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Um Robô Bom e Económico

Nessa tarde havia, por coincidência, ponto de Matemática. João iniciou o seu plano. Disfarçado para que
ninguém o reconhecesse, conduziu o robô até à escola. Pelo caminho foi-lhe dando instruções: a aula era na sala
13, a sua carteira a última à direita (a que ficava mais longe da professora para poder conversar e copiar à vontade) .
- Sei tudo isso de cor! – exclamou a maquineta. – Não te lembras que me deram a tua memória? Sei a
5 marca de pastilhas elásticas que compras, as alcunhas dos teus colegas, sei tudo ...
- Mesmo tudo ? – assustou-se o João.
- Sei que nunca lavas as orelhas, que colas pastilhas elásticas nas cadeiras, que ontem tiraste a caneta da
Filipa para lhe pregares uma partida e resolveste ficar com ela.
João corou. E se o robô o denunciava ? Apressou-se a puxar a caneta do bolso e a ordenar-lhe :
10 - Entrega-lha hoje. Não era minha intenção...
Tinham chegado finalmente ao portão. O robô ficara entregue a si próprio. O rapaz sentia-se mais nervoso
do que se fosse ele próprio a fazer o ponto. Todo o seu futuro estava agora em jogo. Aquele robô não iria fazer
asneiras ? Confundir-se-ia com ele de facto ?
Com as pernas a tremer como varas verdes, os dentes a bater castanholas, João entrou no café e encomendou
15 com voz sumida:
- Um chazinho quente, por favor.
O criado arregalou os olhos e sentenciou :
- Para pedir um chá deve estar a morrer.
O tempo parecia suspenso. João chupou três pacotes de Sugus, marcou três caixas de Chiclets, petiscou três
20 pastéis de nata.
- Com certeza foi apanhado. Que vai ser de mim ?
Estava tentado a mandar vir outro chá quando viu o robô avançar, de braço dado com a Gabriela, dizendo
piadas e rindo alto. Queria chamá-lo, mas não podia. Viu-o encaminhar-se para a paragem. Fez-lhe um sinal de
longe. Obedecer-lhe-ia ?
25 Dentro de um minuto tinha-o ali no passeio, à sua frente, triunfante.
- Vais ter Excelente ! Correu tudo às mil maravilhas. São horas de voltarmos para casa.
Mas como podia o João levá-lo para casa ? Num apartamento com três assoalhadas, num prédio com dez
andares, gente sempre a entrar e a sair, não era fácil esconder um robô. Principalmente tendo uma mãe bisbilhoteira,
com a mania das limpezas e arrumações. O pai, esse, era capaz de nem dar por nada.
30 Mas o nosso rapaz programara tudo. Com o dinheiro que lhe sobrara, comprara uma velha rulote toda
branca, acampada como sucata, num terreno baldio.
- Desculpa lá, mas tens de ficar aqui – explicou o João, ao abrir-lhe a porta empenada. Quando me
fizeres falta, venho buscar-te. Precisas de comida ? De cobertores ?
- Não, trabalho a energia solar. Só como quando é absolutamente necessário. Mas depois vou à casa de
35 banho e deito tudo fora.
- Sais barato. É o que me convém.
Na semana seguinte a professora entregou os pontos.
- Foi uma razia – preveniu ela. – Tudo corrido a negativas menos um. Adivinham quem ? O João. Dei-lhe
um Excelente porque não teve uma falha. – E acrescentou : - João, vem ao quadro mostrar aos teus colegas como se
40 resolvem estes problemas.
O pobre levantou-se numa aflição. Agora é que estava desgraçado ! De olhos baixos, aproximou-se do
estrado e, tão nervoso ia que zás !, tropeçou no degrau de madeira. Bateu com o nariz no chão e logo um fio de
sangue lhe começou a correr pela cara abaixo.
Foi a salvação. A professora fê-lo conduzir ao posto de primeiros socorros.
45 A partir daí, João começou a faltar sempre que havia Matemática.
Vieram depois os outros pontos. Mandou o robô fazê-los. Teve Excelente a Inglês, a Português, a Ciências,
a tudo. Com notas tão altas e sem estudar nada, como podia voltar à escola? Se fizessem chamadas de surpresa
estava tramado. Só a Ginástica, Música e Trabalhos Manuais é que por lá aparecia, pois, se a escola é uma boa
maçada, nunca lá ir é mil vezes pior.
50 Em casa, os pais andavam espantados.
- Como tu mudaste ! Ganhaste juízo, responsabilidade. Vamos aumentar-te a semanada – dizia o pai.

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- Eu sempre disse que havias de ser um grande homem – exclamava a mãe. – Ainda chegas a Presidente
da República.
55 - Livra ! – horrorizava-se o João.
- Então o que tu quiseres ... mas o melhor.

Luísa Ducla Soares, O Rapaz e o Robô


( adaptado )

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