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Taxonomy, systematics and diversity of the chewing lice (Insecta, Phthiraptera, Amblycera and
Ischnocera) on birds (Aves) in Brazil View project
All content following this page was uploaded by Luís Fábio Silveira on 10 March 2015.
1
Universidade Federal de São Carlos/campus Sorocaba, Departamento de Ciências
Ambientais, Rod. João Leme dos Santos Km 110, Itinga, CEP 18052-780, Sorocaba,
São Paulo, Brasil. E-mail: mercival@ufscar.br
2
Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia, Seção de Aves, Av. Nazaré 481,
Ipiranga, CEP 04263000, São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail: lfsilvei@usp.br
INTRODUÇÃO
A criação de áreas protegidas capazes de garantir a perpetuação dos
diferentes componentes da biodiversidade (conservação in situ), além
dos seus padrões e processos evolutivos, é indiscutivelmente a melhor
estratégia de conservação. No entanto, com o crescente aumento dos
impactos antrópicos, têm sido cada vez mais frequentes as situações
em que as populações naturais não conseguem manter os seus ciclos
de vida em seus hábitats originais, comprometendo a sua sobrevivência
e resultando em extinções. Nesses casos, a criação e a reprodução em
cativeiro (conservação ex situ) podem substituir ou complementar as
estratégias de conservação in situ (Conway, 1980; Primack, 2006). A
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), assinada por 175 países
(incluindo o Brasil) durante a Conferência Mundial das Nações Unidas
Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, define conservação
ex situ como sendo a conservação de componentes da biodiversidade fora
de seus hábitats naturais. Algumas das situações que indicam a necessidade
de criação de plantéis em cativeiro para espécies ameaçadas são:
117
Quando todos os esforços de conservação in situ não têm sido suficientes
para impedir o declínio populacional;
As populações remanescentes de uma espécie ameaçada encontram-se fora
de áreas protegidas e não existe a expectativa de se tornarem protegidas em
um futuro próximo;
As unidades de conservação são protegidas apenas no papel e não cumprem
efetivamente sua função de preservação, não conseguindo controlar, por
exemplo, a caça;
Uma espécie é representada na natureza por apenas uma ou poucas
populações, especialmente se estiverem em áreas com altos riscos de
catástrofes;
As densidades populacionais se tornam tão baixas que o simples encontro
entre dois indivíduos para reprodução é muito pouco provável;
Epidemias estão dizimando a espécie e tratamentos veterinários só podem
ser realizados em cativeiro.
Figura 5.1 (A) Mutum-de-Alagoas, Pauxi mitu, e (B) Ararinha Azul, Cyanopsitta spixii: aves brasileiras extintas
na natureza cuja sobrevivência só foi possível graças à reprodução monitorada em cativeiro.
COMPORTAMENTO E CATIVEIRO
Para que a reprodução de uma espécie em cativeiro tenha sucesso, suas
necessidades nutricionais, de espaço, luminosidade, umidade, temperatura, tipos
de abrigos e ninhos e estrutura social devem ser respeitados. Para isso, estudos
A falta de espaço: em 2004 foi feita uma estimativa de que todos os zoológicos
e aquários do mundo conseguiriam garantir a perpetuação de populações
viáveis de aproximadamente 800 espécies de animais ameaçados de
extinção, o que é uma capacidade muito reduzida se considerarmos a
expectativa de 2.000 a 3.000 espécies com necessidade de conservação ex
situ nos próximos 200 anos, só de vertebrados terrestres (Frankham et al.,
2004).
Os altos custos: embora no caso de pequenos animais os custos da conservação
ex situ referentes à construção de recintos, cuidados e alimentação sejam
bastante factíveis, no caso dos grandes animais estes custos podem ser
elevados. Como exemplo, estima-se que os custos para a manutenção de
elefantes africanos e rinocerontes negros em cativeiro seja 50 vezes mais
alto do que manter os mesmos números de indivíduos em parques nacionais
africanos (Leader-Williams, 1990; Primack, 2006).
A seleção artificial: inevitavelmente os indivíduos mantidos em cativeiro que
irão se reproduzir melhor e que irão contribuir para o aumento da população
são aqueles que aceitam mais facilmente as condições artificiais, como o
novo tipo de alimentação, abrigos e principalmente, a presença de humanos.
Por isso, embora diversas espécies e subespécies tenham sido salvas da extinção
graças à conservação ex situ, essa estratégia não pode ser considerada como sendo
uma solução garantida para todos os casos de ameaça e, principalmente, não pode
ser entendida como algo que possa substituir a conservação das espécies em seus
hábitats naturais. Trata-se de uma estratégia emergencial que tem foco em táxons
com graus elevados de ameaça e, portanto, não consegue preservar os serviços
prestados pelas comunidades e ecossistemas. Além disso, o cativeiro não é capaz
de preservar os processos evolutivos que geram a diversificação das linhagens,
o que só pode acontecer quando as populações se encontram dentro de hábitats
preservados.