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O ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLA

Mário João Pase Neto1

Laercio Fernandes dos Santos2

RESUMO
A reflexão apresentada nesse artigo desenvolve um processo reflexivo acerca do papel, da importância,
das atribuições, bem como dos desafios do Orientador Educacional no âmbito escolar. Muito se discute sobre os
limites e possibilidades deste especialista, pois, para muitos a Orientação Educacional ainda hoje é o lugar dos
encaminhamentos médicos, psicológicos, dentre outros, especialmente, para onde os alunos indesejáveis são
encaminhados. Nesse sentido, esse artigo apresenta, nos limites do próprio estudo, o papel deste profissional na
escola e sua importância, de uma forma crítica sobre a especificidade do trabalho, apontando para a necessidade
de sua presença na rede escolar. O serviço de orientação deve se estender a todos, não limitar-se aos casos-
problema, significando que as atividades desenvolvidas precisam ser preventivas antes de serem corretivas, haja
vista que este profissional da educação está diretamente relacionado com o desenvolvimento crítico e reflexivo
dos alunos. As ações necessitam contribuir para a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e atuantes na
sociedade. Dessa forma, ao Orientador Educacional é fundamental a busca pelo desenvolvimento integral do
aluno junto à escola e a comunidade, muitas vezes, precisa ser o mediador junto aos demais educadores,
promovendo o diálogo para uma melhor convivência entre todos no ambiente escolar e também fora dele.

Palavras-chave: Orientador Educacional. Professor. Aluno. Comunidade Escolar.

1. INTRODUÇÃO

A escola é o lugar onde o aluno aprende a conhecer a si mesmo, o outro, a se


comunicar e a interagir com a sociedade. A escola é o local em que os alunos buscam a
orientação necessária para o seu desenvolvimento. Nesse contexto, a contribuição do
Orientador Educacional é de suma importância para essa construção, pois esse profissional
promove a interação em todas as dimensões do grupo educativo no contexto escolar.
Esse profissional ocupa um lugar de destaque no convívio escolar tem como principal
missão, orientar, que segundo (Rios, 2010, p. 376), “Orientar significa guiar, nortear,

1
Professor de Matemática e Física na Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Toccheto – Passo Fundo, RS.
Graduado em Matemática- UPF/RS , Especialista em Matemática e Física –FAI/SC e Especialista em Gestão
Escolar- FAI/SC. Contato: mariopaseneto@yahoo.com.br.
2
SANTOS, Laercio Fernandes dos. Professor de Língua Portuguesa e Literatura da Escola EENAV, Graduado
em Letras/UPF, Especialização em Pedagogia Social (UPF), Especialização em EAD: Gestão e Tutoria
(UNIASSELVI) e Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e Literatura. Professor Tutor-Externo do Curso
de Letras UNIASSELVI/IEP - Passo Fundo. Contato: laerciofsanto@hotmail.com

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encaminhar, examinar os vários aspectos de uma questão”. Portanto, o Orientador


Educacional é um profissional responsável por auxiliar o professor no desenvolvimento
educacional dos alunos. Além disso, o orientador ajuda a escola na organização e elaboração
de propostas pedagógicas e no planejamento escolar, buscando sempre atender as
necessidades dos educandos.
Santos (1980) concebe a Orientação Educacional como sendo um conjunto de
princípios e estratégias, que considera a “pessoa” e busca orientar o desenvolvimento de sua
personalidade, levando em conta as informações, em diferentes áreas do saber.
A Orientação Educacional é aplicada há muito tempo, porém, seus processos
dinâmicos são recentes, mas em muitas escolas não existe a presença desses profissionais;
muitas vezes, essa função cabe aos diretores de escola e aos Coordenadores Pedagógicos.
Mas, pela constante transformação que a escola contemporânea passa e pelas mudanças
continuas no campo educacional não se admite que a escola não tenha este profissional em
atuação, haja vista que seu papel na escola é de suma importância. Ou seja, muitas são as
competências de atuação do Orientador Educacional junto à comunidade escolar, pois as
questões do dia-a-dia requerem e dão forma ao trabalho deste especialista.
Os Orientadores Educacionais estão sempre evidenciando qual é o seu papel, para que
serve a orientação e de que maneira a educação pode usufruir dos seus resultados. Tomando a
Orientação Educacional como uma colaboradora do processo pedagógico da escola, observa-
se sua atuação, hoje, de forma clara e transparente aos novos paradigmas das ciências
humanas voltados para as exigências do mundo moderno. A questão não é mais o ajustamento
do aluno à escola, família ou sociedade, mas a formação do cidadão para uma participação
mais consciente no mundo em que vive. Atualmente, pretende-se trabalhar com o aluno o
desenvolvimento do seu processo de cidadania, obtidas através do diálogo nas relações
estabelecidas. Nesse aspecto, Ferreira (1993, p. 17-18) salienta:

É pelo diálogo que os homens, nas condições de indivíduos cidadãos, constroem a


inteligibilidade das relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que
possa prejudicar a comunicação entre as pessoas, pois só através dela se pode chega
a um mínimo de consenso. (...) A cidadania aparece como o resultado da
comunicação intersubjetiva, através da qual, indivíduos livres concordam em
construir e viver numa sociedade melhor.

As principais atribuições legais do Orientador Educacional, conforme a Lei nº


5.564/1968, que regulamenta sobre o exercício da profissão, consiste em assistir ao educando,
individualmente ou em grupo no âmbito das escolas e sistemas escolares da Educação Básica,
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visando ao desenvolvimento do educando e integrando os elementos que exercem influência


em sua formação.
Do Orientador Educacional na atualidade se requer conhecimentos psicológicos e
sociais, que contemplem não apenas a extensão pessoal, mas um trabalho que atinge a
coletividade no ambiente escolar Desse modo, este profissional precisa apropriar-se de
conhecimentos que direcionam e norteiam a prática da orientação, no sentido de auxiliar o
aluno a superar os seus limites.
É importante considerar que o atual processo educativo requer a presença do deste
profissional nas escolas. Para tanto, faz-se necessário que as condições sejam criadas, que seja
dada a devida importância ao Orientador Educacional, que não se crie uma expectativa que o
mesmo resolva todos os problemas da escolar. O trabalho do Orientado Educacional se
diferencia do trabalho do Diretor, do Coordenador Pedagógico, do professor. O Diretor
administra a escola como um todo, o Coordenador Pedagógico fornece condições para que o
docente realize sua função de maneira satisfatória, já o Orientador Educacional cuida da
formação do aluno para a vida.

2. BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E SUA TRAJETÓRIA

Grinspun (2011) relata a origem da Orientação Educacional, a qual se iniciou com a


Orientação Vocacional, nos Estados Unidos, em 1908, com um caráter de aconselhador que
marca toda sua trajetória. Movimentos da época teriam feito aparecer tal prática no mundo
todo, com os movimentos em prol da psicometria da revolução industrial, da saúde mental e
das novas tendências pedagógicas.
Já a preocupação com a organização escolar surgiu apenas em 1912, em Detroit, nos
Estados Unidos, mas com uma particularidade de acolher a problemática vocacional e social
dos alunos de sua escola (Ibid, 2011).
No Brasil, segundo Grinspun (2011), a Orientação Educacional teve inicio em 1924,
no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, também com a função de Orientação Vocacional.
Já Nérici (1976) acredita que a primeira tentativa de Orientação Educacional no Brasil deve-
se a Lourenço Filho, que quando diretor do Departamento de Educação do Estado de São
Paulo criou o “Serviço de Orientação Profissional e Educacional”, em 1931 o qual tinha como
maior objetivo, guiar o indivíduo na escolha de seu lugar social pela profissão.
De acordo com Grinspun (2011, p. 26):
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Em termos de tentativas isoladas de Orientação, nos moldes americano ou europeu,


começam a ser estruturados os serviços de orientação nas escolas, cuja experiência
pioneira é de Aracy Muniz Freire e de Maria Junqueira Schmidt, no Colégio Amaro
Cavalcanti, no Rio de Janeiro, em 1934.

Para Grinspun (2011) foram as Leis Orgânicas de 1942, do ministro de Getúlio


Vargas, que pela primeira deixaram referências explicitas à Orientação Educacional. Sua
função teria caráter corretivo e direcionado para o atendimento aos alunos “problemas”. Outra
função seria a de velar para que os estudos e descanso do aluno ocorressem de acordo com as
normas pedagógicas mais adequadas. Também teria o papel de esclarecer possíveis dúvidas
dos alunos e orientar seus estudos para que sozinhos buscassem sua profissionalização. A
profissão também seria regulamentada, tendo o Orientador Educacional que fazer curso
próprio de Orientação Educacional. Na época a Orientação Educacional destinava-se,
principalmente, ao Ensino Técnico, ajudando na formação da mão-de-obra especializada e
qualificada, assumindo caráter terapêutico, preventivo, identificando aptidões, dons e
inclinações dos indivíduos.
Na Lei de Diretrizes e Bases nº 4024 de 1961, previa-se que o ensino normal se
encarrega da formação de Orientadores Educacionais para o primário, assim como prevê que
as faculdades de Filosofia formassem esse profissional para o atendimento do Ensino Médio
(Grispin, 2011). A referida lei fala mais sobre a formação do Orientador Educacional, do que
sobre o conceito da função deste profissional. Nesta lei, a Orientação Educacional vem com a
função de contribuir para a formação integral da personalidade do adolescente, para seu
ajustamento pessoal e social. Suas principais áreas de abrangência seriam as orientações
escolar, psicológica, profissional, da saúde, recreativa e familiar (Ibid, 2011).
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692 de 1971, a Orientação Educacional
assume um papel fundamental, sendo a área da Orientação Vocacional a mais privilegiada
para atender aos objetivos de ensino da própria lei. Neste sentido, em Grinspun (2011, p. 30 -
31) “o que se pretendia na realidade, era confirmar o ensino profissionalizante, obrigatório
que, através do aconselhamento vocacional, ofereceria a oportunidade de escolha de uma
profissão futura, compatível com as necessidades do mercado de trabalho”.
A Orientação Educacional começa a ser questionada a partir de 1980. O orientador
começa a participar de todos os momentos da escola, discutindo questões curriculares, como
objetivos, procedimentos, critérios de avaliação, metodologia de ensino, demostrando sua
preocupação com os alunos e o processo de aprendizagem. Os cursos de “reciclagem” que
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foram oferecidos aos orientadores contribuíram para que a discussão fosse mais ampla,
envolvendo as práticas, os valores que a norteavam, a realidade dos alunos, assim como o
mundo do trabalho.
Conforme Grinspun (2012) a trajetória histórica do Orientador Educacional no Brasil,
divide-se em seis períodos específicos. O primeiro período compreende-se de 1920 a 1941,
chamado de período Implementador, em que foi a fase de sedimentação da Orientação
Educacional no Brasil. O segundo período chamado de Institucional ocorreu entre 1942 a
1960, caracterizado pela exigência legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de
ensino e nos cursos de formação de Orientadores Educacionais. O período Transformador,
sendo o terceiro, aconteceu entre 1961 a 1970, período em que a Lei nº 4024/61 determinou
as Diretrizes e Bases da Educação, na qual a Orientação Educacional é caracterizada como
ação educativa, enfatizando a formação do orientador. O quarto período, chamado de
Disciplinador, aconteceu de 1971 a 1980, em que a Orientação Educacional tornou-se
obrigatória nas escolas, envolvendo-se com o aconselhamento educacional. O período
Questionador ocorreu entre 1980 a 1990, no qual o Orientador Educacional discutia suas
práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, ou seja, a sua realidade no meio social.
O último período da trajetória histórica da Orientação Educacional chamou-se de período
Orientador, assim denominado pelo fato dos orientadores acreditarem na possibilidade de
atuar na formação do educando de forma crítica e participativa, esse período implantou-se a
partir do ano de 1990.

3. DESAFIOS ATUAIS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

O papel do Orientador Educacional na dimensão contextualizada diz respeito,


basicamente ao estudo da realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, visando à
promoção do seu desenvolvimento. A Orientação Educacional, como abordado, não existe
para padronizar os alunos escolhidos como ajustados, disciplinados ou responsáveis. O
importante é a singularidade dentro do coletivo.
A prática não vem desvinculada de uma teoria, pois o Orientador precisa juntar-se aos
demais profissionais da educação, considerando suas especificidades, favorecendo as relações
entre o desenvolvimento e o ambiente sociocultural. Desse modo, é importante salientar que o
Orientador Educacional não deve ser confundido como um psicólogo escolar; esse é um dos
desafios da atualidade que este profissional tem que fazer valer dentro da escola, mostrando
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qual é realmente o seu trabalho dentro do contexto escolar atual. Pode-se destacar que este
profissional dentro dos desafios diários da escola necessita intermediar conflitos escolares,
auxiliar os professores em relação às dificuldades de aprendizagem escolar, encaminhar casos
específicos de alunos para outros profissionais, como área da saúde, assistência social, entre
outros.
A Orientação Educacional abrange o ser humano como um todo, atualmente está
ligada diretamente à formação de um aluno consciente de seu papel no mundo. Como o
orientador, não possui um procedimento a seguir, seu compromisso é com a formação
permanente do aluno, especialmente no que diz respeito aos valores, atitudes, emoções e
sentimentos. As atividades desenvolvidas por este profissional constituem um grande desafio,
pois, ele precisa interagir e contribuir no coletivo, não pode atuar sozinho, desvinculado dos
docentes da escola.
Nesse aspecto, Grinspun (2012, p. 25) diz:

A orientação; hoje está mobilizada com outros fatores que não apenas e unicamente
cuidar e ajudar os “alunos com problema”. Há, portanto, necessidade de nos
inserirmos em uma nova abordagem de Orientação voltada para a construção de um
cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente.

As questões de autoestima, autoimagem e autorrealização, dentre outras, continuam


como questões básicas na prática do Orientador Educacional, devendo ser trabalhadas junto
aos alunos, na realidade concreta e objetiva. Essa realidade será tratada como um desafio para
o orientador a partir dos valores que envolvem o profissional, da ética que o constitui do
significado histórico que o determina. A realidade, não só do aluno, mas do próprio contexto
histórico precisa ser compreendida de forma ampla, haja vista que “a formação dos cidadãos,
devido às sucessivas mudanças que ocorrem no contexto mundial e nacional, requer o
delineamento de novas formas de ver, de ser, de agir; consequentemente, requer o
aprimoramento dos meios que possibilitem construir conhecimentos”. Sartori (2013, p. 36).
A despeito disso, na atualidade o Orientador Educacional sente-se desafiado em sua
prática, pois, precisa ser criativo, permitir o sonho, recuperar a literatura, a poesia, entre
outros. O conhecimento não exclui o sentimento, o desejo, a paixão. Precisa-se encontrar em
cada um ser esse espaço e deixa-lo fluir, pois, o aluno é o centro de atenção, responsável
maior pelo trabalho dos Orientadores Educacionais, merece que se tenha uma prática
realmente comprometida com a formação de cidadão do aluno.

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Outra forma de atuação deste profissional é de incentivar o corpo discente no processo


de sua aprendizagem; orientá-lo para as temáticas sociais e afetivas; auxiliá-lo na sua escolha
profissional, dentre outras. Essas atividades sempre se realizam com o apoio e/ou parceria de
diversas fontes, considerando a estrutura educacional, os professores, os pais e até mesmo os
próprios alunos (Sanches, 1999).
Nesse contexto, o Orientador Educacional depara-se, hoje, com a reflexão sobre a
necessidade de mudança de sua prática, consciente de seu importante papel na rede de ensino.
É preciso, portanto, sua atuação de forma integral no processo educativo, sendo que o
conhecimento deste profissional envolve várias áreas do saber. Se antes, o aluno problema era
o foco da Orientação Educacional, hoje não é mais, haja vista que as áreas de atuação deste
profissional tornaram-se mais amplas, uma vez que não atua mais somente com os alunos,
mas com a comunidade escolar como um todo. Nesse sentido, Porto (2009, p. 66) diz:

Deve-se ampliar a visão sobre o trabalho na escola, buscando alternativas de


atuação, concluindo pela necessidade de atuar no contexto, difícil de delimitar,
porém aponta para o orientador a importância de ver a escola como um todo, interna
e externamente, inserida em uma comunidade específica para a qual deve estar
aberta.

Analisando por uma perspectiva teórica prática nos desafios atuais de um Orientador
Educacional muitos dos desafios enfrentados ao se comparar com todos os profissionais da
escola, talvez, este tenha sido o mais profundamente atingido pelas críticas. Diante disso,
alguns assumiram culpas e abandonaram o que faziam, permitiram-se um novo conhecimento
sobre a compreensão das implicações desses conhecimentos para o seu trabalho. Mas, houve
aqueles que por diversas razões, possivelmente, continuassem com sua prática nas escolas de
forma ultrapassada sem aprimorar-se aos desafios atuais.
Outra situação que Orientador Educacional enfrenta, algumas vezes, é fazer com que o
professor regente de classe participe da Orientação Educacional; muitos professores acham
difícil participar, justificando falta de tempo, sobrecarga de aulas, não compreendem bem essa
intervenção, ou seja, sentem-se inseguros para colaborar ou não dão a devida importância e
consideram desnecessário. Contudo, o Orientador Educacional da escola deve desafiar-se a
promover esclarecimentos necessários sobre a orientação. Todo o educador tem necessidade
de conhecer sobre o assunto – orientação - para exercer sua função enquanto profissional da
educação, comprometido com o desenvolvimento dos alunos. O professor será sempre um
orientador, que necessita estar preparado para as situações cotidianas da sala de aula. Diante

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disto, mais uma situação a ser trabalhada pelo Orientador Educacional na escola é de fazer
com que o professor se engaje e se comprometa com as realizações da escola como um todo.
Segundo esse enfoque, Luck (2013, p. 46-47) diz:

O orientador educacional assume o papel de assistência ao professor no sentido de


que o mesmo possa desenvolver uma ação educativa integrada, pela consideração
aos aspectos afetivos do educando, juntamente com os cognitivos e psicomotores e
pela promoção desses três aspectos. E ainda para que o professor possa entender e
atender às necessidades dos educandos, mediante análise da dinâmica do
relacionamento interpessoal de sua turma, observação objetiva de comportamentos e
reações.

Nesse âmbito, fica explícito que o Orientador Educacional é bem mais que um
“apagador de incêndio”, ele desempenha o que se chama de sustentabilidade educacional, ou
seja, uma espécie suporte paralelo junto ao professor, com o trabalho voltado para a
construção do conhecimento, porque esse processo ocorrerá somente quando o educando está
amparado em todos os sentidos. E nesse olhar, o Educador desempenha uma ação primordial,
bem como expressa a autora.

4. O ORIENTADOR EDUCACIONAL ATUANDO NA ESCOLA

A visão contemporânea de Orientação Educacional aponta para o aluno como centro


da ação pedagógica, cabendo ao orientador atender todos os alunos em suas solicitações e
expectativas, não restringindo sua ação apenas nos alunos que apresentam problemas
disciplinares ou dificuldades de aprendizagem.
Nesse encadeamento, o orientador precisa ser mediador entre o aluno e o meio social,
discutindo os problemas atuais que fazem parte do contexto sociopolítico, econômico e
cultural. Assim, por meio da problematização, pode levar o aluno ao estabelecimento de
relações e ao desenvolvimento da consciência crítica. As relações que se estabelecem no
cotidiano escolar, em especial o relacionamento com os colegas, podem receber contribuições
do profissional de Orientação Educacional.
Tomando como ponto de partida que o Orientador Educacional é um educador, seu
trabalho precisa voltar-se ao que é fundamental na escola: o currículo, o ensino, o ato de
aprender e todas as relações decorrentes. A Orientação Educacional necessita fazer parte da
proposta pedagógica da escola; é fundamental que todos trabalhem coletivamente e com os
mesmos objetivos. A educação como prática social precisa definir o sentido que pretende
seguir para transformar o aluno e interferir em sua aprendizagem; quais conteúdos e meios
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devem ser utilizados para alcançar as metas educacionais na escola. Então, se o objetivo da
educação é a promoção e a transformação do aluno, o Orientador Educacional juntamente
com os demais membros da equipe escolar necessitam ter este compromisso firmado
coletivamente.
Nesse sentido, Grinspun (2011, p. 63) diz que:

O orientador faz a análise, junto com todos os protagonistas desse cotidiano, para
que se tenha, tanto quanto possível, uma visão mais objetiva do que ocorreu neste
dia-a-dia. Se a Orientação deve estar compromissada com o projeto politico
pedagógico da escola, a forma de melhor atuar nele, garantindo a qualidade, é
conhecer sua cotidianidade.

Com isso, percebe-se que o papel do Orientador Educacional com relação à família
não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas para longas reclamações sobre o
comportamento do filho, mas procurar caminhos junto com a família para que o espaço
escolar favoreça o educando. Vale salientar que uma das tarefas do Orientador Educacional na
escola é conhecer a comunidade a qual os alunos pertencem e, nesse conhecimento da
comunidade ver as situações que facilitam e/ou dificultam a vida do aluno; nesse contato,
muitas vezes, as coisas se esclarecem do porque de certas atitudes do aluno na escola.
Assim, cabe ao Orientador Educacional, juntamente com a escola trazer a comunidade
para dentro dela, promovendo debates sobre temas de interesse da comunidade, bem como
dos alunos, envolvendo as questões do dia-a-dia. É fundamental que se estabeleça um clima
de constante diálogo entre escola, família e comunidade, lembrando que a escola deve estar
aberta à comunidade. Mas, algumas escolas não fazem esse processo de estabelecer as
relações saudáveis com a comunidade, o que poderia evitar acontecimentos, como o
vandalismo, a violência, entre outros.
Durante muito tempo a atuação do Orientador Educacional na escola ficou restrita as
situações de crise, isto é, o orientador era solicitado para atuar sempre onde havia um
problema. Dessa forma, seu trabalho na escola era totalmente dissociado do processo
educativo, pois se esperava que ele resolvesse os problemas apontados, mas na verdade o
orientador está presente na escola para apoiar todos os segmentos relevantes e não para
solucionar sozinho e de forma “milagrosa” as situações cotidianas que emergem na escola. É
necessário frisar que o docente faz parte desse processo, não somente transmitir o
conhecimento aos alunos, mas apoiar na resolução das situações cotidianas da escola, pois o

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orientador não pode ser procurado apenas quando surgem as necessidades pontuais, mas deve
ser parte do processo como um todo.
Nessa ação integrada entre o Orientador Educacional e a escola num todo, para Lück
(2013, p. 28):

O orientador assume a função de assistência ao professor aos pais, às pessoas da


escola com os quais os educandos mantêm contatos significativos, no sentido de que
estes se tornem mais preparados para entender e atender as necessidades dos
educandos, tanto com relação aos aspectos cognitivos e psicomotores, com os
afetivos.

Para o Orientador Educacional os conflitos que acontecem na escola são importantes


fontes de aprendizagem, na medida em que possibilita o diálogo para resolver a situação de
“conflito”, a divergência. Cabe destacar que a abrangência da ação do Orientador
Educacional, não o exclui de fazer atendimentos individuais na escola, reuniões de pequenos
grupos e outros. Mas, há algo no trabalho do Orientador Educacional na escola que não pode
ficar obscuro, pois, além do comprometimento com os problemas de ensino e aprendizagem, é
preciso atuar para que a escola não perca a dimensão do humano. Numa sociedade cada vez
mais em crise, em que os valores humanos por vezes são esquecidos, é preciso, cada vez mais,
criar oportunidade dos professores, alunos e pais discutirem questões presentes no dia-a-dia
do homem, “embora a escola não tenha a solução para esses problemas, ela deve se constituir
em um espaço excelente de discussão que muito poderá contribuir para a formação da
consciência crítica dos alunos”. PORTO (2009, p.71).
Atualmente, o Orientador Educacional não atua mais por ser uma profissão que deva
existir pela “obrigação”, pois na Lei 9.394/96 não há obrigatoriedade da orientação. Nesse
aspecto, Grinspun (2011, p. 35) afirma que o orientador deve atuar:

(...) por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos
demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado,
compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo
educacional.

Com essa afirmativa, entende-se que o papel do Orientador torna-se muito mais abrangente.
Não há como negar, frente ao exposto da autora, que o profissional que hora se fala é adentrar
nas relações humanas que perpassam o cotidiano escolar, muito mais do que se vê nas escolas.

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5. PRINCÍPIOS ÉTICOS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

O trabalho do Orientador Educacional é importante, complexo, ou seja, de grande


responsabilidade. Mas, para que este trabalho seja realizado com qualidade é necessário que o
profissional tenha formação na área, esteja em constante atualização, não esquecendo o
comportamento ético, pois esse profissional está lidando com pessoas, o que envolve sempre
conduta adequada. Ou seja, como todo e qualquer profissional, sua atuação deve ser pautada
por princípios éticos. O comportamento ético em relação às informações sobre alunos,
funcionários, pessoas da comunidade, é um dos principais aspectos a serem considerados,
pois a confiança na pessoa do Orientador Educacional é fundamental para o êxito de sua
atuação. Isso fica claro na exposição de Grinspun (2008, p. 130):

A escola é lugar de educação e, portanto, de formação de atitudes. Assim,


considera-se relevante definir critérios de conduta, pautados em seriedade, verdade,
união, respeito humano. A ética é valor pessoal e social indispensável à qualidade
das ações, para que preservem e dignifiquem a instituição, os professores, os
funcionários, os alunos e as famílias.

Um fato que ocorre repetidamente é a solicitação de informações sobre os alunos pelos


professores. Neste caso, o Orientador Educacional precisa tomar muito cuidado, fornecendo
apenas informações que sejam relevantes. Isso fica claro na exposição de Giacaglia &
Penteado (2010, p. 78):

Há também de considerar razões de natureza psicológica para a não divulgação dos


dados. Trata-se do “efeito Rosenthal” ou “profecia autorrealizável”, segundo a qual
quando um professor desenvolve expectativas de que um aluno ou um grupo de
alunos irá ter insucesso escolar, tais expectativas podem se transformar,
inconscientemente, por parte do professor, em fator ou causa do respectivo fracasso
daqueles alunos.

Segundo Giacaglia & Penteado (2010) professores que tem uma visão positiva dos
alunos tendem a estimular o lado bom desses alunos para que obtenham melhores resultados;
ao contrário dos educadores que não tem estima por seus alunos, esses adotam posturas que
acabam comprometendo o desempenho dos estudantes.
Com relação à família, o Orientador Educacional necessita ser cauteloso no que se
refere aos aconselhamentos, pois muitas situações envolvem questões morais e religiosas,
próprias de cada família, e que passam esses valores aos filhos. Então, não se podem criar
situações de incompatibilidade entre o aluno e a família. O Orientador Educacional pode levar

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a família a refletir sobre os problemas, discutindo e sugerindo-lhes algumas alternativas para


que possam decidir por uma ou por outra via.
É importante, ainda, ressaltar que o Orientador Educacional precisa ser prudente
dentro e fora da escola, quando consultado sobre os problemas ou situações, que seja
cauteloso nas suas respostas sobre situações difíceis. Neste sentido, enfatizam Giacaglia &
Penteado (2010, p. 79):

[...] o orientador educacional precisa ter consciência, em cada caso, das suas
condições e preparo para prestar uma ajuda efetiva. Ele não deve ir além do que é
capaz. Nos casos mais difíceis, e em relação aos quais não se sinta perfeitamente
seguro, não deve assumir sozinho o aconselhamento, mas sim procurar o auxílio de
outros profissionais.

Considerando basicamente a conduta ética profissional do Orientador Educacional,


faz-se necessário ressaltar algumas condutas pessoais deste profissional, devido às várias
relações que o cercam, que fazem parte de diferentes faixas etárias, níveis socioeconômicos e
culturais. Gicaglia & Penteado (2010, p. 80) dizem que o Orientador Educacional necessita
de: “ter discrição em sua vida pessoal, em público, mesmo quando fora do local, ou do horário
de trabalho, afim que sua imagem seja sempre preservada de comentários desabonadores ou
comprometedores”.
Esse conjunto de ideias é expresso por Freire, (1995, p. 19 apud GRINSPUN, 2012,
p.123-124):

O compromisso, próprio da existência humana, só existe no engajamento com a


realidade de cujas “águas” os homens verdadeiramente comprometidos ficam
“molhados”, ensopados. Somente assim o compromisso é verdadeiro. Ao
experiênciá-lo, num ato que necessariamente é corajoso, decidido e consciente, os
homens já não se dizem neutros.

Somente pode exercer a profissão de Orientador Educacional no Brasil a pessoa


legalmente habilitada, nos termos da legislação em vigor. A formação profissional exigida
para atuar como Orientador Educacional, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação -
LDBEN, Lei Federal nº 9394/96 que regulamenta no artigo 64 os seus requisitos de
escolaridade diz que:

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento,


inspeção, supervisão e orientação educacional para educação básica, será feita em
cursos de graduação em pedagogia ou nível de pós-graduação, a critério da
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

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É preciso destacar que em 13 de dezembro de 2005, o Conselho Nacional de Educação


aprovou o Projeto de Resolução que institui as Diretrizes Curriculares para o Curso de
Pedagogia- Licenciatura, aprovado por meio do Parecer nº 5/2005, e que foi contemplada a
formação dos especialistas, apesar do questionamento judicial posterior, devido não estar
clara a formação de especialistas no Curso de Pedagogia. O Parecer nº 5/2005, art. 14, diz que
“A formação dos demais professores de educação, nos termos do art. 64 da Lei nº 9.394/96,
será realizada em cursos de pós-graduação, especialmente estruturados para este fim, aberto a
todos os licenciados”.
Diante do questionamento citado, o Conselho Nacional de Educação (Conselho
Pleno), decidiu alterar e dar uma nova redação por meio do Parecer nº 3/2006, dizendo:

Art.14. A Licenciatura em Pedagogia nos termos do Parecer CNE/CP nº 5/2005 e


desta resolução assegura a formação de profissionais da educação prevista no art. 64,
em conformidade com o inciso VIII do art. 3º da Lei nº 9.394/96.
§ 1º Esta formação profissional também poderá ser realizada em cursos de pós-
graduação, especialmente estruturados para este fim e abertos a todos os licenciados.
§ 2º Os cursos de pós-graduação indicados no § 1º deste artigo poderão ser
complementarmente disciplinados pelos respectivos sistemas de ensino, nos termos
do Parágrafo único do art. 67 da Lei nº 9.394/96.

Conforme Resolução nº 1, de 15 de maio de 2006, que institui as Diretrizes


Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia- Licenciatura a definição é de que:

Art. 4º - O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se a formação de professores


para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade normal, de
Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas
quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

Nesse sentido, Grinspun (2008, p. 156) diz que:

Diante dessas indicações e novas diretrizes curriculares, destacamos que a formação


dos supervisores e orientadores educacionais não é mais realizada de um modo
geral na graduação, e sim em nível de pós- graduação. Os licenciados, hoje, em
Pedagogia, estão relacionados a educação infantil e as séries iniciais, bem como as
áreas de atuação contempladas nas grades curriculares de seus cursos. (grifo do
autor).

Portanto, para atuar como Orientador Educacional deve-se seguir as exigências da Lei
vigente, pois a identidade do pedagogo/professor é a docência e do orientador educacional
constitui-se pela articulação e envolvimento nas diversas atividades e situações que ocorrem

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no ambiente escolar. Nesse sentido afirma-se que “a formação é necessária não apenas por
exigência legal, mas para estarmos mais bem preparados para fazermos o melhor no exercício
de nossas atribuições, consoante com o momento histórico social que vivemos e com as
conquistas, na educação, já apreendidas”. GRINSPUN (2008, p. 157).
No Estado do Rio Grande do Sul, o edital 01/2014 publicado no Diário Oficial do
Estado, em 21 de janeiro de 2014, refere que para Contratação de Profissionais em Orientação
Educacional, o candidato deveria ter Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação
específica em Orientação Educacional ou possuir Licenciatura Plena em qualquer disciplina
com pós-graduação específica em Orientação Educacional2.
Assim, na atuação profissional do Orientador Educacional é imprescindível que se
atue dentro de uma postura ética e sigilosa. Levando em consideração à posição que a função
lhes dá, não adentrando nas particularidades dos alunos e suas famílias, mas como um
mediador no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista sempre o desenvolvimento
cognitivo e de valores.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a Orientação Educacional caracteriza-se por um trabalho de dimensão


pedagógica muito mais abrangente do que no passado. Ela passa a ter caráter mediador junto
aos demais educadores, atuando em conjunto com todos os atores da escola no resgate de uma
ação mais efetiva e reflexiva, visando qualificar a educação nas escolas, tornando-as
democráticas e emancipadoras.
Diante disso, é que o orientador precisa estar mais comprometido com a formação da
cidadania dos discentes, considerando, em especial, o caráter da formação integral do sujeito.
Para tanto, é necessário compreender o desenvolvimento cognitivo, bem como a dimensão
afetividade: emoções, valores e atitudes. Da ênfase anterior à orientação individual e de
gabinete reforça-se, hoje, o enfoque coletivo, a construção coletiva da escola e da própria
sociedade, sem perder de vista que o coletivo é composto por seres humanos, que devem
pensar e agir a partir de questões reais, envolvendo tanto contradições e conflitos como
realizações bem sucedidas.
Por isso, é necessário conhecer a realidade para transformá-la, torná-la mais humana e
justa. O atendimento terapêutico e disciplinador atribuído historicamente ao Orientador

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Dados retirados do Site: www.educacao.rs.gov.br, acesso em: 24 fev. 2014.
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Educacional faz parte do passado; na atualidade ele deve atuar na promoção da integração
entre todas as culturas, envolvendo a escolar e a comunitária. Desse modo, é preciso criar
situações para desenvolver uma educação com responsabilidade, participação e liderança,
envolvendo o conjunto de atores envolvidos no processo educativo.
Portanto, ao orientador cabe não apenas contribuir para a formação do educando, mas
conhecer a realidade e, através de suas ações, instrumentalizar os indivíduos de forma que
consigam se sentir sujeitos e agentes da transformação social, para que a sociedade em geral
seja mais justa e humana. Nesse contexto cabe o orientador trabalhar no sentido de resgatar a
real função na educação dentro dos padrões éticos, para uma formação e ação humanizadora.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. In: Diário Oficial da União. Brasília: Ministério da Educação, 1996.
_______. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Conselho Pleno.
Resolução CNE/CP nº 01/2006, aprovado em: 15 de maio 2006. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura. In: Diário
Oficial da União. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
________. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Conselho Pleno.
Resolução CNE/CP nº 03/2006, aprovado em: 21 fev. Reexame do Parecer CNE/CP nº
05/2005, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia,
Licenciatura. In: Diário Oficial da União. Brasília: Ministério da Educação, 2006.
________. Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Conselho Pleno.
Resolução CNE/CP nº 05/2005, aprovado em: 13 dez. 2005. Institui Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de Pedagogia, Licenciatura. In: Diário Oficial da União. Brasília:
Ministério da Educação, 2005.
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perspectiva de integração na escola. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008
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escola. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
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