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Brandão o afeto da terra

O que nos unia então e o que nos separava? Queríamos compreender, a partir de pesquisas empíricas,
na maior parte dos casos,
as maneiras como tipos bem definidos de pessoas, por meio de suas
culturas peculiares, criavam, reproduziam, sentiam e pensavam os
seus próprios modos de se relacionarem com a natureza e, em um
sentido mais concreto e cotidiano, com o seu meio ambiente imediato, visível, percorrível de uma ou de
outra maneira, trabalhável,
apropriável, passível de ser, provisória ou definitivamente socializado, incorporado à experiência
empírica e simbólica de seus sujeitos
humanos, em suas sociedades, por meio de formas específicas de
trabalhos que, ao mesmo tempo, lhes garantem a sobrevivência individual, a reprodução do grupo
social e a qualificação relativamente peculiar de sua cultura. Aquilo que, com graus variáveis de
convicção científica, costumamos chamar de uma "cultura popular" e,
de maneira mais motivada em nossos estudos, de urna cultura calçara
(para o caso das comunidades de pescadores do litoral de São Paulo) e uma cultura camponesa (para o
caso das comunidades de agricultores e criadores de gado do interior do mesmo estado, situadas
em geral nas, ou à volta das, serras do Mar e da Mantiqueira). 12

No caso cia antropologia, desde onde eu imagino estar


falando, fora as pesquisas de culturas tribais, o mundo natural é quase sempre um mero cenário das
transações sociais entre os homens,
UM lugar não social, mas culturalmente socializávei, das relações prá-

ticas e simbólicas - mas em qualquer dimensão sempre providas


cie "teias e tramas de significados" - vividas entre atores sociais e os seus seres. P. 13-14

Meninos do Pretos de Baixo, adolescentes, jovens, adultos e


velhos, todas as categorias etárias de homens cio lugar, parecem preservar sobre o assunto a mesma carta de
princípios e o mesmo mapa
de afetuosas disposições de seus pais e avós. Mesmo agora, quando
as figuras de padrão heróico dos sujeitos cio campo desaparecem cia
vicia de todos e cio imaginário dos jovens e adultos-jovens, uma identidade de "ser do lugar", eia boa medida ainda
mescla sentimentos e
imagens de si caracterizados por uma honra masculina cujos traços
procurei descrever em algumas páginas de A partilha da vida. O respeito dado a um homem atravessa a
responsabilidade familiar por meio do trabalho, a incorporação em si dos valores de uma ética relacional
camponesa, e uma ativa defesa da honra pessoal e familiar, traduzida
em atos violentos, se necessário e, na fronteira, sempre vizinha de
uma aceita bravata dos gestos realizados e das intenções futuras. P. 55

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