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SUMÁRIO

PORTUGUÊS – PROF. DÉCIO TERROR..................................................................................... 2


REGIMENTO INTERNO DO STJ – PROF. PAULO GUIMARÃES E FABRÍCIO RÊGO ................................. 13
ÉTICA – PROF. PAULO GUIMARÃES..................................................................................... 44
SUSTENTABILIDADE – PROF. ROSENVAL JÚNIOR .................................................................... 46
DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – PROF. RICARDO TORQUES ......................................... 67
DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. RICARDO VALE E NÁDIA CAROLINA........................................ 77
DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF. ERICK ALVES ................................................................ 113
DIREITO CIVIL – PROFA. ALINE SANTIAGO ......................................................................... 148
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROF. RICARDO TORQUES ....................................................... 246
DIREITO PENAL – PROF. RENAN ARAÚJO ........................................................................... 283
DIREITO PROCESSUAL PENAL – PROF. RENAN ARAÚJO........................................................... 359
DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PROF. ALI JAHA...................................................................... 424
DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. FÁBIO DUTRA ...................................................................... 476
DIREITO EMPRESARIAL – PROF. GABRIEL RABELO ................................................................ 545

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PORTUGUÊS – PROF. DÉCIO TERROR
Primeiro assunto a ser observado é a interpretação de texto, acumulando um
índice de quase 20% das mais de 200 provas analisadas.

Para interpretar textos:


a) Leia o texto, no mínimo, duas vezes.
b) Na primeira leitura, observe qual é a ideia principal defendida, atente ao título,
quando houver.
c) Na segunda leitura, aprofunde no modo como o autor aborda o tema: verifique os
argumentos que fundamentam a opinião defendida por ele.
d) Ao término da segunda leitura, observe se você realmente entendeu o título: ele
vai dar a você a ideia principal do texto.
e) Num texto, temos ideias explícitas (o que literalmente se vê escrito no texto) e
implícitas (o que se abstrai, subentende, nas entrelinhas do texto). Procure sempre,
ao tentar resolver a interpretação, marcar o que está explícito no texto que confirme
a sua resposta. O que está implícito é marcado por vestígios: não se fala
diretamente, mas se sugere uma interpretação. Ex: Eu posso indicar que uma pessoa
é estressada não dizendo claramente esta palavra, mas citando os atos dela, a forma
agitada diante dos problemas na vida etc. Isso nos leva a “ler as entrelinhas”.
f) A banca CESPE caracteriza-se por deixar bem explícitas as ideias que confirmam a
interpretação do texto.
Tipos de texto
Narrativo: conta uma história ficcional (inventada) ou real (o que realmente ocorreu,
fato). São elementos principais: personagens, ações, cenário, tempo, narrador.
Destaca-se pela evolução das ações no tempo.
Descritivo: enumera ações, características, elementos. Muitas vezes está dentro de
outra tipologia textual para elencar características e ações de personagens ou
enumerar argumentos de um texto dissertativo.
Dissertativo: falar sobre algo, um tema, um assunto. Divide-se em
argumentativo/opinativo (quando há opinião do autor) ou expositivo/informativo
(apenas retransmite um conhecimento sobre algum assunto, sem opinião).

Elementos de coesão
Coesão referencial: é o recurso em que se usa uma palavra que faz referência a
uma anterior (recurso anafórico) ou a uma posterior (recurso catafórico).
Conheço a cidade A. Ela é linda. (recurso anafórico)
Cidade linda mesmo é esta: Rio de Janeiro. (recurso catafórico)

A banca CESPE cobra a quem a palavra se refere. Praticamente toda prova tem
uma questão desse tema. Então, muita atenção!!!!
Coesão recorrencial: quando há reiteração de vocábulos para enfatizar e sustentar
argumentos: Estudar envolve vontades: vontade de melhorar de vida, vontade de se
testar, vontade de vencer, vontade de sobrepujar outras vontades.

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Coesão sequencial: é o uso das conjunções e dos chamados operadores
argumentativos, ou seja, palavras ou expressões que ligam os argumentos dando-lhe
coerência. Veja algumas:
Conjunções
As conjunções são muito importantes nas provas da banca CESPE.
Normalmente, pede-se para substituir uma conjunção por outra de igual valor ou se
pergunta o sentido de determinada conjunção, normalmente as conjunções
coordenativas adversativas “mas, porém, contudo, entretanto”, as explicativas
“porque, porquanto, pois” e as subordinativas adverbiais concessivas “embora,
conquanto”. Veja as mais importantes:
As conjunções coordenativas podem ser:
a) aditivas: e, nem, não só..., mas também...
b) adversativas: mas, todavia, porém, contudo, no entanto, entretanto
c) alternativas: ou, ou... ou, já...já. quer...quer, ora...ora, seja...seja, nem...nem.
d) conclusivas: logo, pois (após o verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim.
e) explicativas: que, porque, pois, porquanto.

As conjunções subordinativas adverbiais podem ser:


a) causais: porque, como, já que, uma vez que, visto que, visto como, porquanto,
pois, na medida em que, etc.
b) comparativas: que, do que (relacionados a “mais”, “menos”, “maior”, “menor”,
“melhor”, “pior”), qual (relacionado a tal), quanto (relacionado a tanto), como
(relacionado a tal, tão, tanto), como se, assim como etc.
c) concessivas: ainda que, apesar de que, embora, posto que, mesmo que, quando
mesmo, conquanto, nem que, se bem que, ainda quando, sem que, etc.
d) condicionais: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, desde que, exceto
se, a não ser que, a menos que, sem que, etc.
e) conformativas: como, conforme, consoante, segundo.
f) consecutivas: que (relacionado a “tão”, “tal”, “tanto”, “tamanho”) de modo que,
de maneira que, de sorte que, de forma que, de tal forma que, de tal jeito que, de tal
maneira que.
g) finais (finalidade): para que, a fim de que, que, porque (= para que: hoje é
raro).
h) proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto
maior...mais, quanto mais... mais, quanto mais... tanto mais, quanto mais...menos,
quanto mais...tanto menos, quanto menos...menos, etc.
i) temporais: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim
que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, mal, que (= desde que),
enquanto, senão quando, ao tempo que, agora que.

Pontuação
a. Casos em que não se usa vírgula
1) Entre sujeito e predicado; entre verbo e seus objetos; entre nome (substantivo,
adjetivo ou advérbio) e complemento nominal; entre nome e adjunto adnominal:
Aos servidores recém-empossados o Presidente desejou sucesso.

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2) Entre a oração principal e a subordinada substantiva:
É necessário que Vossa Senhoria esteja presente.

b. Casos em que se usa a vírgula


Entre termos da oração
1) Para isolar o aposto explicativo: O criador de Capitu, Machado de Assis, é um dos
maiores escritores brasileiros.
2) Para isolar expressões de natureza explicativa, retificativa, continuativa, conclusiva
ou enfáticas: digo, em suma, enfim, isto é, isto sim, ou antes, ou melhor, ou seja,
por assim dizer, por exemplo, realmente, sim, vale dizer:
3) Para isolar o vocativo:
A palavra, Deputado, está agora com Vossa Excelência.
4) Para separar o predicativo deslocado:
Os manifestantes, lentos e tristes, desfilaram em frente ao palácio.
5) Para separar o adjunto adverbial deslocado:
No momento da explosão, toda a cidade estava dormindo.
Tratando-se de adjunto adverbial deslocado de curta extensão, pode-se omitir a
vírgula: Amanhã à tarde não haverá sessão.
6) Para isolar conjunções coordenativas adversativas ou conclusivas que aparecem no
meio da oração:
Ele estudou; ela, porém, não fez o mesmo.
7) Para indicar a elipse (supressão) de uma palavra, geralmente um verbo:
Faça o seu trabalho; eu, o meu.
8) Para separar o complemento verbal pleonástico:
O técnico da seleção, às vezes a imprensa o critica injustamente.
9) Para separar entre si termos coordenados dispostos em enumeração:
O Presidente, o Líder, o Relator ressaltaram a importância da matéria.
10) Quando as conjunções “e”, “ou” e “nem” aparecem repetidas vezes
(geralmente, para efeito de ênfase):
Neste momento, devem-se votar os requerimentos, e o parecer, e as respectivas
emendas.
Nem a promessa, nem o discurso feito em plenário, nem a apresentação de emenda.
11) Para separar as locuções tanto mais ... quanto mais (quanto menos), tanto
menos ... quanto menos (quanto mais):
Parece que quanto menos nos preocupamos, (tanto) mais os problemas são
12) Para separar os nomes de lugar nas datas e nos endereços:
Brasília, 1º de outubro de 2004. Rua João Batista, 150.
13) Entre orações coordenadas não unidas por conjunção:
Subiu à tribuna, começou a falar, fez um lindo discurso.
14) Para separar orações iniciadas por conjunções coordenativas adversativas (mas,
porém, contudo, etc.), conclusivas (logo, portanto, etc.):
A sessão começou tarde, mas foi muito produtiva.
Já esgotamos a pauta, portanto podemos encerrar a sessão.

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15) Antes da conjunção e, quando inicia oração cujo sujeito é diferente do sujeito da
oração anterior (para evitar leitura incorreta): O Presidente chamou à tribuna o
homenageado, e o Deputado iniciou seu discurso.
16) Antes das conjunções “e”, “ou” e “nem”, quando se repetem no início de cada
oração:
Ou vota-se, ou discute-se, ou encerra-se a apreciação da matéria.
Não apareceu, nem telefonou, nem mandou recado.
17) Para separar as orações adverbiais deslocadas, inclusive as reduzidas:
Quando o professor entrou, os alunos se levantaram.
Ao entrar o professor, os alunos se levantaram.
18) Para isolar as orações adjetivas explicativas:
Lembre-se de nós, que sempre o apoiamos.
19) Para isolar frases intercaladas ou parentéticas:
As leis, não custa lembrar, são feitas para ser cumpridas.
c. Casos em que a vírgula é facultativa
Relembre aqui que, nas intercalações, ou se empregam duas vírgulas, ou não se
emprega nenhuma.
A vírgula é opcional:
1) Antes da conjunção nem, quando usada uma só vez:
Não achou nada(,) nem ninguém.
2) Com as expressões pelo menos e no mínimo:
Pode-se dizer(,) no mínimo(,) que sua reação foi imprudente.
3) Nos adjuntos adverbiais que se encontram na ordem direta (não estão antepostos,
nem intercalados): Ele saiu (,)ontem pela manhã.
Nos adjuntos adverbiais deslocados de pequena extensão:
Aqui(,) são elaboradas as leis federais.
4) Com o período na ordem direta, diante de orações subordinadas adverbiais:
O Presidente considerou os requerimentos antirregimentais e inconstitucionais(,)
quando foram apresentados à Mesa.
5) Antes das conjunções explicativas (pois, porque, etc.):
Chega de barulho(,) pois muito estrago já foi feito.
6) Após as conjunções conclusivas (logo, portanto, etc.) e as adversativas, com
exceção de mas (entretanto, no entanto, todavia, etc.), quando iniciam a oração:
Todos trabalharam muito; portanto(,) merecem descanso. Provei o equívoco. No
entanto(,) o erro não foi corrigido.
Observação: Sempre cai nas provas da banca CESPE a possibilidade de substituição
da dupla vírgula por duplo travessão ou parênteses nos termos explicativos
intercalados:
Anita, amiga da escola, passou em primeiro lugar.
Anita – amiga da escola – passou em primeiro lugar.
Anita (amiga da escola) passou em primeiro lugar.

7) Oração subordinada adjetiva restritiva: restringe, limita a significação do seu


antecedente (substantivo ou pronome). Não é separada por vírgula.
Há alunos que praticam esporte. Esses são os alunos que estudam.
Oração subordinada adjetiva explicativa: é a característica básica do
antecedente. Acrescenta uma informação que pode ser eliminada sem causar prejuízo

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para a compreensão lógica da frase. Vem sempre separada da oração principal por
vírgula.
O Brasil, que é o maior país da América do Sul, tem milhões de analfabetos.
A escola, que é o berço do saber, deve ser valorizada.
Quase toda prova pede o motivo da vírgula (separar oração de natureza
explicativa) ou pergunta se a vírgula pode ser retirada sem mudança de sentido.
Sempre que se inserir vírgula para separar a oração adjetiva, o seu sentido passa a
explicativo. Sempre que se pedir para retirar a vírgula da oração adjetiva, o sentido
passa a restritivo. Assim, o sentido muda SEMPRE.

Concordância verbal (com base nos tipos de sujeito)


1. Determinado (aquele que se pode identificar com precisão). Divide-se em:
a) Simples: constituído de apenas um núcleo (palavra de valor substantivo).
O valor das mensalidades do curso preparatório para a carreira jurídica subiu muito
no último semestre.
b. Sujeito composto: formado por mais de um núcleo:
Manuel e Cristina pretendem casar-se.
núcleo conjunção núcleo predicado
aditiva

Quando o sujeito composto estiver posposto ao verbo, este poderá concordar com todos
os núcleos (plural) ou com o mais próximo (concordância atrativa):
Discutiram muito o chefe e o funcionário. Discutiu muito o chefe e o funcionário.
Se houver ideia de reciprocidade, o verbo vai para o plural:
Estimam-se o chefe e o funcionário.
2. Indeterminado: aquele que não está identificado:
a) Com o verbo na terceira pessoa do plural sem o sujeito escrito no texto:
Falaram bem de você. Colocaram o anúncio. Alugaram o apartamento.
b) Com o “índice de indeterminação do sujeito” se + verbo transitivo indireto (VTI) ou
intransitivo (VI) ou de ligação (VL), no singular:
Trata-se de casos delicadíssimos. (verbo transitivo indireto)
Vive-se melhor fora das cidades grandes. (verbo intransitivo)
É-se muito pretensioso na adolescência. (verbo de ligação)
3. Oração sem sujeito: quando a oração tem apenas o predicado, isto é, o verbo é
impessoal. É importante saber quando uma oração não possui sujeito, tendo em vista que o
verbo deve se flexionar na terceira pessoa do singular:
I - Verbos que exprimem fenômenos da natureza:
Venta muito naquela cidade. Amanhã não choverá.
II - Verbo haver significando existir, ocorrer:
Havia muitas pessoas na sala. Há vários problemas na empresa.
Quando esse verbo for o principal numa locução verbal, seu verbo auxiliar não pode se
flexionar. Veja:
Deve haver vários problemas na empresa. (“vários problemas” é apenas objeto direto)
Tem havido vários problemas na empresa. (“vários problemas” é apenas objeto direto)
Está havendo vários problemas na empresa. (“vários problemas” é apenas objeto direto)
III - Verbos haver e fazer indicando tempo decorrido ou fenômeno natural:

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Já faz meses que não viajo com ele. (É a primeira oração que não tem sujeito)
Há três anos não vejo minha família. (É a primeira oração que não tem sujeito)
IV- Verbos ser, estar e ir (este, quando seguido de para) na indicação de tempo.
São três horas. Hoje são dez de setembro. Hoje está muito frio.
O verbo “ser” tem concordância peculiar e é o único que, mesmo não possuindo sujeito,
concorda com o indicador de tempo.

A concordância utilizando o pronome apassivador “se”:


Agora, veremos o pronome “se” com o verbo transitivo direto (VTD) ou com o verbo
transitivo direto e indireto (VTDI). Esse “se” é chamado de pronome apassivador. Isso força a
seguinte estrutura:

VTD + se + sujeito paciente VTDI + se + OI + sujeito paciente

Alugam-se casas. Enviaram-se ao gerente pedidos de aumento.


VTD + PAp + sujeito paciente VTDI + PAp + OI + sujeito paciente

A estrutura-padrão da crase
preposição

verbo a a substantivo feminino


ou + aquele, aquela, aquilo
nome a a (=aquela)
a qual (pronome relativo)

Quando um verbo ou um nome exigir a preposição “a” e o substantivo posterior admitir


artigo “a”, haverá crase. Além disso, se houver a preposição “a” seguida dos pronomes
“aquele”, “aquela”, “aquilo”, “a” (=aquela) e “a qual”; ocorrerá crase. Veja as frases abaixo e
procure entendê-las com base no nosso esquema.

1. Obedeço à lei. 2. Obedeço ao código.


3. Tenho aversão à atividade manual. 4. Tenho aversão ao trabalho manual.
5. Refiro-me àquela casa. 6. Refiro-me àquele livro.
7. Refiro-me àquilo. 8. Esta é a casa à qual me referi.
9. Não me refiro àquela casa da esquerda, mas à da direita.
Na frase 1, o verbo “Obedeço” é transitivo indireto e exige preposição “a”, e o
substantivo “lei” é feminino e admite artigo “a”, por isso há crase.
Na frase 2, o mesmo verbo exige a preposição, porém o substantivo posterior é
masculino, por isso não há crase.
Na frase 3, a crase ocorre porque o substantivo “aversão” exigiu a preposição “a” e o
substantivo “atividade” admitiu o artigo feminino “a”.
Na frase 4, “aversão” exige preposição “a”, mas “trabalho” é substantivo masculino,
por isso não há crase.
Nas frases 5, 6 e 7, “Refiro-me” exige preposição “a”, e os pronomes demonstrativos
“aquela”, “aquele” e “aquilo” possuem vogal “a” inicial (não é artigo), por isso há crase.

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Na frase 8, “me referi” exige preposição “a”, e o pronome relativo “a qual” é iniciado
por artigo “a”, por isso há crase.
Na frase 9, “me refiro” exige preposição “a”, “aquela” possui vogal “a” inicial (não é
artigo) e “a” tem valor de “aquela”, por isso há duas ocorrências de crase.
Muitas vezes o substantivo feminino está sendo tomado de valor geral, estando no
singular ou plural, e por isso não admite artigo “a”. Outras vezes esse substantivo recebe
palavra que não admite artigo antecipando-a, por isso não haverá crase. Veja os exemplos
abaixo em que o verbo transitivo indireto exige o objeto indireto:
Os substantivos “leis”, “lei” estão em sentido
geral, por isso não recebem artigo “as”, “a” e
Obedeço a leis.
não há crase. Na segunda frase, o que
ratificou o sentido geral foi o substantivo Obedeço a lei e a regulamento.
masculino “regulamento” não ser antecedido
do artigo “o”.

Obedeço a uma lei. O artigo “uma” é indefinido, os pronomes


“qualquer, toda, cada” são indefinidos. Como
Obedeço a qualquer lei. eles indefinem, não admitem artigo definido “a”.
Obedeço a toda lei. Os pronomes “tal” e “esta” são demonstrativos.
Obedeço a cada lei. Por eles já especificarem o substantivo “lei”, não
Obedeço a tal lei. admitem o artigo “a”. Por isso não há crase.
Obedeço a esta lei.

Regência com pronomes oblíquos


Os pronomes pessoais oblíquos átonos são “me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, os lhes”. Os
pronomes “o, a, os, as” serão os objetos diretos.
Ana comprou um livro (comprou-o). Ana comprou uns livros (comprou-os).
Quando esse verbo transitivo direto terminar com “r”, “s” ou “z”, o pronome átono “o”
e suas variações receberão “l”. Veja:
Vou cantar uma música. Vou vender o carro. Vou compor uma música.
VTD + OD VTD + OD VTD + OD

Vou cantá-la. Vou vendê-lo. Vou compô-la.


VTD+ OD VTD+ OD VTD + OD

Note, agora, com verbo terminado em “ir”. A retirada do “r” não faz com que
haja acento, pois não se acentua oxítona terminada em “i”:
Vou partir o bolo. Vou parti-lo.
VTD + OD VTD + OD
Porém, acentua-se a palavra que possua hiato em que a segunda vogal seja “i”.
Veja:
A prefeitura vai construir uma ponte. A prefeitura vai construí-la.
VTD + OD VTD + OD

Vamos agora a exemplos com “s” e “z”:


Solicitamos o documento. Solicitamo-lo.
VTD + OD VTD + OD

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Refiz o documento. Refi-lo.
VTD + OD VTD + OD

Quando o verbo transitivo direto terminar com “m” ou sinal de nasalização (~),
recebe “n”:
Cantam a música. Cantam-na. Põe a música! Põe-na!
VTD + OD VTD + OD VTD + OD VTD + OD
Os pronomes “lhe, “lhes” ocupam as funções sintáticas de objeto indireto,
complemento nominal, além de poder possuir valor de posse.
Objeto indireto: Complemento nominal:
Paguei ao músico. Paguei-lhe. Sou fiel a você. Sou-lhe fiel.
VTI + OI VTI + OI VL + predicativo+CN VL+CN+
predicativo

Valor de posse:
As pernas dela doem. Roubaram a sua bolsa.
Sujeito + VI VTD + OD
Doem-lhe as pernas. Roubaram-lhe a bolsa.
VI + sujeito VTD + OD

Colocação pronominal
Primeiro, devemos nos lembrar de que os pronomes oblíquos átonos “o, a,
os,as” cumprem a função de objeto direto (comprei-o.), e os pronomes “lhe, lhes”
podem ser objeto indireto (Obedeço-lhe), complemento nominal (Tenho-lhe
obediência) e ainda podem ter valor de posse (Doem-lhe as penas).
Os pronomes oblíquos átonos são “me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes”.
Em função da posição do pronome em relação ao verbo, classifica-se em:
• próclise - antes do verbo (Nada se perde)
• mesóclise - no meio do verbo (Dirigir-lhe-emos a palavra)
• ênclise - depois do verbo (Fugiram-nos as palavras)
A regra geral diz que se deve colocar o pronome enclítico, desde que não haja palavra
“atrativa” que levará o pronome para antes do verbo (próclise).

• São fatores de próclise:


a) palavra negativa, desde que não haja pausa entre o verbo e as palavras de
negação: Ninguém se mexe / Nada me abala.
Obs.: se a palavra negativa preceder um infinitivo não-flexionado, é possível a
ênclise: “Calei para não magoá-lo”
b) conjunção subordinativa.
Ex.: Preciso de que me responda algo. / O homem produz pouco, quando se alimenta
mal.
c) pronome ou palavras interrogativas
Ex.: Quem me viu ontem? / Queria saber por que te afliges tanto.
d) pronome indefinido, demonstrativo e relativo

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Ex.: Alguém me ajude a sair daqui / Isso te pertence / Ele que se vestiu de verde
está ridículo.
e) advérbio (não seguido de vírgula) e numeral “ambos”
Ex.: Aqui se vê muita miséria. Aqui, vê-se muita miséria / Ambos se olharam
profundamente.
f) em frases exclamativas (começadas por palavras exclamativas) e optativas
(desejo): Deus te guie! / Quanto sangue se derramou inutilmente!
• Uso de mesóclise:
Respeitados os princípios de próclise, há mesóclise caso o verbo esteja nos tempos
futuros do indicativo.
Ex.: dar-te-ia = daria + te / dar-te-ei = darei + te
Diante da plateia, cantar-se-ia melhor. / Os amigos sinceros sentir-nos-ão saudades.

Princípios da correspondência oficial


(somente para cargos de nível superior)
A redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e
comunicações. O texto deve seguir o rigor formal, com linguagem objetiva, clara (isto
é, sem dupla interpretação: cuidado com o pronome “seu, sua”, que normalmente
leva a uma dupla interpretação), impessoal (isto é, sem impressões pessoais),
concisa (um máximo de informações com um mínimo de palavras, evite detalhes
desnecessários, excesso de explicação atrapalha) e respeitando a norma culta.
A linguagem deve primar pelo fácil entendimento.
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se
comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o
destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há
que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. O jargão
burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão
limitada. A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado.
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada
área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas
regras de forma (que diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao
assunto do qual cuida a comunicação).
Para que se redija com qualidade, é fundamental que se tenha, além de
conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o
texto depois de pronto.
Os pronomes de tratamento levam o verbo e os pronomes possessivos a eles
referenciados à terceira pessoa do singular.

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“Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa Senhoria nomeareis vosso...”).

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve


coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe
a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está
atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência
está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
Quando esses pronomes estão na função de objeto indireto ou complemento
nominal, antecedidos da preposição “a”, não recebem crase, pois não admitem artigo:
Refiro-me a Vossa Senhoria.
Usa-se Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
a) do Poder Executivo: Presidente da República; Vice-Presidente da
República; Ministros de Estado; Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Distrito Federal; Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-
Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais.
b) do Poder Legislativo: Deputados Federais e Senadores; Ministros do
Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos
Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
c) do Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de
Tribunais; Juízes; Auditores da Justiça Militar.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é
Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Excelentíssima Senhora Presidenta da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do
cargo respectivo:
Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador,
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD).
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O
vocativo adequado é: Senhor Fulano de Tal,
Fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que
recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do
pronome de tratamento Senhor.
Fechos para Comunicações
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras,
que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
Redação do Ministério das Relações Exteriores.

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Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais
comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede,
abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura)
NOME
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


NOME
Ministro de Estado da Justiça
O Padrão Ofício
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do que
pela forma: o ofício, o aviso e o memorando.
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas.
A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de
Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para
e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também
com particulares.
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades
administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
comunicação eminentemente interna.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a
exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado setor
do serviço público. Sua característica principal é a agilidade.
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da República ou
ao Vice-Presidente para: a) informá-lo de determinado assunto; b) propor alguma
medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República

Lembre-se:
a) Você deve estar relaxado(a), tranquilo(a) no dia da prova. Então evite comidas
pesadas no dia anterior.
b) Leve este material para ser lido também nos minutos antes da prova.
c) Não perca tempo em uma questão. Se você “não sabe” ou observa que “é muito
extensa e complicada”, pule para a próxima, isso o(a) deixará mais ágil e confiante.
d) Separe pelo menos 10 minutos para marcar o cartão de resposta com calma.
e) Determine o tempo para a realização de cada parte da prova e CUMPRA.
f) Lembre-se: A PROVA É DIFÍCIL PARA TODO MUNDO! TENHA CALMA E BOA
SORTE!!!

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REGIMENTO INTERNO DO STJ – PROF. PAULO GUIMARÃES E FABRÍCIO RÊGO

Aula 00
INFORMAÇÕES BÁSICAS DO STJ

SEDE Capital Federal

JURISDIÇÃO Todo o território nacional

COMPOSIÇÃO 33 Ministros

ORGANIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DO STJ

QUANTIDADE DE
TURMAS SEÇÕES
MEMBROS

5 Ministros 1a Turma
1a Seção
5 Ministros 2a Turma

5 Ministros 3a Turma
2a Seção
5 Ministros 4a Turma

5 Ministros 5a Turma
3a Seção
5 Ministros 6a Turma

A Corte Especial será integrada pelos quinze Ministros mais antigos e presidida
pelo Presidente do Tribunal.

O Conselho da Justiça Federal é integrado pelo Presidente, Vice-Presidente, e três


Ministros do Tribunal, eleitos por dois anos, e pelos Presidentes dos cinco Tribunais
Regionais Federais.

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Aula 01

A competência da Corte Especial não está sujeita à especialização.

COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS

MATÉRIA FEITOS SEÇÃO TURMAS

I - licitações e contratos administrativos


II - nulidade ou anulabilidade de atos administrativos;
III - ensino superior;
IV - inscrição e exercício profissionais;
V - direito sindical;
VI - nacionalidade;
VII - desapropriação, inclusive a indireta;

DIREITO VIII - responsabilidade civil do Estado; Primeira e


Primeira
PÚBLICO IX - tributos de modo geral, impostos, taxas, Segunda
contribuições e empréstimos compulsórios;
X - preços públicos e multas de qualquer natureza;
XI - servidores públicos civis e militares;
XII - habeas corpus referentes às matérias de sua
competência;
XIII - benefícios previdenciários, inclusive os
decorrentes de acidentes do trabalho;
XIV - direito público em geral.

DIREITO I - domínio, posse e direitos reais sobre coisa alheia,


PRIVADO salvo quando se tratar de desapropriação;
II - obrigações em geral de direito privado, mesmo
quando o Estado participar do contrato;
III - responsabilidade civil, salvo quando se tratar de
responsabilidade civil do Estado;
IV - direito de família e sucessões;
V - direito do trabalho; Terceira e
Segunda
VI - propriedade industrial, mesmo quando
Quarta
envolverem arguição de nulidade do registro;
VII - constituição, dissolução e liquidação de
sociedade;
VIII - comércio em geral, inclusive o marítimo e o
aéreo, bolsas de valores, instituições financeiras e
mercado de capitais;
IX - falências e concordatas;

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X - títulos de crédito;
XI - registros públicos, mesmo quando o Estado
participar da demanda;
XII – locação predial urbana;
XIII- habeas corpus referentes às matérias de sua
competência;
XIV- direito privado em geral.

Feitos relativos à matéria penal em geral, salvo os


DIREITO casos de competência originária da Corte Especial e os Quinta e
Terceira
PENAL habeas corpus de competência das Turmas que Sexta
compõem a Primeira e a Segunda Seção.

COMPETÊNCIA DO PLENÁRIO

O Plenário é o órgão máximo do STJ, e por


I - dar posse aos membros do Tribunal; isso é o responsável por dar posse aos
novos Ministros.

II - eleger o Presidente e o Vice- Lembre-se de que na composição do CJF


Presidente do Tribunal, os Ministros temos o Presidente do STJ (que também
membros do Conselho da Justiça preside o Conselho), o Vice-Presidente e
Federal, titulares e suplentes, e o Diretor outros 3 Ministros eleitos para ocupar os
da Revista do Tribunal, dando-lhes posse; assentos por 2 anos, além dos Presidentes
dos cinco Tribunais Regionais Federais.

III - eleger, dentre os Ministros do


Entre os Juízes que compõem o TSE há 2
Tribunal, os que devam compor o Tribunal
Ministros do STJ, que devem ser eleitos
Superior Eleitoral, na condição de
pelo Plenário.
membros efetivos e substitutos;

IV - decidir sobre a disponibilidade e


aposentadoria de membro do Tribunal,
por interesse público;

V - votar o Regimento Interno e as suas O Regimento Interno é uma norma que


emendas; precisa ser aprovada pelo Plenário.

A Constituição determina que um terço dos


Ministros do STJ não será composto por
Magistrados de carreira, mas sim por
advogados e membros do Ministério Público
VI - elaborar as listas tríplices dos Juízes, Federal, Estadual, do Distrito Federal e
Desembargadores, Advogados e membros Territórios. Quando uma dessas vagas for
do Ministério Público que devam compor o aberta, caberá à respectiva instituição (OAB
Tribunal (Constituição, art. 104 e seu ou ramo especializado do MP) indicar um
parágrafo único); lista com seis candidatos. Essa lista será
reduzida pela metade pelo Plenário do STJ.
A escolha dos demais membros do STJ se
dá de maneira semelhante, com o STJ
elaborando uma lista tríplice com nomes de

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membros dos Tribunais Regionais Federais
ou dos Tribunais de Justiça.

VII - propor ao Poder Legislativo a


alteração do número de membros do A Constituição determina que o STJ deve ter
Tribunal e dos Tribunais Regionais Federais, pelo menos 33 Ministros. Esse número,
a criação e a extinção de cargos, e a fixação portanto, pode ser ampliado por meio de
de vencimentos de seus membros, dos lei, que deve ser proposta pelo Plenário.
Juízes dos Tribunais Regionais e dos Juízes Além disso, cabe ao Plenário propor leis que
Federais, bem assim a criação ou extinção tratem de outros temas relevantes ao Poder
de Tribunal Regional Federal e a alteração Judiciário.
da organização e divisão judiciárias;

VIII - aprovar o Regimento Interno do


Conselho da Justiça Federal.

IX – eleger, dentre os Ministros do Tribunal,


o que deve compor o Conselho Nacional Na composição do CNJ há um membro que
de Justiça, observada a ordem de é um Ministro do STJ, eleito pelo Plenário.
antiguidade;

X – indicar, na forma do inciso XXXII e do


parágrafo único do art. 21, um juiz federal Além do Ministro do STJ que faz parte do
e um juiz de Tribunal Regional Federal para CNJ, também cabe ao STJ indicar outros
as vagas do Conselho Nacional de Justiça e componentes. A mesma lógica se aplica à
um juiz para a vaga do Conselho Nacional composição do CNMP.
do Ministério Público.

COMPETÊNCIA DA CORTE ESPECIAL


PROCESSAR E JULGAR...

I – nos crimes comuns, os Governadores Essas pessoas contam com o chamado “foro
dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes privilegiado”. Na realidade o mais correto
e nos de responsabilidade, os dizer foto por prerrogativa de função. Isso
Desembargadores dos Tribunais de Justiça significa basicamente que, quando essas
dos Estados e do Distrito Federal, os pessoas são acusadas de crimes, elas são
membros dos Tribunais de Contas dos julgadas diretamente pelo STJ, e não por
Estados e do Distrito Federal, os dos Juízes ordinários.
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
Regionais Eleitorais e do Trabalho, os Para fins de prova, o importante aqui é
membros dos Conselhos ou Tribunais de diferenciar as pessoas que são julgadas
Contas dos Municípios e os do Ministério pelo STJ nos crimes comuns daquelas que
Público da União que oficiem perante são julgadas por crimes comuns e também
Tribunais; por crimes de responsabilidade.

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O habeas corpus é uma ação constitucional
II – os habeas corpus, quando for que tem por finalidade garantir o direito à
paciente qualquer das pessoas liberdade de locomoção. Paciente é o nome
mencionadas no inciso anterior; dado à pessoa cuja liberdade está sendo
restringida.

III - os mandados de injunção, quando O mandado de injunção tem por finalidade


a elaboração da norma regulamentadora for garantir o exercício de um direito quando a
atribuição de órgão, entidade ou autoridade Constituição prevê a necessidade de uma
federal, da administração direta ou indireta, norma regulamentadora, e o órgão
excetuados os casos de competência do responsável por editar essa norma não o
Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da faz. Quando o órgão fizer parte da
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da administração pública direta ou indireta, a
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; competência para julgar o mandado de
injunção será, em regra, do STJ.

O mandado de segurança é uma ação que


tem por finalidade assegurar um direito
líquido e certo, ou seja, cuja prova já se
IV - os mandados de segurança e os encontra constituída. O habeas data, por
habeas data contra ato do próprio Tribunal sua vez, serve para garantir o acesso do
ou de qualquer de seus órgãos; cidadão a informações sobre a sua pessoa
que constem em bancos de dados de
caráter público, ou a retificação desses
dados.

As revisões criminais e as ações rescisórias


têm por finalidade rever decisões que já
foram proferidas pelo Tribunal. A diferença
V - as revisões criminais e as ações é que a primeira trata de uma condenação
rescisórias de seus próprios julgados; criminal, enquanto a outra trata de uma
decisão de natureza cível. Quando a decisão
que se deseja rever tiver sido proferida pela
própria Corte Especial, ela julgará a ação.

VI - o incidente de assunção de Trata-se de incidente com o objetivo de


competência quando a matéria for comum unificar as decisões do Tribunal, levando o
a mais de uma seção; julgamento do processo para a Corte
Especial.

VII - a exceção da verdade, quando o A exceção da verdade é um tipo de defesa


querelante, em virtude de prerrogativa de admissível quando alguém está sendo
função, deva ser julgado originariamente acusado de ter cometido crime contra a
pelo Tribunal; honra. O réu então tem a oportunidade de
provar que o fato imputado é verdadeiro.

VIII - a requisição de intervenção A requisição para intervenção federal nos


federal nos Estados e no Distrito Federal, Estados e no Distrito Federal por parte do
ressalvada a competência do Supremo STJ pode ocorrer quando houver
Tribunal Federal e do Tribunal Superior desobediência a ordem ou decisão do
Eleitoral (Constituição, art. 36, II e IV); Tribunal.

Não estamos aqui falando de ações de


IX - as arguições de
inconstitucionalidade, que são de
inconstitucionalidade de lei ou ato
competência do STF, mas sim da arguição

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normativo suscitadas nos processos de inconstitucionalidade surgida num
submetidos ao julgamento do Tribunal; processo de competência do STJ. Nesses
casos a inconstitucionalidade da norma não
é o objeto principal do processo, mas sim
uma espécie de argumento.

X - as reclamações para a preservação de


A reclamação cabe quando uma decisão do
sua competência e garantia de suas
STJ não estiver sendo cumprida.
decisões;

Em alguns casos é possível que questões


XI - as questões incidentes, em
que não são as principais do processo
processos da competência das Seções ou
sejam decididas nos órgãos fracionários e,
Turmas, as quais lhe tenham sido
por força de recurso, venham a ser
submetidas (art. 16);
apreciadas pela Corte Especial.

XII - os conflitos de competência entre


relatores ou Turmas integrantes de Seções
diversas, ou entre estas;

Esse é uma espécie de recurso que cabe


XIII - os embargos de divergência, se a
quando há divergência entre Turmas,
divergência for entre Turmas de Seções
Seções e até mesmo entre Turma e Seção
diversas, entre Seções, entre Turma e
com a Corte Especial..
Seção que não integre ou entre Turma e
Seção com a própria Corte Especial;

XIV - revogado

XV - as suspeições e impedimentos Suspeições e impedimentos são


levantados contra Ministro em processo de circunstâncias que comprometem a
sua competência. imparcialidade do Ministro.

XVI – o recurso especial repetitivo O recurso repetitivo é um dispositivo


jurídico que representa um grupo de
recursos que possuem teses idênticas, ou
seja, têm fundamento em idêntica questão
de direito.
O processo fica suspenso no tribunal de
origem até o pronunciamento definitivo do
STJ sobre a matéria.

OUTRAS ATRIBUIÇÕES...

I - prorrogar o prazo para a posse e o início


do exercício dos Ministros, na forma da lei;

II - dirimir as dúvidas que lhe forem


submetidas pelo Presidente ou pelos
Ministros, sobre a interpretação e execução
de norma regimental ou a ordem dos
processos de sua competência;

III - conceder licença ao Presidente e aos


Ministros, bem assim julgar os processos de
verificação de invalidez de seus
membros;

As comissões são grupos que se ocupam de


IV - constituir comissões, bem como
temas específicos dentro do Tribunal.
aprovar a designação do Ministro

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Coordenador do Centro de Soluções
Consensuais de Conflitos do Superior
Tribunal de Justiça;

V - elaborar e encaminhar a proposta A proposta orçamentária do Tribunal é


orçamentária do Superior Tribunal de enviada todos os anos ao Poder Executivo
Justiça, bem como aprovar e encaminhar as para compor o orçamento anual, que deve
propostas orçamentárias dos Tribunais ser aprovado pelo Poder Legislativo. O STJ
Regionais Federais, da Justiça Federal de também aprova e encaminha as propostas
primeiro grau e do Conselho da Justiça dos outros Tribunais da Justiça Federal e do
Federal; CJF.

VI - deliberar sobre a substituição de


Ministro, nos termos do art. 56;

VII - sumular a jurisprudência


uniforme comum às Seções e deliberar Sumular significa inscrever certos
sobre a alteração e o cancelamento de suas posicionamentos na súmula do Tribunal.
súmulas;

VIII - apreciar e encaminhar ao Poder


Legislativo propostas de criação ou
extinção de cargos do quadro de
servidores do Tribunal e a fixação dos
respectivos vencimentos, bem como do
Conselho da Justiça Federal e da Justiça
Federal de primeiro e segundo graus;

IX - apreciar e encaminhar ao Poder O Regimento de Custas é a norma que trata


Legislativo projeto de lei sobre o regimento das custas
de custas da Justiça Federal e do Superior
Tribunal de Justiça.

COMPETÊNCIA DAS SEÇÕES


PROCESSAR E JULGAR...

Você já sabe o que são essas ações, mas


I - os mandados de segurança, os
lembre-se de que elas são julgadas pelas
habeas corpus e os habeas data contra
seções somente quando seu objeto for ato
ato de Ministro de Estado;
de Ministro de Estado.

Cada órgão julga as revisões criminais e


ações rescisórias contra seus próprios
II - as revisões criminais e as ações
julgados. Essa regra se aplica à Corte
rescisórias de seus julgados e das Turmas
Especial e às Seções, mas quando as ações
que compõem a respectiva área de
impugnarem os julgados das Turmas, a
especialização;
competência para julgamento será das
Seções.

III - as reclamações para a preservação


de suas competências e garantia da
autoridade de suas decisões e das Turmas;

IV - os conflitos de competência entre O STF é competente para julgar os conflitos


quaisquer tribunais, ressalvada a de competência entre o STJ e quaisquer
competência do Supremo Tribunal Federal tribunais, entre Tribunais Superiores, ou
(Constituição, artigo 102, I, o), bem assim entre estes e qualquer outro tribunal. O STJ

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entre Tribunal e Juízes a ele não vinculados (por meio das seções), por sua vez, é
e Juízes vinculados a Tribunais diversos; competente para julgar os conflitos entre
quaisquer outros Tribunais, ou entre um
Tribunal e Juiz vinculado a outro Tribunal,
ou ainda entre Juízes vinculados a
diferentes Tribunais.

V - os conflitos de competência entre Esses são conflitos que ocorrem “dentro” da


relatores e Turmas integrantes da Seção; seção, ou seja, entre as turmas que a
compõem.

VI - os conflitos de atribuições entre A principal diferença entre os conflitos de


autoridades administrativas e judiciárias da competência e os conflitos de atribuições é
União, ou entre autoridades judiciárias de que estes envolvem autoridades
um Estado e administrativas de outro, ou administrativas, enquanto aqueles
do Distrito Federal, ou entre as deste e da envolvem apenas autoridades judiciárias.
União;

VII - as questões incidentes em Este é o caso de haver necessidade de


processos da competência das Turmas da decidir questão incidente em processo que
respectiva área de especialização, as quais está sendo analisado pela turma, e esta
lhes tenham sido submetidas por essas; submeter a questão à decisão da Seção.

VIII - as suspeições e os impedimentos


Se os processos forem de competência da
levantados contra os Ministros, salvo em se
Corte Especial, ela decidirá a respeito de
tratando de processo da competência da
impedimento e suspeição de Ministros.
Corte Especial;

IX - o incidente de assunção de Se a matéria for de competência comum


competência quando a matéria for restrita das Seções, a competência é da Corte
a uma Seção Especial.

X - o recurso especial repetitivo.

OUTRAS ATRIBUIÇÕES...

I - julgar embargos de divergência,


quando as Turmas divergirem entre si ou de
decisão da Seção que integram;

II - julgar feitos de competência de


Turma, e por esta remetidos (art. 14);

III - sumular a jurisprudência


uniforme das Turmas da respectiva
área de especialização e deliberar
sobre a alteração e o cancelamento de
súmulas.

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COMPETÊNCIA DAS TURMAS
I - processar e julgar, originariamente:
a) os habeas corpus, quando for coator
Governador de Estado e do Distrito Federal,
Desembargador dos Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, membro
No processamento do habeas corpus,
dos Tribunais de Contas dos Estados e do
chamamos de coator a pessoa a quem é
Distrito Federal, dos Tribunais Regionais
atribuída a restrição da liberdade do
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais
paciente. A depender de quem é o coator
e do Trabalho, dos Conselhos ou Tribunais
ou de quem é o paciente, o Regimento
de Contas dos Municípios e do Ministério
designa órgãos diferentes do STJ para
Público da União que oficie perante
julgar.
Tribunais;
b) os habeas corpus, quando o coator for
Tribunal cujos atos estejam diretamente
subordinados à jurisdição do Superior
Tribunal de Justiça.

II - julgar em recurso ordinário:


a) os habeas corpus decididos em única
ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Nesses casos a competência do STJ se
Estados, do Distrito Federal e Territórios, resume ao julgamento de recursos de
quando denegatória a decisão; decisões proferidas por outras instâncias
em habeas corpus e em mandado de
b) os mandados de segurança decididos
segurança.
em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando denegatória a decisão.

III - julgar os recursos ordinários e os


agravos nas causas em que forem partes
Estado estrangeiro ou organismo Recursos Ordinários e agravos são
internacional de um lado e, do outro, espécies de recursos.
Município ou pessoa residente ou
domiciliada no país;

IV - julgar, em recurso especial, as Esta é a definição legal de recurso especial,


causas decididas em única ou última que é o recurso “clássico” de competência
instância pelos Tribunais Regionais Federais do STJ.
ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou
negar-lhes vigência;
b) julgar válida lei ou ato de governo local
contestado em face de lei federal;
c) der à lei federal interpretação divergente
da que lhe haja atribuído outro
Tribunal.

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NÃO SE CONFUNDA!

CORTE ESPECIAL SEÇÕES TURMAS

Quando for coator:


- Governador de Estado e do Distrito
Federal;
- Desembargador dos TJ;
Quando o paciente for uma das - Membro dos Tribunais de Contas
seguintes pessoas: dos Estados e do Distrito Federal;
- Governadores dos Estados e do - Membro dos TRF, TRE, e TRT;
DF;
- Membro, dos Conselhos ou
- Desembargadores dos TJ; Tribunais de Contas dos Municípios;
- Membros dos Tribunais de - Membros do MPU que oficiem
Contas dos Estados e do Distrito perante Tribunais.
habeas corpus Contra ato de Ministro de
Federal;
Estado.
- Membros dos TRF, dos TRE e
dos TST; Quando o coator for Tribunal cujos
atos estejam diretamente
- Membros dos Conselhos ou subordinados à jurisdição do
Tribunais de Contas dos Superior Tribunal de Justiça.
Municípios;
- Membros do MPU que oficiem
perante Tribunais. Apenas em recurso ordinário: os
habeas corpus decididos em única
ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos
Tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão.

Apenas em recurso ordinário: os


mandados de segurança decididos
Mandado de em única instância pelos Tribunais
Contra ato do próprio Tribunal ou Contra ato de Ministro de
Segurança Regionais Federais ou pelos
de qualquer de seus órgãos. Estado.
Tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão.

habeas data Contra ato do próprio Tribunal ou Contra ato de Ministro de


de qualquer de seus órgãos. Estado.

Revisões De seus julgados e das


Criminais e Turmas que compõem a
Ações De seus próprios julgados. respectiva área de
Rescisórias especialização.

Para a preservação de suas


Para a preservação de sua
Reclamações competências e garantia da
competência e garantia de suas
autoridade de suas decisões e
decisões.
das Turmas.

Questões Em processos da competência


incidentes das Seções ou Turmas, as quais
lhe tenham sido submetidas.

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- Entre quaisquer tribunais,
ressalvada a competência do
STF (CF, art. 102, I, o), bem
Entre relatores ou Turmas assim entre Tribunal e Juízes
Conflitos de a ele não vinculados e Juízes
Competência integrantes de Seções diversas,
ou entre estas. vinculados a Tribunais
diversos;
- Entre relatores e Turmas
integrantes da Seção

Entre autoridades
administrativas e judiciárias
Conflitos de da União, ou entre
Atribuições autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de
outro, ou do Distrito Federal,
ou entre as deste e da União.

Levantados contra os
Suspeições e Ministros, salvo em se
Levantados contra Ministro em
Impedimentos tratando de processo da
processo de sua competência.
competência da Corte
Especial.

Aula 02

ELEIÇÃO PARA OS CARGOS DE PRESIENTE E VICE-PRESIDENTE

MANDATO 2 anos a contar da posse, sendo vedada a reeleição.

30 dias antes do fim do biênio. Se a data não

DATA DA ELEIÇÃO recair em dia útil, a eleição será transferida para o primeiro dia útil
seguinte.

QUÓRUM PARA Necessária a presença de dois terços dos Ministros, inclusive o


VOTAÇÃO Presidente. Ministros que estejam licenciados não podem votar.

Voto secreto.

REGRA DE Maioria absoluta. Se nenhum candidato atingir a maioria, será

ELEIÇÃO feita nova votação entre os dois mais votados. Se houver empate
na segunda colocação, concorrerão todos os empatados para o
segundo escrutínio. Se ainda assim não houver maioria absoluta,

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será considerado eleito o mais votado. Se houver empate, será
considerado eleito o Ministro mais antigo.

POSSE DOS Último dia do biênio. Se a data não recair em dia útil, a posse
ELEITOS será transferida para o primeiro dia útil seguinte.

ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL

O Presidente é responsável por


I - representar o Tribunal perante os representar o Tribunal, ou seja, quando o
Poderes da República, dos Estados e dos Tribunal precisar fazer-se presente em
Municípios, e demais autoridades; eventos, solenidades ou outas ocasiões,
essa atribuição caberá ao Presidente.

II - velar pelas prerrogativas do Tribunal,


cumprindo e fazendo cumprir o seu
Regimento Interno;

III - dirigir os trabalhos do Tribunal, Lembre-se de que o Presidente do Tribunal


presidindo as sessões plenárias e da Corte também preside a Corte Especial, e por isso
Especial; deve estar presente nas sessões.

Sessões ordinárias são as normais,


regulares, enquanto as extraordinárias
são aquelas convocadas para apreciar
IV - convocar as sessões extraordinárias
questões urgentes. Perceba que o
do Plenário e da Corte Especial;
Presidente apenas exerce essas atribuições
em relação ao Plenário e à Corte
Especial.

V - designar dia para julgamento dos


processos da competência do Plenário e da
Corte Especial;

VI - proferir, no Plenário e na Corte Quando a votação nesses órgãos estiver


Especial, o voto de desempate; empatada, caberá ao Presidente definir.

O papel de relator envolve a apresentação


VII - relatar o agravo interposto de seu de um relatório ao órgão responsável pela
despacho; decisão, de forma a subsidiar os votos dos
demais Ministros.

VIII - manter a ordem nas sessões,


adotando, para isso, as providências
necessárias;

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Questões de ordem são aquelas que
IX - submeter questões de ordem ao
precisam ser decididas antes de o Tribunal
Tribunal;
conhecer a questão principal.

X - determinar as providências necessárias


ao cumprimento das ordens e das decisões
do Tribunal, ressalvadas as atribuições
dos Presidentes das Seções, das
Turmas e dos relatores;

XI - assinar, com o relator, os acórdãos da Acórdão é o nome que se dá à decisão de


Corte Especial, bem assim as cartas de um órgão judicial colegiado.
sentença e as rogatórias;

XIII - decidir: Essas são decisões proferidas apenas pelo


Presidente, e não por órgão colegiado. Se
a) as petições de recursos para o
você não tem muito contato com as regras
Supremo Tribunal Federal, resolvendo os
processuais pode estar achando estranho
incidentes que se suscitarem;
que haja decisões tomadas por apenas um
b) os pedidos de suspensão da Ministro, mas isso é bastante comum, e na
execução de medida liminar ou de grande maioria das vezes há recursos
sentença, sendo ele o relator das disponíveis, que então serão julgados pelos
reclamações para preservar a sua órgãos colegiados correspondentes.
competência ou garantir a autoridade das
suas decisões nesses feitos;
Não vale a pena entrar em detalhes sobre
c) durante o recesso do Tribunal ou nas
todas as figuras processuais mencionadas,
férias coletivas dos seus membros, os
mas chamo sua atenção para a prerrogativa
pedidos de liminar em mandado de
de proferir decisões durante o recesso do
segurança, podendo, ainda, determinar
Tribunal. Nesse período o Presidente fica
liberdade provisória ou sustação de ordem
responsável por resolver questões
de prisão, e demais medidas que reclamem
urgentes, que não poderiam aguardar o
urgência;
retorno das atividades do Tribunal. O
d) sobre pedidos de livramento mesmo ocorre com a posse de novos
condicional, bem assim sobre os Ministros e a transferência entre órgãos
incidentes em processos de indulto, fracionários.
anistia e graça;
e) sobre deserção de recursos não
preparados no Tribunal;
f) sobre a expedição de ordens de
pagamento devido pela Fazenda Pública,
despachando os precatórios;
g) sobre o sequestro, no caso do art. 731
do CPC;
h) os pedidos de extração de carta de
sentença;
i) revogado;
j) as reclamações, por erro da ata do
Plenário e da Corte Especial, e na
publicação de acórdãos.

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k) revogado;
l) sobre dúvidas suscitadas pela Secretaria
do Tribunal relacionadas a distribuição de
feitos e a incidentes referentes à
redistribuição disciplinada no art. 72;
m) sobre os pedidos de suspensão de
processos em incidente de resolução de
demandas repetitivas;
n) sobre a necessidade de determinar, na
autuação do feito, a identificação do nome
da parte apenas por suas iniciais, nas
hipóteses em que, expressamente, a lei
indicar ser indispensável a restrição à
publicidade de seu nome como meio para a
proteção de bem objeto de sigilo no
processo.

Esses despachos são atos sem conteúdo


decisório, que servem para impulsionar o
XIV - proferir os despachos do processo. É o que ocorre, por exemplo,
expediente; quando o Presidente determina que um
processo seja tramitado de uma área para
outra.

XV - dar posse aos Ministros durante o


recesso do Tribunal ou nas férias, e
conceder-lhes transferências de Seção ou
Turma;

Ad referendum significa que a Corte


XVI - conceder licença aos Ministros ad
Especial posteriormente terá que ratificar
referendum da Corte Especial;
essa decisão.

XVII - criar comissões temporárias e


designar os seus membros e ainda os
das comissões permanentes, bem
como designar o Ministro Coordenador
do Centro de Soluções Consensuais de
Conflitos do Superior Tribunal de Justiça,
com aprovação da Corte Especial;

O processo de verificação de invalidez serve


XVIII - determinar, em cumprimento de
para as situações em que um Ministro não
deliberação do Tribunal, o início do
tem mais condições de exercer o cargo.
processo de verificação da invalidez de
Uma vez considerado inválido ele será
Ministro;
aposentado.

XIX - nomear curador ao paciente, na


hipótese do item anterior, se se tratar de Caso o Ministro esteja acometido de
incapacidade mental, bem assim praticar os incapacidade mental, deverá ser nomeado
demais atos preparatórios do um curador para representa-lo.
procedimento;

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XX - baixar as resoluções e instruções
normativas referentes à deliberação do
Estas são normas inferiores, que detalham
Plenário, da Corte Especial ou do Conselho
os procedimentos seguidos pelos diversos
de Administração, bem como as que digam
órgãos nas suas decisões.
respeito à rotina dos trabalhos de
distribuição;

XXI - baixar os atos indispensáveis à


disciplina dos serviços e à polícia do
Tribunal;

Cada Tribunal elabora sua própria


XXII - adotar as providências necessárias
proposta orçamentária a cada ano. Essa
à elaboração da proposta orçamentária
proposta será posteriormente encaminhada
do Tribunal e encaminhar pedidos de
ao Poder Executivo, responsável por
abertura de créditos adicionais e especiais;
apresenta-la ao Congresso Nacional.

A classificação dos feitos (ações, recursos,


XXIII - resolver as dúvidas suscitadas na
incidentes) e documentos que chegam ao
classificação dos feitos e papéis
Tribunal é muito importante, pois permite
registrados na Secretaria do Tribunal,
que sejam seguidas as normas adequadas,
baixando as instruções necessárias;
e que as informações não se percam.

XXIV - rubricar os livros necessários ao


expediente ou designar funcionário para
fazê-lo;

XXV - assinar os atos de provimento e Quando você for aprovado no concurso do


vacância dos cargos e empregos da STJ, o Presidente será responsável por
Secretaria do Tribunal, dando posse aos assinar o ato da sua nomeação, e também
servidores; por dar posse a você...! ☺

XXVI - assinar os atos relativos à vida


funcional dos servidores;

Atenção! O Presidente é competente para


XXVII - impor penas disciplinares aos
aplicar sanções disciplinares aos servidores
servidores da Secretaria;
do Tribunal, mas não aos Ministros, ok!? ☺

XXVIII - delegar, nos termos da lei,


competência ao Diretor-Geral da Secretaria
do Tribunal, para a prática de atos
administrativos;

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XXIX - velar pela regularidade e exatidão
das publicações dos dados estatísticos
sobre os trabalhos do Tribunal a cada mês;

XXX - apresentar ao Tribunal, no mês de


fevereiro, relatório circunstanciado dos
trabalhos efetuados no ano decorrido, bem
como mapas dos julgados;

XXXI - praticar todos os demais atos de


gestão necessários ao funcionamento dos
serviços administrativos.

XXXII – fixar a data de início do O provimento dessas vagas dos respectivos


procedimento de escolha e indicação de conselhos é de responsabilidade do STJ,
um juiz federal e de um juiz do Tribunal mas a escolha deve recair sobre classes
Regional Federal para as vagas do Conselho específicas, e não sobre seus próprios
Nacional de Justiça e de um juiz para a vaga Ministros.
do Conselho Nacional do Ministério Público.
A respeito desse procedimento o Regimento
traz mais detalhes no parágrafo único do
art. 21.

Parágrafo único. O procedimento previsto


neste inciso terá início até sessenta dias do
término do mandato do conselheiro, ou,
caso não cumprido integralmente, logo
após a vacância do cargo, observadas as
seguintes disposições:
I – os magistrados de primeiro e segundo
graus interessados em ocupar uma das
vagas disponíveis deverão apresentar seus
currículos ao Superior Tribunal de Justiça e
serão convocados mediante:
a) publicação no Diário da Justiça
eletrônico;
b) divulgação na página eletrônica do
Superior Tribunal de Justiça na rede
mundial de computadores (internet);
c) comunicação aos respectivos Tribunais,
para que divulguem, por todos os meios
disponíveis, o prazo e a forma de inscrição
aos juízes de primeiro e segundo graus a
eles vinculados, informando à Presidência
do Superior Tribunal de Justiça as medidas
efetivamente tomadas para a divulgação da
convocação;
II – o prazo para encaminhamento dos
currículos será de dez dias, se outro não
fixar a Presidência, contados da data da

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publicação da convocação no Diário da
Justiça eletrônico;
III – o currículo deverá ser encaminhado
ao Superior Tribunal de Justiça por via
eletrônica, e seu conteúdo deverá ser
preenchido em formulário padronizado
posto à disposição na página eletrônica;
IV – encerrado o prazo, a Presidência
colocará os currículos à disposição dos
Ministros e convocará sessão do Plenário
para a escolha do nome;
V – a lista de magistrados inscritos, com
links para os respectivos currículos, será
colocada à disposição do público, inclusive
na página eletrônica;
VI – a indicação será definida em sessão do
Plenário, por votação secreta, cabendo a
cada Ministro votar em um juiz ou em um
desembargador por vaga;
VII – será indicado o juiz ou o
desembargador que obtiver a maioria
absoluta dos votos;
VIII – não sendo alcançada a maioria
absoluta de votos por nenhum juiz ou
desembargador, seguir-se-á um segundo
sufrágio, em que concorrerão os candidatos
que tiverem obtido as duas maiores
votações na etapa anterior, sendo indicado
o que obtiver a maioria simples dos votos;
IX – em caso de empate no segundo
sufrágio, será indicado o juiz ou o
desembargador mais antigo na carreira e,
persistindo o empate, o mais idoso;
X – o nome do juiz ou do desembargador
escolhido será publicado no Diário da
Justiça eletrônico e divulgado na página
eletrônica do Superior Tribunal de Justiça.

ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE ANTES DA DISTRIBUIÇÃO (21-E)

I - apreciar e homologar pedidos de


desistência, de autocomposição das partes
e de habilitação em razão de falecimento
de qualquer das partes;

II - apreciar os pedidos de gratuidade da A gratuitade da justiça é deferido àqueles


justiça nos feitos de competência que não podem manter seu sustento e
originária;

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pagar as custas processuais
simultaneamente.

III - determinar o cancelamento do


registro do feito se a parte, intimada na
pessoa de seu advogado, não realizar o
pagamento, em quinze dias, das custas e
despesas de ingresso;

IV - apreciar os habeas corpus e as


revisões criminais inadmissíveis por
incompetência manifesta, encaminhando
os autos ao órgão que repute competente;

V - não conhecer de recurso inadmissível,


prejudicado ou que não tiver impugnado
especificamente todos os fundamentos da
decisão recorrida;

VI - negar provimento a recurso que for


contrário a súmula do Supremo Tribunal
Federal ou do Superior Tribunal de Justiça,
a acórdão proferido em julgamento de
recursos repetitivos ou a entendimento
firmado em incidente de assunção de
competência;

VII - dar provimento a recurso se a


decisão recorrida for contrária a súmula do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça, a acórdão proferido em
julgamento de recursos repetitivos ou a
entendimento firmado em incidente de
assunção de competência;

VIII - determinar a devolução ao Tribunal Quando chega um recurso sobre um


de origem dos recursos fundados em assunto já tratado no regime de
controvérsia idêntica àquela já submetida julgamento de casos repetitivos, esse
ao rito de julgamento de casos repetitivos processo é devolvido ao Tribunal de
para adoção das medidas cabíveis; Origem, uma vez que o assunto já foi
tratado.

IX - remeter o processo ao Supremo Aqui se trata do envio do processo após


Tribunal Federal após juízo positivo de julgamento de admissibilidade, ou seja, se
admissibilidade quando entender versar o o processo possui os requisitos necessários
recurso especial sobre matéria para ser enviado ao STF.
constitucional, dando vista ao recorrente
É dado ainda prazo para a parte recorrente
pelo prazo de quinze dias para que
demonstrar a repercussão geral.
demonstre a existência de repercussão
geral e manifeste-se sobre a questão
constitucional, bem como vista à parte
adversa para, por igual prazo, apresentar
contrarrazões.

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O Corregedor-Geral da Justiça Federal integra o Plenário e a Corte Especial
também nas funções de relator e revisor.

Aula 03

A indicação, pelo Superior Tribunal de Justiça, de Juízes, Desembargadores, Advogados


e membros do Ministério Público, a serem nomeados pelo Presidente da República,
para comporem o Tribunal, far-se-á em lista tríplice. No caso de indicação de advogados
e membros do Ministério Público, a lista tríplice será elaborada tomando por base a lista
sêxtupla enviada pelo respectivo órgão de representação de classe.

Os Ministros receberão o tratamento de Excelência e usarão vestes talares nas sessões


solenes, e capas, nas sessões ordinárias ou extraordinárias. Além disso, eles
conservarão o título e as honras correspondentes, mesmo depois da aposentadoria.

CRITÉRIOS PARA AFERIÇÃO DA ANTIGUIDADE DOS MINISTROS

Data da Data da
Idade
posse nomeração

Não podem atuar na mesma Seção Ministros que sejam cônjuges ou parentes até
terceiro grau. Nos julgamentos da Corte Especial, sempre que um deles proferir
voto, o outro estará impedido de participar do julgamento.

ATRIBUIÇÕES DO RELATOR

Essa atribuição inclui o contato com as


partes e seus advogados, a condução de
I - ordenar e dirigir o processo;
audiências, a determinação da realização
de diligências, etc.

II - determinar às autoridades judiciárias e


administrativas, sujeitas à sua jurisdição,
providências relativas ao andamento e
à instrução do processo, exceto se forem
da competência da Corte Especial, da
Seção, da Turma ou de seus Presidentes;

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Geralmente essa delegação ocorre quando
é necessária a realização de diligências ou
III - delegar atribuições a autoridades a produção e provas. Dependendo do caso,
judiciárias de instância inferior, nos é mais fácil que o juiz do local faça isso do
casos previstos em lei ou neste Regimento; que o Ministro do STJ, não é mesmo?

IV - submeter à Corte Especial, à Seção, Explicando de forma superficial, questões


à Turma, ou aos Presidentes, conforme a de ordem são aquelas que devem ser
competência, questões de ordem para o resolvidas antes da decisão principal do
bom andamento dos processos; processo.

V - submeter à Corte Especial, à Seção ou


à Turma, nos processos da competência As medidas cautelares são justamente
decisões urgentes que precisam ser
respectiva, medidas cautelares
tomadas para evitar um dano irreparável
necessárias à proteção de direito suscetível
ocasionado pela demora na decisão
de grave dano de incerta reparação, ou
principal. Em regra o relator não pode
ainda destinadas a garantir a eficácia da
deferir essas medidas sozinho, devendo
ulterior decisão da causa;
submeter a decisão ao respectivo órgão
colegiado, mas em casos de urgência ele
VI - determinar, em caso de urgência, as
pode deferi-las, submetendo sua decisão à
medidas do inciso anterior, ad referendum
ratificação do colegiado.
da Corte Especial, da Seção ou da Turma;

O agravo é um tipo de recurso que, no caso


aqui mencionado, serve para “forçar” o
recebimento de um recurso especial pelo
VII - decidir agravo interposto de decisão STJ. Em regra os pressupostos do recurso
que inadmitir recurso especial; especial são analisados pelo Tribunal de
origem, e, se a decisão for no sentido de
não remetê-lo ao STJ, o interessado pode
impetrar agravo contra essa decisão.

VIII - requisitar os autos originais,


quando necessário;

IX - apreciar e homologar pedidos de


desistência, de autocomposição das
partes e de habilitação em razão de
falecimento de qualquer das partes, ainda
que o feito se ache em pauta ou em mesa
para julgamento

X - pedir dia para julgamento dos feitos Se o feito tem apenas relator, ao concluir
que lhe couberem por distribuição, ou seu trabalho ele deve pedir dia para
passá-los ao revisor, com o relatório, se for julgamento. Se também houver revisor,
o caso; caberá ao relator repassar os autos a ele.

A perda de objeto ocorre, por exemplo,


XI - julgar prejudicado pedido ou
quando a decisão contra a qual houve
recurso que haja perdido objeto;
recurso foi espontaneamente cumprida.

XII - propor à Seção ou à Turma seja o


processo submetido à Corte Especial ou à

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Seção, conforme o caso;

XIII - decidir o pedido de carta de


sentença e assiná-la;

Em geral esses são feitos urgentes, como


XIV - apresentar em mesa para julgamento o habeas corpus, cujo julgamento não
os feitos que independem de pauta; deve ficar aguardando inclusão na pauta
do colegiado.

Quando o posicionamento defendido pelo


relator for o vencedor no julgamento, a ele
caberá redigir a decisão do colegiado, que
XV - redigir o acórdão, quando o seu voto é chamada de acórdão. Quando ele for
for o vencedor no julgamento derrotado, a redação caberá ao primeiro
Ministro que expôs a tese vencedora, que
pode ser o revisor (quando houver) ou
outro membro do órgão julgador.

Este é o caso de uma pessoa impetrar um


XVI - determinar a autuação do agravo
agravo, quando na realidade seria o caso
como recurso especial;
de recurso especial.

Quando há um procedimento investigativo


XVII - determinar o arquivamento de
e o MP considera que não há elementos
inquérito, ou peças informativas,
suficientes para, a partir dele, dar início a
quando o requerer o Ministério Público, ou
um processo judicial, o pedido de
submeter o requerimento à decisão do órgão
arquivamento deve ser apreciado pelo
competente do Tribunal;
Tribunal.

XVIII - distribuídos os autos:


a) não conhecer do recurso ou pedido
inadmissível, prejudicado ou daquele que
não tiver impugnado especificamente todos
os fundamentos da decisão recorrida;
b) negar provimento ao recurso ou pedido
que for contrário a tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência, Esses são casos em que o relator pode
decidir sozinho, uma vez que já existem
a súmula do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a teses fixadas em julgamento de recurso
jurisprudência dominante acerca do tema; repetitivo ou mesmo repercussão geral,
além de súmulas e jurisprudência
c) dar provimento ao recurso se o acórdão dominante.
recorrido for contrário a tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência,
a súmula do Supremo Tribunal Federal ou do
Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a
jurisprudência dominante acerca do tema;

XIX - decidir o mandado de segurança


quando for inadmissível, prejudicado ou

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quando se conformar com tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência,
a súmula do Superior Tribunal de Justiça ou
do Supremo Tribunal Federal, a
jurisprudência dominante acerca do tema ou
as confrontar;

XX - decidir o habeas corpus quando for


inadmissível, prejudicado ou quando a
decisão impugnada se conformar com tese
fixada em julgamento de recurso repetitivo
ou de repercussão geral, a entendimento
firmado em incidente de assunção de
competência, a súmula do Superior Tribunal
de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal,
a jurisprudência dominante acerca do tema
ou as confrontar;

XXI – decidir o agravo de instrumento São os processos em que são partes, de


interposto com base no art. 1.027, §1º, do um lado, Estado estrangeiro ou organismo
CPC; internacional e, de outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no país.
Nesses processos, cabe agravo de
instrumento contra as decisões
interlocutórias.

XXII - decidir o conflito de competência Da mesma forma que vimos, são situações
quando for inadmissível, prejudicado ou em que já há entendimento firmado sobre
quando se conformar com tese fixada em o assunto.
julgamento de recurso repetitivo ou de
repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência,
a súmula do Superior Tribunal de Justiça ou
do Supremo Tribunal Federal, a
jurisprudência dominante acerca do tema ou
as confrontar;

XXIII - remeter o processo ao Supremo


Tribunal Federal após juízo positivo de
admissibilidade quando entender versar o
recurso especial sobre matéria
constitucional, dando vista ao recorrente
pelo prazo de quinze dias para que
demonstre a existência de repercussão geral
e manifeste-se sobre a questão
constitucional, bem como vista à parte
adversa para, por igual prazo, apresentar
contrarrazões;

XXIV - determinar a devolução ao Tribunal São processos que já tiveram


de origem dos recursos especiais fundados controvérsias idênticas julgadas no rito de
em controvérsia idêntica àquela já julgamento de casos repetitivos.
submetida ao rito de julgamento de casos

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repetitivos para adoção das medidas
cabíveis;

XXV - julgar recurso fundado em nulidade


da decisão recorrida por vício de
procedimento

XXVI - executar e fazer cumprir os Aqui temos uma série de competências


despachos, as decisões monocráticas, as bem genéricas (executar e fazer
ordens e os acórdãos transitados em julgado cumprir...)
nas ações penais, inquéritos e demais
procedimentos penais originários de sua
relatoria, bem como determinar às
autoridades judiciárias e administrativas
providências relativas ao andamento e à
instrução de processos, facultada a
delegação de atribuições para a prática de
atos processuais previstos no art. 21-A
deste Regimento a outros Tribunais e a
juízos de primeiro grau de jurisdição,
ficando as decisões proferidas sujeitas a
posterior controle do relator, de ofício ou
mediante provocação do interessado, no
prazo de cinco dias da ciência do ato.

REVISOR

O Ministro que se seguir ao relator na ordem de


QUEM SERÁ? antiguidade. Em caso de substituição do relator, o
revisor também será substituído.

I - ação rescisória;
QUAIS FEITOS TÊM
II - ação penal originária;
REVISOR?
III - revisão criminal.

Dos atos e decisões do Conselho de Administração não cabe recurso administrativo.

ATRIBUIÇÕES DAS COMISSÕES PERMANENTES

I - velar pela atualização do Regimento, propondo emendas


ao texto em vigor e emitindo parecer sobre as emendas de
COMISSÃO DE iniciativa de outra comissão ou de Ministro;
REGIMENTO INTERNO
II - opinar em processo administrativo, quando consultada
pelo Presidente.

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I - velar pela expansão, atualização e publicação da súmula
da jurisprudência predominante do Tribunal;
II - supervisionar os serviços de sistematização da
jurisprudência do Tribunal, sugerindo medidas que facilitem a
pesquisa de julgados ou processos;
COMISSÃO DE III - orientar iniciativas de coleta e divulgação dos trabalhos
JURISPRUDÊNCIA dos Ministros que já se afastaram definitivamente do Tribunal;
IV - propor à Corte Especial ou à Seção que seja compendiada
em súmula a jurisprudência do Tribunal, quando verificar que
as Turmas não divergem na interpretação do direito;
V - sugerir medidas destinadas a abreviar a publicação dos
acórdãos.

I - supervisionar a administração dos serviços da biblioteca,


do arquivo e do museu do Tribunal, sugerindo ao Presidente
medidas tendentes ao seu aperfeiçoamento;
II - acompanhar a política de guarda e conservação de
processos, livros, periódicos e documentos históricos do
COMISSÃO DE Tribunal;
DOCUMENTAÇÃO III - manter, na Secretaria de Documentação, serviço de
documentação para recolher elementos que sirvam de
subsídio à história do Tribunal, com pastas individuais
contendo dados biográficos e bibliográficos dos Ministros;
IV - deliberar sobre questões que excedam a esfera de
competência administrativa da Secretaria de Documentação.

I - sugerir ao Presidente medidas tendentes à modernização


administrativa do Tribunal;
II - sugerir aos Presidentes do Tribunal, das Seções e das
Turmas, medidas destinadas a aumentar o rendimento das
COMISSÃO DE
sessões, abreviar a publicação dos acórdãos e facilitar a tarefa
COORDENAÇÃO
dos advogados;
III - supervisionar os serviços de informática, fiscalizando a
sua execução e propondo as providências para a sua
atualização e aperfeiçoamento.

I - supervisionar os trabalhos do Núcleo de Gerenciamento de


Precedentes – Nugep, em especial os relacionados à gestão
dos casos repetitivos e dos incidentes de assunção de
competência, bem como ao controle e ao acompanhamento de
processos sobrestados na Corte em razão da aplicação da
sistemática dos recursos repetitivos e da repercussão geral;
COMISSÃO GESTORA II - sugerir ao Presidente do Tribunal medidas para o
DE PRECEDENTES aperfeiçoamento da formação e da divulgação dos
precedentes qualificados, conforme disposto no Código de
Processo Civil;
III - sugerir aos Presidentes do Tribunal e das Seções
medidas destinadas a ampliar a afetação de processos aos
ritos dos recursos repetitivos e da assunção de competência;
IV - desenvolver trabalho de inteligência, em conjunto com o

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Conselho Nacional de Justiça, com os Tribunais Regionais
Federais e com os Tribunais de Justiça, a fim de identificar
matérias com potencial de repetitividade ou com relevante
questão de direito, de grande repercussão social, aptas a
serem submetidas ao Superior Tribunal de Justiça sob a
sistemática dos recursos repetitivos e da assunção de
competência;
V - acompanhar, inclusive antes da distribuição, os processos
que possuam matéria com potencial de repetitividade ou com
relevante questão de direito, de grande repercussão social, a
fim de propor ao Presidente do Tribunal medidas para a
racionalização dos julgamentos desta Corte por meio de
definições de teses jurídicas em recursos repetitivos ou em
assunção de competência;
VI - deliberar sobre questões que excedam a esfera de
competência administrativa do Núcleo de Gerenciamento de
Precedentes – Nugep, além de outras atribuições referentes a
casos repetitivos e a incidentes de assunção de competência.

COMISSÕES DO TRIBUNAL – QUADRO-RESUMO

As permanentes são:
a) Comissão de Regimento Interno;
b) Comissão de Jurisprudência;
c) Comissão de Documentação;
Quais são?
d) Comissão de Coordenação; e
e) Comissão Gestora de Precedentes.
As temporárias podem ser criadas por ato da Corte
Especial ou do Presidente do Tribunal.

As permanentes são formadas por 3 Ministros titulares e


1 suplente, salvo a de Jurisprudência, que será composta
de seis Ministros efetivos, respeitada, em todos os casos, a
Quantos membros? paridade de representação de cada uma das Seções do
Tribunal.
As temporárias podem ter qualquer número de membros.

As permanentes não tem data prevista para sua de


Quanto tempo extinção.
duram? As temporárias extinguem-se quando for alcançado o fim
ao qual se destinam.

Como os membros O Presidente designará os membros das comissões,


são escolhidos? submetendo-os à aprovação da Corte Especial.

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TABELA DE SUBSTITUIÇÕES TEMPORÁRIAS E EVENTUAIS

SUBSTITUÍDO SUBSTITUTO

Presidente do Tribunal Vice-Presidente

Demais Ministros, em ordem


Vice-Presidente do Tribunal
decrescente de antiguidade

Ministro que o seguir na


Presidente da Seção antiguidade dentre os seus
membros

Ministro que o seguir na


Presidente da Turma antiguidade dentre os seus
membros

Ministro mais antigo entre seus


Presidente da Comissão
membros

Membro da Comissão Suplente

Ministro mais antigo integrante do


Corregedor-Geral da Justiça Federal
Conselho da Justiça Federal

Em caso de vaga ou afastamento de Ministro, por prazo superior a trinta dias,


poderá fazer-se a substituição pelo Corregedor-Geral ou ser convocado Juiz de
Tribunal Regional Federal ou Desembargador, sempre pelo voto da maioria absoluta
dos membros da Corte Especial.

Aula 04

Perante o STJ, funciona o Procurador-Geral da República, ou o Subprocurador-


Geral, mediante delegação do Procurador-Geral.

- nas arguições de inconstitucionalidade;

- nos incidentes de assunção de competência;


O MINISTÉRIO
PÚBLICO TERÁ - nos mandados de segurança, mandados de injunção,
habeas corpus e habeas data, originários ou em grau de
VISTA DOS AUTOS...
recurso;

- nas ações penais originárias e nas revisões criminais;

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- nos conflitos de competência e de atribuições;

- nas ações rescisórias e apelações cíveis;

- nos pedidos de intervenção federal;

- nas notícias crime;

- nos inquéritos de que possa resultar responsabilidade


penal;

- nos recursos criminais;

- nas reclamações que não houver formulado;

- nos outros processos em que a lei impuser a intervenção


do Ministério Público;

- nos demais feitos quando, pela relevância da matéria, ele


a requerer, ou for determinada pelo relator.

Quando houver urgência, ou quando sobre a matéria


versada no processo já houver a Corte Especial firmado
EXCEÇÃO jurisprudência, O Relator poderá tomar o parecer do
Ministério Público oralmente.

EXCEÇÃO DA O parecer oral não é permitido na ação penal originária e


EXCEÇÃO nos inquéritos.

O Ministro que deva se aposentar em razão da idade poderá requerer sua exclusão da
distribuição durante os 60 dias que antecederem o afastamento, aplicando-se a
mesma regra ao que requerer aposentadoria, suspendendo-se a distribuição a partir
da apresentação do requerimento e pelo prazo máximo de 60 dias.
Além dos feriados fixados em lei, devem ser observados no STJ os seguintes:
a) os dias compreendidos no período de 20 de dezembro a 6 de janeiro;
b) os dias da Semana Santa, compreendidos desde a quarta-feira até o domingo de
Páscoa;
c) os dias de segunda e terça-feira de carnaval; e
d) os dias 11 de agosto, 1º e 2 de novembro e 8 de dezembro.

A publicação da pauta do órgão julgador deve ocorrer 48h antes da sessão de


julgamento e, além disso, ela deve afixada em local acessível no Tribunal.

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FEITOS CUJO JULGAMENTO INDEPENDE DE INCLUSÃO
EM PAUTA

- EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO E
- HABEAS CORPUS
IMPEDIMENTO

- QUESTÕES DE ORDEM SOBRE O


- RECURSOS DE HABEAS CORPUS
PROCESSAMENTO DOS FEITOS

- CONFLITOS DE COMPETÊNCIA E DE
ATRIBUIÇÕES

Dispensam acórdão:
a) a remessa do feito à Seção ou à Corte Especial, em razão da relevância da questão
jurídica, ou da necessidade de prevenir divergência entre as Turmas;
b) a remessa do feito à Corte Especial, ou à Seção respectiva, para o fim de ser
compendiada em Súmula a jurisprudência do Tribunal, ou para revisão da Súmula;
c) a conversão do julgamento em diligência;
d) se o órgão julgador do Tribunal o determinar.

Aula 05

Hoje o Regimento Interno do STJ admite também a prática de atos processuais por
meio de videoconferência ou de outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagens em tempo real.

Nas sessões, o Presidente tem assento na parte central da mesa de julgamento,


ficando o representante do Ministério Público à sua direita. Os demais Ministros
sentar-se-ão, pela ordem de antiguidade, alternadamente, nos lugares laterais, a
começar pela direita.

Quando houver sustentação oral, cada uma das partes falará pelo tempo máximo de
15 minutos, excetuado o julgamento da ação penal originária, na qual o prazo será
de 1 hora. Quando o Ministério Público for parte no processo, seu representante terá
prazo igual ao das partes.

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Art. 158. O pedido de sustentação oral deverá ser requerido à coordenadoria do órgão julgador:
I - até dois dias úteis após a publicação da pauta, com preferência sobre as demais sustentações,
respeitada a ordem de inscrição, e sem prejuízo das preferências legais e regimentais;
II - ainda que ultrapassado o prazo previsto no inciso anterior, o pedido de sustentação oral poderá
ser feito até o início da sessão.

SESSÕES DO PLENÁRIO, CORTE ESPECIAL, SEÇÕES E TURMAS


ORDEM DOS TRABALHOS

Leitura, discussão
Verificação do Julgamento dos
e aprovação da Indicações
número de    processos da
ata da sessão e propostas
Ministros presentes pauta
anterior

Normalmente, para instalar uma sessão do Plenário, é necessária a presença da


maioria absoluta dos Ministros, mas nos seguintes casos precisamos da presença de
dois terços deles:
a) eleger o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, os Ministros membros do
Conselho da Justiça Federal, titulares e suplentes, e o Diretor da Revista do Tribunal,
dando-lhes posse;
b) decidir sobre a disponibilidade e aposentadoria de membro do Tribunal, por interesse
público;
c) votar o Regimento Interno e as suas emendas;
d) elaborar as listas tríplices dos Juízes, Desembargadores, Advogados e membros do
Ministério Público que devam compor o Tribunal;
e) propor ao Poder Legislativo a alteração do número de membros do Tribunal e dos
Tribunais Regionais Federais, a criação e a extinção de cargos, e a fixação de
vencimentos de seus membros, dos Juízes dos Tribunais Regionais e dos Juízes
Federais, bem assim a criação ou extinção de Tribunal Regional Federal e a alteração
da organização e divisão judiciárias.

Art. 184-A. Ficam criados Órgãos Julgadores virtuais, correspondentes à


Corte Especial, às Seções e às Turmas do Superior Tribunal de Justiça, com
finalidade de julgamento eletrônico de recursos, excetuados os de natureza
criminal.
Parágrafo único. Os seguintes recursos podem ser submetidos ao julgamento virtual:
I- Embargos de Declaração;
II- Agravo Interno;
III- Agravo Regimental.

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Aula 06

A reclamação será dirigida ao Presidente do Tribunal e, sempre que possível, será


distribuída ao Ministro que está atuando como relator da causa principal.

O conflito de competência poderá ocorrer entre autoridades judiciárias, enquanto o


conflito de atribuições ocorrerá entre autoridades judiciárias e administrativas.

Será proclamada a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade do preceito ou ato


impugnado, se num ou noutro sentido se tiver manifestado a maioria absoluta dos
membros da Corte Especial.

Se o requerente afirmar que o documento necessário à prova de suas alegações no


mandado de segurança se acha em repartição ou estabelecimento público, ou em
poder de autoridade que lhe recuse certidão, o relator requisitará, preliminarmente,
por ofício, a exibição do documento, em original ou cópia autenticada, no prazo de 10
dias.

É atribuição do Presidente do Tribunal homologar decisão estrangeira, salvo a


necessidade de julgamento pela Corte Especial, que ocorrerá quando houver
contestação do pedido.

Para ser homologada, a decisão estrangeira deverá:



a) ter sido proferida por autoridade competente;

b) conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter
sido legalmente verificada a revelia;

c) ter transitado em julgado;

d) não ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem
pública.

O relator poderá delegar a realização do interrogatório ou de outro ato da instrução a


Juiz ou membro de Tribunal do local de cumprimento da carta de ordem.

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Na ação rescisória, bem como na ação penal originária, o Relator poderá delegar
competência a juiz de primeiro grau do local onde deva ser produzida a prova.

COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DA REVISÃO CRIMINAL

Quando a condenação criminal tiver sido


CORTE ESPECIAL feita pela própria Corte Especial.

Quando a condenação criminal tiver sido


SEÇÃO
feita pela própria Seção ou por uma Turma.

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ÉTICA – PROF. PAULO GUIMARÃES

ÉTICA MORAL

É a reflexão filosófica sobre a Tem caráter prático (com força


moral (caráter teórico); normativa);

É permanente, pois é universal; É temporária, pois é cultural;

É princípio; São aspectos de condutas


específicas;

É a “ciência” que estuda a moral Está relacionada com os hábitos e


(diretamente relacionada à política e costumes de determinados grupos
à filosofia). sociais.

A Ética é um ramo da Filosofia, uma ciência, que tem por objeto o estudo da Moral.
Esta, por sua vez, está relacionada às ideias de certo e errado, ou à forma como as
pessoas adotam determinadas condutas.

Os valores são manifestações de um ideal voltado para a perfeição, a exemplo dos


valores da honestidade, da virtude, da solidariedade e do altruísmo.

Prescrições de conduta
Regras
claras e objetivas.
Normas
Juízos abstratos de valor,
que orientam a
Princípios
interpretação e a
aplicação das regras.

A consciência ética do servidor público, nesse particular, além de restaurar a cidadania


corrige a disfunção pública no Brasil, que decorre não só da falta de recursos materiais,
mas, principalmente, da conduta muitas vezes perversa no atendimento aos usuários
dos serviços públicos, atentatória aos direitos humanos universalmente declarados.

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As Comissões de Ética pretendem ser um elo de ligação entre o usuário e o serviço
público, encarregadas de orientar e aconselhar sobre a ética na Administração Pública,
sobretudo no tratamento das pessoas e na proteção do patrimônio moral e material do
serviço público.

O agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve,


necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto, não podendo
desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre
o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o
inoportuno, mas também entre o honesto e o desonesto.

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SUSTENTABILIDADE – PROF. ROSENVAL JÚNIOR
➢ Conceito de Desenvolvimento Sustentável

No Relatório "Brundtland" ou “Nosso Futuro Comum”, de 1987,


apresentou o conceito de “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” como sendo o
desenvolvimento que atende às necessidades das gerações atuais sem
comprometer a capacidade das futuras gerações de terem suas próprias
necessidades atendidas.

Conservação
AMBIENTAL

Justiça Crescimento
SOCIAL ECONÔMICO

• A CF/88 tem um artigo específico sobre a proteção ambiental (art. 225),


embora trate de meio ambiente em diversos outros artigos. De acordo com
o art. 225, caput, da CF/88, todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
• O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é difuso, bem de uso
comum do povo, que não pertence a indivíduos isolados, mas a toda a

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coletividade, e é direito de terceira dimensão ou geração, que está
relacionado à fraternidade/solidariedade.
• Proteger o Meio Ambiente, Combater a Poluição, Preservar as Florestas, a
Fauna e a Flora é competência COMUM da União, dos Estados, do DF e dos
Municípios.

➢ A3P

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➢ Resolução nº 201/2015

A Resolução nº 201/2015 dispõe sobre a criação e competências das


unidades ou núcleos socioambientais nos órgãos e conselhos do Poder
Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística Sustentável (PLS-
PJ).

➢ Logística sustentável: processo de coordenação do fluxo de materiais, de


serviços e de informações, do fornecimento ao desfazimento, considerando o
ambientalmente correto, o socialmente justo e o desenvolvimento econômico
equilibrado;
➢ Critérios de sustentabilidade: métodos utilizados para avaliação e
comparação de bens, materiais ou serviços em função do seu impacto
ambiental, social e econômico;
➢ Práticas de sustentabilidade: ações que tenham como objetivo a construção
de um novo modelo de cultura institucional visando à inserção de critérios de
sustentabilidade nas atividades do Poder Judiciário;
➢ Práticas de racionalização: ações que tenham como objetivo a melhoria da
qualidade do gasto público e o aperfeiçoamento contínuo na gestão dos
processos de trabalho;
➢ Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente separados
conforme sua constituição ou composição com destinação ambientalmente
adequada;
➢ Coleta seletiva solidária: coleta dos resíduos recicláveis descartados,
separados na fonte geradora, para destinação às associações e cooperativas
de catadores de materiais recicláveis;
➢ Material de consumo: todo material que, em razão de sua utilização, perde
normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois
anos.

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As unidades ou núcleos socioambientais deverão ter caráter PERMANENTE para
o planejamento, implementação, monitoramento de metas anuais e avaliação de
indicadores de desempenho.
As unidades ou núcleos socioambientais deverão fomentar ações que
estimulem:
I – o aperfeiçoamento contínuo da qualidade do gasto público;
II – o uso sustentável de recursos naturais e bens públicos;
III – a redução do impacto NEGATIVO das atividades do órgão no meio ambiente
com a adequada gestão dos resíduos gerados;
IV – a promoção das contratações sustentáveis;
V – a gestão sustentável de documentos, em conjunto com a unidade responsável;
VI – a sensibilização e capacitação do corpo funcional, força de trabalho
auxiliar e de outras partes interessadas; e
VII – a qualidade de vida no ambiente de trabalho, em conjunto com a unidade
responsável.

As unidades ou os núcleos socioambientais deverão, PREFERENCIALMENTE,


ser SUBORDINADOS à alta administração dos órgãos tendo em vista as suas
atribuições estratégicas e as mudanças de paradigma que suas ações compreendem.
O CNJ deverá publicar ANUALMENTE, por intermédio do Departamento de
Pesquisas Judiciárias (DPJ), o Balanço Socioambiental do Poder Judiciário,
fomentado por informações consolidadas nos relatórios de acompanhamento do PLS-
PJ de todos os órgãos e conselhos do Poder Judiciário.
Bizu do Prof. Rosenval: BalANço é ANual!!!
Bizu do ABCD:
Anual
Balanço

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CNJ
DPJ

PLANO DE LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL DO PODER JUDICIÁRIO (PLS-PJ)

O PLS-PJ é instrumento VINCULADO ao planejamento estratégico do Poder


Judiciário, com objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de
execução, mecanismos de monitoramento e avaliação de resultados, que permite
estabelecer e acompanhar práticas de sustentabilidade, racionalização e qualidade que
objetivem uma melhor eficiência do gasto público e da gestão dos processos de
trabalho, considerando a visão sistêmica do órgão.
Os órgãos e conselhos do Poder Judiciário deverão constituir comissão gestora
do PLS-PJ composta por no mínimo cinco servidores, que serão designados pela
alta administração no prazo de 30 dias a partir da constituição das unidades
ou núcleos socioambientais.
A comissão gestora do PLS-PJ será composta, OBRIGATORIAMENTE, por um
servidor da unidade ou núcleo socioambiental, da unidade de planejamento
estratégico e da área de compras ou aquisições do órgão ou conselho do Poder
Judiciário.
O PLS-PJ será aprovado pela alta administração do órgão.
O PLS-PJ poderá ser SUBDIVIDIDO, a critério de cada órgão, em razão da
complexidade de sua estrutura.
O PLS-PJ irá subsidiar, ANUALMENTE, o Balanço Socioambiental do Poder
Judiciário, a ser publicado pelo CNJ por intermédio do DPJ, no prazo de 180
dias a contar do recebimento do relatório de desempenho dos órgãos.
Bizu do Prof. Rosenval: BalANço é ANual!!!

➢ Decreto nº 7.746/2012.

De acordo com o art. 3o, da Lei nº 8.666/93, a LICITAÇÃO destina-se a


garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional

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sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios
básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhes são correlatos.
O Decreto nº 7.746/12 regulamenta o art. 3º da Lei nº 8.666/93, para
estabelecer critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável por meio das contratações realizadas pela administração pública federal
direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais dependentes, e institui a
Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública -
CISAP.

Regulamenta o art. 3º da Lei nº


8.666/93

Estabelece critérios e práticas para a


promoção do desenvolvimento nacional
sustentável nas contratações realizadas
Decreto nº 7.746/12
pela administração pública federal
direta, autárquica e fundacional e pelas
empresas estatais dependentes.

Institui a Comissão Interministerial de


Sustentabilidade na Administração
Pública
(CISAP)

A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas


estatais dependentes poderão adquirir bens e contratar serviços e obras considerando

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critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no instrumento
convocatório.
ATENÇÃO!!!
A adoção de critérios e práticas de sustentabilidade DEVERÁ ser
JUSTIFICADA nos autos e PRESERVAR o CARÁTER COMPETITIVO do certame.

São considerados CRITÉRIOS E PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS, entre outras:

I - BAIXO impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água;

II – PREFERÊNCIA para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem


LOCAL;

III – MAIOR eficiência na utilização de recursos naturais como água e


energia;

IV – MAIOR geração de empregos, PREFERENCIALMENTE com mão de obra


LOCAL;

V – MAIOR vida útil e MENOR custo de manutenção do bem e da obra;

VI – uso de inovações que REDUZAM a pressão sobre recursos naturais;

VII - origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos
serviços e nas obras; e

VIII - utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros


originários de MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL OU DE
REFLORESTAMENTO.

A administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas


estatais dependentes poderão exigir no instrumento convocatório para a aquisição de
bens que estes sejam constituídos por material renovável, reciclado, atóxico ou
biodegradável, entre outros critérios de sustentabilidade. Novamente aqui a lista não
é exaustiva! Outros critérios de sustentabilidade também podem ser utilizados!
O artigo 9º, do Decreto nº 7.746/12, instituiu a Comissão Interministerial
de Sustentabilidade na Administração Pública - CISAP, de natureza
CONSULTIVA e caráter PERMANENTE, VINCULADA à Secretaria de Gestão do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, com a finalidade de

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propor a implementação de critérios, práticas e ações de logística sustentável no âmbito
da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas
estatais dependentes.

Bizu do Prof. Rosenval:

CiSaP
C de Consultiva
S de Sem remuneração
P de Permanente!

Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública

natureza CONSULTIVA
CISAP

caráter PERMANENTE

VINCULADA à Secretaria de Gestão do


Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão

finalidade de propor a implementação de critérios, práticas e ações de logística sustentável no


âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e das empresas estatais
dependentes.

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ATENÇÃO! De acordo com o novo texto do Dec. 9.178/17, a CISAP está vinculada à Secretaria de
Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

O artigo 10 traz a composição da Comissão Interministerial de


Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP.

A CISAP será composta pelos seguintes membros, titulares e suplentes:

I - um representante da SECRETARIA de Gestão do Ministério do


Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que a presidirá;

II – um representante do Ministério do Meio Ambiente, que exercerá a vice-


presidência;

III – um representante da Casa Civil da Presidência da República;

IV – um representante do Ministério de Minas e Energia;

V - um representante do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;

VI - um representante do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e


Comunicações;

VII – um representante do Ministério da Fazenda; e

VIII - um representante do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral


da União.

Observem que após alterações promovidas pelo Decreto 9.178/17, todos contam
com apenas 1 REPRESENTANTE!
também foi bastante alterado pelo Decreto 9.178/17.
Compete à CISAP:
I - PROPOR à Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão:
a) normas para elaboração de ações de logística sustentável;
b) regras para a elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável;
c) planos de incentivos para órgãos e entidades que se destacarem na execução
de seus Planos de Gestão de Logística Sustentável; -> Vou deixar aqui apenas
para que vocês saibam que esta competência foi revogada pelo Decreto
9.178/17.

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d) critérios e práticas de sustentabilidade nas aquisições, contratações, utilização
dos recursos públicos, desfazimento e descarte;
e) estratégias de sensibilização e capacitação de servidores para a correta
utilização dos recursos públicos e para a execução da gestão logística de forma
sustentável;
f) cronograma para a implantação de sistema integrado de informações para
acompanhar a execução das ações de sustentabilidade; e
g) ações para a divulgação das práticas de sustentabilidade; e
II - elaborar seu regimento interno; e
III - coordenar a implementação de ações de logística sustentável. -> Esta
competência foi inserida pelo Decreto 9.178/17.
Poderão ser convidados a participar das reuniões da CISAP especialistas,
pesquisadores e representantes de órgãos e entidades PÚBLICAS OU PRIVADAS.

A participação na CISAP é considerada prestaçÃO de serviço público


relevante, NÃO remunerada.

➢ Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC

A Lei nº 12.187/2009 (PNMC) estabelece os princípios, objetivos,


diretrizes e instrumentos que nortearão as políticas climáticas a serem adotadas no
país.
Conceitos:
I - adaptação: iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas
naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima;
II - efeitos adversos da mudança do clima: mudanças no meio físico ou biota
resultantes da mudança do clima que tenham efeitos deletérios significativos

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sobre a composição, resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais e
manejados, sobre o funcionamento de sistemas socioeconômicos ou sobre a saúde
e o bem-estar humanos;
III - emissões: liberação de gases de efeito estufa ou seus precursores na
atmosfera numa área específica e num período determinado;
Bizu do Prof. Rosenval: emissÃO= liberaçÃO
IV - fonte: processo ou atividade que libere na atmosfera gás de efeito estufa,
aerossol ou precursor de gás de efeito estufa;
DICA: Lembrem-se de uma indústria.
V - gases de efeito estufa (GEE): constituintes gasosos, naturais ou
antrópicos que, na atmosfera, absorvem e reemitem radiação infravermelha;
VI - impacto: os efeitos da mudança do clima nos sistemas humanos e naturais;
VII - mitigação: mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de
recursos e as emissões por unidade de produção, bem como a implementação
de medidas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e aumentem
os sumidouros;
VIII - mudança do clima: mudança de clima que possa ser direta ou
indiretamente atribuída à ATIVIDADE HUMANA que altere a composição da
atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade
climática natural observada ao longo de períodos comparáveis;
IX - sumidouro: processo, atividade ou mecanismo que remova da atmosfera
gás de efeito estufa, aerossol ou precursor de gás de efeito estufa; e
Bizu do Prof. Rosenval: SUMIdouro = SUMIr com o gás! ;-)
Uma floresta é um sumidouro!
X - vulnerabilidade: grau de suscetibilidade e incapacidade de um sistema,
em função de sua sensibilidade, capacidade de adaptação e do caráter, magnitude
e taxa de mudança e variação do clima a que está exposto, de lidar com os efeitos
adversos da mudança do clima, entre os quais a variabilidade climática e os eventos
extremos.

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A lei traz alguns PRINCÍPIOS que devem ser observados:
✓ PREcaução;
✓ PREvenção;
✓ PArticipação cidadã;
✓ REsponsabilidades comuns, porém diferenciadas. (este no
âmbito internacional). e
✓ Desenvolvimento Sustentável;
BIZU do Prof. Rosenval: PRE PRE PA RE DS

Os instrumentos INSTITUCIONAIS para a atuação da Política Nacional de Mudança


do Clima incluem:
(Bizu do Prof. Rosenval: F Red COMI COMI COMI)
Fórum Brasileiro de Mudança do Clima;
Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais - Rede Clima;
Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima;
Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima;
Comissão de Coordenação das Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia.

Bizu: F Red COMI COMI COMI. É só lembrar do jogador Fred. O cara é fominha
e come muita bola! F Red COMI COMI COMI. ;-)

ATENÇÃO! É comum as Bancas misturarem os artigos 3º (princípios), 4º


(objetivos), 5º (diretrizes), 6º (instrumentos) e 7º (instrumentos
institucionais). Leiam com atenção esses artigos!

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Compromisso Nacional Voluntário

Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como COMPROMISSO


NACIONAL VOLUNTÁRIO, ações de mitigação das emissões de gases de efeito
estufa, com vistas a reduzir, entre 36,1% e 38,9%, suas emissões projetadas
até 2020.

➢ Lei nº 12.305/10: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

Devem observar o disposto nesta lei as pessoas FÍSICAS OU JURÍDICAS, de


direito PÚBLICO OU PRIVADO, responsáveis, DIRETA OU INDIRETAMENTE,
pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão
integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.

ATENÇÃO!!! A lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos NÃO se aplica aos


rejeitos radioativos.

Definições

Acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e


fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a
implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto;
Área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição,
regular ou irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos;
Área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela
disposição NÃO sejam identificáveis ou individualizáveis;
Bizu do Rosenval: Filho feio NÃO tem pai! A área órfã contaminada é uma
área “feia” cujo o responsável “o pai” não é identificável!
Ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do
produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo
e a disposição final;

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Coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme
sua constituição ou composição;
Bizu: A coleta é SELETIVA!!! Ela separa antes (previamente)
Controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à
sociedade informações e participação nos processos de formulação, implementação
e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos;
Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui
a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o
aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos
competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final,
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos
em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos
ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais
adversos;
Bizu do Rosenval: ReJEITO NÃO tem JEITO vai para o ATERRO!!!
Geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito
público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas
incluído o consumo;
Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou
indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos,
exigidos na forma desta Lei;
Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca
de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política,
econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do
desenvolvimento sustentável;

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Logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada;
Bizu: É o contrário da Logística Direta, por isso chama-se REVERSA. Os
resíduos sólidos voltam para o setor empresarial.
Padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e
serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores
condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras;
Reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a
alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à
transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS
e do SUASA;
Bizu: Reciclar é voltar para o ciclo. Tem transformação, alteração!
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis, NÃO apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada;
Bizu do Prof. Rosenval: ReJEITO NÃO tem JEITO vai para o ATERRO!!!
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de
atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores,

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distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para
minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir
os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo
de vida dos produtos, nos termos desta Lei;
Reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos SEM sua
transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os
padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS
e do SUASA;
Bizu do Rosenval: ReutilizaçÃO NÃO tem transformaÇÃO!!!
Serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto
de atividades previstas no art. 7º, da Lei nº 11.445, de 2007. De acordo com a Lei
nº 11.445, de 2007, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades: I - de coleta, transbordo e
transporte dos resíduos; II - de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de
tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos; III - de
varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais
serviços pertinentes à limpeza pública urbana.

São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:


I - a prevenção e a precaução;
II - o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
IV - o desenvolvimento sustentável;
V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas
e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos
naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do
planeta;
VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor
empresarial e demais segmentos da sociedade;

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VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como
um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor
de cidadania;
IX - o respeito às diversidades locais e regionais;
X - o direito da sociedade à informação e ao controle social;
XI - a razoabilidade e a proporcionalidade.

ATENÇÃO!!! Ler os Art. 7o (objetivos) e 8o (instrumentos). As Bancas misturam objetivos,


instrumentos na prova!
Também vale a pena dar uma lida na classificação de Resíduos Sólidos que está no artigo
13.

Diretrizes aplicáveis aos Resíduos Sólidos


Na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte
ORDEM DE PRIORIDADE: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos.

Planos de Resíduos Sólidos


São planos de resíduos sólidos:
✓ o Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
✓ os planos estaduais de resíduos sólidos;
✓ os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de
resíduos sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações
urbanas;
✓ os planos intermunicipais de resíduos sólidos;
✓ os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos;
✓ os planos de gerenciamento de resíduos sólidos.
É assegurada ampla publicidade ao conteúdo dos planos de resíduos sólidos, bem
como controle social em sua formulação, implementação e operacionalização.

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Plano Nacional de Resíduos Sólidos

A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o


Plano Nacional de Resíduos Sólidos, mediante processo de mobilização e participação
social, incluindo a realização de audiências e consultas públicas. Terá vigência por
prazo indeterminado e horizonte de 20 anos, e será atualizado a cada 4 anos.
✓ UNIÃO
✓ MMA
✓ VIGÊNCIA POR PRAZO INDETERMINADO
✓ HORIZONTE DE 20 ANOS
✓ ATUALIZAÇÃO A CADA 4 ANOS
Logística Reversa

Logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social


caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada.
São OBRIGADOS a estruturar e a implementar sistemas de logística reversa,
mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do
serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de:
➢ Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros
produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso,
observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em
lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do
SNVS e do SUASA, ou em normas técnicas;
➢ Pilhas e baterias;
➢ Pneus;
➢ Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
➢ Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz
mista;

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➢ Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

PROIBIÇÕES

São PROIBIDAS as seguintes formas de destinação ou disposição final de


resíduos sólidos ou rejeitos:
➢ Lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
➢ Lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de
mineração;
➢ Queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos
não licenciados para essa finalidade;
➢ Outras formas vedadas pelo poder público.

ATENÇÃO! Quando decretada emergência sanitária, a queima de resíduos


a céu aberto pode ser realizada, desde que autorizada e acompanhada pelos
órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e, quando couber, do SUASA.

São PROIBIDAS, nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos, as


seguintes atividades:
➢ Utilização dos rejeitos dispostos como alimentação;
➢ Catação (observadas as metas para a eliminação e recuperação de lixões,
associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis);
➢ Criação de animais domésticos;
➢ Fixação de habitações temporárias ou permanentes;
➢ Outras atividades vedadas pelo poder público.

É PROIBIDA a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem


como de resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio
ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para
tratamento, reforma, reúso, reutilização ou recuperação.

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Política de Sustentabilidade no Superior Tribunal de Justiça (Portaria STJ nº
293/2012).
A política de sustentabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
estabelece como diretriz a harmonização dos objetivos sociais, ambientais e
econômicos com vistas à
➢ preservação potencial da natureza para a produção de recursos
renováveis,
➢ limitação do uso dos recursos não renováveis, e
➢ respeito à capacidade de renovação dos sistemas naturais.
Observem que a diretriz é a harmonização dos objetivos sociais, ambientais e
econômicos, ou seja, o desenvolvimento sustentável.
A política de sustentabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
observará os seguintes PRINCÍPIOS:
I – atender os requisitos legais, acordos internacionais, normativos e outros definidos
como aplicáveis;
II – prevenir e minimizar os impactos ambientais advindos da prestação jurisdicional;
III – conservar o meio ambiente, buscando a utilização das melhores práticas;
IV – buscar o aperfeiçoamento contínuo de processos, serviços e entregas pelos
fundamentos da sustentabilidade;
V – promover a educação, capacitação, conscientização e sensibilização dos servidores
e jurisdicionados sobre a necessidade de efetiva proteção ao meio ambiente.
Como objetivos desta política temos:
I – implementação de ações que promovam o exercício dos direitos sociais;
II – gestão adequada dos resíduos gerados pelo Tribunal;
III – incentivo ao combate de todas as formas de desperdício dos recursos
naturais;
IV – inclusão dos conceitos e princípios de sustentabilidade nos projetos,
processos de trabalho, investimentos, compras e contratações de obras e serviços
realizados pelo Tribunal;
V – implementação de ações com vistas à eficiência energética.
A política de sustentabilidade no Superior Tribunal de Justiça também trata do
consumo consciente dispondo que compete ao STJ acompanhar o impacto de suas

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atividades na sociedade e no meio ambiente. Para isso, deverá ser implementado
consumo sustentável a partir de uma gestão ambientalmente saudável das atividades
administrativas e operacionais, respaldada pelos seguintes princípios:
I – REPENSAR a necessidade de consumo e os padrões de produção e consumo;
II – RECUSAR possibilidades de consumo desnecessário;
III – REDUZIR, consumir menos, optar por produtos que ofereçam menor potencial de
geração de resíduos e tenham maior durabilidade;
IV – REUTILIZAR, evitar que vá para o lixo aquilo que possa ser reaproveitado;
V – RECICLAR, transformar materiais usados em matérias-primas para outros
produtos por meio de processos industriais ou artesanais.
No que diz respeito à coleta de resíduos sólidos, a gestão dos resíduos no STJ
tem os seguintes objetivos:
I – não geração de resíduos sólidos, redução, reutilização, reciclagem e
tratamento dos resíduos sólidos gerados; (É a mesma ordem de prioridade da
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS)
II – adequada gestão dos resíduos gerados mediante implementação de coleta
seletiva e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
III – estímulo à adoção de práticas sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores
condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das
necessidades das gerações futuras;
IV – priorização, nas aquisições e contratações, para:
a) produtos reciclados e recicláveis;
b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de
consumo social e ambientalmente sustentáveis;
V – integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que
envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

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DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – PROF. RICARDO TORQUES

Estatuto da Pessoa com Deficiência


Disposições Iniciais

 FINALIDADE: Assegurar e promover os direitos fundamentais das pessoas com deficiência, à luz da
Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, que foram
internalizados em nosso ordenamento como normas constitucionais.

 CONCEITO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA: limitações + barreiras

 Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.

 LIMITAÇÕES: critérios:

• impedimentos nas funções e estruturas do corpo.


• fatores socioambientais, psicológicos e pessoais.
• limitações para o desempenho de certas atividades.
• restrições de participação.

 Atuação dos Poderes em relação aos critérios para definição das limitações

• PODER LEGISLATIVO  fixou os critérios para avalição das limitações


• PODER EXECUTIVO  criará instrumentos para avaliação das limitações

 BARREIRAS: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a


participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação,
à compreensão, à circulação com segurança, entre outros.

 Espécies de barreiras:

• Urbanísticas  vias e espaços (públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo)


• Arquitetônicas  edifícios públicos e privados
• Nos transportes  sistemas e meios de transportes
• Nas comunicações e na informação  obstáculo, atitude ou comportamento nos sistemas
de comunicação e de tecnologia da informação
• Atitudinais  atitudes ou comportamentos
• Tecnológicas  dificuldades que tornem difícil ou impeçam o acesso às tecnologias

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 CONCEITOS

 ACESSIBILIDADE: é todo e qualquer instrumento capaz de viabilizar a inclusão da pessoa com


deficiência em igualdade de condições com as demais pessoas.

 DESENHO UNIVERSAL: envolve a criação de produtos, de ambientes, de programas e de


serviços acessíveis a todos.

 TECNOLOGIA ASSISTIVA (ou ajuda técnica): constitui a criação de produtos, de


equipamentos etc. a fim de atender às pessoas com deficiências.

 BARREIRAS: são entraves existentes na sociedade que limite ou impeça o acesso a todas as
pessoas em igualdade de condições.

 ADAPTAÇÃO RAZOÁVEL: constitui ajuste necessário e adequado que não acarrete ônus
desproporcional e indevido.

 PESSOA COM MOBILIDADE REDUZIDA: pessoa que tenha dificuldade de movimentação


(permanente ou temporária), incluindo o idoso, a gestante, a lactante, a pessoa com criança de
colo e o obeso.

 ACOMPANHANTE: é quem está com a pessoa com deficiência, podendo ser, ou não, o atendente
pessoal.

 ATENDENTE PESSOAL: Quem presta auxílio à pessoa com deficiência, de forma temporária
ou permanente, remunerada ou não, mas não pode ser aquele que exerce profissão
regulamentada.

 As pessoas com deficiência TÊM PLENA CAPACIDADE CIVIL, INCLUSIVE PARA:

 casar-se e constituir união estável;

 exercer direitos sexuais e reprodutivos;

 exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas
sobre reprodução e planejamento familiar;

 conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;

 exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e

 exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em


igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

 DEVERES:

 DEVER DE TODOS comunicar as autoridades competentes sobre violações de direitos.

 EFETIVAR OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA COM PRIORIDADE É DEVER

• Do Estado

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• Da sociedade
• Da família

 A pessoa com deficiência não é obrigada a fruir das ações afirmativas disponíveis.

 ATENDIMENTO PRIORITÁRIO

 prestação de socorro

 atendimento em instituições e serviços públicos

 disponibilização de recursos

 disponibilização de pontos de parada

 acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação

 recebimento de IR

 tramitação processual

 NÃO SE ESTENDE O ATENDIMENTO PRIORITÁRIO PARA O ACOMPANHANTE E ATENDENDE PESSOAL


no que diz respeito:

 à prioridade para restituição do imposto de renda

 à tramitação preferencial de processos

Direitos Fundamentais

 DIREITO À SAÚDE

 coordenada pelo SUS, que: A) promoverá atenção integral em todos os níveis de complexidade;
e B) proporcionará acesso universal e igualitário.

 Na coordenação desse sistema, o SUS deverá:

• assegurar a participação de deficientes na elaboração e na definição das políticas públicas;


• proporcionar um atendimento conforme as regras éticas e técnicas; e
• desenvolver ações e serviços com vários parâmetros.

 PLANOS E SEGUROS PRIVADOS DE SAÚDE: são OBRIGADOS a garantir às pessoas com


deficiência pelo menos os mesmos serviços ofertados aos demais clientes.

 ATENDIMENTO:

• regra  no local de residência


• esgotados os meios possíveis no atendimento residencial  prestado fora do domicílio 
nesse caso, deve ser garantido transporte e acomodação ao deficiente e ao
acompanhante

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 Em caso de violência contra deficiente, a rede atendimento à saúde deve notificara autoridade
policial, o Ministério Público e o Conselho dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

Direito ao Trabalho

 REGRAS GERAIS

 PRINCÍPIOS: liberdade de escolha e aceitação, ambiente acessível e igualdade de


oportunidades.

 É vedada a restrição ao trabalho da pessoa com deficiência na admissão e ao longo da prestação


dos serviços prestados de forma subordinada.

 A pessoa com deficiência terá direito, em igualdade, de progredir dentro da carreira.

 Garantia do salário equitativo.

 Garantia de acessibilidade no emprego

 É garantida a participação da pessoa com deficiência em cursos de formação e capacitação.

 HABILITAÇÃO/REABILITAÇÃO

 conceitos:

▪ habilitação  tornar hábil para o mercado de trabalho


▪ reabilitar  restituir a capacidade para o mercado de trabalho

 O Poder Público deve criar serviços e programas para a habilitação e a reabilitação de pessoas
com deficiência para o mercado de trabalho.

 Necessário respeitar a livre escolha, vocação e interesses da pessoa com deficiência.

 Equipe multidisciplinar, programas de habilitação e de reabilitação para restaurar a capacidade


para o mercado de trabalho.

 Previsão de recursos específicos e de ambientes acessíveis e inclusivos para a


habilitação/reabilitação.

 Possibilidade de contrato com tempo parcial para avaliar a habilitação ou a reabilitação.

Direito à Assistência Social

 OBJETIVO: segurança de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da


autonomia e da convivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso a direitos e da plena
participação social.

 BPC-LOAS

 ser deficiente;

 não ter meios para prover o próprio sustento;

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 família sem condições de provê-lo; e

 independe da idade.

Direito à Previdência Especial

 O EDP faz referência à legislação específica (LC nº 142/2013) que contém critérios diferenciados.

Direito ao Transporte e à Mobilidade

 Objetivo: eliminar obstáculos e barreiras a fim de que o gozo do direito ao transporte se dê em


igualdade de condições.

 2% das vagas de estacionamento (ou pelo menos 1) devem ser reservadas às pessoas com deficiência
(bem localizada, próxima ao local de acesso e devidamente sinalizada).

 Em transporte coletivo, exige-se sistema de comunicação acessível e prioridade de embarque e


desembarque.

 As regras de acessibilidade se aplicam às empresas de fretamento, turismo, táxis e vans.

 10% da frota de táxis deve ser acessível, vedando-se a cobrança de tarifa diferenciada.

 1 a cada 20 veículos de empresas de locação de carros devem ser acessíveis com, pelo menos, câmbio
automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos manuais de freio e embreagem.

Acessibilidade

 CONCEITO: direito que garante à pessoa com deficiência e com mobilidade reduzida o acesso a bens
e serviços em condições de igualdade em relação às demais pessoas.

 DESENHO UNIVERSAL: instrumento que garante acessibilidade, por intermédio da criação de produtos
e bens plenamente acessíveis a todos. Constitui regra e, quando não passível de ser observada, exige
adaptação razoável.

 POLÍTICA PÚBLICA – DESENHO UNIVERSAL: compete ao Poder Público desenvolver políticas para o
fomento, o desenvolvimento e a fiscalização da utilização de bens e produtos segundo as regras de
desenho universal.

 DEVEM SER ACESSÍVEIS: construções (edifícios públicos ou privados de uso coletivo), reformas,
ampliações e mudanças no uso de edificações abertas ao púbico ou privadas de uso coletivo.

PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DA PCD

 Não se enquadram mais no conceito de absolutamente incapazes do Código Civil, seja essa
deficiência temporária ou permanente.

 As pessoas com deficiência possuem capacidade eleitoral ativa e, se preenchidos os demais


requisitos legais, podem adquirir capacidade eleitoral passiva.

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 A Justiça Eleitoral deve se organizar a fim de viabilizar a participação de pessoas com deficiência
no processo eleitoral. Inclusive, quanto ao exercício do voto, deve permitir que o deficiente vote
com auxílio de terceiro (pessoa de sua confiança).

Acesso à justiça

 DISPOSIÇÕES GERAIS

 Igualdade de acesso ao Poder Judiciário, abrangendo também o sistema penitenciário de


serviços e notas e de registro.

 O acesso à pessoa com deficiência não se restringe às partes (autores e réus), mas abrange a
todos que, de certo modo, tenham contato com o Poder Judiciário (terceiros, advogados, MP, DP,
magistrados, intérpretes, conciliadores, mediadores, peritos etc.).

 Capacitação dos servidores públicos que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, em
órgãos de segurança pública e sistema penitenciário.

 À pessoa com deficiência que estiver cumprindo medida restritiva de liberdade deve ser
assegurada acessibilidade.

 Responsabilidade de a DP/MP garantir o acesso à Justiça da pessoa com deficiência.

 CAPACIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

 A pessoa com deficiência é plenamente capaz (não é mais considerada absolutamente incapaz
na redação originária do art. 3º, do NCPC).

 Excepcionalmente é possível a adoção da tomada de decisão apoiada ou da curatela.

 TOMADA DE DECISÃO APOIADA

 Instrumento de auxílio do qual a pessoa com deficiência poderá se valer para tomar decisões,
nomeando-se, pelo menos, duas pessoas de confiança para auxiliá-la na prática de atos civis.

 Não há relativização da capacidade civil.

 Características da Curatela:

• protetiva;
• extraordinário;
• proporcional às necessidades e às circunstâncias do caso concreto.

 Depende de decisão judicial fundamentada.

 Abrange:

• atos de caráter patrimonial; e


• atos de caráter negocial.

 Não abrange:

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• direito ao corpo;
• direito à sexualidade;
• direito ao matrimônio;
• direito à privacidade;
• direito à educação;
• direito à saúde;
• direito ao trabalho;
• direito ao voto; e
• emissão de documentos oficiais.

 CURATELA

 Redução tópica da capacidade civil da pessoa com deficiência com a finalidade de protegê-la
para a prática de atos patrimoniais.

 Há relativização da capacidade civil.

 CURADORIA ANTECIPADA

 cabimento: relevância e urgência para a proteção de interesses da pessoa com deficiência

 prévia oitiva do MP

 contraditório diferido em relação às partes interessadas

Crimes e Infrações Administrativas

 PRATICAR, INDUZIR OU INCITAR DISCRIMINAÇÃO DE PESSOA EM RAZÃO DE SUA DEFICIÊNCIA.

 RECLUSÃO de 1 a 3 anos e multa.

 CAUSA DE AUMENTO DE PENA (1/3): vítima estar sob cuidado ou sob responsabilidade do
agente.

 RECLUSÃO de 2 a 5 anos e multa, SE cometido por intermédio de meios de comunicação social


ou de publicação de qualquer natureza (pode-se determinar busca e apreensão dos documentos
e/ou interdição das mensagens ou páginas da internet).

 APROPRIAR-SE DE OU DESVIAR BENS, PROVENTOS, PENSÃO, BENEFÍCIOS, REMUNERAÇÃO OU


QUALQUER OUTRO RENDIMENTO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA.

 RECLUSÃO de 1 a 4 anos e multa.

 CAUSA DE AUMENTO DE PENA (1/3): se cometido por tutor, curador, síndico, liquidatório,
inventariante, testamenteiro, depositário judicial ou por aquele que se apropriou em razão do
ofício ou profissão.

 ABANDONAR PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM HOSPITAIS, CASAS DE SAÚDE, ENTIDADES DE


ABRIGAMENTO OU CONGÊNERES.

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 RECLUSÃO de 6 meses a 3 anos e multa.

* inclui quem não prover as necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado por
lei ou mandado.

 RETER OU UTILIZAR CARTÃO MAGNÉTICO, QUALQUER MEIO ELETRÔNICO OU DOCUMENTO DE


PESSOA COM DEFICIÊNCIA DESTINADOS AO RECEBIMENTO DE BENEFÍCIOS, PROVENTOS, PENSÕES
OU REMUNERAÇÃO OU A REALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS, COM O FIM DE OBTER VANTAGEM
INDEVIDA PARA SI OU PARA OUTREM.

 DETENÇÃO de 6 meses a 2 anos e multa.

 CAUSA DE AUMENTO DE PENA (1/3): cometido por tutor ou curador.

Resolução CNJ nº 230


Preâmbulo
 NORMAS DE ESTATURA CONSTITUCIONAL
 art. 5º, caput, da CF:
 art. 3º, da Convenção sobre as Pessoas com Deficiência.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE EM SENTIDO MATERIAL
PRINCÍPIO DA CONVENÇÃO:
• dignidade inerente;
• autonomia individual;
• não discriminação;
• plena e efetiva participação;
• inclusão na sociedade;
• aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;
• igualdade de oportunidades;
• acessibilidade;
• igualdade entre o homem e a mulher;
• desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência;
• direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.

Disposições relacionadas a todas as pessoas com deficiência


IGUALDADE E SUAS IMPLICAÇÕES
 Medidas urgentes devem ser adotadas para a proteção dos direitos de jurisdicionados com deficiência,
ou seja, das partes que, eventualmente, venham postular em juízo e apresentem alguma limitação; e
servidores e serventuários com deficiência que atuem perante tribunais.
ACESSIBILIDADE COM SEGURANÇA E AUTONOMIA
 Ações centrais: desenvolvimento do atendimento ao público com deficiência; adaptação arquitetônica;
e acesso facilitado ao transporte.
 Para consecução, deve-se promover:

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• capacitação de servidores e terceirizados;
• capacitação específica em Libras de, pelo menos, 5% dos servidores e terceirizados;
• adaptação e construção de novos imóveis de acordo com padrões de acessibilidade;
• viabilização de vagas específicas de estacionamento à razão de 2%, assegurando-se, ao menos,
1 vaga.
 É PROIBIDO, ao Poder Judiciário e seus serviços auxiliares, impor ao usuário com deficiência
custo anormal, direto ou indireto, para o amplo acesso a serviço público oferecido.
 Vedações:

tratamento a imposição de custos


diferenciados dos usuários com deficiência

VEDA-SE
criação de óbices, condições ou custos
diferenciados de serviços das pessoas com
deficiência

Comissões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão


FINALIDADE: fiscalizar, planejar, elaborar e acompanhar projetos para a adoção das regras de
acessibilidade.
PRAZO: deverá ser instituída no prazo de 45 dias.
POSTULADOS

POSTULADOS DA
PROTEÇÃO ÀS
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA

igualdade em
não discriminação
sentido material

CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA:

AVALIAÇÃO DA DEFICIÊNCIA – CONSIDERA:

•impedimentos nas funções e estruturas do corpo


•fatores socioambientais, psicológicos e pessoais
•limitações para o desempenho de certas atividades
•restrições de participação.

INCLUSÃO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO SERVIÇO PÚBLICO


 Os editais de concursos públicos para ingresso nos quadros do Poder Judiciário e de seus serviços
auxiliares deverão prever, nos objetos de avaliação, disciplina que abarque os direitos das
pessoas com deficiência.
 Imediatamente após a posse de servidor, serventuário extrajudicial ou contratação de terceirizado
com deficiência, dever-se-á informar a ele, de forma detalhada, sobre seus direitos e sobre a
existência desta Resolução.

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 Obrigatoriedade de criação de um cadastro de servidores (efetivos, serventuários e terceirizados)
com deficiência. A finalidade desse cadastro é especificar as limitações e as necessidades decorrentes a
ser atualizado anualmente.
TRABALHO COM APOIO - série de condições e prerrogativas favoráveis ao exercício de trabalho pelas
pessoas com deficiência no âmbito dos tribunais brasileiros.
 prioridade de atendimento.
 utilização de recursos de tecnologia assistiva, e agente facilitador de apoio no ambiente de
trabalho, para atendimento individual à pessoa com deficiência.
 aconselhamento e apoio para definição de estratégias com vistas à superação das barreiras e
inclusão nas atividades judiciárias.
 realização de avaliações periódicas.
 articulação entre setores diversos do Poder Judiciário para o desenvolvimento de políticas
públicas voltadas à defesa dos direitos das pessoas com deficiência que atuam no Poder Judiciário.
 admissão de entidade civil nas atividades voltadas à inclusão social de servidores com
deficiência.
DIREITO AO TRABALHO:
 As pessoas com deficiência possuem liberdade de escolha em relação à função que irão
desempenhar, devendo o Poder Público lhes garantir ambiente de trabalho acessível e com iguais
condições salariais.
 É vedada a restrição ao trabalho da pessoa com deficiência, inclusive nas etapas de
recrutamento, seleção, contratação, admissão, permanência no emprego, ascensão profissional
e reabilitação.
 A pessoa com deficiência terá direito, em igualdade com os colegas, de participar de cursos,
treinamentos, educação continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e incentivos
profissionais.
 É garantida a participação da pessoa com deficiência em cursos de formação e de capacitação.
ESTACIONAMENTO INTERNO PARA SERVIDORES: deverá ser individualizado, com uma vaga para
cada servidor.
HORÁRIO ESPECIAL
 Para encerrar as regras relativas à proteção dos servidores públicos com deficiência, vamos tratar de
uma regra específica referente ao horário de trabalho.
 Não será admitida discriminação em relação aos demais servidores pelo fato de exercer trabalho em
horário especial.
 Se o órgão contiver sistema de banco de horas, ele poderá ser utilizado pelos servidores com
deficiência.
 O servidor com deficiência não poderá ser obrigado a prestar horas extras se essa atividade
extraordinária for prejudicial à saúde do servidor.

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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. RICARDO VALE E NÁDIA CAROLINA

A) CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

1) As Constituições podem ser classificadas segundo vários critérios.

2) Quanto à origem: As Constituições podem ser outorgadas (surgem sem participação


popular), democráticas (nascem de um processo democrático), cesaristas (são outorgadas,
mas precisam de um referendo popular) ou dualistas (resultado de um compromisso instável
entre forças políticas antagônicas, a burguesia e a monarquia). A CF/88 é democrática.

3) Quanto à forma: As Constituições podem ser escritas (quando elaboradas por um órgão
constituinte encarregado dessa tarefa e que as sistematiza em documentos solenes) ou não-
escritas (normas estão em variadas fontes normativas, como as leis, costumes,
jurisprudência, acordos e convenções). A CF/88 é escrita.

(*) As Constituições não-escritas (consuetudinárias ou costumeiras) também possuem


normas escritas. Exemplo é a Constituição inglesa.

4) Quanto ao modo de elaboração: As Constituições podem ser dogmáticas (elaboradas


segundo os dogmas e valores em vigor na sociedade naquele momento) ou históricas (fruto
do lento evoluir das tradições e costumes). A CF/88 é dogmática. A Constituição inglesa é
histórica.

(*) As Constituições dogmáticas são escritas.

(*) As Constituições históricas são juridicamente flexíveis, porém política e socialmente


rígidas.

5) Quanto à estabilidade: As Constituições podem ser imutáveis, rígidas, semirrígidas (ou


semiflexíveis) e flexíveis.

A Constituição rígida só pode ser alterada por procedimento legislativo mais dificultoso do que
o de elaboração das leis.

A Constituição semirrígida (ou semiflexível) tem dois tipos de normas. Algumas de suas
normas podem ser alteradas pelo mesmo procedimento legislativo das leis; outras, só podem
ser alteradas por procedimento legislativo mais dificultoso.

As Constituições flexíveis podem ser modificadas pelo mesmo procedimento legislativo das
leis.

(*) A CF/88 é rígida. Para Alexandre de Moraes, a CF/88 é super-rígida, tendo em vista a
existência de cláusulas pétreas.

6) Quanto ao conteúdo: As Constituições podem ser formais ou materiais. Constituição


formal é o conjunto de normas inseridas no texto de uma Constituição rígida. Constituição
material é o conjunto de normas, escritas ou não, que regulam os aspectos essenciais da vida
estatal. A CF/88 é uma Constituição formal.

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(*) Em uma Constituição rígida, há normas que são apenas formalmente constitucionais e
outras que são, ao mesmo tempo, material e formalmente constitucionais.

7) Quanto à extensão: As Constituições podem ser analíticas (possuem conteúdo extenso)


ou sintéticas (que se restringem aos elementos substancialmente constitucionais). As
Constituições sintéticas são qualificadas como Constituições negativas. A CF/88 é analítica

8) Quanto à correspondência com a realidade: Essa classificação foi criada por Karl
Loewenstein. As Constituições podem ser normativas (regulam efetivamente o processo
político do Estado), nominativas (buscam regular o processo político do Estado, mas não
conseguem) ou semânticas (nem mesmo têm por objetivo regular a vida política estatal). A
CF/88 é considerada normativa.

9) Quanto à finalidade: Podem ser “Constituição-garantia” (visa proteger as liberdades


públicas contra as arbitrariedades do Estado), “Constituição-dirigente” (visa traçar as
diretrizes que devem nortear a ação estatal) ou “Constituição-balanço” (visam reger o
ordenamento jurídico estatal por um tempo determinado, nela estabelecido).

(*) As Constituições-garantia são sintéticas. As Constituições-dirigente são analíticas.

B) APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

1) Doutrina do Prof. José Afonso da Silva:

a) Normas de eficácia plena: São autoaplicáveis, mas não restringíveis. Possuem


aplicabilidade direta, imediata e integral.

b) Normas de eficácia contida: São autoaplicáveis e restringíveis. Possuem aplicabilidade


direta, imediata e possivelmente não-integral.

(*) Como exemplo de norma de eficácia contida, citamos o art. 5º, XIII, CF/88 (“é
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer”)

c) Normas de eficácia limitada: São não-autoplicáveis, isto é, dependem de


regulamentação para produzir todos os seus efeitos. Possuem aplicabilidade indireta, mediata
e reduzida.

(*) As normas de eficácia limitada podem ser de dois tipos: i) normas declaratórias de
princípios institutivos ou organizativos ou; ii) normas declaratórias de princípios
programáticos.

(*) As normas de eficácia limitada produzem efeitos jurídicos. São dois os tipos de
efeitos: i) efeito negativo e; ii) efeito vinculativo.

(*) Quando uma norma de eficácia limitada não é regulamentada, surge uma “omissão
inconstitucional”, que pode ser combatida por meio de mandado de injunção ou de
ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão).

(*) O direito de greve dos servidores públicos é norma de eficácia limitada. O direito
de greve dos celetistas é norma de eficácia contida.

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C) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

1) Os princípios fundamentais se subdividem em: i) fundamentos da RFB; ii) separação de


poderes; iii) objetivos fundamentais da RFB e; iv) princípios das relações internacionais da
RFB.

2) Fundamentos da RFB:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(*) O pluralismo político exclui os discursos de ódio.

(*) A forma de Estado adotada pelo Brasil é a federação. Os entes federativos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios) possuem autonomia política. A República Federativa do
Brasil, por outro lado, é dotada de soberania. A federação brasileira é resultado de um
movimento centrífugo, ou seja, formou-se por segregação.

(*) A forma de governo adotada pelo Brasil é a República. São características da República o
caráter eletivo, representativo e transitório dos detentores do poder político e
responsabilidade dos governantes.

(*) O regime político adotado pelo Brasil é a democracia semidireta.

3) Princípio da separação de poderes:

O poder político é uno e indivisível. Por isso, o ideal é falar-se em separação de funções
estatais.

A CF/88 adotou um sistema de separação de poderes flexível. Cada Poder exerce sua função
típica e outras funções, atípicas. Por exemplo, o Poder Executivo tem como função típica a
função administrativa. Exerce, porém, a função atípica de legislar.

Segundo o art. 2º, CF/88 “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

A independência entre os Poderes é limitada pelo sistema de freios e contrapesos, que prevê
a interferência legítima de um poder sobre outro, nos limites estabelecidos
constitucionalmente.

Segundo o STF, “os mecanismos de freios e contrapesos estão previstos na Constituição


Federal, sendo vedado à Constituição Estadual criar outras formas de interferência de um
Poder sobre o outro” (ADI 3046).

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4) Objetivos Fundamentais da RFB:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

5) Princípios das relações internacionais da RFB:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

D) TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

1) Gerações de Direitos Fundamentais:

a) 1a geração: São os direitos civis e políticos. Têm como valor-fonte a liberdade.


Implicam em abstenção do Estado.

b) 2a geração: São os direitos sociais, econômicos e culturais. Têm como valor-fonte


a igualdade. Implicam em atuação positiva do Estado.

c) 3a geração: São os direitos difusos e coletivos. Tem como valor-fonte a


solidariedade/fraternidade. Exemplos: direito ao meio ambiente e direitos do
consumidor.

2) Limites aos direitos fundamentais: Para a teoria dos “limites dos limites”, podem ser
impostas restrições aos direitos fundamentais, mas há um núcleo essencial que precisa ser
protegido, não podendo ser objeto de violação. Cabe ao Poder Judiciário, diante do caso
concreto, avaliar se o “núcleo essencial” do direito fundamental foi ou não violado. Essa
análise é feita por meio da aplicação do princípio da proporcionalidade.

3) Os direitos fundamentais têm eficácia vertical (são aplicados nas relações entre o Estado
e o indivíduo) e eficácia horizontal (são aplicados nas relações entre particulares).

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4) Titularidade dos Direitos Fundamentais: São titulares de direitos fundamentais as
pessoas físicas, as pessoas jurídicas e o Estado. Os estrangeiros (residentes ou não) são
titulares de direitos fundamentais.

5) Aplicação dos Direitos Fundamentais: As normas definidoras dos direitos e garantias


fundamentais têm aplicação imediata (art. 5º, § 1º).

6) Tratados Internacionais de Direitos Fundamentais: Podem ter status supralegal


(quando aprovados pelo rito ordinário) ou, então, serem equivalentes às emendas
constitucionais (quando aprovados em 2 turnos, em cada Casa do Congresso Nacional, por
3/5 dos membros de cada Casa).

E) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS

1) Direito à Vida: O direito à vida tem dupla acepção: direito de continuar vivo e direito a
ter uma vida digna.

Entendimentos do STF: i) uniões homoafetivas são reconhecidas como entidades


familiares; ii) não ofende o direito à vida a pesquisa com células-tronco embrionárias; iii)
não viola o direito à vida a interrupção da gravidez de feto anencéfalo.

2) Direito à Igualdade: As ações afirmativas buscam realizar a igualdade material.


Exemplos de ações afirmativas: cotas raciais para ingresso em universidades públicas e cotas
raciais em concursos públicos.

Súmula Vinculante nº 37: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

3) Direito à Liberdade de Expressão: É livre a manifestação do pensamento, sendo


vedado o anonimato. A liberdade de expressão exclui os discursos de ódio e a incitação ao
racismo. Segundo o STF, a defesa da legalização das drogas em manifestações públicas é
compatível com a liberdade de expressão.

4) “Escusa de Consciência”: O art. 5º, VIII, CF/88, estabelece que “ninguém será privado
de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei”. Trata-se de norma de eficácia contida.

5) Direito à Privacidade: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação.

Entendimentos do STF: i) são admitidas as biografias não-autorizadas; ii) a quebra de


sigilo bancário pode ser determinada por ordem judicial ou por CPI.

6) Direito à Inviolabilidade do Domicílio: Segundo o art. 5º, XI, “a casa é asilo inviolável
do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial”.

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Conceito de casa: abrange os escritórios profissionais, mas não alcança os bares e
restaurantes;

Segundo o STF, “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em
período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
dos atos praticados”. Esse entendimento do STF é relevante no que diz respeito aos crimes
permanentes.

7) Sigilo das Comunicações Telefônicas: A interceptação telefônica somente pode ser


determinada pelo Poder Judiciário, para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal. A quebra do sigilo telefônico pode ser determinada pelo Poder Judiciário ou por CPI.

8) Liberdade Profissional: É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,


atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII). Trata-se de
norma de eficácia contida.

9) Direito de Reunião: Não há necessidade de autorização do Poder Público. Exige-se


apenas aviso prévio. O direito de reunião deve ser usado para fins pacíficos e não pode
frustrar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.

10) Liberdade de Associação: É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
de caráter paramilitar (art. 5º, XVII). A dissolução compulsória e a suspensão das atividades
de associação dependem de ordem judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado (art. 5º, XIX). Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado (art. 5º, XX).

11) Direito ao Acesso à Informação: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII). Segundo o STF, é
constitucional lei que determine a divulgação da remuneração de servidores na Internet.

12) Direito de Petição e Direito à obtenção de certidões: O exercício desses direitos


independe do pagamento de taxas.

13) Inafastabilidade de Jurisdição: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário


lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV). No Brasil, adota-se o sistema inglês de
jurisdição, pois apenas o Poder Judiciário faz coisa julgada material.

Há apenas algumas exceções, nas quais exige-se o prévio esgotamento da via administrativa:
i) habeas data; ii) controvérsias desportivas e; iii) reclamação contra o descumprimento de
Súmula Vinculante pela Administração Pública.

Súmula Vinculante nº 28: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito


de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário”.

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14) Direito Adquirido: Não se pode invocar direito adquirido frente a uma nova
Constituição. Não se pode confundir direito adquirido com mera expectativa de direito. Se
alguém já cumpre os requisitos para a concessão da aposentadoria, possui direito adquirido.

15) Extradição: Os brasileiros natos não podem ser extraditados. Os brasileiros


naturalizados podem ser extraditados em duas situações: i) crime comum praticado antes da
naturalizado e; ii) comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins. Os estrangeiros não serão extraditados em razão de crime político ou de opinião.

16) Direito ao Devido Processo Legal: É uma garantia constitucional bastante ampla.
Abrange, dentre outros, o direito à ampla defesa e ao contraditório e o direito ao juiz natural.
A ampla defesa e o contraditório devem ser assegurados nos processos judiciais e
administrativos.

Súmula Vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo


administrativo disciplinar não ofende a Constituição.”

17) Inadmissibilidade de Provas Ilícitas: São inadmissíveis no processo as provas


obtidas por meios ilícitos. É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por
um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.

18) Prisão Civil por Dívida: A Súmula Vinculante nº 25 estabelece que é ilícita a prisão
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

19) Habeas Corpus: É o remédio constitucional que tem como objetivo proteger a
liberdade de locomoção. Pode ser preventivo (quando alguém sofrer ameaça em sua
liberdade de locomoção) ou repressivo (quando alguém sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção).

O habeas corpus pode ser impetrado qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou
estrangeira. Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre a favor de pessoa
física.

Não há necessidade de advogado para impetração de habeas corpus. O habeas corpus é


isento de custas (ação gratuita).

20) Mandado de Segurança: O mandado de segurança é ação residual, pois protege


direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Tem prazo
decadencial de 120 dias.

Podem impetrar mandado de segurança todas as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou


estrangeiras. Também podem impetrar mandado de segurança os órgãos públicos.

Não é cabível mandado de segurança, dentre outras situações: i) contra decisão judicial
transitada em julgado e; ii) contra lei em tese.

21) Mandado de Segurança Coletivo: Possuem legitimidade para impetrar mandado de


segurança coletivo: i) partido político com representação no Congresso Nacional; ii)
organização sindical, entidade de classe e associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano. Observação: a exigência de 1 (um) ano vale apenas
para as associações.

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21) Mandado de Injunção: Tem como objetivo combater as “omissões inconstitucionais”. É
cabível mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

No que diz respeito ao mandado de injunção, o STF vem adotando a corrente concretista.
Dois exemplos:

i) falta de norma regulamentadora do direito de greve dos servidores públicos: o


STF determinou que deve ser aplicada a lei de greve dos empregados celetistas;

ii) falta de lei complementar regulamentando a aposentadoria especial dos


servidores públicos: o STF editou a Súmula Vinculante nº 33, determinando que,
enquanto a referida lei complementar não for editada, devem ser aplicadas aos
servidores públicos as normas do RGPS relativas à aposentadoria especial.

22) Habeas Data: O habeas data será concedido em 2 (duas) situações: i) assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público e; ii) para a retificação
de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

Assim como o habeas corpus, o habeas data é uma ação gratuita. No entanto, é essencial a
assistência advocatícia para a impetração de habeas data.

23) Ação Popular: É ajuizada pelo cidadão, assim considerado aquele que está no pleno
gozo dos direitos políticos. Segundo o art. 5º, LXXIII, “qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência”.

F) DIREITOS SOCIAIS

1) Classificação: Os direitos sociais são direitos de 2a geração e implicam em uma atuação


positiva do Estado em prol dos indivíduos.

2) Art. 6º, CF/88: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desemparados, na forma desta Constituição. Atenção especial:
o transporte foi inserido no rol de direito sociais pela EC nº 90/2015.

3) Concretização dos direitos sociais - Princípios

Cláusula da reserva do possível: a concretização dos direitos sociais depende da


disponibilidade de recursos financeiros pelo Estado.

Mínimo existencial: representa uma limitação à cláusula da reserva do possível, pois o


Estado deve garantir uma proteção social mínima aos indivíduos.

Vedação ao Retrocesso: a proteção social de “amanhã” não pode ser pior que a proteção
social de “hoje”.

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4) Direitos Sociais dos Trabalhadores:

4.1) Seguro-desemprego: só é devido em caso de desemprego involuntário.

4.2) Salário mínimo: É nacionalmente unificado. O valor do salário mínimo é fixado em lei,
mas os reajustes periódicos podem ser feitos por decreto executivo.

4.3) Irredutibilidade do salário: Em regra, o salário é irredutível. É possível a redução


salarial mediante convenção ou acordo coletivo.

4.4) Salário-família: É benefício previdenciário, devido somente ao trabalhador de baixa


renda.

4.5) Duração da jornada de trabalho: A regra é a prestação de trabalho por até 8 horas
diárias e 44 horas semanais.

4.6) “Hora extra”: A remuneração do trabalho extraordinário deve ser superior, no mínimo,
em 50% à do trabalho normal.

4.7) Licença à gestante: Duração de 120 dias. Não há prejuízo à remuneração.

4.8) Repouso semanal remunerado: Será preferencialmente aos domingos. Mas pode ser
em outros dias da semana.

4.9) Férias remuneradas: O trabalhador tem direito a férias anuais. As férias serão
remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal.

4.10) Idade mínima para o trabalho: Entre 14 a 16 anos: só pode trabalhar o menor-
aprendiz. Entre 16 a 18 anos: só não pode o trabalho noturno, perigoso ou insalubre. A partir
dos 18 anos: qualquer tipo de trabalho.

5) Direitos Sociais Coletivos dos Trabalhadores:

5.1) Fundação de Sindicatos: Independe de autorização estatal. Necessita apenas de


registro em órgão competente.

5.2) Princípio da Unicidade Sindical: Não podem coexistir mais de um sindicato da


mesma categoria profissional (trabalhadores) ou econômica (empregadores) dentro de uma
idêntica base territorial, que não poderá ser inferior à área de um Município.

5.3) Substituição processual: Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Por se tratar
de substituição processual, a atuação do sindicato independe de prévia autorização.

5.4) Negociações coletivas de trabalho: é obrigatória a participação dos sindicatos.

5.5) Participação do aposentado nos sindicatos: o aposentado tem direito a votar e ser
votado.

5.6) Estabilidade Sindical: O empregado que se candidatar a cargo de direção ou


representação sindical não poderá ser dispensado a partir do registro de sua candidatura. Se

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eleito (mesmo suplente), não poderá ser dispensado até um ano depois de findo o mandato,
exceto se cometer falta grave, nos termos da lei.

5.7) Direito de greve: Os trabalhadores têm o direito de greve, mas este não é absoluto. A
lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.

G) NACIONALIDADE

1) Conceito: A nacionalidade é um vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado.


Nacionalidade não se confunde com cidadania.

2) Brasileiros Natos:

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira;

3) Brasileiros Naturalizados:

Art. 12. São brasileiros:


(...)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade
moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira.

4) Cargos Privativos de Brasileiros Natos: i) Presidente da República; ii) Vice-Presidente


da República; iii) Presidente da Câmara dos Deputados; iv) Presidente do Senado Federal; v)
Ministros do STF; vi) oficial das Forças Armadas; vii) carreira diplomática; viii) Ministro de
Estado da Defesa.

5) Perda da Nacionalidade:

Art.12 (...)
§4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

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b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis;

H) DIREITOS POLÍTICOS

1) Regime Político: O Brasil adota a democracia semidireta. A CF/88 prevê formas de


exercício do poder político diretamente pelo povo: i) plebiscito; ii) referendo e; iii) iniciativa
popular de leis.

2) Direito de Sufrágio: É o direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e de ser votado


(capacidade eleitoral passiva). No Brasil, o sufrágio é universal.

3) Voto: é o instrumento para exercício do sufrágio. No Brasil, o voto é direto, secreto,


universal, periódico, obrigatório e com valor igual para todos.

4) Capacidade Eleitoral Ativa: O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os


maiores de 18 anos. Por outro lado, são facultativos para: i) os maiores de 70 anos; ii) os
maiores de 16 e menores de 18 anos; iii) os analfabetos. Atenção 01: os analfabetos podem
votar, mas não podem se eleger (são inelegíveis). Atenção 02: os estrangeiros e os
conscritos não podem se alistar como eleitores (são inalistáveis).

5) Capacidade Eleitoral Passiva: É o direito de ser votado, que depende do cumprimento


cumulativo das seguintes condições: i) nacionalidade brasileira; ii) pleno exercício dos
direitos políticos; iii) alistamento eleitoral; iv) domicílio eleitoral na circunscrição; v) filiação
partidária e; vi) idade mínima, variável conforme o cargo eletivo.

As idades mínimas são as seguintes: i) 35 anos (Presidente, Vice-Presidente e Senador); ii)


30 anos (Governador e Vice-Governador); iii) 21 anos (Deputado Federal, Deputado Estadual,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz) e; iv) 18 anos (Vereador).

Jurisprudência do STF: A desfiliação e a infidelidade partidárias resultarão na perda do


mandato, salvo justa causa. Essa regra não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema
majoritário.

6) Inelegibilidades:

6.1) Inelegibilidades Absolutas: São inelegíveis os inalistáveis (estrangeiros e conscritos)


e os analfabetos.

6.2) Inelegibilidade por Motivos Funcionais:

Os Chefes do Poder Executivo somente podem ser reeleitos para um único período
subsequente (uma única reeleição). Essa regra não se aplica aos detentores de mandato no
Poder Legislativo.

Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e


do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito. É a desincompatibilização, dispensável quando o Chefe do Poder Executivo
concorre à reeleição.

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6.3) Inelegibilidade Reflexa:

Regra: São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consanguíneos ou afins, até o 2º grau ou por adoção, dos Chefes do Poder Executivo ou de
quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito. Ex: José é Governador de
MG. Seus filhos e cônjuge não poderão se candidatar a nenhum cargo eletivo dentro de MG.

(*) Exceção: A inelegibilidade reflexa não se aplica caso o parente/cônjuge já fosse


titular de mandato eletivo e estivesse se candidatando à reeleição. Ex: Mário (filho de
José) é eleito prefeito de Belo Horizonte. Depois, José se elege Governador. Mário
poderá disputar a reeleição para Prefeito? Sim, ele não será afetado pela inelegibilidade
reflexa, pois já era titular de mandato eletivo.

7) Outras hipóteses de Inelegibilidade: podem ser definidas por lei complementar.

8) Perda e Suspensão de Direitos Políticos: A cassação de direitos políticos não é


admitida no Brasil. Há, apenas, a possibilidade de perda e suspensão de direitos políticos (art.
15, CF/88).

8.1) Perda de Direitos Políticos:

- Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

- Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art.
5º, VIII;

8.2) Suspensão de Direitos Políticos:

- Incapacidade civil absoluta;

- Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

- Improbidade administrativa.

I) PARTIDOS POLÍTICOS

1) Os partidos políticos são entidades de direito privado. É livre a criação, fusão,


incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana (art. 17,
CF/88).

2) Os partidos políticos devem ter caráter nacional.

3) Os partidos políticos são proibidos de receber recursos financeiros de entidade ou governo


estrangeiro ou de subordinar-se a estes.

4) Os partidos políticos devem prestar contas à Justiça Eleitoral.

5) Os partidos políticos têm liberdade para definir sua estrutura interna, bem como
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios.

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6) Os partidos políticos têm liberdade para definir sua organização e funcionamento e adotar
os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias. Com a EC
nº 97/2017, ficaram proibidas as coligações nas eleições proporcionais, regra essa válida a
partir das eleições de 2020.

7) Desde a EC nº 52/2006, não há obrigatoriedade de simetria das coligações em âmbito


nacional, estadual e municipal.

8) Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, mediante


inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Após adquirirem personalidade jurídica,
os partidos políticos deverão registrar seus estatutos no TSE, o que lhes confere capacidade
política.

9) É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

10) Emenda Constitucional nº 97/2017: Instituiu no ordenamento jurídico brasileiro uma


“cláusula de barreira”. Os recursos do fundo partidário e o acesso gratuito ao rádio e à
televisão somente estarão disponíveis para os partidos políticos que cumprirem os requisitos
do art. 17, § 3º, CF/88:

Art. 17 (...)
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação.

(*) A EC nº 97/2017 prevê um regime de transição até 2030, quando a “cláusula de


barreira” estará efetivamente implementada.

(*) A desfiliação e a infidelidade partidárias resultarão na perda do mandato dos


parlamentares eleitos pelo sistema proporcional, salvo justa causa (por exemplo, desvio de
orientação ideológica do partido). Tal regra não se aplica, segundo o art. 17, § 5º, CF/88,
aos parlamentares eleitos por partidos políticos que não cumprem a “cláusula de barreira”.

J) ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

1) Alterações na estrutura da federação:

1.1) Envolvendo Estados:

Art. 18 (...)
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para
se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.

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(*) A edição da lei complementar é ato discricionário do Congresso Nacional. Assim, mesmo
que o resultado do plebiscito seja favorável, o Congresso Nacional não é obrigado a editar a
lei complementar.

(*) A expressão “população diretamente interessada” abrange toda a população do(s)


Estado(s) afetado(s).

1.2) Envolvendo Municípios:

Art. 18 (...)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão
por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei.

(*) O art. 18, § 4º, CF/88, é norma de eficácia limitada, uma vez que é exigida a edição de
lei complementar federal definindo o período dentro do qual podem ocorrer alterações
federativas envolvendo Municípios. Até hoje, a referida lei complementar não foi editada,
motivo pelo qual, atualmente, não podem ser criados novos Municípios no Brasil.

(*) A edição de lei ordinária estadual é ato discricionário da Assembleia Legislativa.

2) Vedações federativas:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

3) Em uma federação, os entes federativos são dotados de autonomia política, a qual se


manifesta por meio de 4 (quatro) capacidades:

a) Auto-organização: Os estados se auto-organização por meio da elaboração das


Constituições Estaduais, exercitando o Poder Constituinte Derivado Decorrente. Os
Municípios se auto-organização por meio das Leis Orgânicas.

b) Autolegislação: É a capacidade dos entes federativos editarem suas próprias leis.

c) Autoadministração: É o poder que os entes federativos têm para exercer suas


atribuições de natureza administrativa, tributária e orçamentária.

d) Autogoverno: Os entes federativos têm poder para eleger seus próprios


representantes.

L) REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

1) As competências podem ser administrativas (quando relacionadas à execução e prestação


de serviços públicos) ou legislativas.

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2) Competências exclusivas da União (art. 21, CF/88): Têm natureza administrativa
(material) e são indelegáveis.

3) Competências privativas da União (art. 22, CF/88): Têm natureza legislativa e são
delegáveis aos Estados mediante lei complementar.

(*) CAPACETE PM: A União tem competência privativa para legislar sobre direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho (art. 22, I).

(*) Súmula Vinculante nº 46: “A definição dos crimes de responsabilidade e o


estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência
legislativa privativa da União”.

(*) A União tem competência privativa para legislar sobre desapropriação (art. 22, II),
trânsito e transportes (art. 22, XI) e seguridade social (art. 22, XXIII).

4) Competências comuns (art. 23, CF/88): Têm natureza administrativa. São


competências comuns a todos os entes federativos.

(*) É competência comum de todos os entes federativos “cuidar da saúde e assistência


pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência” (art. 23, II),
“proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” (art.
23, VI) e “estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito”
(art. 23, XII).

5) Competências concorrentes (art. 24, CF/88): Têm natureza legislativa. Possuem


competência concorrente a União, os Estados e o Distrito Federal.

(*) No âmbito da legislação concorrente, a competência da União está limitada ao


estabelecimento de regras gerais. A competência da União para legislar sobre normas
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

(*) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. A superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

(*) PUFETO: É competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal legislar


sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (art. 24, I)
e sobre orçamento (art. 24, II).

(*) É competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal legislar sobre


proteção do meio ambiente (art. 24, VI), educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação (art. 24, IX) e previdência social,
proteção e defesa da saúde (art. 24, XII).

(*) Os Municípios não têm competência concorrente. Entretanto, os Municípios podem


legislar sobre matérias da competência concorrente, uma vez que têm competência
para suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (art. 30, II).

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6) Competências dos Estados: Os Estados têm competência remanescente (ou residual).
Segundo o art. 25, § 1º, CF/88, “são reservadas aos Estados as competências que não lhes
sejam vedadas por esta Constituição”.

(*) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais
de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação (art. 25, § 2º, CF/88)

7) Competências dos Municípios (art. 30, CF/88): O art. 30 relaciona competências


administrativas e legislativas dos Municípios.

(*) A competência legislativa dos Municípios pode ser exclusiva (“legislar sobre
assuntos de interesse local”) ou suplementar (“suplementar a legislação federal e
estadual, no que couber”).

(*) Súmula Vinculante nº 38: “É competente o Município para fixar o horário de


funcionamento de estabelecimento comercial”.

(*) Súmula Vinculante nº 49: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área”.

(*) Segundo o STF, o Município é competente para legislar sobre meio ambiente,
desde que haja interesse local. A existência de interesse local deverá ser
fundamentada pelo Município e poderá resultar, inclusive, em legislação ambiental mais
restritiva do que a União e dos Estados.

(*) Segundo o STF, é competência da União legislar sobre o horário de funcionamento


de agências bancárias.

8) Competências do Distrito Federal: Ao Distrito Federal são atribuídas as competências


legislativas reservadas aos Estados e Municípios (art. 32, § 1º, CF/88).

M) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1) Acesso a cargos, empregos e funções públicas:

Os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros (natos e naturalizados) e aos estrangeiros.
Estrangeiros podem ocupar cargo público, mas não podem exercer mandato político (são
inelegíveis).
Os brasileiros, para que possam ter acesso aos cargos, empregos e funções públicas, devem
cumprir os requisitos definidos em lei. Nesse sentido, o STF tem algumas decisões
importantes:
a) Súmula Vinculante nº 44 (STF): "Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público."
b) “A fixação do limite de idade via edital não tem o condão de suprir a exigência
constitucional de que tal requisito seja estabelecido por lei.”
c) “Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores
constitucionais” (RE 898450/SP).

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2) Concurso Público:

Regra Geral: A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em


concurso público de provas ou de provas e títulos. Exceção: Os cargos em comissão são
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. A investidura em cargo em comissão não
se dá por concurso público.

(*) Súmula Vinculante nº 43: “É inconstitucional toda modalidade de provimento


que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido”.

O prazo de validade do concurso público é de até 2 (dois) anos, prorrogável uma vez por
igual período.

Segundo o STF, a aprovação em concurso dentro do número de vagas previsto no edital


garante direito subjetivo do candidato à nomeação (RE 598.099).

Segundo o STF, a cláusula de barreira em concursos públicos (ou “cláusula de


afunilamento”) é constitucional (RE 635.739).

3) Cargos em comissão:

Os cargos em comissão são declarados em lei de livre nomeação e exoneração. As funções de


confiança destinam-se exclusivamente a servidores ocupantes de cargos efetivos.
É vedada a prática do nepotismo, que fere os princípios da moralidade e da
impessoalidade. Também é vedado o “nepotismo cruzado”.

(*) Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em


linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta, em qualquer
dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

(*) ATENÇÃO! A SV nº 13 não se aplica à nomeação para cargos políticos.

4) Direitos sociais dos servidores públicos:

Os servidores públicos têm direito à livre associação sindical (art. 37, VI) e à greve (art. 37,
VII). O direito de greve dos servidores públicos é, todavia, uma norma de eficácia limitada.
Cabe destacar que aos militares é vedada a sindicalização e a greve (art. 142, IV).

(*) Segundo o STF, a Administração Pública deve descontar da remuneração dos


servidores públicos grevistas os dias de paralisação (RE nº 693.456).

(*) Os servidores públicos não têm direito, dentre outros, aos seguintes direitos
sociais: i) seguro-desemprego; ii) fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS); iii)
piso salarial; e iv) aviso prévio.

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(*) Súmula Vinculante nº 55: “O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos
servidores inativos”.

5) Remuneração dos servidores públicos:

A remuneração dos servidores públicos é fixada por lei específica, observada a iniciativa
privativa em cada caso e assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices.

O subsídio, é uma forma de remuneração fixada em parcela única, sem acréscimo de


qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória. Podem ser acrescidas ao subsídio verbas indenizatórias.

(*) O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os


Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio.

(*) Os subsídios do Presidente, Vice-Presidente, Deputados Federais, Senadores e


Ministros de Estado são fixados por decreto legislativo.

A remuneração de todos os servidores está sujeita a um teto remuneratório geral do


funcionalismo público, que é o subsídio dos Ministros do STF.

(*) O teto remuneratório não se aplica a todos os empregados públicos, mas


apenas àqueles de empresas públicas e sociedades de economia mista que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para pagamento
de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, §9º).

(*) Excetuam-se dos limites remuneratórios constitucionais as parcelas


indenizatórias fixadas em lei.

Nos Estados e no Distrito Federal, o subteto é variável por Poder. No Poder Executivo, o
limite é o subsídio do Governador. No Poder Legislativo, o limite é o subsídio dos deputados
estaduais e distritais. No Poder Judiciário, o limite é o subsídio dos desembargadores do
Tribunal de Justiça (esse limite também se aplica aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos).

(*) Os Estados podem, mediante emenda à Constituição Estadual, fixar um subteto


único, ao invés de termos subtetos específicos por Poder (art. 37, § 12). Quando isso
ocorrer, o subteto único deverá ser o subsídio dos desembargadores do Tribunal de
Justiça.

Nos Municípios, a remuneração de todos os servidores públicos têm como limite o subsídio
do Prefeito. Esse é o subteto remuneratório nos Municípios.

Segundo o art. 37, XII, CF/88, os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.

É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o


efeito de remuneração de pessoal do serviço público (art. 37, XIII).

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(*) Súmula Vinculante nº 42: “É inconstitucional a vinculação do reajuste de
vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção
monetária.”

Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores (art. 37, XIV). Veda-se, desse
modo, o “efeito-repique”, ou seja, ficam proibidos os “adicionais em cascata”.

6) Acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas:

Para a acumulação remunerada de cargos públicos, é necessário que haja compatibilidade de


horários. A CF/88 autoriza a acumulação remunerada nos seguintes casos:

a) 2 cargos públicos de professor;

b) 1 cargo de professor com 1 cargo técnico ou científico;

c) 2 cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas.

A proibição de acumular é ampla, alcançando todas as esferas de governo (União, Estados,


Distrito Federal e Municípios), todos os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e toda a
Administração Pública (direta ou indireta).

(*) Segundo o STF, em caso de acumulação de cargos, o teto constitucional deve ser
observado para cada cargo, individualmente considerado (RE 602.043).

7) Servidores Públicos e Mandato Eletivo:

O servidor público que for investido em mandato federal, estadual ou distrital será afastado
do cargo.

O servidor público que for investido no mandato de Prefeito será afastado do cargo, podendo
optar pela remuneração.

Por último, o servidor público que for investido no mandato de Vereador poderá: a) se
houver compatibilidade de horários, acumular o cargo público com o mandato eletivo; b) se
não houver compatibilidade de horários, será afastado do cargo público, podendo optar pela
remuneração.

(*) Nos casos de afastamento do servidor, seu tempo de exercício no mandato


eletivo será contado como tempo de serviço para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento. Para efeito de benefício previdenciário, no caso de
afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.

8) Estabilidade dos servidores públicos:

A estabilidade é adquirida após 3 anos de efetivo exercício e avaliação especial de


desempenho. Somente servidores ocupantes de cargos efetivos é que adquirem a
estabilidade.

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O servidor estável apenas pode perder o cargo nas seguintes hipóteses:

a) Sentença judicial transitada em julgado.

b) Processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa

c) Procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa

d) Excesso de despesa com pessoal (art. 169, § 3º).

N) PODER LEGISLATIVO

1) Estrutura do Poder Legislativo:

1.1) Câmara dos Deputados: É composta por representantes do povo (Deputados


Federais), eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal.

(*) O número total de Deputados Federais, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar.

(*) Os Territórios Federais têm o número fixo de 4 (quatro) Deputados Federais.

1.2) Senado Federal: É composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal
(Senadores), eleitos pelo sistema majoritário simples.

(*) Cada Estado e o Distrito Federal elege três Senadores, com mandato de oito anos
(art. 46, § 1º, CF). A representação de cada Estado e do Distrito Federal renova-se de
quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços (art. 46, § 2º, CF).

(*) Cada senador é eleito com 2 (dois) suplentes.

2) Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs): As CPIs realizam a investigação


parlamentar, produzindo o inquérito legislativo. As CPIs não julgam, não acusam e não
promovem a responsabilidade de ninguém. As conclusões da CPI, quando for o caso, são
encaminhadas ao Ministério Público, a fim de que promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores. As CPIs podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, em conjunto ou separadamente.

2.1) Requisitos para a criação de CPI: Para a criação de CPI, exige-se: i) requerimento
de 1/3 (um terço) dos membros da Casa Legislativa; ii) indicação de fato determinado a ser
investigado e; iii) fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos.

(*) Os requisitos para a criação de CPI estão sujeitos ao controle jurisdicional.

(*) A CPI é um direito das minorias. Em virtude disso, o STF considera inconstitucional
que o requerimento de criação de CPI seja submetido à deliberação do Tribunal.

(*) Não se admite a criação de CPI para investigações genéricas.

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(*) É possível que ocorram sucessivas prorrogações de prazo da CPI, dentro da
mesma legislatura.

2.2) Poderes de Investigação das CPIs:

2.2.1) As CPIs tem competência para convocar qualquer pessoa para depor
(particulares, servidores públicos, Ministros de Estado e titulares de órgãos ligados à
Presidência da República), na qualidade de testemunhas ou indiciados. As
testemunhas, uma vez convocadas por CPI, são obrigadas a comparecer, sendo
cabível, inclusive, a requisição de força policial para promover-lhes a condução
coercitiva.

(*) Segundo o STF, o privilégio contra a autoincriminação se aplica a qualquer


pessoa ouvida por CPI, independentemente de estar na condição de testemunha
ou de investigada. O depoente em CPI pode ter a assistência de advogado.

2.2.2) As CPIs tem poder para determinar a realização de perícias e exames


necessários à dilação probatória, bem como requisição de documentos e busca de
todos os meios de prova legalmente admitidos.

2.2.3) As CPIs podem determinar a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico.

2.3) Limitações aos poderes das CPIs: Os poderes das CPIs são limitados pelos direitos
fundamentais e pelo princípio da separação de poderes.

2.3.1) As CPIs não podem determinar prisão, exceto em flagrante delito.

2.3.2) As CPIs não podem determinar a aplicação de medidas cautelares.

2.3.3) As CPIs não podem determinar interceptação telefônica e a busca e apreensão


domiciliar.

2.3.4) As CPIs não podem apreciar atos de natureza jurisdicional.

2.3.5) As CPIs não podem convocar o Chefe do Poder Executivo para depor.

3) Imunidade material dos parlamentares: Segundo o art. 53, CF/88, os Deputados e


Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos.

(*) Segundo o STF, a imunidade material alcança todas as manifestações dos


congressistas em que se identifique uma conexão entre o ato praticado e o exercício do
mandato parlamentar. Assim, mesmo manifestações fora do recinto do Congresso
Nacional poderão estar abrangidas pela imunidade material.

(*) A imunidade material tem como termo inicial a data da posse.

4) Imunidade formal dos parlamentares:

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- Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser
presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável (art. 53, § 2º, CF). Segundo o STF, o
parlamentar também poderá ser preso após uma sentença judicial transitada em julgado.

- A Casa Legislativa poderá sustar o andamento de ação penal contra parlamentar, por
crime ocorrido após a diplomação. Uma vez recebida a denúncia contra o Senador ou
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. (art. 53,
§ 3º, CF).

(*) O afastamento de parlamentar para ocupar cargo no Poder Executivo resultará


na suspensão das imunidades parlamentares (imunidade material e imunidade formal).

5) Prerrogativa de foro: Segundo o art. 53, §1º, os Deputados e Senadores, desde a


expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

(*) O julgamento será feito pelo STF inclusive para crimes cometidos após a
diplomação. Quando o mandato se encerra, o processo é enviado à Justiça comum, não
cabendo mais falar-se em foro por prerrogativa de função.

(*) Os inquéritos policiais que tenham os congressistas como indiciados deverão


tramitar perante o STF, que exercerá a atividade de supervisão judicial.

(*) O parlamentar que se afastar para ocupar cargo no Poder Executivo não perde o
foro por prerrogativa de função.

(*) Caso Eduardo Cunha: A suspensão do exercício do mandato por decisão do STF em
sede cautelar penal não gera a direito à suspensão do processo de cassação do mandato por
quebra de decoro parlamentar.

O) TRIBUNAIS DE CONTAS

1) Os Tribunais de Contas são órgãos independentes e autônomos, sem subordinação


hierárquica a qualquer dos Poderes da República. A atuação dos Tribunais de Contas alcança
toda a Administração Pública (direta e indireta), de todos os Poderes.

2) Súmula STF nº 347: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode


apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”. Trata-se de controle
incidental de constitucionalidade.

3) O Tribunal de Contas da União (TCU) é composto de 9 (nove) Ministros. Tem sede no


Distrito Federal e jurisdição em todo o território nacional. Seus Ministros dispõem das
mesmas prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior
Tribunal de Justiça (STJ).

(*) A escolha de um terço (três) desses Ministros cabe ao Presidente da República,


com posterior aprovação dos nomes pelo Senado Federal. Dois desses Ministros
deverão ser escolhidos alternadamente entre auditores e membros do Ministério
Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo TCU, segundo critérios de

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antiguidade e merecimento. Os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso
Nacional, na forma de seu regimento interno.

4) Competências do TCU:

4.1) O TCU tem competência para apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar
de seu recebimento.

(*) O julgamento das contas do Presidente da República cabe ao Congresso Nacional.

4.2) O TCU tem competência para julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por recursos públicos.

4.3) O TCU tem competência para apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, excetuadas as
nomeações para cargo em comissão,

4.4) O TCU tem competência para apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório.

(*) O TCU somente aprecia a concessão de aposentadorias obtidas pelo RPPS dos
servidores estatutários.

(*) Súmula Vinculante nº 03: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”.

4.5) O TCU tem competência para sustar atos administrativos, comunicando a decisão à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. A sustação de contratos administrativos
compete ao Congresso Nacional.

4.6) O TCU tem competência para requisitar informações relativas a operações de crédito
originárias de recursos públicos. Não se trata de quebra de sigilo bancário.

4.7) As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de
título executivo (art. 71, § 3º, CF/88). A execução dessas decisões, todavia, não compete ao
TCU, mas sim à Advocacia-Geral da União.

4.8) O TCU encaminha ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades (art. 71, § 4º, CF/88).

(*) RE nº 846.826: Segundo o STF, tanto as contas de governo quanto as contas


de gestão do Prefeito serão julgadas politicamente pela Câmara Municipal. Os
Tribunais de Contas elaboram um parecer prévio, mas que tem caráter meramente
opinativo. O parecer dos Tribunais de Contas sobre as contas do Prefeito somente
deixará de prevalecer pelo voto de 2/3 dos membros da Câmara Municipal.

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P) PODER JUDICIÁRIO – DISPOSIÇÕES GERAIS

1) Garantias funcionais dos magistrados: São a vitaliciedade, a inamovibilidade e a


irredutibilidade de subsídios.

1.1) Vitaliciedade: No primeiro grau, será adquirida após dois anos de efetivo
exercício. No caso de nomeações para um Tribunal, a vitaliciedade é adquirida na data
da posse. Uma vez adquirida a vitaliciedade, o juiz somente perderá o cargo por
sentença judicial transitada em julgado.

1.2) Inamovibilidade: Os juízes não podem ser removidos de ofício, salvo por motivo
de interesse público, que fica caracterizado por maioria absoluta do CNJ ou maioria
absoluta do Tribunal ao qual está vinculado.

1.3) Irredutibilidade de subsídios: A proteção conferida pela CF/88 é ao valor


nominal dos subsídios.

2) Vedações aos magistrados:

Art. 95 (...)
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

3) O “quinto constitucional”:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos
Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados
em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a
ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus
integrantes para nomeação.

(*) O “quinto constitucional” se aplica aos TJs, TRFs, TRTs e TST.

(*) O Tribunal poderá recusar o nome de uma ou de todas as pessoas indicadas na lista
sêxtupla. Não poderá, todavia, substituir os nomes da lista sêxtupla por outros.

4) Remoção, disponibilidade e aposentadoria compulsória: São sanções aplicadas aos


magistrados por decisão da maioria absoluta do CNJ ou da maioria absoluta do Tribunal ao
qual estão vinculados.

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Q) CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

1) O CNJ é o órgão de controle interno do Poder Judiciário. Suas atribuições têm caráter
exclusivamente administrativo. Apesar de integrar o Poder Judiciário, não exerce jurisdição.

2) O CNJ é responsável por exercer o controle da atuação administrativa e financeira do


Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

3) O CNJ foi criada pela EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário). Na ADI 3.367/DF, o STF
entendeu que a criação do CNJ não violou o pacto federativo e a separação de poderes.

(*) Súmula STF nº 649: É inconstitucional a criação, por Constituição Estadual, de


órgão de controle administrativo do Judiciário do qual participem representantes de
outros Poderes ou entidades.

4) O CNJ compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida


uma recondução. O Presidente do STF exerce a presidência do CNJ. Nas suas ausências e
impedimentos, a presidência do CNJ é exercida pelo Vice-Presidente do STF.

(*) Os membros do CNJ são nomeados pelo Presidente da República, após aprovação
do Senado Federal.

(*) O Ministro do STF exercerá a função de Ministro-Corregedor.

(*) O Procurador-Geral da República (PGR) e o Presidente do Conselho Federal da OAB


oficiarão junto ao CNJ.

5) Competências do CNJ

Art. 103-B (...)


§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da
Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder
Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
Tribunal de Contas da União;
III- receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de
serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou
oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais,
podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo
de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública
ou de abuso de autoridade;
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e

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membros de tribunais julgados há menos de um ano;
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças
prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre
a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.

(*) O CNJ não poderá examinar os atos de conteúdo jurisdicional.

(*) A competência correicional e disciplinar é concorrente entre os Tribunais e o CNJ.


Segundo o STF, “não há necessidade de exaurimento da instância administrativa ordinária
para a atuação do CNJ”.

(*) O CNJ poderá, ao rever processo disciplinar de juízes e membros e tribunais, agravar ou
abrandar a decisão disciplinar revista.

R) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

1) O STJ é composto de, no mínimo, 33 Ministros. Os Ministros do STJ são nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de 35 e menos
de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. A nomeação ocorrerá após
aprovada a escolha por maioria absoluta do Senado Federal.

(*) Para decorar o número de membros do STJ, utilize a frase “Somos Todos de
Jesus”, lembrando-se de que Cristo morreu com 33 anos.

2) Composição do STJ: i) 1/3, dentre juízes de TRFs; ii) 1/3, dentre desembargadores de
TJs e; 1/3, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
Federal e Territórios, alternadamente.

(*) O STJ elabora lista tríplice com indicados oriundos dos TRFs e TJs, que será
encaminhada ao Presidente da República.

(*) A OAB e o Ministério Público elaboram lista sêxtupla, encaminhando-a ao STJ. O


STJ, a partir desses nomes, elabora lista tríplice, que é encaminhada ao Presidente da
República. Cabe destacar que, para serem indicados, os membros do MP devem ter
mais de 10 anos de carreira e os advogados mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional.

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3) Competências originárias do STJ:

3.1) Foro por prerrogativa de função:

Autoridade Crime Comum Crime de Responsabilidade


Governador STJ Tribunal Especial
Desembargadores dos TJs STJ STJ
Membros dos TCEs STJ STJ
Membros dos TRF`s, TREs e TRTs STJ STJ
Membros dos TCMs STJ STJ
Membros do MPU que oficiem perante STJ STJ
tribunais

3.2) O STJ processa e julga, originariamente, os conflitos de competência entre quaisquer


tribunais (ressalvados os conflitos envolvendo algum Tribunal superior), entre tribunal e
juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.

3.3) O STJ processa e julga, originariamente, a homologação de sentenças estrangeiras e a


concessão de exequatur às cartas rogatórias.

(*) A execução de sentenças estrangeiras e de cartas rogatórias é da competência dos


juízes federais (art. 109, X).

4) Competências recursais do STJ:

4.1) Recurso ordinário:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(…)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de
um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

(*) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um


lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, será de competência
originária dos juízes federais (art. 109, II).

4.2) Recurso especial:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

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b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

(*) O recurso especial independe da existência de repercussão geral.

S) FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – MINISTÉRIO PÚBLICO

1) A organização do MPU é objeto de lei complementar, de iniciativa concorrente do


Presidente da República e do Procurador-Geral da República (PGR). Cada Estado deverá
editar lei complementar dispondo sobre a organização do MPE, a qual será de iniciativa
concorrente do Governador e do Procurador-Geral de Justiça.

(*) A CF/88 prevê que lei ordinária federal irá dispor sobre normas gerais de
organização do Ministério Público dos Estados, Distrito Federal e Territórios.

2) Princípios institucionais do Ministério Público: São princípios institucionais do MP a


unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.

2.1) Unidade: O Ministério Público deve ser considerado um único órgão (uma única
instituição), sob a direção de uma única pessoa (um único Procurador-Geral). Para atender
o princípio federativo, o Ministério Público está organicamente dividido em MPU e MPEs.

(*) O Procurador-Geral da República (PGR) é o representante nacional do Ministério


Público.

2.2) Indivisibilidade: Os membros do Ministério Público podem ser substituídos uns


pelos outros ao longo do processo, desde que sejam da mesma carreira.

2.3) Independência funcional: O Ministério Público não está sujeito a qualquer


interferência de outro órgão ou Poder da República. Os membros do MP estão vinculados
apenas ao ordenamento jurídico e à sua convicção. Os membros do Ministério Público não
estão subordinados a qualquer hierarquia funcional. A hierarquia que existe dentro do
Ministério Público é meramente administrativa.

(*) A independência funcional impõe a necessidade de que existam regras


preestabelecidas para a substituição de membros do Ministério Público no curso de um
processo. Pode-se dizer, assim, que a independência funcional limita a indivisibilidade.

3) Garantias funcionais dos membros do MP:

Os membros do MP possuem vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios.

A vitaliciedade é adquirida após 2 (dois) anos de efetivo exercício. Uma vez adquirida a
vitaliciedade, o membro do MP somente perderá o cargo por sentença judicial transitada em
julgado.

A inamovibilidade impede que os membros do MP sejam removidos de ofício, salvo por


motivo de interesse público, por decisão da maioria absoluta do órgão colegiado do Ministério
Público.

A irredutibilidade de subsídios protege o valor nominal dos subsídios dos membros do MP.

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4) Chefia do Ministério Público:

O Procurador-Geral da República (PGR) é o Chefe do MPU. Ele é nomeado pelo


Presidente da República, dentre integrantes da carreira maiores de 35 (trinta e cinco) anos,
após aprovação de seu nome por maioria absoluta do Senado Federal. O seu mandato é de 2
(dois) anos, sendo admitidas sucessivas reconduções.

(*) O PGR poderá ser destituído por iniciativa do Presidente da República, desde que
haja autorização do Senado Federal, por maioria absoluta.

(*) Não há que se falar em lista tríplice para nomeação do PGR.

T) FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – DEFENSORIA PÚBLICA

1) A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do


Estado. Tem por incumbência a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa, em todos os graus, judicial ou extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de
forma integral e gratuita, aos necessitados.

2) O ingresso nas carreiras da Defensoria Pública se dará mediante concurso público de


provas e títulos. Os seus integrantes serão remunerados por meio de subsídio e farão jus à
garantia da inamovibilidade.

(*) Os Defensores Públicos não possuem vitaliciedade.

3) Os Defensores Públicos não poderão exercer a advocacia fora das atribuições


institucionais.

4) As Defensorias Públicas possuem autonomia funcional e administrativa e, além disso,


podem apresentar sua proposta orçamentária, obedecidos os limites definidos pela LDO.

(*) Em razão da autonomia funcional e administrativa da Defensoria Pública, o STF


considera inconstitucional norma estadual que estabeleça a vinculação da Defensoria
Pública Estadual a alguma Secretaria de Estado.

5) São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, indivisibilidade e


independência funcional.

U) FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA – ADVOCACIA PÚBLICA E ADVOCACIA

1) A Advocacia-Geral da União (AGU) tem competência para: a) representar a União,


judicial e extrajudicialmente e; b) realizar as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo, nos termos de lei complementar.

(*) Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe


à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

(*) Segundo o STF, é constitucional a manutenção de assessoria jurídica própria por


Poder autônomo.

2) O ingresso na carreira da AGU se dá mediante concurso público de provas e títulos.

3) A organização e funcionamento da AGU é regulada por meio de lei complementar.

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4) A AGU tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada (art. 131, § 1º, CF).

(*) A nomeação do Advogado Geral da União independe de qualquer manifestação do


Senado Federal.

5) Os membros da Advocacia Pública não gozam de vitaliciedade, mas apenas de estabilidade


após 3 (três) anos de efetivo exercício. Também não possuem inamovibilidade.

6) Advocacia Privada: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo


inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei (art. 133,
CF/88).

V) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1) Controle de Constitucionalidade: consiste na aferição da validade das normas face à


Constituição. Tem como pressupostos: i) existência de uma Constituição escrita e rígida e; ii)
existência de um mecanismo de fiscalização das leis, com previsão de, pelo menos, um órgão
com competência para o exercício da atividade de controle.

2) Espécies de Inconstitucionalidade:

2.1) Inconstitucionalidade por ação x Inconstitucionalidade por omissão:

Na inconstitucionalidade por ação, o desrespeito à Constituição resulta de uma conduta


positiva de um órgão estatal. Na inconstitucionalidade por omissão, por sua vez, verifica-
se a inércia do legislador frente a um dispositivo constitucional carente de regulamentação
por lei.

2.2) Inconstitucionalidade material x Inconstitucionalidade formal:

A inconstitucionalidade material (ou nomoestática) ocorre quando o conteúdo da lei


contraria a Constituição. A inconstitucionalidade formal (ou nomodinâmica), por sua vez,
caracteriza-se pelo desrespeito ao processo de elaboração da norma.

2.3) Inconstitucionalidade total x Inconstitucionalidade parcial:

A inconstitucionalidade total fica caracterizada quando o ato normativo for considerado,


em sua totalidade, incompatível com a Constituição. A inconstitucionalidade parcial, por
sua vez, ocorrerá quando apenas parte do ato normativo for considerada inválida.

(*) O Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade parcial de fração de


artigo, parágrafo, inciso, alínea ou até mesmo sobre uma única palavra ou expressão
do ato normativo (Princípio da parcelaridade).

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2.4) inconstitucionalidade direta x Inconstitucionalidade indireta:

Quando um ato normativo primário violar a Constituição, estaremos diante de uma


inconstitucionalidade direta. Por outro lado, quando um ato normativo secundário (como,
por exemplo, um decreto) violar a Constituição, estaremos diante de uma
inconstitucionalidade indireta (reflexa).

(*) O STF só reconhece a existência de inconstitucionalidade direta. Para a Corte,


quando um ato normativo secundário viola o texto constitucional, há um vício de
legalidade.

(*) Pode-se afirmar que, no Brasil, há uma única possibilidade de inconstitucionalidade


indireta: a inconstitucionalidade “por arrastamento” (derivada, consequencial ou
“por atração”).

2.5) Inconstitucionalidade originária x Inconstitucionalidade superveniente:

Quando a norma-parâmetro for anterior à norma objeto da impugnação, estaremos diante de


uma inconstitucionalidade originária. Por outro lado, quando a norma-parâmetro for
posterior à norma objeto da impugnação, será caso de inconstitucionalidade
superveniente.

(*) Segundo o STF, o ordenamento jurídico brasileiro não admite a


inconstitucionalidade superveniente. Quando uma nova Constituição é promulgada, ela
revoga ou recepciona as leis que estiverem em vigor.

3) Controle Difuso: É realizado por qualquer juiz ou Tribunal do país. Ocorre diante de um
caso concreto, em que a declaração de inconstitucionalidade se dá de modo incidental, como
antecedente lógico ao exame do mérito.

3.1) Legitimação ativa: São legitimados ativos todas as partes do processo e eventuais
terceiros intervenientes no processo, bem como o Ministério Público, que atua como fiscal da
lei. Além disso, o Poder Judiciário pode declarar de ofício a inconstitucionalidade da lei,
afastando sua aplicação ao caso concreto.

3.2) Objeto: Qualquer lei ou ato normativo (federal, estadual, distrital ou municipal) poderá
ser objeto do controle difuso de constitucionalidade.

3.3) Parâmetro de controle: Qualquer norma constitucional que estivesse em vigor no


momento da edição do ato normativo questionado.

3.4) Controle difuso nos Tribunais: O juiz monocrático (singular) pode declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. No entanto, quando a declaração de
inconstitucionalidade é feita por Tribunal, há que se observar a cláusula de reserva de
plenário (art. 97, CF/88).

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público.

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(*) Como regra geral, os órgãos fracionários de Tribunais não podem declarar a
inconstitucionalidade das leis.

(*) Mitigações à reserva de plenário: a) Os órgãos fracionários podem declarar a


constitucionalidade de lei ou ato normativo; b) Quando o órgão especial, o Plenário do
Tribunal ou o Plenário do STF já tiverem declarado a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo, o órgão fracionário poderá, ele próprio, declarar a inconstitucionalidade da
norma; c) Não se aplica a cláusula de reserva de plenário à resolução de problemas de
direito intertemporal (juízo de recepção ou revogação) e; d) Não se aplica a cláusula
de reserva de plenário quando é utilizada a técnica de “interpretação conforme a
Constituição”.

(*) Súmula Vinculante no 10: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo
97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente
a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência,
no todo ou em parte”.

3.5) Efeitos da decisão: No controle difuso, a declaração de inconstitucionalidade têm


efeitos inter partes e não vinculante. Quanto ao aspecto temporal, a declaração de
inconstitucionalidade no controle difuso produz efeitos “ex tunc” (efeitos retroativos).

(*) Há uma possibilidade excepcional em que decisão no controle difuso terá efeitos
erga omnes e vinculante: reversão de jurisprudência do STF. É o que acontece
quando decisão do STF em sede de RE ou Reclamação Constitucional substitui anterior
decisão em ADI.

(*) É possível a modulação dos efeitos temporais de decisão em sede de controle


difuso. Assim, a declaração de inconstitucionalidade poderá ter efeitos prospectivos
(“ex nunc”). O STF também admite a modulação dos efeitos temporais por ocasião da
declaração de não-recepção de uma lei.

3.6) Atuação do Senado Federal: O Senado Federal tem competência para suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF
(art. 52, X).

(*) O ato de suspensão da execução de lei é de natureza política e, portanto,


discricionário. Não há prazo para atuação do Senado Federal.

(*) O Senado Federal poderá suspender qualquer lei declarada inconstitucional pelo
STF, seja ela uma lei federal, estadual, distrital ou municipal.

(*) A deliberação do Senado Federal acerca da suspensão de lei declarada


inconstitucional pelo STF é irretratável.

(*) O Senado Federal, ao suspender a execução de lei, não poderá ampliar, restringir
ou interpretar a decisão do STF.

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4) Súmulas Vinculantes:

O STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois terços) dos
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula
vinculante. A súmula vinculante irá obrigar todos os demais órgãos do Poder Judiciário e a
Administração Pública, em todos os níveis federativos. Sua validade é a partir da data de
publicação na imprensa oficial.

(*) As SVs não vinculam o STF, o Poder Legislativo (no exercício de sua função típica
de legislar) e o Poder Executivo (no exercício de sua função atípica de legislar). A não
vinculação da atividade legislativa existe para evitar a “fossilização constitucional”.

(*) Podem propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula


vinculante os mesmos legitimados para propor ADI (art. 103, CF/88). Além deles,
podem propor a edição, revisão ou cancelamento de súmula vinculante: i) o STF; ii) o
Defensor Público-Geral da União; iii) os Tribunais do Poder Judiciário e; iv) os
Municípios, no curso de um processo em que sejam parte.

(*) A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante


não autoriza a suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão (art. 6º,
Lei nº 11.417/2006).

(*) Por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público, o STF


poderá, por decisão de 2/3 dos seus membros, restringir os efeitos da Súmula
Vinculante ou decidir que ela só terá eficácia a partir de outro momento.

(*) Caso seja praticado ato administrativo ou proferida decisão judicial que contrarie
os termos da súmula, a parte prejudicada poderá intentar reclamação diretamente
perante o STF. Ao julgar procedente o pedido de reclamação, o STF anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada.

5) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI):

5.1) Objeto de controle: A ADI tem como objeto a aferição da validade de lei ou ato
normativo federal ou estadual editados posteriormente à promulgação da CF/88.

(*) Podem ser objeto de ADI: i) espécies normativas do art. 59, CF/88; ii) decretos
autônomos; iii) tratados internacionais; iv) regimentos internos dos Tribunais e das
Casas Legislativas; v) Constituições e leis estaduais.

(*) Não podem ser objeto de ADI: i) normas constitucionais originárias; ii) leis e atos
normativos revogados ou com eficácia exaurida; iii) direito pré-constitucional; iv)
súmulas e súmulas vinculantes; e v) atos normativos secundários.

(*) Segundo o STF, os atos de efeitos concretos não podem ser objeto de ADI, salvo
se forem aprovados sob a forma de lei em sentido estrito.

(*) Leis municipais não podem ser objeto de ADI perante o STF. Leis distritais editadas
no exercício de competência municipal também não podem ser objeto de ADI no STF.

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5.2) Legitimados Ativos:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de


constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

(*) Segundo o STF, a aferição da legitimidade do partido político para propor a ADI deve ser
feita no momento da propositura da ação. Assim, a perda superveniente de representação do
partido no Congresso Nacional não irá prejudicar a ADI.

(*) Dentre todos os legitimados do art. 103, CF/88, apenas dois necessitam de advogado
para a propositura da ação: i) partido político com representação no Congresso Nacional e ii)
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

(*) São legitimados especiais e, portanto, precisam demonstrar pertinência temática: i) o


Governador de Estado e do DF; ii) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa
do DF e; iii) confederação sindical e entidade de classe de âmbito nacional.

5.3) Atuação do PGR e AGU: O Advogado-Geral da União (AGU) e o Procurador-Geral da


República (PGR) deverão se manifestar no âmbito de uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI). No processo de ADI, o AGU irá atuar, em regra, na defesa da
constitucionalidade da norma impugnada. O PGR atua conforme sua livre convicção jurídica.

5.4) Efeitos da decisão:

As decisões de mérito em ADI produzem efeitos “ex tunc” (retroativos). Por decisão de
2/3 (dois terços) dos seus membros, o STF pode proceder à modulação dos efeitos temporais
da sentença. Assim, excepcionalmente, a decisão em sede de ADI poderá ter efeitos “ex
nunc” ou mesmo poderá ter eficácia a partir de um outro momento fixado pela Corte.

A decisão em sede de ADI terá eficácia contra todos (“erga omnes”), ou seja, alcança
indistintamente a todos.

A decisão definitiva de mérito proferida pelo STF em ADI terá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal.

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6) Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC):

6.1) Objeto de controle: A ADC tem como objeto lei ou ato normativo federal editados
posteriormente à promulgação da CF/88.

(*) Para que a ADC seja ajuizada, é necessário que haja controvérsia judicial que
esteja pondo em risco a presunção de constitucionalidade da norma impugnada.

(*) Em um mesmo processo de controle concentrado submetido ao STF, é possível que


haja cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC.

6.2) Legitimados ativos: São os mesmos legitimados a propor ADI.

6.3) Não atuação da AGU: O AGU não participa do processo de ADC, uma vez que a norma
não está sendo “atacada”, mas sim defendida por meio da ação.

6.4) Atuação do PGR: O PGR deverá sempre se manifestar, segundo sua livre convicção
jurídica.

6.5) Efeitos da decisão: A decisão em sede de ADC produzirá eficácia contra todos
(“erga omnes”) e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário
e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Além
disso, a decisão, em sede de ADC, produz efeitos retroativos (“ex tunc”). Quando houver
a declaração de inconstitucionalidade da norma, é possível a modulação dos efeitos temporais
da sentença.

7) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO):

7.1) Cabimento: A ADO é cabível para combater as omissões inconstitucionais, sejam elas
legislativas ou administrativas. Enquanto o mandado de injunção é utilizado para combater as
omissões inconstitucionais em concreto, a ADO visa atacar as omissões em abstrato.

7.2) Legitimados ativos: São os mesmos legitimados a propor ADI.

7.4) Objeto: Por meio de ADO, podem ser impugnadas omissões de órgãos federais e
estaduais em face da CF/88. A ADO pode combater omissões totais ou parciais.

7.5) Atuação do AGU / PGR: Na ADO, o PGR deverá sempre se manifestar. A participação
do AGU não é obrigatória.

7.6) Efeitos da decisão:

Em caso de omissão de um do Poderes do Estado: o STF dará ciência ao Poder


competente para a adoção das providências necessárias.

Em caso de omissão imputável a órgão administrativo: o STF notificará o órgão para que
adote as providências necessárias em 30 (trinta) dias a partir da ciência da decisão ou em
outro prazo razoável a ser estipulado pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias
específicas do caso e o interesse público envolvido.

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8) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF):

8.1) Parâmetro de controle: Na ADPF, o parâmetro de controle é mais restrito, pois nem
todas as normas constitucionais se enquadram como preceitos fundamentais.

8.2) Legitimados ativos: Podem propor ADPF os mesmos legitimados ativos da ADI, da
ADO e da ADC.

8.3) Subsidiariedade: A ADPF tem caráter subsidiário, ou seja, não será admitida ADPF
quando houver qualquer outro meio eficaz para sanar a lesividade.

(*) O caráter subsidiário da ADPF deve ser interpretado apenas dentro do contexto das ações
de controle concentrado. Dessa forma, a possibilidade de enfrentamento de uma questão por
meio de recurso extraordinário não exclui a admissibilidade de ADPF.

8.4) Cabimento de ADPF: A ADPF é cabível diante de: i) leis ou atos normativos anteriores
à Constituição; ii) leis e atos normativos municipais; iii) interpretações judiciais violadoras
de preceitos fundamentais e; iv) direito pós-constitucional já revogado ou de efeitos
exauridos.

(*) Não cabe ADPF contra súmula vinculante.

(*) Não cabe ADPF contra veto do Chefe do Poder Executivo.

8.5) Fungibilidade: A ADI e a ADPF são consideradas ações fungíveis, o que significa que
uma pode ser substituída pela outra. Em razão disso, uma ADPF ajuizada perante o STF
poderá ser conhecida como ADI. Da mesma forma, uma ADI poderá ser conhecida como
ADPF.

8.6) Efeitos da decisão: A decisão em sede de ADPF produzirá eficácia contra todos
(“erga omnes”) e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário
e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Além
disso, a decisão, em sede de ADPF, produz efeitos retroativos (“ex tunc”). É possível a
modulação dos efeitos temporais da decisão.

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DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF. ERICK ALVES

➢ Sistemas administrativos: forma adotada pelo Estado para solucionar os litígios decorrentes da sua atuação.
▪ Sistema francês ou do contencioso administrativo: dualidade de jurisdição; o Poder Judiciário não pode intervir nas
funções administrativas; a própria Administração resolve as lides administrativas.
▪ Sistema inglês ou de jurisdição única: todos os litígios podem ser levados ao Judiciário, que é o único competente para
proferir decisões com autoridade final e conclusiva, com força de coisa julgada.

➢ Sistema administrativo brasileiro: sistema inglês ou de jurisdição única. As decisões dos órgãos administrativos, em regra,
não têm caráter conclusivo perante o Poder Judiciário, podendo ser revistas na via judicial.
▪ Necessidade de esgotar a via administrativa: justiça desportiva; reclamação contra descumprimento de súmula
vinculante; habeas data; mandado de segurança, caso seja possível interpor recurso administrativo com efeito
suspensivo.
▪ O Judiciário não pode interferir: atos políticos, competências de natureza tipicamente administrativa.
▪ Coisa julgada administrativa: ocorre quando determinada decisão da Administração não pode mais ser modificada na via
administrativa (ex: não há mais recursos administrativos; atos administrativos vinculados).

➢ Regime jurídico-administrativo: sistema que dá identidade ao Direito Administrativo, caracterizado por dois princípios
básicos:

▪ Supremacia do interesse público: prerrogativas e privilégios da Administração Pública (ex: poder de polícia; poder de
modificar unilateralmente contratos etc.).
▪ Indisponibilidade do interesse público: restrições impostas pela lei à Administração (ex: necessidade de realizar
concurso público e licitação; restrições à alienação de bens públicos).

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

➢ Princípios EXPRESSOS (CF, art. 37, caput):

L I M P E  Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade, Eficiência.


Aplicáveis a toda Administração Pública, direta e indireta, de qualquer dos Poderes, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e aos particulares no exercício de função pública.

▪ A Administração só pode agir segundo a lei (em sentido amplo).


▪ Para a Administração: restrição de vontade; para os particulares: autonomia de vontade.
Legalidade
▪ Legalidade (agir conforme a lei) X Legitimidade (observar também os demais princípios).
▪ Restrições à legalidade: estado de defesa, estado de sítio e medidas provisórias.

▪ Atos devem ser praticados tendo em vista o interesse público, e não os interesses pessoais
do agente ou de terceiros.
▪ Três aspectos: isonomia, finalidade pública e não promoção pessoal.
Impessoalidade ▪ Ex: concurso público e licitação.
▪ Proíbe nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal, inclusive do partido.
▪ Permite que se reconheça a validade de atos praticados por agente de fato.
▪ Ato pode ser anulado, por desvio de finalidade.

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▪ Necessidade de atuação ética dos agentes públicos (moral administrativa).
Moralidade ▪ Conceito indeterminado, mas passível de ser extraído do ordenamento jurídico.
▪ Aspecto vinculado; permite a anulação dos atos administrativos.
▪ Nepotismo: não necessita de lei formal; não se aplica a agentes políticos.

▪ A Administração deve dar transparência a seus atos.


▪ Permite o controle da legalidade e da moralidade dos atos administrativos.
▪ Restrições à publicidade: segurança da sociedade e do Estado; proteção à intimidade ou
ao interesse social.
▪ Publicidade (diversos meios) ≠ Publicação (divulgação em órgãos oficiais).
Publicidade
▪ Publicidade não é considerada elemento de formação do ato administrativo, e sim requisito
de eficácia.
▪ O ato não publicado permanece válido, mas sem produzir efeitos perante terceiros.
▪ STF permite a divulgação do nome, do cargo e da remuneração dos servidores públicos,
mas não do CPF, da identidade e do endereço, como medida de segurança.

▪ Atividade administrativa deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento


funcional, buscando-se maior produtividade e redução dos desperdícios de recursos.
▪ Princípio ligado à Reforma do Estado (administração gerencial).
▪ Possui dois focos: conduta do agente público e organização interna da Administração.
Eficiência
▪ Ex: avaliação de desempenho; contratos de gestão com fixação de metas; celeridade na
tramitação dos processos administrativos e judiciais.
▪ Não pode se sobrepor ao princípio da legalidade (deve ser buscada com observância aos
parâmetros e procedimentos previstos na lei).

➢ Princípios IMPLÍCITOS ou RECONHECIDOS: possuem a mesma relevância que os princípios explícitos.

Razoabilidade: compatibilidade entre meios e fins (aferida pelos padrões do homem médio)

Razoabilidade e Proporcionalidade: conter o abuso de poder (ex: sanções proporcionais às faltas).


proporcionalidade Doutrina: proporcionalidade constitui um dos aspectos da razoabilidade.
Três fundamentos: adequação, exigibilidade e proporcionalidade.

Contraditório e Deve haver em todos os processos administrativos, punitivos (acusados) e não punitivos
ampla defesa (litigantes).

Anular atos ilegais e revogar atos inoportunos e inconvenientes. Pode ser mediante
Autotutela provocação ou de ofício. Não afasta a apreciação do Judiciário (atos ilegais). Os atos não
podem ser revistos após o prazo decadencial, salvo comprovada má-fé.

Segurança jurídica (aspecto objetivo, estabilidade das relações) X Proteção à confiança


(aspecto subjetivo, crença de que os atos da Administração são legais). Veda a aplicação
Segurança jurídica
retroativa de nova interpretação. Limita a autotutela e a legalidade. Ex: decadência e
prescrição.

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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Entidade: possui personalidade jurídica,


▪ Entidade política: possui autonomia política (capacidade de legislar). Somente U, E, DF e M.
▪ Entidade administrativa: não pode legislar; possui apenas autonomia administrativa.
Órgão: não possui personalidade jurídica. Centro de competência instituído na estrutura interna da entidade.

➢ Centralização: o Estado executa as tarefas diretamente, por intermédio da Administração Direta.


➢ Descentralização: distribui funções para outra pessoa, física ou jurídica. Não há hierarquia.
▪ Por serviços, funcional, técnica ou por outorga: transfere a titularidade e a execução. Depende de lei. Prazo
indeterminado. Controle finalístico (ex: criação de entidades da Adm. Indireta).
▪ Por colaboração ou delegação: transfere apenas a execução. Pode ser por contrato ou ato unilateral. Prazo: determ.
(contrato); indeterm. (ato). Controle amplo e rígido (ex: concessão ou autorização).
▪ Territorial ou geográfica: transfere competências administrativas genéricas para entidade geograficamente delimitada (ex:
Territórios Federais).
➢ Desconcentração: a entidade se desmembra em órgãos, organizados em hierarquia. É técnica administrativa para melhorar
o desempenho. Só uma pessoa jurídica. Ocorre na Adm. Direta e na Indireta.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA: conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (U, E, DF, M), aos quais foi atribuída
a competência para o exercício de atividades administrativas, de forma centralizada.

Órgãos Públicos: não possuem capacidade processual, exceto órgãos autônomos e independentes para mandado de segurança
na defesa de suas prerrogativas e competências.

▪ Órgãos simples ou unitários: não possuem subdivisões


Quanto à estrutura
▪ Órgãos compostos: possuem subdivisões.

Quanto à atuação ▪ Órgãos singulares ou unipessoais: decisões tomadas por uma só pessoa.
funcional ▪ Órgãos colegiados ou pluripessoais: decisões conjuntas.

▪ Órgãos independentes: previstos na CF, sem subordinação a outro órgão.


Quanto à posição ▪ Órgãos autônomos: subordinados apenas aos independentes.
estatal ▪ Órgãos superiores: possuem atribuições de direção, mas sem autonomia.
▪ Órgãos subalternos: apenas execução e reduzido poder decisório.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: entidades administrativas vinculadas à Adm. Direta para o exercício de atividades de forma
descentralizada.

Supervisão Ministerial ou Tutela: verifica os resultados das entidades descentralizadas, a harmonização de suas atividades com
a política do Governo, a eficiência de sua gestão e a manutenção de sua autonomia. Depende de previsão em lei (tutela
ordinária), podendo extrapolar a lei em caso de problemas graves.

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AUTARQUIAS:
▪ Criação e extinção: diretamente por lei.
▪ Objeto: atividades típicas de Estado, sem fins lucrativos. “Serviços públicos personalizados.”
▪ Regime jurídico: direito público.
▪ Prerrogativas: prazos processuais especiais; prescrição quinquenal; precatórios; inscrição de seus créditos em
dívida ativa; imunidade tributária; não sujeição à falência.
▪ Classificação: geográfica ou territorial; de serviço ou institucional; fundacionais; corporativas ou associativas
e outras.
▪ Autarquias de regime especial: maior autonomia que as demais. Estabilidade dos dirigentes (ex: agências
reguladoras)
▪ Patrimônio: bens públicos (impenhorabilidade, imprescritibilidade e restrições à alienação).
▪ Pessoal: regime jurídico único (igual ao da Adm. Direta).
▪ Foro judicial: Justiça Federal (federais) e Justiça Estadual (estaduais e municipais)

FUNDAÇÕES:
▪ Criação e extinção: diretamente por lei (se de dir. público); autorizada por lei, mais registro (se de dir. privado)
▪ Objeto: atividades que beneficiam a coletividade, sem fins lucrativos. “Patrimônio personalizado”.
▪ Regime jurídico: direito público ou privado.
▪ Prerrogativas: mesmas que as autarquias (se de dir. público); imunidade tributária (dir. público ou privado).
▪ Patrimônio: bens públicos (se de dir. público); bens privados, sendo que os bens empregados na prestação de serviços públicos
possuem prerrogativas de bens públicos (se de dir. privado).
▪ Pessoal: regime jurídico único (se de dir. público); regime jurídico único ou celetista – divergência doutrinária (se de dir. privado).
▪ Controle do Ministério Público: MP Federal, independentemente de sede (fundações públicas federais); MP dos Estados ou
MPDFT, de acordo com a sede (fundações públicas e privadas).
▪ Foro judicial: igual às autarquias (se de dir. público); p/ doutrina, Justiça Estadual (se de dir. privado); p/ jurisprudência, Justiça
Federal (se de dir. privado federal).
▪ Outras: contratos das fundações de dir. privado são regidos pela Lei de Licitações.

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA:


▪ Criação e extinção: autorizada por lei, mais registro.
▪ Subsidiárias: depende de autorização legislativa; pode ser genérica, na lei que autorizou a criação da matriz.
▪ Objeto: atividades econômicas, com intuito de lucro. Pode ser: (i) intervenção direta no domínio econômico (só nos casos de
segurança nacional ou relevante interesse coletivo; ou monopólio) ou (ii) prestação de serviços públicos.
▪ Personalidade jurídica: direito privado
▪ Regime jurídico: + direito privado (exploradores de atividade empresarial); + direito público (prestadoras de serviço público).
▪ Sujeições ao direito público: controle pelo Tribunal de Contas; concurso público; licitação na atividade-meio.
▪ Estatuto: Prevê sujeição ao regime próprio das empresas privadas e estatuto próprio de licitações e contratos (editado: Lei
13.303/2016).
▪ Patrimônio: bens privados. Nas prestadoras de serviço público, os bens empregados na prestação dos serviços possuem
prerrogativas de bens públicos.
▪ Pessoal: celetista. Sem estabilidade. Demissão exige motivação. Não cabe ao Legislativo aprovar o nome de dirigentes. É possível
mandado de segurança contra atos dos dirigentes em licitações.
▪ Falência e execução: não se sujeitam
▪ Forma jurídica: SEM = sociedades anônimas; EP = qualquer forma admitida em direito.

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▪ Composição do capital: SEM = público (majoritário) e privado; EP = exclusivo público, podendo participar mais de uma entidade
pública.
▪ Foro judicial: SEM federal = Justiça Estadual, regra; ou, se a União atuar como assistente ou oponente = Justiça Federal. EP
federal = Justiça Federal, sempre. EP ou SEM estadual ou municipal = Justiça Estadual. Ações trabalhistas = Justiça do Trabalho.

ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR


➢ Terceiro Setor: entidades privadas, sem fins lucrativos.
- Primeiro setor: Estado
- Segundo setor: mercado, ou seja, setor privado empresarial, com fins lucrativos.

▪ Entidades privadas, ou seja, são instituídas por particulares;


▪ Desempenham serviços não exclusivos do Estado, porém em colaboração com ele;
▪ Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público (fomento);
Entidades ▪ Sujeitam-se ao controle da Administração Pública e do Tribunal de Contas.
paraestatais ▪ Regime jurídico de direito privado, parcialmente derrogado pelo direito público;
▪ Não fazem parte da Administração Indireta;
▪ Integram do terceiro setor.
▪ Ex: serviços sociais autônomos, OS e OSCIP

SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS:


▪ Criação autorizada por lei, efetuada por entidades representativas de categorias econômicas.
▪ Objeto: aprendizado profissionalizante e prestação de serviços assistenciais, que beneficiam determinados
grupamentos sociais ou profissionais.
▪ Arrecadam contribuições parafiscais (consideradas recursos públicos), que independem de contraprestação
direta em favor do contribuinte.
▪ Sujeitam-se à supervisão Ministerial e ao controle do Tribunal de Contas.
▪ Licitações: não se submetem à Lei de Licitações, mas apenas aos princípios da Administração Pública; podem
editar regulamentos próprios (para procedimentos), desde que não inovem na ordem jurídica (ex: prevendo
novas hipóteses de dispensa e inexigibilidade).

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS:
▪ Pessoa privada, não integrante da Administração Pública, que recebe uma qualificação do Poder Público.
▪ Atua nas áreas de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do
meio ambiente, cultura e saúde.
▪ Foram idealizadas para substituir órgãos e entidades da Administração Pública, que seriam extintos e teriam
suas atividades “absorvidas” pela OS (publicização).
▪ Formalizam parceria com o Poder Público mediante CONTRATO DE GESTÃO (≠ do art. 37, §8º da CF).
▪ Qualificação é ato discricionário, dependendo de aprovação do Ministério supervisor.
▪ A lei exige que a OS possua um Conselho de Administração, do qual participem representantes do Poder
Público; não exige que a OS tenha Conselho Fiscal.
▪ Podem receber do Estado (fomento): recursos orçamentários; bens públicos; cessão de servidor.
▪ É hipótese de licitação dispensável a contratação de OS pelo Poder Público, para o desempenho de
atividades contempladas no contrato de gestão.
▪ A desqualificação como OS pode ser feita pelo Poder Executivo, em processo administrativo, assegurado o
contraditório e a ampla defesa.

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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO:
▪ Pessoa privada, não integrante da Administração Pública, que recebe uma qualificação do Poder Público.
▪ Algumas entidades não podem ser qualificadas como OSCIP, dentre elas: sociedades comerciais, organizações
sociais, cooperativas, fundações públicas, hospitais e escolas privadas não gratuitos etc.
▪ Não foram idealizadas para substituir órgãos e entidades da Administração Pública.
▪ Formalizam parceria com o Poder Público mediante TERMO DE PARCERIA.
▪ É possível a vigência simultânea de dois ou mais termos de parceria, ainda que com o mesmo órgão estatal,
desde que a Oscip tenha capacidade operacional para executar seus objetos.
▪ Qualificação é ato vinculado, concedida pelo Ministério da Justiça.
▪ A lei exige que a Oscip tenha um Conselho Fiscal; não exige que a Oscip tenha um Conselho de Administração.
Não há exigência de que existam representantes do Poder Público em algum órgão da entidade.
▪ Não existe hipótese de licitação dispensável para a contratação de Oscip pelo Poder Público.
▪ A desqualificação como Oscip pode ser feita a pedido da própria entidade, por iniciativa de qualquer
cidadão ou do Ministério Público, em processo administrativo ou judicial, assegurado o contraditório e a
ampla defesa.

PODERES ADMINISTRATIVOS: Poderes instrumentais ≠ Poderes estruturais (legislativo, executivo e judiciário)


Poder vinculado: prática de atos vinculados. É mais um dever que uma prerrogativa.

▪ Prerrogativa para praticar atos discricionários.


▪ Admite juízo de conveniência e oportunidade (mérito administrativo).
▪ A margem de escolha é restrita aos limites da lei.
Poder
▪ Deve observar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
discricionário
▪ Controle judicial incide apenas sobre os aspectos vinculados do ato (competência,
finalidade e forma).
▪ Abrange também a revogação de atos inoportunos e inconvenientes.

▪ Relação de coordenação e subordinação que se estabelece nas organizações


administrativas.
▪ O poder hierárquico não depende de lei.
▪ Permite ao superior hierárquico dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, delegar e
avocar competências.
Poder ▪ Só abrange sanções disciplinares a servidores, e não sanções a particulares.
hierárquico ▪ Delegação e avocação são atos discricionários.
▪ Delegação pode ocorrer fora da estrutura hierárquica; já a avocação, não pode.
▪ Não podem ser delegados: atos políticos e funções típicas de cada Poder.
▪ Não há hierarquia: entre diferentes pessoas jurídicas; entre Adm. direta e indireta; no
exercício de funções típicas (ex: tribunais do Judiciário); entre os Poderes da República;
entre Administração e administrados.

▪ Prerrogativa para aplicar sanções àqueles que, submetidos à disciplina interna da Adm.,
cometem infrações (servidores e particulares com vínculo contratual com a Adm.).
▪ Não se confunde com o poder punitivo do Estado (exercido pelo Poder Judiciário para punir
Poder
infrações de natureza civil e penal – ex: atos de improbidade).
disciplinar
▪ Admite discricionariedade (gradação e escolha da penalidade).

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▪ Poder inerente ao Chefe do Executivo para editar decretos.
▪ Atos normativos são editados por outras autoridades e órgãos com base no poder
normativo.
▪ Decreto de execução: dar fiel execução às leis administrativas; não pode ser delegado; atos
de caráter geral e abstrato.
▪ Atos normativos secundários: não podem inovar o ordenamento jurídico.
Poder
regulamentar ▪ Decreto autônomo: não precisa de lei prévia; apenas para (i) organizar a Adm. Pública, sem
aumento de despesa ou criação/extinção de órgãos ou (ii) extinção de cargos públicos vagos.
Pode ser delegado.
▪ O Congresso Nacional pode sustar atos normativos do Executivo que exorbitem do poder
regulamentar.
▪ Controle judicial: em caso de conflito com a lei que regulamenta, não cabe ADI (esta, apenas
para atos normativos autônomos que ofendem diretamente a Constituição).

▪ Prerrogativa de condicionar e restringir o exercício de atividades privadas.


▪ Em sentido amplo: atividade legislativa e atividades administrativas de restrição e
condicionamento.
▪ Em sentido estrito: apenas atividades administrativas.
▪ Qualquer medida restritiva deve observar o devido processo legal (ampla defesa).
▪ A competência é da pessoa federativa à qual a CF conferiu o poder de regular a matéria.
Todavia, pode haver sistema de cooperação entre as esferas (ex: fiscalização do trânsito).
▪ Poder de polícia preventivo: anuência prévia para a prática de atividades privadas (licença e
autorização). Formalizada por alvarás, carteiras, declarações, certificados etc.
✓ Licença: anuência para usufruir um direito; ato administrativo vinculado e definitivo.
✓ Autorização: anuência para exercer atividade de interesse do particular; ato
administrativo discricionário e precário.
▪ Poder de polícia repressivo: aplicação de sanções administrativas a particulares.
▪ Podem ser cobradas taxas (espécie de tributo, e não preços públicos ou tarifas) em razão do
exercício (efetivo) do poder de polícia. Dispensa a fiscalização “porta a porta”, desde que
Poder de haja competência e estrutura.
polícia ▪ Ciclo de polícia: legislação (ordem), consentimento, fiscalização e sanção.
▪ Legislação e fiscalização são as únicas fases que sempre existirão num ciclo de polícia. O
consentimento depende de lei; já a sanção depende de haver infração no caso concreto.
▪ Poder de polícia originário -> adm. direta.
▪ Poder de polícia delegado -> adm. indireta (entidades de direito público).
▪ Delegação a entidades da adm. indireta de direito privado: STF não admite; STJ admite
apenas consentimento e fiscalização.
▪ Não pode ser delegado a entidades privadas não integrantes da Adm. Pública formal.
▪ Atributos: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. Entretanto, alguns atos
de polícia podem ser vinculados (ex: licenças) ou não autoexecutórios e coercitivos (ex: atos
preventivos, cobrança de multa não paga).
▪ Prescrição: 5 anos, exceto quando o objeto da sanção também constituir crime; no caso,
aplica-se o prazo da lei penal. Também incide nos processos paralisados por mais de 3 anos.
▪ Polícia administrativa: caráter preventivo; exercida por diversos órgãos administrativos;
incide sobre atividades, bens e direitos.
▪ Polícia judiciária: caráter repressivo; exercida por corporações especializadas (polícias civil,
federal e militar); prepara a função jurisdicional; incide sobre pessoas.

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ABUSO DE PODER:

✓ Excesso de poder: vício de competência ou de proporcionalidade.


✓ Desvio de poder: vício de finalidade (desvio de finalidade)

AGENTES PÚBLICOS

▪ Agentes políticos: elaboram políticas públicas e dirigem a Adm; atuam com liberdade funcional (ex: chefes do Executivo,
ministros e secretários, membros do Legislativo, juízes, membros do MP e do TCU).
▪ Agentes administrativos: exercem atividades administrativas (ex: servidores públicos, empregados públicos e agentes
temporários).
▪ Agentes honoríficos: prestam serviços relevantes ao Estado; em regra, não recebem remuneração (ex: mesários e júri).
▪ Agentes delegados: particulares que atuam em colaboração com o Poder Público; podem ser pessoas jurídicas (ex:
concessionárias de serviços públicos, tabeliães, leiloeiros).
▪ Agentes credenciados: representam a Administração em atividade específica (ex: pessoas de renome).
▪ Agentes de fato: pessoas investidas na função pública de forma emergencial (necessários) ou irregular (putativos). Seus atos
devem ser convalidados (teoria da aparência).

NORMAS CONSTITUCIONAIS:
CARGOS PÚBLICOS EMPREGOS PÚBLICOS
▪ Provimento efetivo (concurso público) ou em ▪ Provimento mediante concurso público.
comissão (livre nomeação e exoneração). ▪ Ocupados por empregados públicos.
▪ Ocupados por servidores públicos. ▪ Regime jurídico celetista.
▪ Regime jurídico estatuário. ▪ Órgãos e entidades de direito privado (EP, SEM e
▪ Órgãos e entidades de direito público (adm. fundações de direito privado).
direta, autarquias e fundações públicas) -> RJU

➢ Cargos em comissão: qualquer pessoa; % mínima de concursados prevista em lei.


Direção, chefia e
➢ Funções de confiança: somente servidores efetivos. assessoramento

▪ Podem participar brasileiros e estrangeiros (estes, na forma da lei);


▪ Obrigatório para cargos e empregos efetivos.
▪ Pode ser de provas ou de provas e títulos.
▪ Exceções: cargos em comissão; contratações temporárias, agentes comunitários de saúde.
▪ Prazo de validade: até dois anos, prorrogável uma vez por igual período.
▪ Restrições só por lei (idade, altura, sexo), desde que observe proporcionalidade com as
atribuições do cargo.
Concurso
▪ Verificação, em regra, no ato da posse, exceto: (i) 3 anos de atividade jurídica p/ juiz e MP; e (ii)
público
limite máximo de idade nas polícias -> a verificação ocorre na inscrição do concurso;
▪ Até 20% das vagas para portadores de deficiência (mínimo de 5%); e 20% para negros (caso
haja 3 ou mais vagas).
▪ Candidatos aprovados dentro das vagas previstas no edital têm direito à nomeação.
▪ A cláusula de barreira é permitida.
▪ Não pode haver remarcação de provas de aptidão física, exceto para gestantes.
▪ O Judiciário não aprecia o mérito das questões, mas apenas sua compatibilidade com o edital.

➢ Direito à associação sindical -> norma autoaplicável.

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➢ Direto de greve -> norma de eficácia limitada -> aplica-se aos servidores públicos a lei de greve dos trabalhadores privados.

▪ Os casos excepcionais devem estar previstos em lei; o prazo de contratação deve ser
predeterminado; a necessidade deve ser temporária; e o interesse público deve ser
Contratações excepcional.
temporárias ▪ Pode ser feita sem concurso público, mediante processo seletivo simplificado.
▪ Os agentes temporários exercem função pública, mas não ocupam cargo, nem emprego
público -> firmam contrato de direito público com a Administração.

SISTEMA REMUNERATÓRIO DOS AGENTES PÚBLICOS:


▪ Vencimentos (vencimento básico + vantagens) -> servidores públicos (empregados é salário).
▪ Subsídios (parcela única) -> agentes políticos, AGU, PGFN, defensores públicos, polícias e bombeiros; facultativo para
servidores organizados em carreira.
▪ Assegurada revisão geral anual (aumento impróprio).
➢ Teto remuneratório:
▪ Inclui todas as vantagens, exceto de natureza indenizatória.
▪ EP e SEM apenas se receberem recursos da fazenda pública para custeio ou pagamento de pessoal.

Esfera PODER TETO


Federal Executivo, Legislativo e Judiciário Subsídio dos Ministros do STF (teto único)
Poder Executivo Subsídio do Governador
Poder Legislativo Subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais
Estadual Membros do Judiciário (Juízes) Subsídio dos Ministros do STF
Servidores do Judiciário, Defensores, Subsídio do Desembargador do TJ, limitado, no
Procuradores e membros do MP. entanto, a 90,25% do subsídio do STF.
Municipal Executivo, Legislativo e Judiciário Subsídio do Prefeito (teto único)

Acumulação de cargos remunerados na ativa: VEDADA, exceto:


Dois cargos de professor; Deve haver:
Um cargo de professor com outro técnico ou científico; ou ▪ Compatibilidade de horários.
Dois cargos ou empregos na área de saúde. ▪ Respeito ao teto remuneratório
em cada cargo

Acumulação de cargos remunerados na aposentadoria (regime próprio): VEDADA, exceto:


Cargos acumuláveis;
Cargos eletivos; ou
Cargos em comissão.

➢ Mandatos eletivos:
▪ Federal, estadual ou distrital: afastado do cargo e recebe remuneração do cargo eletivo;
▪ Prefeito: afastado do cargo e pode optar pela remuneração;
▪ Vereador: pode acumular e receber ambas as remunerações, desde que haja compatibilidade de horários.

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➢ Requisitos para estabilidade (servidores estatutários efetivos; não se aplica aos empregados públicos):
▪ Investidura em cargo efetivo, mediante prévia aprovação em concurso público;
▪ Três anos de efetivo exercício no cargo;
▪ Aprovação em avaliação especial de desempenho.
O servidor estável só perderá o cargo se for condenado em processo judicial ou administrativo ou, ainda, como última
solução para adequar os gastos de pessoal aos limites da LRF.

REGIME DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS:


▪ Aplica-se apenas os servidores públicos ocupantes de cargos efetivos;
▪ Cargos em comissão (não concursado), cargo temporário e emprego público se sujeitam ao RGPS;
▪ Caráter contributivo e solidário;
▪ Aposentados também contribuem, mas apenas sobre o que exceder o teto do RGPS;
▪ É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime próprio de previdência, ressalvadas as
aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis;
▪ Valor da pensão = teto do RGPS + 70% da diferença com a remuneração do servidor falecido.
▪ Os proventos de aposentadoria e as pensões não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor.
▪ Não há mais direito à paridade, exceto para os servidores que ingressaram antes da EC 41/2003.
▪ Abono de permanência: servidor que cumpriu os requisitos mas decide permanecer na ativa.

➢ Modalidades de aposentadoria:
▪ Por invalidez permanente: proventos proporcionais, exceto doença grave, contagiosa ou incurável;
▪ Compulsória aos 75 (na forma de LC) anos de idade: proventos proporcionais;
▪ Voluntária, desde que cumpridos 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo:
➢ Por tempo de contribuição, com proventos calculados a partir da média das maiores remunerações
utilizadas como base para as contribuições aos regimes próprio e geral:
▪ Homem: aos 60 anos de idade e 35 anos de contribuição.
▪ Mulher: aos 55 anos de idade e 30 anos de contribuição.
➢ Por idade, com proventos proporcionais:
▪ Homem: aos 65 anos de idade.
▪ Mulher: aos 60 anos de idade.

▪ Aposentadorias especiais:
✓ Professor(a) da educação infantil e do ensino fundamental e médio: o tempo de contribuição e o limite de idade são
reduzidos em 5 anos.
✓ Portadores de deficiência; atividades de risco ou em condições especiais: na forma de leis complementares ->
enquanto não forem editadas, aplica-se as normas do RGPS.
✓ Militares: regime de aposentadoria disciplinado em lei própria.

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➢ Regime de previdência complementar dos servidores públicos:
▪ Servidores aposentados recebem apenas o teto do RGPS; se quiserem receber mais devem contribuir para o regime
complementar;
▪ Será gerido por entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública (mas pode ter personalidade
jurídica de direito privado).
▪ Os planos de benefícios serão oferecidos apenas na modalidade de contribuição definida.
▪ O servidor que ingressar no sv público até a instituição do regime precisa registrar prévia e expressa opção.
▪ Na esfera federal foram criadas: Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud, fundações públicas com personalidade
jurídica de direito privado.

Lei 8.112/1990: regime jurídico único dos servidores públicos federais (adm. direta, autarquias e fundações)

PROVIMENTO: ato administrativo pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular.

➢ Provimento originário: ocupação inicial do cargo, não decorrente de vínculo anterior com a Administração.

▪ Caráter efetivo: prévia aprovação em concurso público.


Nomeação
▪ Em comissão: livre nomeação e exoneração (vínculo precário).

➢ Provimento derivado: ocupação de cargo em razão de vínculo anterior com a Administração.


• Promoção: provimento de cargo superior na carreira (provimento vertical)
• Readaptação: troca de cargo em razão de limitação da capacidade física e mental do servidor. Apenas servidor efetivo.
• Reintegração: volta ao cargo por invalidação da demissão, por decisão administrativa ou judicial. Apenas servidor
estável.
• Reversão: volta do servidor aposentado. Compulsória: qdo ausentes os motivos da aposentadoria por invalidez, a
qualquer tempo. Voluntária: apenas se fosse servidor estável, aposentado voluntariamente, se houver cargo vago, no
prazo de 5 anos desde a aposentadoria.
• Recondução: volta ao cargo por não aprovação no estágio probatório de outro cargo (o servidor também pode pedir
para voltar) ou reintegração do anterior ocupante. Apenas servidor estável.
• Aproveitamento: retorno do servidor em disponibilidade. Apenas servidor estável.

▪ A investidura em cargo público ocorre com a posse.


POSSE ▪ Só há posse no provimento originário, ou seja, na nomeação.
▪ Prazo de 30 dias, improrrogáveis, contados da nomeação.

▪ Efetivo desempenho das atribuições do cargo público.


EXERCÍCIO ▪ Prazo de 15 dias, improrrogáveis, contados da posse.
▪ Caso o servidor não entre em exercício no prazo, ele será exonerado do cargo.

30 dias 15 dias
Nomeação Posse Exercício

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▪ Deve ocorrer a cada novo cargo que o servidor assume.
▪ Prazo de 3 anos.
▪ Serão examinadas: assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e a
responsabilidade do servidor.
▪ O servidor em estágio poderá exercer funções de confiança no órgão de lotação. Em outro
órgão, somente se for cargo de natureza especial ou DAS 4, 5 ou 6.
Estágio
probatório ▪ O servidor em estágio não poderá tirar licença: capacitação, para assuntos particulares e
para mandato classista, nem afastamento para pós-graduação.
▪ O estágio ficará suspenso nas licenças: por doença em pessoa da família; pelo afastamento
do cônjuge; para atividade política; para participar de curso de formação; para servir em
organismo internacional.
▪ Em caso de reprovação, o servidor: não estável, será exonerado; estável, será reconduzido
ao cargo anterior.

VACÂNCIA: exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável e falecimento.

▪ Deslocamento do servidor para outra unidade, com ou sem mudança de sede.


▪ Não é forma de provimento.
▪ De ofício, no interesse da Administração (dá direito a ajuda de custo, se for para outra sede)
▪ A pedido, a critério da Administração;
Remoção
▪ A pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:
• para acompanhar cônjuge ou companheiro, deslocado no interesse da Administração;
• por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente;
• em virtude de processo seletivo (concurso de remoção)

▪ Deslocamento do cargo.
Redistribuição
▪ Sempre de ofício.

Vencimentos e remuneração:
• A remuneração é irredutível e não pode ser inferior ao salário mínimo;
• Em regra, nenhum desconto pode incidir sobre a remuneração, salvo:
o Por imposição legal ou mandado judicial;
o Empréstimo consignado, quando autorizado pelo servidor;
o Reposição de pagamentos a maior efetuados pela Administração;
o Indenização de danos ao erário causados pelo servidor, desde que haja o consentimento deste.
• Pagamentos recebidos de boa-fé não precisam ser devolvidos.

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Ajuda de custo
Diárias
Indenizações
Indenização de transporte
Auxílio-moradia

Gratificações e
adicionais Função de confiança
Vantagens
Gratificação natalina
Adicional de insalubridade
Adicional de serviço extraordinário
Adicional noturno
Adicional de férias
Gratificação por encargo de curso ou concurso

Férias:
• 30 dias anuais, podendo ser parceladas em até três etapas;
• Primeiro período aquisitivo: 12 meses de exercício; demais períodos: a partir de 1º janeiro;
• É vedado ao servidor descontar nas férias qualquer falta injustificada;
• As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço.

Para o serviço militar


Para capacitação
Licenças computadas como Para o desempenho de mandato classista, exceto para promoção
tempo de efetivo exercício Para tratamento de saúde, até o limite de 24 meses
À gestante, à adotante e licença paternidade
Por acidente em serviço

Licenças computadas Por motivo de doença em pessoa da família (remunerada)


apenas para aposentadoria Para atividade política (período remunerado – 3 meses)
e disponibilidade
Para tratamento de saúde que exceder 24 meses

Por motivo de doença em pessoa da família (não remunerada)


Licenças não computadas Por motivo de afastamento do cônjuge
para nenhum efeito
Para atividade política (período não remunerado)
Para tratar de interesses particulares

Afastamentos: para servir a outro órgão ou entidade; para exercício de mandato eletivo; para estudo ou missão no exterior;
para participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país.
Concessões: para se ausentar do serviço para doação de sangue, alistamento eleitoral, casamento; direito a horário especial
para estudante, portador de deficiência; e direito para matricular-se em universidade congênere, quando deslocado de sede no
interesse da Administração.

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▪ Civil, penal e administrativa.
▪ A regra é a independência entre as instâncias
Responsabilidades
▪ Exceções: condenação na esfera penal; ou absolvição na esfera penal por negativa de fato
ou de autoria.

Penalidades:
✓ Advertência --> prescreve em 180 dias
✓ Suspensão por até 90 dias --> prescreve em 2 anos
✓ Demissão
✓ Cassação de aposentadoria ou disponibilidade prescrevem em 5 anos
✓ Destituição de cargo em comissão ou função comissionada

▪ Apura infrações leves – advertência e suspensão até 30 dias.


▪ Prazo de 30 dias, prorrogável uma vez por igual período.
Sindicância
▪ Pode ser inquisitorial (não requer ampla defesa) ou punitiva (requer ampla defesa).
▪ Pode resultar na instauração de PAD (em caso de infrações graves), mas não é uma etapa deste.

▪ Comissão de 3 servidores estáveis, presidida por um deles.


▪ Prazo: 60 dias, prorrogável uma vez + 20 dias para julgamento = 140 dias.
▪ Pode decretar o afastamento preventivo do servidor, pelo prazo de 60 dias.
▪ Servidor pode acompanhar, pessoalmente ou por procurador (não precisa ser advogado).
▪ Confirmada a infração, o servidor é indiciado e citado para apresentar defesa escrita, no
PAD
prazo de 10 dias. Em caso de revelia, é nomeado um defensor dativo (servidor efetivo).
▪ Julgamento segue a conclusão do relatório, salvo se contrária às provas dos autos.
▪ Em caso de vício insanável: anula o processo e constitui outra comissão para um novo PAD.
▪ Revisão em caso de elementos novos: não pode agravar a penalidade aplicada.
▪ Rito sumário: posse em cargo inacumulável; abandono de cargo, inassiduidade habitual.

ATOS ADMINISTRATIVOS: praticados por todos os Poderes, quando exercem função administrativa.

➢ Principais aspectos do conceito de ato administrativo:


▪ Produzido no exercício da função administrativa;
▪ Declaração de vontade unilateral;
▪ Realizado por agente público, inclusive particulares em colaboração;
▪ Regido pelo Direito Público;
▪ Produz efeitos jurídicos imediatos;
▪ Sujeito ao controle judicial.

ATOS DA ADMINISTRAÇÃO ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS


➢ Atos da Administração são todos aqueles praticados pela Administração Pública.
➢ Exemplos de atos da administração: atos de direito privado (ex: locação e abertura de conta corrente); atos materiais da
Administração (ex: demolição de prédio; limpeza de ruas); contratos administrativos e convênios.
FATOS ADMINISTRATIVOS ≠ ATOS ADMINISTRATIVOS

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➢ Fatos administrativos são produzidos independentemente de manifestação de vontade.
➢ Inclui o silêncio administrativo e os atos materiais da Administração.
➢ Fatos administrativos produzem efeitos jurídicos para a Administração (ex: morte de servidor)
➢ Fatos da Administração não produzem efeitos jurídicos (ex: servidor que se machuca sem gravidade)

ELEMENTOS (Com Fi For M Ob) e ATRIBUTOS (PATI) do ato administrativo

ELEMENTOS: partes do ato ATRIBUTOS: características do ato


▪ COMpetência: poder atribuído ▪ Presunção de legitimidade: conformidade do ato com a
▪ FInalidade: interesse público (resultado ordem jurídica e veracidade dos fatos (sempre existe).
mediato) ▪ Autoexecutoriedade: permite que a Administração atue
▪ FORma: como o ato vem ao mundo independente de autorização judicial
▪ Motivo: pressupostos de fato e de direito ▪ Tipicidade: vem sempre definido em lei.
▪ OBjeto: conteúdo (resultado imediato) ▪ Imperatividade: faz com que o destinatário deva
obediência ao ato, independente de concordância.

➢ ATRIBUTOS:

▪ Presunção de legitimidade: presume-se que o ato foi praticado conforme a lei.


▪ Presunção de veracidade: presume-se que os fatos alegados pela Adm são verdadeiros.

Presunção ▪ Permite que os atos produzam efeitos de imediato, ainda que apresentem vícios aparentes.
de ▪ O administrado terá que se submeter ao ato, até que ele seja invalidado.
legitimidade ▪ Presunção relativa (admite prova em contrário).
▪ Inverte o ônus da prova (o administrado é que deve provar o erro da Administração)
▪ Presente em todos os atos administrativos.

▪ Imposição de restrições e obrigações ao administrado sem necessidade de sua


concordância.
▪ Decorre do poder extroverso (poder de impor obrigações a terceiros, de modo unilateral)
Imperatividade
▪ Está presente apenas nos atos que impõem obrigações ou restrições.
▪ Não está presente nos atos enunciativos (ex: certidão, parecer) e nos atos que conferem
direitos (ex: licença ou autorização de bem público).

▪ Certos atos administrativos podem ser executados pela própria Administração, sem
necessidade de intervenção judicial.
▪ Desdobra-se em:
✓ Exigibilidade: coerção indireta (ex: aplicação de multas);
✓ Executoriedade: coerção direta (ex: demolição de obra irregular)
Autoexecutoriedade
▪ Está presente apenas quando:
✓ expressamente prevista em lei (ex: poder de polícia; penalidades disciplinares).
✓ tratar-se de medida urgente.
▪ Não está presente quando envolve o patrimônio do particular (ex: cobrança de multa
não paga; desconto de indenização ao erário nos vencimentos do servidor).

▪ Cada espécie de ato administrativo requer a devida previsão legal.


Tipicidade
▪ Impede a prática de atos inominados (atos sem previsão legal).

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➢ ELEMENTOS:

▪ Conjunto de atribuições de um agente órgão ou entidade pública.


▪ Decorre sempre de norma expressa (CF e lei = fontes primárias; infralegais = secundárias)
▪ Critérios de distribuição: matéria, hierarquia, lugar, tempo e fracionamento.
▪ É irrenunciável, imodificável, improrrogável e intransferível.
▪ Delegação: transfere o exercício da competência a agente subordinado ou não.
✓ Delegar é regra, somente obstada se houver impedimento legal.
✓ Não é possível: atos normativos, recursos administrativos e competência exclusiva.
Competência ▪ Avocação: atrai o exercício de competência pertencente a agente subordinado (apenas).
✓ Medida excepcional.
✓ Não é possível: atos de competência exclusiva
▪ Vícios de competência:
✓ Incompetência: excesso de poder (em regra, pode ser convalidado, exceto
competência em razão da matéria e competência exclusiva); usurpação de função
(ato inexistente); função de fato (ato é considerado válido e eficaz)
✓ Incapacidade: impedimento (situações objetivas) e suspeição (situações subjetivas)

▪ Resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.


▪ Finalidade genérica (satisfação do interesse público) e específica (própria de cada ato =
Finalidade objeto)
▪ Decorre do princípio da impessoalidade.
▪ Vício de finalidade: desvio de finalidade (insanável, ato deve ser anulado).

▪ Modo de exteriorização do ato e procedimentos para sua formação e validade.


▪ A regra é a forma escrita, mas atos podem ser produzidos na forma de ordens verbais, gestos,
apitos, sinais sonoros e luminosos (semáforos de trânsito), placas.
▪ Os atos não dependem de forma determinada exceto quando a lei expressamente a exigir
Forma
(formalismo moderado)
▪ Vício de forma: não observância de formalidades essenciais à existência do ato (insanável, ato
deve ser anulado); quando a forma não é essencial, o vício pode ser convalidado.
▪ A falta de motivação, quando obrigatória, é vício de forma, acarretando a nulidade do ato.

▪ Fundamentos de fato e de direito que justificam a prática do ato.


▪ Motivo ≠ motivação.
▪ Motivação é a exposição dos motivos. Deve ser prévia ou concomitante.
▪ Em rega, a Administração tem o dever motivar seus atos, discricionários ou vinculados.
▪ A motivação é obrigatória se houver normal legal expressa nesse sentido (ex: atos que
neguem, limitem ou afetem direitos, que imponham deveres, que decidam recursos etc.)
Motivo
▪ Ex. de ato que não precisa de motivação: nomeação e exoneração para cargo em comissão.
▪ Motivo (realidade objetiva, o que aconteceu) ≠ Móvel (realidade subjetiva, intenção do agente)
▪ Teoria dos motivos determinantes: o ato administrativo somente é válido se sua motivação for
verdadeira, ainda que feita sem ser obrigatória.
▪ Vícios de motivo: quando o motivo for falso, inexistente, ilegítimo ou juridicamente falho
(insanável, ato deve ser anulado).

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▪ Efeitos jurídicos imediatos do ato administrativo.
▪ Identifica-se com o conteúdo do ato (demissão, autorização para edificar, desapropriação etc).
▪ Deve ser lícito, possível, certo e moral.
Objeto ▪ Objeto acidental: encargo/modo (ônus imposto ao destinatário do ato), termo (início e fim da
eficácia do ato) e condição (suspensiva e resolutiva).
▪ Vícios de objeto: quando é proibido, impossível, imoral e incerto (insanável, ato deve ser
anulado).

VINCULAÇÃO e DISCRICIONARIEDADE:

✓ Ato vinculado: todos os elementos são vinculados.


✓ Ato discricionário:
▪ Motivo e objeto: discricionários (mérito administrativo)
▪ Competência, finalidade e forma: vinculados.
▪ Não existe ato totalmente discricionário!

➢ Poder Judiciário não aprecia o mérito administrativo: caso a Administração ultrapasse os limites da discricionariedade, o
Judiciário poderá anular o ato (jamais convalidar), sem que isso caracterize controle de mérito; uma vez rompidos os
limites da lei, o controle passa a ser de legalidade.

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

▪ Atos vinculados: a lei fixa os requisitos e condições de sua realização, não deixando
Quanto ao liberdade de ação para a Administração.
grau de
▪ Atos discricionários: a Administração tem liberdade de ação dentro de determinados
liberdade
parâmetros previamente definidos em lei.

▪ Atos gerais: possuem destinatários indeterminados; são dotados de generalidade e


Quanto aos abstração; prevalecem sobre os atos individuais. Ex: atos normativos.
destinatários ▪ Atos individuais: possuem destinatários certos e determinados; pode ser um destinatário
(ato singular) ou vários (ato plúrimo). Ex: nomeação, exoneração, autorização, licença.

Quanto à ▪ Atos internos: atingem apenas o órgão que os editou. Ex: portaria de remoção de servidor.
situação de ▪ Atos externos: também atingem terceiros. Ex: multas a empresas contratadas, editais de
terceiros licitação, atos normativos etc.

▪ Atos simples: decorrem da manifestação de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Ex:


despacho de um chefe de seção, decisões de conselhos administrativos.
▪ Atos complexos: decorrem de duas ou mais manifestações de vontade autônomas,
Quanto à provenientes de órgãos diversos (há um ato único). Ex: aposentadoria de servidor
formação de
estatutário, portarias conjuntas.
vontade
▪ Atos compostos: resulta da manifestação de dois ou mais órgãos, em que a vontade de um
é instrumental em relação à do outro (existem dois atos). Ex: autorização que depende de
visto.

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▪ Atos de império: praticados com supremacia sobre os administrados. Ex: desapropriação.
Quanto às ▪ Atos de gestão: praticados sem supremacia sobre os administrados; são atos próprios da
prerrogativas gestão de bens e serviços. Ex: alienação de bens, aluguéis de imóveis.
da
Administração ▪ Atos de expediente: se destinam a dar andamento aos processos e papeis administrativos,
sem qualquer conteúdo decisório. Ex: protocolo de documentos.

▪ Ato constitutivo, extintivo ou modificativo: respectivamente criam, extinguem ou


modificam direitos e obrigações para seus destinatários. Ex: licenças, nomeações, aplicação
Quanto aos de sanções (constitutivos); cassação de autorização, demissão de servidor (extintivos);
efeitos alteração de horário de funcionamento do órgão (modificativo).
▪ Ato declaratório: atesta um fato ou reconhece um direito ou uma obrigação que já existia
antes do ato. Ex: expedição de certidões e atestados.

▪ Ato válido: é aquele praticado em conformidade com a lei, sem nenhum vício.
▪ Ato nulo: é aquele que nasce com vício insanável. Ex: ato com motivo inexistente, ato com
Quanto aos objeto não previsto em lei e ato praticado com desvio de finalidade.
requisitos de
▪ Ato anulável: é o que apresenta vício sanável. Ex: vícios de competência e de forma (regra).
validade
▪ Ato inexistente: apenas tem aparência de ato administrativo, mas, em verdade, não chega a
entrar no mundo jurídico, por falta de um elemento essencial. Ex: usurpador de função.

▪ Ato perfeito: aquele que já concluiu todas as etapas da sua formação.


▪ Ato eficaz: é o ato perfeito que já está apto a produzir efeitos, não dependendo de nenhum
Quanto à evento posterior, como termo, condição, aprovação, autorização etc.
exequibilidade ▪ Ato pendente: é o ato perfeito que ainda depende de algum evento posterior para produzir
efeitos.
▪ Ato consumado: é o que já produziu todos os efeitos que estava apto a produzir.

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

➢ Atos normativos
▪ Possuem efeitos gerais e abstratos, atingindo todos aqueles que se situam em idêntica situação jurídica (não têm
destinatários determinados). Correspondem aos “atos gerais”.
▪ Não podem inovar o ordenamento jurídico (ao contrário das leis).
▪ São atos administrativos apenas em sentido formal (e não em sentido material).
▪ Não podem ser objeto de impugnação direta por meio de recursos administrativos ou ação judicial ordinária; devem ser
impugnados por ação direta de inconstitucionalidade.
▪ Exemplos: regulamentos, portarias, circulares, instruções normativas.

➢ Atos ordinatórios
▪ São os atos com efeitos internos, endereçados aos servidores públicos, que visam a disciplinar o funcionamento da
Administração e a conduta funcional de seus agentes.
▪ Possuem fundamento no poder hierárquico; de regra, não atingem os particulares em geral.
▪ São inferiores em hierarquia aos atos normativos.
▪ Exemplos: portarias de delegação de competência, circulares internas, ordens de serviço, avisos.

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➢ Atos negociais
▪ São aqueles em que a vontade da Administração coincide com o interesse do administrado.
▪ Representam a anuência prévia da Administração para o particular realizar determinada atividade de interesse dele, ou
exercer determinado direito (“atos de consentimento”).
▪ Não cabe falar em imperatividade, coercitividade ou autoexecutoriedade nos atos negociais.
▪ Licença:
o Ato administrativo vinculado e definitivo. Permite ao particular exercer direitos subjetivos.
o Não pode, em regra, ser revogada (exceto licença para construir). Admite apenas cassação (vício na execução) ou
anulação (vício na origem). Pode gerar direito a indenização ao particular, caso ele não tenha dado causa à invalidação
da licença.
▪ Autorização:
o Ato administrativo discricionário e precário. Permite ao particular exercer atividades materiais, prestar serviços públicos
ou utilizar bem público.
o Pode ser revogada a qualquer tempo pela Administração, em regra, sem a necessidade de pagar indenização ao
interessado.
▪ Permissão: ato administrativo discricionário e precário. Enquanto ato administrativo, refere-se apenas ao uso de bem
público; em caso de delegação de serviços públicos, a permissão deve ser formalizada mediante um “contrato de adesão”,
precedido de licitação (ou seja, não constitui um ato administrativo).
▪ Outros exemplos: admissão, aprovação e homologação.

➢ Atos enunciativos
▪ São aqueles que atestam ou certificam uma situação preexistente (ex: certidões e atestados) ou que emitem uma opinião
para preparar outro ato de caráter decisório (pareceres).
▪ A rigor, não constituírem uma manifestação de vontade da Administração; por isso, são considerados meros atos da
Administração (são atos administrativos apenas em sentido formal, mas não material).
▪ Exemplos: certidão (cópia fiel de informações registradas em livros ou banco de dados); atestado (declaração sobre fato que
não consta em livro ou arquivo), parecer (pode ser obrigatório ou facultativo e, em alguns casos, pode ter efeito vinculante);
apostila (averbação para corrigir ou atualizar dados).

➢ Atos punitivos
▪ Os atos punitivos são aqueles que impõem sanções administrativas.
▪ Podem ser de ordem interna (ex: penalidades disciplinares a servidores públicos) ou externa (sanções aplicadas a
particulares).

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EXTINÇÃO E CONVALIDAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO CONVALIDAÇÃO

Natureza do De mérito Legalidade e legitimidade Legalidade e legitimidade


controle (sem vício) (vícios insanáveis) (vícios sanáveis)

Eficácia Ex nunc (não retroage) Ex tunc (retroage) Ex tunc (retroage)

Competência Administração Administração e Judiciário Administração

Incidência Atos discricionários (não Atos vinculados e discricionários Atos vinculados e


existe revogação de ato discricionários
vinculado)

Natureza do A revogação é um A anulação de ato com vício A convalidação é um ato


desfazimento ato discricionário. insanável é um ato vinculado. A discricionário (pode-se
anulação de ato com vício optar pela anulação do
sanável passível de convalidação ato).
é um ato discricionário.

➢ Outras formas de extinção do ato administrativo:

▪ Extinção natural: cumprimento dos efeitos do ato;


▪ Extinção subjetiva: desaparecimento do sujeito (ex: falecimento do servidor que estava em licença);
▪ Extinção objetiva: desaparecimento do objeto (ex: destruição do bem objeto de autorização de uso);
▪ Cassação: descumprimento de condição fundamental para que o ato pudesse ser mantido (ex: excesso de multas de
trânsito);
▪ Caducidade: norma jurídica posterior tornou inviável a permanência da situação antes permitida pelo ato;
▪ Contraposição: edição posterior de ato cujos efeitos se contrapõem ao anteriormente emitido (ex: exoneração versus
nomeação);
▪ Renúncia: o próprio beneficiário abre mão de uma vantagem de que desfrutava.
▪ Conversão: atinge ato inválido, mudando-o para outra categoria, para que se aproveitem os efeitos já produzidos.

LICITAÇÕES – Lei 8.666/93


▪ Objetivo: selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração.
▪ É um procedimento administrativo: sequência de atos interligados.
▪ Dever de licitar: administração direta e indireta (U, E, DF e M), inclusive EP e SEM (só atividade meio). Todos os Poderes
(função administrativa).
 Princípios:
▪ Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade; probidade administrativa.
▪ Vinculação ao instrumento convocatório: edital é a lei da licitação, obrigando os licitantes e a própria Adm.
▪ Julgamento objetivo: não pode haver avaliação subjetiva de propostas.
▪ Procedimento formal: seguir todo o formalismo descrito.
▪ Sigilo das propostas: não do procedimento licitatório, que é público.
▪ Adjudicação compulsória: não poderá desrespeitar a classificação na licitação.

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▪ Igualdade de condições entre todos os licitantes.
Igualdade ▪ Veda imposição de marcas, exceto para padronização (tecnicamente justificável).
(competitividade) ▪ Exceções: empate em igualdade de condições; licitações sustentáveis, medidas de
compensação, ME e EPP.

▪ Margem de preferência: pode adquirir produtos nacionais até 25% mais caros; pode
Desenvolvimento ser estendida para países do Mercosul; revisão periódica a cada 5 anos; capacidade de
nacional produção não pode ser inferior à demandada.
sustentável ▪ Bens e serviços de informática e automação.
▪ Sistemas de TI e de comunicação estratégicos

 Modalidades:
Modalidade CONCORRÊNCIA TOMADA DE PREÇOS CONVITE
Aberto a qualquer licitante. ▪ Licitante cadastrado; ▪ Licitantes convidados (cadastrados
▪ Licitante que atender as ou não), no mínimo 3.
Participantes condições para cadastro até 3 ▪ Licitantes cadastrados que
dias antes. manifestarem interesse até 24
horas antes.
Habilitação Fase de habilitação Prévia (registros cadastrais) Prévia (registros cadastrais)
▪ Obras, serviços e compras Obras e serviços de engenharia Obras e serviços de engenharia até
de qualquer valor. até R$ 1,5 milhão. R$ 150 mil.
▪ Compra e alienação de Compras e serviços até Compras e serviços até R$ 80 mil.
imóveis. R$ 650 mil.
Objeto
▪ Concessão de direito real
de uso.
▪ Concessão de serviços.
▪ Registro de preços.
Mínimo de 3 membros, pelo Mínimo de 3 membros, pelo Pode ser um único servidor
Comissão
menos 2 servidores efetivos menos 2 servidores efetivos (pequenas unidades, pessoal exíguo)

➢ Concurso: escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante instituição de remuneração ou prêmios.
➢ Leilão: alienação de bens pelo tipo maior lance ou oferta.
➢ Consulta: utilizada por agências reguladoras

▪ Aquisição de bens e serviços comuns, independentemente de valor.


▪ Para a União é obrigatório, sendo preferencial o pregão eletrônico.
▪ Propostas e lances em sessão pública. Lances apresentados pela licitante de menor preço e
pelas que estiverem com preço até 10% acima (no mínimo três licitantes).
Pregão ▪ Habilitação posterior ao julgamento.
▪ Intenção de recorrer deve ser manifestada imediatamente: 3 dias úteis para a Adm. decidir.
▪ Vedado: exigência de garantia de proposta, de aquisição de edital e pagamento de taxas.
▪ Pregão eletrônico: conduzido pela internet.
▪ Conduzido por um pregoeiro e equipe de apoio.

 Tipos de licitação: menor preço, melhor técnica, técnica e preço, maior lance ou oferta.

 Fases da licitação: abertura do processo administrativo -> elaboração do instrumento convocatório -> publicidade ->
recebimento e julgamento das propostas -> homologação -> adjudicação.

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▪ Julgamento das propostas: abertura dos envelopes de habilitação (envelope “A”) -> concessão de prazo para recurso aos
inabilitados -> devolução dos envelopes de propostas de preço (envelope “B”) fechados aos inabilitados, após o prazo de
recurso ou sua decisão -> abertura dos envelopes de proposta de preços dos habilitados -> julgamento e classificação.
 Publicidade do instrumento convocatório:
Modalidade Antecedência mínima
Quando o contrato a ser celebrado for no
regime de empreitada integral.
45 dias
Concorrência Quando a licitação for do tipo “melhor
técnica” ou “técnica e preço”.
30 dias Demais casos
30 dias Quando a licitação for do tipo “melhor
Tomada de preços técnica” ou “técnica e preço”.
15 dias Demais casos
Convite 5 dias úteis
Concurso 45 dias
Leilão 15 dias
Pregão 8 dias úteis

 Exceções ao dever de licitar:


▪ Inexigibilidade: inviabilidade de competição:
✓ Fornecedor exclusivo;
✓ Serviço técnico exclusivo, de natureza singular, por empresa de notória especialização, não sendo publicidade e
propaganda;
✓ Contratação de artista consagrado pela crítica ou pelo público.
▪ Dispensa de licitação: a competição é viável. Hipóteses taxativas previstas na lei.
✓ Licitação dispensada: a lei determina que não haverá licitação, todos para alienação de bens da própria
Administração.
✓ Licitação dispensável: a lei permite a dispensa de licitação (pode ou não licitar).

 Impugnação de edital:
▪ Cidadão: até 5 dias úteis antes da licitação.
▪ Licitante: até 2 dias úteis antes da licitação
 Alienação de bens:
▪ Interesse público.
▪ Avaliação prévia.
▪ Licitação pública (dispensada nas hipóteses do art. 17):
✓ Imóveis: em regra por concorrência (salvo se o imóvel é derivado de procedimentos judiciais ou de dação em
pagamento, quando poderá ser por leilão ou concorrência).
✓ Móveis: em regra por leilão (> R$ 650 mil haverá concorrência).
▪ Autorização legislativa: apenas se o imóvel por da administração direta, autárquica ou fundacional (não para EP e SEM).

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 Recursos administrativos:
Efeito suspensivo sempre:
▪ habilitação ou inabilitação do licitante;
▪ julgamento das propostas;
Recurso sentido estrito Efeito suspensivo facultativo:
(5 dias úteis ou 2 nos convites) ▪ anulação ou revogação da licitação;
▪ registro cadastral;
▪ rescisão unilateral do contrato pela Administração;
▪ advertência, suspensão temporária ou multa
Representação Quando não couber recurso hierárquico.
Pedido de reconsideração Declaração de inidoneidade
(10 dias úteis) Dirigido ao Ministro de Estado, Secretário Estadual ou Municipal.

CLÁUSULAS EXORBITANTES
▪ Por modificação do projeto ou das especificações;
Alteração ▪ Por acréscimo ou diminuição de seu objeto, em até 25% (ou até 50% de acréscimo em caso
unilateral de reforma de edifícios ou equipamentos).
▪ Somente cláusulas de execução -> não pode alterar o equilíbrio econômico-financeiro.

▪ Rescisão unilateral pela Administração:


✓ Inadimplência do contratado, com ou sem culpa
✓ Interesse público
Rescisão ✓ Caso fortuito e força maior
unilateral O contratado tem
▪ Quando a “culpa” é da Administração (não é cláusula exorbitante): direito à indenização
✓ Amigável
✓ Judicial

▪ Advertência
▪ Multa
Aplicação de
▪ Suspensão temporária de participação em licitação e de contratar, por até dois anos.
sanções
▪ Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração enquanto
perdurarem os motivos da punição ou até a reabilitação, no mínimo após dois anos.

▪ Poderá ser exigida garantia do contratado, até 5% do valor do contrato (até 10% em
contrato de grande vulto com alta complexidade).
Exigência de ▪ Deve haver previsão expressa no instrumento convocatório.
garantia ▪ Modalidades de garantia (opção do contratado): caução em dinheiro ou títulos da dívida
pública; seguro garantia; fiança bancária.
▪ Não se confunde com garantia da proposta (até 1% do valor estimado do objeto).

Fiscalização ▪ Realizada por representante designado, permitida a contratação de terceiros para auxílio.
pela ▪ Poderá determinar o que for necessário à regularização dos problemas observados ou, se
Administração as decisões ultrapassarem sua competência, solicitá-las a seus superiores.

▪ Garante a continuidade dos serviços essenciais.


Ocupação
▪ Hipóteses: (i) como medida cautelar; e (ii) após a rescisão do contrato.
temporária
▪ Incide sobre bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao contrato.

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Restrições à ▪ Somente após 90 dias de atraso é que o contratado pode demandar a rescisão do contrato
oposição da administrativo ou, ainda, paralisar a execução dos serviços, após notificação prévia.
exceção do ▪ Em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, o
contrato não particular não poderá opor a exceção do contrato não cumprido mesmo diante de atraso de
cumprido pagamento superior a 90 dias.

DURAÇÃO DOS CONTRATOS


▪ O prazo dos contratos não pode ser indeterminado.
▪ Regra: prazo restrito aos créditos orçamentários (no mesmo exercício).
▪ Exceções:
o Projetos incluídos no PPA -> máximo de 4 anos
o Serviços de execução continuada -> Até 60 meses e excepcionalmente por mais 12 meses
o Aluguel equipamentos e programas informática -> até 48 meses
o Segurança nacional e inovação tecnológica (licitação dispensável) -> até 120 meses

EXTINÇÃO DO CONTRATO
▪ Naturalmente, por cumprimento do objeto ou término do prazo.
▪ Impossibilidade material ou jurídica.
▪ Anulação (ex tunc): dever de indenizar o contratado, exceto de este tiver contribuído para a ilegalidade.
▪ Rescisão (ex nunc): unilateral, amigável ou judicial

SERVIÇOS PÚBLICOS
 Elementos da definição:
▪ Subjetivo: o sujeito é o Estado (Poder Público), que presta direta ou indiretamente.
▪ Objetivo: atividades de interesse coletivo (nem sempre, ex: loterias).
▪ Formal: o regime jurídico é de direito público (mas quando prestado por concessionárias ou permissionárias o regime
predominante é de direito privado – regime híbrido).
 Não são serviços públicos: atividades judiciais, legislativas e de governo (políticas); fomento; poder de polícia; intervenção
na propriedade privada; obras públicas.
 Ordem social (saúde e educação): podem ser prestados pelos particulares independentemente de delegação. São
atividades privadas, sujeitas ao poder de polícia do Estado. Apenas quando desempenhadas pelo Estado é que se sujeitam
ao regime de direito público.
 Formas de prestação:
▪ Prestação direta: o serviço é prestado pela Administração Pública, direta ou indireta.
▪ Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do Poder Público, é atribuída a
sua mera execução.
 Regulamentação e controle: atividade típica do Poder Público, indelegável a particulares.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Princípio da predominância do interesse.
▪ União: interesse nacional. Rol taxativo. Ex: defesa nacional, serviço postal, energia, transporte ferroviária, e rodoviário
interestadual e internacional.
▪ Municípios: interesse local. Rol exemplificativo. Ex: transporte coletivo, serviço funerário.
▪ Estados: interesse regional. Serviços residuais. Ex: transporte intermunicipal; gás canalizado.
▪ Distrito Federal: serviços estaduais e municipais.

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▪ Comum: rol taxativo. Serviços prestados de forma paralela, sem subordinação.

CLASSIFICAÇÕES
Originário: só pode ser prestado pelo Estado; poder de império; indelegável. Ex: segurança nacional.
Derivado: pode ser prestado por particulares; delegável. Ex: energia, telefonia.

Exclusivo: titularidade do Estado, prestados direta ou indiretamente. Ex: energia.


Não exclusivo: Estado não é titular; podem ser prestados por particulares sem delegação. Ex: saúde, educação.

Próprio: prestado pelo Estado, direta ou indiretamente. Ex: energia, escola pública.
Impróprio: prestado por particular, sem delegação. Ex: saúde, educação.

Geral, uti universi: Usuários indeterminados. Ex: iluminação pública, saneamento.


Individual, uti singuli: Usuários determinados, mensuráveis. Ex: água, energia.

Administrativo: atende necessidades internas da Administração. Ex: imprensa oficial.


Comercial: atende necessidades econômicas da população; gera lucro. Ex: transporte
Social: atende necessidades de ordem social; não gera lucro. Ex: cultura, assistência social.

Obrigatório: colocado à disposição dos cidadãos, obrigatoriamente; remunerado por tributos.


Facultativo: usuário pode optar por recebê-lo ou não; remunerado por tarifas.

DELEGAÇÃO
Concessão Permissão Autorização

Sempre precedida de licitação, na Sempre precedida de licitação, mas Não há licitação.


modalidade concorrência. não há modalidade específica.

Celebração com pessoa jurídica ou Celebração com pessoa física ou Celebração com pessoa física ou
consórcio de empresas. jurídica. jurídica.

Não há precariedade. Delegação a título precário. Delegação a título precário.

Natureza contratual. Natureza contratual; a lei explicita Ato administrativo, discricionário.


tratar-se de contrato de adesão.

Não é cabível revogação do A lei prevê a revogabilidade Pode ser revogado, sem
contrato. unilateral do contrato pelo poder indenização ao particular.
concedente.

 Permissão de serviço público = contrato administrativo


 Permissão de uso de bem público = ato administrativo

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CONCESSÃO E PERMISSÃO
Serviço público adequado: regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
prestação e modicidade das tarifas.
✓ Em situação de emergência (ex: queda de raio na central elétrica); ou
✓ Após prévio aviso, quando:
Serviço pode
▪ motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações (ex:
ser paralisado
manutenção periódica e reparos preventivos); e
▪ por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade;

✓ Concessão = concorrência; permissão = qualquer modalidade.


✓ Não pode ser dispensada (a doutrina admite a inexigibilidade, por inviabilidade de
competição).
Licitação ✓ Inversão de fases (julgamento antes da habilitação)
✓ É possível a participação de empresa estatal (pode contratar por dispensa para formular
proposta).
✓ Autores dos projetos básicos ou executivo podem participar.

Prazo: deve ser determinado (a lei não prevê prazos mínimos e máximos).
Transferência de encargos:
▪ Contratação com terceiros (não depende de autorização)
▪ Subconcessão (parcial; licitação na modalidade concorrência; sub-rogação)
▪ Transferência de concessão (total; anuência prévia do poder concedente, sob pena de caducidade)
▪ Transferência de controle societário (anuência prévia do poder concedente, sob pena de caducidade)
▪ Assunção do controle ou da administração temporária pelos financiadores
Política tarifária: poder concedente homologa reajustes e promove a revisão.

INTERVENÇÃO:
➢ Provisória, por decreto, para assegurar serviço público adequado. Prazo: 30 dias para instaurar processo administrativo e
mais 180 dias para conclusão do procedimento (máximo 210 dias).
➢ Após a intervenção a concessão será extinta; ou a administração será devolvida à concessionária.

EXTINÇÃO:
➢ Termo contratual: término do prazo do contrato.
➢ Encampação: por interesse público, com indenização prévia e autorização legislativa.
➢ Caducidade: por inadimplência do contratado, com indenização posterior e sem autorização legislativa.
➢ Rescisão: por iniciativa da concessionária, após decisão judicial.
➢ Anulação: por ilegalidade ou ilegitimidade no contrato ou na licitação; decretada pelo poder concedente ou pelo Judiciário,
se provocado.
➢ Falência ou extinção da concessionária (ou falecimento/incapacidade o titular, no caso de empresa individual).
 Em todas as hipóteses há indenização das parcelas não amortizadas dos bens reversíveis.

TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


Teoria da irresponsabilidade: o Estado não pode ser responsabilizado (Estados absolutistas; jamais existiu no Brasil).
Responsabilidade subjetiva: a responsabilidade do Estado depende da comprovação de culpa.
▪ Teoria da culpa comum ou civilista: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa do seu agente. Apenas
atos de gestão, mas não atos de império.

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▪ Teoria da culpa administrativa: o Estado poderá ser responsabilizado se comprovada a culpa da Administração (falta do
serviço). Aplicável nos casos de omissão na prestação de serviço público.
Responsabilidade objetiva: a responsabilidade do Estado independe da comprovação de culpa. Basta existir o dano, o fato do
serviço e o nexo causal entre eles:
▪ Teoria do risco administrativo: admite excludentes -> aplicada como regra
▪ Teoria do risco integral: não admite excludentes -> apenas casos excepcionais: danos nucleares, ambientais e ataques
terroristas a aeronaves brasileiras.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO: ART. 37, §6º DA CF


▪ Consiste na obrigação de o Estado reparar danos (morais e materiais) causados a terceiros.
▪ É sempre de natureza civil e extracontratual.
▪ Resulta de condutas dos agentes públicos comissivas ou omissivas, lícitas ou ilícitas.
▪ Agentes devem atuar na condição de agentes públicos.

 A responsabilidade do Estado é objetiva: o Estado responde pelos danos causados por seus agentes independentemente
de culpa.
 A responsabilidade do agente é subjetiva: agente responde ao Estado, em ação regressiva, só se agir com dolo ou culpa.

▪ Ato lesivo causado pelo agente público, nessa qualidade;


Elementos da
responsabilidade ▪ Ocorrência de um dano patrimonial ou moral;
objetiva ▪ Nexo de causalidade entre o dano e a atuação do agente.

▪ De direito público: todas (adm. direta, autarquias e fundações)


Alcança as
▪ De direito privado prestadoras de serviço público: EP, SEM, fundações e delegatárias.
pessoas jurídicas
✓ Estatais exploradoras de atividade econômica não!

Responsabilidade civil do Estado por ação ou omissão


 Ação -> responsabilidade objetiva -> teoria do risco administrativo
 Omissão -> responsabilidade subjetiva -> teoria da culpa administrativa

▪ Ação de indenização: 5 anos


Prescrição
▪ Ação regressiva: imprescritível

 A ação regressiva depende da condenação da pessoa jurídica a indenizar a vítima (trânsito em julgado);

 A ação regressiva transmite-se aos sucessores, até o limite da herança.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
▪ Culpa exclusiva da vítima (em caso de culpa concorrente, a responsabilidade é atenuada, proporcionalmente);
▪ Caso fortuito e força maior;
▪ Evento exclusivo de terceiros, inclusive multidões;
 O ônus da prova é da Administração!

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ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS
 Responsabilidade do Estado por atos legislativos típicos
✓ Regra: NÃO HÁ
✓ Exceção: pode haver em caso de:
▪ Leis com efeitos concretos;
▪ Leis declaradas inconstitucionais pelo STF.
 Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais típicos
✓ Regra: NÃO HÁ
✓ Exceção: pode haver em caso de erro judiciário, unicamente na esfera penal.

RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS


 Só fato da obra -> não importa o executor -> responsabilidade civil objetiva do Estado
 Má execução da obra
✓ Execução a cargo da própria Administração -> responsabilidade civil objetiva do Estado
✓ Execução a cargo de particular contratado -> responsabilidade civil subjetiva do contratado

POSICIONAMENTOS IMPORTANTES DA DOUTRINA E DA JURISPRUDÊNCIA


➢ As concessionárias de serviço público respondem objetivamente pelos danos causados por seus agentes a terceiros, sejam
usuários ou não-usuários do serviço prestado.
➢ Nos danos causados a pessoas sob a guarda do Estado (alunos de escolas públicas, detentos e pacientes internados), a
responsabilidade civil do Estado é objetiva, na modalidade risco administrativo, mesmo que os danos não tenham sido
diretamente causados por atuação de seus agentes.
➢ Suicídio de detento acarreta a responsabilidade objetiva do Estado, não sendo admitida exclusão da responsabilidade por
culpa exclusiva da vítima.
➢ Agente público como parte no polo passivo da ação de indenização:
▪ STF: os agentes não podem responder diretamente perante o lesado, nem mesmo em litisconsórcio, só podendo vir a
responder em ação regressiva, perante o Estado.
▪ Doutrina: o agente pode responder diretamente, inclusive em litisconsórcio passivo.
➢ Não é cabível a denunciação à lide do agente público (posição majoritária).
➢ Em regra, não há responsabilidade civil do Estado unicamente pela prisão preventiva de acusado que, depois, venha a ser
absolvido na sentença final (a menos que haja alguma ilegalidade na prisão).
➢ Responsabilidade civil dos notários (tabeliães):
▪ STF: a responsabilidade objetiva é do Estado, cabendo ação de regresso contra o tabelião;
▪ STJ: a responsabilidade objetiva é do tabelião, e, conforme o caso, subsidiária do Estado, cabendo direito de regresso
contra os prepostos.
➢ STF: é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/1999

▪ Administração Federal direta e indireta.


Lei 9.784 aplica-se ▪ Órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público e Tribunal de
Contas, quando exercem função administrativa.

Lei 9.784 aplica-se ▪ Estados, DF e Municípios que não possuem leis próprias (jurisprudência STJ).
de forma subsidiária ▪ Processos administrativos federais regulados por leis específicas (ex: PAD).

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➢ Princípios expressos: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

➢ Princípios característicos do processo administrativo (implícitos na Lei 9.784):


▪ Oficialidade: instauração e impulsão de ofício do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados.
▪ Informalismo: adoção de formas simples, não rígidas, suficientes para dar segurança aos administrados.
▪ Instrumentalidade das formas: possibilidade de aproveitamento dos atos processuais que tenham cumprido sua
finalidade, ainda que com algum vício de forma.
▪ Verdade material: busca pela realidade dos fatos, além do que está nos autos; permite a produção de provas pela própria
Administração.
▪ Gratuidade: proíbe a cobrança de despesas processuais.

▪ ser tratado com respeito e executar os atos processuais com facilidade


▪ ter ciência dos atos processuais e obter cópias de documentos;
Direitos dos
administrados ▪ apresentar elementos até antes da decisão, os quais devem ser considerados;
▪ fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei.

▪ expor os fatos conforme a verdade;


Deveres dos ▪ proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
administrados ▪ não agir de modo temerário;
▪ prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para esclarecer os fatos.

➢ Trâmite processual:
▪ Início do processo -> de ofício ou a pedido (de regra, por escrito, salvo quando admitida solicitação oral).
▪ É vedada a recusa imotivada de recebimento de documentos. O servidor deve orientar o interessado.
▪ Vários interessados com pedido idêntico podem formular um único requerimento.
▪ Inexistindo competência legal específica, o processo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico
para decidir.
▪ Impedimento -> situações objetivas -> Interesse direto ou indireto na matéria; participação no processo (do servidor ou de
seu cônjuge e parente e afins até 3º grau) como perito, testemunha ou representante; litígio judicial ou administrativo com
o interessado e respectivo cônjuge ou companheiro -> Deve ser declarado pelo próprio servidor -> Obrigatório!
▪ Suspeição -> situações subjetivas -> Amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o 3º grau -> Pode ser arguida pelo próprio servidor ou por
outros interessados -> Facultativo!
▪ Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
prévia manifestação do interessado;
▪ Preferencialmente, os atos do processo deverão ser realizados em dias úteis, na sede do órgão, mas podem também ser
realizados em outro local, desde que o interessado seja cientificado.
▪ O desatendimento da intimação NÃO importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
administrado; o direito de defesa será garantido na sequência do processo.
▪ Terão tramitação preferencial as pessoas: com idade igual ou superior a 60 anos; portadoras de deficiência, física ou
mental; portadoras de doença grave.
▪ O interessado poderá, por escrito, desistir total ou parcialmente do processo; a Administração, contudo, poderá prosseguir
com o feito, caso entenda que o interesse público exige.

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▪ Independente de caução (SV 21 do STF);
▪ Em regra, não possui efeito suspensivo, mas poderá ser concedido se for causar prejuízo
Recurso de difícil reparação ou quando expresso em lei.
administrativo ▪ Em regra, tramitará em até três instâncias, com início na que proferiu a decisão recorrida,
que poderá reconsiderar ou encaminhar o recurso para a autoridade superior.
▪ Pode ocorrer o reformatio in pejus.

▪ De punição aplicada ao interessado.


▪ Quando houver fato novo não analisado originalmente.
Revisão
▪ A qualquer tempo.
▪ Não aceita a reformatio in pejus.

ATO PRAZO
Para todos os atos, inexistindo 5 dias, salvo força maior, prorrogáveis por até igual período, se
disposição específica justificado.

Intimação para comparecimento Mínimo de 3 dias úteis

Intimação dos interessados de Mínimo de 3 dias úteis


prova ou diligência ordenada

Emissão de parecer de órgão 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior
consultivo prazo.

Manifestação do interessado 10 dias, salvo determinação legal.


após encerrada a instrução

Decisão após instrução Até 30 dias, prorrogáveis, se justificado.

Reconsideração pela autoridade 5 dias; se não reconsiderar, encaminhará à autoridade superior


que proferiu a decisão

Interposição de recurso 10 dias, contados a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão


recorrida.

Decisão de recurso Até 30 dias, contados do recebimento dos autos, prorrogáveis se


justificado.

Intimação dos demais 5 dias úteis para apresentação de alegações.


interessados no recurso

Contagem de prazos:
✓ Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
✓ Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data; se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
✓ Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

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CONTROLE ADMINISTRATIVO:
Hierárquico = poder de autotutela. Ex: recursos administrativos, processos disciplinares etc. Anulação refere-se
a controle de legalidade: anulam-se atos ilegais. Revogação refere-se a controle de mérito: revogam-se atos
inconvenientes ou inoportunos.
Não hierárquico = tutela e órgãos especializados de controle (ex: CGU)

▪ Direito de petição:
✓ Representação: denúncia de irregularidades à Administração;
✓ Reclamação administrativa: contra atos da Adm. que afetem os direitos do administrado;
✓ Pedido de reconsideração: solicitação de reexame de um ato administrativo pela mesma autoridade que o
editou;
✓ Recurso hierárquico próprio: pedido de reexame do ato dirigido à autoridade hierarquicamente superior à
que proferiu o ato;
✓ Recurso hierárquico impróprio: dirigido à autoridade que não se insere na mesma estrutura hierárquica do
agente que proferiu o ato. Só quando houver previsão em lei.

CONTROLE JUDICIAL:
Exercido pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Poder Executivo, do Legislativo e do
próprio Judiciário, quando realiza atividades administrativas. Necessariamente provocado. Controle a posteriori
(regra). Restrito ao controle de legalidade, adentrando no mérito do ato administrativo apenas em caso de
ilegalidade ou ilegitimidade. Pode anular, mas não revogar o ato.
▪ Contra ato ou omissão que importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo líquido
e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data.
▪ Contra ato ou omissão de autoridade pública, ou de particular no exercício de funções
públicas.
▪ O ato ou omissão deve importar ilegalidade ou abuso de poder
Mandado de
▪ É sempre uma ação de natureza civil
segurança
▪ Pode ser repressivo ou preventivo
▪ Prazo: 120 dias contados da ciência do ato impugnado.
▪ Não poderá ser utilizado: contra lei em tese; contra atos de gestão comercial; decisão
judicial transitada em julgado; atos internos; ato do qual caiba recurso com efeito
suspensivo; substituto da ação de cobrança.

▪ Legitimados:
✓ Partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
✓ Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
Mandado de em funcionamento há pelo menos um ano.
segurança
coletivo ▪ Não é necessária autorização expressa dos associados.
▪ Pode ser impetrado para defender parte dos associados.
▪ Não beneficia o impetrante de MS individual que tenha o mesmo objeto, a menos que
haja desistência da ação individual no prazo de 30 dias da impetração da ação coletiva.

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▪ Contra lesão a interesses difusos: patrimônio público, moralidade administrativa,
patrimônio histórico-cultural, meio ambiente.
Ação popular
▪ Legitimados: qualquer cidadão no pleno gozo dos direitos políticos.
▪ Ação preponderantemente desconstitutiva e subsidiariamente condenatória.

▪ Proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses


difusos e coletivos.
Ação civil
▪ Legitimados: Ministério Público, Defensoria Pública, Administração, associação
pública
constituída há pelo menos um ano no pleno gozo dos direitos políticos.
▪ Ação preponderantemente mandamental e preponderantemente condenatória.

CONTROLE LEGISLATIVO:

Responsabilidade pelo controle externo: depende da origem orçamentária primária dos recursos.

Esfera Titular do controle externo Órgão técnico que presta auxílio


União Congresso Nacional TCU
Estados Assembleias Legislativas TCE
Distrito Federal Câmara Legislativa TCDF
Municípios da BA, CE, GO e PA Câmaras Municipais TC dos Municípios (órgãos estaduais)
Municípios do RJ e SP Câmaras Municipais TCM-RJ e TCM-SP (órgãos municipais)
Demais Municípios Câmaras Municipais TCE

 Repartição constitucional de funções de controle externo:


Congresso: julgar as contas do PR; sustar atos normativos que exorbitem
do poder regulamentar; sustar contratos ilegais.
Senado Federal: aprovar as indicações de nomes indicados pelo PR; julgar
autoridades nos crimes de responsabilidade; aprovar operações de crédito
Controle exercido externas
diretamente pelo Congresso, Câmara dos Deputados: tomar as contas do Presidente da República, caso
suas Casas e Comissões não apresentadas no prazo.
(controle parlamentar) CPI: investigar fato determinado.
CMO: examinar e emitir parecer sobre as contas do PR; acompanhar a
fiscalizar a execução orçamentária.

Competências do art. 71 da CF que podem ser divididas em:


Controle exercido pelo TCU - Exame e julgamento das prestações de contas (no caso das contas do
(controle técnico) Presidente da República, o TCU emite parecer prévio);
- Atividades de fiscalização (auditorias e inspeções; registro de atos de
pessoal; sustar atos administrativos).

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ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU
CF, art. 70. caput
Natureza das fiscalizações: Aspectos a serem verificados:
• Contábil • Legalidade
• Financeira • Legitimidade
• Orçamentária • Economicidade
• Operacional • Aplicação das subvenções
• Patrimonial • Renúncia de receitas

LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


▪ Agente público, ainda que transitoriamente ou sem remuneração. Inclui agentes políticos.
Sujeitos
▪ Terceiro, que induza ou concorra para a prática de ato de improbidade (deve haver
ativos
participação de agente público).

▪ Administração direta, indireta ou fundacional;


▪ Empresa incorporada ao patrimônio público;
▪ Entidade privada da qual o erário participe com mais de 50% do patrimônio ou da receita
Sujeitos anual;
passivos ▪ Entidade privada da qual o erário participe com menos de 50% do patrimônio ou da
receita anual (sanção limita-se à contribuição do poder público).
▪ Empresa privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público (sanção limita-se à contribuição do poder público).

➢ Sanções:
• Natureza administrativa, civil e política.
o Administrativa: perda da função pública, proibição de contratar com o Poder Público;
o Civil: indisponibilidade de bens, ressarcimento ao erário, multa civil;
o Política: suspensão dos direitos políticos.

• NÃO PREVÊ SANÇÕES PENAIS (exceto àquele que apresenta denúncia sabidamente infundada).
• Independe da ocorrência de dano ao erário (exceto quanto à pena de ressarcimento) ou da aprovação ou rejeição das
contas pelo Tribunal de Contas.
• Exige comprovação de dolo (enriquecimento ilícito e violação dos princípios) e dolo ou culpa (prejuízo ao erário).

➢ Declaração de bens: obrigatória para a posse ou exercício. Quem deixar de entregar ou falsificar fica sujeito à pena de
demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

➢ Procedimento administrativo e processo judicial:


• Qualquer pessoa pode representar à autoridade administrativa competente ou ao MP;
• Tribunal de Contas e MP podem indicar representante para acompanhar a apuração administrativa;
• Pode ser decretada medida cautelar de sequestro dos bens;
• A autoridade judicial ou administrativa pode determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
• A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.

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➢ Prescrição:
• Cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança.
• Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, aplica-se o prazo prescricional previsto em lei específica para
faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público.
• Cinco anos contados da data da prestação de contas, no caso de entidades privadas beneficiárias de recursos públicos ou
de cujo patrimônio ou receita anual o Poder Público contribua com menos de 50%.
• Ações civis de ressarcimento ao erário são imprescritíveis.

• Que importam enriquecimento ilícito: auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial


indevida, direta ou indireta, em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade pública. Exemplos:
o Receber propina; utilizar bem ou servidor público em proveito próprio; adquirir bens
em valor desproporcional à própria renda.

• Que causam prejuízo ao erário: qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres de órgão ou entidade pública. Exemplos:
Atos de o Permitir ou concorrer que se utilize bens ou dinheiro público sem observar a lei;
improbidade aquisição de bens pela Adm. Pública fora das condições de mercado; frustrar a licitude
administrativa de licitação; realizar despesa pública de forma irregular.

• Decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício tributário ou financeiro:


qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
tributário contrário ao que dispõe a legislação do ISS (alíquota mínima de 2%).

• Que atentam contra os princípios da Administração Pública: qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, bem
como outros princípios da Adm. Pública. Exemplos:
o Praticar ato visando fim proibido ou diverso daquele previsto em lei; revelar
informação sigilosa; deixar de prestar contas; frustrar a licitude de concurso público.

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➢ Sanções pela prática de ato de improbidade administrativa

Enriquecimento Prejuízo ao Benefício ISS


Lesão a princípios
ilícito erário indevido

Ressarcimento ao erário Aplicável Aplicável - Aplicável

Perda da função pública Aplicável Aplicável Aplicável Aplicável

Suspensão dos direitos


De 8 a 10 anos De 5 a 8 anos De 5 a 8 anos De 3 a 5 anos
políticos

Perda dos bens


Deve ser aplicada Pode ser aplicada - -
acrescidos ilicitamente

Até 3x o valor do Até 100x o valor da


Até 2x o valor do Até 3x o valor do
Multa civil acréscimo remuneração
dano benefício
patrimonial recebida pelo agente

Proibição de contratar
com o Poder Público ou
Por 10 anos Por 5 anos - Por 3 anos
receber benefícios
fiscais

******

É isso pessoal. Espero que o nosso resumo de Direito Administrativo tenha auxiliado na
sua preparação para a prova do STJ.

Bons estudos,

Erick Alves

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DIREITO CIVIL – PROFA. ALINE SANTIAGO

RESUMO DA AULA 00
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO –
LINDB.
LINDB
Contém normas que tratam de normas em geral. Não disciplina só o Direito Civil, mas,
também, outros ramos do direito, salvo naquilo que for regulado de forma diferente na
legislação específica.

ANTES do Decreto-lei 4.657 de 1942 DEPOIS da Lei 12.376 de 2010

LICC LINDB

A antiga LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL é o Decreto-lei 4.657, de 1942,


conhecida anteriormente nos meios jurídicos pelas iniciais LICC. Todavia, a recente Lei
12.376, de 30 de dezembro de 2010, alterou o seu nome de Lei de Introdução ao Código
Civil para LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO conhecida
atualmente como LINDB.1

VIGÊNCIA

O início de vigência da lei está previsto no art. 1º da LINBD. Geralmente, as leis


costumam indicar seu prazo de início de vigência, podendo ser inferior aos 45 dias
citados na lei.
Sempre que uma lei for publicada sem ter uma menção expressa sobre quando entrará
em vigor, em regra o prazo para início de vigência é de 45 dias depois da sua
publicação (art.1º da LINDB).

1
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil. Volume único. 7ª ed, 2017.

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O art. 2° da LINDB relaciona vigência ao aspecto temporal da lei, a qual, no período
(de vigência) tem vigor.

Vigor e Vigência designam qualidades diferentes:

Vigência relacionado tempo de duração da Lei

Vigor relacionado força vinculante

VACATIO LEGIS
Esse intervalo temporal entre a data da publicação e o início de vigência da lei é a
VACATIO LEGIS. Quando a lei entra em vigor na data de sua publicação é lei sem
VACATIO LEGIS.
Lei com INTERVALO TEMPORAL = vacatio legis
Lei sem INTERVALO TEMPORAL = sem vacatio legis

A lei, no período de vacatio legis, ainda não tem obrigatoriedade nem eficácia, embora
já exista no ordenamento jurídico.

Período de tempo denominado vacatio legis


DATA DA PUBLICAÇÃO INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI
Salvo disposição contrária, 45 dias em todo território/3 meses no Estados estrangeiros

Os prazos para vigência são contados a partir da publicação da lei.

Quando a obrigatoriedade da Lei brasileira for admitida em Estados estrangeiros,


esta se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada, de acordo com
o § 1º, do art. 1º da LINDB:

Importante: um prazo de 3 meses é diferente de um prazo de 90 dias.

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Esquematizando o art. 1°, parágrafos 3° e 4º da LINDB:

Período de tempo denominado


DATA DA PUBLICAÇÃO INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI
vacatio legis (Lei já em vigor)

se aqui houver se aqui houver


correções correções

passa a contar novo prazo


para a Lei entrar em vigor considera-se LEI NOVA

Como você viu, no caso de alterações de leis, duas situações bem distintas podem
ocorrer, mas ambas envolverão todos os dispositivos da lei se a republicação for
total.
Situação 1: A lei está dentro do vacatio legis, ou seja, ainda não está em vigor.
Situação 2: A lei já está em vigor, já passou o prazo de vacatio legis.

CONTAGEM DO PRAZO
Incluir a data da publicação e o último dia do prazo, a lei entrará em vigor no dia
subsequente.

REVOGAÇÃO DA LEI
A revogação nada mais é que tornar sem efeito uma norma ou parte dela. A lei ou,
então, parte dela deixa de ter vigência, cessa a sua obrigatoriedade.

Expressa
Quanto à forma de
sua execução
Tácita

Revogação

Parcial
Quanto à sua
extensão
Total

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As bancas costumam cobrar em prova a definição de Derrogação e Ab-rogação. Não vá
errar isto! Revogação parcial é derrogação. Revogação total é ab-rogação.

MACETE: TOTALAB

LEI "A" (anterior) Lei "B" (posterior)

LEI “A” (anterior) LEI “B” (posterior) se estabelecer


disposições GERAIS OU ESPECIAIS não revoga nem
modifica.
Sendo as duas leis compatíveis e complementares, ambas
continuam produzindo seus efeitos.

A revogação ocorrerá deste modo:

se assim o fizer.
Expressamente

Lei "B" (posterior) se for incompatível.


revoga a Lei "A"
(anterior)
Tacitamente
se regular inteiramente
a matéria.

O art.2º, §3º da LINDB trata da repristinação, que significa restaurar o valor


obrigatório de uma lei que foi anteriormente revogada:

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Somente ocorrerá REPRISTINAÇÃO (Lei “A” voltará a valer) se a Lei “C” assim
dispuser expressamente. Não há repristinação automática.

ANTINOMIA JURÍDICA
Dá-se a antinomia jurídica quando existem duas normas conflitantes sem que se
possa saber qual delas deverá ser utilizada no caso concreto.

Três critérios devem ser levados em conta para a solução dos conflitos:
Critério Cronológico Critério da Especialidade Critério Hierárquico

Norma Norma Norma


POSTERIOR ESPECIAL SUPERIOR

Norma Norma Norma


ANTERIOR GERAL INFERIOR

Ainda, a antinomia pode ser classificada em: antinomia real e antinomia aparente.

OBRIGATORIEDADE DA LEI
O princípio da obrigatoriedade da norma aplicado em relação às pessoas (ou da não
ignorância de lei vigente) é objeto do art. 3º:
LINDB: Art.3°. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

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APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO.
A hermenêutica é o modelo que o intérprete vai seguir para extrair o verdadeiro sentido
da norma. É a ciência da interpretação das leis e como toda ciência, tem os seus
métodos.

Os métodos de interpretação mais cobrados em prova são os seguintes:

Gramatical ou Literal – o interprete analisa cada termo do texto normativo,


observando-os individual e conjuntamente.

Lógica ou Racional – nesta técnica o interprete irá estudar a norma através de


raciocínios lógicos.

Sistemática – o interprete analisará a norma através do sistema em que se encontra


inserida, observando o todo para tentar chegar ao alcance da norma no individual,
examina a sua relação com as demais leis, pelo contexto do sistema legislativo.

Histórica – o interprete analisará o momento histórico em que a lei foi criada.


Sociológica ou teleológica – é técnica que está prevista no artigo 5º da LINDB: “Na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências do
bem comum”.

MEIOS DE INTEGRAÇÃO
O juiz não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa,
devendo utilizar-se dos meios de integração da norma (analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito).

Integrar significa preencher a lacuna.

Estes meios deverão ser utilizados na ordem prevista na norma – ordem hierárquica
– qual seja: ¹Analogia, ²Costumes e ³Princípios Gerais do Direito.

CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO


A atuação da lei no tempo é o que denominamos de direito intertemporal. Sobre
este assunto, temos o artigo 6º da LINDB:
Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o
direito adquirido e a coisa julgada.

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ATO JURÍDICO PERFEITO: é o ato já consumado segundo a lei
vigente ao tempo em que se efetuou.

DIREITOS ADQUIRIDOS: são os direitos que o seu titular, ou


alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.

COISA JULGADA: é a decisão judicial de que já não caiba recurso.

EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO


Em razão da soberania estatal, a lei tem aplicação dentro do território delimitado pelas
fronteiras do Estado. O princípio da territorialidade não é, no Brasil, aplicado de
modo absoluto. Em alguns casos permite-se a extraterritorialidade, que vem ser
a aplicação da lei em territórios de outro Estado, segundo os princípios e convenções
internacionais.
O estatuto pessoal, no Brasil, baseia-se na lei do domicílio (lex domicilli) –
determinando as regras quando os assuntos versarem sobre: o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
O Brasil segue o sistema da territorialidade moderada, sujeita a regras especiais, que
determinam quando e em que casos pode ser invocado o direito alienígena (LINDB,
arts. 7º. e s.).

PESSOAS NATURAIS.
RESUMO DA AULA 01
PESSOAS NATURAIS
A personalidade da Pessoa Natural começa do nascimento com vida, ou seja,
mesmo o recém-nascido, embora não possa exercer pessoalmente os atos da vida civil,
já é sujeito de direitos e obrigações (tem capacidade de direito ou de gozo –
inerente a todo ser humano).

Nascituro é o feto, que está dentro do ventre da mãe e que ainda vai nascer. Ele não
possui personalidade jurídica material, mas a lei assegura seus direitos desde a
concepção. O nascituro possui o que se chama de personalidade jurídica formal.

CAPACIDADE
Vimos que a pessoa natural é o ser humano, que ao nascer com vida, adquire
personalidade civil, considerado, então, como sujeito de direitos e obrigações.

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Como a capacidade é limitada, para termos a medida da personalidade se faz
necessário distinguir essa capacidade. Ela pode ser de duas espécies: a primeira,
denominada ¹de gozo ou de direito, que é aquela oriunda da personalidade, e que é
inerente à pessoa; e a segunda, denominada ²de fato ou de exercício, que é a
capacidade de exercer estes direitos por si só na vida civil.

Capacidade de direito (ou de gozo) É inerente ao ser humano


Já:

A Capacidade de fato (ou de exercício) leva em conta critérios como:

Idade Estado de saúde

INCAPACIDADE
Incapacidade é a restrição legal para determinados atos da vida civil. Todas as
incapacidades estão previstas em lei, neste sentido temos que falar que a
capacidade da pessoa natural é a regra, sendo a incapacidade a exceção.
O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma deficiência
jurídica apreciável. A proteção jurídica dos incapazes realiza-se por meio da
representação ou assistência.

Absolutamente incapazes são Representados a falta causa Nulidade

Relativamente capazes são Assistidos a falta causa Anulabilidade

A INCAPACIDADE ABSOLUTA e RELATIVA previstas nos artigos 3° e 4° da LINDB


despencam em prova. Então, DECORE esses artigos:
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 (dezesseis) anos.
...
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

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EMANCIPAÇÃO
A emancipação pode ser Voluntária, quando se dá por concessão de dos pais (art.
5º inciso I, primeira parte); Judicial, quando por sentença do juiz (art. 5º inciso I,
segunda parte); e pode ser Legal que é quando a incapacidade cessa por expressa
determinação da lei (art. 5º incisos II, III, IV e V).

FIM DA EXISTÊNCIA DA PERSONALIDADE NATURAL


A morte a morte pode ser real ou presumida (esta podendo ser com ou sem
decretação da ausência).

Comoriência: dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião não se podendo


averiguar qual deles morreu primeiro.

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL


A identificação da pessoa natural se dá sob três aspectos: pelo ¹nome, que a
individualiza propriamente; pelo ²estado, que define sua posição na sociedade política
e na família; e pelo ³domicílio, que vem a ser o lugar de sua atividade social (sendo
definido em lei, é um conceito jurídico).

DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária. Não são características absolutas. IMPORTANTE: observar que existe uma
disponibilidade relativa em relação aos direitos da personalidade.
Os direitos da personalidade são:

Absolutos Intransmissíves Indisponíveis

Irrenunciáveis Imprescritíveis

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Os direitos da personalidade estão dispostos nos artigos 11 ao 21 do Código Civil e
estão relacionados à proteção, à integridade física e a integridade moral.

DA AMEAÇA OU LESÃO A DIREITO DA PERSONALIDADE


Caso um direito de personalidade esteja sendo ameaçado ou lesado, a pessoa poderá
exigir que cesse a ameaça ou lesão e reclamar perdas e danos, sem prejuízos de
outras sanções.

DA DISPOSIÇÃO DO CORPO EM VIDA E PARA DEPOIS DA MORTE


A disposição do próprio corpo é proibida, quando importar diminuição permanente da
integridade física, ou contrariar os bons costumes. Esta proteção começa desde a
concepção e se prorroga até a morte da pessoa.
O direito ao próprio corpo inclui tanto a sua integralidade como as partes destacáveis
e sobre as quais é exercido o direito de disposição.

DIREITO AO NOME
O nome também é um dos direitos de personalidade e está, portanto, protegido por lei.

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.


(art. 19)

DA PRODUÇÃO INTELECTUAL E DA IMAGEM DAS PESSOAS


O artigo 20 é muito importante para os direitos de personalidade, estando relacionado
à produção intelectual e à imagem das pessoas:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção
da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

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Salvo se 1.Autorizadas
ou
2.Necessárias 2.1 a Administração da justiça
ou
2.2 a Manutenção da ordem pública

A divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da


imagem de uma pessoa

Poderão ser proibidas mediante requerimento

Sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

DA PROTEÇÃO À INTIMIDADE


O artigo 21 encerra o capítulo sobre os direitos de personalidade dispondo sobre a
intimidade:
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

DA AUSÊNCIA
Não basta a simples não presença para configurar a ausência. É necessária a falta
de notícia do ausente, de modo que haja dúvidas quanto a sua existência bem como
a declaração judicial desse estado. O elemento “incerteza jurídica” será
complementado pela sentença do juiz. Deste modo, temos o art. 22 do CC:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a
requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.

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A partir do desaparecimento da pessoa, teremos três momentos ou fases, são eles:

1. Curadoria dos bens do ausente

Ausência 2. Da sucessão provisória

3. Da sucessão definitiva

A pessoa desapareceu de seu domicílio e dela não se tem notícia

(art. 22) (art. 23)


se não deixou representante se deixou mandatário
ou procurador entretanto:
O juiz, a
requerimento de este não quer ou
qualquer ou os seus poderes
não pode exercer o
interessado ou do são insuficientes
mandato
MP

também se
declarará a
declarará a
ausência e nomeará
ausência e se
CURADOR
nomeará curador

Se o ausente retornar temos duas situações:


Se ficar comprovado que sua ausência se deu de forma voluntária e injustificada
– art. 33, § único, perderá ele sua parte nos frutos e rendimentos arrecadados dos
bens;
Se ficar comprovado que sua ausência ocorreu involuntariamente e se puder
justificá-la – art. 36, o ausente, que agora retornou, tem direito a seus bens (cessarão
para logo as vantagens dos sucessores que estavam com a posse provisória).

E, deste modo, passamos para um terceiro e último momento – a abertura da


sucessão definitiva. Vejamos o que dizem os arts. 37 e 38:
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento
das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta
oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

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PESSOAS JURÍDICAS.
RESUMO DA AULA 02
PESSOAS JURÍDICAS
É importante que você saiba identificar e distinguir as pessoas jurídicas de direito
público e as pessoas jurídicas de direito privado (é um ponto recorrente em provas).

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que
se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

“O registro da pessoa jurídica declarará o modo por que se administra e representa,


ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.”

Informação: É decadencial o direito de anular as decisões tomadas por órgão de


administração coletiva de pessoa jurídica, quando eivadas, por exemplo, de simulação.

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela
maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

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Cuidado com o Art. 50! Não ocorre despersonalização, apenas a
desconsideração – isto quando há abuso da personalidade jurídica por ¹desvio de
finalidade ou pela ²confusão patrimonial. Busca no patrimônio de particulares (sócios
e administradores) a satisfação de dívidas da pessoa jurídica.

Lembre-se também das figuras despersonalizadas (que não possuem


personalidade jurídica própria), tais como a família; a massa falida; o espólio; o
condomínio; a herança jacente ou vacante. Em geral, estes grupos possuem capacidade
processual e também possuem legitimidade ativa e passiva para demandar e ser
demandado em ações na justiça.

Informação: A pessoa jurídica de direito privado responde como preponente


pelos atos de seus empregados ou prepostos (responsabilidade por fato de terceiro),
como também pelos de seus órgãos (diretores, administradores, assembleias).

Domicílio: Para a pessoa jurídica que possua diversos estabelecimentos em


lugares diferentes, cada um deles será considerado seu domicílio para os atos nele
praticados.

Para que se aperfeiçoe a personalidade jurídica da fundação, ou seja,


para que se possa dizer que esta existe como pessoa jurídica, é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos: instituição, por meio de escritura pública
ou testamento, de dotação especial de bens livres de ônus, da qual conste a finalidade
específica da fundação, que deve ser religiosa, moral, cultural ou de assistência;
estatutos que a regerão; aprovação dos estatutos pelo órgão do Ministério Público
e o registro da escritura de instituição.

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As fundações têm sua razão de ser no patrimônio destinado a determinada finalidade.
A Lei nº 13.151, de 2015 alterou a redação do artigo 62 do CC, da seguinte forma:

Lei nº 10.406, de 2002 Lei nº 13.151, de 2015

Art. 62. Para criar uma fundação, o Art. 62. Para criar uma fundação, o seu
seu instituidor fará, por escritura instituidor fará, por escritura pública ou
pública ou testamento, dotação testamento, dotação especial de bens livres,
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando,
especificando o fim a que se destina, e se quiser, a maneira de administrá-la.
declarando, se quiser, a maneira de
Parágrafo único. A fundação somente poderá
administrá-la.
constituir-se para fins de:
Parágrafo único. A fundação
I – assistência social;
somente poderá constituir-se para
fins religiosos, morais, culturais ou de II – cultura, defesa e conservação do patrimônio
assistência. histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, modernização de sistemas
de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;

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DOS BENS.
RESUMO DA AULA 03
A CLASSIFICAÇÃO DOS BENS DE ACORDO COM O CÓDIGO CIVIL DE 2002:

Móveis
ou
Imóveis

Fungíveis
ou
Infungíveis

Consumíveis
Dos bens considerados em si
ou
mesmos
Inconsumíveis

Divisíveis
ou
Indivisíveis

Singulares
ou
Coletivos

Classificação dos Bens


Principais

Dos bens reciprocamente


considerados

Acessórios

Públicos

Quanto à titularidade do
domínio

Particulares

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DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:

Bens imóveis: são os que, absolutamente, não podemos transportar ou remover, sem
alteração de sua substância. Ex: o solo (bem de raiz).
Bens Móveis: são coisas corpóreas que podem se movimentar (por força própria ou
alheia) sem que esta capacidade de movimentação prejudique ou altere a sua essência
ou o seu valor comercial. Ex: computador.

Bens Fungíveis: são os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade. Ex: dinheiro.
Bens Infungíveis: são aqueles que não podem ser substituídos por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex: escultura famosa.

Bens Consumíveis: são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação. Ex:
sanduíche.

Bens Inconsumíveis: São aqueles bens que podem ser usados de forma continuada
e mesmo assim não perderão sua substância, nem serão destruídos. Ex: carro.

Bens Divisíveis: são aqueles que podem ser partidos, ou repartidos, sem que com
isso se perca sua substância, além disso, importa que esta divisão também não
implique a sua desvalorização econômica. Ex: saca de café.

Bens Indivisíveis: são os bens que se opõe a definição de bens divisíveis, além disso,
o art. 88 do código civil dispõe o seguinte: “os bens naturalmente divisíveis podem
tornar-se indivisíveis ¹por determinação da lei ou ²por vontade das partes”. Ex: cavalo
de corrida.

Bens Singulares: são os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais. Ex: um lápis.

Bens Coletivos: as coisas coletivas ou universais são as formadas por várias coisas
singulares, que consideradas conjuntamente, formam um todo único que passa a ter
uma identidade própria, distinta das partes que a compõe. Como exemplo clássico,
temos uma floresta ou um rebanho. Ex: um rebanho.

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DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS:

Bens Principais: é o bem que possui existência própria, que existe por si,
independentemente de outros. Ex: o solo é bem principal e a árvore um bem acessório.
Bens Acessórios: o bem acessório dependerá da existência do principal.
Frutos
Produtos
Benfeitorias

Pertenças

Os Frutos: são as utilidades que uma coisa periodicamente produz sem, com isso, sofrer
alteração em sua substância. Ex: o leite das vacas e as frutas que uma árvore dá.
Os Produtos: o conceito de produto parte da ideia de algo que pode ser retirado do
principal diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Ex:
os metais.
As Benfeitorias: são as obras ou despesas que se faz em bem, móvel ou imóvel, para
conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo.
Existem três tipos de benfeitorias:
Benfeitorias Necessárias: são aquelas destinadas a conservação do bem, para evitar
que este se deteriore. Ex:reforma de uma viga.
Benfeitorias Úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Ex: construção
de uma garage.
Benfeitorias Voluptuárias: são aquelas feitas para o prazer, não aumentam o uso
habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável e seu valor seja elevado. Ex: a
construção de uma piscina.
Pertenças: é um bem que é acrescido a outro, que é o principal, sem, no entanto, ser
parte integrante deste. As pertenças não obedecem à regra de que o acessório segue
o principal, porque são coisas que não formam partes integrantes e também não são
fundamentais para a utilização do bem principal. Ex: objetos de decoração de uma
residência.

Princípio da Gravitação Jurídica  o acessório segue o principal.

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QUANTO À TITULARIDADE DO DOMÍNIO
Bens Públicos: os de domínio nacional pertencentes à União, aos Estados, aos
Territórios ou aos Municípios e às outras pessoas jurídicas de direito público interno.
Classificam-se em:
Bens de uso comum do povo. Ex: as ruas, as estradas, as praças, os jardins públicos,
o mar.
Bens de uso especial. Ex: os prédios onde estão instaladas repartições públicas e os
prédios de escolas públicas.
Bens dominicais. Ex: terras devolutas, fazendas e indústrias pertencentes ao Estado.
Bens Particulares: todos os outros bens, os que tiverem, por exemplo, como titular
de seu domínio pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado.

FATOS JURÍDICOS.
RESUMO DA AULA 04
FATO JURÍDICO
É todo acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato ilícito.

Fato Jurídico Natural (ou em sentido estrito), que é aquele que independe da
vontade humana. Os Fatos naturais se subdividem em originários (exemplos: o
nascimento, a morte2, a maioridade, o decurso do tempo, a frutificação das
plantas) ou extraordinários (a exemplo do caso fortuito, ou força maior3, das
tempestades e dos terremotos que ocasionem danos às pessoas).
Fato Jurídico Humano, que será decorrência de um Ato humano. (exemplos:
reconhecimento da paternidade, um contrato, uma doação)
Silêncio de uma das partes - entende-se que ocorreu anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária declaração expressa de
vontade (manifestação tácita da vontade, silêncio como manifestação de vontade).

2 Tanto o nascimento quanto a morte são acontecimentos naturais. Fatos jurídicos que serão inscritos no registro
público.
3 Segundo Orlando Gomes, Introdução ao Direito Civil: “caso fortuito, ou força maior, é todo fato necessário, a cujos

efeitos não é possível resistir”. Como requisitos necessários, temos: a inevitabilidade (requisito objetivo) e a
ausência de culpa (requisito subjetivo).

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Acontecimento Natural
(fato jurídico em stricto sensu) Lembre-se que ambos
precisam ter efeitos jurídicos,
Fato Jurídico ou seja, repercussão no direito,
Acontecimento Humano - Ato jurídico para serem fato jurídico.
(Ato Humano)

NEGÓCIO JURÍDICO
É o ato que tem como consequência efeitos jurídicos desejados pelas partes. É ato
negocial. Estará presente a autonomia privada. O contrato é o principal exemplo de
um negócio jurídico.
Na interpretação dos negócios jurídicos, importa mais a intenção das partes do que
o sentido literal da linguagem, porém, quando os negócios jurídicos forem benéficos
ou consistirem em renúncia, deverão ser interpretados restritivamente.
Os negócios jurídicos sinalagmáticos são aqueles em que há reciprocidade de
direitos e obrigações.

As pessoas detêm autonomia privada (possibilidade de constituir, modificar ou


extinguir uma relação jurídica).

O instrumento, por meio do


qual este poder se manifesta e
se concretiza, será:

o Negócio Jurídico

Informações Importantes:
✓A validade do negócio jurídico requer forma prescrita ou não defesa em lei (em regra,
a forma é livre).
✓A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando
a lei expressamente a exigir.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


Unilaterais: O ato dirige-se no mesmo sentido, há apenas uma declaração de vontade.
(Por exemplo: duas pessoas podem juntas instituir uma fundação, o ato será conjunto,
no entanto unilateral, porque haverá apenas uma manifestação de vontade).
Bilaterais: As declarações das partes dirigem-se em sentido contrário, mas são
coincidentes no objeto, há sempre a manifestação de duas vontades. Exemplos
clássicos de negócio jurídico bilateral são os contratos. Os atos bilaterais se subdividem
ainda em: ¹simples e ²sinalagmáticos.

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Inter vivos: As consequências jurídicas ocorrem durante a vida dos interessados (ex.:
doação (estipulada em vida), troca, mandato, compra e venda, locação).
Mortis causa: Regulam relações após a morte do sujeito, do declarante (ex.:
testamento, legado).

Patrimoniais: Originam direitos e obrigações de conteúdo econômico, suscetíveis de


aferição econômica.
Extrapatrimoniais ou pessoais: São aqueles relacionados aos direitos
personalíssimos e ao direito da família. Apresentam conteúdo não econômico.

Gratuito: Não há contraprestação, só uma das partes obtém benefícios. (ex.: doações,
comodato).
Oneroso: Implica mútua transmissão. Os sujeitos visam, reciprocamente, a obter
vantagens para si ou para outrem (ex. compra e venda, contratos em geral).
Neutros: São aqueles em que não há uma atribuição patrimonial determinada, não
podendo ser enquadrados como gratuitos ou onerosos. Como por exemplo a instituição
de bem de família e cláusula de incomunicabilidade de bens de um cônjuge para o
outro.
Bifrontes: São os negócios jurídicos que podem ser onerosos ou gratuitos a critério
das partes, como o mútuo, o mandato e o depósito (que são espécies de contratos
previstos no Código Civil).

Formais (solenes): Exigem forma especial, prescrita em lei (ex.: testamento);


Não formais (não solenes): Não exigem solenidades ou forma especial (a forma é
livre). Podem, por exemplo, ser efetivados de forma verbal.

Ad solemnitatem = formalidade exigida por lei para a validade do ato.

ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


Requisitos (condições necessárias) de validade do negócio jurídico:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.

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Além da declaração de vontade, são três, então, os fatores a serem analisados, quais
sejam: o ¹agente (as pessoas envolvidas), o ²objeto (aquilo que está em questão) e
a ³forma (que conste da lei ou, então, nela não esteja proibida).

Declaração de vontade
Gerais (comuns a
Elementos todos os negócios
essencias, jurídicos) relacionados Agente capaz
requisitos de a:
validade e por
consequência de
existência Objeto lícito, possível, determinado ou determinavel
Particulares
(de cada negócio
jurídico) relacionados à forma, que poderá ser diferente para
cada ato, desde que não contrarie o art. 104, III.

Nulo será o ato praticado diretamente por pessoa absolutamente incapaz e


apenas anulável o realizado por pessoa relativamente incapaz.

Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

Reserva mental é uma declaração não querida em seu conteúdo, tendo por
objetivo enganar o destinatário, sendo que a vontade declarada não coincide com
a vontade real do declarante.

ELEMENTOS ACIDENTAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


CONDIÇÃO: É a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

a vontade das
partes

evento futuro
A condição possui como elementos:
(futuridade)

evento incerto
(incerteza)

TERMO: O momento de início ou do fim da eficácia do negócio é que será determinada


pelas partes ou fixada pelo agente.

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ENCARGO: É uma restrição a certa liberalidade que foi concedida. Por exemplo, quando
um pai dá um dinheiro de presente a um filho, mas diz que ele precisa usar parte deste
dinheiro para comprar livros.

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO


Importante: Nulidade Absoluta X Nulidade Relativa:

Negócio Nulo Negócio Anulável


(nulidade absoluta) (nulidade relativa)

É IMPRESCRITÍVEL Tem prazo decadencial

funda-se em princípios de ordem pública funda-se no interesse privado

arguída por qualquer interessado, ou pelo


Ministério Público, quando lhe couber
intervir

não se pronuncia de ofício (ver art.177)


devem ser pronunciadas pelo Juiz

Alem de não permitir confirmação, não


pode a nulidade ser suprida pelo juiz

Permite ratificação (Confirmação), SALVO


pode ocorrer conversão DIREITO DE TERCEIRO

Efeitos ex tunc (vai retroagir)


Efeitos ex nunc (não retroage)

é "sanção" mais intensa.

é "sanção" mais branda

CONFIRMAÇÃO: aplica-se a negócios jurídicos anuláveis. Retroage à data do negócio,


tornando-o válido desde a sua formação.
CONVERSÃO: aplica-se a negócio jurídico nulo que contiver os requisitos de outro.

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É nulo o negócio jurídico quando for:

1.celebrado por Pessoa Absolutamente Incapaz

2. objeto ílicito, impossível ou indeterminavel

3. não se revestir da forma prescrita em lei

4. não observar solenidade considerada por lei essencial

5. motivo comum a ambas as partes for ílicito

6. fraudar lei imperativa

7. a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem


cominar sanção

8. SIMULAÇÃO

DA SIMULAÇÃO: É causa de Nulidade (absoluta).


Simulação - associada ao conluio. Declaração que provoca falsa crença num estado
não real.
Dissimulação - oculta ao conhecimento de outrem uma situação existente,
pretendendo incutir no espírito de alguém a inexistência de uma situação real.
Subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.

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1.incapacidade relativa

2.erro

3.dolo

4.coação

5.estado de perigo

6.lesão

7.fraude contra credores

DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


ERRO:
Erro de direito - Exemplo: "A" adquire de "B" o lote "X" do Recanto Azul, ignorando
que lei municipal proibia loteamento naquela localidade.
Erro sobre o objeto principal da declaração - Exemplo: Se um contratante supõe
estar adquirindo um lote de terreno de excelente localização, quando, na verdade, está
comprando um situado em péssimo local.
Erro substancial sobre a qualidade essencial do objeto - Exemplo: "A" pensa
adquirir uma joia de prata, que, na verdade, é de aço.
Falso motivo - só vicia quando expresso como razão determinante.
Se houver a informação quanto à possibilidade de retificação trata-se de Erro de
cálculo.

DOLO:
Dolo - Exemplo: Se alguém fizer seguro de vida, omitindo moléstia grave, e vier a
falecer poucos meses depois, havendo prova da intenção de prejudicar a seguradora e
beneficiar seus sucessores (Provoca, de maneira intencional, o erro de outra pessoa).
Dolo de terceiro - Se A (comprador) adquire por influência de C (aqui está o terceiro),
que o convence de algo, sem que B (vendedor), ouvindo tal disparate, alerte A. negócio
é suscetível de anulação.
Dolo acidental - Exemplo: leva a vítima a realizar o ato negocial, porém, não afetando
sua declaração de vontade, nem influindo diretamente na realização daquele ato, que
seria praticado independentemente do emprego de artifício astucioso.

O dolo positivo ou comissivo revela-se através de expedientes


enganatórios, verbais ou de outra natureza que podem importar em
série de atos e perfazer uma conduta.
O dolo negativo ou omissivo consiste na reticência maliciosa, na
ausência de ação para plantar falsa ideia a pessoa.

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“Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma delas o pode alegar para
reclamar indenização”.

COAÇÃO: É a pressão física (coação absoluta) ou moral (coação relativa) exercida


sobre a pessoa, os bens e a honra de um contraente para obrigá-lo ou induzi-lo a
efetivar um negócio jurídico.

ESTADO DE PERIGO: estado de necessidade - risco pessoal (“perigo à vida”).


Exemplo: "A", tendo seu filho "B" sido sequestrado, paga vultosa soma de resgate. Para
tanto "A" teve de vender obras de arte a preço inferior ao do mercado a "C". Essa venda
poderá ser anulada desde que "C", aproveitando-se da situação, tenha conhecimento
da grave circunstância em que "B", filho de "A". Outro exemplo: Alguém que vier a
vender um imóvel fora do valor mercadológico, para poder pagar uma cirurgia urgente.

LESÃO: estado de necessidade - risco patrimonial – ou inexperiência.

FRAUDE CONTRA CREDORES: Dois elementos compõe a fraude contra credores um


é o objetivo, o eventus dammi, caracterizado pela insolvência, o outro é o subjetivo, o
consilium fraudis, caracterizado pela consciência de prejudicar terceiro, ou seja, a má-
fé do devedor.
Ação pauliana (também denominada revocatória) é uma ação que tem por finalidade
tornar ineficaz o ato ou negócio viciado por fraude contra credores, anula-se o negócio,
proporcionando que o bem negociado retorne à massa patrimonial do devedor,
beneficiando em síntese, todos os credores.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA:
PRESCRIÇÃO (Regra de prazo): A partir do momento que um direito é violado, o
titular deste direito pode agir juridicamente para garanti-lo, isto é o que chamamos
pretensão (a pretensão à ação).

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

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Prescrição Decadência

perde-se o direito à ação para pleiteá-lo e, perde-se o próprio direito material, por não se
portanto, não se consegue exercer o direito ter utilizado tempestivamente da via judicial
material adequada para pleiteá-lo

tem origem na lei tem origem na lei ou no negócio jurídico

é renunciável espressa ou tacitamente, e só é irrenunciável, quando fixada em lei.


valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar (É nula a renúncia à decadência fixada em lei.)

abrange direitos patrimoniais e não


abrange, via de regra, direitos patrimoniais;
patrimoniais.

Salvo disposição legal em contrário, não se


é passivel de impedimento, suspensão e
aplicam à decadência as normas que impedem,
interrupção.
suspendem ou interrompem a prescrição.

As causas impeditivas da prescrição são as circunstâncias que impedem que seu curso
inicie, por estarem fundadas no status da pessoa individual ou familiar, atendendo
razões de confiança, parentesco, amizade e motivos de ordem moral.
A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários estende-se aos
demais credores, se a obrigação for também indivisível.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO:
Procuramos sempre orientar aos alunos para que procurem memorizar as causas
que interrompem a prescrição. Como em prova normalmente é necessário saber se
estamos diante de uma causa de interrupção ou se estamos diante de uma causa de
impedimento ou suspensão, fica mais fácil de garantir um acerto.
Das Causas que Interrompem a Prescrição

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Observe que a interrupção da prescrição sempre será provocada e somente poderá
ocorrer uma vez:
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I- por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual;

II- por protesto, nas condições do inciso antecedente;


III- por protesto cambial;

IV- pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de


credores;

V- por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;


VI- por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.

Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.

Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica
aos demais coobrigados.
§1°. A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§2°. A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§3°. A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

Importante!
✓A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita;
✓Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes;
✓A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição;
✓O juiz pode alegar de ofício a prescrição se favorecer o absolutamente incapaz;
✓A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor;
✓Há casos de impedimentos, suspensão e interrupção da prescrição;
✓O prazo geral de prescrição, aplicável quando não houver prazo especial, é de 10
anos;

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✓A prescrição atinge direitos dotados de pretensão, enquanto que a decadência atinge
direitos potestativos;
✓Não se aplicam à decadência as normas que interrompem a prescrição, salvo
disposição legal em contrário;
✓Não terá direito à repetição do indébito o devedor que saldar dívida prescrita;
✓A prescrição não corre na pendência de condição suspensiva;
✓Conforme a jurisprudência do STJ, em se tratando de ação de indenização, o início da
fluência do prazo prescricional ocorre com o conhecimento da violação ou da lesão ao
direito da vítima.

DECADÊNCIA: É a extinção do direito, tendo em vista a inércia do seu titular. Veja


que o objeto da decadência é o próprio direito. Enquanto a prescrição atinge
diretamente a ação e por via oblíqua faz desaparecer o direito por ela tutelado, a
decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito material e por via oblíqua
acaba por atingir a ação.

ALGUNS PRAZOS DECADENCIAIS:


Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição
no registro.

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria
de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo,
quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo
para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

Importante!
✓Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que
impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
✓É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
✓Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

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✓Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em
qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

PROVA
A prova é a maneira utilizada para se comprovar a existência de um ato ou negócio
jurídico. Pois de nada adiantaria ter um direito se não conseguíssemos prová-lo. O que
na realidade se busca comprovar com a prova é o fato que gerou o direito e não a
existência do direito em si.
Para tanto é necessário que se obedeça a certas regras de cunho geral, deste modo, a
prova deve ser: admissível, pertinente e concludente.

Importante: São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de FORMA ESPECIAL,


senão quando a lei expressamente a exigir.

Deste modo, podemos concluir que uma vez exigida forma especial para a validade
de um negócio jurídico, nenhuma outra modalidade de prova será admitida.
O art. 212 do CC ao listar os meios de prova o faz de maneira exemplificativa:
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado
mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V – perícia.

Lembre-se que alguns atos exigem forma especial, como por exemplo: a alienação
de bens que pertencem a menores sob tutela; o testamento; o casamento.

I. CONFISSÃO:
Art. 389 CPC. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.

A confissão não permite arrependimento, é ato irrevogável e irretratável.

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Para que se configure uma confissão é necessário que se tenha agente capaz, com
plena titularidade sobre os direitos controvertidos, este é o teor do art. 213:
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a
que se referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em
que este pode vincular o representado.
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coação.

Assim, temos expressamente neste artigo dois casos em que uma confissão pode ser
anulada, quais sejam: quando decorreu de um dos vícios, erro de fato ou coação.
Embora não mencionado no artigo há entendimentos que a anulação da confissão é
válida também quando existe: lesão ou estado de perigo.

II. DOCUMENTOS:
Deste modo os documentos podem ser públicos ou privados.
✓São documentos públicos os que foram fabricados por autoridades públicas, no
exercício de suas funções.
✓São documentos privados aqueles que foram elaborados por pessoas interessadas.
Por particulares.

Cuidado! Existe uma pequena diferença entre documentos e


instrumentos. Os instrumentos são feitos com a finalidade especial de promoverem a
existência do negócio jurídico ou lhes serem provas, já os documentos não possuem
esta finalidade específica.

Uma carta, é um documento, não tem como objetivo (finalidade) criar negócio jurídico
ou prova, embora em determinadas situações até possa vir a constituir um elemento de
prova.

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé


pública, fazendo prova plena.

§ 1º. Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido
ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;

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III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais
comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome
do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que
todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu
substituto legal, encerrando o ato.

§ 2º. Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz
assinará por ele, a seu rogo.
§ 3º. A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4º. Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não
entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de
intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha
idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5º. Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem
sua identidade.

A inobservância de qualquer um destes requisitos resultará na nulidade da escritura


pública.

Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja
na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de
qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de
terceiros, antes de registrado no registro público.

Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o


português para ter efeitos legais no País.

A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. A língua


nacional é expressão da soberania do Estado e aspecto da nacionalidade do cidadão.
As peças processuais devem ser redigidas em português e seu conteúdo deve ser
acessível a todos. Por este motivo a tradução será feita por tradutor juramentado, que,
portanto, tem fé pública.

Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral,


quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena
destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão.

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Sobre este artigo temos a resolução nº 298 da IV Jornada do STJ:
“Os arquivos eletrônicos incluem-se no conceito de reproduções eletrônicas de fatos
ou de coisas, do CC 225, aos quais deve ser aplicado o regime jurídico da prova
documental”.

Quaisquer meios eletrônicos serão tratados como provas documentais, não se


exigindo que sejam autenticados.

III. TESTEMUNHAS:
Testemunha é pessoa “estranha” ao processo, mas que tem conhecimento sobre algum
fato do processo. Assim, as testemunhas podem ser:
✓Judiciárias: pessoas naturais, que dão seu depoimento em juízo.
✓Instrumentárias: são aquelas que se manifestam sobre o conteúdo do documento que
assinam – são duas testemunhas para as escrituras públicas e cinco para o
testamento ordinário.

Restrições quanto a sua admissão:


Art. 227. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal
é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

Por depender de pessoas e de seus sentidos, a prova testemunhal, carrega uma carga
grande de subjetividade, motivo pelo qual é condicionada a certas restrições. Além
disso, temos casos de pessoas que não podem ser admitidas como testemunhas
– art. 228.

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:


I - os menores de dezesseis anos;
II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a
prática dos atos da vida civil;
III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que
lhes faltam; (REVOGADOS pela Lei n. 13.146/15)
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma
das partes, por consanguinidade, ou afinidade.
§ 1º. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas
a que se refere este artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 2º. A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais
pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva. (Incluído pela Lei nº
13.146, de 2015)

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IV. PRESUNÇÃO:
As presunções dividem-se em legais (juris) e comuns (hominis).
As presunções legais são aquelas que advêm de lei, e, por sua vez, dividem-se em:
✓Presunções legais absolutas (juris et de jure) – são as que não aceitam prova
em contrário. Pois a lei estipula que são verdadeiros, tornando-os, assim,
insusceptíveis de serem contestados. Como exemplo, temos a presunção de que a
venda feita por ascendente a descendente seja fraudulenta.

✓Presunções legais relativas (juris tantum) – são as que admitem prova ao


contrário. Como exemplo temos a presunção de que, em uma família o marido seja o
pai dos filhos, mas esta presunção pode ser contestada através de uma ação chamada
de negatória de paternidade – art. 1.601 CC.
A presunção comum, pelo contrário, não é prova legal, mas sim real e indireta.
Fundam-se naquilo que ordinariamente acontece e se impõe pela lógica. Por exemplo,
presume – se que os pais amem seus filhos, e que nada farão que os prejudique, mas
esta conclusão não é absoluta.

V. PERÍCIA:
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
§ 1º. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
§ 2º. De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia,
determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de
menor complexidade.
§ 3º. A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz,
sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou técnico.
§ 4º. Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica específica na área
objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa.

✓Exame: é a análise de alguma coisa ao fato, feita por pessoas especializadas, para
auxiliar na formação da opinião do magistrado.
✓Vistoria: também uma análise, porém visual sobre determinada coisa.
✓Avaliação: visa dar ao bem seu valor de mercado.

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.
RESUMO DA AULA 05
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Trata da relação direta entre as pessoas (que tem como objeto direito de natureza
pessoal), onde uma pessoa é credora (aquela que pode exigir a prestação) e a outra
é devedora (aquela que tem a incumbência de cumprir a prestação).
“A obrigação pode ser conceituada como a relação jurídica transitória existente entre
um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor), tendo como objeto
imediato a prestação4.”

MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES (ARTS. 233 A 285):


As obrigações, levando em consideração a qualidade da prestação, ou seja, quanto
ao objeto, serão classificadas em obrigações de dar, obrigações de fazer (estas duas
são positivas) e obrigações de não fazer (esta é obrigação negativa).

As obrigações quanto ao objeto, classificam-se em

obrigações de dar obrigações de fazer obrigações de não fazer

coisa certa

coisa incerta

IMPORTANTE. Solidariedade. Leia com atenção os artigos 264 a 285 – há


grandes chances de cobrança em prova.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais
de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores,
e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

4
Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 236.

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Pode ser Ativa (mais de um credor) ou Passiva (mais de um devedor).

Algumas características da solidariedade:

Solidariedade Ativa Solidariedade Passiva

Cada um pode exigir a prestação por


Todos os devedores se obrigam a pagar.
inteiro (art.267)

O credor pode exigir o cumprimento de


O devedor, enquanto não
qualquer um dos devedores. Se o pagamento
demandado, pode pagar a qualquer
for parcial a solidariedade permanece quanto
um dos cocredores.
ao saldo.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um


Se um credor perdoar a dívida ou
dos devedores e a remissão por ele obtida
receber o pagamento, responderá aos
não aproveitam aos outros devedores, senão
outros credores pela parte que lhes
até à concorrência da quantia paga ou
caiba (art.272)
relevada.

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por


culpa de um dos devedores solidários,
subsiste para todos o encargo de pagar o
equivalente; mas pelas perdas e danos só
Se a prestação converter-se em responde o culpado.
perdas e danos a solidariedade não é
extinta (ela subsiste) (art.271) Art. 280. Todos os devedores respondem
pelos juros da mora, ainda que a ação tenha
sido proposta somente contra um; mas o
culpado responde aos outros pela obrigação
acrescida.

Morrendo um dos devedores: Somente


Morrendo um dos credores: O seu pode ser exigido de cada herdeiro a sua cota
crédito passa aos herdeiros e, em parte (salvo obrigação indivisível). No
regra, sem a solidariedade – pois cada entanto, todos juntos são vistos como um
um dos herdeiros só pode exigir a sua único devedor perante os outros devedores,
parte (isto somente não ocorre se a ou seja, permanece a solidariedade somente
obrigação for indivisível) com relação aos demais codevedores (aqueles
devedores “primitivos”).

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS:
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se
estipulou.
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em
outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
exercida em cada período.

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cumprir prestação "A"
EM REGRA, o
Obrigação
DEVEDOR pode
Alternativa
escolher entre
cumprir prestação "B"

Se as prestações forem periódicas a escolha, pela prestação “A” ou pela prestação “B”,
poderá ser feita a cada período (jus variandi).

Art. 253. Se uma das duas prestações ¹não puder ser objeto de obrigação ou ²se tornada
inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES:

cessão de crédito
Transmissão (as formas mais importantes são)
cessão de débito

Em regra, o credor sempre poderá, sem a anuência do devedor, transferir seu


crédito. Também em regra, qualquer crédito pode ser objeto de cessão, decorrendo
as restrições a esse direito apenas da natureza da obrigação, da lei ou da convenção
entre as partes.

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser
oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus
acessórios.

Na cessão pro soluto do crédito, o cedente não responde pela solvência do devedor,
mas apenas pela existência do crédito.

Artigos importantes:
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica
responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a
mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de
má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

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ADIMPLEMENTO DE OBRIGAÇÕES:
Cumprida a obrigação ocorre a sua extinção. Em regra isto ocorrerá com o
pagamento.

direto
pagamento
indireto

Haverá a intenção (vontade) de pagar, o animus solvendi.

✓Solvens – é quem efetua o pagamento, o devedor (mas pode ser outra pessoa).
✓Accipiens – é quem recebe, o credor (pode ser outra pessoa quem recebe, mas neste
caso há maiores restrições – não pode ser qualquer pessoa).

Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob
pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.

Quem pode pagar? Qualquer pessoa pode pagar. Seja o devedor, o terceiro
interessado ou, até mesmo, o não interessado:
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se
opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta
do devedor, salvo oposição deste.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento.
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não
obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

Não pode o credor recusar o pagamento, ainda que oferecido por pessoa estranha ao
vínculo contratual. Agora, lembre-se também que, em qualquer situação:
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda
que mais valiosa.

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Artigo importante:
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois
que não era credor.

Credor putativo é aquele que aparenta ser o credor, mas não é. Se o devedor age de
boa-fé e amparado pela escusabilidade do erro, considera-se válido o pagamento feito
por ele ao credor putativo.

LUGAR DO PAGAMENTO:
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
¹convencionarem diversamente, ou se o contrário ²resultar da lei, ³da natureza da obrigação
ou 4das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

Quérable - ocorre no domicílio do devedor (é a regra).


MACETE: QUEm DEVE
Portable - ocorre no domicílio do credor.

FORMAS DE ADIMPLEMENTO:
✓Pagamento direto.
✓Pagamento indireto (pagamentos especiais).

2.1 PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO: Ocorre o depósito da coisa. Refere-se à


obrigações de dar. Formas: Consignação ¹extrajudicial e ²judicial. A possibilidade de
efetuar a consignação em pagamento mediante depósito extrajudicial só existe para
obrigações de pagar em dinheiro, reservando-se a outras obrigações o procedimento
judicial.

2.2 PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO: É a situação, por exemplo, de um avalista


que paga a dívida em relação ao devedor principal. A pessoa paga e sub-roga-se nos
direitos.
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

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2.3 IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO: É a escolha, em determinadas situações, a qual
débito o credor oferece pagamento.
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos ¹da mesma natureza, ²a um só credor,
tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, ³se todos forem líquidos e
vencidos.

2.4 DAÇÃO EM PAGAMENTO: A dação em pagamento pode ser corretamente


definida como um acordo entre o credor e o devedor, com o objetivo de extinguir a
obrigação, no qual consente o credor em receber coisa diversa da devida, em
substituição à prestação que lhe era originalmente objeto do pacto. Há o
consentimento do credor em receber coisa diversa.

2.5 NOVAÇÃO: Cria-se uma nova obrigação e extingue-se a anterior.

2.6 COMPENSAÇÃO: Se duas ou mais pessoas são, ao mesmo tempo, credoras e


devedoras umas das outras, as obrigações poderão ser compensadas.

"A" credor
As obrigações se compensam.
de "B" Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se
compensarem.
também é Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas,
vencidas e de coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto
devedor de das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que
"B"
diferem na qualidade, quando especificada no contrato.

2.7 CONFUSÃO: Trata-se da incidência da qualidade de


credor e devedor em uma só pessoa.

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (ARTS. 389 A 420).


Sabe-se que os contratos são feitos para ser integralmente cumpridos, esta é a regra.
Porém existem casos em que a obrigação que foi objeto do contrato não é cumprida da
forma acordada. O não cumprimento de uma obrigação (o seu inadimplemento) é
a exceção.

INADIMPLÊNCIA:
✓Inadimplência absoluta – quando a obrigação não mais poderá ser cumprida de
forma útil ao credor. Atenção a esta palavra: útil. É ela que irá determinar se a
inadimplência é absoluta ou relativa e que consequências acarretará. Poderá ainda ser:
uma inadimplência absoluta total, caso atinja todo o objeto; ou poderá ser uma

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inadimplência absoluta parcial, quando a obrigação consistir em vários objetos e
alguns forem entregues enquanto outros não.
✓Inadimplência relativa – quando o cumprimento da obrigação se der de forma
imperfeita, sem respeito ao que foi acordado no contrato – caso de mora que será
estudado mais adiante.

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários
de advogado.

Este artigo é o dispositivo legal que fundamenta a responsabilidade civil contratual,


que acarreta a responsabilidade de indenização por perdas e danos. Deste modo, seja
no inadimplemento absoluto ou no inadimplemento relativo, a consequência será a
mesma, ou seja, o dever de pagar ou indenizar o prejuízo do credor. Na hora que a
obrigação não é cumprida ou, sendo esta cumprida, não é observado o totalmente o
acordo firmado no contrato, é que nasce a obrigação de ressarcir as perdas e danos
sofridas.

Quando se tratar de uma obrigação negativa5 a obrigação de ressarcir nascerá no


momento em que o ato for executado. De acordo com o art. 390. “Nas obrigações
negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de
que se devia abster”.
Assim, o devedor inadimplente terá que indenizar por perdas e danos – de acordo com
o art. 389, visto acima, o credor que terá o direito de obter esta quantia indenizatória
através do patrimônio do devedor, de acordo com o art. 391. “Pelo inadimplemento
das obrigações respondem todos os bens do devedor”.
✓Da mora (arts. 394 a401),
✓Das perdas e danos (arts. 402 a 405),
✓Dos juros legais (arts. 406 e 407),
✓Da cláusula penal (arts. 408 a 416) e
✓Das arras ou sinal (arts. 417 a 420).

DA MORA (ARTS.394 A 401)


A mora é o retardamento ou a demora no cumprimento da obrigação.
✓ocasionada pelo devedor se chama mora solvendi
✓ocasionada pelo credor se chama mora accipiendi

5
Obrigações negativas ou obrigações de não fazer, são aquelas em que o devedor se obriga a se omitir,
a não fazer determinada coisa ou ato.

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Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

A mora do devedor poderá ser de duas espécies:


✓Mora ex re - quando alcança o devedor automaticamente sem necessidade de
qualquer ato por parte do credor. Isso acontece quando a obrigação deve realizar-se a
termo (caso do caput do art. 397); no caso do art. 398. “Nas obrigações provenientes
de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou” - nestes casos a
mora começará no momento da prática do ato.
✓Mora ex persona – quando não existe um termo pré- estipulado, a mora dependerá
de providências tomadas pelo credor. (caso do parágrafo único do art. 397).

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso;
salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada”.
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela
conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e
sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o
dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.

Quando a mora for de ambas as partes: ¹quando simultâneas, uma elimina a outra
pela compensação; ²quando forem sucessivas os efeitos já atingidos permanecem, ou
seja, os danos que foram causados por cada uma das moras não se cancelam.

Art. 401. Purga-se a mora:


I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos
da mora até a mesma data.

A mora (como dito anteriormente) é o retardamento no cumprimento de uma


obrigação, que poderá se dar tanto por parte do devedor quanto por parte do credor.
Purgar a mora é ato jurídico que consiste em saldar, liberar, extinguir a obrigação
que se atribuía a alguém, fazendo cessar os efeitos, as consequências do atraso, e
tendo a eficácia de liberar a pessoa da responsabilidade pela obrigação que lhe era
atribuída.
É possível que se purgue a mora a qualquer tempo, mesmo depois de iniciada a ação
de execução contra o devedor ou a ação consignatória contra o credor.

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DAS PERDAS E DANOS (ARTS. 402 A 405)
Indenização pecuniária que o cabe ao credor, com a finalidade de recompor o
patrimônio das perdas sofridas pelo não adimplemento da obrigação pelo devedor.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao
credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar.

✓O dano emergente é o que o credor concretamente perdeu, no prejuízo que sofreu.


✓O lucro cessante é o que o credor deixou de lucrar por o devedor não ter cumprido
com sua obrigação.

Teoria dos danos diretos e imediatos - o devedor responde somente pelas perdas
que resultarem de seu ato.

Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem
os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo
do disposto na lei processual.

Ainda que a inadimplência resulte de dolo por parte do devedor, este só responderá
pelos prejuízos efetivos e pelos lucros cessantes.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros,
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo
pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

DOS JUROS LEGAIS (ARTS.406 E 407)


Os juros são os rendimentos do capital, assim como os aluguéis. Existem espécies
diferentes de juros como os juros moratórios, os juros compensatórios, os juros
convencionais e os legais os simples e os compostos.

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que
se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez que

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lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as
partes.

Os juros de mora são devidos independentemente de prova ou de alegação de


prejuízos.

DA CLÁUSULA PENAL (408 A 416).


De acordo com Carlos Roberto Gonçalves6: “Cláusula penal é obrigação acessória
pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar ¹o inadimplemento da
principal ou ²o retardamento de seu cumprimento”.
Assim, cláusula penal é um acordo acessório no qual as partes se obrigam ao
pagamento de uma multa pecuniária, ou seja, em dinheiro, caso a obrigação não seja
cumprida ou que se retarde seu cumprimento.

Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe
de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior,
pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora.

A cláusula penal poderá ser prevista juntamente com a obrigação principal – esta é a
regra, mas também poderá ser acordada em momento posterior.

Já foi cobrado em prova:


✓Se a cláusula penal se referir ao descumprimento ou à inexecução completa da
obrigação a cláusula penal é compensatória.
✓Se a cláusula penal se referir à inexecução apenas de algumas cláusulas especiais ou
simplesmente a mora a cláusula penal será moratória.

Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.

Caso a obrigação seja totalmente inadimplida o credor deverá optar por exigir o
cumprimento da obrigação ou a aplicação da pena acordada, uma vez que não é
admissível que o credor acumule o recebimento da cláusula penal com o cumprimento
da obrigação.

6
Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 687.

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Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.

Já neste dispositivo legal poderá o credor acumular a cláusula penal com o cumprimento
total da obrigação. Mas atenção para as duas hipóteses elencadas no artigo: quando
se estipular cláusula penal para o caso de mora, e quando se estipular cláusula penal
para segurar outra cláusula especial.

Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal.
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

Este dispositivo legal autoriza o juiz a alterar a cláusula penal em duas hipóteses:
quando o devedor tiver cumprido parcialmente a obrigação, poderá ser reduzida
proporcionalmente, em se tratando de mora ou de inadimplemento; ou se o valor da
penalidade for manifestamente excessivo ao do contrato principal.

Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles,
incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo
cada um dos outros somente pela sua quota.
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu
causa à aplicação da pena.
Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do
devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor
exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena
vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.

Foi cobrado em prova os caracteres da cláusula penal, sobre o tema assim


leciona Maria Helena Diniz7:
✓Acessoriedade: pois como sabemos a cláusula penal é um contrato acessório, que
é elaborado em função de um principal.

7 Maria Helena Diniz, Manual de direito Civil, Saraiva 2011, pág. 154.

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✓Condicionalidade: usando as palavras da doutrinadora: “uma vez que o dever de
pagar a cláusula penal está subordinado a um evento futuro e incerto: o
inadimplemento total ou parcial da prestação principal ou o cumprimento tardio da
obrigação, por força de fato imputável ao devedor, pois, se resolvida a obrigação, não
tendo culpa o devedor, resolver-se-á a cláusula penal”.
✓Subsidiariedade: uma vez que pode vir a substituir a obrigação principal – salvo se
for cláusula penal moratória, se o credor assim preferir.
✓Ressarcibilidade: pois constituem uma prévia liquidação das perdas e danos, que
serão devidos ao credor pelo devedor no caso de inexecução da obrigação assumida,
conforme ensinamento de Maria Helena Diniz.
✓Imutabilidade relativa: pois poderá o juiz modificá-la autorizado pelo art. 413. A
penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver
sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.

DAS ARRAS OU SINAL (ARTS.417 A 420).


As arras são “o famoso” sinal dado por uma das partes do contrato a outra tendo
por finalidade assegurar o cumprimento da obrigação.

Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras,
dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou
computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

Consequências do inadimplemento da obrigação para quem ofereceu e para quem


recebeu as arras:
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por
desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu
haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.

Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,
valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do
contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das
partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as
deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o
equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

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ATOS JURÍDICOS ILÍCITOS. RESPONSABILIDADE CIVIL.
RESUMO DA AULA 06
ATO ILÍCITO
Para o direito civil, é aquele contrário à ordem jurídica e lesivo ao direito subjetivo
individual, criando o dever de reparar tal prejuízo, seja ele ¹moral ou
²patrimonial. Assim está normatizado no artigo 186 do CC:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
¹violar direito e ²causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O ato ilícito, embora também decorra da vontade do agente, produz efeito jurídico
involuntário, gera obrigação de reparar o dano.

1.Ação

Negligência Violar direito e Imprudência


causar dano a
alguém

2.Omissão
Voluntária

Figura 1. Representação do CC art. 186. Ato ilícito.

Lembre-se que a “culpa” no direito civil (sentido amplo) compreende tanto o


dolo como a culpa. Quando fala em “ação ou omissão voluntária” se refere ao dolo –
que é a situação em que o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-
lo.
A culpa, segundo o art. 186, vem estatuída pela expressão “negligência ou
imprudência”. Na conduta culposa, há sempre ato voluntário determinante do
resultado involuntário. A pessoa ou o agente, não prevê o resultado, mas existe a
previsibilidade do evento, isto é, se olharmos objetivamente para o evento veremos
que este era previsível. O agente é que não prevê o resultado, pois, se ele previsse o
que iria acontecer e mesmo assim praticasse a conduta, estaria agindo com dolo e não
com culpa.

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São elementos necessários a configuração do ato ilícito:
³Nexo de causalidade entre:
¹Violação de direito ²Ocorrência do dano

No artigo 187 aparece a figura do abuso de direito:


Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

Casos de exclusão de ilicitude: são os atos lesivos que não são considerados
ilícitos.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em ¹legítima defesa ou no ²exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover ³perigo
iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.

Há, então, três casos excepcionais que não constituem atos ilícitos apesar de causarem
lesões aos direitos de outrem, isto ocorre porque a própria norma jurídica lhes retira
a qualificação de ilícito.
Informação: Não constitui ato ilícito a destruição de coisa alheia ou a lesão a pessoa a
fim de remover perigo iminente.

Mas lembre-se de que, em regra, todo aquele que causar dano a outrem fica
obrigado a repará-lo.

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RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil dirige-se à restauração de um equilíbrio moral e patrimonial
desfeito. É a perda ou a diminuição verificada no patrimônio do lesado ou o dano moral
que desencadeiam a reação legal, movida pela ilicitude da ação do autor, pela lesão ou
pelo risco.

O dano causa desequilíbrio

Para que uma pessoa seja responsabilizada civilmente e assim surja o dever de
indenizar, três8 são os pressupostos9 que devem estar presentes, quais sejam:
Fato lesivo voluntário ou conduta humana, causado pelo agente por ação ou
omissão, que ocasione dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.
Ocorrência de um dano, seja ele ¹patrimonial (material) ou ²moral
(extrapatrimonial). Não pode haver responsabilidade civil sem a existência de um
dano, é também necessário que exista prova, real e concreta, desta lesão.
Nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. É uma ligação
virtual entre a ação e o dano resultante.

São elementos necessários a configuração do ato ilícito:


³Nexo de causalidade entre:
¹Violação de direito ²Ocorrência do dano

FORMAS DE RESPONSABILIDADE:
Responsabilidade extracontratual ou aquiliana. (está relacionada ao ilícito civil)
Responsabilidade contratual. (está relacionada ao inadimplemento de obrigação –
o não cumprimento de obrigações) Exemplo: Se um escritor, culposamente ou não,
não entregar ao editor, no prazo estipulado no contrato, a obra prometida.

8
Existe divergência entre os doutrinadores sobre quais são os pressupostos do dever de indenizar.
Alguns acrescentam aos três – a conduta, o nexo e o dano - a culpa genérica ou lato sensu. Nós optamos
por explicar a culpa em separado, por uma questão didática, mas vale o esclarecimento.
9
Vocês também poderão encontrar estes pressupostos como elementos da responsabilidade civil.

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QUANTO AO FUNDAMENTO:
Responsabilidade Subjetiva – Depende de culpa do agente.
Responsabilidade Objetiva - independe de culpa. Exemplo: O empregador ou
comitente, por ato lesivo de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício de
trabalho que lhes competir ou em razão dele, responsabiliza-se objetivamente pela
reparação civil, pouco importando que se demonstre que não concorreu para o prejuízo
por culpa ou negligência de sua parte. (responsabilidade objetiva por fato de terceiro –
não precisa demonstrar a concorrência de culpa)
Algumas espécies de culpa:
O proprietário de um automóvel, que vier a emprestá-lo a um sobrinho, sem carta de
habilitação, ocasionando um acidente, terá culpa aquiliana (culpa extracontratual,
culpa por não ter tido o devido cuidado).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Culpa in comittendo – relacionada a uma ação


Culpa in omittendo – relacionada a uma omissão
Culpa in ilegendo - relacionada a má escolha do preposto
Culpa in vigilando –relacionada a falta de atenção com o procedimento de outrem,
cuja pessoa é responsável
Culpa in custodiendo – falta de cautela ou atenção em relação a uma pessoa, animal
ou objeto sob os cuidados do agente, que provoca dano a alguém.

Quando ocorre culpa exclusiva da vítima não há de se falar em


indenização, porque, aqui, a outra parte não contribuiu para o evento danoso.

Alguns casos de responsabilidade por fato de terceiro e independentemente de


culpa do responsável (responsabilidade objetiva):
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

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V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.

Informação: A responsabilidade, fundada no risco, consiste na obrigação de


indenizar o dano produzido por atividade exercida no interesse do agente e sob
seu controle, sem que haja qualquer indagação sobre o comportamento do
lesante.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO:


Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Outras informações:
Há responsabilidade objetiva e solidária do empregador pelos erros e enganos
de seus prepostos para evitar que ele possa exonerar-se dela, provando que não houve
culpa in eligendo ou in vigilando.
O empregador responde, por exemplo, por incêndio provocado por empregado ao
consertar canalização de água, enquanto atendia a cliente seu.
O empregador tem ação regressiva contra empregado para reaver o que pagou ao
lesado, por ato lesivo culposo praticado durante o exercício do trabalho. (se houver
culpa do empregado)
Os empresários e as pessoas jurídicas respondem pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação.

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos
postos em circulação.

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DOS CONTRATOS EM GERAL.
RESUMO DA AULA 07
CONTRATO
É o acordo de duas ou mais vontades, é um negócio jurídico bilateral ou
plurilateral, que deve estar em conformidade com a ordem jurídica e que tem por
finalidade estabelecer uma relação entre a vontade das partes. O escopo de um
contrato é o de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza
patrimonial.

Os contratos nominados ou típicos são os previstos pelo ordenamento jurídico, que


prevê, também, como estes serão elaborados e celebrados.
Dentre os contratos nominados temos o contrato de adesão – que é aquele em que
“apenas uma das partes” estipula as cláusulas e como será o contrato, cabendo à outra
parte (aderente) apenas aderir, ou seja, aceitar as “regras” pré-estabelecidas.

Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,


dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada
do aderente a direito resultante da natureza do negócio.

Em contrapartida, existem os contratos chamados de inominados ou atípicos, que


são aqueles aos quais não há previsão legislativa, ou seja, não tem sua estrutura
prevista em lei.

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais
fixadas neste Código.

Assim, contratos atípicos são aqueles que não estão disciplinados pelo Código
Civil, nem por leis extravagantes.

Apesar desta “liberdade” contratual atente para a proibição geral que traz o art. 426:
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

Atenção ao art. 428, que trata da proposta:


Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

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I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a
retratação do proponente.

VÍCIOS REDIBITÓRIOS:
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo
de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva;
se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-
á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se
tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no
parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

EVICÇÃO:
Na evicção temos três figuras: o evictor – que é quem ganha à ação na justiça e
“readquire” o bem; o evicto – que é quem perde o bem na ação; e o alienante que é
quem vendeu o bem e quem será o responsável pela evicção.

Assim, para que haja a evicção, é necessário que se configure em um contrato do tipo
oneroso, um vício de direito anterior ou ao mesmo tempo da celebração do contrato.
Deste modo, na hora em que for realizar o negócio jurídico, por meio de uma sentença
judicial, a pessoa perderá a posse, o uso ou a propriedade da coisa.

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem
da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

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Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão
pagas pelo alienante.

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia
ou litigiosa.

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de
não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente
o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que
nada do avençado venha a existir.

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado.

COMPRA E VENDA (ART. 481 A 532).


Este é um dos contratos que apresentam mais detalhes e talvez um dos mais
importantes de ser estudado.
No contrato de compra e venda a transmissão da propriedade ocorre com a efetiva
entrega da coisa ao comprador. A tradição é o elemento que faz com que o contrato
se torne perfeito e acabado.
Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do
comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará
sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir
contrato aleatório.
Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que
o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único.
Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a
maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que
suscetíveis de objetiva determinação.
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma
das partes a fixação do preço.
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo
do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes
de receber o preço.

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Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.

Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta
pública:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda
ou administração;
II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem,
ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou
auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no
lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade;
IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.

Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões
dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível,
o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1º. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a
diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao
comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2º. Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar
a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor
correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3º. Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido
como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões,
ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus .
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o
comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a
partir dela fluirá o prazo de decadência.

Portanto, o prazo de decadência para a propositura de ações, para os casos do artigo


500, é de um ano, a contar do registro do título. Isto porque nos contratos de compra
e venda de imóveis a transcrição da escritura é o elemento que aprimora o negócio.

Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma NÃO autoriza a
rejeição de todas.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá
ser exercido contra o terceiro adquirente.

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TROCA OU PERMUTA (ART. 533)
Neste contrato, as duas partes se obrigam a transferir uma para a outra a propriedade
de coisa sua.
Possui as seguintes características: é contrato bilateral, oneroso, comutativo e
translativo de propriedade, uma vez que vão existir duas entregas recíprocas – duas
tradições.

Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes
modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

DO CONTRATO ESTIMATÓRIO (ARTS. 534 A 537)


Também conhecido por venda em consignação, possui natureza comercial e tem por
objetivo a venda de bens móveis que são entregues pelo consignante ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los pagando um preço combinado.

2º O consignatário fica
1º O consignante autorizado a vender a coisa,
entrega a coisa podendo, também, restituí-la
ao consignatário. se assim preferir (normalmente
quando não faz a venda).

DOAÇÃO (ARTS. 538 A 564).


É um negócio jurídico de natureza contratual e gratuito, em que o doador, por uma
vontade sua, faz uma transferência de seu patrimônio para o de outra pessoa, que a
aceita.

Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do
seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

Embora seja um negócio jurídico bilateral (pois há mais de uma parte manifestando
vontade), é um contrato benéfico e unilateral, uma vez que impõe responsabilidades a
apenas uma das partes.

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Atenção para o seguinte detalhe: para que a doação se aprimore o donatário
(pessoa que recebe) deverá aceitar a doação, seja de forma ¹expressa ou ²tácita.

Quanto à forma:
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

Em regra, o ato de doação não é solene, poderá ser feito por instrumento particular ou,
então, público quando a doação versar sobre bens imóveis de valor superior ao legal.
É válida a doação verbal na hipótese do § único.

Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se


morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida
do donatário.

ESPÉCIES DE DOAÇÃO:
✓Doação pura e simples;
✓Condicional (art. 546);
✓A termo (quando contém um prazo inicial ou final, porém certo);
✓Com encargo, modal ou onerosa;
✓Remuneratória e por merecimento (art. 540);
✓Com cláusula de reversão (art. 547);
✓Conjuntiva (art. 551).

Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do
encargo.

Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem
prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador,
continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto
se aquele houver perdoado.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário
incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar
judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação
assumida.

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Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros,
nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-
o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-
la pelo meio termo do seu valor.

LOCAÇÃO (ARTS. 565 A 578).


A locação de coisa é contrato bilateral, oneroso, real, e comutativo, que estabelece
relação jurídica intuito personae.
Seu objeto pode ser coisa móvel ou coisa imóvel. É um negócio jurídico através do
qual uma das partes (o locador) transfere a posse de bem infungível 10 a outrem (ao
locatário), garantindo-lhe o uso e gozo da coisa, mediante pagamento de certa
remuneração (aluguel).

Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.

Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Art. 570. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina,
ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato,
exigir perdas e danos.

“De acordo com o Código Civil brasileiro, no contrato de locação de coisas se o locatário
empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, poderá o locador,
além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos”.

Art. 573. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso.
Art. 574. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do
locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo aluguel, mas sem prazo determinado.
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar
o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não
constar de registro.

EMPRÉSTIMO (ARTS. 579 A 592).


No contrato de empréstimo alguém entrega, de forma gratuita, uma coisa à outra
pessoa. Quem tomou por empréstimo a coisa tem a obrigação de devolver a mesma
coisa ou devolver outra da mesma espécie e quantidade. No Código Civil o contrato de
empréstimo divide-se em duas espécies: ¹o comodato e ²o mútuo.

10
Lembre-se bem infungível é aquele que não pode ser substituído.

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Comodato
(chamado empréstimo
Formas de de uso)
empréstimo Mútuo
(chamado empréstimo
de consumo)

COMODATO
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a
tradição do objeto.

MÚTUO
“No contrato de mútuo, o prazo, não tendo sido convencionado expressamente, será
de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro”.
“Mário celebrou contrato de mútuo com Hortência emprestando- lhe a quantia de R$
15.000,00 em dinheiro. Segundo as normas estabelecidas pelo Código Civil brasileiro,
considerando que Mário e Hortência não convencionaram expressamente o prazo do
mútuo, este será de pelo menos trinta dias”.

Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:


I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como
para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.

Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário
sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob
pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a
capitalização anual.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (ARTS. 593 A 609).


É o contrato em que uma das partes - o prestador, se obriga para com a outra – o
tomador, a fornecer-lhe a prestação de uma atividade, mediante remuneração. Desta
explicação podemos extrair suas características:
Bilateralidade, uma vez que traz obrigações para ambos os contraentes;
Onerosidade, pois é feita mediante pagamento;
Consensualidade, uma vez que é feita mediante acordo de vontade das partes.

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“No que concerne a prestação de serviços regida pelo Código Civil brasileiro, sem
aprazimento da outra parte, aquele a quem os serviços são prestados não poderá
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados e não poderá dar substituto que os
preste”.

Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito
aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar
substituto que os preste.

Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser
contratada mediante retribuição.

Assim, permite a lei, a contratação de qualquer serviço, não fazendo distinção entre
material e imaterial, intelectual ou braçal, ordenando apenas que este serviço seja
lícito, ou seja, que não ofenda disposições de lei11, a moral e os bons costumes.
Também a remuneração é elemento essencial da prestação de serviço, e cabe aos
contraentes estipulá-la livremente, no entanto, se isso não acontecer temos o art. 596:
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento
a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.

“No contrato de prestação de serviços regido pelo Código Civil brasileiro, não havendo
prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do
lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o
contrato. Dar-se-á o aviso com antecedência de 8 (oito) dias, se o salário se houver
fixado por tempo de um mês, ou mais”.

Art. 599. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou
do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver
o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.

“O contrato de prestação de serviços regulado pelo Código Civil brasileiro, quando


qualquer uma das partes não souber ler, nem escrever o instrumento poderá ser
assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas”.

11
Observância às regras gerais de cada espécie contratual, como também as limitações à proteção do
trabalho do menor, da mulher, do estagiário.

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Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem
escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.

Art. 607. O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes.
Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do
contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela
impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.

EMPREITADA (ARTS. 610 A 626).


O objeto é a obra e não o trabalho, caracteriza-se também por ser um contrato de
resultado, ou seja, aquele que contrata a obra (dono da obra ou comitente) visa a sua
conclusão e não o trabalho do empreiteiro (quem irá realizar a obra). O pagamento
também será realizado em função da obra.

Art. 610. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele
e os materiais.
§ 1º. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das
partes.
§ 2º. O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de
fiscalizar-lhe a execução.
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos,
pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

“Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um décimo


do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para
que se lhe assegure a diferença apurada”.

Art. 620. Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um décimo


do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se
lhe assegure a diferença apurada.

“Em regra, não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das
partes”.

Art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo
se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro.

DEPÓSITO (ARTS. 627 A 652).


O objetivo principal deste tipo de contrato é a guarda de coisa alheia, a guarda de
objeto móvel e corpóreo. É contrato temporário.

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O uso do termo depósito pode ser tanto para relação contratual como também para a
própria coisa que está depositada.
Nesta espécie contratual temos duas figuras: o depositário – que será aquele que irá
receber e guardar a coisa, e o depositante – que será aquele que irá entregar a coisa
para ser guardada.
O depósito pode ser realizado de forma ¹voluntária ou, então, de forma ²obrigatória
(necessária). É real, uma vez que só se aperfeiçoará com a efetiva entrega da
coisa (com a tradição). Vamos ver o primeiro artigo desta espécie contratual:
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame.
Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se
resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão.
Art. 636. O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra
em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhe as ações que no
caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição da primeira.
Art. 640. Parágrafo único. Se o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em
depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste.
Art. 642. O depositário não responde pelos casos de força maior; mas, para que lhe valha a
escusa, terá de prová-los.
Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os
prejuízos que do depósito provierem.
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição
devida, o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior,
provando imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Art. 646. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
Art. 647. É depósito necessário:
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal.
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o
naufrágio ou o saque.
Art. 651. O depósito necessário não se presume gratuito. Na hipótese do art. 649, a
remuneração pelo depósito está incluída no preço da hospedagem.

MANDATO (ARTS. 653 A 692).


Esta espécie de contrato típico e nominado é utilizada quando alguém se vê
impossibilitado de tratar dos próprios interesses por uma razão qualquer e, assim
sendo, outorga poderes para que outro o faça em seu lugar.
Esta pessoa que outorga poderes a outra será chamada de mandante. E a pessoa
que aceita estes poderes outorgados será chamada de mandatário.
O mandato é um contrato personalíssimo (intuito personae), consensual, baseado na
confiança, quanto a sua natureza jurídica, existem divergências doutrinárias, alguns
autores o consideram contrato bilateral uma vez que atribui responsabilidades a ambas
as partes, em outras o consideram unilateral, pois atribuiriam responsabilidades apenas

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para o mandatário e o mandante seria colocado na posição de credor desta relação
contratual. Pode o mandato ser, ainda, gratuito ou oneroso, preparatório para outros
atos, revogável, verbal ou escrito. E poderá ser considerado formal se o ato preparado
exigir forma específica.

Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome,
praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
“O mandato é um contrato sinalagmático e intuito personae e pode ser oneroso ou
gratuito”.
“No contrato de mandato, o mandante não está obrigado a ressarcir ao mandatário as
perdas que este sofrer com a execução do mandato, se tiverem resultado de culpa sua
ou de excesso de poderes”.
“O mandato com a cláusula em causa própria poderá dispensar o mandatário de
prestar contas”.

Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não
terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário
dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto
do mandato, obedecidas as formalidades legais.

Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-
se mediante instrumento particular.
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 2º. O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.

Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado.
Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por
ofício ou profissão lucrativa.
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a
todos os do mandante.
Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida,
quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato.
Art. 665. O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, será
considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não ratificar os atos.
Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser
mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras
gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.

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Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o
mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.
Art. 678. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este
sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de
poderes.
Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o
revogar, pagará perdas e danos.
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou
tiver sido estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será
ineficaz.
Art. 686. Parágrafo único. É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou
confirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado.

COMISSÃO (ARTS. 693 A 709).


Aquele pelo qual uma das partes chamada de comissário realiza compra e venda de
bens em seu próprio nome a conta do comitente.

Art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo
comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente.

Características: bilateral, oneroso, consensual, comutativo, é contrato não solene e


informal, e personalíssimo.

Art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem
contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o
comissário ceder seus direitos a qualquer das partes.

Art. 709. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato.

DA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO (ARTS. 710 A 721).


Também chamado de representação comercial faz uma ligação entre uma parte
denominada agente simples (ou representante) comercial, e outra denominada
proponente (ou representado). Já o contrato de distribuição faz uma ligação entre o
produtor (concedente ou proponente) com o agente distribuidor (ou concessionário).
São modalidades de contratos de intermediação e têm como características:
consensualidade, onerosidade, bilateralidade, informalidade e pessoalidade.
A principal função destes contratos de intermediação é fazer uma ponte entre o
produtor ou prestador de serviços com o mercado consumidor, com o intuito de
aumentar seu poder de venda.

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Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem
vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a
realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando
o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada.
Parágrafo único. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na
conclusão dos contratos.

CORRETAGEM (ARTS. 722 A 729).


Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de
mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter
para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.

Assim, o contrato de corretagem possui as seguintes características: bilateralidade,


onerosidade, consensualidade, além de ser um contrato acessório, aleatório e informal.
O negócio almejado é o principal, por oposição ao contrato de corretagem que lhe é
preparatório e em razão disso, acessório.

Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência e prudência, e a


prestar ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio.
Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente
todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores
e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência.
Art. 724. A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada entre as
partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e os usos locais.
Art. 725. A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o resultado
previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de
arrependimento das partes.

“Marta ajustou com Aurélio, corretor de imóveis, a corretagem com exclusividade, na


venda de uma casa localizada no Município de João Pessoa. Posteriormente, Marta
conheceu, na fila de uma agência bancária, Roberta, que se interessou em comprar a
referida casa. Assim, foi iniciado e concluído o negócio diretamente entre Marta e
Roberta. Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, Aurélio terá
direito à remuneração integral relativa à corretagem ajustada na exclusividade”.

DO TRANSPORTE (ARTS. 730 A 756).


No contrato de transporte uma pessoa obriga-se mediante certa remuneração a fazer
o transporte de pessoas ou coisas de um lugar para outro. O transporte pode ser
terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo.

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São partes deste contrato a pessoa que é contratada para realizar o transporte
(transportador) e a pessoa que será transportada é o passageiro ou viajante. A
pessoa que entrega alguma coisa para ser transportada é chamada de expedidor.
A atividade de transporte deve ser o objeto principal do contrato. Se o transporte for
acessório deverá ser regido pelas regras do contrato principal.

O contrato de transporte possui as seguintes características: bilateral;


consensual; comutativo (com prestações certas e determinadas); na maioria das
vezes é contrato de adesão; também é informal e não solene.

O Código Civil de 2002 subdivide o contrato de transporte em duas espécies básicas,


segundo o objeto da prestação do transportador: contrato de transporte ¹de pessoas
e contrato de transporte ²de coisas.

Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de
fixar o limite da indenização.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro
não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.

Art. 743. A coisa, entregue ao transportador, deve estar caracterizada pela sua natureza,
valor, peso e quantidade, e o mais que for necessário para que não se confunda com outras,
devendo o destinatário ser indicado ao menos pelo nome e endereço.
Art. 744. Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimento com a menção dos
dados que a identifiquem, obedecido o disposto em lei especial.
Parágrafo único. O transportador poderá exigir que o remetente lhe entregue, devidamente
assinada, a relação discriminada das coisas a serem transportadas, em duas vias, uma das
quais, por ele devidamente autenticada, ficará fazendo parte integrante do conhecimento.
Art. 745. Em caso de informação inexata ou falsa descrição no documento a que se refere
o artigo antecedente, será o transportador indenizado pelo prejuízo que sofrer, devendo a ação
respectiva ser ajuizada no prazo de cento e vinte dias, a contar daquele ato, sob pena de
decadência.
Art. 746. Poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem seja inadequada, bem
como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou danificar o veículo e outros bens.
Art. 747. O transportador deverá obrigatoriamente recusar a coisa cujo transporte ou
comercialização não sejam permitidos, ou que venha desacompanhada dos documentos
exigidos por lei ou regulamento.

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SEGURO (ARTS. 757 A 802).
É celebrado entre a figura do segurador e o segurado, sendo que o primeiro tem a
obrigação de garantir um interesse legítimo do segurado, referente à pessoa ou coisa
contra riscos predeterminados.
As partes desse contrato são o segurador – entidade específica para a atividade de
seguro e o segurado – pessoa física ou jurídica. E o objeto deste contrato recai sob a
garantia do interesse legítimo que o segurado tem sobre uma pessoa ou coisa perante
o segurador.
Segundo a classificação dos contratos, o contrato de seguro é bilateral, oneroso,
aleatório, consensual, de adesão, subordinado à boa-fé e de execução continuada.

“No caso de sinistro parcial, salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse


por menos do que valha acarreta a redução proporcional da indenização”.

Art. 783. Salvo disposição em contrário, o seguro de um interesse por menos do que valha
acarreta a redução proporcional da indenização, no caso de sinistro parcial.

Em regra, no seguro de dano, a transferência do contrato a terceiro com a alienação


ou cessão do interesse segurado é admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem
só se transfere por endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo
endossatário.

Art. 785. Salvo disposição em contrário, admite-se a transferência do contrato a terceiro com
a alienação ou cessão do interesse segurado.
§ 1º. Se o instrumento contratual é nominativo, a transferência só produz efeitos em relação
ao segurador mediante aviso escrito assinado pelo cedente e pelo cessionário.
§ 2º. A apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por endosso em preto, datado e assinado
pelo endossante e pelo endossatário.

DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA (ARTS. 803 A 813).


É gratuito e por prazo determinado através do qual uma pessoa obriga-se para com
outra a uma prestação periódica – que possui uma natureza jurídica equivalente à
doação.

Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para com outra
a uma prestação periódica, a título gratuito.
Art. 804. O contrato pode ser também a título oneroso, entregando-se bens móveis ou
imóveis à pessoa que se obriga a satisfazer as prestações a favor do credor ou de terceiros.

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DO JOGO E DA APOSTA (ARTS. 814 A 817).
Aqui duas ou mais pessoas se obrigam a pagar determinada quantia – pode ser dinheiro
ou outra coisa – àquele que for considerado vencedor na prática de determinada
atividade. Já no contrato de aposta duas ou mais pessoa possuem opiniões diferentes
a respeito de determinado tema, obrigam-se a pagar determinada quantia àquela,
dentre os contratantes, cuja opinião for considerada verdadeira.

O contrato de jogo ou de aposta é considerado bilateral, oneroso e aleatório.

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode
recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o
perdente é menor ou interdito.
§ 1º. Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva
reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser
oposta ao terceiro de boa-fé.
§ 2º. O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido,
só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.
§ 3º. Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em
competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se
submetam às prescrições legais e regulamentares.

FIANÇA (ARTS. 818 A 839).


Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação
assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.

Tendo como ponto de partida este primeiro artigo que trata da fiança, podemos
perceber que esta espécie contratual se trata de um contrato de garantia, através
do qual o credor terá uma condição privilegiada de recebimento da dívida, pois o
patrimônio do fiador responderá pela dívida.
A fiança é um contrato no qual uma terceira pessoa ³(fiador) garante o pagamento
de uma dívida feita ou assumida por um devedor ²(afiançado) perante um ¹credor
quando o devedor (afiançado) não honrar seu compromisso.

Atenção: a fiança é uma obrigação acessória, pois pressupõe a existência de


um contrato principal. Tem como características: poder ser legal ou convencional12,

12
Fiança legal é aquela determinada por lei e fiança convencional é a que se origina de um acordo de
vontades entre as partes.

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ser ato unilateral (apenas o fiador tem obrigação), gratuito (em regra), intuito
personae e formal. Sobre a forma temos o artigo 819:
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua
vontade.

“A Fiança é admissível em obrigação futura ou condicional”.

Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não
será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.

“A fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação extensiva mas, não sendo
limitada, compreenderá todos os acessórios da dívida principal, inclusive as despesas
judiciais, desde a citação do fiador”.

Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal,
inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em
condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela,
não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.
Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar
apenas de incapacidade pessoal do devedor.

Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja
substituído.
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação
da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.

Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador: (o benefício em que fala o artigo é o benefício
de ordem).
I - se ele o renunciou expressamente;
II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;
III - se o devedor for insolvente, ou falido.
Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o
compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de
divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte
que, em proporção, lhe couber no pagamento.

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Art. 830. Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua
responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado.

TRANSAÇÃO (ARTS. 840 A 850).


Significa combinação, convênio, acordo, pacto ou convenção. Neste contrato as duas
partes entram num acordo com a finalidade de extinguir uma obrigação por meio de
concessões mútuas, ou seja, cada uma das partes abrirá mão de parte de seus
direitos.
Assim, a transação só irá acontecer se ambas as partes fizerem concessões mútuas ou
recíprocas. Caso não exista as concessões também não haverá a transação.

Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões
mútuas.

As partes de um contrato de transação são chamadas de transigentes e devem possuir


capacidade para transigir. É contrato que possui as seguintes características: bilateral,
oneroso, comutativo e formal.
O objeto deste contrato está delimitado pelo art. 841:
Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se
declaram ou reconhecem direitos.

DO COMPROMISSO (ARTS. 851 A 853).


É um acordo escrito e firmado pelo qual tanto pessoa física quanto pessoa jurídica
capazes de contratar tem a possibilidade de solucionar ou até prevenir litígios
decorrentes de determinado negócio jurídico celebrado entre elas.

Se for celebrado em juízo será compromisso judicial e se for celebrado fora do juízo
será extrajudicial, de acordo com o art. 851:
É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que
podem contratar.

Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoal de
família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.

Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências
mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.

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A cláusula compromissória é um pacto firmado entre as partes nos contratos em geral,
em que eventuais litígios decorrentes desses contratos poderão ser solucionados
mediante juízo arbitral.

DOS DIREITOS REAIS.


RESUMO DA AULA 08
POSSE
Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum
dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em
relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro,
que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não
lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não,
de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Segundo Silvio Salvo Venosa13: “A posse é o fato que permite e possibilita o direito de
propriedade".

13
Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 163.

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E, nas lições de Barros Monteiro14:“...a posse constitui o sinal exterior da propriedade,
é o jus possidendi, o direito de possuir, e pelo qual o proprietário, de modo geral, afirma
o seu poder sobre aquilo que lhe pertence.”

Posse direta ou imediata, que é aquela em que a pessoa possui a coisa


materialmente, há poder físico imediato, como por exemplo, o locatário (aquele que está
no imóvel); posse indireta ou mediata, aquela exercida através de outra pessoa, utilizando
o exemplo acima, é o locador. Assim, o locador – quem coloca a coisa para ser alugada,
exerce posse indireta, enquanto que o locatário – quem aluga a coisa, exerce a posse direta,
visto ser quem está fisicamente com ela.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo
o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de
boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em
nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres.

14
Washington de Barros Monteiro, Carlos Alberto Dabus Maluf, Direito Civil 3, Direito das coisas, ed.
Saraiva, 41ª ed., pág. 31.

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Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
...
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele
estiverem.
EFEITOS DA POSSE.
Efeitos são as consequências de algo. No que diz respeito à posse, estes efeitos vão
estar relacionados à sua aquisição, à sua manutenção e à sua perda.
Os principais efeitos da posse, encontrados no código civil, arts. 1210 a 1222, são: o
direito de defesa da posse (interditos), o direito de perceber os frutos e o direito de
retenção sobre benfeitorias ações possessórias.

INTERDITOS POSSESSÓRIOS (DEFESA DA POSSE)


Este é talvez um dos principais efeitos (e de certa forma uma característica) da posse,
ou seja, o direito ou a faculdade de propor ações com a finalidade de proteger a
posse. Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas, que poderão ser
propostas em três hipóteses:
1. Em caso de ameaça, será proposta a ação de interdito proibitório.
2. Em caso de turbação, será proposta a ação de manutenção de posse.
3. Em caso de esbulho, será proposta ação de reintegração de posse.

“O que vem a ser a ameaça, a turbação e o esbulho?”


A ameaça é o risco iminente, quando o possuidor sabe que existe a possibilidade concreta
de que seu bem seja perdido;
A turbação são ataques constantes, que impedem o livre exercício do direito à posse;
O esbulho é a efetiva perda do bem, por isso a necessidade de reintegração de posse.

Estas três ações estão autorizadas pelo art. 1.210:


Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Complementamos agora com as lições de Flávio Tartuce15: “Como se pode perceber,


no caso de ameaça, a ação de interdito proibitório visa à proteção do possuidor de
perigo iminente. No caso de turbação, a ação de manutenção de posse visa a sua
preservação. Por fim, no caso de esbulho, a ação de reintegração de posse almeja
a sua devolução”. (grifos nossos)

15
Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed. pág. 823.

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Art. 1210, § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, ¹contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, ²não podem
ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do
reivindicante.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que
não der causa.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento


se ao tempo da evicção ainda existirem.

PROPRIEDADE
A propriedade é apontada como o direito real por excelência, traduzindo um dos
direitos fundamentais da pessoa humana, na medida em que é considerada como um
reflexo do direito à liberdade. Na realidade “o direito de propriedade é o direito mais
amplo da pessoa em relação à coisa”16.
Porém, este direito a propriedade que uma vez já foi considerado como absoluto,
atualmente não constitui mais um direito ilimitado. Hoje, busca-se através também da
propriedade, a justiça social, permitindo o acesso à condição de proprietário sem a
abolição da propriedade privada, sendo esta a motivação que domina quando se afirma
que a propriedade deverá sempre atender a uma função social.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2º. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3º. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de ¹desapropriação, por
necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de ²requisição, em
caso de perigo público iminente.
§ 4º. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em
extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável

16
Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil V, Direitos Reais, ed. Atlas, 12 ed. pág. 168.

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número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras
e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo


correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário
opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais,
que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de
explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não
submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu
proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu
um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no
Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços
de caráter produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou
o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

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Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto
que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que
obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião.

Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante
três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-fé.

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o
conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou
à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1º. O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde
quer que ele se localize.

DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS


Há dois tipos característicos: ¹de gozo (ou de fruição) e ²de garantia.
Quando estudamos a propriedade vimos que esta possui determinados atributos, o uso,
o gozo e a fruição. Estes atributos são inerentes à própria propriedade. Assim, quando
alguém é proprietário de algo, possui o direito de usar, gozar e usufruir deste algo,
porque estes atributos são intrínsecos a sua propriedade. Existem casos, no entanto,
em que mesmo uma pessoa sendo proprietária de algo, o atributo do gozo (ou da
fruição) é delegado à terceira pessoa para que ela os exerça. Lembrando que, de acordo
com o art. 1.225, são direitos reais:
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;

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X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017)
XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

DO CONDOMÍNIO DE LOTES:


Dispõe o art. 1.358-A do Código Civil:
Possibilita a configuração de propriedade em que os condôminos são proprietários
exclusivos dos lotes, com a existência de áreas comuns:
Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade
exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos. (Incluído pela Lei
nº 13.465, de 2017)

Nos condomínios de lote, a fração ideal poderá ser proporcional à área do solo de cada
unidade autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a outros critérios indicados
no ato de instituição:
§1º. A fração ideal de cada condômino poderá ser proporcional à área do solo de cada unidade
autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a outros critérios indicados no ato de
instituição. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

Quando houver incorporação imobiliária, a implantação de toda infraestrutura fica a


cargo do empreendedor:
§3º. Para fins de incorporação imobiliária, a implantação de toda a infraestrutura ficará a cargo
do empreendedor. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

Por fim, aplica-se ao instituto, na medida do possível, o que couber aos condomínios
edílicios, já conhecidos:
§2º. Aplica-se, no que couber, ao condomínio de lotes o disposto sobre condomínio edilício
neste Capítulo, respeitada a legislação urbanística. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS – DIREITOS DE GOZO.
DA SUPERFÍCIE:
O direito de superfície é uma concessão feita pelo proprietário à outra pessoa, por
tempo determinado ou indeterminado, para que esta utilize a propriedade para
construir ou para plantar. O direito de superfície poderá ser gratuito ou oneroso.

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Atenção: Embora o código civil fale apenas em tempo determinado, o
Estatuto da Cidade, Lei 10.257/2001, Art. 21 dispõe que: O
proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do
seu terreno, por tempo determinado ou indeterminado, mediante
escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis.

Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu
terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no
Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente
ao objeto da concessão.

A exigência da parte final do artigo está de acordo com o art. 1.227: Os direitos reais
sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com
o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247),
salvo os casos expressos neste Código. Deste modo, a aquisição de qualquer direito
real deverá ser devidamente registrado na repartição competente para que tenha
eficácia contra todos – erga omnes. O proprietário permanecerá com a posse
indireta da coisa e o superficiário com a posse direta do solo, além do direito de
construir e/ou plantar, limitando, desta forma, os poderes de usar e gozar que cabem
ao titular da coisa. O parágrafo único do art. 1.369 traz uma limitação ao poder de uso
e fruição do superficiário.

Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as


partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o
imóvel.

➢Enunciado 94 da I Jornada de Direito Civil: “As partes têm plena liberdade para
deliberar, no contrato respectivo, sobre o rateio dos encargos e tributos que incidirão
sobre a área objeto da concessão do direito de superfície”.

Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do


superficiário, aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer
pagamento pela transferência.
Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário
ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.
Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der ao
terreno destinação diversa daquela para que foi concedida.

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Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre
o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não
houverem estipulado o contrário.

Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em consequência de


desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor
correspondente ao direito real de cada um.

Sobre o artigo 1.376 temos o ➢Enunciado 322 da IV Jornada de Direito Civil: “O


momento da desapropriação e as condições da concessão superficiária serão
considerados para fins da divisão do montante indenizatório (art. 1.376), constituindo-
se litisconsórcio passivo necessário simples entre proprietário e superficiário”.

Art. 1.377. O direito de superfície, constituído por pessoa jurídica de direito público interno,
rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado em lei especial.

Por fim, temos mais um ➢Enunciado acerca deste tema, I Jornada de Direito Civil, nº
93: “As normas previstas no Código Civil sobre o direito de superfície não revogam
as normas relativas a direito de superfície constantes do Estatuto da Cidade
(Lei 10.257/2001), por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano”.

DAS SERVIDÕES:
A servidão é um direito real sobre coisa alheia de gozo, a qual se estabelece entre dois
prédios, que pertencem a donos diferentes, pelo qual ao primeiro – chamado de
serviente, é imposto um encargo em proveito do segundo – que é chamado de
dominante.

Art. 1.380. O dono de uma servidão pode fazer todas as obras necessárias à sua conservação
e uso, e, se a servidão pertencer a mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os
respectivos donos.
DO USUFRUTO:
O usufruto é o direito real que concede a uma pessoa o poder de usar e fruir das
utilidades e dos frutos de uma coisa de forma temporária, com a obrigação de conservar
a substância do bem.
Aqui temos a figura do usufrutuário – que é aquele que possui a posse direta sobre o
bem, ao qual é concedido o uso e o gozo da coisa e o nu-proprietário - que possui a
posse indireta do bem e ainda preserva o atributo de reivindicar e o atributo de dispor
sobre a coisa.

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Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus
acrescidos.
Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se
por título gratuito ou oneroso.
...
Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as
contribuições do seguro.

DO USO:
O uso é muito similar ao usufruto, porém um pouco mais limitado. O direito real de uso
é a autorização dada a uma pessoa para utilizar e retirar da coisa todas as utilidades
para atender às suas próprias necessidades e de sua família. Assim, há a cessão
do atributo de utilizar a coisa.

DA HABITAÇÃO:
O direito real de habitação é ainda mais restrito que o de uso. Constitui um direito
personalíssimo de morar em imóvel, não podendo ser transferido seu exercício.
Também é constituído mediante registro. São partes: o proprietário - que cede o
direito de uso, e o habitante – que possui o direito de habitar o imóvel.

Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o
titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com
sua família.
Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer
delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as
pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições
relativas ao usufruto.

DAS CONCESSÕES ESPECIAIS PARA USO E MORADIA.


Os incisos XII e XIII do art. 1.225 são uma novidade introduzida pela Medida Provisória
nº 759 de 2016. Tem por objetivo a regularização de áreas públicas que foram
invadidas e urbanizadas por favelas.
A concessão de direito real de uso possui um caráter mais amplo do que a concessão
de uso especial para fins de moradia, uma vez que aquela permite que o bem público

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seja utilizado pelo particular – sempre tendo como objetivo o interesse social – também
para a fruição e não somente para o uso.

DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS – DIREITOS DE GARANTIA.

DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE.


Os direitos de garantia vinculam uma coisa a uma obrigação. Veja então que estamos
falando que não há vinculação exclusiva entre pessoas, pois há a figura de um bem,
que estará tão vinculado quanto o devedor na obrigação.

Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a
ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.

DO PENHOR (ARTS. 1.431 A 1.472)


O penhor é uma garantia real, ou um direito real, onde uma coisa móvel ou que
possa ser mobilizável será dada para o pagamento de uma dívida. Perceba que o
penhor irá recair sobre bens móveis ou que possam ser mobilizados. Como
exemplo de coisas que podem ser penhoradas, temos: uma lavoura, que irá ser colhida;
máquinas e aparelhos utilizados em uma indústria; joias; e até mesmo um rebanho de
gado.

DA HIPOTECA (ART. 1.473 A 1.505)


Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:
I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;
II - o domínio direto;

Ou enfiteuse17, não é mais prevista pelo nosso ordenamento jurídico, como um direito
real.

III - o domínio útil;

17
Pela enfiteuse o proprietário, através de ato inter vivos ou por disposição de última vontade, atribuía
a outrem, o domínio útil e direto do imóvel, mediante o pagamento de uma pensão, ou foro anual, certo
e invariável, para sempre.

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Também relacionada à enfiteuse, pois o enfiteuta ficava com o domínio útil do bem,
podendo deste modo, usufruir e tirar dele tudo o que pudesse, bem como transmiti-lo
por ato inter vivos ou causa mortis.

IV - as estradas de ferro;

As coisas que se unem ao imóvel através de um vínculo físico ou moral, para o uso, o
serviço e o aproveitamento efetivo e permanente do bem, podem ser hipotecadas
apenas conjuntamente com este, do qual são acessórias.

V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se


acham;

Como exemplo podemos citar as minas, jazidas, pedreiras.

VI - os navios;
VII - as aeronaves.
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia;
IX - o direito real de uso;
X - a propriedade superficiária.

Superfície como direito real, é o direito de propriedade aplicável somente às coisas que
se encontram na superfície do solo, ou, mais particularmente, às plantações ou
construções em terreno alheio.

Art. 1.473, § 1º. A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei
especial.
Deste modo, a hipoteca dos navios e das aeronaves não está sujeita ao registro
em cartório de imóveis.

Art. 1.498. Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a especialização,
em completando vinte anos, deve ser renovada.

DA ANTICRESE (ART. 1.506 A 1.510)


Art. 1.506. Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o
direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos.

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Este instituto está em desuso, atualmente. E através dele, o credor fica com a
posse do imóvel, para que retirando dele os frutos, fique quitada a dívida. Este direito
de retenção extingue-se após quinze anos de sua constituição, e como os outros direitos
reais, também poderá ser constituído através de instrumento público 18 ou particular,
com o competente registro.

DIREITO DE FAMÍLIA.
RESUMO DA AULA 09
DIREITO DE FAMÍLIA
O direito de família cuida das relações que envolvem o indivíduo dentro do núcleo social
em que ele nasce, cresce e se desenvolve.
Deste modo, constitui um complexo de princípios que regulam: a celebração do
casamento, a sua validade, os seus efeitos, a dissolução; a união estável; os vínculos
de parentesco; e os institutos complementares da tutela e da curatela.

Na sociedade atual verifica-se uma tendência de expansão dos conceitos de entidade


ou unidade familiar. As unidades de convivência no Brasil são as seguintes:
✓Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos;
✓Homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos e filhos não
biológicos, ou somente com filhos não biológicos;
✓Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos (união estável);
✓Homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos e não biológicos ou apenas
não biológicos (união estável);
✓Pai ou mãe e filhos biológicos (entidade monoparental);
✓Pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (entidade
monoparental);
✓União de parentes e pessoas que convivem em interdependência afetiva, sem pai ou
mãe que a chefie, como no caso de grupos de irmãos, após falecimento ou abandono
dos pais, ou de avós e netos, ou de tios e sobrinhos;
✓Pessoas sem laço de parentesco que passam a conviver em caráter permanente, com
laços de afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade sexual ou econômica;
✓Uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual;

18
Será exigido este se o valor exceder a taxa legal, de acordo com o art. 108. Não dispondo a lei em
contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente no País.

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✓Uniões concubinárias, quando houver impedimento para casar de um ou de ambos os
companheiros, com ou sem filhos;
✓Comunidade afetiva formada com “filhos de criação”, sem laços de filiação natural ou
adotiva regular, incluindo, nas famílias recompostas, as relações constituídas entre
padrastos e madrastas e respectivos enteados, quando se realizem os requisitos da
posse de estado de filiação19.
Entre as unidades de convivência citadas existem características que as identificam
como entidades familiares, que são: ¹a afetividade, ²a estabilidade e a ³convivência
pública e ostensiva. O objetivo primordial de todas é a constituição de família – é esta
característica que as diferenciará das demais relações (como as de amizade ou de
trabalho).

Os princípios jurídicos aplicáveis ao direito de família e a todas as entidades familiares


são:
¹Princípios fundamentais: dignidade da pessoa humana e solidariedade.
²Princípios gerais: igualdade, liberdade, afetividade, convivência familiar e melhor
interesse da criança.

CASAMENTO.
“O casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e
regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado
em um vínculo de afeto”. (Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág.
1047.)
O casamento é que ele é tratado como um ato complexo, pois possui elementos
volitivos – característicos dos contratos, e também possui elementos institucionais,
relacionados as formalidades estatais.

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo
único do art. 1.631.

Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.

Além de negar a autorização, os pais podem revogá-la a qualquer tempo antes da


celebração do casamento.

19
A posse de estado de filho será analisada levando-se em consideração a questão do carinho, do afeto,
do amor e da melhor condição de convivência para o menor.

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Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para
o casamento civil.
§ 1º. O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa
dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação
regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2º. O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá
efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art.
1.532.
§ 3º. Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados
houver contraído com outrem casamento civil.

IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO.


Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes20, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau
inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do


casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum
impedimento, será obrigado a declará-lo.

SUSPENSÃO DO CASAMENTO.
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

20
Lembre-se: ascendentes são seus pais avós, bisavós; descendentes são seus filhos, seus netos,
bisnetos. E esta linha (avó – pai - filho – neto) é chamada de linha reta. Irmãos bilaterais são os que
provém do mesmo pai e da mesma mãe, já os irmãos unilaterais provém do mesmo pai OU da mesma
mãe.

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II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado,
até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal.
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela,
e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas
as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a
inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a
pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de
filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

CASAMENTO INEXISTENTE:
é aquele que não possui os requisitos essenciais do casamento que são: diferença de
sexo, consentimento e celebração na forma da lei. Tenha atenção. Estes são os
requisitos para a existência do casamento, para a validade outros serão exigidos.

Casamento putativo é aquele que embora possa vir a ser


nulo ou anulável foi contraído de boa-fé – ou seja, sem que
se soubesse da existência de impedimentos para a
realização do casamento, por um ou ambos os cônjuge.
Assim o casamento putativo poderá decorrer de erro que
tanto poderá ser de fato (p. ex. pai e filha que se casam por
ignorarem este parentesco), como de direito (p. ex. tio e
sobrinha que ignoram que tenham que fazer um exame pré-
nupcial).

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.
§ 1º. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis
só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2º. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos
civis só aos filhos aproveitarão.

CASAMENTO NULO:
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
II - por infringência de impedimento.

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CASAMENTO ANULÁVEL – os casos em que o casamento será anulado estão
elencados no art. 1.550.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
§ 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
§ 2º. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair
matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.
(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.

A Emenda Constitucional n. 66/2010 alterou o art. 266, § 6º da Constituição Federal.


A alteração deu-se na parte final do parágrafo, onde foi suprimida a separação judicial,
e também o lapso temporal para o divórcio. Vamos ver como ficou a redação de tal
dispositivo:
Art. 266, § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 66, de 2010).

Há, atualmente, na doutrina e na jurisprudência, inúmeras controvérsias em


decorrência das mudanças do comentado artigo da CF. Existem doutrinadores e até
mesmo tribunais que entendem que a modificação da EC 66/2010 não alterou a
legislação infraconstitucional, e, deste modo, a separação judicial continua válida.
Tanto é que na V Jornada de Direito Civil (que tem por objetivo demonstrar o
pensamento civilista nacional) foram aprovados vários Enunciados relativos ao tema.
Vamos transcrevê-los:
➢Enunciado n. 514. “A Emenda Constitucional nº 66/2010 não extinguiu o instituto
da separação judicial e extrajudicial”.

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➢Enunciado n. 515. “Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional nº
66/2010, não há prazo mínimo de casamento para a separação consensual”.
➢Enunciado n. 516. “Na separação judicial por mútuo consentimento, o juiz só poderá
intervir no limite da preservação do interesse dos incapazes ou de um dos cônjuges,
permitida a cindibilidade dos pedidos com a concordância das partes, aplicando-se esse
entendimento também ao divórcio”.
➢Enunciado n. 517. “A Emenda Constitucional nº 66/2010 extinguiu os prazos
previstos no art. 1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão”.

Apesar dos Enunciados, muitos doutrinadores e tribunais


entendem que a separação de fato foi abolida de nosso
ordenamento, tendo em vista a CF, que é nossa lei maior.

UNIÃO ESTÁVEL.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo
de constituição de família.

Não há exigência na lei de prazo mínimo para sua configuração.


Não há exigência de que os companheiros ou conviventes residam no mesmo domicílio.
Também não há exigência de que existam filhos em comum.
De acordo com o art. 1.723, § 2º os casos de suspensão do casamento não se aplicam
a união estável:
Art. 1.723. § 2º. As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união
estável.

À união estável serão aplicados os mesmos impedimentos matrimoniais do art. 1.52121


– já visto, de acordo com o art. 1.723, § 1º:

21
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.

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Art. 1.723. § 1º. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.
1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada
de fato ou judicialmente.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.

RELAÇÕES DE PARENTESCO.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra
origem.

✓Parentesco consanguíneo ou natural – como falamos acima, é aquele existente


entre as pessoas que possuem um vínculo biológico ou de sangue.
✓Parentesco por afinidade – é o que decorre do casamento ou da união estável.

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da
afinidade.
§ 1º. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos
irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2º. Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da
união estável.

Geralmente esta “outra origem” se refere à adoção, porém, a doutrina e a


jurisprudência também têm admitido outras duas formas de parentesco civil. Uma é a
resultante da técnica de reprodução heteróloga (aquela que é feita com células de
outras pessoas que doam seu material genético), e a outra é a decorrente da
parentalidade socioafetiva (aquela que existe entre os padrastos/madrastas e seus
enteados).

Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na
relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na
colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum,
e descendo até encontrar o outro parente.

Filiação é o que liga pais e filhos.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

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I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte,
separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de
concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

➢Enunciado nº 106 da I Jornada de Direito Civil: “Para que seja presumida a


paternidade do marido falecido, será obrigatório que a mulher, ao se submeter a uma
das técnicas de reprodução assistida com o material genético do falecido, esteja na
condição de viúva, sendo obrigatório, ainda, que haja autorização escrita do marido
para que se utilize seu material genético após sua morte”.
➢Enunciado nº 111 da I Jornada de Direito Civil: “A adoção e a reprodução
assistida heteróloga atribuem a condição de filho ao adotado e à criança resultante de
técnica conceptiva heteróloga; porém, enquanto na adoção haverá o desligamento dos
vínculos entre o adotado e seus parentes consanguíneos, na reprodução assistida
heteróloga sequer será estabelecido o vínculo de parentesco entre a criança e o doador
do material fecundante”.

Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal
da paternidade.
Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos
herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz.
Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado
extinto o processo.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua
mulher, sendo tal ação imprescritível.

➢Enunciado nº 521 da V Jornada de Direito: “Qualquer descendente possui


legitimidade, por direito próprio, para propor o reconhecimento do vínculo de
parentesco em face dos avós ou de qualquer ação de prova da filiação em vida”.

Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente.

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
I - no registro do nascimento;

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II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não
haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior
ao seu falecimento, se ele deixar descendentes.

Art. 1.610. O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em
testamento.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá
residir no lar conjugal sem o consentimento do outro.

ALIMENTOS.
São prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais de indivíduos que
não podem consegui-las por seu esforço próprio.

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Características:
A obrigação de alimentos é personalíssima quanto ao credor ou alimentando; é
irrenunciável; recíproca; divisível; imprescritível; Incessível; inalienável;
incompensável; impenhorável; não pode ser objeto de transação, muito menos
objeto de compromisso ou arbitragem, por último é obrigação transmissível.
➢Enunciado nº 343 da IV Jornada de Direito Civil: “A transmissibilidade da
obrigação alimentar é limitada às forças da herança”.

Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem
de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

BEM DE FAMÍLIA.
O bem de família é o imóvel destinado a moradia da família que não poderá ser
penhorado para pagamento de dívidas.
Temos dois tipos de bem de família: o bem de família convencional ou voluntário –
previsto no CC/2002, e o bem de família legal (ou involuntário) – regulado pela lei
especial 8.009/90.
O bem de família voluntário ou convencional possui natureza preventiva, ou seja,
seu objetivo é tornar o patrimônio imune a penhora por débitos futuros.

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Chama-se voluntário ou convencional porque é constituído pela vontade das partes.
O objeto do bem de família voluntário é parte do patrimônio do instituidor, de
acordo com o art. 1.712:
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.

O imóvel hipotecado poderá ser objeto de bem de família voluntário, porque a hipoteca
anterior ficará garantida e resguardada pelo próprio bem, que poderá ser executado. A
instituição do bem de família voluntário manterá o bem a salvo de dívidas posteriores.

O imóvel rural também poderá ser instituído como bem de família voluntário, e
alcançará o prédio onde fica a moradia e também as terras que constam no título de
propriedade.
A impenhorabilidade do bem de família voluntário somente será excluída nos
casos de dívidas relativas a tributos incidentes sobre o imóvel e as respectivas despesas
de condomínio, de acordo com o art. 1.715:
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição,
salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente
será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para
sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.

A constituição do bem de família voluntário ocorre com o registro no CARTÓRIO DE


REGISTRO DE IMÓVEIS.

O bem de família legal foi instituído em nosso ordenamento pela Lei n. 8.009/90 e
tem por objeto o imóvel, rural ou urbano, que constitui a morada da família, incluindo-
se todos os móveis e pertences que o guarnecem. Portanto, “o imóvel é apenas o que
pode ser habitado, pressupondo construção com finalidade residencial (casa ou
apartamento), o que afasta a terra nua ou o terreno não edificado”22.

Esses bens são, por imposição legal, impenhoráveis, independentemente de ato de


vontade dos integrantes da família.

22
Paulo Lôbo, Direito Civil, Famílias, Ed. Saraiva, 4ª ed., pág. 399

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Art. 1º da Lei n. 8.009/90. O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é
impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal,
previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam
seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a
construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os
equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde
que quitados.

Quanto ao imóvel rural compreenderá somente a edificação onde a família resida com
ânimo definitivo e a extensão territorial do entorno que corresponda ao módulo rural
da região – de acordo com o que o CF/88 qualifica como pequena propriedade rural
trabalhada pela família.
Lei n. 8.009/90:
Art. 2º. Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e
adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis
quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário,
observado o disposto neste artigo.
Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições
previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição
do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função
do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela
entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

TUTELA E CURATELA.
São considerados múnus público porque tanto a tutela como a curatela são
considerados serviços públicos, que são prestados em caráter compulsório, que se
caracteriza como encargo atribuído a alguém que não pode recusar seu cumprimento.

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A tutela é o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para que cuide de pessoa
menor e administre seus bens. Tem por finalidade suprir a falta do poder familiar e
possui nítido caráter assistencial.

Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:


I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes consanguíneos
do menor, por esta ordem:
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no
mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá
entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.

Curatela é encargo deferido por lei a alguém capaz para reger a pessoa e administrar
os bens de quem, em regra maior, não pode fazê-lo por si mesmo.

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
(Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
IV - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
V - os pródigos.

Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à tutela, com as


modificações dos artigos seguintes.

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito,


curador do outro, quando interdito.
§1º. Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes,
o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2º. Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
3º. Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.

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DIREITO DAS SUCESSÕES.
RESUMO DA AULA 10
SUCESSÃO
A palavra sucessão é empregada com o significado de uma pessoa suceder ou tomar
o lugar de outra na titularidade de determinados bens. No direito das sucessões
esta palavra é usada para designar a transmissão de patrimônio de uma pessoa que
faleceu e que é o autor da herança para seus sucessores.

Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as ¹pessoas nascidas ou ²já concebidas no momento


da abertura da sucessão.

Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:


I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de
fundação.
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após
a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.
§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o
testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas
disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e
rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
§ 4º. Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro
esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros
legítimos.

Situação já abordada em provas de concurso:


“João, viúvo, faleceu ontem deixando apenas dois filhos vivos. Antes de seu
falecimento, João celebrou testamento público beneficiando em 50% de seus bens o
seu neto, filho do seu primogênito, ainda não concebido. Considerando que seu
filho mais velho continua vivo no momento da abertura da sucessão, mas o
neto mencionado no testamento ainda não foi concebido, este neto poderá ser chamado
para suceder, porém se decorridos dois anos após a abertura da sucessão, e não
for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário
do testador, caberão aos herdeiros legítimos.”
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo
notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda

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e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou
à declaração de sua vacância.

“A herança vacante será representada em juízo por seu curador”.

Há duas modalidades de sucessão causa mortis:


A sucessão legítima – que é aquela que decorre da lei (herdeiro legitimo é aquele
estabelecido na lei), no caso de a pessoa não ter deixado testamento;
A sucessão testamentária – que é aquela decorrente de um testamento ou
disposição de última vontade.

SUCESSÃO LEGÍTIMA
Herdeiros necessários:
Art. 1.845. São herdeiros necessários os ¹descendentes, os ²ascendentes e o ³cônjuge.
Assim, são herdeiros necessários: os filhos, os netos, os bisnetos (descendentes sem
qualquer restrição de limite); os pais, os avós, os bisavós (ascendentes também sem
restrição de limite); e o marido ou a mulher (o cônjuge).

Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da
herança, constituindo a legítima.

ORDEM DA SUCESSÃO LEGÍTIMA:


A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte (Art. 1.829):
1º - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
2º - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
3º - ao cônjuge sobrevivente;
4º - aos colaterais.

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Se não for atendido o inciso I, passa-se ao
2º ascendentes (pais,
inciso II, posteriormente se passa ao
avós, bisavós...)
inciso III. Somente após isto, e na
ausência das pessoas ali citadas, é que a
sucessão legítima passa para os parentes
colaterais (que são o irmão– 2ºgrau, tios
e sobrinhos – 3º grau, tio-avô e sobrinho
de cujus conjuge neto – 4º grau). Para os colaterais o limite
é o 4ºgrau.

1º descententes (filhos,
netos, bisnetos...)

Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros


descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO:
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder
em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
É ato de última vontade. O testamento é um ato personalíssimo e revogável (art.
1.858), solene, unilateral através do qual alguém dispõe de todo ou de parte de seu
patrimônio para depois de seu falecimento.
Qualquer pessoa que não seja incapaz e que esteja de posse de suas faculdades
mentais poderá testar – possui capacidade testamentária ativa. Mesmo que a
incapacidade venha depois de feito o testamento este não será invalidado, ao contrário,
se uma pessoa incapaz faz um testamento este não se tornará válido quando ela
adquirir a capacidade. E de acordo com o parágrafo único do art. 1.860 os maiores
de dezesseis anos poderão testar. Já a capacidade testamentária passiva, em
regra, todas as pessoas físicas ou jurídicas a possuem.

Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento,
contado o prazo da data do seu registro.

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Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro,
pode ser objeto de cessão por escritura pública.

INVENTÁRIO E PARTILHA
O inventário é o meio processual pelo qual se apuram os bens deixados pelo falecido,
procedendo-se a partilha entre os herdeiros.

1ºAbertura da Sucessão 2ºInventário do Patrimônio 3ºPartilha

A divisão dos bens ocorrerá por meio da partilha, que será ato subsequente ao
inventário.

A partilha poderá ser judicial ou amigável (esta por acordo, e desde que os herdeiros
sejam capazes).

Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por
escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado pelo juiz.

REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES.


Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos
seus bens, o que lhes aprouver.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados
os direitos de terceiros.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos
regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão
parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.
Se, por ocasião do casamento, não se definir qual o regime de bens, vigorará o regime
de comunhão parcial, o mesmo acontece nos casos de convenção nula ou ineficaz.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROF. RICARDO TORQUES
Normas Processuais Civis
 DEVIDO PROCESSO LEGAL: princípio processual fundamental, que remete à ideia de razoabilidade e
proporcionalidade e do dever de o procedimento se desenvolver de modo a observar os ditames legais.
 PRINCÍPIO DA AÇÃO (princípio da inércia de jurisdição e do impulso oficial)
 “começa por iniciativa da parte”  princípio dispositivo
 “se desenvolve por impulso oficial”  princípio inquisitivo
 Temos um sistema processual misto, com destaque para o princípio dispositivo, na medida em
que o Juiz poderá atuar apenas para produção de provas no processo e para conduzi-lo ao final.
No mais, o Direito Processual Civil revela-se dispositivo.
 PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA ATUAÇÃO JURISDICIONAL
 O Poder Judiciário não excluirá da apreciação ameaça ou lesão a direito.
 PRINCÍPIO DA CELERIDADE
 Pretende-se chegar ao resultado final com o menor número de atos possíveis.
 Solução integral de mérito.
 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL
 cláusula geral, pois a hipótese de incidência e a consequência são dependem de integração.
 impõe tanto às partes, como ao Juiz, ao perito, ao advogado, à testemunha, que ajam no processo
em respeito aos padrões éticos de conduta.
 partes do processo versus sujeitos do processo
 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
 Postula por um equilíbrio, sem preponderância das partes ou do magistrado. Na realidade,
todos os envolvidos no processo (partes, juiz, testemunhas, peritos, servidores, advogados)
devem atuar de forma cooperativa, em respeito às regras de lealdade.
 PRINCÍPIO DA IGUALDADE NO PROCESSO (ISONOMIA)
 Paridade de tratamento se dá em relação: ao exercício dos direitos e faculdades processuais;
aos meios de defesa; aos ônus; aos deveres; e à aplicação de sanções processuais.
 HERMENÊUTICA PROCESSUAL CIVIL
 atendimento aos fins sociais e às exigências do bem comum
 dignidade da pessoa humana: supraprincípio.
 proporcionalidade e razoabilidade
 proporcionalidade: adequação entre meios e fins
 razoabilidade: equidade, atenção à realidade e equivalência na aplicação do direito.
 legalidade: respeito ao Direito como um todo (ressignificação em razão dos precedentes
judiciais)
 eficiência: racionalização, ou seja, com menos recursos e energia, atingir ao máximo a
finalidade.
 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
 Nenhuma decisão deve ser tomada sem prévia oitiva das partes, com exceção das tutelas
provisórias de urgência e de evidência, no qual o contraditório é diferido.
 dimensões:

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 dimensão formal refere-se ao direito de participar do processo (ser ouvido).
 dimensão material refere-se ao poder de influenciar na decisão.
 em nome da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, aplica-se às relações interprivados.
 DEVER DE CONSULTA: consectário do princípio do contraditório.
 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE E MOTIVAÇÃO:
 publicidade: ciência às partes e abertura ao público. Restrições: a) para preservação do direito
à intimidade do interessado; e b) para preservação do interesse público.

Ação e Jurisdição
 JURISDIÇÃO: Jurisdição constitui parcela do Poder Estatal, voltada para a função jurisdicional, que é
executada como uma atividade, composta por um complexo de atos para a prestação efetiva da tutela
jurisdicional.
 JURISDIÇÃO É PODER, FUNÇÃO E ATIVIDADE:
• JURISDIÇÃO COMO PODER - Poder Estatal de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados.
• JURISDIÇÃO COMO FUNÇÃO - Encargo atribuído pela CF ao Poder Judiciário (em regra).
• JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE - Conjunto de atos praticados pelos agentes estatais
investidos de jurisdição.
 CARACTERÍSTICAS:
a) Caráter substitutivo - caracteriza-se a jurisdição por substituir a vontade da parte pela vontade
da Lei aplicada ao caso concreto, como forma de colocar fim ao conflito.
b) Lide – caracteriza-se a jurisdição por atuar quando há um conflito de interesses em decorrência
de uma pretensão resistida.
c) Inércia – caracteriza-se a jurisdição por ficar subordinada à provocação pela parte (princípio da
demanda); e
d) Definitividade – caracteriza-se a jurisdição por decidir o conflito de interesses de forma
incontestável, definitiva e imutável.
 EQUIVALENTES JURISDICIONAIS
 autônomos: transação, reconhecimento jurídico do pedido, renúncia.
 heterônomo: tribunais administrativos e arbitragem.
Sem necessidade de maior aprofundamento, é relevante ter em mente alguns conceitos:
 AUTOTUTELA: Solução de conflitos pelo uso da força, por intermédio do qual a parte vencedora
sacrifica o interesse da outra.
 CONCILIAÇÃO: Solução de conflitos pela vontade das partes, por intermédio da conciliação
(transação), da submissão ou da renúncia.
 MEDIAÇÃO: Solução de conflitos fundada no exercício da vontade das partes, sem a existência
de um sacrifício de interesses, mas na investigação das causas que levaram ao conflito, com a
finalidade de assegurar o real interesse de ambas as partes.
 ARBITRAGEM: Solução de conflitos por intermédio da nomeação consensual (prévia ou
posterior ao conflito) de árbitros que tenham a confiança das partes para a solução do conflito de
interesses. Essa solução decorre da imposição da decisão pelo terceiro (árbitro),
independentemente da vontade das partes.
 TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS: A solução de questões por tribunais administrativos também
é considerada como um equivalente jurisdicional para parte da doutrina. São exemplos o CADE
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e o CARF (Conselho Administrativo da Receita
Federal).

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 AÇÃO
 Teorias da ação
TEORIA IMANENTISTA
- direito material em movimento
- direito de ação contra o adversário
- processo é mero procedimento
TEORIA CONCRETA DA AÇÃO
- ação é direito contra o Estado (para obter uma tutela favorável) e contra o adversário (para obter o
direito material)
- condicionado ao direito material
- direito potestativo
TEORIA ABSTRATA DO DIREITO DE AÇÃO
- direito a um pronunciamento do Estado
- direito de ação existe ainda que sem o direito material
- não há condição da ação ou sentença terminativa por carência da ação
- interesse e legitimidade são assuntos de mérito
TEORIA ECLÉTICA (prevalece para o CESPE)
- direito de ação condicionado (interesse e legitimidade)
- carência da ação forma apenas coisa julgada formal
- condição da ação é matéria de ordem pública analisável a qualquer momento
- direito de petição é incondicionado
TEORIA DA ASSERÇÃO
- distinção entre direito material e direito de ação
- direito de ação condicionado à legitimidade e interesse
- avaliação das condições da ação à vista das afirmações do demandante em cognição sumária, que pode
levar à carência da ação (avaliação das condições d ação "in status assertionis".
- avaliação do interesse e legitimidade como matéria de mérito que pode conduzir à rejeição do pedido
 INTERESSE E LEGITIMIDADE
 Essa cognição é prévia, é sumária e exercida in status assertionis (em asserção). Superada a
cognição sumária, se o magistrado decidir pela citação da parte ré, preclui a possibilidade da
sentença terminativa pela não caracterização de interesse e legitimidade.
 Interesse:
➢ necessário toda vez que o autor não tiver outro meio para obter o bem da vida pretendido, a
não ser por intermédio do Poder Judiciário.
➢ adequado se, em razão dos pedidos deduzidos, o processo for apto a resolver o conflito de
interesses.
 Legitimidade: pertinência subjetiva da ação, ou seja, refere-se à titularidade para promover ativa
ou passivamente a ação.

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Sujeitos Processuais – Partes e Procuradores
Pressupostos processuais
● CONCEITO: Pressupostos processuais são todos os elementos de existência, os requisitos de validade
e as condições de eficácia do procedimento.
● PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
 elementos de existência
 requisitos de validade
 condições de eficácia do procedimento
● CAPACIDADE DE SER PARTE (também conhecida como capacidade processual ou judiciária) remete
ao conceito de capacidade civil.
● CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO (de capacidade processual em sentido estrito, ou legitimatio ad
processum) refere-se ao modo como se exerce a ação e a defesa no curso do processo em relação à
prática de atos processuais.
 TODA pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em
juízo.
 O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.
 A curadoria do incapaz será determinada em duas situações:
a) quando o incapaz não possuir representante ou assistente; ou
b) quando os interesses do incapaz colidirem com os interesses do representante ou do
assistente.
● CAPACIDADES PROCESSUAIS (OU POSTULATÓRIA): atributo para que determinada pessoa
possa praticar validamente atos processuais.
 Atributo conferido ao advogado regular perante a OAB e, em situações específicas, à própria parte.
 Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
➢ Se o autor não regularizar a incapacidade processual ou a irregularidade de representação, o
processo será extinto sem julgamento do mérito.
➢ Se o réu não regularizar a incapacidade processual ou a irregularidade de representação, ele será
revel no processo, considerando-se que se recusou a manifestar-se validamente no processo.
➢ Se for terceiro interessado no processo, poderá ser excluído ou considerado revel.
 Na fase recursal
➢ NÃO conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
➢ Determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
● LEGITIMAÇÃO PARA AGIR
Para fins de prova...

LEGITIMAÇÃO PARA AGIR DOS CÔNJUGES

Quando demandados:
Para propor ação:
 devem ser citados quando envolver ação
 devem ingressar juntos quando envolver
sobre direito real imobiliário, exceto se
ação sobre direito real imobiliário, exceto se o
casados em regime de separação total de
regime de bens for de separação total.
bens.

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 Ambos os cônjuges deverão,
necessariamente, ser citados nas seguintes
hipóteses:
 Ação que envolva fatos relacionados a
ambos os cônjuges.
 Ação referente à dívida contraída por um
dos cônjuges a bem de família.
 Ação que tenha por objeto o
reconhecimento, a constituição ou a extinção
de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges.
Por exemplo, ação hipotecária em face de
bens do casal.

● DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES


 Constitui dever das partes:
• expor fatos conforme a verdade
• não formular pretensão destituída de fundamento
• não produzir provas inúteis/desnecessárias
• informar e atualizar endereços
• cumprir as decisões judiciais e não criar embaraços
• não praticar inovação ilegal no estado de fato ou de bem ou direito litigioso
● ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA x LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
 ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA
• O dano é ao Poder Judiciário.
• Multa de até 20% do valor da causa ou multiplicada por até 10 salários mínimos, caso seja
irrisório/inestimável o valor da causa.
• hipóteses: a) não cumprir decisões jurisdicionais; b) criar embaraços à efetivação do processo; e
c) inovação ilegal no estado de fato de bem litigiosos.
• revertido para o fundo de modernização do Poder Judiciário
 LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
• O dano é à parte contrária.
• Multa de 1 a 10% do valor da causa ou multiplicada por até 10 salários mínimos, caso seja
irrisório/inestimável o valor da causa.
• hipóteses: a) contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; b) alterar a verdade; c) objetivo
ilegal; d) resistência injustificada; e) proceder de modo temerário; f) provocar incidente
manifestamente infundado; e g) recurso manifestamente protelatório.
• revertido para a parte que sofreu o dano
 Gratuidade da Justiça
• A parte ou terceiro deve requerer na primeira vez que tiver oportunidade de se manifestar nos
Autos (petição inicial, contestação, ingresso de terceiro ou por petição, se superveniente).
• Pressupõe-se a insuficiência alegada pela pessoa natural.
• A parte contrária pode impugnar e o juiz decidirá a respeito de acordo com elementos constantes
dos autos.

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• Trata-se de benefício de caráter pessoal (não extensível ao litisconsorte ou sucessor).
• Recurso formulado por beneficiário dispensa preparo, exceto se esse recurso tratar
exclusivamente de honorários advocatícios, a não ser que o advogado também seja beneficiário
da Justiça gratuita.
• A assistência do beneficiário por advogado não impede a concessão do benefício.
Litisconsórcio
● CONCEITO: Litisconsórcio há apenas quando, no mesmo polo do processo, existe uma pluralidade de
partes ligadas por uma afinidade de interesses.
● CLASSIFICAÇÃO
 Quanto aos sujeitos – Ativo, Passivo e Misto
 Quanto ao momento – Inicial e Ulterior
 Quanto aos efeitos – Simples e Unitário
 Quanto à obrigatoriedade – Facultativo e Necessário
➢ Facultativo:
o entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
o entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
o ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
➢ Obrigatório: por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
o por força da lei.
o por força da unilateralidade da relação jurídica.
● LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO: litisconsórcio formado por um número excepcionalmente grande
de litigantes, sempre que, em razão de sua formação, possa ocorrer o comprometimento da defesa, ou
do cumprimento de sentença, ou a rápida solução do litígio. Por motivos atinentes à paridade de armas
e à efetividade do processo, portanto, é possível desmembrar o litisconsórcio
Intervenção de Terceiros
Introdução
 Toda vez que o terceiro for atingido direta ou reflexamente pela decisão proferida em
processo alheio, ele se tornará parte legítima para ingressar no processo. Trata-se, portanto,
de um fato jurídico processual que implica a modificação de processo que já existe.
 Com o Novo CPC, a nomeação à autoria deixa de existir, dando lugar à técnica da correção da
legitimidade passiva, disciplinada nos arts. 338 e 339, ambos do NCPC, que será estudada em outra
oportunidade.
 A oposição não consta mais como intervenção de terceiro típica, tornando-se um procedimento
especial, previsto no art. 682 a 686, do NCPC. A oposição em termos gerais é o instituto por intermédio
do qual o terceiro reclama o bem ou o direito disputado em processo alheio.
 Foram acrescentadas duas novas hipótese de intervenção de terceiros: o amicus curie e a
desconsideração de personalidade jurídica.
Classificação
 INTERVENÇÕES DE TERCEIROS TÍPICOS
• assistência
• denunciação da lide
• chamamento ao processo
• amicus curie
• incidente de desconsideração da personalidade jurídica

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Assistência
● HIPÓTESES DE CABIMENTO
 terceiro com interesse jurídico que uma das partes processuais seja a vencedora da demanda.
 o assistente receberá o processo no estado em que se encontrar.
● ESPÉCIES

ASSISTÊNCIA

SIMPLES LITISCONSORCIAL

A parte ingressa em juízo para auxiliar uma das partes Sempre que a sentença influir na relação
por possuir interesse jurídico no deslinde da demanda. jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Relação jurídica do terceiro assistente apenas com o Relação jurídica do terceiro assistente com
assistido. ambas as partes na ação.

O assistente é um coadjuvante no processo (atividade


O assistente recebe tratamento de parte.
subordinada).

Denunciação da lide
Constitui uma demanda, pois ela envolve o direito de ação. Essa demanda se caracteriza por ser: a)
incidente; b) regressiva; c) eventual; e d) antecipada.
● Hipóteses de denunciação da lide
 ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim
de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
 àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo.
Chamamento ao processo
● HIPÓTESES
 Admite-se o chamamento do afiançado quando o fiador for demandado.
 Admite-se o chamamento ao processo dos demais fiadores quando a ação for proposta apenas contra
um deles.
 Admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários quando o credor ingressar
contra um deles apenas.
Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
● MODELOS: ação e incidente.
● LEGITIMIDADE: será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe
couber intervir no processo.
● PROCEDIMENTO
 CABÍVEL:
• fase de conhecimento
• cumprimento de sentença
• execução de título extrajudicial
 Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as
provas cabíveis no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS.

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● EFEITOS DO JULGAMENTO: acolhido o pedido de desconsideração, de alienação ou de oneração de
bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
Amicus Curiae
● CONCEITO: terceiro que, espontaneamente, a pedido da parte ou por provocação do órgão
jurisdicional, intervém no processo para fornecer subsídios que possam aprimorar a qualidade da
decisão.
● AUTORIZA-SE O AMICUS CURIE QUANDO ENVOLVER
• matéria relevante
• tema específico
• repercussão social da controvérsia
 O amicus curie não se confunde com a atuação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica,
pois a figura interventiva não tem qualquer interesse no julgamento da ação. O amicus curie atua como
um órgão meramente opinativo e não tem tantos poderes quanto o MP.
 O amicus curie não se confunde com o assistente, pois esse tem interesse no resultado do julgamento,
tendo poderes mais amplos que a figura interventiva.
 Os poderes do amicus curie serão fixados pelo magistrado na decisão que determina o ingresso. Desse
modo, em regra, o amicus curie irá se manifestar sobre os fatos discutidos no processo.
 O amicus curie poderá opor embargos de declaração e interpor recursos que julgue os incidentes de
resolução de demandas repetitivas. Outras possibilidades recursais somente serão admitidas se o juiz
permitir.

Sujeitos Processuais
Juiz e Auxiliares da Justiça
● PODERES, DEVERES E RESPONSABILIDADE JUIZ
 assegurar a igualdade de tratamento;
 velar pela duração razoável do processo;
 prevenir e reprimir atos contrários à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente
protelatórias;
 adotar medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias;
 promover a autocomposição;
 dilatar prazos e alterar a ordem produção dos meios de provas de acordo com as necessidades do
conflito;
 exercer o poder de política;
 determinar o comparecimento pessoa para inquirir partes (não gera confissão);
 buscar o conhecimento de mérito com o suprimento de pressupostos processuais e saneamento de
vícios processuais;
● IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO

presunção absoluta de parcialidade presunção relativa de parcialidade

Circunstâncias objetivas: Circunstâncias subjetivas:


 mandatário da parte, perito, membro do MP ou  amigo íntimo ou inimigo da parte ou advogado.
testemunha.

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 decidiu no feito em outro grau de jurisdição  receber presentes de pessoa com interesse na
causa.
 advogado, defensor ou membro do MP (+
cônjuge/companheiro ou parente até 3º)  aconselhar ou subsidiar as despesas do
processo (após iniciado o processo).
 cônjuge/companheiro ou parente até 3º for
parte no processo.  credor ou devedor da parte
(cônjuge/companheiro ou parente até 3º).
 sócio ou membro de direção ou de
administração de PJ parte no processo.  interessado no julgamento do processo.
 herdeiro presuntivo, donatário ou empregador
 relação de emprego ou prestador de serviços de
instituição parte no processo.
 cônjuge/companheiro ou parente até 3º for
advogado ou atue no escritório.
 promover ação contra parte ou advogado.

Violação gera nulidade mesmo se não arguida Não gera nulidade


oportunamente

Enseja ação rescisória Não enseja ação rescisória

Arguição por incidente a qualquer tempo Arguição por incidente no prazo de 15 dias a
contar do conhecimento do fato

● AUXILIARES DA JUSTIÇA
• chefe de secretaria e oficial de justiça
• perito
• depositário e administrador
• intérprete e tradutor
• conciliadores e mediadores judiciais
 Escrivão ou chefe de secretaria e oficial de justiça
• É a estrutura mínima de uma unidade funcional judiciária, que se denomina de cartório ou de
secretaria.
 Atribuições do escrivão/chefe de secretaria:
• Redação de ofícios, de mandados, de cartas precatórias e demais atos.
• Efetivar as ordens judiciais.
• Atuar nas audiências.
• Guarda e responsabilidade dos autos dos processos.
São exceções à guarda dos autos:
a) conclusão (com o juiz para despacho, decisão ou julgamento);
b) vistas (advogado, defensor público, membro do Ministério Público ou Fazenda Pública);
c) remessa ao contador ou repartidor; e
d) remessa a outro juízo por modificação da competência.
• Fornecimento de certidões.
• Prática de atos meramente ordinatórios.
 Incumbe ao oficial de justiça:
• Executar as ordens determinadas pelo magistrado, com devolução posterior do mandado.

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• Auxiliar no exercício do poder de polícia pelo magistrado.
• Certificar proposta de conciliação.
 Responsabilização civil do chefe de secretaria e do oficial de justiça
• recusa cumprir atribuições no prazo legal ou fixado pelo juiz
• prática de ato nulo com dolo ou culpa

Atos Processuais
Negócio Jurídico Processual
● CONCEITO: fato jurídico voluntário em que as partes regulam, dentro dos limites fixados no próprio
ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais ou alteram o procedimento.
 Abrange apenas direitos que admitem a autocomposição.
 As partes podem estipular regras procedimentais ou dispor sobre posições processuais (ônus, poderes,
faculdades e deveres).
 Pode ser firmado antes ou durante o processo.
 Não há necessidade de participação do Juiz, muito menos de homologação judicial, contudo, o
magistrado deverá controlar a legalidade, anulando cláusula de adesão abusiva e quando o negócio for
estipulado com parte em situação de vulnerabilidade.
 Trata-se de uma cláusula geral, de forma que as partes possuem liberdade para estabelecer negócios
jurídicos processuais.
 Princípio do respeito ao autorregramento da vontade das partes.
Calendário Procedimental
● CONCEITO: técnica processual voltada para a gestão eficiente do tempo no processo, NO QUAL o juiz
e as partes, em regime de diálogo, podem acertar datas para a realização dos atos processuais.
 Possibilidade de as partes e o juiz fixarem calendário para a prática dos atos processuais.
 Dispensa a obrigatoriedade de intimação para os atos previstos no calendário.
 Regra de efetividade e celeridade processual, que implica a desburocratização do processo e segurança
jurídica.
 Somente é possível alterar a data do calendário previamente fixado, em situações excepcionais e
mediante justificativa.
Forma dos Atos Processuais
● SISTEMA DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS
 em regra, os atos processuais independem de forma pré-determinada;
 excepcionalmente, devem ser praticados na forma legalmente prevista; e
 ainda que realizado irregularmente, se o ato atingir a finalidade, restará convalidado.
● Os atos processuais são, EM REGRA, públicos.
 EXCEÇÕES
• Interesse público ou interesse social;
• Ações sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
• Intimidade com sede constitucional;
• Cláusula de confidencialidade em juízo arbitral.

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Nas hipóteses de exceções: acessam-se os autos apenas as partes e os respectivos procuradores;
e o terceiro juridicamente interessado terá acesso apenas ao dispositivo da sentença e, se for o caso,
do inventário e da partilha.
● ATOS DAS PARTES
 produção de efeitos de forma imediata.
 consequências:
• a irretratabilidade, uma vez que os efeitos são imediatos; e
• a preclusão consumativa, uma vez que a prática do ato pela parte exaure a prerrogativa de fazê-
lo.
 Veda-se o uso de cotas marginais e interlineares. O juiz mandará riscar e multará a parte em ½ salário
mínimo.
● PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
 O juiz pratica atos materiais (presidência da audiência) e pronunciamentos judiciais.
 A SENTENÇA e a decisão que colocam fim à fase de conhecimento, extingue a execução ou o que
for previsto como sentença em procedimento especial.
 A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA constitui decisão que resolve incidente sem pôr fim ao processo.
 O DESPACHO envolve pronunciamentos judiciais sem caráter decisório.
 O ACÓRDÃO constitui decisão que põe fim à fase de conhecimento, que extingue a execução e que
resolve incidentes no processo no âmbito dos tribunais.
● ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA
 São responsáveis pelo protocolo, registro, distribuição (se houver) e autuação.
 Todos as peças e documentos devem ser numerados e rubricados, inclusive termos, vistas e conclusão.
 Admite-se o uso de formas abreviadas (taquigrafia e estenotipia) para o registro de atos processuais.
Tempo dos Atos Processuais
● REGRA: praticados entre as 6 e 20 horas, em dias úteis (de segunda a sexta). Há possibilidade de
prorrogação para além das 20 horas quando houver possibilidade de prejudicar a diligência ou resultar
em grave dano.
● Citações, intimações, penhoras e atos relativos a tutelas de urgência podem ser realizadas fora do
horário e, inclusive, em dias não úteis.
● FÉRIAS FORENSES: em regra, suspende o prazo. Não há suspensão excepcionalmente nos casos de
jurisdição voluntária, de atos necessários à conservação de direitos quando causar prejuízos em face do
adiamento, de ação de alimentos, e processos de nomeação ou remoção de tutor e curador e quando a
lei prever.
● São considerados FERIADOS os dias declarados em lei, sábados, domingos e dias sem expediente
forense.
Lugar dos Atos Processuais
● REGRA: praticados na sede do Juízo
● EXCEÇÕES:
 deferência;
 interesse da justiça;
 natureza do ato;
 obstáculo arguido pelo interessado e acolhi pelo magistrado.

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Prazos
● CONCEITO: lapsos temporais que existem entre dois termos (termo inicial, dies a quo, e termo final,
dies ad quem) dentro dos quais se prevê a oportunidade para uma ação ou omissão.
● CLASSIFICAÇÃO
a) pela sua origem: legais, judiciais ou convencionais.
b) quanto às consequências de seu descumprimento: próprios ou impróprio, que se subdividem-se
em ordinário ou anômalo.
c) quanto à exclusividade do destinatário: comum ou particulares.
 A classificação entre prazos dilatórios e peremptórios não faz mais sentido no NCPC.
● PRAZO SUBSIDIÁRIO E PRAZO PARA COMPARECIMENTO
 INTIMAÇÃO PARA COMPARECIMENTO (antecedência mínima): 48 horas
 PRAZO SUBSIDIÁRIO: 5 dias
● ATO PROCESSUAL PREMATURO: será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo
inicial do prazo.
● CONTAGEM DOS PRAZOS
 Os prazos são contados apenas de segunda a sexta-feira. Essa modalidade de contagem não se
aplica a prazos materiais.
 Haverá a suspensão do prazo em sábados, domingos, feriados e em dias sem expediente forense.
 Haverá suspensão dos prazos entre os dias 20/dez a 20/jan. E não haverá audiência ou sessão de
julgamento.
 Haverá suspensão do prazo por obstáculo criado pela parte ou pela suspensão do processo (art. 313,
do CPC).
 Haverá suspensão do prazo quando houver instituição de programa de autocomposição pelo Poder
Judiciário.
 Haverá prorrogação do prazo, por até 2 meses, quando se tratar de unidade judiciária de difícil acesso.
 Haverá prorrogação do prazo em situação de calamidade, podendo ultrapassar os 2 meses, a depender
da situação concreta.
 Os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento.
 A citação, a notificação ou a intimação podem ocorrer de diversas formas no processo. Em razão disso,
temos momentos distintos para que o prazo se inicie:

FORMA COMEÇO DO PRAZO

Pelos Correios Juntada aos Autos do Aviso de Recebimento.

Por oficial de Justiça Juntada aos Autos do Mandado Cumprido.

Por ato do escrivão ou do chefe de


Na data atestada.
secretaria

Por edital Dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo Juiz.

Dia útil seguinte à consulta ou ao término do prazo para


Via eletrônica
consultar (10 dias).

Por Diário de Justiça Data da publicação.

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Por retirada dos autos de cartório. Dia da carga.

● PRAZOS DO JUIZ
 DESPACHOS: 5 dias
 DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: 10 dias
 SENTENÇA: 30 dias
● PRAZOS DOS SERVIDORES
 REMETER OS AUTOS CONCLUSOS: 1 dia
 EXECUTAR: 5 dias
● PRAZOS EM CASO DE LITISCONSÓRCIO (por procuradores diferentes, de escritórios distintos)
 para todas as manifestações;
 para qualquer juízo ou tribunal; e
 independe de requerimento da parte.
Preclusão
● CONCEITO: “preclusão é definida como a perda de uma situação jurídica processual ativa”.
● PRINCÍPIOS:
 princípio da segurança jurídica;
 princípio da boa-fé;
 princípio da duração razoável do processo.
● ESPÉCIES
1 - Preclusão Temporal: perda de um poder processual em razão da perda de um prazo.
2 - Preclusão Lógica: perda do poder processual em razão da prática anterior de um ato incompatível
com ele.
3 - Preclusão Consumativa: perda de um poder processual em razão do seu exercício. A ideia é
simples: veda-se à parte repetir ato processual já praticado.
4 - Preclusão sanção: preclusão decorrente da prática de ato ilícito.

Comunicação dos Atos Processuais, Distribuição e Registro,


Nulidade e Valor da Causa
Comunicação dos Atos Processuais
● CONCEITOS
 CITAÇÃO
• ato por meio do qual se dá ciência sobre determinado processo
• réu, executado ou interessado como destinatários
 INTIMAÇÃO
• ato de comunicação de atos processuais praticados ou a serem praticados
• partes, auxiliares e terceiros são destinatários
 NOTIFICAÇÃO
• comunicação para que se manifeste formalmente sobre assunto juridicamente relevante
• jurisdição voluntária como âmbito de aplicação
● CITAÇÃO

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 Regular - Ato de integração do demandado ao processo
 Irregular - Gera a invalidade do processo
 Comparecimento espontâneo - Convalida eventual irregularidade da citação formal
 Desnecessidade
• Indeferimento da petição inicial
• Improcedência liminar do pedido
 Efeitos da Citação: a citação valida a causa
• induzimento da litispendência
• litigiosidade da coisa
• constituição em mora do devedor
 Formas para citação:
1º) Citação por meio eletrônico.
• Obrigatoriedade de empresas públicas e privadas manterem cadastro nos sistemas processuais
eletrônicos.
• A obrigatoriedade estende-se à União, aos estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios.
• A obrigatoriedade não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte.
2º) Citação pelos Correios.
• Não se aplica às ações de estados, às demandas contra incapaz, contra pessoa de direito público,
quando o demandado residir em local não atendido pelos Correios e quando o autor requerer
motivadamente a utilização de outra forma.
3º) Citação por oficial de justiça.
• O oficial poderá se valer da citação por hora certa se for o caso e também pode cumprir o ato em
comarcas contíguas e em regiões metropolitanas.
4º) Citação por edital
• Subsidiário
● CARTAS
 ESPÉCIES:
• CARTA DE ORDEM - Prática de ato processual pelo juízo imediatamente inferior vinculado ao
tribunal
• CARTA ROGATÓRIA - Prática de ato de cooperação internacional entre poderes judiciários de
Estados distintos
• CARTA PRECATÓRIA - Prática de ato de cooperação interna por intermédio do qual o juízo
deprecante solicita a prática de ato processual pelo juízo deprecado
• CARTA ARBITRAL - Prática de ato judicial a pedido do juízo arbitral

Formação, Suspensão e Extinção do Processo, Procedimento


Comum (até o saneamento)
Formação, Suspensão e Extinção do Processo
● FORMAÇÃO
 com a citação válida; e
 aplicam-se os efeitos do processo ao réu após a citação válida.

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● SUSPENSÃO
 conceito: suspensão do curso do procedimento, a paralisação da marcha processual, com o veto a que
se pratiquem atos processuais.
 hipóteses:
• Suspende-se o processo quando houver morte ou perda da capacidade processual das partes, do
representante legal ou do advogado.
• Suspende-se o processo por convenção das partes (máximo de 6 meses, podendo ser
sucessivamente convencionado).
• Suspende-se o processo por impedimento ou suspeição.
• Suspende-se o processo por admissão do incidente de resolução de demandas repetitivas.
• Suspende-se o processo por prejudicidade ou preliminaridade de processos (subordinação entre
processos)
• Suspende-se o processo por questões preliminares, por, no máximo, 1 ano (verificação de fato
ou produção de provas).
• Suspende-se o processo em razão de força maior.
• Suspende-se o processo quando se discutir questão decorrente de acidente e fatos da navegação
de competência do Tribunal Marítimo.
• Suspende-se o processo nas demais hipóteses previstas no NCPC.
 No período de suspensão do processo é vedada a prática de quaisquer atos processuais.
Excepcionalmente, alguns atos podem ser praticados. Isso ocorrerá quando envolver a realização de
atos urgentes para evitar danos irreparáveis.
 Quando a análise de processo civil depender de averiguação de fato delituoso, ou seja, de conduta
apurada no âmbito criminal, é possível a suspensão do processo para aguardar a decisão da Justiça
Criminal.
• Suspensão por ação prejudicial
• Suspensão por 3 meses para ajuizamento da ação penal
• Suspensão por 1 ano para julgamento da ação penal
● EXTINÇÃO: a sentença extingue o processo, com ou sem resolução de mérito. No caso de a decisão
se dar sem análise de mérito, dada a norma fundamental que impõe o dever de o magistrado perseguir
uma solução integral de mérito, é necessário que se intime a parte prejudicada para que, se possível,
possa corrigir o vício.
Procedimento Comum
● INTRODUÇÃO
 Fases do processo:
a) postulatória – propositura da ação;
b) organizatória – eventuais diálogos com as partes a fim de emendar ou de complementar a
inicial, indeferi-la, julgar liminarmente o pedido, citação do réu, conciliação e mediação, defesa e
reconvenção.
c) instrutória – produção de provas;
d) decisória - sentença; e
e) executória – satisfação do direito.
● Petição Inicial
 Conceito: instrumento da demanda.

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 Efeitos:
• Com a protocolização da petição inicial temos a propositura da ação.
• Com o registro ou distribuição decorrem dois efeitos relevantes:
1º EFEITO: perpetuatio jurisdicionis
1º EFEITO: prevenção
 Requisitos:
• 1º requisito: a petição inicial é escrita (escritura).
• 2º requisito: indicação do juízo (conforme as regras de competência)
• 3º requisito: qualificação das partes.
• 4º requisito: causa de pedir.
• 5º requisito: pedido, que constitui o objeto da demanda.
• 6º requisito: valor da causa.
• 7º requisito: protesto genérico por provas.
• 8º requisito: opção pela realização da audiência de conciliação e mediação.
• 9º requisito: documentos indispensáveis.
• 10º requisito: capacidade postulatória de quem assina a petição.
• 11º requisito: requisitos específicos previstos.
E se não estiverem todos presentes? SERÁ DETERMINADA A EMENDA OU A COMPLEMENTAÇÃO DA
PETIÇÃO INICIAL
• HIPÓTESES
• Faltar requisito da petição inicial
• Existir defeito ou irregularidade capaz de dificultar o julgamento de mérito.
• PRAZO
• 15 dias
● PEDIDO: objeto do processo.
 Espécies
➢ Pedido Certo: pedido expresso.
➢ Pedido Sucessivo: vários pedidos formulados com ordem de preferência.
➢ Pedido Determinado: pedido delimitado.
➢ Pedido Alternativo: vários pedidos formulados sem ordem de preferência.
➢ Pedido Subsidiário: pede-se o acolhimento do pedido subsidiário na hipótese de não ser acolhido
o principal.
 Requisitos para a cumulação de pedidos
➢ compatíveis entre si;
➢ competente para conhecer deles o mesmo juízo;
➢ adequado, para todos os pedidos, o tipo de procedimento.
● ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO
 Emenda: determinar a emenda: quando forem identificados vícios sanáveis no processo.
 Indeferimento:
➢ sem julgamento de mérito:

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Inépcia da petição inicial: a) faltar pedido ou causa de pedir; b) pedido indeterminado
(exceto se for caso legal de pedido genérico); c) falta de lógica entre narração e conclusão;
e d) pedidos incompatíveis
Manifestamente ilegítima
Faltar interesse processual
Não manter endereço atualizado quando atuar em causa própria ou não proceder à
emenda.
➢ Com julgamento de mérito:
Pedido contrário a enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça.
Pedido contrário a acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos.
Pedido em sentido adverso a entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;
Pedido contrário a enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
Pedido contrário ao reconhecimento da prescrição e da decadência.
● AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO
 Se a petição inicial não for indeferida e se, eventualmente, não for caso de improcedência liminar,
com ou sem resolução de mérito, o juiz designará audiência de conciliação e mediação com antecedência
mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com, pelo menos, 20 dias de antecedência.
 NÃO SERÁ REALIZADA A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO SE
• ambas as partes manifestarem desinteresse na composição consensual
• não for admissível a autocomposição
 NÃO COMPARECIMENTO À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO
• ato atentatório à dignidade da Justiça
• multa no valor de até 2% da vantagem econômica ou valor da causa
• montante revertido à União ou ao Estado
● RESPOSTAS DO RÉU
 O RÉU PODE:
• reconhecer a procedência do pedido formulado pela parte autora;
• efetuar requerimento avulso de desmembramento do litisconsórcio multitudinário na hipótese do
art. 113, §2º, do NCPC;
• contestar;
• reconvir;
• arguir hipótese de impedimento ou de suspeição; ou
• ser revel.
 Contestação
 PRELIMINARES DE CONTESTAÇÃO NO NCPC
• inexistência ou nulidade da citação
• incompetência absoluta e relativa
• incorreção do valor da causa
• inépcia da petição inicial
• perempção

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• litispendência
• coisa julgada
• conexão
• incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização
• convenção de arbitragem
• ausência de legitimidade ou de interesse processual
• falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar
• indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça
 Forma e prazo
• Os requisitos da contestação são semelhantes aos da petição inicial. Deve conter, portanto, nome
e prenome das partes, sem necessidade de qualificação, pois já fora feita na inicial. Deve conter,
ainda, endereçamento ao juízo da causa, documentos indispensáveis, requerimento de provas,
apresentação dos fatos e fundamentos jurídicos da defesa.
• O prazo para contestar é de 15 dias (úteis). REGRAS DE CONTAGEM:
1ª REGRA: houve audiência de conciliação e mediação.
Nesse caso, o prazo de 15 dias é contado da audiência ou da última sessão de
conciliação ou de mediação, caso haja várias delas.
2ª REGRA: não houve audiência porque o réu peticionou informando que não deseja
participar da sessão de conciliação e de mediação.
O prazo de contestação será contado do protocolo do pedido de
cancelamento da audiência.
3ª REGRA: se houver litisconsortes.
Se o autor não desejar expressamente a audiência de conciliação/mediação,
necessário levar em consideração a manifestação dos réus:
a) se ambos não tiverem interesse no ato de composição, o prazo contará
individualmente para cada um deles a partir do peticionamento;
b) se um deles tiver interesse ou não pedir o cancelamento, o prazo contará, para
ambos, a partir da audiência infrutífera.
Se o autor desejar ou não se manifestar sobre a conciliação, a audiência ocorrerá
e o prazo para contestação correrá, para ambos os réus, da audiência infrutífera.
4ª REGRA: se não houver audiência de conciliação e de mediação.
Nos casos em que o direito não admitir composição, o réu será citado na forma
tradicional, por carta ou por mandato, situação em que o prazo irá iniciar a partir
da juntada aos Autos do mandato de citação.
 Reconvenção
• A reconvenção é uma ação inversa, em que o demandado propõe contra a parte autora um pedido
próprio, que irá ampliar o objeto da demanda.
• a reconvenção deve ter:
o conexão com a ação principal; ou
o com o fundamento da defesa.
• Segundo a doutrina, são requisitos para a reconvenção:
o Existência de uma causa pendente;
o Apresentação da reconvenção no prazo da contestação;
o O juízo da causa principal deve ser também competente para analisar a reconvenção;
o Os procedimentos da ação e da reconvenção devem ser compatíveis, uma vez que são
processados conjuntamente; e
o Há necessidade de identificação de conexão ou correlação com os fundamentos da defesa.

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 Revelia
• A revelia também é considerada uma forma de defesa. Trata-se de defesa pela não manifestação
do réu que foi citado.
• Efeitos:
o efeito material: presunção de veracidade das alegações feitas pelo demandante. Trata-se
de presunção relativa contra a qual é possível a produção de provas.
o prazos: em decorrência da revelia, os prazos do réu serão informados com a publicação
da decisão, conforme expressamente disciplina o art. 346, do NCPC:
o preclusão: com a não apresentação da defesa, o réu não poderá mais alegar direitos ou
fatos, exceto se supervenientes, se envolver questões que podem ser conhecidas de ofícios
ou que haja expressa autorização legal para que sejam alegadas em outro momento.
o julgamento antecipado: a revelia traz a possibilidade de julgamento antecipado do
processo.
• NÃO SE APLICA A PRESUNÇÃO DE VERACIDADE:
o quando houver pluralidade de réu e um deles contestar a ação (a contestação de um
aproveita a todos);
o quando a demanda envolver direitos indisponíveis;
o quando a petição inicial estiver desacompanhada de documento que a lei considere
indispensável para provar os fatos alegados; e
o quando as alegações de fato formuladas pelo autores forem inverossímeis ou estiverem
em contradição com as provas produzidas nos autos.
● JULGAMENTO ANTECIPADO: forma de abreviar o processo.
 Hipóteses de cabimento
• TOTAL:
o NÃO houver necessidade de produção de outras provas;
o o réu for revel.
• PARCIAL:
a) incontrovérsia.
b) hipóteses do art. 355, do NCPC, abrangendo situações em que é desnecessário produzir
outras provas ou quando houver contumácia ou revelia.

Provas
Audiência de instrução e julgamento
● FASES: abertura > tentativa de conciliação > instrução > debates > decisão > documentação.

ABERTURA: declaração de abertura pelo magistrado seguida do pregão pelo servidor.

Tentativa de Conciliação: realizada independentemente da existência de outras tentativas de solução


consensual do conflito.

INSTRUÇÃO: colheita de provas.


1º - provas periciais;
2º - depoimento do autor e, após, do réu; e
3º - testemunhas do autor e, após, do réu.

DEBATES
 REGRA: 20 minutos, na seguinte ordem: a) autor; b) réu; e c) MP (se houver).
 PRORROGAÇÃO: 10 minutos (a critério do juiz).
 QUANDO HOUVER LITISCONSORTES OU TERCEIRO INTERVENIENTE: 30 minutos para ambos que
será dividido de forma igual (15 para cada), salvo convenção em sentido diverso.

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 QUESTÕES COMPLEXAS: memoriais escritos no prazo de 15 dias (prazos sucessivos).

DECISÃO: prazo de 30 dias para proferir a sentença


 prazo impróprio e não preclusivo.

DOCUMENTAÇÃO: lavratura de termos

Provas
● DUAS GRANDES PARTES: teoria geral e provas em espécie.
● CONCEITO: a prova constitui um instrumento para a formação do convencimento do juiz
sobre os fatos que são objeto da atuação jurisdicional.
Teoria Geral das Provas
● PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS DE PROVA: as partes têm o direito de empregar todos os
meios legais, bem como os moralmente legítimos, AINDA QUE não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do
juiz.
● PODERES INSTRUTÓRIOS DO JUIZ:
 O juiz irá fixar as provas necessárias ao julgamento do mérito.
 A parte poderá requerer a prova, contudo, o magistrado poderá indeferir as provas que entender
inúteis ou protelatórias.
 O juiz também poderá, de ofício, determinar a relação de provas, ainda que não requeridas pelas
partes.
● PRINCÍPIO DO CONVENCIMENTO MOTIVADO E DA COMUNHÃO DA PROVA
 O primeiro deles é o princípio do convencimento motivado, que destaca o sistema da persuasão
racional do juiz, ao conferir ao magistrado liberdade para apreciar a prova.
 O segundo é o princípio da comunhão das provas, segundo o qual entende-se que as provas
produzidas no processo são compartilhadas entre as partes envolvidas, embora seja dirigida
principalmente ao magistrado para que ele possa formar a convicção e proferir a sentença de forma
fundamentada.
● PROVAS EMPRESTADAS
 conceito: transporte da prova do primeiro para o segundo processo a fim de que sejam utilizadas
como provas documentais.
 requisitos:
a) produção regular no processo de origem;
b) observância do contraditório no processo de origem;
c) observância do contraditório no processo de destino.
 A admissão da prova emprestada é faculdade do juiz;
 O magistrado é livre para apreciar a prova emprestada, atribuindo fundamentadamente o valor que
entender razoável;
 Deve ser observado o contraditório antes da decisão que admite a prova emprestada.
● DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA
 regra estática de distribuição [regra de sentença]
• o autor deve provar o fato constitutivo
• o réu deve provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
 regra dinâmica de distribuição [regra de instrução]

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• pelo magistrado (ope judicis) quando há:
o impossibilidade de quem deveria provar
o dificuldade de acesso à prova por quem deveria provar
o facilidade de acesso pela outra parte
• por convenção das partes (convencional), exceto se extremamente difícil ou impossível o acesso
à prova pela outra parte; ou tratar-se de direito indisponível
• lei específica prever regra do ônus (inversão ope legis)
● FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA
 Fatos notórios são aqueles que não dependem de prova para serem admitidos como verdadeiros no
processo.
 Fatos afirmados por uma das partes e confessado pela parte contrária.
 Fatos admitidos no processo como incontroversos.
 Fatos em cujo favor milita presunção legal de veracidade.
Produção Antecipada da Prova
● Hipótese de cabimento: a) IMPOSSIBILIDADE ou DIFICULDADE PARA REALIZAÇÃO POSTERIOR; b)
POSSIBILIDADE DE AUTOCOMPOSIÇÃO ou OUTRA SOLUÇÃO DO CONFLITO; e c) conhecimento do fato
possa JUSTIFICAR OU EVITAR A AÇÃO.
● A COMPETÊNCIA para a ação de produção de provas antecipada é: a) juiz do foro do local em que deve
ser produzida a prova ou o foro do domicílio do réu.
● A ação de produção antecipada de provas NÃO PREVINE a ação decorrente em que a prova produzida
antecipadamente possa ser utilizada.
● NÃO será admitido recurso, EXCETO no caso de indeferimento TOTAL do requerimento originário de
produção antecipada de provas.
● Deve constar da petição de prova antecipada a: a) indicação da razão que justifica o pedido; b)
indicação dos fatos sobre os quais recairá a prova.
● Realizada a prova, os autos permanecerão em cartório para que os interessados possam extrair cópia
ou certidão pelo período de 1 mês, após, os autos serão entregues ao promovente da ação.

Sentença e Coisa Julgada, Liquidação e Cumprimento de Sentença


Disposições Gerais
 CONCEITO LEGAL DE SENTENÇA
 aquilo que o procedimento especial disciplinar como sentença;
 no procedimento comum é o pronunciamento que põe fim à fase cognitiva;
 pronunciamento que extingue a execução.
 SENTENÇA TERMINATIVA E DEFINITIVA
 SENTENÇA TERMINATIVA - sem análise do mérito (art. 485, do NCPC)
 SENTENÇA DEFINITIVA - com análise do mérito (art. 487, do NCPC)
 SENTENÇA TERMINATIVA – HIPÓTESES
▪ INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL.
▪ NEGLIGÊNCIA DAS PARTES (AMBAS).
▪ ABANDONO DA CAUSA (PELO AUTOR).
▪ AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS COMO REQUISITO DE EXISTÊNCIA E VALIDADE DO PROCESSO.
➢ pressupostos de existência:
o subjetivos
▪ juiz - investido de jurisdição
▪ parte - capacidade de ser parte

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o objetivos
▪ existência de demanda
➢ requisitos de validade
o subjetivos
▪ juiz - competência e imparcialidade
▪ partes - capacidade processual, capacidade postulatória e legitimidade "ad
causam"
o objetivos
▪ intrínsecos - respeito ao formalismo processual
▪ extrínsecos: a) negativos - inexistência de perempção, litispendência, coisa
julgada ou convenção de arbitragem; e b) positivo - interesse de agir.
▪ AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE PROCESSUAL.
▪ DESISTÊNCIA DA AÇÃO.
▪ INTRANSMISSIBILIDADE DA AÇÃO.
▪ DEMAIS CASOS PRESCRITOS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL.
 APELAÇÃO: encerramento da fase de conhecimento sem resolução do mérito.
▪ PRAZO DE 15 DIAS
▪ RETRATAÇÃO do juiz sentenciante NO PRAZO DE 5 DIAS.
 A sentença que põe fim à fase de conhecimento sem análise do mérito não impede que a parte possa
novamente propor a mesma demanda. PARA REPROPOSITURA DE NOVA AÇÃO EM FACE DE
PRONUNCIAMENTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO
➢ correção do vício que levou à sentença
➢ depósito das custas e dos honorários da sentença resolutiva
 PEREMPÇÃO
➢ três abandonos da causa (deixar de dar andamento ao processo por mais de 30 dias quando
lhe competia dar andamento ou cumprir diligências determinadas pelo juiz).
➢ implica a impossibilidade de discutir o mesmo objeto contra as mesmas partes
➢ não impede que o objeto seja utilizado como matéria de defesa
SENTENÇA DEFINITIVA - HIPÓTESES
▪ ACOLHIMENTO OU REJEIÇÃO DO PEDIDO.
▪ DECIDIR PELA PRESCRIÇÃO OU PELA DECADÊNCIA.
▪ RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.
▪ TRANSAÇÃO.
▪ RENÚNCIA À PRETENSÃO FORMULADA.
 ELEMENTOS E EFEITOS DA SENTENÇA
 O relatório envolve a análise de tudo o que ocorreu no processo.
• nome das partes
• identificação do caso
• resumo do pedido e da contestação
• registro das principais ocorrências no processo
 A fundamentação é o ponto central da sentença, pois é o local em que o magistrado analisa o
problema jurídico posto pelas partes.
 O dispositivo constitui o fecho da sentença.
 NÃO se considera fundamentada a sentença quando:
▪ Apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as questões a
serem decididas.
▪ Empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto.
▪ Invocar motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no processo.

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▪ Não enfrentar todos os argumentos apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese
adotada pelo julgador.
▪ Apenas fizer referência a determinado precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso
concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou súmula.
 SENTENÇA LÍQUIDA
▪ regra, devendo indicar:
o a extensão da obrigação
o o índice de correção monetária
o a taxa de juros
o a periodicidade de capitalização dos juros
▪ exceções:
o não for possível definir o montante devido
o for necessária prova para apurar o montante devido
 O MAGISTRADO DEVE DECIDIR DE ACORDO COM O PEDIDO FORMULADO PELAS PARTES.
 sentença infra petita - ocorre quando o juiz não aprecia um dos pedidos formulados (esquece)
 sentença extra petita - ocorre quando o juiz aprecia um pedido fora daquilo que foi demandado
(inventa)
 sentença ultra petita - ocorre quando o juiz decide para além daquilo que foi demandado (ultra)
Coisa Julgada
 COISA JULGADA FORMAL x MATERIAL
 formal: preclusão temporal que não permite mais a discussão daquele processo
 material: qualidade da sentença que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita
a recurso
 A sentença de mérito tem força de lei nos limites daquilo que foi decido e em relação às questões
expressamente decididas pelo juiz. Assim, é possível que tenhamos questões que dizem respeito ao
mérito de determinado processo, mas que não foram decididas expressamente e, em razão disso, não
são qualificadas pela coisa julgada material.
 Apenas fará coisa julgada material aquilo que constar do dispositivo da sentença.
 COISA JULGADA
• FAZ - o dispositivo, inclusive as questões prejudiciais, se necessárias para o julgamento do mérito,
com efetivo contraditório e competente o magistrado (em razão da matéria e da pessoa)
• NÃO FAZEM
• motivos
• verdade dos fatos
 É VEDADO à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas a cujo respeito se
operou a preclusão.
• PRECLUSÃO
• Temporal - perda da prerrogativa de praticar ato processual em face do tempo
• Lógica - perda da prerrogativa de praticar ato processual pela prática de ato incompatível
• Consumativa - perda da prerrogativa de praticar ato processual pelo exercício da referida
faculdade.

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Cumprimento da Sentença
 DISPOSIÇÕES GERAIS
 CONCEITO: fase de realização material do que foi previsto na sentença.
 INTIMADO:
 no Diário da Justiça na pessoa do advogado da parte ré;
 por carta com AR quando o réu for representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver
procurador constituído no processo, a não ser na hipótese de réu revel, cuja intimação ocorre por
edital;
 por meio eletrônico em relação às empresas que são obrigadas a manter cadastro perante os
órgãos judiciários.
 por edital, quando o réu for citado por edital (desconhecido ou incerto o citando, quando
ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando) no processo de
conhecimento e permaneceu revel ao longo do procedimento.
 TÍTULO EXECUTIVOS JUDICIAIS
 As decisões judiciais, de um modo geral, são consideradas títulos executivos judiciais.
 As decisões homologatórias de autocomposição são também espécies de título executivo judicial.
Esses acordos de homologação podem ser executados no bojo do processo (autocomposição judicial) ou
independentemente da existência do processo (autocomposição extrajudicial).
 O formal e a certidão de partilha também são considerados títulos executivos judiciais, pois
constituem a sentença de inventário.
 O crédito de auxiliar da justiça referente às despesas do processo (custas, emolumentos ou
honorários), concedido na sentença, são títulos executivos judiciais.
 Do mesmo modo, a sentença arbitral poderá ser levada ao Poder Judiciário a fim de que seja
efetivada judicialmente. É importante destacar que essa sentença produz título executivo judicial!
 As decisões estrangeiras possuem, também, natureza de título executivo judicial. Tanto as
sentenças como as decisões interlocutórias podem ser consideradas título executivo judicial.
• PARA SER CONSIDERADA COMO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL
• a sentença deve ser homologada pelo STJ
• a decisão interlocutória depende de exequatur pelo STJ

Execução
Disposições Gerais
 APLICABILIDADE DAS REGRAS DE EXECUÇÃO:
 ao processo de execução de título extrajudicial;
 aos procedimentos especiais em execução; e
 aos procedimentos de cumprimento de sentença.
 PODERES DO JUIZ NA EXECUÇÃO:
 ordenar o comparecimento;
 advertir prática de ato atentatório à dignidade da justiça;
 ordenar a colaboração com a execução.
 ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA EXECUÇÃO
 Hipóteses
• Fraude à execução.

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• Oposição maliciosa à execução, empregando ardis e meios artificiosos.
• Dificultar ou embaraçar a realização da penhora.
• Resistência injustificada às ordens judiciais.
• Não indicar os bens passíveis de penhora e valores ou não exigir prova de propriedade quando
intimado pelo Juiz para fazê-lo.
Consequência: multa revertida para o exequente não superior a 20%, calculado sobre o valor
atualizado do débito.
 DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO: não implica desistência do direito de executar e implica a extinção
automática da impugnação e dos embargos quando envolver questões processuais, mas será necessária
concordância do impugnante/embargante quando houver discussão de outros assuntos (o exequente
deve pagar custas e honorários).
Legitimidade
● LEGITIMIDADE ATIVA
 legitimado ordinário: credor
 legitimado derivado ou superveniente: recebeu o crédito por sucessão
 legitimado extraordinário: em nome próprio cobra crédito alheio
● LEGITIMIDADE PASSIVA
 ordinária: devedor, que consta do título
 derivado ou superveniente:
a) espólio, herdeiro ou sucessores
b) cessão de débito
c) fiador
d) concessão de bem de terceiro com garantia real
 responsável tributário
● CUMULAÇÃO SUBJETIVA NA EXECUÇÃO: Admite-se a formação de litisconsórcio no procedimento
de execução.
● CUMULAÇÃO OBJETIVA NA EXECUÇÃO: condições:
 mesmo executado;
 igual competência do juízo; e
 igualdade de procedimento.
● INTERVENÇÃO DE TERCEIRO: admite-se o incidente de desconsideração de personalidade jurídica.
Competência
 JUÍZO COMPETENTE PARA A EXECUÇÃO (à escolha do exequente)
 foro do domicílio do executado
 foro de eleição
 foro dos bens executados
Requisitos
● INADIMPLEMENTO (situação de fato)
 não satisfação de obrigação certa, líquida e exigível.
 em obrigações bilaterais, o credor somente poderá exigir do devedor quando cumprir com a sua parte.
● TÍTULO EXECUTIVO (situação de direito)

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 CONCEITO: ato ou fato a quem a lei atribui eficácia executiva.
 ROL TAXATIVO:
1) Letra de câmbio, nota promissória, duplicata, debênture e cheque.
2) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
3) Documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas.
4) Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado
por tribunal.
5) Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele
garantido por caução.
6) Contrato de seguro de vida em caso de morte.
7) Crédito decorrente de foro e laudêmio.
8) Crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
9) Certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.
10) Crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas.
11) Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e
demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei.
12) Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
 BENS PASSÍVEIS DE EXECUÇÃO:
 REGRA: bens do executado.
 LIMITAÇÕES:
➢ limitações lógicas: se o produto arrecadado não for suficiente nem mesmo para pagamento das
custas de execução.
➢ limitações políticas: impenhorabilidades.
➢ Limitação voluntária: negócio jurídico processual (controvertido).
 FRAUDE CONTRA CREDORES – hipóteses
 Alienação ou oneração de bem quando já houver averbação da existência de ação envolvendo direito
real ou pretensão reipersecutória.
 Averbação de certidão de que a execução foi admitida pelo juiz no registro de imóveis, de veículos ou
registro de outros bens sujeitos à penhora. Nesse caso, a alienação ou oneração na pendência de
processo de execução é fraude contra credores.
 Alienação ou oneração após averbação de hipoteca judiciária ou ato de constrição judicial originário
do processo em que fora arguida a fraude.
 Alienação ou oneração de bens quando tramitava, contra o credor, ação capaz de reduzi-lo à
insolvência.
Embargos à Execução
● AJUIZAMENTO:
 Independe de penhora.
 Autuação em apartado (vinculação ou apenso).
 Instrução com peças processuais relevantes.

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 Prazo de 15 dias.
 Formas de Ajuizamento:
➢ juízo da execução: regra.
➢ Juízo deprecado, para o ajuizamento com processamento no juízo deprecante ou para o
ajuizamento e processamento perante o juízo deprecado quando envolve penhora, avaliação ou
alienação.
● CONTAGEM DO PRAZO:
 EMBARGOS AO PROCESSO DE EXECUÇÃO
➢ Considera-se começo do prazo de 15 dias da juntada aos autos do comprovante de citação
cumprido.
 EMBARGOS AO PROCESSO DE EXECUÇÃO POR CARTA
➢ Considera-se o começo do prazo de 15 dias, quando a competência for do juízo deprecante, da
comunicação nos autos de origem da citação ou, caso não haja tal comunicação, da juntada dos
autos de precatória no processo de execução.
➢ Considera-se o começo do prazo de 15 dias, quando a competência para julgar for do juízo
deprecado (irregularidade ou vícios na penhora, avaliação ou alienação) a comunicação de
realização da citação nos autos da carta precatória.
● PARCELAMENTO DA EXECUÇÃO
 Não se aplica ao cumprimento de sentença.
 Requerimento: deposita 30% do débito atualizado com custas e honorários e requere o parcelamento
do restante em 6 vezes mensais, com correção monetária e juros de 1%.
 A decisão poderá ser:
➢ Pelo deferimento, situação em que o exequente fará o levantamento dos 30%. O executado
deverá efetuar o pagamento mensal de forma rigorosa sob pena de:
A) vencimento das prestações subsequentes e continuidade do processo de execução em
relação ao valor remanescente.
B) multa de 10% sobre o valor das prestações pagas.
➢ Pelo indeferimento, hipótese em que os 30% depositados serão convertidos em penhora e a
execução prosseguirá pelo restante.
● MATÉRIAS ARGUÍVEIS
 inexequibilidade do título
 inexigibilidade da obrigação
 penhora incorreta
 avaliação errônea
 excesso de execução
➢ Considera-se excesso de execução: a) o exequente pleiteia quantia superior à do título; b) ela
recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; c) ela se processa de modo diferente do
que foi determinado no título; d) o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde,
exige o adimplemento da prestação do executado; e e) exequente não prova que a condição se
realizou.
 cumulação indevida de execuções
 retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa
 incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução
 qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento

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● PRAZO PARA IMPUGNAÇÃO: 15 dias.

Processos nos Tribunais e Meios de Impugnação das decisões


Judiciais
Precedentes
NOÇÕES INICIAIS
 Não se pretende tornar nosso sistema um sistema de comom law, mas conferir estabilidade,
previsibilidade e padronização para o julgamento dos processos perante o tribunal.
 OS TRIBUNAIS DEVEM OBSERVAR NA EDIÇÃO DAS SÚMULAS
• a regulamentação contida nos regimentos internos;
• as circunstâncias fáticas dos precedentes que motivam a criação do entendimento.
 Jurisprudência estável, íntegra e coerente:
• Jurisprudência estável envolve a consolidação de entendimentos, que não podem ser
modificados sem justificativas plausíveis.
• Jurisprudência íntegra envolve o respeito às decisões anteriores que envolvem a mesma matéria
jurídica.
• Jurisprudência coerente reflete a ideia de isonomia de entendimento em relação a casos
semelhantes ou que abordem teses jurídicas semelhantes.
 PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS
• decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
• enunciados de Súmula Vinculante;
• acórdão em incidente de assunção de competência e resolução de demandas repetitivas em
recursos extraordinário ou especial;
• enunciados do STF em matéria constitucional do STJ em matéria infraconstitucional;
• orientação do plenário do órgão em relação a julgadores vinculados.
 RATIO DECIDENDI E OBITER DICTA
• RATIO DECIDENDI
• razões de decidir vinculativas
• constituem o núcleo do procedente
• OBITER DICTA
• fundamentos prescindíveis do julgamento
• não alteram o resultado do julgamento
 JULGAMENTOS REPETITIVOS: consideram-se casos repetitivos a decisão proferida em incidentes
de resolução de demandas repetitivas e os recursos especial e extraordinário repetitivos.
Incidente de assunção de competência
 Destinada a tratar do julgamento de processos que envolvem questões relevantes.
Finalidade do órgão é o julgamento do processo quando provocado por intermédio do IAC, bem como
a promoção da uniformização da jurisprudência desse órgão, que terá força vinculativa sobre os juízes
e órgãos fracionários do tribunal.
 Se o relator identificar que o recurso, a remessa necessária ou determinado processo de competência
originária do tribunal envolve relevante questão de direito, que possa trazer grande repercussão
social e sem repetição em múltiplos processos, temos a possibilidade de utilização do IAC.

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Ação rescisória
 MEIO AUTÔNOMO DE IMPUGNAÇÃO
 finalidade: desconstituir julgado protegido pela coisa julgada e obter novo julgamento.
 Juízos:
1º - juízo de admissibilidade – verificação do cabimento da ação rescisória;
2º - juízo rescindente – desconstituição da coisa julgada;
3º - juízo rescisório – novo julgamento
 HIPÓTESES DE CABIMENTO
 Sentença de mérito do juiz for proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz.
 Sentença de mérito por Juiz impedido ou absolutamente incompetente.
 Sentença de mérito resultar de dolo, coação da parte vencedores ou de simulação entre as partes.
 Sentença de mérito ofender à coisa julgada.
 Sentença de mérito violar manifestamente norma jurídica.
 Sentença de mérito fundada em prova comprovadamente falsa (em processo penal ou na própria ação
rescisória).
 Prova nova capaz de assegurar provimento favorável que, à época do processo originário, o autor
ignorava ou não pode usar.
Sentença de mérito fundada em erro de fato extraível dos autos originários.
 ROL TAXATIVO
 AÇÃO ANULATÓRIA – para as sentenças homologatórias que ingressarem nas hipóteses acima.
 LEGITIMADOS PARA PROPOR A AÇÃO RESCISÓRIA
 parte no processo originário
 sucessor da parte a título universal ou singular
 terceiro juridicamente interessado
 Ministério Público, quando:
a) não foi ouvido no processo quando obrigatória a intervenção;
b) a sentença é efeito de simulação ou colusão das partes; ou
c) for caso de atuação do Ministério Público na qualidade de fiscal da ordem jurídica.d) a
parte não participou do processo que deveria ter sido ouvida.
Cabe ação rescisória tanto nas sentenças com análise do mérito como nas sentenças terminativas (ou
que não analisam o mérito).
 PRAZO DECADENCIAL DE 2 ANOS - contagem
 regra: do trânsito em julgado.
 exceções:
➢ da descoberta ou acesso à prova nova;
➢ do conhecimento da simulação ou colusão pela parte interessada.
PROCEDIMENTO:
1) Ajuizamento.
2) Registro e distribuição a um relator.
3) Admissibilidade da ação e análise de pedido de tutela provisória (se for o caso).

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4) Citação do réu para contestar (15-30 dias)
5) Relatório
6) Remessa de cópia do relatório aos demais julgadores.
7) Instrução probatória (se for o caso). Possibilidade de expedição de carta de ordem (1-3 meses).
8) Alegações finais no prazo sucessivo de 10 dias (autor-réu)
9) Julgamento.
9.1) Se unanimemente rejeitado, inadmitido ou improcedente, reverte-se os 5% ao réu.
9.2) Se dado provimento, restitui-se os 5% e, se for o caso, procede-se novo julgamento.

Recursos
Teoria Geral dos Recursos
● PRESSUPOSTOS RECURSAIS: são requisitos formais dos recursos, analisados no juízo de
admissibilidade do recurso, que implicam, caso algum deles esteja ausente, a não admissão do recurso.
 requisitos intrínsecos
➢ cabimento/adequação: ato impugnado suscetível de ataque
➢ legitimidade: parte vencida, terceiro prejudicado e MP na qualidade de fiscal da ordem jurídica (o
amicus curie pode ingressar apenas com embargos de declaração e IRDR)
➢ interesse: demonstração da necessidade de ajuizamento do recurso e a adequação do expediente
recursal escolhidos.
➢ inexistência de:
o fato impeditivo: parte proibida de falar nos autos (ex. abuso processual e litigância de má-
fé) e desistência; e
o extintivo: renúncia e aquiescência à decisão.
 requisitos extrínsecos
➢ tempestividade recursal: prazo (em regra, 15 dias)
➢ regularidade formal: exigências formais para que possa ser admitido
➢ preparo: pagamento das custas processuais incidentes sobre aquela espécie recursal, e a
respectiva comprovação no ato de interposição recursal.
Disposições Gerais
● CONCEITO: O recurso é um remédio voluntário e idôneo, apto a ensejar, dentro do mesmo processo,
a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão judicial que se impugna.
● ESPÉCIES
 apelação
 agravo de instrumento
 agravo interno
 embargos de declaração
 recurso ordinário
 recurso extraordinário
 agravo em recurso especial ou extraordinário
 embargos de divergência
● EFEITOS
 EFEITO DEVOLUTIVO: Será devolvida ao conhecimento do tribunal toda a matéria efetivamente impugnada
pela parte em seu recurso (tantum devolutum quantum appellatum).

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➢ EXTENSÃO DO EFEITO DEVOLTIVO: delimitação do objeto do recurso pela parte recorrente
(horizontal)
➢ PROFUNDIDADE DO EFEITO DEVOLUTIVO: possibilidade de reanálise de todas as questões
suscitadas ou de ordem pública (vertical)
 EFEITO TRANSLATIVO: Efeito que viabiliza a análise a qualquer tempo de matérias cognoscíveis de ofício,
ainda que não tenham sido analisadas pelo juiz ou alegadas pela parte.
 EFEITO SUSPENSIVO: forma de evitar a produção de efeitos da decisão atacada enquanto estiver pendente
o julgamento do recurso.
➢ pode ser:
o ope legis: quando expressamente previsto na legislação.
o ope judicis: concedido pelo relator quando houver:
▪ risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação; E
▪ demonstração de probabilidade de provimento do recurso.
 EFEITO SUBSTITUTIVO: julgamento do recurso substituirá os efeitos da decisão anterior.
 EFEITO OBSTATIVO: o recurso impede o trânsito em julgado da decisão recorrida.
 EFEITO REGRESSIVO: possibilidade de o juiz prolator da decisão recorrida (sentença ou interlocutória)
“voltar atrás” e modificar a sentença, retratando-se.
 EFEITO EXPANSIVO: o recurso terá efeito para além dos limites das partes (subjetivo) e de outros atos
processuais ao longo do processo (objetivo).
Apelação
● CONCEITO: o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para
levar a causa ao reexame dos tribunais de segundo grau, visando à obtenção de uma reforma total ou
parcial da decisão impugnada, ou mesmo a sua invalidação.
● CABIMENTO:
 de sentença;
 de decisões interlocutórias das quais não cabe agravo de instrumento.
● JUÍZO DE RETRATABILIDADE – apenas:
 indeferimento de inicial
 improcedência liminar do pedido
 sentenças terminativas
● PRAZO: 15 dias
● ADMITE INTERPOSIÇÃO NA FORMA ADESIVA
● COM A CHEGADA NO TRIBUNAL, O RELATOR: decide monocraticamente ou elabora voto.
 decidir o processo monocraticamente (cabe agravo interno).
➢ não admitir o recurso por ausência dos pressupostos de admissibilidade do recurso ou quando
prejudicado ou que não tiver impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
➢ negar provimento a recurso que for contrário:
a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal que faça parte o relator;
b) ao acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) ou
de assunção de competência;
➢ depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão
recorrida for contrária:
a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal que faça parte o relator;

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b) ao acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) ou
de assunção de competência;
 elaborar seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado do tribunal.
● EFEITO SUSPENSIVO LEGAL (ope legis) – exceções:
 homologação de divisão ou demarcação de terras
 condenação em alimentos
 extinção do processo sem resolução de mérito
 improcedência dos embargos
 procedência de pedido de instituição de arbitragem
 confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória
 decreto de interdição
● EFEITO DEVOLUTIVO: todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham
sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado (profundidade).
Agravo de Instrumento
● CONCEITO: é o recurso adequado para atacar decisões interlocutórias proferidas no curso do processo.
● HIPÓTESES DE CABIMENTO
 tutelas provisórias
 mérito do processo, que não põe fim ao processo
 rejeição da alegação de convenção de arbitragem
 incidente de desconsideração da personalidade jurídica
 rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação
 exibição ou posse de documento ou coisa
 exclusão de litisconsorte
 rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio
 admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros
 concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução
 redistribuição do ônus da prova
 decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença,
no processo de execução e no processo de inventário.
 outros casos expressamente referidos em lei.
● FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO
 peças obrigatórias:
➢ petição inicial
➢ petição que ensejou a decisão agravada
➢ decisão agravada
➢ certidão de intimação das partes da decisão agravada ou outro documento que comprove a
tempestividade
➢ procurações outorgadas aos advogados das partes
 facultativas + declaração: a parte poderá juntar outras peças e deverá declarar se não existir nos
autos algumas das peças obrigatórias.

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● NÃO HÁ PRECLUSÃO CONSUMATIVA PELA NÃO JUNTADA DE ALGUM DOS DOCUMENTOS
OBRIGATÓRIOS: parte deve ser intimada para se manifestar.
● CONHECIMENTO DO AGRAVO:
 NEGATIVO: não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
 IMPROVIMENTO LIMINAR: negar provimento a recurso que for contrário:
a) à súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
b) ao acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) ao entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
 POSITIVO: Se não verificar uma das hipóteses acima, o relator terá prazo de 5 dias para:
➢ atribuir efeito suspensivo ao recurso;
➢ analisar eventual requerimento de antecipação de tutela;
➢ determinar a intimação do agravado para apresentar a contraminuta no prazo de 15 dias;
➢ determinar a intimação do Ministério Público para que, na qualidade de fiscal da ordem jurídica,
se manifeste no prazo de 15 dias.
Embargos de Declaração
● CONCEITO: não tem por finalidade cassar ou reformar a decisão proferida. Pretende-se, com os
embargos de declaração, esclarecer, integrar, corrigir e completar a decisão prolatada.
● PRAZO: 5 dias
● CABIMENTO: sentenças e decisões interlocutórias, para:
 esclarecer obscuridade: falta clareza na redação da decisão, afetando a compreensão da ideia exposta.
 eliminar contradição: há duas ou mais proposições ou enunciados inconciliáveis na sentença.
 suprir omissão: verificação de omissão na análise de algum dos pedidos formulados. Considera-se
omissa a decisão que
➢ deixar de se manifestar em relação a teses trazidas por uma das partes em julgados de casos
repetitivos ou de incidentes de assunção de competência.
➢ Faltar fundamentação, que:
o apenas indicar, reproduzir ou parafrasear o ato normativo sem relacioná-lo com as
questões a serem decididas.
o empregar conceitos jurídicos indeterminados sem explicar a incidência no caso concreto.
o invocar motivos genéricos, que possam justificar qualquer outra decisão no processo.
o não enfrentar todos os argumentos apresentados pelas partes capazes de contrariar a tese
adotada pelo julgador.
o apenas fizer referência a determinado precedente ou súmula, sem demonstrar que o caso
concreto se amolda aos fundamentos do julgado ou súmula.
o pelo contrário, deixar de seguir súmula, jurisprudência ou precedentes invocados pela
parte sem demonstrar a inaplicabilidade ao caso concreto ou a superação do entendimento
anteriormente adotado.
 corrigir erro material
● INTERRUPÇÃO DO PRAZO: oposto o recurso de embargos de declaração, o prazo para interposição
de outros recursos é INTERROMPIDO e, após o julgamento, o prazo será integralmente devolvido à parte
para apresentação do recurso
● 5 DIAS
 prazo para opor os embargos de declaração
 prazo para a parte contrária se manifestar quanto aos embargos opostos (se infringentes)

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 prazo para o magistrado julgar os embargos.
● DECISÃO
 colegiada: quando impugnada a decisão do tribunal
 monocrática: quando impugnada a decisão do juízo ou no caso de decisão monocrática no tribunal.
● EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS
1ª interposição: multa de até 2%
2ª interposição: multa de até 10%
3ª interposição: inadmissibilidade imediata
 valor calculado sobre o valor atualizado da causa
 reverte em favor da parte contrária
Embargos de Divergência em Recursos Extraordinário e Especial
● CONCEITO: expediente uniformizador de jurisprudência dos tribunais superiores.
● HIPÓTESES DE CABIMENTO
 em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do
mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito.
 em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do
mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha
apreciado a controvérsia.
● ACÓRDÃOS IMPUGNADO OU PARADIGMA: acórdãos originários, acórdãos em face de recurso ordinário
constitucional e recursos especiais ou extraordinários, desde que da mesma instância.
● DIVERGÊNCIA: pode ser de direito material ou processual.
● DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA: com a juntada da petição de embargos do acórdão paradigma,
seja por certidão, cópia, referência à repositório de jurisprudência, mídia eletrônica que contenha a
publicação ou a reprodução nos autos do julgado com indicação precisa da fonte (meio mais comum).
● interrompe o prazo para demais recursos cabíveis.

Tutela Provisória
Classificação doutrinária das tutelas provisórias
● TUTELA DEFINITIVA: aquela obtida com base em cognição exauriente, com profundo debate acerca do
objeto da decisão, garantindo-se o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
● TUTELA PROVISÓRIA: tem por finalidade antecipar o gozo de determinado direito ou assegurá-lo a fim
de que possa ser gozado em momento oportuno.
● CARACTERÍSTICAS DA TUTELA PROVISÓRIA:
 COGNIÇÃO SUMÁRIA - a decisão se assenta em análise superficial do objeto litigioso
 PRECARIEDADE - poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo
 IMPOSSIBILIDADE DE COISA JULGADA - não poderá sofrer os efeitos da coisa julgada
● ESPÉCIES DE TUTELA PROVISÓRIA, CONFORME A DOUTRINA:
 tutela antecipada: é satisfativa e urgente. Além de ser provisória, nessa tutela antecipa-se a
concessão da prestação jurisdicional à parte em razão de alguma situação urgente.
 tutela cautelar: é provisória e fundada na urgência. A diferença dessa tutela é que nesse caso ela é
conservativa. Assim, não há concessão da tutela jurisdicional, mas conservação do interesse da parte a
fim de que ela possa ser beneficiada posteriormente com a tutela jurisdicional.

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 tutela de evidência: caracteriza-se pela provisoriedade e por ser satisfativa. A grande distinção em
relação à tutela antecipada é que não há urgência. Nesse caso, a cessão antecipada da tutela jurisdicional
não se funda na urgência, mas na evidência do direito pleiteado pelo autor.
● SÍNTESE
• antecipada
• provisória
• satisfativa
• urgente
• cautelar
• provisória
• conservativa
• urgente
• evidência
• provisória
• satisfativa
Disciplina das tutelas provisórias no NCPC
● TUTELA PROVISÓRIA:
 tutela de urgência: tutela antecipada e tutela cautelar
 tutela de evidência
● A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente
ou incidental.
● REGRAS GERAIS:
 A tutela provisória divide-se em tutela de urgência (que engloba a tutela antecipada e cautelar) e as
tutelas e evidência.
 As tutelas de urgência (tutela antecipada e cautelar) podem ser antecedentes ou incidental.
 As tutelas provisórias incidentais independem do pagamento de custas.
 As tutelas provisórias podem ser revogadas ou alteradas a qualquer tempo.
 As tutelas provisórias conservam a eficácia durante o período de suspensão do processo, exceto
decisão judicial em sentido contrário.
 O juiz poderá determinar as medidas necessárias para efetivação de tutelas provisórias concedidas,
inclusive, os instrumentos previstos para o cumprimento provisório de sentença.
 As decisões que envolvem tutela provisórias devem ser claras e precisas (princípio da cooperação).
● REQUERIMENTO: o NCPC não prevê a possibilidade de concessão de ofício da tutela provisória.
● FUNGIBILIDADE: no NCPC não temos essa regra, tal como disposta no Código anterior. Observe-se
que a fungibilidade ainda é aplicada de forma específica tão somente para as tutelas de urgência de
caráter antecedente, com base no parágrafo único do art. 305, conforme veremos adiante.
● LEGITIMIDADE: o autor, o réu, os terceiros intervenientes e o Ministério Público (como parte ou fiscal
da ordem jurídica) possuem legitimidade para requerer tais tutelas.
Tutelas de Urgência
● PARA CONFIGURAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA
 “perigo de dano” ou “risco ao resultado útil do processo”

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 plausibilidade do direito
 irreparabilidade do dano ou de difícil reparação
● CAUÇÃO: como a concessão de tutela antecipada implica riscos, pois a cognição é sumária, poderá o
magistrado exigir caução.
● FORMAS de concessão da tutela de urgência:
 sem a oitiva da parte contrária (inauditera altera pars ou in limine); ou
 com a notificação da parte contrária para apresentar pedido de justificação em face do
requerimento provisório deduzido.
● A tutela de urgência de natureza antecipada NÃO será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
● A TUTELA DE URGÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR É UTILIZADA PARA
 arrestos - resguardar futura execução por QUANTIA
 sequestros - resguardar futura entrega de COISA.
 arrolamento de bens - garantir futura PARTILHA DE BENS.
 registro de protesto contra alimentação de bem - EVITAR TRANSFERÊNCIA supostamente indevida
de bem sujeito a registro
 QUALQUER outra medida idônea para assegurar o direito
● RESPONSABILIDADE:

OBJETIVA  Não fornecimento de meios suficientes à citação do requerido no prazo de 5


dias, após a concessão da tutela de urgência.
 Cassação da tutela provisória de urgência.

SUBJETIVA  Sentença desfavorável.


 Sentença resolutória com mérito, em razão do acolhimento de prescrição ou
decadência.

● Tutela antecipada requerida em caráter antecedente


 ação inicial sumarizada (simplificada) cujo pedido principal é a concessão da tutela
antecipada.
• informação de que se trata de tutela provisória de urgência de natureza antecipada;
• pretensão final (correspondência);
• conflito
• fumus boni iuris
• periculum in mora
• valor da causa
● ESTABILIZAÇÃO DA LIDE: ocorrerá com a não interposição de recurso.
 A ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA APLICA-SE APENAS À TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA
ANTECEDENTE.
 O recurso impede a estabilização. Literalmente, o recurso cabível dessa decisão interlocutória que
concede a tutela antecipada antecedente é o agravo de instrumento.
 REVISÃO DE TUTELA ANTECIPADA ESTABILIZADA
• ação a ser ajuizada a qualquer tempo pelas partes
• será feita em autos apartados

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• pode ser requerido o desarquivamento do processo anterior para ser usado na instrução
• será distribuída ao mesmo juízo que foi competente para a concessão da tutela
 A decisão que concede a tutela antecipada não faz coisa julgada, pois fica sujeita à ação revisional
pelo prazo de dois anos. Decorrido esse prazo, há a imutabilização da ação. Dito de outra forma, a
decisão que era estável torna-se imutável e somente poderá ser rescindível nos dois anos seguintes, por
ação rescisória.
Tutela cautelar requerida em caráter antecedente
● PEDIDO:
 indicação do conflito e do fundamento;
 exposição do direito que se pretende assegurar; e
 exposição do perigo de dano ou do risco ao resultado útil ao processo.
● PRAZO PARA CONTESTAR E INDICAR PROVAS - 5 dias
● PRAZO PARA O MAGISTRADO DECIDIR EM CASO DE NÃO MANIFESTAÇÃO DO REQUERIDO - 5 dias
● Concedida a tutela, a parte autora tem o prazo de 30 dias para ajuizar a ação principal, sem
necessidade de adiantamento de custas processuais, podendo, inclusive, aditar pedidos na forma do §2º,
do art. 308, do NCPC.
● Destaca-se a necessidade de que o pedido principal se refira à cautelar (referibilidade).
Tutela de Evidência
● CONCEITO: É técnica que serve à tutela provisória, fundada em cognição sumária: a antecipação
provisória dos efeitos da tutela satisfativa. Aqui surge a chamada tutela provisória de evidência. Nestes
casos, a evidência se caracteriza com conjugação de dois pressupostos: prova das alegações de fato e
probabilidade de acolhimento da pretensão processual.
● HIPÓTESES DE CABIMENTO DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
 Abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (liminar).
 Alegações de fato comprovadas apenas com documentos e tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante (liminar).
 Ação de depósito, quando quem está com algum bem em razão de contrato de depósito e não a
entrega a quem de direito na forma e nos prazos devidos, poderá a parte demandar tutela de evidência
com a cominação de multa em caso de não devolução no prazo fixado (liminar).
 Petição instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos sem oposição razoável do
réu (liminar)

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DIREITO PENAL – PROF. RENAN ARAÚJO

Olá, meus amigos!

Neste resumo vamos trabalhar os pontos mais importantes para sua prova.
Naturalmente que o resumo não substitui nosso material completo (Livro digital +
videoaulas), mas com certeza este resumo irá facilitar bastante sua vida na hora da
revisão antes da prova.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!


Prof. Renan Araujo

1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL


Conceito
Normas que, extraídas da Constituição Federal, servem como base interpretativa para
todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurídico brasileiro. Possuem força
normativa, devendo ser respeitados, sob pena de inconstitucionalidade da norma que
os contrariar. Em resumo:

Legalidade - Uma conduta não pode ser considerada criminosa se antes de sua prática
(anterioridade) não havia lei formal (reserva legal) nesse sentido. Pontos importantes:

➢ O princípio da legalidade se divide em “reserva legal” (necessidade de Lei formal)


e “anterioridade” (necessidade de que a Lei seja anterior ao fato criminoso)
➢ Normas penais em branco não violam tal princípio
➢ Lei penal não pode retroagir, sob pena de violação à anterioridade. EXCEÇÃO:
poderá retroagir para beneficiar o réu.
➢ Somente Lei formal pode criar condutas criminosas e cominar penas. OBS.:
Medida Provisória pode descriminalizar condutas e tratar de temas favoráveis ao
réu (há divergências, mas isto é o que prevalece no STF).

Individualização da pena – Ocorre em três esferas:


➢ Legislativa - Cominação de punições proporcionais à gravidade dos crimes, e
com o estabelecimento de penas mínimas e máximas.
➢ Judicial - Análise, pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos
antecedentes do réu, etc.
➢ Administrativa – Ocorre na fase de execução penal, oportunidade na qual
serão analisadas questões como progressão de regime, livramento condicional e
outras.

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Intranscendência da pena – Ninguém pode ser processado e punido por fato
criminoso praticado por outra pessoa. Isso não impede que os sucessores do
condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos civis causados pelo
fato.
OBS.: A multa não é “obrigação de reparar o dano”, pois não se destina à vítima. A
multa é espécie de PENA, e não pode ser executada contra os sucessores.

Limitação das penas (ou humanidade) – Determinadas espécies de sanção penal


são vedadas. São elas:
➢ Pena de morte. EXCEÇÃO: No caso de guerra declarada (crimes militares).
➢ Pena de caráter perpétuo
➢ Pena de trabalhos forçados
➢ Pena de banimento
➢ Penas cruéis
OBS.: Trata-se de cláusula pétrea.

Presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) – Ninguém pode


ser considerado culpado se ainda não há sentença penal condenatória transitada em
julgado.
 Uma regra probatória (regra de julgamento) - Deste princípio decorre que
o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o
caso).
 Uma regra de tratamento - Deste princípio decorre, ainda, que o réu deve ser,
a todo momento, tratado como inocente.
Dimensão interna – O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente.
Dimensão externa – O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou
seja, o fato de estar sendo processado não pode gerar reflexos negativos na vida do
réu.

OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o cumprimento da pena pode se iniciar com
a mera condenação em segunda instância por um órgão colegiado (TJ, TRF,
etc.), relativizando o princípio da presunção de inocência (HC 126292/SP, rel. Min. Teori
Zavascki, 17.2.2016).
Desse princípio decorre que o ônus da prova cabe ao acusador. O réu é, desde o
começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa.
Pontos importantes:
➢ A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não
ofende a presunção de inocência
➢ Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado NÃO
podem ser considerados maus antecedentes (nem circunstâncias judiciais
desfavoráveis) – Súmula 442 do STJ
➢ Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que o
condenado sofra regressão de regime (pela prática de novo crime)

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➢ Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que haja
revogação da suspensão condicional do processo.

OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL


Princípio da alteridade (ou lesividade) - O fato deve causar lesão a um bem jurídico
de terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO.

Princípio da ofensividade - Não basta que o fato seja formalmente típico. É


necessário que este fato ofenda, de maneira grave, o bem jurídico pretensamente
protegido pela norma penal.

Princípio da Adequação social – Uma conduta, ainda quando tipificada em Lei como
crime, quando não afrontar o sentimento social de Justiça, não seria crime (em sentido
material).

Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal - Nem todos os fatos considerados


ilícitos pelo Direito devam ser considerados como infração penal, mas somente aqueles
que atentem contra bens jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES.

Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal - O Direito Penal não deve ser usado
a todo momento, mas apenas como uma ferramenta subsidiária, quando os demais
ramos do Direito se mostrarem insuficientes.

Princípio da Intervenção mínima (ou Ultima Ratio) - Decorre do caráter


fragmentário e subsidiário do Direito Penal. A criminalização de condutas só deve
ocorrer quando se caracterizar como meio absolutamente necessário à proteção de
bens jurídicos ou à defesa de interesses cuja proteção, pelo Direito Penal, seja
absolutamente indispensável à coexistência harmônica e pacífica da sociedade.

Princípio do ne bis in idem – Ninguém pode ser punido duplamente pelo mesmo
fato. Ninguém poderá, sequer, ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Não se
pode, ainda, utilizar o mesmo fato, condição ou circunstância duas vezes (como
qualificadora e como agravante, por ex.).

Princípio da proporcionalidade - As penas devem ser aplicadas de maneira


proporcional à gravidade do fato. Além disso, as penas devem ser cominadas de forma
a dar ao infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto.

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Princípio da confiança - Todos possuem o direito de atuar acreditando que as demais
pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida em sociedade.
Ninguém pode ser punido por agir com essa expectativa.

Princípio da insignificância (ou da bagatela) - As condutas que não ofendam


significativamente os bens jurídico-penais tutelados não podem ser consideradas
crimes (em sentido material). A aplicação de tal princípio afasta a tipicidade MATERIAL
da conduta.
Quadro-resumo:

Mínima ofensividade OBS.: Não cabe para:


da conduta ➢ Furto qualificado
Ausência de ➢ Moeda falsa
periculosidade social ➢ Tráfico de drogas
da ação
➢ Roubo (ou
PRINCÍPIO DA Reduzido grau de qualquer crime
INSIGNIFICÂNCIA reprovabilidade da cometido com
conduta violência ou
(Requisitos)
grave ameaça à
Inexpressividade da pessoa)
lesão jurídica
➢ Crimes contra a
administração
pública
Importância do SOMENTE PARA O
objeto material para STJ
a vítima*

Pontos importantes:

➢ Descaminho – Cabe aplicação do princípio da insignificância. PATAMAR: O STF


sustenta que é R$ 20.000,00. O STJ, mais recentemente, também passou a
adotar tal patamar.
➢ Reincidência – Há divergência jurisprudencial. STF: apenas a reincidência
específica é capaz de afastar a aplicação do princípio da insignificância (há
decisões em sentido contrário).

2 CONCEITO E FONTES DO DIREITO PENAL


Conceito - Ramo do Direito Público cuja função é selecionar os bens jurídicos mais
importantes para a sociedade e buscar protege-los, por meio da criação de normas de
conduta que, uma vez violadas, constituem crimes, sob ameaça de aplicação de uma
pena.

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Fontes - são de duas ordens: material e formal.

➢ Materiais - São os órgãos encarregados de produzir o Direito Penal. No


caso brasileiro, a União é o Ente responsável pela “criação” das normas de Direito
Penal.
➢ Formais - Também chamadas de cognitivas ou fontes de conhecimento, por sua
vez, são os meios pelos quais o Direito Penal se exterioriza, ou seja, os meios
pelos quais ele se apresenta ao mundo jurídico. Podem ser IMEDIATAS ou
MEDIATAS.
▪ Imediatas - São aquelas que apresentam o Direito Penal de
forma direta, sendo fruto dos órgãos responsáveis pela sua
criação. No caso do Brasil, a única fonte formal imediata do
Direito Penal é a LEI, Lei em sentido estrito. Obs.: MP pode tratar
sobre matéria penal, desde que não seja mais gravosa (posição
do STF).
▪ Mediatas - Também chamadas de secundárias, são aquelas que
ajudam a formar o Direito Penal, de forma periférica, como os
costumes, os atos administrativos e os princípios gerais do
Direito.

3 INFRAÇÃO PENAL
Conceito - A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem
jurídico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de
reclusão, detenção, prisão simples ou multa.
Espécies
▪ Crime - Infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
isoladamente, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa (conceito
formal de crime).
▪ Contravenção - Infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
OBS.: Crime (conceito analítico) – adoção da teoria tripartida: fato típico, ilicitude
e culpabilidade.

Principais diferenças entre crime e contravenção:


CRIMES CONTRAVENÇÕES
Admitem tentativa (art. Não se admite punição de contravenção na
14, II). modalidade tentada. Ou se pratica a
contravenção consumada ou se trata de um
indiferente penal
Se cometido crime, tanto A prática de contravenção no exterior não
no Brasil quanto no gera efeitos penais, inclusive para fins de

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estrangeiro, e vier o reincidência. Só há efeitos penais em relação à
agente a cometer contravenção praticada no Brasil!
contravenção, haverá
reincidência.
Tempo máximo de Tempo máximo de cumprimento de pena: 05
cumprimento de pena: 30 anos.
anos.
Aplicam-se as hipóteses Não se aplicam as hipóteses de
de extraterritorialidade extraterritorialidade do art. 7° do Código
Penal.

4 APLICAÇÃO DA LEI PENAL


LEI PENAL NO TEMPO
REGRA – Princípio da atividade: lei é aplicada aos fatos praticados durante sua
vigência.
EXCEÇÃO: Extra-atividade da Lei penal benéfica. Duas formas:
▪ RETROATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei nova mais benéfica retroage, de
forma que será aplicada aos fatos criminosos praticados antes de sua entrada em
vigor.
▪ ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei mais benéfica, quando revogada,
continua a reger os fatos praticados durante sua vigência.

Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais considerar a conduta como criminosa
(descriminalização da conduta).
Continuidade típico-normativa - Em alguns casos, embora a lei nova revogue um
determinado artigo que previa um tipo penal, a conduta pode continuar sendo
considerada crime (não há abolitio criminis):
▪ Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal.
▪ Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta está prevista como crime em
outro tipo penal.
OBS.: Faz cessar a pena e os efeitos penais da condenação.

Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu - Prevalece o entendimento


de que não é possível combinar as duas Leis. Deve ser aplicada a Lei que, no todo, seja
mais benéfica (teoria da ponderação unitária).

Competência para a aplicação da Lei nova mais benéfica


• Processo ainda em curso – Compete ao Juízo que está conduzindo o
processo

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• Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo da execução penal
(enunciado nº 611 da súmula do STF)

Leis excepcionais e temporárias - Continuam a reger os fatos praticados durante


sua vigência, mesmo após expirado o prazo de vigência ou mesmo após o fim das
circunstâncias que determinaram a edição da lei.
OBS.: Se houver superveniência de lei abolitiva expressamente revogando a
criminalização prevista na lei temporária ou excepcional, ela não mais produzirá
efeitos.

Tempo do crime – Considera-se praticado o delito no momento conduta (ação ou


omissão), ainda que outro seja o momento do resultado (adoção da teoria da
ATIVIDADE).

Crimes continuados e permanentes – Consideram-se como sendo praticados


enquanto não cessa a continuidade ou permanência. Consequência: se neste período
(em que o crime está sendo praticado) sobrevier lei nova, mais grave, ela será aplicada
(súmula 711 do STF).

LEI PENAL NO ESPAÇO


REGRA – Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional (princípio
da territorialidade mitigada ou temperada, pois há exceções).
Território nacional - Espaço em que o Estado exerce sua soberania política. O
território brasileiro compreende:
• O Mar territorial;
• O espaço aéreo (Teoria da absoluta soberania do país subjacente);
• O subsolo
Território nacional por extensão
• Os navios e aeronaves públicos, onde quer que se encontrem
• Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-mar
ou no espaço aéreo

EXTRATERRITORIALIDADE – Aplicação da lei penal brasileira a um crime praticado


fora do território nacional.
Extraterritorialidade INCONDICIONADA - Aplica-se aos crimes cometidos:
▪ Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República
▪ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público
▪ Contra a administração pública, por quem está a seu serviço

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▪ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil

OBS.: Estas hipóteses dispensam outras condições, bastando que tenha sido o crime
cometido contra estes bens jurídicos.
OBS.2: Será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha sido condenado ou
absolvido no exterior.
OBS.3: Caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena cumprida no
exterior será abatida na pena a ser cumprida no Brasil (DETRAÇÃO PENAL).

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA - Aplica-se aos crimes:


▪ Que por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir
▪ Praticados por brasileiro
▪ Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados
Condições:
✓ Entrar o agente no território nacional
✓ Ser o fato punível também no país em que foi praticado
✓ Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição
✓ Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena
✓ Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável

EXTRATERRITORIALIDADE HIPER-CONDICIONADA - ÚNICA HIPÓTESE: Crime


cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil.
(hiper) Condições:
Mesmas condições da extraterritorialidade condicionada
+
Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição
Haver requisição do MJ

Lugar do crime - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta


(ação ou omissão), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
(adoção da teoria da UBIQUIDADE).

APLICAÇÃO DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS


SUJEITO ATIVO
É a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (como autor ou como partícipe).
É a pessoa que pratica a infração penal.
OBS.: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de crimes (atualmente, somente de
crimes ambientais). Adotava-se a teoria da dupla imputação (necessidade de

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processar, concomitantemente, a pessoa física responsável pelo ato). STF e STJ
abandonaram esta teoria.

Imunidades – Regras específicas de (não) aplicação da lei penal a determinadas


pessoas, em determinadas circunstâncias.

Imunidades diplomáticas – Se baseiam no princípio da reciprocidade. Conferidas em


razão do CARGO, não da pessoa. Previstas na Convenção de Viena, incorporada ao
nosso ordenamento jurídico através do Decreto 56.435/65. Imunidade TOTAL aos
Diplomatas, sendo estendida aos funcionários dos órgãos internacionais (quando em
serviço) e aos seus familiares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das
Relações Exteriores de outros países. Estão sujeitos à Jurisdição de seu país apenas.
Irrenunciável. OBS.: Com relação aos cônsules a imunidade só é conferida aos
atos praticados em razão do ofício.

Imunidades parlamentares - Prerrogativas dos parlamentares, garantias conferidas


para que possam desempenhar suas funções de forma livre. São irrenunciáveis. Duas
espécies:
Imunidade material - Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Não é necessário que o parlamentar tenha
proferido as palavras dentro do recinto (Congresso, Assembleia Legislativa, etc.),
bastando que tenha relação com sua função.
OBS.: A imunidade material dos vereadores só abrange os atos praticados na
circunscrição do município.

Imunidade formal - Não está relacionada à caracterização ou não de uma conduta


como crime. Está relacionada a questões processuais. São duas espécies:
▪ Imunidade formal para a prisão – “Desde a expedição do diploma, os
membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de
crime inafiançável”. Os autos da prisão devem ser remetidos dentro de 24h à A
Casa respectiva (Senado ou Câmara), pelo voto da maioria de seus membros,
deverá resolver sobre a prisão. OBS.: Tal imunidade não impede: (1) prisão em
flagrante de crime inafiançável; (2) prisão decorrente de condenação definitiva.

▪ Imunidade formal para o processo – Possibilidade de a Casa respectiva


(Senado ou Câmara) sustar o andamento de ação penal contra um de seus
membros (Senadores ou deputados federais), relativa a crime praticado APÓS a
diplomação. Tópicos importantes:
▪ Iniciativa de partido político com representação na Casa
▪ Voto da maioria absoluta dos membros
▪ Caso o processo seja suspenso, suspende-se também a prescrição

As imunidades são aplicáveis aos parlamentares estaduais (Deputados estaduais).

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Aos parlamentares municipais (vereadores) só se aplicam as imunidades materiais!
As imunidades não abrangem os suplentes.
OBS.: Parlamentar afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretário de Estado
NÃO mantém as imunidades (INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002 –
Informativo 267 do STF).

SUJEITO PASSIVO
É quem sofre a ofensa causada pela infração penal. Pode ser de duas espécies:
▪ Sujeito passivo mediato ou formal – É SEMPRE o Estado, pois a ele pertence
o dever de manter a ordem pública e punir aqueles que cometem crimes.
▪ Sujeito passivo imediato ou material – É o titular do bem jurídico
efetivamente lesado (Ex.: No furto, o dono da coisa furtada).
OBS.: O Estado também pode ser sujeito passivo imediato (Ex.: crimes contra o
patrimônio público).

Tópicos importantes
▪ Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo
▪ Mortos não podem ser sujeitos passivos (pois não são sujeitos de direitos)
▪ Animais não podem ser sujeitos passivos (pois não são sujeitos de direitos)
OBS.: Crime ambiental (ex.: maus-tratos a animais): sujeito passivo é a coletividade.
OBS.: Ninguém pode ser sujeito ativo e passivo do MESMO crime. Parte da
Doutrina entende que isso é possível no crime de rixa, mas isso não é posição unânime

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CP
Contagem de prazos – Inclui-se o dia do começo. As frações de dia (do dia do
começo) são computadas como dia inteiro. Ex.: Começou a correr o prazo no dia
10.01.15 às 22h. O dia 10.01.15 é contado como dia inteiro.
Frações não computáveis de pena – As frações de dia (horas e minutos) são
desprezadas (arredonda-se para baixo). Ex.: 15 dias e 12 horas viram 15 dias.
Desprezam-se as frações monetárias na pena de multa (centavos).
Aplicação subsidiária do CP – Regras gerais do CP se aplicam aos crimes regidos por
Lei especial, naquilo que com elas não conflitar.

EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA


A sentença estrangeira, para produzir efeitos no Brasil, precisa ser homologada. O
regramento varia de acordo com o efeito pretendido:
• Obrigação de reparar o dano (bem como restituições e outros efeitos
civis) – Deve haver requerimento da parte interessada (em regra, a vítima
ou seus sucessores).

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• Sujeitar o infrator à medida de segurança – Existir tratado de extradição
entre o Brasil e o País em que foi proferida a sentença OU, caso não exista,
deve haver requisição do Ministro da Justiça.

Competência para homologação – STJ


OBS.: Não há possibilidade de homologação da sentença penal estrangeira para fins
de cumprimento de PENA. A aplicação de pena criminal é um ato de soberania do
Estado.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL


Interpretação da Lei penal
Autêntica – É aquela realizada pelo próprio legislador (também é chamada de
interpretação legislativa).
Doutrinária – É a interpretação realizada pelos estudiosos do Direito.
Judicial – É aquela efetuada pelos membros do Poder Judiciário, através das decisões
que proferem nos processos que lhe são submetidos.
Gramatical – Também é chamada de literal. É aquela que decorre da natural análise
da lei.
Lógica (ou teleológica) – É aquela que busca entender a vontade da lei. É uma das
mais confiáveis e técnicas.
Declaratória – Decorre da perfeita sintonia entre o que a lei diz e o que ela quis dizer.
Extensiva – Trata-se de uma atividade na qual o intérprete estende o alcance do que
diz a lei, em razão de sua vontade ser esta.
Restritiva – Por outro lado, aqui o intérprete restringe o alcance do texto da lei, por
ser essa a sua vontade
Analógica – Como o nome diz, decorre da analogia, que é o mesmo que comparação.
Assim, essa interpretação irá existir somente naqueles casos em que a lei estabeleça
uma fórmula casuística (um exemplo) e criminalize outras situações idênticas (fórmula
genérica).

Integração da Lei penal


Analogia - A analogia não é uma técnica de interpretação da Lei Penal. Trata-se de
uma técnica integrativa, ou seja, aqui se busca suprir a falta de uma lei. Não
confundir analogia com interpretação analógica! Na analogia, por não haver
norma que regulamente o caso, o aplicador do Direito se vale de uma outra norma,
parecida, de forma a aplicá-la ao caso concreto, a fim de que este não fique sem
solução.
Não se admite a analogia prejudicial ao réu (analogia in malam partem).

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CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS
Especialidade - O princípio da especialidade deve ser utilizado quando há conflito
aparente entre duas normas, sendo que uma delas, denominada “norma especial”,
possui todos os elementos da outra (norma geral), acrescida de alguns
caracteres especializantes.
OBS.: Não tem relevância o fato de a norma especial prever uma pena mais branda
que a norma geral (ex.: infanticídio, que é norma especial em relação ao homicídio, e
possui pena bem mais branda).

Subsidiariedade - Aqui não há uma relação de “gênero e espécie”, como ocorre na


especialidade. Aqui, a relação entre as normas aparentemente em conflito é de
“subsidiariedade”, ou seja, uma é mais abrangente que a outra. A norma subsidiária,
portanto, atua como uma espécie de “soldado de reserva”, ou seja, fica lá, esperando
para ser aplicada quando nenhuma outra norma mais grave (primária) for aplicável. A
subsidiariedade pode ser:
 Expressa – A norma penal subsidiária já informa que sua aplicação só será
cabível se não for prevista norma mais grave para o fato.
 Tácita – Aqui a norma penal não é expressamente subsidiária, mas seu
caráter subsidiário poderá ser aferido no caso concreto.

Consunção (absorção) - Pode ocorrer em algumas hipóteses:


 Crime progressivo – O agente, querendo praticar determinado crime,
necessariamente tem que praticar um crime menos grave.
 Progressão criminosa – Aqui o agente altera seu dolo, ou seja, durante a
empreitada criminosa o agente altera sua intenção.
 Antefato impunível (antefactum impunível) – Aqui o agente pratica
fatos que estão na mesma linha causal do crime principal, mas responde
apenas pelo crime principal, pois se considera que estes fatos anteriores são
impuníveis.
 Pós-fato impunível (postfactum impunível) – Aqui o agente pratica
fatos que, isoladamente considerados, são considerados criminosos.
Todavia, por serem considerados como desdobramento natural ou
exaurimento do crime praticado, não são puníveis.

Alternatividade - Seria aplicável nas hipóteses em que uma mesma norma penal
descreve diversas condutas que são criminalizadas, sendo que a prática de qualquer
uma delas já consuma o delito (não é necessário praticar todas), mas a prática de mais
de uma das condutas, no mesmo contexto fático, não configura mais de um crime
(chamados de “tipos mistos alternativos”).

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5 TEORIA DO DELITO
CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob três aspectos: Material, formal (legal) e analítico:
• Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em Lei como crime. No Brasil, mais
especificamente, é toda infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou
detenção
• Material – Crime é a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante lesão
ou exposição a perigo), um bem jurídico relevante de terceira pessoa.
• Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é composto por fato típico, ilicitude
e culpabilidade.

5.1FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS


O fato típico também se divide em elementos, são eles:
• Conduta humana (alguns entendem possível a conduta de pessoa
jurídica) – Adoção da teoria FINALISTA: conduta humana é a ação ou
omissão voluntária dirigida a uma determinada finalidade.
• Resultado naturalístico – É a modificação do mundo real provocada pela
conduta do agente. Apenas nos crimes materiais se exige um resultado
naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta não há essa exigência.
Além do resultado naturalístico (que nem sempre estará presente), há
também o resultado jurídico (ou normativo), que é a lesão ao bem
jurídico tutelado pela norma penal. Esse resultado sempre estará
presente.
• Nexo de causalidade – Nexo entre a conduta do agente e o resultado.
Adoção, pelo CP, da teoria da equivalência dos antecedentes
(considera-se causa do crime toda conduta sem a qual o resultado não teria
ocorrido). Utilização do elemento subjetivo (dolo ou culpa) como filtro, para
evirar a “regressão infinita”. Adoção, subsidiariamente, da teoria da
causalidade adequada, na hipótese de superveniência de causa
relativamente independente que produz, por si só, o resultado. OBS.:
Teoria da imputação objetiva não foi expressamente adotada pelo CP,
mas há decisões jurisprudenciais aplicando a Teoria.
• Tipicidade – É a adequação da conduta do agente à conduta descrita pela
norma penal incriminadora (tipicidade formal). A tipicidade material é o
desdobramento do conceito material de crime: só haverá tipicidade material
quando houver lesão (ou exposição a perigo) significativa a bem jurídico
relevante de terceiro (afasta-se a tipicidade material, por exemplo, quando
se reconhece o princípio da insignificância). OBS.: Adequação típica
mediata: Nem sempre a conduta praticada pelo agente se amolda
perfeitamente ao tipo penal (adequação imediata). Às vezes é necessário
que se proceda à conjugação de outro dispositivo da Lei Penal para
se chegar à conclusão de que um fato é típico (adequação mediata). Ex.:
homicídio tentado (art. 121 + art. 14, II do CP).

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CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
Crime doloso

Dolo direto de primeiro grau - composto pela consciência de que a conduta pode
lesar um bem jurídico + a vontade de violar (pela lesão ou exposição a perigo) este
bem jurídico.
Dolo direto de segundo grau - também chamado de “dolo de consequências
necessárias”. O agente não quer o resultado, mas sabe que o resultado é um efeito
colateral NECESSÁRIO, e pratica a conduta assim mesmo, sabendo que o resultado
(não querido) ocorrerá fatalmente.
Dolo eventual - consiste na consciência de que a conduta pode gerar um resultado
criminoso + a assunção desse risco, mesmo diante da probabilidade de algo dar errado.
Trata-se de hipótese na qual o agente não tem vontade de produzir o resultado
criminoso, mas, analisando as circunstâncias, sabe que este resultado pode ocorrer e
não se importa, age da mesma maneira. OBS.: diferença em relação ao dolo direto de
segundo grau: aqui o resultado não querido é POSSÍVEL OU PROVÁVEL; no dolo direto
de segundo grau o resultado não querido é CERTO (consequência necessária).

O dolo pode ser, ainda:


• Dolo genérico – É, basicamente, a vontade de praticar a conduta descrita
no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
• Dolo específico, ou especial fim de agir – Em contraposição ao dolo
genérico, nesse caso o agente não quer somente praticar a conduta típica,
mas o faz por alguma razão especial, com alguma finalidade específica.
• Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae – Ocorre quando
o agente, acreditando ter alcançado seu objetivo, pratica nova conduta,
com finalidade diversa, mas depois se constata que esta última foi a que
efetivamente causou o resultado. Trata-se de erro na relação de
causalidade, pois embora o agente tenha conseguido alcançar a finalidade
proposta, somente o alcançou através de outro meio, que não tinha
direcionado para isso.
• Dolo antecedente, atual e subsequente – O dolo antecedente é o que
se dá antes do início da execução da conduta. O dolo atual é o que está
presente enquanto o agente se mantém exercendo a conduta, e o dolo
subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a conduta com
uma finalidade lícita, altera seu ânimo, passando a agir de forma ilícita.

Crime culposo
No crime culposo a conduta do agente é destinada a um determinado fim (que pode
ser lícito ou não), mas pela violação a um dever de cuidado, o agente acaba por
lesar um bem jurídico de terceiro, cometendo crime culposo. Pode se dar por:
• Negligência – O agente deixa de tomar todas as cautelas necessárias para
que sua conduta não venha a lesar o bem jurídico de terceiro.

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• Imprudência – É o caso do afoito, daquele que pratica atos temerários,
que não se coadunam com a prudência que se deve ter na vida em
sociedade.
• Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma regra técnica
profissional para a prática da conduta.

O crime culposo é composto de:


• Uma conduta voluntária
• A violação a um dever objetivo de cuidado
• Um resultado naturalístico involuntário – O resultado produzido não
foi querido pelo agente (salvo na culpa imprópria).
• Nexo causal
• Tipicidade – Adoção da excepcionalidade do crime culposo. Só haverá
punição a título de culpa se houver expressa previsão legal nesse sentido.
• Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previsível
mediante um esforço intelectual razoável. É chamada previsibilidade do
“homem médio”.

Modalidades de culpa
• Culpa consciente e inconsciente – Na culpa consciente, o agente
prevê o resultado como possível, mas acredita que este não irá ocorrer
(previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, o agente não
prevê que o resultado possa ocorrer (há apenas previsibilidade OBJETIVA,
não subjetiva).
• Culpa própria e culpa imprópria – A culpa própria é aquela na qual o
agente NÃO QUER O RESULTADO criminoso. É a culpa propriamente dita.
Pode ser consciente, quando o agente prevê o resultado como possível, ou
inconsciente, quando não há essa previsão. Na culpa imprópria, o agente
quer o resultado, mas, por erro inescusável, acredita que o está fazendo
amparado por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A
culpa, portanto, não está na execução da conduta, mas no momento de
escolher praticar a conduta.
OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime preterdoloso ocorre
quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo), acaba por praticar
crime mais grave, não com dolo, mas por culpa.

CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSÍVEL


Crime consumado – ocorre quando todos os elementos da definição legal da conduta
criminosa estão presentes.
Crime tentado – há crime tentado quando o resultado não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente. Adoção da teoria objetiva da punibilidade da
tentativa: como regra, o agente responde pela pena do crime consumado, diminuída
de um a dois terços. EXCEÇÃO: (1) crimes em que a mera tentativa de alcançar o

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resultado já consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evasão mediante violência contra a
pessoa); (2) outras exceções legais.
Crime impossível (tentativa inidônea ou crime oco) – o resultado não ocorre por
ser absolutamente impossível sua ocorrência, em razão: (1) da absoluta impropriedade
do objeto; ou (2) da absoluta ineficácia do meio. Adoção da teoria objetiva da
punibilidade da tentativa inidônea: a conduta do agente não é punível.
Desistência voluntária - Na desistência voluntária o agente, por ato voluntário,
desiste de dar sequência aos atos executórios, mesmo podendo fazê-lo. FÓRMULA DE
FRANK: (1) Na tentativa – O agente quer, mas não pode prosseguir; (2) Na desistência
voluntária – O agente pode, mas não quer prosseguir. Se o resultado não ocorre, o
agente não responde pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente praticados.
Arrependimento eficaz - Aqui o agente já praticou todos os atos executórios que
queria e podia, mas após isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por
impedir a consumação do resultado. Se o resultado não ocorre, o agente não responde
pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente praticados.
Arrependimento posterior - Não exclui o crime, pois este já se consumou. Ocorre
quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa. Consequência:
diminuição de pena, de um a dois terços. Só cabe:
• Nos crimes em que não há violência ou grave ameaça à pessoa;
• Se a reparação do dano ou restituição da coisa é anterior ao recebimento da
denúncia ou queixa.

5.2ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
É a condição de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda conduta
típica é ilícita. Não o será, porém, se houver uma causa de exclusão da ilicitude. São
elas:
• Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Estão previstas
na parte geral do Código Penal, em seu art. 23;
• Específicas – São aquelas que são próprias de determinados crimes, não se
aplicando a outros.

CAUSAS GENÉRICAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE


ESTADO DE NECESSIDADE
Conceito – “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Se bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido – Não há justificação.
A conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena diminuída de um a dois terços.
Requisitos
• Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi ele
mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o direito de um terceiro a
pretexto de salvar o seu).

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• Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não permite o estado
de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente.
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão um bem jurídico do
próprio agente ou de um terceiro.
• O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resultado.
• Bem jurídico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao bem
protegido - Se o bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido,
não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, contudo, tem a pena
diminuída de um a dois terços.
• Atitude necessária – O agente deve agir nos estritos limites do necessário.
Caso se exceda, responderá pelo excesso (culposo ou doloso).
Espécies:
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente sacrifica bem
jurídico de um terceiro que não provocou a situação de perigo.
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico de quem
ocasionou a situação de perigo.
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe.
• Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato, apenas na
imaginação do agente.

LEGÍTIMA DEFESA
Conceito – “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
Requisitos:
• Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa, não há legítima defesa.
• Atual ou iminente – A agressão deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer.
• Contra direito próprio ou alheio – A agressão injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do próprio agente ou
de um terceiro.
• Reação proporcional – O agente deve repelir a agressão injusta, valendo-
se dos meios necessários, mas sem se exceder. Caso se exceda, responderá
pelo excesso (culposo ou doloso).
OBS.: Na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, o
agredido (que age em legítima defesa) não é obrigado a fugir do agressor, ainda
que possa.
Espécies de legítima defesa:
• Agressiva – Quando o agente pratica um fato previsto como infração penal.
• Defensiva – O agente se limita a se defender, não atacando nenhum bem
jurídico do agressor.
• Própria – Quando o agente defende seu próprio bem jurídico.

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• De terceiro – Quando defende bem jurídico pertencente a outra pessoa.
• Real – Quando a agressão a iminência dela acontece, de fato, no mundo
real.
• Putativa – Quando o agente pensa que está sendo agredido ou que esta
agressão irá ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imaginação.
Tópicos importantes:
• Não cabe legítima defesa real em face de legítima defesa real.
• Cabe legítima defesa real em face de legítima defesa putativa.
• Cabe legítima defesa sucessiva
• Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que esteja acobertada apenas
por causa de exclusão da culpabilidade
• NUNCA haverá possibilidade de legítima defesa real em face de qualquer causa
de exclusão da ilicitude real.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz em cumprimento a
um dever previsto em lei.
Observações importantes:
• Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do dever
legal, a ele também se estende essa causa de exclusão da ilicitude (há
comunicabilidade).
• O particular também pode agir no estrito cumprimento do dever legal.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO


Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato típico, mas o faz no exercício de um
direito seu. Dessa forma, quem age no legítimo exercício de um direito seu, não poderá
estar cometendo crime, pois a ordem jurídica deve ser harmônica. Ex.: Lutador de
vale-tudo que agride o oponente.
Excesso punível – Da mesma forma que nas demais hipóteses, o agente responderá
pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, irá se verificar sempre que o agente
ultrapassar os limites do direito que possui (não estará mais no exercício REGULAR de
direito).

5.3CULPABILIDADE
CONCEITO - Juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-
se suas circunstâncias pessoais.
TEORIAS

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TEORIAS ACERCA DA CULPABILIDADE
PSICOLÓGICA Imputabilidade (pressuposto) + dolo ou culpa

PSICOLÓGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + culpa +


NORMATIVA dolo natural (consciência e vontade) + dolo normativo
(consciência da ilicitude)
EXTREMADA Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + dolo
normativo (POTENCIAL consciência da ilicitude)1
LIMITADA Mesmos elementos da teoria ADOTADA PELO CP
extremada + divergência quanto ao
tratamento das descriminantes
putativas decorrentes de erro sobre
pressupostos fáticos (entende que
devem ser tratadas como erro de
tipo, e não erro de proibição).

ELEMENTOS
IMPUTABILIDADE - Capacidade mental de entender o caráter ilícito da conduta e de
comportar-se conforme o Direito.
Critérios para aferição da imputabilidade:

CRITÉRIOS PARA AFERIÇÃO DA IMPUTABILIDADE


BIOLÓGIO Basta a existência de uma característica biológica
(doença mental ou determinada idade) para que o
agente seja inimputável.
OBS.: Adotado pelo CP em relação à inimputabilidade
por menoridade penal.
PSICOLÓGICO Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na análise
do caso concreto (se o agente tinha discernimento).
BIOPSICOLÓGICO Conjuga a presença de um elemento biológico (doença
mental ou idade) com a necessidade de se avaliar se o
agente, no caso concreto, tinha discernimento.
OBS.: Adotado pelo CP em relação à inimputabilidade
por doença mental e embriaguez decorrente de caso
fortuito ou força maior.
OBS.: Em qualquer caso, a inimputabilidade é aferida no momento do fato
criminoso.

1
O dolo natural (a mera vontade e consciência de praticar a conduta definida como crime) migra,
portanto, para o fato típico, como elemento integrante da conduta.

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Causas de inimputabilidade penal (exclusão da imputabilidade)
Menoridade penal – São inimputáveis os menores de 18 anos (critério biológico)
Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado –
Requisitos:
• Que o agente possua a doença (critério biológico)
• Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este
entendimento (critério psicológico)
Obs.: Se, em decorrência da doença, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-
imputabilidade), NÃO É ISENTO DE PENA (não afasta a imputabilidade). Neste caso, há
redução de pena (um a dois terços).

Embriaguez – Requisitos:
• Que o agente esteja completamente embriagado (critério biológico)
• Que se trate de embriagues decorrente de caso fortuito ou força maior
• Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este
entendimento (critério psicológico)
Obs.: Se, em decorrência da embriaguez, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-
imputabilidade), NÃO É ISENTO DE PENA (não afasta a imputabilidade). Neste caso, há
redução de pena (um a dois terços).

Esquema:
Sempre Exclui a Sujeito às normas do
Menoridade penal
imputabilidade E.C.A.

Paixão e emoção Não excluem

Exclui a
Doença mental ou Interiramente incapaz
imputabilidade
desenvolvimento Redução de pena (de
mental incompleto ou um a dois terços).
retardado Parcialmente incapaz Semi-imputável Juiz pode substituir
IMPUTABILIDADE
por medida de
PENAL
segurança, se
necessário.
Dolosa Não exclui

Culposa Não exclui

Exclui a
Completa
imputabilidade
Embriaguez
Acidental
Causa de diminuição
Parcial de pena (de um a dois
terços)

Preordenada Não exclui É agravante

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POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE - Possibilidade de o agente, de acordo
com suas características, conhecer o caráter ilícito do fato. Quando o agente atua
acreditando que sua conduta não é penalmente ilícita, comete erro de proibição.

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Não basta que o agente seja imputável e


que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessário, ainda, que o agente
pudesse agir de outro modo. Não havendo tal elemento, afastada está a culpabilidade.
Exemplos:
▪ Coação MORAL irresistível – Ocorre quando uma pessoa coage outra a praticar
determinado crime, sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave. Obs.: A
coação FÍSICA irresistível NÃO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coação FÍSICA
irresistível EXCLUI O FATO TÍPICO, por ausência de vontade (ausência de
conduta).
▪ Obediência hierárquica – É o ato cometido por alguém em cumprimento a uma
ordem não manifestamente ilegal proferida por um superior hierárquico. Obs.:
prevalece que só se aplica aos funcionários públicos.

6 ERRO
ERRO DE TIPO ESSENCIAL – O agente pratica um fato considerado típico, mas o faz
por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. É a representação errônea da
realidade. O erro de tipo pode ser:
▪ Escusável – Quando o agente não poderia conhecer, de fato, a presença do
elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas condições, cometeria o mesmo
erro.
▪ Inescusável – Ocorre quando o agente incorre em erro sobre elemento essencial
do tipo, mas poderia, mediante um esforço mental razoável, não ter agido desta
forma.

OBS.: Erro de tipo permissivo - O erro de “tipo permissivo” é o erro sobre os


pressupostos objetivos de uma causa de justificação (excludente de ilicitude).

ERRO DE TIPO ACIDENTAL - O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na
execução do fato criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado.
Pode ser:

Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui o agente pratica o ato contra pessoa
diversa da pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do
delito. Não existe falha na execução, mas na escolha da vítima. CONSEQUÊNCIA - O
agente responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA
(teoria da equivalência).

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Erro sobre o nexo causal - O agente alcança o resultado efetivamente pretendido,
mas em razão de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode
ser de duas espécies:
▪ Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Com um só ato, provoca o
resultado pretendido (mas com nexo causal diferente).
▪ Dolo geral ou aberratio causae – Também chamado de DOLO GERAL OU
SUCESSIVO. Ocorre quando o agente, acreditando já ter ocorrido o resultado
pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que este último foi o que
provocou o resultado. CONSEQUÊNCIA: Responde por apenas um crime (há
posições em contrário), pelo crime originalmente previsto (TEORIA UNITÁRIA
ou princípio unitário). Responde, ainda, de acordo com o nexo causal
efetivamente ocorrido.

Erro na execução (aberratio ictus) - Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela
que fora visada, não por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR O
DELITO. Pode ser de duas espécies:
▪ Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus de resultado
único ou em sentido estrito) - O agente atinge somente a pessoa diversa
daquela visada.
▪ Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio ictus de
resultado duplo ou em sentido amplo) - O agente atinge a vítima não visada,
mas atinge também a vítima originalmente pretendida. Nesse caso, responde
pelos dois crimes, em CONCURSO FORMAL.

Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou


aberratio criminis) - Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente
ou erro na execução, acaba cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa
(ou coisa x pessoa). Pode ser de duas espécies:
▪ Com unidade simples - O agente atinge apenas o resultado NÃO PRETENDIDO.
O agente responde apenas por um delito, da seguinte forma:
➢ Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em relação à pessoa
(tentativa de homicídio ou lesões corporais).
➢ Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo resultado
ocorrido em relação à pessoa.

▪ Com unidade complexa - O agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto
a coisa (ou pessoa) não pretendida. Responderá por AMBOS OS CRIMES, em
CONCURSO FORMAL.

Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui o agente incide em erro sobre a COISA
visada, sobre o objeto material do delito. Prevalece que não há qualquer relevância
para fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a
culpabilidade. CONSEQUÊNCIA: A doutrina majoritária (há divergência) sustenta que

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o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da
coisa visada).

ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro determinado (ou provocado) por


terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. Só responde pelo delito aquele
que provoca o erro (modalidade de autoria mediata).

ERRO DE PROIBIÇÃO - Quando o agente age acreditando que sua conduta não é
ilícita, comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). O erro de proibição pode ser:
▪ Escusável – Qualquer pessoa, nas mesmas condições, cometeria o mesmo erro.
Afasta a culpabilidade (agente fica isento de pena).
▪ Inescusável – O erro não é tão perdoável, pois era possível, mediante algum
esforço, entender que se tratava de conduta penalmente ilícita. Não afasta a
culpabilidade. Há diminuição de pena de um sexto a um terço.

OBS.: Erro de proibição indireto - ocorre quando o agente atua acreditando que
existe uma causa de justificação que o ampare. Diferença entre erro de proibição
indireto e erro de tipo permissivo:
▪ Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, no caso concreto,
estão presentes os requisitos fáticos que caracterizam a causa de justificação
e, portanto, sua conduta seria justa.
▪ Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que existe, EM
ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificação) que autorize sua
conduta. Trata-se de erro sobre a existência e/ou limites de uma causa de
justificação em abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento jurídico (erro
normativo).

7 CONCURSO DE PESSOAS
Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma infração penal.
Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou mitigada): todos
aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo crime, mas cada
um na medida de sua culpabilidade. Há exceções à teoria monista (Ex.: aborto
praticado por terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde pelo crime
do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124).
Espécies:
▪ EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma
pessoa.
▪ NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de
uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta
unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma
finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas
convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade

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os agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado
pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes
praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa)
Requisitos
▪ Pluralidade de agentes - É necessário que tenhamos mais de uma pessoa a
colaborar para o ato criminoso.
▪ Relevância causal da colaboração – A participação do agente deve ser
relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração que em
nada contribui para o resultado é um indiferente penal.
▪ Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É necessário que a colaboração dos
agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido adesão de
um à conduta do outro. Trata-se do princípio da convergência.
▪ Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes (identidade
de infração penal) – As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo
juridicamente unitário.
▪ Existência de fato punível – Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é
necessário que o fato praticado pelos agentes seja punível, o que de um modo
geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou
crime tentado.

Modalidades
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva), por meio
da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo
do tipo penal. Todos os demais são partícipes.
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale de outra
pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática de um delito. Pode ocorrer
quando:
▪ O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
▪ O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coação moral irresistível)

Tópicos importantes:
▪ Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que o autor
MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo penal.
▪ Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão própria –
Impossibilidade de se executar o delito por interposta pessoa
▪ AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, embora não sendo
autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio EQUIPARADO à figura da
autoria.

Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as hipóteses de autoria mediata.
Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de decisão sobre a empreitada
criminosa. Pode se dar por:

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▪ Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta prevista no
tipo penal
▪ Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta diretamente, mas
é o "senhor do crime", controlando a vontade do executor, que é um mero
instrumento do delito (hipótese de autoria mediata).
▪ Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma função essencial
e indispensável ao sucesso da empreitada criminosa, que é dividida entre
os comparsas, cabendo a cada um uma parcela significativa, essencial e
imprescindível.

Tópicos importantes
▪ Não se admite coautoria nos crimes de mão própria
▪ Doutrina ligeiramente majoritária entende ser cabível coautoria em crimes
culposos
▪ Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato
▪ Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos

PARTICIPAÇÃO
Espécies
• Moral – O agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga
ou induz alguém a praticar o crime.
• Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta
auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática do crime, seja
fornecendo auxílio para a fuga, etc.

Punibilidade do partícipe – Adoção da teoria da acessoriedade: Como a conduta do


partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é principal), o
partícipe deve responder pela conduta principal (na medida de sua culpabilidade).
OBS.: A Doutrina majoritária defende que foi adotada a teoria da acessoriedade
limitada, exigindo-se que o fato seja típico e ilícito para que o partícipe responda pelo
crime.

Participação de menor importância - redução da pena de 1/6 a 1/3


Participação inócua - Não é punível
Participação em crime culposo – Controvertido. STJ entende que não cabe
participação em crime culposo. Doutrina se divide: parte entende que cabe
participação culposa em crime culposo, outra parte entende que não cabe participação
nenhuma (nem culposa nem dolosa) em crime culposo. UNANIMIDADE: não cabe
participação dolosa em crime culposo.

COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS


▪ As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam
▪ As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam

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▪ As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas

COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA


Também chamada de “participação em crime menos grave” ou “desvio subjetivo de
conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas
durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave.
CONSEQUÊNCIA: agente responde pelo crime menos grave (que quis praticar).
A pena, contudo, poderá ser aumentada até a metade, caso tenha sido previsível a
ocorrência do resultado mais grave.

“Multidão delinquente” ou “multidão criminosa - Aqueles atos em que inúmeras


(incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito.

8 CONCURSO DE CRIMES
O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, concurso
material e crime continuado.
Há, também, três sistemas de aplicação da pena:
• Sistema do cúmulo material – É aplicada a pena correspondente ao
somatório das penas relativas a cada um dos crimes cometidos
isoladamente.
• Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente a pena da
infração penal mais grave, acrescida de determinado percentual.
• Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração penal mais
grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento.

CONCURSO MATERIAL
Conceito – Aqui o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais
resultados.
Espécies:
▪ Homogêneo - Quando todos os crimes praticados são idênticos
▪ Heterogêneo - Quando os crimes praticados são diferentes
Sistema de aplicação da pena
Aplica-se o sistema do CÚMULO MATERIAL.

CONCURSO FORMAL
Conceito – Aqui o agente pratica uma só conduta e produz dois ou mais resultados.
Espécies:
▪ Homogêneo - Quando todos os crimes praticados são idênticos
▪ Heterogêneo - Quando os crimes praticados são diferentes

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▪ Perfeito (próprio) – Aqui o agente pratica uma única conduta e acaba por
produzir dois resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou seja,
não há desígnios autônomos (intenção de, com uma única conduta, praticar
dolosamente mais de um crime).
▪ Imperfeito (impróprio) – Aqui o agente se vale de uma única conduta
para, dolosamente, produzir mais de um crime.
Sistema de aplicação da pena
REGRA – Sistema da exasperação: pena do crime mais grave, aumentada
(exasperada) de 1/6 até a metade
Como definir a quantidade de aumento? De acordo com a quantidade de crimes
praticados
EXCEÇÕES
▪ Concurso formal impróprio (imperfeito) – Neste caso, aplica-se o sistema do
cúmulo material
▪ Cúmulo material benéfico – Ocorre quando o sistema da exasperação se
mostra prejudicial ao réu

CRIME CONTINUADO
Conceito – Hipótese na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou
mais crimes, que por determinadas condições são considerados pela Lei (por uma
ficção jurídica) como crime único.
OBS.: Em relação à prescrição não há ficção jurídica, de maneira que as condutas serão
consideradas autonomamente (a prescrição incidirá sobre cada crime individualmente).
Requisitos:
▪ Pluralidade de condutas
▪ Pluralidade de crimes da mesma espécie
▪ Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras
semelhanças

❖ O que seriam crimes da mesma espécie? A corrente que prevalece, inclusive


no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo
dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou
tentados. Além disso, devem tutelar o mesmo bem jurídico.
Conexão entre as condutas delitivas
▪ Conexão temporal - Exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma
época. JURISPRUDÊNCIA: como regra, os crimes não podem ter sido cometidos
em um lapso temporal superior a 30 dias.
▪ Conexão espacial – Os crimes devem ser cometidos no mesmo local.
JURISPRUDÊNCIA: os crimes devem ter sido cometidos na mesma cidade, ou,
no máximo, na mesma região metropolitana.
▪ Conexão modal – Os crimes devem ter sido praticados da mesma maneira, com
o mesmo modus operandi, seja pelo modo de execução, pela utilização de
comparsas, etc.

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▪ Conexão ocasional - Não possui previsão expressa na Lei, mas parte da
Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham
proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes subsequentes.

Espécies e sistemas de aplicação da pena


Em todos se aplica o sistema da exasperação, da seguinte forma:
▪ Crime continuado simples – Todos os crimes possuem a mesma pena. Nesse
caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3
▪ Crime continuado qualificado - As penas dos delitos praticados são diferentes,
de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3
▪ Crime continuado específico – Ocorre nos crimes dolosos cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes. O Juiz poderá
aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o
triplo.
OBS.: Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o
sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do
cúmulo material.

CONCURSO DE CRIMES

CONCURSO Pluralidade de CÚMULO


MATERIAL condutas e de MATERIAL
crimes (somatório das
penas)
CONCURSO Unidade de Sistema da OBS.: Aplica-se o
FORMAL conduta e EXASPERAÇÃO, sistema do cúmulo
PRÓPRIO pluralidade de de 1/6 até a material benéfico se a
crimes metade exasperação for mais
prejudicial ao
acusado.
CONCURSO Unidade de CÚMULO
FORMAL conduta e MATERIAL
IMPRÓPRIO pluralidade de (somatório das
crimes – HÁ penas)
DESÍGNIOS
AUTÔNOMOS
CRIME ▪ Pluralidade Sistema da
CONTINUADO de crimes da EXASPERAÇÃO:
SIMPLES mesma espécie pena de um deles
(e que protejam + acréscimo de
o mesmo bem 1/6 a 2/3
jurídico
▪ Conexão
entre os delitos

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▪ Penas são
as mesmas
CRIME ▪ Pluralidade Sistema da OBS.: Aplica-se o
CONTINUADO de crimes da EXASPERAÇÃO: sistema do cúmulo
QUALIFICADO mesma espécie pena do mais material benéfico se a
(e que protejam grave + exasperação for mais
o mesmo bem acréscimo de 1/6 prejudicial ao
jurídico a 2/3 acusado.
▪ Conexão
entre os delitos
▪ Penas dos
delitos são
diversas
CRIME ▪ Pluralidade Sistema da OBS.: Aplica-se o
CONTINUADO de crimes da EXASPERAÇÃO, sistema do cúmulo
ESPECÍFICO mesma espécie de 1/6 até o material benéfico se a
(e que protejam triplo exasperação for mais
o mesmo bem prejudicial ao
jurídico acusado.
▪ Conexão
entre os delitos
▪ Crimes
necessariamente
dolosos,
praticados
contra vítimas
diferentes,
mediante
violência ou
grave ameaça à
pessoa

Crime continuado e conflito de leis penais no tempo - Se durante a execução do


crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última será aplicada, pois
se considera que o crime continuado está sendo praticado enquanto não cessa a
continuidade delitiva (súmula 711 do STF).
Crime continuado e prescrição - Por haver mera ficção jurídica apenas para fins de
aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação a cada crime isoladamente.
Crime continuado e pena de multa – Divergência. Doutrina majoritária entende que
as penas de multa são aplicadas distinta e isoladamente (cumulativamente), conforme
prevê o CP. Jurisprudência majoritária (STJ inclusive) e doutrina minoritária
sustentam que não se aplica o cúmulo material em relação à pena de multa.

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9 TEORIA DA PENA
9.1INTRODUÇÃO
CONCEITO - A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá ao
indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida, e consiste na privação ou
restrição de um bem jurídico do condenado (liberdade, patrimônio, etc.), de forma a
castigá-lo e reeducá-lo (adoção da teoria mista, unificadora, eclética ou unitária -
dupla finalidade: punição e prevenção).

PRINCÍPIOS
a) Reserva legal ou legalidade estrita – A pena deve estar prevista em Lei Formal.
b) Anterioridade – A pena deve estar prevista em Lei anterior ao fato.
c) Intranscendência da pena – A pena não pode passar da pessoa do condenado.
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena – Uma vez aplicada, não pode
deixar de ser executada. Há exceções (Ex.: Sursis).
e) Princípio da humanidade ou humanização das penas – A pena não pode
desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, violando sua integridade física ou
moral, e também não pode ser de índole cruel, desumano ou degradante (art. 5°, XLIX
e XLVII da Constituição);
f) Princípio da proporcionalidade – A sanção aplicada pelo Estado deve ser
proporcional à gravidade da infração cometida e também deve ser suficiente para
promover a punição ao infrator e sua reeducação social.
g) Princípio da individualização da pena – A pena deve ser aplicada de maneira
individualizada para cada infrator em cada caso específico. Essa individualização se dá
em três fases distintas: a) cominação; b) aplicação; c) Na terceira e última fase
temos a aplicação deste princípio na execução da pena;

9.2ESPÉCIES
São adotadas no sistema penal brasileiro:
Privativas de liberdade – Retiram do condenado o direito à liberdade de locomoção,
por determinado período (é vedada pena de caráter perpétuo, art. 5°, XLVII, b da
Constituição).
Restritivas de direitos – Em substituição à pena privativa de liberdade, limitam
(restringem) o exercício de algum direito do condenado.
Pena de multa – Recai sobre o patrimônio financeiro do condenado.

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RECLUSÃO

PRIVATIVAS DE DETENÇÃO
LIBERDADE

PRISÃO SIMPLES

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
ESPÉCIES
DE PENAS PERDA DE BENS E
VALORES

RESTRITIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À


DIREITOS COMUNIDADE

INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA
DE DIREITOS
MULTA
LIMITAÇÃO DE FINAL DE
SEMANA

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE


Regimes de cumprimento
▪ Fechado - Execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média.
▪ Semiaberto - Execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar. E se não houver vaga? Vai para o regime aberto.
▪ Aberto - Execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
E se não houver vaga? STF e STJ: Não pode ser prejudicado, de forma que
deve ser permitido que cumpra a pena em prisão domiciliar.

OBS.: Natureza da pena:


Pena de reclusão – Qualquer regime inicial
Pena de detenção – Regime inicial somente semiaberto ou aberto

Regras para fixação do regime inicial


Leva em conta a quantidade de pena aplicada, reincidência e circunstâncias judiciais:
Regra:
▪ Condenado a pena superior a 8 (oito) anos – Regime inicial fechado.
▪ Condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e
não exceda a 8 (oito) – Pode ser fixado regime inicial semiaberto.
▪ Condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos - Pode ser fixado regime inicial aberto.
Observações importantes:

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▪ É possível fixar regime inicial semiaberto aos reincidentes condenados a pena
igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais (súmula
269 do STJ).
▪ A opinião do julgador sobre a gravidade ABSTRATA do delito não é fundamento
para aplicar regime mais severo que o previsto (súmula 718 do STF)
▪ A fixação de regime inicial mais severo exige motivação IDÔNEA (súmula 719 do
STF)
▪ Gravidade CONCRETA da conduta é considerada motivação idônea.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


Também chamadas de “penas alternativas”, pois se apresentam como uma alternativa
à aplicação da pena privativa de liberdade, muitas vezes desnecessária no caso
concreto.
Características
▪ Autonomia - Impossibilidade de serem aplicadas cumulativamente com a pena
privativa de liberdade.
▪ Substitutividade - Não são previstas como pena originária para nenhum
crime no Código Penal, sendo aplicadas de maneira a substituir uma pena
privativa de liberdade originariamente imposta, quando presentes os requisitos
legais.

Requisitos:
REQUISITOS OBJETIVOS
Natureza do crime Só pode haver substituição nos casos de crimes
culposos (todos eles) ou no caso de crimes
dolosos, desde que, nesse último caso, não
tenha sido o crime cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa (ex.: Não caberia
substituição no caso de homicídio).
Quantidade de A pena aplicada, no caso de crimes dolosos, não
pena aplicada pode ser superior a quatro anos. No caso de
crimes culposos, pode haver a substituição
qualquer que seja a pena aplicada.

REQUISITOS SUBJETIVOS
Não ser OBS.1: Se o condenado for reincidente em crime
reincidente em culposo, poderá haver a substituição.
crime doloso OBS.2: Entretanto, excepcionalmente, mesmo
se o condenado for reincidente em crime doloso,
poderá haver a substituição, desde que a medida
seja socialmente recomendável (análise das
características do fato criminoso e do infrator) e

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não se trate de reincidência específica
(reincidência no mesmo crime), conforme previsão
do art. 44, § 3° do CP.
Suficiência da A pena restritiva de direitos deve ser suficiente
medida (princípio para garantir o alcance das finalidades da pena
da suficiência) (punição e prevenção, geral e especial).
Esquema:
CRIMES
CULPOSOS =
NATUREZA SEMPRE
SOMENTE SE NÃO
DO DELITO FOR PRATICADO
CRIMES COM VIOLÊNCIA OU
DOLOSOS? GRAVE AMEAÇA À
REQUISITOS PESSOA
OBJETIVOS CRIMES
CULPOSOS =
SEMPRE
QUANTIDADE DE
PENA APLICADA
CRIMES SOMENTE SE A PENA
SUBSTITUIÇAO DA NÃO FOR SUPERIOR
PENA PRIVATIVA DOLOSOS A 04 ANOS
DE LIBERDADE
NÃO SEJA
REINCIDÊNCIA
REINCIDENTE EM ESPECÍFICA
NÃO
CRIME DOLOSO
REINCIDÊNCIA EM
PODE? SIM, desde
CRIME DOLOSO MEDIDA SEJA
REQUISITOS que:
SOCIALMENTE
SUBJETIVOS RECOMENDÁVEL
MEDIDA SEJA
SUFICIENTE

Regras da substituição
Pena igual ou inferior a um ano = Substituição por multa ou uma pena restritiva de
direitos.
Pena superior a um ano = Substituição por pena de multa e uma pena restritiva de
direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de serem aplicadas duas restritivas
de direitos, o condenado poderá cumpri-las simultaneamente, se forem compatíveis,
ou sucessivamente, se incompatíveis (art. 69, § 2° do CP).

Reconversão
▪ Obrigatória - Descumprimento injustificado da restrição imposta.
▪ Facultativa – Superveniência de nova condenação à pena privativa de liberdade,
por outro crime. Pode deixar de reconverter se for possível cumprir ambas
simultaneamente.

Observações importantes:
Não se admite a reconversão se o condenado deixa de pagar a pena de multa.
Não se deve confundir pena de MULTA com pena de PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA.
A primeira é uma modalidade de pena, a outra é uma espécie de pena RESTRITIVA

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DE DIREITOS. No primeiro caso, NÃO É POSSÍVEL A CONVERSÃO EM PRISÃO pelo
não pagamento. No segundo caso é POSSÍVEL, conforme entendimento do STJ.

Espécies de penas restritivas de direitos


Prestação pecuniária – Consiste no pagamento em dinheiro à vítima da infração
penal, a seus dependentes, ou ainda, a entidade pública ou privada com finalidade
social, em montante fixado pelo Juiz entre 01 (um) e 360 (trezentos e sessenta)
salários mínimos. Este valor pago será deduzido de eventual valor a ser pago em
razão de condenação na esfera cível, SE OS BENEFICIÁRIOS FOREM OS
MESMOS.
Perda de bens e valores – Em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor tem
como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou o proveito do crime.
OBS.: Não confundir com o confisco, que é mero efeito secundário da condenação, e
recai sobre o patrimônio ilícito, bem como sobre os instrumentos do crime (apenas se
se tratar de coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.).
Limitação de fim de semana - Consiste na obrigação de permanecer, aos finais de
semana (sábados e domingos), por 05 horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado. Neste período, poderão ser ministrados ao condenado
cursos e palestras, bem como ser atribuídas atividades educativas.
Prestação de serviços à comunidade - Atribuição de tarefas gratuitas, e de acordo
com as aptidões do condenado, em favor da comunidade ou de entidades públicas (em
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos
congêneres, em programas comunitários ou estatais), ou privadas com destinação
social (entendimento doutrinário). Cabível para as condenações superiores a seis meses
de privação da liberdade. O sistema de cumprimento adotado pelo CP é o da hora-
tarefa, ou seja, cada hora de tarefa realizada será computada como um dia da
condenação. Se superior a 01 ano, pode ser cumprida em menor tempo, mas nunca
inferior à metade.
Interdição temporária de direitos – Consiste na limitação temporária de alguns
direitos do condenado, e pode ser de diversas ordens:
(a) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como
de mandato eletivo - só pode ser aplicada quando o crime for cometido no exercício
do cargo ou função pública
(b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam
de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público – só pode
ser aplicada quando o crime for cometido no exercício de atividade que dependa de
habilitação especial, licença ou autorização do poder público.
(c) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo – somente
se aplica nos casos de crimes culposos cometidos no trânsito (CTB também trata
deste tema).
(d) proibição de frequentar determinados lugares – Impossibilita o condenado
de frequentar certos lugares, e deve ter relação com o fato praticado (Ex.: proibir
um valentão, membro de torcida organizada, de frequentar estádios de futebol).

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(e) proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos -
em se tratando de uma pena substitutiva, esta pena terá como duração o mesmo
período da pena privativa de liberdade aplicada.

PENA DE MULTA
Conceito - Modalidade de pena que consiste no pagamento de determinada quantia
em dinheiro e destinada ao Fundo Penitenciário Nacional.
Fixação – Bifásico. O critério utilizado para a fixação da pena de multa é o do dia-
multa.
Primeiro fixa a quantidade de dias-multa – Entre 10 e 360 dias-multa (com base
nas circunstâncias judiciais do art. 59)
Depois fixa o valor do dia-multa – Deve variar entre 1/30 (um trigésimo) e 5 vezes
o valor do maior salário mínimo vigente à época do fato (com base na situação
econômica do condenado).
OBS.: A pena de multa pode ser aumentada até o triplo, caso se mostre insuficiente
(de acordo com a situação financeira do condenado).

Tópicos importantes
▪ O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a contar do trânsito
em julgado da sentença.
▪ Juiz pode, considerando as circunstâncias e a requerimento do condenado,
permitir o parcelamento.
▪ Pode ser descontada diretamente na remuneração do condenado, salvo na
hipótese de ter sido aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade.
▪ Não pode incidir sobre recursos indispensáveis ao sustento do infrator e de sua
família.
▪ Não sendo paga, será considerada dívida de valor, devendo ser executada
pelo procedimento de cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública
▪ Em caso de sobrevir doença mental ao condenado é suspensa a execução da
pena de multa
▪ Em caso de morte do condenado, NÃO passa aos herdeiros. Neste caso,
fica extinta a punibilidade

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9.3APLICAÇÃO DA PENA
Aplicação das penas privativas de liberdade
Sistema adotado – Sistema trifásico
SISTEMA TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE
• Fixação da pena-base
• Aplicação de agravantes e atenuantes
• Aplicação de causas de aumento e diminuição da pena

Fixação da pena base


O Juiz fixa a pena base do condenado, considerando as chamadas “circunstâncias
judiciais”. São elas:
▪ Culpabilidade
▪ Antecedentes do réu
▪ Conduta social do réu
▪ Personalidade do réu
▪ Motivos determinantes do delito
▪ Circunstâncias e consequências do crime,
▪ Comportamento da vítima
OBS.: Nesta etapa, ainda que as circunstâncias judiciais sejam extremamente
favoráveis ao condenado, não pode o Juiz fixar a pena-base abaixo do mínimo
legal.
OBS.: As circunstâncias judiciais possuem um caráter subsidiário, ou seja, só podem
ser levadas em consideração se não tiverem sido consideradas na previsão do tipo
penal e não constituam circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de
aumento e diminuição da pena (visando evitar bis in idem, ou seja, dupla punição
pela mesma circunstância).
OBS.: Na fixação da pena-base, o Juiz deve partir do mínimo legal, e só poderá sair
desse patamar se estiverem presentes circunstâncias desfavoráveis, devendo
fundamentar a sua decisão.

Tópicos importantes
Maus antecedentes – O STJ e o STF entendem que a mera existência de Inquéritos
Policiais e ações penais em curso, sem trânsito em julgado, não podem ser
considerados como maus antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria
violação ao princípio da presunção de inocência (súmula 444 do STJ). OBS.: Há possível
indicação de mudança de entendimento, a partir do julgamento do HC 126.292 (STF).
Condenação anterior – Não pode ser considerada como mau antecedente, pois já é
considerada como reincidência (agravante).

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Consequências do crime - Para que possam caracterizar circunstância judicial apta
a aumentar pena base, devem ser consequências que não sejam aquelas naturais do
delito.
Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou fixação de regime de
cumprimento de pena mais gravoso – Não pode o julgador aumentar a pena base
apenas por entender que o delito é, abstratamente, grave.

Segunda fase: agravantes e atenuantes


São circunstâncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada inicialmente (pena-
base).
➢ As agravantes genéricas estão previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e SÃO UM ROL
TAXATIVO (somente aquelas).
➢ As atenuantes genéricas (favoráveis ao réu) estão previstas no art. 65 do CP, e
são um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO
➢ A Lei Penal não estabelece uma quantidade de diminuição ou aumento que deva
ser aplicada. Esse critério é do Juiz.
➢ A Doutrina entende, ainda, que as agravantes só se aplicam aos crimes dolosos
(majoritária), exceto a agravante da reincidência.
➢ Agravantes e atenuantes não podem conduzir a pena abaixo do mínimo ou acima
do máximo legal.

Reincidência
Conceito – Ocorre quando o agente pratica novo crime após ter sido condenado
anteriormente por outro crime. Também ocorre reincidência quando o agente pratica
contravenção tendo sido anteriormente condenado por crime ou contravenção.
E se o agente pratica crime após ter sido condenado anteriormente por
contravenção? Em razão de falha legislativa, deve ser considerado primário.
INFRAÇÃO INFRAÇÃO RESULTADO
ANTERIOR POSTERIOR
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE
CONTRAVENÇÃO CRIME PRIMÁRIO

OBS.: A reincidência só ocorrerá se o crime novo for praticado no período de até cinco
anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE EXTINGUIU (e não a data da
sentença), computando-se o período de prova da suspensão condicional da pena ou do
livramento condicional, se não tiver havido revogação. ESSE PERÍODO SE CHAMA
PERÍODO DEPURADOR.
OBS.: Os crimes militares e os crimes políticos não geram reincidência no campo penal
comum.

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Tópicos importantes sobre a segunda fase de aplicação da pena
Coexistência de circunstâncias agravantes e atenuantes. Preponderância:
• Menoridade do agente (ser menor de 21 anos à época do fato) –
PREPONDERA SOBRE TODAS!
• Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincidência.
• Outras circunstâncias
E se forem do mesmo patamar? Haverá a compensação da agravante com a
atenuante.
STJ - É possível a compensação entre a agravante da reincidência com a
atenuante da confissão espontânea (REsp 1360952/DF). O Juiz pode deixar de
compensar, fazendo preponderar a reincidência, diante das circunstâncias
(multirreincidente, por exemplo).

Terceira fase: causas de aumento e diminuição


As causas de aumento e diminuição são obrigatórias ou facultativas (dependendo do
caso), podendo estar previstas na parte geral ou na parte especial (genéricas ou
específicas), podendo, ainda, ser fixas ou variáveis.
OBS.: Aqui a pena pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo legal previsto no
tipo penal.
Coexistência de causas de aumento e diminuição
Se forem de natureza diversa aplicam-se ambas (aplicam-se primeiro as causas de
aumento, e depois, as causas de diminuição).
Em sendo da mesma natureza, o Juiz deve proceder conforme o quadro abaixo:
Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar
CONCURSO ENTRE ambas
CAUSAS DE Ambas da parte O Juiz aplica a causa
AUMENTO especial que mais aumente
(art. 68, § único do
CP)
Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial
CONCURSO ENTRE Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar
CAUSAS DE ambas
DIMINUIÇÃO
Ambas da parte O Juiz aplica a causa
especial que mais diminua
(art. 68, § único do
CP)

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Uma da parte geral e Aplicam-se ambas
outra da parte
especial

Disposições finais
Máximo de cumprimento de pena – O CP estabelece limite máximo de cumprimento
de pena, que é de 30 anos. Isso não impede que a pessoa seja condenada a período
superior a este.
E se durante o cumprimento da pena o agente é condenado por nova infração,
sendo-lhe aplicada nova pena privativa de liberdade? Nesse caso, aplica-se uma
nova unificação das penas, de forma a começar, do zero, um novo prazo de 30 anos.

9.4SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS


Conceito - Benefício concedido ao condenado em determinadas circunstâncias, de
forma que ele não cumpre a pena, mas se submete a um período de fiscalização.
Requisitos objetivos
▪ Natureza da pena aplicada – A pena aplicada deve ser privativa de liberdade.
▪ Quantidade da pena aplicada – A pena aplicada não pode ser superior a
dois anos (regra). Se o condenado, porém, for maior de 70 anos (sursis etário)
ou enfermo (sursis humanitário), admite-se a suspensão condicional da pena
que não ultrapasse 04 anos (art. 77, § 2° do CP). Nos crimes ambientais, o
sursis pode ser aplicado aos condenados à pena não superior a três anos.
▪ A pena privativa de liberdade não deve ter sido substituída por restritiva
de direitos – Sursis só cabe quando não for possível a substituição por penas
restritivas de direitos.
Requisitos subjetivos
▪ Não reincidência em crime doloso – Esta é a regra. EXCEÇÃO: Se a pena
aplicada tiver sido a de multa, poderá haver a suspensão condicional da pena.
▪ As circunstâncias pessoais do agente sejam favoráveis, autorizando a
concessão do benefício

Espécies de sursis
▪ Simples – O condenado não reparou o dano e as circunstâncias judiciais (art. 59
do CP) não lhe são muito favoráveis. É o sursis comum, a regra.
▪ Especial – Aqui o condenado reparou o dano (ou não teve possibilidade de fazê-
lo) e as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) lhe são inteiramente favoráveis.
Nessa hipótese o condenado não precisa, no primeiro ano, se submeter à
prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana (serão
substituídas pelas condições do art. 78, §2º do CP).

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Revogação do Sursis
Obrigatória – Ocorrerá nos casos de:
▪ Condenação, por sentença irrecorrível, por crime doloso. OBS.: Jurisprudência:
se foi imposta apenas a multa por esse novo crime, não há revogação obrigatória.
▪ Não reparação do dano ou não pagamento da pena de multa (quando for possível
ao agente pagar)
▪ Descumprimento de condição imposta (condições do art. 78, §1º do CP)
Facultativa – Ocorrerá nos casos de:
▪ Descumprimento de outras condições (afora as do art. 78, §1º do CP)
▪ Condenação irrecorrível por crime culposo ou contravenção - É necessário que a
pena aplicada tenha sido restritiva de direitos ou privativa de liberdade.

Prorrogação do período de prova


Ocorrerá em duas hipóteses:
▪ Beneficiado está sendo processado por outro crime ou contravenção –
Prorrogação obrigatória e automática.
▪ Ocorrendo situação que autorize a revogação FACULTATIVA, caso o Juiz
opte por não revogar, pode estender o prazo do sursis até o máximo,
caso já não tenha estendido antes – Prorrogação facultativa e não
automática.

OBS.: Durante o período de PRORROGAÇÃO, embora o condenado ainda esteja


cumprindo o sursis, não permanecem as obrigações legais (Doutrina majoritária).
OBS.: Cumpridas todas as condições, expirando-se o prazo sem revogação, estará
extinta a punibilidade do condenado.

9.5LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito - Benefício concedido aos condenados a penas privativas de liberdade
superiores a dois anos, que permite a antecipação de sua liberdade.
Requisitos objetivos
Quantidade da pena - A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a dois anos.
Parcela da pena já cumprida - A pena já deve ter sido razoavelmente cumprida. O
montante da pena já cumprida irá variar conforme as condições do crime e do
condenado:
▪ Condenado não reincidente em crime doloso e que possua bons
antecedentes – Cumprimento de 1/3 da pena (Livramento Condicional
simples).
▪ Condenado reincidente em crime doloso – Cumprimento de mais da metade
da pena (Livramento Condicional Qualificado).
▪ Condenado por crime hediondo, equiparado a hediondo (prática de
tortura e tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins), tráfico de
pessoas ou terrorismo, desde que não seja reincidente em crime desta

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natureza – Cumprimento de 2/3 da pena (Livramento condicional
específico).

OBS.: Reincidente em crime hediondo, equiparado a hediondo (prática de tortura e


tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins), tráfico de pessoas ou terrorismo não
pode ser beneficiado com o Livramento Condicional.

OBS.: Condenado não reincidente em crime doloso, mas também não possui
bons antecedentes – STJ: deve ser adotada a posição mais favorável ao réu,
permitindo-se a concessão do Livramento Condicional Simples.

Reparação do dano – Requisito dispensado no caso de impossibilidade de reparação


e no caso de a vítima não ser encontrada para ser indenizada, ou ainda, demonstrar
desinteresse na reparação.

Requisitos subjetivos
Bom comportamento durante a execução da pena, aptidão para prover a subsistência
e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribuído
OBS.: No caso de crime doloso cometido com violência ou grave ameaça à pessoa é
necessária, ainda, uma análise acerca da possibilidade de o condenado voltar a
delinquir.

Revogação
Obrigatória – Ocorre no caso de:
Condenação irrecorrível, a pena privativa de liberdade:
▪ Por crime cometido durante o benefício
▪ Por crime anterior – Neste caso, só será revogado se a soma das penas formar
um montante que impedisse a concessão do benefício
Revogação facultativa – Ocorre nos casos de:
▪ Descumprimento de condição imposta
▪ Condenação irrecorrível por crime ou contravenção, sendo aplicada pena não
privativa de liberdade

OBS.: A revogação impede nova concessão do benefício? Sim.


OBS.: O tempo em que o condenado esteve solto (em livramento condicional)
é abatido na pena privativa de liberdade que voltará a cumprir? Em regra, não.
EXCEÇÃO: no caso de revogação pela condenação por crime anterior.

Extinção da punibilidade – Se, esgotado o prazo, o Livramento Condicional não tiver


sido revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade e, por conseguinte,
extinta a punibilidade.

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MEDIDAS DE SEGURANÇA
Conceito – Espécie de sanção penal aplicável àqueles que, embora tendo cometido
fato típico e ilícito, são inimputáveis ou semi-imputáveis em razão de problemas
mentais. Assim, é possível a aplicação de medida de segurança a agentes culpáveis
(semi-imputáveis).
Espécies – Internação e tratamento ambulatorial. O STJ possui algumas decisões no
sentido de que a modalidade de medida de segurança deve ser aplicada de acordo com
as necessidades médicas do agente.
Prazo – A sentença deve fixar um prazo mínimo, findo o qual deverá haver um exame
para saber se cessou a periculosidade do agente.
OBS.: Embora o CP não estabeleça um prazo máximo para as medidas de segurança,
o STF e o STJ não aceitam isso. O STF entende que a medida de segurança não pode
ultrapassar 30 anos, que é o prazo máximo de uma pena privativa de liberdade. O
STJ entende que o prazo máximo da medida de segurança é o prazo máximo de
pena estabelecido (em abstrato) para o crime cometido (súmula 527 do STJ).

9.6EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Efeitos penais
Primário – pena
Secundários – Não são a finalidade principal da condenação, mas dela decorrem:
▪ Reincidência
▪ Inscrição do nome do réu no rol dos culpados

Extrapenais
Genéricos - Incidem sobre toda e qualquer condenação:
• Obrigação de reparar o dano
• Perda em favor da União dos instrumentos do crime (se seu porte for ilícito) e
dos produtos ou proveitos do crime
OBS.: São automáticos

Específicos – Recaem apenas sobre condenações relativas a determinados crimes, e


não a todos os crimes em geral.
▪ Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (a) nos crimes praticados com
abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública – pena
igual ou superior a 01 ano; b) Nos demais casos – pena superior a 04 anos.
▪ Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado.
▪ Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
OBS.: NÃO são automáticos

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REABILITAÇÃO
Conceito - É o instituto que visa à reinserção social do condenado, através do sigilo
referente às suas anotações criminais, bem como a suspensão condicional de
determinados efeitos secundários da condenação, de natureza extrapenal.
Abrangência – A reabilitação:
▪ Promove o sigilo referente às anotações criminais do reabilitado
▪ Promove a suspensão dos efeitos extrapenais secundários da condenação

Pressuposto - Que haja sentença condenatória transitada em julgado,


independentemente de qual pena foi aplicada (privativa de liberdade, multa, etc.).
Requisitos – Podem ser objetivos ou subjetivos:
• Requisitos objetivos – a) A extinção da pena (Pelo cumprimento ou por
outra forma) deve ter se dado há mais de dois anos; b) Deve o condenado
ter reparado o dano, ou provar que não pode fazê-lo ou que a vítima
renunciou a este direito;
• Requisitos subjetivos – a) Domicílio no país – O condenado deve ter
residido no Brasil no período de dois anos após a extinção da pena; b) Bom
comportamento público e privado – O condenado deve ter apresentado,
neste período de dois anos, um bom comportamento social.

Revogação - A reabilitação pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado seja


condenado, COMO REINCIDENTE, por decisão IRRECORRÍVEL, à pena que NÃO SEJA
DE MULTA.
Assim, três são os requisitos para a revogação:
▪ Condenação posterior
▪ À pena que não seja de multa
▪ Desde que o condenado seja reincidente

10 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Punibilidade – Possibilidade de o Estado exercer seu jus puniendi (poder-dever de
punir).
Extinção da punibilidade – Perda do direito de exercer o jus puniendi.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DIVERSAS DA PRESCRIÇÃO


Anistia - A anistia exclui o próprio crime, ou seja, o Estado determina que as condutas
praticadas (já praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos agentes não sejam
consideradas crimes. Concedida pelo Poder Legislativo. Só pode ser causa de extinção
total da punibilidade. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da condenação (ex.:
reincidência).

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Graça - Conferida de maneira individual. Não exclui o FATO criminoso em si, mas
apenas extingue a punibilidade em relação a determinados agentes. Sua concessão
cabe ao Presidente da República. Pode ser causa parcial de extinção da punibilidade.

Indulto - Conferida de maneira coletiva. Não exclui o FATO criminoso em si, mas
apenas extingue a punibilidade em relação a determinados agentes. Sua concessão
cabe ao Presidente da República. Pode ser causa parcial de extinção da punibilidade.

Abolitio criminis - Ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato como
crime. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da condenação (ex.: reincidência).

Renúncia x perdão do ofendido x perdão judicial – conforme quadro abaixo:

RENÚNCIA X PERDÃO DO OFENDIDO X PERDÃO JUDICIAL


PERDÃO DO RENÚNCIA PERDÃO JUDICIAL
OFENDIDO
Concedido pela Concedida pela Concedido pelo Estado
VÍTIMA VÍTIMA (Juiz)
Somente nos crimes Somente nos crimes Somente nos casos
de ação penal de ação penal previstos em Lei
privada privada
Depois de ajuizada a Antes do Na sentença
ação penal ajuizamento da ação
penal
Precisa ser aceito Não precisa ser Não precisa ser aceito
pelo infrator aceito pelo infrator pelo infrator

Decadência - Ocorre quando a vítima deixa de ajuizar a ação penal dentro do prazo,
ou quando deixa de oferecer a representação dentro do prazo. O prazo é de seis meses
a contar da data em que a vítima passa a saber quem foi o autor do fato.
Perempção - Extinção da ação penal privada pela negligência do ofendido na condução
da causa.
Retratação do agente – Somente nos casos em que a lei a admite. Ex.: difamação.

PRESCRIÇÃO
Conceito – Perda do jus puniendi pelo decurso do tempo.

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Espécies – Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória

Prescrição da pretensão punitiva


Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção penal ao agente
que praticou a conduta criminosa.
▪ Prazo prescricional – Calculado com base na pena máxima em abstrato
prevista para o delito.
▪ Início do prazo prescricional –
(1) do dia em que o crime se consumou
(2) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa
(3) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência
(4) nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro
civil, da data em que o fato se tornou conhecido
(5) nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, da data em
que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se já tiver sido proposta a ação
penal.

▪ Prescrição da pena de multa - Se a multa for prevista ou aplicada


isoladamente, o prazo será de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou
prevista cumulativamente com a pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo
de prescrição será o mesmo estabelecido para a pena privativa de liberdade.

Prescrição da pretensão punitiva superveniente (intercorrente)


Verifica-se DEPOIS da sentença penal condenatória, com base na pena efetivamente
aplicada, quando ocorre entre o trânsito em julgado da sentença condenatória para a
acusação e o trânsito em julgado da sentença condenatória em definitivo (tanto para a
acusação quanto para defesa).

Prescrição da pretensão punitiva retroativa


Quando, uma vez tendo havido o trânsito em julgado para a acusação, se chega à
conclusão de que, naquele momento, houve a prescrição da pretensão punitiva entre a
data da denúncia (ou queixa) e a sentença condenatória.
OBS.: Antes da Lei 12.234/10 havia possibilidade de ocorrência da prescrição retroativa
(com base na pena aplicada) entre a data do fato criminoso (ou outro marco inicial) e
o recebimento da denúncia ou queixa. Atualmente essa hipótese NÃO EXISTE
MAIS.

Interrupção da prescrição – Uma vez interrompido o prazo, volta a correr do zero.


Interrompem a prescrição:
• Recebimento da denúncia ou queixa
• Pronúncia

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• Decisão confirmatória da pronúncia
• Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis
• Início ou continuação do cumprimento da pena – não se estende aos
demais autores do delito. Só se aplica à prescrição da pretensão
executória
• Reincidência - não se estende aos demais autores do delito. Só se aplica
à prescrição da pretensão executória.

Prescrição da pretensão executória


Ocorre quando o Estado condena o indivíduo, de maneira irrecorrível, mas não
consegue fazer cumprir a decisão. Características:
▪ Tem como base a pena aplicada
▪ Início – (1) do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento
condicional; (2) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo
da interrupção deva computar-se na pena.

11 AÇÃO PENAL NO CÓDIGO PENAL


REGRA - A regra é a de que a ação penal seja pública, só sendo privada quando a lei
expressamente assim disser.
Espécies:
▪ Pública – O titular é o MP. Pode ser incondicionada ou condicionada (quando se
exige representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça para que a
ação possa ser ajuizada).
▪ Privada – O titular é o ofendido. Pode ser exclusiva (maioria dos casos) ou
personalíssima (hipótese rara. Neste caso, somente o próprio ofendido pode
ajuizar a ação penal, não passando este direito aos sucessores). Há, ainda, a
ação penal privada subsidiária da pública (o ofendido passa a ter, por um
determinado período, legitimidade para ajuizar ação penal privada em crime de
ação pública, porque o MP foi omisso).
Representação do ofendido – É irretratável após o oferecimento da denúncia. Deve
ser exercida dentro de seis meses, a contar da data em que o ofendido toma
conhecimento da autoria do delito.
Queixa - Deve ser exercida dentro de seis meses, a contar da data em que o ofendido
toma conhecimento da autoria do delito. Não pode ser exercido se houve renúncia
tácita ou expressa.
Perdão do ofendido – Uma vez oferecido e aceito, é causa de extinção da
punibilidade. Se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita (o querelado
pode se recusar a receber o perdão). Se concedido por um dos ofendidos, não prejudica
o direito dos outros. Pode ser tácito ou expresso, e pode ser oferecido até o trânsito
em julgado.

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12 CRIMES CONTRA A PESSOA
CRIMES CONTRA A VIDA
Bem jurídico tutelado – Sempre a vida humana, intrauterina (aborto) ou extrauterina
(demais crimes contra a vida).
Elemento subjetivo – Todos são puníveis na forma dolosa. Na forma culposa só há
previsão de punição para o homicídio (não há aborto culposo, infanticídio culposo, etc.).
Pena – Todos são punidos com RECLUSÃO, à exceção dos crimes de:
• Homicídio CULPOSO
• Infanticídio
• Aborto provocado pela gestante ou consentimento para realização de aborto
Estes delitos são punidos com DETENÇÃO.

Tentativa – Todos admitem tentativa, EXCETO o homicídio culposo.


Perdão judicial – Só é previsto para o homicídio CULPOSO.
Sujeito ativo – Todos são crimes comuns, podendo ser praticados por qualquer
pessoa, EXCETO:
• Infanticídio – só a mãe, logo após o parto e sob a influência do estado puerperal
pode praticar o crime
• Aborto praticado pela gestante – Só a gestante pode cometer o crime (é
considerado, ainda, crime de mão própria)
Em qualquer caso, porém, aquele que concorre para o delito (coautor ou partícipe) irá
responder pelo crime, desde que tenha conhecimento da situação de seu comparsa.

Ação penal – Todos os crimes contra a vida são de ação penal pública
incondicionada.

Tópicos importantes
Homicídio como crime hediondo – Somente o homicídio simples, quando
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, e o homicídio qualificado (em
qualquer caso).
Homicídio qualificado-privilegiado NÃO é hediondo.
Homicídio qualificado pela paga ou promessa de recompensa – A torpeza
decorrente do homicídio mercenário não se estende automaticamente ao mandante
(STJ, informativo 575).
Motivo fútil = ausência de motivo? Doutrina diverge, mas prevalece que sim.
STJ entende que NÃO.

Feminicídio – Só ocorre quando o agente pratica o homicídio contra mulher nas


seguintes circunstâncias (“razões de sexo feminino”):
• Contexto de violência doméstica e familiar; ou
• Menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

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E se houver mais de uma circunstância qualificadora (meio cruel motivo
torpe, por exemplo)? Uma delas qualifica o crime, e a outra (ou outras) é
considerada como agravante genérica (se houver previsão) ou circunstância judicial
desfavorável (art. 59 do CP), caso não seja prevista como agravante.

Consumação no crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio –


Tem MUITO controvertido. Prevalece que:
✓ A vítima morre – Crime consumado (pena de 02 a 06 anos de reclusão)
✓ Vítima não morre, mas sofre lesões graves – Crime consumado (pena de
01 a 03 anos)
✓ Vítima não morre nem sofre lesões graves – INDIFERENTE PENAL

LESÕES CORPORAIS
Bem jurídico – A integridade física da pessoa.
Sujeitos - A lesão corporal é um crime que pode ser praticado por qualquer sujeito
ativo, também podendo ser qualquer pessoa o sujeito passivo. Em alguns casos, no
entanto, somente pode ser sujeito passivo a mulher grávida (art. 129, §§1°,
IV e 2°, V).
Pena – Sempre a de DETENÇÃO, EXCETO para os crimes de lesão corporal qualificada
pelo resultado (lesões graves ou morte).
Espécies - A lesão corporal pode ser classificada como:
▪ Simples (caput)
▪ Qualificada (§§ 1°, 2° e 3°) – Ocorrência de lesão grave ou morte
▪ Privilegiada (§§ 4° e 5°) - Por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima – Redução de pena de um sexto a um terço.
▪ Culposa (§ 6°)

Lesão corporal qualificada pelo resultado


LESÕES CORPORAIS GRAVES
RESULTADO PENA
LESÕES GRAVES (Doutrina) PENA – 01 a 05 anos de
▪ Incapacidade para as ocupações reclusão
habituais, por mais de trinta dias
▪ Perigo de vida
▪ Debilidade permanente de membro,
sentido ou função
▪ Aceleração de parto

LESÕES GRAVÍSSIMAS (Doutrina) PENA – 02 a 08 anos de


▪ Incapacidade permanente para o reclusão
trabalho

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▪ Enfermidade incurável
▪ Perda ou inutilização do membro,
sentido ou função
▪ Deformidade permanente
▪ Aborto
MORTE (culposa) PENA – 04 a 12 anos de
reclusão

Tópicos importantes sobre o crime de lesão corporal


Lesão corporal culposa tem sempre a mesma pena (detenção de dois meses a
01 ano) – Não há agravação pelo resultado!
Ação penal – A ação penal é pública incondicionada, EXCETO, no caso de lesões
corporais leves e culposas. Neste caso, será condicionada à representação.
OBS.: Em se tratando de lesões corporais praticadas em contexto de violência
doméstica e familiar contra a mulher, a ação penal será sempre pública
incondicionada.
Perdão judicial – Admite-se para a lesão corporal culposa.

PERICLITAÇÃO DA VIDA E SAÚDE


Tópicos importantes
Concurso de agentes no crime de omissão de socorro – Tema controvertido:
▪ Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE COAUTORIA OU PARTICIPAÇÃO
(Concurso de agentes), pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO,
DE MANEIRA AUTÔNOMA.
▪ Outra parte da Doutrina entende que é possível tanto a coautoria quanto a
participação, quando, por exemplo, duas pessoas combinam de não socorrer a
vítima, de forma que poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de
coautoria, mas é minoritário.
▪ A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é possível PARTICIPAÇÃO,
mas NÃO COAUTORIA.
Omissão de socorro em situação de acidente de trânsito – Duas situações
distintas:
▪ O agente está envolvido no acidente - É regulada pelo CTB.
▪ O agente não está envolvido no acidente – Se apenas presenciou a situação
na qual havia pessoa que necessitava de ajuda por ter se envolvido em acidente
de trânsito, responde pelo art. 135 do CP.

Omissão de socorro à pessoa idosa - É crime específico previsto no Estatuto do


Idoso.
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial - Modalidade
“especial” de omissão de socorro, trazida pela Lei 12.653/12.

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Ação penal – Todos são crimes de ação penal pública incondicionada, EXCETO o
crime de perigo de contágio de doença VENÉREA, que é crime de ação penal
CONDICIONADA à representação.

RIXA
Sujeitos - A Doutrina exige que haja três ou mais pessoas se agredindo mutuamente.
Elemento subjetivo - Dolo de participar da rixa, EXCETO se nela entrar para separar
os brigões. Não há previsão de modalidade culposa.
Forma qualificada - Caso sobrevenha a ALGUMA PESSOA (que participa ou não da
rixa), lesão grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois anos.
Todos respondem pela rixa qualificada? Prevalece que sim, exceto se entrou na
rixa após o resultado (morte ou lesões corporais).
E se o agente que deu causa à lesão ou morte for perfeitamente identificável?
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Prevalece que deverá responder por este delito (lesão
grave ou morte) em concurso com a rixa SIMPLES. Os demais respondem pela rixa
qualificada. Há quem entenda que todo mundo responde pela rixa qualificada, apenas.
Ação penal – Pública incondicionada.

CRIMES CONTRA A HONRA


Bem jurídico tutelado – Honra objetiva (calúnia e difamação) e honra subjetiva
(injúria).

Calúnia
Conceito - Imputação falsa, a alguma pessoa, de fato definido como crime
Execução - Pode ser realizada mediante gestos, insinuações (calúnia reflexa)
Sujeito passivo – Qualquer pessoa. É punível a calúnia contra os mortos (os familiares
serão os sujeitos passivos). Inimputável pode ser caluniado.
Consumação - O crime se consuma com a divulgação da calúnia a um terceiro. Crime
formal, não se exige que a honra seja efetivamente atingida.
Exceção da verdade – Admite-se, EXCETO:
✓ No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda sentença
irrecorrível
✓ No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe de
governo estrangeiro
✓ No caso de crime de ação penal pública, CASO O CALUNIADO JÁ TENHA
SIDO ABSOLVIDO POR SENTENÇA PENAL TRANSITADA EM JULGADO

Difamação
Conceito - Imputação, a alguma pessoa, de fato ofensivo à sua reputação
Execução - Pode ser realizada mediante gestos, insinuações.

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Sujeito passivo – Qualquer pessoa. Não se pune a difamação contra os mortos.
Consumação - O crime se consuma quando um terceiro toma conhecimento da
difamação.
Exceção da verdade – SÓ É ADMITIDA SE O OFENDIDO É FUNCIONÁRIO
PÚBLICO e a difamação se refere ao exercício das funções.

Injúria
Conceito – Ofensa dirigida a alguma pessoa (violação à honra subjetiva). Aqui não se
trata de um FATO, mas da emissão de um conceito depreciativo sobre o ofendido
(piranha, fedorento, safado, etc.).
Execução - Pode ser realizada mediante gestos, insinuações (calúnia reflexa)
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Consumação - O crime se consuma quando a VÍTIMA toma conhecimento da injúria.
Exceção da verdade – Nunca é admitida.
Perdão judicial – Cabível quando:
▪ O ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria
▪ Há retorsão imediata, que consista em outra injúria

Injúria real – Há contato físico (ex.: tapa no rosto, de forma ultrajante, com intenção
de ofender).
Injúria qualificada - Utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência

Tópicos importantes sobre os crimes contra a honra


Se o crime for cometido contra o Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro, contra funcionário público (no exercício da função), na presença de
várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação ou, ainda, contra pessoa
maior de 60 anos ou deficiente (salvo no caso da injúria), a pena do agente é
aumentada em 1/3.
Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é
aplicada em DOBRO.
A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo, pela parte ou seu
procurador (com a finalidade de defender seu direito), se decorre de mera crítica
literária, artística ou científica (salvo se inequívoca intenção de injuriar), ou se
realizada pelo funcionário público na avaliação e emissão de conceito acerca de
informação que preste no exercício da função. Entretanto, quem dá publicidade
à primeira e terceira hipótese, responde pelo crime.
Retratação – Cabível na calúnia e na difamação (não na injúria!). Deve ser
realizada até a sentença.
ATENÇÃO! Em relação à retratação, a Lei 13.188/15 incluiu o parágrafo
único no art. 143 do CP, estabelecendo que, nos casos em que tenha sido
praticada a calúnia ou a difamação pelos meios de comunicação, a retratação

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deverá se dar, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que foi
praticada a ofensa.

Ação penal
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
REGRA Privada
INJÚRIA REAL com violência Pública (condicionada ou incondicionada, a
real depender das lesões)
Crime cometido contra o Pública condicionada à requisição do MJ
Presidente da república ou
Chefe de Governo estrangeiro
Crime cometido contra Legitimidade concorrente (súmula 714 do
funcionário público em razão STF) entre:
das funções ▪ MP (mediante ação penal pública
condicionada à representação)
▪ Ofendido (mediante queixa)
Injúria qualificada Pública condicionada à representação

13 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO


FURTO
Bem jurídico – Tutela-se não só a propriedade, qualquer forma de dominação sobre
a coisa (propriedade, posse e detenção legítimas).
Coisa alheia móvel - O conceito de “móvel” aqui é “tudo aquilo que pode ser movido
de um lugar para outro sem perda de suas características ou funcionalidades”. OBS.:
Cadáver pode ser objeto de furto, desde que pertença a alguém. OBS.2: Equipara-se
a coisa móvel a ENERGIA ELÉTRICA ou qualquer outra energia que possua valor
econômico.
Elemento subjetivo – Dolo, com a intenção de se apoderar da coisa (animus rem sibi
habendi). Não se pune na forma culposa. OBS.: Furto de uso não é crime (subtrair só
para usar a coisa, já com a intenção de devolver).
Consumação – Teoria da amotio: furto se consuma quando o agente tem a posse
sobre a coisa, ainda que por um breve espaço de tempo e ainda que não tenha a “posse
e mansa e pacífica” sobre a coisa.
OBS.: A existência de sistema de vigilância ou monitoramento eletrônico
caracteriza crime impossível? Não. O STF e o STJ possuem entendimento pacífico
no sentido de que, neste caso, há possibilidade de consumação do furto, logo, não há
que se falar em crime impossível. O STJ, inclusive, editou o enunciado de súmula nº
567 nesse sentido.

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Repouso noturno – Se o crime for praticado durante o repouso noturno, a pena é
aumentada em 1/3. Disposições importantes sobre o repouso noturno:
• Aplica-se tanto ao furto simples quanto ao furto qualificado
• Aplica-se ainda que se trate de casa desabitada ou estabelecimento comercial
Furto privilegiado – O Juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena de multa, desde que:
• O réu seja primário
• Seja de pequeno valor a coisa furtada

É possível a aplicação do privilégio ao furto qualificado? Sim, desde que


(súmula 511 do STJ):
• Estejam presentes os requisitos que autorizam o reconhecimento do
privilégio
• A qualificadora seja de ordem objetiva
Furto qualificado – Existem várias hipóteses que qualificam o furto. São elas:
▪ Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa – Aquela
conduta do agente que destrói ou rompe um obstáculo colocado de forma a
impedir o furto. Se a violência for exercida contra o próprio bem furtado,
não há a qualificadora.
▪ Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza – No abuso de
confiança o agente se aproveita da confiança nele depositada, de forma que o
proprietário não exerce vigilância sobre o bem, por confiar no infrator. Na fraude
o infrator emprega algum artifício para enganar o agente e furtá-lo. Na escalada
o agente realiza um esforço fora do comum para superar uma barreira física (ex.:
Saltar um muro ALTO). A superação da barreira pode se dar de qualquer forma,
não apenas pelo alto (ex.: Escavação de um túnel subterrâneo), desde que não
ocorra a destruição da barreira (Neste caso, teríamos a qualificadora do
rompimento de obstáculo). Na destreza o agente se vale de alguma habilidade
peculiar (ex.: Batedor de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser
percebido). Se a vítima percebe a ação, o agente responde por tentativa de furto
simples, e não por tentativa de furto qualificado, pois o agente não agiu com
destreza alguma.
▪ Chave falsa – O conceito de “chave falsa” abrange: a) A cópia da chave
verdadeira, mas obtida sem autorização do dono; b) uma chave diversa da
verdadeira, mas alterada com a finalidade de abrir a fechadura; c) Qualquer
objeto capaz de abrir uma fechadura sem provocar sua destruição (pode ser
um grampo de cabelo, por exemplo).
▪ Concurso de pessoas – Nessa hipótese o crime será qualificado se praticado
por duas ou mais pessoas em concurso de agentes. Em caso de associação
criminosa - Todos respondem pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas +
associação criminosa em concurso MATERIAL (STJ).
▪ Furto de veículo automotor (§ 5°) que venha A SER TRANSPORTADO
PARA OUTRO ESTADO OU PARA O EXTERIOR – Se o veículo não chegar a ser
levado para outro estado ou país, embora essa tenha sido a intenção, não há
furto qualificado tentado, mas furto simples consumado, pois a subtração se
consumou (Pena é diversa das demais formas qualificadas: 03 a 08 anos).

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▪ Furto de semovente domesticável de produção – Forma qualificada de furto.

Tópicos importantes sobre o crime de furto


• “É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo” (Súmula 442 do STJ)
• Furto de folha de cheque em branco – Há divergência doutrinária e
jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece no STJ o entendimento de que
a mera subtração da folha de cheque, em branco, não caracteriza furto,
por possuir valor insignificante.
• Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram dono – a)
Furto de coisas perdidas (res desperdicta) – Incabível, pois o agente, neste
caso, pratica o crime de apropriação de coisa achada, prevista no art. 169, §
único do CP; b) Furto de coisas abandonadas e que nunca tiveram dono (res
derelicta e res nullius, respectivamente) – Incabível, pois o agente, ao se
apossar da coisa, torna-se seu dono, já que a coisa não pertence a ninguém.

ROUBO
Roubo próprio – O agente pratica a violência ou grave ameaça PARA subtrair a coisa.
Roubo impróprio – O agente pratica a violência ou grave ameaça DEPOIS de subtrair
a coisa, como forma de assegurar o sucesso do crime.
Roubo com violência imprópria – O agente, sem violência ou grave ameaça, reduz
a vítima à condição de impossibilidade de defesa (ex.: coloca uma droga em sua
bebida).
Roubo de uso é crime? Controvertido, mas prevalece que o agente responde
pelo roubo. Doutrina minoritária sustenta que responde apenas por constrangimento
ilegal (mais a pena relativa às lesões corporais que causar, se for o caso).
Consumação - Quando o agente passa a ter o poder sobre a coisa (ainda que por um
breve espaço de tempo e ainda que não seja posse mansa e pacífica – teoria da amotio),
após ter praticado a violência ou grave ameaça. OBS.: No roubo impróprio o crime
se consuma quando o agente, após subtrair a coisa, emprega a violência ou grave
ameaça. OBS.: A inexistência de valores em poder da vítima não configura crime
impossível (mera impropriedade RELATIVA do objeto).
Tentativa – Cabível, em todas as formas (Doutrina minoritária, contudo, sustenta que
não cabe no roubo impróprio).

Majorantes – A pena do crime de roubo será aumentada de um terço até a metade


em determinadas situações:
1. Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma:
Qualquer instrumento que possa ser usado como arma
Exige-se o uso efetivo da arma
Uso de arma de fogo de brinquedo não autoria a aplicação da majorante
Perícia – Deve ser realizada, como regra, mas nada impede que a prova do fato
se dê por outros meios

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2. Se há o concurso de duas ou mais pessoas
Se houver associação criminosa – Todos respondem por roubo majorado e
por associação criminosa.
3. Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância
4. Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior
5. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade

Roubo qualificado pelo resultado


Lesão corporal grave – Pena de 07 a 15 anos de reclusão e multa.
Morte – Pena de 20 a 30 anos de reclusão e multa.

Tópicos importantes sobre o latrocínio


▪ Caracterização - Ocorrerá sempre que o agente, VISANDO A SUBTRAÇÃO DA
COISA, praticar a conduta (empregando violência) e ocorrer (dolosa ou
culposamente) a morte de alguém. Caso o agente deseje a morte da pessoa, e,
somente após realizar a conduta homicida, resolva furtar seus bens, estaremos
diante de um HOMICÍDIO em concurso com FURTO.

OBS.: E se o agente mata o próprio comparsa (para ficar com todo o dinheiro,
por exemplo)? Neste caso, temos roubo em concurso material com homicídio, e não
latrocínio.
OBS.: E se o agente atira para acertar a vítima, mas acaba atingindo o
comparsa? Temos erro na execução (aberratio ictus), e o agente responde como se
tivesse atingido a vítima. Logo, temos latrocínio.

▪ Consumação - Em resumo, o entendimento acerca da consumação do latrocínio


é o seguinte:
SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE CONSUMADA = Latrocínio
consumado
SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE TENTADA = Latrocínio tentado
SUBTRAÇÃO TENTADA + MORTE CONSUAMDA = Latrocínio consumado
(súmula 610 do STF)
SUBTRAÇÃO CONSUMADA + MORTE TENTADA = Latrocínio tentado
(STJ)

EXTORSÃO
Caracterização - O constrangimento (violência ou grave ameaça) é mero “meio” para
a obtenção da vantagem indevida. O verbo é “constranger”, que é sinônimo de forçar,
obrigar alguém a fazer o que não deseja. Não se confunde com o delito de roubo, pois
naquele o agente se vale da violência ou grave ameaça para subtrair o bem da vítima.
Neste o agente se vale destes meios para fazer com que a vítima entregue a coisa,

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ou seja, deve haver a colaboração da vítima, sem a qual a vantagem não poderia
ser obtida.

Elemento subjetivo – Exige-se o dolo de obter a vantagem indevida. Não se pune na


forma culposa. Casos especiais:
Vantagem devida – Teremos crime de exercício arbitrário das próprias razões
(art. 345 do CP).
Vantagem sexual – Teremos estupro.
Vantagem meramente moral, sem valor econômico – Constrangimento
ilegal (art. 146 do CP).

Consumação e tentativa – A tentativa é plenamente admissível. O crime se consuma


com o mero constrangimento (emprego da violência ou grave ameaça), sendo
irrelevante o eventual recebimento da vantagem. Trata-se de crime FORMAL
(súmula 96 do STJ).

Causas de aumento de pena (majorantes)


A pena será aumentada de um terço até a metade se o crime for:
▪ Cometido por duas ou mais pessoas
▪ Mediante emprego de arma – Qualquer arma (ainda que não se trate de objeto
fabricado com tal finalidade). Arma de brinquedo não majora o delito.

Extorsão qualificada pelo resultado


Aplicam-se as mesmas regras previstas para o roubo qualificado pelo resultado (morte
ou lesão corporal grave).

Sequestro-relâmpago (art. 158, §3º do CP)


A pena é mais elevada (seis a doze anos). O crime também será considerado qualificado
(com penas mais severas) no caso de ocorrência de lesões graves ou morte.
Caracterização - Segundo este dispositivo, é necessário:
▪ Que o crime seja cometido mediante a restrição da liberdade da vítima
▪ Que essa circunstância seja necessária para a obtenção da vantagem
econômica – Se for desnecessária, o agente responde por extorsão simples
em concurso material com sequestro ou cárcere privado.

Extorsão indireta - ocorre quando um credor EXIGE ou RECEBE, do devedor,


documento que possa dar causa à instauração de procedimento criminal contra a vítima
(devedor) ou contra terceiro. Deve haver, ainda:
▪ Abuso de situação de necessidade (fragilidade) da vítima
▪ Intenção de garantir, futuramente, o pagamento da dívida (por meio da ameaça)

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Consumação e tentativa na extorsão indireta - O crime se consuma com a mera
realização da exigência (nesse caso, crime formal) ou com o efetivo recebimento (nesse
caso, material) do documento. A tentativa é possível.

Extorsão mediante sequestro


Caraterização - O verbo é sequestrar, ou seja, impedir, por qualquer meio, que a
pessoa exerça seu direito de ir e vir. O CRIME OCORRERÁ AINDA QUE A VÍTIMA
NÃO SEJA TRANSFERIDA PARA OUTRO LOCAL. Aqui a privação da liberdade se dá
como meio para se obter um RESGATE, que é um pagamento pela liberdade de alguém
(ou seja, o dolo específico consistente na intenção de obter a vantagem).
Qualquer vantagem pode ser exigida? Doutrina entende que a vantagem deve ser
PATRIMONIAL e INDEVIDA, pois se for DEVIDA, teremos o crime de exercício
arbitrário das próprias razões.
Quem é o sujeito passivo do delito? Quem é sequestrado ou a pessoa a quem
se exige o resgate? Ambos.
OBS.: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo, na qualidade de vítima da lesão
patrimonial (Ex.: Sequestra-se o sócio, para exigir da PJ o pagamento do resgate).
Qualificadoras - A pena será de DOZE A VINTE ANOS SE:
O sequestro dura mais de 24 horas
Se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos
Se o crime for cometido por quadrilha ou bando - Os agentes respondem
tanto pela extorsão mediante sequestro qualificada quanto pela
associação criminosa (art. 288 do CP)
Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado
Lesão corporal grave – Pena de 16 a 24 anos de reclusão
Morte – Pena de 24 a 30 anos de reclusão
OBS.: A maioria da Doutrina entende que o resultado (lesão grave ou morte) qualifica
o crime, QUALQUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda que não seja o
próprio sequestrado, mas desde que ocorra no contexto fático do delito de extorsão
mediante sequestro.

Delação premiada - Abatimento na pena (causa especial de redução de pena) daquele


que delata os demais cúmplices (redução de 1/3 a 2/3). É indispensável que dessa
delação decorra uma facilitação na liberação do sequestrado.

DANO
Caraterização - O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destruição (danificação
total), a inutilização (danificação, ainda que parcial, mas que torna o bem inútil) ou
deterioração (danificação parcial do bem) da coisa.
O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo como sujeito
passivo o proprietário ou possuidor do bem danificado. O condômino pode ser
sujeito ativo, mas se a coisa é fungível (substituível, como o dinheiro, por

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exemplo) e o agente deteriora apenas a sua cota-parte, não há crime, por
analogia ao furto de coisa comum (Posição do STF).
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa.
OBS.: O crime de “pichação” é definido como CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE
(ambiente urbano), nos termos do art. 65 da Lei 9.605/98.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA


Caracterização - A conduta é apenas uma: “deixar de repassar”, ou seja, reter, mas
não repassar ao órgão responsável, os valores referentes às contribuições
previdenciárias. Trata-se de norma penal em branco, pois deve haver a
complementação com as normas previdenciárias, que estabelecem o prazo para
repasse das contribuições retidas pelo responsável tributário.
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune na forma culposa. Não se exige o dolo
específico (STF e STJ).
Consumação e tentativa - A Doutrina majoritária sustenta que o crime é formal, e
se consuma no momento em que se exaure o prazo para o repasse dos valores. STF e
STJ - Trata-se de crime material, sendo necessária a constituição definitiva do tributo
(contribuição previdenciária) para que possa ser considerado “consumado” o crime
(aplicação da súmula vinculante nº 24). Não se admite tentativa (crime omissivo
puro).
Extinção da punibilidade
O STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer tempo (antes do trânsito
em julgado) extingue a punibilidade.
E se o réu adere ao parcelamento do débito? Neste caso, fica SUSPENSA a
punibilidade (e também o curso do prazo prescricional). Uma vez quitado o
parcelamento, extingue-se a punibilidade.
Princípio da insignificância – Quando o valor do débito for igual ou inferior ao
estabelecido pela previdência como sendo o mínimo para ajuizamento das ações fiscais,
atualmente se entende que deve ser aplicado o princípio da insignificância.
STF vem entendendo, em decisões mais recentes, pela inaplicabilidade do princípio
neste caso.

ESTELIONATO
Caracterização – O agente obtém vantagem ilícita (crime material, portanto), para si
ou para outrem, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
qualquer meio fraudulento. Considerado crime de resultado duplo (o agente deve
obter a vantagem e a vítima deve sofrer prejuízo).
Vantagem – Deve ser patrimonial (doutrina majoritária).
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa. Exige-se, ainda, a
finalidade especial de agir, consistente na intenção de obter vantagem ilícita em
detrimento (prejuízo) de outrem.
Estelionato privilegiado – Aplicam-se as mesmas disposições do furto privilegiado.

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Tópicos importantes
E se o agente fraudar concurso público? A conduta, que antes foi
considerada atípica pelo STF, atualmente se encontra tipificada no art. 311-A do
CPP (crime de fraude em certames de interesse público), incluído pela Lei 12.550/11.
E se o agente praticar o estelionato mediante a utilização de documento
falso? O STJ e o STF entendem que se trata de concurso FORMAL. Contudo, se
a potencialidade lesiva do falso se exaure no estelionato, o crime de
estelionato absorve o falso, que foi apenas um meio para a sua prática (Súmula 17
do STJ).
E se o agente obtém um cheque da vítima? O crime é tentado ou
consumado? Enquanto o agente não obtiver o valor prescrito no cheque, o crime ainda
é tentado, apenas se consumando quando o agente obtiver o valor constante no cheque
(posição majoritária da Doutrina).
Emissão de cheque sem fundos - Para que se configure crime, é necessário
que o agente tenha, de antemão, a intenção de não pagar, ou seja, o agente
sabe que não possui fundos para adimplir a obrigação contraída. Diferente da hipótese
na qual o agente possui fundos, mas, antes da data prevista para o desconto do cheque,
tem que retirar o dinheiro por algum motivo e o cheque “bate sem fundos”. Isso não é
crime. A emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívidas de jogo NÃO
CONFIGURA CRIME, pois estas dívidas não são passíveis de cobrança judicial, nos
termos do art. 814 do CC.
OBS.: Neste caso (art. 171, §2º, VI do CP), se o agente repara o dano ANTES DO
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, obsta o prosseguimento da ação penal (súmula 554
do STF).
Estelionato contra idoso – A pena será aplicada em dobro se o crime de
estelionato (qualquer de suas formas) for praticado contra pessoa idosa (60 anos ou
mais).

Estelionato previdenciário
O §3° prevê o chamado estelionato contra entidade de direito público, que é aquele
cometido contra qualquer das instituições previstas na norma penal citada. Trata-se de
causa de aumento de pena (aumenta-se de um terço).
Consumação – Tal delito, quando ocorre pela obtenção de benefício previdenciário de
forma fraudulenta, possui natureza binária, e a consumação dependerá, portanto, do
sujeito ativo do delito:
▪ Momento consumativo para o próprio beneficiário dos valores indevidos
– Trata-se de crime permanente, que se “renova” a cada saque do benefício
indevido.
▪ Momento consumativo para terceira pessoa que participou do delito –
Ocorre com o recebimento da vantagem indevida pela primeira vez (já que o
delito de estelionato é material, pois o tipo penal exige o efetivo recebimento da
vantagem indevida), seja pelo próprio ou por outra pessoa.

 E no caso de saque indevido de benefício após a morte do titular? Neste caso


o benefício foi concedido corretamente, mas alguém (geralmente familiar) continua
sacando os valores após a morte do beneficiário, sem informar o óbito ao

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INSS. Neste caso, cada saque representa crime autônomo. É possível o
reconhecimento da continuidade delitiva entre os vários crimes praticados (vários
saques).

Disposições gerais sobre os crimes contra o patrimônio


Causa pessoal de isenção de pena (Escusa absolutória)
É isento de pena quem comete qualquer dos crimes contra o patrimônio em prejuízo:
▪ Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal
▪ De ascendente ou descendente

Contudo, isso NÃO se aplica:


▪ Se o crime é cometido com emprego de grave ameaça ou violência à pessoa
▪ Ao estranho que participa do crime
▪ Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos

Ação penal
REGRA - AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
EXCEÇÕES:
▪ AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO – Se o crime é
cometido contra:
▪ Cônjuge desquitado ou judicialmente separado
▪ Irmão, legítimo ou ilegítimo
▪ Tio ou sobrinho, com quem o agente coabita

ATENÇÃO! Mesmo numa destas circunstâncias, o CRIME SERÁ DE AÇÃO PENAL


PÚBLICA INCONDICIONADA quando ocorrerem as hipóteses em que não se aplicam
as escusas absolutórias, ou seja:
▪ Se o crime é cometido com emprego de grave ameaça ou violência à pessoa
▪ Ao estranho que participa do crime
▪ Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos

Crimes patrimoniais e crimes hediondos


Alguns crimes contra o patrimônio são considerados hediondos. São eles:
▪ Roubo com resultado morte (latrocínio)
▪ Extorsão qualificada pela morte (art. 158, §2º do CP)
▪ Extorsão mediante sequestro (forma simples e formas qualificadas)
OBS.: O crime de extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (art. 158,
§3º) é considerado hediondo quando resultar em morte (doutrina majoritária).

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14 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
MOEDA FALSA
Conduta – Falsificar papel moeda ou moeda metálica de curso legal no Brasil ou
no exterior. Pode ser praticado mediante:
▪ Fabricação – Cria-se a moeda falsa
▪ Adulteração – Utiliza-se moeda verdadeira para transformar em outra, falsa.
Consumação - No momento em que a moeda é fabricada ou alterada (não precisa
chegar a entrar em circulação).
Forma equiparada (mesma pena) – Quem, por conta própria ou alheia:
▪ Importa ou exporta
▪ Adquire
▪ Vende
▪ Troca
▪ Cede
▪ Empresta
▪ Guarda
▪ Introduz na circulação moeda falsa

Tópicos importantes
Falsificação for grosseira - Não há crime de moeda falsa, por não possuir
potencialidade lesiva.
Forma qualificada prevista no § 3° - Só admite como sujeitos ativos aquelas
pessoas ali enumeradas (crime próprio)
E se a moeda ainda não foi autorizada a circular? Incorre nas mesmas penas
da forma principal do delito.
Forma privilegiada - Ocorre quando o agente recebe a moeda falsa de boa-fé (sem
saber que era falsa) e a restitui à circulação (já sabendo que é falsa) –
IMPORTANTE!
Insignificância – NÃO CABE aplicação do princípio da insignificância.

Petrechos para falsificação de moeda


Conduta - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar:
▪ Maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
destinado à falsificação de moeda. OBS.: Se o objeto serve para diversas
finalidades, não sendo especialmente destinado à falsificação de moeda, não há
o referido crime.
OBS.: Trata-se de exceção à regra da impunibilidade dos atos preparatórios (Lei já
considera como crime uma conduta que seria ato preparatório para outro delito).

FALSIDADE DOCUMENTAL
Falsificação de documento público

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Conduta – É a de falsificar, no todo ou em parte, documento público. Pode ocorrer
mediante:
▪ Fabricação de um documento público falso
▪ Adulteração de um documento público verdadeiro

Consumação - No momento em que o agente fabrica o documento falso ou altera o


documento verdadeiro.
Conceito de documento público – A Doutrina divide em:
▪ Documento público em sentido formal e material (substancial) – A forma
é pública (emanado de órgão público, ou seja, por funcionário público no
exercício das funções, com o cumprimento das formalidades legais) e o
conteúdo também é público (atos proferidos pelo poder público, como
decisões administrativas, sentenças judiciais, etc.).
▪ Documento público em sentido formal apenas – Aqui a forma é pública
(emanado de órgão público), mas o conteúdo é de interesse privado (Ex.:
Escritura pública de compra e venda de um imóvel pertencente a um particular.
O conteúdo é de interesse particular, embora emanado de um órgão público).

Equiparados a documento público


▪ Emanado de entidade paraestatal
▪ Título ao portador ou transmissível por endosso
▪ Ações de sociedade comercial
▪ Livros mercantis
▪ Testamento particular

Falso x estelionato
▪ Se o falso se exaure no estelionato – É absorvido pelo estelionato:
Súmula 17 do STJ
“Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido”.
▪ Se o falso não esgota sua potencialidade lesiva no estelionato – O agente
responde por ambos os delitos.
Falsificação de documento particular
Caracterização – A lógica é a mesma da falsificação de documento público, só que
com documento particular.
Conceito de documento particular - Considera-se documento particular aquele que
não pode ser considerado, sob qualquer aspecto, como documento público.
Documento particular por equiparação – O CP equiparou a documento particular o
cartão de crédito ou débito.

Falsidade ideológica
Caracterização – Aqui o agente não falsifica a estrutura do documento. O documento
é estruturalmente verdadeiro, mas contém informações inverídicas. A falsificação

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ideológica ocorre quando o agente (com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante):
▪ Omite declaração que devia constar no documento (conduta omissiva)
▪ Nele insere ou faz inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita (conduta comissiva)
Pena – A pena varia de acordo com o documento em que há falsidade ideológica
(documento público – reclusão de um a cinco anos e multa; documento particular –
reclusão de um a três anos e multa).
Causa de aumento de pena – Há aumento de pena (1/6):
▪ Se o agente é funcionário público, e desde que cometa o delito valendo-se do
cargo; ou
▪ Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil.

Falsidade ideológica x falsidade material (falsificação de documento


público ou particular) - A diferença básica entre a falsidade material e a falsidade
ideológica reside no fato de que, na primeira, o documento é estruturalmente falso, e
na segunda a estrutura é verdadeira, mas o conteúdo (a ideia que o documento
transmite) é falsa.

Falsidade de atestado médico


Crime próprio - Somente o médico poderá praticar o crime (enfermeiro, dentista, etc.,
não podem).
Elemento subjetivo – Dolo. OBS.: Se houver finalidade de lucro = há previsão de
pena de multa cumulada com a privativa de liberdade.

Consumação - Consuma-se no momento em que o médico FORNECE o atestado


falso. Se elaborar o atestado falso, mas se arrepender, não há crime.

Uso de documento falso


Caracterização – Consiste em fazer uso dos documentos produzidos nos crimes
previstos nos arts. 297 a 302 do CP.
Pena – É a mesma prevista para a falsificação do documento.
OBS.: Isso é chamado pela Doutrina como tipo penal remetido, já que se remete a
outros tipos penais para compor de forma plena a conduta criminosa.
Consumação – No momento em que o agente leva o documento ao
conhecimento de terceiros, pois aí se dá a lesão à credibilidade, à fé pública. NÃO
SE ADMITE A TENTATIVA!

ATENÇÃO! E se quem usa o documento falso é a própria pessoa que fabricou o


documento falso? Neste caso, temos (basicamente) dois entendimentos:

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1 – O agente responde apenas pelo crime de “uso de documento falso”, pois a
falsificação é “meio” para a utilização
2 – O agente responde apenas pela falsificação do documento, e não pelo uso,
pois é natural que toda pessoa que falsifica um documento pretenda utilizá-lo
posteriormente, de alguma forma – Prevalece na Doutrina e na Jurisprudência.

OUTRAS FALSIDADES
Falsa identidade
Caracterização - Atribuir a si ou terceiro falsa identidade, que consiste, basicamente,
em se fazer passar por outra pessoa.
OBS.: Se o agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra
pessoa, neste caso teremos USO DE DOCUMENTO FALSO.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se especial finalidade de agir, consistente na
vontade de obter alguma vantagem ou causar prejuízo a alguém.
A prática da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial,
para se esquivar de eventual cumprimento de prisão (por mandados
anteriores), configuraria exercício legítimo de “autodefesa”? Não, trata-se de
conduta típica (falsa identidade) entendimento sumulado do STJ (súmula 522).

15 CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO


CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS
Funcionário público – Quem exerce cargo, emprego ou função pública, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração.
Funcionário público por equiparação - Quem exerce cargo, emprego ou função em
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública (ainda que
transitoriamente ou sem remuneração).
Causa de aumento de pena – Aplicada àqueles que ocuparem cargos em comissão
ou função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público
(aumento de 1/3).
OBS.: Por falha legislativa, em relação à causa de aumento de pena, não se aplica aos
funcionários de autarquias.

CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS (PUROS) X CRIMES FUNCIONAIS


IMPRÓPRIOS (IMPUROS)
Crimes funcionais próprios (puros) - Ausente a condição de “funcionário público”
ao agente, a conduta passa a ser considerada a um indiferente penal (atipicidade
absoluta). (Ex.: No crime de prevaricação (art. 319 do CP), se o agente não for
funcionário público, não há prática de qualquer infração penal).

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Crimes funcionais impróprios (impuros) - Faltando a condição de “funcionário
público” ao agente, a conduta não será um indiferente penal, deixará apenas de ser
considerada crime funcional, sendo desclassificada para outro delito
(atipicidade relativa) (Ex.: Crime de peculato-furto, art. 312, § 1° do CP).

PECULATO
Conduta – “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (peculato-
apropriação), ou desviá-lo (peculato-desvio), em proveito próprio ou alheio.” (art.
312 do CP).
Peculato-furto – Aplica-se àquele que, mesmo “não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. ” (art.
312, §1º do CP). ATENÇÃO! Diferença fundamental entre peculato furto e peculato
(desvio ou apropriação) = No peculato-furto o agente não tem a posse da coisa.
OBS.: Peculato de uso – Discutido na doutrina e jurisprudência, mas prevalece que
é IMPUNÍVEL.
Particular pode praticar peculato? Sim, desde que em concurso de pessoas com
um funcionário público (e desde que o particular saiba que seu comparsa é funcionário
público).

Peculato culposo – Quando o agente concorre, de maneira CULPOSA, para o crime


praticado por outra pessoa.
OBS.: Se o agente reparar o dano antes de proferida a sentença irrecorrível (ou
seja, antes do trânsito em julgado), estará extinta a punibilidade. Caso o agente
repare o dano após o trânsito em julgado, a pena será reduzida pela metade. ISSO
NÃO SE APLICA ÀS DEMAIS FORMAS DE PECULATO.

Peculato mediante erro de outrem – Conduta daquele que se apropria de dinheiro


ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. OBS.: O
agente não pode ter criado (dolosamente) a situação de erro (neste caso, responde por
estelionato).

CONCUSSÃO X CORRUPÇÃO PASSIVA


Diferença fundamental – Embora os tipos penais possuam a redação um pouco
diferente, a diferença FUNDAMENTAL reside no fato de que:
▪ Na concussão – O agente EXIGE a vantagem indevida.
▪ Na corrupção passiva – O agente SOLICITA (ou recebe ou aceita a promessa
de vantagem) a vantagem indevida.
OBS.: Na concussão, se o agente exige a vantagem sob a ameaça de praticar um mal
grave à vítima, não relacionado às atribuições do cargo, teremos EXTORSÃO, e não
concussão (Ex.: Policial que exige dinheiro do motorista, para não aplicar multa =

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concussão. Ex.: Policial que exige dinheiro da vítima sob a ameaça de matar o filho
da vítima = extorsão).

CONSUMAÇÃO – Ambos os delitos se consumam com a mera prática da conduta


(exigir, solicitar, aceitar promessa de vantagem, etc.), sendo DISPENSÁVEL o efetivo
recebimento da vantagem indevida para que haja a consumação do delito.
OBS.: No crime de corrupção passiva, na modalidade de “receber vantagem indevida”,
exige-se o efetivo recebimento da vantagem.
OBS.: Em todos as modalidades de corrupção passiva não se exige que o funcionário
público efetivamente pratique ou deixe de praticar o ato (com infração de dever
funcional) em razão da vantagem ou promessa de vantagem recebida. Caso isso ocorra,
a pena será aumentada em 1/3.

Corrupção passiva privilegiada – Modalidade menos grave de corrupção passiva.


Hipótese do “favor”, aquela conduta do funcionário que cede a pedidos de amigos,
conhecidos ou mesmo de estranhos, ou cede à influência de alguém, para que faça ou
deixe de fazer algo ao qual estava obrigado.
CUIDADO! Aqui temos um crime material (é indispensável que o funcionário
efetivamente pratique o ato com infração de dever funcional ou deixe de pratica-lo,
também com infração de dever funcional).

Corrupção passiva privilegiada x prevaricação


A diferença básica entre ambos reside no fato de que:
▪ Na corrupção passiva privilegiada – O agente cede a PEDIDO ou
INFLUÊNCIA de alguém.
▪ Na prevaricação – O agente infringe o dever funcional (praticando ou deixando
de praticar ato) para satisfazer SENTIMENTO OU INTERESSE PESSOAL.
E a condescendência criminosa? Semelhante à prevaricação, mas HÁ DIFERENÇAS.
Na condescendência criminosa o agente (por indulgência) deixa de responsabilizar
SUBORDINADO que praticou infração no exercício do cargo ou, caso não tenha
competência, deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade que o tenha. É um
crime parecido com a prevaricação e com a corrupção passiva privilegiada (caso haja
pedido do subordinado, por exemplo), mas tem o diferencial:
▪ Só quem pode praticar o delito é o superior hierárquico (há quem defenda que
o colega, sem hierarquia, também pode, mas é minoritário)
▪ Por indulgência (sentimento de pena, misericórdia, clemência)
OBS.: Cuidado!!! Se o agente deixa de responsabilizar o subordinado:
▪ Cedendo a pedido ou influência de alguém – pratica corrupção passiva
privilegiada
▪ Para satisfazer sentimento ou interesse pessoal (amizade, etc.) – pratica
prevaricação.

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FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Conduta - Facilitar a prática de qualquer dos dois crimes (contrabando ou
descaminho), seja por ação ou omissão. Só pode ser praticado pelo funcionário que
POSSUI A FUNÇÃO DE EVITAR O CONTRABANDO E O DESCAMINHO.
Mas e se o funcionário não tiver essa obrigação específica? Responderá como
partícipe do crime praticado pelo particular (contrabando ou descaminho), e não
pelo crime do art. 318 do CP.

ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Conduta - Patrocinar interesse privado perante a administração pública. O agente:
▪ Deve se valer das facilidades que a sua condição de funcionário público
lhe proporciona
▪ Praticar a conduta em prol de um terceiro (majoritário)
OBS.: O crime se consuma ainda que o interesse patrocinado seja legítimo. Caso seja
um interesse ilegítimo, teremos a forma qualificada (pena mais grave).
Interesse legítimo – Crime de advocacia administrativa na forma simples
Interesse ilegítimo – Crime de advocacia administrativa na forma
qualificada.

DISPOSIÇÕES GERAIS
➢ Todos os crimes são próprios – Devem ser praticados por quem ostente a
condição de funcionário público. Em alguns casos, deve ser uma condição
ainda mais específica (Ex.: Superior hierárquico, no crime de condescendência
criminosa).
➢ Todos os crimes são dolosos – Só há previsão de forma culposa para o
peculato (peculato culposo, art. 312, §2º do CP).
➢ Ação penal – Para todos, pública incondicionada.
➢ Particular como sujeito do delito – É possível, em todos eles, desde que se
trate de concurso de pessoas e que o particular saiba que seu comparsa é
funcionário público.
➢ Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a
administração pública – Súmula 599 do STJ.

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16 CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Usurpação de função pública - O agente não possui qualquer vínculo com a
administração pública ou, caso possua, suas funções são absolutamente estranhas à
função usurpada.
OBS.: É necessário que o agente pratique atos inerentes à função. Não basta
que apenas se apresente a terceiros como funcionário público.

Resistência
Conduta – Opor-se à execução de ato LEGAL de funcionário público (violência contra
coisa não caracteriza o delito), mediante violência ou grave ameaça. O agente responde
de, ainda, de maneira autônoma, pela violência ou ameaça
OBS.: O ato deve ser legal, ou seja, deve estar fundamentado na Lei ou em decisão
judicial. Assim, a decisão judicial injusta é considerada ato legal.
E se o particular resistir à prisão em flagrante executada por um
particular (atitude permitida pelo art. 301 do CPP)? Nesse caso, não pratica o
crime em questão, pois o particular não é considerado funcionário público, não
podendo ser realizada analogia in malam partem.

Desobediência
Conduta - O agente deixa de fazer algo que lhe fora determinado ou faz algo cuja
abstenção lhe fora imposta mediante ordem de funcionário público competente.
A tentativa só será admitida nas hipóteses de desobediência mediante atitude
comissiva (ação).
Diversas Leis Especiais preveem tipos penais que criminalizam condutas
específicas de desobediência. Nesses casos, aplica-se a legislação especial,
aplicando-se este artigo do CP apenas quando não houver lei específica tipificando a
conduta.

Desacato
Conduta – Ocorre quando um particular desacata (falta de respeito, humilhação, com
gestos ou palavras, vias de fato, etc.) funcionário público. Exige-se que o ato seja
praticado na presença do funcionário público.
OBS.: Mas e se quem cometer o desacato for funcionário público? Três
correntes existem, mas prevalece que:
• É possível, em qualquer caso – Essa é a predominante, e entende que
o funcionário público que desacata outro funcionário público, é, neste
momento, apenas mais um particular, devendo responder pelo crime. Exige-
se, apenas, que o infrator não esteja no exercício de suas funções.

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ATENÇÃO!! Não se exige que o funcionário esteja na repartição ou no horário de
trabalho, mas sim que o desacato ocorra em razão da função exercida pelo
servidor.

Tentativa - Há divergência. Parte entende incabível pois, exigindo-se que o


funcionário público esteja presente no momento do desacato, é inviável a tentativa,
por se tratar de crime unissubsistente (praticado mediante um único ato). Outra parcela
entende cabível a tentativa, embora de difícil caracterização.
E se o ofendido já não é mais funcionário público (demitido, exonerado,
etc.)? Neste caso, o crime não se caracteriza, ainda que praticado em razão da
função anteriormente exercida pelo funcionário.

OBS.: Há decisão do STJ reconhecendo a descriminalização do desacato, ao argumento


de que a criminalização do desacato é uma afronta à liberdade de expressão e
pensamento (violação ao Pacto de San José da Costa Rica).

Tráfico de influência
Conduta – Conduta daquele que pretende obter vantagem em face de um particular,
sob o argumento de que poderá influenciar na prática de determinado ato por um
servidor público. É uma espécie de “estelionato”, pois o agente promete usar uma
influência que não possui.
E o particular que “contrata os serviços”? Doutrina entende que NÃO É SUJEITO
ATIVO, mas sujeito PASSIVO do delito, pois, embora sua conduta seja imoral, não é
penalmente relevante, tendo sido ele também lesado pela conduta do agente, que o
enganou (considerado corruptor putativo).
OBS.: Se a influência do agente for REAL, tanto ele quanto aquele que paga por ela
são considerados CORRUPTORES ATIVOS (art. 333 do CP).
Consumação - Quando o agente solicita, cobra ou exige a vantagem do terceiro.
Assim, a obtenção da vantagem é mero exaurimento, sendo dispensável para
a consumação do crime. Na modalidade de “obter vantagem indevida”, a obtenção
é necessária.
Causa de aumento de pena – Quando o agente diz que parte da vantagem se destina
ao funcionário público. Aumento de metade.

Corrupção ativa

Conduta - Este crime pode ser cometido de duas formas diferentes (é, portanto, crime
de ação múltipla): oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público.
Elemento subjetivo – DOLO. Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir
consistente no objetivo de fazer com que, mediante a vantagem oferecida ou
prometida, o funcionário público aja de tal ou qual maneira.

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ATENÇÃO! Se o funcionário público solicita a vantagem indevida e o particular a
fornece (paga uma quantia, por exemplo), o particular NÃO comete o crime de
corrupção ativa, eis que o tipo somente prevê os verbos de OFERECER e PROMETER
vantagem indevida, que pressupõem que o particular tome a iniciativa.

Causa de aumento de pena - Se em razão da vantagem oferecida ou prometida o


funcionário público age da maneira que não deveria, a pena é aumentada de
um terço.

Contrabando
Conduta - Importar ou exportar mercadoria proibida. Ou seja, a importação ou
exportação da mercadoria, por si só, é vedada.
Consumação - O contrabando se consuma quando a mercadoria ilícita ultrapassa a
barreira alfandegária, sendo liberada pelas autoridades.
Insignificância – NÃO CABE APLICAÇÃO do princípio da insignificância ao
contrabando (STF e STJ).
Tópicos importantes
Com a Lei 13.008/14 a pena do delito de contrabando foi AUMENTADA
para 02 a 05 anos de reclusão. Essa alteração na quantidade da pena produz
consequências negativas para o réu (e, portanto, sabemos que NÃO IRÁ RETROAGIR):
• Não cabe mais suspensão condicional do processo (a pena mínima
ultrapassa um ano)
• Passa a admitir prisão preventiva (antes só cabia em hipóteses excepcionais)
• O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III do CP)

Causa de aumento de pena - A pena é aplicada em dobro se o crime é


praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Figuras equiparadas – Quem:

▪ Pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando


▪ Importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de
registro, análise ou autorização de órgão público competente - Ex.:
importação de determinados produtos alimentícios sem autorização da Vigilância
Sanitária (alguns queijos, por exemplo, que muita gente traz da Holanda).
▪ Reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à
exportação – Esta figura tem por finalidade punir aqueles que trazem de volta
ao país determinados produtos que são aqui fabricados e depois exportados e
não podem ser aqui comercializados, especialmente por questões tributárias.
Ex.: Reimportação clandestina de cigarro destinado à exportação.
▪ Vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira
▪ Adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira.

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Descaminho
Conduta – Ocorre quando o agente ilude, no todo em parte, o pagamento de direito
ou imposto devido pela entrada, saída ou consuma da mercadoria. Burla ao sistema
tributário.
Consumação - Com a liberação na alfândega, sem o pagamento dos impostos devidos.
Trata-se de crime FORMAL.
➢ Insignificância – CABÍVEL! PATAMAR: o STF sustenta que é R$ 20.000,00.
O STJ, mais recentemente, também passou a adotar tal patamar.

Extinção da punibilidade pelo pagamento? Controvertido. STF – Existem algumas


decisões nesse sentido. STJ – Também há decisões nesse sentido, mas vem
prevalecendo que não.
Causa de aumento de pena - A pena é aplicada em dobro se o crime é
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

Sonegação de contribuição previdenciária


Conduta - É a de suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária ou qualquer de
seus acessórios, e pode ser praticada nas três modalidades diferentes previstas nos
incisos I, II e III do art. 337-A do CP.
Normas penais em branco - As condutas incriminadas são normas penais em branco,
pois precisam de complementação, já que a lei não diz quais são os documentos
que devem conter as informações, prazos, etc.
Crime comissivo ou omissivo? Controvertido. A Doutrina majoritária entende tratar-
se de crime omissivo. Entretanto, alguns doutrinadores entendem que se trata de crime
comissivo, pois quando o agente deixa de lançar o tributo correto, está lançando um
errado; quando omite receitas e lucros, está declarando outros, ou seja, está prestando
declaração falsa.
Consumação - Crime é material, ou seja, é necessária a efetiva ocorrência da
obtenção da vantagem relativa à redução ou supressão da contribuição social
devida.

Extinção da punibilidade – Duas hipóteses:


▪ Sem o pagamento - Se antes do início da ação do fisco o agente se retrata
e presta as informações corretas.
▪ Com pagamento integral do tributo (inclusive acessórios) - O pagamento
poderá ocorrer mesmo depois de iniciada a ação do fisco, mas antes do
recebimento da denúncia. OBS.: O STF entende que o pagamento integral
do débito, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO (mesmo após o julgamento),
extingue a punibilidade, com base no art. 69 da Lei 11.941/09

Perdão judicial
São três os requisitos para o perdão judicial ou aplicação apenas da pena de
multa:

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a) Ter o agente bons antecedentes
a) Ser primário
b) O valor das contribuições não ser superior ao valor estabelecido pela
Previdência Social como o mínimo ao ajuizamento de execuções fiscais
ATENÇÃO! Apesar de ser essa a previsão legal, o STF entende que se o valor das
contribuições sonegadas for inferior a este valor, não há hipótese de perdão
judicial ou aplicação da pena de multa, mas sim ATIPICIDADE DA CONDUTA, em
razão do princípio da insignificância.

17 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


ESTRANGEIRA
Conceito de funcionário público estrangeiro para fins penais – Quem exerce
cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações
diplomáticas de país estrangeiro, ainda que transitoriamente ou sem remuneração.
Funcionário público estrangeiro por equiparação - Quem exerce cargo, emprego
ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público
de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

Tópicos importantes
Sujeitos – Ambos os delitos são crimes comuns (podem ser praticados por qualquer
pessoa).
Elemento subjetivo – Em ambos casos, só se pune a forma dolosa, não havendo
punição para conduta culposa. Também nos dois casos se exige a finalidade especial
de agir (dolo específico).

18 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA


Denunciação caluniosa
Caracterização – Quando alguém dá causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa contra alguém, imputando a esta pessoa crime, sabendo
que a vítima da denunciação é inocente.
Consumação - Crime material. É necessário que o procedimento seja instaurado (IP,
processo judicial, inquérito civil, etc.) ou, pelo menos, seja iniciada a investigação. Ou
seja, exige-se, pelo menos, que a autoridade tome alguma providência. Caso contrário,
teremos crime tentado.
Elemento subjetivo – Dolo.
Causa de aumento de pena – A pena é aumentada de 1/6 se o agente se vale de
anonimato ou nome falso.
Se o agente imputa contravenção, responde pelo crime? Sim, mas a pena
é diminuída de metade.

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Comunicação falsa de crime ou contravenção
Caracterização – Quando alguém provoca a ação da autoridade, comunicando crime
ou contravenção que o agente SABE QUE NÃO OCORREU.
Consumação - Crime material. Consuma-se no momento em que a autoridade, em
razão da comunicação falsa (de crime ou contravenção, tanto faz), pratica algum ato,
não sendo necessária a instauração do Inquérito.
Elemento subjetivo – Dolo. Exige-se a finalidade especial de agir (intenção de ver a
autoridade tomar alguma providência).

Denunciação caluniosa x Comunicação falsa de crime ou contravenção –


A diferença básica entre ambos reside no fato de que no primeiro caso o agente
quer prejudicar a vítima (imputa a uma pessoa um fato que sabe que ela não
praticou). No segundo caso, o agente não imputa o fato a alguém, mas comunica
falsamente a ocorrência de uma infração penal (crime ou contravenção) que sabe
que não ocorreu.

Autoacusação falsa de crime


Caracterização – Quando alguém imputa a si próprio, perante a autoridade, crime
que não cometeu (seja porque o crime não ocorreu, seja porque a pessoa não participou
do crime).
OBS.: O sujeito ativo aqui pode ser qualquer (crime comum). Contudo, não pratica o
crime quem ASSUME SOZINHO A PRÁTICA DE UM CRIME DO QUAL
PARTICIPOU (Ex.: José e Maria praticaram um roubo. José, apaixonado por Maria,
assume sozinho a prática do delito).
OBS.: Aqui o objeto NÃO PODE SER CONTRAVENÇÃO PENAL (Caso o agente impute
a si próprio, falsamente, a prática de contravenção penal, não pratica este crime)!
Se o motivo for nobre (ex.: evitar a punição de um filho), ainda assim o agente
responde pelo crime? Sim!
Consumação - No momento em que A AUTORIDADE TOMA CONHECIMENTO DA
AUTOACUSAÇÃO FALSA, pouco importando se toma qualquer providência.

Falso testemunho ou falsa perícia


Caracterização – A conduta é a daquele que, atuando como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:
Faz afirmação falsa
Nega a verdade; ou
Cala a verdade

Sujeito ativo - Somente pode ser a testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o


intérprete. Assim, o crime é PRÓPRIO.

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OBS.: Trata-se, ainda, de crime de mão própria, ou seja, só pode ser praticado
pessoalmente pela própria pessoa que possui a qualidade (não pode ser praticado por
interposta pessoa).
Cabe concurso de pessoas? Prevalece o seguinte entendimento:
No crime de falso testemunho só cabe participação (alguém induz, instiga
ou auxilia testemunha a não falar a verdade).
No crime de falsa perícia, cabe tanto a coautoria quanto a participação
(Ex.: perícia feita por dois peritos que, em conluio, decidem elaborar laudo falso).

Testemunha sem compromisso de dizer a verdade (informante) comete o


crime? É divergente, mas a maioria da Doutrina entende que sim.
Elemento subjetivo – Dolo. Não se pune a forma culposa (Ex.: Testemunha faz
afirmação falsa, mas sem intenção, porque se confundiu. Neste caso, não há crime).
Consumação - No momento em que o agente faz a declaração ou perícia falsa, pouco
importando se dessa afirmação falsa sobrevém algum resultado.
Causas de aumento de pena – Aumenta-se a pena, de 1/6 a 1/3 se:
▪ Crime cometido mediante suborno.
▪ Praticado com vistas (dolo específico) a obter prova que deva produzir
efeitos em processo civil em que seja parte a administração direta
ou indireta.
▪ Praticado com vistas a obter prova que deva produzir efeitos em
processo criminal.

Extinção da punibilidade – Será extinta a punibilidade se houver a retratação antes


da sentença (sentença recorrível). A retratação deve ocorrer no próprio processo em
que ocorreu o crime de falso testemunho.

Exercício arbitrário das próprias razões


Caracterização – É a conduta daquele que faz justiça com as próprias mãos, com a
finalidade de satisfazer pretensão legítima.
Mas e se o agente atua em legítima defesa? Neste caso, estamos diante de uma
hipótese de autotutela (“justiça pelas próprias mãos”) permitida por lei, logo, o agente
não pratica crime.
OBS.: É fundamental que a pretensão “legítima” do sujeito ativo, que fundamenta a
conduta, seja possível de ser obtida junto ao Poder Judiciário, caso contrário,
teremos outro crime, e não este.
Elemento subjetivo - Dolo, não havendo forma culposa. Se o agente pratica o ato
sem saber que sua pretensão possui algum amparo legal, não comete este crime,
podendo cometer, por exemplo, constrangimento ilegal ou cárcere privado (no caso do
nosso exemplo).
Consumação - No momento em que o agente tem sua pretensão satisfeita pelas
próprias mãos.

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Ação penal – Em regra, pública, mas será privada se não houver violência. Assim:
COM VIOLÊNCIA = PÚBLICA
SEM VIOLÊNCIA = PRIVADA

Favorecimento pessoal e favorecimento real


Caracterização – São condutas parecidas, mas que não se confundem:
▪ Favorecimento pessoal – Quando o agente ajuda (que praticou crime) alguém
a “fugir” da ação da autoridade. Se o crime (praticado por quem recebem o
auxílio) não é punido com reclusão, a pena é mais branda (forma privilegiada).
OBS.: Se o agente que presta o auxílio também participou do crime, não há
favorecimento pessoal (responde apenas pelo crime praticado).
▪ Favorecimento real – Aqui o agente não ajuda ninguém a fugir. Aqui o agente
ajuda alguém a tornar seguro o proveito do crime (uma espécie de “ajuda para
guardar a coisa”). OBS.: Se o agente que presta o auxílio também participou do
crime, não há favorecimento real (responde apenas pelo crime praticado). E se
o agente adquire o proveito do crime? Neste caso, responde por receptação.
Macete:
Favorecimento PESSOAL = PESSOA
Favorecimento REAL = Res (Do latim = COISA)

Consumação – No favorecimento pessoal, o favorecimento deve ser CONCRETO,


ou seja, o auxílio prestado deve ter sido eficaz para a subtração do infrator às
autoridades. No favorecimento real, não se exige que a ajuda seja eficaz. Mesmo se
o proveito do crime é encontrado pela polícia (por exemplo), estará consumado o delito
de favorecimento real. Trata-se de crime formal.

Elemento subjetivo – DOLO. Não se pune a forma culposa. No favorecimento real


exige-se a finalidade especial de agir (intenção de tornar seguro o proveito do crime).

Não é necessário que o favorecedor saiba exatamente que crime acabara de


cometer o favorecido, desde que saiba ou possa imaginar que ele acaba de
cometer um crime.
Causa pessoal de isenção de pena (escusa absolutória) – Só se aplica ao
favorecimento pessoal. Será isento de pena o agente que praticar o favorecimento
pessoal sendo ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do favorecido.

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Quadro esquemático

RESPONDE
SÓ PELO
SIM CRIME
AJUDOU O O AJUDADOR ANTERIOR
PARTICIPOU
INFRATOR A DO CRIME AGENTE É
FUGIR ANTERIOR? ASCENDENTE,
FAVORECIMENTO DESCENDENTE, ISENTO
NÃO PESSOAL IRMÃO OU DE PENA
CÔNJUGE DO
FAVORECIMENTO AUXILIADO
RESPONDE
SÓ PELO
SIM CRIME
AJUDOU A ANTERIOR
O AJUDADOR
TORNAR
PARTICIPOU
SEGURO O
DO CRIME RESPONDE POR
PROVEITO
ANTERIOR? FICOU SIM RECEPTAÇÃO
DO CRIME
COM O
NÃO PROVEITO
DO CRIME NÃO, SÓ
FAVORECIMENTO
PARA SI? AJUDOU A
REAL
GUARDAR

19 CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS


Tópicos importantes
Os sujeitos ativos, em todos os crimes, são sempre funcionários públicos
(todos crimes próprios). Em alguns casos, no entanto, exige-se que seja detentor
de mandato.
Os sujeitos passivos serão sempre os entes públicos lesados pela conduta. No
tipo do art. 359-H, é possível que um particular também seja lesado, sendo,
portanto, sujeito passivo.
A ação penal, em todos os casos, é PÚBLICA INCONDICIONADA.
Não se admite nenhum desses crimes na forma culposa.
O bem jurídico tutelado é sempre a regularidade das finanças públicas.
Praticamente todos os crimes são de ação múltipla (PLURINUCLEARES).
Nada impede que o agente pratique quaisquer destas condutas sob o pálio de
uma causa excludente de ilicitude ou culpabilidade. Imagine, por exemplo,
a ordenação de uma despesa não autorizada para socorrer vítimas de uma
catástrofe natural (calamidade pública). Nesse caso, nada impede que se
considere a conduta como praticada sob estado de necessidade (causa de
exclusão da ilicitude, nos termos do art. 23, I do CP).
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

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DIREITO PROCESSUAL PENAL – PROF. RENAN ARAÚJO
Olá, meus amigos!

Neste resumo vamos trabalhar os pontos mais importantes para sua prova.
Naturalmente que o resumo não substitui nosso material completo (Livro digital +
videoaulas), mas com certeza este resumo irá facilitar bastante sua vida na hora da
revisão antes da prova.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!


Prof. Renan Araujo

1 APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL


Lei processual penal no espaço
Princípio da territorialidade – A Lei processual penal brasileira só produzirá seus
efeitos dentro do território nacional. O CPP, em regra, é aplicável aos processos
de natureza criminal que tramitem no território nacional.
EXCEÇÕES:
➢ Tratados, convenções e regras de Direito Internacional
➢ Jurisdição política – Crimes de responsabilidade
➢ Processos de competência da Justiça Eleitoral
➢ Processos de competência da Justiça Militar
➢ Legislação especial
OBS.: Em relação a estes casos, a aplicação do CPP será subsidiária. Com relação à
Justiça Militar, há certa divergência, mas prevalece o entendimento de que também é
aplicável o CPP de forma subsidiária.
OBS.: Só é aplicável aos atos processuais praticados no território nacional. Se, por
algum motivo, o ato processual tiver de ser praticado no exterior, serão aplicadas as
regras processuais do país em que o ato for praticado.

Lei processual penal no tempo


REGRA – Adoção do princípio do tempus regit actum: o ato processual será realizado
conforme as regras processuais estabelecidas pela Lei que vigorar no momento de sua
realização (ainda que a Lei tenha entrado em vigor durante o processo).
Obs.: A lei nova não pode retroagir para alcançar atos processuais já praticados (ainda
que seja mais benéfica), mas se aplica aos atos futuros dos processos em curso.
Obs.: Tal disposição só se aplica às normas puramente processuais.
➢ Normas materiais inseridas em Lei Processual (heterotopia) – Devem ser
observadas as regras de aplicação da lei PENAL no tempo (retroatividade
benéfica, etc.).

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➢ Normas híbridas (ou mistas) – Há controvérsia, mas prevalece que também
devem ser observadas as regras de aplicação da lei PENAL no tempo.
➢ Normas relativas à execução penal – Há controvérsia, mas prevalece que são
normas de direito material (logo, devem ser observadas as regras de aplicação
da lei PENAL no tempo).

2 PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípio da inércia
O Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em violação da sua
imparcialidade. Este princípio fundamenta diversas disposições do sistema processual
penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz julgue um fato não contido na
denúncia, que caracteriza o princípio da congruência (ou correlação) entre a sentença
e a inicial acusatória.
OBS.: Isso não impede que o Juiz determine a realização de diligências que entender
necessárias (produção de provas, por exemplo) para elucidar questão relevante para o
deslinde do processo (em razão do princípio da busca pela verdade real ou material,
não da verdade formal).

Princípio do devido processo legal


Ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um
processo prévio, em que lhe sejam assegurados instrumentos de defesa.
➢ Sentido formal - A obediência ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito
ordinário ou outro), bem como às demais regras estabelecidas para o processo.
➢ Sentido material - O Devido Processo Legal só é efetivamente respeitado
quando o Estado age de maneira razoável, proporcional e adequada na tutela dos
interesses da sociedade e do acusado.

Dos postulados do contraditório e da ampla defesa


Contraditório – As partes devem ter assegurado o direito de contradizer os
argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas.
Obs.: Pode ser limitado, quando a decisão a ser tomada pelo Juiz não possa esperar a
manifestação do acusado ou a ciência do acusado pode implicar a frustração da decisão
(Ex.: decretação de prisão, interceptação telefônica).
Ampla defesa - Não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e
facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados instrumentos para isso. Principais
instrumentos:
▪ Produção de provas
▪ Recursos
▪ Direito à defesa técnica
▪ Direito à autodefesa

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Presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) – Ninguém pode
ser considerado culpado se ainda não há sentença penal condenatória transitada em
julgado.
 Uma regra probatória (regra de julgamento) - Deste princípio decorre que
o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o
caso).
 Uma regra de tratamento - Deste princípio decorre, ainda, que o réu deve ser,
a todo momento, tratado como inocente.
Dimensão interna – O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente.
Dimensão externa – O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou
seja, o fato de estar sendo processado não pode gerar reflexos negativos na vida do
réu.

OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o cumprimento da pena pode se iniciar com
a mera condenação em segunda instância por um órgão colegiado (TJ, TRF,
etc.), relativizando o princípio da presunção de inocência (HC 126292/SP, rel. Min. Teori
Zavascki, 17.2.2016).
Desse princípio decorre que o ônus da prova cabe ao acusador. O réu é, desde o
começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa.
Pontos importantes:
➢ A existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não
ofende a presunção de inocência
➢ Processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado NÃO
podem ser considerados maus antecedentes (nem circunstâncias judiciais
desfavoráveis) – Súmula 442 do STJ
➢ Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que o
condenado sofra regressão de regime (pela prática de novo crime)
➢ Não se exige sentença transitada em julgado (pelo novo crime) para que haja
revogação da suspensão condicional do processo.

Princípio da obrigatoriedade da fundamentação das decisões judiciais


Os órgãos do Poder Judiciário devem fundamentar todas as suas decisões. Guarda
relação com o princípio da Ampla Defesa.
Pontos importantes:
▪ A decisão de recebimento da denúncia ou queixa não precisa de fundamentação
complexa (posição do STF e do STJ).
▪ A fundamentação referida é constitucional
▪ As decisões proferidas pelo Tribunal do Júri não são fundamentadas (não há
violação ao princípio).

Princípio da publicidade
Os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de acesso livre a
qualquer do povo.

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Essa publicidade NÃO É ABSOLUTA, podendo sofrer restrição, quando a intimidade
das partes ou interesse público exigir (publicidade restrita). Pode ser restringida
apenas às partes e seus procuradores, ou somente a estes.
Impossibilidade de restrição da publicidade aos procuradores das partes.

Princípio da isonomia processual


Deve a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitária, conferindo-lhes os
mesmos direitos e deveres.
EXCEÇÃO: É possível que a lei estabeleça algumas situações aparentemente anti-
isonômicas, a fim de equilibrar as forças dentro do processo (ex.: prazo em dobro para
a Defensoria Pública).

Princípio do duplo grau de jurisdição


As decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Não
está expresso na Constituição.
EXCEÇÃO: Casos de competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso
da decisão de mérito.

Princípio do Juiz Natural


Toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do Poder Judiciário brasileiro,
devidamente investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente
definida. Vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção.
OBS.: Não confundir Juízo ou Tribunal de exceção com varas especializadas. As varas
especializadas são criadas para otimizar o trabalho do Judiciário, e sua competência é
definida abstratamente, e não em razão de um fato isolado, de forma que não ofendem
o princípio.
Obs.: Princípio do Promotor natural - Toda pessoa tem direito de ser acusada pela
autoridade competente (admitido pela Doutrina majoritária).

Princípio da vedação às provas ilícitas


Não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos,
assim compreendidos aqueles que violem direitos fundamentais. A Doutrina divide as
provas ilegais em provas ilícitas (quando violam normas de direito material) e provas
ilegítimas (quando violam normas de direito processual).
ATENÇÃO! A Doutrina dominante admite a utilização de provas ilícitas quando esta for
a única forma de se obter a absolvição do réu.

Princípio da vedação à autoincriminação


Também conhecido como nemo tenetur se detegere, tem por finalidade impedir que o
Estado, de alguma forma, imponha ao réu alguma obrigação que possa colocar em risco
o seu direito de não produzir provas prejudiciais a si próprio. O ônus da prova incumbe

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à acusação, não ao réu. Pode ser extraído da conjugação de três dispositivos
constitucionais:
▪ Direito ao silêncio
▪ Direito à ampla defesa
▪ Presunção de inocência

Princípio do non bis in idem – Ninguém pode ser punido duplamente pelo mesmo
fato. Ninguém poderá, sequer, ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Não se
pode, ainda, utilizar o mesmo fato, condição ou circunstância duas vezes (como
qualificadora e como agravante, por ex.).

3 CONCEITO E FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conceito - Ramo do Direito que tem por finalidade a aplicação, no caso concreto, da
Lei Penal outrora violada.

Fontes – Origem do direito processual penal. Podem ser:


➢ Fontes formais (ou de cognição) – Meio pelo qual a norma é lançada no
mundo jurídico. Podem ser imediatas (também chamadas de diretas ou
primárias) mediatas (também chamadas de indiretas, secundárias ou supletivas).
▪ IMEDIATAS – São as fontes principais, aquelas que devem ser aplicadas
primordialmente (Constituição, Leis, tratados e convenções
internacionais). Basicamente, portanto, os diplomas normativos
nacionais e internacionais1.
▪ MEDIATAS – São aplicáveis quando há lacuna, ausência de regulamentação
pelas fontes formais imediatas (costumes, analogia e princípios gerais
do Direito).
➢ Fontes materiais (ou de produção) – É o órgão, ente, entidade ou Instituição
responsável pela produção da norma processual penal. No Brasil, em regra, é a
União, podendo os Estados legislarem sobre questões específicas.

4 INQUÉRITO POLICIAL
Conceito - Conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária, cuja finalidade é
angariar elementos de prova (prova da materialidade e indícios de autoria), para que
o legitimado (ofendido ou MP) possa ajuizar a ação penal.
Natureza – Procedimento administrativo pré-processual. NÃO é processo judicial.
Características

1Há quem inclua também, dentre as fontes imediatas, as SÚMULAS VINCULANTES, pois são verdadeiras normas de
aplicação vinculada. Lembrando que a jurisprudência e a Doutrina não são consideradas, majoritariamente, como
FONTES do Direito Processual Penal, pois representam, apenas, formas de interpretação do Direito Processual Penal.

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• Administrativo - O Inquérito Policial, por ser instaurado e conduzido por
uma autoridade policial, possui nítido caráter administrativo.
• Inquisitivo (inquisitorialidade) - A inquisitorialidade do Inquérito
decorre de sua natureza pré-processual. No Processo temos autor (MP ou vítima),
acusado e Juiz. No Inquérito não há acusação, logo, não há nem autor, nem
acusado. No Inquérito Policial, por ser inquisitivo, não há direito ao
contraditório pleno nem à ampla defesa.
• Oficioso (Oficiosidade) – Possibilidade (poder-dever) de instauração de
ofício quando se tratar de crime de ação penal pública incondicionada.
• Escrito (formalidade) - Todos os atos produzidos no bojo do IP deverão
ser escritos, e reduzidos a termo aqueles que forem orais.
• Indisponibilidade – A autoridade policial não pode dispor do IP, ou seja,
não pode mandar arquivá-lo.
• Dispensabilidade – Não é indispensável à propositura da ação penal.
• Discricionariedade na condução - A autoridade policial pode conduzir a
investigação da maneira que entender mais frutífera, sem necessidade de seguir
um padrão pré-estabelecido.

INSTAURAÇÃO DO IP
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
FORMA CABIMENTO OBSERVAÇÕES

DE OFÍCIO • Ação penal pública OBS.:


incondicionada Requisição do
• Ação penal pública MP ou do Juiz
condicionada (depende de deve ser
representação ou requisição do cumprida pela
MJ) autoridade
• Ação penal privada (depende policial.
de manifestação da vítima) OBS.:
REQUISIÇÃO DO • Ação penal pública Requerimento
MP OU DO JUIZ incondicionada do ofendido não
• Ação penal pública obriga a
condicionada (requisição autoridade
deve estar instruída com a policial. Caso
representação ou requisição do seja
MJ) indeferimento o
• Ação penal privada (requisição requerimento,
deve estar instruída com a cabe recurso
manifestação da vítima nesse ao chefe de
sentido) polícia.

REQUERIMENTO • Ação penal pública


DO OFENDIDO incondicionada

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• Ação penal pública
condicionada
• Ação penal privada
AUTO DE PRISÃO • Ação penal pública
EM FLAGRANTE incondicionada
• Ação penal pública
condicionada (depende de
representação ou requisição do
MJ)
• Ação penal privada (depende
de manifestação da vítima)
OBS.: Denúncia anônima (delatio criminis inqualificada) - Delegado, quando
tomar ciência de fato definido como crime, através de denúncia anônima, não deverá
instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja verificada a procedência da
denúncia e, caso realmente se tenha notícia do crime, instaurar o IP.

TRAMITAÇÃO DO IP
Diligências
Logo após tomar conhecimento da prática de infração penal, a autoridade deve:
▪ Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
▪ Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais
▪ Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias
▪ Ouvir o ofendido
▪ Ouvir o indiciado (interrogatório em sede policial)
▪ Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações
▪ Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias – O exame de corpo de delito é indispensável nos
crimes que deixam vestígios.
▪ Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes
▪ Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a
apreciação do seu temperamento e caráter.
▪ colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
dos filhos, indicado pela pessoa presa.
▪ Possibilidade de se proceder à reprodução simulada dos fatos (reconstituição)
- Desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

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OBS.: O procedimento de identificação criminal só é admitido para aquele que não for
civilmente identificado. Exceção: mesmo o civilmente identificado poderá ser
submetido à identificação criminal, nos seguintes casos:
• Se o documento apresentado contiver rasuras ou indícios de falsificação.
• O documento não puder comprovar cabalmente a identidade da pessoa.
• A pessoa portar documentos de identidade distintos, com informações
conflitantes;
• A identificação criminal for indispensável às investigações policiais
(Necessário despacho do Juiz determinando isso).
• Constar nos registros policiais que a pessoa já se apresentou com outros
nomes.
• O estado de conservação, a data de expedição do documento ou o local de
sua expedição impossibilitem a perfeita identificação da pessoa.

OBS.: É permitida a colheita de material biológico para determinação do perfil genético,


exclusivamente quando isso for indispensável às investigações – depende de
autorização judicial. Deve ser armazenado em bando de dados sigiloso.

Requerimento de diligências pelo ofendido e pelo indiciado – Ambos podem


requerer a realização de diligências, mas ficará a critério da Autoridade Policial deferi-
las ou não.

FORMA DE TRAMITAÇÃO DO IP
Sigiloso – A autoridade policial deve assegurar o sigilo necessário à elucidação do fato
ou o exigido pelo interesse da sociedade. Prevalece o entendimento de que o IP é
sempre sigiloso em relação às pessoas do povo em geral, por se tratar de mero
procedimento investigatório.

Acesso do advogado aos autos do IP


O advogado do indiciado deve ter franqueado o acesso amplo aos elementos de prova
já documentados nos autos do IP, e que digam respeito ao exercício do direito de
defesa. Não se aplica às diligências em curso (Ex.: interceptação telefônica ainda
em curso) – SÚMULA VINCULANTE nº 14.
OBS.: A Lei 13.24/16 alterou o Estatuto da OAB para estender tal previsão a qualquer
procedimento investigatório criminal (inclusive aqueles instaurados internamente no
âmbito do MP).

Interrogatório em sede policial


Necessidade de presença do advogado? Posição clássica da Doutrina e da
Jurisprudência: NÃO.

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Alteração legislativa (Lei 13.245/16) – passou-se a exigir a presença do
advogado no interrogatório policial? Ainda não há posição do STF ou STJ. Duas
correntes:
▪ Alguns vão entender que o advogado, agora, é indispensável durante o IP.
▪ Outros vão entender que a Lei não criou essa obrigatoriedade. O que a Lei criou
foi, na verdade, um DEVER para o advogado que tenha sido devidamente
constituído pelo indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso
o indiciado deseje não constituir advogado, não haveria obrigatoriedade.

CONCLUSÃO DO IP
Prazo
PRAZO PARA A CONCLUSÃO DO IP
NATUREZA PRAZO OBSERVAÇÕES
DA
INFRAÇÃO
REGRA • Indiciado preso: 10 dias OBS.: Em se tratando de
GERAL • Indiciado solto: 30 dias indiciado solto, o prazo é
processual. Em se tratando de
CRIMES • Indiciado preso: 15 dias
indiciado preso o prazo é
FEDERAIS (prorrogável por mais material (conta-se o dia do
15 dias)
começo).
• Indiciado solto: 30 dias
OBS.: No caso de indiciado
LEI DE • Indiciado preso: 30 dias preso, o prazo se inicia da data
DROGAS • Indiciado solto: 90 dias da prisão. Em se tratando de
OBS.: Ambos podem ser indiciado solto, o prazo se inicia
duplicados. com a Portaria de instauração.

CRIMES • Indiciado preso ou solto:


CONTRA A 10 dias
ECONOMIA
POPULAR
OBS.: Em caso de indiciado solto o STJ entende tratar-se de prazo impróprio
(descumprimento do prazo não gera repercussão prática).

Indiciamento – Ato fundamentado por meio do qual a autoridade policial “direciona”


a investigação, ou seja, a autoridade policial centraliza as investigações em apenas um
ou alguns dos suspeitos. Ato privativo da autoridade policial, mas depende de
autorização do Tribunal se o indiciado for pessoa detentora de foro por prerrogativa de
função (STF – Inq. 2.411). STJ vem decidindo em sentido contrário
(desnecessidade de autorização).

Destinatário do IP – Prevalece que:


▪ Destinatário imediato – titular da ação penal

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▪ Destinatário mediato – Juiz

ARQUIVAMENTO DO IP
Regra – MP requer o arquivamento, mas quem determina é o Juiz. Se o Juiz discordar,
remete ao Chefe do MP (em regra, o PGJ). O Chefe do MP decide se concorda com o
membro do MP ou com o Juiz. Se concordar com o membro do MP, o Juiz deve arquivar.
Se concordar com o Juiz, ele próprio ajuíza a ação penal ou designa outro membro para
ajuizar.
Ação penal privada – Os autos do IP serão remetidos ao Juízo competente, onde
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal (ou serão entregues
ao requerente, caso assim requeira, mediante traslado).
Arquivamento implícito – Criação doutrinária. Duas hipóteses:
▪ Quando o membro do MP deixar requerer o arquivamento em relação a alguns
fatos investigados, silenciando quanto a outros.
▪ Requerer o arquivamento em relação a alguns investigados, silenciando quanto
a outros.
STF e STJ não aceitam a tese de arquivamento implícito.

Arquivamento indireto – Quando o membro do MP deixa de oferecer a denúncia por


entender que o Juízo (que está atuando durante a fase investigatória) é incompetente
para processar e julgar a ação penal. Não é unânime.
Trancamento do IP - Consiste na cessação da atividade investigatória por decisão
judicial quando há ABUSO na instauração do IP ou na condução das investigações,
geralmente quando não hé elementos mínimos de prova.

Decisão de arquivamento de IP faz coisa julgada? Em regra, não, podendo ser


reaberta a investigação se de outras provas (provas novas) a autoridade policial tiver
notícia. Exceções:
▪ Arquivamento por atipicidade do fato
▪ Arquivamento em razão do reconhecimento de manifesta causa de
exclusão da ilicitude ou da culpabilidade – Aceito pela Doutrina e
jurisprudência MAJORITÁRIAS. STF não vem admitindo a coisa julgada neste
caso.
▪ Arquivamento por extinção da punibilidade
OBS.: Se o reconhecimento da extinção da punibilidade se deu pela morte do
agente, mediante apresentação de certidão de óbito falsa (o agente não estava
morto) é possível reabrir as investigações.

ATENÇÃO! A autoridade policial NÃO PODE mandar arquivar autos de inquérito policial.

PODER DE INVESTIGAÇÃO DO MP
Entendimento pacífico no sentido de que o MP pode investigar, mediante procedimentos
próprios, mas não pode presidir nem instaurar inquérito policial.

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5 AÇÃO PENAL
• A ação penal é o instrumento que dá início ao processo penal, através do
qual o Estado poderá exercer seu ius puniendi. Pode ser de duas grandes
espécies:
▪ Pública – (1) incondicionada (2) condicionada
▪ Privada – (1) exclusiva (2) personalíssima (3) subsidiária da pública

Assim:
AÇÃO PENAL
PÚBLICA INCONDICIONADA Não depende de qualquer condição
(titularidade CONDICIONADA Requisição do Ministro da Justiça
do MP)
➢ Não tem prazo (pode ser
oferecida enquanto não extinta a
punibilidade)
➢ Não cabe retratação.
➢ MP não está vinculado à requisição
(oferecida a requisição, pode o MP
deixar de denunciar)
Representação do ofendido:
➢ Deve ser oferecida dentro de 06
meses, sob pena de decadência
➢ É retratável, até o oferecimento
da denúncia pelo MP
➢ Não exige forma específica
➢ Não é divisível quanto aos
autores do fato criminoso
PRIVADA EXCLUSIVA O direito de queixa passa aos sucessores
(titularidade PERSONALÍSSIMA O direito de queixa não passa aos
do sucessores (nem pode ser exercido pelo
ofendido) representante legal).
SUBSIDIÁRIA DA Quando há INÉRCIA do MP, o ofendido
PÚBLICA passa a ter legitimidade para ajuizar a
queixa-crime subsidiária. Essa
legitimidade dura por seis meses, e neste
período, tanto o MP quando o ofendido
podem ajudar ação penal (legitimidade
concorrente).

CARACTERÍSTICAS
• A ação penal pública (tanto a incondicionada quanto à condicionada) é de
titularidade exclusiva do MP e goza das seguintes características:

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▪ Obrigatoriedade
▪ Oficialidade
▪ Indisponibilidade
▪ Divisibilidade
• A ação penal privada é de titularidade do ofendido e goza das seguintes
características:
▪ Indivisibilidade
▪ Oportunidade
▪ Disponibilidade
▪ Deve ser ajuizada dentro de seis meses (contados da data em que foi
conhecida a autoria do delito), sob pena de decadência do direito de
queixa.

INSTITUTOS PRIVATIVOS DA AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA – Não


cabem na ação penal privada subsidiária da pública

1. RENÚNCIA
• Antes do ajuizamento da ação
• Expressa ou tácita (Com relação à renúncia tácita, decorrente da não inclusão
de algum dos infratores na ação penal, o STJ firmou entendimento no sentido
de que a omissão do querelante deve ter sido VOLUNTÁRIA, ou seja, ele deve
ter, de fato, querido não processar o infrator).
• Oferecida a um dos infratores a todos se estende
• Não depende de aceitação pelos infratores (ato unilateral)

2. PERDÃO
• Depois do ajuizamento da ação
• Expresso ou tácito
• Processual ou extraprocessual
• Oferecido a um dos infratores a todos se estende
• Depende de aceitação pelos infratores (ato BILATERAL)
• Se um dos infratores não aceitar, isso não prejudica o direito dos demais

RENÚNCIA X PERDÃO DO OFENDIDO


INSTITUTO RENÚNCIA PERDÃO

MOMENTO Antes de iniciado o Depois de iniciado o processo


processo

ACEITAÇÃO Não depende (ato Depende de aceitação pelo infrator


unilateral) (ato bilateral)

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FORMA Expressa ou tácita Expresso ou tácito (pode ser, ainda,
processual ou extraprocessual)

EXTENSÃO Oferecida a um, a Oferecido a um, a todos se estende


todos se estende

OBS.: O perdão pode ser aceito pessoalmente (pelo ofendido ou seu representante
legal) ou por procurador com poderes especiais.

3. PEREMPÇÃO
• Penalidade ao querelante pela negligência na condução do processo
• Cabível quando:
➢ O querelante deixar de promover o andamento do processo durante
30 dias seguidos
➢ Falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do
prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo
➢ O querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente
➢ O querelante deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais
➢ Sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

DISPOSIÇÕES IMPORTANTES
Ação penal privada subsidiária
Cabimento - Quando se tratar de crime de ação penal pública, e o MP nada fizer
no prazo legal de oferecimento da denúncia (inércia do MP), o ofendido, ou quem
lhe represente, poderá ajuizar ação penal privada subsidiária da pública, tendo
essa legitimidade um prazo de validade de seis meses, a contar do dia seguinte em que
termina o prazo para manifestação do MP (consolidando sua inércia).
OBS.: Não é cabível a ação penal privada subsidiária se o MP requer o arquivamento
ou requer a realização de novas diligências (neste caso não há inércia).

Atuação do MP na queixa-crime subsidiária


 Aditar a queixa – Pode se referir a qualquer aspecto (inclusão de réus, inclusão
de qualificadoras, etc.).
 Repudiar a queixa – O MP só pode repudiar a queixa quando alegar que não
ficou inerte, ou seja, que não é hipótese de ajuizamento da queixa-crime
subsidiária. Neste caso, deverá desde logo apresentar a denúncia
substitutiva.

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 Retomar a ação como parte principal – Aqui o querelante (a vítima) é
negligente na condução de causa, cabendo ao MP retomar a ação como parte
principal (como autor da ação).

6 AÇÃO CIVIL EX DELICTO


• Na ação civil ex delicto se busca a reparação econômica dos prejuízos decorrentes
do delito, e deve ser intentada no Juízo Cível. Pode ser ajuizada, ainda, a
execução civil ex delicto, quando a vítima já dispuser da sentença penal
condenatória transitada em julgado, hipótese na qual só restará ao Juízo Cível
liquidar o valor a ser ressarcido, não cabendo discussão acerca da dívida.
• Se a vítima for pobre, poderá se valer da Defensoria Pública para ajuizar a ação
civil (ou execução civil) ex delicto. Nos locais onde não houver Defensoria Pública,
esta tarefa cabe ao MP (STF e STJ).

7 JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO
Conceito - A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso
concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise jurídica
e trazer a paz social.
Finalidades
• Social – Trazer a paz social.
• Jurídica - Resolver o imbróglio jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no
caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente.
• Política - fortalecer a imagem do Estado como entidade soberana, que tem o
poder de dizer quem está certo e fazer valer essa decisão.
• Educacional (ou pedagógica) - Transmitir à população a aplicação prática do
Direito, fazendo com que a população se torne cada vez mais consciente daquelas
condutas que são penalmente tuteladas

Características
▪ Inércia - O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se
movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega
ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo que exerça seu Poder
jurisdicional. Proteção da imparcialidade do Juiz. Há exceções (Ex.: habeas
corpus de ofício).
▪ Substitutividade - A vontade do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das
partes.
▪ Definitividade - Em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz
será definitiva, imodificável. EXCEÇÃO: Revisão criminal (se surgir prova nova),

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pois pode ser ajuizada a qualquer tempo, de forma a alterar a sentença
condenatória.
Princípios
▪ Investidura - Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder
jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem delega esse Poder
aos seus agentes.
▪ Indelegabilidade - Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não
podem delegá-lo a terceiros.
▪ Inevitabilidade - Vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação
obrigatória aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição).
▪ Inafastabilidade – Duas vertentes: (1) possibilidade que todo cidadão tem, de
levar à apreciação do Poder Judiciário uma demanda (cumprindo os requisitos e
pressupostos legais) e de ter a prestação de uma tutela jurisdicional; (2) o
processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa.
▪ Juiz natural – Estabelecimento de regras prévias e abstratas de definição da
competência, a fim de se evitar a “escolha” do Juiz da causa. Impossibilidade de
criação de Juízos ou Tribunais de exceção.
▪ Territorialidade – Toda jurisdição possui um limite territorial, no caso, o
território brasileiro. TODO JUIZ tem jurisdição no território nacional. Entretanto,
por questão de organização funcional, a competência de cada um é delimitada de
várias formas.
Espécies
▪ Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no
processo desde o início. Já a superior é exercida em grau recursal.
▪ Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é
formada pelas 02 “Justiças especiais”: Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da
CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum é exercida
residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, que
se divide em estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui
competência criminal.

COMPETÊNCIA
CONCEITO – Conjunto de regras que estabelecem, previamente, os limites em que
cada Juiz pode exercer, de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional.2
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA
Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para definir qual a
“Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.).
Assim:
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA
JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA ESPECIAL

2NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro,
2015, p. 205

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FEDERAL ESTADUAL ELEITORAL MILITAR

OBS.: Justiça do Trabalho não possui competência criminal.

CRIME JUSTIÇA
ELEITORAL ELEITORAL
SIM
CRIME JUSTIÇA
DEFINIÇÃO DA É CRIME MILITAR MILITAR
COMPETÊNCIA EM
RAZÃO DA ELEITORAL
OU MILITAR? JUSTIÇA
MATÉRIA SIM FEDERAL
É CRIME
NÃO FEDERAL? JUSTIÇA
NÃO ESTADUAL

OBS.: Eventual existência de foro por prerrogativa de função pode, a depender do caso,
afastar estas regras (Ex.: Juiz Estadual comete crime federal – será julgado pela Justiça
Estadual, pelo TJ).
OBS.: Competência do tribunal do Júri – crimes dolosos contra a vida.

Competência criminal da Justiça Federal – Várias hipóteses


▪ Crimes que afetam bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias
e empresas públicas – Não abrange as sociedades de economia mista.
Ressalva-se a competência da justiça eleitoral e justiça militar.
▪ Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente.
▪ Crimes em que haja grave violação de direitos humanos – Só se o PGR
suscitar ao STJ o deslocamento de competência.
▪ Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei,
contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.
▪ HABEAS CORPUS e MANDADO DE SEGURANÇA em matéria criminal de sua
competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não
estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição.
▪ Crimes políticos
▪ Crimes relacionados à disputa sobre direitos indígenas
▪ Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves – Ressalva-se apenas
a competência da Justiça Militar.
▪ Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro
▪ Execução de carta rogatória (após o "exequatur" pelo STJ)
▪ Execução de sentença estrangeira (após a homologação pelo STJ)
OBS.: Justiça Federal não tem competência para julgar contravenções penais!
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA
Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos jurisdicionais mais baixos,
inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro grau. No entanto, pode ocorrer de, em
determinados casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo

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passivo (acusados), que essa competência pertença originariamente aos Tribunais.
Essa é a chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como “foro
privilegiado”).
PRINCIPAIS HIPÓTESES DE FORO PRIVILEGIADO
PRESIDENTE DA Crime comum – STF
REPÚBLICA E VICE- Crime de responsabilidade - SENADO
PRESIDENTE
MEMBROS DO Crime comum – STF
CONGRESSO Crime de responsabilidade – Não há previsão
(DEPUTADOS E
SENADORES)
MEMBROS DOS Crimes comuns e de responsabilidade - STF
TRIBUNAIS SUPERIORES
E DO TCU
GOVERNADORES Crime comum – STJ
Crime de responsabilidade – Tribunal Especial
misto (membros do Poder Legislativo local e
desembargadores do TJ local).
DESEBARGADORES DOS: Crimes comuns e de responsabilidade - STJ
TJs, TRFs, TREs e TRTs

Membros do (s): Crimes comuns e de responsabilidade - STJ


TCEs
TCMs
MPU que oficiem perante
Tribunais
PREFEEITOS Crime comum – TJ
Crime comum federal – TRF
Crime eleitoral – TRE
Crime de responsabilidade próprio – Câmara de
vereadores.
JUÍZES FEDERAIS Crimes comuns e EXCEÇÃO: Crimes eleitorais.
JUÍZES DO TRABALHO de Neste caso cabe ao TRE da
responsabilidade área de jurisdição da
JUÍZES DA JUSTIÇA
– TRF de sua autoridade.
MILITAR FEDERALIZADA
área de
jurisdição.
Membros do MPU Crimes comuns e EXCEÇÃO: Crimes eleitorais.
de Neste caso cabe ao TRE da
responsabilidade

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– TRF de sua área de jurisdição da
área de autoridade.
jurisdição.
Juízes estaduais e do DF
Crimes comuns e EXCEÇÃO: Crimes eleitorais.
Membros do MP estadual de Neste caso cabe ao TRE da
e do DF responsabilidade área de jurisdição da
– TJ de sua área autoridade.
de jurisdição.

Posse no cargo com processo já em curso - A competência, nesse caso, se


desloca para o órgão jurisdicional competente em razão do foro por prerrogativa de
função, ainda que o processo já esteja em fase recursal (STF).
OBS.: Se já foi iniciado o julgamento da apelação, eventual superveniência do foro por
prerrogativa de função não desloca a competência.

Perda do cargo (reflexos processuais):


REGRA - A competência também se desloca.
Exceção – Se o julgamento já se iniciou, o Tribunal continua competente.
Exceção MASTER – Se, embora não tendo se iniciado o julgamento (mas
após a instrução processual), o acusado RENUNCIA ao cargo para “fugir” do
julgamento pelo Tribunal, o Tribunal continua competente (evitar fraude
processual).

Conflito entre competência de foro por prerrogativa de função e competência


do Tribunal do Júri
▪ Prerrogativa de função prevista na CF/88 x Competência do Júri –
Prevalece a competência de foro por prerrogativa de função
▪ Prerrogativa de função NÃO prevista na CF/88 x Competência do Júri –
Prevalece a competência do Tribunal do Júri (súmula vinculante nº 45).
OBS.: Caso dos deputados estaduais: pelo princípio da simetria, entende-se que a
competência de foro destas autoridades está prevista na CF/88.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL
REGRA – Teoria do resultado (competente o foro do lugar em que se consumar a
infração). No caso de tentativa, o foro do lugar em foi praticado o último ato de
execução.
Principais regramentos:
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado
Crimes plurilocais contra a vida Teoria da atividade

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Juizados Especiais Teoria da atividade
Crimes falimentares Local onde foi decretada a
falência
Atos infracionais Teoria da atividade
Crime praticado no exterior e consumado no exterior - Na capital do
estado em que o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio,
ou, caso nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal.
Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por
determinação da Lei Penal, estejam sujeitos à Lei Brasileira - No local
em que primeiro aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda,
no último local em que tenha aportado ou pousado.

Fixação da competência territorial com base no domicílio do réu


Não sendo conhecido o lugar da infração – Será regulada pelo lugar do
domicílio ou residência do réu.
Se o réu tiver mais de uma residência – Prevenção.
Se o réu não tiver residência ou for ignorado seu paradeiro - juiz que
primeiro tomar conhecimento do fato.
Se for hipótese de crime de ação exclusivamente privada – Poderá o
querelante escolher ajuizar a queixa no lugar do domicílio ou residência do
réu, ainda que conhecido o lugar da infração.

Conexão
• Intersubjetiva por simultaneidade ocasional – pessoas diversas
cometem infrações diversas no mesmo local, na mesma época, mas desde
que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo.
• Intersubjetiva por concurso – Na hipótese de concurso de pessoas.
• Intersubjetiva por reciprocidade – Infrações praticadas no mesmo
tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram as infrações uns contra
os outros.
• Conexão objetiva teleológica – Uma infração deve ter sido praticada para
“facilitar” a outra.
• Conexão objetiva consequencial – Nesta hipótese uma infração é
cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do
infrator ou garantir a vantagem da outra infração.
• Conexão instrumental – A prova da ocorrência de uma infração e de sua
autoria influencie na caracterização da outra infração.

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Continência
• Continência por cumulação subjetiva – É o caso no qual duas ou mais
pessoas são acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas).
• Continência por concurso formal – Mediante uma só conduta o agente
pratica dois ou mais crimes.

Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão ou


continência
▪ Um crime de competência do Tribunal do Júri e outro crime, de
competência do Juízo comum – Competência do Júri para ambos.
▪ Crimes de competência de Juízos de mesma categoria - Primeiro se utiliza
o critério de fixação da competência territorial com base na local em que ocorreu
o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem idênticas, utiliza-se o
critério do lugar onde ocorreu o maior número de infrações penais. Caso as
penas sejam idênticas e tenha sido cometido o mesmo número de infrações
penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, aplica-se a fixação da competência
pela prevenção.
▪ Crimes de competência de Juízos de graus diferentes - A competência será
fixada no órgão de Jurisdição superior (Ex.: Um Tribunal Superior e um Juiz
singular).
▪ Um crime de competência da Justiça Comum e outro da Justiça Especial
– Competência será fixada na Justiça Especial (Ex.: crime eleitoral conexo com
crime comum).
OBS.: “NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO
PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS
DENUNCIADOS.” – SÚMULA 704 do STF

Separação dos processos nos casos de conexão ou continência


A reunião dos processos, nestes casos, é a regra. Contudo, existem exceções, hipóteses
nas quais haverá o desmembramento dos processos:
• Concurso entre a Jurisdição comum e militar
• Concurso entre crime e infração de competência do Juizado da
Infância e da Juventude
• Insanidade mental de um dos corréus – Os processos devem ser
separados, pois o processo, em relação ao correu declarado mentalmente
insano, será suspenso. Só se aplica no caso de insanidade posterior ao
fato criminoso.
• Impossibilidade de formação do conselho de sentença no Tribunal
do Júri – Se houver, no Tribunal do Júri, dois ou mais réus, e sendo
diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito de recusar algum
jurado) impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o processo
deverá ser desmembrado.

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• Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados
em circunstâncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a
reunião de processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa
ou puder implicar em retardamento do processo
• Crime doloso contra a vida praticado em concurso de agentes
quando um dos acusados possui foro por prerrogativa de função
fixado na CF/88 – A competência do júri para julgar o corréu que NÃO tem
foro privilegiado não pode ser afastada por regras infraconstitucionais (de
conexão e continência).

COMPETÊNCIA CRIMINAL DO STF


Originária
• Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
Procurador-Geral da República.
• Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente.
• A revisão criminal de seus próprios julgados.
• A execução de sentença nas causas de sua competência originária,
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais.
Originária em HC
HABEAS CORPUS NO STF - ORIGINÁRIA
PACIENTE COATOR COATOR OU PACIENTE
▪ Presidente Tribunal ▪ Autoridade ou funcionário cujos
▪ Vice-presidente Superior atos estejam sujeitos
▪ Membros do diretamente à jurisdição do
Congresso Supremo Tribunal Federal
▪ Ministros do TCU ▪ Crime sujeito à mesma
▪ Ministros dos jurisdição em uma única
Tribunais Superiores instância
▪ Ministros de Estado
▪ PGR
▪ Comandantes das
Forças Armadas
▪ Chefes de Missão
diplomática de caráter
permanente

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Recursal
▪ Crime político
▪ Habeas Corpus, quando o decidido em ÚNICA INSTÂNCIA pelos TRIBUNAIS
SUPERIORES

COMPETÊNCIA CRIMINAL DO STJ


Originária
▪ Crimes comuns - Praticados por Governadores de estados ou do DF
▪ Crimes comuns e de responsabilidade - Praticados por (1)
Desembargadores dos TJs, TRFs, TRTs e TREs; (2) Membros dos Tribunais
de Contas dos Estados e dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios;
(3) Membros do MPU que oficiem perante Tribunais.
▪ Revisão Criminal dos seus próprios julgados – Se o STJ proferir
condenação definitiva em processo de sua competência originária (Ex.:
crime comum praticado por Governador), eventual revisão criminal (caso
surja prova nova) deverá ser ajuizada perante o próprio STJ.

Originária em Habeas Corpus


HABEAS CORPUS NO STJ - ORIGINÁRIA
COATOR COATOR OU PACIENTE
▪ Tribunal sujeito à jurisdição do Qualquer das autoridades que o STJ julga
STJ (TJ e TRFs) originariamente:
▪ Ministro de Estado ou ▪ Nos crimes comuns (Ex.:
Comandante das Forças Governador)
Armadas OBS.: Ressalvada a ▪ Nos crimes comuns e nos de
competência da Justiça Eleitoral responsabilidade (Ex.:
Desembargador de TJ)

Competência criminal recursal do STJ - Recurso Ordinário em Habeas Corpus -


Decisão for proferida em ÚNICA OU ÚLTIMA INSTÂNCIA por Tribunal de Justiça ou TRF
(quando for denegatória a decisão).

COMPETÊNCIA CRIMINAL DOS TRFs


Originária
▪ Crimes comuns e de responsabilidade – (1) Juízes federais, Juízes do
Trabalho e da Justiça Militar Federalizada (2) e membros do Ministério Público da
União. OBS.: ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
▪ Revisão Criminal – O TRF será competente para apreciar as revisões criminais
interpostas contra os seus próprios julgados e contra os julgados dos Juízes
Federais que a ele estiverem vinculados.

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▪ Habeas Corpus - quando a autoridade coatora for JUIZ FEDERAL a ele vinculado
ou TURMA RECURSAL a ele vinculada.
Recursal
Julgamento dos recursos interpostos contra as decisões proferidas por Juízes Federais
de primeira instância.

COMPETÊNCIA CRIMINAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS FEDERAIS


Infrações de menor potencial ofensivo – Crimes FEDERAIS cuja pena máxima
não seja superior a dois anos. OBS.: As contravenções penais são infrações penais
de menor potencial ofensivo, mas a Justiça Federal não tem competência para
julgar contravenções penais.

8 SUJEITOS PROCESSUAIS
Conceito - Pessoas que atuam, de maneira obrigatória ou não, no processo criminal.
• Sujeitos essenciais – Necessariamente devem fazer parte do processo
criminal. São apenas três: Juiz, acusador (MP ou querelante) e acusado (ou
querelado), bem como o defensor deste.
• Sujeitos acessórios (não essenciais) – Não necessariamente atuarão no
processo. Exemplo: Assistente de acusação.

JUIZ
Conceito - O sujeito processual, na verdade, é o Estado-Juiz, que atua no processo
através de um órgão jurisdicional, que é o Juiz criminal.
Poderes:
• Poder de polícia administrativa – Exercido no curso do processo, com a
finalidade de garantir a ordem dos trabalhos e a disciplina.
• Poder Jurisdicional – Relativo à condução do processo, no que toca à
atividade-fim da Jurisdição (instrução, decisões interlocutórias, prolação da
sentença, execução das decisões tomadas, etc.). Dividem-se em: b.1)
Poderes-meio (atos cuja prática é atingir uma outra finalidade – a
prestação da efetiva tutela jurisdicional), que se dividem em atos
ordinatórios e instrutórios; b.2) Poderes-fins (que são relacionados à
prestação da efetiva tutela jurisdicional e seu cumprimento), dividindo-se
em atos decisórios (dizem o direito, condenando, absolvendo, etc.) e atos
executórios (colocam em prática o que foi decidido).

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IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
Situações capazes de afetar a imparcialidade do Juiz.

IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ


ESPÉCIE HIPÓTESES OBSERVAÇÕES
IMPEDIMENTO ▪ Tiver funcionado seu cônjuge ou OBS.: Presunção
parente, consanguíneo ou afim, em absoluta de
linha reta ou colateral até o parcialidade. Rol
terceiro grau, inclusive, como taxativo.
defensor ou advogado, órgão
do Ministério Público, OBS.: Juiz tem o dever
autoridade policial, auxiliar da de se declarar
justiça ou perito. impedido, não podendo
▪ O próprio Juiz houver atuar no processo. Se
desempenhado qualquer dessas não o fizer, qualquer das
funções (anteriores) ou servido partes poderá arguir seu
como testemunha. impedimento.
▪ O próprio Juiz tiver atuado como
juiz de outra instância, OBS.: Doutrina vê como
pronunciando-se, de fato ou de ato inexistente.
direito, sobre a questão. Jurisprudência vê como
▪ O próprio Juiz ou seu cônjuge ou nulidade absoluta.
parente, consanguíneo ou afim em
linha reta ou colateral até o
terceiro grau, inclusive, for parte
ou diretamente interessado no
feito.

SUSPEIÇÃO ▪ Se for amigo íntimo ou inimigo OBS.: Presunção


capital de qualquer das partes. relativa de
▪ Se o Juiz, seu cônjuge, ascendente imparcialidade do Juiz.
ou descendente, estiver
respondendo a processo por OBS.: Juiz não está
fato análogo, sobre cujo caráter obrigado a se declarar
criminoso haja controvérsia. suspeito.
▪ Se o Juiz, seu cônjuge, ou parente, OBS.: A suspeição não
consanguíneo, ou afim, até o pode ser declarada, nem
terceiro grau, inclusive, sustentar reconhecida, quando a
demanda ou responder a
parte criar o motivo para
processo que tenha de ser
julgado por qualquer das alega-la
partes. (propositalmente).
▪ Se o Juiz tiver aconselhado OBS.: Jurisprudência vê
qualquer das partes. como nulidade
▪ Se o Juiz for credor ou devedor, relativa (controvérsia
tutor ou curador, de qualquer na Doutrina).
das partes.

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▪ Se o Juiz for sócio, acionista ou
administrador de sociedade
interessada no processo.

Seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou


colateral até o terceiro grau, inclusive, tiver atuado como defensor
ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial,
auxiliar da justiça ou perito

Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou


servido como testemunha

IMPEDIMENTO DO JUIZ
Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de
fato ou de direito, sobre a questão;

Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em


linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
diretamente interessado no feito.

Presunção absoluta
de parcialidade

Se o Juiz for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes

Não pode ser


declarada ou
reconhecida se a Se o Juiz, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
parte processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia
propositalmente
criou a situação.

Se o Juiz, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro


grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de
ser julgado por qualquer das partes
SUSPEIÇÃO DO JUIZ

Se o Juiz tiver aconselhado qualquer das partes

Presunção Se o Juiz for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes
relativa de
parcialidade

Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no


processo

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ATENÇÃO! A suspeição ou o impedimento em decorrência de parentesco por
afinidade (parentesco que não é de sangue) cessa com a dissolução do casamento
que fez surgir o parentesco. EXCEÇÕES:
▪ Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspeição não se extingue
em hipótese nenhuma.
▪ Havendo ou não filhos da relação, o impedimento ou suspeição permanece em
relação a sogros, genros, cunhados, padrasto e enteado.
OBS.: Aplicam-se aos serventuários e funcionários da Justiça as prescrições sobre
suspeição dos Juízes.

MINISTÉRIO PÚBLICO
Conceito – É órgão responsável por desempenhar as funções do Estado-acusador
no processo. Pode atuar de duas formas:
▪ Como autor da ação (ação penal pública)
▪ Como fiscal da Lei

Suspeição e impedimento
Mesmas hipóteses de suspeição e impedimento previstas para os Juízes, no que for
cabível. Além disso, não poderão atuar nos processos em que o juiz ou qualquer das
partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau, inclusive.
OBS.: O fato de o membro do MP ter atuado na fase investigatória não gera suspeição
ou impedimento (verbete nº 234 da súmula de jurisprudência do STJ).

ACUSADO
▪ Aquele que figura no polo passivo da ação penal
▪ A identificação do acusado deve ser feita da forma mais ampla possível. A
impossibilidade de identificação do acusado por seu nome civil, contudo, não
impede o prosseguimento da ação, quando CERTA a identidade física.
▪ Deve comparecer a todos os atos do processo para o qual for intimado e, caso
não compareça a algum ato que não possa ser realizado sem ele, o Juiz poderá
determinar sua condução à força – Divergência doutrinária quanto à
constitucionalidade desta previsão.
Direitos do acusado:
▪ Não produzir prova contra si mesmo
▪ Direito de ser processado e sentenciado pela autoridade competente
▪ Direito ao contraditório e à ampla defesa
▪ Direito à entrevista prévia e reservada com seu defensor

DEFENSOR DO ACUSADO
A presença do defensor no processo criminal é obrigatória, e decorre do princípio da
ampla defesa (defesa técnica). A defesa deve, ainda, ser eficiente.

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SÚMULA 523 DO STF
NO PROCESSO PENAL, A FALTA DA DEFESA CONSTITUI NULIDADE
ABSOLUTA, MAS A SUA DEFICIÊNCIA SÓ O ANULARÁ SE HOUVER PROVA DE
PREJUÍZO PARA O RÉU.
OBS.: Doutrina entende que o Judiciário pode reconhecer a deficiência da defesa
técnica, ex officio.
Acusado não nomeia defensor – Juiz nomeará um para atuar em seu favor. Se
não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo que lhe for
nomeado.
Acusado poderá, posteriormente, desconstituir o advogado nomeado pelo Juiz
e constituir outro, de sua confiança? Sim.
Defensor nomeado pode recusar atuação? Somente em caso de motivo relevante.
Defensor nomeado pode abandonar a causa? Sim, por motivo imperioso, mas deve
comunicar previamente ao Juiz.
Defensor constituído precisa apresentar procuração? Em regra, sim, salvo
quando o acusado o indicar em seu interrogatório (procuração apud acta).
Impossibilidade de atuação – Não podem atuar como defensor do acusado os
parentes do Juiz (mesmas hipóteses do art. 252, I do CPP).

ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
Conceito – Trata-se da figura do ofendido (ou seu representante legal) ou seus
sucessores, que poderão atuar na ação penal pública como assistentes do MP (não
serão autores da ação penal).
Características:
▪ Deve ocorrer durante o processo – Entre o recebimento da denúncia e o
trânsito em julgado
▪ Deve o requerente estar assistido por profissional habilitado (advogado ou
defensor público)
▪ MP deve ser previamente ouvido
▪ Decisão de deferimento ou indeferimento do pedido é IRRECORRÍVEL (Cabe
MS, caso indeferido o requerimento).

OBS.: O corréu (aquele que também é acusado) não pode atuar como assistente da
acusação (em relação aos outros réus). Contudo, pode recorrer da sentença que
absolve os demais réus.
Assistente pode
 Propor meios de prova
 Requerer perguntas às testemunhas
 Aditar os articulados
 Participar do debate oral
 Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio
 Requerer a decretação da prisão preventiva
 Requerer o desaforamento

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 Indicar assistente técnico

Legitimidade recursal do assistente – Trata-se de legitimidade recursal


SUPLETIVA ou SUBSIDIÁRIA, ou seja, só pode recorrer quando o MP não tiver
recorrido. O assistente pode interpor:
➢ Apelação contra sentença absolutória ou condenatória
➢ Apelação contra sentença de impronúncia ou de absolvição sumária
➢ Apelação contra sentença de pronúncia
➢ RESE contra decisão que reconhecer a extinção da punibilidade
➢ Recurso contra decisão sobre prisão preventiva ou medida cautelar diversa da
prisão

AUXILIARES DA JUSTIÇA
Os peritos e intérpretes devem ser imparciais, pois não possuem interesse na causa.
Estende-se aos peritos (e aos intérpretes) as mesmas regras de suspeição dos
Juízes.
Vedações ao exercício da função de perito
Não podem exercer a função:
▪ Aqueles que estiverem sujeitos à interdição de direito
▪ Aqueles que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado
anteriormente sobre o objeto da perícia
▪ Os analfabetos e os menores de 21 anos – Atualmente, com a maioridade
civil aos 18 anos, esse dispositivo deve ser adaptado à nova maioridade
civil. Contudo, se a prova trouxer a literalidade da lei, deve ser marcado como
correta a idade de 21 anos.
Observações:
▪ Nomeação do perito é ato privativo do Juiz
▪ As partes não podem intervir na nomeação
▪ Perito não pode recusar a nomeação, salvo se provar motivo relevante
▪ Perito que faltar com suas obrigações pode ser multado
▪ Perito pode ser conduzido à força caso não compareça a algum ato para o qual
foi intimado

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9 ATOS PROCESSUAIS
• Atos das partes
• Atos do Juiz (atos jurisdicionais)

FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS - NULIDADES


Em regra, não possuem forma definida. No entanto, quando a lei expressamente
determinar a prática do ato processual mediante uma determinada forma, ela deve ser
cumprida, sob pena de nulidade.
OBS.: Em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da forma estabelecida em
lei, alguns atos processuais podem não ter sua nulidade decretada, desde que o ato
alcance sua finalidade sem causar prejuízo às partes. - Princípio do
“prejuízo”, ou do “pas de nullité sans grief” (Não há nulidade sem prejuízo).
Assim, busca-se conservar o ato que alcançou sua finalidade sem causar prejuízo
(princípio da conservação).
OBS.2: A própria parte que deu causa à nulidade não pode invocá-la, ainda que lhe
tenha causado prejuízo. Trata-se do princípio do “venire contra factum proprium”.

Renovação e retificação - Caso não tenha sido sanada a nulidade, os atos serão
renovados ou retificados.
Princípio da causalidade - A nulidade de um ato importa, ainda, na nulidade de todos
os atos que dele DIRETAMENTE dependam ou sejam consequência. O Juiz, ao declarar
a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende

IMPORTANTE: Competência penal por prevenção


Súmula 706 do STF
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.

TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS


Os atos processuais se praticam, em regra, EM QUALQUER DIA. Entretanto, as
sessões de JULGAMENTO somente podem ocorrer em dias úteis. Porém, caso
tenham se iniciado em dia útil, e não tenham terminado, prosseguirão mesmo que
adentrem em dias não-úteis.

10 PRAZOS PROCESSUAIS
• Os prazos processuais são contínuos
• Não se interrompem em férias, domingos e feriados
• O início não pode se dar em dia não útil
• Se o último dia for não útil, será prorrogado o prazo até o dia útil seguinte
• O prazo se inicia no dia útil seguinte ao marco inicial (exclui-se o dia do começo)

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OBS.: Isto só ocorre com os chamados PRAZOS PROCESSUAIS. Os prazos que,
embora presentes no CPP, sejam considerados prazos MATERIAIS (referentes ao
próprio Direito Material em si, o que às vezes é difícil de diferenciar) são computados
de maneira diversa, incluindo-se o dia do começo.
Qual o marco inicial da contagem do prazo? O momento em que a parte toma
ciência da decisão que determina a prática do ato. Esse momento da ciência pode se
dar através:
• De intimação.
• De audiência na qual a parte seja cientificada do ato.
• Do dia em que a parte manifestar ciência do ato nos autos.
OBS.: Juízes também possuem prazo para a prática de seus atos. Porém, o
descumprimento dos prazos pelo Juiz não acarreta a impossibilidade de sua prática
posteriormente, pois não existe “preclusão pro judicato”.

LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS


• Os atos processuais são praticados, em regra, na sede do Juízo
• No entanto, nada impede que sejam realizados em outros locais, a critério
do Juiz
• Atos que devam ser praticados em outra comarca - Serão realizados por
carta precatória
• Atos que devam ser praticados em outro país – Serão realizados por carta
rogatória
• Atos que devam ser praticados perante o Juiz singular, caso esteja
tramitando o processo no Tribunal – Serão realizados por meio de carta de
ordem

11 CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
CITAÇÃO
Conceito - A citação é o ato pelo qual se chama o réu para participar do processo que
em face dele foi movido.
Modalidades
Citação pessoal
Em regra, se faz mediante MANDADO DE CITAÇÃO.
O mandado deverá conter:
• O nome do juiz
• O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa
• O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos
• A residência do réu, se for conhecida
• O fim para que é feita a citação
• O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer
• A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz

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OBS.: Caso o citando resida em local não abrangido pela jurisdição do Juiz em que
tramita o processo, será citado por CARTA PRECATÓRIA.
A precatória deve indicar:
• O juiz deprecado e o juiz deprecante
• A sede da jurisdição de um e de outro
• O fim para que é feita a citação, com todas as especificações
• O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparece
E se o Juízo deprecado verificar que o réu não reside em sua localidade? Neste
caso:
• Deverá encaminhar ao Juízo competente, se houver tempo para realizar-se a
citação (caráter itinerante da carta precatória)
• Deverá devolver a precatória ao Juízo deprecante, caso não haja mais tempo
para realizar-se a citação

Modalidades especiais de citação pessoal


Citação do militar – Deve ser feita por intermédio do respectivo chefe de serviço
Citação do funcionário público – Citado pessoalmente, notificando-se o seu chefe a
respeito de dia e hora em que o funcionário deva comparecer em Juízo.
Citação do réu preso – Será feita pessoalmente. NULA a citação por edital de réu
preso na mesma Unidade da Federação em que se encontra o Juízo que determina a
citação (súmula 351 do STF).
OBS.: O comparecimento espontâneo do acusado sana eventual nulidade ou falta da
citação, desde que não tenha havido prejuízo para a defesa, nos termos do art. 570 do
CPP e do entendimento consolidado do STJ.
Citação do acusado no estrangeiro (em local conhecido) – Será feita mediante
carta rogatória. Suspende-se o curso do prazo prescricional. Não cabe nos Juizados
(neste caso, os autos devem ser remetidos ao Juízo comum).
Citações em legações estrangeiras – Serão realizadas por meio de carta rogatória.

CITAÇÃO FICTA
Citação por hora certa
Cabimento – Quando o réu se oculta para não ser citado
Regramento – Segue a regulamentação do processo civil
Revelia – Se o réu não constituir defensor nem apresentar resposta, o Juiz nomeará
defensor para apresentar a resposta, e o processo segue.

Citação por edital


Cabimento – Quando o réu se encontra em lugar desconhecido.
Regramento – Será afixado edital na sede do Juízo processante.
Revelia – Se o réu não constituir defensor nem apresentar resposta, o processo fica
suspenso. Suspende-se também o curso do prazo prescricional. Juiz poderá determinar

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a produção antecipada de provas e decretar a prisão preventiva. EXCEÇÃO: Não se
aplica tal previsão (suspensão) aos crimes de lavagem de capitais.
OBS.: Prazo prescricional fica suspenso por quanto tempo? STF possui julgados
antigos no sentido de que fica por prazo indeterminado. STJ entende que o período de
suspensão será calculado com base na pena máxima em abstrato (súmula 415 do STJ).

Por mandado

Citação pessoal ou Por carta


real precatória

Por carta
CITAÇÃO rogatória

Por hora certa


Citação ficta ou
presumida
Por edital

INTIMAÇÕES
Conceito - As intimações são várias durante o processo, e ocorrerão sempre que for
necessário dar ciência a alguém da prática de um ato processual.
Intimação pessoal:
• Defensor Público
• MP
• Defensor nomeado (advogado dativo)
Intimação por publicação no órgão oficial:
• Defensor constituído
• Advogado do querelante
• Assistente de acusação
OBS.: Intimação por precatória – A expedição da precatória não suspende o processo.
Basta a intimação da defesa acerca da expedição da precatória, não sendo necessária
a intimação da defesa para ciência da data da audiência agendada no Juízo deprecado
(súmula 273 do STJ). EXCEÇÃO: Súmula 273 do STJ não se aplica quando o acusado
é defendido pela Defensoria Pública e há sede da DP no Juízo deprecado.

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12 SENTENÇA
Requisitos formais
(i) Relatório – Resumo do que foi o processo até então
(ii) Fundamentação – Exposição dos fundamentos em que se baseou o Juiz para
tomar a decisão.
OBS.: Jurisprudência vem aceitando e chamada “motivação ad relationem”, que é
aquela na qual um órgão do Judiciário se remete à decisão proferida por outro para
fundamentar a sua.
(iii) Dispositivo – É a parte da sentença na qual o Juiz expressa sua decisão,
condenando ou absolvendo o réu com base na fundamentação anteriormente exposta.
(iv) Autenticação – É a parte da sentença consistente na data e assinatura do Juiz.
Para a Doutrina e Jurisprudência majoritária, a ausência de ASSINATURA torna a
sentença inexistente. Há entendimentos em contrário, no sentido de que seria
MERA IRREGULARIDADE, podendo o Juiz, posteriormente, colocar sua assinatura.

Princípio da identidade física do Juiz - Significa, basicamente, que o Juiz que


presidir a instrução deverá proferir a sentença. EXCEÇÕES: A obrigatoriedade de que
o Juiz que presidiu a instrução esteja obrigado a proferir sentença deve ser relativizada
em alguns casos. Isso ocorrerá nas hipóteses de Juiz:
• Promovido
• Licenciado
• Afastado
• Convocado
• Aposentado
Regra da PLACA (P.L.A.C.A.)!

Sentença absolutória
Conceito - É a sentença que julga improcedente a acusação, absolvendo o réu.
Efeitos:
• Imediata colocação do réu em liberdade, caso preso
• Levantamento do sequestro incidente sobre bens do acusado
• Cancelamento da hipoteca legal e do arresto determinados sobre o
patrimônio ilícito do acusado
• Restituição integral da fiança eventualmente paga
• Impede a propositura de ação civil de indenização pelo fato (ação civil
ex delicto) quando a absolvição: a) se fundar na presença de excludente de
ilicitude; b) Ficar comprovado que o réu não concorreu para o fato ou que o fato
não existiu.

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ATENÇÃO! Sentença absolutória imprópria: aquela que se aplica àqueles que eram
inimputáveis no momento do fato. Neste caso, o réu é absolvido, mas aplica-se medida
de segurança.

Sentença penal condenatória


Conceito - É a sentença que reconhece a responsabilidade do réu em decorrência da
infração penal, condenando-o. Ao proferir sentença condenatória, o Juiz, dentre outras
coisas, deverá fixar valor mínimo para a reparação dos danos.
OBS.: STJ - Juiz somente poderá fixar este valor mínimo para a reparação do dano se
houver pedido do interessado e se o fato for discutido no processo, para possibilitar
que o réu se defenda deste ponto específico. DOUTRINA – Há divergência, havendo
quem sustente ser desnecessário o pedido.
OBS.: O Juiz pode CONDENAR o réu mesmo que o MP, nos crimes de ação penal
pública, requeira sua absolvição.

Efeitos da sentença penal condenatória


Efeitos penais
Primário
• Imposição da pena
Secundários
• Reincidência
• Inscrição do nome do réu no rol dos culpados
OBS.: Tais efeitos, de acordo com a CF-88, só podem ser aplicados quando ocorrer o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O STF, porém, ao julgar o HC
126.292, decidiu que a pena pode ser cumprida após condenação em segunda
instância por órgão colegiado. Assim, é possível que o entendimento também mude
com relação à aplicação destes efeitos.

Efeitos extrapenais
Genéricos
Incidem sobre toda e qualquer condenação, estando previstos no art. 91 do CP. São
automáticos.
Específicos
Recaem apenas sobre condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os
crimes em geral, estando previstos no art. 92 do CP. Não são automáticos, de forma
que o Juiz deve fazer constar expressamente na sentença.

Princípio da correlação e princípio da consubstanciação


O princípio da correlação (ou da congruência) prega que a sentença deve se amoldar
ao FATO descrito na denúncia ou queixa, não podendo o Juiz decidir fora dos limites
que lhe foram colocados, pois isso importaria em violação a outro princípio, o

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PRINCÍPIO DA INÉRCIA. Assim, é vedado ao Juiz proferir sentença ultra, citra e
extra-petita. O princípio da congruência retira seu fundamento de outro princípio, o
princípio da CONSUBSTANCIAÇÃO, segundo o qual o acusado se defende dos
FATOS QUE LHE SÃO IMPUTADOS, de forma que uma sentença que extrapole estes
limites, além de violar o princípio da INÉRCIA, viola, ainda, os princípios do
contraditório e da ampla defesa.

Emendatio libelli
Este instituto possibilita ao Juiz, sem alterar a descrição dos fatos, alterar a
“capitulação legal” do fato descrito na denúncia.
OBS: Se, em razão disso, o Juiz reconhecer sua incompetência, deverá remeter os
autos ao Juízo competente.
OBS.: Se verificar que há possibilidade de suspensão condicional do processo, deverá
remeter os autos ao MP, para que verifique se é o caso de oferecimento da proposta.

Mutatio libelli
Conceito - Aqui não há mera alteração da definição jurídica do fato, mas alteração da
definição jurídica do fato em razão do surgimento de novas provas em relação a
fatos que não estavam previstos inicialmente na peça inicial acusatória.
Regramento:
• O membro do MP deve aditar a denúncia, em 05 dias
• Se o membro do MP não aditar, o Juiz envia o caso ao Chefe do MP, que decidirá
• Havendo o aditamento, o defensor do acusado será ouvido em 05 dias
• Admitido o aditamento, o Juiz reiniciará a instrução processual
• Após o aditamento, cada parte poderá arrolar até 03 testemunhas
OBS.: Só se aplica a mutatio libelli na primeira instância (súmula 453 do STF).

Intimação da sentença
• Querelante ou assistente – serão intimados pessoalmente OU na pessoa de
seu advogado. Se nenhum deles for encontrado a intimação será feita mediante
edital.
• Réu preso – pessoalmente
• Réu solto com defensor constituído – pessoalmente (ou por edital, caso não
encontrado) OU ao defensor constituído (STJ)
• Réu solto com defensor nomeado pelo Juízo – pessoalmente ou por edital,
caso não encontrado (além da intimação do defensor nomeado).
• MP – Pessoalmente, sempre.

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13 QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
As questões e processos incidentes são situações que aparecem no curso do
processo e devem ser resolvidas pelo Juiz. Não são relativas ao mérito da
demanda e podem ou não prejudicar a análise do mérito.

EXCEÇÕES
Meios de defesa indireta. Não impugnam o mérito da causa. São autuadas em apartado.
Não possuem, em regra, efeito suspensivo. Podem ser:
• Peremptórias – Se julgadas procedente, extinguem o processo (Ex.: Coisa
julgada e litispendência)
• Dilatórias – Se julgadas procedentes, apenas retardam o curso do
processo (Ex.: Exceção de suspeição e incompetência)

Exceção de suspeição
Busca afastar do processo o Juiz cuja imparcialidade aparenta estar sob ameaça. A
suspeição só pode ser arguida até a sentença.
Rito
• Apresentada a exceção, se o Juiz a acolher, deverá se afastar do processo,
remetendo os autos ao Juiz que o deva substituir.
• Caso não reconheça sua suspeição, deverá determinar a autuação em apartado
e ele mesmo, o próprio Juiz, apresentar RESPOSTA ESCRITA em 03 dias,
remetendo os autos em 24h ao Tribunal, para julgamento.
OBS.: Aplica-se a exceção de suspeição ao membro do MP, aos serventuários, aos
auxiliares da Justiça e aos Jurados.
OBS.: A exceção de impedimento segue o mesmo procedimento da exceção de
suspeição.
OBS.: A autoridade policial não está sujeita à exceção de suspeição, mas
podem e devem se declarar suspeitas quando ocorrerem as hipóteses legais.

Exceção de incompetência
Esta exceção se aplica apenas à incompetência relativa. As incompetências absolutas
dispensam a arguição por exceção (podem ser arguidas como preliminar de defesa).
Pode ser oposta verbalmente ou por escrito, no prazo da defesa. Se o próprio Juiz
reconhecer sua incompetência, de ofício, remeterá os autos ao Juízo competente.

Exceções de litispendência e coisa julgada


Estas exceções se referem à DUPLICIDADE de demandas idênticas. A
litispendência é a existência de duas ou mais demandas idênticas tramitando
simultaneamente. Já a coisa julgada é a existência de demanda idêntica já
transitada em jugado. A identidade de demandas se verifica através dos seguintes
fatores:

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• Igualdade de partes
• Igualdade de fatos imputados
• Igualdade de pedidos

Exceção de ilegitimidade da parte


Ilegitimidade ad causam – exceção peremptória, pois conduzirá à extinção do
processo
Ilegitimidade ad processum – exceção dilatória (se a parte sanar o vício) ou
peremptória (caso não sanado, será extinto o processo).

Questões prejudiciais
Características:
• Anterioridade lógica – A questão prejudicial é uma condição prévia à
análise do mérito.
• Necessariedade – A análise da questão deve ser necessária, indispensável
para que se possa analisar a TIPICIDADE da conduta que é o mérito do
processo penal.
• Autonomia – A questão prejudicial pode ser discutida em outro processo,
ou seja, fora do processo criminal.
Podem ser:
• Totais ou parciais
• Penais (homogêneas) ou extrapenais (heterogêneas)
OBS.: As heterogêneas podem ser:
• Devolutivas absolutas – Suspensão obrigatória do processo
• Devolutivas facultativas – Suspensão facultativa do processo

Conflito de jurisdição
Dois ou mais Juízes pretendem (positivo) ou se recusam a (negativo) atuar em
determinado processo.
Uma vez instaurado o conflito:
• Caso seja NEGATIVO - O processo ficará necessariamente SUSPENSO e será
analisado nos próprios autos do processo principal.
• Caso seja POSITIVO – O processo não necessariamente ficará suspenso,
embora o relator possa suspendê-lo, e correrá em AUTOS PRÓPRIOS.

Restituição de coisas apreendidas


Depois de cumprida a finalidade da apreensão, a coisa apreendida deve ser devolvida
a quem de direito. É vedada, porém:
• Quando o processo ainda interessar ao processo ou à investigação policial.

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• Quando se tratar de instrumentos do crime, cujo fabrico, uso, porte, alienação
ou detenção constitua fato ilícito.
• Quando se tratar de produto ou proveito do crime (obviamente, não será
devolvido ao infrator, mas deverá ser devolvido ao dono, caso seja pessoa
conhecida).
• Quando houver dúvida sobre o legítimo direito daquele que reclama a
restituição da coisa apreendida - Deve ser instaurado o INCIDENTE de
restituição.

Incidente de restituição – Cabível quando:


• Houver dúvida quanto ao direito do reclamante.
• Os bens reclamados tiverem sido apreendidos em poder de terceiro de boa-
fé.

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
• SEQUESTRO DE BENS IMÓVEIS – Deve ser ajuizado perante o juízo criminal,
com vistas à INDISPONIBILIDADE dos bens imóveis do investigado ou acusado,
ou que estejam em nome de terceiros, mas tenham sido adquiridos com o
proveito da infração penal.
• HIPOTECA LEGAL – DIREITO REAL DE GARANTIA, incidindo sobre o patrimônio
do próprio réu, não podendo atingir terceiros. Recairá sobre bens imóveis e
poderá atingir tanto o patrimônio obtido de forma lícita quanto o obtido de
forma ilícita.
• ARRESTO PREVENTIVO – Trata-se de uma medida prévia à hipoteca legal,
tendo natureza pré-cautelar, cuja finalidade é tornar os bens do indiciado
INDISPONÍVEIS enquanto tramita o requerimento de hipoteca legal (que
é demorado).
• ARRESTO – Não tem relação com o arresto preventivo, e se parece com a
hipoteca legal, mas refere-se a bens MÓVEIS, de origem lícita, pertencentes
ao réu.
• ALIENAÇÃO ANTECIPADA – Aplicável a todas as hipóteses de medidas
assecuratórias. Tem por finalidade a PRESERVAÇÃO DO VALOR DOS BENS,
sempre que: (a) Estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou
depreciação; (b) Houver dificuldade para sua manutenção.

INCIDENTE DE FALSIDADE DOCUMENTAL


Tem por finalidade verificar se um documento inserido nos autos do processo criminal
é, de fato, autêntico. Pode se dar tanto para verificação de falsidade material ou
ideológica (posição jurisprudencial). NÃO CABE durante a investigação.
Pode ser suscitado pela parte interessada ou pelo Juiz, de ofício. Não possui efeito
suspensivo.

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INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
Quando o Juiz tiver dúvidas acerca da capacidade mental do réu.
Instauração - Pode ser instaurado de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, requerimento do MP, do defensor, do réu, seu curador ou parentes.
OBS.: O incidente de insanidade mental pode ser instaurado no curso do inquérito
(neste caso não suspende o IP) ou no curso do processo (suspende o processo).
Objeto - A perícia realizada no acusado/investigado deverá apontar as condições
mentais do indivíduo em dois momentos:
a) na época do fato
b) atualmente
Conclusões:
No curso do processo:
• Normalidade na época do fato e normalidade atual – O incidente é apensado
ao processo principal, que segue seu curso.
• Normalidade na época do fato e incapacidade mental atual – O processo deve
permanecer suspenso até que o acusado se restabeleça ou ocorra a extinção da
punibilidade.
• Incapacidade mental à época do fato – O incidente é apensado ao processo
principal, que prosseguirá sendo o réu assistido por um curador.
No curso do IP:
• O IP finaliza antes do término do incidente – O Juiz, caso receba a denúncia,
determinará a suspensão do processo até o término do incidente.
• O incidente finaliza antes do término do IP – O incidente será remetido a Juízo,
aguardando eventual ajuizamento da inicial acusatória.

14 TEORIA GERAL DA PROVA

Conceito de prova - Elemento produzido pelas partes ou mesmo pelo Juiz, visando à
formação do convencimento deste (Juiz) acerca de determinado fato.
Objeto de prova - O fato que precisa ser provado para que a causa seja decidida, pois
sobre ele existe incerteza. Em regra, só os fatos são objeto de prova (Exceção: direito
municipal, estadual ou estrangeiro, pois a parte que alega deve provar-lhes o teor e a
vigência).
Fatos que independem de prova:
• Fatos evidentes
• Fatos notórios
• Presunções legais
• Fatos inúteis

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Classificação das provas
▪ Provas diretas – Aquelas que provam o próprio fato, de maneira direta.
▪ Provas indiretas – Aquelas que não provam diretamente o fato, mas por uma
dedução lógica, acabam por prová-lo.
▪ Provas plenas – Aquelas que trazem a possibilidade de um juízo de certeza
quanto ao fato que buscam provar, possibilitando ao Juiz fundamentar sua
decisão de mérito em apenas uma delas, se for o caso.
▪ Provas não-plenas – Apenas ajudam a reforçar a convicção do Juiz,
contribuindo na formação de sua certeza, mas não possuem o poder de formar
a convicção do Juiz, que não pode fundamentar sua decisão de mérito apenas
numa prova não-plena.
▪ Provas reais – Aquelas que se baseiam em algum objeto, e não derivam de uma
pessoa.
▪ Provas pessoais – São aquelas que derivam de uma pessoa.
▪ Prova típica – Seu procedimento está previsto na Lei.
▪ Prova atípica – Duas correntes: a.1) É somente aquela que não está prevista
na Legislação (este conceito se confunde com o de prova inominada); a.2) É tanto
aquela que está prevista na Lei, mas seu procedimento não, quanto aquela em
que nem ela nem seu procedimento estão previstos na Legislação.
▪ Prova anômala – É a prova típica, só que utilizada para fim diverso daquele
para o qual foi originalmente prevista.
▪ Prova irritual – É aquela em que há procedimento previsto na Lei, só que este
procedimento não é respeitado quando da colheita da prova.
▪ Prova “fora da terra” – É aquela realizada perante juízo distinto daquele
perante o qual tramita o processo.
▪ Prova crítica – É utilizada como sinônimo de “prova pericial”.

OBS.: PROVA EMPRESTADA - É aquela que, tendo sido produzida em outro processo,
vem a ser apresentada no processo corrente, de forma a também neste produzir os
seus efeitos. A Doutrina e a Jurisprudência, entretanto, exigem que a prova emprestada
tenha sido produzida em processo que envolveu as mesmas partes (identidade de
partes) e tenha sido submetida ao contraditório.

Sistema adotado quanto à apreciação da prova


REGRA - Sistema do livre convencimento motivado da prova (ou livre convencimento
regrado, ou livre convencimento baseado em provas ou persuasão racional). O Juiz
deve valorar a prova produzida da maneira que entender mais conveniente, de acordo
com sua análise dos fatos comprovados nos autos.
EXCEÇÃO – Adota-se, excepcionalmente:
▪ Prova tarifada – Adotada em alguns casos (ex.: necessidade de que a prova da
morte do acusado, para fins de extinção da punibilidade se dê por meio da
certidão de óbito).
▪ Íntima convicção – Adotada no caso dos julgamentos pelo Tribunal do Júri.

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Princípios que regem a produção probatória
▪ Princípio do contraditório – Todas as provas produzidas por uma das partes
podem ser contraditadas (contraprova) pela outra parte;
▪ Princípio da comunhão da prova (ou da aquisição da prova) – A prova é
produzida por uma das partes ou determinada pelo Juiz, mas uma vez integrada
aos autos, deixa de pertencer àquele que a produziu, passando a ser parte
integrante do processo, podendo ser utilizada em benefício de qualquer das
partes.
▪ Princípio da oralidade – Sempre que for possível, as provas devem ser
produzidas oralmente na presença do Juiz. Subprincípio da concentração –
Sempre que possível as provas devem ser concentradas na audiência.
Subprincípio da publicidade – Os atos processuais não devem ser praticados de
maneira secreta, sendo vedado ao Juiz apresentar obstáculos à publicidade dos
atos processuais.
Subprincípio da imediação – o Juiz, sempre que possível, deve ter contato físico
com a prova, no ato de sua produção, a fim de que melhor possa formar sua
convicção.
▪ Princípio da autorresponsabilidade das partes – As partes respondem pelo
ônus da produção da prova acerca do fato que tenham de provar.
▪ Princípio da não auto-incriminação (ou Nemo tenetur se detegere) – Por
este princípio entende-se a não obrigatoriedade que a parte tem de produzir
prova contra si mesma.

Etapas da produção da prova


▪ Proposição – A produção da prova é requerida ao Juiz, podendo ocorrer em
momento ordinário ou extraordinário.
▪ Admissão – É o ato mediante o qual o Juiz defere ou não a produção de uma
prova.
▪ Produção – É o momento em que a prova é trazida para dentro do processo.
▪ Valoração – É o momento no qual o Juiz aprecia cada prova produzida e lhe
atribui o valor que julgar pertinente.

Ônus da prova
Encargo conferido a uma das partes referente à produção probatória relativa ao fato
por ela alegado.

Produção probatória pelo Juiz


É possível:
Na produção antecipada de provas – Provas consideradas urgentes e relevantes,
observando-se a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida (é
constitucional – STF e STJ). OBS.: É necessário que exista um procedimento
investigatório em andamento (IP em curso, por exemplo), e algum requerimento posto
à sua apreciação (ainda que não seja o requerimento de prova).

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Na produção de provas após iniciada a fase de instrução do processo – Para
dirimir dúvida sobre ponto relevante (busca da verdade real). Não se exige a
cautelaridade da medida.

Provas ilegais
Provas ilícitas - São consideradas provas ilícitas aquelas produzidas mediante violação
de normas de direito material (normas constitucionais ou legais). Ex.: Prova obtida
mediante tortura.
Provas ilícitas por derivação - São aquelas provas que, embora sejam lícitas em sua
essência, derivam de uma prova ilícita, daí o nome “provas ilícitas por derivação”. Ex.:
Prova obtida mediante depoimento válido. Contudo, só se descobriu a testemunha em
razão de uma interceptação telefônica ilegal. Poderá ser utilizada no processo se
ficar comprovado que:
▪ Não havia nexo de causalidade entre a prova ilícita e a prova derivada
▪ Embora havendo nexo de causalidade, a derivada poderia ter sido obtida por
fonte independente ou seria, inevitavelmente, descoberta pela autoridade.
Provas ilegítimas - São provas obtidas mediante violação a normas de caráter
eminentemente processual, sem que haja nenhum reflexo de violação a normas
constitucionais.

Consequências processuais do reconhecimento da ilegalidade da prova


Provas ilícitas - Declarada sua ilicitude, elas deverão ser desentranhadas do processo
e, após estar preclusa a decisão que determinou o desentranhamento, serão
inutilizadas pelo Juiz.
OBS.: Há forte entendimento no sentido de que a prova, ainda que seja ilícita, deverá
ser utilizada no processo, desde que seja a única prova capaz de conduzir à absolvição
do réu ou comprovar fato importante para sua defesa, em razão do princípio da
proporcionalidade.
Prova obtida mediante excludente de ilicitude? Prova válida (Doutrina, STF e STJ).
Recurso cabível contra a decisão referente à ilicitude da prova?
▪ Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova – Cabe RESE, nos termos
do art. 581, XIII do CPP.
▪ Decisão que RECONHECE A ILICITUDE da prova apenas na sentença –
Cabe APELAÇÃO.
▪ Decisão que NÃO RECONHECE a ilicitude da prova – Não cabe recurso (seria
possível o manejo de HC ou MS).

Consequências processuais do reconhecimento da ilegitimidade da prova


▪ Prova decorrente de violação à norma processual de caráter absoluto
(nulidade absoluta) - jamais poderá ser utilizada no processo, pois as nulidades
absolutas, são questões de ordem pública e são insanáveis (STF e STJ estão
relativizando isso, ao fundamento de que não pode ser declarada qualquer
nulidade sem comprovação da ocorrência de prejuízo).

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▪ Prova decorrente de violação à norma processual de caráter relativo
(nulidade relativa) - poderá ser utilizada, desde que não haja impugnação à
sua ilegalidade ou tenha sido sanada a irregularidade em tempo oportuno.

15 PROVAS EM ESPÉCIE

EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS EM GERAL


Conceito - O exame de corpo de delito é a perícia cuja finalidade é comprovar a
materialidade (existência) das infrações que deixam vestígios.
Espécies:
▪ Direto - Quando realizado pelo perito diretamente sobre o vestígio deixado.
▪ Indireto - Quando o perito realizar o exame com base em informações
verossímeis fornecidas a ele.

Momento - Pode ocorrer tanto na fase investigatória quanto na fase de instrução do


processo criminal.
Obrigatoriedade - O exame de corpo de delito é, em regra, obrigatório nos crimes
que deixam vestígios. Caso tenham desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
pode suprir a falta (para a jurisprudência, qualquer prova pode!).
OBS.: O exame de corpo de delito está dispensado no caso de infrações de
menor potencial ofensivo, desde que a inicial acusatória esteja acompanhada de
boletim médico, ou prova equivalente, atestando o fato.
Formalidades:
▪ Deve ser realizado por 01 perito oficial - Não sendo possível, por 02 peritos
não oficiais. Se a perícia for complexa, que abranja mais de uma área de
conhecimento, poderá o Juiz designar MAIS de um perito oficial (nesse caso, a
parte também poderá indicar mais de um assistente técnico).
▪ Indicação de assistente de técnico e formulação de quesitos - As partes,
o ofendido e o assistente de acusação podem formular quesitos, indicar
assistentes técnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (restrito à fase
judicial – jurisprudência).
▪ Divergência entre os peritos - Cada um elaborará seu laudo separadamente,
e a autoridade deverá nomear um terceiro perito. Caso o terceiro perito discorde
de ambos, a autoridade poderá mandar proceder à realização de um novo exame
pericial.

O Juiz pode discordar do laudo? Sim. A isso se dá o nome de sistema liberatório


de apreciação da prova pericial.

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INTERROGATÓRIO DO RÉU
Conceito - O ato mediante o qual o Juiz procede à oitiva do acusado acerca do fato
que lhe é imputado. Modernamente, é considerado como UM DIREITO SUBJETIVO
DO ACUSADO, pois se entende que faz parte do seu direito à defesa pessoal.
Natureza - Atualmente, se entende que o interrogatório é meio de prova e meio de
defesa do réu.
Momento – Deve ser o último ato da instrução processual.
 Algumas leis especiais estabelecem que o interrogatório deva ser realizado em
outro momento, como acontece na Lei de Drogas, que prevê o interrogatório
como primeiro ato da instrução. O STF passou a entender que mesmo nos
casos de procedimentos especiais, que estabeleçam de forma diversa, o
interrogatório do acusado deve sempre ser o último ato da instrução. Tal
entendimento só tem aplicabilidade a partir da publicação da ata do referido
julgamento (11.03.2016), sendo válidos os interrogatórios realizados até esta
data.
Características
1) Obrigatoriedade – Basta a intimação do réu. Se ele não quiser comparecer, não
está obrigado. Parte da Doutrina sustenta que ele estaria obrigado a comparecer para,
pelo menos, responder às perguntas sobre sua qualificação.
2) Ato personalíssimo do réu - Somente o réu pode prestar seu depoimento, não
podendo ser tomado seu interrogatório mediante procuração.
3) Oralidade - Em regra, o interrogatório deve se dar mediante formulação de
perguntas e apresentação de respostais orais. No entanto, isso sofre mitigação no caso
de surdos, mudos, surdos-mudos e estrangeiros.
4) Publicidade - Em determinados casos, pode o Juiz determinar a limitação
da publicidade do ato.
5) Individualidade - Se existirem dois ou mais réus, o CPP determina que cada um
seja ouvido individualmente (art. 191 do CPP), não podendo, inclusive, que um
presencie o interrogatório do outro.
6) Faculdade de formulação de perguntas pela acusação e pela defesa - O Juiz
deve permitir que, após a realização de suas perguntas, cada parte (primeiro a
acusação, depois a defesa), formulem perguntas ao interrogando, caso queiram.
Permanece o sistema presidencialista: as perguntas são formuladas ao Juiz, que
as direciona ao interrogando, podendo, inclusive, indeferir as perguntas que forem
irrelevantes ou impertinentes, ou, ainda, aquelas que já tenham eventualmente sido
respondidas. OBS.: No julgamento dos processos do Júri, as perguntas serão realizadas
diretamente pela acusação e pela defesa ao interrogando (art. 474, § 1° do CPP). Já
as perguntas feitas eventualmente pelos jurados seguem o sistema presidencialista
(art. 474, § 2° do CPP).

Procedimento
Presença do defensor - O interrogatório do réu será realizado obrigatoriamente na
presença de seu advogado, sendo-lhe assegurado o direito de entrevista prévia e
reservada com este.

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Direito ao silêncio - No interrogatório o réu terá direito, ainda, a ficar em silêncio
(não se aplica à etapa de qualificação do acusado). O silêncio não importa confissão
e não pode ser interpretado em prejuízo da defesa. Essa garantia deve ser
informada ao acusado antes do seu interrogatório. A ausência dessa advertência gera
nulidade RELATIVA (STJ).
Etapas - Possui duas fases. Na primeira o réu responde às perguntas sobre sua
pessoa (art. 187, § 1° do CPP). Na segunda parte, responde às perguntas acerca do
fato (art. 187, § 2° do CPP). Antes disso, porém, existe a etapa de QUALIFICAÇÃO do
acusado.
Segundo interrogatório? É possível, a qualquer tempo, de ofício ou a
requerimento das partes, não importando se se trata do mesmo Juiz que anteriormente
interrogou o réu.

Interrogatório por meio de Videoconferência


Cabimento - Essa possibilidade só existe no caso de se tratar de réu preso e somente
poderá ser realizada EXCEPCIONALMENTE.
Procedimento - A realização de interrogatório por videoconferência deve assegurar,
no que for compatível, todas as garantias do interrogatório presencial, só podendo ser
realizada quando o Juiz não puder comparecer ao local onde o preso se encontra, e
para atender às seguintes finalidades:
▪ Prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o
preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir
durante o deslocamento
▪ Viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante
dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal
▪ Impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não
seja possível colher o depoimento destas por videoconferência
▪ Responder à gravíssima questão de ordem pública

Presença do defensor - No interrogatório por videoconferência, para que seja


assegurado o direito do acusado de ter o advogado presente, deve haver um
advogado junto ao preso e outro junto ao Juiz.

CONFISSÃO
Conceito - Meio de prova através do qual o acusado reconhece a prática do fato que
lhe é imputado.
Requisitos:
Requisitos intrínsecos:
▪ Verossimilhança das alegações do réu aos fatos,
▪ A clareza do réu na exposição dos motivos,
▪ Coincidência com o que apontam os demais meios de prova
Requisitos extrínsecos (ou formais):

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▪ Pessoalidade - Não se pode ser feita por procurador
▪ Caráter expresso - Não se admite confissão tácita no Processo Penal, devendo
ser manifestada e reduzida a termo
▪ Oferecimento perante o Juiz COMPETENTE
▪ Espontaneidade - Não pode ser realizada sob coação
▪ Capacidade do acusado para confessar - Deve estar no pleno gozo das
faculdades mentais
OBS.: Não possui valor absoluto, devendo ser valorada pelo Juiz da maneira que
reputar pertinente.
Retratação e divisibilidade - A confissão é retratável e divisível:
▪ Retratável - Porque o réu pode, a qualquer momento, voltar atrás e retirar a
confissão.
▪ Divisível - Porque o Juiz pode considerar válida a confissão em relação a apenas
algumas de suas partes, e falsa em relação a outras.
OBS.: O STF entende que se o réu se retrata em Juízo da confissão feita em sede
policial, não será aplicada a atenuante genérica da confissão, salvo se, mesmo diante
da retratação, a confissão em sede policial foi levada em consideração para a
sua condenação.
OBS.: A confissão qualificada também gera aplicação da atenuante genérica.

OITIVA DO OFENDIDO
Conceito - Permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa que mais sofreu
as consequências do delito, de forma a possibilitar o mais preciso alcance de sua
extensão.
Natureza – O ofendido NÃO É TESTEMUNHA, pois testemunha é um terceiro que não
participa do fato. O ofendido participa do fato, na qualidade de sujeito passivo.
OBS.: Pode ser conduzido coercitivamente para prestar suas declarações.
OBS.: Caso preste depoimento falso, NÃO responde por falso testemunho, pois não é
testemunha (STJ - AgRg no REsp 1125145/RJ)
A vítima tem direito ao silêncio? Prevalece que sim, mas é controvertido.

PROVA TESTEMUNHAL
Espécies
• Testemunha referida – É aquela que, embora não tenha sido arrolada por
nenhuma das partes, foi citada por outra testemunha em seu depoimento.
• Testemunha judicial – É aquela que é inquirida pelo Juiz sem ter sido arrolada
por qualquer das partes.
• Testemunha própria – É aquela que presta depoimento sobre o fato objeto da
ação penal, podendo ser direta (quando presenciou o fato) ou indireta (quando
apenas ouviu dizer sobre os fatos).
• Testemunha imprópria (ou instrumental) – É aquela que não depõe sobre o
fato objeto da ação penal, mas sobre outros fatos que nela possuem influência.

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• Testemunha compromissada – é aquela que está sob compromisso, nos termos
do art. 203 do CPP.
• Testemunha não compromissada (ou informante) – Prevista no art. 208 do
CPP, é aquela que está dispensada do compromisso de dizer a verdade, em razão
da presunção de que suas declarações são suspeitas.

Número máximo de testemunhas


▪ Regra geral (do procedimento comum ordinário) – 08 testemunhas
▪ Rito sumário – 05 testemunhas

O número de testemunhas será definido para cada fato. Além disso, esse é o
número para cada réu.

Quem pode ser testemunha?


Regra – Qualquer pessoa
Os menores de 14 anos, por exemplo, não são apenas informantes? Como
podem ser testemunhas? A Doutrina diferencia testemunhas e informantes, de
acordo com o fato de estarem ou não compromissadas. No entanto, o CPP trata ambos
como testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas compromissadas, e as
segundas testemunhas não compromissadas.
A testemunha não compromissada pode faltar com a verdade? Mesmo a
testemunha não compromissada não pode faltar com a verdade, sob pena de
falso testemunho (STJ - HC 192659/ES).

Pessoas dispensadas de prestar compromisso


▪ Doentes e deficientes mentais
▪ Menores de 14 anos
▪ Ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado

Contradita - A contradita é uma impugnação à testemunha. A contradita, portanto,


pode ocorrer em duas hipóteses:
• Pessoas que não devam prestar compromisso – Arrolada por qualquer das
partes, qualquer uma delas pode contraditar a testemunha, sendo a consequência
a tomada do seu depoimento sem compromisso legal (são as pessoas do art. 208
do CPP).
• Pessoas que NÃO PODEM DEPOR – São aquelas que não podem depor em
razão de terem tomado ciência do fato em razão do ofício ou profissão (salvo se
desobrigadas pela parte interessada). Contraditadas, devem ser
EXCLUÍDAS, não podendo ser tomado seu depoimento.

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Arguição de defeito - A arguição de defeito é a indicação de suspeição
(parcialidade) de uma testemunha. Juiz é obrigado a excluir a testemunha? NÃO!
Apenas ficará atento para não dar valor “demais” ao depoimento desta testemunha
suspeita.

Características da prova testemunhal


1) Oralidade – A prova testemunhal é, em regra, oral. Entretanto, é possível à
testemunha a consulta a breves apontamentos escritos (art. 204 do CPP). Algumas
pessoas, no entanto, podem optar por oferecer depoimento oral ou escrito (Presidente,
Vice-Presidente, etc.). OBS.: Os mudos, surdos e surdos-mudos podem depor de
forma escrita.
2) Objetividade – A testemunha deve depor objetivamente sobre o fato, não lhe
sendo permitido tecer considerações pessoais sobre os fatos.
3) Individualidade (incomunicabilidade) – As testemunhas serão ouvidas
individualmente, não podendo uma ouvir o depoimento da outra.
4) Obrigatoriedade de comparecimento – A testemunha, devidamente intimada,
deve comparecer, sob pena de poder ser conduzida à força. EXCEÇÕES:
• Pessoas que não estejam em condições físicas de se dirigir até o Juízo
• Pessoas que, por prerrogativa de FUNÇÃO, podem optar por serem ouvidas
em outros locais – Estão previstas no art. 221 do CPP.
5) Obrigatoriedade da PRESTAÇÃO DO DEPOIMENTO – Além de comparecer, deve
a testemunha efetivamente responder às perguntas, depondo sobre os fatos que tenha
conhecimento. Não há, portanto, direito ao silêncio.

Falso testemunho
E se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso testemunho?
Deverá encaminhar cópia do depoimento ao MP ou à autoridade policial.

Réu x testemunha
O Juiz pode determinar que o réu seja retirado da sala onde a testemunha irá depor,
se verificar que a sua presença pode constranger a testemunha, sempre
fundamentando sua decisão. OBS.: O réu pode até ser retirado da sala onde
testemunha presta depoimento, mas O ATO NUNCA PODERÁ SER REALIZADO SEM
A PRESENÇA DO SEU DEFENSOR.

Procedimento
▪ Primeiro as testemunhas de acusação, facultando às partes (primeiro a
acusação e depois a defesa) formular perguntas.
▪ Após, ouvirá as testemunhas de defesa, adotando igual procedimento.
E se não for respeitada esta ordem? NULIDADE RELATIVA.
Embora esta ordem seja a regra, existem exceções:
▪ Testemunhas ouvidas mediante carta precatória ou rogatória

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▪ Testemunhas que estejam doentes, ou precisem se ausentar, e haja
necessidade de serem ouvidas desde logo, sob pena de perecimento
da prova.

Formulação de perguntas
Aqui o CPP determina que as partes formulem perguntas diretamente às
testemunhas (sistema do cross examination), podendo Juiz não as admitir quando
a pergunta for irrelevante, impertinente, repetida ou puder induzir resposta.

Regras especiais
• O militar deverá ser ouvido mediante requisição à sua autoridade superior
• O funcionário público será intimado (notificado) pessoalmente, como as
demais testemunhas, mas deve ser requisitado, também, ao chefe da
repartição
• O preso será intimado (notificado) também pessoalmente, mas será
expedida, também, requisição ao diretor do estabelecimento prisional.

RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS


Procedimento
▪ A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento deverá descrever a pessoa que
deva ser reconhecida
▪ A pessoa será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança
▪ A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será chamada para reconhecer

Preservação da identidade do reconhecedor - Se houver motivos para crer que o


reconhecedor (por efeito de intimidação ou outra influência) não vá dizer a verdade em
face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade deve providenciar para que esta
(o reconhecido) não veja aquela (o reconhecedor).
OBS.: O CPP determina que essa preservação da identidade do reconhecedor não se
aplica durante a instrução criminal ou em plenário de julgamento. Jurisprudência
entende que se aplica sempre.

Reconhecimento de coisas - Aplicam-se as mesmas regras, no que for cabível.

Pluralidade de reconhecedores - Se houver mais de uma pessoa para fazer o


reconhecimento, cada uma delas realizará o ato em separado, de forma a que uma
não influencie a outra.

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ACAREAÇÃO
Conceito – É o ato pelo qual duas pessoas, que prestaram informações divergentes,
são colocadas “frente a frente”. Fundamenta-se no constrangimento. Pode ser realizada
tanto na fase de investigação quanto na fase processual.
Mas quem pode ser acareado? Podem ser acareados testemunhas, acusados e
ofendidos, entre si (ex.: acusado x acusado) ou uns com os outros (ex.: ofendido x
testemunha).
OBS.: A acareação também pode ser feita mediante carta precatória (acaba
descaracterizando a natureza da acareação).

PROVA TESTEMUNHAL
Conceito de documento - Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou
particulares. A fotografia do documento, devidamente autenticada, tem o mesmo valor
do original.
Momento - Pode ser produzida a qualquer tempo pelas partes, salvo nos casos em
que a lei expressamente veda sua produção fora de um determinado momento.
Produção pelo Juiz - O Juiz também pode determinar a produção de prova
documental, se tiver notícia de algum documento importante.
Valor probante - Os documentos, como qualquer prova, possuem o valor que o Juiz
lhes atribuir. Entretanto, alguns documentos, em razão da pessoa que os confeccionou,
possuem, inegavelmente, maior valor. Os instrumentos públicos (produzidos pela
autoridade pública competente) fazem prova:
▪ Dos fatos ocorridos na presença da autoridade que o elaborou
▪ Das declarações de vontade emitidas na presença da autoridade que lavrou o
documento
▪ Dos fatos e atos nele documentados
Os instrumentos particulares, assinados pelas partes e por duas testemunhas,
provam as obrigações firmadas entre elas. Essa eficácia não alcança terceiros.

Vícios dos documentos


• Extrínseco – relacionado à inobservância de determinada formalidade para a
elaboração do documento.
• Intrínseco – relacionado à essência, ao conteúdo do próprio ato.

Falsidade dos documentos


• Material – relativa à criação de um documento falso, fruto da adulteração de um
documento existente ou da criação de um completamente falso.
• Ideológica – refere-se à substância, ao conteúdo do fato documentado.

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INDÍCIOS
Conceito - Elementos de convicção cujo valor é inferior, pois NÃO PROVAM o fato
que se discute, mas provam outro fato, a ele relacionado, que faz INDUZIR que o fato
discutido ocorreu ou não.

Indícios x presunções legais


• Os indícios apenas induzem uma conclusão mais ou menos lógica
• As presunções legais são situações nas quais a lei estabelece que são verdadeiros
determinados fatos, se outros forem verdadeiros.

BUSCA E APREENSÃO
Conceito - Em regra, a busca e apreensão é um meio de prova. Entretanto, pode ser
um meio de assegurar direitos (Ex.: arresto de um bem para garantir a reparação civil).
Momento - A Busca e apreensão pode ocorrer na fase judicial ou na fase de
investigação policial. Pode ser determinada de ofício ou a requerimento do MP, do
defensor do réu, ou representação da autoridade policial.

Busca e apreensão domiciliar


Finalidade (art. 240, §1º do CPP)
• Prender criminosos
• Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos
• Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos
• Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso
• Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu
• Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato
• Apreender pessoas vítimas de crimes
• Colher qualquer elemento de convicção

OBS.: Trata-se de ROL TAXATIVO, ou seja, não admite ampliação (doutrina e


jurisprudência majoritárias).
OBS.: Parte da Doutrina entende, ainda, que a previsão de busca e apreensão de
“cartas abertas ou não” não foi recepcionada pela Constituição, que tutelou, sem
qualquer ressalva, o sigilo da correspondência. A Doutrina majoritária sustenta que a
carta aberta pode ser objeto de busca e apreensão (a carta, uma vez aberta,
torna-se um documento como outro qualquer).

Jurisdicionalidade - A busca domiciliar só pode ser determinada pela autoridade


judiciária (Juiz), em razão do princípio constitucional da inviolabilidade de
domicílio.

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Execução - Mesmo com autorização judicial, a diligência só poderá ser realizada
durante o dia.
Conceito de dia – Há divergência doutrinária e jurisprudencial. Na jurisprudência
prevalece o conceito físico-astronômico: dia é o lapso de tempo entre o nascer
(aurora) e o pôr-do-sol (crepúsculo).
Conceito de casa – Qualquer:
• Compartimento habitado
• Aposento ocupado de habitação coletiva
• Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.
OBS.: Assim, não é necessário que se trate de local destinado à moradia, podendo ser,
por exemplo, um escritório ou consultório particular. A inexistência de obstáculos
(ausência de cerca ou muro, por exemplo), não descaracteriza o conceito.
OBS.: Os veículos, em regra, não são considerados domicílio, salvo se representarem
a habitação de alguém (Boleia do caminhão, trailer, etc.).
OBS.: Quartos de hotéis, pousadas, motéis, etc., são considerados CASA para estes
efeitos, quando estiverem ocupados.

Requisitos - A ordem judicial de busca e apreensão deve ser devidamente


fundamentada, esclarecendo as FUNDADAS RAZÕES nas quais se baseia
Mas e se não houver ninguém em casa? O CPP determina que seja intimado algum
vizinho para que presencie o ato.
Mandado - O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso possível, de
forma a limitar ao estritamente necessário a ação da autoridade que realizará a
diligência, devendo especificar claramente o local, os motivos e fins da
diligência. Deverá, ainda, ser assinado pelo escrivão e pela autoridade que a
determinar.
E no caso de a diligência ter de ser realizada no escritório de advogado? Nos
termos do art. 7°, §6° do Estatuto da OAB, alguns requisitos devem ser observados:
• Deve haver indícios de autoria e materialidade de crime praticado PELO
PRÓPRIO ADVOGADO
• Decretação da quebra da inviolabilidade pela autoridade Judiciária
competente
• Decisão fundamentada
• Acompanhamento da diligência por um representante da OAB

Busca pessoal
Conceito - A busca pessoal é aquela realizada em pessoas, com a finalidade de
encontrar arma proibida ou determinados objetos
OBS.: Poderá ser determinada pela autoridade policial e seus agentes, ou pela
autoridade judicial.

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Requisitos - Deve se basear em FUNDADAS SUSPEITAS de que o indivíduo se encontre
em alguma das hipóteses previstas no CPP.
Busca pessoal em mulher - O CPP determina que a busca pessoal em mulher será
realizada por outra mulher, se não prejudicar a diligência:

Pode a busca pessoal ser realizada em localidade diversa daquela na qual a


autoridade exerce seu poder? Em caso de perseguição, tendo esta se iniciado no
local onde a autoridade possui “Jurisdição”.

16 PRISÕES CAUTELARES
Conceito - Trata-se de uma medida de NATUREZA CAUTELAR (cautela = cuidado,
a fim de se evitar um prejuízo), cuja finalidade pode ser garantir o regular
desenvolvimento da instrução processual, a aplicação da lei penal ou, nos casos
expressamente previstos em lei, evitar a prática de novas infrações penais.

Espécies
Prisão em flagrante
Natureza - A prisão em flagrante é uma modalidade de prisão cautelar que tem
como fundamento a prática de um fato com aparência de fato típico. Possui natureza
administrativa, pois não depende de autorização judicial para sua realização.
Sujeitos – A prisão em flagrante pode ser efetuada por:
▪ Qualquer do povo (facultativamente)
▪ A autoridade policial e seus agentes (obrigatoriamente)

Espécies de prisão em flagrante


▪ Flagrante próprio (art. 302, I e II do CPP) – Será considerado flagrante
próprio, ou propriamente dito, a situação do indivíduo que está cometendo o fato
criminoso (inciso I) ou que acaba de cometer este fato (inciso II). Também
chamado de flagrante real, verdadeiro ou propriamente dito.
▪ Flagrante impróprio (art. 302, III do CPP) – Aqui, embora o agente não tenha
sido encontrado pelas autoridades no local do fato, é necessário que haja uma
perseguição, uma busca pelo indivíduo, ao final da qual, ele acaba preso. Também
chamado de imperfeito, irreal ou “quase flagrante”.
▪ Flagrante presumido (art. 302, IV do CPP) – Temos as mesmas características
do flagrante impróprio, com a diferença que a Doutrina não exige que tenha havida
qualquer perseguição ao suposto infrator, desde que ele seja surpreendido, logo
depois do crime, com objetos (armas, papéis, etc....) que façam presumir que ele
foi o autor do delito. Também chamado de flagrante ficto ou assimilado.
OBS.: Caso o infrator se apresente espontaneamente, não será possível sua prisão em
flagrante.

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Prisão em flagrante em situações especiais
Crimes habituais - Não cabe prisão em flagrante, pois o crime não se consuma
em apenas um ato, exigindo-se uma sequência de atos isolados para que o fato seja
típico (maioria da Doutrina e da Jurisprudência). Parte minoritária, no entanto, entende
possível, se quando a autoridade policial surpreender o infrator praticando um
dos atos, já se tenha prova inequívoca da realização dos outros atos necessários
à caracterização do fato típico (Minoritário). Há decisões jurisprudenciais nesse
último sentido (possível, desde que haja prova da habitualidade).
Crimes permanentes - O flagrante pode ser realizado em qualquer momento
durante a execução do crime, logo após ou logo depois.
Crimes continuados - Por se tratar de um conjunto de crimes que são tratados como
um só para efeito de aplicação da pena, pode haver flagrante quando da
ocorrência de qualquer dos delitos.

Modalidades especiais de flagrante


▪ Flagrante esperado – A autoridade policial toma conhecimento de que será
praticada uma infração penal e se desloca para o local onde o crime acontecerá.
Iniciados os atos executórios, ou até mesmo havendo a consumação, a autoridade
procede à prisão em flagrante. TRATA-SE DE MODALIDADE VÁLIDA DE
PRISÃO EM FLAGRANTE.
▪ Flagrante provocado ou preparado – Aqui a autoridade instiga o infrator a
cometer o crime, criando a situação para que ele cometa o delito e seja preso em
flagrante. É o famoso “a ocasião faz o ladrão”. NÃO é VÁLIDA, pois quem efetuou
a prisão criou uma situação que torna impossível a consumação do delito,
tratando-se, portanto, de crime impossível. Súmula 145 do STF. OSB.: A
Doutrina e a Jurisprudência, no entanto, vêm admitindo a validade de flagrante
preparado quando o agente provocador instiga o infrator a praticar um crime
apenas para prendê-lo por crime diverso.
▪ Flagrante forjado – Aqui o fato típico não ocorreu, sendo simulado pela
autoridade policial para incriminar falsamente alguém. É ABSOLUTAMENTE
ILEGAL.
▪ Flagrante diferido (ou retardado) – A autoridade policial retarda a realização
da prisão em flagrante, a fim de, permanecendo “à surdina”, obter maiores
informações e capturar mais integrantes do bando. Trata-se de tática da polícia
(admitida apenas em determinadas leis penais especiais).

Procedimentos para lavratura do APF


Quem lavra? O Auto de Prisão em Flagrante – APF geralmente é lavrado pela
autoridade policial do local em que ocorreu a PRISÃO, ou, se não houver neste local, a
autoridade do local mais próximo. O Juiz pode lavrar o APF, nos crimes cometidos em
sua presença.
Diligências - Após ser apresentado o preso em flagrante delito à autoridade policial,
esta deverá adotar o seguinte procedimento:
▪ Ouvir o condutor

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▪ Ouvir as testemunhas
▪ Ouvir a vítima, se for possível
▪ Ouvir o preso (Interrogatório)

OBS.: A ausência de testemunhas não impede a lavratura do APF. Neste caso, deverão
assinar o APF, junto com o condutor, duas pessoas que tenham presenciado a
apresentação do preso à autoridade.

Comunicação à família e às autoridades – A autoridade, após lavrado o APF deverá:


▪ Imediatamente - Comunicar a prisão e o local em que está preso ao juiz
competente, ao MP e à família do preso ou à pessoa por ele indicada
▪ Em 24h (a contar da prisão) - Remeter os autos do APF ao Juiz competente e,
se o preso não tiver advogado, à Defensoria Pública. No mesmo prazo, deve ser
entregue ao preso a NOTA DE CULPA, assinada pela autoridade, com o motivo
da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

OBS.: No APF deve constar expressamente a informação acerca da existência de


filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Tal
exigência foi introduzida no CPP pela Lei 13.257/16.

➢ E quando o Juiz receber o Auto de Prisão em Flagrante, o que deve fazer?


Três hipóteses:
• Relaxar a prisão ilegal – Se houver alguma ilegalidade na prisão
• Converter a prisão em prisão preventiva – Caso estejam presentes os
requisitos para tal, bem como se mostrarem inadequadas ou insuficientes as
outras medidas cautelares
• Conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança, a depender do
caso – Quando não for o caso de decretação da preventiva ou relaxamento
da prisão.

Prisão preventiva
Conceito - A prisão preventiva é o que se pode chamar de prisão cautelar por
excelência, pois é aquela que é determinada pelo Juiz no bojo do Processo Criminal
ou da Investigação Policial, de forma a garantir que seja evitado algum prejuízo.
Decretação, revogação e substituição - O Juiz pode, a qualquer momento, revogar
a decisão, decretar novamente a preventiva ou substituí-la por outra medida,
desde que entenda que tais medidas são as mais adequadas na situação (sempre de
maneira fundamentada).

Legitimados – A preventiva pode ser decretada pelo Juiz:


▪ De ofício (somente durante o processo)

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▪ A requerimento do MP
▪ Por representação da autoridade policial
▪ A requerimento do querelante ou do assistente de acusação

Cabimento
Pressupostos (fumus comissi delicti)
• Prova da materialidade do delito (existência do crime)
• Indícios suficientes de autoria

Requisitos (periculum libertatis)


▪ Garantia da ordem pública – A perturbação da ordem pública pode ser
conceituada como o abalo provocado na sociedade em razão da prática de um
delito de consequências graves. Assim, a prisão preventiva se justificaria para
restabelecer a tranquilidade social, a sensação de paz em um determinado local
(um bairro, uma cidade, um estado, ou até mesmo no país inteiro). A
jurisprudência, contudo, vem entendendo que é possível o reconhecimento da
“ameaça à ordem pública” quando haja alta probabilidade de que o agente
volte a delinquir.
▪ Garantia da Ordem Econômica – Esta hipótese é direcionada aos crimes do
colarinho branco, àquelas hipóteses em que o agente pratica delitos contra
instituições financeiras e entidades públicas, causando sérios prejuízos
financeiros.
▪ Conveniência da Instrução Criminal – Tem a finalidade de evitar que o
indivíduo ameace testemunhas, tente destruir provas, etc. Em resumo, busca
evitar que a instrução do processo seja prejudicada em razão da liberdade do
réu.
▪ Segurança na aplicação da Lei penal – Busca evitar que o indivíduo fuja, de
forma a se furtar à aplicação da pena que possivelmente lhe será imposta.

OBS.: Pode ser decretada a preventiva, ainda, quando houver o descumprimento de


alguma das obrigações impostas pelo Juiz como medida cautelar diversa da
prisão:

Presentes os pressupostos e requisitos, pode ser decretada a preventiva em


relação a qualquer crime? Não, somente nas hipóteses do art. 313 do CPP:
▪ Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4
(quatro) anos.
▪ Se o infrator tiver o sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado (desde que tenha ultrapassado menos de cinco anos desde
a extinção da punibilidade)
▪ Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução
das medidas protetivas de urgência.

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▪ Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecer a dúvida, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da prisão.

Vedação à decretação da preventiva


A prisão preventiva em nenhum caso poderá decretada se o juiz verificar, pelas provas
constantes dos autos, ter o agente praticado o crime amparado por excludente de
ilicitude (Ex.: legítima defesa).

Prisão temporária
Conceito - A prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar que não se
encontra no CPP, estando regulamentada na Lei 7.960/89. Esta Lei não sofreu
alteração pela Lei 12.403/11. Possui prazo certo e só pode ser determinada DURANTE
A INVESTIGAÇÃO POLICIAL.
Cabimento – A prisão temporária só pode ser determinada quando da investigação de
determinados delitos:
▪ Homicídio doloso
▪ Sequestro ou cárcere privado
▪ Roubo
▪ Extorsão
▪ Extorsão mediante sequestro
▪ Estupro e estupro de vulnerável
▪ Rapto violento (crime revogado)
▪ Epidemia com resultado de morte
▪ Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte
▪ Quadrilha ou bando (atualmente chamado de associação criminosa)
▪ Genocídio
▪ Tráfico de drogas
▪ Crimes contra o sistema financeiro
▪ Crimes previstos na Lei de Terrorismo
▪ Quaisquer crimes hediondos ou equiparados (não constam expressamente na Lei
7.960/89)

Mas basta que se trata de um destes delitos? Não, é necessário que esteja
presente um dos requisitos previstos nos incisos I e II do art. 1º:
▪ Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; ou
▪ Quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos
necessários ao esclarecimento de sua identidade

Legitimados
A prisão temporária pode ser decretada:

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▪ A requerimento do MP
▪ Por representação da autoridade policial
OBS.: Não pode ser decretada de ofício pelo Juiz. Também não pode ser prorrogada de
ofício.

Prazo
O prazo é, em regra, de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco dias. Em se tratando
de crime hediondo ou equiparado, o prazo é de trinta dias, prorrogáveis por mais 30
dias.
PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA
REGRA 05 + 05
CRIMES HEDIONDOS, TORTURA, 30 +30
TRÁFICO E TERRORISMO

Tópicos importantes
▪ Findo o prazo da temporária, o preso deverá ser colocado em liberdade
(independentemente de ordem judicial), salvo se o Juiz decretar sua prisão
preventiva. O prolongamento ilegal da prisão temporária constitui crime de abuso
de autoridade.
▪ Os presos temporários devam ficar separados dos demais detentos

17 MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO


Requisitos
• Necessidade
• Adequação (e suficiência)

Pressupostos
▪ Fumus comissi delicti – Prova da materialidade e indícios de autoria
▪ Periculum libertatis – Risco que a liberdade plena do infrator gera (Caso
a medida se mostre insuficiente, deverá ser decretada a preventiva).

Cabimento
Só podem ser aplicadas caso a infração penal cometida seja apenada com pena
privativa de liberdade (e desde que estejam presentes os pressupostos e requisitos).

Aplicação
Podem ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, podendo ser aplicadas na fase
processual ou pré-processual.

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▪ Na fase processual - Podem ser decretadas ex officio ou a requerimento
das partes.
▪ Na fase pré-processual – Podem ser decretadas por representação da
autoridade policial ou requerimento do MP, mas não podem ser aplicadas
de ofício.

➢ Parte contrária deve ser ouvida antes da decretação da medida? Em regra,


sim, mas não será quando a oitiva prévia possa frustrar a execução da medida.
Neste caso, só será ouvida após a execução da medida.

Descumprimento
Caso não seja cumprida a medida cautelar diversa da prisão, poderá o Juiz:
▪ Cumulá-la com outra, mais severa;
▪ Substituí-la por outra; ou
▪ Decretar a prisão preventiva

Alteração das circunstâncias


O Juiz poderá, a qualquer tempo, desde que sobrevenham novos fatos que alterem as
circunstâncias até então existentes:
➢ Substituir a medida – Caso se mostre insuficiente ou inadequada
➢ Revogar a medida – Caso se mostre desnecessária
➢ Voltar a decretá-la – Caso volte a se mostrar necessária

PRISÃO ESPECIAL
Cabível para determinadas pessoas (Ministros de Estado, Magistrados, Oficiais das
Forças armadas, etc.).
Os presos especiais possuem os mesmos direitos e deveres dos presos comuns.
OBS.: Não podem, entretanto, ser transportados juntamente com os demais presos.
OBS.: O militar, caso preso em flagrante delito, deverá ser recolhido ao quartel da
Instituição à qual pertencer (PM, Exército, Marinha...).

18 PRISÃO DOMICILIAR
Conceito - Alternativa à prisão preventiva, consiste no recolhimento do indivíduo em
sua residência, só podendo sair dela com autorização judicial.

Cabimento - É cabível quando o infrator for:


▪ Maior de 80 (oitenta) anos
▪ Extremamente debilitado por motivo de doença gravei
▪ Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de
idade ou com deficiência

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▪ Gestante – Não mais se exige que seja gestação de alto risco nem que
esteja a partir do 7º mês de gestação.
▪ Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos
▪ Homem – Quando seja o único responsável pelos cuidados do filho de
até 12 (doze) anos de idade incompletos.

19 LIBERDADE PROVISÓRIA E FIANÇA


A concessão da liberdade provisória não impede a fixação de alguma medida cautelar
DIVERSA DA PRISÃO.
A liberdade provisória pode ser concedida SEM FIANÇA (a regra), ou COM FIANÇA.

Fiança
Trata-se de uma medida cautelar que visa a garantir que o réu irá colaborar,
comparecendo a todos os atos do processo, etc.
Arbitramento
A autoridade policial só poderá arbitrar a fiança nos crimes cuja pena máxima não
seja superior a quatro anos.
Caso o crime possua pena máxima superior a 04 anos, a fiança deverá ser requerida
ao Juiz, que a arbitrará em até 48 horas.
OBS.: O MP não será ouvido previamente ao arbitramento da fiança, mas terá
vista dos autos após esse momento.

Valor
Para o arbitramento do valor da fiança deverá a autoridade (autoridade policial ou Juiz)
verificar algumas circunstâncias, como as condições financeiras do acusado, sua vida
pregressa, sua periculosidade, etc.
OBS.: Poderá consistir em dinheiro, metais preciosos, títulos, etc., ou seja, quaisquer
bens que possuam valor econômico:

Inadmissibilidade
▪ Nos crimes de racismo
▪ Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo e nos definidos como crimes hediondos
▪ Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático
▪ Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente
concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se
referem os arts. 327 e 328 do CPP
▪ Em caso de prisão civil ou militar
▪ Quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva

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E se a fiança for concedida nestes casos? Deverá ser cassada.

CUIDADO! Ainda que não se possa arbitrar fiança, é possível a concessão de liberdade
provisória.

Destinação do valor da fiança


▪ Será devolvido a quem pagou - Se absolvido o réu, se extinta a ação ou se for
declarada sem efeito a fiança.
▪ Será perdido em favor do Estado – Caso o réu seja condenado e não se
apresente para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. Servirá,
neste caso, para pagar as custas do processo, indenizar o ofendido, etc. O restante
será destinado ao FUNDO PENITENCIÁRIO.

▪ Será utilizado para pagar as despesas a que o réu está obrigado e o


restante será devolvido a quem pagou a fiança – Caso condenado o réu, mas
se apresente para cumprimento da pena. Neste caso, será utilizado o valor para
pagar as custas do processo, indenizar o ofendido, etc. Após a utilização do
valor da fiança para estes fins, o saldo será devolvido a quem pagou a
fiança.

Quebramento da fiança
A fiança será considerada quebrada, em síntese, quando houver:
• Descumprimento da confiança depositada no réu.
• Prática de nova infração penal (crime ou contravenção) dolosa.

Consequências
▪ Perda de METADE do valor da fiança
▪ Possibilidade de o Juiz fixar alguma outra medida cautelar ou decretar a prisão
preventiva
▪ Impossibilidade de prestação de nova fiança no mesmo processo

OBS.: Tanto no caso de perda total quanto no de perda parcial do valor da fiança, o
saldo (após recolhidas as custas processuais e demais encargos aos quais esteja
obrigado o acusado) será recolhido ao FUNDO PENITENCIÁRIO.

Cassação da fiança
▪ Verificar-se que ela foi arbitrada de maneira ilegal -(Ex.: fiança arbitrada para
crime inafiançável ou arbitrada por autoridade incompetente, etc.).
▪ Houver inovação na classificação do delito – Desde que faça com que, de acordo
com a nova classificação, a fiança seja incabível (Ex.: O agente é denunciado por

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homicídio simples, mas depois há o aditamento da denúncia, para passar a
considerar a conduta como homicídio qualificado, que é hediondo e não admite
fiança).

➢ Cassada a fiança, o que ocorre com o valor caucionado (valor prestado a


título de fiança)? Será devolvido, em sua integralidade (e atualizado), a quem
prestou a fiança.

Reforço da fiança
Deverá ser exigido o reforço da fiança em alguns casos:
▪ Quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente
▪ Quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou
caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas
▪ Quando for inovada a classificação do delito (e houver necessidade de
complementar o valor)

➢ E se o réu não realizar o reforço da fiança? Neste caso, a fiança será


considerada sem efeito e o réu será recolhido à prisão. Esta decretação da prisão,
contudo, não é automática. O Juiz deverá fundamentar a decretação da preventiva,
apontando a presença dos pressupostos que autorizam sua decretação

20 PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE


RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Cabimento - Este procedimento é o previsto pelo CPP para a apuração dos crimes
praticados por funcionário público contra a administração pública. Tratam-se dos crimes
funcionais.
OBS.: Aplica-se tanto aos crimes funcionais puros (próprios) quanto aos crimes
funcionais impuros (impróprios).
OBS.: Não se aplica aos crimes funcionais atípicos (STF).
Ex.: Crime funcional TÍPICO: Art. 319 do CP, crime de prevaricação. O tipo
penal EXIGE a condição de funcionário público.
Ex. II: Crime funcional ATÍPICO: É o crime praticado por funcionário público
em razão de suas funções, mas que poderia ter sido praticado por um particular.
Ex: Art. 90 da Lei de Licitações. Essa conduta pode ser praticada por qualquer
pessoa, INCLUSIVE, mas não necessariamente, por um funcionário público
no exercício das funções.

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Procedimento para os crimes inafiançáveis
▪ Praticamente idêntico ao rito comum ordinário - ÚNICA DIFERENÇA - A
queixa ou a denúncia deve estar instruída com documento ou justificação que
faça presumir a existência do crime ou “declaração fundamentada da
impossibilidade de apresentação destas provas”. Após, segue o mesmo rito do
procedimento comum ordinário.

Procedimento para os crimes afiançáveis


Há diferença prática. Consiste, basicamente, na necessidade de abertura de um
prazo para defesa prévia (15 dias), antes da citação.
Resumo do rito:
1) O acusador oferece a denúncia ou queixa
2) A ação penal é autuada e o acusado notificado para apresentar resposta
preliminar, NO PRAZO DE 15 DIAS (art. 514 do CPP)
3) O funcionário público apresenta a resposta preliminar (ou não) – O Juiz,
agora, deve deliberar acerca do recebimento ou não da denúncia. Aqui o Juiz
pode:
▪ REJEITAR A DENÚNCIA OU QUEIXA. Quando? Quando entender que:
(a)Está presente uma das hipóteses do art. 395 do CPP não percebidas
antes de mandar notificar o acusado; ou
(b) Em razão das alegações do acusado, entender que não houve crime
ou que a ação é improcedente.

▪ RECEBER A DENÚNCIA OU QUEIXA E MANDAR CITAR O RÉU. Quando?


Quando entender que a ação penal não é inepta, e entender que as razões do
acusado (apresentadas na defesa preliminar) não o convencem da
inexistência do crime ou da improcedência da ação. Neste caso, o réu será
citado para apresentar resposta à acusação, em 10 dias.
CUIDADO! O prazo para a defesa preliminar (antes do recebimento da
denúncia) é de 15 dias. O prazo para apresentação da resposta à acusação
é de 10 dias!

4) A partir daqui o procedimento segue nos termos do procedimento comum


pelo rito ordinário
ATENÇÃO! Mas e se o crime é praticado pelo funcionário público durante o
exercício da função, mas este perde a condição de funcionário público
posteriormente? Controvertido na Doutrina, mas prevalece que o rito só é aplicável
no caso de o funcionário público ainda ostentar esta condição. Assim, perdendo
a condição de funcionário público, o rito não mais se aplica.

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Tópicos importantes
• Ausência de notificação para apresentação de defesa preliminar – Sempre
necessária. Ausência gera Nulidade relativa (STF).
OBS.: STJ - Se a ação penal foi ajuizada após um procedimento
administrativo prévio no qual o acusado teve oportunidade de se
defender, não há nulidade, mas mera irregularidade.
• Funcionário público que possua foro especial por prerrogativa de função
– Se o acusado possui foro por prerrogativa de função, não se aplica o rito
previsto no CPP, aplicando-se o rito previsto na Lei 8.038/90 (Processo nos
Tribunais).
• Ação penal instruída com inquérito policial – O STJ possui entendimento
sumulado (súmula 330) no sentido de que, caso a ação penal seja instruída
inquérito policial é desnecessária a notificação para a apresentação de
resposta preliminar. STF não adota este posicionamento.

21 HABEAS CORPUS
Natureza - Trata-se de um sucedâneo recursal externo. Um instrumento similar
a um recurso, mas não é recurso, pois é uma ação autônoma (um novo processo).
Espécies
▪ Preventivo - Finalidade é preservar a liberdade de qualquer pessoa, quando há
risco de violação a este direito.
▪ Repressivo – Fazer cessar violação à liberdade.
OBS.: Doutrina e Jurisprudência admitem, ainda, uma terceira modalidade de HC, cuja
finalidade é suspender atos processuais ou impugnar procedimentos que possam
importar em prisão futura da pessoa. É o chamado HC TRANCATIVO.
OBS.: Não se admite HC para determinar o trancamento de ação penal ou IP quando
se trata de infração penal em que não há possibilidade de aplicação de pena privativa
de liberdade (súmula 693 do STF).

Sujeitos do HC

▪ Impetrante – É aquele que ajuíza o HC. Qualquer pessoa pode impetrar um


HC em seu favor ou em favor de outra pessoa. Inclusive o MP pode impetrar
o HC em favor de alguém. NÃO SE EXIGE CAPACIDADE POSTULATÓRIA (Não é
necessária a presença de advogado). A PESSOA JURÍDICA PODE IMPETRAR HC.
CUIDADO! O Juiz não pode impetrar HC, mas pode concedê-lo sem que haja
pedido (de ofício).
▪ Paciente – É aquela pessoa em favor da qual se impetra o HC (Impetrante e
paciente podem ser, portanto, a mesma pessoa).
▪ Coator – É a autoridade (ou o particular) que privou a liberdade de locomoção da
pessoa ou que está ameaçando privar a liberdade da pessoa.

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Cabimento
Considera-se ilegal a privação da liberdade quando:
▪ Não houver justa causa;
▪ Alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
▪ Quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
▪ Houver cessado o motivo que autorizou a coação;
▪ Não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
▪ O processo for manifestamente nulo;
▪ Extinta a punibilidade.

▪ A Doutrina e a Jurisprudência NÃO admitem mais a utilização do HC


como substituto recursal, ou seja, sua utilização ao invés da utilização
do recurso cabível.
▪ O Assistente de acusação não pode intervir no HC.
▪ O HC não comporta dilação probatória, ou seja, o impetrante deve
provar, DE PLANO, a ilegalidade da coação.
▪ É incabível o HC para impugnar decisão que defere a intervenção do
assistente de acusação na ação penal.
▪ É incabível a utilização do HC para atacar ato de punição disciplinar
militar (prisão do militar), salvo se a prisão foi determinada de
maneira ilegal (por autoridade incompetente, etc.), mas não o mérito da
medida.

_______

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PROF. ALI JAHA

01. Aula 01.

01. Origem e Evolução da Seguridade Social (Mundo):

- Até meados do século XIX (1850), a proteção social era ofertada


exclusivamente pela própria família ou pelas casas de assistência;

- No final do século XIX (entre 1880 e 1900) o Estado começou a ser mais
participativo. Em várias partes do mundo os governos começaram a elaborar
normas protetivas aos trabalhadores;

- Surgimento da Previdência Social no mundo (1883), na Alemanha, com a Lei


de Bismark. Era um seguro contra doenças financiando pelo empregador e
pelo trabalhador (algo próximo do nosso atual sistema, o RGPS);

- Ainda na Alemanha, é promulgada a Constituição de Weimar, em 1919, que


trouxe em seu texto disposições previdenciárias (“Welfare State” - Estado do
Bem-Estar Social);

- Em 1935, nos EUA, é criado o “Social Security Act”, que institui a Previdência
Social para os norte-americanos;

- Em 1942, na Inglaterra, é instituído o Plano Beveridge, que foi uma ampla e


profunda reforma previdenciária. Foi o ponto alto do “Welfare State”, com
introdução de inúmeros benefícios aos trabalhadores.

02. Origem e Evolução da Seguridade Social (Brasil):

- Em 1919 surge o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), entretanto ainda


era um benefício privado, ou seja, era pago pelo empregador;

- O marco inicial da Previdência Social no Brasil foi em 1923, com a Lei Eloy
Chaves (LEC), que previa que cada empresa de estradas de ferro deveria criar
e custear parcialmente a sua Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP);

- Com o tempo, a LEC foi expandida para outras empresas. Em suma, foram
criadas inúmeras CAP no Brasil;

- Por questões estruturais e financeiras, em 1930, o governo Getúlio Vargas


unificou as CAP em Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP), sendo um
IAP para cada categoria profissional (ferroviários, bancários, comerciários, etc.);

- Em 1960, foi criada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que


unificou toda a legislação previdenciária das IAP;

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- Em 1966, foi criado o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS),
que unificou todas as IAP. Agora, o Brasil tem apenas uma instituição de
Previdência Social;

- Em 1967 o SAT se torna um benefício público;

- Em 1977, de forma pretensiosa, é criado o Sistema Nacional de


Previdência Social (SINPAS), composto pelas seguintes entidades:

Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)


Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS)
Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA)
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
Empresa de Processamento de Dados da Previdência e Assistência Social
(DATAPREV)
Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social
(IAPAS)
Central de Medicamentos (CEME)

- O SINPAS nunca funcionou de maneira efetiva e exemplar, sendo extinto em


1988, sob a égide da CF/1988;

- No início da década de 1990, houve uma reforma na estrutura previdenciária,


com a extinção de algumas entidades (INAMPS, LBA, FUNABEM e CEME) e a
fusão de outras (INPS + IAPAS = INSS);

- Agora, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) era a entidade


responsável pelo custeio da Seguridade, bem como pela concessão de
benefícios previdenciários;

- Em 2004, foi criada a Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), que ficou


responsável pelo custeio da Seguridade Social. Nesse momento, o INSS ficou
responsável apenas pela concessão dos benefícios;

- Em 2007, acontece a fusão entre a SRP e a Secretaria da Receita Federal


(SRF), que gerou a Receita Federal do Brasil (RFB), que ficou responsável,
desde então, pelo custeio da Seguridade Social. A parte da concessão de
benefícios contínua sendo realizada pelo INSS.

03. Direito Previdenciário é o ramo do direito público que estuda a organização e o


funcionamento da Seguridade Social. Especificamente no Brasil, a Seguridade Social é
tratada na Constituição Federal de 1988, em capítulo próprio, entre os artigos 194
e 204, o que demonstra grande preocupação do constituinte originário de 1988
quanto à previdência social, a assistência social e a saúde.

04. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos


Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,

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à previdência e à assistência social. De forma mnemônica: Seguridade Social =
Previdência + Assistência Social + Saúde = PAS

05. Princípios Constitucionais da Seguridade Social:

Princípios Constitucionais da Seguridade Social


Universalidade da Cobertura e do
1 UCA
Atendimento
Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e
2 UEBS
Serviços às populações urbanas e rurais
Seletividade e Distributividade na prestação
3 SDBS
dos Benefícios e Serviços.

4 IRRVB Irredutibilidade do Valor dos Benefícios.

Equidade na Forma de Participação no


5 EFPC
Custeio.

6 DBF Diversidade da Base de Financiamento.


Caráter Democrático e Descentralizado da
administração, mediante gestão
Quadripartite, com participação dos
7 DDQ
trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

06. A lei (complementar) poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a


manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido ao disposto no art. 154, I
da CF/1988. Em resumo:

06.01. A criação das Contribuições Sociais Residuais se dará por meio de Lei
Complementar;

06.02. As contribuições deverão ser não cumulativas;

06.03. O fato gerador (FG) ou a base de cálculo (BC) dessas novas


contribuições deverão ser diferentes do FG e da BC das contribuições sociais
existentes, e;

06.04. O STF tem o entendimento que as contribuições sociais residuais


podem ter o mesmo FG ou a mesma BC dos impostos existentes. Esse
entendimento é importante!

07. Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

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08. As Contribuições Sociais para a Seguridade Social só poderão ser exigidas após
decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, inciso III, alínea “b” da
CF/1988 (Anterioridade Anual).

09. São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades


beneficentes de assistência social (EBAS) que atendam às exigências estabelecidas
em lei.

10. As contribuições sociais do Empregador poderão ter alíquotas ou bases de cálculo


diferenciadas, em razão da Atividade econômica, da Utilização intensiva de mão de
obra, do Porte da empresa ou da condição estrutural do Mercado de trabalho.
Percebeu as letras que estão em negrito? É um mnemônico! A+U+P+M, ou
reordenando, PUMA! =)

11. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação.

12. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral (Regime Geral
da Previdência Social - RGPS), de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

13. É assegurado o reajustamento dos benefícios previdenciários para preservar-


lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

14. Regras Constitucionais sobre Aposentadoria:

Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

Regra Geral:
Homem: 35 anos de Contribuição.
Mulher: 30 anos de Contribuição.

Professores (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio):


Homem: 30 anos de Contribuição.
Mulher: 25 anos de Contribuição.

Aposentadoria por Idade:

Regra Geral:
Homem: 65 anos de Idade.
Mulher: 60 anos de Idade.

Trabalhadores Rurais (Produtor Rural, Garimpeiro ou Pescador Artesanal):


Homem: 60 anos de Idade.
Mulher: 55 anos de Idade.

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15. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente
de contribuição à seguridade social.

16. A competência para legislar sobre Seguridade Social é privativa da União,


podendo ser delegado aos Estados o poder de legislar sobre questões específicas.

17. A competência para legislar sobre Previdência Social é concorrente entre a


União, os Estados e o Distrito Federal.

17.01. Compete a União definir as normas gerais de Previdência Social;

17.02. Os Estados podem suplementar as normas gerais;

17.03. Na falta de normas gerais por parte da União, os Estados poderão editar
normais gerais sobre previdência Social (Competência Legislativa Plena), e;

17.04. A superveniência de lei federal sobre normas gerais de previdência


Social suspende a lei estadual editada por meio da Competência Legislativa
Plena supracitada.

18. A legislação previdenciária é composta de todos os atos legais, atos com força de
lei e atos infralegais que tratam, no todo ou em parte, de assunto correlato ao Direito
Previdenciário.

19. A expressão “Fontes do Direito” é utilizada para descrever a origem e o processo


de formação das normas jurídicas. No Brasil, as classificações mais importantes para
tais fontes são as seguintes:

Fontes Materiais x Fontes Formais:

Fontes Materiais: Atos e fatos sociais que inspiraram a criação de novos


atos normativos (necessidade das camadas menos abastadas)

Fontes Formais: Atos normativos criados em função dos atos e fatos


sociais (Programa Bolsa Família)

Fontes Diretas x Fontes Indiretas:

Fontes Diretas ou Imediatas: Aquelas com força jurídica para se tornarem


regra jurídica entre os cidadãos. São as Leis e os Costumes.

Fontes Indiretas ou Mediatas: Aquelas sem força jurídica para se


tornarem regra, mas que podem servir de inspiração para a criação de
fontes diretas. São a Doutrina e a Jurisprudência.

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Fontes Principais x Fontes Secundárias:

Fontes Principais: É a lei e os atos com força de lei. São a Constituição


Federal, as Emendas Constitucionais, as Leis Complementares, as Leis
Ordinárias, as Leis Delegadas, as Medidas Provisórias, os Decretos
Legislativos, as Resoluções da Câmara dos Deputados, as Resoluções do
Senado Federal e, em regra, os Tratados Internacionais, quando
recepcionados com força de Lei Ordinária.

Fontes Secundárias: São os atos infralegais. São os Decretos, as


Portarias, as Instruções Normativas, etc.

20. Teoria Monista: O Direito Previdenciário é mero ramo do Direito do Trabalho.


Teoria Dualista: O Direito Previdenciário é autônomo, e não se confunde com o
Direito do Trabalho. Essa é a posição adotada atualmente pela legislação e pela
doutrina.

21. Aplicação das Normas Previdenciárias:

1. Hierarquia: Norma superior prevalece sobre norma inferior (lei x decreto).

2. Especialidade: Norma específica prevalece sobre norma genérica.

3. Cronologia: Caso haja duas normas em vigência tratando sobre o mesmo


tema, o que não é normal, vale a norma mais nova.

22. Vigência das Normas Previdenciárias, de forma resumida:

Validade: A lei válida é aquela que foi publicada em diário oficial e encontra-se
inserida no ordenamento jurídico.

Vigência: A lei vigente é aquela que deve ser observada, cumprida e


respeitada por toda a sociedade.

Eficácia: A lei eficaz é aquela que produz todos os seus efeitos financeiros.

23. Hierarquia das Normas Previdenciárias, de forma resumida:

1. Normas Constitucionais (CF, EC e TDH-EC).


2. Normas Supralegais (TDH-LO).
3. Normas Legais (LC, LO, LD, MP, T-LO etc.).
4. Normas Infralegais (Decretos, Portarias, etc.).

24. Interpretação x Integração, de forma resumida:

Interpretação: Utilizada quando a norma apresenta mais de um sentido, sendo


que devemos encontrar o real sentido para ser aplicado ao caso concreto.

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Integração: Utilizada quando a norma apresenta uma lacuna em seu texto,
impossibilitando a sua aplicação ao caso concreto.

02. Aula 02.

01. A Previdência Social compreende dois regimes:

1. Regime Geral de Previdência Social (RGPS), e;

2. Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos e dos


militares.

02. São segurados obrigatórios da Previdência Social (RGPS): Contribuinte Individual


(C), Trabalhador Avulso (A), Empregado Doméstico (D), Empregado (E) e Segurado
Especial (S). Além desses, existe o Segurado Facultativo (F). Observe o mnemônico:
CADES F.

03. São empregados (E):

03.01. Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em


caráter não eventual, sob sua subordinação (jurídica) e mediante
remuneração, inclusive como diretor empregado.

03.02. O brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos


oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá
domiciliado e contratado, salvo se amparado por regime próprio de previdência
social (RPPS).

03.03. O bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa, em


desacordo com a Lei n.º 11.788/2008 (Lei do Estágio).

03.04. O servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das


respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que,
nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência
social (RPPS).

03.05. O aprendiz, maior de 14 e menor de 24 anos, ressalvado o portador de


deficiência, ao qual não se aplica o limite máximo de idade, sujeito à formação
técnico-profissional metódica, sob a orientação de entidade qualificada,
conforme disposto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

04. São Empregados Domésticos (D):

04.01. Pessoa física que presta serviço de natureza contínua, mediante


remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade
sem fins lucrativos.

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05. São Contribuintes Individuais (C):

05.01. A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração


mineral (garimpo), em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por
intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a
qualquer título, ainda que de forma não contínua. É o enquadramento do
Garimpeiro.

05.02. O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida


consagrada, de congregação ou de ordem religiosa.

05.03. O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial


internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social. Não
confunda:

Brasileiro Civil que trabalha, no exterior, para a União, em organismo


internacional que o Brasil seja membro.  Empregado.

Brasileiro Civil que trabalha, no exterior, para organismo internacional


que o Brasil seja membro.  Contribuinte Individual.

05.04. Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual,


a uma ou mais empresas, sem relação de emprego.

05.05. A pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de
natureza urbana, com fins lucrativos ou não.

05.06. O Microempreendedor Individual - MEI de que tratam os Arts. 18-A, 18-


B e 18-C da Lei Complementar n.º 123/2006 (Simples Nacional), que opte
pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples
Nacional em valores fixos mensais.

05.07. O condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele


que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando
proprietário, coproprietário ou promitente comprador de um só veículo.

05.08. Aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de


veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos
da Lei n.º 6.094/1974 (Lei do Auxiliar de Condutor Autônomo).

05.09. Aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce
pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como
comerciante ambulante, nos termos da Lei n.º 6.586/1978 (Lei do Comerciante
Ambulante).

05.10. O médico residente de que trata a Lei n.º 6.932/1981 (Lei do Médico
Residente). Não confunda:

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Médico Residente  Contribuinte Individual

Médico Plantonista  Empregado

05.11. O árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei n.º
9.615/1998 (Normas Gerais sobre Desporto ou Lei Pelé).

06. São Trabalhadores Avulsos (A):

06.01. Trabalhador Avulso é aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço


de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício,
com a intermediação obrigatória do Órgão Gestor de Mão de Obra
(atividades portuárias), nos termos da Lei n.º 12.815/2013 (Nova Lei dos
Portos), ou do sindicato da categoria (atividades não portuárias).

07. São Segurados Especiais (S):

07.01. São segurados obrigatórios da previdência social classificados na


qualidade de segurado especial, a pessoa física residente no imóvel rural ou
em aglomerado urbano ou rural próximo que, individualmente ou em regime de
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição
de:

a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado,


parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais.

b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca


profissão habitual ou principal meio de vida, e;

c) Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade


ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b”
deste inciso, que, comprovadamente, tenham participação ativa nas
atividades rurais ou pesqueiras artesanais, respectivamente, do grupo
familiar.

08. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito
Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são
excluídos do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) consubstanciado neste
Regulamento, desde que amparados por Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS).

09. É segurado facultativo (F) o maior de 16 anos (ou de 14 anos, se o enunciado


citar a Lei n.º 8.212/1991 ou a Lei n.º 8.213/1991) que se filiar ao RGPS, mediante
contribuição, de 20% sobre o salário de contribuição por ele declarado, desde que
não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado
obrigatório da previdência social. São segurados facultativos (F):

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09.01. A dona de casa.

09.02. O síndico de condomínio, quando não remunerado.

09.03. O estudante.

09.04. O brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior.

09.05. Aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social.

09.06. O bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa de acordo


com a Lei n.º 11.788/2008 (Lei do Estágio).

09.07. O presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja


vinculado a qualquer regime de previdência social.

09.08. O segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto,


que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma
ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou
entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria.

Muita atenção: atualmente é correto afirmar que tanto o


presidiário produtivo quanto o não produtivo são considerados
segurados facultativos, conforme prevê a legislação
previdenciária.

10. É vedada (proibida) a filiação ao RGPS (Regime Geral de Previdência Social),


na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de RPPS (regime
próprio de previdência social), salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e
desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio.

11. Empresa é o empresário ou a sociedade que assume o risco de atividade


econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e
entidades da Administração Pública Direta ou Indireta.

12. Equiparam-se a Empresa:

12.01. O contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço.

12.02. A cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou


finalidade, inclusive o condomínio, a missão diplomática e a repartição consular
de carreiras estrangeiras.

12.03. O operador portuário e o OGMO (Órgão Gestor de Mão de Obra) de que


trata a Lei n.º 12.815/2013 (Nova Lei dos Portos).

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12.04. O proprietário do imóvel, o incorporador ou o dono de obra de
construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado que lhe presta
serviços.

13. Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado:

- Sem limite de prazo: Em gozo de benefício.

- Até 12m: Após cessar benefício por incapacidade.

- Até 12m: Após a cessação das contribuições para o RGPS (não exerce mais
atividade remunerada).

 Se tiver mais de 120 contribuições, recebe mais 12m.

 Se o desemprego for involuntário, recebe mais 12m.

PG = Não contribui, mas mantém a qualidade de segurado

- Até 12m: Após cessar a segregação compulsória (doença).

- Até 12m: Após livramento do detido ou recluso.

- Até 3m: Após licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas.

- Até 6m: Após a cessação das contribuições do Segurado Facultativo.

14. Dependentes e Suas Classes:

1.ª classe: O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

2.ª classe: Os pais.

3.ª classe: O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21


anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência
grave.

15. A legislação não dividiu os dependentes em classe por acaso. Os dependentes da


1.ª classe tem precedência sobre os dependentes da 2.ª e da 3.ª classe Os
dependentes da 2.ª classe tem precedência sobre os dependentes da 3.ª classe.

16. Perda da Qualidade de Dependente:

- Cônjuge: anulação do casamento, separação judicial sem o direito a


prestação de alimentos e óbito.

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- Companheiro: cessação da união estável sem o direito a prestação de
alimentos.

- Filho ou irmão: ao completar 21 anos (regra), salvo se inválido (sem limite de


idade).

- Dependentes em geral: cessação da invalidez e o óbito.

17. Empregador doméstico é a pessoa, a família ou a entidade familiar que admite


empregado doméstico a seu serviço, mediante remuneração e sem finalidade
lucrativa.

18. Composição do Conselho Nacional de Previdência (CNP):

1. 6 representantes do Governo Federal.

2. 9 representantes da sociedade civil, sendo:

a) 3 representantes dos aposentados e pensionistas.

b) 3 representantes dos trabalhadores em atividade.

c) 3 representantes dos empregadores.

03. Aula 03.

01. A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta


(contribuições sociais) e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições
sociais.

02. O orçamento da seguridade social (OSS) é composto de:

02.01. Receitas da União (Contribuição da União);

02.02. Receitas das Contribuições Sociais, e;

02.03. Receitas de Outras Fontes (multas, juros moratórios, doações, legados,


subvenções, etc.).

03. A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento


Fiscal (OF), fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária anual (LOA).

04. A contribuição do segurado empregado (E), inclusive o doméstico (D), e do


trabalhador avulso (A) é calculada mediante a aplicação da correspondente
alíquota, de forma não cumulativa, sobre o seu salário de contribuição mensal, de
acordo com a seguinte tabela:

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Salário de Contribuição CS (%)
Até R$ 1.693,72 8
De R$ 1.693,73 até R$ 2.822,90 9
De R$ 2.822,91 até R$ 5.645,80 11

05. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual (C) e


facultativo (F) será de 20,0% sobre o respectivo salário de contribuição (SC).

06. A alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa da remuneração paga,


devida ou creditada ao contribuinte individual (C) a seu serviço, observado o
limite máximo do salário de contribuição (SC), é de 11,0% no caso das empresas em
geral e de 20,0% quando se tratar de Entidade Beneficente de Assistência Social
(EBAS) isenta (imune) das contribuições sociais patronais.

07. No caso de opção pela EXCLUSÃO do direito ao benefício de aposentadoria


por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite
mínimo mensal do salário de contribuição (um salário mínimo) será de:

07.01. 11,0%, no caso do segurado contribuinte individual (C), ressalvado


o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho
com empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na
alínea b do inciso II deste parágrafo, ou;

07.02. 5,0%:

a) No caso do microempreendedor individual (MEI) (C), de que trata


o art. 18-A da Lei Complementar n.º 123/2006 (MEI é aquele que aufere
no máximo R$ 81.000,00/ano e é optante do Simples Nacional), e;

b) Do segurado facultativo (F) sem renda própria que se dedique


exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde
que pertencente à família de baixa renda (família de baixa renda é aquela
inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal -
CadÚnico e cuja renda mensal seja de no máximo 2 salários mínimos).

08. A contribuição do produtor rural pessoa física (PRPF), em substituição à


Contribuição Social da Empresa de 20,0% sobre a folha de salários, e a do segurado
especial (S), incidente sobre a receita bruta da comercialização (RBC) da produção
rural, é de:

08.01. 1,2% para a seguridade social, e;

08.02. 0,1% para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau


de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho (GILRAT).

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09. São Contribuições das Empresas:

09.01. 20,0% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas,


a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregado (E) e
trabalhador avulso (A), além das contribuições para GILRAT, para Adicional
GILRAT e sobre o faturamento e o lucro.

09.02. 20,0% sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou


creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual (C).

10. No caso de banco comercial, banco de investimento, banco de desenvolvimento,


caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade de
crédito imobiliário, inclusive associação de poupança e empréstimo, sociedade
corretora, distribuidora de títulos e valores mobiliários, inclusive bolsa de mercadorias
e de valores, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa
de seguros privados e de capitalização, agente autônomo de seguros privados e de
crédito e entidade de previdência privada, aberta e fechada, além das contribuições
de 20,0% x Folha de Salários (empregados, avulsos e contribuintes individuais),
da contribuição adicional de GILRAT, é devida a contribuição adicional de 2,5%
sobre a folha de salários (empregados, avulsos e contribuintes individuais).

11. A arrecadação por meio de alíquota única (diferenciada em função do rendimento


anual), prevista na Lei Complementar n.º 123/2006 para as Microempresas (ME) e
Empresas de Pequeno Porte (EPP), substitui a arrecadação dos seguintes tributos:

11.01. Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;

11.02. Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI;

11.03. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;

11.04. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -


COFINS;

11.05. Contribuição para o PIS;

11.06. Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade


Social, a cargo da pessoa jurídica;

11.07. Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre


Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS, e;

11.08. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

12. A contribuição devida pela Agroindústria, definida como sendo o PRPJ (Produtor
Rural Pessoa Jurídica) cuja atividade econômica seja a industrialização de produção

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própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da
RBC (receita bruta proveniente da comercialização) da produção, em substituição à
Contribuição Social de 20% sobre a Folha de Salários de Empregados (E) e
Trabalhadores Avulsos (A) é de 2,5% destinados à Seguridade Social, além da
Contribuição GILRAT de 0,1%.

13. Não esqueça:

GILRAT - financia o Auxílio Doença e a Aposentadoria por Invalidez. É


uma alíquota fixa para a empresa e incide sobre a cota patronal em
relação a todos os trabalhadores.

Adicional GILRAT - financia especificamente a Aposentadoria Especial


do próprio trabalhador. Nesse caso, será devido pela empresa em
relação apenas a esse trabalhador, e não a todos seus funcionários e
prestadores de serviço.

14. Não confunda:

Empresa: em relação à folha de pagamento de seus empregados e avulsos:

Risco: GILRAT Apos. Especial: Adicional GILRAT


Leve 1,0% 15 anos 12,0%
Médio 2,0% 20 anos 9,0%
Grave 3,0% 25 anos 6,0%

Produtor Rural Pessoa Jurídica: não recolhe Adicional GILRAT, recolhe apenas
GILRAT de 0,1% x RBC.

Cooperativa de Produção: equiparada a empresa, não recolhe GILRAT e recolhe


apenas Adicional GILRAT em relação aos seus cooperados (contribuintes
individuais):

Apos. Especial: Adicional GILRAT


15 anos 12,0%
20 anos 9,0%
25 anos 6,0%

Cooperativa de Trabalho: Ela em si não recolhe nada! A empresa que contrata


seus serviços recolhe, além dos 15% x Nota Fiscal de Serviços (execução
suspensa pela RSF n.º 10/2016), os seguintes valores de Adicional GILRAT:

Apos. Especial: Adicional GILRAT


15 anos 9,0%
20 anos 7,0%
25 anos 5,0%

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Empregador Doméstico: Em adição a cota patronal de 8,0% deve recolher
GILRAT de 0,8% (Lei Complementar n.º 150/2015, Art. 34).

15. A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de


futebol profissional, destinada à seguridade social, em substituição às previstas no
inciso I do caput do Art. 201 (Cota Patronal da Empresa sobre Folha de Salários dos
empregados e avulsos) e no Art. 202 (GILRAT e Adicional GILRAT) do RPS,
corresponde a 5,0% da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos
de que participe em todo território nacional, em qualquer modalidade desportiva,
inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio,
licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e
transmissão de espetáculos desportivos.

16. A contribuição do empregador doméstico é de 8,0% do SC (salário de


contribuição) do empregado doméstico a seu serviço. É a única cota patronal que
respeita o teto do RGPS. Essa contribuição, atualmente, está sujeita a GILRAT.

17. Consideram-se concurso de prognósticos todo e qualquer concurso de sorteio de


números ou quaisquer outros símbolos, loterias e apostas de qualquer natureza no
âmbito federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, promovidos por órgãos do
Poder Público ou por sociedades comerciais ou civis. São contribuições sociais sobre a
Receita de Concursos de Prognósticos:

a) 100,0% da Renda Líquida dos concursos de prognósticos realizados pelos


órgãos do Poder Público;

b) 5,0% sobre o movimento global de apostas em prado de corridas, e;

c) 5,0% sobre o movimento global de sorteio de números ou de quaisquer


modalidades de símbolos.

18. Constituem outras receitas da seguridade social:

18.01. As multas, a atualização monetária e os juros moratórios.

18.02. A remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação,


fiscalização e cobrança prestados a terceiros.

18.03. As receitas provenientes de prestação de outros serviços e de


fornecimento ou arrendamento de bens.

18.04. As demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras.

18.05. As doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais.

18.06. 50,0% da receita obtida na forma do Art. 243, parágrafo único da


CF/1988, repassados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos
órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no

www.estrategiaconcursos.com.br 439
tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins.
Observe a redação atual, dada pela Emenda Constitucional n.º 81/2014:

CF/1988, Art. 243, parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor


econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei.

18.07. 40,0% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria
da Receita Federal do Brasil.

18.08. Outras receitas previstas em legislação específica.

18.09. As companhias seguradoras que mantém seguro obrigatório de danos


pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a
Lei n.º 6.194/1974, deverão repassar à Seguridade Social 50,0% do valor
total do prêmio recolhido, destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS),
para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em
acidentes de trânsito.

04. Aula 04.

01. Salário de contribuição é a base de cálculo tributável das contribuições sociais


devidas pelo segurado à Seguridade Social.

02. Entende-se por Salário de Contribuição (SC):

02.01. Para o Empregado (E) e o Trabalhador Avulso (A): a remuneração


auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos
rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês,
destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as
gorjetas, o valor da compensação pecuniária a ser paga no âmbito do
Programa Seguro Emprego (PSE) - Lei n.º 13.189/2015, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à
disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença
normativa, observado os limites mínimo (piso salarial da categoria ou, na falta
desse, o salário mínimo) e máximo (teto do RGPS - atualmente em R$
5.645,80) previstos na legislação;

02.02. Para o Empregado Doméstico (D): a remuneração registrada na


Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS),
observado os limites mínimo (piso salarial da categoria ou, na falta desse, o
salário mínimo) e máximo (teto do RGPS - atualmente em R$ 5.645,80)
previstos na legislação;

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02.03. Para o Contribuinte Individual (C): a remuneração auferida em
uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria,
durante o mês, observado os limites mínimo (salário mínimo) e máximo (teto
do RGPS - atualmente em R$ 5.645,80) previstos na legislação;

02.04. Para o Segurado Facultativo (F): o valor por ele declarado,


observado os limites mínimo (salário mínimo) e máximo (teto do RGPS -
atualmente em R$ 5.645,80) previstos na legislação, e;

02.05. Para os Segurado Especial (S): o Segurado Especial não tem


Salário de Contribuição, uma vez que essa espécie de segurado contribui
com uma alíquota reduzida aplicada sobre a RBC.

- Entretanto, o Segurado Especial pode optar por contribuir


facultativamente nas mesmas condições do contribuinte individual (20% x
SC, com SC por ele declarado) para obter um benefício de valor superior.

03. Memorizar:

Salário de Contribuição:
Segurado: Limite Mínimo: Limite Máximo:

Salário
C Contribuinte Individual: Teto do RGPS.
Mínimo.

Piso Legal,
na falta desse,
A Trabalhador Avulso: Teto do RGPS.
Salário
Mínimo.
Piso Legal,
na falta desse,
D Empregado Doméstico: Teto do RGPS.
Salário
Mínimo.
Piso Legal,
na falta desse,
E Empregado: Teto do RGPS.
Salário
Mínimo.

S Segurado Especial: Não usa SC. Usa RBC.

Salário
F Facultativo: Teto do RGPS.
Mínimo.

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04. Parcelas Integrantes do SC:

04.01. O salário maternidade é considerado salário de contribuição. É o único


benefício previdenciário considerado SC;

04.02. A remuneração adicional de férias de 1/3 (um terço) a mais do que o


salário normal, que trata a CF/1988, integra o salário de contribuição. Observe:

Legislação Previdenciária
TCF É SC!
(RFB):

STJ e STF: TCF Não é SC!

04.03. A gratificação natalina (13.º salário) integra o salário de contribuição,


exceto para o cálculo do salário de benefício, sendo devida a contribuição
quando do pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão do contrato
de trabalho. Observe:

Súmula STF n.º 688/2003: É legítima a incidência da contribuição


previdenciária sobre o 13.º salário.

05. Parcelas Não Integrantes do SC:

05.01. Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais,


ressalvado o salário maternidade, que é considerado salário de contribuição;

05.02. A parcela in natura recebida de acordo com programa de alimentação


aprovado pelo Ministério do Trabalho (MT), nos termos da Lei n.º 6.321/1976
(Lei do Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT);

05.03. As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e do


respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da
remuneração de férias, no caso de as férias serem concedidas após o fim do
período concessivo, conforme dispõe o Art. 137 da CLT/1943. Observe:

Férias Gozadas É SC! (Leg)


Férias Gozadas É SC! (STJ)
Férias Indenizadas Não é SC!
Dobra das Férias Não é SC!

05.04. O incentivo à demissão (Plano de Demissão Voluntária - PDV);

05.05. A parcela recebida a título de vale transporte, na forma da legislação


própria (Lei n.º 7.418/1986 - Lei do Vale transporte). Atualmente, a legislação
previdenciária e a jurisprudência do STF e do STJ estão em divergência em
relação ao vale transporte recebido em dinheiro. Para a legislação, é SC, para
o STF e o STJ, não é SC;

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05.06. As diárias para viagens.

05.07. A participação do empregado nos lucros ou resultados da empresa,


quando paga ou creditada de acordo com lei específica (paga em no máximo
2 vezes no mesmo ano, sendo que entre um pagamento e outro deve ter um
intervalo mínimo de 1 trimestre);

05.08. O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado, quando


devidamente comprovadas;

05.09. Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais;

05.10. O reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista,


observado o limite máximo de 6 anos de idade da criança, quando devidamente
comprovadas as despesas, e;

05.11. O reembolso babá, limitado ao menor salário de contribuição mensal e


condicionado à comprovação do registro na Carteira de Trabalho e Previdência
Social da empregada, do pagamento da remuneração e do recolhimento da
contribuição previdenciária, pago em conformidade com a legislação trabalhista,
observado o limite máximo de 6 anos de idade da criança.

06. Atualmente, a legislação considera o Aviso Prévio Indenizado como parcela


integrante do SC, sobre ela incidindo a contribuição social. Por outro lado, a
jurisprudência do STJ entende que o aviso prévio indenizado não é parcela
integrante do SC e sobre ele não incide contribuição social. Vamos fazer um resumo
da divergência entre a legislação previdenciária e a jurisprudência do STJ:

Legislação previdenciária: Conforme a legislação previdenciária, desde 2009,


o aviso prévio indenizado é considerado parcela integrante do SC, sobre ele
incidindo as contribuições sociais devidas. Esse é o entendimento da RFB
(Receita Federal do Brasil) e da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional), e;

Jurisprudência do STJ: O STJ é firme no posicionamento que o aviso prévio


indenizado é mera espécie do gênero verba indenizatória, sendo que o mesmo é
classificado como parcela não integrante do SC.

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07. Tabela norteadora para as provas:

Verba: Tratamento Previdenciário:


Indenizatória: Não é SC! Não incide Contribuição Social!
Aviso Prévio Indenizado
É SC! Incide Contribuição Social!
(Legislação - RFB/PGFN):
Aviso Prévio Indenizado
Não é SC! Não incide Contribuição Social!
(STJ):
Ressarcitória: Não é SC! Não incide Contribuição Social!
Para Execução do Trabalho: Não é SC! Não incide Contribuição Social!
Pela Execução do Trabalho: É SC! Incide Contribuição Social!

05. Aula 05.

01. A Empresa é obrigada a:

a) arrecadar a contribuição do segurado empregado, do trabalhador avulso e do


contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva
remuneração;

b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea “a” e as contribuições a


seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a
qualquer título, inclusive adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, acordo
ou convenção coletiva, aos segurados empregado (E), contribuinte individual
(C) e trabalhador avulso (A) a seu serviço, e sobre o valor bruto da nota fiscal
ou fatura de serviço, relativo a serviços que lhe tenham sido prestados por
cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho, até o dia 20 do mês
seguinte àquele a que se referirem as remunerações, bem como as
importâncias retidas na forma do Art. 219 (Normas de Retenção), até o dia 20
do mês seguinte àquele da emissão da nota fiscal ou fatura, antecipando-se o
vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não houver
expediente bancário no dia 20, e;

c) recolher as contribuições de que trata o Art. 204 (PIS, COFINS e CSLL), na


forma e prazos definidos pela legislação tributária federal.

02. Desoneração da Folha de Pagamento:

a) As contribuições previdenciárias das empresas que desenvolvem atividades


ou produzam itens especificados na Portaria RFB n.º 1.436/2013 incidirão
obrigatoriamente, com uma alíquota de 3,5%, sobre o valor da RECEITA
BRUTA, em SUBSTITUIÇÃO às contribuições previdenciárias incidentes
sobre a folha de pagamento (Cota Patronal de 20,0%), previstas nos
incisos I e III do caput do Art. 22 da Lei n.º 8.212/1991;

b) A CPRB deverá ser recolhida em Documento de Arrecadação de Receitas


Federais (DARF) até o dia 20 do mês subsequente ao da competência em

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que se tornar devida. Se nesta data não houver expediente, o recolhimento
deverá ser efetuado até o dia útil imediatamente anterior (pagamento
antecipado), e;

c) No caso de contratação de empresas para execução de serviços relacionados


na Portaria RFB n.º 1.436/2013, mediante Cessão de Mão de Obra (CMO), a
empresa contratante deverá reter 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura
de prestação de serviços.

03. O contribuinte individual pode trabalhar para uma empresa convencional ou para
uma EBAS, nesses dois casos, poderemos ter as seguintes situações:

Contribuinte Individual trabalhando em uma empresa:


a) Empresa recolhe cota patronal de 20%, e;
b) Empresa retém e recolhe a contribuição social do trabalhador: alíquota
de 11%.

Contribuinte Individual trabalhando em uma EBAS:


a) Empresa NÃO recolhe cota patronal, e;
b) Empresa retém e recolhe a contribuição social do trabalhador: alíquota
de 20%.

04. Quadro-resumo da Retenção e recolhimento do Contribuinte Individual:

CI trabalhando
Regras Legais:
para:

A empresa recolhe a sua Cota Patronal de 20%.

Empresa A empresa retém e recolhe a contribuição do CI de 11%.

Prazo: dia 20 do mês subsequente (antecipado).

A EBAS NÃO recolhe Cota Patronal.

EBAS A EBAS retém e recolhe a contribuição do CI de 20%.

Prazo: dia 20 do mês subsequente (antecipado).

Outro CI
Não haverá retenção.
PRPF
O próprio CI deverá recolher sua contribuição de 11%.
Missão Diplomática
Prazo: dia 15 do mês subsequente (postecipado).
Repartição Consular
Estrangeira

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Não haverá retenção.
Pessoa Física
O próprio CI deverá recolher sua contribuição de 20%.
Organismo Oficial no
Exterior
Prazo: dia 15 do mês subsequente (postecipado).

O próprio CI deverá recolher sua contribuição de 20%.


Por Conta Própria
Prazo: dia 15 do mês subsequente (postecipado).

Administração Pública Cabe a própria administração pública realizar o desconto


da União devido (DS) no ato do pagamento, dentro do prazo
(Serviços Eventuais) estipulado em lei específica.

05. A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são


obrigadas a recolher a contribuição de que trata o Art. 200 do RPS/1999
(Contribuição Social do PRPF incidente sobre a Receita Bruta de Comercialização) no
prazo de até o dia 20, de forma antecipada, do mês subsequente ao da operação de
venda ou consignação da produção rural, independentemente de estas operações
terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediário pessoa
física.

06. O PRPF (Produtor Rural Pessoa Física) e o Segurado Especial são obrigados a
recolher a contribuição de que trata o Art. 200 do RPS/1999 (Contribuição Social do
PRPF incidente sobre a Receita Bruta de Comercialização) no prazo de até o dia 20,
de forma antecipada, do mês subsequente ao da operação de venda, caso
comercializem a sua produção com adquirente domiciliado no exterior, diretamente,
no varejo, a consumidor pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro
segurado especial.

06.01. O segurado especial responsável por grupo familiar que contratar


pessoas para trabalhar até 120 pessoas/dia dentro do ano civil está obrigado a
recolher a sua contribuição social sobre a comercialização da produção (1,3%) e
a contribuição social do trabalhador a seu serviço até o dia 7 do mês seguinte
(Lei n.º 12.873/2013).

07. O PRPJ (Produtor Rural Pessoa Jurídica) é obrigado a recolher a contribuição de


2,6% x RBC (contribuição social de 2,5% + adicional GILRAT de 0,1%) no prazo de
até o dia 20, de forma antecipada, do mês subsequente ao da operação de venda.

08. O Empregador Doméstico é obrigado a arrecadar a contribuição do segurado


empregado doméstico a seu serviço e recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo,
até o dia 7 do mês subsequente ao serviço, de forma antecipada, cabendo-lhe
durante o período da licença maternidade da empregada doméstica apenas o
recolhimento da contribuição a seu cargo, facultada a opção de recolhimento
trimestral prevista no RPS/1999.

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09. A Cooperativa de Trabalho é obrigada a descontar 11,0% do valor da quota
distribuída ao cooperado por serviços por ele prestados, por seu intermédio, a
empresas e 20% em relação aos serviços prestados a pessoas físicas e recolher o
produto dessa arrecadação no dia 20 do mês seguinte ao da competência a que se
referir, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando
não houver expediente bancário no dia 20.

10. O desconto da contribuição do segurado incidente sobre o valor bruto da


Gratificação Natalina (13.º Salário) é devido quando do pagamento ou crédito da
última parcela e deverá ser calculado em separado, sem compensação dos
adiantamentos pagos, mediante aplicação, em separado, da alíquota de 8,0%, 9,0%
ou 11,0%, e recolhida, juntamente com a contribuição a cargo da empresa, até o dia
20 do mês de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia útil
imediatamente anterior se não houver expediente bancário no dia 20.

11. No caso de rescisão de contrato de trabalho, as contribuições devidas serão


recolhidas no prazo de até o dia 20 do mês subsequente à rescisão, de forma
antecipada, computando-se em separado a parcela referente à gratificação natalina
(13.º Salário).

12. Decorar:

Recolhimento:
Responsável: Contribuição Social:
Prazo: Forma:
DS do Empregado.
DS do Trabalhador Avulso.
DS do Contribuinte Individual.
Cota Patronal de 20%, em regra.
Contribuição de 15% - Coop. Trab. dia 20
Empresa Antecipado
(execução suspensa pela RSF n.º mês subsequente
10/2016)
Retenção de 11%.
Sobre a Aquisição de Produção de
PRPF.
DS do Empregado. dia 20
EBAS Antecipado
DS do Trabalhador Avulso. mês subsequente
DS do Contribuinte Individual:
- por conta própria.
Contribuinte dia 15
- trabalha para outro CI. Postecipado
Individual mês subsequente
- trabalha para PRPF ou Missão
Diplomática.
Empregador Cota Patronal de 8,0% + 0,8% (SAT). dia 7
Antecipado
Doméstico DS do Empregado Doméstico. mês subsequente
Cooperativa 11% - serviços prestados as empresas. dia 20
Antecipado
de Trabalho 20% - serviços prestados à PF. mês subsequente
dia 20 de
Gratificação Natalina (13.º Salário)
Casos Dezembro
Antecipado
Especiais dia 20
Rescisão de Contrato
mês subsequente

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13. O desconto da contribuição e da consignação legalmente determinado sempre se
presumirá feito, oportuna e regularmente, pela empresa, pelo empregador
doméstico, pelo adquirente, consignatário e cooperativa a isso obrigado, não lhes
sendo lícito alegarem qualquer omissão para se eximirem do recolhimento, ficando os
mesmos diretamente responsáveis pelas importâncias que deixarem de descontar
ou tiverem descontado em desacordo com este Regulamento.

14. Conforme dispõe a CF/1988, são isentas (imunes) de contribuição para a


Seguridade Social as Entidades Beneficentes de Assistência Social (EBAS) que
atendam às exigências (requisitos) estabelecidas em lei (Lei n.º 12.101/2009).

15. A remissão é o perdão do crédito tributário devido. A remissão extingue somente


o crédito, as multas continuam em cobrança.

16. a anistia é o perdão da infração (multa). A anistia extingue somente a multa.

17. Em regra, as Contribuições Sociais podem ser alvo de remissão e de anistia,


exceto a Cota Patronal sobre a Folha de Salários e a Contribuição do
Trabalhador, para os débitos em montante superior ao fixado em uma determinada
lei complementar (nunca publicada).

18. O prazo decadencial é o prazo que a Receita Federal do Brasil (RFB) tem para
constituir o crédito tributário referente à Contribuição Social, através do Lançamento
Tributário. Já o prazo prescricional é o prazo que a RFB tem para cobrar esse
crédito do contribuinte (sujeito passivo). Em um esquema bem simples:

Constituição
Fato Cobrança
5 Anos do CT 5 Anos
Gerador (Lançamento)
do CT
Prazo Prazo
Decadencial Prescricional

19. Sobre Juros e Multas, não esquecer:

Multa de Máximo
0,33% a.d.
Mora: 20,0%

Mês de Vencimento: 0%
Juros de
Meses Intermediários: Taxa SELIC
Mora:
Mês de Pagamento: 1,0%

Não atendimento
Casos Normais
de Intimação
Multa de Ofício 75,0% 112,5%
Multa de Ofício
150,0% 225,0%
Duplicada*:

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* Em caso de sonegação, fraude e conluio.

Redução:
Pagamento/Compensação até 30 dias após NL: 50,0%
Pedido de Parcelamento até 30 dias após NL: 40,0%

Pagamento/Compensação até 30 dias após Decisão em 1.ª Instância: 30,0%


Pedido de Parcelamento até 30 dias após Decisão em 1.ª Instância: 20,0%

20. O prazo máximo de parcelamento previdenciário é de 60 meses, tendo a sua


formalização condicionada ao pagamento da primeira prestação.

21. O pedido de parcelamento deferido constitui confissão de dívida, sendo um


instrumento hábil para exigência do crédito tributário devido pelo contribuinte.

22. A prova de inexistência de débito é realizada por Certidão Negativa de Débito


(CND) ou Certidão Positiva de Débito com Efeitos de Negativa (CPEND). A certidão
em questão terá prazo máximo de validade de 180 dias.

06. Aula 06.

01. Considera-se inscrição do segurado para os efeitos da Previdência Social o ato


pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos
necessários e úteis à sua caracterização, observado as especificidades dispostas na
legislação previdenciária.

02. A inscrição não cria nenhum vínculo entre a Previdência Social e o segurado, pois
se trata de um mero ato de natureza administrativa que se opera no âmbito
interno do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), gestor da Previdência Social. A
inscrição é o registro do segurado no RGPS.

03. O ato de inscrição se dará da seguinte forma para as classes de segurados


dispostas abaixo:

03.01. Para o empregado (E) e o trabalhador avulso (A) - pelo


preenchimento dos documentos que os habilitem ao exercício da atividade,
formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de empregado, exceto o
trabalhador rural temporário, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou
Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), no caso de trabalhador avulso;

03.02. Para o empregado doméstico (D) - pela apresentação de documento


que comprove a existência de contrato de trabalho;

03.03. Para o contribuinte individual (C) - pela apresentação de documento


que caracterize a sua condição ou o exercício de atividade profissional, liberal
ou não;

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03.04. Para o segurado especial (S) - pela apresentação de documento que
comprove o exercício de atividade rural, e;

03.05. Para o facultativo (F) - pela apresentação de documento de identidade


e declaração expressa de que não exerce atividade que o enquadre na categoria
de segurado obrigatório.

04. Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a
previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações.

05. A inscrição é o ato administrativo de registrar o segurado no RGPS, e não deve


ser confundida com a filiação, que é o momento em que o segurado passa a integrar,
na condição de beneficiário, o sistema previdenciário pátrio. A filiação cria direitos
(aos benefícios previdenciários) e obrigações (pagamento das contribuições
previdenciárias) ao segurado.

06. A filiação decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os


segurados obrigatórios (CADES). Já para os segurados facultativos, a filiação é ato
volitivo (que exige vontade) e somente se concretiza após a inscrição e o
recolhimento da 1.ª contribuição, não podendo as contribuições retroagir a período
anterior a sua inscrição.

07. A inscrição dos dependentes deverá ser realizada somente no momento do


requerimento do benefício a que tiverem direito. Não existe a possibilidade de se
realizar a inscrição dos dependentes em outras situações senão essa.

08. É importante ter em mente que o Período de Carência (PC) não se confunde
com o Tempo de Contribuição (TC). São dois institutos previdenciários distintos.
Por exemplo, o segurado do sexo masculino pode contar com o TC necessário para se
aposentar por tempo de contribuição, que são 35 anos (para os homens), mas não
contar com o PC necessário, que são 180 contribuições mensais.

09. O PC é composto pelas contribuições realizadas a contar do efetivo pagamento da


1.ª contribuição SEM ATRASO, não sendo consideradas a contribuições recolhidas
em atraso referentes a competências (meses) anteriores. Devo ressaltar que essa
regra vale para os contribuintes individuais e os segurados facultativos, pois para os
segurados empregados, domésticos e trabalhadores avulsos, o recolhimento é
presumido quando da sua retenção.

10. O TC, por sua vez, aceita as contribuições recolhidas em atraso referentes a
períodos anteriores ou posteriores à obrigatoriedade da filiação, ou seja, é possível
fazer o recolhimento de períodos atrasados. Claro que essa regra não vale para
o segurado facultativo, pois seria muito cômodo o indivíduo chegar aos 55 anos de
idade e querer recolher as contribuições devidas a todas as lacunas de sua vida
(períodos em que ficou sem contribuir), na condição de facultativo.

11. Com o advento da Lei n.º 13.457/2017, tem-se o seguinte:

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11.1. Para os benefícios da previdência social, em regra, caso o segurado
tenha perdido a qualidade de segurado, não há necessidade de novo período de
carência (novos recolhimentos) para a utilização do período de carência anterior
a perda a qualidade de segurado.

11.2. Entretanto, existem 3 exceções! Para o Auxílio Doença, a Aposentadoria


por Invalidez e o Salário Maternidade (C, S, F), caso o segurado tenha perdido
a qualidade de segurado, este necessitará de novo período de carência
correspondente a 50% da carência exigida por tais benefícios para a
utilização do período de carência anterior a perda da qualidade de segurado.

12. Períodos de Carência previstos na legislação previdenciária:

Benefício Previdenciário: PC:

Aposentadoria por Idade 180

Aposentadoria por Invalidez 12


Aposentadoria por Invalidez Acidentária 0

Aposentadoria por Tempo de Contribuição 180

Aposentadoria Especial 180

Auxílio Doença 12
Auxílio Doença Acidentário 0

Auxílio Acidente 0

Auxílio Reclusão 0

Pensão por Morte 0

Salário Maternidade
10
(Cont. Indiv., Seg. Especial, Facultativa)
Salário Maternidade
0
(Empregada, Doméstica, Avulsa)

Salário Família 0

Reabilitação Profissional 0

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13. Períodos de Carência de forma reordenada e dividida em 4 faixas:

Benefício PC
Aposentadoria por Idade 180
Aposentadoria por Tempo de Contribuição 180
Aposentadoria Especial 180

Aposentadoria por Invalidez 12


Auxílio Doença 12

Salário Maternidade
10
(Cont. Indiv., Seg. Especial, Facultativa)

Aposentadoria por Invalidez Acidentária 0


Pensão por Morte 0
Auxílio Reclusão 0
Auxílio Doença Acidentário 0
Auxílio Acidente 0
Salário Maternidade
0
(Empregada, Doméstica, Avulsa)
Salário Família 0
Reabilitação Profissional 0

07. Aula 07.

01. Benefícios Previdenciários previstos na legislação:

Aposentadoria Especial.
Aposentadoria por Idade.
4
Aposentadoria por Invalidez.
Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

Auxílio Acidente.
Auxílio Doença. 3
Auxílio Reclusão.

Salário Família.
2
Salário Maternidade.

Pensão por Morte. 1

02. Além desses 10 benefícios, temos ainda 2 serviços: Serviço Social e Habilitação e
Reabilitação Profissional.

03. A Aposentadoria por Invalidez, uma vez cumprida a carência exigida de 12


contribuições mensais, quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou

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não em gozo de Auxílio Doença, for considerado incapaz para o trabalho e
insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição.

04. A Aposentadoria por Invalidez apresenta uma peculiaridade em relação às outras


modalidades de aposentadoria: caso o segurado necessitar de assistência permanente
de outra pessoa será acrescido de 25% o valor de seu benefício. Essa
aposentadoria com acréscimo de 25% poderá o limite máximo de valor do benefício
(Teto do RGPS).

05. Casos de extinção da Aposentadoria por Invalidez:

Situação: Recuperação Total (até 5 anos):

De imediato (E).
Extinção da Aposentadoria:
Após tantos meses (C, A, D, S, F).

Recuperação Recuperação Apto para


Situação:
Parcial: Total (após 5 anos): Serviço Diferente:

Com 100% do valor, de 0 a 6 meses.

Aposentadoria será mantida: Com 50% do valor, de 6 a 12 meses.

Com 25% do valor, de 12 a 18 meses.

Extinção da Aposentadoria: A partir do 19.º mês.

06. A Aposentadoria por Idade, uma vez cumprida a carência de 180 contribuições
mensais exigida, será devida ao segurado que completar 65 anos de idade, se
homem, ou 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55 anos de idade para
os trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, inclusive para os
garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar.
Além disso, a Aposentadoria por Idade para Pessoa com Deficiência ocorre aos 60
anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, independentemente do
grau de deficiência, desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 anos e
comprovada a existência de deficiência durante igual período.

Idade:

Homem 65 anos
Mulher 60 anos

Homem Rural 60 anos


Mulher Rural 55 anos

Homem Deficiente 60 anos + TC

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Mulher Deficiente 55 anos + TC

07. Ainda temos a Aposentadoria Compulsória. Nesse caso, a Aposentadoria por


Idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado tenha cumprido a
carência de 180 contribuições, quando esse completar 70 anos de idade, se do sexo
masculino, ou 65 anos de idade, se do sexo feminino, sendo compulsória. Nesse
caso, será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação
trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a
imediatamente anterior à do início da aposentadoria.

08. A Aposentadoria por Tempo de Contribuição será devida ao segurado após 35


anos de contribuição, se homem, ou 30, se mulher. O professor terá uma redução de
5 anos nesse tempo, desde que comprove tempo de efetivo exercício exclusivamente
em função de magistério na educação infantil, ensino fundamental ou médio. Ainda,
desde o advento da Lei Complementar n.º 142/2013, temos a possibilidade da
Aposentadoria por Tempo de Contribuição para Pessoa com Deficiência.

TC

Homem 35 anos
Mulher 30 anos

Professor 30 anos
Professora 25 anos

Grau da Deficiência:
Grave: Moderada: Leve:
Homem Deficiente 25 anos 29 anos 33 anos
Mulher Deficiente 20 anos 24 anos 28 anos

09. A Aposentadoria Especial, uma vez cumprida a carência de 180 contribuições


mensais, será devida ao segurado empregado (E), trabalhador avulso (A) e
contribuinte individual (este somente quando cooperado filiado a
cooperativa de trabalho ou de produção) (C - Cooperado), que tenha
trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

10. Classes de Trabalhos em Condições Especiais:

10.01. Aposentadoria Especial após 15 anos de serviço: Somente os trabalhos


em atividades permanentes no subsolo de minerações subterrâneas em frente
de produção.

10.02. Aposentadoria Especial após 20 anos de serviço: Mineração subterrânea


cujas atividades sejam exercidas afastadas das frentes de produção e
atividades que envolvam o elemento asbesto (amianto).

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10.03. Aposentadoria Especial após 25 anos de serviço: Todos os demais
trabalhos especiais.

11. Tabela de conversão entre tempos de trabalho em condições especiais:

TEMPO A MULTIPLICADORES
CONVERTER PARA 15 PARA 20 PARA 25
DE 15 ANOS - 1,33 1,67
DE 20 ANOS 0,75 - 1,25
DE 25 ANOS 0,60 0,80 -

12. Tabela de conversão de tempo de trabalho em condições especiais em tempo de


trabalho comum:

MULTIPLICADORES
TEMPO A
MULHER HOMEM
CONVERTER
(PARA 30) (PARA 35)
DE 15 ANOS 2,00 2,33
DE 20 ANOS 1,50 1,75
DE 25 ANOS 1,20 1,40

13. Não existe a conversão de tempo de contribuição comum em tempo de


atividade especial. Não esqueça isso!

14. O Auxílio Doença será devido ao segurado que, após cumprida, quando for o
caso, a carência de 12 contribuições mensais, ficar incapacitado para o seu trabalho
ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.

15. O Auxílio Doença, em regra, necessita de 12 contribuições mensais de carência,


porém, o Auxílio Doença Acidentário dispensa carência (situação na qual o segurado
obrigatório ou facultativo sofre acidente de qualquer natureza ou contrai doença
profissional).

16. Em regra, não será devido Auxílio Doença ao segurado que se filiar ao RGPS já
portador de doença ou lesão invocada como causa para a concessão do benefício,
salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento
dessa doença ou lesão, sendo que nesses casos, será devido o benefício.

17. O Salário Família será devido, mensalmente, ao segurado empregado (E),


inclusive o doméstico (D), e ao trabalhador avulso (A) que tenham Salário de
Contribuição inferior ou igual a R$ 1.319,18, na proporção do respectivo número de
filhos ou equiparados, na forma de cota, observado o disposto na legislação
previdenciária.

17.1. Considero importante ressaltar que a partir da publicação da Emenda


Constitucional n.º 72/2013, em 02/04/2013, os segurados domésticos
passaram, em tese, a ter direito ao Salário Família. A ressalva “em tese” se

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deve ao fato de se tratar de norma constitucional de eficácia limitada, ou
seja, necessita de regulamentação por meio de lei para que seus efeitos
surtam.

17.2. Com o advento da Lei Complementar n.º 150/2015 (Lei das Domésticas),
em 02/06/2015), o direito foi devidamente regulamentado.

18. No caso em que o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores


avulsos, ambos têm direito ao Salário Família. O benefício é pago pela empresa, mas
essa deverá deduzir os valores pagos quando do recolhimento das contribuições
patronais (a cargo da empresa) sobre a folha de salários. Isso quer dizer que, a
empresa paga o benefício ao trabalhador e deduz das suas contribuições sociais a
pagar, ou seja, em última análise, o benefício não sai do bolso do empresário.

19. O Salário Maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120


dias, com início 28 dias antes e término 91 dias depois do parto. Em casos
excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser
prorrogados de mais 2 semanas, mediante atestado médico específico.

20. O Salário Maternidade é o único benefício previdenciário considerado parcela


integrante do Salário de Contribuição, ou seja, sobre essa benesse incidirá as
contribuições sociais devidas pela trabalhadora.

21. Desde 2013, o tempo de gozo do Salário Maternidade no caso de adoção ou


obtenção da guarda judicial será de 120 dias, independentemente da idade da
criança.

22. Os únicos benefícios reembolsáveis ao empregador, conforme determina a


legislação previdenciária, são o Salário Família e o Salário Maternidade.

23. O Auxílio Acidente será concedido, como indenização, ao segurado empregado


(E), inclusive o doméstico (D), ao trabalhador avulso (A) e ao segurado especial
(S) quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, resultar sequela definitiva, conforme as situações discriminadas na
legislação previdenciária, que implique em:

a) Redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam;

b) Redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam E exija


maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do
acidente, ou;

c) Impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do


acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação
profissional, nos casos indicados pela perícia médica do INSS.

24. A Pensão por Morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado,
aposentado ou não, que falecer, a contar da data:

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24.01. Do óbito, quando requerido até 90 dias depois deste;

24.02. Do requerimento, quando requerida após o prazo de 90 dias do óbito.


Nesse caso, a data do início do benefício será a data do óbito, porém, a data de
início de pagamento será a data do requerimento, não sendo devida
qualquer importância relativa ao período anterior à data do
requerimento. Particularmente, considero uma enorme injustiça,
principalmente à camada mais pobre da sociedade, que desconhece o próprio
direito e acaba requerendo-o 3, 4, 6 meses depois da morte do ente segurado,
ou;

24.03. Da decisão judicial, no caso de morte presumida. Devo ressaltar que


a morte presumida é a presunção legal de que uma pessoa faleceu, mesmo sem
possuir provas do fato (certidão de óbito). Essa presunção encontra-se presente
no Código Civil.

25. No caso de haver mais de um pensionista, a Pensão por Morte será rateada entre
todos, em partes iguais (“pro rata”). Sendo que se reverterá em favor dos demais a
parte daquele cujo direito à pensão cessar.

26. O Auxílio Reclusão será devido nas mesmas condições da Pensão por Morte, aos
dependentes do segurado, obrigatório ou facultativo, que nesse caso, recolhido à
prisão, não receba remuneração da empresa nem estiver em gozo de Auxílio
Doença ou de Aposentadoria (de qualquer espécie), desde que o seu último Salário de
Contribuição (SC) seja igual ou inferior a R$ 1.319,18.

27. O Auxílio Reclusão é devido, apenas, durante o período em que o segurado


estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto. Não há de se falar em
Auxílio Reclusão no caso de liberdade condicional.

28. No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado,


será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que ainda esteja
mantida a qualidade de segurado.

29. O Serviço Social é um serviço prestado aos segurados da Previdência com a


finalidade de esclarecer seus direitos sociais e os meios de exercê-los. Tem como
prioridade, além de facilitar o acesso aos benefícios e serviços previdenciários,
estabelecer o processo de solução dos problemas sociais relacionados com a
Previdência Social. Têm direito ao Serviço Social todos os segurados, dependentes e
demais usuários da Previdência Social.

30. Conforme dispõe a legislação previdenciária, a assistência (re)educativa e de


(re)adaptação profissional, instituída sob a denominação genérica de Habilitação e
Reabilitação Profissional, visa proporcionar aos beneficiários incapacitados para o
trabalho (parcial ou totalmente), e às pessoas portadoras de deficiência, em caráter
obrigatório e independentemente de carência, os meios indicados para
proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem.

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31. Sobre a Desaposentação, atualmente, não resta dúvida que a desaposentação
não poderá ser concedida, seja pela via administrativa, seja pela via judicial.

32. O Abono Anual é equivalente à gratificação natalina do segurado ou dependente


em gozo de benefício previdenciário. A legislação previdenciária afirma que será
devido Abono Anual ao segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu
Auxílio Doença, Auxílio Acidente, Aposentadoria, Salário Maternidade,
Pensão por Morte ou Auxílio Reclusão.

33. De forma análoga à gratificação natalina (13.º Salário) dos trabalhadores, o


Abono Anual será calculado tendo por base o valor da renda mensal do benefício do
mês de dezembro de cada ano.

34. Para abarcar essa situação de trânsito entre regimes (RGPS e RPPS), foi criado o
instituto da Contagem Recíproca do Tempo de Contribuição (CRTC), presente
na legislação previdenciária nacional, sob o intuito de levar a contagem de tempo de
um regime para outro, preenchendo os requisitos legais para a concessão de
benefícios previdenciários no regime em que se encontra o trabalhador. Em suma, é o
instituto criado para o trabalhador não perder o tempo já trabalhado em outro
regime.

35. Benefícios x Beneficiários:

Benefício: Quem tem direito:

Apos. Idade CADES F


Apos. TC CADES F
Apos. Invalidez CADES F
Apos. Especial E, A e C (Cooperado)

Aux. Doença CADES F


Aux. Acidente E, D, A e S
Aux. Reclusão Dependentes do CADES F

Sal. Maternidade CADES F


E, A, D e Trabalhador Rural
Sal. Família Aposentado

Pensão por Morte Dependentes do CADES F

08. Aula 08.

01. Salário de Benefício (SB) é o valor básico utilizado para cálculo da Renda Mensal
dos Benefícios (RMB) de prestação continuada, inclusive os regidos por normas
especiais, exceto o Salário Família, a Pensão por Morte, o Salário Maternidade e os

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demais benefícios de legislação especial. Do dispositivo legal podemos extrair que,
em regra, a renda dos benefícios previdenciários é calculada com base no SB.

01.01. Como citado, por analogia, o Auxílio Reclusão segue as mesmas regras
da Pensão por Morte, ou seja, também não utiliza o SB para a determinação da
sua RMB.

02. Para todos os benefícios que utilizam o SB, esse consiste:

02.01. Para a Aposentadoria por Idade e Aposentadoria por Tempo de


Contribuição, na média aritmética simples dos maiores salários de
contribuição (SC) correspondentes a 80% de todo o período contributivo,
multiplicada (ou não) pelo Fator Previdenciário (FP), ou;

 Com a instituição da Regra 85/95  90/100, pela Medida Provisória


n.º 676/2015, convertida na Lei n.º 13.183/2015, o FP pode ter sua
aplicação afastada desde que o segurado ao somar sua idade com seu
tempo de contribuição obtenha um valor igual ou superior a 85 pontos
(para mulher) ou a 95 pontos (para homem), sendo que esses valores
irão ser majorados, com o passar dos anos, até chegarem a 90 pontos
(mulher) e 100 pontos (homem) em 2026.

02.02. Para a Aposentadoria por Invalidez, a Aposentadoria Especial, o


Auxílio Doença e o Auxílio Acidente na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período
contributivo.

03. O cálculo do SB consiste na seguinte sequência:

03.01. Levantar todos os Salários de Contribuição (SC) do trabalhador,


atualizando-os até a data do requerimento do benefício (Período Básico de
Cálculo);

03.02. Com todos os SC atualizados, descartar os 20% menores, ou seja,


trabalhar apenas com os 80% maiores SC, e;

03.01. Realizar a média aritmética desses 80% maiores SC do trabalhador.


Pronto, o SB está calculado;

Obs.: No caso da Aposentadoria por Idade e de Aposentadoria por Tempo


de Contribuição, o SB supra encontrado será multiplicado pelo Fator
Previdenciário (FP), sendo que a aplicação do referido fator será
facultativa para o benefício por idade e obrigatória (em regra) para o
benefício por tempo de contribuição, podendo sua aplicação ser afastada,
caso o segurado preencha os requisitos previstos na Regra 85/95 
90/100.

04. A Sistemática de Cálculo é a seguinte:

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04.01. Segurado recolhe suas contribuições sociais, mensalmente, com
aplicação de um % sobre o seu SC;

04.02. Ao requer o benefício previdenciário, o SB será definido pela média dos


80% maiores SC da vida laboral do segurado, e;

04.03. A RMB do benefício será obtida com a aplicação de um % sobre o SB.

SC SB RMB
Média dos RMB é um %
80% maiores do SB
SC

05. Para a Aposentadoria por Idade, o FP é facultativo, aplicado somente se esse


for maior que 1,00, ou seja, desde que a aplicação do fator majore o valor do SB e,
por consequência, a RMB devida ao aposentado. Porém, para a Aposentadoria por
Tempo de Contribuição, o FP é obrigatório, em regra, mas pode ser afastada a sua
aplicação caso o segurado preencha os requisitos previstos na Regra 85/95 
90/100.

06. Todos os Salários de Contribuição (SC) utilizados no cálculo do Salário de


Benefício (SB) serão corrigidos, mês a mês, de acordo com a variação integral do
Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) referente ao período decorrido a
partir da primeira competência do SC que compõe o Período Básico de Cálculo, até o
mês anterior ao do início do benefício, de modo a preservar o seu valor real.

07. Fórmula do Fator Previdenciário (não precisa decorar):

0,31𝑥𝑇𝑐 𝐼𝑑 + 0,31𝑥𝑇𝑐
𝐹𝑃 = 𝑥⌊1+( )⌋
𝐸𝑠 100

Na qual:

FP = Fator Previdenciário

Tc = Tempo de Contribuição

Es = Expectativa de Sobrevida

Id = Idade no momento da aposentadoria

0,31 = alíquota de contribuição

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08. FP diretamente proporcional ao Tc e à Id: Quanto maior o valor de Tc ou de
Id, maior será o FP.

09. FP inversamente proporcional à Es: Quanto maior o valor de Es, menor será
o FP.

10. A Renda Mensal do Benefício (RMB) de prestação continuada que substituir o


Salário de Contribuição (SC) ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor
inferior ao do salário mínimo e nem será superior ao limite máximo do SC (Teto do
RGPS). Esse teto beneficiário excetua-se em caso de Aposentadoria por Invalidez
quando o segurado necessita de assistência permanente de outra pessoa. Nesse único
caso, o aposentado poderá contar com um acréscimo de 25% sobre seu rendimento,
ultrapassando, dessa maneira, o Teto do RGPS.

11. RMB dos Benefícios Previdenciários:

Benefícios calculados diretamente sobre o SB do segurado:


Benefício: RMB:
Aposentadoria por Tempo de Contribuição: 100% x SB
Aposentadoria por Idade: (70% x SB) + 1% x SB (12 Contr.)
Aposentadoria por Invalidez: 100% x SB
Aposentadoria Especial: 100% x SB
Auxílio Doença: 91% x SB
Auxílio Acidente: 50% x SB

Benefícios sem correlação DIRETA com o SB do segurado:


Benefício: RMB:
Auxílio Reclusão: 100% x RMB Aposent. Inval.
Salário Maternidade Salário da segurada
Salário Família: Cota/filho
Pensão por Morte: 100% x RMB Aposent. Inval.

12. O reajustamento da RMB, ou seja, do Valor do Benefício é uma previsão


constitucional trazida pelo legislador constitucional derivado por meio da Emenda
Constitucional n.º 20/1998. Essa previsão é uma garantia ao segurado em gozo de
benefícios, para que esses não sejam deteriorados em função da inflação nacional.

13. Decadência: é a perda do direito material, por não ter sido exercido por quem de
direito num período de tempo razoável.

14. Prescrição: é a perda do direito da ação, ou seja, de reivindicar um direito por


meio de ação judicial cabível.

15. Quanto a Decadência e Prescrição na Parte de Benefícios, tem-se:

a) É de 10 anos o prazo de Decadência de todo e qualquer direito (ou ação) do


segurado ou do beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício.

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b) Prescreve em 5 anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas,
toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições
ou diferenças devidas pela previdência social, salvo o direito dos menores,
incapazes e ausentes, na forma do Código Civil de 2002.

16. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em 10 anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé, sendo que nesse caso,
não ocorrerá decadência para anulação desses atos.

17. Quanto a Decadência e Prescrição na Parte de Custeio, tem-se:

a) O direito de a Receita Federal do Brasil constituir o crédito tributário


referente às contribuições Sociais extingue-se após 5 anos, contados:

1. Do 1.º dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter


sido constituído, ou;

2. Da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por


vício formal, a constituição do crédito anteriormente efetuada.

b) A ação para a cobrança do crédito tributário referente às Contribuições


Sociais prescreve em 5 anos, contados da data da sua constituição definitiva.

18. Para a prova, não esquecer:

Prazo:
Decadencial: Prescricional:
Revisão de Benefícios: 10 anos -
Benefícios Cobrança de valores devidos pelo INSS: - 5 anos
Anulação de atos favoráveis ao segurado: 10 anos -
Constituição da Contribuição Social: 5 anos -
Custeio
Cobrança da Contribuição Social: - 5 anos

19. Quanto a acumulação de Benefícios Previdenciários:

Não é permitido o recebimento conjunto dos


Fundamento Legal:
seguintes benefícios:
Lei n.º 8.213/1991.
1. Aposentadoria com Auxílio Doença. Decreto n.º 3.048/1999.
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
Lei n.º 8.213/1991.
2. Mais de uma Aposentadoria. Decreto n.º 3.048/1999.
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
3. Aposentadoria com Abono de Permanência em Lei n.º 8.213/1991.
Serviço (já extinto). Decreto n.º 3.048/1999.

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Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
Lei n.º 8.213/1991.
4. Salário Maternidade com Auxílio Doença. Decreto n.º 3.048/1999.
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
4.1. Salário maternidade com Aposentadoria por
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
Invalidez.
Lei n.º 8.213/1991.
5. Mais de um Auxílio Acidente. Decreto n.º 3.048/1999.
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
6. Mais de uma Pensão por Morte deixada por Lei n.º 8.213/1991.
cônjuge ou companheiro(a), facultado ao dependente Decreto n.º 3.048/1999.
optar pela mais vantajosa. Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
Decreto n.º 3.048/1999.
7. Auxílio Acidente com Aposentadoria.
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
8. Auxílio Acidente com Auxílio Doença, do mesmo
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
acidente ou da mesma doença que o gerou.
9. Mais de um Auxílio Doença, inclusive acidentário. Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
10. Mais de um Auxílio Reclusão de instituidor
cônjuge ou companheiro, facultado o direito de Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
opção pelo mais vantajoso.
11. Auxílio Reclusão pago aos dependentes, com
Auxílio Doença, Aposentadoria ou Abono de
Permanência em serviço (já extinto) ou Salário
Maternidade do segurado recluso.

 Observação: IN INSS n.º 77/2015, Art. 383, § 3º O Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
segurado recluso, ainda que contribua como facultativo,
NÃO TERÁ DIREITO aos benefícios de Auxílio Doença, Salário
Maternidade e Aposentadoria durante a percepção, pelos
dependentes, do Auxílio Reclusão, permitida a opção pelo
benefício mais vantajoso.
12. Seguro Desemprego com qualquer benefício de
prestação continuada da Previdência Social, exceto Lei n.º 8.213/1991.
Pensão por Morte ou Auxílio Acidente.
12.1. Seguro Desemprego com qualquer benefício de
prestação continuada da previdência social, exceto
Decreto n.º 3.048/1999.
Pensão Por morte, Auxílio Reclusão, Auxílio Acidente,
Instrução Normativa INSS n.º 77/2015.
Auxílio Suplementar (já extinto) ou Abono de
Permanência em Serviço (já extinto).
13. Benefício de Prestação Continuada (BPC da LOAS)
com qualquer outro benefício no âmbito da
Seguridade Social (Previdência Social ou Assistência
Social) ou de outro regime (Regimes Próprios de
Previdência Social), inclusive o Seguro Desemprego,
ressalvados o de Assistência Médica e a Pensão Lei n.º 8.742/1993
Especial de Natureza Indenizatória, bem como a Decreto n.º 6.214/2007
remuneração advinda de Contrato de Aprendizagem
no caso da pessoa com deficiência. A acumulação do
BPC com a remuneração advinda do contrato de
aprendizagem pela pessoa com deficiência está
limitada ao prazo máximo de 2 anos.

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20. Resumo da parte de Benefícios:

1. Quem 2. Requisitos para concessão:


Benefício: tem 3. RMB:
PC TC Id. Mín.
direito:
Apos. por Idade 65-H e 60-H Rural
(FP optativo) 60-M e 55-M Rural
70% x SB
CADES F 180 -
+ 1%/12CS
P/Defic.: 60-H Defic. + TC
FP favorável 55-M Defic. + TC
35-H e 30-H Prof.
30-M e 25-M Prof.
Apos. Por TC
(FP obrigatório)
H Defic.:
CADES(1) F 180 - 100% x SB
25, 29 ou 33.
P/Defic.:
FP favorável
M Defic.:
20, 24 ou 28.
12 - regra
Apos. Invalidez CADES F - - 100% x SB
0 - Acident.
E, A e 15, 20 ou 25 anos
Apos. Especial 180 - 100% x SB
C (Coop) em ativ. Especial
12 - regra
Aux. Doença CADES F - - 91% x SB
0 - Acident.
Aux. Acidente E, A, D e S 0 - - 50% x SB
Depend. dos 100% x RMB
Aux. Reclusão 0 - -
CADES F Apos. Invalid.
Sal. da Segurada
Sal. 10 (C, S, F)
CADES F - - (limite - Teto do
Maternidade 0 (E, D, A)
STF)
E, A, D e
Sal. Família Trab. 0 - - Cota/filho
Rural Apos.
depend. dos 100% x RMB
Pensão P/Morte 0 - -
CADES F Apos. Invalid.

(1)
Segurado especial só tem direito a Aposentadoria por TC quando contribuir
facultativamente nas mesmas condições do contribuinte individual (20% x SC por ele
declarado).

21. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de


empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais (S), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

22. Equiparados ao Acidente do Trabalho:

22.01. Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo


exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva
relação elaborada pelo MT.

22.02. Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em


função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante de relação elaborada pelo MT.

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22.03. O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda
da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção
médica para a sua recuperação.

22.04. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em


consequência de:

a) Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou


companheiro de trabalho;

b) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada ao trabalho;

c) Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de


companheiro de trabalho;

d) Ato de pessoa privada do uso da razão, e;

e) Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou


decorrentes de força maior.

22.05. A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua atividade.

22.06. O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:

a) Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da


empresa;

b) Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe


evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da
mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado, e;

d) No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para


aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.

23. Doenças que não são classificadas como Doença do Trabalho, logo, não são
equiparadas ao Acidente do Trabalho:

a) A doença degenerativa;

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b) A inerente a grupo etário;

c) A que não produza incapacidade laborativa, e;

d) A doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela


se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato
direto determinado pela natureza do trabalho.

24. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o Acidente do


Trabalho, ocorrido com o empregado (E), o doméstico (D) e o trabalhador avulso, à
Previdência Social até o 1.º dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte,
de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite
mínimo (salário mínimo) e o limite máximo (teto do RGPS) do salário de contribuição,
sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência
Social.

09. Aula 09.

01. A Previdência Social Brasileira passou, nos últimos anos, por 3 Emendas
Constitucionais de Reforma (n.º 20/1998, n.º 41/2003 e n.º 47/2005), sendo que o
objetivo principal do Governo com essas alterações foi reduzir os custos
previdenciários ao menor valor possível, diminuindo o déficit nas contas públicas.

02. O Salário Família, desde a EC n.º 20/1998, é devido apenas para os dependentes
do trabalhador de baixa renda. Antes da referida Emenda, o benefício era devido
para os dependentes do trabalhador em geral, independentemente do valor da renda
auferida pelo mesmo.

03. Aos servidores públicos foi garantido o Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS), distinto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), de caráter
contributivo e solidário, financeiramente suportado mediante contribuição do ente
político, do servidor ativo, do servidor inativo e do servidor pensionista. Ao
contrário do RGPS, os RPPS exigem contribuição dos servidores que já não se
encontram em atividade (aposentados e pensionistas).

04. O RPPS garante 3 espécies de Aposentadoria: Por Invalidez, Compulsória (aos 75


anos de idade) e Voluntária. Em todos os casos, os proventos do aposentado terão
como valor máximo a remuneração do servidor enquanto estava na ativa.

05. A CF/1988 veda (proíbe), no âmbito dos RPPS, a adoção de requisitos e critérios
diferenciados para a concessão de qualquer espécie de aposentadoria, exceto nos
casos de servidores portadores de deficiência, que exerçam atividade de risco ou
trabalhem sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, na forma prevista em Lei Complementar (nunca editada).

06. Desde a EC n.º 41/2003, está previsto a criação de um Regime de Previdência


Complementar (RPC) para os servidores públicos. Na esfera federal, tal regime foi

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instituído com a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor
Público Federal (FUNPRESP). Em outras palavras, desde 2013, os novos servidores
públicos federais estão com suas aposentadorias e pensões com valores limitados ao
teto do RGPS, salvo se realizarem opção por participar do FUNPRESP, com uma
contribuição mensal adicional, garantindo valores maiores nos referidos benefícios.

07. O RPPS dos Estados, do DF e dos Municípios terá como valor mínimo de alíquota
o valor adotado pela União (11%). Em suma, o RPPS do Estado do Paraná, por
exemplo, não pode adotar uma alíquota de 9%, mas pode adotar uma alíquota maior,
como 13%.

08. Com o advento da EC n.º 20/1998, a Seguridade Social deixa de apresentar uma
gestão tripartite (trabalhadores, empresários e aposentados) para apresentar uma
gestão quadripartite (trabalhadores, empregadores, aposentados e Governo).

09. A Reforma Previdenciária ampliou largamente a base de financiamento da


Seguridade Social. Antes, as contribuições sociais eram devidas pelos empregadores
(folha, faturamento e lucro) e pelos trabalhadores apenas. A partir da EC n.º
20/1998, as contribuições começaram a ser devidas pelos empregadores (folha,
receita, faturamento e lucro), pelos trabalhadores, bem como começaram a incidir
contribuições sobre as receitas de concursos de prognósticos (loterias e outros jogos
de azar) e sobre as operações de importação de bens e de serviços.

10. No RGPS, o Garimpeiro deixou de ser classificado como Segurado Especial para
ser classificado como Contribuinte Individual (EC n.º 20/1998).

11. As contribuições dos empregadores, com o advento da EC n.º 47/2005, poderão


ter alíquotas (%) ou bases de cálculo (BC) diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da
condição estrutural do mercado de trabalho (PUMA).

12. De forma análoga ao que ocorre nos RPPS, o RGPS, a partir da EC n.º 47/2005,
proíbe a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadorias, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de
segurados portadores de deficiência, nos termos da Lei Complementar n.º
142/2013.

10. Aula 10.

01. A Previdência Complementar é um benefício opcional, que proporciona ao


trabalhador um seguro previdenciário adicional, conforme sua necessidade e
vontade. É uma forma de conseguir um valor de aposentadoria maior que o previsto
no RGPS, que atualmente é limitado ao valor de R$ 5.645,80 (Teto do RGPS).

02. A CF/1988 traz a seguinte previsão: O regime de previdência privada, de


caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao Regime Geral

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de Previdência Social (RGPS), será facultativo, baseado na constituição de reservas
que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. É a essência
da Previdência Complementar: opcional e independente do RGPS.

03. As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) são entidades que


oferecem planos de benefícios para certos grupos de pessoas, como servidores
públicos de determinado Poder (Executivo, Legislativo ou Judiciário), trabalhadores de
uma determinada empresa, entre outros casos.

04. As Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) oferecem planos de


benefícios para qualquer pessoa que tenha interesse em aderi-los. Geralmente são
produtos bancários, como o BrasilPrev do Banco do Brasil, o PrevRenda da Caixa
Econômica Federal e o FlexPrev do Itaú.

05. Fazendo uma breve analogia entre o Regime de Previdência Complementar (RPC)
e o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), temos as seguintes comparações:

- Segurado (RGPS) = Participante (RPC).

- Dependente (RGPS) = Participante ou Beneficiário (RPC).

06. Os planos de Previdência Complementar podem ser das seguintes espécies:

06.01. Plano de Benefício Definido (BD): é aquele em que o valor da


aposentadoria é estabelecido no momento em que o participante adere ao
plano, e calculado com base em valores pré-fixados ou fórmulas estipuladas no
regulamento.

06.02. Plano de Contribuição Definida (CD): o participante, ao invés de


determinar o valor da aposentadoria, determina os aportes ao plano.

06.03. Plano de Contribuição Variável (CV): mescla características das duas


modalidades anteriores.

07. Não obstante, os planos de Previdência Complementar se classificam da seguinte


maneira:

07.01. Conforme a administração:

a) Plano comum, quando administram plano ou conjunto de planos


acessíveis ao universo de participantes, e;

b) Com multiplano, quando administram plano ou conjunto de planos de


benefícios para diversos grupos de participantes, com independência
patrimonial (entre os planos).

07.02. Conforme a quantidade de patrocinadores ou instituidores:

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a) Singulares, quando estiverem vinculadas a apenas um patrocinador
ou instituidor, e;

b) Multipatrocinadas, quando congregarem mais de um patrocinador ou


instituidor.

08. Institutos previstos na legislação da Previdência Complementar:

08.01. Benefício Proporcional Diferido (BPD), em razão da cessação do


vínculo empregatício com o patrocinador ou associativo com o instituidor antes
da aquisição do direito ao benefício pleno, a ser concedido quando cumpridos os
requisitos de elegibilidade. Quando o participante é desligado da empresa
(patrocinador), ele terá direito de receber um BPD caso já tenha alcançado a
elegibilidade, ainda que menor que o valor esperado;

08.02. Portabilidade do direito acumulado pelo participante para outro plano.


Caso o trabalhador mude de empresa, mudando automaticamente de EFPC,
deseje contribuir para outro tipo de previdência complementar aberta (EAPC) ou
mesmo troque de plano sem trocar de Entidade de Previdência Complementar,
terá o direito de levar todo o fundo acumulado (direito acumulado) consigo;

08.03. Resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo


participante, descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma
regulamentada, e;

08.04. Faculdade de o participante manter o valor de sua contribuição e a


do patrocinador, no caso de perda parcial ou total da remuneração recebida,
para assegurar a percepção dos benefícios nos níveis correspondentes àquela
remuneração ou em outros definidos em normas regulamentares.

09. Os planos da EAPC podem ser:

- Individuais: Quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas, ou;

- Coletivos: Quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a


pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica
contratante. O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas
jurídicas.

10. No desempenho das atividades de fiscalização das Entidades de Previdência


Complementar, os servidores do órgão regulador e fiscalizador terão livre acesso às
respectivas entidades, delas podendo requisitar e apreender livros, notas técnicas
e quaisquer documentos, caracterizando-se embaraço à fiscalização, sujeito às
penalidades previstas em lei, qualquer dificuldade oposta à consecução desse
objetivo.

11. Para constar, atualmente temos a seguinte estrutura fiscalizatória e regulatória:

www.estrategiaconcursos.com.br 469
EAPC:

Órgão Fiscalizador: Superintendência de Seguros Privados (SUSEP),


ligada ao Ministério da Fazenda (MF).

Órgão Regulador: Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP),


ligado ao Ministério da Fazenda (MF).

EFPC:

Órgão Fiscalizador: Superintendência Nacional de Previdência


Complementar (PREVIC), ligada ao Ministério da Fazenda (MF).

Órgão Regulador: Secretaria de Políticas de Previdência Complementar


(SPPC), ligada ao Ministério da Fazenda (MF).

12. Com intuito de resguardar os direitos dos participantes e assistidos, poderá ser
decretada a intervenção na Entidade de Previdência Complementar, com objetivo de
recuperar a saúde financeira da instituição.

13. A intervenção cessará quando aprovado o plano de recuperação da entidade


pelo órgão competente ou se decretada a sua liquidação extrajudicial. Com isso,
podemos notar que a intervenção é um passo anterior à liquidação extrajudicial.

14. Por seu turno, a liquidação extrajudicial será decretada quando reconhecida a
inviabilidade de recuperação da Entidade de Previdência Complementar ou pela
ausência de condição para seu funcionamento.

11. Aula 11.

01. O RPPS, atualmente, é aplicável somente aos Servidores Públicos do Poder


Executivo Federal que ingressaram no serviço público até o dia 03/02/2013.

02. Aos servidores que ingressaram a partir do dia 04/02/2013, aplica-se o


disposto na Lei n.º 12.618/2012, que criou a Previdência Complementar do servidor
federal, por meio da Fundação de Previdência Complementar do Servidor
Público Federal do Poder Executivo (FUNPRESP-EXE).

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03. Conforme dispõe a Lei n.º 8.112/1990, os benefícios do Plano de Seguridade
Social do servidor federal compreendem:

1. Quanto ao servidor: 2. Quanto ao dependente:


a) Aposentadoria; a) Pensão por Morte;
b) Auxílio Natalidade; b) Auxílio Funeral;
c) Salário Família; c) Auxílio Reclusão;
d) Licença para Tratamento de
d) Assistência à Saúde.
Saúde;
e) Licença à Gestante, à Adotante
e Licença Paternidade;
f) Licença por Acidente em
Serviço;
g) Assistência à Saúde;
h) Garantia de Condições
Individuais e Ambientais de
Trabalho Satisfatórias;

04. Esquematicamente, a aposentadoria no RPPS segue as seguintes regras:

Tempo de
Aposentadoria: Proventos: Idade (Id):
Contribuição (TC):
Por Invalidez Permanente
Proporcionais - -
(Regra Geral)
Por Invalidez Permanente
- Acidente em Serviço.
Integrais - -
- Moléstia Profissional.
- Doença.
Compulsória Proporcionais 75 anos -
Voluntária (Regra Geral)
60 anos - Homem 35 anos - Homem
- 10 anos de serviço. Integrais
55 anos - Mulher 30 anos - Mulher
- 5 anos de cargo.
Voluntária (Professores)
55 anos - Homem 30 anos - Homem
- 10 anos de serviço. Integrais
50 anos - Mulher 25 anos - Mulher
- 5 anos de cargo.
Voluntária (Proporcional)
65 anos - Homem
- 10 anos de serviço. Proporcionais -
60 anos - Mulher
- 5 anos de cargo.

05. O Auxílio Natalidade é devido à servidora por motivo de nascimento de filho, em


quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público, inclusive no caso
de natimorto. Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50%, por
nascituro. Esse auxílio também será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
público, quando a parturiente não for servidora.

06. O Salário Família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por dependente


econômico.

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07. Será concedida ao servidor Licença para Tratamento de Saúde, a pedido ou de
ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus,
sendo que tal licença será concedida com base em perícia oficial.

08. Será concedida licença à servidora gestante por 120 dias consecutivos, sem
prejuízo da remuneração. Atualmente, o Decreto nº 6.690/2008, prorroga esse prazo
por mais 60 dias, totalizando 180 dias, por meio de requerimento da servidora até
o final do primeiro mês após o parto. Lembre-se que essa prorrogação está prevista
em Decreto e não na Lei n.º 8.112/1990, ou seja, se a questão cobrar o
conhecimento do RJU, não tenha dúvidas, 120 dias!

09. Será licenciado por acidente em serviço, com remuneração integral, o servidor
acidentado em serviço. Por sua vez, configura acidente em serviço o dano físico ou
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as
atribuições do cargo exercido.

10. Por ocorrência da morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem
jus à pensão mensal a partir da data do óbito, no valor correspondente à totalidade
da remuneração (servidores ativos) ou dos proventos (servidores inativos) na data
anterior à do óbito, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime
Geral de Previdência Social (Teto do RGPS), acrescida de 70% da parcela excedente a
este limite.

11. A pensão nunca poderá exceder o valor da remuneração ou do provento que


serviu de referência para a concessão da benesse, bem como nunca poderá exceder o
valor do subsidio do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente no valor
de R$ 33.763,00.

12. O Auxílio Funeral é devido à família do servidor falecido na atividade ou


aposentado, em valor equivalente a 1 mês da remuneração ou provento. No caso
de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago somente em razão do cargo de
maior remuneração.

13. À família do servidor ativo é devido o Auxílio Reclusão, nos seguintes valores:

13.01. 2/3 (67%) da remuneração, quando afastado por motivo de prisão,


em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto
perdurar a prisão. Nesse caso, o servidor terá direito à integralização da
remuneração, desde que absolvido, e;

13.02. Metade (50%) da remuneração, durante o afastamento, em virtude


de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine a perda de
cargo.

14. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família compreende


assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como
diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde
e será prestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), diretamente pelo órgão ou

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entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou
contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor
despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com
planos ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em
regulamento.

12. Aula 12.

01. A Previdência Complementar é um benefício opcional, que proporciona ao


trabalhador um seguro previdenciário adicional, conforme sua necessidade e
vontade. É uma aposentadoria contratada para garantir uma renda extra ao
trabalhador ou ao seu beneficiário. Atualmente, os benefícios previdenciários do RGPS
estão limitados ao teto de R$ 5.645,80, ou seja, se o trabalhador, enquanto na
atividade, recebia como remuneração R$ 7.500,00 em média, quando passar para a
inatividade, receberá mensalmente no máximo R$ 5.645,80. Daí advém a importância
da Previdência Complementar.

02. O Art. 202 da CF/1988, que trata da previdência complementar, teve sua redação
alterada pela Emenda Constitucional n.º 20/1998, considerando a previdência
complementar (ou privada, como cita o texto constitucional) um regime
previdenciário autônomo e complementar ao RGPS, ou seja, o trabalhador não
precisa ser filiado ao RGPS para ter direito a ela. Em outras palavras, o cidadão não
precisa nem mesmo estar trabalhando para contratar uma previdência complementar.

03. O Regime de Previdência Complementar (RPC) do servidor público deve ser


instituído por lei, sendo que será obrigatório para todos os servidores públicos que
ingressarem após o início da vigência dessa lei e será facultativo para os servidores
que já se encontravam no serviço público na data da publicação do referido ato
normativo. Lembrando que cada ente político (União, Estados, DF e Munícipios) deve
editar e publicar a sua lei, ou seja, a lei federal só instituiu o RPC Federal para os
servidores da União, não abrangendo os servidores estaduais, distritais ou municipais.

04. Dando continuidade, o RPC será obrigatório para todos os servidores e membros
federais que ingressarem após o início da vigência da Previdência Complementar
prevista na Lei n.º 12.618/2012 (que institui o RPC Federal), que ocorreu em
04/02/2013.

05. Por seu turno, os servidores e membros federais que tenham ingressado em data
anterior à 04/02/2013, a adesão ao RPC é facultativa mediante prévia e expressa
opção.

06. Para efeitos do RPC do Servidor Federal, a legislação prevê as seguintes


definições, muito importantes para as provas de concursos:

1. Patrocinador: A União, suas autarquias e fundações, no Poder Executivo,


no Poder Legislativo, no Poder Judiciário, no Ministério Público da União (MPU)
ou no Tribunal de Contas da União (TCU). A União, a exemplo do próprio

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servidor federal, também contribuirá mensalmente para a reserva financeira
que servirá de base para a aposentadoria do servidor;

2. Participante: O servidor público titular de cargo efetivo da União,


inclusive o membro do Poder Judiciário, do Ministério Público da União (MPU) e
do Tribunal de Contas da União (TCU), que aderir aos planos de benefícios
administrados pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC).
No caso, cada EFPC terá o seu plano de benefícios, onde constará todos os
direitos e as obrigações do patrocinador e do participante, ou seja, tal plano
funciona como um regulamento, e;

3. Assistido: O participante ou o seu beneficiário em gozo de benefício de


prestação continuada. O participante é o próprio servidor ou membro, enquanto
que o beneficiário é o seu dependente, que terá direito de gozar alguns
benefícios previstos no RPC.

07. Com o advento da Lei n.º 12.618/2012, a União também foi autorizada a criar as
Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), com a finalidade de
administrar e executar Planos de Benefícios de caráter previdenciário, nos termos
da Lei Complementar n.º 109/2001 e da Lei Complementar n.º 108/2001 (arcabouço
jurídico da previdência complementar brasileira).

08. Não obstante, por ato conjunto das autoridades competentes para a criação das
EFPC, poderá ser criada uma fundação que contemple os servidores públicos de 2 ou
3 Poderes. E foi exatamente o que ocorreu. Atualmente temos apenas 2 EFPC:

FUNPRESP: Abarca o pessoal do Poder Executivo e do Poder Legislativo com os


seguintes Planos de Benefícios: ExecPrev e LegisPrev, e;

FUNPRESP-JUD: Abarca o pessoal do Poder Judiciário

09. Resumo da Estrutura das EFPC:

Participantes
Patrocinador Total
e Assistidos
Conselho Deliberativo (CD) 3 membros 3 membros 6 membros

Conselho Fiscal (CF) 2 membros 2 membros 4 membros


Até Até Até
Diretoria Executiva (DE)
2 membros 2 membros 4 membros

CD: O presidente é indicado entre os membros do Patrocinador.


CF: O presidente é indicado entre os membros dos Participante e Assistidos.

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10. Considero muito importante informar que o servidor com remuneração inferior
ao limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS (atualmente de R$
5.645,80) poderá aderir aos planos de benefícios administrados pelas EFPC, sem
contrapartida do patrocinador, cuja base de cálculo será definida nos
regulamentos.

11. A alíquota da contribuição do participante será por ele definida anualmente,


observado o disposto no regulamento do plano de benefícios. A alíquota da
contribuição do patrocinador será igual à do participante, observado o disposto no
regulamento do plano de benefícios, e não poderá exceder o percentual de 8,5%.

12. Além da contribuição normal supracitada, o participante poderá contribuir


facultativamente, sem contrapartida do patrocinador, na forma do regulamento
do plano. Em suma, se o servidor quiser contribuir com mais de 8,5%, deverá fazer
por meio de contribuição facultativa, sem contrapartida do respectivo ente federativo.

13. A constituição, o funcionamento e a extinção das FUNPRESP, a aplicação de seus


estatutos, regulamentos dos planos de benefícios, convênios de adesão e suas
respectivas alterações, assim como as retiradas de patrocínios, dependerão de prévia
e expressa autorização da Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(PREVIC), órgão fiscalizador das EFPC.

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DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. FÁBIO DUTRA

Noções Introdutórias sobre Direito Tributário


• O Direito Tributário é ramo didaticamente autônomo do direito público,
prevalecendo dois princípios norteadores, quais sejam: supremacia do interesse
público sobre o particular e indisponibilidade do interesse público.

Direito
Direito Público
Tributário

DIREITO
Direito Privado

Apenas divisão didática

• As receitas públicas são originárias ou derivadas. As receitas originárias são


auferidas com base na exploração do patrimônio do Estado, por meio de
aluguéis ou mesmo por empresas estatais. Já as receitas derivadas têm origem
no patrimônio do particular e entram nos cofres públicos por meio de coação
ao indivíduo. Portanto, os tributos são classificados como receitas derivadas.

ORIGINÁRIAS
RECEITAS
PÚBLICAS
DERIVADAS TRIBUTOS

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Conceito de Tributos
• O conceito de tributo foi previsto no art. 3º, do CTN, e pode ser desmembrado e
esquematizado da seguinte forma:

Prestação pecuniária

Prestação compulsória

Tributo Prestação que não constitui sanção por ato ilícito

Prestação instituída em lei

Prestação cobrada por atividade vinculada

Natureza Jurídica dos Tributos


• O CTN definiu que, para identificarmos a natureza jurídica específica do tributo,
isto é, a espécie tributária (impostos, taxas, etc.), deve-se levar em consideração
apenas o fato gerador. Assim, para o legislador, a denominação e as demais
características formais adotadas pela lei bem como a destinação legal do produto
da arrecadação do tributo são irrelevantes para definir a sua natureza jurídica.

• Após o surgimento da Constituição Federal de 1988, o entendimento


predominante é o de que existem não apenas três, mas cinco espécies tributárias,
dando origem à corrente pentapartida.

• É importante saber que os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais


são tributos finalísticos, ou seja, a destinação do produto de sua arrecadação
é um critério relevante para diferenciá-los dos demais tributos.

Impostos

Taxas

Espécies Teoria
Contribuições de Melhoria Pentapartida
Tributárias
Empréstimos Compulsórios

Contribuições Especiais

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Espécies de Tributos: Impostos
• Impostos são tributos não vinculados, por estarem relacionados com uma
manifestação de riqueza do contribuinte. Por exemplo, paga-se IPTU porque
possui imóvel urbano, e não porque o Município lhe presta algum serviço
específico. A obrigação de pagar o imposto independe de qualquer contraprestação
estatal.

• A receita auferida com os impostos não está vinculada, em regra, a qualquer


destinação. Ou seja, esse é mais um argumento de que os recursos devem ser
usados em benefício da coletividade, remunerando os chamados serviços
gerais – uti universi. Cite-se, como exemplo, o serviço de segurança pública.

II
ISS

Municípios e IE
Distrito Federal IPTU
IR
ITBI IPI

União IOF
ITCMD
Estados e ITR
Distrito Federal ICMS
IGF
IPVA IEG

I. Residuais

Espécies de Tributos: Taxas


• Todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) poderão
instituir taxas. Podemos dizer, então, que a taxa é um tributo de
competência comum.

• Taxas são tributos vinculados e contraprestacionais. Isso significa que o fato


gerador dessa espécie tributária está relacionado a uma prestação estatal
específica ao contribuinte, seja por meio de serviços públicos ou pelo exercício
do poder de polícia. As taxas podem ser instituídas pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições.

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Exercício Regular do
Poder de Polícia

Taxa

Específico e Divisível
Utilização de Serviço
Público
Utilização Efetiva ou Potencial

Competência: União/Estados/DF/Municípios

• O poder de polícia é aquele que a administração pública dispõe para restringir


alguns direitos individuais de cada particular, tendo em vista os interesses
coletivos.

• Há diversas atividades fiscalizadoras que podem ensejar a cobrança da taxa de


polícia. Como exemplo, temos a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA),
instituída pela Lei 10.165/2000, tendo como fato gerador o exercício regular do
poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – Ibama para controle e fiscalização das atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais.

• Também é necessário ter atenção, pois tanto os serviços efetivamente


utilizados pelo contribuinte como aqueles potencialmente utilizados
ensejam a cobrança de taxas. Neste ponto, cabe esclarecer que a utilização
potencial é aquela em que, em que pese a disponibilização do serviço público, o
contribuinte não o utiliza. É o caso da taxa de lixo, que é cobrada
independentemente de ser utilizado ou não o serviço de coleta domiciliar de lixo.

• Quanto à natureza do serviço público, é importante ter em mente que apenas


serviços públicos específicos e divisíveis podem ser remunerados por meio
de taxas, o que não ocorre, por exemplo, com o serviço de iluminação pública.

Súmulas Importantes
• Súmula Vinculante 41:

Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa

• Súmula Vinculante 19:

Súmula Vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos


serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição

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Federal.

• Súmula STF 595:

Súmula STF 595 – É inconstitucional a taxa municipal de conservação de


estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do Imposto
Territorial Rural.

• Súmula Vinculante 29:

Súmula Vinculante 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do valor


de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma
base e outra.

• Súmula STF 667:

Súmula STF 667 – Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a


taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.

Espécies de Tributos: Contribuições de Melhoria


• Todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) poderão
instituir a contribuição de melhoria. Podemos dizer, então, que é um tributo de
competência comum, assim como a taxa. Trata-se de tributo vinculado a uma
atividade estatal (realização de obra pública).

• O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária, e não a


obra pública em si. Assim, se uma obra pública não gerar valorização imobiliária,
não há justificativa para cobrança do tributo.

• O CTN previu os limites totais e individuais da contribuição de melhoria. O limite


total se refere ao valor máximo que pode ser arrecadado a título de contribuição
de melhoria. O CTN estabeleceu como limite o valor total gasto com a obra.
Como limite individual, foi estabelecido o valor que corresponde à valorização que
a obra pública gerou para cada particular.

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Espécies de Tributos: Empréstimos Compulsórios
• Os empréstimos compulsórios são reconhecidos pelo STF como sendo tributos.
Foram previstos no art. 148, da CF/88, dentro do capítulo do Sistema Tributário
Nacional e se encaixam perfeitamente no conceito de tributos (CTN, art.
3º).

• Os empréstimos compulsórios são de competência exclusiva da União, só


podendo ser instituídos por meio de lei complementar (não pode ser utilizada
medida provisória).

• Há três pressupostos fáticos ou situações autorizadoras que justificam a cobrança


de um empréstimo compulsório: despesas extraordinárias decorrentes de
calamidade pública, despesas extraordinárias decorrentes de guerra externa ou
sua iminência e os investimentos públicos de caráter urgente e de relevante
interesse nacional.

Espécies de Tributos: Contribuições Especiais


• As contribuições especiais podem ser sintetizadas no quadro abaixo:

TIPOS DE CONTRIBUIÇÃO
COMPETÊNCIA PARA INSTITUIR
ESPECIAL
União (Exceção: todos os demais
entes podem instituir contribuição
Contribuições Sociais
previdenciária a ser cobrada de
seus servidores)
Contribuição de Intervenção no
Somente a União
Domínio Econômico (CIDE)
Contribuições de interesse das
Somente a União
categorias profissionais
Contribuição para Custeio do Serviço
Somente Distrito Federal e Municípios
de Iluminação Pública (COSIP)

• De acordo com a CF/88, as contribuições sociais as CIDEs deverão ter as


seguintes características:

➢ Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;


➢ Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
➢ Poderão ter alíquotas ad valorem ou específica.

• Além das contribuições para custeio da seguridade social já previstas na CF/88, a


União pode criar outras, denominadas contribuições residuais. Para tanto, deve-se
obedecer os critérios discriminados no art. 154, I, a saber:

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➢ Devem ser instituídas por lei complementar;
➢ Devem ser não cumulativas;
➢ Não podem ter base de cálculo ou fato gerador próprios de outras contribuições
já existentes.

• A Contribuição de Iluminação Pública só foi prevista na CF/88, com a EC 39/02.


Trata-se de contribuição especial com as seguintes características:

➢ A competência para sua instituição é restrita aos Municípios e ao DF;


➢ A arrecadação do tributo é vinculada ao custeio do serviço de iluminação
pública;
➢ É facultado que a cobrança desse tributo seja feita na fatura de consumo de
energia elétrica.

Classificação dos Tributos Segundo a Doutrina


• Quanto ao fato gerador:

o Tributos vinculados: o fato gerador decorre da realização de determinada


atividade estatal ao contribuinte (exemplo: taxas e contribuições de
melhoria);
o Tributos não vinculados: o fato gerador é uma situação que independe de
qualquer atividade estatal prestada ao contribuinte (exemplo: impostos).

• Quanto ao destino da arrecadação:

o Tributos de arrecadação vinculada: os recursos arrecadados com a


cobrança do tributo se vinculam a determinado órgão, fundo ou despesa
(exemplo: impostos);
o Tributos de arrecadação não vinculada: os recursos arrecadados com a
cobrança do tributo não se vinculam a determinado órgão, fundo ou despesa
(exemplo: empréstimos compulsórios);

• Quanto à atividade de cobrança: todo e qualquer tributo tem a sua cobrança


como atividade vinculada, já que isso consta do próprio conceito de tributo.

• Quanto à finalidade:

o Finalidade Fiscal: finalidade arrecadatória (exemplo: imposto de renda);


o Finalidade Extrafiscal: finalidade interventiva (exemplo: imposto de
importação e imposto de exportação);
o Finalidade Parafiscal: os tributos são parafiscais quando a lei que os criou
nomeia outra pessoa jurídica para ser sujeito ativo (capaz de cobrar os
tributos) e destina-lhe os recursos arrecadados (exemplo: contribuições
devida aos conselhos de fiscalização profissional, como o CRC e CRM).

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• Quanto à transferência do encargo a terceiros:

o Tributos diretos: a pessoa obrigada ao recolhimento é a que acaba


sofrendo o ônus do tributo (exemplo: imposto de renda);
o Tributos indiretos: embora determinada pessoa seja definida em lei como
obrigada ao recolhimento do tributo (contribuinte de direito), o ônus do
tributo é transferido a terceiros (contribuinte de fato). (exemplo: ICMS, IPI)

• Quanto à variação das alíquotas:

o Tributo fixo: cobra-se dos contribuintes um valor fixo (exemplo: R$


100,00);
o Tributo proporcional: a alíquota do tributo é fixa, mas com a variação da
base de cálculo, o valor do tributo pode variar proporcionalmente;
o Tributo regressivo: a alíquota do tributo reduz conforme se aumenta a
base de cálculo, e vice-versa;
o Tributo progressivo: a alíquota do tributo aumenta conforme se aumenta a
base de cálculo, e vice-versa;

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar


• A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios receberam da CF/88
competência tributária para instituir tributos. Contudo, o exercício dessa
competência encontra limitações no próprio texto constitucional, que consistem
nos princípios constitucionais tributários e nas imunidades tributárias.

Princípios Constitucionais Tributários

Princípio da Legalidade
• O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de que uma
lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na verdade, de
uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são editadas pelo
Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a vontade do povo.
Assim sendo, todos os tributos devem ser instituídos por lei. Esta lei, em
regra, é ordinária, ressalvados os casos específicos de lei complementar.

• Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos) está


excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE-Combustíveis e
ICMS-Combustíveis.

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Súmulas Importantes
Súmula STJ 160: O STJ já decidiu que é vedado ao Município atualizar o IPTU
por meio de ato infralegal (decreto) em percentual superior ao índice oficial
de correção monetária, já que neste caso teríamos uma clara majoração do
imposto, submetida, portanto, à reserva de lei:

Súmula STJ 160 – É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante


decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

Súmula Vinculante 50:

Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de


obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Princípio da Isonomia
• O princípio da isonomia veda tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, tendo como destinatários tanto o
legislador (Poder Legislativo) aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário).

• O princípio da capacidade contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia


tributária. Na verdade, ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode
ser considerada, a grosso modo, sinônimo de equidade. Embora a CF/88 relacione
o princípio da capacidade contributiva apenas aos impostos, o STF entende que
também pode ser extensível a outras espécies tributárias, obedecendo, é
claro, as singularidades de cada uma delas.

Princípio do Não Confisco


• Embora majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a
Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório, que é
diferente do confisco em si. O conceito de efeito confiscatório é
indeterminado, sendo relevante a utilização dos princípios da razoabilidade ou
proporcionalidade, na análise do caso concreto.

• Para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do efeito confiscatório deve ser


obtida, analisando a totalidade de tributos a que um contribuinte está
submetido, dentro de determinado período, em relação à mesma pessoa
política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se determinado imposto federal está
sendo utilizado com efeito de confisco, há que se verificar todo o ônus tributário
com que certo contribuinte arca em relação à União.

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Princípio da Anterioridade Anual
• De acordo com o que foi previsto no art. 150, III, b, da CF/88, é vedado a
qualquer dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) cobrar tributos
“no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou”. Trata-se do princípio da anterioridade anual,
relacionado à eficácia da norma.

• Os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado são os seguintes:

II/IE/IPI/IOF Tributos Extrafiscais

• Impostos Extraordinários de Guerra Situações que demandam


• Empréstimos Compulsórios (somente urgência
para guerra e calamidade)

Contribuições para Financiamento da


Seguem regra específica
Seguridade Social do art. 195, § 6°

• ICMS-Combustíveis Apenas para redução e


• CIDE-Combustíveis restabelecimento

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Princípio da Noventena (Anterioridade Nonagesimal)

• O princípio da noventena (também denominado anterioridade nonagesimal) prega


que a cobrança de tributos deve ocorrer apenas 90 dias após a publicação de
uma lei que institua ou majore tributos. Trata-se de princípio aplicável
cumulativamente com o da anterioridade anual.

• Com algumas diferenças e semelhanças em relação ao princípio da anterioridade,


os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado são os seguintes:
Tributos Extrafiscais
II/IE/IOF (IPI não é exceção)

• Impostos Extraordinários de Guerra


• Empréstimos Compulsórios (somente
Situações que demandam
para guerra e calamidade) urgência

Imposto de Renda

Características Específicas
• Base de Cálculo do IPTU
(Só BC, alíquota não)
• Base de Cálculo do IPVA

• Deve-se ficar atento ao que consta no art. 62, § 2º, da CF/88. A regra estabelece
que medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,
só produzirá efeitos no exercício seguinte se houver sido convertida em lei
até o último dia daquele em que foi editada. Destaque-se que nem todos os
impostos estão sujeitos a essa regra, pois o II, IE, IPI, IOF e IEG constituem
exceções estampadas na própria norma.

Princípio da Irretroatividade

• O princípio da irretroatividade foi disposto no art. 150, III, “a”, o qual assevera
que é vedado a todos os entes federativos cobrar tributos “em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado”.

• O objetivo do princípio da irretroatividade está diretamente interligado à segurança


jurídica, pois o objetivo é proteger as relações constituídas de novos efeitos
tributários. Ou seja, quando se praticou o fato gerador (uma importação, por
exemplo), o contribuinte havia levado em consideração a legislação em vigor
naquela data.

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Princípio da Liberdade de Tráfego
• Com o objetivo de proteger a liberdade de tráfego das pessoas e seus bens
dentro do território nacional, direito individual expressamente previsto no
art. 5°, XV, da própria CF, o princípio tributário da liberdade de tráfego veda aos
entes federados estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

Outros Princípios Constitucionais Tributários

Princípio da Uniformidade Geográfica da Tributação

Aplicáveis
Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda
Exclusivamente à União

Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

Princípio da não discriminação baseada na Aplicável aos Estados,


procedência ou destino DF e Municípios

• O princípio da uniformidade geográfica da tributação veda, no seu art. 151, I,


da CF/88, que a União institua tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que venha implicar em distinção em relação a outro ente federativo, em
detrimento dos demais. Contudo, é permitida a concessão de incentivos fiscais
para promover o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões
do país.

• O princípio da uniformidade da tributação da renda foi previsto no art. 151, II,


da CF/88, que veda à União “tributar a renda das obrigações da dívida pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os
proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que
fixar para suas obrigações e para seus agentes”.

• O que se veda com o princípio da vedação às isenções heterônomas é que


um ente político conceda isenção sobre tributo instituído por outro. Tal benefício é
chamado de isenção heterônoma. Assim sendo, não obstante tenha sido vedado
apenas à União, a lógica jurídica deve prevalecer, isto é, também é vedado aos
Estados instituir isenções de tributos municipais.

• O art. 152 consagra o princípio da não discriminação baseada na


procedência ou destino, tendo o intuito de proibir que tais entes federados
criem diferenças tributárias em razão da procedência ou destino dos bens

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e serviços. Não se pode, portanto, estabelecer alíquotas diferenciadas de IPVA
entre veículos importados e nacionais.
• O princípio da transparência tributária, que consta no art. 150, § 5º, da
CF/88, tem por objetivo precípuo promover a transparência ao contribuinte quanto
à carga tributária resultante da incidência de impostos a que está submetido
quando do consumo de mercadorias e serviços. Trata-se, portanto, de uma norma
direcionada ao legislador ordinário.

IMUNIDADES
• A imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela
legislação tributária. As obrigações acessórias são condutas impostas ao
contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, criando obrigações de “fazer”
ou “deixar de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização.

• A não incidência tributária pode ocorrer de formas distintas, a saber: a pessoa


política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida; a pessoa
política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas
como hipótese de incidência; e a pessoa política é impedir de tributar determinado
fato pela própria CF/88. Neste último caso, temos a imunidade tributária.

• A isenção, por outro lado, decorre do exercício da competência tributária. Trata-se


de situação que, a princípio seria tributada, mas que, por decorrência de lei
específica do ente competente para instituir o tributo, se torna isenta.

Imunidade Recíproca
• A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da CF/88, veda à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o
patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Tal imunidade existe com o
intuito de proteger a autonomia financeira dos entes federados e,
consequentemente, o pacto federativo.

• No que se refere aos tributos indiretos, o entendimento do STF é o de que a


imunidade recíproca aplica-se apenas quando a entidade imune se encontra na
situação de contribuinte de direito.

• Vale destacar que, por decorrência de previsão na própria CF/88, a imunidade


recíproca é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

• Outro aspecto importante sobre a imunidade recíproca é que não se aplica a ao


patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de
atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou

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pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente
comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade recíproca:

Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA fundações públicas
Serviços

Não se aplica: Não se aplica: EP e SEM Vinculação a


- Explor. Ativ. Econ. Taxas prestadoras finalidades
- Contrib. De fato Contr. Previd. de serviço essenciais
público
- Caixa Assist. Adv.
- Serv. Cartoriais

Súmula Importante
Súmula STF 583: A imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel:

Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito


em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.

Imunidade Religiosa
• A denominada imunidade religiosa, prevista no art. 150, VI, “b”, da CF/88, veda
que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de
qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88,
podemos dizer que a liberdade de culto é um direito individual, o que faz com que
a imunidade ora analisada se configure uma cláusula pétrea.

• De acordo com o art. 150, § 4º, da CF/88, a referida imunidade compreende


somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as
finalidades essenciais das entidades religiosas.

• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:

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Relacionados
com finalidades
essenciais RECURSOS
GERADOS

Patrimônio
IMUNIDADE Alcança Imóveis
Impostos Renda Alugados a
RELIGIOSA
Serviços Terceiros

Não se aplica: Cemitérios


Maçonaria (Extensão)

Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos


Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência
Social
• De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos
cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e
suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das instituições de educação e
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre tal imunidade:

Partidos Políticos

IMUNIDADE Patrimônio
Sindicato Trab.
Art. 150, VI, Impostos Renda
“c” Serviços
Inst. Educacionais

Inst. Assistenciais
Abrange IOF

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Súmulas Importantes
Súmula Vinculante 52:

Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece


imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo
art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

Súmula STF 730:

Súmula STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de


assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição,
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não
houver contribuição dos beneficiários.

Imunidade Cultural
• A imunidade cultural, prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88, estabelece que é
vedado a todos os entes federados instituírem impostos sobre os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão. Trata-se de imunidade
objetiva, alcançando apenas o objeto imune, e não a pessoa que o produz
ou comercializa.

• Apresentamos a seguir um breve esquema sobre a imunidade religiosa:

Não Abrange: Tinta/Encartes de


propag./Serv. Composição Gráfica

IMUNIDADE Livros, Jornais e Periódicos


CULTURAL Impostos Papel destinado sua impressão

As pessoas jurídicas não Abrange: Álbum de Figurinhas/


estão protegidas. Apostilas/Filmes e papéis fotográficos
Incide: IOF/IR/ISS

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Súmula Importante
Súmula STF 657:

Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange


os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e
periódicos.

Imunidade em favor da produção musical brasileira


• A imunidade em favor da produção musical brasileira, contida no art. 150, VI, “e”,
da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes federativos instituir
impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que
os contenham.

• Acerca dessa imunidade tributária, você deve saber o seguinte:

• Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;


• As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser, no
mínimo, interpretadas por artistas brasileiros;
• Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
• A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está
imune.

OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS


• São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o
direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5°,
XXXIV);

• Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais,


as quais são consideradas taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);

• São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de


nascimento e a certidão de óbito (art.5°, LXXVI);

• São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os


atos necessários ao exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);

• As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão


sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2°, I);

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• O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior
(art. 153, §3°, III);

• O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as
explore o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153, §3°, II);

• O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial,


sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro
tributo (art. 153, §5°);

• O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):

• sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior;

• sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes,


combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

• nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão


sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

• À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações
relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do País (art. 155, §3°);

• O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao


patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão
de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa
jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for
a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil (art. 156, §2°,I);

• São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as operações


de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art.
184, §5°);

• A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão


concedidas pelo regime geral de previdência social (art. 195, II);

• São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades


beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei (art. 195, §7°);

• A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, §


1º).

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
• Competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios para instituir tributos. Em decorrência do princípio da
legalidade, a competência tributária pressupõe a competência legislativa
para instituir o tributo. Portanto, os tributos só podem ser instituídos por
leis ordinárias, medidas provisórias e leis complementares (IGF, impostos e
contribuições residuais e empréstimos compulsórios).

• Além da competência tributária, a CF/88 determinou que também deve haver


também a competência para legislar sobre direito tributário. Isso não se
confunde com a competência tributária, pois aqui o objetivo é traçar
regras sobre o exercício da competência tributária. Assim, embora ambas
decorram de lei, possuem objetivos diferentes.

Competência
Tributária
Instituição de Tributos

COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA

Competência p/ Regras sobre o exercício da


legislar sobre D.T. competência tributária

• Embora a competência tributária seja indelegável, admite-se a delegação


da capacidade tributária ativa, sendo esta a aptidão para que a pessoa jurídica
seja inserida no polo ativo (ou sujeito ativo) da relação jurídica, tendo a
incumbência de arrecadar e fiscalizar o tributo. Portanto, é importante
memorizar que a instituição de tributos não pode ser delegada, mas é
possível a delegação a atividade de arrecadação e fiscalização.

Arrecadação
INSTITUIÇÃO CAPACIDADE
Fiscalização ATIVA
DE TRIBUTOS
Execução leis, atos etc.

Delegável a outra PJ
INDELEGÁVEL
direito público

Competência tributária privativa  Diz respeito àqueles tributos cuja instituição


somente pode ser feita por determinado ente político.

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Competência tributária comum  diz respeito aos tributos vinculados, os quais
podem ser instituídos por todos os entes federativos.

Competência tributária cumulativa  Diz respeito à competência cumulativa da


União, em Território Federal, para instituir impostos estaduais e, se o Território não
for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais. Também se
refere à competência do Distrito Federal para instituir os impostos municipais.

Competência tributária residual  Diz respeito à competência da União para


instituir outros impostos e outras contribuições para seguridade social, além dos que
já foram expressamente delineados na CF/88.

Competência tributária extraordinária  Diz respeito à competência da União


para instituir, em caso de guerra externa ou sua iminência, impostos extraordinários,
os quais podem estar compreendidos ou não em sua competência tributária.

CLASSIFICAÇÃO DA
TRIBUTOS ENTES FEDERADOS
COMPETÊNCIA
Impostos, Empréstimos União (E.C. e, em regra,
Privativa Compulsórios e Contrib. contrib. Especiais),
Especiais (com exceções) Estados, DF e Municípios
Taxas e Contribuições de União, Estados, DF e
Comum
Melhoria Municípios
Tributos (embora o art.
Cumulativa Apenas União e DF
147 mencione impostos)
Novos Impostos e Novas
Residual Contribuições para Apenas União
Seguridade Social
Extraordinária IEG União

• Bis in idem ocorre quando há duas ou mais incidências tributárias sobre o mesmo
fato gerador, sendo que tais incidências partem do mesmo ente federado. A
bitributação, por outro lado, ocorre quando mais de um ente federado
tributa o mesmo fato gerador.

Bis in idem 01 Ente Federado

02 Incidências
Mesmo Fato Gerador
Bitributação 02 Entes Federados

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CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE IMPOSTOS
• Neste momento, é fundamental que o candidato tenha ao menos uma noção da
linha do tempo que ilustra desde a instituição do tributo (com a edição da lei) até a
constituição do crédito tributário, por meio do lançamento, tornando a obrigação
tributária exigível:

Ocorrência da
Instituição do situação prevista Lançamento
Tributo por lei em lei

Hipótese de Fato Gerador Crédito


Incidência (Surge Obrigação Tribut.) Tributário

IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

Imposto de Importação
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Entrada de produtos estrangeiros em território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
Se alíquota ad valorem: Valor Aduaneiro (preço normal).
Alíquota: Reduzida/Majorada por ato do Poder Executivo (condições/limites legais)
Obs.: Constitui exceção aos princípios Anterioridade Anual/Nonagesimal
Contribuinte: Importador ou quem a ele a lei equiparar
Lançamento: Por homologação

Imposto de Exportação
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Saída de produtos nacionais ou nacionalizados do território nacional
Base de Cálculo: Se alíquota específica: unidade de medida adotada pela lei;
Se alíquota ad valorem: Preço normal.
Alíquota: Reduzida/Majorada por ato do Poder Executivo (condições/limites legais)
Obs.: Constitui exceção aos princípios Anterioridade Anual/Nonagesimal
Contribuinte: Exportador ou quem a ele a lei equiparar
Lançamento: Por homologação

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Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR)
IMPOSTO DE RENDA
Competência: União
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Renda: produto do capital, trabalho ou ambos
Proventos de qualquer natureza: demais acréscimos patrimoniais
Base de Cálculo: Montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos
tributáveis.
Alíquota: Reduzida/Majorada por lei.
Obs.: Constitui exceção ao princípio da Anterioridade Nonagesimal
Contribuinte: Titular da renda e dos proventos ou seu possuidor.
Lançamento: Por homologação

• Observação: O IR será informado pelos critérios da generalidade, da


universalidade e da progressividade, na forma da lei.

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: I) desembaraço aduaneiro
II) saída dos estabelecimentos contribuintes do imposto
III) arrematação em leilão
Base de Cálculo: I) preço normal + II + taxas + encargos cambiais
II) valor da operação
III) preço da arrematação
Alíquota: Reduzida/Majorada por ato do Poder Executivo (condições/limites legais)
Obs.: Constitui exceção ao princípio Anterioridade Anual
Contribuinte: Importador ou a ele equiparado;
Industrial ou a ele equiparado;
Comerciante de produtos sujeitos ao IPI, destinados aos industriais;
Arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
Lançamento: Por homologação

Observação: O IPI deve ter as seguintes características impostas pela CF/88:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o


montante cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte
do imposto, na forma da lei.

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Súmula Importante

Súmula STJ 495: A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que não há direito
a creditamento de IPI, referente à aquisição de bens integrantes do ativo permanente
da empresa:

Súmula STJ 495 - A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da


empresa não gera direito a creditamento de IPI.

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou


relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF)
IOF
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Crédito e câmbio: valor entregue ou posto à disposição;
Seguro: emissão da apólice ou recebimento do prêmio;
Títulos ou valores: emissão, transmissão, pagamento ou resgate.
Base de Cálculo: Crédito: montante (principal + juros);
Câmbio: valor recebido ou posto à disposição;
Seguro: montante do prêmio;
Títulos e valores: Emissão: valor nominal + ágio (se houver);
Transmissão: Preço/Valor nominal/Bolsa;
Pagamento ou resgate: o preço.
Alíquota: Reduzida/Majorada por ato do Poder Executivo (condições/limites legais)
Obs.: Constitui exceção aos princípios Anterioridade Anual/Nonagesimal
Contribuinte: Qualquer das partes na operação tributada (a lei definirá)
Lançamento: Por homologação

• Observação: O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento


cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF, devido na operação de
origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos:

I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a


origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

Súmula Importante
Súmula STF 664: O STF decidiu que não incide IOF sobre saques efetuados em
caderneta de poupança:

www.estrategiaconcursos.com.br 498
Súmula STF 664 - É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/90,
que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e
seguros - IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.

Imposto sobre propriedade Territorial Rural (ITR)


IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL
Competência: União
Finalidade: Extrafiscal
Fato Gerador: Propriedade, domínio útil ou posse de imóvel por natureza
Base de Cálculo: Valor fundiário (terra nua)
Alíquota: Reduzida/Majorada por lei.
Contribuinte: Proprietário do imóvel, titular do seu domínio útil ou o seu possuidor
Lançamento: Por homologação

Observação: O ITR deve ter as seguintes características impostas pela CF/88:

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a


manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o
proprietário que não possua outro imóvel;

III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia
fiscal.

Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)


Trata-se de imposto de competência da União, ainda não instituído. Sua instituição
só pode ocorrer por meio de lei complementar, conforme estabelece o art. 153, VII,
da CF/88. A alteração de suas alíquotas não constitui exceção aos princípios
da legalidade, anterioridade anual e nonagesimal.

IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS

Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de


Serviços (ICMS)
• O ICMS é imposto que incide sobre:
• circulação de mercadorias;
• serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
• serviço de comunicação.

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• O ICMS é um imposto com nítida finalidade fiscal, até porque é a principal fonte
de receita dos Estados. Além disso, trata-se de um tributo real – incidente sobre
“coisas”, independentemente das características subjetivas dos contribuintes,
sendo também considerado proporcional, pois suas alíquotas não variam em
função da base de cálculo. Além disso, o ICMS é plurifásico, ou seja, incide
diversas vezes em uma mesma cadeia de industrialização e distribuição de
mercadorias.

• O ICMS é um imposto que deve necessariamente ser não cumulativo, mas


pode ou não ser seletivo.

• O ICMS incide sobre a importação de bem ou mercadoria, por pessoa física ou


jurídica, ainda que esta não seja contribuinte habitual do imposto,
qualquer que seja a sua finalidade.

• Quanto às alíquotas do ICMS, deve-se memorizar o seguinte:

• O Senado Federal fixa as alíquotas interestaduais e de exportação, conforme o


quórum abaixo:

ESTABELECIMENTO DE ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS


Ato Normativo Resolução do Senado Federal
Iniciativa Pres. da República ou 1/3 Senadores
Aprovação Maioria absoluta do Senado Federal

• Quanto às alíquotas relativas às operações internas, é facultado ao Senado


estabelecer as alíquotas mínimas, conforme quórum abaixo:

ESTABELECIMENTO DE ALÍQUOTAS INTERNAS MÍNIMAS


Ato Normativo Resolução do Senado Federal
Iniciativa 1/3 Senadores
Aprovação Maioria absoluta do Senado Federal

• Quanto às alíquotas relativas às operações internas, é facultado ao Senado


estabelecer as alíquotas máximas, conforme quórum abaixo:

ESTABELECIMENTO DE ALÍQUOTAS INTERNAS MÁXIMAS


Ato Normativo Resolução do Senado Federal
Iniciativa Maioria absoluta do Senado Federal
Aprovação 2/3 Senadores

• A fixação de alíquotas interestaduais e de exportação (neste caso, há


imunidade) compete ao Senado Federal. Já a fixação de alíquotas internas,
cabe a cada Estado ou ao Distrito Federal, por meio de lei, respeitados os
limites máximo e mínimo, estabelecidos pelo Senado Federal.

Observação: Para entender o caso específico do ICMS-Combustíveis,


recomendamos a leitura da aula.

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• Salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, as
alíquotas internas do ICMS, nas operações relativas à circulação de mercadorias
e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as
operações interestaduais.

• Nas operações interestaduais, há que se distinguir os casos em que as


mercadorias são destinadas a consumidor final (contribuinte ou não do ICMS) ou
a revendedor. Deve-se basear no esquema abaixo:

OPERAÇÕES INTERESTADUAIS

Alíquota Interestadual
(Estado de Origem)
Consumidor Final – Não Contribuinte

Consumidor Final – Contribuinte Alíquota Interna – Alíq. Interest.


(Estado de Destino)

Alíquota Interestadual
(Estado de Origem)
Revendedor
Alíquota Interna – ICMS pago
no Estado de Origem
(Estado de Destino)

• Nos casos de prestação de serviços juntamente com o fornecimento de


mercadorias, o ICMS incidirá sobre o valor total da operação quando os
serviços não estiverem compreendidos na competência tributária dos
Municípios.

• São casos de não incidências constitucionalmente qualificadas relativas ao


ICMS:
▪ operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas
operações e prestações anteriores;
▪ operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia
elétrica;
▪ Ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial;
▪ Prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.

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• Á exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro imposto poderá incidir sobre
operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

• O ICMS não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do IPI,


quando haja cumulativamente as seguintes condições:
▪ a operação seja realizada entre contribuintes;
▪ a operação seja relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização;
▪ a operação configure fato gerador dos dois impostos.

• Cabe à lei complementar definir, em relação ao ICMS:

a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento


responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das
prestações de serviços;

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços


e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"; (atualmente todas
as operações são imunes)

f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro


Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito


Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma


única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará
o disposto no inciso X, b; (o inciso x, “b”, trata dos casos de não
incidência de ICMS sobre as operações interestaduais)

i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre,


também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.

Súmulas Importantes
Súmula STF 573: O conceito de circulação de mercadorias está relacionado à
circulação jurídica da mercadoria, e não a mera movimentação física, de um lugar
para outro. Assim, deve haver mudança de propriedade para que se caracterize o
fato gerador do ICMS, o que não ocorre nas operações de comodato:

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Súmula STF 573 - Não constitui fato gerador do imposto de circulação de
mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de
comodato.

Súmula STJ 166:

Súmula STJ 166 - Não constitui fato gerador do ICMS o simples


deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo
contribuinte.

Súmula Vinculante 48: O ICMS, na importação, tem o seu fato gerador ocorrido
com o desembaraço aduaneiro:

Súmula Vinculante 48 - Na entrada de mercadoria importada do exterior, é


legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.

Súmula Vinculante 32: Nas alienações de salvados de sinistro pelas seguradoras,


há incidência apenas do IOF, não incidindo ICMS:

Súmula Vinculante 32 - O ICMS não incide sobre a alienação de salvados de


sinistro pelas seguradoras.

Súmula STF 662: Ocorre incidência de ICMS sobre a comercialização em massa de


exemplares de obras cinematográficas:

Súmula STF 662 - É legítima a incidência do ICMS na comercialização de


exemplares de obras cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.

Súmula STJ 391: Em relação ao fornecimento de energia elétrica, o entendimento


do STJ é o de que só incide ICMS sobre o valor da tarifa de energia elétrica
correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada, não havendo,
portanto incidência desse imposto sobre a demanda contratada pelo adquirente:

Súmula STJ 391 - O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica
correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.

Súmula STJ 457:

Súmula STJ 457 - Os descontos incondicionais nas operações mercantis não


se incluem na base de cálculo do ICMS.

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Súmula STJ 431: O STJ já decidiu que é ilegal a utilização de uma tabela fixa de
valor de mercadorias (pauta fiscal) para a definição da base de cálculo do ICMS, sem
considerar o valor real da operação:

Súmula STJ 431 - É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da


mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.

Súmula STJ 334:

Súmula STJ 334 – O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso
à internet.

Súmula STJ 350:

Súmula STJ 350 - O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de


telefone celular.

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação


• Para definição do Estado competente para tributação das operações de
transmissão causa mortis e doação, deve-se seguir o esquema abaixo, conforme
consta na CF/88:

Bens imóveis e Estado onde se localiza o imóvel.


respectivos direitos
Estado onde se
Causa mortis processar o arrolamento
ou inventário
Bens móveis,
títulos e créditos
Estado onde tiver
Doação
domicílio o doador

Casos relacionados
ao exterior Definição em lei complementar

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Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação
Competência: Estados e Distrito Federal
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: transmissão, por causa mortis ou por doação, de quaisquer
bens ou direitos
Base de Cálculo: Valor venal dos bens ou direitos transmitidos

Alíquota: Reduzida/Majorada por lei


Obs.: Limite máximo fixado pelo Senado Federal
Contribuinte: Qualquer das partes na operação tributada
Lançamento: Por declaração

Súmulas Importantes
Súmula STF 112: O fato gerador do ITCMD é a transmissão, por causa mortis ou por
doação, de quaisquer bens ou direitos. No caso de sucessão causa mortis,
considera-se ocorrido o fato gerador do ITCMD no momento da abertura da
sucessão, que se dá no momento exato da morte. Consequentemente, deve-se
considerar a alíquota vigente nesta data:

Súmula STF 112 - O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela


alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

Súmula STF 331: Para o STF, ocorre o fato gerador também no caso de
inventário por morte presumida:

Súmula STF 331 - É legítima a incidência do imposto de transmissão causa


mortis no inventário por morte presumida.

Súmula STF 115: O STF também já decidiu que o ITCMD não incide sobre os
honorários do advogado contratado pelo inventariante:

Súmula STF 115 - Sobre os honorários do advogado contratado pelo


inventariante, com a homologação do juiz, não incide o imposto de
transmissão "causa mortis".

Súmula STF 113: Com a ocorrência do fato gerador, faz-se necessária a avaliação
dos bens do espólio (bens deixados pelo falecido), o cálculo do imposto devido e a
homologação deste cálculo. No que se refere ao valor dos bens, o STF entende que o
ITCMD deve ser calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação:

Súmula STF 113 - O imposto de transmissão "causa mortis" é calculado


sobre o valor dos bens na data da avaliação.

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Súmula STF 114: Relativamente ao momento de exigência, a Suprema Corte
entende que o ITCMD não é exigível antes da homologação do cálculo:

Súmula STF 114 - O imposto de transmissão "causa mortis" não é exigível


antes da homologação do cálculo.

Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores


Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores
Competência: Estados e Distrito Federal
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Propriedade de veículos automotores (terrestres)
Base de Cálculo: Valor do veículo

Alíquota: Reduzida/Majorada por lei


Obs.: Limite mínimo fixado pelo Senado Federal
Contribuinte: Proprietário do veículo
Lançamento: De ofício

• Observação: O IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo ou da


utilização do veículo.

IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS

Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU)


IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL URBANA
Competência: Município
Finalidade: Fiscal/Extrafiscal
Fato Gerador: Propriedade, domínio útil ou posse de imóvel por natureza ou
acessão física
Base de Cálculo: Valor venal do imóvel
Obs.: Constitui exceção ao princípio Anterioridade Nonagesimal
Alíquota: Reduzida/Majorada por lei
Contribuinte: Proprietário do imóvel, titular do seu domínio útil ou o seu possuidor
Lançamento: De ofício

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• Com relação às normas gerais relativas ao IPTU, podemos esquematizar o
seguinte:

-Propriedade Imóvel por


Fato Gerador -Domínio útil natureza ou
-Posse acessão física
IPTU
Base de
Valor Venal
Cálculo

Localizado na
zona urbana

• Quanto à progressividade do IPTU, devemos lembrar que pode ocorrer tanto com
base no valor do imóvel (progressividade fiscal) quanto com base no tempo
(progressividade extrafiscal):

Progressividade Com base no valor


Após EC 29/00
Fiscal do imóvel

Progressividade Desde 1988


Com base no tempo
Extrafiscal (Promulgação da CF/88)

• Devemos nos lembrar que o IPTU também pode ter alíquotas diferentes de acordo
com a localização e o uso do imóvel.

Súmulas Importantes
Súmula STF 668: O STF já decidiu que, antes da EC 29/00, lei municipal que tenha
estabelecido alíquotas progressivas para o IPTU é inconstitucional, salvo se
destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana (progressividade extrafiscal):

Súmula STF 668 - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido,


antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o
IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da
propriedade urbana.

Súmula STF 589: O STF decidiu que é inconstitucional a progressividade do


IPTU com base no número de imóveis do contribuinte:

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Súmula STF 589 - É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do
imposto predial e territorial urbano em função do número de imóveis do
contribuinte.

Súmula STF 539: De acordo com o STF, é constitucional lei municipal que
reduza o IPTU sobre o imóvel ocupado pela residência do proprietário, que
não possua outro:

Súmula STF 539 - É constitucional a lei do município que reduz o imposto


predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não
possua outro.

Súmula STJ 397:

Súmula STJ 397 - O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo


envio do carnê ao seu endereço.

Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)


IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS
Competência: Município
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Transmissão de bens imóveis, e direitos reais sobre imóveis, exceto
os de garantia, bem como cessão dos direito a sua aquisição.
Base de Cálculo: Valor venal do imóvel
Alíquota: Reduzida/Majorada por lei
Contribuinte: Qualquer uma das partes na operação tributada
Lançamento: Por declaração

• A transmissão de bens imóveis decorrente de causa mortis ou inter vivos a titulo


gratuito é tributada pelo ITCMD, imposto estadual. Já a transmissão inter vivos a
título oneroso é tributada pelo ITBI, imposto municipal:

Transmissão
ITCMD
causa mortis

Transmissão Título
inter vivos Gratuito

Título
ITBI
Oneroso

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• O ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital;

• O ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de


fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses
casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens
ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

• O ITBI compete ao Município da situação do bem.

Súmulas Importantes
Súmula STF 656: A progressividade das alíquotas do ITBI é inconstitucional,
conforme consta na redação da Súmula 656 do STF:

Súmula STF 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas


progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI
com base no valor venal do imóvel.

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)


IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA
Competência: Município
Finalidade: Fiscal
Fato Gerador: Prestação de serviços previstos na LC 116/03
Base de Cálculo: Preço do serviço
Alíquota: Reduzida/Majorada por lei
Contribuinte: Prestador do serviço
Lançamento: Por homologação

• Cabe à lei complementar, em relação ao ISS:

• fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;


• excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
• regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais
serão concedidos e revogados.

• O ISS incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou


cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.

• O ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior do País;

• Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte


desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional;

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• Em regra, considera-se prestado o serviço e devido o imposto no local do
estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do
domicílio do prestador.

Súmulas Importantes
Súmula Vinculante 31: De acordo com a jurisprudência do STF, a locação de bens
móveis não constitui prestação de serviços, sendo inconstitucional a incidência
do ISS sobre tais operações:

Súmula Vinculante 31 - É inconstitucional a incidência do Imposto sobre


Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens
móveis.

Súmula STJ 156:

Súmula STJ 156 – A prestação de serviço de composição gráfica,


personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de
mercadorias, esta sujeita, apenas, ao ISS.

LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
• A expressão legislação compreende não apenas atos normativos
primários, mas também atos normativos secundários, infralegais, que
dispõem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

• Estão compreendidas na legislação tributária as seguintes normas:

• Constituição Federal;
• Leis Complementares;
• Leis Ordinárias;
• Medidas Provisórias;
• Leis Delegadas;
• Resoluções;
• Decretos Legislativos;
• Decretos-Leis;
• Tratados e Convenções Internacionais;
• Decretos;
• Normas Complementares;

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• São funções da lei complementar:

Instituição alguns tributos EC/IGF/I.Resid./CSR

Regulamentação de alguns tributos ITCMD/ICMS/ISS/CS

Conflitos de Competência
Lei
Complementar
Limitações ao Poder de Tributar

Normas Gerais em Matéria Tributária


Prevenir desequilíbrios
Critérios especiais de tributação da concorrência

• As resoluções do Senado Federal tratam de vários aspectos relativos aos


impostos de competência estadual, os quais podem ser esquematizados da
seguinte forma:

RESOLUÇÕES DO SENADO FEDERAL


TRIBUTO ALÍQUOTA FACUL/OBRIG INICIATIVA APROVAÇÃO

ITCMD Alíquota Máx. OBRIGATÓRIO - -

IPVA Alíquota Mín. OBRIGATÓRIO - -


Alíq. Máx. MAIORIA
ICMS Oper. FACULTATIVO ABSOLUTA 2/3 Senado
Internas
Alíq. Mín.
MAIORIA
ICMS Oper. FACULTATIVO 1/3 Senado
Internas
ABSOLUTA
Alíq. Interest. Pres. Rep.
MAIORIA
ICMS ou OBRIGATÓRIO ou
exportação 1/3 Senado
ABSOLUTA

• Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu


sujeito passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo;

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V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou


de dispensa ou redução de penalidades.

• Deve ser lembrado que a modificação da base de cálculo do tributo, que importe
em torná-lo mais oneroso equipara-se à sua majoração. Por outro lado, não
constitui majoração de tributo, a atualização do valor monetário da
respectiva base de cálculo.

Vigência da Legislação Tributária


Em regra, a lei vigente é também eficaz. Contudo, no que diz respeito à
instituição/majoração de tributos, tendo em vista os princípios constitucionais da
anterioridade anual e nonagesimal, nem toda lei vigente é eficaz.

Em relação à vigência das normas complementares, deve-se memorizar o esquema


abaixo:

Salvo disposição em contrário...

Atos Normativos Data de Publicação

Decisões Adm. c/ 30 Dias Após


Eficácia Normativa Publicação

Convênios entre Data Neles Prevista


U/E/DF/M

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Aplicação da Legislação Tributária
• Em regra, a lei tributária aplica-se apenas a fatos geradores futuros e
pendentes.

• A aplicação retroativa da lei tributária não foi prevista na CF/88, encontrando


respaldo nas restritas hipóteses do art. 106, do CTN.

• Recomenda-se a memorização do esquema abaixo:

FG Futuro
Aplica-se
Legislação
Tributária
FG Pendente

Lei Interpretativa
Não se aplica FG Consumado
Legislação ou Pretérito EXCEÇÕES
Tributária
Lei + Benéfica (Infrações)

CF/88
Irretroatividade
CTN
Ato não defin. julgado

Interpretação da Legislação Tributária


• Os princípios gerais de direito privado não podem ser utilizados para definição
dos efeitos tributários.

• A interpretação literal da legislação tributária ocorre nos seguintes casos:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.

• A interpretação mais favorável ao contribuinte ocorre apenas em caso de lei que


define infrações ou lhe comina penalidades, devendo, ainda, suscitar dúvida
quanto:

I - à capitulação legal do fato;

II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou


extensão dos seus efeitos;

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III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

Integração da Legislação Tributária


• A integração da legislação tributária é utilizada para suprir lacunas deixadas pelo
legislador. Assim sendo, na ausência de disposição específica sobre o tema, a
autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará
sucessivamente, na ordem indicada:

Integração da Legislação Tributária

Não resulta tributo não


1 - Analogia previsto em lei

2 - Princípios Gerais de Direito Tributário

3 - Princípios Gerais de Direito Público

4 - Equidade Não dispensa tributo devido

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
• A obrigação tributária caracteriza-se por uma relação jurídica estabelecida entre
dois indivíduos, credor e devedor, cujo objeto consiste em uma prestação
de dar, fazer ou deixar de fazer algo.

• O devedor é denominado sujeito passivo, e o credor, sujeito ativo.

• O sujeito ativo é o ente instituidor do tributo (União, Estados, DF ou


Municípios) ou a pessoa jurídica de direito público titular da capacidade tributária
ativa

• O sujeito passivo é o particular (pessoa física ou jurídica), que fica sujeito ao


cumprimento das obrigações tributárias.

• A obrigação tributária pode ser principal ou acessória.

• A obrigação principal possui caráter pecuniário e se refere ao pagamento de


tributo ou penalidade pecuniária.

• A obrigação acessória não possui caráter pecuniário, tendo por objeto as


prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação
ou da fiscalização dos tributos.

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Fato Gerador Da Obrigação Tributária
• Hipótese de incidência  Previsão abstrata do fato que fará surgir a obrigação
tributária.

• Fato Gerador  Ocorre quando um fato se enquadra na definição prevista em lei.

• Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como


necessária e suficiente à sua ocorrência.

• Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da


legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal.

• A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade


jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou
terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos, e dos efeitos
dos fatos efetivamente ocorridos.

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


• O sujeito passivo da obrigação principal é aquele que está obrigado a pagar
tributo ou penalidade pecuniária. O sujeito passivo da obrigação acessória é o
que está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo.

• O sujeito passivo da obrigação principal pode ser contribuinte ou responsável.

Contribuinte Relação pessoal e direta com F.G.


Obrigação
Principal Responsável Obrigação decorrente da lei
Sujeito
Passivo
Obrigação
Acessória Obrigado a fazer/deixar de fazer algo

• Em relação aos tributos indiretos, surge a necessidade de se diferenciar


contribuinte de fato (quem arca com o ônus do tributo, sem integrar a relação
jurídico-tributária) de contribuinte de direito (eleito pela norma como
contribuinte, obrigado ao pagamento do tributo).

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SOLIDARIEDADE EM DIREITO TRIBUTÁRIO
• A solidariedade ocorre quando duas ou mais pessoas possuem interesse comum
na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal ou quando a lei
assim o estabelece.

• A solidariedade não comporta benefício de ordem.

• A solidariedade possui diversos efeitos, os quais podem ser sintetizados no


esquema abaixo:
Efeitos da Solidariedade

Salvo disposição de lei em contrário...


Pagamento Aproveita aos demais

Isenção/Remissão Exonera todos os demais devedores

Exceto se pessoal a um deles Subsiste saldo p/demais


Interrupção da Contribuinte
Prescrição

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
• O CTN definiu como regra o domicílio por eleição.

• As regras previstas relativas ao domicílio tributário constam no art. 127, do CTN, e


podem ser esquematizadas do seguinte modo:

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Domicílio Tributário

Caso seja
Regra: O sujeito omisso
passivo escolhe seu
domicílio tributário Pessoa natural: residência habitual, ou, sendo esta
incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua
atividade.

PJ de direito privado: local da sede ou de cada


estabelecimento, para FG nele ocorrido.
O domicílio impediu ou
dificultou a fiscalização e PJ de direito público: qualquer de suas repartições no
arrecadação território da entidade tributante.

Se for impossível

Autoridade
administrativa recusa O domicílio será o local dos bens ou da ocorrência dos
o domicílio eleito atos ou fatos que deram origem à obrigação

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
• Sujeito passivo da obrigação principal  Pessoa obrigada ao pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária.

• Sujeito passivo direto (contribuinte)  Pessoa que tenha relação pessoal e


direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador.

• Sujeito passivo indireto (responsável)  Pessoa que, mesmo não tendo


relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador,
sua obrigação decorre da lei.

• O responsável é terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva


obrigação. Neste caso, a responsabilidade do contribuinte pode ser excluída ou
atribuída apenas em caráter supletivo.

• Responsabilidade por substituição  Quando o vínculo jurídico do responsável


surge antes ou mesmo no momento da ocorrência do fato gerador.

• Responsabilidade por transferência  Quando o vínculo jurídico do


responsável surge em momento posterior ao da ocorrência do fato gerador.

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Progressiva/Regressiva

Por Substituição Resp. Terceiros c/ atuação irregular

Resp. por Infrações


Responsabilidade
Tributária
Resp. por Sucessão

Resp. por Solidariedade


Por Transferência

Resp. Terceiros c/ atuação regular

Responsabilidade Por Substituição


Substituição tributária regressiva  substituição das pessoas que estão nas
etapas anteriores da cadeia de produção ou circulação de mercadorias, ocasionando o
diferimento do pagamento dos tributos devidos.

Substituição tributária progressiva  substituição das pessoas que estão nas


etapas posteriores pelas ocupam posição anterior na cadeia de produção e circulação
de mercadorias, ocasionando a antecipação do pagamento dos tributos que
serão devidos.

Responsabilidade Por Transferência


• A transferência da responsabilidade pode ocorrer por meio de solidariedade,
nos casos previstos no art. 124, do CTN (interesse comum ou designação por meio
de lei). Vale ressaltar que a solidariedade não comporta benefício de ordem.

• A transferência de responsabilidade também pode ocorrer por meio de sucessão,


nos seguintes casos:

1. Sucessão na transmissão de bens imóveis (CTN, art. 130);


2. Sucessão na transmissão de bens móveis (CTN, art. 131, I);
3. Sucessão na transmissão causa mortis (CTN, art. 131, II e III);
4. Sucessão empresarial (CTN, art. 132 e 133).

Sucessão Na Transmissão De Bens Imóveis


• Adquirente de bens imóveis assume a responsabilidade pelo pagamento dos
impostos, taxas e contribuições de melhoria relativas ao imóvel objeto da
transmissão.

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Exceções:

• Quando conste do título a prova de sua quitação;


• No caso de arrematação em hasta pública.

Sucessão na Transmissão de Bens Móveis


• São pessoalmente responsáveis os adquirentes ou remitentes, pelos tributos
relativos aos bens adquiridos ou remidos.

Sucessão na Transmissão Causa Mortis


• Na sucessão causa mortis, respondem pessoalmente pelos tributos devidos pelo
de cujus o espólio e os sucessores e o cônjuge meeiro, na forma
esquematizada abaixo:

CONTRIBUINTES
Abertura da Sucessão Partilha

DE CUJUS ESPÓLIO SUCESSORES

ESPÓLIO OU SUCESSORES
SUCESSORES
(se espólio não pagar)

RESPONSÁVEIS

Sucessão Empresarial
• A pessoa jurídica que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra
ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
• A responsabilidade pelos tributos devidos ocorre inclusive nos casos de
extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da
respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou
seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

• Há também responsabilidade do adquirente de fundo de comércio ou


estabelecimento comercial, industrial ou profissional, na forma esquematizada
abaixo:

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Se o alienante cessar Se o alienante continuar
exploração comercial atividade comercial; ou

Adquirente de Iniciar nova atividade


dentro dos próximos 6
Fundo de Comércio
meses.
ou Estabelecimento Integralmente

Se continuar a Subsidiariamente
Torna-se Responsável
exploração

Responsabilidade de Terceiros
• Os arts. 134 e 135 do CTN estabelecem a responsabilidade de terceiros, que
consiste na responsabilização de pessoas (denominadas “terceiros”), que
possuem o dever de administrar os bens dos contribuintes, de representá-
los.

• A responsabilidade pode decorrer do exercício regular dessa representação


(CTN, art. 134) ou do exercício irregular (CTN, art. 135), isto é, em relação aos
créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos.

• A responsabilidade decorrente de atuação regular pode ser esquematizada do


seguinte modo:

Impossibilidade de exigir a dívida do


Responsabilidade contribuinte
“Solidária” de Terceiros com
Atuação REGULAR (art. 134) Colaborou, de algum modo, com o não
pagamento do tributo

• O art. 135 prevê a responsabilização pela prática de atos praticados com


excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos,
incluindo neste caso as pessoas referidas no art. 134, bem como os mandatários,
prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de
pessoas jurídicas de direito privado.

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Responsabilidade Por Infrações
• A responsabilidade por infrações tributárias é, via de regra, objetiva, ou
seja, não se leva em consideração as características pessoais (subjetivas) do
infrator e os efeitos que o ato pode causar.

• O art. 137, do CTN, elenca os casos em que a responsabilidade pelas infrações é


pessoal ao agente, como, por exemplo, a responsabilidade pela prática de
infrações conceituadas em lei como crimes ou contravenções.

• Há duas exceções, que acabam por afastar o agente da responsabilidade


pelas infrações à legislação tributária: se forem praticadas no exercício
regular da administração ou se for por cumprimento de ordem expressa emitida
por quem de direito.

• A denúncia espontânea é o instituto criado pelo CTN para que o contribuinte se


redima das infrações tributárias, confessando os ilícitos e pagando o tributo
devido e os juros de mora. Como consequência, a responsabilidade pela
multa é afastada.

• Há que se ressaltar que, para configurar a espontaneidade, o sujeito passivo deve


se antecipar ao fisco, ou seja, a denúncia espontânea deve ser feita antes de
qualquer procedimento fiscalizatório.

Súmulas Importantes
Súmula STJ 554: De acordo com a jurisprudência do STJ, na sucessão empresarial,
a sucessora é responsável pelos tributos e multas (moratórias ou punitivas) devidos
pela sucedida:

Súmula STJ 554 - Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade


da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas
também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.

Súmula STJ 435:

Súmula STJ 435 - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que


deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos
competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente.

Súmula STJ 430: Conforme jurisprudência do STJ, o descumprimento da obrigação


tributária principal, ou seja, o não pagamento do tributo, caso não haja dolo ou
fraude, não caracteriza infração legal, de modo que a mora é da empresa, e o
gestor não passa a ser pessoalmente responsabilizado

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Súmula STJ 430 - O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade
não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

Súmula STJ 360: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos


tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando, embora declarados,
sejam pagos a após esgotamento do prazo de vencimento:

Súmula STJ 360 - O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos


tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados,
mas pagos a destempo.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO
• Obrigação tributária principal  Surge com a ocorrência do fato gerador.

• Crédito tributário  É constituído pelo lançamento, tornando a obrigação


tributária exigível.

• O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza


desta.

• O crédito tributário só é extinto ou tem sua exigibilidade suspensa ou


excluída nos casos previstos no CTN.

• O termo “crédito tributário” deve ser lembrado como crédito do Fisco e dívida do
contribuinte. Logo, o Estado tem o direito ao recebimento do valor, e o
contribuinte tem o dever de pagar o valor exigido pelo Fisco.

LANÇAMENTO
• O lançamento constitui o crédito tributário, é realizado privativamente pela
autoridade administrativa, numa atividade definida pelo CTN como vinculada e
obrigatória, podendo ser caracterizado pelo esquema abaixo:

V Verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária

D Determinar a matéria tributável

C Calcular o montante do tributo devido

I Identificar o sujeito passivo

P Propor aplicação da penalidade cabível (se for o caso)

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• Quando da realização do lançamento, a autoridade administrativa deve se ater à
legislação aplicável, bem como à data do câmbio a ser utilizado, no caso de valor
tributário expresso em moeda estrangeira. Para facilitar a memorização,
esquematizamos a seguir:

Aspectos Formais Legislação vigente na data do lançamento

Aspectos Materiais Legislação vigente na data do fato gerador

Taxa de Câmbio Data do fato gerador

Alteração Do Lançamento
• Após ser regularmente notificado ao sujeito passivo, o lançamento só pode
ser alterado em três situações:

Impugnação do sujeito passivo

Alteração de lançamento Recurso de ofício


notificado

Iniciativa de ofício (CTN, art. 149)

• Acrescente-se que não se admite a revisão de lançamento motivada por erro


de direito, prestigiando a boa-fé do contribuinte que, no momento da ocorrência
do fato gerador, seguiu os critérios jurídicos adotados pela autoridade
administrativa naquele momento.

• Dessa forma, as alterações nos critérios jurídicos, também denominada erro de


direito, ou melhor, na interpretação da lei só pode ser feita, em relação ao
mesmo sujeito passivo, quanto aos fatos geradores que vierem a ocorrer
após a mudança na interpretação.

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Modalidades De Lançamento
• Existem três modalidades de lançamento:

• Lançamento de ofício  É realizado pela autoridade administrativa sem a


participação do sujeito passivo, isto é, a Fazenda possui informações
suficientes sobre a obrigação tributária para constituir o crédito tributário.

• Lançamento por declaração  É realizado com base na declaração


apresentada pelo sujeito passivo, na qual se informa os elementos de fato
que vão subsidiar o Fisco com elementos para que seja constituído o crédito
tributário.

• Lançamento por homologação  É aquele em que o sujeito passivo fica


obrigado a realizar o cálculo do tributo e o seu pagamento antecipado, sem
prévio exame da autoridade administrativa, ficando sujeito à posterior
homologação por parte desta.

• Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de 05 anos, a contar da


ocorrência do fato gerador. Findo tal prazo, o lançamento considera-se
tacitamente homologado e extinto o crédito tributário.

• Arbitramento da base de cálculo  Nos casos em que o cálculo do tributo


considere o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, o CTN
admite que a autoridade administrativa lançadora arbitre tal valor ou
preço, se forem omissos ou não merecerem fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou
pelo terceiro legalmente obrigado.

• Todo e qualquer lançamento está sujeito à revisão de ofício, nos casos


previstos no art. 149, do CTN. Dessa forma, ainda que o tributo tenha sido
originalmente lançado por homologação, é possível que seja revisto de ofício pela
autoridade administrativa.

• A revisão de ofício do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o


direito da Fazenda Pública.

Por homologação

Modalidades de Participação do
Por declaração
Lançamento sujeito passivo

De ofício

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Súmulas Importantes
Súmula STJ 436: Conforme a jurisprudência do STJ, a entrega de declaração
(obrigação acessória) pelo contribuinte constitui o crédito tributário, caracterizando
confissão de dívida:

Súmula STJ 436 - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo


débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra
providência por parte do fisco.

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


• Suspender a exigibilidade do crédito tributário significa não permitir que a
Fazenda Pública promova a ação de execução fiscal, para exigir judicialmente
o cumprimento da obrigação tributária.

• A suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não impede que a Fazenda


realize o lançamento, com o objetivo de prevenir a decadência, caso a medida
suspensiva ocorra antes deste.

• A legislação que disponha sobre suspensão da exigibilidade do crédito tributário


deve ser interpretada literalmente.

• A suspensão da exigibilidade do crédito tributário não dispensa o cumprimento


das obrigações assessórias.

• Vamos esquematizar as hipóteses da seguinte forma para facilitar a memorização:

MOR MORatória

DE DEpósito do montante integral

R Reclamações e Recursos administrativos

LIM LIMinares em M.S. ou Liminar ou tutela antecipada em outras ações

PAR PARcelamento

MORDER e LIMPAR

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Moratória
• Moratória  Dilatação do prazo para pagamento da obrigação tributária.
Pode ser concedida em caráter geral ou individual.

• A moratória concedida em caráter geral ocorre quando a lei generaliza os


sujeitos passivos que serão beneficiados. Não há, portanto, necessidade de
comprovação, nem despacho individual por parte da autoridade
administrativa.

• A moratória concedida em caráter individual ocorre quando o benefício é


restrito a determinadas pessoas, que preencham os requisitos
estabelecidos pela lei. A concessão ocorre por meio de despacho da
autoridade administrativa.

• A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua


aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de
direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de
sujeitos passivos.

• A moratória somente abrange os créditos esquematizados a seguir:

Salvo Créditos lançados


MORATÓRIA disposição de
lei em contrário Créditos em fase de lançamento

Não aproveita dolo, fraude


ou simulação

• A moratória individual não gera direito adquirido. Não estando satisfeitos os


requisitos ou as condições para sua concessão, a moratória individual é
revogada, ficando o sujeito passivo obrigado a pagar o crédito tributário
acrescido de juros de mora. Caso seja constatado que houve dolo ou simulação
do beneficiado ou de terceiro para se beneficiar ilicitamente da moratória, haverá,
ainda, imposição de penalidade.

Parcelamento
• Parcelamento  medida criada para que os devedores inadimplentes
tenham condições de cumprir com as obrigações tributárias. Deve ser
concedido por meio de lei específica.

• Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário


não exclui a incidência de juros e multas.

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• O CTN prevê que outra lei específica disporá sobre parcelamento
diferenciado para os créditos tributários do devedor em recuperação
judicial. Na inexistência desta lei, aplicam-se as leis gerais de parcelamento do
ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso,
ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.

Reclamações e recursos no âmbito do processo


administrativo fiscal
• Ao impugnar o lançamento administrativamente, o crédito tributário tem a sua
exigibilidade suspensa durante o litígio administrativo, independentemente
de depósito realizado pelo sujeito passivo.

• Com a decisão administrativa final favorável ao sujeito passivo, o crédito


tributário fica extinto (CTN, art. 156, IX). Por outro lado, se a decisão for
desfavorável, o crédito volta a se tornar exigível.

Liminar em mandado de segurança ou liminares (ou tutela


antecipada) em outras ações judiciais
• O CTN estabelece duas modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, originadas de decisões proferidas no âmbito do Poder Judiciário:

• Concessão de medida liminar em mandado de segurança (Art. 151, IV);


• Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de
ação (Art. 151, V).

Com o trânsito em julgado da decisão judicial, sendo favorável ao sujeito passivo, o


crédito tributário fica extinto (CTN, art. 156, X). Por outro lado, se a decisão for
desfavorável ao sujeito passivo, o crédito volta a ser exigível.

Depósito do montante integral


• O depósito do montante integral é direito subjetivo do contribuinte,
podendo ser realizado tanto na via judicial quanto na administrativa.

• Ao final do litígio, sendo a decisão favorável à Fazenda Pública, ou seja, se


o lançamento for legítimo, o depósito é convertido em renda (ver CTN, art.
156, VI), e o crédito tributário é extinto.

• Por outro lado, se a decisão de mérito for favorável ao sujeito passivo, ou


seja, se o lançamento ou o valor lançado for ilegítimo, caberá ao sujeito
passivo proceder ao levantamento do depósito realizado.

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Súmulas Importantes
Súmula Vinculante 21: O STF possui jurisprudência vinculante, no sentido da
inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo, os qual tem
o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário:

Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou


arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.

Súmula STJ 373:

Súmula STJ 373 - É ilegítima a exigência de depósito prévio para


admissibilidade de recurso administrativo.

Súmula Vinculante 28: De acordo com o STF, também é inconstitucional a


exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade para discutir
a exigibilidade do crédito tributário judicialmente:

Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio


como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda
discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Súmula STJ 112: A jurisprudência do STJ é no sentido de que, para suspender a


exigibilidade do crédito tributário, o depósito deve ser feito integralmente e em
dinheiro:

Súmula STJ 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito


tributário se for integral e em dinheiro.

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


• Excluir o crédito tributário significa não permitir que este seja constituído
pelo lançamento.

• A exclusão do crédito tributário pode ser ilustrada pela linha do tempo a seguir:

Instituição Ocorrência da situação


EXCLUSÃO Lançamento
do Tributo prevista em lei
por lei

Hipótese de Fato Gerador Isenção ou Crédito


Incidência (Surge Obrigação Tribut.) Anistia Tributário

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• Existem apenas duas modalidades de exclusão do crédito tributário: a isenção
(tributos) e a anistia (multas).

• A legislação que disponha sobre exclusão do crédito tributário deve ser


interpretada literalmente.

• A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações


assessórias.

Isenção
• Isenção  Dispensa legal do pagamento de tributo, considerada como um
benefício fiscal. A isenção deve ser concedida por meio de lei específica.
Pode ser concedida em caráter geral ou individual.

• Ainda quando prevista em contrato, a isenção é sempre decorrente de lei que


especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a
que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

• Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva às taxas e às


contribuições de melhoria bem como aos tributos instituídos posteriormente à sua
concessão.

• A isenção concedida em caráter geral ocorre quando a lei generaliza os


sujeitos passivos que serão beneficiados. Não há, portanto, necessidade de
comprovação, nem despacho individual por parte da autoridade
administrativa.

• A isenção concedida em caráter individual ocorre quando o benefício é


restrito a determinadas pessoas, que preencham os requisitos
estabelecidos pela lei. A concessão ocorre por meio de despacho da
autoridade administrativa.

• A isenção individual não gera direito adquirido. Não estando satisfeitos os


requisitos ou as condições para sua concessão, a isenção individual é
revogada, ficando o sujeito passivo obrigado a pagar o crédito tributário
acrescido de juros de mora. Caso seja constatado que houve dolo ou simulação
do beneficiado ou de terceiro para se beneficiar ilicitamente da isenção, haverá,
ainda, imposição de penalidade.

• A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas


condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo.

• É considerada onerosa a isenção concedida por prazo certo e em função de


determinadas condições, hipótese em que não pode ser livremente
suprimida.

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Súmula Importante
Súmula STF 544: As isenções concedidas por prazo certo e em função de
determinadas condições (isenções onerosas) não podem ser livremente suprimidas:

Súmula STF 544 - Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa,


não podem ser livremente suprimidas.

Anistia
• Anistia  Refere-se ao perdão de infrações, isto é, excluindo o crédito tributário
decorrente de penalidades pecuniárias (multas). A anistia deve ser concedida
por meio de lei específica. Pode ser concedida em caráter geral ou individual.

• A anistia aplica-se apenas às infrações cometidas antes da vigência da lei que a


concede.

• A anistia não se aplica:

• Aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que,


mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou
simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;

• Salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre


duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

• A anistia concedida em caráter individual não gera direito adquirido. Não


estando satisfeitos os requisitos ou as condições para sua concessão, a anistia é
revogada, ficando o sujeito passivo obrigado a pagar o crédito tributário
acrescido de juros de mora. Caso seja constatado que houve dolo ou simulação
do beneficiado ou de terceiro para se beneficiar ilicitamente da anistia, haverá,
ainda, imposição de penalidade.

EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


• São causas de extinção do crédito tributário (CTN, art. 156):

I - o pagamento;

II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência;

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VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento;

VIII - a consignação em pagamento julgada procedente;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita


administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas


em lei.

• De acordo com o CTN, o crédito tributário só se extingue nos casos previstos


em seu texto.

• De acordo com o STF, não se admite dação em pagamento em bens móveis,


por ofensa ao princípio da licitação.

Pagamento
• O pagamento extingue o crédito tributário e normalmente é realizado em
moeda (O CTN estabelece outras modalidades, como cheque, por exemplo).

• A imposição de penalidade não exclui o pagamento integral do crédito


tributário.

• O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento das


outras prestações em que se decomponha ou de outros créditos referentes ao
mesmo ou a outros tributos.

• Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento


do crédito ocorre 30 dias depois da data em que se considera o sujeito passivo
notificado do lançamento.

• O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,


seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das
penalidades cabíveis, não se aplicando tal regra no caso de pendência de
consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do
crédito.

• Regras para imputação em pagamento (existência simultânea de dois ou mais


débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa
jurídica de direito público):

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Ordem CRITÉRIO PRIORIDADE
1º Pessoal Contribuinte  Responsável
2º Vinculação do Fato Gerador Contribuição de Melhoria  Taxas
Impostos
3º Prescrição Prazo mais curto  mais longo
4º Valor do Crédito Valor maior  Valor menor

Pagamento indevido e restituição


• Se o tributo foi pago indevidamente, o sujeito passivo faz jus à restituição,
independentemente de prévio protesto, seja qual for a modalidade de
pagamento.

• No caso de restituição de tributos indiretos, a restituição somente será


realizada em duas situações:

• Se o contribuinte de direito comprovar ter assumido o encargo do tributo,


isto é, não o ter transferido;
• Se o contribuinte de fato autorizar expressamente o contribuinte de direito a
receber a restituição.

• Ao pleitear a restituição do tributo pago indevidamente, o sujeito passivo também


possui direito à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e da multa
moratória paga a maior.

• Com relação às infrações de caráter formal, ou seja, multas punitivas, não há


qualquer restituição, pois não decorrem do atraso do pagamento.

• O prazo para pleitear a restituição é de 05 anos, contados:

• da data da extinção do crédito tributário (data do pagamento


antecipado, para tributos sujeitos ao lançamento por homologação);
• da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar
em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou
rescindido a decisão condenatória.

• Prescreve em 02 anos a ação anulatória da decisão administrativa que


denegar a restituição.

Compensação
O CTN prevê a possibilidade de haver compensação de créditos tributários com
créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a
Fazenda pública.

• A transação depende de lei.

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Transação
• A transação é uma forma alternativa para solucionar os conflitos entre as partes
(sujeito ativo e sujeito passivo), mediante concessões mútuas, ou seja, cada parte
cede parte de seu direito, a fim de que se chegue a um consenso.

• A transação depende de lei.

Remissão
• O CTN prevê a possibilidade de ser concedida remissão (perdão) total ou
parcial do crédito tributário.

• A transação depende de lei, que deve atender aos requisitos previstos nos
incisos do art. 172.

Decadência
A decadência refere-se à perda do direito de efetuar a constituição do crédito
tributário pelo lançamento. O prazo decadencial é de 05 anos.

Existem três regras para contagem do prazo decadencial:

Regra geral  Tem início a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado. É a regra observada pelos tributos
sujeitos a lançamento de ofício ou por declaração.

Anulação do lançamento por vício formal  O prazo de 05 anos é contado


novamente, a partir da data da decisão definitiva que tenha anulado o lançamento.
Aplica-se aos casos em que o lançamento, já efetuado, foi posteriormente anulado
em decorrência de vício formal, subsistindo o direito da Fazenda na constituição do
crédito tributário novamente, mediante realização de novo lançamento.

Antecipação da contagem do prazo  Ocorre a antecipação do termo inicial do


prazo decadencial de 05 anos, que passa a ser a data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer
medida preparatória indispensável ao lançamento. Nesta situação, o prazo
decadencial ainda não teve início (apenas com o primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado).

• Deve-se conhecer ainda as regras de contagem do prazo decadencial quanto aos


tributos lançados por homologação. A regra específica é apresentada no art. 150,
§ 4º, do CTN, mas o entendimento jurisprudencial aponta algumas situações em
que se utiliza a regra geral já apresentada acima, conforme o esquema a seguir
apresentado:

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DECADÊNCIA – Lançamento por Homologação

Contribuinte
declara e Art. 150, § 4º Conta-se da data do fato gerador
paga

Contribuinte Conta-se do 1º dia do ano seguinte


não declara Art. 173, I
nada

Dolo, fraude
ou Art. 173, I Conta-se do 1º dia do ano seguinte
simulação

Contribuinte  Ocorre a constituição do crédito tributário.


declara e  Terá início o prazo prescricional (data da declaração ou
não paga vencimento, o que for posterior).

Prescrição
• Opera-se a prescrição quando não há propositura de ação de execução fiscal
dentro do prazo estabelecido no CTN, com o objetivo de cobrar do sujeito
passivo o crédito tributário na via judicial. O prazo prescricional é de 05 anos.

• Tal prazo só começa a ser contado a partir do dia em que não mais se discute a
legitimidade do lançamento, ou seja, a partir do dia em que o crédito tributário é
considerado definitivamente constituído.

• No caso dos tributos lançados por homologação, o prazo prescricional tem início na
data do vencimento da obrigação tributária ou na data da entrega da
declaração, caso esta entrega ocorra em momento posterior ao
vencimento da referida obrigação.

• São situações que interrompem o prazo prescricional (prazo integralmente


devolvido à Fazenda Pública):

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;


II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em
reconhecimento do débito pelo devedor.

Consignação em pagamento
• A ação de consignação em pagamento é movida no âmbito do Poder Judiciário,
com o objetivo de que o sujeito passivo exerça o seu direito de pagar e
quitar a obrigação tributária, quando se encontra impedido pelo próprio credor.

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A extinção do crédito tributário somente ocorre quando a ação judicial
consignatória é julgada procedente (CTN, art. 164, § 2º).

Pagamento antecipado e a posterior homologação


• A extinção definitiva do crédito tributário, no que se refere aos tributos
lançados por homologação, apenas ocorre com a homologação do lançamento,
ato que, como regra, pode levar até 5 anos, contados do fato gerador.

Conversão do depósito em renda


• Com o depósito do montante integral, exigido pela Fazenda Pública, o sujeito
passivo suspende a exigibilidade do crédito tributário. Havendo decisão em
favor da Fazenda Pública, ocorre a conversão do depósito em renda do
vencedor da ação.

Decisão administrativa final


• Ao impugnar administrativamente o lançamento, o sujeito passivo dá início ao
processo administrativo fiscal, seguindo as normas específicas do ente federativo
que detém a competência tributária do tributo objeto de discussão. Se a decisão
final no âmbito administrativo for favorável ao sujeito passivo, o crédito
tributário fica definitivamente extinto.

Decisão judicial transitada em julgado


• Caso o contribuinte recorra ao Judiciário para discutir a procedência do
lançamento, é a decisão transitada em julgado (contra a qual não cabe recurso)
que determinará se o crédito tributário subsistirá ou não. Caso a decisão seja
favorável ao sujeito passivo, tem-se por extinto o crédito tributário.

Dação em pagamento em bens imóveis


• Atualmente, o CTN admite a extinção do crédito tributário mediante dação
em pagamento em bens imóveis. Para que se realize a extinção do crédito
tributário mediante dação em pagamento em bens imóveis é necessário que
cada ente federado edite lei autorizativa.

Súmulas Importantes
Súmula STF 546: A jurisprudência do STF, quanto à restituição de tributos indiretos,
é que cabe restituição do tributo indevidamente pago se o contribuinte de direito
comprovar que não recuperou do contribuinte de fato o valor correspondente ao
pagamento indevido:

Súmula STF 546 - Cabe a restituição do tributo pago indevidamente,

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quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou
do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.

Súmula STJ 188: De acordo com o STJ, na restituição do indébito tributário, os juros
moratórios são devidos somente a partir do trânsito em julgado da sentença:

Súmula STJ 188 - Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário,


são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.

Súmula STJ 162: No que se refere à correção monetária - atualização monetária em


face da inflação -, a jurisprudência do STJ é que o valor da restituição deve ser
corrigido desde a data do pagamento indevido:

Súmula STJ 162 - Na repetição de indébito tributário, a correção monetária


incide a partir do pagamento indevido.

Súmula STJ 212:

Súmula STJ 212 - A compensação de créditos tributários não pode ser


deferida por medida liminar.

Súmula STJ 213: Não obstante a proibição da compensação com base em liminar
em mandado de segurança, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que o
mandado de segurança constitui ação adequada para declarar direito à
compensação tributária:

Súmula STJ 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a


declaração do direito à compensação tributária.

Súmula STJ 436: De acordo com a jurisprudência do STJ, O reconhecimento da


dívida pelo contribuinte, configurado pela entrega de declaração, constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco:

Súmula STJ 436 - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo


débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra
providência por parte do fisco.

Súmula STJ 314: Na execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se
o processo por um ano. Findo tal prazo, com o arquivamento dos autos, tem início o
curso do prazo prescricional. É a jurisprudência do STJ:

Súmula STJ 314 – Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,


suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da

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prescrição quinquenal intercorrente.

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


• As garantias do crédito tributário previstas no CTN não são exaustivas, ou seja,
não excluem outras que sejam expressamente previstas em lei, em função
da natureza ou das características do tributo a que se refiram.

• A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza


deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.

• Responde pelo crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas do sujeito
passivo, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare
absolutamente impenhoráveis.

• Também não respondem pelo crédito tributário, em processo de falência, os


bens gravados por garantia real, por serem entregues aos seus respectivos
credores antes de responderem pelo crédito tributário.

Bens e rendas absolutamente


Não respondem impenhoráveis pela lei
pelo pagamento
do crédito
tributário Bens gravados por garantia real, nos
processos de falência

• Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu


começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por
crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo se
tiverem sido reservados , pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao
total pagamento da dívida inscrita:

Alienação ou oneração de bens ou rendas


Presunção de
fraude à Crédito tributário inscrito em dívida ativa
execução
fiscal

Devedor reservou recursos para pagamento


Não se aplica: TOTAL da dívida inscrita

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• As seguintes situações exigem do sujeito passivo a apresentação de certidão
negativa, comprovando a quitação de tributos:

• Declaração judicial da extinção das obrigações do devedor falido (CTN, art.


191);
• Concessão de recuperação judicial (CTN, art. 191-A);
• Prolação de sentença judicial de partilha ou adjudicação (CTN, art. 192)*;
• Participação em contrato ou licitação da Administração Pública (CTN, art.
193)**;

Observação:

* - Todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.

** - Todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à


atividade em cujo exercício contrata ou concorre.

PRIVILÉGIOS OU PREFERÊNCIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


• O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o
tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação
do trabalho ou do acidente de trabalho.

• Nos processos de falência, podemos resumir a ordem de prioridade do pagamento


dos créditos da seguinte forma:

ORDEM CRÉDITOS OBSERVAÇÕES


Adiant. de contrato
1º Importâncias Passíveis de Restituição
de câmbio

Podem ser
2º Créditos Extraconcursais
tributários ou não
Limite p/ créd. Leg.
Créditos derivados da legislação do trabalho e
3º decorrentes de acidente de trabalho
Trab.: 150 salários-
mínimos
Até o limite do bem
4º Créditos com garantia real
gravado
1ª Obs.: Não são
extraconcursais.
Créditos tributários, seja qual for sua natureza
5º ou tempo de constituição 2ª Obs.: As multas
não se incluem
nessa classe

6º Créditos com privilégio especial -

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7º Créditos com privilégio geral -

8º Créditos quirografários -

Multas contratuais, penas pecuniárias por


9º infração penal ou administrativa, inclusive as -
multas tributárias

10º Créditos subordinados -

• A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores


ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou
arrolamento.

• Existe concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito público,


quanto ao recebimento de seus créditos, na seguinte ordem:

I - União;

II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;

III - Municípios, conjuntamente e pró rata.

• São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário


ou arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários
vencidos ou vincendos, a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no
decurso do processo de inventário ou arrolamento.

• São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários


vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em
liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.

Súmula Importante
Súmula STJ 307: O STJ considerou como importância passível de restituição os
valores adiantados pelos clientes da empresa falida para realização de
contrato de câmbio:

Súmula STJ 307 - A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na


falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito.

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ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Fiscalização
• Todas as pessoas submetem-se à fiscalização tributária, inclusive aquelas que
gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.

• Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos


lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição
dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.

• A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de


fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início
do procedimento, que tem as seguintes funções:

Fixa data inicial para contagem de prazo máximo


TERMO DE
INÍCIO DE Antecipa a contagem do prazo decadencial
FISCALIZAÇÃO
Afasta espontaneidade do sujeito passivo

• Mediante intimação escrita, os tabeliães, bancos, corretores, etc. são obrigados


a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham
com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros,

• A obrigação acima não abrange a prestação de informações quanto a fatos


sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar
segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou
profissão.

• Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por


parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em
razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo
ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou
atividades.

• São exceções à regra do sigilo prevista acima:

REpresentações fiscais para fins penais

Não é vedada a PARrcelamento ou moratória


divulgação de
INscrições na dívida ativa da fazenda pública

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• As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força
pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de
embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à
efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se
configure fato definido em lei como crime ou contravenção.

Súmulas Importantes
Súmula STF 439: A jurisprudência do STF deixa claro que estão sujeitos à
fiscalização quaisquer livros comerciais, mas o exame desses livros está limitado
aos pontos objeto da investigação:

Súmula STF 439 - Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária


quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação.

Súmula STF 323: De acordo com o STF, a autoridade fiscal não pode apreender
as mercadorias do sujeito passivo como meio coercitivo para pagamento dos
tributos:

Súmula STF 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio


coercitivo para pagamento de tributos.

Dívida Ativa
• A dívida ativa tributária é aquela proveniente de crédito dessa natureza,
inscrita após esgotamento do prazo para pagamento ou após o término de medida
que tenha suspendido a exigibilidade do crédito tributário.

• A fluência de juros de mora não exclui a liquidez do crédito.

• A certidão de dívida ativa constitui título executivo extrajudicial, capaz de


viabilizar o ajuizamento da ação de execução fiscal para cobrança judicial do
crédito tributário.

• A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o


efeito de prova pré-constituída. Tal presunção é relativa e pode ser ilidida
por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.

Súmula Importante
Súmula STJ 392: Só se admite substituição de CDA para corrigir erro material ou
formal, relativos à inscrição e à certidão, mas não se estendendo ao lançamento
propriamente dito, sendo vedada a modificação do sujeito passivo:

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Súmula STJ 392 - A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida
ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo
da execução.

Certidões Negativas
• A certidão negativa faz prova de quitação dos tributos, e será expedida à vista
de requerimento do interessado dentro de 10 dias da data da entrada do
requerimento na repartição.

• Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a


existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em
que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa:

Créditos Vincendos
Certidão positiva
Créditos garantidos por penhora com efeitos de
negativa

Créditos com exigibilidade suspensa

Inexistência de débitos Certidão negativa

• Será dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento,


quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a caducidade
de direito.
• A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a
Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo
crédito tributário e juros de mora acrescidos.

Súmula Importante
Súmula STJ 446: O STJ entende que é legítima a recusa de expedição de
certidão negativa ou positiva com efeito de negativa:

Súmula STJ 446 - Declarado e não pago o débito tributário pelo


contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou
positiva com efeito de negativa.

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EXECUÇÃO FISCAL
• O objetivo da inscrição do crédito tributário em dívida ativa é extrair a
Certidão de Dívida Ativa (CDA), título executivo extrajudicial, que viabiliza a
posterior propositura da ação de execução fiscal.

• O processo de execução fiscal nunca se inicia de ofício, sendo sempre


desencadeado por uma petição inicial, formulada pelo autor da ação, que no
nosso caso específico é a Fazenda Pública.
• Admitida a ação judicial, o despacho inicial do juiz importa em ordem para:

• Citação do devedor, para no prazo de 5 dias, pagar a dívida com os juros e


multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a
execução;
• Penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de
depósito, fiança ou seguro garantia;
• Arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;
• Registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de
custas ou outras despesas;
• Avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

• O despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal interrompe o curso


do prazo prescricional

• A citação ao executado pode ocorrer das seguintes formas: por correio, por
meio do Oficial de Justiça ou por edital.

• O devedor pode garantir a execução das seguintes maneiras:

• Efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial


de crédito, que assegure atualização monetária;
• Oferecer fiança bancária ou seguro garantia;
• Nomear bens à penhora; ou
• Indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda
Pública.
• Garantida a execução, o devedor possui 30 dias para opor embargos à
execução fiscal, sendo tal prazo contado do depósito, da juntada da prova da
fiança bancária ou seguro garantia ou da intimação da penhora

• Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a


execução
• O objetivo da exceção (ou objeção) de pré-executividade é evitar que o
executado tenha que garantir a execução, quando esta mostra-se
claramente improcedente.

• Há dois requisitos cruciais para a admissibilidade da exceção de pré-executividade:

• A matéria invocada deve ser suscetível de conhecimento de ofício pelo juiz;

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• A decisão deve poder ser tomada sem necessidade de dilação probatória.

• A medida cautelar fiscal está prevista na Lei 8.397/92 como uma ação judicial a
ser interposta pela Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, visando tornar indisponíveis os bens do devedor
para garantia do crédito tributário.

• É possível o requerimento da medida cautelar mesmo sem a prévia


constituição do crédito tributário quando o sujeito passivo:

I - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do


crédito tributário, põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; ou

II - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da


Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei.

Considerações Finais

Chegamos ao final do nosso resumo! Agora você já possui todo o conteúdo de Direito
Tributário sintetizado para fazer uma excelente prova neste concurso do STJ! ☺

Um abraço e bons estudos!

Prof. Fábio Dutra

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DIREITO EMPRESARIAL – PROF. GABRIEL RABELO

Sociedades por ações

Sociedade Omissão: Código


Lei 6404/76
anônima Civil

Sociedade em
Omissão: Lei
comandita por Código Civil
6404/76
ações

Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a


cooperativa.

A sociedade anônima é formada através de um estatuto social, e não por contrato social, conforme
prescreve o artigo 2º, §2º da LSA.

Nas sociedades anônimas, a responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações que
subscrever ou adquirir, enquanto não integralizadas (LSA, art. 1.º).

Completando-se a realização de suas ações, não terá o sócio mais nenhuma responsabilidade “extra”
pelas dívidas sociais. Não há que se falar, portanto, na responsabilidade solidária dos sócios pela parcela
do capital não integralizada, tal como estudada nas sociedades limitadas.

Tipos de Sociedades Anônimas

Há, basicamente, duas espécies de sociedades anônimas no ordenamento pátrio:

a) Companhia aberta (também chamada de empresa de capital aberto), que capta recursos junto ao
público (mercado de valores mobiliários) e é fiscalizada, no Brasil, pela CVM (Comissão de Valores
Mobiliários);
b) Companhia fechada (também chamada de empresa de capital fechado), que obtém seus recursos dos
próprios acionistas.

Esse mercado de valores é dividido basicamente em:

1. Bolsa de valores: segundo Fábio Ulhoa, é uma entidade privada, resultante ou da formação de uma
sociedade anônima – tal como a BM&FBovespa) ou da associação de sociedades corretoras, que exerce um
serviço público, com monopólio territorial. A bolsa só opera com o mercado secundário, isto é, para a
venda e aquisição de valores mobiliários já existentes.
2. Mercado de balcão: É toda a operação relativa a valores mobiliários que não seja realizada na bolsa de
valores. Opera tanto no mercado secundário como no primário. Ou seja, podemos nele ter a compra e
venda de títulos já emitidos anteriormente, como a subscrição de valores mobiliários.

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Nome Empresarial

Nome de uma sociedade anônima


Sociedade Anônima
Denominação + S.A.
Companhia
Companhia + Denominação

Constituição de uma Companhia

Três são os níveis para constituição de uma S.A., a saber:

Requisitos Modalidades de Providências


preliminares constituição complementares

1 – Requisitos preliminares

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:

I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado
no estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas
em dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.

2 – Modalidades de constituição

ASubscrição pública Subscrição particular


Constituição sucessiva Subscrição simultânea
Busca recurso junto a investidores Não busca recursos junto aos investidores
Prévio registro junto à CVM Form. por delib. subscrit. em Assembleia Geral
Ou formada por escritura pública lavrada em
Intermediação de instituição financeira Cartório de Notas

3 – Providências complementares

Por fim, a última etapa na constituição de uma sociedade anônima é o que chamamos de providências
complementares.

A principal providência a ser tomada nesta etapa é o registro junto ao órgão competente, que já sabemos
ser a Junta Comercial.

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Capital Social da SA:

O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional.

O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens
suscetíveis de avaliação em dinheiro.

Tal como nas sociedades limitadas, não é possível a integralização de capital social nas SA´s através da
prestação de serviços.

A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige escritura pública.

Ações:

Uma pessoa se torna acionista de uma sociedade anônima através de duas formas. A primeira é pela
subscrição de capital, no momento da criação da sociedade. O segundo é a aquisição de ações no mercado
de valores mobiliários.

As ações representam uma unidade do capital social da sociedade anônima.

A ação não pode ser emitida por valor inferior ao nominal.

Ações
Valor nominal Valor mencionado no estatuto. Não obrigatório.
Valor patrimonial Divisão do PL pelo número de ações
Valor de mercado Valor que as ações valem no mercado
Valor de emissão Valor pelo qual a ação é emitida. Valor nominal ou maior

Classificação das ações quanto à espécie

Quanto à espécie, as ações podem ser:

a) Ordinárias: São as que conferem os direitos comuns de sócio sem restrições ou privilégios, em que
normalmente se divide o capital social. Toda e qualquer sociedade anônima conterá ações desta espécie,
já que dela decorrem apenas direitos comuns, ordinários, a seus acionistas. O direito a voto é inerente às
ações ordinárias.

b) Preferenciais: São aquelas que dão aos seus titulares algum privilégio ou preferência, como, por
exemplo, a prioridade da distribuição dos dividendos em montante superior ao que foi atribuído às
ordinárias, fixação de dividendos mínimos ou cumulativos, prioridade de reembolso em caso de liquidação,
com prêmio ou sem ele, etc. mas podem ser privadas de alguns direitos, tais como o voto. Observe-se,
porém, que as ações preferenciais podem ou não ter direito a voto. Na prática, esse direito é quase
sempre limitado.

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Entre os benefícios que os preferencialistas podem obter, a LSA arrola:

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;


II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou
III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.

O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito,
não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas (LSA, art. 15, §2º).

Portanto. Por exemplo. A companhia ALFA tem 100.000 ações emitidas. O número máximo de ações
preferenciais poderá ser de 50.000.

c) Fruição: Segundo a doutrina de Rubens Requião, as ações de fruição resultam da amortização das ações
comuns ou preferenciais. O artigo 44, parágrafo 5º, da Lei das S/A, estabelece que as ações integralmente
amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas no estatuto da
sociedade ou pela assembléia geral que poderá deliberar sobre a amortização.

Segundo a LSA:

Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são
ordinárias, preferenciais, ou de fruição.

Classificação das ações quanto à classe

As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada


poderão ser de uma ou mais classes (LSA, art. 15, §1º).

Aceita divisão em classes?


Sociedade anônima Aberta Fechada
Ação ordinária Não Sim
Ação preferencial Sim Sim

Direitos Essenciais Dos Acionistas

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Part. Lucros

Direitos Essen. Acionistas


Part. Acervo (Liq.)

Fiscalizar

Prefer. para subscrição,


conforme a lei

Retirar-se da sociedade

O voto não faz parte desses direitos garantidos amplamente aos acionistas. Nem todas as ações dão
direito a voto. As ações ordinárias conferem aos titulares o direito a voto. As ações preferenciais podem
não conferir direito a voto.

Valores Mobiliários

Os valores mobiliários são títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção de
recursos de que necessita.

A ação é o principal tipo de valor mobiliário. Além dela, temos essencialmente:

- Debêntures;
- Partes beneficiárias;
- Bônus de subscrição.

Partes Beneficiárias

Partes beneficiárias - Principais características


Emitidas pelas sociedades anônimas fechadas
Autorizadas pelas Assembléia Geral
Negociáveis, sem valor nominal
Estranhas ao capital social
Direito a participação nos lucros
Não tem direito dos acionistas, exceto fiscalizar

Bônus de Subscrição

Bônus de subscrição são títulos negociáveis que conferem ao titular o direito de preferência para comprar
novas ações da empresa que os emitiu dentro de um prazo estabelecido, por um preço predeterminado.

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Ou seja, o bônus garante ao seu titular justamente o direito de subscrever ações.

Debêntures

Debênture é um título de crédito representativo de “empréstimo” que uma companhia faz junto a
terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura
de emissão.

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra
ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.

São estranhas ao capital social. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis,
participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso (LSA, art. 56).

Ou seja, caso você empreste dinheiro a uma companhia, poderá receber:

- Juros, fixou ou variáveis.


- Participação no lucro existente.
- Prêmio (ou seja, um bônus) por ter emprestado dinheiro para a sociedade.

A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão (LSA, art.
57).

Administradores Da Sociedade Anônima

São administradores da companhia os diretores e os conselheiros de administração (os últimos, se


houver CA).

Os administradores nas sociedades anônimas somente podem ser pessoas físicas.

O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e
em virtude de ato regular de gestão (LSA, art. 158).

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Administrador

Responde
Não responde por
civilmente quando
ato regular
agir

Dentro das
atribuições ou Com violação da
poderes, com lei ou estatuto
culpa ou dolo

Em regra, o administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com
eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para
impedir a sua prática (LSA, art. 158, §1º).

Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil


contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio (LSA, art. 159). Se a Assembléia
deliberar não propor a ação, poderá fazê-lo os acionistas que representem 5% do capital social. Contudo,
qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação
da assembléia-geral (LSA, art. 159, §3º).

Se a assembleia optar
Ação de por não promover a
responsabilidade (contra ação, 5% (no mínimo) do
administrador) capital social poderá
fazê-lo.

Compete à companhia
Se passarem 3 meses e
•Deliberação da Assembléia ninguém promover a
Geral (Ordinária ou Extra.)
ação, qualquer acionista
pode fazer

Órgãos Da Sociedade Anônima

São órgãos da companhia previstos na Lei 6.404/1976: a Assembleia Geral, o Conselho de Administração, a
Diretoria e o Conselho Fiscal.

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Órgãos das sociedades anônimas

- Assembléia-Geral;
- Conselho de Administração;
- Diretoria;
- Conselho Fiscal.

Inicialmente, vale ressaltar que a LSA não trouxe um rol taxativo de órgãos a serem instituídos, conforme
se depreende da leitura do art. 160, que transcrevemos:

Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com
funções técnicas ou destinados a aconselhar os administradores.

Assembléia Geral

Assembléia Geral Ordinária

A assembléia geral é o órgão máximo de deliberação dentro da sociedade anônima.

Competência Assembleia Geral Ordinária


Tomar as contas dos administradores
Examinar, discutir, votar as demonstrações contábeis
Deliberar a destinação do lucro líquido
Deliberar sobre a distribuição de dividendos
Eleger os administradores e membros do conselho fiscal, se for o caso
Aprovar a correção do capital

Cuidado para a prova! Somente estes temas nela poderão ser tratados. Outros assuntos (como cisão,
fusão, mudança de objeto da companhia, redução de dividendos, criação de partes beneficiária, e outros
previstos no artigo 136) devem ser discutidos em assembléia geral extraordinária, convocada para este
fim.

Assembléia Geral Extraordinária

Ocorre nos demais casos em que se faça necessária a deliberação por Assembléia, como os do artigo 122,
uma vez que as competências da Assembléia são indelegáveis.

Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral:

I - reformar o estatuto social;


II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto
no inciso II do art. 142;
III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por
eles apresentadas;
IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59;
V - suspender o exercício dos direitos do acionista;

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VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social;
VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;
VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e
liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e
IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata.

A Assembléia Geral em regra é convocada pelo Conselho de Administração – CA - ou pela diretoria, se não
houver CA, conforme preleciona o artigo 123 da LSA.

Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no
estatuto, convocar a assembléia-geral.

Contudo, a própria lei estabelece outros legitimados para a convocação da Assembléia-Geral, senão
vejamos:

Legitimados excepcionais para convocação da assembléia-geral

1) Conselho Fiscal: se os administradores retardarem por mais de um mês a convocação da Assembléia


Geral Ordinária, ou, também, nos casos graves e urgentes, a convocação da Assembléia Geral
Extraordinária;
2) Qualquer acionista: Se os administradores retardarem, por mais de 60 dias, a convocação da Assembléia
Geral nos casos previstos em lei ou no estatuto;
3) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social: quando os administradores não
atenderem, em oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com
indicação das matérias a serem tratadas;
4) Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem
direito a voto: Se os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de
Assembléia para instalação do Conselho Fiscal.

Em suma, devemos levar essencialmente o seguinte: a assembléia geral é, em regra, convocada pelo
conselho de administração. Se não existir CA, far-se-á a convocação pela diretoria, sem prejuízo de outros
legitimados para a convocação em hipóteses especiais previstas no art. 123, parágrafo único da LSA.

Conselho De Administração

Segundo a LSA:

Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de


administração e à diretoria, ou somente à diretoria.

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Companhias

Conselho de administração
abertas
Sociedades de
Obrigatório
economia mista
Sociedades de
capital autorizado
Companhias
Facultativo
fechadas

Conselho de administração
3 membros no mínimo
Eleitos pela assembleia-geral
Destituíveis a qualquer tempo
Gestão não superior a três anos, permitida a reeleição
Pode haver representação de participante dos empregados
Não precisam ser necessariamente acionistas

O estatuto poderá prever a participação no conselho de administração de representantes dos


empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com
as entidades sindicais que os representem (LSA, art. 140, parágrafo único). Frise-se que esses empregados
podem não ser acionistas da sociedade.

Os membros de órgãos da administração devem ser pessoas naturais, não havendo mais a necessidade
de que os conselheiros sejam acionistas (modificação com a Lei 12.431/2011).

Competências resumidas do Conselho de Administração:

- Orientação dos negócios.


- Eleger e destituir diretores.
- Fiscalizar gestão dos diretores.
- Examinar os livros da companhia.
- Convocar assembleia geral quando conveniente.
- Deliberar sobre a emissão de ações ou bônus de subscrição.
- Autorizar a alienação de bens do ativo não circulante.
- Escolher os auditores independentes, se for o caso.

Diretoria

A diretoria é de existência obrigatória, tanto nas companhias abertas, como nas fechadas, uma vez que a
ela incumbe a verdadeira gestão dos negócios sociais (LSA, art. 138).

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Um outro cuidado que devemos tomar são com as questões que afirmar ser a diretoria orgão colegiado.
Não é, companheiros. A diretoria é órgão de representação da companhia, não se configurando como
órgão colegiado de deliberação (ao contrário do conselho de administração, que possui este status).

À diretoria incumbe a representação legal da companhia e a execução das deliberações da assembléia


geral e conselho de administração (quando existente).

Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de


administração e à diretoria, ou somente à diretoria.

§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia


privativa dos diretores.

Sua composição assim se dá:

Diretoria

Membros  2 ou mais, acionistas ou não.


Eleição  Eleitos pelo conselho de administração ou, se não houver, pela assembléia geral.
Duração mandato  < 3 anos, permitida reeleição.

Conselho Fiscal

Ao conselho fiscal incumbe a fiscalização dos órgãos de administração, no interesse da companhia e dos
acionistas. O. conselho fiscal é de existência obrigatória, seja nas sociedades anônimas fechadas, seja nas
sociedades anônimas abertas, porém, seu funcionamento permanente é facultativo.

Atenção! Ressalve-se a sociedade de economia mista, em que o conselho fiscal


tem funcioanemto permanente.

A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente
ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas (LSA, art. 161).

A composição do Conselho Fiscal se dá da seguinte maneira: será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no
máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral
(LSA, art. 161, §1º).

Pessoal, se não houver na localidade pessoas habilitadas, em número suficiente, para o exercício da
função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação dos requisitos

Operações Societárias

Transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de liquidação ou dissolução,


de um tipo para outro.

A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes
sucederá em todos os direitos e obrigações.

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A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais
sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver
versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (LSA, art. 229).

A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
em todos os direitos e obrigações (LSA, art. 227). Há extinção da sociedade incorporada. Entretanto, a
incorporadora continua no mundo jurídico.

Falência e Recuperação Judicial

Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.

Rec. Judicial:
Falência: fim da
possibilidade de
atividade
continuidade

A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a


utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.

Falência  Devedor perde o direito de administrar os seus bens.


Recuperação Judicial  Devedor não perde o direito de administrar os seus bens.

Processo Falimentar

Pressupostos para o processo falimentar

1) Devedor empresário;
2) Insolvência;
3) Sentença declaratória da falência.

Primeiro Pressuposto - Devedor Empresário

A falência se aplica ao empresário individual e à sociedade empresária.

As sociedades simples, os profissionais liberais, as sociedades de advogados, as cooperativas, portanto,


não se sujeitam aos efeitos da Lei 11.101/2005.

Ainda, há que se saber que:

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Art. 2o Esta Lei não se aplica a: (artigo cai muito!)

I – empresa pública e sociedade de economia mista;


II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência
complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

O devedor é o polo passivo na demanda falimentar. E quem é o polo ativo?

Polo passivo na falência Empresário ou sociedade empresária


Próprio devedor (autofalência)
Cônjuge sobrevivente, herdeiro, inventariante
Polo ativo na falência
Quotista ou acionista
Qualquer credor

Falência Requerida Por Credor

A grande massa dos pedidos falimentares são aqueles postulados por credor. Qualquer credor. Isto
significa dizer que o credor pode ser empresário ou não empresário. Sendo empresário, há uma condição
para o pedido de quebra, qual seja o credor empresário apresentará certidão do Registro Público de
Empresas que comprove a regularidade de suas atividades (LRE, art. 97, §1º).Assim, o credor empresário
deve ser regular. Não sendo empresário, não vale este tipo de exigência.

Local Para Ajuizamento Do Pedido De Falência

Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial
ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa
que tenha sede fora do Brasil.

Este é o chamado princípio da unidade do juízo falimentar. Portanto, vejam, amigos, que o foro
competente é do local do principal estabelecimento do devedor. E não se confunda a expressão local do
principal estabelecimento com a constituição jurídica destes estabelecimentos, a saber, matriz e filial. O
que a lei pretende dizer é que o juízo competente é aquele em que se possua o maior volume de recursos.
A lógica é a de que o local onde o volume de transações for maior será aquele em que haverá maior vulto
de bens e direitos para satisfação dos credores.

Do Juízo Universal Da Falência

Diz-se que o juízo da falência é universal e indivisível. Indivisível significa dizer que, em regra, todas as
ações referentes a bens, interesses e negócios serão processadas e julgadas pelo juízo em que o feito da
falência tramita. Com fulcro na LRE:

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses
e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o
falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

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Assim, como se depreende da leitura do próprio dispositivo, algumas causas não são atraídas para o juízo
falimentar, quais sejam:

- As que não sejam reguladas pela LRE, quando a massa falida for autora ou litisconsorte ativa, que não
sejam reguladas pela LRE.
- As causas trabalhistas até o encerramento do processo de conhecimento.
- As causas fiscais, já que não estão sujeitas ao concurso de credores.
- As ações que demandam quantia ilíquida (LRE, art. 6º, §1º).

Indivisibilidade do juízo falimentar


Regra: competente para conhecer todas as ações
Exceções
Causas trabalhistas
Causas fiscais
Aquelas em que o falido figure como autor/litisconsorte ativo, não reguladas na LRE
As ações que demandem quantia ilíquida

Já a universalidade diz respeito à imposição de uma regra única para os credores, sendo eles submetidos
ao mesmo juízo.

Uma anotação importante feita pelo professor Ricardo Negrão, é a seguinte:

“Devemos observar que nem todos os credores submetem-se à verificação e habilitação no juízo
falimentar, porque excetuados quanto à regra da indivisibilidade. Entretanto, quanto à classificação e ao
pagamento, todos os credores sujeitam-se ao regramento estabelecido na lei falimentar”.

Ou seja, nem todos os créditos precisam ser habilitados para o processo falimentar. Contudo, na hora do
pagamento, teremos uma ordem a ser seguida e todos os credores a ela estarão sujeitos.

Segundo Pressuposto - Insolvência

O segundo pressuposto é a insolvência. Contudo, Fábio Ulhoa destaca que não basta a simples existência
de passivo a descoberto para que se faça a decretação da falência. A insolvência possui, assim, caráter
jurídico e não econômico. Praticando determinados atos estatuídos pela lei, caracterizado está o estado
de insolvência. Todavia, se não praticar, mesmo que seja deficitário o ativo em relação ao passivo, não há
fundamento para a decretação da falência.

Só se decretará a falência de determinado devedor se ele:

1 – Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigação líquida (LRE, art. 94, I).
2 – Incorrer em execução frustrada (LRE, art. 94, II).
3 – Praticar determinados atos de falência (LRE, art. 94, III).

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Impontualidade Injustificada

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou
títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na
data do pedido de falência;

a) Falta de pagamento sem relevante razão de direito de dívida no vencimento. Se houver razão de direito
para o atraso, não há fundamento para o pedido, como, por exemplo, cobrança de dívida prescrita.
b) Que a dívida seja líquida.
c) Que a dívida ultrapasse 40 salários-mínimos. Contudo, caso a dívida seja inferior, propõe a LRE que os
credores poderão se juntar para atingir este valor (LRE, art. 94, §1º).
d) Que o título esteja protestado. Esse protesto pode ser cambial, quando se tratar de título de crédito, ou,
então, de protesto especial para fins de falência, nos demais casos.

Atenção! Suponha que determinada pessoa (Alfa) prestou serviço para Beta. Alfa emitiu uma duplicata.
Todavia, Beta não a aceitou. O título venceu e o credor o levou a protesto. Será o protesto suficiente para
requerer o pedido de falência, já que não há aceite? A resposta é não! Segundo o Superior Tribunal de
Justiça:

Súmula 248. STJ. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título
hábil para instruir pedido de falência.

Portanto, deverá haver também a comprovação da prestação do serviço.

Execução Frustrada

A execução frustrada está prevista no inciso II do artigo 94 da Lei de Falências, que prega:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

II – Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;

Nesta hipótese, basicamente, o devedor é executado por qualquer quantia líquida (veja que não precisa
ser 40 salários mínimos) e, intimado a fazê-lo em juízo:

Execução frustrada
Não paga
Não deposita quantia para quitar a dívida
Não nomeia à penhora bens suficientes

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Atos De Falência

Por fim, a última hipótese caracterizadora da insolvência representa os chamados atos de falência e estão
previstos no artigo 94, III, que, por não ser demais, repetimos:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:

a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem
ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a
fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.

Na ocorrência dos atos de falência, o pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-
se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas (LRE, art. 94, §5º).

Pedido De Falência

Concebidos tais pressupostos, a pessoa de direito deve ajuizar o pedido de falência. Quando a falência for
requerida por terceiros, há para o devedor um prazo para contestação do pedido.

Prazo para contestação do devedor  10 dias

Dissemos que a falência pode ser fundada na impontualidade injustificada, na execução frustrada ou nos
atos de falência.

Se o ajuizamento tiver se dado por impontualidade injustificada ou execução frustrada, o devedor por
elidir (eliminar, suprimir) a falência, fazendo um depósito da quantia reclamada, correspondente ao valor
total do crédito, acrescido da correção monetária, juros e honorários advocatícios. Nesta hipótese, o
pedido de falência será denegado e o credor levará consigo os valores obtidos para que haja satisfação da
dívida.

Assim, ficam para o requerido (devedor) as seguintes possibilidades quando do pedido da falência:

- Apenas contesta o pedido. Aqui, se o magistrado acolhe as teses da defesa, denega a falência. Ao revés,
declara a continuidade do procedimento.

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- Contesta o pedido e deposita o valor. Nesta hipótese, o devedor não só deposita o valor, mas, também,
contesta o pedido. Se o magistrado julgar a contestação procedente, o depósito será levantado em favor
do requerido (devedor). Caso contrário, se julgado o pedido procedente, não será declarada a falência do
devedor, posto que o depósito elisivo fora efetuado.
- Apenas deposita. Nesta hipótese, o juiz denega a falência e recolhe o valor para o credor.
- Não contesta nem deposita. Neste caso, o juiz decreta a falência se restarem atendidos os demais
requisitos para tanto.
- Apresentar pedido de recuperação judicial.

Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial.

Terceiro Pressuposto – Sentença Declaratória Da Falência

De posse de tudo o que já foi dito, resta ao magistrado duas alternativas: declarar ou denegar o pedido de
falência. A sentença que denegar o pedido de falência deve ter o cuidado de analisar o comportamento do
requerente quando do pedido. Agindo de má-fé, a lei estatui que seja o requerido indenizado (LRE, art.
101).

Ademais, outra hipótese em que a decretação da falência será denegada é quando houver o depósito
elisivo.

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:

I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo seus
administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do
pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de
pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos credores,
indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta já não se
encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1o do art. 7o desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses
previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido, submetendo-os
preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte
das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso XI
do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo
ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em
provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do
devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que
trata o art. 102 desta Lei;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do
art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;

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X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para que
informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador
judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a
constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em
funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e
de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento
da falência.

Esta sentença declaratória há que ser publicada no órgão oficial e, caso haja possibilidade financeira, em
jornal de grande circulação.

Segundo a Lei de Falências, art. 100: Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que
julga a improcedência do pedido cabe apelação.

Decreta a Agravo de
Decisão
falência instrumento

Julga
Sentença Apelação
improcedente

A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios
ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os
créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os
efeitos (LF, art. 77).

Suspensão Das Ações

Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o


curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores
particulares do sócio solidário.

Atenção! Esse artigo 6º é muito cobrado em prova, principalmente no que diz


respeito ao marco inicial para a suspensão do curso da prescrição. Na falência,
é a decretação deste instituto; na recuperação judicial, o deferimento do
processamento.

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Administração Da Falência

A administração da falência incumbe basicamente a(o):

- magistrado;
- órgãos da falência: administrador judicial, comitê de credores, assembléia geral de credores;
- ministério público.

Atuação Do Juiz

O magistrado é quem, eminentemente, conduz o processo falimentar. Basicamente, ele:

- Conduz o processo falimentar;


- Pode autorizar a venda antecipada de bens;
- Nomeia e aprova as contas prestadas pelo administrador judicial;
- Entre outras tantas providências.

Atuação Do Ministério Público

A intervenção do Ministério Público se dá nos casos previstos em lei, ora como fiscal da lei, ora com tarefas
de cunho administrativo. O MP, em síntese, age como fiscal da lei, em seu dia a dia. Na lei de falências, sua
atuação maior se dará em havendo evidências de tipos penais.

Administrador Judicial

O administrador judicial é o principal auxiliar do juiz no processo falimentar. A legislação falimentar lhe
acometeu diversas atribuições correlacionadas com a administração da falência. Atua ele sob
direcionamento do magistrado e fiscalização do Comitê de Credores (se existente).

O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador


de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada (LF, art. 22).

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:

IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do
art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;

Portanto, o administrador judicial é nomeado quando for proferida a sentença que decretar a quebra.

Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á o nome de profissional responsável
pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem
autorização do juiz.

Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à remuneração do administrador
judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo (LF, art. 25).

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O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a
capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no
mercado para o desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24).

As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo juiz, que considerará a
complexidade dos trabalhos a serem executados e os valores praticados no mercado para o desempenho
de atividades semelhantes (LF, art. 22, §1º).

A função do administrador judicial difere quando se tratar de recuperação judicial ou de falência. Na


recuperação extrajudicial não existe a figura do administrador judicial.

Na recuperação judicial, uma vez que o devedor não perde o direito de administrar seus bens, ao
administrador judicial caberá precipuamente a fiscalização das atividades da empresa e o cumprimento
da recuperação judicial, conforme o artigo 22, II, da LF.

Já na falência, ele passará a administrar a sociedade, pois, como dito acima, com a decretação da
falência perde o devedor o direito de administrar seus bens ou deles dispor.

A saída do cargo de administrador pode se dar por substituição ou destituição.

Vejamos um caso de substituição:

Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5
(cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou
recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a
prestação de contas desaprovada.

§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem
tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau com o devedor, seus administradores,
controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.

Caso venha a ser nomeado e, somente depois, se constate tal situação, será o administrador substituído do
exercício do cargo.

Já a destituição tem caráter punitivo, como se comprova à leitura do seguinte artigo legal:

Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poderá determinar a
destituição do administrador judicial ou de quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando
verificar desobediência aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.

E como fica a remuneração nestes casos? Segundo o artigo 24 da LF: O juiz fixará o valor e a forma de
pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do
devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de
atividades semelhantes.

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O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se
renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou
descumprimento das obrigações fixadas na Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração.

Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas.

Assim, se o administrador judicial for substituído por que renunciou, sem relevante razão, não fará jus à
remuneração, ou, então, se for destituído por desídia, culpa, dolo, ou descumprimento, também não fará
jus. Item incorreto.

Os créditos devidos ao administrador judicial e seus auxiliares serão classificados como extraconcursais –
art. 84.

Assembléia Geral De Credores

A assembléia-geral é o órgão que toma deliberações salutares nos processos de recuperação judicial e
falimentar. Trata-se de órgão colegiado, existente tanto na falência quanto na recuperação judicial. É
característica da nova legislação falimentar, que teve a preocupação de assegurar aos credores maior
participação no processo. Sua principal função é a de deliberar sobre matérias que possam afetar os
interesses dos credores.

Suas atribuições estão arroladas no artigo 35 da lei de falências, in verbis:

Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:

I – na recuperação judicial:

a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;


b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei;
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;

II – na falência:

b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;


c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 desta Lei;
d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.

A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um) secretário dentre os
credores presentes (LF, art. 37).

Já nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras em que haja


incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor presente que seja titular do maior crédito
(LF, art. 37, §1º).

A composição da assembléia é basicamente a seguinte:

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Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:

I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho;


II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. (Incluído pela
Lei Complementar nº 147, de 2014)

Comitê De Credores

Ademais, temos também o chamado comitê de credores, que é facultativo, seja no processo de
recuperação judicial, seja no processo falimentar.

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:

XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores para a


constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente
em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;

Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste,
ao juiz exercer suas atribuições.

Efeitos Da Sentença Que Decreta A Falência

Sócios Com Responsabilidade Ilimitada

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também
acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à
sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem.

Com efeito, se uma sociedade em nome coletivo vir a falir, todos os seus sócios também incorrem na
mesma conduta, juntos. Se a sociedade for de responsabilidade limitada, por seu turno, não haverá, em
regra, conseqüências para a sociedade, em vista da autonomia que possui a pessoa jurídica (o já propalado
princípio contábil da entidade, pelo qual a sociedade é diferente da pessoa dos sócios).

De acordo com a lei:

Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos
administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, será apurada no próprio juízo da
falência, independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo,
observado o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.

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Perda Do Direito De Administrar Os Seus Bens

Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar os
seus bens ou deles dispor.

Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências
necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a
massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.

Veja-se que a decretação da falência retira do empresário o poder de


administrar seus bens ou deles se desfazer. Entretanto, pode o falido fiscalizar a
condução dos seus negócios, conforme previsão expressa do parágrafo único.

Inabilitação Para Atividades Empresariais

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da
falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.

Sentença Sentença
Período de
que decreta que extingue
inabilitação
a falência a obrigação

Apuração Do Ativo Do Devedor

Logo após a decretação da sentença que declara a falência, o processo falimentar se instaura. Tem início o
processo de execução concursal de seus bens. Isto é, apurar-se-á o montante de bens que possui o
empresário para saldar as dívidas existentes. Tal processo dá origem no que, no processo falimentar, é
chamado de massa falida.

Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuará a
arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos bens, separadamente ou em bloco, no local em
que se encontrem, requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.

Assim, após a nomeação do administrador judicial, deve ele proceder ao levantamento dos bens que
possui o devedor, a fim de compará-lo com o passivo. Os bens absolutamente impenhoráveis, contudo,
não serão arrecadados.

Uma vez recolhidos, os bens devem ficar sob a guarda do administrador judicial. Estes bens podem ser
retirados do local em que se encontrem.

Art. 112. Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e
conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob responsabilidade do administrador judicial,
mediante compromisso.

Ainda, se se tratar de bens perecíveis:

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Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que sejam de
conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a
avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas.

A Restituição De Bens De Terceiros

Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se


encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir
sua restituição.

O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada (LRE, art. 87).

Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze)
dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada (LRE, art. 85, parágrafo único).
Portanto, se o empresário efetua compra a crédito em 01.02.X1 e tem sua falência requerida em 12.02.X1,
nascerá para o credor o direito a pedir a restituição da mercadoria, se ainda permanecer em estoque.

A restituição, nesses casos, se dá com a devolução do próprio bem.

Existem, ainda, outras hipóteses de restituição previstas na lei, a saber:

Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro:

I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que


o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido
sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado;
II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a
contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, §§ 3o e 4o, da Lei no 4.728, de 14 de julho de
1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas
normas específicas da autoridade competente;
III – dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia
do contrato, conforme disposto no art. 136 desta Lei.

Verificação E Habilitação Dos Créditos

Para ver o quanto deve realmente o empresário, deve não só se apropriar dos documentos constantes dos
arquivos do empresário. É obrigação, também, do administrador judicial que compare os valores
apresentados com aqueles fornecidos pelos credores. Esse procedimento é chamado de verificação dos
créditos.

Verificação dos créditos  administrador judicial.

Quando da sentença que decreta a falência ou quando do deferimento do processo de recuperação


judicial, será publicado um edital (art. 52, §1º e 99, parágrafo único). Neste edital será feita a exigência de

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que os credores apresentem no prazo de 15 dias ao administrador judicial suas habilitações ou suas
divergências quanto aos créditos relacionados no edital. A habilitação compete ao credor (LF, art. 9º).

A habilitação dos créditos permite que ao administrador judicial e demais credores tomem ciência de sua
existência, verificando-se também sua legitimidade e exatidão.

Habilitação dos créditos  credor.

O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser


homologado pelo juiz, com base na relação dos credores e nas decisões proferidas nas impugnações
oferecidas.

O quadro-geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionará a importância e a classificação
de cada crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou da decretação da falência, será
juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que
houver julgado as impugnações.

Conquanto valha na falência o conhecido princípio da par conditio creditorum, pelo qual os credores
devem, em tese, possuir as mesmas chances de satisfação dos seus créditos, esse entendimento é válido
numa escala horizontal, dentro de uma mesma classe (por exemplo, créditos trabalhistas).

Os credores são divididos em diversas classes e a quitação de uma classe depende da quitação integral da
classe anterior. O quadro-geral de credores tem por finalidade organizar essas diversas classes.

Liquidação Do Processo Falimentar

Uma vez que os passos listados acima foram todos ultimados, já sabemos quanto de bem tem o
empresário e quanto é o valor total de suas dívidas, restam-nos duas providências:

a) providenciar a venda dos ativos (realização do ativo);


b) efetuar o pagamento do passivo.

Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de falência,
será iniciada a realização do ativo.

A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro-geral de credores (LRE, art.
139, §2º).

A alienação de bens deve se dar da forma que dê maior retorno possível ao empresário. Assim, se a
sociedade empresária X é formada por um terreno, de R$ 50.000,00, uma máquina para produção, no
valor de R$ 30.000,00 e um veículo utilizado para entrega de mercadorias, no valor de R$ 20.000,00,
teremos um valor contábil de R$ 100.000,00. Entretanto, o valor de mercado será maior do que este valor,
tendo em vista que a empresa se organiza profissionalmente para atingir lucro.

Alienação de bens (ordem de preferência)


Alienação da empresa, venda dos estabelecimentos em bloco
Alienação da empresa, venda das suas filiais ou unidades produtivas isoladamente

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Alienação em bloco dos bens que integram cada estabelecimento
Alienação dos bens individualmente considerados

Porém, se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem ser adotadas mais de uma
forma de alienação (LRE, art. 140, §1º). Trata-se de questão de conveniência, buscando sempre a
otimização dos valores obtidos.

As modalidades típicas previstas para venda dos ativos são:

Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará
que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:

I – leilão, por lances orais;


II – propostas fechadas;
III – pregão.

Vale ressaltar, ainda, que o adquirente de estabelecimento empresarial em


processo falimentar está livre de responsabilidade por dívidas anteriores, de
quaisquer naturezas.

Tal entendimento se encontra estatuído na LRE, no seguinte excerto:

Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida
sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:

(...)

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as
decorrentes de acidentes de trabalho.

Contudo, caso haja conluio entre o devedor e comprador para se livrar das dívidas, a regra acima não se
aplicará.

Começaremos, então, a realizar o pagamento dos credores.

Classificação Dos Créditos

De posse de todas as dívidas do devedor, apresentadas no quadro-geral de credores, começaremos a


realizar os pagamentos. A cobrança desses créditos segue determinada ordem, estabelecida pela própria
Lei de Falências (LF).

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Preferência dos créditos na falência

1) Créditos extraconcursais (que são créditos que surgem no decorrer do processo de falência);
2) os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por
credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;
3) Bens gravados com garantia real, até o limite do bem gravado;
4) créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas
tributárias;
5) créditos com privilégio especial;
6) créditos com privilégio geral;
7) créditos quirografários;
8) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as
multas tributárias;
9) créditos subordinados.

Segundo o artigo 84 da LRE, serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei (acima), na ordem a seguir, os relativos a:

I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do


trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da
falência;
II – quantias fornecidas à massa pelos credores;
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem
como custas do processo de falência;
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos
do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após
a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.

Encerramento Da Falência

Uma vez levantado o ativo e realizado o pagamento dos credores, deve-se declarar findo o processo
falimentar, através de sentença. O administrador judicial deve, então, prestar contas ao magistrado.

As contas, acompanhadas dos documentos comprobatórios, serão prestadas em autos apartados que, ao
final, serão apensados aos autos da falência.

As obrigações do falido são extintas se houver (LRE, art. 158):

I – o pagamento de todos os créditos;


II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos
quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem
se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido
condenado por prática de crime previsto na Lei de Falências;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido
condenado por prática de crime previsto Lei de Falências.

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Recuperação Judicial

A recuperação judicial é instituto que veio substituir a figura da concordata. Nos termos da Lei
11.101/2005:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos
trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica.

A recuperação judicial é, pois, uma via alternativa, evitando-se que a empresa caia em processo falimentar,
havendo prejuízo irreversível. Obviamente, considerando o escopo da fonte de renda para o Estado,
manutenção de empregos e crescimento da economia, é muito mais viável que se mantenha a empresa
em funcionamento.

Sujeito Ativo Da Recuperação Judicial

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:

I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as
responsabilidades daí decorrentes;
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano
especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por
qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

Observe-se, assim, que o pedido deve ser feito pelo próprio devedor. O devedor, como já dito, é a figura
do empresário ou sociedade empresária.

Ademais, deve comprovar que exerce regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos. Assim, a
atividade deve ser regular.

Condições para requerer recuperação judicial


Exercer regularmente as atividades há mais de 2 anos
Não ser falido (se foi, os efeitos devem estar extintos)
Não ter obtido recuperação judicial nos últimos 5 anos
Não ter sido condenado por crime falimentar
Não ter administrador ou sócio condenado por crime falimentar

A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor,
inventariante ou sócio remanescente.

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Do Pedido E Processamento Da Recuperação Judicial

A lei traz alguns requisitos para que seja realizado o pedido de recuperação judicial. Vejam que se trata do
pedido de recuperação, e não do deferimento. Dificilmente este artigo é cobrado em concurso, mas vale a
pena dar uma observada:

Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:

I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-
financeira;
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas
especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária
aplicável e compostas obrigatoriamente de:

a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;

III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a
indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito,
discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de
cada transação pendente;
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e
outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos
valores pendentes de pagamento;
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e
as atas de nomeação dos atuais administradores;
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de
qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas
respectivas instituições financeiras;
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas
onde possui filial;
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive
as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

Plano De Recuperação Judicial

Uma vez deferido o processamento da recuperação judicial, será apresentado um plano de recuperação
pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o
processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter (LRE, art.
53):

I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei
(os meios de recuperação citados), e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e

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III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional
legalmente habilitado ou empresa especializada.

Vejam que a norma diz “sob pena de convolação em falência”. Isso significa, em síntese, que, não
apresentando o plano no prazo, será decretada a falência do devedor.

Pois bem, a Lei de Falências e Recuperação Judicial prega que:

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não
vencidos.

Algumas exceções, contudo, devem ser feitas:

- Credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil,
de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio (LRE, art. 49, §3º).
- Credor de adiantamento de contrato de câmbio (LRE, art. 49, §4º).

Fase Deliberativa Da Recuperação Judicial

Essa fase do procedimento de recuperação judicial tem início com o despacho que ordena o
processamento da recuperação judicial. Nela, discute-se e vota-se o plano de recuperação apresentado
pelo devedor. Antes, contudo, deve haver a verificação e habilitação dos créditos, como propugna o artigo
7º da Lei.

A verificação e habilitação dos créditos se dá com o fito de possibilitar os credores a participação na


assembléia geral de credores.

O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de
recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções (LRE, art. 53, parágrafo único).

Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30
(trinta) dias contado da publicação da relação de credores elaborada pelo administrador judicial, conforme
o § 2o do art. 7o desta Lei.

Não havendo objeção, considera-se aprovado o plano de recuperação judicial. Vejam que a aprovação do
plano depende de consentimento dos credores.

Ao revés, existindo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a
assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação (LRE, art. 56).

A data designada para a realização da assembléia-geral não excederá 150 (cento e cinqüenta) dias
contados do deferimento do processamento da recuperação judicial (LRE, art. 56, §1º).

Nesta hipótese, o plano será discutido na assembléia. Se a assembléia aprovar o plano, poderá montar o
comitê de credores (se já não existir).

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O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia-geral, desde que haja expressa
concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos
credores ausentes (LRE, art. 56, §3º).

A assembléia poderá, também, rejeitar o plano de recuperação judicial. Rejeitado o plano de recuperação
pela assembléia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor (LRE, art. 56, §4º).

Se o plano for aprovado na assembléia, passa-se à fase do artigo 57, que diz:

Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido o
prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará certidões negativas de
débitos tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
Tributário Nacional.

Assim, se o plano for aprovado por não haver objeção ou se, na assembléia geral, for aprovado, deve o
devedor empresário apresentar certidões negativas tributárias.

Atendendo-se a essas formalidades, concede-se a recuperação judicial (LRE, art. 58).

Assim, vê-se que o plano deve ser aprovado pelos credores para que haja a concessão da recuperação
judicial. O juiz apenas homologa.

Contudo, existe uma hipótese em que não há necessidade de aprovação pelos credores, prevista no artigo
58 da Lei, a saber:

Art. 58, §1º. O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação
na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembléia, tenha obtido, de forma cumulativa:

I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes
à assembléia, independentemente de classes;
II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente
2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores,
computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta Lei.

Ainda, a recuperação judicial concedida desta forma só poderá vigorar se o plano não implicar tratamento
diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado (LRE, art. 58, §2º).

A Recuperação Judicial Em Si

Proferida a decisão que concede a recuperação judicial, o devedor permanecerá em recuperação judicial
até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da
concessão da recuperação judicial (LRE, art. 61).

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Cumpridas as obrigações vencidas no prazo de dois anos, o juiz decretará por sentença o encerramento da
recuperação judicial (LF, art. 63). As obrigações que se prolonguem após os dois anos deverão ser
cumpridas, mas o devedor não mais será considerado em recuperação judicial.

Uma vez deferida a recuperação judicial, há novação - criação de uma nova obrigação, substituindo e
extinguindo a obrigação anterior e originária – dos créditos anteriores ao pedido, obrigando o devedor e
todos os credores do plano, conforme a LRE, art. 59.

Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por
qualquer credor e pelo Ministério Público (LRE, art. 59, §2º).

Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas
isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, através de leilão, por lances orais, propostas
fechadas ou pregão (LRE, art. 60).

O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações
do devedor, inclusive as de natureza tributária (LRE, art. 60, parágrafo único). Contudo, havendo conluio na
venda de filiais ou unidades produtivas, justamente para se livrar do ônus tributário, a regra não se aplica.

Segundo o artigo 64 da Lei, durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus


administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se
houver, e do administrador judicial

Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial,
inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão
considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem
estabelecida no art. 83 desta Lei.

Durante a recuperação judicial, as Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão
deferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação
judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
Tributário Nacional (LRE, art. 68).

E atenção! Segundo o parágrafo único do artigo 68: As microempresas e empresas de pequeno porte farão
jus a prazos 20% (vinte por cento) superiores àqueles regularmente concedidos às demais empresas
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

Convolação Da Recuperação Judicial Em Falência

Vimos que o devedor permanece em recuperação judicial até dois anos após a sua concessão, se vier
cumprindo regularmente suas obrigações. Contudo, se durante este período, descumprir obrigação
prevista no plano, terá a recuperação judicial convolada em falência (LRE, art. 61, §1º).

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Contratos Bancários

Depósito Bancário

Este é o primeiro tipo de contrato que iremos estudar. Nele, o depositante entrega determinado valor ao
banco – depositário. O depositário, por seu turno, deve restituir o valor na data contratada ou quando bem
entender o cliente.

É o mais comum dos contratos bancários. É a famosa “abertura de conta”.

Na dicção de Fábio Ulhoa, há três modalidades de depósito, a saber:

1 – À vista: em que, solicitada pelo depositante, a restituição, total ou parcial, dos recursos depositados,
deve o banco providenciá-la de imediato.
2 – A pré-aviso: em que, uma vez solicitada pelo depositante a restituição, total ou parcial, dos recursos
depositados, deve o banco providenciá-la no prazo avençado pelas partes.
3 – A prazo fixo: em que o depositante deve solicitar a restituição dos recursos somente após uma
determinada data.

Como depósito bancário a prazo fixo temos o exemplo das cadernetas de poupança. Querendo a
restituição antes do prazo contratado, perder o depositante o direito à remuneração do capital.

No contrato de depósito, o banco figura como polo passivo.

Mútuo Bancário

Mútuo bancário, em síntese, segundo Fábio Ulhoa Coelho, é o contrato pelo qual o banco empresta ao
cliente certa quantia de dinheiro.

Pauta-se, o mútuo bancário, no mútuo civil, previsto nos seguintes termos no Código Civil:

Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o
que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

O mútuo se aperfeiçoa com a entrega, pelo banco, ao cliente do dinheiro objeto do empréstimo.

Ainda na lição de Ulhoa, são obrigações do mutuário a partir da entrega do dinheiro:

1. Restituir o valor emprestado;


2. Pagar juros, encargos, comissões e demais taxas constantes do instrumento de contrato;
3. Amortizar o valor emprestado nos prazos estabelecidos contratualmente.

Na contramão, nenhuma obrigação, a partir da entrega do dinheiro, resta ao banco, havendo, assim, uma
espécie de unilateralidade neste tipo de contrato.

Anote-se, ainda, a impossibilidade do pagamento antecipado do valor emprestado ao mutuante, com a


finalidade de se reduzir o valor pago a título de juros, salvo se houver concordância deste.

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Escreva-se, também, que não vigora para o mútuo a limitação prevista nos artigos 406 e 591 do Decreto
22.626/33, que prevê taxa de juros máxima de 12% ao ano.

Abertura de Crédito

O contrato de abertura de crédito é aquele em que o banco disponibiliza certa quantia de dinheiro ao
cliente, facultando-lhe a utilização desses recursos. O cliente só paga juros se e quando utilizar o crédito. É
o nosso famoso “cheque especial”.

É um contrato consensual e bilateral. A simples disponibilização dos recursos não traz qualquer obrigação
ao cliente. Todavia, se quisessem, as instituições financeiras poderiam cobrar. Não o fazem, já que esta é
uma praxe estabelecida no mercado e quem o fizer certamente perderá um diferencial na prestação deste
tipo de serviço.

Há basicamente duas espécies de contrato de abertura de crédito. Na primeira, utilizando os recursos o


cliente tem a faculdade de diminuir o montante tomado, mediante entradas, reduzindo o débito. No
segundo tipo, o cliente não poderá reduzir o montante devido antes do prazo.

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