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INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
Abram-se as cortinas
para o texto dramático
em aulas de literatura
1 Objetivos de aprendizagem
Caro estudante,
2 Começando a história
Nesta aula, vamos discutir alguns caminhos para que possamos ler o texto
dramático em sala de aula sem a obrigação de encená-lo. O nosso ponto de
partida será uma das experiências que realizamos com alunos do Ensino Médio
Integrado de Informática, no IFPB (à época CEFET), campus Campina Grande, no
ano de 2008.
3 Tecendo conhecimento
Agora, você pode ter se perguntado: qual teoria fundamentou esse trabalho? E,
nós, fazemos questão de responder que as reflexões de Cristina Mello (1998) foram
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1 A partilha é uma espécie de discussão dirigida através da qual os alunos apresentam o livro lido,
expõem sua opinião a respeito dele, comentam de forma geral como foi a experiência de leitura
para a turma em sala de aula e, ao final, disponibilizam um certo tempo (cerca de 5 a 10 minutos)
para responderem a perguntas e/ou ouvirem comentários de colegas.
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Abram-se as cortinas para o texto dramático em aulas de literatura
por alguma daquelas peças, podem pedi-la emprestada, por acreditarmos que, à
medida que se aproximarem concretamente de um título, pegando-o, folheando-o
por causa de uma capa bonita ou de uma orelha interessante, a motivação para
lê-lo irá fruir mais naturalmente. Também é preciso enfatizar que, se quiserem
alguma indicação de leitura ou saber mais sobre algum daqueles textos, podem
nos procurar dentro ou fora da sala de aula. Além disso, eles podem pesquisar na
internet ou pedir alguma indicação a um amigo, sem esquecer que a leitura da
peça deve ser feita de forma integral, para não caírem na “tentação” de recorrer
a resumos ou algo semelhante.
Figuras 1 - 3
Por fim, não podemos esquecer-nos de deixar bem claro que a escolha da peça
é individual e que o único critério é selecionar uma que eles realmente acreditem
que irão gostar, pois, se não gostarem, poderão escolher outras, uma vez que a
base do nosso trabalho é ler por prazer. Para a realização da leitura, como se
trata de um texto geralmente curto, estipulamos o período de um mês, após
todos terem escolhido a sua peça.
Agora, você pode estar pensando o que os alunos questionaram quando lançamos
essa proposta: como seria feito esse diário? Esse registro foi feito de duas formas:
comentando a peça por atos e/ou cenas ou de forma global, sem se esquecerem
de expressar do que mais gostaram, o que mais os atraíram, a sua opinião
sobre cada personagem, entre outros comentários que julgassem importantes.
Também é importante não determinar o número de linhas, porque se trata de
um relato pessoal.
E, depois, como avaliar esse tipo de atividade? Temos de atribuir nota ao diário
de leitura dos alunos?
Quanto à avaliação, Letícia Mallard (1985) afirma que esta deverá se centrar na
comprovação da leitura dos textos. Nesse caso, a avaliação comprovadora só
será eficiente se as perguntas sobre o texto forem bem dirigidas, de modo que o
professor verifique se o aluno, realmente, leu a obra. Nesse trabalho, uma forma
que encontramos para realizar a avaliação foi o diário de leitura e o debate em sala
de aula, por acreditarmos que, por meio do primeiro, poderíamos acompanhar o
processo de leitura individual; e, pelo segundo, de forma coletiva, por meio dos
nossos questionamentos e dos alunos que não conheciam o livro, mas ficaram
curiosos para lê-lo, o leitor, certamente, não teria como falsear a leitura.
Mallard também chama a atenção dos professores para que não falseiem a
avaliação, descontando ou acrescentando pontos de acordo com o comportamento
dos alunos. Normalmente, durante os debates, os ânimos dos alunos se alteram
por todos quererem falar de uma vez só ou por discordarem uns dos outros, por
esse motivo, em alguns momentos, a sala se torna bastante barulhenta, o que pode
ser extremamente produtivo. É verdade que alguns alunos podem aproveitar o
momento para conversarem sobre assuntos alheios à aula, mas o professor pode
tentar direcionar melhor a discussão, estabelecendo uma certa ordem para não
favorecer esse tipo de comportamento, ao invés de, simplesmente, descontar
pontos das notas dos alunos como punição. Assim, se for realmente necessário
atribuir alguma nota à atividade, que o aluno a receba por tê-la realizado, pois
não podemos quantificar uma experiência pessoal de leitura, ou ainda, não
podemos julgá-la, em hipótese nenhuma, melhor ou pior do que outra.
Hummm... ficou curioso para saber se essa experiência também pode dar certo
com você e/ou na sua sala de aula?
Exercitando
Escolha uma peça e, após lê-la, registre essa experiência em um diário de leitura,
conforme as orientações dadas durante a aula. Enfim, não deixe de atentar para
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o fato de que o seu diário será muito importante quando você for realizar essa
experiência em sala de aula, porque poderá usá-lo como exemplo, estimulando
ainda mais os seus alunos a aceitarem o desafio de ler um texto dramático
por prazer.
Caro estudante, na experiência anterior, vimos que os alunos leram várias peças.
Dentre as peças lidas, durante a partilha, descobrimos que alguns alunos haviam
lido peças infantis, o que despertou a nossa curiosidade para saber como eles
reagiriam ao ler a peça Chapeuzinho Vermelho, de Maria Clara Machado,
visto que uma dupla de alunos tinha lido Pluft, o fantasminha, uma obra da
mesma autora, e gostado muito. Então, resolvemos tentar realizar um trabalho
com a dramaturgia infantil, lendo e analisando uma peça com toda a turma. A
experiência foi desenvolvida em seis aulas com duração de 50 minutos cada.
Figuras 5 - 7
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Abram-se as cortinas para o texto dramático em aulas de literatura
Depois, lemos a peça em voz alta em sala de aula, revezando as falas, de modo
que toda a turma participou e se envolveu na leitura, buscando não se perder
na leitura e encontrar o tom adequado para cada fala. Esta etapa durou duas
aulas de 50 minutos cada. Por último, assistimos ao filme Deu a louca na
Chapeuzinho. Alguns alunos haviam assistido ao filme, mas a maioria não. Esta
produção é uma versão diferente tanto da peça quanto do conto, aproxima-se
um pouco da primeira, pelos elementos de modernidade aliados aos tradicionais
das versões dos contos que os alunos conheciam, por exemplo, Chapeuzinho
anda de bicicleta e o lobo tem um gravador. Já na peça de Maria Clara Machado,
o lobo é levado para um jardim zoológico.
Figuras 8 - 9
Você pode estar se perguntando: por que sugerir uma peça para ser lida por
toda a turma? No primeiro momento, aproximamos os alunos desse gênero;
agora, vamos aprofundar o nosso trabalho de leitura.
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Então, podemos ler uma peça da mesma forma que lemos qualquer outro texto
literário?
Diante disso, é fundamental que o professor chame a atenção para que os alunos
leiam as entrelinhas do texto, de forma que não se detenham apenas nos sentidos
expressos, mas tentem descobrir o que verdadeiramente cada fala e gesto das
personagens significam na trama.
Não podemos nos esquecer de mostrar também aos alunos que o tempo
funciona de forma diferente no texto dramático, pois, como ele é escrito para
ser representado e, geralmente, as encenações duram apenas algumas horas,
não pode ser extenso como um romance. Por essa razão, os acontecimentos
transcorrem de forma mais rápida que numa narrativa longa, sendo necessário
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por vezes suprimir alguns fatos, para apenas contá-los, com o objetivo de não
prejudicar a unidade semântica e a dinâmica da encenação no palco.
Por fim, é importante ressaltar que a forma de ler e compreender o texto dramático
pode perpassar caminhos diferentes dos demais gêneros literários, por esse
motivo precisamos lembrar que a maior fonte para descobrir os sentidos de um
texto é o próprio texto, logo, tudo o que for dito a respeito do texto deve ser
comprovado e mostrado nele.
Cristina Mello (1998) indica, após esta primeira fase de compreensão semântica,
a análise dos elementos da obra que estruturam os seus sentidos fundamentais,
tratando-se, portanto, de descobrir os elementos principais da sua estrutura
textual. Assim, ela propõe duas hipóteses: “a primeira é a leitura linear do texto,
cena por cena, recapitulando e comentando componentes do universo dramático;
outra, mais sistemática, é um trabalho com quadros de leitura que permitam a
apreensão visual da informação” (MELLO, C., 1998, p. 358). Adotamos a segunda
hipótese no caso de alunos do Ensino Médio, por considerá-la mais eficaz na
compreensão de textos dramáticos, sobretudo se eles elaborarem individualmente
os quadros de leitura como uma atividade extraescolar.
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Cristina Mello constrói outro quadro com a finalidade de considerar vários fatores
que identifiquem a personagem selecionada, ou seja, é uma espécie de roteiro
de leitura, por tópicos. A partir do exemplo apresentado por ela, podemos pedir
aos alunos que escolham um ou dois personagens e construam um quadro para
cada um. Leia, a seguir, um dos quadros elaborados pelos alunos do Integrado
de Informática como exemplo.
Nome:
• Chapeuzinho Vermelho
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Características psicológicas:
• Muito distraída (percebe-se isso porque ela constantemente se distrai em seus
passeios observando animais e árvores);
• Bastante ingênua (vê-se isso quando ela desconfia do lobo, mas acaba
acreditando em suas mentiras);
• Nunca desconfia de ninguém (o que é notável no mesmo momento citado na
característica anterior);
• É muito tranqüila (pode-se notar isso quando ela dorme no meio da floresta,
quando ia para a casa da avó).
Dimensão ideológica e cultural:
• Obediente à mãe;
• Amante da natureza;
• Gosta de ajudar;
• Sempre confia nas outras pessoas.
Relação com outras personagens:
• Obedece o que a mãe fala;
• Interage com as árvores, admirando-as e elogiando-as;
• Encontra com o lobo na floresta e na casa da avó, em ambas as ocasiões
acredita nas suas mentiras.
No nosso caso, essa atividade foi extrassala, por demandar um tempo maior de
retomada do texto e reflexão. Como o Integrado, no IFPB, dispõe apenas de 3 (três)
aulas semanais de Língua Portuguesa, não foi possível estender mais o tempo
do trabalho, de modo que fosse realizado apenas em sala de aula. Contudo, se
o professor dispuser de mais tempo, pode realizá-la em sala de aula.
Mello (1998), após expor esse roteiro, aconselha que o professor provoque os
alunos para que possam recuperar a sistematização desses e de outros elementos
sobre a personagem na memória de leitura prévia, bem como o comentário de
cenas que ofereçam elementos significativos sobre a peça. Por isso, é interessante
focar a importância de compreender também as referências temporais das
ações que decorrem em cena, levantando e transcrevendo as referências que
são fornecidas pelas rubricas e pelas falas das personagens.
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Exercitando
Agora, é a sua vez! Escolha outra peça (não retome a peça da atividade anterior,
para que você possa ampliar o seu repertório de leitura), leia-a e, depois, preencha
os dois quadros de leitura sugeridos por Mello (1998). No primeiro, você irá
apresentar os principais acontecimentos de cada ato e, no segundo, escolherá
duas personagens para analisá-las. Essa atividade irá lhe ajudar a compreender
melhor o texto lido, além disso, quando você for realizá-la em sala de aula, já
poderá dar o seu exemplo.
Figuras 11 - 13
5 Trocando em miúdos
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6 Autoavaliando
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Referências
MACHADO, Maria Clara. Chapeuzinho Vermelho. In: Teatro I. 18. ed. Rio de
Janeiro: Agir, 2001.
______. Pluft, o fantasminha. In: Teatro I. 18. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2001.
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