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RESUMO
A reflexão apresentada nesse artigo desenvolve um processo reflexivo acerca do papel, da importância,
das atribuições, bem como dos desafios do Orientador Educacional no âmbito escolar. Muito se discute sobre os
limites e possibilidades deste especialista, pois, para muitos a Orientação Educacional ainda hoje é o lugar dos
encaminhamentos médicos, psicológicos, dentre outros, especialmente, para onde os alunos indesejáveis são
encaminhados. Nesse sentido, esse artigo apresenta, nos limites do próprio estudo, o papel deste profissional na
escola e sua importância, de uma forma crítica sobre a especificidade do trabalho, apontando para a necessidade
de sua presença na rede escolar. O serviço de orientação deve se estender a todos, não limitar-se aos casos-
problema, significando que as atividades desenvolvidas precisam ser preventivas antes de serem corretivas, haja
vista que este profissional da educação está diretamente relacionado com o desenvolvimento crítico e reflexivo
dos alunos. As ações necessitam contribuir para a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e atuantes na
sociedade. Dessa forma, ao Orientador Educacional é fundamental a busca pelo desenvolvimento integral do
aluno junto à escola e a comunidade, muitas vezes, precisa ser o mediador junto aos demais educadores,
promovendo o diálogo para uma melhor convivência entre todos no ambiente escolar e também fora dele.
1. INTRODUÇÃO
1
Professor de Matemática e Física na Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Toccheto – Passo Fundo, RS.
Graduado em Matemática- UPF/RS , Especialista em Matemática e Física –FAI/SC e Especialista em Gestão
Escolar- FAI/SC. Contato: mariopaseneto@yahoo.com.br.
2
SANTOS, Laercio Fernandes dos. Professor de Língua Portuguesa e Literatura da Escola EENAV, Graduado
em Letras/UPF, Especialização em Pedagogia Social (UPF), Especialização em EAD: Gestão e Tutoria
(UNIASSELVI) e Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa e Literatura. Professor Tutor-Externo do Curso
de Letras UNIASSELVI/IEP - Passo Fundo. Contato: laerciofsanto@hotmail.com
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foram oferecidos aos orientadores contribuíram para que a discussão fosse mais ampla,
envolvendo as práticas, os valores que a norteavam, a realidade dos alunos, assim como o
mundo do trabalho.
Conforme Grinspun (2012) a trajetória histórica do Orientador Educacional no Brasil,
divide-se em seis períodos específicos. O primeiro período compreende-se de 1920 a 1941,
chamado de período Implementador, em que foi a fase de sedimentação da Orientação
Educacional no Brasil. O segundo período chamado de Institucional ocorreu entre 1942 a
1960, caracterizado pela exigência legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de
ensino e nos cursos de formação de Orientadores Educacionais. O período Transformador,
sendo o terceiro, aconteceu entre 1961 a 1970, período em que a Lei nº 4024/61 determinou
as Diretrizes e Bases da Educação, na qual a Orientação Educacional é caracterizada como
ação educativa, enfatizando a formação do orientador. O quarto período, chamado de
Disciplinador, aconteceu de 1971 a 1980, em que a Orientação Educacional tornou-se
obrigatória nas escolas, envolvendo-se com o aconselhamento educacional. O período
Questionador ocorreu entre 1980 a 1990, no qual o Orientador Educacional discutia suas
práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, ou seja, a sua realidade no meio social.
O último período da trajetória histórica da Orientação Educacional chamou-se de período
Orientador, assim denominado pelo fato dos orientadores acreditarem na possibilidade de
atuar na formação do educando de forma crítica e participativa, esse período implantou-se a
partir do ano de 1990.
qual é realmente o seu trabalho dentro do contexto escolar atual. Pode-se destacar que este
profissional dentro dos desafios diários da escola necessita intermediar conflitos escolares,
auxiliar os professores em relação às dificuldades de aprendizagem escolar, encaminhar casos
específicos de alunos para outros profissionais, como área da saúde, assistência social, entre
outros.
A Orientação Educacional abrange o ser humano como um todo, atualmente está
ligada diretamente à formação de um aluno consciente de seu papel no mundo. Como o
orientador, não possui um procedimento a seguir, seu compromisso é com a formação
permanente do aluno, especialmente no que diz respeito aos valores, atitudes, emoções e
sentimentos. As atividades desenvolvidas por este profissional constituem um grande desafio,
pois, ele precisa interagir e contribuir no coletivo, não pode atuar sozinho, desvinculado dos
docentes da escola.
Nesse aspecto, Grinspun (2012, p. 25) diz:
A orientação; hoje está mobilizada com outros fatores que não apenas e unicamente
cuidar e ajudar os “alunos com problema”. Há, portanto, necessidade de nos
inserirmos em uma nova abordagem de Orientação voltada para a construção de um
cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente.
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Analisando por uma perspectiva teórica prática nos desafios atuais de um Orientador
Educacional muitos dos desafios enfrentados ao se comparar com todos os profissionais da
escola, talvez, este tenha sido o mais profundamente atingido pelas críticas. Diante disso,
alguns assumiram culpas e abandonaram o que faziam, permitiram-se um novo conhecimento
sobre a compreensão das implicações desses conhecimentos para o seu trabalho. Mas, houve
aqueles que por diversas razões, possivelmente, continuassem com sua prática nas escolas de
forma ultrapassada sem aprimorar-se aos desafios atuais.
Outra situação que Orientador Educacional enfrenta, algumas vezes, é fazer com que o
professor regente de classe participe da Orientação Educacional; muitos professores acham
difícil participar, justificando falta de tempo, sobrecarga de aulas, não compreendem bem essa
intervenção, ou seja, sentem-se inseguros para colaborar ou não dão a devida importância e
consideram desnecessário. Contudo, o Orientador Educacional da escola deve desafiar-se a
promover esclarecimentos necessários sobre a orientação. Todo o educador tem necessidade
de conhecer sobre o assunto – orientação - para exercer sua função enquanto profissional da
educação, comprometido com o desenvolvimento dos alunos. O professor será sempre um
orientador, que necessita estar preparado para as situações cotidianas da sala de aula. Diante
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disto, mais uma situação a ser trabalhada pelo Orientador Educacional na escola é de fazer
com que o professor se engaje e se comprometa com as realizações da escola como um todo.
Segundo esse enfoque, Luck (2013, p. 46-47) diz:
Nesse âmbito, fica explícito que o Orientador Educacional é bem mais que um
“apagador de incêndio”, ele desempenha o que se chama de sustentabilidade educacional, ou
seja, uma espécie suporte paralelo junto ao professor, com o trabalho voltado para a
construção do conhecimento, porque esse processo ocorrerá somente quando o educando está
amparado em todos os sentidos. E nesse olhar, o Educador desempenha uma ação primordial,
bem como expressa a autora.
devem ser utilizados para alcançar as metas educacionais na escola. Então, se o objetivo da
educação é a promoção e a transformação do aluno, o Orientador Educacional juntamente
com os demais membros da equipe escolar necessitam ter este compromisso firmado
coletivamente.
Nesse sentido, Grinspun (2011, p. 63) diz que:
O orientador faz a análise, junto com todos os protagonistas desse cotidiano, para
que se tenha, tanto quanto possível, uma visão mais objetiva do que ocorreu neste
dia-a-dia. Se a Orientação deve estar compromissada com o projeto politico
pedagógico da escola, a forma de melhor atuar nele, garantindo a qualidade, é
conhecer sua cotidianidade.
Com isso, percebe-se que o papel do Orientador Educacional com relação à família
não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas para longas reclamações sobre o
comportamento do filho, mas procurar caminhos junto com a família para que o espaço
escolar favoreça o educando. Vale salientar que uma das tarefas do Orientador Educacional na
escola é conhecer a comunidade a qual os alunos pertencem e, nesse conhecimento da
comunidade ver as situações que facilitam e/ou dificultam a vida do aluno; nesse contato,
muitas vezes, as coisas se esclarecem do porque de certas atitudes do aluno na escola.
Assim, cabe ao Orientador Educacional, juntamente com a escola trazer a comunidade
para dentro dela, promovendo debates sobre temas de interesse da comunidade, bem como
dos alunos, envolvendo as questões do dia-a-dia. É fundamental que se estabeleça um clima
de constante diálogo entre escola, família e comunidade, lembrando que a escola deve estar
aberta à comunidade. Mas, algumas escolas não fazem esse processo de estabelecer as
relações saudáveis com a comunidade, o que poderia evitar acontecimentos, como o
vandalismo, a violência, entre outros.
Durante muito tempo a atuação do Orientador Educacional na escola ficou restrita as
situações de crise, isto é, o orientador era solicitado para atuar sempre onde havia um
problema. Dessa forma, seu trabalho na escola era totalmente dissociado do processo
educativo, pois se esperava que ele resolvesse os problemas apontados, mas na verdade o
orientador está presente na escola para apoiar todos os segmentos relevantes e não para
solucionar sozinho e de forma “milagrosa” as situações cotidianas que emergem na escola. É
necessário frisar que o docente faz parte desse processo, não somente transmitir o
conhecimento aos alunos, mas apoiar na resolução das situações cotidianas da escola, pois o
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orientador não pode ser procurado apenas quando surgem as necessidades pontuais, mas deve
ser parte do processo como um todo.
Nessa ação integrada entre o Orientador Educacional e a escola num todo, para Lück
(2013, p. 28):
(...) por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos
demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado,
compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo
educacional.
Com essa afirmativa, entende-se que o papel do Orientador torna-se muito mais abrangente.
Não há como negar, frente ao exposto da autora, que o profissional que hora se fala é adentrar
nas relações humanas que perpassam o cotidiano escolar, muito mais do que se vê nas escolas.
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Segundo Giacaglia & Penteado (2010) professores que tem uma visão positiva dos
alunos tendem a estimular o lado bom desses alunos para que obtenham melhores resultados;
ao contrário dos educadores que não tem estima por seus alunos, esses adotam posturas que
acabam comprometendo o desempenho dos estudantes.
Com relação à família, o Orientador Educacional necessita ser cauteloso no que se
refere aos aconselhamentos, pois muitas situações envolvem questões morais e religiosas,
próprias de cada família, e que passam esses valores aos filhos. Então, não se podem criar
situações de incompatibilidade entre o aluno e a família. O Orientador Educacional pode levar
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[...] o orientador educacional precisa ter consciência, em cada caso, das suas
condições e preparo para prestar uma ajuda efetiva. Ele não deve ir além do que é
capaz. Nos casos mais difíceis, e em relação aos quais não se sinta perfeitamente
seguro, não deve assumir sozinho o aconselhamento, mas sim procurar o auxílio de
outros profissionais.
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Portanto, para atuar como Orientador Educacional deve-se seguir as exigências da Lei
vigente, pois a identidade do pedagogo/professor é a docência e do orientador educacional
constitui-se pela articulação e envolvimento nas diversas atividades e situações que ocorrem
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no ambiente escolar. Nesse sentido afirma-se que “a formação é necessária não apenas por
exigência legal, mas para estarmos mais bem preparados para fazermos o melhor no exercício
de nossas atribuições, consoante com o momento histórico social que vivemos e com as
conquistas, na educação, já apreendidas”. GRINSPUN (2008, p. 157).
No Estado do Rio Grande do Sul, o edital 01/2014 publicado no Diário Oficial do
Estado, em 21 de janeiro de 2014, refere que para Contratação de Profissionais em Orientação
Educacional, o candidato deveria ter Licenciatura Plena em Pedagogia, com habilitação
específica em Orientação Educacional ou possuir Licenciatura Plena em qualquer disciplina
com pós-graduação específica em Orientação Educacional2.
Assim, na atuação profissional do Orientador Educacional é imprescindível que se
atue dentro de uma postura ética e sigilosa. Levando em consideração à posição que a função
lhes dá, não adentrando nas particularidades dos alunos e suas famílias, mas como um
mediador no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista sempre o desenvolvimento
cognitivo e de valores.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Dados retirados do Site: www.educacao.rs.gov.br, acesso em: 24 fev. 2014.
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Educacional faz parte do passado; na atualidade ele deve atuar na promoção da integração
entre todas as culturas, envolvendo a escolar e a comunitária. Desse modo, é preciso criar
situações para desenvolver uma educação com responsabilidade, participação e liderança,
envolvendo o conjunto de atores envolvidos no processo educativo.
Portanto, ao orientador cabe não apenas contribuir para a formação do educando, mas
conhecer a realidade e, através de suas ações, instrumentalizar os indivíduos de forma que
consigam se sentir sujeitos e agentes da transformação social, para que a sociedade em geral
seja mais justa e humana. Nesse contexto cabe o orientador trabalhar no sentido de resgatar a
real função na educação dentro dos padrões éticos, para uma formação e ação humanizadora.
REFERÊNCIAS
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PORTO, Olivia. Orientação Educacional: teoria, prática e ação. Rio de Janeiro: Wak,
2009.
RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário Escolar da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL,
2010.
SANCHES, Cida. Orientação Educacional e o adolescente. São Paulo: Arte & Ciência,
1999.
SANTOS, Oswaldo de Barros. Psicologia aplicada à orientação e seleção profissional. São
Paulo: Pioneira, 1980.
SARTORI, Jerônimo. Formação do professor em serviço: Da (re) construção teórica e da
ressignificação da prática. Passo Fundo: Ed. da Universidade de Passo Fundo, 2013.
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