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Quase 400 mil civis continuam presos na província de Ghouta Oritental, região controlada por

rebeldes e próxima da capital síria, Damasco. Na semana passada, foi anunciada uma "pausa
humanitária" diária para permitir a fuga dos habitantes, mas os bombardeios continuaram.
Só nesta segunda feira (5) um comboio com ajuda humanitária conseguiu chegar a Ghouta.
Segundo estimativas do Centro Sírio de Pesquisas Políticas (SCPR, na sigla em inglês), 470 mil
pessoas já morreram desde o início da guerra civil síria, em 2011. Só nas últimas semanas, em
Ghouta, foram 719 mortos.
Outras 5 milhões já deixaram o país, calcula o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (Acnur).

A seguir, dez perguntas e respostas sobre o conflito:

1. O que está acontecendo em Ghouta Oriental?


No último mês, o governo sírio e seus aliados intensificaram as ofensivas contra territórios
controlados por grupos islâmicos e jihadistas, incluindo Ghouta Oriental, que é controlada pela
oposição desde 2012.
O bastião rebelde perto de Damasco sofreu vários dias consecutivos de bombardeios, que deixaram
mais de 700 civis mortos.
Segundo a ONU, impressionantes 76% das residências de Ghouta Oriental foram devastadas, e
grande parte dos 400 mil moradores do enclave se mudou para abrigos subterrâneos.
Em um vídeo obtido pela BBC na semana passada, duas crianças mostravam os destroços de sua
casa. Uma médica da região afirmou que "Ghouta está sendo destruída".
"Nos ataques, as tropas do governo usam vários tipos de armamento. Estamos destruídos,
mentalmente e emocionalmente", diz ela.
No fim de fevereiro, por exemplo, uma criança morreu e outras 13 pessoas apresentaram sintomas -
como dificuldades em respirar e tonturas - consistentes com os de um ataque de gás cloro. O
governo nega ter usado o armamento.
Não se trata da primeira acusação do tipo. Em agosto de 2013, o governo sírio foi acusado por
potências ocidentais de disparar foguetes de gás sarin (composto químico que age no sistema
nervoso) em Ghouta, Damasco, matando centenas de pessoas.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, negou a acusação e culpou os rebeldes, mas concordou em
destruir o arsenal químico da Síria. Apesar disso, a Organização pela Proibição de Armas Químicas
continuou a reportar o uso de produtos químicos tóxicos em ataques no país.
A região vive também uma crise humanitária. Há restrição à entrada de ajuda humanitária, e
produtos alimentícios básicos, como pão e arroz, estão sob forte pressão inflacionária. A desnutrição
infantil alcançou níveis sem precedentes: 11,9% das crianças com menos de cinco anos estão
subnutridas.
'Pelo menos no céu ele vai ter comida': o drama das crianças sírias em meio aos bombadeios

2. Qual foi a reação internacional?


No sábado, a ONU aprovou uma resolução de um cessar-fogo de 30 dias na região, o qual foi
rapidamente descumprido - há relatos de que ao menos 20 pessoas (entre elas sete crianças) tenham
sido mortas em Ghouta nesta segunda-feira.
Ante grande pressão internacional, o governo russo - importante aliado de Bashar al-Assad -
anunciou a "pausa humanitária" nos bombardeios sobre Ghouta, onde moram centenas de milhares
de pessoas. Mesmo assim, a região continuou sob ataque aéreo.
O plano previa que, durante cinco horas por dia, a partir da última terça (27), não haveria ataques,
permitindo aos civis que escapem dali por meio de corredores humanitários comandados por
organizações não governamentais.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, havia pedido que um cessar-fogo fosse
implementado com urgência, advertindo que "Ghouta Oriental não pode esperar. Já passou da hora
de interromper esse inferno na Terra".
Os bombardeios, porém, continuaram; só nesta segunda-feira (5) os civis de Ghouta receberam
ajuda humanitária, com a chegada de 46 caminhões de alimentos e ajuda médica.

3. Qual o papel de Moscou nessas negociações?


Foi o presidente russo, Vladimir Putin, quem anunciou o corredor humanitário em Ghouta na
semana passada - fato que confirma que é a Rússia está tomando a dianteira em relação ao próprio
governo sírio.
Moscou é o principal pilar de sustentação do regime Assad e também importante ator militar no
enfrentamento contra rebeldes sírios.
Tanto que o governo russo afirmou que pretende continuar a alvejar grupos jihadistas sírios, a
despeito da "pausa humanitária" e da pressão por um cessar-fogo.

4. Quais os rumos da guerra?


A guerra civil, que se estende há quase sete anos, se intensificou no último mês, em uma tentativa
de Damasco e seus aliados de sufocarem os grupos de oposição. Estima-se que hoje jihadistas
controlem apenas 3% do território sírio.
A avaliação de alguns analistas é de que a essência do conflito - o levante contra Assad que evoluiu
para uma guerra civil - talvez esteja perto do fim, uma vez que os rebeldes perderam território e
apoio externo. E o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico, que chegou a controlar parte
importante da Síria e do Iraque, também foi derrotado na maioria dos locais, ainda que não
totalmente eliminado.
No entanto, além do esgotamento por parte das próprias tropas governamentais, há ainda diferentes
frentes de batalha em curso na Síria.
Um exemplo é Afrin, no noroeste do país, que sofreu intensos bombardeios turcos em janeiro - o
objetivo da Turquia é conter a minoria curda do local. E, na fronteira sudoeste, Israel tem
enfrentado diretamente forças iranianas e sírias, em mais uma evidência de como o conflito sírio
evoluiu para uma "guerra por procuração" entre atores internacionais adversários entre si.

5. Qual era a situação na Síria antes da guerra - e o que levou


ao conflito?
Antes do início do conflito, em 2011, muitos sírios se queixavam de um alto nível de desemprego,
corrupção em larga escala, falta de liberdade política e repressão pelo governo Bashar al-Assad -
que havia sucedido seu pai, Hafez, em 2000.
Em março de 2011, adolescentes que haviam pintado mensagens revolucionárias no muro de uma
escola na cidade de Deraa, no sul do país, foram presos e torturados pelas forças de segurança.
O fato provocou protestos por mais liberdades no país, inspirados na Primavera Árabe -
manifestações populares que naquele momento se estendiam pelos países árabes.
Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas - matando vários deles -, as
tensões se elevaram e mais gente saiu às ruas. Os manifestantes pediam a saída de Assad.
A resposta do governo foi sufocar as divergências, o que reforçou a determinação dos
manifestantes. No fim de julho de 2011, centenas de milhares saíram às ruas em todo o país
exigindo a saída de Assad.

6. Como começou a guerra civil?


À medida que os levantes da oposição aumentavam, a resposta violenta do regime se intensificava.
Simpatizantes do grupo antigoverno começaram a pegar em armas - primeiro para se defender e
depois para expulsar as forças de segurança de suas regiões.
Assad prometeu "esmagar" o que chamou de "terrorismo apoiado por estrangeiros" e restaurar o
controle do Estado.
A violência rapidamente aumentou no país: grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas
para combater as forças oficiais e tomar o controle das cidades e vilarejos.
Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do país, Aleppo.
O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aqueles que apoiavam
Assad e os que se opunham a ele - adquiriu contornos de guerra sectária entre a maioria sunita do
país e xiitas alauítas, o braço do Islamismo a que pertence o presidente.
Isso arrastou as potências regionais e internacionais para o conflito, conferindo-lhe outra dimensão.
Em junho de 2013, as Nações Unidas informaram que o saldo de mortos já chegava a 90 mil
pessoas.
7. Quem lutou contra quem?
A rebelião armada oposicionista mudou significativamente ao longo do conflito. Uma oposição
moderada secular foi superada por radicais e jihadistas - partidários da "guerra santa" islâmica.
Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico e a Frente Nusra, afiliada à al-Qaeda.
Os combatentes do EI - cujas táticas brutais chocaram o mundo - criaram uma "guerra dentro da
guerra", enfrentando tanto os rebeldes da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente
Nusra. Hoje praticamente subjulgados em termos territoriais, os combatentes do EI continuam, no
entanto, a promover ataques mais esporádicos.
Também combatem o Exército curdo, um dos grupos que os Estados Unidos chegaram a apoiar no
norte da Síria, com bombardeios aéreos.
Já a Rússia lançou em 2015 uma campanha aérea com o fim de "estabilizar" o governo sírio após
uma série de derrotas para a oposição.
A intervenção russa possibilitou vitórias significativas das forças sírias. A maior delas foi a
retomada da cidade de Aleppo, um dos principais redutos dos grupos de oposição, em dezembro de
2016.

8. Qual é o envolvimento das potências internacionais?


Na era Obama, os Estados Unidos culpavam Assad pela maior parte das atrocidades cometidas no
conflito e exigiam que ele deixasse o poder como precondição para a paz.
O atual governo Trump, por sua vez, dizia que derrubar o presidente sírio não era uma prioridade,
mas sim derrotar o Estado Islâmico - e que Assad era um aliado nessa batalha. Após um devastador
ataque químico em 2017, porém, esse discurso mudou, e os EUA chegaram a realizar bombardeios
em apoio à oposição.
Mas o grande ator na guerra síria é a Rússia, que apoia a permanência de Assad no poder, algo
crucial para defender os interesses de Moscou no país.
O Irã, de maioria xiita, também é aliado próximo de Bashar al-Assad. A Síria é o principal ponto de
trânsito de armamentos que Teerã envia para o movimento Hezbollah no Líbano - a milícia também
enviou milhares de combatentes para apoiar as forças sírias.
Estima-se que os iranianos já tenham desembolsado bilhões de dólares para fortalecer as forças
sírias, provendo assessores militares, armas, crédito e petróleo.
Contrapondo-se à influência do Irã, a Arábia Saudita, principal rival de Teerã na região, tem
enviado importante ajuda militar para os rebeldes, inclusive para grupos radicais.
Outro aliado dos rebeldes sírios, a Turquia também buscou limitar o apoio dos EUA às forças
curdas, que acusam de apoiar rebeldes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).

9. Por que a guerra está durando tanto?


Um fator-chave é a intervenção de potências regionais e internacionais.
O apoio militar, financeiro e político externo tanto para o governo quanto para a oposição tem
contribuído diretamente para a continuidade e intensificação dos enfrentamentos, e transformado a
Síria em campo para uma guerra indireta - ou "guerra por procuração".
A intervenção externa também é responsabilizada por fomentar o sectarismo no que costumava ser
um Estado até então secular (imparcial em relação às questões religiosas).
As divisões entre a maioria sunita e a minoria alauita no poder alimentou atrocidades de ambas as
partes, não apenas causando a perda de vidas, mas a destruição de comunidades, afastando a
esperança de uma solução pacífica.
A escalada de terror causada por grupos jihadistas como o EI - que aproveitou a fragilidade do país
para tomar o controle de vastas partes de território no norte e leste - acrescentou outra dimensão ao
conflito.

10. Qual é o impacto da guerra?


O Centro Sírio para Pesquisa de Políticas calcula que o conflito já tenha causado a morte de mais de
470 mil pessoas, ainda que não haja cifras totalmente confiáveis a respeito.
Segundo a ONU, mais de 5 milhões de pessoas fugiram do país, em sua maioria mulheres e
crianças, e metade da população foi de alguma forma deslocada pela guerra.
O êxodo de refugiados, um dos maiores da história recente, colocou sob pressão os países vizinhos -
Líbano, Jordânia e Turquia.
Cerca de 10% deles buscam asilo na Europa, provocando divisões entre os países do bloco europeu
sobre como dividir essas responsabilidades.
E as estatísticas terríveis não param por aí.
A ONU disse que são necessários US$ 3,2 bilhões para prover ajuda humanitária a 13,5 milhões de
pessoas no país - incluindo 6 milhões de crianças.
Além disso, estimativas do ano passado apontavam que 70% da população não tinha acesso a água
potável, uma em cada três pessoas não conseguia suprir as necessidades alimentares básicas, mais
de 2 milhões de crianças não iam à escola e uma em cada cinco indivíduos vivia na pobreza.
As partes em conflito têm complicado ainda mais a situação ao recusar o acesso das agências
humanitárias aos necessitados.

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