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Edição do Autor
Natal, 2017
Divisão de Serviços Técnicos
Temas de direito e economia / Yanko Marcius de Alencar Xavier... [et al] (Orgs.). – Natal, RN:
UFRN, 2017.
311 p. – (Série perspectivas jurídicas do desenvolvimento ; n. 6).
ISBN 97885-919439-2-1
As opiniões externadas nas contribuições deste livro são de exclusiva responsabilidade de seus autores.
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 Uma inovação só é completada quando existe transação comercial do novo produto, sistema de
processo ou artefato. De acordo com a literatura neo-schumpeteriana, esse conceito se difere da
invenção, que é uma ideia, esboço ou modelo de um novo ou melhorado artefato, produto ou sistema
(não há o requisito da transação comercial nesse caso). FREEMAN, Chris e SOETE, Luc. A economia
da inovação industrial. Campinas: Editora da Unicamp, 2008, p. 26.
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7 O autor ilustra essa situação com o fato de nenhum produtor de carro a vapor ter sobrevivido ao
surgimento dos motores de combustão. TEECE, David J. Profiting from technological innovation:
Implications for integration, collaboration, licensing and public policy. Research Policy, v. 15, n. 6,
1986, p. 291.
8 TEECE, David J. Profiting from technological innovation: Implications for integration,
collaboration, licensing and public policy. Research Policy, v. 15, n. 6, 1986, p. 293.
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11 TEECE, David J. Reflections on “Profiting from Innovation”. Research Policy, v. 35, n. 8, 2006,
p. 1132.
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14 PISANO, Gary. Profiting from innovations and the intellectual property revolution. Research
Policy, v. 35, n. 8, 2006, p. 1123.
15 Ibid., p. 1127.
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Diante disso, o autor afirma que o quadro teórico proposto pela PFI
ainda permite considerar o tipo de estratégias que pode ou não ser apropriadas no
contexto da “digitalização”. Antes dela, a concorrência de inovação centrava-se em
torno do alto nível de projeto de sistema. Sendo assim, produtores inovavam com a
criação de projetos originais a partir da combinação de componentes proprietários
e não proprietários. Nesses contextos, os sistemas podiam ser compreendidos por
engenharia reversa e as rendas acabavam fluindo horizontalmente. Como maiores
funcionalidades deslocadas para os chips, as empresas fornecedoras dessa tecnologia,
frequentemente especializadas, como a Intel ou Qualcom, capturaram uma parte
crescente das rendas da inovação no nível do sistema.
Pode-se concluir, então, que os chips (com o software incluso) tornaram-
se o principal ativo coespecializado da atualidade. Dada a natureza dessa tecnologia,
esses projetos podem ser bem protegidos por patentes, o que influenciou fortemente
para os produtores do sistema não capturarem mais as rendas da inovação. De
acordo com a lógica da PFI, a melhor alternativa para o produtor de sistema, nesse
caso, é investir em outros ativos coespecializados, como marketing e distribuição.
Foi exatamente esse movimento que ocorreu na indústria de computadores,
como nos casos da Dell e da Microsoft que ganharam o controle do retorno dos
computadores, enquanto outros produtores se reduziram a fornecer produtos de
base. Entretanto, só a Dell conseguiu manter os seus altos lucros, o que se deve ao
sucesso da sua estratégia de distribuição.
Diante desse contexto, o autor acrescenta o raciocínio que os regimes
de apropriabilidade não são mais determinados de maneira exógena, dada a
confluência de forças legais e da própria tecnologia. Pelo contrário, ele sugere que
eles são influenciados pelos comportamentos e estratégias das próprias empresas,
de maneira endógena. O que leva, em alguns casos, as empresas a tomarem suas
posições em ativos complementares como dados e, em seguida, tentar moldar o
regime apropriabilidade para otimizar o valor desses ativos. Para confirmar a sua
hipótese, o autor utiliza dois exemplos, o campo da genomics e dos softwares de
código aberto.
No que tange ao primeiro campo, Gary Pisano afirma que, em setembro
de 1994, a Merck anunciou que iria criar um banco de dados de sequência de
gene humano, para ser disponibilizado em domínio público, em colaboração com
a Universidade de Washington. O objetivo declarado deste esforço foi estimular a
investigação biomédica. Além desse argumento altruísta, é importante destacar que
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há um motivo estratégico por trás dessa atitude, qual seja, prevenir a privatização
de genes que possam bloquear pesquisas futuras16.
Em essência, a Merck visava a manter o regime de apropriabilidade
“frouxo”. Em discussões sobre estratégia IP, geralmente se entende que empresas
privadas sempre desejam um regime apropriabilidade “apertado”. No entanto, visto
através das lentes da teoria de ativos complementares e da PFI, identificam-se falhas
nesta lógica. Uma empresa com muito fortes ativos complementares “a jusante”
pode ter fortes incentivos estratégicos para tornar fraca a proteção de propriedade
intelectual “a montante”, objetivando impedir o afastamento de oportunidades. Isso
decorre de conclusão já apresentada, o valor dos ativos complementares aumenta
quando o regime de apropriabilidade é fraco.
O campo dos softwares de código aberto refere-se ao desenvolvimento de
software com o código fonte disponível publicamente. O objetivo é possibilitar que
outros desenvolvedores colaborem na construção deles, como ocorre com a Linux
e Apache, que são as mais conhecidas, apesar de existir diversos outros exemplos.
O desenvolvimento de software tradicional seguiu o modelo que se vê
em outras indústrias: após a inovação, faz-se tudo que for possível para proteger os
projetos da imitação, seja através de mecanismos legais (direitos autorais e patentes)
ou mesmo por sigilo (recusando a tornar o código fonte disponível). Com os
códigos abertos, a lógica é oposta, pois diversos desenvolvedores contribuem com
o código, que pode ser usado livremente. Em síntese, essa lógica permite criar uma
base compartilhada de tecnologia.
A emergência da Linux, que segue essa lógica, representa claramente
uma ameaça ao negócio de sistema operacional do servidor da Windows. Apesar
disso, algumas empresas, como a IBM, abraçaram a ideia de código aberto e
tem a promovido. Nesse sentido, descobrir como as empresas respondem a essa
estratégia, em parte, depende da posição delas quanto aos ativos coespecializados.
Um enfraquecimento do regime apropriação através do aparecimento de sistemas
operacionais de código aberto pode ser benéfico a empresas com fortes posições de
ativos como aplicativos, hardware e serviços, por exemplo.
Ou seja, como o sistema operacional do servidor torna-se uma mercadoria,
o locus da captura de valor nos turnos da cadeia de inovação para baixo, “a jusante”.
Portanto, pode ser do interesse de empresas com posições fortes em ativos
16 PISANO, Gary. Profiting from innovations and the intellectual property revolution. Research
Policy, v. 35, n. 8, 2006, p. 1128.
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17 PISANO, Gary. Profiting from innovations and the intellectual property revolution. Research
Policy, v. 35, n. 8, 2006, p. 1129.
18 DOSI, Giovani; MARENGO, Luigi; PASQUALI, Corrado. How much should society fuel the
greed of innovators? On the relations between appropriability, opportunities and rates of innovation.
Research Policy, v. 35, n. 8, 2006, p. 1114.
19 BARTON, John. Intellectual Property Rights: Reforming the patent system.
Science. v. 287, n. 5460, 2000. Disponível em: <http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/
download?doi=10.1.1.384.9828&rep=rep1&type=pdf> Acesso em: 6 ago. 2015, p. 1.
20 DOSI, Giovani; MARENGO, Luigi; PASQUALI, Corrado. How much should society fuel the
greed of innovators? On the relations between appropriability, opportunities and rates of innovation.
Research Policy, v. 35, n. 8, 2006, p. 1115.
21 Ver também: KORTUM, S. e LERNER, J. Stronger protection or technological revolution: what
is behind the recent surge in patenting? Rochester Conference Series on Public Policy, 1998.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
24 LARA, Fabiano Teodoro de R. Propriedade Intelectual: uma abordagem pela análise econômica do
Direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2010
25 LARA, Fabiano Teodoro de R.; BELLANTUONO, Giuseppe. Introduction: Exploring Linkages.
In: BELLANTUONO, Giuseppe; LARA, Fabiano. (Org.). Law, Development and Innovation. 1. ed.
Cham: Springer, 2015, p. 1-14.
26 NELSON, Richard R. Reflections of David Teece’s “Profiting from technological innovation…”.
Research Policy, v. 35, n. 8, 2006, p.1109.
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REFERÊNCIAS
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MELLO, Maria Tereza Leopardi. Propriedade Intelectual e Concorrência. Revista
Brasileira de Inovação, 8 (2), 2009.
______. What is “commercial” and what is “public” about technology, and what
should be. ROSENBERG, N.; LANDAU, R.; MOWERY, D (Org.). Technology
and the Wealth of Nations, p. 57-71, Stanford: Stanford University Press, 1992.
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