Sei sulla pagina 1di 17

83

Casamento, divórcio e novo casamento


nos escritos de Ellen G. White

Elbio Pereyra, Doutor em Teologia


Pastor jubilado, reside em Bella Vista, Corrientes, Argentina
Tradução: Sonia Maria M. Gazeta

Resumo: A discussão entre adventistas Introdução


quanto ao divórcio e novas núpcias remonta
ao início da história da IASD, por ocasião da De acordo com o relato bíblico foi o
organização de sua primeira associação. No próprio Criador que formou Eva e então
entanto, uma posição da instituição sobre o a conduziu a Adão para ser sua mulher.
assunto só definiu-se em tempos mais recen- Ellen G. White declara que, no desígnio
tes. Diante disso, vê-se como pertinente uma de Deus, o casamento é “uma das
compreensão da postura da IASD sobre a maiores bênçãos para a família humana”
questão em suas primeiras décadas, por meio (Ms 16, 1899). O matrimônio proveria
do posicionamento de Ellen G. White expresso as necessidades sociais do homem,
em seus escritos. Este artigo discorre sobre a preservaria a pureza da raça e elevaria a
posição de Ellen G. White a respeito de casa- natureza física, mental e moral, trazendo
mento, divórcio e novo casamento. Descreve felicidade e contentamento (PP, 46).
sucintamente sua visão sobre a natureza e pre-
paro para o matrimônio e procura sistematizar Cristo sancionou o casamento ao
os conselhos dados por ela às famílias que se realizar seu primeiro milagre em uma
depararam com essas situações. festa de bodas e Ele ainda se rejubila
com aqueles que se alegram em uma
festividade nupcial (LA, 100). Ele se
Abstract: The discussion regarding to deleita com “casamentos felizes, felizes
divorce and remarriage among Seventh-day lares” (99). “O Céu contempla com
Adventists Christians can be traced back to prazer um casamento formado com um
the historical beginnings of the denomina- sincero desejo de seguir a direção dada
tion, in fact, by the time of the organization nas Escrituras” (Carta 17, 1896).
of its first Conference. However, the official
position of the SDA Church about the topic Os conselhos de Ellen G. White incluem
was taken only in relatively recent times. muitas condições que, se forem seguidas,
It is considered important to understand resultarão em casamentos felizes. Uma
the position of the Adventist Church in the delas é: Cristo deve ser o centro tanto na
first decades of its existence, through the vida do marido como na vida da mulher
position expressed in the writings of Ellen (CBV, 358).
G. White, one of the leading pioneers of the Ellen White escreveu para a irmã L:
movement. This article describes the un-
derstanding of Mrs. White about marriage, Que a mulher se entregue a Cristo antes de se
divorce and remarriage. It summarizes also entregar a qualquer amigo terreno, e não assuma
her vision on the nature and preparation nenhuma relação que entre em atrito com isto.
for marriage and provides her counsels to [...] Minha irmã, a menos que desejes ter um
families facing those situations. lar de onde nunca se levantem as sombras, não
84 / Parousia - 2º semestre de 2007

te unas com um homem que é inimigo de Deus se devem encorajar tais uniões. O conselho
(TS, vol. 2, 120). inequívoco é oferecido: “Esse passo não
deve ser dado”.
Ela ainda argumenta que seria melhor
A mulher deve saber como educar seus
permanecer solteiro do que se unir a uma
filhos nos aspectos práticos da vida, tais
pessoa mundana (LA, 68). Os adventistas
como os cuidados do lar, com os doentes,
deveriam se casar com adventistas, e não
além de princípios de higiene, etc. (CBV,
simplesmente com crentes em Cristo. Ellen
302; LA, 90 e FEC, 75).
G. White escreveu posteriormente a irmã L:
“Mesmo que o companheiro de tua escolha Marido e mulher devem manter sua
fosse em todos os outros respeitos digno (o própria individualidade (CBV, 361). A
que, porém, ele não é), no entanto ele não esposa não deve subjugar sua própria
aceitou a verdade para este tempo; é um identidade e se tornar, simplesmente, uma
descrente, e és pelo Céu proibida de unir-te máquina dirigida pela vontade de seu
a ele” (TS, vol. 2, 121, grifo meu). cônjuge (Carta 25, 1885).
Ambos, noivo e noiva, deveriam ser Já quanto a poligamia, embora praticada
adultos e maduros o suficiente para pesar nos tempos do Antigo Testamento, nunca
cuidadosamente todas as suas chances para foi uma opção legítima para os seguidores
a felicidade. “Casamentos precoces não de Deus, em qualquer país ou época.
devem ser encorajados” (LA, 79). “Um “Deus não sancionou a poligamia em um
jovem adolescente não possui critério único caso” (SG, vol. 3, 100).
para julgar a conveniência de ter como Por fim, ambos, marido e mulher, devem
companheiro para a vida outro jovem tão reconhecer os privilégios do relacionamento
imaturo como ele mesmo” (Ibidem). Os conjugal que inclui o amor sexual praticado
casamentos precipitados devem ser evitados, sem “excesso” (LA, 121-128).
pois freqüentemente levam à separação, ao
divórcio e à confusão na igreja (MJ, 458). Divórcio
Os atributos pessoais do esposo e da
esposa devem ser compatíveis, “escolhei
Um antigo problema da Igreja
vossa esposa de uma classe que esteja mais de
acordo com a vossa”, Ellen G. White escreveu
para um homem que estava planejando “Como devemos tratar casamentos
se casar. Ele era rude e a mulher delicada divorciados?” Este era o primeiro item da
e refinada; nela as qualidades intelectuais agenda da delegação, de nove ministros
predominavam (Carta 21, 1860). adventistas do sétimo dia, que se encontrou
em Monterey, Michigan, de 4 a 6 de
As características raciais devem outubro de 1862, para a organização da
também ser semelhantes. Ellen G. White primeira associação da Igreja Adventista
não afirma que uma raça é superior a outra. do Sétimo Dia (IASD), naquele estado.
“Todos os homens”, ela diz, “brancos O problema que estava afetando alguns
e negros, são iguais” (ME, vol. 2, 341 e irmãos em Illinois e Wisconsin foi
342). Seu conselho, contra casamentos apresentado pelo irmão Sanborn. Quando
inter-raciais é baseado primeiramente Tiago White solicitou uma explicação para
nos problemas e conseqüências que deles a expressão “casamentos divorciados”,
resultam. Os filhos se amarguram pelos Sanborn disse que se referia às pessoas
seus pais, cria-se controvérsia e a obra divorciadas que se casaram novamente,
de Deus se retrai ao invés de avançar. Em sem as bases para a separação,
virtude dessas considerações práticas, não mencionadas em Mateus 19. A pergunta
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 85

dele era: esses indivíduos poderiam ser alguns casos específicos, em particular,
aceitos como membros da igreja?1 por meio de sua correspondência. Esse
Deste modo, casamento, divórcio e novo material será mostrado posteriormente
casamento são problemas muito antigos na nesse estudo. Tais casos representam
IASD, como a organização de sua primeira exceções e não a regra, mas isso também
sede administrativa, a Associação de é evidenciado na Bíblia algumas vezes.
Michigan. O problema continua a ser um
tema em discussão, demandando atenção de A única razão para a dissolução do voto
comissões de igrejas locais e comitês especiais conjugal: adultério

representados por associações e uniões.


O casamento “deve ser cuidadosamente
A visão documentada da Igreja sobre o considerado”, pois é um “passo tomado
problema para a vida toda” (LA, 34). “É uma
instituição sagrada” (Nos Lugares
Nesse breve documento não é possível Celestiais, MM, 202) semelhante à união
considerar a atmosfera social semipuritana que de Cristo e sua igreja (TS, vol. 7, 46).
caracterizava os dias de Ellen G. White, nem Nos tempos de Jesus, os judeus
mesmo comentar suas atitudes cristãs gerais repudiavam as mulheres pelas ofensas
em relação ao divórcio e novo casamento. mais triviais (MDC, 63), porém, Cristo
Estamos lidando simplesmente com Ellen rejeitou aquela prática. O padrão moral
White e seus escritos. Para tanto, a posição de não deveria se basear em legislações
um documento geral da IASD através desses ou inclinações humanas, mas na lei de
anos se mostra de grande utilidade. Deus, na “elevada norma moral de justiça
A Review and Herald publicou, de 1862 divina” (LA, 342). “Se a esposa é incrédula
a 1900, 15 artigos, comentários, respostas e opositora, o marido não pode, em face
a perguntas e réplicas de leitores a respeito da lei de Deus, abandoná-la só por isto
do assunto do divórcio e novo casamento. A (Ibid, 344). Nem os cônjuges podem se
posição adotada pela revista foi consistente separar por incompatibilidade de gênios;
no decorrer desses anos. Adultério era mas sim, devem procurar mudar a própria
a única razão para o divórcio, e novo disposição (Carta 168, 1901).
casamento só seria admissível apenas para Não se deve considerar a falta de amor
a parte inocente. como uma razão suficiente para o divórcio
A opinião do periódico aparece bem após o voto solene feito, na presença
definida, todavia, um tanto rígida. Se isto de Deus e dos santos anjos, ainda que
representa a posição oficial da IASD, não por um cônjuge imperfeito. “Quando
podemos afirmar. Pelo menos, representa o conduzirdes mais a vontade em vosso
ponto de vista de Uriah Smith, quando foi auxílio e conscienciosamente andardes no
redator da revista. Duas notas publicadas temor do Senhor, então o amor que agora
por ele em 1887 (11 de janeiro e 8 de supondes estar morto ressuscitará. [...] A
fevereiro) são de particular interesse. A fonte do amor aumentará dia a dia e toda
primeira, mostra um caso específico de a amargura e decepções serão excluídas a
um novo casamento, que não foi por razão seu tempo” (Carta 57, 1888).
de adultério. A segunda, trata de outros Quanto a essa questão ainda, Ellen
casos citados por leitores e suas respostas, G. White comenta: “Digo-vos que não
bem como a posição do redator. podeis quebrar vosso voto conjugal e
A posição de Ellen G. White parece ser permanecerdes sem culpa diante de Deus.
menos rígida, pelo menos quando trata de [...] Apegai-vos a vossos votos conjugais
86 / Parousia - 2º semestre de 2007

porque sois reta de coração e sentireis E acrescentou: “Vi que a irmã A, por
arrependimento quando fordes vestida com ora, não tem direito de desposar outro
as vestes da justiça de Cristo” (Ibidem). homem; mas se ela, ou qualquer outra
Em contraste às ofensas triviais, Ellen mulher, obtiver um divórcio legal na base
G. White deu a única razão para o divórcio: de adultério por parte do marido, então
“Nada senão a violação do leito conjugal está livre para casar com quem quiser”
pode quebrar ou anular o voto conjugal” (LA, 344).
(LA, 341). “Só há uma razão pela qual o Em 1888, ao lidar com uma situação
marido pode legitimamente separar-se de muito delicada envolvendo dois
sua esposa ou a esposa de seu marido: o colportores, ela registrou o seguinte em
adultério” (Ibid, 345). seu diário: “Tive uma longa conversa
Ela salientou que Jesus aprovou a com a irmã B mostrando-lhe que o voto
dissolução do casamento apenas em caso conjugal é um vínculo e que nenhuma das
de adultério (Ibid., 340). Em seu Sermão partes pode abdicar de seus direitos, salvo
do Monte, Cristo declarou “plenamente” em caso de adultério, a violação do leito
que havia uma única razão para o fim do conjugal” (Ms 22, 1888).
casamento: infidelidade ao voto conjugal
(MDC, 63). Em resumo, Ellen G. White Novo casamento
declarou que Jesus permite um novo
casamento apenas quando o direito ao
divórcio existe. Três casos de novo casamento

A um certo médico casado com uma Em seus escritos, Ellen G. White


incrédula, o qual possuía algumas idéias apresenta, pelo menos, três situações
errôneas a respeito do casamento e queria envolvendo novo casamento: após a morte
repudiar sua mulher, ela disse: “Deus do cônjuge, após o divórcio baseado
reconhece apenas um motivo” para o divórcio: em adultério e após divórcio permitido
o adultério. Ela convidou esse obreiro a trazer por outras causas que não o adultério. O
sua esposa de volta ao seu lado, quando já problema da separação também merece
haviam se separado (Ibid, 342-343).
uma consideração aqui.
“O divórcio é uma eterna e sincera
mágoa. O casamento deveria ser muito (1) Novo casamento após a morte de um
bem considerado antes de ser contraído”, cônjuge
escreveram Tiago e Ellen G. White em 1868,
referindo-se a uma mulher que tinha que viver
(A) Casamento de um viúvo
com um adúltero (RH, 24/03/1868, 236). Ela
ainda acrescenta que os casados deveriam Em 1890, um viúvo idoso escreveu
possuir a têmpera do aço em relação a seus a Ellen White solicitando orientação
votos conjugais (Carta 321, 1903). em relação a um novo casamento. Ela
Em 1863, Ellen G. White escreveu: respondeu-lhe:
Uma mulher pode estar legalmente Eu sei, conforme dizeis, que deveis ser
divorciada do marido pelas leis do país, muito só em vossa idade e não vejo objeção
mas não divorciada à vista de Deus e de se há alguém a quem possais amar e retribuir
acordo com a lei mais alta. [...] Embora as vosso amor. Porém, como não conheço a
leis do país possam permitir o divórcio à senhora que tendes em mente, não posso
luz da Bíblia, continuam como marido e aconselhar como alguém que conhece
esposa, segundo as leis de Deus. ambas as partes (Carta 70, 1898).
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 87

O segundo casamento do irmão Haskell posição que Ellen G. White não apoiou.
também é outro que pode ser citado. A Ela julgava que um novo casamento traria
esposa dele faleceu em 1894. Três anos equilíbrio à sua vida.
depois, aos 64 anos de idade, ele se casou
Ela expressou:
novamente. Ellen G. White escreveu ao casal:
“Alegramo-nos ao ouvir de vós que vossos Tendes tido idéias errôneas em relação a vos
interesses estão unidos como se fossem um. manterdes viúvo, porém nada mais falarei
Que o Senhor abençõe essa união. [...] Estou sobre este assunto. A influência de uma
feliz, irmão Haskell, porque tendes uma nobre mulher cristã de habilidades distintas
ajudadora. Isto é o que tenho desejado por serviria para neutralizar as tendências de
algum tempo” (Carta 74a, 1897). vossa mente. A habilidade de concentração,
a intensa luz com que considerais todas as
(B) O segundo casamento do irmão coisas de caráter religioso ligadas a causa
Butler e à obra de Deus têm trazido depressão em
vosso espírito, um peso de ansiedade que
A primeira esposa do irmão G. I. Butler vos tem enfraquecido física e mentalmente.
morreu após 42 anos de união conjugal. Se estivésseis ligado a alguém com
Quando ele tinha 68 anos, teve oportunidade sentimentos opostos, teríeis força para
de se casar com uma mulher de 35 anos descartar pensamentos melancólicos. A
“em cuja conversão à verdade ele fôra um individualidade dela não seria subjugada,
instrumento” (Carta 117, cc 1902). Porém, mas sua identidade preservada e sua
ele encontrou forte oposição por parte da influência seria modeladora sobre vossa
mente. Se assim fosse, hoje teríeis força
irmã e cunhado da mulher. O próprio filho
física e poder para resistir a doença.
de Butler se opôs também ao plano. Ellen
G. White enviou três cartas aos familiares
endereçadas a irmã e ao cunhado da mulher Em outro momento ela também disse:
e uma ao filho de Butler, desaprovando tal Eu vos aconselhei a casardes antes de
oposição (Cartas 77, 78, 117 e 118, 1902). retornardes a última vez à Europa por
Ela assim os aconselhou: estas razões. Primeiro, precisáveis de uma
esposa para cuidar de vós e não devíeis ter
Eu vos suplico que não repreendais vosso levado vossa família à Europa sem uma boa
pai. Não devíeis sentir o que sentis, pois companhia para ser uma mãe para vossos
vosso pai não está fazendo nada que Deus filhos. [...] Precisais de outro elemento
condena. A condenação existe apenas em vossos labores que não possuís e que
na mente dos homens. Em nada ele tem não compreendeis ser realmente essencial
desonrado seus filhos e tem se mantido (Carta 9, 1883).
no caminho do Senhor. [...] Esta mulher
é jovem, mas está em uma idade em que
pode ajudá-lo em seu trabalho. A idade de (2) Novo casamento de uma parte

vosso pai não deve ser uma barreira para ‘inocente’


sua felicidade? (Carta 117, 1902).2
Segundo Ellen G. White, a parte
“injuriada” tem três possibilidades em
Ademais, quando ele completou 73
face de um divórcio: (A) Permanecer com
anos de idade tornou a se casar com outra
a parte “culpada”. O inocente não se torna
mulher. Ellen G. White se sentiu feliz por
culpado por manter o casamento com
eles. (Carta 390, 1907).
o cônjuge infrator (LA, 346); (B) Novo
(C) Conselho a um viúvo casamento. Um segundo matrimônio é
justificável para a parte inocente,3 em um
Após a morte de sua esposa, J. N. divórcio permitido por adultério (ME, vol.
Andrews decidiu permanecer viúvo, uma 2, 339-349) e; (C) Permanecer só. Em
88 / Parousia - 2º semestre de 2007

resposta a um colportor que foi abandonado divórcio por motivo de adultério, ela ou
pela esposa por outros motivos que não o outra mulher nas mesmas circunstâncias
adultério, Ellen G. White escreveu: poderia casar-se outra vez (344).
Não vejo que mais se pode fazer neste (3) Novo casamento após o divórcio
caso, e penso que a única coisa que podeis por outra causa que não o adultério
fazer é abandonar vossa esposa. Se ela está
assim determinada a não viver em vossa Uma das secretárias da senhora
companhia, sereis ambos muito infelizes White se apaixonou por um homem, que
se o tentardes. Visto que ela inteira e
um ano ou dois antes havia abandonado
determinadamente escolheu sua sorte, a
sua esposa e filhos. Deixando-os com
única coisa que podeis fazer é tomar vossa
cruz e proceder como homem. [...] Vós seu sogro, viajou para outro continente.
me perguntastes se poderíeis casar outra A esposa dele buscou o divórcio por
vez visto que vossa esposa vos deixou. motivo de abandono. Antes que o
Eu diria que se alguém compreendesse divórcio fosse concedido, esse homem
todas as circunstâncias, poderia escolher começou a cortejar a secretária. A
casar-se convosco. Se não tivésseis sido senhora White insistiu em que nenhum
casado, não veria objeções. [...] Espero que dos dois tinha o direito de se casar. O
procedais como homem. Ponde de lado este homem ainda estava legalmente Iigado
assunto, voltai ao trabalho, cumpri vossos a sua esposa, e a secretária não tinha o
deveres independente de qualquer pessoa
direito de se casar com ele, mesmo após
na Terra, abnegando-vos, sacrificando-vos,
a concessão do divórcio (ME, vol. 2,
esquecendo-vos. [...] Entregai vosso caso a
Deus. [...] Não deixeis que o desapontamento 340 e 341). Ela escreveu: “Quero que
vos arruíne. Expulsai a melancolia. [...] ambos compreendam mediante a luz
Desviai-vos das coisas terrenas, ídolos que Deus deu considerando o passado
terrenos, e louvai o Senhor Deus, servindo- e o presente, não poderia pensar em
o de todo o vosso coração e toda a vossa empregar a ambos se derdes este passo”
alma, então consagrar-vos-ei totalmente ao (Carta 14, 1895).
Senhor” (Carta 40, 1888 e LA, 344).
Escrevendo ao homem, ela disse
que ele estava tentando “sacrificar
Após certo tempo, a mulher se divorciou
a verdade para obter uma esposa”,
e se casou novamente, e o colportor fez o
“obter uma esposa por deslealdade a
mesmo. Sua nova sogra escreveu a Ellen
Deus”. E ainda acrescentou: “Aquele
G. White pedindo-lhe que ela intervisse
que não é sincero para com Deus não
para separá-los, pois o homem havia se
pode ser sincero para com sua esposa”
mutilado. Ela recebeu essa resposta:
(Carta 17, 1896). Em outra ocasião, ela
J não repudiou sua esposa. Ela o deixou e disse: “Haveis, ambos, violado a lei só
casou-se com outro homem. Nada vejo nas com o pensar que vós podíeis unir em
Escrituras que o proíba de casar-se no Senhor. matrimônio. Devíeis haver repelido o
Ele tem direito ao afeto de uma mulher. pensamento à sua primeira sugestão
[...] Não vejo porque essa nova união deve (Carta 14, 1893). Deste modo, fica
ser perturbada. [...] Nada vejo na Palavra
claro que Ellen G. White via o adultério
de Deus que poderia exigir a separação de
como a única base para o divórcio e
ambos. Como pedistes meu conselho, dou-o
francamente (ME, vol. 2, 339 e 340).4 novo casamento, para a parte inocente,
enquanto o cônjuge ainda vive.
Referindo-se a um membro de igreja Entretanto, há casos em que ela faz
cujo marido quebrou o voto conjugal por uma exceção a essa posição, conforme
adultério, Ellen G. White disse que após o os exemplos que se seguem:
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 89

(A) Professor ‘G’ sabedoria do alto para aconselhar-vos a não


permanecerdes onde estais hoje. Se tendes
O irmão G foi um educador, algo a fazer, fazei-o depressa. Se estivésseis
administrador, diretor de colégio e neste país, creio plenamente que veríeis
secretário da Associação Geral. Após portas se abrindo onde poderíeis trabalhar
aproximadamente 12 anos de vida para ser um portador de luz àqueles que
conjugal, ele não ofereceu resistência estão nas trevas do erro.
quando sua esposa obteve divórcio devido Como seria se viésseis para este país?
a problemas de personalidade (Carta 12, Como Abraão, não sabendo para onde ia
1884).5 Em 1887, ele se casou outra vez, e buscando humildemente orientação.
resultando em sua renúncia como obreiro. Eu vos peço que mudeis. Vinde para a
Austrália enquanto estivermos aqui. Vinde
Em 1892, cinco anos mais tarde, Ellen G.
sob nossa própria responsabilidade. Tereis
White, escrevendo para um líder, mencionou
recursos para a mudança se venderdes
que estava à procura de um “professor
vossa fazenda. Então creio que o caminho
de gramática para turmas avançadas” na se abrirá para trabalhardes e que o Senhor
Austrália. Eis o que ela disse: possa dirigir-vos é o meu sincero desejo e
“Se tão somente G tivesse se mantido em sincera oração.
retidão, não haveria outra opção melhor do Há abundância de trabalho para fazerdes
que ele para vir. Mas o problema é se o na grande colheita. Aqui há campos
seu passado não irá segui-lo. Mal ousamos totalmente maduros para a seara; o trabalho
nos aventurar e correr o risco. Não está prestes a ser iniciado em Sidney,
tenho dúvidas de que ele se arrependeu cuja população é cerca de um milhão de
sinceramente e creio que o Senhor o habitantes; em Melbourne o número ainda
perdoou” (Carta 13, 1892). é maior. Em Queensland o trabalho precisa
começar. Há 30 guardadores do sábado
Em outra citação, ela parece, claramente, em uma localidade em Queensland que
buscar a melhor solução para o caso: nunca viram ou ouviram um pregador e
outros estão espalhados por toda a região,
Então, o que podemos fazer com G? Deixá- aguardando pela mensagem da verdade.
lo onde está, presa do remorso e ser inútil
o resto de sua vida? Não consigo ver o que Por favor, considerai este assunto e
pode ser. Oh, quem nos dera ter sabedoria escrevei-nos a respeito de vossa idéia.
do alto! Oh, se tivéssemos o conselho Quais são vossos recursos? O que estais
dAquele que lê o coração como um livro pensando em fazer? Como estão vossas
aberto! (Ibidem). finanças? Como o Senhor está dirigindo
vossa mente? Por favor, considerai o
Quase dois anos mais tarde, Ellen assunto, e que o Senhor vos dê sabedoria
White enviou uma carta ao professor G, para mover alguém mais imediatamente.
convidando-o a vender tudo o que possuía Com muito amor” (Carta 7ª, 1894).
e ir a Austrália. A carta Ihe causou uma
“alegre surpresa”. Abaixo, um trecho da O professor G se sentiu muito feliz
correspondência: pela confiança depositada nele, mas
argumentou que lhe era impossível vender
Querido irmão G: Minha mente tem se detido a fazenda, algo que ele estava tentando
em vossa pessoa repetidas vezes. Senti- fazer por dois anos. Aqui estão alguns
me na liberdade de exercer meu próprio trechos de sua resposta:
julgamento. Eu vos aconselhei há muito
tempo atrás a mudardes de cidade. Tive Temos pensado demasiadamente em vós,
esperança de que meus irmãos pudessem ter suponho que do mesmo modo que os filhos
90 / Parousia - 2º semestre de 2007

desobedientes pensam em suas queridas Ellen G. White, que escreveu: “O caso do


mães que magoaram e decepcionaram. irmão W tem-me atribulado” (Carta 41,1902).
[...] Parece que Satanás me amarrou mãos Após apresentar um resumo do problema,
e pés quase literalmente. [...] vossos filhos consideraremos o conselho de Ellen G. White
errantes, mas arrependidos”.6
para esse caso. No entanto, é conveniente
De Michigan, ele se mudou para os lembrar a assertiva de W. C. White em casos
estados sulinos, onde em 1909 estabeleceu semelhantes: “Não era intenção da irmã White
uma escola normal e agrícola autônoma. que saísse algo de sua pena que pudesse ser
Ellen G. White e seu filho William o utilizado como lei ou regra ao lidar com
ajudaram em seus empreendimentos, com estas questões de casamento, divórcio, novo
cartas encorajadoras e apoio financeiro.7 casamento e adultério”.9
Há pelo menos 14 cartas escritas por O irmão W recebeu credencial de
William C. White ao professor G em ministro durante 1890 e 1891. Em 1892,
1911, e dez dele para William, além de
aos 29 anos, casou-se com sua primeira
uma endereçada diretamente a Ellen G.
mulher e trabalhou em Michigan, Illinois
White solicitando um conselho particular.
e Indiana, além de construir as igrejas
Há, ainda quatro cartas de Ellen G. White
para o professor G. de Alabama, Birmingham e Tennessee.
Depois de muitos conflitos com sua
Pode-se ver o apoio de Ellen G. White esposa, ela o abandonou. Enquanto
a ele na seguinte declaração: colportava, muito provavelmente após sua
Sinto-me mais do que satisfeita pelo fato separação, W teve um caso com uma de
de que podeis vos engajar no trabalho suas conversas e com ela teve uma filha.
educacional e unir vossa influência à de Suas credenciais foram retiradas. A esposa
outros obreiros, abrindo as Escrituras obteve o divórcio e casou-se outra vez.
àqueles que não compreendem a Palavra Depois disso, W casou-se com a segunda
de Deus (Carta 56, 1910).8 esposa com quem mantivera “relações
ilícitas por algum tempo” (DF, 294).
Quando analisamos a atitude de
Ellen G. White em relação ao caso do A essa altura, o pai e um irmão de W
professor G, podemos fazer algumas começaram a criar sérios problemas para
considerações. A primeira, que a utilidade ele. Ambos o criticavam severamente
de um indivíduo na causa de Deus não é por viver com outra mulher e queriam
necessariamente destruída para sempre por que ele voltasse para sua primeira esposa
seus erros passados, mesmo em caso de (Ibidem). Em uma carta a sua mãe, Edson
adultério, caso verdadeiro arrependimento White perguntou: “Ele poderia resolver
seja manifestado. Em segundo lugar, em os problemas, repudiando esta moça cuja
alguns casos bíblicos (Davi, a mulher vida foi arruinada por ele?” (Ibidem). Em
flagrada em adultério, a samaritana junto resposta ao filho, Ellen G. White escreveu:
ao poço, e o membro que cometeu incesto
Eu considero o problema do mesmo
na igreja de Corinto) a aplicação da lei
modo que você. Não seria o melhor voltar
parece ser menos rígida, mais paciente e para a outra mulher. [...] Deixe W com o
compassiva do que a letra da lei parece Senhor. [...] Deus compreende a situação
exigir. O mesmo pode ser dito de Ellen G. e se W buscá-lo de todo o seu coração ele
White ao lidar com o professor G. o encontrará. [...] Deus o perdoará e o
receberá. [...] W pode esperar em Deus e
(B) A história de W fazer o melhor que pode para servi-Lo em
humildade. Compreendo perfeitamente a
O caso de W não causou perplexidade situação entre W e sua primeira esposa
apenas para a igreja, mas também para e eu sabia que o caso terminaria em
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 91

separação pois W não pode suportar viver de Alabama devido a W. O irmão White
como escravo e ter sua identidade perdida respondeu ao McVaugh, afirmando que
em uma esposa que se tornou sua juíza e sua mãe não queria assumir uma pesada
consciência, em seus deveres e em seu responsabilidade no caso. Ele declarou:
trabalho de modo geral (Carta 175,1901).
Em relação ao irmão W, ela diz o que
Depois de algum tempo, ele retornou tem dito sobre outros homens em posição
ao trabalho da colportagem encorajado de certa forma semelhante à dele. Se
eles, de fato, se arrependeram completa e
pelos irmãos Palmer e Edson White e foi
sinceramente, não devem ser proibidos de
enviado as Índias Ocidentais, onde realizou trabalhar para Cristo em um cargo humilde,
excelente trabalho. Retornou a Memphis, mas não devem ser elevados a posições de
após algum tempo, onde trabalhou com responsabilidade.12
os negros, auxiliando no trabalho da
colportagem e no treinamento de obreiros Ellen White endossou a carta de W.C.
durante os anos de 1902 e 1903. Ele obteve White, acrescentando o seguinte de
credencial contra a vontade de G. I. Butler, próprio punho: “Este é o conselho correto
então presidente da União Associação do em tais casos. Que ele ande humildemente
Sul. Devido a insistência de alguns amigos, diante de Deus. Não vejo luz em atribuir-
o irmão Butler, relutante, finalmente lhe responsabilidades”.
participou da ordenação de W.10 Em
Em 1913, A. L. Miller, então presidente
Memphis, W fez um “excelente trabalho”
da Associação de Alabama e ancião da
e “trabalhou arduamente”, de acordo com
igreja de Birmingham, escreveu a Ellen G.
Edson White, em favor dos adventistas do
White a respeito do caso. Como a maioria
sétimo dia negros. Ellen G. White também
da igreja queria W para ancião da igreja e
avaliou positivamente o trabalho dele: pastor atuante, uma posição não acatada
Não vejo razão por que não devemos pela Associação União do Sul, Miller
encorajar W a ser um obreiro na vinha do decidiu apresentar o “caso diante da serva
Senhor.11 A purificação da alma do pecado do Senhor”, para uma decisão final.
inclui os dons de perdão, justificação e
O irmão W decidiu ir ao encontro de
santificação. E a purificação interior do
Ellen G. White e discutir o caso com ela
coração é evidenciada pela purificação
pessoalmente. Ele viajou à Califórnia,
exterior da vida. A misericórdia de Deus
para com aqueles que sinceramente se
mas não foi bem sucedido, pois Ellen
arrependem e chegam-se a Ele, através de G. White não quis discutir o assunto.
Cristo, não conhece limite. Ele perdoará o Nessa ocasião, ela tinha 85 anos. Ele
mais culpado e purificará o mais poluído. então optou por deixar seu caso, por
O caso do irmão W tem-me atribulado, escrito, com ela. Quando as cartas do
mas agora tenho uma luz mais distinta irmão Miller e de W foram apresentadas
sobre isto; e agora direi que se o irmão diante dela, sua resposta foi: “Não julgo
W permanecer ligado a Jesus, ele estará ser meu trabalho tratar de tais assuntos a
seguro, pois Cristo tem assegurado seu menos que o caso seja totalmente claro
poder infinito, fidelidade e amor para diante de mim”. Ela prosseguiu: “Não
salvar até o último. Que o irmão W saiba posso assumir a responsabilidade em tais
que eu escrevi isto (Carta 41, 1902). problemas. [...] Que aqueles que foram
designados por Deus para assumirem tais
Em 1911, o irmão McVaugh, responsabilidades o façam de acordo com
presidente da União Associação do os princípios cristãos” (Ms 2, 1913). O
Sul, escreveu a W. C. White relatando a irmão W morreu no hospital e sanatório
situação que havia surgido na Associação de Washington, em 24 de julho de 1934,
92 / Parousia - 2º semestre de 2007

aos 78 anos de idade. Ele morreu antes deveria haver separação, mas não divórcio.
da sua esposa, a qual cuidou dele em seus Em um caso em que a parte culpada se
últimos dias.13 casou outra vez, o conselho de Ellen G.
White foi que a situação não melhoraria se
Separação de pessoas “culpadas” que a segunda esposa fosse abandonada (ME,
contraíram novo casamento vol. 2, 341 e 342).
Lidando com um caso particular, Ellen
Ellen G. White admite a possibilidade G. White menciona que “geralmente após
de separação de pessoas casadas por outras terem tumultuado as coisas fazendo-as
razões que não o adultério. Em certa em pedaços, não tinham sabedoria para
ocasião, ela aconselhou um casal a não se recompô-las tornando a situação melhor”.
separar, porém, em outros casos ela optou Quando referiu-se àqueles que estavam
pelo oposto. Parece que em seus conselhos lidando com o caso, disse que se eles
ela ponderava sobre a particularidade de “houvessem estudado cuidadosamente
cada caso e circunstância. uma solução melhor e pudessem encontrar
A um casal já separado por algum lugares para estes onde pudessem se sentir
tempo por outro motivo que não o adultério confortáveis, melhor seria não executar a
de uma das partes, ela aconselhou um dos idéia de separação” (Carta 5, 1891). Sobre
cônjuges a “ir a Cristo e submeter-se ao esse caso ainda, ela conclui:
controle de Deus” (Carta 47, 1902), ao Escrevo isto porque tenho visto muitos
invés de procurar outra esposa. casos dessa natureza e as pessoas têm
Uma esposa maltratada, após um longo grande preocupação até que tudo esteja
desordenado e desarraigado e então seu
período de separação de seu marido,
interesse e preocupação não vão muito
escreveu a Ellen G. White pedindo
longe. Devemos saber que temos um zelo
conselho. “Não aconselho o seu retorno de acordo com o nosso conhecimento. Não
a D., a menos que veja nele decidida devemos nos posicionar precipitadamente
mudança” (LA, 343). em tais assuntos, mas considerar os
A certo homem, abandonado por sua dois lados da questão; devemos agir
mulher, ela disse: “Não vejo que mais se cautelosamente e com ternura piedosa,
porque não conhecemos todas as
pode fazer neste caso, e penso que a única
circunstâncias que levaram a esse tipo de
coisa que podeis fazer é abandonar vossa
procedimento. Aconselho que estes infelizes
esposa. Se ela está assim determinada a não sejam deixados a cargo de Deus e de suas
viver em vossa companhia, sereis muito próprias consciências, e que a igreja não os
infelizes se o tentardes” (Ibid, 344). trate como pecadores até terem evidências
Na Carta 34, datada de 1890, Ellen G. de que eles são assim considerados a vista
White aconselha um homem a separar-se de um Deus Santo (Ibidem).
de sua esposa e devolvê-la a sua mãe “que
fez dela o que ela é”. Ela declara que “neste
A situação ‘deixai-os em paz’
caso não é com a mulher que o irmão A
está lidando, mas um espírito desesperado
Ellen G. White usou três expressões
e satânico”. Ellen G. White acrescenta que
semelhantes em três casos distintos:
aquele casamento foi “um ardil de Satanás”.
“deixai-os em paz, “deixai W com o
A mulher era controlada por demônios que
Senhor” e “deixai-os com Deus e com
tentavam incapacitá-lo para o trabalho do
Senhor. No final da carta, ela diz que “o suas próprias consciências”.
voto conjugal que une a esposa ao marido A primeira expressão foi usada quando
não deve ser quebrado”. Isto quer dizer que se referiu a um de seus cunhados, marido
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 93

de Sarah Harmon, a qual morreu e deixou casamento da “parte culpada”. O segundo,


o esposo com cinco filhos para cuidar. Ele é o consentimento dela quanto ao casa-
se casou então com uma mulher que havia mento de um indivíduo mutilado, bem
sido uma fieI serva da casa durante anos. como em relação a sua idéia de vantagem
Um ataque de sarampo a deixou insana, e da “condição estéril” de J sobre o cônjuge
ela teve que ser internada em um hospício. dele, o crescimento familiar e o serviço.
Quando seu marido se casou pela terceira
As informações disponíveis sobre o
vez, algumas pessoas tentaram obter
primeiro casamento de J não são suficientes
sua exclusão da igreja sob a alegação de
para fornecer um quadro completo do
adultério. Outros apelaram para Ellen G.
caso. Há referências a vários problemas
White resolver o problema. Em resposta,
relacionados ao casal, baseadas em uma
ela disse: “Deixai-os em paz”.14
visita de Ellen G. White à mulher, suas
O irmão W se casou duas vezes, embora, cartas ao marido e à esposa, anotações
sua primeira mulher não tenha se casado em seu diário e uma referência de duas
após o divórcio. Àqueles que desejavam páginas do Arquivo de Documentos.15
romper o segundo casamento, Ellen G. White
Algumas pessoas estavam incentivando
escreveu: “O caso não pode ser melhorado
a senhora K (primeira esposa de J) a
por deixar a segunda esposa. Deixai W com
divorciar-se dele. De fato, alguns a
o Senhor” (Carta 175, 1901).
estavam ridicularizando por causa de sua
Quando o irmão C. H. Bliss escreveu situação como esposa. Ellen G. White
a Ellen G. White pedindo conselho em visitou a mulher a fim de “ajudá-la a
relação ao caso, ela se referiu a “muitos erguer a sua cruz” (Carta 6, 1888). Ela foi
casos dessa natureza” e concluiu: bem sucedida momentaneamente, após
conversar temporariamente com a irmã K,
Aconselho que estes infelizes sejam
ela fez as seguintes observações:
deixados a cargo de Deus e de suas próprias
consciências, e que a igreja não os trate O voto conjugal é um vínculo e não pode
como pecadores até terem evidência de que abrir mão de suas exigências a qualquer
eles são assim considerados a vista de um uma das partes que o assume, salvo em caso
Deus Santo. Ele Iê os corações como um de adultério, a violação do leito conjugal.
livro aberto. Ele não julga como o homem [...] A irmã K foi abençoada, abrandou-
julga (Carta 5,1891). se e submeteu-se ao Espírito Santo e sua
mente moveu-se de acordo com a vontade
A história do irmão J é a única do gênero de Deus. [...] Uma importante vitória foi
na correspondência de Ellen G. White que conquistada” (Ms 22, 1888).
se encontra no caixa-forte do Patrimônio
Literário White. O caso envolve um Ellen G. White considerou errado a
colportor bem sucedido que escolheu se senhora K ter se divorciado, mesmo que
tornar estéril (não foi possível determinar J fosse um homem mutilado (Carta 6,
as circunstâncias), muito provavelmente 1888). As razões por que ele assim agiu
enquanto ainda casado. Ele se divorciou de são desconhecidas. Ellen G. White usa três
sua primeira esposa, casou-se novamente e expressões ao se referir a esse problema:
acabou se separando da segunda também. “mutilado”, “condição física” e “condição
estéril” (ver Carta 6, 1888; Carta 50, 1895).
Em relação a esse caso particular
é interessante destacar dois pontos. O Em 1894, o irmão J escreveu a Ellen
primeiro, é a aprovação de Ellen G. G. White contando-lhe que a senhora
White para um segundo casamento da K “casou-se com um desconhecido de
“parte inocente” após o divórcio e novo Topeka e agora ela é ‘mama’. Ela deve
94 / Parousia - 2º semestre de 2007

estar feliz”.16 Ele enviou uma outra carta a Nada vejo nas Escrituras que proíba J de
Ellen G. White no ano seguinte. “Suponho se casar outra vez no Senhor. [...] Pode ser
que a senhora saiba a respeito de meu que este casamento esteja de acordo com a
casamento dia 6 de março com a senhora L vontade de Deus a fim de que tanto J como
de Pensilvânia”. Referências foram feitas sua filha possam ter uma experiência mais
das excelentes qualificações e capacidades rica e sejam aperfeiçoados onde possuem
da então futura noiva.17 falhas” (Ibidem).

Em relação à situação, a mãe de L O irmão J observa, em duas cartas


enviou uma carta a Ellen G. White pedindo diferentes à Ellen G. White, que sua nova
conselho e solicitando ajuda para separar o
esposa é “uma jóia” e que “quando minha
casal (parte desta carta aparece em ME, vol.
esposa e eu podemos ficar a sós somos
2, 339 e 340). Ao aprovar a união, Ellen G.
felizes como os pássaros”.18 Porém, apesar
White teceu várias considerações: (a) “J
não repudiou sua mulher”. Ele amava sua do casal ter gozado de um começo feliz
primeira esposa e fez tudo o que podia para de vida conjugal, a união terminou em
ajudá-la e procurou todos os meios para separação. Em 1910, W. C. White enviou
conservá-la. [...] e implorou-lhe para que uma carta a um parente, pedindo-lhe que ele
não pedisse divórcio (Ibidem); (b) “Ela o e sua mulher fossem como pai e mãe para L,
abandonou”; (c) desprezou-o e; (d) “casou- que estava morando então em Colorado.
se com outro homem”; (e) o segundo W. C. White comentou que L havia
casamento dele é bíblico; (f) não há razão se separado de seu marido e estava agora
para perturbar o casal porque se casaram tentando começar uma nova vida por si
depois de K se divorciar dele; (g) além mesma, não desejando permanecer sob
disso, L sabia da “condição física de J” ou seu controle. Foi melhor para ela trabalhar
de sua mutilação. O irmão J foi informado
arduamente e sofrer algumas privações do
a respeito do conselho dado por Ellen G.
que pedir ajuda financeira a alguém que
White à mãe de L (Ela diz em sua carta que
foi tão ditador e dominador. Ela também se
está enviando uma cópia para ele). Em uma
carta escrita em 9 de novembro de 1895, o convenceu de que foi melhor para ela tanto
irmão J agradece a Ellen G. White ter-lhe quanto possível estar separada de J.19
enviado uma cópia.
Compreensão das declarações
Ellen G. White não censurou o irmão J de Ellen G. White em casos de
por sua mutilação. “Não censuro ou condeno divórcio e novo casamento
o irmão J em sua posição.” Ela então fornece
as razões para sua aprovação: (a) ele está em
A fim de que possamos melhor
condições melhores para ser vencedor do que
muitos outros homens jovens; (b) o caso de compreender os escritos de Ellen G. White
sua esposa não é o pior que pode acontecer que abordam certos casos de adultério,
a uma mulher. “Chegou o tempo em que a divórcio e novo casamento, convém
condição estéril não é a pior condição que considerarmos as diferentes formas de leis
existe” (Carta 50, 1895). do Antigo Testamento: (a) Lei categórica
ou apodíctica e (b) Formas casuísticas
Em sua carta, Ellen G. White da lei, e também o que chamaremos de
menciona alguns textos bíblicos que aplicação evangélica da lei.
fazem referências a eunucos, além de citar
alguns problemas de família, tais como A lei apodíctica ou categórica consiste,
missionários que encontram dificuldades geralmente, em proibições, proscrições e
em seu trabalho porque têm muitos que proíbem certas atividades sem atribuir
filhos. Ellen G. White refere-se ao novo uma penalidade. Tais leis são expressas de
casamento de J da seguinte forma: modo absoluto, categórico, que parecem
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 95

inflexíveis, concisas e ásperas. Por Ao estudar casos semelhantes aos do


exemplo, Êxodo 20:14: “Não adulterarás”. professor G, J, W e outros, logo percebe-
Aparentemente não há lugar para exceções se que Ellen G. White aconselhou com
de qualquer espécie.20 base nesses mesmos princípios. Alguns de
seus escritos revelam aspectos apodícticos
Já a lei casuística, que compreende a
e casuísticos da lei, enquanto outros
maioria das leis do Antigo Testamento, é
mostram o princípio da aplicação da “lei
formulada na forma de casos, e consiste em
do evangelho”, demonstrando compaixão,
instruções para juristas e juízes na aplicação
perdão, encorajamento e restauração.
da justiça (Dt 22:13-29). Esses casos de
Certa vez, ela escreveu: “Se errarmos que
lei são, geralmente, precedidos em sua
seja pelo lado da misericórdia mais do que
formulação por um “se”; após a descrição
do lado da condenação e procedimento
do caso, segue-se um “então” (Ibid., 23).
áspero” (Carta 16, 1887).
Por sua vez, vemos a aplicação
Alguns podem ressaltar que no caso da
evangélica da lei em João 8:1-11.
mulher apanhada em adultério, o próprio
Nesse relato, Jesus admitiu que a forma
Cristo foi o legislador, e que, portanto, Ellen
apodíctica ou absoluta da lei fôra violada,
G. White não poderia fazer tal declaração.
quando Ele reconheceu que a mulher era
Entretanto, como um instrumento de Deus
uma pecadora (“Vai e não peques mais”).
inspirado pelo divino Espírito, ela, em certo
Ele também expressou, tacitamente, que a
sentido, poderia agir desse modo (2Sm
forma casuística da lei fora infringida (v.
12:13; 1Co 5:1-5; 2Co 2:4-10).
5), quando não contradisse os acusadores
dela (Dt 22:22; Lv 20:10).
A situação ‘vivendo em adultério’
Ao julgar o caso, Jesus não aplicou
a letra da lei (apodíctica ou casuística), Ellen G. White faz uso das expressões
mas o que podemos chamar de “lei “vivendo em pecado” e “vivendo em
do evangelho”. Obviamente, Cristo pecado franco ou aberto”. No primeiro
discerniu a atitude da mulher de verdadeiro caso, ela se refere a casamentos mistos de
arrependimento e contrição, que deve judeus no período do pós-exílio. Príncipes,
preceder a aplicação da “lei do evangelho”. sacerdotes, levitas e muitos outros se
Essa postura é caracterizada por piedade, casaram com os pagãos circunvizinhos
perdão e restauração. A diferença da (ver Ed 9:1,12;10:2,3,10,14,18; Ne 13:23-
atitude aqui está entre a letra da lei, que 25). “Até mesmo alguns dos homens
os acusadores da mulher reivindicavam, revestidos de responsabilidade estavam
e o espírito e o intento da mesma, que vivendo em franco pecado” (PR, 589).
eles não compreenderam por causa de “Pecado franco”, aqui, é uma referência a
sua compreensão legalista do problema. “flagrantes violações da lei” que incluem
Passaram por alto a graça de Deus conforme casamentos mistos “com as nações
foi revelada em Cristo e no evangelho. circunvizinhas”. “A apostasia de Israel
Em alguns casos bíblicos, por devia-se em grande parte à sua mistura
exemplo, o pecado de Davi, a mulher com nações pagãs” (Ibid, 590).
samaritana junto ao poço, a mulher O segundo caso se refere à relação
apanhada em pecado e o caso do membro de Herodes com a mulher de seu irmão.
que cometeu incesto na igreja de Corinto “Por que ele não poderia ter prosseguido
(ver 2Sm 12 e 13; Jo 4: 5-8; 8: 1-11; sem incorrer no desprazer daqueles que
1Co 5: 1-13; 2Co 2: 5-10) a aplicação estavam vivendo em pecado?” (PR, 138).
da lei é menos rígida, mais compassiva A expressão “vivendo em pecado” é
e piedosa do que a letra da lei.21 identificada nessa citação como adultério.
96 / Parousia - 2º semestre de 2007

O terceiro caso faz alusão à mulher casamento para a Igreja Adventista. Porém,
samaritana junto ao poço. Ela estava após a publicação de O Lar Adventista,
“vivendo abertamente em pecado” (DTN, Mensagens Escolhidas volume 2 e algumas
173). Referindo-se ao último dos seis compilações de materiais não-publicados,
homens com quem ela vivia, Jesus disse, a Igreja tomou conhecimento de algumas
“o que agora tens não é teu marido”. cartas e manuscritos que tratavam do
“Viver abertamente em pecado” também problema. A interpretação de parte desses
é uma referência ao adultério. materiais tem levado alguns a adotar uma
O trecho seguinte, relatado por W.C. visão mais liberal sobre o divórcio e novo
White como incesto, apresenta um casamento.
exemplo de “pecado aberto”:
Parece que Ellen G. White não lidou
Ele tomou sua posição mesmo em face da com o problema, exceto por meio de
luz e da verdade. Escolheu obstinadamente correspondência, quando abordada
sua própria conduta e recusou-se ouvir a para dar conselhos pessoais, direta ou
reprovação. Ele tem seguido as inclinações
indiretamente, por obreiros envolvidos em
de seu coração corrupto, violou a santa lei
de Deus e lançou opróbrio sobre a causa problemas de terceiros. Escrevendo em
da verdade presente. Mesmo que ele se 1902, ela disse: “Deveria aparecer muito
arrependa sinceramente, a igreja deve mais sobre o assunto do casamento em
abandonar seu caso. Se ele for para o nossas publicações. [...] Embora eu não
Céu, deverá ir sozinho, sem a companhia tenha escrito muito sobre o tema, tenho
da igreja. Uma firme reprovação de Deus feito muito trabalho pessoal nesta linha”
e da igreja devem permanecer sobre ele
para que o padrão de moralidade não seja (Carta 110, 1902).
rebaixado ao pó (Ts, vol. 1, 215). O fato de Ellen G. White ter trabalhado
com casos individuais, deveria nos
A expressão “pecado aberto” é também advertir a não generalizarmos mais do
usada por Ellen G. White de um modo que as experiências bíblicas que temos
mais geral, não relacionado somente no caso de Davi e da mulher apanhada
ao contexto de sexo (ver DTN, 633). É em adultério. Nesse sentido, seria bom
evidente que ela considerava o pecado lembrar o que W. C. White escreveu em
como uma situação contínua, mais do 1931: “Não era intenção da irmã White
que uma queda pontual relatada em um que saísse algo de sua pena que pudesse
texto, em determinado tempo e caso. ser utilizado como lei ou regra ao lidar
Falando de modo geral, ela menciona com estas questões de casamento,
cinco passos que o pecador deve dar para divórcio, novo casamento e adultério.”22
ser restaurado à comunhão da igreja (ver
OE, 50; LA, 346): (a) arrependimento, por Quanto a outros materiais que Ellen
meio da submissão ao trabalho do Espírito G. White escreveu, há algumas poucas
Santo, “por mais grave que possa ter sido páginas em O Maior Discurso de Cristo.
a ofensa”; (b) “submissão à disciplina de Com exceção de um comentário em
Cristo”; (c) confissão; (d) perdão do pecado relação ao caso de uma “irmã ofendida”,
e; (e) dar evidências de arrependimento. relatado na Review and Herald de 24 de
março de 1868, seu silêncio na revista
Cartas de Ellen G. White contendo oficial da igreja é notável. A resposta
orientações sobre divórcio e novo no periódico, escrita conjuntamente por
casamento Tiago e Ellen G. White, foi publicada
quase na íntegra em O Lar Adventista,
É interessante que Ellen G. White páginas 346 e 347. Abaixo, reproduzo o
escrevesse sobre o tema divórcio e novo texto na íntegra:
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 97

A ofendida irmã A proporcional à enormidade do crime e


não escapam para Cristo em busca de
Com respeito ao casamento da ofendida misericórdia, a fim de curar, tanto quanto
irmã A. G., diríamos em resposta às perguntas possível, as feridas que fizeram?
de J. H. W., que é uma característica comum (5) Mas se fizeram como deve ser feito e se a
nos casos da maioria dos que têm sido parte inocente não quiser obter o divórcio
apanhados em pecado, como o foi o seu por direito, continuando com o culpado
marido, não terem eles o real senso de sua depois que sua culpa for conhecida, não
vilania. Alguns, entretanto, o sentem, e têm consideramos a parte inocente pecadora
sido restaurados à comunhão da igreja, por permanecer no convívio e seu direito
mas não antes que tenham merecido a
moral ao partir, pareça questionável se
confiança do povo de Deus, em virtude de
sua vida e saúde não correram grande
confissão incondicional e um período de
perigo por ficar com o culpado.
sincero arrependimento. Este caso apresenta
dificuldades não encontradas em alguns, e (6) Assim como foi nos dias de Noé, um dos
poderíamos acrescentar apenas o seguinte: sinaisdestetempoéapaixãoporcasamentos
precipitados e imprudentes. Satanás está
(1) Nos casos de violação do sétimo
nisto. Se Paulo podia permanecer sozinho
mandamento onde a parte culpada não
e recomendou o mesmo a outros, para
manifesta verdadeiro arrependimento,
que ele e outros pudessem consagrar-se
se a parte ofendida pode obter o divórcio
totalmente a Deus por que não fazem
sem tornar pior a situação de ambos e
o mesmo, permanecendo só, aqueles
dos filhos, se os tem, devem separar-se.
que deveriam ser totalmente do Senhor,
(2) Se há possibilidades de ficarem eles evitando os cuidados, provações e amarga
próprios e os filhos em situação pior angústia, tão freqüentes nas experiências
pelo divórcio, não conhecemos nenhum daqueles que escolhem a vida conjugal?
texto escriturístico que declarem culpada E mais, se ele escolheu permanecer só e
a parte inocente por não se separarem. podia recomendá-lo aos outros, dezoito
(3) Tempo, trabalho, oração, paciência, séculos atrás, não seria de fato louvável
fé e uma vida piedosa podem operar para aqueles que estão esperando a volta
uma reforma. Viver com alguém que do Filho do Homem agir do mesmo
tenha quebrado o voto matrimonial é modo, a menos que as evidências
coberto por toda parte com a desgraça sejam questionáveis de que eles estão
e a vergonha do amor culpado, e não melhorando sua condição, tornando o céu
o sente, é um cancro devorador para a mais seguro por assim agirem? Quando
alma; e contudo o divórcio é uma eterna tantos estão em perigo, por que não ficar
e sincera mágoa. Deus se apiedada do lado seguro de uma vez?23
parte inocente! O casamento deve ser
considerado muito antes de contraído. Sumário dos conceitos de Ellen G.
White
(4) Por quê! Oh, por quê! Homens e
mulheres que podiam ser respeitáveis
Os pontos seguintes sintetizam
e bons a alcançar o Céu vendem-se
os conceitos de Ellen G. White sobre
afinal ao diabo por baixo preço, ferindo
casamento, divórcio e novo casamento:
o coração de seus amigos, desgraçando
suas famílias, acarretando a reproche (1) O conceito de Ellen G. White sobre o
sobre a causa e indo afinal para o inferno! casamento é bíblico e conservador. Ela o
Por que os que são apanhados no considera como uma instituição sagrada,
crime não manifestam arrependimento criada pelo próprio Deus e, mais tarde,
98 / Parousia - 2º semestre de 2007

honrada por Jesus quando esteve aqui na adultério. Contudo, a parte inocente
Terra. O casamento é uma bênção se os pode permanecer com a culpada se
princípios divinos forem seguidos. assim o desejar. O adultério coloca a
(2) A monogamia é o ideal de Deus para “parte inocente” em uma situação que
a humanidade. “Deus não sancionou lhe permite um novo casamento ou a
a poligamia em um único caso” (SG, permanência com a parte culpada.
vol. 3, 100). (12) Uma pessoa pode estar legalmente
(3) Ellen G. White desaprova, decididamente, divorciada de acordo com as leis do
casamentos incompatíveis, precipitados e país, mas não está à vista de Deus, se o
com incrédulos. divórcio foi obtido por outros motivos
que não o adultério.
(4) Ainda que não deva existir racismo
entre o povo de Deus, ela não incentivou (13) O direito a um novo casamento existe
casamentos inter-raciais. apenas quando o direito para o divórcio
bíblico existe. Entretanto, há novos
(5) Ela defende firmemente a idéia de que o casamentos com direitos ou sem direitos.
casamento é para a vida toda. Esse princípio foi estabelecido pelo
(6) Ellen G. White segue a Bíblia (Rm próprio Cristo no Evangelho.
7:1-3) em relação ao direito de se (14) Algumas das formulações e declarações
casar novamente após a morte de um de Ellen G. White concernentes ao
dos cônjuges. divórcio e novo casamento tendem a ser
(7) William C. White declarou que sua mãe rígidas, definidas e absolutas (lei na forma
não desejava estabelecer regras ou leis apodíctica). Porém, em certos exemplos
para casos que envolviam problemas. ao lidar com casos e circunstâncias
particulares, ela revela grande paciência,
(8) Conselhos a casos, situações e indivíduos
clemência e compreensão em sua aplicação
específicos não deveriam ser generalizados.
(a forma da “lei do evangelho”).
As circunstâncias e situações variam. A
igreja e seus Iíderes trataram de casos (15) Não há nenhum caso conhecido em
específicos em cada situação. que Ellen White tenha aconselhado o
rompimento de um segundo casamento
(9) Algumas vezes, quando solicitavam
de uma “parte culpada”.
a Ellen G. White conselhos em casos
difíceis, ela dava sugestões. Porém, em (16) Em certos casos de novo casamento não
outros exemplos, quando não tinha luz por adultério, ela aconselhou: “deixai-os
em relação ao problema, entregava o caso em paz” ou “deixai-os com Deus e com
“aos irmãos” para ser considerado de suas consciências”.
acordo com os princípios bíblicos. (17) Em relação ao casamento de um homem
(10) Deve-se permitir a separação de mutilado, cuja esposa conhecia a situação
cônjuges incompatíveis para o bem-estar antes do casamento, ela disse que tal
espiritual dos indivíduos envolvidos. homem estaria em melhores condições
Todavia, somente a morte ou o adultério para ser um vencedor do que muitos
podem anular os votos que foram outros homens. Em relação a esposa, ela
registrados no Céu. disse que há situações piores que podem
ocorrer a uma mulher.
(11) Uma pessoa que segue a Bíblia não
pode entrar em um relacionamento (18) Ela tratou do assunto do divórcio e novo
extraconjugal, exceto após a morte casamento quase que exclusivamente por
de seu cônjuge ou se esse cometer meio de suas correspondências. Parece
Casamento, divórcio e novo casamento nos escritos de Ellen G. White/ 99

que o único artigo que ela escreveu sobre para uma posição mais recente e menos
o tema é um que apareceu na Review and rígida, adotada por muitos na igreja e
Herald, em 24 de março de 1868, em co- pela própria organização. Entretanto,
autoria com Tiago White. As declarações deve-se ter em mente a declaração de
contidas em O Lar Adventista e Mensagens W. C. White que Ellen G. White não
Escolhidas volume 2, extraídas em sua desejava que seus escritos fossem
maioria das cartas, formam uma base usados como uma lei ou regra.

Referências
1
Ver Review and Herald, 14 de outubro de 13
O nome de W não está registrado no YearBook
1862, 151. da IASD de 1909-1914 em nenhum cargo como
2
Ver também Review and Herald, 29 de agosto obreiro denominacional.
de 1918, obituário de G. I. Butler. 14
W. C. White, 21 de fevereiro de 1927.
3
Ver páginas 43 e 44 das declarações feitas 15
W. C. White, DF, 1002.
por Tiago e Ellen G. White em relação aos termos 16
Ver cartas de 1º de novembro de 1892 e 10
e expressões usadas. Em alguns casos a chamada e 14 de agosto de 1893 sabre o divórcio e novo
“parte inocente” é, de fato, “culpada” em certo casamento de K.
grau por haver contribuído para as condições e 17
Cartas de 23 de abril de 1895 a 17 de setembro
circunstâncias que levaram o cônjuge “culpado” a de 1895.
infidelidade. No caso comentado acima por Tiago e 18
ver as cartas de 9 e 23 de abril de 1895.
Ellen G. White, parece que uma parte era inocente 19
DF, 1002.
enquanto que a outra, culpada. 20
Ver The Zondervan - Pictorial Encyclopedia
4
Ver “História do caso de J”, nas páginas 34 a of the Bible, 884 e 885.
37 deste documento, para obter mais informações 21
No caso das referências do Novo Testa-
sobre o caso. mento precisamos lembrar que as leis romanas
5
Sra. G a Ellen G. White, 7 de março, 1884; 21 e não as judaicas estavam em vigor. Não há
de agosto, 1884. nenhuma evidência de que o homem envolvido
6
Carta escrita em 16 de julho de 1894. no caso da mulher apanhada em adultério fosse
7
William C. White ao professor G, 26 de fever- casado. Qualquer que seja a situação, a graça de
eiro de 1911. Cristo alcançou a mulher e conduziu-a ao arre-
8
parte da carta, relacionada ao trabalho nas ci- pendimento genuíno! Arrependimento genuíno
dades, aparece em Medicina e Salvação, 303 e 304. é o alvo a ser alcançado em todos os casos onde
9
W. C. White, 6 de janeiro de 1931. adultério e fornicação estiverem envolvidos.
10
Ver G. I. Butler a W. C. White, 3 de julho Todas as atitudes subseqüentes da igreja devem
de 1906. ser construídas sobre uma plataforma de arrepen-
11
De acordo com uma declaração de W. C. White, dimento genuíno.
datada de 15 de setembro de 1911, este termo refere- 22
6 de janeiro de 1931.
se a trabalhar como um leigo. 23
Artigo conjunto por Tiago e Ellen G. White,
12
W. C. White a Mc Vaugh, 15 de setembro de 1911. Review and Herald, 24 de março de 1968.

Potrebbero piacerti anche