seja da sua
competência; Artigo 53.º
ii) De providências cautelares relativas a atos adminis- Intervenção da Fazenda Pública
trativos cuja ação de impugnação, pendente ou a instaurar,
seja da sua competência; A Fazenda Pública defende os seus interesses nos tribu-
iii) De execução das suas decisões; nais tributários através de representantes seus.
iv) De intimação de qualquer autoridade fiscal para
facultar a consulta de documentos ou processos, passar Artigo 54.º
certidões e prestar informações; Representação da Fazenda Pública
1 — A representação da Fazenda Pública compete:
f) Das demais matérias que lhes sejam deferidas por
lei. a) Nas secções de contencioso tributário do Supremo
Tribunal Administrativo e dos tribunais centrais admi-
4 — O juízo de pequena instância tributária funciona nistrativos, ao diretor-geral da Autoridade Tributária e
sempre com juiz singular. Aduaneira que pode ser representado pelos respetivos
5 — As competências referidas no n.º 2 do artigo ante- subdiretores-gerais ou por trabalhadores em funções pú-
rior consideram-se deferidas ao juízo de média instância blicas daquela Autoridade licenciados em Direito;
b) [Revogada];
tributária.
c) Nos tribunais tributários, ao diretor-geral da Auto-
ridade Tributária e Aduaneira, que pode ser representado
Artigo 50.º pelos diretores de finanças e diretores de alfândega da
Competência territorial respetiva área de jurisdição ou por funcionários daquela
Autoridade licenciados em Direito.
À determinação da competência territorial dos tribunais
tributários são subsidiariamente aplicáveis os critérios 2 — Os diretores de finanças e os diretores de alfândega
definidos para os tribunais administrativos de círculo. podem ser representados por funcionários da Autoridade
Tributária e Aduaneira licenciados em Direito.
3 — Quando estejam em causa receitas fiscais lançadas
CAPÍTULO VII
e liquidadas pelas autarquias locais, a Fazenda Pública é
Ministério Público representada por licenciado em Direito ou por advogado
designado para o efeito pela respetiva autarquia.
Artigo 51.º
Artigo 55.º
Funções
Poderes dos representantes
Compete ao Ministério Público representar o Estado,
defender a legalidade democrática e promover a realização Os representantes da Fazenda Pública gozam dos po-
deres e faculdades previstos na lei.
do interesse público, exercendo, para o efeito, os poderes
que a lei lhe confere.
CAPÍTULO IX
Artigo 52.º
Serviços administrativos
Representação

1 — O Ministério Público é representado: Artigo 56.º


Administração, serviços de apoio e assessores
a) No Supremo Tribunal Administrativo, pelo Procurador-
-Geral da República, que pode fazer-se substituir por 1 — Nos tribunais administrativos de círculo e nos tri-
procuradores-gerais-adjuntos; bunais tributários com mais de uma dezena de magistrados
b) Nos tribunais centrais administrativos, por existe um administrador do tribunal, sendo aplicável o
procuradores-gerais-adjuntos; disposto a propósito dos tribunais judiciais.
c) Nos tribunais administrativos de círculo e nos tri- 2 — No Supremo Tribunal Administrativo e nos tri-
bunais tributários, por procuradores da República e por bunais centrais administrativos existe um conselho de
procuradores-adjuntos. administração, constituído pelo presidente do tribunal,
pelos vice-presidentes, pelo secretário do tribunal e pelo
responsável pelos serviços de apoio administrativo e finan-
2 — Os procuradores-gerais-adjuntos em serviço no ceiro, sendo aplicável o disposto a propósito dos tribunais
Supremo Tribunal Administrativo e nos tribunais centrais judiciais.
administrativos podem ser coadjuvados por procuradores 3 — Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal
da República. dispõem de serviços administrativos de apoio, regulados
3 — Na colocação e provimento dos magistrados nesta na lei.
jurisdição, deve ser ponderada a formação especializada, 4 — Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, os
de acordo com o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 136.º do tribunais da jurisdição administrativa e fiscal dispõem de
Estatuto do Ministério Público. assessores que coadjuvam os magistrados judiciais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015 8588-(103)

Artigo 56.º-A 3 — Os juízes dos tribunais administrativos de círculo


Gabinetes de apoio
e dos tribunais tributários têm as honras, precedências,
categorias, direitos, vencimentos e abonos que competem
1 — É criado, na dependência orgânica do Conselho aos juízes de direito.
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, um gabi- 4 — A progressão na carreira dos juízes da jurisdição
nete de apoio aos magistrados da jurisdição administrativa administrativa e fiscal não depende do tribunal em que
e fiscal. exercem funções.
2 — Cada tribunal de jurisdição administrativa e fiscal 5 — Os juízes dos tribunais administrativos e dos tribu-
pode ser dotado de um gabinete de apoio destinado a asse- nais tributários ascendem à categoria de juiz de círculo após
gurar assessoria e consultadoria técnica aos magistrados e cinco anos de serviço nesses tribunais com a classificação
ao presidente do respetivo tribunal, nos termos definidos de Bom com distinção.
para os gabinetes de apoio dos tribunais das comarcas
judiciais. Artigo 59.º
3 — O gabinete de apoio em cada tribunal é dirigido Distribuição de publicações oficiais
pelo respetivo presidente.
4 — A criação do gabinete de apoio em cada tribunal da 1 — Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal têm
jurisdição administrativa e fiscal é efetuada por portaria direito a receber gratuitamente o Diário da República, 1.ª e
conjunta dos membros do Governo responsáveis pelas 2.ª séries e apêndices, o Diário da Assembleia da República
áreas das finanças, da Administração Pública e da justiça, e o Boletim do Ministério da Justiça, ou, em alternativa,
que fixa igualmente o número de especialistas com for- têm acesso eletrónico gratuito aos suportes informáticos
mação científica e experiência profissional adequada que das publicações referidas.
constitui o gabinete. 2 — Os juízes dos tribunais sediados nas Regiões Autó-
5 — O recrutamento do pessoal a que se refere o número nomas também têm direito a receber as publicações ofi-
anterior é efetuado pelo Conselho Superior dos Tribunais ciais das Regiões ou a ter acesso eletrónico gratuito aos
Administrativos e Fiscais, através de comissão de ser- respetivos suportes informáticos.
viço.
6 — Os níveis remuneratórios do pessoal previsto no CAPÍTULO II
presente artigo são os fixados no Regulamento da Lei de
Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, Recrutamento e provimento
aprovado pelo Decreto-Lei n.os 28/2009, de 28 de Janeiro,
sendo os respetivos encargos suportados pelo Conselho SECÇÃO I
Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais.
Disposições comuns

TÍTULO II Artigo 60.º


Requisitos e regime de provimento
Estatuto dos juízes
[Revogado].
CAPÍTULO I Artigo 61.º
Disposições gerais Provimento das vagas

Artigo 57.º 1 — As vagas de juízes dos tribunais superiores são


preenchidas por transferência de outra secção ou de outro
Regras estatutárias tribunal de idêntica categoria da jurisdição administrativa
Os juízes da jurisdição administrativa e fiscal formam e fiscal, bem como por concurso.
um corpo único e regem-se pelo disposto na Constituição 2 — A admissão ao concurso, quando se trate do pro-
da República Portuguesa, por este Estatuto e demais le- vimento das vagas referidas no número anterior, depende
gislação aplicável e, subsidiariamente, pelo Estatuto dos de graduação baseada na ponderação global dos seguintes
Magistrados Judiciais, com as necessárias adaptações. fatores:
a) Classificação positiva obtida em prova escrita de
Artigo 58.º acesso;
Categoria e direitos dos juízes b) Anteriores classificações de serviço, no caso de o
candidato ser um magistrado;
1 — O Presidente, os vice-presidentes e os juízes do c) Graduação obtida em concurso;
Supremo Tribunal Administrativo têm as honras, precedên- d) Currículo universitário e pós-universitário;
cias, categorias, direitos, vencimentos e abonos que com- e) Trabalhos científicos ou profissionais;
petem, respetivamente, ao Presidente, aos vice-presidentes f) Atividade desenvolvida no foro, no ensino jurídico
e aos juízes do Supremo Tribunal de Justiça. ou na Administração Pública;
2 — Os presidentes, os vice-presidentes e os juízes dos g) Antiguidade;
tribunais centrais administrativos têm as honras, precedên- h) Entrevista;
cias, categorias, direitos, vencimentos e abonos que compe- i) Outros fatores relevantes que respeitem à preparação
tem, respetivamente, aos presidentes, aos vice-presidentes específica, idoneidade e capacidade do candidato para o
e aos juízes dos tribunais da Relação. cargo.
8588-(104) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

3 — As vagas de juízes dos tribunais administrativos 4 — Os juízes dos tribunais administrativos de círculo e
de círculo e dos tribunais tributários são preenchidas por dos tribunais tributários tomam posse perante os respetivos
transferência de outros tribunais administrativos de círculo presidentes e estes perante os seus substitutos.
ou tribunais tributários, bem como por concurso nos termos
da lei que define o regime de ingresso nas magistraturas SECÇÃO II
e de formação de magistrados.
Supremo Tribunal Administrativo
Artigo 62.º
Permuta
Artigo 65.º
Provimento
1 — É permitida a permuta entre juízes dos tribunais
administrativos de círculo e dos tribunais tributários, bem O provimento de vagas no Supremo Tribunal Admi-
como, nos tribunais superiores, entre juízes de diferentes nistrativo é feito:
secções do mesmo tribunal, quando tal não prejudique
direitos de terceiros nem o andamento dos processos que a) Por transferência de juízes de outra secção do Tri-
lhes estejam distribuídos, e desde que tenham mais de dois bunal;
anos de serviço no respetivo lugar. b) Por nomeação de juízes do Supremo Tribunal de
2 — Em casos devidamente justificados, pode o Con- Justiça, a título definitivo ou em comissão permanente
selho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais de serviço;
autorizar a permuta com dispensa do requisito temporal c) Por concurso.
referido no número anterior.
Artigo 66.º
Artigo 63.º Avaliação curricular, graduação e preenchimento de vagas
Quadro complementar de juízes 1 — Ao concurso para juiz do Supremo Tribunal Ad-
1 — Na jurisdição administrativa e fiscal existe uma ministrativo podem candidatar-se:
bolsa de juízes para destacamento em tribunais, quando a) Juízes dos tribunais centrais administrativos com
se verifique uma das seguintes circunstâncias e o período cinco anos de serviço nesses tribunais;
de tempo previsível da sua duração, conjugado com o b) Juízes dos tribunais da Relação que tenham exercido
volume de serviço, desaconselhem o recurso ao regime funções na jurisdição administrativa e fiscal durante cinco
de substituição ou o alargamento do quadro do tribunal: anos;
a) Falta ou impedimento de titular do tribunal ou va- c) Procuradores-gerais-adjuntos com 10 anos de serviço,
catura do lugar; 5 dos quais junto da jurisdição administrativa e fiscal, no
b) Necessidade pontual de reforço do número de juí- Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República
zes no tribunal para acorrer a acréscimo temporário de ou em auditorias jurídicas;
serviço. d) Juristas com pelo menos 10 anos de comprovada
experiência profissional, na área do direito público, nomea-
2 — Cabe ao Conselho Superior dos Tribunais Adminis- damente através do exercício de funções públicas, da advo-
trativos e Fiscais efetuar a gestão da bolsa de juízes. cacia, da docência no ensino superior ou da investigação,
3 — O destacamento é feito por período certo a fixar ou ao serviço da Administração Pública.
pelo Conselho, renovável enquanto se verifique a neces-
sidade que o ditou, podendo cessar antes do prazo ou da 2 — A graduação faz-se segundo o mérito relativo dos
sua renovação, a requerimento do interessado ou em con- concorrentes de cada classe, tomando-se globalmente em
sequência de aplicação de pena disciplinar de suspensão conta a avaliação curricular, com prévia observância do
ou superior. disposto no número seguinte e, nomeadamente, tendo em
4 — À matéria do presente artigo é aplicável, com as consideração os seguintes fatores:
devidas adaptações, o disposto no domínio da organização
e funcionamento dos tribunais judiciais. a) Anteriores classificações de serviço;
b) Graduação obtida em concursos de habilitação ou
Artigo 64.º cursos de ingresso em cargos judiciais;
c) Currículo universitário e pós-universitário;
Posse d) Trabalhos científicos realizados;
1 — O Presidente do Supremo Tribunal Administrativo e) Atividade desenvolvida no âmbito forense ou no
toma posse perante os juízes do Tribunal. ensino jurídico;
2 — Tomam posse perante o Presidente do Supremo f) Outros fatores que abonem a idoneidade dos reque-
Tribunal Administrativo: rentes para o cargo a prover.
a) Os vice-presidentes e os restantes juízes do Tribunal; 3 — Os concorrentes defendem publicamente os seus
b) Os presidentes dos tribunais centrais administrativos. currículos perante um júri com a seguinte composição:
3 — Tomam posse perante o presidente do tribunal a) Presidente do júri — o Presidente do Supremo Tribu-
central administrativo da respetiva jurisdição os vice- nal Administrativo, na qualidade de presidente do Conselho
-presidentes e os restantes juízes do tribunal. Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais;
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b) Vogais: 4 — O disposto nos n.os 3 a 5 do artigo 67.º do Estatuto


dos Magistrados Judiciais é aplicável ao exercício de fun-
i) O juiz conselheiro mais antigo na categoria que seja ções no Supremo Tribunal Administrativo.
membro do Conselho Superior dos Tribunais Administra-
tivos e Fiscais;
ii) Um membro do Conselho Superior dos Tribunais SECÇÃO III
Administrativos e Fiscais, não pertencente à magistratura, Tribunais centrais administrativos
a eleger por este órgão;
iii) Um membro do Conselho Superior do Ministério Artigo 68.º
Público, a eleger por este órgão;
iv) Um professor universitário de Direito, com a cate- Provimento
goria de professor catedrático, escolhido, nos termos do O provimento de vagas nos tribunais centrais adminis-
n.º 6, pelo Conselho Superior dos Tribunais Administra- trativos é feito:
tivos e Fiscais;
v) Um advogado com funções no Conselho Superior da a) Por transferência de juízes de outra secção do tri-
Ordem dos Advogados, cabendo ao Conselho Superior dos bunal;
Tribunais Administrativos e Fiscais solicitar à Ordem dos b) Por concurso.
Advogados a respetiva indicação.
Artigo 69.º
4 — O júri emite parecer sobre a prestação de cada um Concurso
dos candidatos, a qual deve ser tomada em consideração
pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e 1 — Ao concurso para juiz dos tribunais centrais ad-
Fiscais na elaboração do acórdão definitivo sobre a lista ministrativos podem candidatar-se juízes dos tribunais
de candidatos, devendo fundamentar a decisão sempre que administrativos de círculo e dos tribunais tributários com
houver discordância face ao parecer do júri. cinco anos de serviço nesses tribunais e classificação não
5 — As deliberações são tomadas por maioria simples inferior a Bom com distinção.
2 — A graduação faz-se segundo o mérito dos concor-
de votos, tendo o presidente do júri voto de qualidade em
rentes de cada classe, tomando-se globalmente a avaliação
caso de empate.
curricular, com prévia observância do disposto no número
6 — O Conselho Superior dos Tribunais Administra-
seguinte, e, nomeadamente, tendo em consideração os
tivos e Fiscais solicita, a cada uma das universidades, seguintes fatores:
institutos universitários e outras escolas universitárias,
públicos e privados, que ministrem o curso de Direito, a a) Anteriores classificações de serviço;
indicação, no prazo de 20 dias úteis, do nome de um pro- b) Graduação obtida em concursos de habilitação ou
fessor de Direito, com a categoria de professor catedrático, cursos de ingresso em cargos judiciais;
procedendo, subsequentemente, à escolha do vogal a que c) Currículo universitário e pós-universitário;
se refere a subalínea iv) da alínea b) do n.º 3, por votação, d) Trabalhos científicos realizados;
por voto secreto, de entre os indicados. e) Atividade desenvolvida no âmbito forense ou no
7 — O concurso é aberto para cada uma das secções e ensino jurídico;
tem a validade de um ano, prorrogável até seis meses. f) Outros fatores que abonem a idoneidade dos reque-
rentes para o cargo a prover.
Artigo 67.º
3 — Os concorrentes defendem os seus currículos pe-
Quotas para o provimento rante um júri com a seguinte composição:
1 — O provimento de lugares no Supremo Tribunal a) Presidente do júri — o Presidente do Supremo Tri-
Administrativo é efetuado por cada grupo de seis vagas bunal Administrativo, podendo fazer-se substituir por um
em cada secção, pela ordem seguinte: dos vice-presidentes ou por outro membro do Conselho
a) Um juiz, de entre os referidos na alínea b) do ar- Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais com ca-
tigo 65.º e na alínea b) do n.º 1 do artigo 66.º, preferindo tegoria igual ou superior à de juiz desembargador.
os primeiros aos segundos; b) Vogais:
b) Três juízes de entre os indicados na alínea a) do i) Um magistrado membro do Conselho Superior dos
artigo 65.º e na alínea a) do n.º 1 do artigo 66.º, preferindo Tribunais Administrativos e Fiscais com categoria não
os primeiros aos segundos; inferior à de juiz desembargador;
c) Um magistrado, dos referidos na alínea c) do n.º 1 ii) Dois membros do Conselho Superior dos Tribunais
do artigo 66.º; Administrativos e Fiscais, não pertencentes à magistratura,
d) Um jurista, de entre os referidos na alínea d) do n.º 1 a eleger por aquele órgão;
do artigo 66.º iii) Um professor universitário de Direito, com catego-
ria não inferior à de professor associado, escolhido, nos
2 — Na impossibilidade de observar a ordem indicada, termos do n.º 5, pelo Conselho Superior dos Tribunais
são nomeados candidatos de outra alínea, sem prejuízo Administrativos e Fiscais.
do restabelecimento, logo que possível, mas limitado ao
período de quatro anos, da ordem estabelecida. 4 — O júri elabora parecer sobre a prestação de cada um
3 — O disposto no número anterior não é aplicável às dos candidatos, a qual deve ser tomada em consideração
vagas não preenchidas nos termos da alínea d) do n.º 1, que pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
não podem ser preenchidas por outros candidatos. Fiscais na elaboração do acórdão definitivo sobre a lista
8588-(106) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

de candidatos, devendo fundamentar a decisão sempre que administrativa e fiscal e exercer a ação disciplinar relati-
houver discordância face ao parecer do júri. vamente a eles;
5 — O Conselho Superior dos Tribunais Administra- b) Apreciar, admitir, excluir e graduar os candidatos
tivos e Fiscais solicita, a cada uma das universidades, em concurso;
institutos universitários e outras escolas universitárias, c) Conhecer das impugnações administrativas interpos-
públicos e privados, que ministrem o curso de Direito, a tas de decisões materialmente administrativas proferidas,
indicação, no prazo de 20 dias úteis, do nome de um pro- em matéria disciplinar, pelos presidentes dos tribunais
fessor de Direito, com categoria não inferior à de professor centrais administrativos, pelos presidentes dos tribunais
associado, procedendo, subsequentemente, à escolha do administrativos de círculo e pelos presidentes dos tribunais
vogal a que se refere a subalínea iii) da alínea b) do n.º 3, tributários, bem como de outras que a lei preveja;
por votação, por voto secreto, de entre os indicados. d) Ordenar averiguações, inquéritos, sindicâncias e
6 — O concurso é aberto para cada uma das secções e inspeções aos serviços dos tribunais da jurisdição admi-
tem a validade de um ano, prorrogável até seis meses. nistrativa e fiscal;
e) Elaborar o plano anual de inspeções;
SECÇÃO IV f) Elaborar as listas de antiguidade dos juízes;
g) Suspender ou reduzir a distribuição de processos
Tribunais administrativos de círculo e tribunais tributários aos juízes que sejam incumbidos de outros serviços de
reconhecido interesse para a jurisdição administrativa e
Artigo 70.º fiscal ou em outras situações que justifiquem a adoção
Provimento dessas medidas;
h) Aprovar o seu regulamento interno, concursos e ins-
O provimento de vagas nos tribunais administrativos peções;
de círculo e nos tribunais tributários é feito: i) Emitir os cartões de identidade dos juízes, de modelo
a) Por transferência de juízes de qualquer daqueles idêntico aos dos juízes dos tribunais judiciais;
tribunais com mais de 2 anos de serviço no lugar em que j) Propor ao Ministro da Justiça providências legislati-
se encontrem; vas com vista ao aperfeiçoamento e à maior eficiência da
b) Por concurso. jurisdição administrativa e fiscal;
l) Emitir parecer sobre as iniciativas legislativas que se
Artigo 71.º relacionem com a jurisdição administrativa e fiscal;
m) Fixar anualmente, com o apoio do departamento
Concurso do Ministério da Justiça com competência no domínio da
Ao concurso para juiz dos tribunais administrativos de auditoria e modernização, o número máximo de processos
círculo e dos tribunais tributários são aplicáveis as normas a distribuir a cada magistrado e o prazo máximo admissível
previstas na lei que define o regime de ingresso nas ma- para os respetivos atos processuais cujo prazo não esteja
gistraturas e de formação de magistrados. estabelecido na lei;
n) Gerir a bolsa de juízes;
Artigo 72.º o) Estabelecer os critérios que devem presidir à dis-
tribuição nos tribunais administrativos, no respeito pelo
Formação dos juízes administrativos e fiscais princípio do juiz natural;
À formação, inicial e contínua, dos juízes administra- p) Nomear, de entre juízes jubilados que tenham exer-
tivos e fiscais são aplicáveis as normas previstas na lei cido funções nos tribunais superiores da jurisdição admi-
que define o regime de ingresso nas magistraturas e de nistrativa e fiscal, o presidente do órgão deontológico no
formação de magistrados. âmbito da arbitragem administrativa e tributária sob a
organização do Centro de Arbitragem Administrativa;
Artigo 73.º q) Exercer os demais poderes conferidos no presente
Estatuto e na lei.
Formação complementar periódica
dos juízes administrativos e fiscais
3 — O Conselho pode delegar no presidente, ou em
[Revogado]. outros dos seus membros, a competência para:
a) Praticar atos de gestão corrente e aprovar inspe-
TÍTULO III ções;
b) Nomear os juízes para uma das secções do Supremo
Conselho Superior dos Tribunais Tribunal Administrativo e dos tribunais centrais adminis-
Administrativos e Fiscais trativos;
c) Ordenar inspeções extraordinárias, averiguações,
Artigo 74.º inquéritos e sindicâncias.
Definição e competência
Artigo 75.º
1 — O Conselho Superior dos Tribunais Administrati- Composição
vos e Fiscais é o órgão de gestão e disciplina dos juízes
da jurisdição administrativa e fiscal. 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos
2 — Compete ao Conselho: e Fiscais é presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal
Administrativo e composto pelos seguintes vogais:
a) Nomear, colocar, transferir, promover, exonerar e
apreciar o mérito profissional dos juízes da jurisdição a) Dois designados pelo Presidente da República;
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b) Quatro eleitos pela Assembleia da República; f) Exercer os poderes que lhe sejam delegados pelo
c) Quatro juízes eleitos pelos seus pares, de harmonia Conselho;
com o princípio da representação proporcional. g) Exercer as demais funções que lhe sejam deferidas
por lei.
2 — É reconhecido de interesse para a jurisdição admi-
nistrativa e fiscal o desempenho de funções de membro Artigo 79.º
do Conselho. Serviços de apoio
3 — O mandato dos membros eleitos para o Conselho é
de quatro anos, só podendo haver lugar a uma reeleição. 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Administrati-
4 — A eleição dos juízes a que se refere a alínea c) vos e Fiscais dispõe de uma secretaria com a organização,
do n.º 1 abrange dois juízes suplentes, que substituem os quadro e regime de provimento do pessoal a fixar em
respetivos titulares nas suas ausências, faltas ou impedi- diploma complementar.
mentos. 2 — O Conselho tem um secretário, por si designado, de
5 — Para a eleição dos juízes referidos na alínea c) do preferência entre juízes que prestem serviço nos tribunais
n.º 1 têm capacidade eleitoral ativa todos os juízes que administrativos de círculo ou nos tribunais tributários.
prestem serviço na jurisdição administrativa e fiscal e
capacidade eleitoral passiva só os que nele se encontrem Artigo 80.º
providos a título definitivo ou em comissão de serviço. Funções da secretaria
6 — Quando necessidades de funcionamento o exijam,
À secretaria do Conselho Superior dos Tribunais Admi-
o Conselho pode afetar, em exclusivo, ao seu serviço um
nistrativos e Fiscais incumbe prestar o apoio administrativo
ou mais dos seus membros referidos na alínea c) do n.º 1, e a assessoria necessários ao normal desenvolvimento da
designando para substituir cada um deles, no tribunal res- atividade do Conselho e à preparação e execução das suas
petivo, um juiz auxiliar. deliberações, nos termos previstos em diploma comple-
mentar e no regulamento interno.
Artigo 76.º
Funcionamento Artigo 81.º
1 — O Conselho reúne ordinariamente uma vez por Competência do secretário
mês e extraordinariamente sempre que convocado pelo Compete ao secretário do Conselho:
presidente, por sua iniciativa ou a solicitação de pelo menos
um terço dos seus membros. a) Orientar e dirigir os serviços da secretaria, sob a
2 — O Conselho só pode funcionar com a presença de superintendência do presidente e conforme o regulamento
dois terços dos seus membros. interno;
b) Submeter a despacho do presidente os assuntos da
Artigo 77.º sua competência e os que justifiquem a convocação do
Conselho;
Presidência c) Propor ao presidente a elaboração de instruções de
1 — O presidente do Conselho Superior dos Tribu- execução permanente;
nais Administrativos e Fiscais é substituído pela ordem d) Promover a execução das deliberações do Conselho
seguinte: e das ordens e instruções do presidente;
e) Preparar a proposta de orçamento do Conselho;
a) Pelo mais antigo dos vice-presidentes do Supremo f) Elaborar os planos de movimentação dos magistra-
Tribunal Administrativo que faça parte do Conselho; dos;
b) Pelo mais antigo dos juízes do Supremo Tribunal g) Assistir às reuniões do Conselho e elaborar as res-
Administrativo que faça parte do Conselho. petivas atas;
h) Promover a recolha junto de quaisquer entidades de
2 — Em caso de urgência, o presidente pode praticar informações ou outros elementos necessários ao funcio-
atos da competência do Conselho, sujeitando-os a ratifi- namento dos serviços;
cação deste na primeira sessão. i) Dar posse ou receber a declaração de aceitação do
cargo quanto aos funcionários ao serviço do Conselho;
Artigo 78.º j) Exercer as demais funções que lhe sejam deferidas
por lei.
Competência do presidente
Compete ao presidente do Conselho Superior dos Tri- Artigo 82.º
bunais Administrativos e Fiscais: Inspetores
a) Dirigir as sessões do Conselho e superintender nos 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Administrati-
respetivos serviços; vos e Fiscais dispõe de inspetores com quadro a fixar em
b) Fixar o dia e a hora das sessões ordinárias e convocar diploma próprio.
as sessões extraordinárias; 2 — O provimento de lugares de inspetor é feito por
c) Dar posse aos inspetores e ao secretário do Conse- nomeação e em comissão de serviço, por três anos, reno-
lho; vável, de entre juízes conselheiros com mais de dois anos
d) Dirigir e coordenar os serviços de inspeção; na categoria.
e) Elaborar, por sua iniciativa ou mediante proposta do 3 — A comissão de serviço rege-se pelo disposto no
secretário, as instruções de execução permanente; Estatuto dos Magistrados Judiciais.
8588-(108) Diário da República, 1.ª série — N.º 193 — 2 de outubro de 2015

4 — Os inspetores são apoiados pelos serviços do Con- Artigo 88.º


selho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais. Presidência dos tribunais superiores

Artigo 83.º O disposto no n.º 1 do artigo 20.º, no n.º 4 do artigo 33.º


e no n.º 1 do artigo 43.º é apenas aplicável aos mandatos
Competência dos inspetores que se iniciem a partir da data da entrada em vigor da
1 — Compete aos inspetores: presente lei.
a) Averiguar do estado, necessidades e deficiências dos Artigo 89.º
serviços dos tribunais da jurisdição administrativa e fiscal,
propondo as medidas convenientes; Funcionamento transitório do Conselho Superior
dos Tribunais Administrativos e Fiscais
b) Colher, por via de inspeção, elementos esclarecedores
do serviço e do mérito dos magistrados e em função deles 1 — O Conselho Superior dos Tribunais Administra-
propor a adequada classificação; tivos e Fiscais mantém a sua composição anterior até ao
c) Proceder à realização de inquéritos e sindicâncias e 90.º dia posterior à data do início de vigência desta lei.
à instrução de processos disciplinares. 2 — Até ao início de funcionamento da secretaria, os
serviços do Conselho são assegurados pela secretaria do
2 — O processo será dirigido por inspetor de categoria Supremo Tribunal Administrativo.
superior à do magistrado apreciado ou de categoria igual 3 — O expediente pendente na secretaria deste Tribunal
mas com maior antiguidade. transita naquela data para a secretaria do Conselho.
3 — Quando no respetivo quadro nenhum inspetor reúna
as condições estabelecidas no número anterior, é nomeado Artigo 90.º
juiz que preencha tais requisitos. Inspetores

Artigo 84.º 1 — Até à criação do quadro de inspetores, as respe-


tivas competências são exercidas por juízes designados
Recursos pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e
1 — As deliberações do Conselho Superior dos Tribu- Fiscais.
2 — Os processos que se encontrem pendentes naquela
nais Administrativos e Fiscais relativas a magistrados são
data transitam para os inspetores.
impugnáveis perante a Secção de Contencioso Adminis-
trativo do Supremo Tribunal Administrativo. Artigo 91.º
2 — São impugnáveis perante a mesma Secção as
decisões do presidente do Conselho proferidas no exer- Estatística
cício de competência delegada, sem prejuízo da respetiva Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal reme-
impugnação administrativa perante o Conselho, no prazo tem ao respetivo Conselho Superior, nos termos por ele
de 15 dias. determinados, os elementos de informação estatística que
sejam considerados necessários.
TÍTULO IV Artigo 92.º
Disposições finais e transitórias Publicações

Artigo 85.º 1 — Os tribunais da jurisdição administrativa e fiscal


recebem gratuitamente o Diário da República, 1.ª e 2.ª sé-
Competência administrativa do Governo ries, e apêndices, o Diário da Assembleia da República,
as publicações jurídicas da Imprensa Nacional e as publi-
A competência administrativa do Governo, relativa aos
cações jurídicas periódicas dos serviços da Administração
tribunais da jurisdição administrativa e fiscal, é exercida
Pública ou, em alternativa, têm acesso eletrónico gratuito
pelo Ministro da Justiça. aos suportes informáticos das publicações referidas.
2 — Os tribunais sediados nas Regiões Autónomas rece-
Artigo 86.º bem também as publicações oficiais das Regiões.
Quadros
Artigo 93.º
São fixados em diploma próprio os quadros dos ma-
gistrados e dos funcionários dos tribunais da jurisdição Salvaguarda de direitos adquiridos
administrativa e fiscal. 1 — Os juízes dos tribunais administrativos de círculo
e dos tribunais tributários em funções à data da entrada
Artigo 87.º em vigor do presente Estatuto conservam a categoria de
Tempo de serviço juízes de círculo.
2 — Os juízes do Supremo Tribunal Administrativo e
1 — O tempo de serviço prestado pelo Presidente do dos tribunais centrais administrativos que venham a ser
Supremo Tribunal Administrativo é contado a dobrar para nomeados presidentes dos tribunais administrativos de cír-
efeitos de jubilação. culo e dos tribunais tributários conservam aquele estatuto,
2 — O disposto no número anterior aplica-se às situa- podendo continuar a exercer funções nos primeiros, nos
ções constituídas à data da entrada em vigor da presente termos a determinar pelo Conselho Superior dos Tribunais
lei. Administrativos e Fiscais.

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