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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CENTRO DE PÓS-GRADUACAO E PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO

AMAURI SANTOS ROCHA

ESTRUTURA FINANCEIRA DAS EMPRESAS DO RAMO DE


CALÇADOS: DETERMINANTES ENTRE O MODELO TRADICIONAL
DE LIQUIDEZ E MODELO DINÂMICO

BELO HORIZONTE

2017
AMAURI SANTOS ROCHA

ESTRUTURA FINANCEIRA DAS EMPRESAS DO RAMO DE


CALÇADOS: DETERMINANTES ENTRE O MODELO TRADICIONAL
DE LIQUIDEZ E MODELO DINÂMICO

Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado


ao Curso de Especialização em Gestão
Estratégica (Pós-Graduação Lato Sensu ) do
CEPEAD/CAD/FACE da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial
à obtenção do Certificado de Especialista em
Finanças Empresariais.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


banca examinadora em 04 de Novembro de 2017.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto de Souza


Francisco.

BELO HORIZONTE

2017
Universidode Federol de Minos Gerois
Foculdode de Ciéncios Econémicos
Deportomenfo de Ciéncios Administrotivos
Centro de P6s-Groduo$do e Pesquisos em Administro$do
Curso de Especiolizo éo em Gesféo Esfrotégico

ATA DA DEFE3A DE TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO do Senhor AMAURI


SANTOS ROCHA, REGISTRO N’ 2016689557. No dia 24/1l/2017 as 17:00
horas, reuniu-se na Faculdade de Ciéncias Economicas da Universidade
Federal de Minas Gerais - UFMG, a Comissao Examinadora de Trabalho
de Conclusao de Curso - TCC, indicada pela Coordena$ao do Curso de
Especializagao em Gestao Esrracégica - CEGE, para julgar o Trabalho
de Conclusao de Curso intitulado "ESTRUTURA FIXAHCEIRA DAS EMPRESAS
DO RAMO DE CAL$ADOS: DETERMIXANTES ENTRE O MODELO TRADICIONAL DE
LIQUIDEZ E MODELO DIN ICO”, requisito para a obten ao do Titulo de
Eepecialista. Abrindo a sessao, o orientador e Presidente da
Comissao, Pro€essor José Roberto de 3ouza Francisco, apés dar
conhecimento aos presentes do ceor das Normas Regulamentares de
apresenta$ao do TCC, passou a palavra ao aluno para apresentagao de
seu trabalho. Seguiu-se a arguigéo pelos examinadores, seguido das
resposcas do aluno. Logo apés, a Comissao se reuniu sem a presenga
do aluno e do ptblico, para avalia$ao do TCC, que for considerado:

APROVADO

( ) APR0VA$AO CONDICIONADA A SATISFAQAO DAS EXIGPNCIAS CONSTANTES N0 VERSO DESTA


FOLHA, NG FRAZO FIXADO PELA BANCA EKAMINADORA - PRAZO MIMO DE 60 (8ESSENTA) DIAS

( )NAO APROVADO

’§’ pontos (/yM|Vv‹tfi « F ‹›nn trabalhos com nota maior ou


igual a 60 serao considerados aprovados.
O resultado final foi comunicado publicamente ao aluno pelo
orientador e Presidente da Comisséo. Nada mais havendo a tracar, o
Senhor Presidenre encerrou a reuniéo e lavrou gpyresenre ATA, que

24/1 /20
Dedico este trabalho de conclusão à minha esposa

e filho que me apoiaram nessa caminhada em

busca de novos conhecimentos e desafios.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente gradeço à Deus, Eterno, Imortal, que me permitiu superar as


dificuldades do cotidiano. Reconheço que foi Ele quem me ajudou a vencer e concluir
mais essa etapa da minha vida.

Agradeço à minha esposa e filho que são meus melhores amigos e incentivadores,
visto que às vezes a vontade de desistir me sobrevinha. Eles foram pilares
importantes em minha vida, pois me fortaleceram e incentivaram. Amo vocês de todo
o coração.

À minha mãe e pai que sempre me apoiaram. Eles sempre falam que não puderam
me dar riquezas, mas a maior riqueza que eu desejo e tenho são pessoas
maravilhosas em minha vida como vocês.

Ao Prof. Dr. José Roberto de Souza Francisco, exemplo e incentivador. Profissionais


assim são raros. As palavras que poderia usar aqui seriam poucas para descrever
esse educador que incentiva seus alunos com sabedoria, simplicidade e nos faz
acreditar que o saber é possível quando o buscamos. Obrigado pela paciência com
que me orientou para que eu pudesse alcançar a conclusão desse trabalho.
RESUMO

O presente trabalho monográfico tem por objetivo analisar e avaliar os resultados


financeiros de quatro organizações de capital aberto do ramo de calcados por meio
dos balanços patrimoniais do período de 2012 a 2016 publicados no site da Comissão
de Valores Mobiliários. O trabalho foi desenvolvido com base nos cálculos e análise
de índices de liquidez do modelo tradicional e do modelo dinâmico. O modelo dinâmico
exigiu primeiramente a reclassificação das contas do balanço patrimonial para que
fossem calculados os índices base do modelo com os quais foi identificada a
estrutura que representa o nível de risco financeiro de cada organização. Não se
buscou apresentar a utilização do modelo dinâmico em detrimento do modelo
tradicional, mas sim uma análise conjunta para que sejam tomadas ações que
busquem o equilíbrio financeiro das organizações tanto no curto como no longo prazo.
A Pesquisa realizada foi caracterizada como do tipo descritiva, pois buscou descobrir
a existência de associações e comportamento dos índices financeiros calculados no
período analisado. De acordo com o resultado da pesquisa foram identificadas três
estruturas e situações financeiras segundo a classificação proposta no modelo
dinâmico. Foi apresentado um quadro resumo para comparação da estrutura e
situação financeira bem como o ranking considerando o índice que cada empresa
utilizou de seus recursos de curto prazo para financiar seus investimentos de longo
prazo.

Palavras-chaves: Analisar; Avaliar; Modelo Tradicional; Modelo Dinâmico.


ABSTRAT

This Monographic work aims to analyze and evaluate the financial results of four
organizations of open capital of the branch of depressed through the balance sheets
for the period from 2012 to 2016 published on the website of the Securities
Commission. The work was developed on the basis of calculations and analysis of
indexes of liquidity from the traditional model and the dynamic model. The dynamic
model demanded first the reclassification of accounts in the balance sheet for the
indices were calculated on the basis of the model with which it was identified the
structure that represents the level of financial risk of each organization. Not sought to
make use of the dynamic model at the expense of the traditional model, but rather a
joint analysis to be taken actions that seek the financial equilibrium of organizations
both in the short and in the long term. The research is characterized as descriptive,
because we sought to discover the existence of associations and behavior of financial
indices calculated in the analyzed period. According to the results of the research were
identified three structures and financial situations according to the classification
proposed in the dynamic model. It was presented a summary table for comparison of
the structure and financial situation as well as the ranking considering the index that
each company used its short-term resources to finance their long-term investments.

Key words: Analyze; Evaluate; Traditional Model; Dynamic Model.

.
LISTA DE FIGURA, QUADROS E TABELAS

FIGURA 1 – ÍNDICE LIQUIDEZ IMEDIATA ............................................................. 20


FIGURA 2 – ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA .............................................................. 20
FIGURA 3 – ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE .................................................... 20
FIGURA 4 – ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL ........................................................... 21
FIGURA 5 – ÍNDICE DE LIQUIDEZ DINÂMICO ...................................................... 21

GRÁFICO 1 – ÍNDICES DE LIQUIDEZ – ALPARGATAS ........................................ 32


GRÁFICO 2 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ – GRENDENE ............................................ 34
GRÁFICO 3 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ - CAMBUCI ................................................. 36
GRÁFICO 4 - ÍNDICES DE LIQUIDEZ - VULCABRÁS ............................................ 39
GRÁFICO 5 – COMPARAÇÃO DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ DINÂMICO .................. 42

QUADRO 1 – CONTAS MODELO DINÂMICO - ALPARGATAS ............................... 31


QUADRO 2 – CONTAS MODELO DINÂMICO - GRENDENE ................................ 33
QUADRO 3 – CONTAS MODELO DINÂMICO - CAMBUCI .................................... 35
QUADRO 4 – CONTAS MODELO DINÂMICO - VULCABRÁS ............................... 38
QUADRO 5 - COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA FINANCEIRA .............................. 41

TABELA 1 - ESTRUTURA FINANCEIRA ................................................................ 24


TABELA 2 – VARIÁVEIS DOS MODELOS TRADICIONAL DE LIQUIDEZ E
DINÂMICO ........................................................................................................ 28
LISTA DE SIGLAS

AF Ativo Financeiro

ALP Ativos de Longo Prazo

ANC Ativo Não Circulante

AO Ativo Operacional

AP Ativo Permanente

CCL Capital Circulante Liquido

CDG Capital de Giro

DRE Demonstração de Resultados

EBIT Earnings Before Interest and tax

ILD Índice de Liquidez Dinâmico

LC Liquidez Corrente

LG Liquidez Geral

LI Liquidez Imediata

LS Liquidez Seca

NCG Necessidade de Capital de Giro

PF Passivo Financeiro

PNC Passivo Não Circulante

PO Passivo Operacional

PP Passivo Permanente

PVC Polyvinyl chloride

RLP Recursos de longo Prazo

T Saldo em Tesouraria
SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................. 11
1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 11
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 12

1.3.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 12

1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................................... 13

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................ 13

3. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................... 14


3.1 Análise das Demonstrações Financeiras ..................................................................................... 14
3.2 Métodos de Análise de Liquidez ................................................................................................. 15

3.2.1 Análise Horizontal ................................................................................................................ 15

3.2.2 Análise Vertical .................................................................................................................... 16

3.2.3 Análise com utilização de índices de liquidez ...................................................................... 17

3.2.4 Análise Financeira utilizando Modelo Tradicional de Liquidez ............................................ 18

3.2.5 Índices de Liquidez do Modelo Tradicional .......................................................................... 19

3.2.6 Índice de Liquidez do Modelo Dinâmico .............................................................................. 21

3.2.7 Análise Financeira Utilizando Modelo Dinâmico .................................................................. 22

3.2.8 Tipos de Estruturas Financeiras nas Empresas .................................................................... 24

3.3 Estudos Anteriores ...................................................................................................................... 26

4. METODOLOGIA ............................................................................ 27
4.1 Delineamento ............................................................................................................................. 27
4.2 População ................................................................................................................................... 27
4.3 Coleta de dados .......................................................................................................................... 27

4.4 Variáveis Utilizadas ..................................................................................................................... 28


4.5 Análise de dados ......................................................................................................................... 28
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................. 29
5.1 Descrição das Organizações Analisadas ...................................................................................... 29
5.2 Análise dos Indicadores .............................................................................................................. 30

5.2.1 Análise da Alpargatas ........................................................................................................... 31

5.2.2 Análise da Grendene ............................................................................................................ 33

5.2.3 Análise da Cambuci .............................................................................................................. 35

5.2.4 Análise da Vulcabrás ............................................................................................................ 38

5.3 Resumo da Análise dos Dados .................................................................................................... 40

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 45


11

1. CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 INTRODUÇÃO

Em 2015 a indústria do ramo de calçados registrou considerável queda em


todos os indicadores de performance do setor. O setor fechou mais de 25 mil postos
de trabalho, houve queda de 8,6% no volume de vendas no varejo e o valor das
exportações caiu 10%. O setor apostou na segregação de valor ao produto com
investimento em design diferenciado como forma de aliar a identidade brasileira
genuína com qualidade e inovação para superar a adversidade enfrentada pelo setor.

A Abicalçados atribuiu algumas causas ao baixo desempenho do setor como:


alta carga tributária, burocratização do sistema de exportação brasileiro, logística
ineficiente e onerosa, relação de trabalho regida por legislação trabalhista
ultrapassada e inflexível, crise econômica mundial ocasionada pelo desaquecimento
da economia chinesa que derrubou o preço das commodities e consequentemente o
valor das exportações nacionais e a crise política brasileira.

Para a indústria calçadista os próximos anos também não se mostrarão


favoráveis ao setor. O Cenário econômico desfavorável causado pelo desempenho
ruim da economia brasileira levou o mercado interno a encolher 11% no volume de
varejo no primeiro semestre de 2016. O cenário ideal seria o mercado interno consumir
87% da produção do setor, no primeiro semestre de 2016 representava apenas 76%.
Com a valorização do dólar esperava-se o aumento na receita advindo das vendas
para o mercado externo, no entanto, houve retração nas exportações e a parcela da
receita proveniente desse mercado sofreu redução de 3 pontos percentuais.
12

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

A literatura indica que à medida que cresce o volume de recursos destinados


aos ativos circulantes, a rentabilidade da empresa tende reduzir tendo em vista o
conflito existente entre liquidez e rentabilidade. Conforme Vieira (2008) elevar o ativo
circulante causa redução no retorno do investimento, pois aumenta a base do capital
investido, isso ocasiona a necessidade de manter essas aplicações no nível mínimo
adequado para girar o negócio, sem sustos e ameaças de suspensão das atividades
da empresa.

Para Braga (1990, p. 81) “A administração do capital de giro envolve um


processo continuo de tomadas de decisões voltadas principalmente para a
preservação da liquidez da empresa.”

No âmbito da liquidez com o enfoque tradicional, sua avaliação é realizada com


a utilização de indicadores a partir de informações contidas nas demonstrações
contábeis com um prisma estático e voltada para o aspecto da solvência e
descontinuidade da empresa.

O surgimento do modelo dinâmico mudou o enfoque de análise dos


indicadores, a análise utilizando esse modelo é voltada para a real situação de liquidez
da companhia e integrada à sua dinâmica operacional, a partir da reclassificação das
contas patrimoniais em contas financeiras, operacionais e permanentes

O Presente trabalho procurará responder a seguinte questão de pesquisa: Qual


a estrutura da liquidez das empresas do ramo de calçados no Brasil de 2012 a 2016
medida pelas determinantes entre os modelos tradicional e dinâmico?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 bjetivo geral

Analisar a estrutura financeira e a solidez das empresas, listadas na


BM&FBOVESPA, do ramo de calçados, no período de 2012 a 2016 utilizando os
modelos tradicional de liquidez e dinâmico.
13

1.3.2 Objetivos específicos

a) Analisar a situação financeira das empresas de capital aberto do ramo de calçados


utilizando o modelo tradicional de liquidez;
b) Avaliar o capital de giro dessas empresas com a utilização do modelo dinâmico;
c) Classificar as Empresas de acordo com sua situação (tipo) financeira proposta pelo
modelo dinâmico;
d) Comparar os índices das empresas analisadas.

2. JUSTIFICATIVA

A indústria brasileira de calçados é composta por cerca de 7,7 mil empresas


sendo que as micro e pequenas empresas correspondem a 68%. O setor de calçados
no Brasil possui 283,1 mil postos de trabalhos, grandes empresas detêm 94,1% dessa
mão de obra. Em períodos de crises, as empresas de pequeno porte apresentam
desempenho desfavorável e, por conseguinte, sofrem com os efeitos da retração na
demanda interna. Tal fato justifica que em 2014 houve crescimento de 6,1% no
número de empresas com mais de 1.000 empregados, indicando que organizações
maiores sofrem menos aos choques econômicos

As principais áreas produtoras de calçados estão situadas no Vale dos Sinos


(RS), que é o maior polo de produção de calçados femininos do Brasil, sendo
responsável, aproximadamente, por 80% do volume exportado pelo setor calçadista
brasileiro. As cidades de Franca, Jaú e Birigui, ambas no estado de São Paulo,
representam 14% das vendas externas e compõem o segundo maior polo de calçados
do país. Os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraíba, se destacam na
produção de calçados, porém, a produção nesses estados atende principalmente ao
mercado interno (SILVIA, et. al. 2010).

No contexto mundial, em 2014, a indústria brasileira ocupava posição de


destaque: terceiro maior produtor e o quarto maior mercado consumidor. Em 2015, a
produção de calçados ficou em 944 milhões de pares, 5,7% menos do que o ano
anterior. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas o setor foi responsável por US$
14

960,4 milhões em exportações em 2015 contra US$ 1,07 bilhões em 2014, sendo os
Estados Unidos foi o principal destino (ABICALÇADOS, 2015).

Diante do exposto a análise do desempenho financeiro das empresas desse


setor possibilita avalia-las mediante a tradução de dados financeiros em índices.
Assim tem-se medidas de análise que possibilitam a comparação entre o desempenho
das empresas em um período de tempo distinto incluindo um período no qual o setor
passou por uma retração

Esse trabalho se justifica pela representatividade do setor no mercado de


trabalho e na balança comercial brasileira. Servirá de subsídio aos administradores
das empresas do setor calçadista brasileiro qualquer que seja seu porte, auxiliando-
os nas tomadas de decisões possibilitando à empresa permanecer rentável mesmo
durante uma retração do mercado.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Análise das Demonstrações Financeiras

A análise das demonstrações financeiras visa observar e confrontar contas


patrimoniais e resultados das operações, com o intuito de buscar o conhecimento
detalhado de sua composição e expressão quantitativa, visando detectar quais fatos
foram determinantes na sua situação atual e serve para orientar e delinear o
comportamento futuro da organização (BRAGA, 1990). De acordo com Brigham et. al
(2016) ela envolve comparação do resultado de determinada empresa com outra do
mesmo ramo e avalia a tendência de suas posições patrimonial e financeira ao longo
do tempo. Os autores a considera uma arte, pois dela poderá ser extraída uma
enorme quantidade de informações, não só para os leigos, mas para àqueles que
possuem conhecimentos na área contábil e financeira. A interpretação dessas
informações por diversos analistas pode possuir diferenças sutis, poderá levá-los a
interpretações parecidas, mas não idênticas.

De acordo com Blatt (2001) as demonstrações contábeis apresentam fatos


relevantes sobre as organizações. Os usuários dessas demonstrações fundamentam-
15

se nas informações disponibilizadas para tomarem suas decisões, essas decisões


serão corretas se as informações forem confiáveis.

Sobre usuários internos e externos Brigham et.al (2016) informam que os


administradores utilizarão a análise para identificar situações que exigem atenção,
credores para análise de risco e investidores para auxiliá-los a prever resultados
futuros, dividendos e fluxo de caixa

Para Matarazzo (2003) A análise tradicional detém-se nos dados do passado,


pois são esses dados que constam nas demonstrações financeiras, analisando o
passado poderá projetar o futuro. Contudo, há técnicas previsionais que incorporaram
novas variáveis que se acredita superar em muito os resultados obtidos usando-se
simplesmente a análise do passado.

3.2 Métodos de Análise de Liquidez

De acordo com Braga (1990) a análise de demonstrações financeiras será


orientada, sempre, para os objetivos para os quais se quer fazer a análise. Tendo em
vista a finalidade para a qual se faz a análise, a profundidade com a qual se analisa
poderá ter maior ou menor profundidade nos exames realizados. Entretanto, em
qualquer análise, terá que ser seguida uma técnica. As principais técnicas são: análise
vertical, horizontal e por meio dos índices.

3.2.1 nálise Horizontal

A análise horizontal é compreendida por um método que mostra tendências


dos valores monetários com a apuração do percentual de crescimento ou
encolhimento de uma conta ou grupo de contas considerando entre duas datas ou
períodos. Para isso é necessário fixar a demonstração que será padrão para a
comparação e para a qual será fixado o percentual (100%) ou índice (1,00). As cifras
das contas serão relacionadas com a conta que ficou definida como referência.
16

Para Assaf Neto (2007, p. 115) na análise horizontal é realizada uma


comparação entre contas ou grupo de contas considerando diversos exercícios
sociais. “É basicamente um processo de análise temporal, desenvolvido por meio de
números-índices”.

3.2.2 Análise Vertical

Essa análise mostra o percentual de cada conta, ou cada grupo de contas, em


relação ao valor total do demonstrativo e de cada conta em relação ao total do seu
respectivo grupo de contas. Resumidamente, baseia-se nos percentuais das
demonstrações contábeis, ao calcular o percentual de cada elemento em relação a
um valor de referência para avaliar a participação de cada conta em relação ao todo
(MATARAZZO, 2003).

Segundo Blatt (2001) ela objetiva determinar a importância de cada conta


em relação ao valor total. É necessário calcular a participação das contas utilizando o
total de cada uma como referencial, isso para o Balanço Patrimonial. Já para a
Demonstração de Resultados, o valor que será usado como referência será o valor da
receita operacional líquida. Ainda segundo o autor, ela é atingida determinando o que
cada item representa em termos percentuais de uma determinada base. Envolve
visualizar de cima para baixo nas colunas do balanço patrimonial e fazer
comparações.

Para Braga (2015) esta análise pode ser aplicada sobre o balanço patrimonial
e nas demonstrações do resultado. No balanço ela fornece índices que facilitam a
avaliação de estrutura do ativo e de suas respectivas fontes de financiamento. Esses
índices representam as participações percentuais dos saldos das contas e dos grupos
do patrimônio sobre o valor total do ativo ou ainda do passivo somado ao patrimônio
líquido. Ao aplicar essa análise na demonstração do resultado será possível avaliar a
participação de cada elemento na composição do lucro ou prejuízo do período
analisado.
17

3.2.3 nálise com utilização de índices de liquidez

Para Braga (2015) os saldos dos elementos do balanço patrimonial e da


demonstração de resultados podem estar relacionados de diversas formas, cada uma
delas apresentando a ótica de um aspecto exclusivo do comportamento da empresa.
As relações dos saldos são mensuradas mediante quocientes denominados índices
econômico-financeiro ou puramente índices financeiros.

Para Matarazzo (2003) a definição de índice é a relação entre contas ou o grupo


dessas, constantes nas demonstrações financeiras que mostra determinada situação
financeira de uma empresa.

Conforme Gitman (2010) a análise com a utilização de índices é de grande


relevância para as diversas partes interessadas, pois constantemente necessitam de
medidas que demonstram o desempenho da empresa. Para calcular esses
indicadores são utilizados métodos e interpretação dos mesmos para analisar e
acompanhar o desempenho da organização.

Segundo Ross et. al (2013) calcular e comparar índices financeiros é uma


forma que evitar problemas ao se comparar empresas de tamanhos distintos, com a
utilização deles é possível ter uma visão ampla da saúde financeira e econômica da
empresa, fornecendo informações confiáveis e precisas.

Essa técnica de análise é um dos mais importantes incrementos da


contabilidade. É mais indicado comparar, por exemplo, ativo corrente com passivo
corrente do que analisar cada um isoladamente. O uso de índices na análise financeira
de empresas, permite extrair tendências e comparar os índices com padrões
preestabelecidos. E tem por finalidade, não somente demonstrar o que ocorreu no
passado, mais importante, fornecer bases para depreender o que poderá ocorrer no
futuro (IUDÍCIBIUS, 2010).

Segundo Braga (2015) analisar as demonstrações financeiras dos


concorrentes proporcionará à empresa informações que serão utilizadas em diversas
comparações como: faturamento, margens de rentabilidade, giro de estoques, prazos
de pagamento e de recebimento. Com a finalidade de identificar os pontos fortes e
18

fracos dos concorrentes. Podendo a empresa copiar as práticas dos concorrentes que
os levaram ao sucesso e rejeitar as que os levaram a ter baixo desempenho.

Para Blatt (2001) entre dez e quinze índices serão, de forma empírica,
suficientes para mostrar o grau de solvência de uma organização e mensurar sua
capacidade de horar seus compromissos. Tratando desse mesmo assunto Matarazzo
(2003) afirma que para se realizar uma análise, através de índices tradicionais, de
empresas do ramo da indústria ou do comércio deve-se ter no mínimo quatro índices
e não é indicado ir além de onze. Para esse autor o importante não é gerar um enorme
número de indicadores, mas, um conjunto que possibilite identificar a situação da
organização analisada. O grau de profundidade da análise pode variar conforme
necessidade de cada parte interessada. O referido autor afirma que a quantidade de
índices que serão utilizados na análise depende unicamente da abrangência que se
deseja da análise

3.2.4 nálise Financeira utilizando Modelo Tradicional de Liquidez

A análise financeira pelo método tradicional utiliza índices pelos quais é


possível identificar a saúde financeira da empresa ao longo de um determinado
período, como também examinar sua condição operacional. As demonstrações
financeiras são classificadas em Primárias sendo essas o balanço patrimonial e a
demonstração dos resultados do exercício e secundária que é a demonstração de
fluxo de caixa.

O objetivo da análise de demonstrações financeiras é retirar informações


dessas demonstrações com a finalidade de apoiar as tomadas de decisões. Quanto
mais pertinente a transformação dos números em informações, tanto excelentes serão
as informações fornecidas (MATARAZZO, 2003).

Segundo Matarazzo (2003) para análise de balanços os principais índices são:


Estrutura de Capitais, que mostram a obtenção e aplicação dos recursos. Liquidez:
mostram a situação financeira que a partir do confronto dos ativos circulantes com as
dívidas mensuram quanto é saudável a base financeira da empresa. Por último,
Rentabilidade: quanto renderam os investimentos realizados pela empresa.
19

Por uma questão de conveniência Gitmam (2010) classificou os índices


financeiros em cinco categorias chamadas de “principais”: (i) Liquidez; (ii) atividade;
(iii) endividamento; (iv) lucratividade e (v) valor de mercado. Os índices de liquidez,
atividade e endividamento mensuram os riscos, já os índices de lucratividade mostram
os retornos, por fim, os de valor de mercado mostram tanto o risco quanto o retorno.

Ross et. al (2013) classificam os indicadores em cinco grupos:

• Indicadores de solvência de curto prazo ou de liquidez;


• Indicadores de solvência de longo prazo ou alavancagem
financeira;
• Indicadores de eficiência na gestão de ativos ou de giro;
• Indicadores de rentabilidade;
• Indicadores de valor de mercado.

Para Iudícibius (2010) a classificação dos índices deve ser realizada da


seguinte maneira:
• Análise da liquidez;
• Analise do endividamento;
• Análise de rotatividade ou do giro;
• Análise da rentabilidade (o retorno sobre o investimento).

Blatt (2001) defende que os índices devem ser classificados da seguinte forma:
• Índice de estrutura de capitais
• Índices relacionados à dívida onerosa;
• Índices de liquidez
• Índices de retorno ou lucratividade;
• Índices de prazo médio
• Índices de rotação ou de eficiência.

3.2.5 Índices de Liquidez do Modelo Tradicional

Mostram a situação da empresa mensurando sua solidez. Uma empresa que


apresenta bons índices possui condições de honrar suas dívidas. Para Assaf Neto
(2007) esses índices são definidos pela:
20

• Liquidez Imediata: Mostra a porcentagem das dívidas no curto prazo


em condições de serem pagas imediatamente:

Figura 1 – Índice Liquidez Imediata

Fonte: Assaf Neto (2007, p. 190)

• Liquidez Seca: Demonstra a porcentagem das dívidas de curto prazo


em condições de serem honradas com a utilização de itens de maior
liquidez constantes no ativo circulante:

Figura 2 – Índice de Liquidez Seca

Fonte: Assaf Neto (2007, p. 190)

• Liquidez Corrente: Indica a condição da empresa em pagar suas


dívidas a curto prazo, quanto maior esse índice, mais alta é a capacidade
da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro:

Figura 3 – Índice de Liquidez Corrente

LC = Ativo Circulante
Passivo
Circulante

Fonte: Assaf Neto (2007, p. 190)

Se Liquidez Corrente >1,0 denota Capital Circulante Líquido Positivo

Se Liquidez Corrente = 1,0 denota Capital Circulante Líquido Nulo

Se Liquidez Corrente < 1,0 denota Capital Circulante Líquido Negativo

• Liquidez Geral: Esse indicador mostra a capacidade da empresa em


honrar as dívidas tanto no curto como no longo prazo. Mostra para cada
unidade monetária que a empresa tem de dívida, o quanto ela possui de
direitos e haveres no ativo circulante e no realizável a longo prazo.
21

Figura 4 – Índice de Liquidez Geral

LG = Ativo circulante + Realizável a Longo Prazo


Passivo circulante + Exigível a Longo Prazo

Fonte: Assaf Neto (2007, p. 191)

É utilizado também como medida de segurança financeira a longo prazo,


mostrando a capacidade de saldar todos os compromissos da empresa.

3.2.6 Índice de Liquidez do Modelo Dinâmico

De acordo com Vieira (2005) esse índice é a proporção de T em relação à NCG


e tem o objetivo de monitorar a utilização de recursos de curto prazo no financiamento
das operações da empresa, avalia a intensidade de T em relação à NCG como
também sua tendência ao longo do tempo. Se a empresa financiar seus investimentos
de longo prazo com fontes de curto prazo por vários períodos consecutivos isso
causará desequilíbrio em suas finanças.

Figura 5 – Índice de Liquidez Dinâmico

ILD = T
NCG
Fonte: Vieira (2005, p. 119)

O índice de liquidez dinâmico (ILD), segundo Fleuriet, et. al, (2015), mostra o
quanto a companhia utiliza de recursos de curto prazo para financiar seus
investimentos de longo prazo e usar a estratégia de correspondência de seus ativos:
duração de financiamento dos ativos igual à vida útil dos mesmos. Esse índice de
liquidez poderá ser utilizado para evitar a perda de controle na cadeia de suprimento
financeira, como por exemplo: a falência de um grande cliente ou fornecedor. Dessa
22

forma, medir o (ILD) da cadeia proporciona conhecimento de liquidez das outras


empresas que a compõe.

Para Fleuriet et. al (2015) empresas que utilizam estratégia de desencontro de


seus ativos estão sujeitas a três riscos:

• Vulnerabilidade a choques de receita: Quando há uma perda de fluxo de


caixa que não as permite pagar suas dívidas;
• Vulnerabilidade aos choques de taxa de juros: Quando as taxas de juros
de curto prazo são menores que as de longo prazo as empresas podem
minimizar o pagamento de juros tomando empréstimos de curto prazo,
isso passa a ser um enorme erro se as taxas de juros aumentarem;
• Vulnerabilidade a choques de financiamento: Esse risco se materializou
na crise financeira de 2008, quando várias empresas não puderam
renovar suas dívidas de curto prazo. Empresas sólidas conseguem
financiamentos de curto prazo com taxas razoáveis, no entanto, o risco
de liquidez desse tipo de financiamento é ainda maior no Brasil em
comparação com outros países.

3.2.7 Análise Financeira Utilizando Modelo Dinâmico

Conforme Fleuriet et. al (2015), foi identificado um erro de várias empresas


brasileiras ao analisarem seu capital de giro, essas empresas entendiam que a
necessidade de capital de giro variava no curto prazo e que poderia ser financiado
com as dívidas de curto prazo. Isso pode acontecer em mercados onde as empresas
possuem maior acesso ao crédito, nesses mercados os índices de liquidez não são
tão relevantes. Não planejar o crescimento da necessidade de capital de giro pode
causar problemas no fluxo de caixa das empresas.

Para Assaf Neto (1997) as tomadas de decisões financeiras presentes em


economias em desenvolvimento exigem uma análise detalhada de sua realidade e
são necessárias adequações à essa realidade. Na economia brasileira o processo de
decisão visando o sucesso da organização vem tomando vultosa complexidade
23

considerando as variações nas taxas de juros, desequilíbrio de mercado, ausência de


reservas de longo prazo, mudanças frequentes nas regras da economia, por exemplo.

O modelo dinâmico conforme apresentado por Fleuriet et. al (2015) inverte a


dinâmica do conceito tradicional de capital de giro (CDG) que passa a financiar em
longo prazo a necessidade de Capital de giro (NCG). Esse modelo mostra a
necessidade de capital de giro como obrigação de financiamento permanente às
operações da organização. O saldo de tesouraria (T) é usado como indicador para
medir o risco de liquidez.

A Demonstração de Resultados (DRE) deve ser remodelada mostrando o fluxo


de caixa livre, essa demonstração financeira começa com o volume de vendas e a
margem de lucro e passa pelo EBIT (Earnings Before Interest and Tax) ou, lucro
operacional, esse mede a capacidade da empresa em financiar sua necessidade de
capital de giro, que é o fidedigno recurso para a expansão da empresa.

Para utilizar o modelo de análise financeira supracitado e imprescindível


reclassificar as contas circulantes do balanço patrimonial em contas cíclicas (contas
operacionais) e em circulantes financeiras (erráticas). Os grupos das contas do ativo
e do passivo consideradas não circulante e o patrimônio líquido são as contas
estratégicas (ou permanentes).

Após a reclassificação do balanço patrimonial é possível calcular os indicadores


que são a base desse modelo: Necessidade de Capital de Giro (NCG), Capital de Giro
(CDG) e Saldo de Tesouraria (T). De acordo com Fleuriet et.al (2015) os indicadores
base do modelo dinâmico são calculados conforme abaixo:

• NCG = ativo cíclico – passivo cíclico;


• CDG = passivo não circulante – ativo não circulante
• T= ativo errático – passivo errático.

Na análise dinâmica, como o ativo e o passivo cíclicos constituem parte do ativo


e passivo circulante e não o todo, entende-se que a Necessidade de Capital de Giro
é diferente do Capital Circulante Líquido (CCL) como descrito no modelo tradicional.
Quanto maior o (CCL) mais ativos a empresa tem a seu dispor para financiar as
obrigações de curto prazo, mas considerar que quanto maior o indicador maior sua
liquidez é um erro. Ele somente será ideal se os ativos circulantes forem facilmente
24

convertidos em espécie. Como o CCL é obtido pela diferença entre ativo circulante e
o passivo circulante essa visão é falha, pois, parte desses ativos estão ligados ao
processo produtivo e não são convertidos facilmente em dinheiro, portanto o CCL é
um índice de liquidez para o caso de falência.

3.2.8 Tipos de Estruturas Financeiras nas Empresas

No modelo dinâmico, Fleuriet et.al (2015) apresenta seis famílias diferentes de


estrutura dos balanços patrimoniais após a reclassificação. Em 1978 Fleuriet havia
identificado inicialmente quatro estruturas, posteriormente Braga (1991) identificou
mais dois tipos de perfis de estrutura das empresas brasileiras. Seguem os tipos de
estrutura:

Tabela 1 - Estrutura Financeira

CDG NCG T SITUAÇÃO


TIPO 1 POSITIVO NEGATIVO POSITIVO EXCELENTE

TIPO 2 POSITIVO POSITIVO POSITIVO SÓLIDA

TIPO 3 POSITIVO POSITIVO NEGATIVO INSATISFATÓRIA

TIPO 4 NEGATIVO POSITIVO NEGATIVO PÉSSIMA

TIPO 5 NEGATIVO NEGATIVO NEGATIVO MUITO RUIM

TIPO 6 NEGATIVO NEGATIVO POSITIVO ALTO RISCO


Fonte: Adaptado de: Fleuriet et. al (2015, p. 175) e Braga (1991).

Empresas do Tipo 1 apresentam excelente liquidez visto que ambos


financiamentos permanentes permitem que essas empresas apresentem saldo de
tesouraria positivo, ou seja, possuem boa reserva de caixa disponível. Empresas com
necessidade de capital de giro negativa podem manter a estrutura financeira com
relativamente pouco passivo de longo prazo e patrimônio líquido, mas somente para
alguns tipos de empresas.

Empresas do Tipo 2 usam financiamento permanente, ou, Passivo Estratégico


(PE) para financiar ativos não circulantes, ou, Ativo Estratégico (AE) e sua
necessidade de capital de giro positiva para manter o saldo em caixa disponível (T)
positivo, o que é excelente. Segundo o autor, é importante observar que não existe
resposta precisa sobre qual deve ser o nível de retorno, liquidez ou risco ideais. Há
empresas que conseguem absorver mais riscos ou ter menor liquidez, enquanto
outras são mais lucrativas se possuírem maior liquidez. As medidas apresentadas
nesse modelo são indispensáveis para a tomada de decisão, porém é relevante que
25

o gestor tome decisões baseadas nas métricas corretas e não em indicadores


defasados. Utilizando fontes de financiamento de longo prazo para as necessidades
de capital de giro assegura que a liquidez estará disponível quando necessária.

No Tipo 3 as empresas usam seu Capital de Giro (CDG) para financiarem


apenas parte de sua Necessidade de Capital de Giro (NCG). A diferença, muitas
vezes, é financiada por fontes de curto prazo. Esse tipo de empresa é muito mais
vulnerável do que empresas nas quais a necessidade de capital de giro é muito
negativa e os ativos não circulantes são financiados principalmente pela NCG, dívidas
de longo prazo e pelo patrimônio líquido. As empresas do Tipo 3 cujas vendas são
provenientes em grande parte por exportações, construção ou projetos de obras
públicas estão em risco na medida em que muitas vezes possuem financiamento
permanente insuficiente em comparação com sua NCG. Apesar do risco de liquidez
das empresas do Tipo 3, elas apresentam bom índice de liquidez corrente. Ou seja,
são consideradas saudáveis pelos indicadores tradicionais, mas apresentam grande
risco de liquidez pelo modelo dinâmico.

Empresas do Tipo 4 financiam parte de seus ativos não circulantes e parte de


sua necessidade de capital de giro permanente através de dívidas de curto prazo. Isso
resolve o problema imediato de caixa, mas a empresa fica muito vulnerável diante de
quaisquer mudanças em seus ambientes financeiros e de negócios.

No TIPO 5 as empresas financiam parte de seus ativos não circulantes com


dívidas de curto-prazo e também através da NCG negativa. Empresas que possuem
capital de giro negativo estão sujeitas a riscos caso os prazos de pagamentos
concedidos por seus fornecedores mudarem repentinamente. Esta é uma função de
equilíbrio de poder entre a empresa e seus fornecedores. Além disso, uma crise pode
reduzir suas fontes de financiamento através da redução da NCG.

A NCG negativa permite às companhias do Tipo 6 manterem saldo em


tesouraria positivo mesmo apresentando CDG negativo. Para empresas do Tipo 6 o
risco de uma crise financeira é menor do que as classificadas no Tipo 4 ou no Tipo 5.
Contudo, uma empresa do Tipo 6 pode ter um índice de liquidez corrente pior que
empresas dos Tipos 4 e 5.
26

3.3 Estudos Anteriores

Estudos sobre a estrutura financeira de empresas de diversos ramos com a


utilização das determinantes entre modelo tradicional de liquidez e modelo dinâmico
estão presentes em diversos trabalhos como destacados nesse tópico.

Francisco et. al (2012), apresentaram o modelo dinâmico como fonte de


informação para subsidiar os gestores na tomada de decisão de curto prazo em
empresas do segmento bancos. Foi utilizada uma amostra de 16 empresas de capital
aberto, no período de 2006 a 2008. Os autores concluíram que o modelo dinâmico
proporcionou fonte de dados para auxiliar a tomada de decisão, pois identificou uma
correlação das variáveis CDG, NCD e ILD do modelo dinâmico com o comportamento
dos preços das ações listadas na BM&FBOVESPA.

Silva e Nogueira (2012) demonstram a aplicabilidade do modelo dinâmico para


diagnosticar e gerir as finanças corporativas com uma ferramenta que os autores
categorizaram como inovadora. A pesquisa foi classificada como bibliográfica, pois
propôs descrever e citar a aplicabilidade do modelo por diferentes autores e estudos.
Em suas considerações os autores afirmam que o modelo dinâmico é mais
adequadamente aplicado quando se tem um conhecimento profundo da empresa,
assim, será possível tornar a reclassificação do balanço mais precisa e
consequentemente gerar uma análise exata, não incorrendo em erros comuns quando
a organização realiza uma análise e controle financeiro superficiais.

Vieira e Bueno (2008) utilizaram o modelo dinâmico para analisar o processo


de administração do capital de giro em empresas de energia elétrica do sul do Brasil.
Os dados foram coletados no site da BM&FBOVESPA e contemplou o período de
1998 a 2007. Os autores concluíram que em cinco das seis empresas a NCG
apresentou saldo positivo indicando necessidade de financiamento com recursos de
Longo Prazo. O CDG em grande parte dos resultados apurados manteve-se negativo
evidenciando que parte dos ativos permanentes foram financiados por recursos de
curto prazo. O saldo em tesouraria também se manteve negativo em grande dos
períodos analisados indicando que parte da NCG e/ou dos ativos permanentes dessas
empresas foram financiados por recursos de curto prazo, que segundo os autores,
aumenta o risco de insolvência.
27

4. METODOLOGIA

4.1 Delineamento

Essa pesquisa é classificada como descritiva, pois observou dados sobre a


análise da gestão financeira de empresas no ramo de calçados. Este tipo de pesquisa
tem o objetivo de apresentar a descrição de características de uma população, ou
determinar relações entre variáveis (GIL, 2002). Para esse autor este tipo de pesquisa
busca descobrir a existência de associações entre as variáveis, neste caso dos
índices financeiros das empresas buscando tendências e comportamentos no período
analisado

4.2 População

Foram coletadas amostras não probabilísticas do tipo intencional. As empresas


analisadas foram as de capital aberto extraídas do site da BM&FBOVESPA, com
classificação do Setor de Consumo Cíclico, do subsetor Tecidos, vestiário e Calçados
e precisamente do segmento de calçados. População composta por quatro empresas,
sedo elas: Alpargatas S.A, Cambuci S.A, Grendene S.A e Vulcabrás/Azaleia S.A.

4.3 Coleta de dados

Após definição da amostra, foram coletadas as Demonstrações


Financeiras das empresas referente aos anos de 2012 a 2016 para cálculo dos índices
financeiros do modelo tradicional e dos índices do modelo dinâmico.
28

4.4 Variáveis Utilizadas

Os índices do modelo tradicional e do modelo dinâmico utilizados na presente


pesquisa, bem como suas fórmulas constam na tabela abaixo:

Tabela 2 – Variáveis dos modelos tradicional de liquidez e dinâmico.

Índice Sigla Fórmula

Liquidez Imediata LI LI= Disponível/Passivo Circulante


LS= (Ativo Circulante - Estoques - Desp. Antecipadas) / Passivo
Liquidez Seca LS circulante
Liquidez Corrente LC LC=Ativo Circulante / Passivo Circulante
LG = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo
Liquidez Geral LG Circulante + Exigível a Longo Prazo)
Necessidade de Capital de Giro NCG CDG= Ativo Cíclico - Passivo Cíclico
Capital de Giro CCG NCG= Passivo Não Circulante - Ativo Não Circulante
Saldo em Tesouraria T T= Ativo Errático - Passivo Errático
Índice de Liquidez Dinâmico ILD ILD= Saldo em Tesouraria / Necessidade de Capital de Giro
Fonte: Adaptado de: Assaf Neto (2007) - Braga (1991) e Fleuriet et. al (2015).

4.5 Análise de dados

Os índices financeiros, segundo o modelo tradicional, calculados serão: liquidez


geral, liquidez corrente, liquidez seca e liquidez imediata. Esses índices foram
escolhidos por possuírem finalidade semelhante na análise dos indicadores dinâmicos
que estão relacionados ao capital de giro e de liquidez. Os balanços foram
reclassificados conforme recomentado pelo modelo dinâmico para obtenção das
variáveis CDG, T e NCG.

Posteriormente, os índices, conforme o modelo tradicional de liquidez, foram


comparados com os índices do modelo dinâmico para identificar divergências e
verificar qual dos tipos que melhor representa a saúde financeira das empresas do
referido setor.
29

Com base na estrutura e situação financeira foi feita uma comparação das
empresas e com base no índice de liquidez dinâmica foi realizada a classificação em
ordem crescente das empresas analisadas.

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

5.1 Descrição das Organizações Analisadas

A primeira organização é a Alpargatas, proprietária das marcas Havaianas,


Topper e Mizuno, dentre outras. Em 1907 o escocês Robert Fraser, vindo da
Argentina, uniu-se a um grupo de empresários e criaram a Sociedade Fábrica
Brazileira de Alpargatas e Calçados que depois teve o nome alterado para São Paulo
Alpargatas. Começou com uma fábrica na Mooca, em São Paulo, para produção de
calçados para trabalhadores na colheita de café. Em 1910 estreou na Bolsa de Valores
com o intuito de captar recursos para investir na ampliação das operações. Em 1962
foi criada a Marca Havaianas que deu um forte impulso nas vendas da companhia,
contudo as vendas perderam fôlego nos anos 80, mas foram relançadas em 1994 sob
outro enfoque, com isso alcançou sucesso dentro e fora do país. Em 2015 a Camargo
Correa vendeu o controle da Alpargatas para a Holding J&F que controlava cada
passo da empresa desde 2002. Em julho de 2017 a companhia foi vendida pela J&F,
holding controladora da JBS e passou a ser controlada pela Itausa e por empresas de
investimentos ligadas à família Moreira Salles.

A segunda organização é a Grendene, fundada em 1971 com sede na cidade


de Sobral, onde possui seis fábricas de calçados, uma fábrica de Polyvinyl chloride
(PVC) e um centro de distribuição. Quando foi fundada o objetivo não era vender
calçados, produzia telas para cobrir garrafões de vinho produzidos na Serra Gaúcha.
Em 1979 Pedro Grendene, fundador e acionista, criou a sandália de plástico, Melissa
Aranha, que ganhou fama por ser usada por uma famosa atriz em uma novela de
destaque da época. Em 2003, a Grendene Calçados S.A foi incorporada à Grendene
S.A, como parte da preparação para abertura do capital da empresa, que ocorreu em
2004.
30

A terceira companhia analisada é a Cambuci, proprietária das marcas Penalty


e Stadium. Empresa Gaúcha com presença em 14 países, como por exemplo:
Argentina, Chile, Japão e Espanha. Em 1945 os irmãos Victório, Eduardo e Ernesto
Estefano fundaram oficialmente a Malharia Cambuci S.A, uma confecção de artigos
de vestuário localizada na cidade de São Paulo, no bairro que leva em seu nome. Em
1968 a empresa iniciou um novo e promissor ciclo em sua história: passou a focar
seus trabalhos no mercado esportivo e em 1970 a Cambuci criou a marca Penalty e
lançou produtos para a prática de futebol.

A quarta empresa é a Vulcabrás, fundada em 1952, na cidade de São Paulo


sob a denominação Companhia Industrial Brasileira de Calçados Vulcanizados S.A e
produzia calçados de couro com sola de borracha. Proprietária das marcas Azaleia,
Dijean e Olympikus. Em setembro de 2003 adquiriu a sociedade Ril Brasil Comércio
e Importação e Exportação Ltda, distribuidora da marca Reebok no Brasil. A parceria
com a Reebook durou até início de 2016. Em 2007 comprou a Azaleia e passou a ser
uma das maiores indústrias de calçados do Brasil. A Vulcabrás é dirigida por Pedro
Grendene, irmão de Alexandre Grendene diretor da empresa que leva o nome da
família.

5.2 Análise dos Indicadores

Nesse capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos a partir do


cálculo dos indicadores que foram propostos pelos modelos tradicional e dinâmico.
Inicialmente, são apresentados os quadros e gráficos contendo os valores dos
indicadores de cada modelo.

Em seguida é apresentada a análise qualitativa dos dados de cada índice com


a finalidade de avaliar a situação de liquidez e gestão de capital de giro das empresas
entre os anos de 2012 e 2016. A apresentação de gráficos auxilia para a melhor
compreensão dos desempenhos apontados pelos indicadores calculados.
31

5.2.1 Análise da Alpargatas

Quadro 1 – Contas Modelo Dinâmico - Alpargatas


ALPARGATAS S.A
Contas Modelo Dinâmico 2012 2013 2014 2015 2016
AF 616.908 814.400 485.622 488.193 502.118
AO 1.339.107 1.487.251 1.782.044 1.860.674 1.908.488
AP 784.714 1.060.333 1.382.956 1.414.603 1.371.446
PF 359.526 608.565 557.807 713.948 618.669
PO 708.618 819.010 982.805 1.110.162 1.091.534
PP 1.672.585 1.934.409 2.110.010 1.939.360 2.071.849
CDG 887.871 874.076 727.054 524.757 700.403
NCG 630.489 668.241 799.239 750.512 816.954
T 257.382 205.835 -72.185 -225.755 -116.551
Estrutura Financeira TIPO 2 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 3 TIPO 3
Situação Sólida Sólida Insatisfatória Insatisfatória Insatisfatória
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Na Alpargatas ocorreram dois períodos nos quais sua estrutura financeira foi
classificada como Tipo 2, no entanto, a partir de 2014 passou para Tipo 3. Nos anos
de 2012 e 2013 utilizou recursos do Passivo Permanente (PP) para financiar seus
Ativos não Circulantes (AP) e sua Necessidade de Capital de Giro (NCG+) e ainda
permitiu aplicação de recursos no curto prazo expresso pelo Saldo em Tesouraria (T)
positivo o que a classificou como sólida considerando sua Situação Financeira. Em
2014 houve um acréscimo significativo (35%), em relação à 2013, em seu Ativo
Estratégico ou Ativo Permanente (AP) o que causou uma redução significativa em seu
Capital de Giro (CDG), refletindo também no seu Saldo em Tesouraria (T) que passou
a ser negativo a partir do referido ano, pois (T) tem o comportamento definido pelo
resultado do confronto entre as fontes de longo prazo disponíveis do Capital de Giro
que sofreu redução de 2012 a 2015. O aumento da Atividade Operacional de forma
constante a partir de 2014 contribuiu para o aumento significativo da Necessidade de
Capital de Giro (NCG). De 2013 para 2014 o Ativo Operacional apresentou aumento
de 20%. Houve aumento do Passivo Permanente (PP) de 2013 para 2014 de 10%
evidentemente insuficiente para financiar o aumento na Atividade Operacional
conforme comentado anteriormente. A partir de 2014 a companhia não obteve
recursos de curto e de longo prazo, saldo composto pelo seu Passivo Permanente
(PP), para financiar o aumento em suas Atividades Operacionais (AO) e na
imobilização de ativos (AP), fatores que contribuíram para piorar sua situação
financeira que passou a ser classificada como insatisfatória.
32

Gráfico 1 – Índices de Liquidez – Alpargatas


2012 2013 2014 2015 2016
2,5 2,434
2,274
2,153 2,148
2,0 1,838 1,687
1,682
1,823 1,538 1,607
1,5 1,515 1,191
1,472 1,405
1,0 0,803 1,282
0,817
0,488
0,5 0,373 0,505

0,0 0,408
0,308
-0,5 -0,090 -0,143
-0,301
Liquidez Imediata Liquidez Seca
Liquidez Corrente Liquidez Geral
Índice de Liquidez Dinâmico
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017

O índice de liquidez imediata da Alpargatas mostrou-se abaixo de 1,00 em


todos os períodos analisados. Como ele mostra a porcentagem das dívidas de curto
prazo em condições de serem pagas com recursos de liquidez imediata, ele
normalmente é baixo, pois algumas empresas não apresentam interesse em manter
recursos disponíveis a um nível muito elevado.

O índice de liquidez corrente apresentou elevado nível em todos os períodos


analisados, que conforme o modelo tradicional, indica o quanto o ativo circulante é
maior do que o passivo circulante. Nos anos de 2012, 2013, 2014 e 2016 ele
apresentou valores acima de 2,0 somente em 2015 ficou abaixo dos demais, mas bem
acima de 1,00. Nos períodos analisados houve folga de pelo menos 68% (2015) com
pico em 2012 de 143%.

Após analisar o índice de liquidez seca comprovou-se que houve folga


financeira em todos os períodos. Ele representa o quanto a empresa possui de ativo
liquido para honrar as dívidas de curto prazo. Em todos os períodos esse índice
apresentou folga de recursos.

O índice de liquidez geral apresentou comportamento semelhante ao de


liquidez seca. Houve folga financeira em todos os períodos, pois os recursos de curto
e longo prazos foram suficientes para saldar todas as suas dívidas.
33

O índice de liquidez do modelo dinâmico traz uma ótica da saúde financeira da


Alpargatas muito diferente da situação apresentada em todos os índices do modelo
tradicional apresentados anteriormente. No período de 2014 a 2016 ele ficou negativo
o que significa que a companhia ficou exposta a riscos de liquidez de curto prazo, a
situação agravou em 2015, quando apresentou o menor índice. O desempenho desse
índice está alinhado ao comportamento da Necessidade de Capital de Giro (NCG),
Capital de Giro (CDG) e ao Saldo em Tesouraria (T) apresentados anteriormente.

5.2.2 Análise da Grendene

Quadro 2 – Contas Modelo Dinâmico - Grendene


GRENDENE S.A
Contas Modelo Dinâmico 2012 2013 2014 2015 2016
AF 873.910 733.965 995.978 1.281.880 1.589.378
AO 1.178.105 1.281.549 1.263.149 1.345.226 1.244.911
AP 239.437 353.828 422.886 418.536 419.531
PF 137.963 117.736 171.357 212.825 125.372
PO 199.927 183.646 182.722 216.057 206.378
PP 1.953.562 2.067.960 2.327.934 2.616.760 2.922.070
CDG 1.714.125 1.714.132 1.905.048 2.198.224 2.502.539
NCG 978.178 1.097.903 1.080.427 1.129.169 1.038.533
T 735.947 616.229 824.621 1.069.055 1.464.006
Estrutura Financeira TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2
Situação Sólida Sólida Sólida Sólida Sólida
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A Grendene foi classificada com estrutura financeira do Tipo 2 e sua situação


financeira como sólida em todos os períodos analisados, isso significa que as fontes
utilizadas por ela para financiar seu Capital de Giro (CDG) que foi constituído por
fontes do Passivo Próprio (PP), como consta no Quadro 2. O passivo permanente
apresentou uma folga de 716% em 2012 chegando a 597% em 2016, em relação ao
ativo permanente, essa folga foi utilizada como fonte de financiamento da
Necessidade de Capital de Giro (NCG). Diante desse comportamento conclui-se que
não houve imobilização significativa do seu capital próprio. Mesmo com o crescimento
34

da atividade operacional, houve disponibilidade de recursos próprios para suprir a


demanda. O excedente em seu Capital de Giro também foi suficiente para manter o
saldo em Tesouraria (T) positivo, possibilitando um elevado saldo em seu Ativo
Financeiro que registrou crescimento em todos os períodos. Saldo positivo em
Tesouraria e em Capital de Giro é uma característica de empresa com situação
financeira sólida.

Gráfico 2 - Índices de Liquidez – Grendene


2012 2013 2014 2015 2016
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
2012 2013 2014 2015 2016
Liquidez Imediata 1,484 1,516 2,343 1,744 4,752
Liquidez Seca 4,514 5,217 5,992 4,633 8,093
Liquidez Corrente 5,056 5,943 6,761 5,384 9,053
Liquidez Geral 6,083 6,698 6,388 6,129 8,548
Liquidez Dinâmico 0,752 0,561 0,763 0,947 1,410

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Os indicadores de liquidez do modelo tradicional da Grendene refletem a sua


situação financeira sólida. Diferente das demais empresas estudadas que mantiveram
baixo índice em sua liquidez imediata, a Grendene manteve saldo de seus disponíveis
acima de 1,00 em todos os anos analisados. A menor folga nesse indicador foi em
2012 (48%) e o pico em 2016 (375%) com destaque para o saldo nas aplicações
financeiras de curto prazo que foi o principal saldo que compôs a folga financeira
nesse indicador.

O quociente das dívidas de curto prazo em condições de serem liquidadas com


a utilização de recursos advindos do ativo circulante de maior liquidez também
apresenta folga significativa. A liquidez seca apresentou a maior folga em 2016
(709%)

Conforme demonstrado no Gráfico 2, a Grendene possui disponibilidade em


seu ativo circulante suficiente para honrar as dívidas de curto prazo. O índice da
35

liquidez corrente acompanha a tendência dos demais índices do modelo tradicional.


Em todos os períodos analisados houve saldo positivo nesse índice. Destaque para o
ano de 2016 quando houve o pico nesse índice, o mais alto em comparação a todos
os demais índices desse modelo de análise, no ano citado atingiu 9,053 folga de 805%
para honrar os compromissos de curto prazo.

O indicador que demonstra a segurança financeira de longo prazo da Grendene


manteve o comportamento dos demais índices. A liquidez geral demonstrou que
houve saldo suficiente para liquidar as dívidas de curto e longo prazo.

O índice de Liquidez dinâmico da Grendene reflete a sua sólida situação


financeira, com condições de evitar uma quebra na cadeia de suprimento,
caracterizando que há uma boa estratégia no financiamento de seus ativos, com isso
está menos sujeita a possíveis choque em seu fluxo de caixa. Caso ocorresse
diminuição em seu fluxo de caixa haveria excedente para cobrir essa redução.

5.2.3 nálise da Cambuci

Quadro 3 – Contas Modelo Dinâmico - Cambuci


CAMBUCI S.A
Contas Modelo Dinâmico 2012 2013 2014 2015 2016
AF 23.776 23.916 18.863 10.858 10.761
AO 164.423 165.495 179.259 196.396 152.428
AP 57.349 79.959 73.658 62.219 60.829
PF 157.986 163.672 152.251 154.279 136.699
PO 73.439 87.913 88.794 115.560 123.658
PP 14.123 17.785 30.735 -366 -36.339
CDG -43.226 -62.174 -42.923 -62.585 -97.168
NCG 90.984 77.582 90.465 80.836 28.770
T -134.210 -139.756 -133.388 -143.421 -125.938
Estrutura Financeira TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4
Situação Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A estrutura financeira da Cambuci ficou classificada como do Tipo 4 e a


situação financeira como péssima. Em todos os períodos ela utilizou dívidas de curto
prazo para financiar seus ativos não circulantes e o capital de Giro. O Passivo
Permanente sofreu redução em todos os períodos causada pelos prejuízos,
36

registrando maior perda em 2016 (70 milhões). A diminuição em seu capital próprio
para financiar os ativos e suprir a necessidade de capital de giro foi determinante para
que buscasse fontes de financiamento de curto prazo. O maior choque em suas fontes
de financiamento ocorreu em 2015 quando o aumento em sua atividade operacional
exigiu maior recurso, exatamente quando seu capital próprio passou a ser negativo
e o passivo circulante apresentou crescimento de 25,7% se comparado ao ano
anterior (de R$ 282 milhões para R$ 354,5 milhões).

A Cambuci buscou como forma de financiar a necessidade de capital de giro a


venda de seus ativos permanentes, isso ocorreu principalmente em 2015 quando
houve redução de 18% em seu ativo permanente (de R$ 73,6 milhões em 2014 para
R$ 62,2 em 2015)

Gráfico 3 - Índices de Liquidez - Cambuci


2012 2013 2014 2015 2016
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
-2,5
-3,0
-3,5
-4,0
-4,5
-5,0
2012 2013 2014 2015 2016
Liquidez Imediata 0,214 0,179 0,111 0,045 0,048
Liquidez Seca 0,974 0,893 0,647 0,539 0,354
Liquidez Corrente 1,688 1,381 1,042 0,756 0,622
Liquidez Geral 0,815 0,753 0,822 0,768 0,627
Liquidez Dinâmico -1,475 -1,801 -1,474 -1,774 -4,377

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A liquidez imediata da Cambuci mostrou insuficiência de recursos de


equivalente de caixa e de aplicações de curto prazo para honrar as dívidas de curto
prazo. Em todos os períodos esse indicador ficou próximo de zero, ou próximo da
nulidade. Como informado anteriormente grande parte das empresas não
demonstram interesse em manter esse indicador com saldo muito alto, porém é de
suma importância ter uma reserva de alta liquidez como medida de segurança. Esse
37

indicador possuía maior importância quando o mercado financeiro e de capitais era


restrito. Ociosidade nesse indicador revela que a companhia pode não vislumbrar
oportunidades de investimentos operacionais rentáveis.

O índice de liquidez seca não ficou em nenhum dos períodos acima da relação
1:1 com o passivo circulante. Foi em 2012 que apresentou quociente mais próximo da
citada relação (0,974), revelando a incapacidade da companhia em saldar suas
obrigações de curto prazo com a utilização dos itens monetários que possuem maior
liquidez.

A liquidez corrente da empresa analisada apresentou folga financeira para


suprir sua Necessidade de Capital de Giro (NCG) no período de 2012 a 2014,
considerando o modelo tradicional. Sob a ótica de análise do citado modelo houve
Capital Circulante Líquido para financiar a necessidade de capital de giro, fato
comprovado ao confrontar o ativo circulante com o passivo circulante. Nos três
primeiros anos do período analisado, o passivo circulante apresentou valores
inferiores em relação ao Ativo Circulante.

O índice de liquidez geral da companhia representou a insuficiência de recursos


para cobrir suas dívidas de curto e longo prazo, ou seja, o saldo do Ativo Circulante
somado ao do realizável a longo prazo foi menor do que a soma do Passivo circulante
e do exigível a longo prazo, caracterizando insolvência da Cambuci em todos os
períodos analisados. A situação agravou quando considerados os prejuízos de 2015
e 2016 que causaram redução significativa do capital próprio (saldo negativo), foi
necessário buscar empréstimos, principalmente de curto prazo para financiar sua
atividade operacional.

O índice de liquidez dinâmico confirma a dificuldade da Cambuci em honrar


suas dívidas. O ILD além de ter sido negativo em todos os períodos apresentou o pior
resultado em 2016 quando registrou a marca de (-4,377) configurando um alto risco
de liquidez de curto prazo e forte exposição de choque na receita. A empresa esteve
sujeita a sérios problemas financeiros, pois expandiu as dívidas de curto prazo,
contudo as receitas não acompanharam esse crescimento. Uma das estratégias para
honrar os empréstimos de curto prazo é diminuir a necessidade de capital de giro e
se desfazer de ativos permanentes, houve ação nesse sentido conforme observa-se
no balanço patrimonial. Houve redução de ativos imobilizados a partir de 2014.
38

Conforme Quadro 3, houve redução de sua NCG, porém as duas ações não foram
suficientes para levar o ILD para níveis positivos.

5.2.4 nálise da Vulcabrás

Quadro 4 – Contas Modelo Dinâmico - Vulcabrás


VULCABRAS AZALEIA - CE, CALCADOS E ARTIGOS ESPORTIVOS S/A
Contas Modelo Dinâmico 2012 2013 2014 2015 2016
AF 69.899 58.919 42.495 35.106 25.415
AO 707.268 618.596 696.803 726.300 594.471
AP 598.273 590.045 532.216 475.748 458.782
PF 1.076.384 853.425 744.043 703.889 571.903
PO 229.082 274.578 293.938 255.684 195.546
PP 69.974 139.557 233.533 277.581 311.219
CDG -528.299 -450.488 -298.683 -198.167 -147.563
NCG 478.186 344.018 402.865 470.616 398.925
T -1.006.485 -794.506 -701.548 -668.783 -546.488
Estrutura Financeira TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4
Situação Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A estrutura financeira foi do Tipo 4 classificando-a com situação


financeira péssima. Mesmo com essa situação a empresa apresentou evolução no
capital de giro, como observado no Quadro 4. O CDG aumentou ao longo dos períodos
analisados, porém insuficiente para financiar sua Necessidade de Capital de Giro. O
saldo em tesouraria (T) também melhorou ao longo dos períodos analisados, o saldo
negativo diminuiu de 2012 para 2016 em 84%, significando que houve redução na
utilização de capital de terceiros para financiar sua atividade operacional, comprovado
pela redução do Passivo Financeiro (PF) que registrou queda de 88% de 2012 para
2016. A redução do Ativo Permanente (AP) registrada em todos os períodos pode ser
traduzida como venda de ativo buscando uma forma de contribuir com recursos para
financiar a NCG, como o passivo financeiro sofreu redução, a companhia buscou
fontes de recursos para financiar sua necessidade de capital. Outra fonte de
financiamento utilizado pela Vulcabrás foi seu capital próprio, fato constatado através
da evolução em seu passivo permanente (PP) que passou de R$ 69,9 milhões em
2012 para R$ 311,2 milhões em 2016 (acréscimo de R$ 241 milhões).
39

Gráfico 4 - Índices de Liquidez - Vulcabrás


2012 2013 2014 2015 2016
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
-2,5
2012 2013 2014 2015 2016
Liquidez Imediata 0,103 0,093 0,069 0,042 0,053
Liquidez Seca 0,742 0,752 0,772 0,640 0,963
Liquidez Corrente 1,161 1,096 1,224 0,929 1,398
Liquidez Geral 0,621 0,672 0,668 0,684 0,667
Liquidez Dinâmico -2,105 -2,309 -1,741 -1,421 -1,370

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A liquidez imediata da Vulcabrás manteve-se muito próxima de zero, não houve


recursos, em nenhum dos períodos, para honrar as dívidas de curto prazo. O
comportamento em reduzir os valores das contas que compõe os ativos de alta
liquidez sofreu redução em todos os períodos analisados.

A porcentagem do ativo circulante que possuem maior liquidez, excluindo


estoques e despesas antecipadas, disponível para honrar as dívidas de curto prazo
foi insuficiente, como constatado pelo índice de liquidez seca conforme Gráfico 4 que
se manteve abaixo de 1,00 em todos os períodos.

Com exceção de 2015, o índice de liquidez corrente ficou acima de 1,00, nesses
quatro períodos houve saldo suficiente no ativo circulante para saldar as dívidas de
curto prazo. Utilizando esse índice é possível verificar se houve capital circulante
liquido para financiamento da NCG. Nos períodos em que a liquidez corrente ficou
acima de 1,00, o capital circulante liquido foi positivo. Em 2015 o índice ficou em 0,929
indicando que o capital circulante líquido foi negativo.

A liquidez geral da Vulcabrás reflete a insuficiência de recursos no ativo


circulante e no não circulante para saldar suas dívidas de curto e longo prazo. Esse
40

índice também demonstra que não houve folga financeira de longo prazo suficiente
para saldar todos seus compromissos.

O índice de liquidez dinâmico ficou negativo em todos os períodos indicando


que suas fontes de recursos da NCG foram insuficientes e que a empresa buscou
fontes de curto prazo para financiar seus ativos não circulantes. A utilização do índice
na avaliação da companha discorda da análise tradicional. O índice de liquidez
corrente demonstrava uma situação financeira com melhores condições de financiar
sua necessidade de capital de giro, liquidez corrente maior que 1,00. Pela análise do
ILD não se pode afirmar isso, pelo contrário, o ILD apresentou um quadro de alto risco
de liquidez de curto prazo, ou seja, a empresa usou seus recursos de curto prazo para
financiar seus investimentos de longo prazo.

5.3 Resumo da Análise dos Dados

Considerando as análises de liquidez realizadas com a reclassificação do


balanço conforme orienta o Modelo Dinâmico das empresas do ramo de calçados,
seus resultados apresentaram classificações diferentes considerando sua estrutura e
situação financeira. De acordo com o quadro 5 há empresas cuja estrutura financeira
foram classificadas nos tipos 2, 3 e 4. Conforme quadro 5, há predominância de
empresas do Tipo 4. As empresas Cambuci e Vulcabrás são companhias com modelo
de balanço patrimonial com estrutura tipo 4 e com situação financeira péssima, pois
apresentaram necessidade de capital de giro positiva, capital de giro e saldo em
tesouraria negativos, ou seja, nesse tipo de configuração patrimonial as empresas
financiam parte de seus ativos não circulantes e parte de sua necessidade de capital
de giro através de capitação de dívidas de curto prazo, isso pode resolver o problema
imediato em seu caixa, contudo deixa a companhia altamente vulnerável diante de
quaisquer alterações em seu ambiente financeiro e de negócios. Os empréstimos de
curto prazo podem ser pagos através da redução em sua necessidade de capital de
giro e pela venda de ativos não circulantes.
41

Quadro 5 - Comparação da Estrutura Financeira

2012 2013 2014 2015 2016

Estrutura Financeira TIPO 2 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 3 TIPO 3


ALPARGATAS
Situação Sólida Sólida Insatisfatória Insatisfatória Insatisfatória

Estrutura Financeira TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2 TIPO 2


GRENDENE
Situação Sólida Sólida Sólida Sólida Sólida

Estrutura Financeira TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4


CAMBUCI
Situação Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima

Estrutura Financeira TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4 TIPO 4


VULCABRÁS
Situação Péssima Péssima Péssima Péssima Péssima
Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A empresa que apresentou o maior nível de liquidez considerando sua


configuração patrimonial foi a Grendene que apresentou a estrutura do tipo 2 em todos
os períodos, empresas com essa estrutura usam financiamento permanente (PP) para
financiar seus ativos não circulantes (AP) e sua necessidade de capital de giro positiva
e para manter caixa disponível, ou seja, saldo em tesouraria (T) positivo.

A Alpargatas manteve-se nos dois primeiros períodos com a configuração


patrimonial do tipo 2 e nos três últimos períodos analisados caiu para estrutura do tipo
3 e situação financeira classificada como insatisfatória. Nesse tipo de estrutura a
companhia apresenta NCG positiva, CDG Positivo e T é negativo, ou seja, os recursos
originários do CDG são insuficientes para financiar a NCG, portanto exigindo a
utilização de empréstimos de curto prazo, expresso pelo saldo em tesouraria negativo
como complemento ao financiamento dessa necessidade.

Conforme gráfico 5 o índice de liquidez dinâmico da Alpargatas confirma que


ele passou de positivo para negativo no exato período em que empresa passou a ter
sua situação classificada como insatisfatória.
42

Gráfico 5 – Comparação do Índice de Liquidez Dinâmico


2012 2013 2014 2015 2016
2,0

1,0

0,0

-1,0

-2,0

-3,0

-4,0

-5,0

Alpargatas Grendene Cambuci Vulcabrás

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

O índice de Liquidez Dinâmico das empresas, gráfico 5, retrata exatamente o


que foi informado na análise da estrutura e situação financeira das empresas. Com
base na análise do gráfico 5, pode-se afirmar que a Grendene é a que apresentou
melhor índice de liquidez nos períodos analisados, em segundo lugar vem a
alpargatas, em terceiro a Vulcabrás e por último a Cambuci.

Esse índice mede a real liquidez das empresas, pois apresenta qual a
proporção dos ativos de longo prazo e da necessidade de capital de giro estão
cobertos por recursos de longo prazo. Na análise desse índice deve ser considerado
se ele é negativo ou positivo e seu comportamento ao longo do período analisado.

Constata-se que o índice da Grendene permanece positivo e crescente ao


longo de todos os períodos. O índice da Cambuci apresenta um comportamento
inverso ao da Grendene, para a Cambuci o ILD ficou negativo em todos os períodos,
com destaque do ILD de 2015 para 2016 que registrou uma forte queda. O ILD da
Vulcabrás também ficou negativo em todos os períodos, mas constata-se, pela análise
desse índice, que houve um movimento de recuperação da liquidez a partir de 2014,
mas insuficiente para elevar a classificação da estrutura financeira para sólida.
43

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestão do capital de giro tem o objetivo de garantir a continuidade dos


negócios ao mesmo tempo que contribui positivamente para o valor da empresa.
Contudo a gestão do capital de giro de uma empresa envolve decisões tanto no curto
como no longo prazo direcionadas para a liquidez com reflexos na rentabilidade.

A análise com o enfoque no modelo dinâmico proporciona condições de avaliar


a situação econômica e financeira da companhia de forma mais minuciosa partindo
da identificação da real necessidade de capital de giro adequada ao equilíbrio em suas
finanças. Além disso, o conhecimento sobre a saúde financeira da companhia em
termos de liquidez subsidia a tomada de decisão correta, principalmente quando se
busca a saúde financeira.

Se a necessidade de capital de giro for financiada por dívidas de curto prazo


por vários anos consecutivos gerará sérios problemas decorrentes da falta de liquidez
o que poderá levar a empresa à falência.

Nas micro e pequenas empresas a falta de capital de giro normalmente é


considerado o principal motivo de falência. Contudo, em se tratando das grandes
empresas, estas ainda podem contar com a inserção de capital por parte dos sócios
quando ocorrer deterioração da liquidez. Deve-se considerar também o poder de
negociação das grandes empresas junto aos seus fornecedores o que pode
proporcionar-lhes melhor gestão de seus recursos financeiros podendo evitar a perda
de controle de suas finanças e uma queda na classificação financeira conforme
apresentada no modelo dinâmico,

Pelas análises realizadas nesse trabalho constatou-se que a situação


financeira da Grendene se manteve sólida de 2012 a 2016 e que sua atividade
operacional em 2015 aumentou em comparação à 2014. A Cambuci e a Vulcabrás
apresentaram situação financeira classificada como péssima em todos os anos
analisados. A Alpargatas foi a única empresa que sofreu alteração em sua situação
financeira: passou da classificação sólida para a insatisfatória a partir de 2014. Em
2014 e 2015 a Alpargatas registrou um aumento em sua atividade operacional e houve
crescimento em seu ativo permanente de 2012 a 2014 o que pode ser traduzido em
44

investimentos para aumento de sua capacidade de produção o que se justifica pelo


crescimento em suas atividades operacionais e em sua receita.

Assim sendo, é importante destacar que essa pesquisa focou na análise dos
índices de liquidez do modelo tradicional: imediata, seca, corrente e geral e nos
índices base do modelo dinâmico: capital de giro, necessidade de capital de giro, saldo
em tesouraria e índice de liquidez dinâmico. Foram utilizadas informações financeiras
de quatro empresas de capital aberto que negociam suas ações na bolsa de valores.
Os indicadores analisados e a quantidade das empresas analisas são os fatores de
limitação desta pesquisa.

Como contribuição espera-se que esse estudo possa ser uma fonte de
informação e instrumento de apoio para as tomadas de decisões empresariais,
principalmente no que diz respeito a gestão do capital de giro e do grau de liquidez.
Importante informar que o potencial analítico do modelo dinâmico foi utilizado de forma
parcial considerando os objetivos geral e específicos desta pesquisa. Ficou
evidenciada sua utilização como uma ferramenta de análise financeira complementar
do modelo tradicional de liquidez.

Como sugestão para pesquisas futuras, poderia ser investigado o efeito da


crise enfrentada pelo setor calçadista em 2015 sobre as empresas de capital fechado,
bem como nas empresas de pequeno porte do referido setor. E também um estudo
com a finalidade de identificar o motivo da maioria das empresas de capital aberto
desse setor apresentar a situação financeira como insatisfatória e péssima, calcular
os seus índices de endividamento, ciclo operacional e financeiro.
45

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