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Grupo I
Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.
Ressurreição
Porque a forma das coisas lhe fugia,
O poeta deitou-se e teve sono.
Mais nenhuma ilusão lhe apetecia,
Mais nenhum coração era seu dono.
5
1. Apresenta, com base nas duas quadras, quatro razões que justifiquem o sono do poeta.
O poeta «deitou-se e teve sono» porque nada motivava ou inspirava a sua arte poética: não tinha
sentimentos amorosos («nenhum coração era seu dono»), estava incapaz de viver ilusões («Mais nenhuma
ilusão lhe apetecia»); tudo nele e à sua volta era decadência e abandono («Cada fruto maduro apodrecia; /
Cada ninho morria de abandono». Tudo aponta para o desaparecimento e morte do poeta.
2. Estabelece uma relação entre o primeiro terceto e o «despertar» do poeta.
No primeiro terceto, fica claro que o adormecimento do poeta, referido anteriormente, se integra na
«razão da vida» porque só esta é capaz de perspetivar a organização cíclica, o ritmo das estações do ano.
Assim, se no inverno a natureza descansa, na primavera a natureza acorda e os seus rebentos brotam. O
mesmo acontece ao poeta que, após ter «adormecido», «hibernado», «desperta» do seu sono capaz de
deitar os seus rebentos: o poema.
3. Analisa a expressividade da metáfora final do poema, relacionando-a com o título.
A metáfora associa o ofício do poeta à Natureza. O poeta, após ter «adormecido» (no período do inverno),
acorda com a energia da Natureza em plena primavera: a sua seiva, cheia de vitalidade, está pronta para
gerar nova vida. Da mesma forma, a «seiva do poema» está pronta para dar vida a nova arte poética que
significará a ressurreição do poeta que se anuncia no título.
(Sentidos 12)
GRUPO I
Apenas um corpo
GRUPO I
Leia o poema.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
15 E mesmo pálidas
15 verdes paraísos lembram ainda.
GRUPO I
Apresente as respostas de forma bem estruturada.
Texto A
Leia o texto.
Aos Poetas
1 Somos nós Por isso a vós, Poetas, eu levanto
As humanas cigarras. 25 A taça fraternal deste meu canto,
Nós, E bebo em vossa honra o doce vinho
Desde o tempo de Esopo conhecidos... Da amizade e da paz.
5
Nós, Vinho que não é meu,
Preguiçosos insetos perseguidos. Mas sim do mosto que a beleza traz.
30
Somos nós os ridículos comparsas E vos digo e conjuro que canteis.
Da fábula burguesa da formiga. Que sejais menestréis
Nós, a tribo faminta de ciganos Duma gesta de amor universal.
10
Que se abriga Duma epopeia que não tenha reis,
Ao luar. Mas homens de tamanho natural.
35
Nós, que nunca passamos,
Homens de toda a terra sem fronteiras.
A passar...
De todos os feitios e maneiras,
Somos nós, e só nós podemos ter Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Asas sonoras. Crias de Adão e Eva verdadeiras.
15
Asas que em certas horas 40
Homens da torre de Babel.
Palpitam.
Homens do dia a dia
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Que levantem paredes de ilusão.
Da sepultura.
Homens de pés no chão,
20 E que da planura
Que se calcem de sonho e de poesia
Da seara
Pela graça infantil da vossa mão.
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Miguel Torga, in Odes, 1946.
1. «Somos nós / As humanas cigarras.» (vv. 1-2)
• Na primeira parte do poema, o sujeito poético caracteriza o ofício de poeta, aludindo à fábula da «cigarra e da formiga».
Explique e justifique essa alusão nas duas primeiras estrofes.
A partir dos versos iniciais, o sujeito poético estabelece uma identificação dos poetas com a cigarra da fábula de Esopo. Como
a cigarra, os poetas são considerados preguiçosos, uma espécie de saltimbancos cujo trabalho não é levado a sério e que
pagam com a miséria a vida levada a cantar, ou seja, a vida dedicada à poesia.
2. Explicite a exortação feita nas três últimas estrofes, apontando três valores universais da poesia para os
quais apela o sujeito poético.
Na segunda parte do poema, o sujeito faz uma saudação fraternal e uma exortação aos Poetas, no sentido de cantarem, de
exercerem o seu ofício. Mas a poesia a escrever deverá ser um hino de humanidade, orientada por valores universais: «amor
universal», igualdade entre os homens, canto do homem comum.
3. Interprete o valor da metáfora «asas» usada na terceira estrofe, relacionando-a com o conteúdo geral do poema.
São as asas da cigarra que produzem o seu canto e que, neste contexto de associação entre a cigarra e o poeta, são a metáfora
da voz do poeta, o seu canto. Como as asas / canto da cigarra, a voz do poeta ora triste, ora pujante de energia, ergue-se acima
da contingência, elevando a condição humana.
(Palavras 12)
A. Lê o texto.
Pequena Elegia Chamada Domingo
O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
5 estavam os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.
Hoje os montes e os rios
10
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios…)
15
O domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.
Eugénio de Andrade, Primeiros Poemas / As Mãos e os Frutos / Os Amantes sem Dinheiro,
Porto: Quasi, 2006, p. 21.
(Encontros 12)
A
Lê o poema.
Identidade
Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
5 As consonâncias que há no sofrimento.
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.