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Universidade Católica de Pernambuco

Docente: Pe.Dr.Manuel Valdir dos Santos Filhos, SCJ.


Discente: Davi Araújo de Melo

Direito Canônico Sacramental

Cân. 961 — § l. A absolvição simultânea a vários penitentes sem confissão individual


prévia não pode dar-se de modo geral, a não ser que:

1.° esteja iminente o perigo de morte, e não haja tempo para um ou mais sacerdotes
poderem ouvir a confissão de cada um dos penitentes;

2.° haja necessidade grave, isto é, quando, dado o número de penitentes, não houver
sacerdotes suficientes para, dentro de tempo razoável, ouvirem devidamente as
confissões de cada um, de tal modo que os penitentes, sem culpa própria, fossem
obrigados a permanecer durante muito tempo privados da graça sacramental ou da
sagrada comunhão; não se considera existir necessidade suficiente quando não possam
estar presentes confessores bastantes somente por motivo de grande afluência de
penitentes, como pode suceder nalguma grande festividade ou peregrinação.

§ 2. Emitir juízo acerca da existência das condições requeridas no § 1, n. 2, compete ao


Bispo diocesano, o qual, atendendo aos critérios fixados por acordo com os restantes
membros da Conferência episcopal, pode determinar os casos em que se verifique tal
necessidade.

Comentário

A leitura e interpretação do Cân.961 do CIC deve ser feita em consonância com o


Cân.960, cujo fito é precisar a confissão auricular, individual e secreta, como forma
ordinária da administração do sacramento da Penitência.

Na primeira parte do Cân.960 essa ideia é explicitada, in verbis: “A confissão individual


e íntegra e a absolvição constituem o único modo ordinário pelo qual o fiel, consciente
de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a Igreja; ...”. Fica clarividente,
portanto, que para a recepção do sacramento, faz-se mister, em condições normais, a
manifestação dos 3 atos do penitente: contrição, acusação diante do sacerdote e desejo
de satisfação.

Outrossim, a segunda parte do Cân.960 é como que o prelúdio do Cân.961, in verbis:


“somente a impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de confissão, podendo
neste caso obter-se a reconciliação também por outros meios”. Essa última expressão
“outros meios” é o que fundamenta o Cânon seguinte, objeto do nosso estudo.

A composição negativa do enunciado legal do Cân.961 quer evidenciar isso: “A


absolvição simultânea a vários penitentes sem confissão individual prévia não pode dar-
se de modo geral”.

Antes de prosseguirmos, vale a pena recordar que a lei, não poucas vezes, procura
responder a um determinado contexto histórico. Isso não significa dizer que a lei
canônica é limitada pelo contexto histórico, mas, sim, pode tirar dele algumas
manifestações práticas para atender o a regra máxima do Direito Canônico: “ Salus
animarum suprema lex”.

Neste sentido, é imperioso recordar que a ideia da “absolvição coletiva” foi


desenvolvida e aprimorada no período entre guerras que o mundo ocidental vivenciou
no Século XX. Um saldo de 6 milhões de soldados mortos na Primeira Guerra Mundial
e mais de 20 milhões na Segunda.

Acontece que nessas circunstâncias verdadeiramente extraordinárias, não havia a


possibilidade de se administrar a confissão na sua forma habitual (auricular, individual e
secreta) para todos os soldados, uma vez que se encontravam em perigo de morte
iminente.

É o que corresponde o § l., I, do Cân.961, in verbis: “esteja iminente o perigo de morte,


e não haja tempo para um ou mais sacerdotes poderem ouvir a confissão de cada um
dos penitentes; (...) ”.

Faz-se depreender da leitura atenta do Cânon que o perigo de morte não é condição
suficiente e necessária para utilização do modo extraordinário de administrar o
Sacramento da Penitência, mas tão somente um de seus requisitos validantes. Ou seja,
para que se possa, segundo a mente do legislador, fazer-se uso de tal concessão, é
preciso que se atenda a 2(dois) requisitos:

1 – Perigo de morte iminente;

e (conjuntivamente)

2 – Ausência de tempo hábil para um ou mais sacerdotes ouvir a confissão dos


penitentes.

Essa mesma linha de pensamento aplica-se à interpretação do § l., II, do Cân.961. Isto é,
não basta que se tenha uma razão grave. É necessário, conjuntivamente, que os fiéis,
sem culpa própria, ficassem privadas durante muito tempo da graça sacramental ou da
sagrada comunhão.

É o que acontece, por exemplo, em regiões muito isoladas de uma assistência


eclesiástica mais próxima. Aqui no Brasil há lugares no Amazonas cuja presença do
sacerdote os fiéis veem apenas duas vezes por ano. Usando este caso concreto,
atendendo os fiéis dois atos do penitente (contrição e desejo de satisfação), podem os
sacerdotes dar uma absolvição coletiva, com o intuito de que esses fiéis possam, desde
já, gozar das graças sacramentais, e serem atendidos individualmente, quando isso for
possível.

O CIC quis deixar bastante claro, em seu § 2., que não é o sacerdote quem vai julgar a
“grave necessidade”, mas tão somente o bispo diocesano em consonância com os
critérios acordados pela Conferência Episcopal da Região.

Para ser exaustivo, convém recordar, como bem o fez o § 2., que o fato de haver
grandes fiéis em peregrinações não justifica o “motivo grave” para a concessão da
absolvição coletiva. Nesse caso, o melhor seria que se confessassem individualmente os
que pudessem, e depois, noutro momento, o restante dos peregrinos se confessassem
oportunamente.

Fazendo uma análise crítica da aplicação deste Cânon, pensamos que houve um grande
abuso em diversas partes do mundo da utilização da “Absolvição coletiva”, aqui no
Brasil cunhada de maneira imprópria como “Confissão Comunitária”. Isso acabou
gerando uma considerável confusão na compreensão dos fiéis sobre o Sacramento da
Penitência, como se dependesse da escolha individual do fiel optar por “confissão
auricular” ou “confissão comunitário”. Nada mais equivocado!

Isso se deu - seja por comodidade ou preguiça do sacerdote, seja por um desejo sincero
de salvar almas - por uma interpretação ampla do Cân.961, quando na verdade a
interpretação deveria ser restritiva, nas palavras do Beato Paulo VI: “A absolvição
coletiva não pode converter-se em forma ordinária, pois tem um caráter meramente
excepcional”. (Discurso de 20 de abril de 1978, Paulo VI)

Recife, 14 de março de 2018

Davi Araújo de Melo.

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