Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
2.1.1. Trilhos
A rigidez dos trilhos deve ser adequada para que essas funções sejam realizadas
sem que ocorram deflexões excessivas entre os dormentes. Defeitos ou
descontinuidades nos trilhos, como juntas, podem causar efeitos dinâmicos danosos
à via permanente e vibração não desejada nos veículos. Os principais limitantes da
14
vida útil dos trilhos são: o desgaste, devido ao contato metal-metal que ocorre entre
a roda e o trilho, e a fadiga causada pelo carregamento cíclico que provoca um
rearranjo da microestrutura do metal que pode levar a sua ruptura.
Além das solicitações provenientes dos veículos, os trilhos estão sujeitos a tensões
provocadas pela variação da temperatura. Essas tensões decorrem do impedimento
da variação de comprimento do trilho. Com o aumento da temperatura, o metal do
trilho tende a se dilatar. No entanto, como a dilatação é impedida aparecem tensões
de compressão. Quando a temperatura diminui, o impedimento da contração do
metal provoca tensões de tração.
2.1.2. Dormentes
2.1.3. Lastro
O lastro é uma camada formada por material granular localizado acima do sublastro
ou diretamente sobre o subleito cuja espessura usual varia de 250mm a 350mm. As
principais funções do lastro são:
2.1.4. Sublastro
2.1.5. Subleito
lastro são pouco espessas, geralmente inferiores a 0,5 metros, o subleito também
tem um importante papel mecânico. Ele influencia a resiliência da estrutura e
contribui para a deflexão elástica da via (SELIG; WATERS,1994).
Existem vias permanentes que não possuem a camada de lastro. Na maioria destas
vias, a superestrutura é apoiada em lajes de concreto armado, e são chamadas Slab
Tracks. Araujo (2011) comenta que atualmente existem os seguintes 5 tipos de Slab
Tracks, classificadas segundo a disposição dos trilho e dormentes: embedded rail
(via embutida), resilient baseplate (vias nas quais trilhos apoiam-se em lajes de
concreto, as quais encontram-se envolvidas por palmilhas de borracha), booted
sleeper (dormentes bi-bloco com “galochas” de borracha), cast-in sleeper (o trilho é
fixado no dormente por meio de uma base resiliente) e floating slab (o trilho apoia-se
em uma laje apoiadas em molas ou borrachas como na Figura 2.2).
O aumento da utilização de vias sem laje ocorreu a partir de 1899 quando uma
ferrovia nos Estados Unidos colocou lajes de concreto abaixo da via existente para
estabilizar parte da via que se encontrava apoiada em solos pouco resistentes
(BILOW; RANDICH, 2000). São utilizadas, principalmente, em linhas de trens de alta
velocidade, trens leves e em pontes e túneis de ferrovias tradicionais.
MPa. Entre os dormentes e o lastro, a tensão cai para 0,3 MPa. E, finalmente, na
fundação chegam tensões da ordem de 0,05 MPa.
Figura 2.3 -– Ordem de grandeza das tensões médias em cada camada (Adaptado de ESVELD,
2001; DUMONT, 2011).
As cargas verticais impostas à via pela passagem de veículos podem ser separadas
em estáticas e dinâmicas. As cargas estáticas resultam, principalmente, do peso dos
vagões, obtidos pela soma da tara do veículo e do material transportado. As cargas
dinâmicas são causadas tanto por propriedades da via, como a presença de
irregularidades geométricas ou variações de rigidez, quanto pelas características de
1
Alguns autores utilizam o termo transversal e outros o termo lateral.
22
V 60
FID 1 c.q.1 (2.2)
140
2
EISENMANN, J. Stress distribution in the permanente way due to heavy axle loads and high speeds. In:
Proceedings of the American Railway Engineering Association (AREA), Vol. 71,1970, pp. 24‐59.
23
Tabela 2.1 - Coeficientes para cálculo do fator de incremento dinâmico (Adaptado de Esveld, 2001)
Aplicação c
Subleito 1
Força lateral, lastro 2
Trilhos, fixações e suportes 3
Condição da via q
Muito boa 0,1
Boa 0,2
Ruim 0,3
0,00521.V
FID 1 (2.3)
DR
Winkler3 (1867 apud KERR, 1977) analisou as tensões em vias permanentes nas
quais o trilho era estudado como viga continuamente apoiada. Esta hipótese foi feita
baseando-se no fato de que, neste período, muitas ferrovias eram construídas com
3
WINKLER, E. Vortrage uber Eisenbahnbau. Verlag H. Dominicus. Praga, República Tcheca, 1867. Em alemão
25
Figura 2.5 - Viga continuamente apoiada sobre uma base elástica e submetida a cargas verticais
(adaptado de KERR, 1977;BATHRUST, KERR, 1995)
Figura 2.6 - Elemento Infinitesimal do Trilho analisado como uma via continuamente apoiada
26
dV d 2 M d4y
E .I 4 (2.4)
dx dx 2 dx
d4y
E.I 4 p ( x) q ( x) (2.5)
dx
A reação da base elástica segundo Winkler (1867 apud KERR, 1977) é dada pela
equação 2.6, onde u é um parâmetro chamado de módulo de via que depende da
natureza e composição de todos os elementos que as constituem.
p ( x ) u. y ( x ) (2.6)
d4y
E.I 4 u. y ( x) q ( x) (2.7)
dx
A solução mostrada na Equação 2.8, para a Equação diferencial 2.7, foi apresentada
por SCHWEDLER em 1882 para uma viga infinitamente longa sujeita a uma força
vertical concentrada Q (KERR,1977).
Q x
y ( x) e (cos x sen x ) (2.8)
2u
Onde:
u
4
4EI
4
ZIMMERMANN, H. Die berechnung des eisenbahnoberbaues. Verlag W. Ernst & Sohn, 1888 (em Alemão).
28
F u. y ( x).a .a x
e (cos x sen x ) (2.9)
Q Q 2
A Figura 2.7 mostra a porcentagem da carga inicial de uma roda (Q) que é
transmitida para os dormentes quando o módulo de via é 80 MPa, o trilho é UIC54
(E=2,1*108 kPa, I=2,35*10-5 m4) e o espaçamento entre dormentes é 0,6m. Por essa
Figura, assim como pela Equação 2.9, é possível observar que as tensões diminuem
quanto mais distante um local estiver do ponto de aplicação de carga.
o lastro, no entanto, esta situação não ocorre por que a própria flexão do dormente
causa variação na tensão (TALBOT et al.,1920). Assim que a socaria acabou de ser
executada, o contato entre trilho e dormente ocorre principalmente na região abaixo
do trilho, provocando maiores tensões nessas regiões, como mostra a Figura 2.8 (b).
Observa-se que as tensões próximas ao eixo de simetria do dormente são muito
inferiores as tensões abaixo do ponto de aplicação de carga.
Figura 2.8 - Distribuição hipotética de tensões no contato entre dormente e lastro e respectivos
diagramas de momento resultante nos dormentes (Adaptado de TALBOT et al., 1920)
Figura 2.9 - Tensão suposta entre o dormente e o lastro (Adaptado de ESVELD, 2001)
A tensão entre dormente e lastro (σdL) pode ser calculada pela equação 2.10. Onde
Bd é a largura do dormente e F2 é um fator que depende do tipo de dormente e do
estado da via. Esta equação é utilizada no Manual da AREMA (2009) para o cálculo
de tensão e área de influência dos dormentes.
Q 3Q
dL F2 F2 (2.10)
Bd .l B d Ld
No entanto, para a análise de tensões nos meios granulares costuma-se supor que a
distribuição de tensões entre lastro e dormente é uniforme. Esta hipótese é
necessária, pois as equações analíticas são complexas e as equações empíricas
foram determinadas considerando a uniformidade da distribuição das tensões no
contato.
31
5
NEWMARK, N. M. Simplified computation of vertical pressures in elastic foundations. Engineering Experiment
Station Circular No. 24, University of Illinois, 1935.
32
Figura 2.10 - Esquema ilustrativo dos parâmetros da Equação de Boussinesq (PINTO, 2006)
0,48 * Q
z (2.12)
z2
Verifica-se que a solução das Equações 2.11 e 2.12 apresenta problemas para a
determinação de tensões em camadas muito próximas à superfície, como a camada
de lastro, pois a tensão é inversamente proporcional ao quadrado da profundidade.
Deste modo, para valores muito pequenos de z, são obtidos valores muito elevados
de σz.
33
3
2
z dL 1
1 (2.13)
1 R
2
z
Este método baseia-se na divisão da área carregada em retângulos com uma aresta
passando pelo ponto em estudo. A partir do princípio da superposição de efeitos,
válido na teoria da elasticidade linear, é possível somar ou subtrair retângulos.
Para solução deste problema são definidos parâmetros, m e n, que relacionam o
comprimento dos lados da área retangular e a profundidade onde a tensão será
estudada. Essas relações são dadas por m = a’/z e n=b’/z. A Equação 2.14 foi
34
53,87
Ls dL (2.15)
h1, 25
KBd 53,87
dL e K dL
2 2
x
(2.16)
x 0
h1, 25
53,87
K
Bd h1, 25
Substituindo-a na expressão de distribuição de tensões em um plano horizontal
(termo esquerdo de 2.16), obtém-se a expressão teórica 2.177 que determina a
tensão que um dormente provoca em um ponto qualquer. Nesta equação, x é a
distância entre o ponto estudado e a linha de simetria do dormente carregado.
53 , 87 2
2
x
53 , 87
2 2 ,5
Ls dL e B d h
(2.17)
h 1 , 25
7
A autora desenvolveu a equação da mesma maneira que Talbot et al. (1920) com a exceção da variável que
caracteriza o comprimento do dormente (Bd), que foi mantida literal, enquanto que no trabalho original foi
substituída pelo comprimento utilizado logo no inicio da dedução.
38
50
Ls dL (2.18)
10 (100 z )1,35
A dificuldade para determinar as tensões que atuam nas camadas granulares pode
ser observada pela complexidade analítica mostrada nos itens anteriores. Além do
contato entre dormente e lastro alterar com o tempo, a maneira como ocorre a
transmissão de tensões entre essas camadas não é completamente compreendida.
No entanto, as características do carregamento são extremamente importantes para
avaliar o desempenho mecânico da camada, principalmente quanto às taxas de
degradação e de recalque do material da via.
Alguns autores, por meio de estudos em campo ou em vias em escala real,
obtiveram dados relativos às tensões que atuam na camada de lastro. Indraratna et
al. (2010) monitoraram um trecho de 60 metros de uma ferrovia em Bulli na
Austrália, na qual o material de lastro era composto por grãos britados de basaltos
com diâmetros entre 75 e 19 mm. Nesta via, cuja espessura média de lastro era de
300 mm e a do reforço de subleito era de 150 mm, para trens com 25t de carga por
eixo, os autores obtiveram tensões entre os dormentes e o lastro de
aproximadamente 370kPa e, entre o lastro e o reforço, as tensões reduziam para
120 kPa.
Quanto à pressão de confinamento, diversos autores relatam estimativas baseadas
no conhecimento empírico e em ensaios do tipo box test, os quais apresentam
condições de contorno diferentes de uma via real. Na via, o lastro não é
normalmente confinado lateralmente, enquanto nestes ensaios o material é
39
confinado por uma estrutura mais rígida. Raymond e Davies8 (1978, apud Indraratna;
Salim, 2005) indicaram que essas tensões dificilmente serão superiores a 140 kPa.
Selig e Alva-Hurtado9 (1982, apud AURSUDKIJ, MCDOWELL,COLLOP, 2009)
verificaram que a pressão de confinamento de lastros na direção perpendicular ao
trilho varia de 5 a 40 kPa por meio de estimativas de coeficientes geotécnicos.
Também por meio de alternativas teóricas, Porto (1984) estimou o confinamento na
interface lastro subleito como sendo da ordem de 6kPa. Selig e Waters (1994)
verificaram por meio de box tests que a pressão de confinamento variava entre 18 e
60 kPa. Nos ciclos iniciais do ensaio, a pressão de confinamento variava em até 7
kPa, entre o instante em que o dormente encontrava-se carregado e o instante
seguinte quando o carregamento havia sido removido, como mostra a Figura 2.13.
Figura 2.13 - Tensões horizontais obtidas por Selig e Waters (1994) em ensaios box-test