Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Fevereiro de 2017
Larissa Braga Pessanha
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO DE 2017
ii
Larissa Braga Pessanha
Examinado por:
iii
Braga Pessanha, Larissa
Politécnica, 2016.
iv
Agradecimentos
Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао longo da minha vida,
Aos meus pais, Denise e Dalton, e meu irmão, Lucas, pelo amor, incentivo е apoio
incondicional.
Aos amigos que nоs momentos da minha ausência dedicados ао estudo superior, sеmprе
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
Fevereiro 2017
sistema em um exemplo prático para UFRJ, com o objetivo de apresentar uma técnica
técnica de captação e tratamento das águas residuais pode ser uma das possíveis
soluções para a falta de água potável nos grandes centros urbanos, uma vez que o
sistema é capaz de filtrar as águas pluviais. A partir deste estudo, espera-se apresentar
tratar essa água residual para utilização com fins não potáveis, além de dar subsídios
água de chuva.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
POLITÉCNICA - UFRJ
February, 2017
Thist work presents a study about the methodology of green roof using wetland
technique and a prototype in a case study for UFRJ, with the aim of presenting a
A literature review was made on the matter of green roofs and wetland system‟s types in
Using wetland system as a technique for capture and treatemeant of wastewater can be
one of the possible solutions to the imnent issue of potable water in urban centers, since
rainwater and treat this wastewater for reuse in a non-potable purposes, in addition to
vii
Sumário
1 Introdução ...................................................................................................................... 1
1.1 Referencial Teórico ............................................................................................ 1
1.2 Objetivo ............................................................................................................. 6
1.3 Justificativa ........................................................................................................ 7
1.4 Metodologia ....................................................................................................... 7
1.5 Descrição dos Capítulos..................................................................................... 8
2. Wetland Construído - Telhado Verde Extensivo .......................................................... 9
2.1 Sistema Intensivo .............................................................................................. 10
2.2 Sistema semi-intensivo ..................................................................................... 11
2.3 Sistema Extensivo ............................................................................................ 12
2.3.1 Sistema Extensivo - Dryland ......................................................................... 14
2.3.2 Sistema Extensivo – Wetland Construído ..................................................... 15
2.3.2.1 Sistemas utilizando plantas aquáticas flutuantes ........................................ 23
2.3.2.2 Sistemas utilizando plantas aquáticas emergentes ..................................... 25
2.3.2.3 Sistemas utilizando plantas aquáticas fixas submersas .............................. 29
2.4 Projeto Executivo – Wetland Construído ......................................................... 30
3. Estudo de Caso: Proposta de implantação de um sistema de telhado verde extensivo
utilizando a técnica de wetland construído na Escola Politécnica - UFRJ ..................... 33
3.1 Apresentação ........................................................................................................ 33
3.2 Metodologia .......................................................................................................... 35
3.2.1 Sistema Adotado ............................................................................................ 35
3.3 Projeto Executivo ................................................................................................. 37
3.3.1 Dimensionamento – Sistema Wetland ........................................................... 42
4. Considerações Finais .................................................................................................. 44
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 46
viii
1 Introdução
Le Corbusier (1977) no seu esforço para encontrar “as condições de natureza” perdidas
na cidade maquinista, perguntou-se como fazer compatível a cidade moderna
tecnificada com a conservação (criação) de um habitat natural para o homem. Progresso
e inovação frente à tradição e condições naturais do meio, simbiose da cidade na
paisagem. Conhecem-se as respostas e hoje são usadas algumas de suas propostas com
finalidades inimagináveis: o terraço-jardim, figura 2, exemplifica bem como as soluções
ambientais podem ser habilmente combinadas com as arquitetônicas e urbanas;
obtendo-se com ele resultados não só energeticamente eficiente, mas também
encantadores. (MASCARÓ, 2010)
Figura 2 - Imagem Terraço Villa Savoye de Le Corbusier, em Poussy, na França
Fonte: http://www.ultimatehouse.tv, 2016
As cidades têm crescido desde seu centro antigo com peculiaridades próprias, mas com
os mesmos conflitos, tais como: deterioração de sua periferia, estabelecimento de
indústrias de forma dispersa ou concentrada, mas sem estar “encaixada” no ambiente,
congestão, segregação, falta de participação. A paisagem sofreu profundamente essa
deterioração e precisa ser tratada com especial sensibilidade. Ela necessita ser a
protagonista novamente, sendo fundamental o papel que a vegetação desempenha nessa
recuperação. (MASCARÓ, 2010)
Ao mesmo tempo, uma rápida expansão populacional global junto com a tendência
urbanística está pressionando cada vez mais as cidades e seus sistemas de suporte à
população. (UNITED NATIONS, 2014)
2
Desta forma é necessário recuperar o olhar para o urbanismo integrado, desde os jardins
particulares até ambientes públicos, sejam eles bosques, canteiros, florestas urbanas,
tendo como objetivo a recuperação ampla das cidades modernas.
Sistemas de telhados verdes são conhecidos por apresentar diversos benefícios, como
moderação de temperatura interna de edificações, contenção temporária da água de
chuva, limpeza de poluentes atmosféricos, aumento da eficiência energética, isolamento
sonoro e provável atenuação do efeito da ilha de calor urbano. (DUNNET,
KINGSBURY, 2008, PACK et al, 1999; PLEDGE, 2005)
Ao redor do mundo, áreas urbanas estão sendo reformuladas para acomodar populações
maiores, incluindo a transformação de áreas industriais em residenciais ou com uso
misto do solo; e aumentando a densidade dos arcos urbanos centrais (in inner and
middle ring suburbs). Assegurar a sustentabilidade e a qualidade de vida dessas áreas
reconstruídas é primordial. A política urbana tem que mitigar os impactos negativos da
urbanização, como o aumento da drenagem urbana, efeito estufa, a perda dos espaços
verdes, e deve incluir a resiliência dos prédios para a mudança climática e a escassez de
recursos que abrangem ondas de calor, aumentando os danos na parte elétrica, chuvas e
custo com energia. Simultaneamente, as condições de qualidade de vida, saúde pública
e bem estar são críticas. (REEVE, DESHA E HARGREAVES, 2015)
3
função inclui reduzir a drenagem urbana, mitigar o efeito estufa, reduzir a demanda
energética dos prédios, retirar e reduzir a emissão de gás carbônico; melhorando a
qualidade do ar, aumentando a biodiversidade urbana; e gerando uma valorização
imobiliária. (e.g. GILL et al., 2007; BOLUND AND HUNHAMMAR, 1999)
4
A manifestação urbana da biofilia está dominando o planejamento e design do meio
ambiente na era moderna.
O termo biofilia foi utilizado pelo psicanalista Erich Fromm, que descrevia a biofilia
como “o amor apaixonado pela vida e por tudo que está vivo”, em 1973. O termo foi
utilizado mais tarde pelo biólogo americano Edward O. Wilson no seu trabalho Biofilia
(1984), o qual propõem que a tendência do homem de focar na natureza e em tudo que
tem vida tem, em parte, uma base genética. Mais importante, ele implica consequências
sérias no bem-estar da sociedade. Sendo assim, a destruição do meio ambiente pode ter
um impacto significativo na qualidade de vida não só materialmente, mas
psicologicamente.
A hipótese biofilia fornece base teórica com potencial para explicar os benefícios da
natureza urbana, como a melhora da saúde e do bem-estar. Esses benefícios têm
potencial para aumentar substancialmente a qualidade de vida das áreas urbanas com
densidade elevada, e fornecer benefícios econômicos com a redução dos custos com
saúde mental e física. (REEVE, DESHA E HARGREAVES, 2015)
Pesquisas e estudos sobre sistemas integrados de captação e tratamento de água para uso
sem fins potáveis surgem devido à necessidade da diversificação do abastecimento de
5
água nas áreas urbanas dado a eminente crise hídrica, levando a uma tendência de reuso
de água.
Segundo Machado (2014), vários estudos mostram que no Brasil há crescimento das
aplicações com os wetlands construídos no tratamento de águas residuais,
potencializando cooperações com empresas de saneamento e universidades. Um
exemplo vem com o uso de filtro de macrófitas flutuantes, que apesar de amplamente já
pesquisado na Europa, despertou o interesse para aplicação de saneamento em várias
regiões do país. A realização do 2º Simpósio Brasileiro sobre aplicação de wetlands
construídos no tratamento de águas residuais, vai aumentar ainda mais o fortalecimento
para a constante busca por novos caminhos da pesquisa com os processos que podem
recuperar e gerar energia, recuperar e reciclar nutrientes, minimizar impactos ambientais
e permitir também maiores possibilidades de reuso das águas residuais.
1.2 Objetivo
Para demonstrar melhor o emprego desta técnica será apresentado uma série de
exemplos onde foi aplicado de forma assertiva em diversos projetos diferentes.
6
1.3 Justificativa
Essa situação que é vivenciada nos dias de hoje, onde a água se torna um fator
preocupante tanto nos grandes volumes presenciados nas enchentes quanto na eminente
crise hídrica, se gerenciada de forma assertiva pode tornar a água pluvial uma solução
para questão do abastecimento de água, reduzindo a demanda dos sistemas públicos de
abastecimento e ao mesmo tempo retirando o peso do seu volume nas enchentes
urbanas.
Ao invés de problema, as águas pluviais podem ser manejadas como uma das soluções
para o abastecimento descentralizado. Porém, o manejo dessas deve buscar aproveitar a
água precipitada antes que ela entre em contato com substâncias contaminantes,
armazenando-a para uso doméstico, criando condições de infiltração do excedente,
restaurando os fluxos naturais, disponibilizando mais uma alternativa para
abastecimento de água local e descentralizado (COHIM, GARCIA e KIPERSTOK,
2008).
Assim como todo sistema alternativo, a captação da água pluvial para uso não potável
necessita de estudos para verificar sua viabilidade e eficiência, que irá variar de acordo
com a região, devido a diferenças de potencial pluviométrico e características locais,
análise de possíveis riscos sanitários, projeto para compatibilização das instalações
hidráulicas prediais, dimensionamento do sistema de captação, reservatório, inclinação
necessária do jardim, escolha das plantas que irão ser utilizadas.
A esse respeito, a ABNT (2007) NBR 15527, determina que o uso da água captada deve
ser feito somente para fins não potáveis e, de acordo com o tratamento, esses usos
podem ser: descargas em bacia sanitárias, irrigação de gramados e plantas ornamentais,
limpezas de veículos, limpezas de calçadas e ruas, limpezas de pátios, espelhos d‟água e
uso industrial.
1.4 Metodologia
O tema telhado verde será abordado de uma forma geral junto com a sua classificação.
Em seguida será descrito duas técnicas de aplicação do telhado verde extensivo, wetland
e dryland. Para uma melhor compreensão, serão apresentados alguns exemplos.
7
A metodologia foi dividida em duas etapas: conceito e proposta de aplicação.
A parte prática do trabalho está no terceiro capítulo, onde é feita uma proposta de
aplicação de um sistema de telhado verde extensivo utilizando a técnica de wetland, na
Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
8
2. Wetland Construído - Telhado Verde Extensivo
O telhado verde é um sistema construtivo caracterizado por uma cobertura vegetal feita
com grama ou plantas, instalado em lajes ou sobre telhados convencionais e consiste em
camadas de impermeabilização e de drenagem, as quais recebem o solo e a vegetação
indicada para o projeto. (CORSINI, 2011).
9
2.1 Sistema Intensivo
Almeida (2008) descreve as coberturas verdes intensivas como sendo as que necessitam
de “estrutura complexa de implantação e uma grande manutenção” onde vários tipos de
plantas podem ser utilizados, desde gramíneas até árvores e arbustos. Esse tipo de
cobertura verde raramente é utilizado em grandes inclinações já que o seu peso a torna
mais suscetível a deslizamentos.
11
Figura 7 – Cobertura semi-intensiva em edificação em Indianápolis, EUA.
Fonte: SAVI, 2012
Esse sistema pode ser aplicado na forma de dryland, no formato clássico e wetland,
utilizando plantas aquáticas; e em muitos casos são implantados conjugadamente, pois
um complementa o outro já que o dryland realiza a função de captação da água das
chuvas e o wetland auxilia no processo de purificação da mesma.
Figura 9 – Cobertura Verde Extensiva – The School of Art Design, Nanyang University,
13
2.3.1 Sistema Extensivo - Dryland
O termo wetland vem do inglês (wet: úmido, encharcado e land: terra, solo), e o termo
construído dá as dimensões de um sistema projetado sob condições controladas e com
princípio de impermeabilização do solo para impedir a infiltração (USEPA,1993).
15
construídos é baseado em wetlands naturais, onde microorganismos, plantas e animais
nativos trabalham juntos para reduzir os poluentes da água. (DORNELAS, 2008)
Wetlands naturais são definidos como terras onde a superfície da água está próxima ou
na superfície do terreno por tempo suficiente, ao longo do ano, para manter o solo em
condições saturadas para a vegetação relacionada. (DORNELAS, 2008). Os pântanos,
mangues e brejos são exemplos naturais de wetlands. (USEPA, 1993).
De toda forma, tais sistemas estão entre uma das mais eficientes tecnologias
recentemente comprovadas para o tratamento de águas residuais. Comparado com
sistemas de tratamento convencionais, as wetlands construídas são de baixo custo, de
fácil operação e manutenção, e tem um grande potencial para aplicação em países em
desenvolvimento, particularmente em pequenas comunidades rurais. Porém, estes
sistemas ainda não se encontram muito difundidos, devido à falta de conhecimentos
técnicos e peritos locais para o desenvolvimento dessa tecnologia (KIVAISI, 2001).
Os métodos de telhado verde têm avançado com estudo de espécies adequadas, taxa de
crescimento, design dos sistemas, propriedades térmicas e energéticas, impactos
econômicos e ambientais. Considerando esse desenvolvimento nos estudos, a
possibilidade da utilização de plantas aquáticas e sistemas aquáticos tem sido olhado de
forma extensiva. (SONG; et al / Building and Enviroment, 2013)
16
Figura 12- Tanque estudo de caso de wetland
Fonte: SONG et al; Building and Enviroment, 2013
De maneira geral, os wetlands construídos, figura 13, podem ser utilizados para o
tratamento de diversos tipos de efluentes, tais como esgotos domésticos a níveis
secundários e terciários, efluentes industriais, água da chuva e até para o tratamento de
chorume (SCHARF et al., 2006, p.3).
17
A utilização dos wetlands construídos como sistemas de tratamento de águas residuais
têm se intensificado nestas últimas décadas. Estes sistemas têm sido matéria de muitas
discussões, as quais apresentam um ponto positivo: o desenvolvimento de pesquisas e
experimentos conduzindo para um maior conhecimento e experiências nessa linha de
pesquisa (HARBEL, 1997).
18
Figura 14 – Wetland Construído, VALENTIM &ROSTON (1998) da
UNICAMP.
Fonte: VALEMTIM, 2013
19
localizada em Ilhéus, e como eles estão isolados de qualquer serviço público de
saneamento e distribuição de água, eles presam de forma extensiva a preservação da
natureza e da água ao redor. Utilizam desta forma para purificar a água utilizada o
sistema de wetland construído, figura 16, com a utilização da Eichornia crassipes,
conhecida como aguapé.
20
Figura 17 – Sistema wetland construído, Parque Industrial de Changshu
Fonte: Publicação online Boletim Wetlands Brasil N° 2, em junho de 2016
Várias técnicas de wetlands construídos surgiram no decorrer dos anos, que são
selecionadas de acordo com o que é desejado em relação ao efluente, da eficiência da
remoção dos nutrientes, poluentes e contaminantes presentes.
Inúmeras são as plantas, ou macrófitas (plantas vasculares cujos tecidos são visíveis),
que podem ser empregadas em wetlands construídas. O termo macrófita inclui desde as
21
plantas aquáticas vasculares (angiospermas, como exemplo clássico cita-se a taboa –
Typha spp.) até algumas algas cujos tecidos podem ser visivelmente identificados. As
macrófitas, como todos os outros organismos fotoautotróficos, utilizam energia solar
para assimilar carbono inorgânico da atmosfera na produção de matéria orgânica que
servirá de fonte de energia para seres heterotróficos – animais, bactérias e fungos
(BRIX, 1997).
22
2.3.2.1 Sistemas utilizando plantas aquáticas flutuantes
Essas características que podem prejudicar e em muitos casos colocar a espécie como
uma praga sendo desafiadora para o meio ambiente, pode ser utilizada também nos
23
sistemas de filtração de água, como os sistemas de tratamento terciário para remoção de
nutrientes nos quais, especialmente o fósforo e o nitrogênio são incorporados à
biomassa das plantas. A biomassa é removida frequentemente de tal maneira a se
manter o máximo de produtividade primária e para a remoção dos nutrientes
incorporados (TRIVEDY & GUDEKAR, 1985).
Outras espécies de plantas têm sido estudadas para a purificação de águas em sistemas
utilizando plantas flutuantes, figura 19. Assim, Lemna, Spirodella e Wolffia sp., têm
sido investigadas, embora não com tanta frequência como o aguapé (NGO, 1987;
SUTTON, & ORNES, 1975)
24
Desta forma, pode-se dizer que um sistema utilizando plantas flutuantes tem sua
eficiência devido as características dessas espécies que proporcionam absorção de
partículas pelo seu sistema radicular, de metais e nutrientes, além da ação de
microorganismos associados à rizosfera e o transporte de oxigênio para mesma.
Aponta-se que as vantagens desse sistema incluem o baixo custo de implantação e alta
eficiência na melhoria dos parâmetros da qualidade da água.
O sistema de wetland construído com macrófitas emergentes com sistema com fluxo
superficial, representado pela figura 20, é um dos mais antigos sistemas de wetlands
construídas, com mais de 30 anos de operação na Holanda (GREINER & DE JONG,
1984). Um projeto típico consiste de um canal com 3-5 metros de largura e da ordem de
100 m de comprimento. No solo é cultivada uma planta típica dos sistemas naturais de
wetlands, tais como Phragmites australis, Typha latifolia ou Scirpus lacustris. Uma
lâmina de água de 10-40 cm é mantida sobre a superfície do solo. A purificação da água
25
ocorre por diversos mecanismos de ação de microrganismos que ficam fixados no liter,
na superfície do solo e na parte submersa do caule das plantas. Dependendo da
legislação do país ou estado, o sistema deve ser implantado sobre camadas de argila
e/ou mantas plásticas especiais. (SALATI, 2009)
A água circula de forma horizontal como em um lençol freático sobre o substrato. Desta
forma apresenta um mosaico de zonas aeróbias e anaeróbias, figura 21, favorável ao
processo de degradação que é efetuada no tratamento das matérias orgânicas no
efluente. (Aquatiris, 2013)
Sistemas com fluxo subsuperficial, figura 22, utilizadas para o tratamento de águas
residuais foram primeiramente empregadas como tecnologia na Europa Ocidental em
26
pesquisas conduzidas por Seidel (1966), apud USEPA (1993) no começo dos anos 80, e
por Kickuth (1977), apud USEPA (1993), no final da década de 70 e início dos anos
oitenta. (DORNELAS, 2008)
27
respeito ao conhecimento de seu funcionamento para, assim, prover os engenheiros de
modelos e detalhes mais previsíveis (COLE, 1998).
As informações dos sistemas que utilizam esta tecnologia, figura 25, indicam boa
remoção de sólidos suspensos, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Amônia e Fósforo.
28
Uma alternância de funcionamento, permitindo uma drenagem total aumenta o
oxigenação da rizosfera e do substrato (HILL & SAWHNEY., 1981).
Estas macrófitas podem absorver os nutrientes dos corpos hídricos. Como, porém, só se
desenvolvem bem em águas bem oxigenadas, não têm sido recomendadas para
tratamento de esgoto urbano, embora alguns experimentos tenham tido bom êxito
mesmo para tratamento primário com Elodea Nuttallii (BISHOP & EIGHMY, 1989).
O sistema construtivo se divide em três etapas, sendo elas a captação da água da chuva,
absorção e estocagem no sistema de wetland construído e saída do efluente do sistema
para aproveitamento da água da chuva para uso não potável.
30
Na segunda etapa, figura 28, é a absorção e estocagem no sistema de wetland
construído, onde efetivamente ocorre o tratamento da água captada pelas plantas
aquáticas que compõem o sistema de wetland.
Finalizando o processo vem a terceira etapa, conforme figura 29, onde será executado o
sistema para saída do efluente para fins não pontáveis. Certificando que ao sair do
sistema de wetland uma amostra do efluente seja levada para análise, garantindo que o
mesmo esteja pronto para ser utilizado.
31
2.4.1 Dimensionamento – Sistema Wetland
Esta alternativa tecnológica não está contemplada em normas técnicas brasileiras, o que
dificulta a uniformização dos parâmetros e critérios para seu dimensionamento. Na
literatura internacional, existem diversos modelos e critérios para projetá-los, sendo que
grande parte está voltada à remoção da carga orgânica. Dentre as mais pertinentes,
Hammer (1989), Conley et al. (1991) e Crites (1994) consideram os wetlands
construídos como reatores biológicos de biofilme fixo, prevendo para estes uma
remoção da matéria orgânica segundo a cinética de primeira ordem, aplicável mais
especificamente em wetland construído com fluxo subsuperficial horizontal.
Lara Borrero (1999) e Nogueira (2003) alertam para a necessidade de estudo desses
sistemas em países em desenvolvimento com clima tropical, clima este muito diferente
daquele onde os wetlands construídos foram originalmente concebidos.
Dados encontrados na literatura sugerem uma área de 0,5-3 m² por pessoa quando a
escala é reduzida para uso domiciliar (Buenfil, 2004; Shrestha et al., 2001; Jenssen et
al., 2005).
Vymazal et al. (1998) indicam valores na ordem de 1,6 m2 por pessoa. Sezerino e
Philippi (2000), reduziram a área requerida para valores de 0,8 m2 por pessoa para tratar
efluente de uma residência padrão (5 pessoas), sem que a performance de tratamento
fosse afetada significativamente.
32
3. Estudo de Caso: Proposta de implantação de um sistema de
telhado verde extensivo utilizando a técnica de wetland
construído na Escola Politécnica - UFRJ
3.1 Apresentação
33
O estudo de caso de implantação na UFRJ, tem como objetivo principal o
reaproveitamento de água para uso no próprio local e desta forma auxiliando na
economia e otimização do uso dos recursos disponíveis de um prédio público.
O bloco escolhido para construção do protótipo foi o bloco D, onde abriga a graduação
de engenharia civil, como podemos observar na figura 31. A ideia exposta nesse
trabalho é utilizar a área verde já existente entre os blocos, alterando a mesma com a
finalidade ampliar seu uso sustentável aproximando-o dos alunos, assim transformando
em um espaço de convivência consciente.
A coleta da água que passará pelo sistema de wetland será a captada pelas calhas já
existente no prédio, conforme a figura 32. E essa figura representa também a área que
será beneficiada pelo protótipo.
34
Figura 32 – Bloco D – Escola Politécnica
Fonte – Google Earth (acesso setembro de 2016)
3.2 Metodologia
Para este estudo foi escolhida a cobertura extensiva, pois estas coberturas necessitam de
pouca ou nenhuma manutenção, figura 33.
35
No caso da proposta de aplicação, a cobertura vegetal será aquática, sendo assim foi
selecionado o sistema de wetland construído, figura 34, dado que além de seu baixo
custo de implantação e manutenção esse sistema apresenta como benefício a melhoria
na qualidade da água, possibilitando o reaproveitamento da água captada para uso não
potável.
36
a) Desenho esquemático de um b) Desenho esquemático de um
canal com com macrófitas canal com com macrófitas
emergentes com fluxo sub- emergentes com fluxo sub-
superficial vertical. superficial horizontal.
Nos sistemas onde os módulos de fluxo verticais são seguidos por módulos de fluxo
horizontal, o interesse é obter uma boa nitrificação nos filtros verticais, que são bem
oxigenados, e também uma desnitrificação nos filtros horizontais, onde se encontram
condições de anoxia necessárias a esta reação. Por outro lado, nos sistemas nos quais os
módulos horizontais são seguidos por módulos verticais, a idéia é que a DBO removida
no filtro horizontal possa prevenir interferência com a nitrificação no filtro vertical
(Philippi e Sezerino, 2004).
O projeto se divide em três etapas, sendo elas a captação da água da chuva, absorção e
estocagem no sistema de wetland construído e saída do efluente do sistema.
37
Figura 36– Captação água da chuva pelo sistema de telhado verde tradicional
Fonte : Autora, 2016
As duas calhas já existentes fazem a captação da água da chuva pelo telhado do bloco
D, e nela possuem oito descidas (figura 37) que levam a água para rede de distribuição
pública, que no caso do estudo foram escolhidas as descidas AP-7 e AP-8, que serão
levada para segunda fase do processo. E além dessas decidas também tem uma
alternativa em caso de transbordamento localizada na extremidade oposta as descidas
escolhidas, como podemos visualizar na figura 38.
38
Figura 38 – Calha bloco D – Centro Tecnológico - UFRJ
Fonte : Autora, 2016
39
Nesse momento a água captada irá passar pelo sistema, primeiro pelo sistema com fluxo
vertical e em seguida uma segunda etapa com fluxo horizontal
A terceira etapa, conforme figura 40, será executado o sistema de canalização para saída
do efluente, seguido de um pequeno reservatório para armazenamento com objetivo de
analisar o efluente, e se necessário, adicionar qualquer tratamento adicional certificando
que o mesmo esteja pronto para ser utilizado. O reservatório selecionado nesse caso foi
um modelo de caixa d‟água fabricado em polietileno em função da facilidade de compra
e o custo.
40
Figura 41 – Saída do efluente do sistema
Fonte : Autora, 2016
Agora com modelo final, foi situado de maneira que possa ficar clara sua localização,
figura 42.
41
Figura 43 – Localização protótipo – Centro de Tecnologia - UFRJ
Fonte : Autora, 2017
Dado que estamos dimensionando um protótipo, figura 44, com objetivo de pesquisa
não há a necessidade de ser dimensionado para uma grande demanda de água, e será
requerida algumas análises e testes da água final, verificando a qualidade da mesma,
para averiguar se ela irá atender os padrões requeridos nas normas para o
reaproveitamento não potável, sendo assim com um fluxo reduzido reduz a
possibilidade de erro. Porém para futuras comparações com pesquisas e trabalhos já
realizados foi escolhido seguir com o equivalente a uma casa, ou seja, 5 habitantes, o
que nos fornece um total de 10 m².
42
subsuperficial vertical possuísse 1 metro de profundidade, esperar-se-ía uma eficiência
de nitrificação de 85% com este modelo de dimensionamento (Johansen e Brix, 1996).
43
4. Considerações Finais
Na parte econômica, que é de suma importância, pois torna possível a sua concretização
e atrativo para replicá-lo em outras locais. Podemos explicitar o aumento da vida útil do
telhado, isolamento acústico e térmico, redução de gastos com climatização e contas de
água, certificações sustentáveis, que podem trazer maiores investimentos para faculdade
Tendo em vista o aspecto ambiental, esse sistema traz um aumento da área verde,
melhoria na qualidade do ar, minimiza os efeitos de ilhas de calor, combate o efeito
estufa, reduz o escoamento superficial e o consumo de água potável para uso não
potável.
E sem dúvida, possui uma grande importância social, pois como terá uma localização
visível, protagoniza um papel de conscientização do reuso da água e da sustentabilidade
44
em geral, além da contribuição estética da área comum e juntos trazendo melhoria para
qualidade de vida.
Esse trabalho se mostra como um esforço inicial que visa estimular a adoção dessas
práticas socioambientais de forma concreta e prática, abrindo espaço para uma maior
disseminação do tema no Brasil.
45
Referências Bibliográficas
BOUQUEREL, L., DIVANACH M;, FERRAZ NETO J., FONSECA JOHANN ST,
MONTORFANO, J.P. & NAVARRO PEREIRA L. Etude de la mise en place d'un
prototype pédagogique et écologique d'un système d'assainissement non collectif
au sein de l'ECN, Nantes, 2013.
BRIX, H. & SCHIERUP, H. -H. Soil oxygenation in constructed reed beds: the role
of macrophyte and soil-atmosphere interface oxygen transport. In: Constructed
Wetlands in Water Pollution Control. P. F. Cooper and B. C. Findlater, Eds.
Advances in Water Pollution Control, Pergamon Press, Oxford, 1990, 53.
46
COHIM, E.; KIPERSTOK, A.(2008) Racionalização e reuso de água intradomiciliar.
Produção limpa e eco-saneamento. In: KIPERSTOK, Asher (Org.) Prata da casa:
construindo produção limpa na Bahia. Salvador.
DIXON, A.; BUTLER, D.; FEWKES, A.(1999) Water saving potential of domestic
water reuse systems using greywater and rainwater in combination. Water Science
& Technology: Options for closed water systems: Sustainable water management. V.
39, N. 5. IAWQ. Londres.
KADLEC, R.H. & KNIGHT, R.L. Treatment Wetlands. CRC Press, Boca Raton, Fl.
893pp. 1996.
47
LOPES, D.A.R. Análise do comportamento térmico de uma cobertura verde leve
(CVL) e diferentes sistemas de cobertura. 2007. 145f. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, São Carlos.
PECK S., CALLANGHAN C., KUHN M., BASS B. Greenbacks from green roofs:
forging a new industry in Canada. Ottawa: Canada Mortgage and Housing
Corporation, 1999.
48
Conference on Wetland Systems for Water Pollution Control, 6. Eds TaukTornisielo,
S.M. and Salati, E.F. Procceeding. Águas de São Pedro, Brasil, p. 660- 669, 1998.
SONG, U. & KIM, E. Wetlands are an effective green roof system. School of
Biological Sciences, Seoul National University, Seoul 151-747, 2013.
49
WEBER, A. S. & TCHOBANOGLOUS, G. Prediction of nitrification in water
hyacinth treatment systems, J. Water Pollut. Control Fed. 58:376, 1986.
http://www.ultimatehouse.tv/article.php?id=2, 2016
50
51