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Camões
(1525? – 1580)
Sobre a Obra e os Sonetos – Camões
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Racionalismo: embora a maioria de seus sonetos sejam lírico-
amorosos, percebe-se que o poeta não se abandona ao fluxo
emocional ou sentimental. Comunica-nos antes um pensamento do
que um sentimento sobre o Amor e a Mulher. Contém-se nos limites
do equilíbrio e da harmonia.
Universalismo: o poeta atenua os impulsos do “eu”, quer dizer, de sua
vida subjetiva, particular, em favor de uma visão impessoal ou
objetiva e universal, que pressupõe absolutos de beleza, de bem e de
verdade. Por isso, interessa-lhe mais a Mulher que a mulher (ou esta
como reflexo daquele), mais o Amor que o amor (ou este como
reflexo daquele).
Maior complexidade frasal, mais investimento intelectual do que a
média dos poemas de “medida velha”;
Tema predominante: drama do amor e da saudade. A amada é vista
com elevação e virtude (neoplatonismo), mas sem esconder uma
vibração sensual;
Outros temas: o desconcerto do mundo (tema social); a
transitoriedade do mundo e da existência e o ideal de perfeição
(neoplatonismo);
Fontes predominantes: o platonismo, a nostalgia bíblica e a mitologia
pagã;
Figuras predominantes: a metáfora (imaginação), a antítese (dialética)
e o hipérbato ou inversão (técnica de composição).
Estilo: além do clássico, a influência maneirista (pré-Barroco): as
antíteses, o pessimismo e a temática do efêmero. Na verdade, grande
parte de seus sonetos são mais maneiristas do que clássicos.
Exercícios:
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02. Assinale a alternativa incorreta sobre o Renascimento:
a) O Renascimento designa o período de grandes transformações
políticas, econômicas e culturais que caracterizam a Europa de
meados do século XV até fins do século XVI;
b) A Igreja teve de enfrentar a Reforma protestante, liderada por
Martinho Lutero. Essa Reforma fortalecia a classe média, pois
exaltava a atividade comercial e justificava a obtenção de lucros. Por
isso, foi apoiada pela burguesia, detentora do poder econômico;
c) Copérnico divulga a teoria heliocêntrica, que identifica o sol como
centro do universo, e Galileu comprova o duplo movimento da terra;
d) A ampliação dos limites da terra conhecida, o enfrentamento de
dificuldades em mares “nunca dantes navegados”, o contato com
povos longínquos e a descoberta de novas culturas acabam por gerar
na sociedade da época uma nova concepção de homem e de universo;
e) A religiosidade medieval ainda atendia ao espírito do homem
renascentista, pois a vida terrena ainda era vista como uma
“passagem” em que o indivíduo se prepara para ganhar o céu.
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d) Antropocentrismo: Interesse e valorização do ser humano.
Preocupação com a vida terrena, com a natureza e com a aventura,
uma vez que o homem é a medida de todas as coisas, o centro do
mundo;
e) Neoplatonismo: O conceito de amor prende-se ao amor idealizado,
não-carnal, que ultrapassa o limite do plano físico e situa-se no plano
ideal.
Amor é um fogo que arde sem se ver, É um não querer mais que bem-
querer;
É ferida que dói e não se sente; É um andar solitário entre a gente;
É um contentamento descontente; É nunca contentar-se de contente;
É dor que desatina sem doer. É cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade, Mas como causar pode seu favor
É servir a quem vence o vencedor, Nos corações humanos amizade,
É ter com quem nos mata lealdade. Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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Que não tempo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Exercícios:
01. O poema acima é de “medida velha” ou “medida nova”? Por quê?
02. O poema acima é um soneto. Qual seu esquema de rimas?
03. Assinale a alternativa errada:
a) O poema pode ser dividido em duas partes: 1 a – os dois quartetos: o
sujeito-lírico diz que,em seu estado desesperado, nenhum mal pode piorar
sua situação; 2a – os dois tercetos: apesar de tudo, amor ainda lhe reserva
um mal indefinível;
b) Os versos “Olhai de que esperanças me mantenho!” e “Vede que
perigosas seguranças!” contêm ironia carregada de amargura;
c) O sentido dos versos 7-8 é que quem está no meio do mar bravo, sem
nenhum barco ou navio (“lenho”), não pode temer nenhuma virada da
sorte que piore sua situação;
d) O poema se encerra com uma engenhosa definição do Amor: “Um não sei
quê, que nasce não sei onde, / Vem não sei como e dói não sei por quê.”;
e) Os dois versos finais do poema são uma explicação do “mal que mata e
não se vê”.
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06. Considere as seguintes afirmações sobre a lírica de Camões:
I. Embora tenha sido o maior mestre, em Portugal, do novo estilo
renascentista, elaborado na “medida nova”, compôs também
numerosos poemas em formas tradicionais, na chamada “medida
velha” ;
II. Encontram-se em seus poemas amargas reflexões sobre o destino,
o sentido da experiência e a desproporção entre os valores e os
fatos;
III. Seus poemas amorosos são marcados pela espiritualização da
mulher, que neles aparece despojada de qualquer atributo
sensorial e, portanto, despida de qualquer sensualidade.
Quanto a essas afirmações, deve-se concluir que está(ão) correta(s):
Antes de vir ao mundo, diz Platão, olhamos o que há de mais belo e mais
verdadeiro, lá no outro mundo. Ao começarmos nossa vida, vamos
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insensivelmente esquecendo aquela perfeição já vista em outra vida. Porque o que
existe aqui neste mundo é tudo cópia imperfeita daquele outro mundo em que
estávamos antes de nascer. Isso explica a razão de acharmos belas algumas coisas.
É que nós já vimos uma beleza muito maior e dela temos uma certa
“reminiscência”(vaga lembrança). Enfim, este mundo é apenas uma sombra
imitativa daquele outro. A amada, que partiu para esse “mundo das idéias e
formas eternas”, também se torna objeto de elevação e saudade:
O Desconcerto do mundo
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Bíblia (sobretudo do Antigo Testamento), outro vem da mitologia grega. Camões
não se preocupa com as divergências ideológicas de uma e outra. Está interessado
na sugestão erótica e amorosa, como nestas passagens tiradas do Gênesis,
XXIX,25:
Sete anos de pastor Jacó servia Vendo o triste pastor que com enganos
Labão, pai de Raquel, serrana bela; Lhe fora assim negada a sua pastora,
Mas não servia ao pai, servia a ela, Como se a não tivera merecida,
Que ela só por prêmio pretendia.
Começa de servir outros sete anos,
Os dias, na esperança de um só dia Dizendo: -- Mais servira, se não fora
Passava, contentando-se com vê-la; Pera tão longo amor tão curta a vida!
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
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A Ninfa, como idôneo tempo vira
Pera tamanha empresa, não dilata,
Mas com as armas foge ao Moço esquivo.
Sobre Dinamene
Texto 01
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Que pera mim foi sonho nesta vida.
Texto 02
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03. Logo no início do poema há uma antítese. Qual é ela? Explique-a
04. Há no texto algo que permita concluir que a amada a que o poeta se dirige
tenha morrido afogada? Por quê?
05. No fim da segunda quadra, o poeta promete guardar para sempre a memória
da amada morta. Nos tercetos ele desenvolve essa afirmação e, aí , introduz
um novo elemento: o tema da perenidade da poesia (um tema freqüente na
obra dos poetas clássicos, desde a antigüidade). Como se relaciona o tema da
perenidade da poesia com o tema da amada morta?
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Antologia:
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A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;
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Correm turvas as águas deste rio,
Que as do Céu e as do monte as enturbaram;
Os campos florescidos se secaram;
Intratável se fez o vale, e frio.
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Ao céu, à terra, ao vento sossegado,
Às ondas, que se estendem pela areia,
Aos peixes, que no mar o sono enfreia,
Ao noturno silêncio repousado,
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O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
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