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te unas com um homem que é inimigo de Deus se devem encorajar tais uniões. O conselho
(TS, vol. 2, 120). inequívoco é oferecido: “Esse passo não
deve ser dado”.
Ela ainda argumenta que seria melhor
A mulher deve saber como educar seus
permanecer solteiro do que se unir a uma
filhos nos aspectos práticos da vida, tais
pessoa mundana (LA, 68). Os adventistas
como os cuidados do lar, com os doentes,
deveriam se casar com adventistas, e não
além de princípios de higiene, etc. (CBV,
simplesmente com crentes em Cristo. Ellen
302; LA, 90 e FEC, 75).
G. White escreveu posteriormente a irmã L:
“Mesmo que o companheiro de tua escolha Marido e mulher devem manter sua
fosse em todos os outros respeitos digno (o própria individualidade (CBV, 361). A
que, porém, ele não é), no entanto ele não esposa não deve subjugar sua própria
aceitou a verdade para este tempo; é um identidade e se tornar, simplesmente, uma
descrente, e és pelo Céu proibida de unir-te máquina dirigida pela vontade de seu
a ele” (TS, vol. 2, 121, grifo meu). cônjuge (Carta 25, 1885).
Ambos, noivo e noiva, deveriam ser Já quanto a poligamia, embora praticada
adultos e maduros o suficiente para pesar nos tempos do Antigo Testamento, nunca
cuidadosamente todas as suas chances para foi uma opção legítima para os seguidores
a felicidade. “Casamentos precoces não de Deus, em qualquer país ou época.
devem ser encorajados” (LA, 79). “Um “Deus não sancionou a poligamia em um
jovem adolescente não possui critério único caso” (SG, vol. 3, 100).
para julgar a conveniência de ter como Por fim, ambos, marido e mulher, devem
companheiro para a vida outro jovem tão reconhecer os privilégios do relacionamento
imaturo como ele mesmo” (Ibidem). Os conjugal que inclui o amor sexual praticado
casamentos precipitados devem ser evitados, sem “excesso” (LA, 121-128).
pois freqüentemente levam à separação, ao
divórcio e à confusão na igreja (MJ, 458). Divórcio
Os atributos pessoais do esposo e da
esposa devem ser compatíveis, “escolhei
Um antigo problema da Igreja
vossa esposa de uma classe que esteja mais de
acordo com a vossa”, Ellen G. White escreveu
para um homem que estava planejando “Como devemos tratar casamentos
se casar. Ele era rude e a mulher delicada divorciados?” Este era o primeiro item da
e refinada; nela as qualidades intelectuais agenda da delegação, de nove ministros
predominavam (Carta 21, 1860). adventistas do sétimo dia, que se encontrou
em Monterey, Michigan, de 4 a 6 de
As características raciais devem outubro de 1862, para a organização da
também ser semelhantes. Ellen G. White primeira associação da Igreja Adventista
não afirma que uma raça é superior a outra. do Sétimo Dia (IASD), naquele estado.
“Todos os homens”, ela diz, “brancos O problema que estava afetando alguns
e negros, são iguais” (ME, vol. 2, 341 e irmãos em Illinois e Wisconsin foi
342). Seu conselho, contra casamentos apresentado pelo irmão Sanborn. Quando
inter-raciais é baseado primeiramente Tiago White solicitou uma explicação para
nos problemas e conseqüências que deles a expressão “casamentos divorciados”,
resultam. Os filhos se amarguram pelos Sanborn disse que se referia às pessoas
seus pais, cria-se controvérsia e a obra divorciadas que se casaram novamente,
de Deus se retrai ao invés de avançar. Em sem as bases para a separação,
virtude dessas considerações práticas, não mencionadas em Mateus 19. A pergunta
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 85
dele era: esses indivíduos poderiam ser alguns casos específicos, em particular,
aceitos como membros da igreja?1 por meio de sua correspondência. Esse
Deste modo, casamento, divórcio e novo material será mostrado posteriormente
casamento são problemas muito antigos na nesse estudo. Tais casos representam
IASD, como a organização de sua primeira exceções e não a regra, mas isso também
sede administrativa, a Associação de é evidenciado na Bíblia algumas vezes.
Michigan. O problema continua a ser um
tema em discussão, demandando atenção de A única razão para a dissolução do voto
comissões de igrejas locais e comitês especiais conjugal: adultério
porque sois reta de coração e sentireis E acrescentou: “Vi que a irmã A, por
arrependimento quando fordes vestida com ora, não tem direito de desposar outro
as vestes da justiça de Cristo” (Ibidem). homem; mas se ela, ou qualquer outra
Em contraste às ofensas triviais, Ellen mulher, obtiver um divórcio legal na base
G. White deu a única razão para o divórcio: de adultério por parte do marido, então
“Nada senão a violação do leito conjugal está livre para casar com quem quiser”
pode quebrar ou anular o voto conjugal” (LA, 344).
(LA, 341). “Só há uma razão pela qual o Em 1888, ao lidar com uma situação
marido pode legitimamente separar-se de muito delicada envolvendo dois
sua esposa ou a esposa de seu marido: o colportores, ela registrou o seguinte em
adultério” (Ibid, 345). seu diário: “Tive uma longa conversa
Ela salientou que Jesus aprovou a com a irmã B mostrando-lhe que o voto
dissolução do casamento apenas em caso conjugal é um vínculo e que nenhuma das
de adultério (Ibid., 340). Em seu Sermão partes pode abdicar de seus direitos, salvo
do Monte, Cristo declarou “plenamente” em caso de adultério, a violação do leito
que havia uma única razão para o fim do conjugal” (Ms 22, 1888).
casamento: infidelidade ao voto conjugal
(MDC, 63). Em resumo, Ellen G. White Novo casamento
declarou que Jesus permite um novo
casamento apenas quando o direito ao
divórcio existe. Três casos de novo casamento
O segundo casamento do irmão Haskell posição que Ellen G. White não apoiou.
também é outro que pode ser citado. A Ela julgava que um novo casamento traria
esposa dele faleceu em 1894. Três anos equilíbrio à sua vida.
depois, aos 64 anos de idade, ele se casou
Ela expressou:
novamente. Ellen G. White escreveu ao casal:
“Alegramo-nos ao ouvir de vós que vossos Tendes tido idéias errôneas em relação a vos
interesses estão unidos como se fossem um. manterdes viúvo, porém nada mais falarei
Que o Senhor abençõe essa união. [...] Estou sobre este assunto. A influência de uma
feliz, irmão Haskell, porque tendes uma nobre mulher cristã de habilidades distintas
ajudadora. Isto é o que tenho desejado por serviria para neutralizar as tendências de
algum tempo” (Carta 74a, 1897). vossa mente. A habilidade de concentração,
a intensa luz com que considerais todas as
(B) O segundo casamento do irmão coisas de caráter religioso ligadas a causa
Butler e à obra de Deus têm trazido depressão em
vosso espírito, um peso de ansiedade que
A primeira esposa do irmão G. I. Butler vos tem enfraquecido física e mentalmente.
morreu após 42 anos de união conjugal. Se estivésseis ligado a alguém com
Quando ele tinha 68 anos, teve oportunidade sentimentos opostos, teríeis força para
de se casar com uma mulher de 35 anos descartar pensamentos melancólicos. A
“em cuja conversão à verdade ele fôra um individualidade dela não seria subjugada,
instrumento” (Carta 117, cc 1902). Porém, mas sua identidade preservada e sua
ele encontrou forte oposição por parte da influência seria modeladora sobre vossa
mente. Se assim fosse, hoje teríeis força
irmã e cunhado da mulher. O próprio filho
física e poder para resistir a doença.
de Butler se opôs também ao plano. Ellen
G. White enviou três cartas aos familiares
endereçadas a irmã e ao cunhado da mulher Em outro momento ela também disse:
e uma ao filho de Butler, desaprovando tal Eu vos aconselhei a casardes antes de
oposição (Cartas 77, 78, 117 e 118, 1902). retornardes a última vez à Europa por
Ela assim os aconselhou: estas razões. Primeiro, precisáveis de uma
esposa para cuidar de vós e não devíeis ter
Eu vos suplico que não repreendais vosso levado vossa família à Europa sem uma boa
pai. Não devíeis sentir o que sentis, pois companhia para ser uma mãe para vossos
vosso pai não está fazendo nada que Deus filhos. [...] Precisais de outro elemento
condena. A condenação existe apenas em vossos labores que não possuís e que
na mente dos homens. Em nada ele tem não compreendeis ser realmente essencial
desonrado seus filhos e tem se mantido (Carta 9, 1883).
no caminho do Senhor. [...] Esta mulher
é jovem, mas está em uma idade em que
pode ajudá-lo em seu trabalho. A idade de (2) Novo casamento de uma parte
resposta a um colportor que foi abandonado divórcio por motivo de adultério, ela ou
pela esposa por outros motivos que não o outra mulher nas mesmas circunstâncias
adultério, Ellen G. White escreveu: poderia casar-se outra vez (344).
Não vejo que mais se pode fazer neste (3) Novo casamento após o divórcio
caso, e penso que a única coisa que podeis por outra causa que não o adultério
fazer é abandonar vossa esposa. Se ela está
assim determinada a não viver em vossa Uma das secretárias da senhora
companhia, sereis ambos muito infelizes White se apaixonou por um homem, que
se o tentardes. Visto que ela inteira e
um ano ou dois antes havia abandonado
determinadamente escolheu sua sorte, a
sua esposa e filhos. Deixando-os com
única coisa que podeis fazer é tomar vossa
cruz e proceder como homem. [...] Vós seu sogro, viajou para outro continente.
me perguntastes se poderíeis casar outra A esposa dele buscou o divórcio por
vez visto que vossa esposa vos deixou. motivo de abandono. Antes que o
Eu diria que se alguém compreendesse divórcio fosse concedido, esse homem
todas as circunstâncias, poderia escolher começou a cortejar a secretária. A
casar-se convosco. Se não tivésseis sido senhora White insistiu em que nenhum
casado, não veria objeções. [...] Espero que dos dois tinha o direito de se casar. O
procedais como homem. Ponde de lado este homem ainda estava legalmente Iigado
assunto, voltai ao trabalho, cumpri vossos a sua esposa, e a secretária não tinha o
deveres independente de qualquer pessoa
direito de se casar com ele, mesmo após
na Terra, abnegando-vos, sacrificando-vos,
a concessão do divórcio (ME, vol. 2,
esquecendo-vos. [...] Entregai vosso caso a
Deus. [...] Não deixeis que o desapontamento 340 e 341). Ela escreveu: “Quero que
vos arruíne. Expulsai a melancolia. [...] ambos compreendam mediante a luz
Desviai-vos das coisas terrenas, ídolos que Deus deu considerando o passado
terrenos, e louvai o Senhor Deus, servindo- e o presente, não poderia pensar em
o de todo o vosso coração e toda a vossa empregar a ambos se derdes este passo”
alma, então consagrar-vos-ei totalmente ao (Carta 14, 1895).
Senhor” (Carta 40, 1888 e LA, 344).
Escrevendo ao homem, ela disse
que ele estava tentando “sacrificar
Após certo tempo, a mulher se divorciou
a verdade para obter uma esposa”,
e se casou novamente, e o colportor fez o
“obter uma esposa por deslealdade a
mesmo. Sua nova sogra escreveu a Ellen
Deus”. E ainda acrescentou: “Aquele
G. White pedindo-lhe que ela intervisse
que não é sincero para com Deus não
para separá-los, pois o homem havia se
pode ser sincero para com sua esposa”
mutilado. Ela recebeu essa resposta:
(Carta 17, 1896). Em outra ocasião, ela
J não repudiou sua esposa. Ela o deixou e disse: “Haveis, ambos, violado a lei só
casou-se com outro homem. Nada vejo nas com o pensar que vós podíeis unir em
Escrituras que o proíba de casar-se no Senhor. matrimônio. Devíeis haver repelido o
Ele tem direito ao afeto de uma mulher. pensamento à sua primeira sugestão
[...] Não vejo porque essa nova união deve (Carta 14, 1893). Deste modo, fica
ser perturbada. [...] Nada vejo na Palavra
claro que Ellen G. White via o adultério
de Deus que poderia exigir a separação de
como a única base para o divórcio e
ambos. Como pedistes meu conselho, dou-o
francamente (ME, vol. 2, 339 e 340).4 novo casamento, para a parte inocente,
enquanto o cônjuge ainda vive.
Referindo-se a um membro de igreja Entretanto, há casos em que ela faz
cujo marido quebrou o voto conjugal por uma exceção a essa posição, conforme
adultério, Ellen G. White disse que após o os exemplos que se seguem:
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 89
separação pois W não pode suportar viver de Alabama devido a W. O irmão White
como escravo e ter sua identidade perdida respondeu ao McVaugh, afirmando que
em uma esposa que se tornou sua juíza e sua mãe não queria assumir uma pesada
consciência, em seus deveres e em seu responsabilidade no caso. Ele declarou:
trabalho de modo geral (Carta 175,1901).
Em relação ao irmão W, ela diz o que
Depois de algum tempo, ele retornou tem dito sobre outros homens em posição
ao trabalho da colportagem encorajado de certa forma semelhante à dele. Se
eles, de fato, se arrependeram completa e
pelos irmãos Palmer e Edson White e foi
sinceramente, não devem ser proibidos de
enviado as Índias Ocidentais, onde realizou trabalhar para Cristo em um cargo humilde,
excelente trabalho. Retornou a Memphis, mas não devem ser elevados a posições de
após algum tempo, onde trabalhou com responsabilidade.12
os negros, auxiliando no trabalho da
colportagem e no treinamento de obreiros Ellen White endossou a carta de W.C.
durante os anos de 1902 e 1903. Ele obteve White, acrescentando o seguinte de
credencial contra a vontade de G. I. Butler, próprio punho: “Este é o conselho correto
então presidente da União Associação do em tais casos. Que ele ande humildemente
Sul. Devido a insistência de alguns amigos, diante de Deus. Não vejo luz em atribuir-
o irmão Butler, relutante, finalmente lhe responsabilidades”.
participou da ordenação de W.10 Em
Em 1913, A. L. Miller, então presidente
Memphis, W fez um “excelente trabalho”
da Associação de Alabama e ancião da
e “trabalhou arduamente”, de acordo com
igreja de Birmingham, escreveu a Ellen G.
Edson White, em favor dos adventistas do
White a respeito do caso. Como a maioria
sétimo dia negros. Ellen G. White também
da igreja queria W para ancião da igreja e
avaliou positivamente o trabalho dele: pastor atuante, uma posição não acatada
Não vejo razão por que não devemos pela Associação União do Sul, Miller
encorajar W a ser um obreiro na vinha do decidiu apresentar o “caso diante da serva
Senhor.11 A purificação da alma do pecado do Senhor”, para uma decisão final.
inclui os dons de perdão, justificação e
O irmão W decidiu ir ao encontro de
santificação. E a purificação interior do
Ellen G. White e discutir o caso com ela
coração é evidenciada pela purificação
pessoalmente. Ele viajou à Califórnia,
exterior da vida. A misericórdia de Deus
para com aqueles que sinceramente se
mas não foi bem sucedido, pois Ellen
arrependem e chegam-se a Ele, através de G. White não quis discutir o assunto.
Cristo, não conhece limite. Ele perdoará o Nessa ocasião, ela tinha 85 anos. Ele
mais culpado e purificará o mais poluído. então optou por deixar seu caso, por
O caso do irmão W tem-me atribulado, escrito, com ela. Quando as cartas do
mas agora tenho uma luz mais distinta irmão Miller e de W foram apresentadas
sobre isto; e agora direi que se o irmão diante dela, sua resposta foi: “Não julgo
W permanecer ligado a Jesus, ele estará ser meu trabalho tratar de tais assuntos a
seguro, pois Cristo tem assegurado seu menos que o caso seja totalmente claro
poder infinito, fidelidade e amor para diante de mim”. Ela prosseguiu: “Não
salvar até o último. Que o irmão W saiba posso assumir a responsabilidade em tais
que eu escrevi isto (Carta 41, 1902). problemas. [...] Que aqueles que foram
designados por Deus para assumirem tais
Em 1911, o irmão McVaugh, responsabilidades o façam de acordo com
presidente da União Associação do os princípios cristãos” (Ms 2, 1913). O
Sul, escreveu a W. C. White relatando a irmão W morreu no hospital e sanatório
situação que havia surgido na Associação de Washington, em 24 de julho de 1934,
92 / Parousia - 2º semestre de 2007
aos 78 anos de idade. Ele morreu antes deveria haver separação, mas não divórcio.
da sua esposa, a qual cuidou dele em seus Em um caso em que a parte culpada se
últimos dias.13 casou outra vez, o conselho de Ellen G.
White foi que a situação não melhoraria se
Separação de pessoas “culpadas” que a segunda esposa fosse abandonada (ME,
contraíram novo casamento vol. 2, 341 e 342).
Lidando com um caso particular, Ellen
Ellen G. White admite a possibilidade G. White menciona que “geralmente após
de separação de pessoas casadas por outras terem tumultuado as coisas fazendo-as
razões que não o adultério. Em certa em pedaços, não tinham sabedoria para
ocasião, ela aconselhou um casal a não se recompô-las tornando a situação melhor”.
separar, porém, em outros casos ela optou Quando referiu-se àqueles que estavam
pelo oposto. Parece que em seus conselhos lidando com o caso, disse que se eles
ela ponderava sobre a particularidade de “houvessem estudado cuidadosamente
cada caso e circunstância. uma solução melhor e pudessem encontrar
A um casal já separado por algum lugares para estes onde pudessem se sentir
tempo por outro motivo que não o adultério confortáveis, melhor seria não executar a
de uma das partes, ela aconselhou um dos idéia de separação” (Carta 5, 1891). Sobre
cônjuges a “ir a Cristo e submeter-se ao esse caso ainda, ela conclui:
controle de Deus” (Carta 47, 1902), ao Escrevo isto porque tenho visto muitos
invés de procurar outra esposa. casos dessa natureza e as pessoas têm
Uma esposa maltratada, após um longo grande preocupação até que tudo esteja
desordenado e desarraigado e então seu
período de separação de seu marido,
interesse e preocupação não vão muito
escreveu a Ellen G. White pedindo
longe. Devemos saber que temos um zelo
conselho. “Não aconselho o seu retorno de acordo com o nosso conhecimento. Não
a D., a menos que veja nele decidida devemos nos posicionar precipitadamente
mudança” (LA, 343). em tais assuntos, mas considerar os
A certo homem, abandonado por sua dois lados da questão; devemos agir
mulher, ela disse: “Não vejo que mais se cautelosamente e com ternura piedosa,
porque não conhecemos todas as
pode fazer neste caso, e penso que a única
circunstâncias que levaram a esse tipo de
coisa que podeis fazer é abandonar vossa
procedimento. Aconselho que estes infelizes
esposa. Se ela está assim determinada a não sejam deixados a cargo de Deus e de suas
viver em vossa companhia, sereis muito próprias consciências, e que a igreja não os
infelizes se o tentardes” (Ibid, 344). trate como pecadores até terem evidências
Na Carta 34, datada de 1890, Ellen G. de que eles são assim considerados a vista
White aconselha um homem a separar-se de um Deus Santo (Ibidem).
de sua esposa e devolvê-la a sua mãe “que
fez dela o que ela é”. Ela declara que “neste
A situação ‘deixai-os em paz’
caso não é com a mulher que o irmão A
está lidando, mas um espírito desesperado
Ellen G. White usou três expressões
e satânico”. Ellen G. White acrescenta que
semelhantes em três casos distintos:
aquele casamento foi “um ardil de Satanás”.
“deixai-os em paz, “deixai W com o
A mulher era controlada por demônios que
Senhor” e “deixai-os com Deus e com
tentavam incapacitá-lo para o trabalho do
Senhor. No final da carta, ela diz que “o suas próprias consciências”.
voto conjugal que une a esposa ao marido A primeira expressão foi usada quando
não deve ser quebrado”. Isto quer dizer que se referiu a um de seus cunhados, marido
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 93
estar feliz”.16 Ele enviou uma outra carta a Nada vejo nas Escrituras que proíba J de
Ellen G. White no ano seguinte. “Suponho se casar outra vez no Senhor. [...] Pode ser
que a senhora saiba a respeito de meu que este casamento esteja de acordo com a
casamento dia 6 de março com a senhora L vontade de Deus a fim de que tanto J como
de Pensilvânia”. Referências foram feitas sua filha possam ter uma experiência mais
das excelentes qualificações e capacidades rica e sejam aperfeiçoados onde possuem
da então futura noiva.17 falhas” (Ibidem).
O terceiro caso faz alusão à mulher casamento para a Igreja Adventista. Porém,
samaritana junto ao poço. Ela estava após a publicação de O Lar Adventista,
“vivendo abertamente em pecado” (DTN, Mensagens Escolhidas volume 2 e algumas
173). Referindo-se ao último dos seis compilações de materiais não-publicados,
homens com quem ela vivia, Jesus disse, a Igreja tomou conhecimento de algumas
“o que agora tens não é teu marido”. cartas e manuscritos que tratavam do
“Viver abertamente em pecado” também problema. A interpretação de parte desses
é uma referência ao adultério. materiais tem levado alguns a adotar uma
O trecho seguinte, relatado por W.C. visão mais liberal sobre o divórcio e novo
White como incesto, apresenta um casamento.
exemplo de “pecado aberto”:
Parece que Ellen G. White não lidou
Ele tomou sua posição mesmo em face da com o problema, exceto por meio de
luz e da verdade. Escolheu obstinadamente correspondência, quando abordada
sua própria conduta e recusou-se ouvir a para dar conselhos pessoais, direta ou
reprovação. Ele tem seguido as inclinações
indiretamente, por obreiros envolvidos em
de seu coração corrupto, violou a santa lei
de Deus e lançou opróbrio sobre a causa problemas de terceiros. Escrevendo em
da verdade presente. Mesmo que ele se 1902, ela disse: “Deveria aparecer muito
arrependa sinceramente, a igreja deve mais sobre o assunto do casamento em
abandonar seu caso. Se ele for para o nossas publicações. [...] Embora eu não
Céu, deverá ir sozinho, sem a companhia tenha escrito muito sobre o tema, tenho
da igreja. Uma firme reprovação de Deus feito muito trabalho pessoal nesta linha”
e da igreja devem permanecer sobre ele
para que o padrão de moralidade não seja (Carta 110, 1902).
rebaixado ao pó (Ts, vol. 1, 215). O fato de Ellen G. White ter trabalhado
com casos individuais, deveria nos
A expressão “pecado aberto” é também advertir a não generalizarmos mais do
usada por Ellen G. White de um modo que as experiências bíblicas que temos
mais geral, não relacionado somente no caso de Davi e da mulher apanhada
ao contexto de sexo (ver DTN, 633). É em adultério. Nesse sentido, seria bom
evidente que ela considerava o pecado lembrar o que W. C. White escreveu em
como uma situação contínua, mais do 1931: “Não era intenção da irmã White
que uma queda pontual relatada em um que saísse algo de sua pena que pudesse
texto, em determinado tempo e caso. ser utilizado como lei ou regra ao lidar
Falando de modo geral, ela menciona com estas questões de casamento,
cinco passos que o pecador deve dar para divórcio, novo casamento e adultério.”22
ser restaurado à comunhão da igreja (ver
OE, 50; LA, 346): (a) arrependimento, por Quanto a outros materiais que Ellen
meio da submissão ao trabalho do Espírito G. White escreveu, há algumas poucas
Santo, “por mais grave que possa ter sido páginas em O Maior Discurso de Cristo.
a ofensa”; (b) “submissão à disciplina de Com exceção de um comentário em
Cristo”; (c) confissão; (d) perdão do pecado relação ao caso de uma “irmã ofendida”,
e; (e) dar evidências de arrependimento. relatado na Review and Herald de 24 de
março de 1868, seu silêncio na revista
Cartas de Ellen G. White contendo oficial da igreja é notável. A resposta
orientações sobre divórcio e novo no periódico, escrita conjuntamente por
casamento Tiago e Ellen G. White, foi publicada
quase na íntegra em O Lar Adventista,
É interessante que Ellen G. White páginas 346 e 347. Abaixo, reproduzo o
escrevesse sobre o tema divórcio e novo texto na íntegra:
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 97
honrada por Jesus quando esteve aqui na adultério. Contudo, a parte inocente
Terra. O casamento é uma bênção se os pode permanecer com a culpada se
princípios divinos forem seguidos. assim o desejar. O adultério coloca a
(2) A monogamia é o ideal de Deus para “parte inocente” em uma situação que
a humanidade. “Deus não sancionou lhe permite um novo casamento ou a
a poligamia em um único caso” (SG, permanência com a parte culpada.
vol. 3, 100). (12) Uma pessoa pode estar legalmente
(3) Ellen G. White desaprova, decididamente, divorciada de acordo com as leis do
casamentos incompatíveis, precipitados e país, mas não está à vista de Deus, se o
com incrédulos. divórcio foi obtido por outros motivos
que não o adultério.
(4) Ainda que não deva existir racismo
entre o povo de Deus, ela não incentivou (13) O direito a um novo casamento existe
casamentos inter-raciais. apenas quando o direito para o divórcio
bíblico existe. Entretanto, há novos
(5) Ela defende firmemente a idéia de que o casamentos com direitos ou sem direitos.
casamento é para a vida toda. Esse princípio foi estabelecido pelo
(6) Ellen G. White segue a Bíblia (Rm próprio Cristo no Evangelho.
7:1-3) em relação ao direito de se (14) Algumas das formulações e declarações
casar novamente após a morte de um de Ellen G. White concernentes ao
dos cônjuges. divórcio e novo casamento tendem a ser
(7) William C. White declarou que sua mãe rígidas, definidas e absolutas (lei na forma
não desejava estabelecer regras ou leis apodíctica). Porém, em certos exemplos
para casos que envolviam problemas. ao lidar com casos e circunstâncias
particulares, ela revela grande paciência,
(8) Conselhos a casos, situações e indivíduos
clemência e compreensão em sua aplicação
específicos não deveriam ser generalizados.
(a forma da “lei do evangelho”).
As circunstâncias e situações variam. A
igreja e seus Iíderes trataram de casos (15) Não há nenhum caso conhecido em
específicos em cada situação. que Ellen White tenha aconselhado o
rompimento de um segundo casamento
(9) Algumas vezes, quando solicitavam
de uma “parte culpada”.
a Ellen G. White conselhos em casos
difíceis, ela dava sugestões. Porém, em (16) Em certos casos de novo casamento não
outros exemplos, quando não tinha luz por adultério, ela aconselhou: “deixai-os
em relação ao problema, entregava o caso em paz” ou “deixai-os com Deus e com
“aos irmãos” para ser considerado de suas consciências”.
acordo com os princípios bíblicos. (17) Em relação ao casamento de um homem
(10) Deve-se permitir a separação de mutilado, cuja esposa conhecia a situação
cônjuges incompatíveis para o bem-estar antes do casamento, ela disse que tal
espiritual dos indivíduos envolvidos. homem estaria em melhores condições
Todavia, somente a morte ou o adultério para ser um vencedor do que muitos
podem anular os votos que foram outros homens. Em relação a esposa, ela
registrados no Céu. disse que há situações piores que podem
ocorrer a uma mulher.
(11) Uma pessoa que segue a Bíblia não
pode entrar em um relacionamento (18) Ela tratou do assunto do divórcio e novo
extraconjugal, exceto após a morte casamento quase que exclusivamente por
de seu cônjuge ou se esse cometer meio de suas correspondências. Parece
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 99
que o único artigo que ela escreveu sobre para uma posição mais recente e menos
o tema é um que apareceu na Review and rígida, adotada por muitos na igreja e
Herald, em 24 de março de 1868, em co- pela própria organização. Entretanto,
autoria com Tiago White. As declarações deve-se ter em mente a declaração de
contidas em O Lar Adventista e Mensagens W. C. White que Ellen G. White não
Escolhidas volume 2, extraídas em sua desejava que seus escritos fossem
maioria das cartas, formam uma base usados como uma lei ou regra.
Referências
1
Ver Review and Herald, 14 de outubro de 13
O nome de W não está registrado no YearBook
1862, 151. da IASD de 1909-1914 em nenhum cargo como
2
Ver também Review and Herald, 29 de agosto obreiro denominacional.
de 1918, obituário de G. I. Butler. 14
W. C. White, 21 de fevereiro de 1927.
3
Ver páginas 43 e 44 das declarações feitas 15
W. C. White, DF, 1002.
por Tiago e Ellen G. White em relação aos termos 16
Ver cartas de 1º de novembro de 1892 e 10
e expressões usadas. Em alguns casos a chamada e 14 de agosto de 1893 sabre o divórcio e novo
“parte inocente” é, de fato, “culpada” em certo casamento de K.
grau por haver contribuído para as condições e 17
Cartas de 23 de abril de 1895 a 17 de setembro
circunstâncias que levaram o cônjuge “culpado” a de 1895.
infidelidade. No caso comentado acima por Tiago e 18
ver as cartas de 9 e 23 de abril de 1895.
Ellen G. White, parece que uma parte era inocente 19
DF, 1002.
enquanto que a outra, culpada. 20
Ver The Zondervan - Pictorial Encyclopedia
4
Ver “História do caso de J”, nas páginas 34 a of the Bible, 884 e 885.
37 deste documento, para obter mais informações 21
No caso das referências do Novo Testa-
sobre o caso. mento precisamos lembrar que as leis romanas
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Sra. G a Ellen G. White, 7 de março, 1884; 21 e não as judaicas estavam em vigor. Não há
de agosto, 1884. nenhuma evidência de que o homem envolvido
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Carta escrita em 16 de julho de 1894. no caso da mulher apanhada em adultério fosse
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William C. White ao professor G, 26 de fever- casado. Qualquer que seja a situação, a graça de
eiro de 1911. Cristo alcançou a mulher e conduziu-a ao arre-
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parte da carta, relacionada ao trabalho nas ci- pendimento genuíno! Arrependimento genuíno
dades, aparece em Medicina e Salvação, 303 e 304. é o alvo a ser alcançado em todos os casos onde
9
W. C. White, 6 de janeiro de 1931. adultério e fornicação estiverem envolvidos.
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Ver G. I. Butler a W. C. White, 3 de julho Todas as atitudes subseqüentes da igreja devem
de 1906. ser construídas sobre uma plataforma de arrepen-
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De acordo com uma declaração de W. C. White, dimento genuíno.
datada de 15 de setembro de 1911, este termo refere- 22
6 de janeiro de 1931.
se a trabalhar como um leigo. 23
Artigo conjunto por Tiago e Ellen G. White,
12
W. C. White a Mc Vaugh, 15 de setembro de 1911. Review and Herald, 24 de março de 1968.