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5º Encontro Internacional

de História Colonial
Cultura, Escravidão e Poder na Expansão Ultramarina, Séculos XVI ao XIX

Universidade Federal de Alagoas


Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes
Curso de História
Grupo de Estudos América Colonial

19 a 22 de agosto de 2014
Massayó, Comarca das Alagoas

CADERNO DE RESUMOS

Maceió, 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
Reitor
Eurico de Barros Lôbo Filho

Vice-reitora
Rachel Rocha de Almeida Barros

Diretora da Edufal
Maria Stela Torres Barros Lameiras

Conselho Editorial Edufal


Maria Stela Torres Barros Lameiras (Presidente)
Anderson de Alencar Menezes
Bruno César Cavalcanti
Cícero Péricles de Oliveira Carvalho
Eurico Eduardo Pinto de Lemos
Fernando Antônio Gomes de Andrade
Janaína Xisto de Barros Lima
José Ivamilson Silva Barbalho
Roseline Vanessa Oliveira Machado
Simoni Plentz Meneghetti

Coordenação Editorial: Fernanda Lins


Revisão ortográfica: Antonio Felipe P. Caetano
Capa e diagramação: Edmilson Vasconcelos
Supervisão gráfica: Márcio Roberto Vieira de Melo

Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central – Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Valter dos Santos Andrade

E56 Encontro Internacional de História Colonial (5 : 2014 : Maceió, AL).


Caderno de resumos do 5º Encontro Internacional de História Colonial:
Cultura, escravidão e poder na expansão ultramarina, século XVI ao XIX.
Maceió, 19 a 22 de agosto de 2014 / organizadores: Antonio Felipe P. Caetano,
Gian Carlo de Melo Silva. – Maceió: EDUFAL, 2014.
173 p.

1. História – Congressos. 2. Brasil – História – Período colonial, 1500-1822.


I. Caetano, Antonio Felipe pereira, org. II. Silva, Gian Carlo de Melo, org.
III. Universidade Federal de Alagoas. IV. Instituto de Ciências Humanas,
Comunicação e Artes. V. Curso de História. VI. Grupo de Estudos América
Colonial. VII. Títulos.

CDU: 981.02/.034
ISBN 978-857177-844-3

Direitos desta edição reservados à Editora afiliada:


Edufal - Editora da Universidade Federal de Alagoas
Centro de Interesse Comunitário (CIC)
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Cidade Universitária, Maceió/AL Cep.: 57072-970
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Alex Rolim Machado
Antonio Filipe Pereira Caetano
Arthur Almeida Santos de Carvalho Curvelo
Dimas Bezerra Marques
Gian Carlo de Melo Silva
Lanuza Maria Carnaúba Pedrosa

COMISSÃO CIENTÍFICA
Acácio Jose Lopes Catarino – Universidade Federal da Paraíba
Antonio Filipe Pereira Caetano – Universidade Federal de Alagoas
Fátima Martins Lopes – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
George Félix Cabral de Souza – Universidade Federal de Pernambuco
Gian Carlo de Melo Silva – Universidade Federal de Alagoas
Kalina Vanderlei Silva – Universidade de Pernambuco
Maria Emilia Monteiro Porto – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Márcia Eliane Alves de Sousa Mello – Universidade Federal do Amazonas
Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz – Universidade Federal do Maranhão
Ricardo Pinto de Medeiros – Universidade Federal de Pernambuco
Rafael Chambouleyron – Universidade Federal do Pará
Suely Creusa Cordeiro de Almeida – Universidade Federal Rural de Pernambuco

SECRETARIA DO EVENTO
Gian Carlo de Melo Silva – Universidade Federal de Alagoas

CADERNO DE RESUMOS
Antonio Filipe Pereira Caetano – Universidade Federal de Alagoas
ÍNDICE

Apresentação................................................................................................................................................................ 7

Programação ............................................................................................................................................................... 9

Distribuição das Salas .............................................................................................................................................. 11

Simpósio Temático 1 ..............................................................................................................................................13


Arquitetar o discurso: artes, literatura e arquitetura nos espaços coloniais

Simpósio Temático 2 .............................................................................................................................................22


Clero, Religiosidade e Inquisição no Espaço Ibero-americano (séculos XVI-XIX)

Simpósio Temático 3 .............................................................................................................................................36


Contrabando, descaminhos e ilicitudes na América Portuguesa

Simpósio Temático 4 .............................................................................................................................................46


Conquistar e Defender: os militares na construção da América Portuguesa

Simpósio Temático 5 .............................................................................................................................................53


Cultura e Educação na América Portuguesa

Simpósio Temático 6 .............................................................................................................................................62


Cultura Política e Hierarquias Sociais no Antigo Regime Português

Simpósio Temático 7 .............................................................................................................................................75


Elites, Trajetórias e Estratégias nos Impérios Coloniais Ibéricos

Simpósio Temático 8 .............................................................................................................................................88


Fronteiras e Relações Transfronteiriças na América Colonial

Simpósio Temático 9 .............................................................................................................................................96


Impérios Ibéricos no Antigo Regime: política, sociedade e cultura
Simpósio Temático 10 ...........................................................................................................................................111
Jesuítas, modernidade e colonialismo: Américas, Ásia e África

Simpósio Temático 11 ...........................................................................................................................................121


Magistraturas Ultramarinas: administração da justiça e poderes locais no Brasil colonial

Simpósio Temático 12 .........................................................................................................................................129


Os Agentes das ”Dinâmicas de Mestiçagens” na Ibero-América, séculos XV a XIX

Simpósio Temático 13 .........................................................................................................................................140


Populações e Famílias na América Ibérica: pluralidades por desvendar

Simpósio Temático 14 .........................................................................................................................................148


Revoltas, Lutas Políticas e Inconfidências no Brasil Colonial: episódios e interpretações

Apresentação de Posteres ...........................................................................................................................152

Anotações ................................................................................................................................................................164
APRESENTAÇÃO

Criado em 2006, na Capitania da Paraíba, e pelos portos do Francês e Jaraguá escoarem a


o Encontro Nordestino de História Colonial produção local.
tinha como pressuposto discutir as temáticas Fora justamente nesta última vila que se
concernentes à experiência colonial em suas mais sediou a “cabeça da Comarca”, hegemonizando
diversas localidades americanas e, por que não o território e nomeando o que, em 1817, após a
dizer, africanas e asiáticas na Época Moderna. insurreição pernambucana, se convencionou
Realizado a cada dois anos, em 2008, o chamar de Capitania/Província das Alagoas.
mesmo já estava na Capitania do Rio Grande Se foi traíra naquele momento à causa dos
Norte, local onde se tornou Internacional por insubordinados pernambucanos, pouco
sua vasta abrangência de temáticas e, sobretudo, importa! O que se destaca, naquele episódio, é
pela grande participação de pesquisadores e a concretização da demarcação de um espaço
professores de outros países. Tal feito não só diferenciado dentro da capitania, com vida
consolidou no território nacional a atividade própria,  com atividades camarária específicas,
de extensão, como se tornou um ponto de com uma economia consolidada e com súditos
parada obrigatória de toda nau estrangeira portugueses que não se afinavam mais com a
que visava  atracar nos estudos coloniais da sede da Capitania de Pernambuco!
modernidade. Enfim, é neste espaço reconhecidamente
De lá para cá, o EIHC já passou pelas lembrado pelo banquete feito pelos índios caétes
capitanias de Pernambuco e pelo antigo Estado ao Bispo Fernandes Sardinha, pelo celebre
do Maranhão e Grão-Pará, mas especificamente personagem de Calabar no período flamengo e
na Capitania do Pará. Divulgando pesquisas, pelos habitantes Mocambos de Palmares que
trocando experiências, promovendo debates ocorrerá o V ENCONTRO INTERNACIONAL
científicos e, mais do que isso, consolidando os DE HISTÓRIA COLONIAL. Por conta disso, a
estudos sobre o mundo colonial, este evento, em temática proposta não podia ser diferente:
2014, retorna à Capitania de Pernambuco! No CULTURA, ESCRAVIDÃO E PODER NA
entanto, por conta de sua vastidão, a localidade EXPANSÃO ULTRAMARINA (SÉCULOS XVI AO
escolhida para este momento era aquela XIX). Com 2 conferências, 9 mesas redondas, 14
denominada de “as parte do sul” ou, a partir de simpósios temáticos e 11 minicursos, o encontro
1712, a Comarca das Alagoas. se vislumbra como o maior de sua história.
A criação desta nova jurisdição somente Por tudo isso, as páginas que se seguem
atestava a especificidade e a diferença que as apontam o crescimento da produção na área
localidades do “sul da Capitania de Pernambuco” colonial e a consolidação de um nicho de
tinham em relação às Vilas de Olinda e Recife. pesquisa que só tende a demonstrar a grandeza
Assim, dentro da comarca três vilas se destacam: da pesquisa história no Brasil e demais áreas
a Vila de São Francisco de Penedo, considerada ultramarinas.
pelos agentes coloniais a mais “selvagem”; a Vila
de Porto Calvo, com características similares Maceió, julho de 2014
ao mundo açucareiro da sede da capitania; e a
Vila de Santa Maria Magdalena Alagoas do Sul, Antonio Filipe Pereira Caetano
considerada importante por sua centralidade Gian Carlo de Melo Silva
PROGRAMAÇÃO

Todas as atividades serão realizadas no Centro de Convenções Ruth Cardoso

19 de agosto de 2014

09:00-12:00 – Credenciamento. Local: Hall


12:00-14:00 – Almoço
14:00-18:00 – Simpósios Temáticos. Local: Salas Temáticas
19:00-21:00 – Conferência de Abertura: Maria Beatriz Nizza da Silva.

20 de agosto de 2014

09:00-10:30 – Minicursos. Local: Salas Temáticas


10:30-12:00 – Mesas Redondas. Local: Salas Temáticas
12:00-14:00 – Almoço
14:00-18:00 – Simpósios Temáticos. Local: Local: Salas Temáticas
19:00-21:00 – Jantar de adesão

21 de agosto de 2014

09:00-10:30 – Minicursos. Local: Salas Temáticas


10:30-12:00 – Mesas Redondas. Local: Salas Temáticas
12:00-14:00 – Almoço
14:00-18:00 – Simpósios Temáticos. Local: Salas Temáticas
19:00-21:00 – Lançamento de Livros. Local: Salas Temáticas

22 de agosto de 2014

09:00-10:30 – Minicursos. Local: Salas Temáticas


10:30-12:00 – Mesas Redondas. Local: Salas Temáticas
12:00-14:00 – Almoço
14:00-18:00 – Simpósios Temáticos/Banners/Reunião Administrativa
19:00-21:00 – Conferência de Encerramento: Stuart B. Schwartz
DISTRIBUIÇÃO DAS SALAS

Atividades Nome Dia/Local


Abertura: Maria Beatriz Nizza da Silva Auditório Central
Conferências Encerramento: Stuart Schwartz Auditório Central
01: Agentes das Dinâmicas Coloniais: comércio, circulação e construção de
21/08 - Sala Explosão Estelar
sociabilidades na América Portuguesa (séculos XVI-XVIII)
02: Caminhos de Pesquisa sobre Cultura Material na América Portuguesa 21/08 - Auditório B
03: “Dinâmicas de Mestiçagens”: um conceito para a Ibero-América 20/08 - Auditório B
04: Espaço e relações sociais na América Portuguesa 20/08 - Sala Explosão Estelar
05: Inquisição e Cristãos-novos no Brasil e na Europa Moderna 22/08 - Sala Explosão Estelar
Mesas Redondas 06: O Atlântico Sul na Imaginação Imperial Portuguesa: crônicas, cartografias, corpos
22/08 - Auditório B
e outras inscrições
07: O Brasil na Monarquia Hispânica: dinâmicas políticas e mercantis em tempos de
20/08 - Sala Universidade
transversalidades culturais (1580-1640)
08: Pelos Labirintos do Brasil Holandês: Religiosidade, Guerra, Paisagem Política e
22/08 - Sala Universidade
Vida Escrava em Tempos de Ocupação
09: Repensando Espaços e Protagonistas: a Companhia de Jesus na América ibérica colonial 21/08 - Sala Universidade
01: Arquitetar o discurso: artes, literatura e arquitetura nos espaços coloniais Sala Lâmpada Elétrica
02: Clero, Religiosidade e Inquisição no Espaço Ibero-americano (séculos XVI-XIX) Sala Oxigênio
03: Contrabando, descaminhos e ilicitudes na América Portuguesa Sala Transistor
04: Conquistar e Defender: os militares na construção da América Portuguesa Sala Enciclopédia
05: Cultura e Educação na América Portuguesa Sala Televisão
06: Cultura Política e Hierarquias Sociais no Antigo Regime Português Sala Computador
07: Elites, Trajetórias e Estratégias nos Impérios Coloniais Ibéricos Sala Automóvel
08: Fronteiras e Relações Transfronteiriças na América Colonial Sala Sistema Binário
Simpósios Temáticos 09: Impérios Ibéricos no Antigo Regime: política, sociedade e cultura Sala Quark
10: Jesuítas, modernidade e colonialismo: Américas, Ásia e África Sala Mineralogia
11: Magistraturas Ultramarinas: administração da justiça e poderes locais no Brasil
Sala Raios X
colonial
12: Os Agentes das ”Dinâmicas de Mestiçagens” na Ibero-América, séculos XV a XIX Sala Linguística
13: Populações e Famílias na América Ibérica: pluralidades por desvendar Sala Plástico
14: Revoltas, Lutas Políticas e Inconfidências no Brasil Colonial: episódios e
Sala Avião
interpretações
01: África revisitada: conceitos, fontes e métodos Sala Lâmpada Elétrica
02:  Arquitetura e natureza no período colonial: apontamentos para a pesquisa e o
Sala Enciclopédia
ensino de história
03:  Histórias de Vida, Fragmentos Históricos: Percursos metodológicos e trajetórias
Sala Sistema Binário
biográficas dos ouvidores na América portuguesa
04:  História e Imagem em Frans Post: A Paisagem Política do Brasil Holandês na
Sala Raios X
Cultura Visual dos Países Baixos do Séc. XVII
05: História Indígena e História Ambiental na América Portuguesa: animais, plantas e
Minicursos espaços de trocas, circulações e vivências socioambientais (séculos XVI- XIX)
Sala Computador

06: Inquisição e Jesuítas: relações e trajetórias na América e Índia portuguesas Sala Hereditariedade


07: O Comércio de Africanos para a Bahia Colonial Sala Mineralogia
08: O Uso do Atlas Digital da América Lusa Sala Plástico
09: Os Árcades Ultramarinos e suas Relações com o Universo Cultural e Político do
Sala Avião
Império Português na Segunda Metade do Século XVIII
10: Poder, resistência e necessidade: a monopolização dos serviços postais pela Coroa
Sala Automóvel
na América Portuguesa (séculos XVII- XIX)
22/08 – Hall do Centro de
Banners Apresentação de trabalhos de discentes
Convenções Ruth Cardoso
Lançamento de Livros Publicações 21/08 – Estande Edufal
Jantar de Adesão Confraternização 20/08 – Hotel Jatiúca
Reunião Administrativa Discussão da sede do evento 2016 22/08 – Sala EIHC
SIMPÓSIO TEMÁTICO 1
Arquitetar o discurso: artes, literatura e arquitetura nos espaços coloniais

Coordenadores: Roberta Guimarães Franco (Universidade Federal de Lavras) & 


João Henrique dos Santos (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Dia 19 de agosto de 2014

A RESIDÊNCIA DE BREJO DE SANTO INÁCIO – UMA DAS TRÊS SEDES


ADMINISTRATIVAS DAS FAZENDAS JESUÍTICAS DO PERÍODO COLONIAL
PIAUIENSE, DEIXADAS POR MAFRENSE

Maria Betânia Guerra Negreiros Furtado


betaniaguerra@uol.com.br

Em 1711, com a morte de Domingos Afonso da ordem em 1760, Brejo de Santo Inácio, Brejo
Mafrense, os jesuítas do Colégio da Bahia tomaram de São João e Nazaré. Os jesuítas não mantinham
posse das fazendas que este havia deixado em morada fixa no estado, um superior ali permanecia
testamento para os inacianos no Piauí. Consta para o gerenciamento das fazendas e catequese
que eram mais de 30 estabelecimentos rurais da escassa população local. Era Brejo de Santo
localizados na região centro-sul do Estado. Inácio a principal residência. As ruínas da casa
Estas fazendas, divididas em grupos, eram e capela que lhe serviu de sede foram demolidas
administradas pelos padres em residências que e em seu lugar, erguidas novas edificações. O
funcionavam como sedes administrativas. Eram motivo e o porquê é o objeto deste artigo.
três as residências no Piauí quando da expulsão

Um bracarense na Vila de São João Del Rei: A atuação de Francisco de


Lima Cerqueira na igreja de São Francisco de Assis

Patricia Urias
patriciauriasbh@hotmail.com

O presente resumo consiste numa abordagem Gerais, tendo como enfoque a sua atuação na
acerca do mestre de obras e arquiteto Francisco Vila de São João Del Rei1, sobretudo na igreja de
de Lima Cerqueira, assim como sobre a sua São Francisco Assis.
trajetória profissional na Capitania de Minas
SOMUSER ED ONREDAC 41

A ARTE A SERVIÇO DA FÉ E DA COROA NA ARQUITETURA DA BELÉM COLONIAL E


SUAS RELAÇÕES COM A NATUREZA LOCAL

Domingos Sávio de Castro Oliveira


dscoliveira2008@gmail.com

É possível identificar na arte produzida em Belém talha, arquitetura), suas relações com a natureza
no século XVIII, dois momentos significativos do local, os usos dos elementos dessa natureza e
que, em geral, são estudados de forma separada suas simbologias, associados aos objetivos para
pela historiografia e historiografia da arte da os quais essas artes eram produzidas, observando
região. Tendo como marcos históricos a chegada analogias entre os dois momentos e traçando
da Comissão Demarcadora de Limites, em 1753, e paralelos entre eles. São analisados basicamente
a expulsão dos jesuítas, em 1759, é objetivo deste os templos inaciano e carmelita e outros traça do
artigo, fazer uma reflexão a respeito do que foi arquiteto italiano Antonio Landi que em Belém
produzido em termos de artes visuais nesses viveu entre os anos de 1753 e 1791.
períodos (pinturas de brutesco, esculturas,

A linguagem da arquitetura religiosa expressa na iconografia


azulejar dos conventos franciscanos no nordeste do Brasil colonial

Ivan Cavalcanti Filho


icavalcantifilho@yahoo.com.br

Entre os recursos que os franciscanos utilizaram alusivos a passagens bíblicas e a episódios da


como meio didático-pedagógico para a difusão vida de personagens vinculados à Ordem onde a
da fé católica, os painéis azulejares tiveram papel arquitetura religiosa via de regra compunha seu
de destaque, sobretudo numa sociedade colonial cenário imagético. O objetivo do presente ensaio
onde a informação deveria estar consonante com é destacar a linguagem dos edifícios eclesiásticos
o discurso da Metrópole mediante a sistemática representados nesses painéis fazendo sua devida
do Padroado Régio. Neste contexto os frades conexão com o modelo de arquitetura religiosa
menores puderam, no século XVIII, prover suas produzida na época e com o ideário a ele atrelado,
casas conventuais fundadas no nordeste do Brasil tanto sob o ponto de vista morfológico como
de magníficos silhares de azulejos historiados, conceitual.

Capelas com planta centralizada: uma singular arquitetura dos


séculos XVII e XVIII no Nordeste do Brasil

Maria Berthilde Moura Filha


berthilde_ufpb@yahoo.com.br

Quatro capelas localizadas nos estados da desta comunicação. Estas têm em comum as
Bahia e Paraíba constituem o objeto de estudo seguintes características: foram edificadas entre
51 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

o final do século XVI e o início do século XVIII; investiga os caminhos que levaram à apropriação
estão situadas na área rural associadas a uma de tal partido arquitetônico em uma realidade tão
casa senhorial ou um engenho de açúcar; foram distante dos centros de erudição, procedendo a
concebidas sob o partido de planta centralizada. uma revisão da restrita literatura para buscar os
Considerando o reduzido número de exemplares modelos de referência oriundos ora da “tradição”
similares na arquitetura religiosa brasileira, estas portuguesa, ora da “erudição” da tratadística
formam um conjunto singular sobre o qual se presente em Portugal.

Os estudos de arquitetura de Francisco de Holanda

Rogéria Olimpio dos Santos


rogeriaolimpio@gmail.com

Em seu pequeno tratado Da fábrica que falece à do Infante D. Luís com o objetivo de estudar a
cidade de Lisboa concluído em 1571, o arquiteto, arquitetura militar italiana e as obras de arte
pintor, tratadista e iluminador Francisco antiga, são os que foram reunidos no Álbum
de Holanda propõe a D. Sebastião uma das Antigualhas. Este artigo é parte dos
reestruturação urbanística de Lisboa segundo estudos desenvolvidos para a tese intitulada
os modelos antigos e modernos que viu, mediu O Álbum das Antigualhas de Francisco de Holanda e
e desenhou com as próprias mãos durante pretende analisar as propostas arquitetônicas
sua viagem a Itália, entre 1538 e 1541. Esses constantes do tratado de 1571 comparando-
desenhos, resultantes da viagem de estudos à as com os estudos realizados durante sua
Itália efetuada sob as ordens de D. João III e viagem.

Mãos à obra: construtores e artistas durante a expansão urbana da


vila do Recife no setecentos

Renata Bezerra de Freitas Barbosa


renatabfb@hotmail.com

No século XVIII a então vila do Recife vivencia um movimento de organização profissional. E,


uma intensa expansão urbana, extrapolando os com isso, tentam estabelecer e/ou consolidar
limites dos bairros do Recife e de Santo Antônio, hierarquias, contribuindo significativamente para
passando também a incrementar a ocupação de a dinâmica da vida social e igualmente para a vida
outras localidades vizinhas. Essa dinâmica de cultural da vila no setecentos. O presente artigo
crescimento populacional e físico é acompanhada possui como objetivo tratar da inserção dos artistas
de perto pelos setores ligados à construção e à e dos trabalhadores ligados à construção civil
arte, que estimulados pelo aumento no número neste contexto de expansão urbana vivenciado na
de construções civis e religiosas dão início a vila do Recife durante o século XVIII.
SOMUSER ED ONREDAC 61

Dia 20 de agosto de 2014

A arquitetura do açúcar na dinâmica colonial:


um estudo de três antigos engenhos de Alagoas

Catarina Agudo Menezes


catarina.agudo@usp.br

Entre as atividades econômicas que os dias de hoje é permeado por vastos campos
caracterizaram a colonização do Brasil, a de cana-de-açúcar e pontuado por diversas e
produção e comercialização de açúcar foi uma das modernas usinas – o presente trabalho pretende
que mais se consolidaram em terras brasileiras, analisar como a materialidade destes complexos
principalmente na região Nordeste. Esta atividade produtivos se inseriu na dinâmica arquitetônica
demandou uma forma espacial bastante peculiar, colonial, bem como de que maneira seus atuais
que marcou a paisagem brasileira, sobretudo remanescentes traduzem à contemporaneidade
nos séculos XVII e XVIII, com a instalação de aspectos técnicos, culturais e sociais de um Brasil
vários engenhos de açúcar. Sob o enfoque de três aparentemente remoto.
antigos engenhos de Alagoas – estado que até

Urbanização em Vila Rica: estudos com técnicas de sistemas de


informação

Christiane Montalvão
chris.montalvao@hotmail.com

Esta comunicação busca apresentar a pesquisa do Sistema de Informação Geográfica (SIG).


em andamento no âmbito do programa de A reunião de dados históricos e geográficos
pós-graduação em História da Universidade permitirá a geração de mapas bi- ou
Federal de Juiz de Fora cujo objetivo é estudar tridimensionais com os resultados obtidos.
a distribuição da população urbana de Vila O objetivo é produzir um mapa capaz de
Rica entre os fins do século XVIII e inícios do reconstruir a dinâmica social e do espaço de
século XIX por meio de técnicas componentes Vila Rica no período estabelecido.

Memórias entre relatos: a construção da paisagem às margens do Rio


Paraguaçu

Evelyne Enoque Cruz


evelyne_cruz@hotmail.com

Em se tratando da história da ocupação territorial modelos transplantados da Coroa para o Brasil.


do Brasil, partindo do estudo das gêneses das Relatos de viajantes, um destes é Gabriel Soares
vilas e cidades coloniais nordestinas, busca-se, de Sousa, viajante inquietado pela paisagem, se
também, analisar o desenho urbano colonial e seus coloca a descrever com minúcias o que o olhar
vínculos com a matriz portuguesa. A pesquisa se colonizador destaca num relato datado em 1587.
volta a responder a indagações quanto a possíveis O recorte estudado é a região do Rio Paraguaçu,
71 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

no Recôncavo Baiano, na tentativa de criar links participação de alguns agentes, que junto com o
entre as edificações aparentemente singulares e próprio relato compõem as fontes inspiradoras
isoladas ao longo da margem, mas que compõem para a discussão que se propõe: palavras, imagens
uma teia urbana. A pesquisa ganha corpo com a e o sensível.

Textos, imagens e a criação de um signo chamado Vila

Roseline Vanessa Oliveira Machado


roselineoliveira@gmail.com

A instalação das primeiras vilas brasileiras de textos e imagens elaboradas durante o século XVII
colonização portuguesa seguiu algum modelo e teve como objetivo identificar os condicionantes
predefinido? Partindo do pressuposto de que a de instalação, reconhecer elementos chaves da
formação dos espaços habitados nesse contexto implantação das vilas e como estes se articulam na
carrega um procedimento de instalação que definição de seus desenhos urbanos. Os resultados
atenta para as características do sítio, este artigo obtidos revelaram que as vilas derivam de uma
consiste no estudo comparativo do desenho série de gestos afirmativos da existência de uma
urbano de seis vilas seiscentistas situadas na lógica comum de assentamento, na medida em
então Capitania de Pernambuco. O estudo, que apresentavam aspectos de ocupação e
desenvolvido em nível de Doutorado, privilegiou estruturação urbana recorrentes.

AS CIDADES HISTÓRICAS E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL COLONIAL:


QUESTÕES E EMBATES
José Antônio de Sousa
saosilvestre31@gmail.com

As cidades históricas foram alvo de planejamento por Sérgio B. de Holanda “Raízes do Brasil”,
urbano na era colonial? Essa indagação pode Robert Smith, “Arquitetura Colonial”, Nestor G. R.
ser analisada a partir das características do Filho “Contribuição ao Estudo da Evolução Urbana
processo de urbanização, na ótica das posturas do Brasil”, Paulo F. Santos “Formação de Cidades no
da coroa lusitana, que refletem as estratégias Brasil Colonial”, Roberta M. Delson “Novas Vilas
militares de dominação e defesa do território, para o Brasil Colônia” e Manuel C. Teixeira “Os
no combate as invasões estrangeiras na costa e modelos Urbanos Brasileiros das Cidades Portuguesas”.
sertões. Velhas discussões acerca de paradigmas Essas obras debatem as questões postas aqui e
duais: planejamento urbano, espontaneidade, abrem caminhos para uma série de trabalhos.
regularidade ou irregularidade, são discutidas

“Já por força, ou já por arte”: diálogos e conflitos na experiência


colonial no nordeste brasileiro, nas últimas décadas do século XVIII

Rodrigo Gerolineto Fonseca


rodrigo.gerolineto@gmail.com

Na segunda metade do século XVIII, sob o produziu grande volume de informações


influxo do racionalismo, o império português sobre os espaços e os povos de seus domínios
SOMUSER ED ONREDAC 81

coloniais. Além dos relatórios e descrições estratégias, o presente texto procura analisar
abundantes na esfera administrativa, diferentes repositórios, desde discursos
encontram-se outros repositórios que encomiásticos, o afresco Concórdia Fratrum
permitem averiguar sentidos e interesses existente em quinta do marquês de Pombal
vinculados aos diferentes sujeitos que em Portugal, até a arte rupestre abundante
participaram da experiência colonial. no sertão nordestino, cujos significados eram
No intuito de identificar tais sentidos e polêmicos naquele período.

Uma Rua Chamada Direita

João Henrique dos Santos


joaohenrique@fau.ufrj.br

A Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março, foi colonial, especialmente após a chegada da
das primeiras ruas a ser abertas na cidade do Rio Família Real Portuguesa, em 1808. Para além da
de Janeiro, marcando a descida dos colonizadores história registrada nos documentos impressos,
para a várzea. Através de sua história é possível as edificações da Rua Direita testemunham
mostrar a transferência do eixo de poder do não apenas o estabelecimento desse eixo de
Morro do Castelo para a Rua Direita e seus poder como também a evolução arquitetônica e
arredores, e sua consolidação no fim do período urbanística da Cidade.

O período Pombalino e a política regalista no contexto colonial:


Mendonça Furtado e sua relação com os eclesiáticos seculares em
Grão-Pará e Maranhão (1751-1759)

Estevão Barbosa Damacena


estevaodamacena@gmail.com

Este presente trabalho tem por objetivos XVIII durante o governo de Mendonça Xavier
estudar e analisar as políticas reformadoras de Mendonça Furtado, irmão do Marquês
protagonizadas por Pombal na esfera colonial. de Pombal. Perceberemos que durante a sua
A discussão historiográfica acerca das chamadas gestão no governo do Estado, o governador
“reformas pombalinas” tem várias vertentes. tentou alinhar o contexto político-religioso da
Entretanto, a problemática que este presente colônia à visão ilustrada do projeto pombalino,
trabalho tem por epicentro é no que tange a inclusive da total submissão da igreja ao estado.
política “regalista” ou “episcopalista” praticada Importante ressaltar que a relação dos bispos
pelo consulado pombalino no âmbito colonial. locais com o novo governador “ilustrado” não foi
Mais especificamente, teremos por recorte o isenta de conflitos. E é justamente esta relação
Estado de Grão-Pará e Maranhão em meados do que permeia este trabalho.
91 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Dia 21 de agosto de 2014

A OPERÍSTICA COLONIAL DA SEMANA TEATRALIZADA EM MONTE SANTO - BAHIA

Jadilson Pimentel dos Santos


jadangelus@bol.com.br

O Monte Santo, coração místico do sertão, orgulho e religiosidade do povo montesantense.
preserva, desde épocas coloniais, vários rituais Nesse sentido, esse trabalho pretende divulgar,
católicos que se mantem praticamente intocados. pautado em informações colhidas em fotografias,
Esse conjunto ritualístico encenado na cidade depoimentos e pesquisa de mestrado, o rico acervo
sagrada dos sertanejos, localizado do nordeste da do patrimônio imaterial e iconográfico presente
Bahia, evoca um teatro de moralidades iniciado no sertão do norte da Bahia. Sendo assim, é de
desde o final do século XVIII, pelo italiano considerável importância o conhecimento dessas
Frei Apolonio de Todi. Nesse espaço sagrado festas e devoções religiosas para um melhor
sertanejo, a Semana Santa é encenada tendo exercício histórico e artístico do fenômeno
como cenário a grande montanha que margeia a ocorrido no interior da Bahia, denominado
cidade, e como personagens um conjunto de cinco Canudos lançando luzes sobre essa questão
imagens de vestir que traduz toda dramática comparando-a, revelando-a e divulgando-a, essa
barroca da Paixão de Cristo. Esse conjunto que é uma das poucas obras que conta a memória
escultórico: Nossa Senhora da Soledade, São João das gentes dos sertões e do empreendimento
Batista, Nossa Senhora das Dores, Senhor dos missioneiro do frei italiano Apolônio de Todi.
Passos e o Cristo Morto, alimenta há séculos o

Os modos de alimentar no Brasil Colonial: um estudo dos registros


holandeses seiscentistas

Melissa Mota Alcides


motamelissa@yahoo.com.br

No contexto do período colonial brasileiro, os diz respeito, em primeiro lugar, à subsistência e


registros textuais e imagéticos legados pelos desta forma evidencia uma relação bem específica
cientistas e naturalistas da comitiva de Maurício nas trocas culturais entre o negro, o índio e o
de Nassau, nos permite entender a importância branco. Neste trabalho, portanto, pretende-se
dos significados e das propriedades culturalmente revisitar os registros produzidos no século XVII,
atribuídas às espécies vegetais, no que tange ao enfocando os modos de alimentar e produzir os
modo particular de eleger o que serve de alimento e alimentos, como forma de entender os costumes
de como prepará-los. Neste sentido, a comida tem alimentares no período em tela, através de uma
uma função básica, ligada à cultura material, que abordagem histórico-antropológica.
SOMUSER ED ONREDAC 02

Revisitar a história colonial: estratégias literárias para reler o passado

Roberta Guimarães Franco


robertagf@uol.com.br

É possível perceber, dentre vários romances como Pepetela, Mia Couto e Ana Miranda, o
contemporâneos em língua portuguesa, um interesse interdisciplinar ao colocar em diálogo
constante de retorno ao passado colonial, seja a escrita ficcional e a historiografia, tendo em
por uma necessidade de reafirmação identitária vista que, para construir seus romances, esses
e/ou por uma busca de reconstrução de autores buscam referencias fontes documentais.
memórias distintas das oficiais. Independente O objetivo do nosso trabalho é mostrar como
dos interesses que envolvem a criação literária essa releitura do período colonial coloca em
acerca do passado, é evidente, em escritores evidências sujeitos considerados subalternos.

A prática da música e suas fronteiras: a arte liberal entre a


escravidão e o trabalho mecânico nas margens do Atlântico (séculos
XVII – XVIII)

Luiz Domingos do Nascimento Neto


professorluizdnn@gmail.com

Privilegiando uma abordagem sociocultural cor, por vezes sua arte e os ofícios mecânicos
da história buscaremos discutir neste texto a se confundiam, revelando assim os estigmas
inserção da música na relação entre: trabalho do trabalho braçal que sobre caíam nas costas
mecânico e arte liberal na sociedade do período dos artistas. Neste sentido, através da analise
moderno, levando em consideração do diferencial documental e bibliografia tentaremos apontar
causado pela amplitude do trabalho escravo na táticas e estratégias mobilizadas por músicos
Colônia, muito mais intenso e efetivo do que em para demonstrar a dignidade de sua arte e se
Portugal ao longo do século XVIII. Neste cenário, distanciar da mácula da escravidão.
onde grande parte dos músicos eram homens de

A arte da cantaria entre Portugal e Sergipe: o caso da Igreja jesuíta


do Engenho Retiro (século XVIII)

Janaina Cardoso de Mello


Janainamello@uol.com.br

Dentre as produções artísticas nos espaços arquitetura colonial buscava lavrar a rocha rija
coloniais da América, ressalta-se a técnica e grande em formas geométricas ou figurativas
da cantaria, cuja utilização em escultura para aplicação em construções, com finalidade
expandiu-se á partir do século XV em Portugal ornamental e/ou estrutural. Destaca-se nesse
e na Espanha, chegando em Sergipe no início trabalho, além do contexto histórico e artítisco
do século XVIII, com a primeira edificação no uso das cantarias como um discurso imagético
jesuíta, a Igreja do Engenho Retiro na cidade de pedagógico propagador das ideologias religiosas
Laranjeiras. A técnica da cantaria aplicada na jesuítas, também o desenvolvimento dos ofícios
12 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

mecânicos dos séculos XVIII e XIX na formação noções de “representação social” (Chartier) e
das identidades locais. O trabalho segue as “poder simbólico” (Bourdieu).

O caminhar da imagem

Ana Karolina Barbosa Corado Carneiro


karolcorado@gmail.com

Este trabalho consiste em um dos resultados representações sociais. Para além do olhar sobre
da pesquisa de iniciação científica desenvolvida a própria imagem e de revisão de literatura acerca
junto ao Grupo de Pesquisa Estudos da da análise iconográfica, vem sendo realizadas
Paisagem, UFAL. Trata da análise comparativa visitas ao lugar para identificar os fragmentos
de registros visuais seiscentistas até fotografias paisagísticos focados no conjunto imagético.
atuais do primeiro núcleo habitado da cidade Em síntese, o que se tem notado nesse processo
de Penedo, buscando reconhecer as mudanças de investigação é como a arquitetura de origem
e permanências de sua paisagem edificada. colonial ainda hoje é onipresente em registros
Nesse processo, a ideia é também compreender contemporâneos da cidade.
as motivações dos registros enquanto

O indígena nos relatos de Alexandre Rodrigues Ferreira

Maria Ariádina Cidade Almeida


almeida.ariadina@gmail.com

Desde o seu processo de colonização, a região seu caráter exploratório, agora não apenas para
amazônica foi compreendida a partir de delimitar território e identificar riquezas, mas
um conjunto de representações, que apesar para classificar a fauna, a flora e seus habitantes.
de toda critica posterior construída, ainda Em alguns destes relatos, o indígena é visto
persiste, muitas vezes sob a forma de senso como preguiçoso, insolente, incapaz, ingênuo,
comum. Grande parte dessas representações monstruoso e até bom selvagem. Assim, pretende-
nasceram e se perpetuaram através dos relatos se com este simpósio, apresentar, os relatos
e das imagens que os cronistas e naturalistas da viagem filosófica de Alexandre Rodrigues
europeus deixaram, sobre o espaço geográfico e Ferreira, compreendendo como este relato
as culturas amazônicas. Entre os séculos XVIII construiu um imaginário do indígena baseado no
à XX, as expedições continuaram preservando numa visão simplificada e eurocêntrica.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 2
Clero, Religiosidade e Inquisição no Espaço Ibero-americano (séculos XVI-XIX)

Coordenadores: Aldair Carlos Rodrigues (UNICAMP),  Angelo Adriano Faria de Assis (UFV), Pollyanna Gouveia
Mendonça Muniz (UFMA) & Yllan de Mattos (UNESP) 

Dia 19 de agosto de 2014

O Santo Ofício sob cerco:


a suspensão da Inquisição portuguesa na década de 1670

Yllan de Mattos
yllanmattos@yahoo.com.br

A pesquisa que ora apresenta-se tem como os pormenores de sua prática jurídica. O local
objetivo compreender o processo que culminou dessa disputa fora a própria Congregação
nas suspensões do Santo Ofício português, do Santo Ofício romano, na qual mediaram
entre os anos de 1674 e 1681. Os cristãos-novos seus cardeais e o próprio papa. Nesse sentido,
produziram diversos documentos em Roma que analisaremos as diversas correspondências,
invalidavam a ação do Santo Ofício lusitano, os opúsculos produzidos e os textos oficiais
qualificando-o como arbitrário, interesseiro nos fomentados nessa lide que vicejou como um
bens materiais e injusto. Os inquisidores, por pedido de misericórdia (perdão) e terminou com
sua vez, responderam cada queixa afirmando a exigência de justiça pelos réus do famigerado
sua autonomia face ao papado e explicando Tribunal da Inquisição.

As estratégias da família de Antônio Fernandes d’Elvas – homens de


negócios, Coroa espanhola e Inquisição

Ana Hutz
ana.hutz@gmail.com

Antônio Fernandes d’Elvas teve contratos de Rodrigues, filha do rico homem de negócios
fornecimento de escravos na América portuguesa Jorge Rodrigues Solis, um dos responsáveis
e nas Índias de Castela, além de possuir contratos pela negociação do perdão geral junto a Filipe
na ponta africana do tráfico. Possivelmente ele III no início do século XVII. Nesse artigo nos
foi um dos maiores traficantes de escravos do debruçamos sobre os principais negócios da
primeiro quartel do século XVII. Tratava-se de família Fernandes d’Elvas, o alcance de sua rede
um homem rico, poderoso e bem relacionado, cujo comercial, as relações entre essa e outras famílias
avô havia sido fidalgo da Casa Real portuguesa. cristãs novas, sua nobilitação e suas relações com
Era, contudo, cristão novo, casado com Elena a Coroa e com a Inquisição.
32 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

SORTILÉGIOS E PRÁTICAS HETERODOXAS NO ESPAÇO IBERO-AMERICANO:


MISTICISMO RECÔNDITO NAS ÓPERAS DE ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA, O JUDEU

Josevânia Souza de Jesus Fonseca


souzajosevania@gmail.com

O presente trabalho objetiva refletir sobre os dos judaizantes, a arte mágica, referenciado
sortilégios e práticas heterodoxas presentes na constantemente nas cenas que remetem à
obra do comediógrafo Antônio José da Silva, feitiçaria e a feiticeiros, a fórmulas mágicas para
também conhecido pela alcunha “O Judeu”, transformações, aos encantamentos diversos,
cristão-novo que viveu entre os anos de 1705 e aos transes, orações e visões. Esses elementos
1739, tendo sua vida encerrada pela Inquisição de compõem o universo dos principais personagens
Lisboa após ser condenado por relapsia no crime do teatro de Antônio José da Silva, a exemplo do
de judaísmo. Em suas óperas, o Judeu deixou cavaleiro andante D. Quixote, do escravo filósofo
transparecer um elemento central da cosmovisão Esopo, do Anfitrião, e do Jasão.

CLÉRIGOS SERVIDORES DO SANTO OFÍCIO NA AMAZÔNIA SETECENTISTA:


COMISSÁRIOS, PADRES E PROPRIETÁRIOS DE TERRA

João Antônio Fonseca Lacerda Lima


jafllacerda@yahoo.com.br

Dentre a grande trama inquisitorial de vigilância, que atuavam tanto na burocracia diocesana quanto
podemos destacar os Comissários do Santo Ofício. na inquisitorial. Para além desta atuação nas raias
A comissaria era o posto mais alto da hierarquia da Igreja, estavam engendrados nos jogos sociais,
inquisitorial local, e, no entender dos Regimentos sobretudo na obtenção e exploração de terras.
da Inquisição Portuguesa, os comissários deveriam Neste sentido, este trabalho objetiva apresentar
ser pessoas eclesiásticas, dotadas de “prudência” e as várias facetas destes agentes, evidenciando suas
“virtude”, cabendo-lhes realizar diligências, coletar experiências como padres, comissários do Santo
depoimentos e realizar prisões. Naturalmente, um Ofício e proprietários de terras. Enfim, eram padres
cargo de tamanha importância atraiu muitos clérigos na cura das almas; eram comissários na cura da fé; e
no contexto da Amazônia setecentista, clérigos estes eram proprietários na cura de suas terras.

Entre o Facto e o Ficto : A inquisição e sua vítimas recriadas pela Literatura

Angelo Adriano Faria de Assis


angeloassis@ufv.br

É conhecido o avanço dos estudos acerca da sobre o tema. Música, poesia, teatro, romance:
intolerância inquisitorial no Brasil durante as Alguns textos literários têm se debruçado sobre o
últimas décadas. Hoje, já falamos da quarta ou assunto, e a ficção ajudado à História na narrativa
quinta gerações de pesquisadores da estrutura, das perseguições inquisitorias. Algumas destes
representantes e funcionamento do Santo Ofício, textos recuperam ou memso recriam a trajetória de
de sua presença na América portuguesa e de vítimas personagens realmente vitimados pela Inquisição,
que sofreram com a ação do Tribunal. Mas não usando documentação do Santo Ofício para dar
se limita à historiografia os estudos e produções veracidade às descrições... Este trabalho objetiva
SOMUSER ED ONREDAC 42

analisar como algumas destas obras descrevem foram denunciados e/ou processados pelo Santo
as práticas do Santo Ofício e dos indivíduos que Tribunal.

Vigilância, Distinção & Honra: Inquisição e dinâmica dos poderes


locais nos sertões das Minas setecentistas

Luiz Fernando Rodrigues Lopes


Luizfernando_fl@yahoo.com.br

Ao observarmos a constituição das elites locais de limpeza de sangue que a carta de agente
na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de da Inquisição simbolizava. Deste modo, esta
Guarapiranga, região de fronteira entre a dita comunicação pretende expor os resultados de uma
“civilização” e as “gentes incultas” na capitania de investigação que reconstituiu a trajetória de nove
Minas Gerais do século XVIII, percebemos que agentes inquisitoriais da localidade, destacando,
homens potencialmente distintos - portugueses, sobretudo, suas redes de sociabilidades e o modo
brancos e com relevante cabedal - buscaram, pelo qual estes personagens se valeram dos
dentre outros meios, a habilitação de Familiar vínculos mercantis dos quais partilhavam para
do Santo Ofício como estratégia de ascensão afiançarem posição prestigiosa na sociedade em
social e afirmação de status, graças ao atestado que estavam inseridos.

Modos de produção de espaço nas colônias neerlandesas do


século XVII: apontamentos para um estudo comparado do caso
das comunidades judaicas do Brasil, Curação, Suriname e Nieuw
Amsterdam (Século XVII)

Daniel Oliveira Breda


danielbreda@yahoo.com.br

O mundo colonial neerlandês na América comunitária. Para o Caribe e América do Norte


caracterizou-se, em ampla medida e com neerlandeses, foram vários sefaradim que haviam
pontuais exceções, como uma rede de entrepostos vivido no Brasil. Muitas das negociações e
comerciais onde estabeleceu-se uma cultura práticas que levaram a um notável trânsito social
urbana. Dentro da diversidade étnica e religiosa no Brasil neerlandês, são detectáveis no contexto
destes entrepostos, um grupo teve destaque por de Willemstad (Curaçao), e Nieuw Amsterdam.
sua idiossincrasia religiosa e sua diferenciada rede Iniciamos uma discussão sobre o reflexo da
de relacionamento transnacional e transcolonial, experiência sefaradim no Brasil neerlandês sobre
os judeus sefaradim. Num enfoque local, vê-se que a negociação prévia de direitos, e os modos de
produziram espaço social, garantindo direitos e produção de espaço, físico, econômico e social.
produzindo mecanismos identitários na vivência
52 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Hereges judaizantes: uma família de cristãos-novos fluminenses nas


malhas da Inquisição

Monique Silva de Oliveira


moniquesilvadeoliveira@gmail.com

A comunicação pretende se debruçar sobre Gorenstein- e um significativo corpus documental


um dos momentos emblemáticos da atuação para o recorte citado, muitos casos, histórias,
inquisitorial na América Portuguesa: a primeira trajetórias, ainda carecem ser explorados. Por
metade do século XVIII na capitania do Rio de esse motivo, os Azeredo, integrantes de uma
Janeiro, quando muitos cristãos-novos tornam-se família cristã-nova fluminense processada no
réus do Tribunal Lisboeta e caem nas malhas da período, serão analisados com intuito de fornecer
Inquisição. A despeito de existirem algumas obras novas nuances e reflexões sobre esse importante
historiográficas importantes sobre o assunto momento da repressão inquisitorial.
– como A Inquisição contra as mulheres, de Lina

ESPAÇOS DE PODERES LOCAIS: a Familiatura do Santo Ofício como


mecanismo de promoção social ao Senado da Câmara do Recife colonial

Davi Celestino da Silva


Silvadavi.mundo@yahoo.com.br

Falar de elites locais é sem sombra de dúvida No caso da Familiatura Inquisitorial, esta
um ponto chave nos dias de hoje para se logrou de privilégios, honrarias, mercês, cargos e
compreender melhor a história de Portugal, e ofícios a homens que outrora eram classificados
conseguinte a do Brasil. A historiografia colonial e colocados à margem da sociedade colonial do
vem mostrando cada vez a importância desses Brasil português. Situação esta devido ao conceito
indivíduos na construção da grande colcha de sociológico forjado pelo modelo de Antigo
retalho que fora o Império Português, junto às Regime, em que valores como: distinção social,
instituições portuguesas, a exemplo do Tribunal status e poder, eram dispositivos imprescindíveis
do Santo Ofício, instituição de grande relevância nas sociedades da América portuguesa àqueles
no seio do organograma burocrático português. que julgavam- se diferentes dos demais.

Direito e punição no Antigo regime português: aproximações


e distanciamentos entre os Regimentos inquisitoriais e as
Ordenações filipinas

Monique Marques Nogueira Lima


monimnl@hotmail.com

Os instrumentos legais de aplicação do Direito do historiador há algum tempo. Nessa mesma


no mundo jurídico português do Antigo Regime tendência, o que se pretende na pesquisa ora
vêm sendo tomados como objetos de análise proposta é relacionar dois importantes códigos
SOMUSER ED ONREDAC 62

que pertenciam à cultura política de Portugal – práticas judiciárias hiantes nas documentações
as Ordenações filipinas de 1603 e os Regimentos confrontadas. Ademais, para além dos estudos
da Inquisição. Assim, por meio da ideia central dedicados à compreensão do Estado e suas
de ordem, foi possível pinçar algumas categorias formas de cominação, se fez possível perceber
fundamentais de acusados – hereges, loucos e que o olhar específico sobre os códigos revelam
escravos – que permitiram avaliar parcialmente muito sobre os pactos de verdades estabelecidos
as aproximações e distanciamentos entre as entre os sujeitos jurídicos de determinada época.

Dia 20 de agosto de 2014

Quando os negros não são passivos: a resistência negra através da


religiosidade

João Antônio Damasceno Moreira


fox.moreira@hotmail.com

O presente trabalho busca a compreensão associava as classes em prol do alcance de


das inúmeras estratégias desenvolvidas pela benefícios e vantagens que atendessem aos
população negra nas Minas dos setecentos, anseios de todos. Exemplo instigante desses
frente às intricadas teias das relações sociais testemunhos é o caso da escrava Florência de
na colônia. Nos cadernos do promotor da Souza Portella que através da religiosidade
Inquisição de Lisboa, podemos encontrar mágico-popular, enfrentou a configuração social
inúmeros testemunhos destes conflitos em que vigente e conseguiu vantagens, respeito e poder. É
muito além da resistência, percebemos também sobre essa documentação que esta comunicação
a cumplicidade de interesses que muitas vezes procura refletir.

Um bígamo, três cúmplices: todos processados pela Inquisição

Lucas Maximiliano Monteiro


lucas.monteiro@iffarroupilha.edu.br

O objetivo deste trabalho é apresentar o caso de pecado no final do século XVII. A bigamia, visto
quatro personagens: Manuel da Silva, Manuel como pecado por apresentar um desrespeito
Cristovão, Noutel Seco e Antônio Borges. O ao sacramento do matrimônio era perseguida
primeiro foi acusado de bigamia e, durante pelos inquisidores e, por via dos processos
seu depoimento, disse que Cristovão e Noutel inquisitoriais dos demais envolvidos, percebe-
haviam dado a notícia da morte de sua primeira se que essa assimilação foi estendida aos
esposa. Estes últimos foram presos e processados três homens que deram falso testemunho no
pela inquisição sob a acusação de mentir ao Juízo Processo Eclesiástico. Além disso, estas fontes
Eclesiástico e desrespeito ao sagrado sacramento documentais também apresentam a eficácia do
do matrimônio. O mesmo ocorreu com Antônio aparelho repressivo inquisitorial, já que todos
Borges. Por meio deste caso em específico, é os envolvidos não demoraram a estar em Lisboa
possível perceber o que era compreendido como para enfrentarem os inquisidores.
72 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Reconhecimento e Heresia: a antinomia feminina nas práticas mágico-


religiosas a partir da Primeira Visitação do Santo Ofício à América
portuguesa (1591-1595)

Marcus Vinicius Reis


mv.historia@gmail.com

A Primeira Visitação do Santo Ofício trouxe ou como interessadas em contar com indivíduos
consigo uma série de denúncias de mulheres, em – mulheres, principalmente – reconhecidos pela
sua maioria, voltadas para a suposta relação da capacidade de mediação com o sobrenatural
própria mulher com a magia religiosa, resultando, nesse espaço. Trata-se de um estudo em torno
inclusive em dois processos inquisitoriais das relações de gênero ancoradas à participação
contra Maria Gonçalves e Felícia Tourinho. feminina no campo da religiosidade na Época
Investigaremos, portanto, não somente o quadro Moderna, em especial, no corte em questão,
de crenças e práticas que circularam entre a tendo na presença até então inédita de uma
figura feminina, mas os laços culturais em torno comitiva do Santo Ofício o espaço ideal para nos
da participação da mulher nas práticas mágico- debruçarmos na problemática levantada.
religiosas, seja como agentes ativas desse processo

INQUISIÇÃO E RELIGIOSIDADE NA BAHIA COLONIAL (SÉCULO XVIII):


A PRÁTICA RELIGIOSA DO ESCRAVO MATHEUS PEREIRA MACHADO

Priscila Natividade de Jesus


pinknatividade@gmail.com

Em meados do século XVIII, residiu na Vila de morava na vila de Jacobina. A partir do caso deste
jacobina – BA um escravo por nome de Matheus mandingueiro as discussões acerca da Inquisição
Pereira Machado, que sob acusação de feitiçaria portuguesa, prática cultural, religiosidade, e
e sacrilégio por porte de bolsa de mandinga “poder” das bolsas de mandinga ganham ênfase
fora processado e condenado a degredo pela em nosso trabalho, que tem como objetivo maior
Inquisição portuguesa. Matheus Machado era discutir a importância do referido amuleto para
um adolescente de apenas 16 anos, natural do seus usuários (em sua grande maioria negros) no
Sítio de São José da Pororoca atual distrito de contexto do Brasil colonial.
Feira de Santana- BA, mas quando acusado

RAREFEITA TRAJETÓRIA DO MAMELUCO SIMÃO ROIZ: DAS “TEIAS DE FALSOS


ENGANOS” À PRISÃO INQUISITORIAL (1587-1593)

Andreza Silva Mattos


hist.andreza@yahoo.com.br

Em meados de 1590, o mameluco Simão Roiz um agrupamento de soldados a fim de “descer”


partiu de Sergipe do Conde, no Recôncavo índios para levá-los ao Engenho de Sergipe.
Baiano, em direção ao sertão norte da Bahia com No sertão, deixou florescer seu lado gentil por
SOMUSER ED ONREDAC 82

encontrar a “brecha” que lhe permitiu praticar Simão Roiz como um alvo dos aparatos
ações que foram de encontro aos dogmas repressivos do poder inquisitorial que recebeu
católicos, comendo carne na quaresma. Sua como recompensa por sua atuação uma punição
rarefeita trajetória nos permite ainda conhecer da qual, provavelmente, jamais esquecera.
os conflitos, ou seja, as “teias de falsos enganos” Faremos uso da abordagem microhistórica,
tecidas entre os soldados mamelucos e os jesuítas utilizando como fontes primordiais os processos
pelo controle dos gentios. Compreenderemos inquisitoriais da Primeira Visitação.

ENTRE “BICHOS” E “SEVANDIJAS”: UMA ANÁLISE DA SOCIABILIDADE ESCRAVA EM


UM PROCESSO DE CURA DO ESTADO DO GRÃO-PARÁ E MARANHÃO (1764)

Maria Rosalina Bulcão Loureiro


robulou@hotmail.com

A visitação do Santo Ofício a região do Grão serviços de curandeiros para extirpar os males
Pará e Maranhão produziu rico material para não apenas do corpo, mas do espírito. Assim,
a análise de indivíduos inseridos na sociedade tais fontes, embora sob o crivo do inquisidor,
colonial. O processo do escravo José Mandinga, permite visualizar as tensões e negociações entre
denunciado ao Santo Ofício após a cura de grupos aparentemente antagônicos, favorecendo
uma escrava gravemente enferma, levando-a a o aparecimento de um fato incomum a estrutura
expelir “bichos” e “sevandijas” oferece um debate escravocrata, no qual indivíduos marginalizados
acerca dos processos de saúde, doença e cura inserem-se em um contexto mais complexo
que circulavam entre os segmentos sociais da do que se poderia conjecturar da condição de
Colônia, tornando-se prática usual a busca pelos escravos.

Palavras amatórias e poesias luxuriosas:


confissão e imoralidade no mundo ibero-americano (1640-1750)

Jaime Ricardo Teixeira Gouveia


Jaime.ricardo@gmail.com

A solitatio ad turpia, mais vulgarmente solicitação, proponho pretende centrar-se num domínio que
era um delito punível pelo Tribunal do Santo tenho vindo a estudar de há vários anos a esta
Ofício da Inquisição no período proposto por parte: os artifícios utilizados pelos párocos para
esta comunicação. Na acepção inquisitorial, a levar a cabo os seus imorais intentos e a vigilância
solicitação designava todas as situações em que e repressão que lhes era movida pelas instâncias
um confessor, valendo-se da sua autoridade, judiciais competentes na matéria. Nesse
do seu ministério e do momento recatado em contexto, recorrendo à documentação original,
que ocorria a administração do sacramento analisarei com mais minúcia, as solicitações
da penitência, aproveitava para satisfazer os que na metrópole e na colônia ocorriam com o
seus desejos carnais, ou manifestava apenas recurso à palavra oral e escrita e o choque entre o
essa intenção, utilizando para tal, uma série sagrado e o profano que nesse momento ocorria.
diversificada de meios. A comunicação que
92 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Concubinatos, violência e solicitação no cotidiano do clero secular


da capitania de Pernambuco (1750 – 1800)

Gustavo Augusto Mendonça dos Santos


gustavo.ams@hotmail.com

O presente trabalho tem como objetivo fazer realizadas por clérigos do hábito de São Pedro nas
um levantamento das práticas cotidianas dos freguesias do litoral de Pernambuco entre 1750 e
clérigos seculares de Pernambuco as quais 1800. Buscaremos ainda debater até que ponto
transgrediam as normativas legais aplicadas estas ações constituíam transgressões da norma
ao Império português na segunda metade do ou eram práticas sociais aceitas na América
século XVIII. De modo mais específico iremos portuguesa, tendo por base sua frequência e a
demonstrar em números quais foram os casos de forma como a população reagia diante delas.
concubinatos, solicitações e praticas violentas

A bigamia nos Sertões: casar segunda vez na capitania do Ceará


Grande (1752-1798)

Adson Rodrigo Silva Pinheiro


adson.rodrigo@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo analisar casos vigilância e de controle da população e uma análise
de bigamia na capitania do Ceará durante mais penetrada do cotidiano do Ceará Grande,
a segunda metade do século XVIII, a fim de marcado por relações em torno da transitoriedade
entender as motivações para se contrair um propícia aos Sertões e de aspectoscircunscritos à
segundo casamento em “face de Igreja” e de que honra, à sexualidade e à família.A base documental
“estratégias” os sujeitos históricos se valiam para é composta de Processos Inquisitoriais presentes
realizar um novo matrimônio, sendo a primeira no Arquivo da Torre do Tombo (1752-1798),
mulher ainda viva. Ademais, essa análise auxilia na os Regimentos Inquisitoriais, as Constituições
compreensão da dinâmica em torno da atuação da do Arcebispado da Bahia, Livros de Tombo de
Igreja Católica em seus múltiplos organismos de Paróquias e as Ordenações do Reino

Dia 21 de agosto de 2014

Blasfêmias e proposições: a “libertinagem” de consciência no


setecentos mineiro

Rafael José de Sousa


rafaeljose-mg@hotmail.com

O presente trabalho busca a compreensão, do desenvolvimento nas Minas setecentistas de


através da análise das denúncias arroladas nos ideias contrárias às imposições da ortodoxia, além
cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa da racionalidade das pessoas em seus cotidianos,
referentes às blasfêmias e proposições heréticas, na convivência direta com povos e culturas dos
SOMUSER ED ONREDAC 03

mais variados matizes. Na língua ferina dos do Sargento Mor Romão Fagundes do Amaral,
mineiros também reverberaram as injustiças e que como outros, ousara proferir, que o Sumo
desigualdades oriundas da sociedade colonial, Pontífice era um homem como qualquer outro,
como a justificativa ao escravismo e a condenação que Nossa Senhora não ficara virgem após o parto,
das religiões “impuras”. Como fio condutor que a fornicação não era pecado e que o corpo de
desta pesquisa, traçamos as ideias e o cotidiano Cristo nunca estava presente na comunhão.

O cálice proibido: contatos interétnicos entre missionários


carmelitas e indígenas Tarairiú na capitania da Paraíba

Gláucia de Souza Freire


glauciasf1@yahoo.com.br

Entre as décadas de 1730 e 1740, em Boa Vista, perspectiva mística, provocou códigos que
aldeamento indígena (Xukuru e Kanindé) revelam movimentos de hibridismo. Partindo
localizado na capitania da Paraíba, carmelitas de uma análise baseada na Micro-História e no
foram acusados pelo capitão-mor da Paraíba, paradigma indiciário, mantendo um diálogo com
Pedro Monteiro de Macedo, de usar o vinho da a Antropologia, essa comunicação visa refletir
acácia jurema, que desencadeava êxtase religioso, acerca dos contatos interétnicos ocorridos,
em um ritual que deviam combater. Sentimentos assim como os elementos místico-religiosos que
transgressores estavam ligados, neste evento, aproximaram indivíduos Tarairiú e carmelitas
a práticas de agenciamento e burla, onde um em transgressão ao ideal catequético colonial.
contato interétnico, também inserido em uma

SÉCULO XIX, O SÉCULO DOS PROFETAS BRASILEIROS: OS DESDOBRAMENTOS DO


MILENARISMO PORTUGUÊS EM TERRAS BRASÍLICAS

Priscilla Pinheiro Quirino


priscillapquirino@hotmail.com

A proposta que aqui trazemos é o eixo não apenas dos princípios pedagógicos e políticos
norteador de nossa pesquisa doutoral a qual visa o Estado Português delineou a formação e os
compreender a formação, a construção de uma limites de atuação da prática dos professores,
identidade e a atuação dos Professores Régios mas a emergência de uma identidade docente –
em Pernambuco entre 1759 e 1825. A escolha de a partir do momento em que eles se viam como
tal temática reside no desdobramento de nossa agentes de transformação cultural e necessários
Tese de Mestrado, defendida em 2009, aonde para a criação de súditos leais à Coroa – e os
abordamos os impactos da denominada primeira conflitos e percalços que esses mestres sofreram
fase das Reformas Pombalinas na Vila de Recife para exercer seus magistérios em Pernambuco
e na Cidade de Olinda entre 1759 e 1772. Assim, entre a segunda metade do século XVIII e início
pretendemos apresentar os primeiros esboços do XIX.
13 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Entre o catolicismo e o calvinismo: a apostasia de eclesiásticos no


Brasil Holandês

Regina de Carvalho Ribeiro


regininhacribeiro@gmail.com

O objetivo da comunicação é analisar a resistência o período identificado como “pax nassoviana”


e a colaboração de certos eclesiásticos ao domínio pelo historiador Evaldo Cabral de Mello,
holandês no litoral nordestino seiscentista, alguns padres se destacaram pela forte amizade
entre 1630 a 1654. A perspectiva é investigar a mantida com o governador dos holandeses e
atuação de determinados padre católicos que, pelos estreitos vínculos estabelecidos com o
na fase inicial das guerras pernambucanas, calvinismo, o que lhes rendeu denúncias de
resistiram à entrada neerlandesa, mas, mediante apostasia. Portanto, são protagonizados quatro
a tolerância religiosa flamenga, aceitaram casos: o Frei Manoel Calado, o Frei Antônio
permanecer no território, chegando a colaborar Caldeira, o padre Belchior Manoel Garrido e o
abertamente com Maurício de Nassau. Durante padre Manoel de Morais.

O Degredo às Galés e a Ação Inquisitorial nas Capitanias de cima


(séc. XVI)

Emãnuel Luiz Souza e Silva


emanoss@ig.com.br

Esta comunicação tem como objetivo analisar processos inquisitoriais movidos contra
a ação inquisitorial na América Portuguesa, moradores das Capitanias de cima durante o
priorizando os sentenciados a cumprirem século XVI, propomos observar quais foram
o degredo nas Galés del Rei. Esta pena era os crimes que tiveram como punição este tipo
considerada uma das mais severas entre as de degredo e demais informações provenientes
punições aplicadas pelo Tribunal do Santo desta documentação.
Ofício Português. Mediante a análise dos

Trocas cotidianas e valores religiosos nas cartas de perdão de D.


Felipe II

Luciana Mendes Gandelman


lucianagandelman@yahoo.com.br

As cartas de perdão tem sido um importante Na presente comunicação pretende-se


instrumento da historiografia para discutir avaliar por meio das cartas de perdão os
tanto questões relacionadas às relações de valores morais e religiosos expressos pelas
poder, em especial aquelas referentes ao populações do reino em relação às trocas e a
monarca e seus súditos, quanto problemas circulação de recursos cotidianos na virada
acerca dos comportamentos morais e sexuais do século XVII.
das comunidades locais no período moderno.
SOMUSER ED ONREDAC 23

“Regulamento  para os Missionários” em questão: reflexões centrais


sobre a práxis franciscana

Idelbrando Alves de Lima


del_historia@hotmail.com

A Igreja Católica, através da atuação de aldeamentos da Capitania Real da Paraíba,


suas Ordens Religiosas e Congregações, foi entre o período de 1589 e 1619, atentando
responsável pela catequização dos nativos especialmente para o “Regulamento para os
brasileiros. Portanto, o presente trabalho tem Missionários” de 1606, evidenciando, desta
por objetivo realizar uma análise histórica forma, a vivência religiosa entre franciscanos
sobre a práxis franciscana desenvolvida nos e nativos.

PRESCRIÇÕES SOBRE A MORTE NOS ESCRITOS RELIGIOSOS DO BRASIL COLONIAL


(SÉCULOS XVII E XVIII)

Clara Braz dos Santos


clara.huf@gmail.com

Entre os séculos XVII e XVIII, no Brasil, do desprendimento das questões mundanas e


diversos escritos religiosos e de cunho moral das práticas viciosas, através do pensamento
(sermões, panegíricos, livros devocionais, constante na morte e da preparação para o bem
parábolas e sonetos) produzidos por clérigos morrer. Nesse sentido, meu propósito nessa
da Igreja Católica, bem como por outros comunicação é mapear nessa literatura sobre
letrados, divulgaram aos seus diversos ouvintes a morte, quais eram os vícios mais condenados
e/ou leitores – desde colonos a escravos – um e como era possível obter a salvação da alma.
conjunto de regras e ensinamentos relacionados Dito de outro modo, haveria diferenças entre
à temática da morte, destacando a necessidade os vícios de colonos (as) e escravos (as)? O que
de nunca se esquecerem que eram mortais, e compreendia a salvação na colônia?
da importância, para a salvação de suas almas,

Em busca da fé: vivência, participação e devoção dos terceiros


Carmelitas em Minas Gerais

Nívea Maria Leite Mendonça


niveajf@hotmail.com

A participação de leigos em Minas Gerais foi função. Nosso objetivo neste artigo é refletir
favorecida pela união da Coroa com a Igreja sobre a participação desses leigos que levaram e
através do Padroado; essa participação laica em difundiram as práticas das associações religiosas,
associações religiosas foi à expressão encontrada em especial da Ordem Terceira Carmelita, num
pelos fiéis que, incorporados na Igreja eram lugar onde a igreja se fazia presente somente
constituídos como Povo de Deus, estes leigos através destes fiéis leigos, cuja participação era
se tornaram participantes efetivos da Igreja indispensável para a promoção da fé e da cultura
onde ela não podia exercer, plenamente, sua mística do sagrado.
33 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Arte e heresia nos recantos da cidade da Bahia

Grayce Mayre Bonfim Souza


graycebs@yahoo.com.br

Abordaremos nesta comunicação a controversa com declaradamente ateu e proferir proposições


trajetória de Isidoro José Pereira e Costa, heréticas tais como: a descrença na vida eterna
homem branco, natural de Lisboa e assistente e ressurreição; proclamava que o inferno, o
na vizinhança do noviciado dos padres da purgatório e a excomunhão eram invenções
Companhia de Jesus na cidade da Bahia, oficial utilizadas pela Igreja para manter medo entre os
de cravador e artífice de ópera de figura, que fiéis; e que a fornicação em todas as suas formas e
teve denúncia conduzida pelo Comissário do níveis de parentesco não era pecado, mas prática
Santo Ofício Bernardo Germano de Almeida natural e necessária para o aumento da geração,
para o Tribunal da Inquisição. Tal acusação dentre outras proposições arroladas no sumário
teve por base testemunhos que o apontavam contra ele montado no período de 1750 a 1764.

Dia 22 de agosto de 2014

Peculiaridades eclesiásticas no Grão-Pará: O momento da transição da


diocese de Frei João de São José Queirós para Geraldo José de Abranches

Sarah dos Santos Araújo


sarah_hatake@hotmail.com

Por meio de relatos de visitas pastorais, ser vigário capitular da sede vacante. Por meio
documentos inquisitoriais, além de cartas régias das representações que permeiam a trajetória
e ofícios do Conselho Ultramarino, vamos dessas duas figuras no Grão-Pará, avaliando
apresentar algumas particularidades do período administração e atuação na diocese no período
de mudança na administração da diocese do da transição de um para o outro, teremos uma
Grão-Pará de D. Fr. João de São José Queirós visão mais ampla do contexto. Principalmente
(1760-1763) para o Inquisidor-Visitador Geraldo ao tratarmos do momento particular da Visita
José de Abranches (1763-1773). Demonstrando do Santo Ofício em que o Inquisidor-Visitador
alguns aspectos da atuação e saída do bispado se torna vigário capitular, tendo duas jurisdições
do primeiro, por ordem régia no ano de 1763, alinhadas sobre a mesma pessoa, através da qual
e, por conseguinte, a chegada e instalação da poderemos vislumbrar ao início de sua atuação
Visita Inquisitorial à região chefiada por Geraldo a articulação de suas funções em exercício na
José de Abranches que fora ainda indicado para diocese.

Notas sobre a contribuição da Igreja na organização do espaço


territorial cearense durante o século XVIII

Clovis Ramiro Jucá Neto


clovisj@uol.com.br

O artigo discute os primórdios da fixação da Igreja identificando as áreas do território e os pontos de


no espaço cearense. Contribui com a reflexão fixação. Na cartografia retrospectiva e histórica
SOMUSER ED ONREDAC 43

identifica as primeiras capelas, os aldeamentos, início do século XVIII o território se apresenta


as igrejas matrizes e as freguesias. Estabelece como um grande vazio a ser ocupado; no
a relação entre a gênese dos aglomerados e a alvorecer do século XIX, uma rede eclesiástica
construção das primeiras ermidas. Também constituída por 17 freguesias, 22 igrejas matrizes
evidencia a pouca importância da capitania para e cerca de 47 capelas organizava o espaço
o Estado português considerando o número de territorial da capitania. O Ceará encontrava-se
freguesias coladas instaladas no território. Se no definitivamente ocupado pela igreja.

Dom frei Manoel da Cruz, o governo do bispado e as redes clientelares


(Maranhão, 1739-1747)

Kate Dayanne Araujo Soares


katedasoares@yahoo.com.br

Durante o período que governou o bispado o padre jesuíta João Batista Carbone e o rei
do Maranhão, dom frei Manoel da Cruz dom João V. A proposta dessa comunicação
enviou correspondência frequente para sua é investigaro funcionamento dessa rede e as
rede clientelar em Portugal, que tinha como estratégias usadas pelo bispo para conseguir
membros o padre reformador frei Gaspar da benefícios para melhor governar sua diocese.
Encarnação, o Cardeal João da Mota e Silva,

Colações e ordenações sacerdotais: o clero no Maranhão colonial

Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz


pollyannagm@yahoo.com.br

Esta comunicação discute os trâmites para colação sacerdotal destacando as diferentes


a ordenação sacerdotal dando destaque aos estratégias e os discursos utilizados para
processos de Habilitação de genere e Vita et Moribus conseguir boas colocações na Igreja. O palco
que avaliavam a ascendência e os costumes desse estudo é o bispado do Maranhão no século
dos candidatos ao sacerdócio. Num segundo XVIII.
momento, a análise tratará dos concursos para

As diversas faces da reclusão feminina: considerações sobre a


presença de escravas e servas no Convento da Soledade (Salvador,
século XVIII)

Adínia Santana Ferreira


adinia@gmail.com

O trabalho traz como objetivo a análise das com diversas dimensões que extrapolavam a do
dimensões e repercussões da prática da escravidão mero isolamento. A presença de escravas e servas
no interior do Convento da Soledade. A clausura na instituição assegurava a continuidade do tipo
envolveu um grupo heterogêneo de mulheres, de vida que a reclusa levava antes de ingressar
53 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

no convento e que, em tese, deveria romper, uma centrada no isolamento, contemplação e nos
vez que se recolheu em uma instituição religiosa votos de pobreza, humildade e obediência.

Reflexos da Jacobeia na Capitania de Pernambuco: o governo de D. José


Fialho (1725-1738) e as reformas de cunho rigorista

Bruno Kawai Souto Maior de Melo


bruno.kawai@yahoo.com.br

O início do século XVIII foi marcado por aos sacramentos, sobretudo a confissão, a
consideráveis reformas na estrutura do mortificação dos vícios, o desprezo pelo mundo
catolicismo Português, que produziram e a austeridade no modo de se vestir. O presente
profundas modificações nas concepções trabalho se propõe a avaliar os reflexos da cartilha
eclesiológicas, morais e teológicas da Igreja dos jacobeus na capitania de Pernambuco
Portuguesa de aquém e além mar. Dentre os durante a primeira metade do século XVIII,
movimentos reformistas de caráter rigorista quando a governação espiritual do bispado de
que figuraram no período, temos a jacobeia, que Olinda estava sob a regência de D. José Fialho
buscava restaurar a estreita observância dos (1725-1738), representante em âmbito local do
regulares, o exame de consciência, a frequência movimento.

Os cabidos das catedrais do Brasil colonial: carreiras eclesiásticas e


dinâmicas sociais

Hugo Daniel Ribeiro da Silva


hribeirodasilva@hotmail.com

Apesar da sua importância no quadro da dificuldades que elas nos colocam, em particular
administração diocesana, os cabidos das dada a sua escassez. Em segundo lugar serão
catedrais do Brasil colonial têm merecido enunciadas algumas propostas de investigação
reduzida atenção por parte da historiografia. e questões que se encontram em aberto, mas,
Com esta comunicação pretende-se, em primeiro sobretudo, serão apresentados alguns resultados
lugar, refletir sobre quais as fontes disponíveis de uma pesquisa em curso.
para o estudo destas instituições e quais as
SIMPÓSIO TEMÁTICO 3
Contrabando, descaminhos e ilicitudes na América Portuguesa

Coordenadores: Paulo Cavalcante de Oliveira Junior (UNIRIO) & 


Ernst Pijning (Minot State University)

Dia 19 de agosto de 2014

A Alfândega do Rio de Janeiro: uma análise da economia e poder no


Império ultramarino português (c.1640-c.1700)

Helena de Cassia Trindade de Sá


helenatrindade@globo.com

A presente comunicação tem por objetivo fazer não só a estrutura administrativa alfandegária
uma análise das práticas econômicas e sociais com suas diversas camadas de poder, como
desenvolvidas nas Alfândegas Coloniais, com também a importância dessa instituição para
destaque para a Alfândega do Rio de Janeiro. Por a montagem do Antigo Sistema Colonial e
intermédio do viés fiscal buscar-se-á examinar, expansão dos negócios ultramarinos.

O PORTO DO RECIFE E A ALFÂNDEGA DE PERNAMBUCO

Luanna Maria Ventura dos Santos Oliveira


luannaventura@gmail.com

O presente tema tem como objetivo analisar as na Alfândega de Pernambuco, além dos estatutos
relações de poder na instituição da Alfândega que a regiam, bem como se deveria atuar na
de Pernambuco nos setecentos. Buscamos fiscalização dos portos. Nossa pesquisa adentrar
compreender em nossa pesquisa quais produtos a um universo ainda pouco explorado, o aparelho
chegavam ao Porto do Recife na segunda burocrático da alfândega de Pernambuco,
metade do século XVIII, e como a Alfândega de objetivando enriquecer as discussões sobre a
Pernambuco controlava e limitava as inúmeras circulação de mercadorias no Atlântico, além
estratégias de burlar a fiscalização real. Através da das influências desses “funcionários” nas redes
documentação encontrada no APEJE e no AHU, comerciais colônias.
conseguimos identificar quais cargos existiam
73 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Desordem no porto: as arribadas forçadas e a prática de ilicitudes no


século XVIII

Paulo Cavalcante
paulocavalcante@unirio.br

Esta comunicação põe em causa as chegadas que visavam burlar as regras instituídas. Não foi
ou entradas não programadas de navios nos por outra razão que, para além da legislação geral
portos ou demais lugares da costa do Estado do sobre a atividade comercial, a Coroa expediu
Brasil nas primeiras décadas do século XVIII. orientações específicas sobre como proceder
Chamadas ainda hoje no direito náutico de “com os navios estrangeiros que vierem ao Estado
“arribadas forçadas”, essa movimentação, longe do Brasil”. Vamos explorar essas regras com o
de ser fortuita ou surpreendente, por decorrer objetivo de trazer à luz o conjunto dinâmico de
de algum motivo que impedisse a continuidade interações entre a expressão da vontade do que
da viagem, em grande medida era calculada e o Estado queria ver praticado e a materialidade
abundante. Isso porque, de fato, constituía parte daquilo que efetivamente se praticava.
do arsenal de ardis da prática ilegal do comércio

Os tesoureiros e seladores da Alfândega de Salvador: a prática social


do descaminho, 1714-1722

Hyllo Nader de Araújo Salles


hyllo.nader@gmail.com

O presente trabalho tem por objeto de estudo avulsos da capitania da Bahia do Projeto Resgate
os tesoureiros e os seladores da Alfândega de do Arquivo Histórico Ultramarino e o Livro
Salvador e a prática social do descaminho nesse Quarto da Alfândega de Salvador custodiado
lócus privilegiado, a Alfândega, entre 1714 – ano pelo Arquivo Nacional – Rio de Janeiro. Tendo
do (re)estabelecimento da cobrança da dízima em vista a natureza e a diversidade das fontes
da Alfândega e do regimento estabelecido que alicerçam a presente pesquisa, a metodologia
pelo marquês de Angeja – e 1722 – ano em considerada a mais adequada a ser utilizada foi
que a cobrança da dízima fora submetida ao a baseada nos procedimentos usuais de coleta,
sistema de contratos. As fontes utilizadas são as sistematização e análise crítica dos dados
pertencentes à segunda série dos documentos levantados.

Arribadas nos trópicos: negociações e conflitos no contexto do


cotidiano da navegação na Capitania do Rio de Janeiro (1763-1808)

Cesar Augusto Ornellas Ramos


cesarornellas@hotmail.com

O presente trabalho consiste no resultado do Rio de Janeiro, no decorrer da segunda metade


preliminar das análises realizadas acerca do do século XVIII, com ênfase para os Autos de
cotidiano da navegação no litoral da Capitania Exame de navios, evidenciando a intensificação
SOMUSER ED ONREDAC 83

da afluência de embarcações mercantes e de da abordagem em questão podemos destacar


guerra ao Rio de Janeiro, então capital do Vice- análise do perfil das tripulações e dos
Reino do Estado do Brasil. Nosso propósito é passageiros, a natureza das cargas transportadas
discutir os limites entre normas e transgressões e, principalmente, as estratégias de negociação
que balizavam as visitas de autoridades luso- entre capitães de embarcações e funcionários a
brasileiras aos navios fundeados, especialmente serviço da Coroa portuguesa, mapeando conflitos
às embarcações arribadas. Dentre os objetivos e cumplicidades sob o sol dos trópicos.

“Todo o mundo sabe, que as colônias ultramarinas [são] sempre


estabelecidas com o preciso objeto da utilidade da Metrópole”

Rodrigo Ricupero
Ricupero@usp.br

Em 1772, em resposta aos protestos ingleses documentos dos séculos XVI e XVII produzidos
pela apreensão de um navio no Rio de Janeiro, o em Portugal ou em seu Império, aparecendo,
Marquês de Pombal, defendendo enfaticamente contudo, cada vez com mais força e clareza ao
o “exclusivo colonial”, escreveu “todo o mundo sabe, longo do XVIII. O objetivo desta comunicação
que as colônias ultramarinas [são] sempre estabelecidas é discutir a formação e o desenvolvimento de
com o preciso objeto da utilidade da Metrópole...”. uma consciência do fato colonial (e de seus
Alguns anos depois, no anônimo “Roteiro do desdobramentos práticos), tanto do lado da
Maranhão a Goiás pela capitania do Piauí”, tal ideia Coroa e de seus funcionários, como do lado dos
é desenvolvida, para o autor desse trabalho, moradores das partes do Brasil, indo do século
caberia às colônias produzir as matérias- XVI até às vésperas da independência em 1822,
primas que seriam, em seguida, beneficiadas na quando José Bonifácio, no Manifesto de Agosto
metrópole e depois exportadas, inclusive para a desse ano, clamou contra o “restabelecimento do
própria colônia. Tal concepção sobre a relação odioso sistema colonial”.
colônia/metrópole não é encontrada em textos e

Dia 20 de agosto de 2014

O contrabando no memorialismo luso-brasileiro

Marieta Pinheiro de Carvalho


marietacarvalho@ig.com.br

No final do século XVIII e no início do das ações efetuadas por parte das autoridades
XIX, o contrabando era uma realidade que coloniais, as dificuldades enfrentadas para coibi-
preocupava os estadistas portugueses. Tal lo eram muitas, uma vez que em vários casos,
prática interferia em um ponto central das as atividades contrabandistas contavam com o
relações entre metrópole e colônia: o exclusivo auxílio de habitantes da colônia ou de agentes
comercial. Em função disso, a temática esteve oficiais, encarregados na prática de combatê-
constantemente presente na correspondência lo. O objetivo dessa comunicação é analisar
entre a Corte e o vice-reinado. E a despeito um conjunto de escritos sobre o contrabando,
93 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

desenvolvidos nesse período, com discussões perceber como esses textos se articulavam a uma
que tentavam apresentar soluções para reduzir política maior de desenvolvimento do império
ou coibir tal prática. Mais propriamente, a ideia é português.

Diferentes escritos e uma única preocupação: a preservação do


comércio exclusivo com a América, século XVIII

Valter Lenine Fernandes


valterlenine@usp.br

“Sendo tão grandes os interesses do comércio com os portuguesa e espanhola com as suas colônias na
estrangeiros, são ainda maiores os seus lucros quando ele América. O que tem de comum na análise desses
se faz para as próprias colônias. Não só este comércio é o escritos? A preocupação com leis, medidas e com
mais útil, mas também o menos arriscado.” Com base na as ações dos administradores das Alfândegas e
citação de Sebastião de José de Carvalho e Melo ou Aduanas. Portanto, apresentaremos algumas
e de outros contemporâneos, a título de exemplo das reflexões acerca da principal instituição de
Geronimo de Uztariz, a presente comunicação preservação do comércio exclusivo das Coroas
analisará os níveis de consciência das políticas portuguesa e espanhola.
de controle do comércio das Metrópoles

Rotas e caminhos: circulando entre as Américas portuguesa e


espanhola

Lina Maria Brandão de Aras


laras@ufba.br

As rotas estabelecidas entre o Império regiões fronteiriças e mesmo geograficamente


português e espanhol na América Colonial foram distantes. Desta forma, objetivo discutir os
identificadas e traçadas em cartografia utilizada caminhos percorridos por fora dessa cartografia
amplamente na bibliografia específica. O estudo e demonstrar que os mesmos tanto serviam para
sobre as relações comerciais entre um lado e a circulação de pessoas e mercadorias como para
outra, separados por demarcações oriundas de ampliar a circulação dos impressos proibidos na
tratados e acordos diplomáticos não impediram América portuguesa.
o estabelecimento de outros caminhos entre

Os “fundos vivos da contravenção”: o contrabando de escravos na


Colônia do Sacramento (1740-1777)

Fábio Kühn
fabio.kuhn@ufrgs.br e fkuhn1@gmail.com

Após o final do Asiento britânico no Rio da Sacramento passaram a contrabandear para os


Prata, ocorrido no final da década de 1730, domínios espanhóis uma crescente quantidade
os portugueses estabelecidos na Colônia do de escravos africanos, enviados para a praça
SOMUSER ED ONREDAC 04

platina desde a Bahia e o Rio de Janeiro. O existência da corrupção e a conivência dos


trabalho pretende explorar alguns aspectos agentes da administração colonial que, em
desse comércio ilícito, analisando em primeiro tese, deveriam reprimir tais atividades. Por fim,
lugar as dimensões desse tráfico, a partir de utilizando os dados dos registros de óbitos de
algumas estimativas contemporâneas. Um escravos, pretende-se evidenciar quais eram os
segundo ponto procura analisar as formas agentes mercantis envolvidos no comércio dos
de introdução dessa peculiar mercadoria em “fundos vivos da contravenção”.
Buenos Aires, discutindo questões como a

Tudo é Contrabando: a integração da ilegalidade na sociedade


Brasileira oitocentista

Ernst Pijning
ernst.pijning@minotstateu.edu

Esta palestra é uma proposta como deve se judicial, burocracia e discurso público. Esta
estudar o assunto de contrabando no Brasil palestra é um “up-date” do meu artigo publicado
colonial? Como o contrabando foi um fenômeno na Revista História Brasileira que dialoga com a
integral na sociedade deve se demonstrar a historiografia mais recente sobre o assunto.
ligação entre geografia, diplomacia, sistema

Dia 21 de agosto de 2014

A atuação dos diretores de povoações durante a política do


Diretório dos Índios (1757-1798): a busca por uma análise de caráter
histórico de suas infrações a lei

Vinícius Zúniga Melo


vinicius.zuniga@hotmail.com

Este trabalho tem como objetivo analisar a pensar em até que ponto seria vantajoso
a atuação dos diretores de povoações de a ocupação do dito posto. Além disso, ao
índios, durante o período do Diretório dos constatar que uma série de outros sujeitos
Índios (1757-1798), no Vale Amazônico. Parte também transgrediam as normas do Diretório,
da historiografia consolidou a ideia de que e utilizavam-se indevidamente do trabalho
foram estes sujeitos, devido as suas infrações indígena, este estudo busca fornecer um
cometidas principalmente em relação a mão de caráter histórico as ações empreendidas pelos
obra indígena, os principais responsáveis pelo diretores. Isto é, em um universo marcado pela
fracasso da lei. Este estudo, por outro lado, disputa em torno da mão de obra indígena,
busca apontar algumas das dificuldades dos infringir a lei era o horizonte possível.
diretores na realização do ofício, nos levando
14 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

TENSÕES E CONFLITOS EM TORNO DA POLÍTICA INDÍGENA DOS HABSBURGOS


ESPANHÓIS NO BRASIL COLÔNIA

Miguel Luciano Bispo dos Santos


miguellucianobispo@hotmail.com

A nossa proposta de pesquisa está voltada para e regularizada por Felipe II nas Cortes do
analisar a questão da escravidão indígena na Tomar (abril de 1581), podemos perceber na
América portuguesa no período compreendido documentação que houve, em alguns momentos,
entre 1580 e 1611, durante a União Ibérica (1580- uma ingerência direta da administração
1640). Entendemos que a análise da colonização espanhola nos negócios portugueses no Brasil,
brasileira durante o período filipino exige a sobretudo, na situação jurídica dos ameríndios.
ultrapassagem da discussão da historiografia Nesse sentido, trataremos das leis indígenas de
mais tradicional sobre a maior ou menor 1595, 1605, 1609 e 1611 e as tensões geradas na
autonomia de Portugal e suas colônias neste aplicação dessas normas régias aqui na colônia,
período. Apesar da relativa autonomia político- que envolvia funcionários régios, colonos e
administrativa de Portugal, estabelecida eclesiásticas.

Os comportamentos à margem da Lei: a esfera fazendária no Rio


Grande de São Pedro no século XVIII

Paula Andrea Dombkowitsch Arpini


paularpini@terra.com.br

O trabalho se propõe a fazer uma análise dos investigar as práticas ilegais em termos de redes
comportamentos à margem da lei, percebendo sociais, buscando perceber como a corrupção
o que era, de fato, transgressão às normas e permitiu aos sujeitos formar cadeias informais
quais práticas políticas consideradas comuns de mando, influência e poder na Colônia. Nesse
na lógica da sociedade de Antigo Regime. sentido, encontramos na provedoria da Fazenda
Buscaremos assim, compreender a diferença Real uma instituição permeada por práticas ditas
entre a transgressão à lei, bem como os limites do ilegais, que têm sua própria lógica de existência
que era tolerado. A partir do estudo de biografias em redes de poder, legitimadas pela monarquia
coletivas na esfera fazendária no Rio Grande corporativa em uma concepção de ilegalidade
de São Pedro, no século XVIII, pretendemos tolerada.

A estrada proibida da Bahia: Entre o caminho e os descaminhos


(1694 – 1716)

Pollyanna Precioso Neves


pollyanna.neves.87@gmail.com

A conjuntura da descoberta do ouro na região assim, controlar o fluxo de pessoas e mercadorias.


das Minas exigiu da Metrópole novas estratégias E, principalmente, evitar o desvio do ouro. A
administrativas e fiscais de mando e poder, para proibição da entrada de fazendas pela Estrada
SOMUSER ED ONREDAC 24

da Bahia constitui parte de tais medidas, numa ordem, continuando a transitar pela dita estrada.
política de “ilhamento” da região mineradora. A partir da análise dos Autos de Denunciação e
Assim sendo, procuraremos deslindar as Tomadia da Superintendência do Rio das Velhas,
tentativas de coibir o descaminho pela Estrada do bandos, ordens régias e o Regimento de 1702
Sertão e as contendas entre os potentados locais para reconstruir o movimento que constituiu as
e os agentes da Coroa, de um lado. E de outro, tentativas de Portugal de expandir as fronteiras
como os colonos se articulavam para contornar tal da colonização nas Minas.

“Sem ofensa das leis, com seu direito”: a prática social do direito no
mundo colonial

Marcos Guimarães Sanches


m.g.sanches@oi.com.br

A discussão sobre práticas lícitas e ilícitas na perspectiva consagrada no Oitocentos.


no mundo colonial exige uma reflexão sobre A presente comunicação apropria o caráter
os paradigmas jurídicos que informam tal dialético das relações da metrópole e suas colônias
classificação como a natureza do direito no e sua variabilidade no tempo, investigando das
Antigo Regime, o problema da existência de um diversas rebeliões de caráter fiscal, tidas como
direito colonial, ou no nosso caso, de um direito práticas ilícitas e até anti coloniais, a luz da
luso-brasileiro, e, particularmente, a natureza cultura jurídica do Antigo Regime e inseridas
da exploração das conquistas, revisando por nos quadros estruturais da sociedade da época
consequências o atributo nacional do direito moderna.

Dinâmica administrativa e de jurisdições no início do período Filipino


na Capitania do Rio de Janeiro

Maria Isabel de Siqueira


misrjhistoria@gmail.com

A carta do Provedor da Fazenda Real da cotidiano das autoridades coloniais, dos jesuítas
Capitania do Rio de Janeiro, no início do século e do grupo de índios que, entre idas e vindas,
XVII, nos revela a questão de como foi a dinâmica respondem as questões das bases da comunicação
administrativa e de jurisdições durante a União política, configuraram a manutenção das relações
das Coroas Ibéricas no Estado do Brasil. O entre a Coroa e a Colônia

A OCUPAÇÃO DO SUL MARANHENSE

Philipe Luiz Trindade de Azevedo


Philipe.azevedo021@hotmail.com

A colonização do sul do Maranhão está intimamente XVIII. As entradas de fazendeiros afugentavam,


ligadaaoprocessodeexpansãodasterrasdirecionadas prendiam, ou exterminavam os indígenas para
para a atividade pecuarista, no início do século garantir a posse da terra. Desde 1747 apresentam-se
34 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

incursões que deveriam fazer frente aos indígenas, ribeira do Parnaguá e do Gurgueia, por exemplo).
que segundo as cartas oficiais, cometiam assaltos, Este trabalho tem por objetivo apresentar a frente
mortes e outras barbaridades contra os fazendeiros de colonização pecuária apontada no Maranhão e
que se estabeleciam no sul do Maranhão (na região discorrer sobre a dinâmica das guerras justas que
dos Pastos Bons) e do Piauí (nas áreas próximas à atendiam aos anseios da Fazenda Real.

Dia 22 de agosto de 2014

Lavras sem paga: redes de contrabando e cristãos-novos nas Minas


setecentistas

Paula Túlio
paulatulio@uol.com.br

Em 1731, Manoel Albuquerque e Aguilar, Homem Aguilar era sócio de Inácio de Souza Ferreira,
de Negócio, morador de Vila Rica das Minas tanto no contrabando de diamantes como na
de Ouro Preto, foi preso em Lisboa quando Casa da Moeda clandestina, instituída no Vale
regressava da Europa, por suspeita de judaizar. do Paraopeba entre 1729 e 1732. A partir do
Com ele foram apreendidos vários papeis de seu processo Inquisitorial, pretendo abordar
diamantes. A maior fortuna encontrada, nos as potencialidades apresentadas pela fonte,
inventários mineiros. O que consta é que ele para compreender alguns dos mecanismos do
era um dos maiores traficantes de diamantes e funcionamento do mercado de diamante e ouro
ouro nas Minas, comprava, vendia e despachava com ênfase nas redes pessoais que sustentavam
para Inglaterra, Holanda e Portugal. Manoel tal comércio.

Filhos de ninguém: a prática do abandono domiciliar no mundo luso-


brasileiro em perspectiva comparada

Ana Silvia Volpi Scott


asvscott@gmail.com

Jonathan Fachini da Silva


J_fachini@hotmail.com

O caso da exposição de crianças no mundo dar uma contribuição, portanto, ao fenômeno


luso-brasileiro tem sido bastante estudado nas do abandono que ocorria fora do âmbito das
últimas décadas e os pesquisadores recorrem instituições de acolhimento, privilegiando
às fontes produzidas pelas instituições que o estudo dessa prática em áreas onde não
receberam os pequenos enjeitados para analisar haviam sido instaladas as Casas da Roda.
toda a problemática que cercava esse processo. Nessa oportunidade, abordaremos o abandono
Proporcionalmente muito menos estudos de crianças comparando-se a região noroeste
foram produzidos sobre a prática do abandono de Portugal e freguesias do sul da América
nas portas das casas. Atendendo à proposta Portuguesa, entre os finais do século XVIII e
do workshop, esta comunicação pretende início do XIX. As fontes básicas são os assentos
SOMUSER ED ONREDAC 44

de batizado. Paralelamente à análise quantitativa o resultado de contextos variados que podem


do abandono, procuraremos identificar os lares de ser resultado de momentos de crise familiar
que recebiam as crianças expostas. A questão que (gravidez indesejada) e/ou vulnerabilidade
norteia a comunicação é pensar o abandono como social.

AS MULHERES E A PRÁTICA DO DESCAMINHO (SÃO PAULO E PERNAMBUCO,


SÉCULO XVII)

Letícia dos Santos Ferreira


ferreira.leticiadossantos@gmail.com

A comunicação tem por objetivo discutir a que tiveram seus bens confiscados pela coroa
prática do descaminho atentando para o papel devido ao não pagamento do donativo em
desempenhado pelas mulheres, principalmente, questão. Entendemos que a recusa ao pagamento
no caso do pagamento do donativo do dote de contribuições devidas ao rei era uma das
e paz. Durante o desenvolvimento da tese muitas formas de descaminhos na Época
de doutoramento verificamos a presença de Moderna. Tal temática não tem sido abordada
mulheres de origens sociais diversas entre as pela historiografia e se insere em um novo projeto
listas de contribuintes, bem como, entre aqueles de pesquisa que pretendemos desenvolver.

Lucratividade e governança no comércio açucareiro em tempos de


guerra no mar

Daniel Strum
danistrum@usp.br

Este trabalho procura rever o debate sobre a bem como garantia do pagamento. Esse trabalho
lucratividade do comércio açucareiro a partir do avoca que o contraste entre as porcentagens
exame dos contratos de “dinheiro a ganho e risco”. cobradas nesses empréstimos e os prêmios de
Nesses contratos, um investidor emprestava certo seguro oferece o melhor indicativo da taxa de
valor para um agente investir durante uma viagem; lucratividade esperada desse setor. A frequência
como contrapartida, se chegasse com o resultado a do recurso a esses contratos e aos seguros, e os
salvo, o agente lhe devolveria o principal mais uma tipos de meios de pagamento para o empréstimo
taxa fixa, independentemente do lucro ou prejuízo refletem ajustes dos mecanismos de governança
da empresa. O investidor arcava com os riscos de para lidar com a assimetria da informação em
força maior, enquanto o agente hipotecava algum tempos de guerra.

Dinâmicas fiscais e a desordem na América: A prática do descaminho


nas Minas setecentistas (1710-1740).

Lincoln Marques dos Santos


lincolnmarques@globo.com

O trabalho discutirá o processo de aplicação da dos conflitos e revoltas que eclodiram nas
cobrança do quinto a partir da problematização Minas Gerais na primeira metade do século
54 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

XVIII e das respectivas estratégias de ação da em território americano. Nesse sentido, o caso
coroa para demarcar sua presença. O objetivo das Minas é singular: a partir dos eventos/
central é descortinar os aspectos da desordem acontecimentos que marcaram sua origem,
no mundo colonial, apresentando-os como levantaremos considerações que nos permitam
critérios norteadores para as ações políticas entender a construção e a institucionalização da
e administrativas que levaram à consolidação ordem metropolitana.
da presença da coroa lusa e de seus interesses
SIMPÓSIO TEMÁTICO 4
Conquistar e Defender: os militares na construção da América Portuguesa

Coordenadores: Acácio Jose Lopes Catarino (UFPB) & Paulo Cesar Possamai (UFPelotas)

Dia 19 de agosto de 2014

Mobilização de negros em serviços militares em minas colonial: notas


de pesquisa

Ana Paula Pereira Costa


anappcosta@ig.com.br

O trabalho objetiva analisar a visão que ordenanças de pé; corpos de pedestres e corpos
autoridades régias, membros da elite local de homens do mato) usadas em variados
e a população mais ampla tinham acerca da serviços de manutenção da ordem pública.
mobilização dos negros (escravos e forros) para Ressaltaremos a construção e a mudança de
atuar seja em “milícias particulares” usadas por um discurso sobre o uso dos negros em tais
homens da elite em diligências de prestação atividades, a criminalidade, o armamento, a
de serviços à coroa portuguesa, seja em tropas necessidade e os problemas advindos com esta
ligadas a estrutura militar lusitana (companhias prática durante o século XVIII na comarca de
auxiliares de infantaria; companhias de Serro Frio em Minas Gerais.

O cotidiano na frota espanhola comandada por D. Nicolás Geraldín


(1737)

Paulo César Possamai


paulocpossamai@gmail.com

Em 1737, partiu de Cádiz uma frota comandada Catarina e do motim da tripulação e dos soldados.
por D. Nicolás Gerladín. Ela destinava-se Também dos primeiros enfrentamentos com os
a auxiliar o governador de Buenos Aires a portugueses no Rio da Prata e dos problemas
conquistar a Colônia do Sacramento. Com base de relação entre o comandante da frota e o
na vasta documentação existente sobre este governador de Buenos Aires que repercutiram no
episódio, guardada no Archivo General de Indias, cotidiano da tripulação, que se viu desabastecida
de Sevilha, buscaremos fazer um estudo sobre o de lenha e alimentos durante parte de sua estadia
cotidiano da tripulação que participou dessa no Prata.
expedição. Da sua saída de Cádiz, das presas
feitas durante a viagem, da chegada à ilha de Santa
74 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

O governo joanino e a “invenção” da Polícia Militar no Brasil Colonial

Marcos Paulo Mendes Araújo


Cunhabebe@ig.com.br

A pesquisa apresenta informações sobre a gênese a célula mater das polícias militares atuais. Os
da Polícia Militar no Brasil. A instituição tem sua leitores poderão a partir deste ensaio, entender de
origem no período colonial, tendo sido criada forma pormenorizada como os primeiros policiais
em 1809, pelo então Príncipe Regente Dom João militares brasileiros se articulavam com o restante
logo após sua chegada ao Brasil. O texto procura da sociedade através da criação de regras de
abordar fatos relativos à criação da Divisão da conduta, que visavam, entre outras coisas, auxiliar
Guarda Real de Polícia da Corte, fundada na cidade na manutenção da ordem pública na capital da
do Rio de Janeiro e, que acabou representando colônia no início do século XIX.

Capitães do Sertão: interesses, conflitos e dominação

Antonio José de Oliveira


luberlarmino@ig.com.br

A presente comunicação resulta das reflexões colonização dos sertões. Na luta por terras,
que venho desenvolvendo em minha tese de poder e prestígio esses indivíduos não mediram
doutorado, buscando discutir, neste momento, o esforços para conseguirem seus intentos, mesmo
lugar social e as ações dos agentes que estiveram que para isso tivessem que subjugar a tudo e a
à frente da conquista e ocupação dos sertões das todos, gerando por sua vez intrigas entre seus
chamadas capitanias do Norte após as guerras pares. Distante do centro de poder, os povos
contra os holandeses. Encerrado esses conflitos, dos sertões ficavam a mercê das vontades desses
muitas das decisões tomadas pela Metrópole potentados, que como representante da Coroa,
delinearam os rumos da administração político- gerenciavam, controlavam e exerciam formas
econômica na Colônia e a condição dos povos de poder ao sabor de seus interesses. Em meio a
que habitavam os sertões. Com a experiência uma gama de sociedades indígenas, degredados,
de guerra, os militares se tornaram cada vez negros e mestiços, esses detentores de honras e
mais importantes nas conquistas dos espaços privilégios foram proeminentes na construção e
territoriais ainda “incultos”. Tal importância dominação de um ambiente social em formação.
torna-se mais evidente quando D. João IV Nessa dinâmica, aos poucos vai se construindo
dividiu, em 1654, a Colônia em quatro governos, uma das facetas mais degradantes da sociedade
colocando a frente de suas administrações colonial, a violência sobre os povos nativos e a
indivíduos de alta patente, dando-lhes amplos escravidão de negros da terra e da África, se
poderes. Homens como João Fernandes constituindo uma elite que entendia ter direitos
Vieira, André Vidal de Negreiros, Francisco sobre a vida e morte de seus subordinados. Em
Barreto, Costa Barros, Fernão de Sousa função desse modelo de conquista, e de poder, as
Coutinho, Jerônimo de Albuquerque, Matias de populações dos povoados e vilas, em formação,
Albuquerque, Fernão Carrilho, dentre outros, naqueles sertões sofreram fortemente a influência
que se destacaram como importantes Capitães desses capitães que se arrogavam terem sido os
nas guerras luso-holandesas e, posterior, pioneiros na “fundação” das mesmas, exercendo
responsáveis pelas frentes de conquista e sem limites seu mandonismo.
SOMUSER ED ONREDAC 84

Amazônia Portuguesa: as defesas no período pombalino

Christiane Figueiredo Pagano de Mello


christianemello@hotmail.com

No presente trabalho pretendo analisar, ainda ações da Coroa Portuguesa na Amazônia para
que de maneira introdutória, a reestruturação promover a ordenação das áreas de fronteira,
do sistema defensivo na Amazônia Colonial, considerando os discursos e práticas em torno
na segunda metade do século XVIII, momento da defesa e da militarização da região constitui a
em que ocorreram grandes mudanças no vasto nossa proposta de trabalho.
Império ultramarino português. Analisar as

A CAPITANIA DE SERGIPE DEL REI NO SÉCULO XVII E A DINASTIA DE BRAGANÇA

Luís Siqueira
lsiqueira@ig.com.br

Este artigo objetiva dialogar com a historiografia de Vereadores de São Cristóvão e a Coroa
sobre o período colonial brasileiro apresentando portuguesa no que diz respeito às questões
aspectos administrativos na capitania de Sergipe administrativas, militares e às demandas sociais.
del Rei, no período de 1651 a 1696. Tomando como A partir desse diálogo entre a periferia e o centro,
base principal a documentação proveniente do foi possível verificar a preocupação do rei de
Arquivo Histórico Ultramarino evidenciamos Portugal em estabelecer as bases da colonização
a comunicação estabelecida entre a Câmara em Sergipe após o período da Guerra Holandesa.

Dia 20 de agosto de 2014

“Qualidade acidental”: militares pardos construindo identidades em


Salvador no final do século XVIII

Celio de Souza Mota


celio.mota@bol.com.br

A organização militar na Bahia no final do possibilitava aos homens pardos livres e libertos
século XVIII era estratificada pela “cor” e pela afastar-se do estigma da escravidão. Não é de
classe. Não obstante, estivessem inseridos admirar, que os pardos estivessem dispostos
em entidades corporativas marcadas pela cor, em criar identidades sociais atravessadas por
onde as classificações independiam de sua elementos de caráter militar, de “cor” e de classe.
vontade, os homens pardos vislumbravam nos Assim, mediante o exame de cartas-patentes,
postos militares uma possibilidade de ascender requerimentos e outros documentos, se buscou
socialmente. Vivendo em uma época e lugar em analisar os Regimentos milicianos de pardos
que sua posição era ambígua, pertencer a um em Salvador para perceber como esses militares
Regimento formado por homens de mesma cor, construíam as suas identidades.
94 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

As tropas regulares da Capitania de Pernambuco na segunda metade


do século XVIII

Giovane Albino Silva


giovanealb@hotmail.com

O período pombalino, como é bem conhecido lusitano, mas principalmente as suas áreas
na historiografia, foi um momento marcado por coloniais. Este trabalho, nesse sentido, busca
modificações, sejam elas no âmbito político, entender de que maneira as tropas regulares na
econômico ou militar. Com a contratação Capitania de Pernambuco foram organizadas a
do conde de Lippe pelo governo português partir das reformas implementadas em Portugal,
envolvido na Guerra dos Sete Anos, as reformas adaptadas às realidades apresentadas no Estado
de ordem bélica propuseram instituir tropas com do Brasil. Buscaremos compreender de que
as “modernas” formas de organização e tática. maneira elas foram influenciadas pelas reformas
Contudo, tais mudanças atingiram de diferentes ocorridas no reino e em que medida estiveram de
maneiras não somente os territórios do reino acordo com as solicitações enviadas de Portugal.

Políticas de governabilidade na trajetória administrativa da


Inspetoria do Trem de Pernambuco

Acácio Jose Lopes Catarino


akalopes@gmail.com

A trajetória dos trens de guerra pode ser ao nível local, pela sua atuação na articulação
considerada como um dos casos mais dos espaços imperiais e por meio da formação
interessantes nas dinâmicas administrativas continuada de soldados e oficiais especializados.
do Antigo Regime tardio. Inseridos enquanto Ao explorar estas intercessões, evidencia-se que
hierarquias intermediárias nas redes militares e estas hierarquias não constituem simples peças
dispersos pelos nódulos estratégicos do Império, nestes fluxos administrativos, agenciando tanto
conformam um fator chave a ser avaliado na composições quanto a concorrência com elites
logística dos domínios da Coroa. A comunicação de alcance regional. Como conclusão, pretende-
pretende mapear os inspetores do Trem Real de se examinar os impactos sobre o governo da
Pernambuco como personagens privilegiados capitania após a Revolução de 1817, quando passa
de novos padrões de arregimentação política a denominar-se como arsenal.

ÍNDIOS DA ALDEIA DE IBIAPABA (CE): “O BRAÇO FORTE DA CAPITANIA” (c.1718-1721)

Lígio de Oliveira Maia


ligiomaia@yahoo.com.br

Na fronteira das Capitanias do Ceará e Piauí, a eles, em várias ocasiões ao longo dos Setecentos,
aldeia de Ibiapaba era uma aldeia cristã governada índios hostis e contrários aos interesses da coroa
pelos jesuítas (1700-1759). Para além de sua alta na região. Assim como ocorrera com outros
demografia, o valor desses índios estava no seu uso estratos sociais, a inter-relação direita entre o
enquanto uma força militar aliada combatendo “serviço das armas” e a relação assimétrica rei/
SOMUSER ED ONREDAC 05

vassalos, colocava esses índios na condição dessa condição especial, particularmente, numa
não apenas de vassalos (porque aldeados), disputa de jurisdição sobre a sua aldeia que
mas de vassalos guerreiros enquanto força envolvera diversas autoridades das capitanias do
aliada imprescindível; como se demonstrará, Ceará e Piauí e também do ultramar português,
os índios de Ibiapaba também se apropriaram em 1718-1721.

Dia 21 de agosto de 2014

As forças militares de uma capitania subalterna na América


Portuguesa: o caso da Capitania de Sergipe d’El Rei (1750-1800)

Wanderlei de Oliveira Menezes


wanderlei.sergipecolonial@gmail.com

Esta comunicação objetiva analisar as forças Procuraremos definir as dimensões das forças
militares da Capitania de Sergipe d’El Rei militares enquanto poder coercitivo e instância
durante a segunda metade do século XVIII, administrativa, pois em diversos domínios
período em que esta esteve subordinada ultramarinos normatizavam a população a fim
administrativamente à Capitania da Bahia. de enquadrá-la em uma ordem que permitisse
O estudo privilegiará o funcionamento e a o funcionamento social e, sobretudo, era o local
administração das organizações militares privilegiado de negociação entre o poder central
(regimentos, ordenanças e tropas auxiliares). e os poderes periféricos.

Reflexões sobre os impactos históricos da ocupação espanhola da


Ilha de Santa Catarina (1777-1778)

Augusto da Silva
augusto1755@gmail.com

Em princípios de 1777, o capitão general D. América Portuguesa e também em Lisboa como


Pedro de Ceballos, no comando de uma frota de uma terrível e humilhante derrota. O discurso da
aproximadamente uma centena de embarcações, a queda “vergonhosa” da ilha e da desestruturação
serviço da coroa espanhola, desembarcava na ilha total daquele estabelecimento foi reproduzido
de Santa Catarina, dando início a uma ocupação por muitos cronistas e historiadores. Nesta
que perduraria por cerca de 1ano e 4 meses. Essa comunicação pretendo fazer um confronto
ação fazia parte das pretensões da Espanha de crítico da historiografia com fontes documentais
domínio sobre os territórios ao norte do Rio da disponíveis sobre esse evento e relativizar seus
Prata. A rendição da Ilha sem que a sua guarnição desdobramentos na história econômica e social
militar oferecesse a mínima resistência soou na daquela unidade colonial.
15 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Entre arraiais e aldeamentos: os militares no Sertão de Piranhas e


Piancó da Capitania da Paraíba no início do século XVIII

Maria Simone Morais Soares


msimonems@gmail.com

O trabalho tem por objetivo discutir a participação em terços burocráticos e institucionais,


dos militares na formação dos arraiais e principalmente a partir da Capitania de
aldeamentos do Sertão de Piranhas e Piancó da Pernambuco (Olinda e Recife) e de paulistas.
Capitania da Paraíba setecentista, tendo em vista Entende-se que tal mobilização contribuiu para
a sua espacialização através de uma cartografia a formação de vias de comunicação entre os
retrospectiva do território. Essa participação diversos espaços envolvidos neste processo. E
tratou-se das expedições militares enviadas ainda que, os arraiais e aldeamentos fundados
para participação nos conflitos entre colonos e foram os primeiros pontos fixos no território
povos indígenas denominados de “Guerra dos que convergiram para a formação dos principais
Bárbaros”. Tais expedições eram organizadas núcleos urbanos no século XVIII.

O uso das cartas patentes no exercício da governança das capitanias


do Brasil: o caso de Jerônimo José de Melo e Castro, capitania da
Paraíba (1764-1797)

Bruno Cezar Santos da Silva


brunoc2s@hotmail.com

Essa comunicação tem como objetivo precípuo então, designado para o cargo de capitão-mor
analisar o processo de concessão de cartas da capitania da Paraíba, em 1764. Vale pontuar
patentes, para postos do oficialato militar, que o mesmo chegava para comandar uma
como instrumento de negociação envolvendo, capitania que, à época, estava subordinada à
em intricados jogos político-sociais, agentes da vizinha Pernambuco e, em função disso, viu sua
Coroa - nomeadamente, capitães-governadores capacidade de jurisdição, frente às tropas locais,
- e integrantes das ditas nobrezas da terra. Para demasiadamente limitada, pois, encontrava-se
tanto, entendendo a sociedade colonial como impedido de exercer uma autoridade autônoma
um organismo imerso numa cultura política bem como de costurar redes de poder que, por
típica do antigo regime ibérico, perscrutaremos seu turno, lhe assegurassem condições de bem
o caso do reinol Jerônimo José de Melo e Castro, governar.

FORTIFICAÇÕES DO PERÍODO COLONIAL BRASILEIRO SOB DOMÍNIO HOLANDÊS

Elaine Cristina Vieira da Silva


elaine.c.v@hotmail.com

Este artigo instiga a investigação das organização de defesas portuguesas nas lutas
fortificações da Capitania de Pernambuco sob travadas contra os holandeses, no intuito
domínio holandês (1630 a 1654), bem como, a de compreender o posicionamento do Forte
SOMUSER ED ONREDAC 25

Orange e do Forte Maurício e suas estratégias correspondentes às fortalezas e fortificações de


para proteção da Capitania de Pernambuco. Pernambuco e demais Capitanias do Norte, assim
Nosso objetivo perpassa pela análise das como, através de representações imagéticas
bases estruturais dos fortes de acordo com as das fortificações coloniais. A importância deste
posições estratégicas, nas quais, os fortes se estudo consiste em conhecermos as estratégias
localizavam. A metodologia consiste em utilizar militares utilizadas para proteção do Brasil
as fontes documentais através de manuscritos, colonial durante a ocupação de parte de suas
cujas datações correspondem ao século XVII, terras por holandeses.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 5
Cultura e Educação na América Portuguesa

Coordenadores: Thais Nívia de Lima e Fonseca (UFMG) &  Antonio Cesar de Almeida Santos (UFPR)

Dia 19 de agosto de 2014

LIVROS PRAGMÁTICOS DO ARCO DO CEGO NA CAPITANIA DE MINAS GERAIS

Márcio Mota Pereira


drmmota@yahoo.com.br

Este artigo tem por objetivo abordar os usos principalmente, reanimar a economia colonial no
na Capitania de Minas Gerais dos livros que toca à agricultura e suas indústrias. Apesar
pragmáticos publicados pela Casa Tipográfica das diversas remessas, os resultados não foram
do Arco do Cego, sendo nosso recorte temporal os esperados e a tipografia fechou suas portas
o fim do século Setecentista e início do posterior. pouco mais de dois anos após sua inauguração.
Entre 1799 e 1801, a tipografia lisboeta publicou Suas obras, no entanto, foram utilizadas por
mais de 80 títulos, os quais deveriam ser vários letrados coloniais, os quais colocaram em
responsáveis por inserir as Luzes no além-mar e, prática diversos ensinamentos.

Reformas educacionais e as Luzes em Portugal

Antonio Cesar de Almeida Santos


acasantos1954@gmail.com

Pretende-se discutir a importância das reformas diversa daquela proporcionada até então. A
educacionais portuguesas para a identificação discussão a ser apresentada está apoiada em
da presença das Luzes naquele reino europeu, documentação oficial, na qual eram expostas as
considerando suas repercussões para os territórios concepções e as expectativas dos propositores
ultramarinos, em especial para a América. daquelas reformas. Não obstante as limitações
Considera-se que tais reformas estiveram desse tipo de documentação, entende-se que elas
orientadas pelo desejo de desenvolvimento de permitem perceber os nexos entre as novas ideias
uma mentalidade conjugada aos ‘novos tempos’, que permeavam o ambiente intelectual europeu e
que exigiam profissionais com uma formação a formação esperada para os jovens portugueses.

Prelados teólogos e juristas. Percursos acadêmicos e formação


intelectual dos antístites da América portuguesa

Ediana Ferreira Mendes


edianamendes@yahoo.com.br e edianamendes@gmail.com

A formação universitária, preferencialmente requisitos essenciais para escolha e nomeação


em Direito Canônico e Teologia, era um dos de um indivíduo para ocupar uma mitra ao
SOMUSER ED ONREDAC 45

longo dos séculos XVII e XVIII. Nesse sentido, dioceses da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco,
a Universidade de Coimbra tornou-se, pelo entre 1676 e meados do século XVIII, apenas
menos desde o governo de D. Sebastião, espaço comprova esta assertiva. Dos 20 indivíduos
privilegiado para a formação acadêmica e analisados, 15 passaram pela Universidade
recrutamento destes prelados. De origens sociais de Coimbra. Esta comunicação pretende-se,
distintas, alguns destes indivíduos procuravam assim, analisar os percursos acadêmicos destes
na universidade a qualificação necessária eclesiásticos, focando na análise do cotidiano
para a ascensão social/eclesiástica, visando, universitário e nos conteúdos pedagógicos
possivelmente, ocupar o topo de uma diocese. O apreendidos na instituição coimbrã.
perfil dos bispos que ocuparam as prelaturas nas

Sem escolas para a elite: um governador do século XVII e suas


demandas administrativas

Júlia Constança Pereira Camêlo


jpconstanca@yahoo.com.br

A documentação do Arquivo Histórico Esta comunicação pretende apresentar um


Ultramarino nos informa que no século XVII, estudo inicial sobre o governador do Maranhão
em São Luís havia pelo menos três escolas régias. Fernando Antônio Soares de Noronha, (1792-
Jovens da elite foram enviados para estudar na 1798), seu investimento em educação e a visão
metrópole, beneficiados pelo imposto cobrado da historiografia do século XIX, que percebeu a
sobre o algodão que, no período, aumentava elite, deste período, como culta e educada.
a produção e era exportado para a Europa.

A Capitania do Maranhão e Piauí na política ilustrada de D. Rodrigo de


Sousa Coutinho (1798-1801)

Flávio Pereira Costa Júnior


flaviopoeta@hotmail.com

A governança de D. Diogo de Sousa (1798-1804) as potencialidades econômicas das diversas


na província do Maranhão e Piauí estava em regiões ultramarinas e da própria metrópole
consonância com a do Ministro da Marinha a partir do uso racional da natureza e da
e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho agricultura. Para tanto foi implementado uma
(1795-1801). O iluminismo lusitano tinha como política de se conhecer o próprio território com
características a difusão de conhecimento por fomento a pesquisa e a educação. Neste último
meio de impressos voltados para o utilitarismo- caso com concessão de bolsas para se estudar
naturalista. Ou seja, o conhecimento que a coroa em Portugal e a instituição da cátedra História
desejava que fosse perpetuado pelo Império Natural e Química. Estas características estavam
Lusitano era o que pudesse divulgar e conhecer presentes na Capitania do Maranhão e Piauí.
55 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Dia 20 de agosto de 2014

A Organização Militar: Instituição educativa e cultural na capitania


de Mato Grosso (1748-1822)

Nileide Souza Dourado


nileide@terra.com.br

A Organização Militar é mais uma instituição século XVIII e início do XIX. Pretende-se com
compreendida enquanto instituição educativa a presente comunicação apresentar como a
por exercer, nas espacialidades e temporalidades instituição educativa, composta de oficiais do
mato-grossenses, papéis significativos, pois, corpo militar da Coroa com os de baixa patente,
além de cumprir a sua função específica, se integrada por homens livres, pobres e escravos
incumbiu de gerir outras funções, especialmente, relacionava-se culturalmente no ato de instituir
enquanto mediadora das práticas educativas sistemas mais regulares de defesa e controle
culturais e escolarização junto à sociedade mato- das fronteiras, que compreendiam a edificação
grossense, principalmente ao longo da extensa de fortes, fortalezas, presídios e quartéis;
fronteira oestina, que abrangia desde o Guaporé ensinamento dos ofícios domésticos, das artes,
até o Baixo Paraguai, na segunda metade do das guerras e o povoamento da região.

Mestres de ensinar moços: práticas de educação leiga na América


Portuguesa durante a segunda metade do século XVI

Juarlyson Jhones S. de Souza


juarlyson_historia@hotmail.com

Durante a primeira visita inquisitorial à América nos documentos inquisitoriais. Buscaremos,


Portuguesa na década de 1590 foi produzido um portanto, esboçar aspectos sobre as trajetórias
significativo corpus documental que permitiu tecidas por sujeitos que exerceram práticas
à historiografia abordar práticas religiosas e de educação leigas alternativas à educação
comportamentos sexuais considerados heréticos. jesuítica na segunda metade do século XVI. Da
As fontes que permitiram estes estudos, longe alfabetização ao ensino leigo do latim, estes
de se esgotarem em suas possibilidades de mestres aparecem nos registros da Inquisição
abordagem, têm despertado novos olhares que envolvidos com práticas heterodoxas nos
fazem emergir realidades outras para além das permitindo investigar as relações entre este
informações que aparecem em primeiro plano ensino leigo e a cultura religiosa do período.

AS MULHERES E O EXERCÍCIO DA TUTORIA: POSSIBILIDADES E PRÁTICAS


PRESCRITAS PELA LEI E O COSTUME - COMARCA DE VILA RICA, 1770-1830

Kelly Lislie Julio


kelly_lislie@yahoo.com.br

Esta comunicação parte de uma pesquisa algumas mulheres que viveram na Comarca de
de doutoramento, baseia-se no cotidiano de Vila Rica, Capitania de Minas Gerais, entre 1770
SOMUSER ED ONREDAC 65

e 1830. A intenção é primeiramente evidenciar Justiça pelas mulheres solicitando tal encargo e,
e analisar alguns elementos que determinavam também, as contas de tutela. Entende-se que a
a possibilidade das mulheres serem tutoras tutoria possibilitava maior influência na formação
de seus filhos e, além disso, examinar alguns dos órfãos e na administração de seus bens.
casos de tutorias exercidos por mães. Para isso, Desse modo, ao serem nomeadas ou alcançando a
serão privilegiados os testamentos dos maridos tutoria solicitada junto aos órgãos normativos, as
que nomeavam suas esposas como tutoras, os mulheres participavam de modo determinante do
requerimentos e as justificativas enviados à processo educativo de seus filhos.

VALE DE LÁGRIMAS: MULHERES RECOLHIDAS NO SERTÃO DE MINAS GERAIS


(c.1750-c. 1716)

Ana Cristina Pereira Lage


ana.lage@ufvjm.edu.br

Pretende-se discutir os indícios educativos em de Sant’Anna da Chapada (c.1780), surgiu


uma instituição feminina na segunda metade próximo à Vila de Minas Novas, na região norte
dos setecentos, momento em que havia poucos da capitania de Minas Gerais. Os recolhimentos
espaços educacionais femininos na América eram espaços educativos devocionais, que
Portuguesa. Conhecida inicialmente como propunham aprendizados de leitura ou escrita
Casa de Oração do Vale de Lágrimas (c.1750), para a formação de um letramento religioso
posteriormente como Recolhimento de São das mulheres recolhidas nas especificidades do
João da Chapada ou ainda como Recolhimento sertão norte mineiro.

Como bem criar meninos e meninas? Padre Alexandre de Gusmão e


alguns preceitos para a boa educação no mundo luso-brasileiro
(séculos XVII e XVIII)

Lais Viena de Souza


laisvsouza@yahoo.com.br/ laisviena@ifba.edu.br

No ano de 1685 foi publicada a obra intitulada guarda e conservação da honra. Esses conselhos
“Arte de crear bem os filhos na idade da Puericia”, foram permeados de exemplos edificantes, e a
de autoria do padre Alexandre de Gusmão S.J. matéria da educação foi retratada como questão
(1629-1714). Como em um manual de conselhos, o de salvação e danação para pais e filhos. Nesta
jesuíta redarguiu sobre a importância e utilidade comunicação iremos apresentar e discutir esta
de bem educar, aconselhou aos pais em como obra, analisando elementos da ideia de educação
fazê-lo de forma cristã, e descreveu os cuidados e cuidados sobre a infância, permeada pela
necessários para cada uma das fases da vida. Além religiosidade e moralidade do mundo luso-
disto, dedicou um capítulo a tratar da educação de brasileiro entre os séculos XVII e XVIII.
meninas, com severas recomendações sobre a sua
75 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

AFRICANOS ESCRAVIZADOS E SEUS OFÍCIOS NOS INVENTÁRIOS POST MORTEN


(1767-1825)

Nádia Maria Santos Ribeiro


nadiaspilberg@hotmail.com

O trabalho tem como objetivo fazer uma análise documentos eram as cartas de exame, no qual os
dos ofícios dos escravos de origem africana na escravos eram submetidos para poderem exercer
capitania do Maranhão, na cidade de São Luís, a função para a qual estavam se especializando,
nas vilas e fazendas. A análise consistirá nas por exemplo: sapateiros, ferreiros, pedreiros, etc.
observações feitas em inventários Post Mortem Ressaltando também a questão da valorização
do período compreendido de 1767 a 1825, no que davam aos escravos com um determinado
qual foram analisados sessenta e cinco destes ofício, pois, por mais que esse fosse velho, isso
documentos cruzando com informações dos não impediria que o mesmo tivesse maior valor
registros da Câmara de São Luís, no caso esses agregado.

Dia 21 de agosto de 2014

O anotador de livros e a biblioteca apreendida:


os livros do Conde da Ega em 1813

Cláudio DeNipoti
cnipoti@uepg.br

Em 1813, a redação manuscrita do “Catalogo dos Latim, Espanhol e Português, publicadas


livros que foram do Ex Conde da Ega, os quaes majoritariamente no século XVI e XVIII. Uma
por ordem do Illmo e Exmo Snr, Marquez de análise tipológica pode permitir visualizar a
Borba, etc...”, feito no âmbito da Intendência de transição entre o conhecimento clássico, baseado
Obras Públicas de Lisboa, pelo escrivão Thomaz em argumentos de autoridade, para o tipo de
de Aquino Leal, oferece-nos três personagens conhecimento favorecido pelo Iluminismo.
que podem permitir uma análise sobre o Uma análise discursiva do texto e entrelinhas
universo dos livros em Portugal entre os séculos do próprio catálogo, por fim, permitirá uma
XVI e XIX. Uma análise estatística permite ver percepção das clivagens sócio-políticas em
uma biblioteca composta fundamentalmente cena no contexto das guerras napoleônicas em
por obras filosófico-religiosas, impressas em Portugal.

Os livros de Manuel do Cenáculo na Real Biblioteca Pública da Corte

Jamaira Jurich Pillati


jamairajurichp@gmail.com

Em 1808, quando a família real parte de Portugal Real. O presente artigo tem como objetivo trazer
para o Brasil, um dos grandes tesouros da corte apontamentos a respeito de uma doação feita em
segue viagem à colônia também, a Biblioteca 1797 a então Real Biblioteca Pública da Corte,
SOMUSER ED ONREDAC 85

que estava aos cuidados de Antonio Ribeiro dos busca-se trazer aspectos dos livros colocadas
Santos. A doação feita pelo conhecido bibliófilo nas instituições portuguesas no século das luzes
português, Manuel do Cenáculo está registrada e os aspectos relacionados às reformas iniciadas
em um códice de três tomos que trazem os ainda a Época Pombalina.
títulos doados. Através da análise desse rol

Os indígenas e a Literatura: imagens e discursos de viajantes e


cronistas em Alagoas (séculos XVI-XIX)

Gilberto Geraldo Ferreira


gilbertogeraldo2@gmail.com

Os cronistas e viajantes descrevem o espaço em duas dimensões da beleza, a estética, a arte,


alagoano a partir do olhar ocidental e cristão, o lazer, o prazer, a dor, as projeções e ao existir
como referência de um estágio civilizacional enquanto povos diferentes. Este estudo propõe
evidenciando preconceitos e minimização das algumas reflexões sobre as obras de cronistas e
experiências locais vividas, que não podiam viajantes entre os séculos XVI e XIX que fazem
ser medidas pelo tempo cronológico europeu e referência a Alagoas, buscando suprir lacunas
na maioria das vezes em um período tão curto históricas e historiográficas, o que implica em
de observações. As visões sobre os indígenas explicitar questões do presente que necessitam
são reduzidas a caça e pesca, sem articular ao de novas abordagens sobre a História e os povos
universo do sagrado, as expressões socioculturais indígenas em Alagoas.

A biblioteca real como locus de cultura e educação do súdito


ilustrado no governo joanino (1808-1821)

Juliana Gesuelli Meirelles


jugmeirelles@gmail.com

A vinda da família real para o Brasil trouxe discutirá a importância simbólica da biblioteca
grandes mudanças no âmbito da cultura letrada real na nova capital do Império Português tendo
no Rio de Janeiro. Em 1814 era aberta ao público em vista três vieses centrais: 1. A transladação do
a Real Biblioteca Pública do Rio de Janeiro. acervo real como política de Estado da monarquia
Inspirada em sua congênere lisboeta (com data portuguesa; 2. A política do livro da no universo
de fundação em 1796), o novo locus de cultura luso-brasileiro (acesso aos livros e a organização
não só institucionalizava o acesso à leitura a interna do espaço) e 3. A atividade cotidiana do
sociedade joanina como também trazia consigo bibliotecário régio como súdito ilustrado voltado
novas práticas e hábitos culturais já vigentes no de suma importância no processo de educação
Velho Mundo. Neste sentido, a comunicação letrada na corte joanina.
95 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

ATIVIDADES CIENTÍFICAS NA CAPITANIA DE SÃO PAULO (1796-1823)

Alex Gonçalves Varela


alexvarelaj@terra.com.br

A Capitania de São Paulo foi um espaço de As memórias científicas e os relatos de viagem


produção de conhecimento científico no Império elaborados por estes estudiosos constituem-se
Português no período compreendido entre o final como os melhores exemplos de comprovação
do século XVIII e o início do XIX. As “produções de que muito temos para falar da ciência ou da
naturais” da região foram objeto de estudo de técnica na cidade paulistana daquele tempo.
naturalistas contratados pela Coroa, como João Inseridos na atmosfera da Ilustração, os referidos
Manso Pereira, José Bonifácio de Andrada e naturalistas buscaram difundir as “luzes” da
Silva, e Martim Francisco Ribeiro de Andrade. ciência por esta região colonial.

Dia 22 de agosto de 2014

A formação dos secretários na arte de escrever cartas: um manual


português no século XVIII

Adriana Angelita da Conceição


adrianaangelitac@yahoo.com.br

O uso da escrita foi decisivo na expansão melhores maneiras para se manter uma conversação
ultramarina e na manutenção dos governos a entre ausentes – voltados, em especial, aos que
distância, principalmente, a prática epistolar. mais escreviam cartas, os secretários. Assim, o
A carta é considerada uma das modalidades da objetivo deste texto será discutir a publicação
escrita que mais recebeu normas e regras ao da obra O Secretário Portuguez Compendiosamente
longo da história da cultura escrita. Com isso, Instruído no modo de Escrever Cartas, escrita por
junto do crescimento da circulação de manuais Francisco José Freire (Candido Lusitano), em
de civilidade, sobretudo, a partir do século XVI, 1745, considerando, com destaque, as investidas
a prática de escrita de cartas foi alvo da produção na formação dos secretários e suas funções nas
de diversos manuais que buscaram indicar as estruturas do império português.

História e historiografia da educação na América Portuguesa

Thais Nívia de Lima e Fonseca


thaisnlfonseca@gmail.com

Nesta comunicação pretendo analisar a trajetória se destacando na área, e demonstrando sólidos


e características da historiografia da educação vínculos com a historiografia colonial de uma
na América portuguesa decorrente de pesquisas maneira geral. A realização de levantamentos
realizadas no Brasil nos últimos dez anos. Ainda e balanços sobre essa produção, a análise de
reduzida face às pesquisas sobre a educação seus pressupostos teórico-metodológicos, e a
no Império e na República, a produção sobre a discussão da natureza das fontes que vem sendo
educação no período colonial vem avançando e acessadas nas pesquisas, mostra-se um trabalho
SOMUSER ED ONREDAC 06

de relevância para o conhecimento da área, e para pouco exploradas no campo.


o estímulo ao investimento em temáticas ainda

FORMAÇÃO, ATUAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS PROFESSORES


RÉGIOS EM PERNAMBUCO ENTRE 1759-1825

Elaine Cristina Gomes da Cunha


angelusnovus888@gmail.com

A presente comunicação tem por principal século XX, mas de identificar os docentes, perceber
objetivo apontar os primeiros esboços de nosso quantos foram e para quais lugares da referida
doutoramento no qual pretendemos analisar capitania foram enviados, trazer à tona seus
a seleção, nomeação e atuação dos Professores cotidianos através da análise e divulgação de seus
Régios encaminhados à Capitania de Pernambuco escritos encontrados em diversos acervos, revelar
entre 1759 e 1825. Ressaltamos que nosso trabalho – através de uma construção entrelaçada entre o
não visa se ocupar especificamente das alterações contexto histórico e as questões pertinentes aos
do ensino, pois tal problemática vem sendo debates pedagógicos – a identidade incipiente de
discutida desde o final da segunda metade do ser docente no período colonial brasileiro.

A Casa Real Portuguesa nos trópicos: o estudo da domesticidade régia


através das edições do Almanach do Rio de Janeiro para os anos de 1811, 1816
e 1817

Giovanna Milanez de Castro


giovannamcastro@gmail.com

A Casa Real Portuguesa teve sua história ligada à de importantes ofícios, muitos deles ocupados
da própria monarquia e suas práticas, possuindo- pela nobreza. Esta apresentação deseja abordar
se notícias de sua existência desde o período quais setores e cargos da Casa Real atuaram junto
medieval-tardio português. Tal ligação se à realeza lusitana instalada no Rio de Janeiro no
explicava pela principal função dessa instituição: início do século XIX. Para tanto, irá utilizar as
cuidar e gerenciar o âmbito doméstico régio nos edições do Almanach do Rio de Janeiro para os anos
mais variados aspectos - na intimidade da câmara, de 1811, 1816 e 1817: fontes singulares, pois tais
na alimentação e comensalidade, nas questões publicações régias indicavam aos leitores quais
religiosas, na prática da caça, na guarda e nas eram os ofícios a serviço de D. João VI e quem os
cavalariças – contando para isso com um quadro ocupava.

Origens da Educação Escolar na América Portuguesa

Maria aparecida de Araújo Barreto Ribas


mabribas@gmail.com

Discutir ou pensar a História da Educação na da História da Educação. O projeto: Origens


América Portuguesa é tema sobre o qual ainda da educação no Brasil: séculos XVI e XVII, no
há muito que fazer. O período colonial ainda é qual venho trabalhando desde 2010, tem como
relativamente pouco estudado do ponto de vista objetivo central analisar a relação entre catequese
16 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

e educação nos documentos produzidos nos Dados com documentação referente ao período
séculos XVI e XVII e disponibilizar fontes – séculos XVI e XVII – e ao tema. Este trabalho
documentais para futuras pesquisas na área propõe a apresentação da constituição desse
da história da educação. Para tanto, para além Banco de Dados, sua disponibilização para a
de outros objetivos, este projeto contempla a pesquisa bem como seu manuseio.
organização e disponibilização de um Banco de

PODER, AMOR E ESCRAVIDÃO: A ESCRITA DAS RELAÇÕES SOCIAIS NA AMÉRICA


COLONIAL

Sílvia Rachi
silrach@hotmail.com

Este texto busca discutir aspectos da vivência fenômenos relacionados à cultura escrita numa
familiar e escravista na sociedade mineira colonial perspectiva histórica e de autores referenciais no
por meio dos usos da escrita feitos por mulheres. estudo da sociedade do nosso período colonial.
A investigação cobre o período compreendido Embasados na literatura voltada a destacar
entre 1780 e 1822. O corpus documental selecionado o papel da oralidade na autoria dos textos,
apresenta como fontes os testamentos post tornou-se possível perceber como diferentes
mortem. Os conteúdos testamentais permitiram- mulheres, inclusivamente as não alfabetizadas,
nos vislumbrar aspectos da configuração foram capazes de elaborar e redigir textos, ainda
familiar e das relações entre senhores e escravos que por mãos alheias, e revelarem, desse modo,
e senhores e ex-escravos no contexto em causa. características do espaço privado e das relações
Para nortear-nos na análise das fontes, pautamo- nele engendradas.
nos nos autores dedicados à compreensão dos
SIMPÓSIO TEMÁTICO 6
Cultura Política e Hierarquias Sociais no Antigo Regime Português

Coordenadores: Antonio Carlos Jucá de Sampaio (UFRJ) & Roberto Guedes Ferreira (UFRRJ) 

Dia 19 de agosto de 2014

Metodologia de Pesquisa e Arquivos Paroquiais da América lusa –


século XVII e XVIII

João Fragoso

Esta comunicação apresenta uma metodologia primária ainda existente para as diversas
de pesquisa em História Social que contribua paróquias dos antigos Estados do Grão-Pará e
para o estudo mais rigoroso da História Social Maranhão e do Brasil. Um dos objetivos desta
da América lusa entre os séculos XVI e XVIII. metodologia é permitir um estudo cuidadoso das
Trata-se de um método de investigação que sociedades coloniais da América lusa de temas
incorpora técnicas seriais e da microhistória como hierarquia social, padrões demográficos,
italiana, aplicado à documentação eclesiástica, formas de acesso à terra, sistemas de transmissão
em especial, aos registros de batismo, casamento de patrimônio, de casamento, concepções de
e óbito/testamento. Único tipo de documentação mundo, fortunas e qualidade de vida.

Reflexões sobre o crédito e os direitos de propriedade no mundo luso

Teresa Cristina de Novaes Marques


tcnovaes610@gmail.com

A chave de compreensão para as diversas relações nasce da própria coisa. Trazendo a reflexão de
dos homens com os bens no Antigo Regime é a Grossi para o problema examinado neste ensaio,
ideia de haverem várias formas proprietárias nas engenhos de açúcar são propriedades dotadas de
sociedades ao longo do tempo, conforme expressão qualidades próprias, ocupam um lugar simbólico e
cunhada pelo historiador do direito, Paolo Grossi. político no projeto colonial e, portanto, requerem
Este autor sugere haver no mundo medieval gestores com aptidões especiais. Apenas os
formas proprietárias plurais, contrariamente senhores dispõem dos requisitos necessários,
ao individualismo possessivo desenvolvido tanto em termos de conhecimento da atividade,
no período moderno. No pensamento jurídico como em termos de legitimidade social, para
medieval, aquele que possui um bem se torna estarem à frente dessas propriedades. Como,
soberano sobre ele. Entretanto, as coisas têm suas então, o Desembargador J. Rodrigues de Brito,
próprias utilidades, ou usos peculiares, e o titular formula, em 1807, um juízo extremamente crítico
do bem os deve respeitar. Nas palavras de Grossi, dos produtores de açúcar da Bahia? Para Brito, além
o domínio sobre um bem, no período medieval, de serem caloteiros incorrigíveis, as execuções
não deriva do sujeito possuidor sobre a coisa, mas dos bens dos senhores de engenho deveriam
36 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

promover a transferência das propriedades para correspondia à ideia de justiça partilhada pela
outros produtores mais eficientes. Rompia, então, maioria. Por isso mesmo, tamanha familiaridade
com o costume de amparar o proprietário, mesmo com nossa forma presente de pensar a propriedade
endividado, deveria ser mantido à frente das terras. conduz a equívocos sérios de interpretação
Uma peculiar persistência do pensamento jurídico e obscurece a compreensão sobre a ruptura
medieval também nos domínios ultramarinos. ideológica que o enunciado de Brito representa
Mais próximo do nosso atual entendimento sobre com respeito às formas proprietárias do Antigo
direitos de propriedade, em que os credores são Regime. É bom ressaltar que, cerca de noventa anos
amparados pela lei e pelos costumes para tomar antes, o padre Antonil recomendava aos senhores
os bens dos devedores em caso de inadimplência, terem cuidado com as suas contas e procurarem
o pensamento de Brito causa inquietação e mal pagar pontualmente os seus credores. Porém, em
entendidos. Muitos historiadores o tomam contraste com Brito, Antonil não cogita que os
como um indício da resistência cultural atávica credores assumam as propriedades dos devedores,
à reforma dos direitos de propriedade, na direção mesmo se estes não cumprissem com a sua parte
da proteção aos credores e a ampliação das no trato. Tampouco o comerciante e letrado Luís
garantias institucionais do crédito. Em outros Oliveira Mendes, que escreve sobre a Bahia nos
termos, tendem a projetar em Brito a visão que anos 1790, advoga romper com a prerrogativa
compartilham, hoje, sobre as prerrogativas dos dos senhores de não terem suas propriedades
credores, mas não consideram que essa visão não arrematadas por dívidas.

Vocabulário de cor e mobilidade social na freguesia de São Gonçalo


do Amarante, RJ, século XVIII

Júlia Ribeiro Aguiar


juliaribeiroaguiar@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo precípuo analisar por sua vez se conformava como um mecanismo
a formação das categorias lexicais de cor através classificatório na tentativa de manter e reafirmar
de fontes paroquiais, em especial registros de uma hierarquização social da população de cor
batismo de escravos, na freguesia de São Gonçalo que, agregando escravos e forros, chegou a superar
do Amarante, Rio de Janeiro, no século XVIII. a população “branca” em fins dos setecentos.
Pretende-se demonstrar como este vocabulário Neste processo, resta investigar em que medida
social de cor estava intrinsecamente vinculado este esforço de categorização logrou sucesso,
à ascendência e status do indivíduo, tendo sido tendo em vista que este mesmo vocabulário de
a todo tempo redefinido e ressignificado pelos cor, mutável e dinâmico, foi estrategicamente
próprios agentes históricos, em um processo de utilizado por homens de cor para mover-se por
identificação do outro e de si mesmo. Este léxico entre as frestas das hierarquias estamentais.

Dinâmicas coloniais através dos registros paroquiais: “nascimento”,


“matrimônio” e “morte” no Rio de Janeiro do século XVIII.

Ana Paula Cabral Tostes


anapctostes@gmail.com

Explorar as dinâmicas sociais que se produziram historiador social, debruçar-se sobre um múltiplo
na América portuguesa tem significado, ao e diverso corpo documental. Um dos principais
SOMUSER ED ONREDAC 46

caminhos para acessar esse conjunto dinâmico experiências e fazem surgir verdadeiras redes de
de relações tem sido os registros paroquiais. Em relações que aproximam o historiador daqueles
se tratando de cenários em que a Igreja Católica cenários. Essa pesquisa tem por objetivo
e suas prescrições jurídicas e morais orientam apresentar alguns caminhos para tal exercício
o funcionamento da sociedade, esse corpo a partir do cruzamento de assentos de batismo,
documental parece ser um espaço privilegiado habilitações matrimoniais e testamentos
de registro da existência e condição de sujeitos referentes à Freguesia da Sé da Cidade do Rio de
de toda qualidade. Essas fontes ganham ainda Janeiro, durante o século XVIII.
mais importância quando permitem cruzar

Entre Nomes e Números: hierarquias sócio-econômicas na população


livre de Jacarepaguá e Campo Grande. 1790 – 1800

Victor Luiz Alvares Oliveira


victor.alvares@outlook.com

A apresentação tem como objetivo analisar as jurídica, ou seja, eram homens e mulheres livres
hierarquias sociais e econômicas entre a população ou libertos na maioria das vezes. Cruzando as
livre de duas freguesias rurais do Rio de Janeiro relações de compadrio dos registros batismais
colonial: a freguesia de Jacarepaguá e a freguesia com as informações econômicas e de riqueza
de Campo Grande. A relação de compadrio material apresentadas no Mapa do Distrito
expressa pelos batismos nem sempre deixa claro de Guaratiba de 1797 é possível tornar mais
as relações hierárquicas que aconteciam neste complexo as hierarquias econômicas envolvidas
processo, especialmente quando dos batismos no compadrio de homens livres, demonstrando
de crianças livres onde geralmente todos os algumas características das relações de clientela
envolvidos se encontravam na mesma condição nas paróquias rurais cariocas.

Poder e transgressão: a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba sob


a luz dos registros Contábeis

Virgínia Maria Almôedo de Assis


virginiaalmoedo@gmail.com

O estudo objeto desta comunicação montou-se balanços, mapas fiscais, etc. A análise dos balanços
em uma base teórico metodológica sobre a qual elaborados pelos “guarda-livros” da Companhia
dialogam a História e a Contabilidade. Para estudar favorece a nosso ver novas interpretações acerca do
a conhecida Companhia Geral de Pernambuco e seu funcionamento, assim como para a historiografia
Paraíba criada sob a égide do marquês de Pombal, de Pernambuco, vincadas pela noção de prejuízo
em 1759, e liquidada apenas no governo de D. Maria dos seus moradores quando da instalação da
I em 1780, vinculamos registros da administração Companhia e ainda por um predomínio ‘reinol’
política da capitania e dos denominados tribunais na sua administração o que efetivamente não se
da Corte àqueles próprios da contabilidade, verificou.
56 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

AS REDES DE FIANÇAS NOS TRÓPICOS: garantia, crédito e monopólio nas


arrematações das rendas da câmara de Mariana (1722-1800)

Fabiano Gomes da Silva


fabiano.silva@ifmg.edu.br

A compreensão do papel dos grandes negociantes de pesos e medidas, cadeia/carceragem e meias


nas arrematações dos tributos e direitos régios patacas de gado da câmara de Mariana (1722-
tem avançado nos estudos sobre o império 1800). Uma atenção particular foi dispensada
português da época moderna. Falta, entretanto, ao tratamento das fianças desses contratos para
alargar a temática para os leilões das rendas das identificar grupos e subgrupos centrais na oferta
câmaras municipais que impactavam a dinâmica de garantias e crédito para os arrematantes. Isso
dos mercados e a atuação dos negociantes e acabou revelando uma persistente concentração
trabalhadores manuais das vilas e cidades coloniais. das arrematações nas mãos de poucos agentes
Por isso, propõe-se analisar as arrematações e locais que eram associados e protegidos por
as redes de fiadores das rendas do ver, aferições fiadores especializados.

Poder e negócios: inserção política e projeção social dos


comerciantes de Ouro Preto, nas primeiras décadas do século XIX

Leandro Braga de Andrade


leandrohist.andrade@hotmail.com

A pesquisa sobre o comércio na capital da “fazer-se elite” na nova dinâmica institucional e


província de Minas Gerais revelou que, a partir política do Império do Brasil. A análise de uma
do domínio econômico local e de suas redes variado conjunto documental permitiu rastrear a
familiares, os negociantes se estabeleceram atuação dos comerciantes em instituições como
como principal grupo ocupacional nas posições a Cavalaria de Milícias, Ordenanças, Câmara
de destaque na cidade. Postos militares, cargos e Guarda Nacional, assim como relacionar
eletivos, títulos honoríficos e redes de parentesco tal atuação com suas atividades mercantis. O
formavam a base de uma projeção social, objetivo é abordar temais como o das hierarquias
inspirada pelos ideais nobiliárquicos do Antigo sociais e elites dentro do escopo de variação de
Regime português, mas também conectada a um escala, que valorize aspectos locais e gerais.

Administrar Cayena: articulações para a construção governativa


conforme as primeiras ordenanças

Ivete Machado de Miranda Pereira


machadoivete@hotmail.com.br

A colônia francesa da América Meridional, portugueses. A administração desse território


Guiana Francesa, foi invadida em janeiro 1809 ficou sob a dependência do Grão-Pará mantendo-
por tropas portuguesas, com ajuda naval inglesa, se o modelo francês de separação do governo
sendo administrada até novembro de 1817 pelos militar da Intendência. O chefe da expedição
SOMUSER ED ONREDAC 66

de conquista e signatário de uma controvertida por meio das seis primeiras ordenanças do
capitulação, o português Manoel Marques, ficou governador português consultadas nos Archives
responsável pelo governo militar. O objetivo Nationales de Paris e de documentos pertencentes
deste trabalho é acompanhar o início dessa ao Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
administração, conflituosa devido à capitulação,

O PAPEL DA COROA PORTUGUESA NAS INCONFIDÊNCIAS MINEIRAS

Cleidimar Rodrigues de Sousa Lima


cleidimary@hotmail.com

Nosso estudo discute as Inconfidências armas para defender seus interesses políticos,
Mineiras que ocorreram entre 1760 e 1776, mas a busca por outro tipo de reconhecimento
na Capitania das Minas Gerais, mais local e junto à Coroa. O papel das oralidades
precisamente nas cidades de Curvelo (duas das ideias libertárias, das leis e das Teorias
foram registradas), Mariana e Sabará, durante o Corporativas foi analisado como elemento de
período de Reformas Pombalinas, que levaram conexão dos fatos históricos. Em Minas Gerais
pessoas e instituições coloniais aos processos a Coroa Portuguesa foi posta à prova durante
de questionamentos e punições pela Coroa tais Inconfidências e o seu poder foi visto como
Portuguesa. Percebemos que uma característica um espaço conflituoso de disputas entre grupos
comum nessas Inconfidências foi à ausência religiosos e laicos.
da população local em se levantar ou pegar em

Dia 20 de agosto de 2014

A SUB-ROGAÇÃO DA CAPITANIA DE ILHÉUS: OFICIAIS RÉGIOS EM CONFRONTO NO


REINO E NA BAHIA, 1754-1761

Teresinha Marcis
tmarcis@uesc.br

A capitania São Jorge de Ilhéus compunha civil e da justiça. Entre os anos de 1754 a 1761,
uma das doze doações portuguesas no domínio a capitania não foi extinta e nem incorporada
americano entre 1534 e 1536, e manteve o status à da Bahia, permanecendo o ouvidor nomeado
de donataria privada até o reinado josefino. Em pelo último donatário exercendo as mesmas
1754, uma carta régia formalizou a sub-rogação funções. Essa comunicação objetiva analisar
entre a Coroa e o último donatário, ordenando os procedimentos para resolução do problema
ao Conselho Ultramarino que providenciasse e os conflitos entre as autoridades da Bahia
o pagamento de pensão anual e a nobilitação (vice-rei e ouvidor) e do reino (provedor da
do donatário. A carta não instruiu sobre a Fazenda Real, conselheiros e dos Secretários
tomada de posse, situação que resultou na de Estado).
indefinição do estatuto e jurisdição do governo
76 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

DAS NEGOCIAÇÕES E CONFLITOS ENTRE PODER CENTRAL E LOCAIS: TRAMAS


POLÍTICAS DE UM VIGÁRIO NAS CAPITANIAS DA PARAHYBA E PERNAMBUCO NOS
SETECENTOS (1764-1785)

Muriel Oliveira Diniz


muridiniz09@gmail.com

Era o ano de 1766 quando o governador da estudo de caso dos jogos de poder de Soares
Capitania da Parahyba, Jerónimo José de Melo Barbosa, de seus arranjos políticos com a elite
e Castro fez denúncia ao Conselho Ultramarino local e das suas relações conflituosas com o
das ações no campo do político do vigário da mencionado governador, objetivo analisar as
cidade da Parahyba, António Soares Barbosa. negociações e tensões entre poder central e
Atuando em áreas que não lhe competia, o locais nas Capitanias da Parahyba e Pernambuco
referido padre secular confrontou a autoridade nos Setecentos (1764-1785). Partindo de uma
civil que devia obediência, conforme ordenava análise baseada na Micro-história, atento para a
Dom José I e o marquês de Pombal. Nesse flexibilização das ordens régias de acordo com as
sentido, tendo por problemática principal o conjunturas específicas da América Portuguesa.

A RESTAURAÇÃO NA BAHIA: QUERELAS ENTRE UM BISPO E UM GOVERNADOR NA


DÉCADA 1640

Camila Teixeira Amaral


camilatamaral@gmail.com

Em 1642 Antonio Telles da Silva chegou em da cidade da Bahia, a sua administração revela
Salvador para governar no lugar do triunvirato grande falta de zelo nas relações com outras
que substituía o recém deposto Marquês de autoridades presentes na cidade. Partindo do
Montalvão. O momento delicado, de grande estudo de caso das querelas entre o Bispo Dom
instabilidade política para a dinastia bragantina Pedro da Silva e o então governador pretende-se
pós Restauração de 1640, exigia dos homens analisar nesta comunicação o cotidiano político-
espalhados pelo Império grande habilidade administrativo em Salvador, observando as
governativa. Embora Telles da Silva tenha relações entre o poder civil e eclesiástico, as
cumprido o seu papel na defesa do território, disputas por privilégio e ainda os conflitos
impedindo avanços holandeses no Nordeste e jurisdicionais típicos de uma sociedade do
lutando para melhorar as tropas e fortificações Antigo Regime.

O Cargo de juiz de fora em Vila Bela da Santíssima Trindade

Gustavo Balbueno de Almeida


gustavobalbueno@bol.com.br

O presente trabalho visa analisar o período de criação do cargo de juiz de fora na capitania
manutenção do cargo de juiz de fora em Vila do Mato Grosso (1748), conectando- o com
Bela da Santíssima Trindade. Num primeiro a fundação de Vila Bela (1752), criada com o
momento, serão vistas as condições para a objetivo de ser a capital da recém emancipada
SOMUSER ED ONREDAC 86

capitania. No segundo, se tratará da extinção par ela. A documentação para a análise dessas
do cargo e o seu estabelecimento na a Vila do questões serão as trocas de correspondências
Cuiabá (1762), sob a alegação de que não haveria entre autoridades do Mato Grosso e de Portugal,
população suficiente em Vila Bela para suportar contidas no Arquivo Histórico Ultramarino
o dito cargo, enquanto a ouvidoria era transferida (AHU).

Conflitos políticos e elites sociais no Império: a exploração e


descaminho do ouro na capitania da Bahia -1720-1736

Hélida Santos Conceição


helidas@gmail.com

No alvorecer do século XVIII, as minas de ouro, analisar a ocorrência de conflitos que se deram na
descobertas em 1701 no interior da Capitania da capitania da Bahia, na década de 1730, nas terras
Bahia, intensificou o movimento de interiorização entre o litoral e o sertão e teve como protagonista o
dos exploradores pelo território colonial. Diante superintendente das minas, o vice-rei e governador
desta circunstância, o Império Ultramarino Vasco Fernandes Cezar de Menezes (1720-1735)
Português tomou iniciativas que visavam ordenar e o Conselho Ultramarino. Episódios como esses
o trânsito dos colonos que adentravam os sertões revelam a força das redes clientelares mobilizadas
em busca de riquezas e aventuras. Na capitania pelos interesses envolvidos na exploração de
da Bahia, o período de maior exploração do ouro riquezas e mostram que as disputas intra-elites
coincide também com as disputas e descaminhos faziam parte da dinâmica de exercício do poder na
das riquezas das minas. Esta comunicação pretende sociedade colonial.

Fiscalidade régia, poderes intermédios e poderes locais na


correspondência do Conselho Ultramarino: séculos XVII e XVIII1

Carla Maria Carvalho de Almeida


carlamca@uol.com.br

O objetivo dessa comunicação é apresentar uma quais os principais agentes a se manifestarem


reflexão sobre a problemática da tributação sobre o tema nas distintas capitanias; eram os
e da fiscalidade no âmbito da monarquia poderes do centro, os agentes régios na conquista
corporativa da época moderna, através da ou os poderes locais que mais se manifestavam
análise das correspondências trocadas entre as sobre a temática? Sobre quais tipos de tributos
instâncias centrais da monarquia portuguesa e tais agentes mais se pronunciavam? Finalmente,
as instituições estabelecidas na América Lusa. qual o grau de dependência das instâncias
Interessa-nos saber, como, sobre que temas e com centrais da monarquia em relação aos poderes
que capacidade de intervenção tais instituições e às elites locais para a definição da melhor
notadamente as câmaras se comunicavam com forma de estabelecer a tributação e para a eficaz
as instâncias centrais da monarquia sobre a cobrança dos tributos.
temática da fiscalidade. Interessa-nos discutir
96 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Fidalgos da Casa Real e Cavaleiros da Ordem de Cristo: duas formas de


nobilitação no Atlântico Sul (1640-1668)

Marcone Zimmerle Lins Aroucha


marcone.zimmerle@gmail.com

Esta comunicação visa refletir sobre trajetórias Livros de Matrícula dos Moradores da Casa Real e as
de determinados indivíduos que alcançaram foro Habilitações nas Ordens Militares. A partir deste
de fidalgo no Atlântico Sul entre 1640 e 1668. cotejo buscaremos esboçar uma sondagem
Pretendemos dimensionar o valor social do foro acerca da relevância social dessas duas vias de
de fidalgo da Casa Real frente a outras fontes nobilitação e pensar, a partir da comparação
de nobilitação, nomeadamente, as habilitações quantitativa entre a ocorrência das duas, até que
para a Ordem de Cristo. Nossa reflexão será ponto o paralelo entre cada uma pode ajudar
construída a partir de um primeiro cotejo entre na reflexão sobre a ideia de sangue e serviço no
catálogos documentais como o Inventário dos período a ser considerado.

Nos rastros dos “homens do ouro”: perfil dos cobradores dos quintos
reais (Mariana – séc. XVIII)

Simone Cristina de Faria


simonecristinadefaria@gmail.com

O texto a ser apresentado sintetiza os resultados de prestígio, práticas sociais e religiosas, mecanismos
um exaustivo e detalhado trabalho prosopográfico de reprodução social, estratégias de ascensão e
com um grupo social de poder e influência nas Minas manutenção do patrimônio e do poder local, entre
Setecentistas, os cobradores dos quintos reais. outros. Ocupando um cargo de importância central
Aprofundando e ampliando estudos anteriores, o para a Coroa portuguesa, procurarei demonstrar
objetivo aqui é expor os principais aspectos do perfil como esses homens preenchiam efetivamente os
sócio-econômico e político desses indivíduos, quanto postos de principais de sua vila, e estavam entre os
à naturalidade, outros cargos ocupados, distinções mais influentes e poderosos das Minas Gerais do
diversas alcançadas, indicadores de riqueza e século XVIII.

Dia 21 de agosto de 2014

FRONTEIRAS COLONIAIS: CONFLITO, JUSTIÇA E ACOMODAÇÃO NA DEMARCAÇÃO


DOS LIMITES ENTRE MINAS GERAIS E SÃO PAULO - 1790-1820

Edna Mara Ferreira da Silva


Ednamara.ferreira@gmail.com

A presente proposta de trabalho tem como elite política sul mineira, através da análise da
finalidade estabelecer, uma reflexão sobre os documentação administrativa da região sul da
conflitos e estratégias envolvendo a demarcação Capitania de Minas Gerais, no período entre
dos limites entre as capitanias de São Paulo e os anos de 1790 a 1810. O estabelecimento de
Minas Gerais e sua relação com a formação da limites tanto internos quanto externos e a
SOMUSER ED ONREDAC 07

expansão territorial em fins do século XVIII e relacionar a conjuntura do inicio do século


inicio do século XIX na América portuguesa XIX com a capacidade dos membros da elite
seguiu ritmos diferentes, e Minas Gerais como sul mineira e dos demais moradores do termo
região estratégica do império se inseria nesses de Campanha de se adaptarem as condições
movimentos territoriais. Buscamos justamente surgidas das mudanças históricas.

Política e poder na América portuguesa setecentista: estratégias de


administração no contexto da criação da Capitania de Goiás

Simone Cristina Schmaltz de Rezende e Silva


simoneschmaltz@bol.com.br

Esta comunicação busca refletir a respeito da de descentralização administrativa para alcançar a


instituição de uma arquitetura de poderes na estrutura centralização do poder político e a manutenção da
político-administrativa lusitana moderna a partir governabilidade monárquica em território colonial.
do período posterior à Restauração, com destaque Para tanto, toma como exemplo a região das minas
para o Estado do Brasil. Busca apresentar a prática dos Guayazes no contexto da criação da Capitania de
dos modos de governar lusitano principalmente nas Goiás na transição da primeira para a segunda metade
regiões de mineração, modo este que adota estratégias do século XVIII.

Dinâmicas do poder local: as câmaras do Rio de Janeiro e Salvador em


uma conjuntura de transferência de poder (1679-1766)

William de Andrade Funchal


w.funchal@uol.com.br

Este trabalho pretende verificar os impactos que, diferente da de Salvador, a do Rio de Janeiro
da transferência de poderes para o centro-sul esteve mais propensa a intervir em questões
do Brasil entre 1679-1766 sobre as câmaras de para além dos assuntos de jurisdição local,
Salvador e Rio de Janeiro. Desde 1679, o Rio enquanto construía uma retórica de solicitação
de Janeiro vinha alcançando posição de maior de direitos e privilégios ao Rei espelhando-se no
destaque devido às mudanças geopolíticas no status já alcançado pela câmara da Bahia. Isso
Império, quando em 1763 eleva-se a nova capital demonstra a pujança que o Senado fluminense
do Brasil. De maneira comparativa, o estudo assumiu, acompanhando a evolução político-
analisou as correspondências de ambas as administrativa da capitania e as reformulações da
câmaras ao Conselho Ultramarino, constatando própria lógica do Antigo Regime no Setecentos.

A governação da capitania de Pernambuco no final de Setecentos e as


atividades da Coroa

Érika Simone de Almeida Carlos Dias


erikadias.work@gmail.com

O trabalho pretende analisar a comunicação e um dos principais órgãos da administração


política entre o representante da Coroa na capitania central para o governo do império: a Secretaria
17 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

de Estado da Marinha e Ultramar. Analisaremos que, na ótica da Secretaria de Estado, deveriam ser
as instruções do secretário Martinho de Melo e executadas na capitania. Mostraremos também
Castro para D. Tomás José de Mello - um fidalgo como o governador procurou cumprir as ordens
com ampla experiência militar -, que objetivavam do centro político, ao mesmo tempo em que
melhorar a administração e regular o poder procurava destacar-se enquanto administrador
público no final de Setecentos na capitania de público, a fim de melhorar a sua remuneração de
Pernambuco. Demonstraremos quais as diretrizes serviços, um dos direitos que se mantiveram até o
que eram consideradas prioritárias para a Coroa e final do Antigo Regime.

DIÁLOGOS, DISPUTAS E CONJUNTURAS NAS ATAS DA CÂMARA DE SÃO LUÍS DO


MARANHÃO (1646-1654)

Helidacy Maria Muniz Corrêa


helidacy.correia@yahoo.com.br

Esta comunicação apresenta dados quantitativos sociais e representação segundo a ‘política


sobre a Câmara de São Luís para uma análise católica’ do século XVII e XVIII” (UFRJ/EHHES),
inicial do poder local relativa às motivações que e outra, individual, “A dinâmica dos poderes locais
ocuparam a elite política no desempenho de no Maranhão e Grão-Pará: vínculos e tensões
suas funções camarárias e faz uma avaliação da (Século XVII/XVII)” (FAPEMA/UEMA), cuja
capacidade de capilaridade do poder local nas finalidade é, respectivamente, a montagem de
diversas formas de aproximação e articulação uma base sobre o auto governo nas Conquistas
dentro e fora do Estado. Tais dados resultam de da América Lusa e a identificação das formas de
duas investigações em curso e de abrangência vinculações das elites políticas do Maranhão e
coletiva, “O bom governo das gentes: hierarquias Grão-Pará.

Capitania de Mato Grosso no século XVIII: o sertão entre autoridades,


medos, doenças e hospitais

Miksileide Pereira
miksileidepereira@bol.com.br

Estar no “sertão” colonial à serviço da Coroa grande destaque: “moléstias” que fizeram das
Portuguesa era garantia de futuras mercês e cartas e ofícios enviados a Coroa, oportunidades
privilégios concedidos. Imbuídos de aventura de se ausentarem da Capitania. Desta forma, suas
que permeava o pensamento moderno da visões e descrições são inseridas num quadro
época e ávidos por riquezas no Novo Mundo, muitas vezes pintado de forma exagerada,
colonos aceitavam a “árdua” tarefa de trabalhar pois no sertão hospitais eram presentes. Ao
e administrar a Capitania de Mato Grosso. estarem doentes, autoridades tornam-se sujeitos
Governadores, soldados, tenentes e outras históricos singulares na trama complexa
autoridades acabavam por lastimar suas “sortes” de relações políticas e sociais na América
e cobrar favores e mercês. Nesse jogo de relações portuguesa.
e interesses, as doenças foram personagens de
SOMUSER ED ONREDAC 27

Dia 22 de agosto de 2014

O gado em Sergipe no século XVIII

Anderson Pereira dos Santos


revolumania@ig.com.br

Em Sergipe Colonial, o gado foi a principal riqueza perdeu valor comercial e simbólico após tais
até a segunda metade do século XVIII. No início transformações. Este trabalho tem o objetivo de
do século XIX, período de expansão do açúcar compreender o gado como elemento da riqueza
em diversas áreas do Brasil como São Paulo, em Sergipe no século XVIII. As principais fontes
Rio de Janeiro e Bahia, também se expande em utilizadas foram os inventários post-mortem, as
Sergipe o que faz mudar a base da riqueza. Houve cartas régias e os cronistas da época. Concluímos
uma diversificação da composição das fortunas que mesmo com a riqueza transitando do gado
oriunda da transição da economia do gado para para o açúcar, possuir gado ainda era um sinal de
a economia açucareira. No entanto, o gado não poder econômico e reconhecimento social.

As posturas municipais e os contratos das canoas em Vila Bela e Vila


Real do Cuiabá no século XVIII

Nauk Maria de Jesus


jnauk@hotmail.com

No ano de 1753 os vereadores de Vila Bela da gerir as localidades, afirmar e manter o seu poder.
Santíssima Trindade, capital da capitania Assim, a partir desse documento, discutiremos
de Mato Grosso, elaboraram os “Estatutos os contratos das canoas criados em Vila Bela e
municipais ou posturas”, importante documento Vila Real do Cuiabá, no século XVIII, pois eles
do direito local que regulamentava, dentre outros permitem problematizar a existência de um
aspectos, as atividades econômicas das vilas e mercado de canoas, os contratos municipais
das cidades. Um olhar mais atento a esse tipo de e a utilização de um meio de transporte que
documento nos revela uma das maneiras pelas conectava o interior da capitania e esta a São
quais as instituições camarárias procuraram Paulo e ao Grão-Pará.

AS CHARQUEADAS NA VILA DE SÃO JOÃO DA PARNAÍBA (1759-1830)

Dante Cardoso Soares Barbosa


danteuespiphb@gmail.com

Pesquisar sobre a História de Parnaíba é uma colônia e com a Coroa Portuguesa. O objetivo
atividade relevante, pois remete ao conhecimento geral é identificar em fontes documentais
de um dos capítulos marcantes para a formação aspectos que revelam a contribuição das oficinas
do Piauí. A Vila de São João da Parnaíba, criada de charque para a economia da Vila de S. J. da
em 19 de junho de 1761, teve sua economia em Parnaíba. Caracterizamos esse estudo como
torno da criação e do abate de reses para o preparo uma pesquisa descritiva de cunho qualitativa.
do charque (carne seca) que posteriormente era Concluímos que a economia da Vila de S. J. da
comercializado com as principais províncias da Parnaíba trouxe notória visibilidade para o
37 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Piauí. A Família Dias da Silva destaca-se por alavancando a movimentação no Porto das
introduzir e conduzir as oficinas de charque, Barcas atraindo sua economia.

Burlando as regras: A formação de uma elite parda no espaço urbano


colonial pernambucano (XVIII)

Janaína Santos Bezerra


janatabira@hotmail.com

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo Aqui defendemos a ideia que tal elite não tinha
analisar a formação de uma elite parda no espaço uma cor específica. Muitos sujeitos mesclados
colonial pernambucano setecentista, tentando também estiveram posicionados no topo de
tornar compreensível o contexto de mestiçagem uma hierarquia social. A intenção não é mostrar
e tensão social em que viviam indivíduos e exceções de sujeitos pardos em estado de
famílias, assim como as diversas estratégias mobilidade ascendente, mas possibilidades, em
utilizadas por esses mestiços para se inserirem meio à dinâmica colonial. A trajetória dos legados
socialmente. Através da trajetória de indivíduos aqui pontuados demonstra que a hierarquia
e famílias pardas, a narrativa que segue busca social não era rígida, existia uma mobilidade
reconsiderar e reavaliar interpretações sobre a que era possível através de inúmeras estratégias
composição da elite Pernambucana setecentista. utilizadas por muitos sujeitos de cor.

Corporações no Reino, práticas corporativas no Ultramar: algumas


notas de pesquisas sobre experiências de oficiais mecânicos em Lisboa e
na América Portuguesa entre os séculos XVII e XVIII

Glaydson Gonçalves Matta


gmatta@oi.com.br

Na época moderna, critérios como sangue e mecânicos e suas relações com as instituições locais
linhagem demarcavam não só o lugar social tanto no Reino quanto na América Portuguesa entre
do sujeito, mas também de seus descendentes. os séculos XVII e XVIII. Espera-se contribuir para
Entretanto, o defeito mecânico, aplicado àqueles a compreensão de questões ligadas a identidades
ligados ao mundo do artesanato, às atividades profissionais, formas de representação política, o
agrícolas e extrativas ou às artes curativas, também serviço à res publica e estratégias de ascensão social,
impunha hierarquias e jurisdições referentes ao uma vez que muitos dos princípios corporativos
mundo do trabalho, enquanto antítese da honra. que organizavam a vida dos artesãos de Lisboa
Tendo Lisboa como ponto de partida, este trabalho eram referência não só no Reino, mas também no
buscará apontar algumas experiências dos oficiais Ultramar.

AS REDES DOS IRMÃOS: ASSOCIAÇÕES LEIGAS E REDES SOCIAIS EM PERNAMBUCO,


SÉCULO XVIII

Henrique Nelson da Silva


prof.henriquenelson@gmail.com

O presente trabalho tem como tema de pesquisa durante o século XVIII. Nossa análise tem como
as irmandades leigas na Capitania de Pernambuco foco o estudo das irmandades enquanto espaços
SOMUSER ED ONREDAC 47

políticos onde os diferentes grupos sociais de não apenas das irmandades, mas das dinâmicas
uma estrutura corporativa se representam, desse das sociedades que viveram no período
modo, as associações apresentam-se não apenas estudado. Este trabalho tem como referência,
como espaços de congregação da fé cristã, mas principalmente, a documentação disponível no
como a reunião de múltiplos interesses. Assim, Arquivo da 5º Superintendência do IPHAN e nos
as análises sobre as diversas dimensões as quais documentos avulsos referentes às associações
as irmandades leigas estavam inseridas, nos leigas no Arquivo Histórico Ultramarino.
possibilitará descortinar aspectos essenciais

Parentesco Espiritual e Alianças Sociais entre Senhores de Engenho


na Capitania do Rio de Janeiro (Campos dos Goitacazes, século XVIII)

Márcio de Sousa Soares


soaresmsousa@gmail.com

A comunicação analisa as relações de compadrio hierarquias sociais na América portuguesa em


como mecanismo de produção de redes torno do qual gravitavam as demais distinções
clientelares pela elite açucareira estabelecida que naturalizavam as desigualdades sociais de
ao norte da capitania do Rio de Janeiro no acordo com a lógica societária de Antigo Regime.
decorrer do século XVIII. Com isso, pretende-se Nesse sentido, investigam-se as relações de poder
articular a prática do parentesco espiritual com a presentes e derivadas da constituição de laços
multiplicação e reiteração das hierarquias sociais de parentesco ritual pelos senhores de engenho
e o movimento de expansão da fronteira agrária em estabelecidos em Campos dos Goitacazes a partir
Campos dos Goitacazes. Considera a escravidão da ressignificação social das relações derivadas
como marco de referência para a estruturação das da administração do sacramento do batismo.

“Miserável Escrava”: as condições morais e sociais do cativeiro na


justiça eclesiástica do Maranhão do final do século XVIII – o caso de
Catarina dos Santos

Marinelma Costa Meireles


marinelmameireles@hotmail.com

No ano de 1798, a escrava Catarina dos saber que a relação era ilegítima e que cedia aos
Santos denunciou ao Tribunal Eclesiástico do apelos do padre “por ser uma miserável escrava”.
Maranhão o padre Manoel Álvares, seu senhor. Desejava ser vendida para outro senhor e queria
As motivações de Catarina eram variadas. No que o tribunal intermediasse tal ação. Esse estudo
processo, falava-se em violência e ciúmes numa de caso, relacionado ao contexto da escravidão e
relação de união conjugal conhecida então das normatizações morais da época, oportuniza
como concubinato. Ela detalhou a vida a dois do analisar os campos de ação dos escravos, suas
“casal”, informou que o padre se ausentava de táticas de sobrevivência e trânsito na seara moral
suas funções sacerdotais para estar com ela; disse eclesiástica.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 7
Elites, Trajetórias e Estratégias nos Impérios Coloniais Ibéricos
Coordenadores: George Félix Cabral de Souza (UFPE) & Maria Fernanda Baptista Bicalho (UFF)

Dia 19 de agosto de 2014

Considerando outros agentes: O protagonismo indígena no processo


de construção da Amazônia Portuguesa no século XVII

Fernando Roque Fernandes


Fernando_clio@hotmail.com

Nossa proposta está relacionada ao papel em uma área de pesquisa que se quer fundamental
desempenhado pelas lideranças indígenas, no resgate da memória dessas sociedades e
especificamente ao processo de transformação que tem se mostrado bastante promissora.
das atribuições que eram desenvolvidas por Denominada de “protagonismo indígena”, tal
tais personagens. Para tanto, se faz necessário abordagem tem como finalidade, destacar a
verificar o cotidiano dos aldeamentos e das importância que as sociedades nativas tiveram
influências de tais indivíduos dentro da lógica no processo de reconfiguração da região onde
colonial estabelecida. Ao lançarmos nosso olhar estavam localizadas e suas implicações dentro de
sobre tais lideranças, estamos nos posicionando novas realidades.

“Urbanizar é como civilizar”: elites coloniais, governança e política


indígena na América Portuguesa (Pernambuco e Paraíba, século XVIII)

José Inaldo Chaves Jr.


inaldochavesjr@gmail.com

Entre 1756 e 1799, a capitania da Paraíba esteve criação de novas vilas, muitas das quais erigidas a
anexada ao governo de Pernambuco, após partir de antigos aldeamentos, resultou na eclosão
constatada sua fragilidade política e a falência de numerosos conflitos de jurisdição envolvendo
de sua Provedoria da Fazenda. Os conflitos de autoridades régias, como o capitão-mor da
jurisdição entre agentes da governança bem como Paraíba e o governador-general de Pernambuco.
a conhecida evasão de divisas em virtude dos Por outro lado, a garantia dos negócios das elites
descaminhos do comércio intracolonial são temas locais também foi posto em xeque, tendo em vista
clássicos da historiografia dedicada ao período. que um reordenamento da política indigenista da
No entanto, outros assuntos deste meio século Coroa, provocado pelo Diretório dos Índios, ditou
de subordinação ainda permanecem obscuros. novas diretrizes quanto ao uso da mão de obra
Nesta comunicação nos dedicaremos a alguns indígena, pressionando o relacionamento entre
destes, quais sejam: as relações entre as políticas elites e grupos subalternos nas novas vilas da
urbanizadora e indigenista na Paraíba Setecentista, Paraíba e testando os limites da governabilidade
tendo como pano de fundo o tensionado cenário em um cenário de reformas políticas e territoriais
da anexação à Pernambuco. Neste contexto, a nas capitanias do Norte do Estado do Brasil.
SOMUSER ED ONREDAC 67

Homens livres de cor na expansão da fronteira lusitana na ribeira do


Acaraú (1682-1720)

Raimundo Nonato Rodrigues de Souza


raisouza2013@hotmail.com

Na expansão da fronteira lusitana, na capitania do acaraú, descobrindo lugares propícios para o


do Siará Grande, diversos homens livres de cor criatório e combatendo os nativos, os quais são
(pretos, mulatos, pardos, crioulos), obtiveram feitos prisioneiros e escravizados. Todas estas
“mercê” pelos serviços prestados ao governo histórias ocorreram numa região agropastoril,
português. É neste contexto que se insere as escravocrata e de rígidas hierarquias sociais,
famílias Coelho de Morais e Dias de Carvalho, onde prestígio e distinção faziam parte do seu
Martins Chaves e Castro Passos de ascendência cotidiano. Ao tratar destes libertos possuidores
africana, presente no Ceará desde 1654. de bens, distintos e reconhecidos, cabe indagar
Com seus serviços vão dilatando a fronteira como foi possível a eles ascenderem nesta
agropastoril do litoral para o sertão da ribeira sociedade colonial e naquele espaço sertanejo.

Cultura Política Indígena e Liderança Tupi nas Capitanias do Norte:


Antônio Pessoa Arcoverde e o Combate ao Quilombo de Palmares
(Século XVII)

Jean Paul Gouveia Meira


jeanpaulgmeir@gmail.com

Esta pesquisa procurou analisar a cultura política Pessoa soube obter vantagens e direitos ao se
disseminada nas ações e estratégias elaboradas apropriar não somente dos códigos portugueses,
pelo Governador Geral dos Índios (1683 – 1694), como também de imprimir novos significados de
Dom Antônio Pessoa Arcoverde, liderança Tupi uma guerra não indígena para a dinâmica interna
que valorizou acordos ou negociações com dos povos indígenas encontrados nas aldeias de
as autoridades portuguesas, na tentativa da seu governo. O combate ao Quilombo de Palmares
obtenção de mercês (favores Políticos, títulos possibilitou o fortalecimento e a permanência do
nobiliárquicos, insígnia de cavaleiro, sesmaria, chefe indígena no poder, mas também a promoção
etc.) pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa. dos seus parentes, soldados e liderados nos
Ao longo deste estudo, constatou-se que Antônio espaços de poder do Império Ultramarino.

Elites indígenas na capitania do Rio de Janeiro:


significados e usos políticos diversos

Maria Regina Celestino de Almeida


reginacelestino@uol.com.br

Nos processos de construção e desenvolvimento através da concessão de favores, títulos, patentes


das sociedades coloniais da América portuguesa, militares e nomes portugueses de prestígio visando
autoridades civis e religiosas concentraram estabelecer com eles alianças imprescindíveis
esforços nos líderes indígenas, enaltecendo-os ao projeto colonial. Além de conduzir seus
77 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

liderados à guerra em favor do reino luso, os chefes indígenas obtiveram ganhos e privilégios
chefes indígenas deviam contribuir na introdução pelos importantes papéis desempenhados em
de novos costumes e valores para envolvê-los na situações de guerra e negociações entre luso-
ordem administrativa portuguesa, conduzindo-os brasileiros e indígenas. Suas complexas ações
à obediência e disciplina nas aldeias. Essa política e interações políticas e sociais com os demais
estendeu-se por todo o período colonial, variando agentes da sociedade colonial têm se revelado, nas
conforme tempos e espaços nos quais se alteravam últimas décadas, através de pesquisas localizadas
o equilíbrio de forças entre as partes e os níveis em diferentes regiões do Brasil. Esses trabalhos
de dependência dos portugueses em relação aos permitem constatar que os privilégios concedidos
índios. Consequentemente, alteravam-se também aos líderes indígenas adquiriram diferentes
o maior ou menor poder de barganha de seus significados para os vários agentes em contato
líderes e as concessões e privilégios que lhes eram (índios comuns, chefes indígenas, autoridades
concedidos. Estudos recentes, com abordagens coloniais, colonos e missionários, etc) e foram por
histórico-antropológicas, têm evidenciado eles instrumentalizados, conforme seus próprios
os interesses dos líderes indígenas nos novos interesses que se alteravam com a dinâmica da
papéis por eles assumidos e os muitos e variados colonização. Sem negar a violência e a dominação
usos que deles fizeram. Na capitania do Rio de dos portugueses sobre os índios, nem tampouco
Janeiro, Araribóia, herói da guerra de conquista a discriminação e o preconceito predominantes,
da Guanabara contra tamoios e franceses e inclusive no período pós-pombalino, este trabalho
batizado com o nome de Martim Afonso de Sousa, visa a refletir sobre esses vários significados e
é um exemplo instigante sobre essa prática. usos atribuídos pelos diferentes atores à prática
Seu prestígio se estendeu para várias gerações de enobrecimento dos chefes indígenas. Enfoca-
posteriores que, nas solicitações dirigidas às se basicamente a capitania do Rio de Janeiro em
autoridades, faziam questão de referir-se ao abordagem comparativa com outras regiões. As
nobre ascendente para fortalecer suas demandas. principais fontes utilizadas tratam das demandas
Situação semelhante pode ser observada em dos líderes indígenas sobre diversas disputas
outras capitanias, onde descendentes de chefes em torno das aldeias, incluindo consultas do
prestigiados também se valiam da honrado nome Conselho Ultramarino, correspondência oficial e
do antecessor para reivindicar títulos, cargos e petições dos próprios índios.
favores. Em diferentes tempos e espaços, vários

Mercês de Palmares e seus Descendentes: Breve análise sobre mercês


herdadas no Pernambuco do século XVIII

Dimas Bezerra Marques


dimas_valek@yahoo.com.br

Sabe-se que durante o século XVII várias Nesse sentido, o presente trabalho pretende
expedições foram mandadas para combater discutir as mercês adquiridas pelos filhos e/
os Palmares, levando consigo centenas de ou netos dos combatentes das expedições
soldados. Muitos deles faziam parte da elite contra os Mocambos de Palmares, analisando
pernambucana, assentada na concessão de a participação dos indivíduos nas guerras e os
títulos honoríficos e status social. Muitos desses tipos de benesses distribuídas. Desse modo,
prêmios foram requeridos e ganhos através dos buscar-se-á compreender quais desses títulos
serviços prestados nesses conflitos, e, algumas se mantiveram dentro de uma família durante o
vezes, deixados para as gerações subsequentes. século XVIII.
SOMUSER ED ONREDAC 87

O governo de António de Albuquerque no Maranhão:


elites locais e tráfico de escravos indígenas (1690-1701)

Alexandre de Carvalho Pelegrino


alexandrecpelegrino@gmail.com

A história do Estado do Maranhão foi marcada vários outros, construiu sua carreira nos sertões
pelo profundo relacionamento com as americanos. Assim, em contato direto com a
populações indígenas. As acanhadas cidades de realidade local, ele sabia que sem uma boa oferta
São Luís e Belém contavam com pouquíssima de trabalhadores indígenas aos moradores era
população branca e quantidade igualmente impossível governar aquela parte do império
pequena de escravos africanos, portanto, sem português. A partir das fontes depositadas no
os índios ao lado, a ocupação da região seria AHU, APEM e ANTT pretendo mostrar como
inviável. O governo de António de Albuquerque estas redes de relacionamento em torno do
foi marcado por um amigável convívio com as trabalho indígena foram montadas.
elites locais. Este governador, ao contrário de

Dia 20de agosto de 2014

Negociante João Rodrigues de Miranda:


alianças e embates no Maranhão vintista

Luisa Moraes Silva Cutrim


luisacutrim@hotmail.com
Durante 1820 e 1823 o Maranhão influenciou- figuras influentes na economia e na política do
se pelas ideias advindas da Revolução do Maranhão, como o então governador Bernardo
Porto. Neste cenário, o negociante João da Silveira Pinto da Fonseca e o comendador
Rodrigues de Miranda ganhou destaque ao Antonio José Meirelles. Miranda torna-se, então,
arrematar, juntamente com seus sócios, três o fio condutor da narrativa que propõe perceber
importantes contratos régios. Além disso, o a formação de grupos antagônicos no Maranhão
personagem esteve relacionado com diversas dito constitucional, visto que cada grupo se
querelas políticas no período. Sendo assim, este utiliza dos novos preceitos vintistas para o
trabalho tem como objetivo analisar as relações embasamento dos seus discursos.
de João Rodrigues de Miranda com outras

O FAZER-SE ELITE: NOTAS SOBRE OS DONOS DO CRÉDITO NA CIDADE DO RIO DE


JANEIRO (1808 – 1821)

Elizabeth Santos de Souza


ssouza.eliz@gmail.com

A presente comunicação visa problematizar na corte joanina. Ter condições econômicas


o perfil sócioprofissional dos grupos que favoráveis para a manutenção dos arranjos
consolidaram-se como expressivos credores pessoais e para o fornecimento de empréstimo
97 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

significa encontrar-se inserido numa pequena as relações interpessoais na esfera econômica da


parcela dessa sociedade de Antigo Regime nos sociedade. Isto permite esclarecer o modo como
trópicos. Certamente, o que propomos aqui é uma os atos de sociabilidades foram tecidos na urbe
análise preliminar sobre os credores que inseriam- carioca, as influências dos costumes locais e da
se nas práticas creditícias do mercado urbano, lei. Este escopo encontra-se relacionado com o
bem como suas estratégias para minimizarem os projeto de pesquisa em andamento, que engloba
riscos inerentes às operações vinculadas a esses temas de maiores amplitudes e possui como
exercícios. Mediante tais intentos, apetecemos fontes basilares as escrituras públicas do Primeiro
cooperar para aprofundar o conhecimento sobre Cartóriodo Rio de Janeiro.

Um peso e duas medidas: visões sobre a Mesa da Inspeção do Tabaco e


Açúcar de Pernambuco

Paulo Fillipy de Souza Conti1


paulof_conti@hotmail.com

Poucos meses após ter iniciado as suas produtores de açúcar mudaram de opinião em
atividades em Pernambuco, a Mesa da Inspeção relação à Mesa, como também estavam sendo
do Tabaco e Açúcar sofreu duras críticas dos beneficiados por ela. Baseados nestas duas
senhores de engenho, enviadas ao Reino pela declarações, nos debruçamos sobre o processo
Câmara de Olinda. Porém, após sete anos de que leva a Mesa da Inspeção de Pernambuco de
vigência do órgão, o mesmo grupo escreve ao órgão tido como desnecessário pelos senhores
Reino solicitando que a Mesa da Inspeção seja de engenho e comerciantes, a aparelho essencial
conservada no seu modelo de funcionamento para o aumento e “bem comum” de fabricantes e
primitivo. Ou seja, em pouco tempo, não só os negociantes de açúcar.

Os irmãos Coutinho no Atlântico: escravidão, governo e ascensão


social no tempo da monarquia hispânica

Rodrigo Faustinoni Bonciani


rodrigo.bonciani@unila.edu.br

João Rodrigues Coutinho, governador de Angola possíveis governadores do Brasil. A comunicação,


e contratador do tráfico de escravos, morreu por meio de documentação coletada nos Arquivos
a caminho das minas de Cambambe, em 1603. de Simancas e das Índias, traz novos elementos
Seu irmão, Gonçalo Vaz, o sucedeu no contrato, para as biografias dos irmãos Coutinho com o
mas não seguiu para Angola. Em 1606, do Rio de objetivo de analisar a importância do tráfico de
Janeiro – depois de ser feitor em Cartagena e em escravos e dos cargos de governador no Atlântico
Buenos Aires – o outro irmão, Manuel de Sousa, para ascensão social dos portugueses no período
pedia para ser nomeado governador de Angola, da monarquia hispânica.
enquanto que Gonçalo figurava na lista de
SOMUSER ED ONREDAC 08

Entre créditos, débitos, pedidos e procurações: Lourenço Pereira


da Costa e a elite comercial da capitania de Pernambuco no
abastecimento das Minas do século XVIII

Hugo Demétrio Nunes T. Bonifácio


hugonnero@hotmail.com

A comunicação pretende discutir as estratégias salutar de homens de Pernambuco no comércio


e ações dos homens de negócios da Capitania com o Centro-Sul aurífero, ainda que a
de Pernambuco no sentido de possibilitar ou documentação oficial referente à arrematação de
facilitar suas empreitadas no comércio com a contratos dos escravos que iam de Pernambuco
região das Minas. O conjunto desses artifícios, para às Minas conotem uma queda acentuada
em suma, consiste na busca pelos cargos e ofícios desse tipo negócio. O impasse será debatido a
recebidos como mercês nos serviços prestados partir da breve análise de Lourenço Pereira da
à Coroa, bem como pedidos de licença e outros Costa, avultado comerciante da capitania de
benefícios. Assim, testamentos, cartas, petições Pernambuco que possuía muitos negócios pelos
e requerimentos apontam para uma participação sertões da América portuguesa.

Interesses locais e metropolitanos na São Paulo setecentista:


contratos reais e concessões de mercês (c. 1775-1807)

Ana Paula Medicci


apmedicci@gmail.com

A comunicação analisa o relacionamento entre relações político-administrativas estabelecidas


membros de grupos de poder locais envolvidos entre os governantes nomeados para São Paulo
nos negócios da Capitania de São Paulo e a e os interesses de grupos ligados à produção e
governança entre c.1775 e 1807. A análise do ao comércio local. Movimento este perceptível
movimento de injunção entre interesses públicos mesmo quando, durante parte do período
e privados na São Paulo do período baseia-se estudado, homens de negócio com interesses
em fontes relativas ao sistema de arrematações enraizados nas paragens paulistas foram alijados
das rendas reais e de sua relação com a do principal contrato da Capitania, qual seja, o
concessão de altas patentes militares e mercês, dos Dízimos Reais, o que os obrigou a rearticular
demonstrando a impossibilidade de separar as investimentos e redes de negócios e influências.

Liberdades para reconstruir: isenção fiscal e moratória para a


economia açucareira pernambucana pós-restauração (séculos XVII e
XVIII)

Pedro Botelho Rocha


p.botelho.historia@hotmail.com

Este trabalho propõe investigar os mecanismos neerlandês no sentindo de reconstruir a abalada


socioeconômicos executados pela elite economia agroexportadora do açúcar, em um
pernambucana no período posterior ao domínio cenário precário e de novas perspectivas que
18 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

é a segunda metade do século XVII. Através ambos movidos pelo objetivo de reativar a
dos pedidos de liberdades fiscais e moratórias produção açucareira ao seu estado habitual. Além
concedidas pela Coroa lusitana aos senhores de disso, traçaremos os perfis espaciais e produtivos
engenho, documentos estes contidos no Arquivo dos engenhos, procurando identificar as zonas
Histórico Ultramarino, analisaremos os diálogos mais afetadas pelos conflitos de restauração e pela
entre os poderes centrais e esta elite colonial, crise da açucarocracia na capitania pernambucana.

Duarte da Silva, o banqueiro do rei

Thiago Groh de Mello Cezar


thgroh@terra.com.br

Com a aclamação de D. João, oitavo duque de malhas do Santo Ofício de Portugal. A prisão
Bragança, ao trono português, a união dinástica desses pareceu como forma de represália dessa
com a Espanha chegou ao fim, deixando como instituição ao rei e seu braço direito, Antonio
herança ao novo monarca português uma série Vieira, que ousavam atacar alguns pilares da
de problemas. Dentre eles a necessidade de Inquisição portuguesa, como se verificou com o
obter reconhecimento da nova dinastia junto Alvará de 1649 que liberava os cristãos-novos do
aos outros monarcas europeus e ao papado, sequestro dos seus bens. A prisão dos cristãos-
questão que somente se resolveria por meio da novos pelo Tribunal do Santo Ofício deu origem
diplomacia. A formação do corpo diplomático a processos que nos revelam por vezes detalhes
de João IV contou então com uma mescla de políticos e financeiros da ação diplomática de D.
homens nobres como o Marques de Niza, alguns João IV. Nesse sentido, pretendemos aqui discutir
ligados a Casa de Bragança e com experiência um pouco da participação dos cristãos-novos a
diplomática como Francisco de Souza Coutinho partir da figura de Duarte da Silva na Restauração
e o Padre Antonio Vieira, na linha de frente das de Portugal e sua atuação na diplomacia como
negociações e das formulações de estratégias para financiador da empreita joanina para legitimação
o sucesso internacional da empreitada joanina em de Portugal diante das outras monarquias. Nessa
prol do reconhecimento da nova Casa Dinástica. apresentação pretendemos analisar o papel de
Inseridos nesse meio, fosse, como financiadores Duarte da Silva na Restauração de Portugal e
ou interlocutores junto a comerciantes, apontar para sua importância no financiamento
negociantes e nobres, estava um grupo de da empreitada diplomática de D. João IV.
importantes cristãos-novos, que acabaram nas

Colonização e região: Pernambuco, o norte do Estado do Brasil e o


comércio atlântico. (c. 1711 a c. 1783)

Thiago Alves Dias


thiago.dias@usp.br

A partir da analise das relações econômicas comunicação. Essa discussão nos possibilita
entre Pernambuco, o norte do Estado do apresentar algumas ideias chaves, tais como: a
Brasil e o comércio atlântico português no de que a região colonial se configura a partir do
século XVIII, entendendo essa região como processo colonizador (ocupação, povoamento e
parte da ação colonizadora, é o objetivo dessa valorização das novas áreas) e como essa mesma
SOMUSER ED ONREDAC 28

região se torna um espaço diferenciado, a partir século XVIII, delinea-se em torno dos negócios e
da dominação e articulação entre os modos de negociantes do porto e da alfândega de Recife a
produção, drenagem de recursos e comércio partir do comércio atlântico que associam, com
(interno e externo). Nesse sentido, essa exportação e importação, o norte do Estado do
comunicação demonstra como a formação da Brasil a economia mundo.
região colonial do norte do Estado do Brasil no

Dia 21 de agosto de 2014

Homens de espada e de pena: comandantes de fronteira e controle de


circuitos de comunicação na capitania do Rio Grande de São Pedro
(1790-1812)

Adriano Comissoli
adrianocomissoli@hotmail.com

Investigo a atuação de comandantes militares sua agenda geopolítica. Eram responsáveis


de fronteira do Rio Grande de São Pedro no que pelo recrutamento dos espiões, bem como pela
respeita ao seu perfil sócio econômico e à sua seleção e síntese de informações por meio de
atuação na obtenção e repasse de informações correspondência, fatos que indicam que sua
sobre os territórios espanhóis da bacia do rio da condição de elite se afirmava pela realização de
Prata. Os comandantes formavam o nodo de um proezas militares bem como pela administração
circuito de comunicação que conectava espias de uma infinidade de papéis e de um elaborado
e agentes, que obtinham notícias em cidades serviço de inteligência. Este amálgama justifica
hispano-americanas, com as altas autoridades e reforça a posição destacada destes membros da
da monarquia portuguesa, responsáveis por sociedade sulista.

PODER LOCAL, ELITE E FAMÍLIA COLONIAL NA VILA DE CIMBRES: negociações e


disputas ocorridas nos sertões de Ararobá de Pernambuco (1762-1822)

Alexandre Bittencourt Leite Marques


alexandre.bittencourt@hotmail.com

Durante o período colonial, diversos foram trabalho tem por objetivo compreender, através
os indivíduos que deram vida as instituições de uma série de documentos do legislativo
políticas, religiosas, administrativas e judiciais e do judiciário (cartas, petições, inventários
na América portuguesa. Ao mesmo tempo em post-mortem...), as negociações envolvendo os
que contribuíam para o funcionamento dessas membros das instituições municipais da Vila
instituições de poder no ultramar, essas pessoas de Cimbres e a Coroa portuguesa, bem como
também se utilizavam delas em prol de seus analisar as disputas internas entre as famílias da
interesses particulares. Procurando dar ênfase no elite local pelo controle do poder político da vila
perfil de alguns desses indivíduos, que viveram na e, consequentemente, sua busca de acrescimento
passagem do século XVIII para o XIX, o presente social e material.
38 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

“Afligindo, prendendo, perturbando a todo o povo”: o Capitão-mor


Francisco de Arruda Câmara e as malhas do poder na vila de Pombal
(1770-1800)

Paulo Henrique Marques de Queiroz Guedes


profpaulohenrique@gmail.com

Este trabalho – resultado de uma tese defendida transgressões praticadas pelos potentados e/
em 2013 – analisa os dispositivos do poder ou autoridades formais, pode ser compreendido
político intraelites, suas práticas, no sertão da enquanto conduta pertinente a uma cultura
Paraíba setecentista. O objetivo geral foi estudar político-normativa específica, mas não como
o universo político-normativo, consubstanciado mero resultado de uma ausência ou inoperância
pelos conflitos de poder, usos das justiças e da ordem estatal no sertão. Tratou-se assim
pelas transgressões e/ou desmandos praticados de matizar a ideia de que os potentados locais
pelos “donos do poder”, na segunda metade do agiam de acordo com uma cultura político
século XVIII. Acreditamos que o exercício do normativa irredutivelmente resistente e infensa
poder político, bem como sua relação com as ao formalismo político-jurídico.

Constituição, estrutura e atuação dos poderes locais na comarca de


Vila Rica (1711/1750)

Geraldo Silva Filho


gfilho@uft.edu.br

Objetiva-se a análise e compreensão dos fatores as câmaras municipais foram a instituição de


determinantes para a constituição, estrutura e caráter público que mais presenciaram o assento
atuação dos poderes locais na comarca de Vila de suas elites locais, sendo que diferentemente
Rica, com o enfoque principal direcionado a das câmaras localizadas na costa atlântica, as
atuação de suas câmaras municipais. Dentro câmaras municipais constituídas nos sertões
de uma perspectiva de longa duração busca- brasílicos assistiram a formatação de uma
se estabelecer a gênese da constituição dos elite local distinta, voltada as contradições de
poderes locais na metrópole portuguesa e sua interesses que a economia mineradora criou
transposição para as partes constitutivas do quando de seu advento no ocaso do século XVII.
império colonial português. Na colônia brasileira,

“O POVO NOBRE” E OS LUGARES DA REPÚBLICA: A câmara da vila das Alagoas


e a ampliação dos espaços de representatividade da elite local na
segunda metade do século XVII

Arthur Almeida Santos de Carvalho Curvelo


arthurcurvelo90@hotmail.com

A comunicação tem por objetivo traçar uma através dos espaços de sua representatividade
caracterização da elite local na vila de Santa institucional. Ao longo da discussão, tenta-se
Maria Madalena da Lagoa do Sul no século XVII demonstrar que a fundação do Senado da Câmara
SOMUSER ED ONREDAC 48

aumentou as possibilidades de participação de institucional anteriores à existência da


indivíduos nos espaços da governança local, câmara a fim de demonstrar os impactos da
ao passo que garantiu os meios necessários fundação da edilidade para a construção das
para a formação e reconhecimento de uma relações políticas e das hierarquizações sociais
“nobreza” local. Para isso, fazemos uma breve costumeiras neste espaço.
comparação com os espaços de representação

De terra de Senhores a terra de mascates: A elite de Santa Cruz do


Aracati e o acesso a referenciais de nobreza (1748-1804)

Gabriel Parente Nogueira


parentenogueira@gmail.com

Nos últimos anos a historiográfica sobre a Cruz do Aracati entre os anos de 1748 e 1804.
América portuguesa tem tido no estudo das Destacaremos a identificação de dois perfis de
elites locais um de seus principais enfoques elite na vila neste período (uma elite tradicional
de análise. Em meio a essas discussões, a ligada ao processo de conquista da capitania do
identificação de perfis de elites tradicionais e Siará grande e uma elite mercantil vinculada
mercantis, bem como das estratégias e trajetórias à produção e comercialização de carnes secas
de ascensão social de grupos e indivíduos têm e couros) e de que forma os membros destes
servido como referenciais de análise para muitos dois perfis de elite se relacionaram em meio às
trabalhos. A presente comunicação tem como disputas pelo acesso a referenciais de nobreza e
objetivo apresentar os resultados de pesquisa distinção.
que teve como enfoque a elite da vila de Santa

Engenhos, Açúcares e Negócios na capitania de Pernambuco


(c.1655 –c.1750)

Breno Almeida Vaz Lisboa


brenotriumph@gmail.com

O trabalho procura propor uma resposta para a estavam articulados a uma variada gama de
questão do crescimento do número de engenhos negócios na capitania os quais eram possíveis
na capitania de Pernambuco entre 1655 e 1750. por conta da produção dos engenhos. Também
Tenta explicar porque apesar dos contextos de procuramos colocar o quanto a economia
dificuldades e de supostas crises, ao invés de açucareira através dos negócios que viabilizava
estagnar ou diminuir, o número de unidades era responsável por trazer acumulação interna
produtivas de açúcar se incrementa. De modo que para a capitania e dar vitalidade à economia da
procuramos demonstrar o quanto os engenhos capitania como um todo.
58 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Os “Fiúza do dinheiro”: estratégias familiares, comércio e ascensão


social na Bahia, c. 1690-1750

Cândido Eugênio Domingues de Souza


candido_eugenio@yahoo.com.br

No final do século XVII, os irmãos Nicolau Lopes com homens de negócio e homens bons na Cidade
Fiúza e João Lopes Fiúza despertaram a atenção de Bahia. João Lopes chegou mais tarde, e seguiu
do famoso poeta baiano Gregório de Mattos, que a trajetória do irmão. Ambos casaram-se com as
os imortalizou em seus versos como os “fiúza filhas dos poderosos Monis Barreto. Ao morrer, já
do dinheiro”. Nascidos em Viana do Castelo, familiar do Santo Ofício, João Lopes possuía uma
estabeleceram-se em Salvador na segunda metade das maiores fortunas da Bahia, com dois engenhos e
do século XVII em busca de riqueza e prestígio. mais de 300 escravos. A trajetória dos irmãos Fiúza,
Nicolau foi o primeiro a chegar e, através das exemplo de ascensão social e busca de distinção na
negociações de açúcar e escravos, criou uma rede América portuguesa é o objeto dessa comunicação.

Dia 22 de agosto de 2014

A Caridade no Rio de Janeiro Colonial:


a trajetória dos provedores da Misericórdia

Karoline Marques Machado


karolmarques5@gmail.com

Essa apresentação tem como objetivo demonstrar micro, numa escala local; e um nível macro, escala
a trajetória dos provedores da Irmandade de global – entre pontos distintos estabelecidos na
Nossa Senhora da Misericórdia do Rio de vastidão do Império português. A Irmandade da
Janeiro. Ao investigar as relações estabelecidas Misericórdia e, principalmente, os homens que
por estes homens, creio que possamos encontrar ocuparam o cargo de provedor são, portanto, o
a chave para descortinar as dinâmicas político- ponto de partida dessa pesquisa, que tem como
sociais existentes no Rio de Janeiro colonial e a pretensão compreender as dinâmicas políticas
manutenção da Misericórdia nessa localidade e culturais que não somente compunham, mas
ao longo dos séculos. Proponho, para isto, também “abalavam” as estruturas do Antigo
que pensemos essas trajetórias – indivíduos Regime português nos Trópicos.
e Irmandade – da seguinte maneira: um nível

A UNIVERSIDADE DE COIMBRA E A NOBILITAÇÃO DA ELITE COLONIAL BAIANA

Eduardo José Santos Borges


eduardohistoria@hotmail.com

Esta apresentação analisa a presença dos da elite econômica e política da Bahia formar
estudantes baianos na Universidade de Coimbra um grande contingente dentre os matriculados
durante o século XVIII. A condição de mais na Universidade de Coimbra. Ao analisarmos
importante Capitania da América Portuguesa em o perfil socioeconômico desses estudantes
boa parte do século XVIII possibilitou aos filhos identificamos que Uma elite conservadora e
SOMUSER ED ONREDAC 68

escravista representou a Bahia na instituição judiciárias ou nas instâncias de poder local e


de ensino portuguesa. Os diversos egressos por imperial, os baianos pensaram e agiram como
nós analisados reproduziram em suas práticas verdadeiros vassalos de sua majestade e membros
e carreiras todos os benefícios oriundos da privilegiados de uma comunidade política,
projeção acadêmica. Seja nas diversas instituições econômica e social de dimensão imperial.

A presença dos naturalistas luso-brasileiros na obra Pluto Brasilienses;


memórias sobre as riquezas do Brasil em ouro, diamantes e outros minerais de
Wilhelm Ludwig von Eschewege.

Daniela Casoni Moscato


historiar7@gmail.com

A presente pesquisa analisa, por meio de todas as referências bibliográficas identificadas,


métodos e elementos conceituais da História da como livros, nomes de autores e recorrência da
leitura, como o mineralogista alemão Wilhelm menção. O objetivo é mapear o que estava sendo
Ludwig von Eschewege, que permaneceu lido e citado, destacando os fragmentos nos quais
no Brasil entre 1810 a 1821, apreendeu e se os naturalistas luso-brasileiros são mencionados:
apropriou de conteúdos existentes nos textos trechos de obras, análises de informações,
dos cientistas luso-brasileiros, os quais viajaram críticas e outros. A principal hipótese é a de que
pela América portuguesa no século XVIII. Para os luso-brasileiros, referenciados por Eschewege,
tal, será averiguada a memória de viagem Pluto foram lidos, citados e apropriados de maneira
Brasiliense com a intensão de esmiuçar e ordenar depreciativa e excludente.

FIÉIS VASSALOS: NOTAS SOBRE PENSAMENTO POLÍTICO NO ESTADO DO


MARANHÃO, c.a. 1661-1685

Nivaldo Germano dos Santos


ngermano_g@yahoo.com.br

Esta proposta tem como foco as diversas relações eram a árdua e contínua tarefa de governadores
de Manuel Beckman no Maranhão seiscentista, e bispos. Variavelmente, estes foram os poderes
no “intervalo” entre as revoltas de 1661 e 1684. Ele mais abalados pela revolta de Beckman, revelando
chegou a São Luís logo após o término da primeira a complexidade da reformulação e manifestação
e liderou a segunda, tendo sido consagrada pela do pensamento político no território sob sua
historiografia como uma questão econômica jurisdição. Assim, é possível superar aquela
(contra a Companhia de Comércio e contra os lógica personalista, dicotômica e econômica da
jesuítas). Mas, a partir da análise da documentação revolta por uma mais complexa e mais ampla, na
do AHU e de escritos de época, podemos medida em que incorpora interesses, conceitos
compreender aquele período por outras lentes: a e ideias plurais, e agentes de diferentes origens
sociedade colonial era permeada pela “fidelidade”, e hierarquias sociais e administrativas num
pois não importava o lugar social, geográfico processo político-econômico relativamente longo.
ou étnico das pessoas, todas deviam fidelidade O pensamento político formado naquele tempo
ao rei português. Nesse sentido, a construção, determinou a explosão, o desenvolvimento e o
enraizamento e manutenção de uma “consciência” desfecho da revolta de 1684, criando uma nova
do bem comum entre os povos e a monarquia estrutura de poder na região.
78 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Circuitos políticos e formação ilustrada: notas sobre a educação das


elites governativas no final do século XVIII

Nívia Pombo
niviapombo@gmail.com

A historiografia que discute as trajetórias dos de caso de duas famílias participantes tanto do
capitães-generais no ultramar português tem governo central, quanto das conquistas, permite,
negligenciado o papel desempenhado pela no mínimo, relativizar tais interpretações.
Ilustração na formação educacional das elites A comunicação terá como foco a análise da
governativas. Parte das análises está concentrada correspondência de dois grandes governadores
na afirmação da falência do projeto pombalino de pombalinos, D. Dinis de Melo Castro e Mendonça
canalizar a nobreza para o Colégio dos Nobres e D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, com
ou no desinteresse das casas titulares do Reino o objetivo de revelar as principais preocupações
em matricular seus filhos primogênitos na desses homens com a formação de seus filhos sob
Universidade de Coimbra. No entanto, o estudo as Luzes.

Em busca de privilégios: notas sobre a trajetória do Padre Manoel de


Albuquerque Fragoso no Termo do Cuiabá no século XVIII

Vanda da Silva
vsilva_16@hotmail.com

A presente comunicação tem como objetivo analisar Cáceres. As estratégias utilizadas pelo padre não
a trajetória do Padre Manoel de Albuquerque se diferem das justificativas de outros homens que
Fragoso que se envolveu em uma contenda com os solicitavam privilégios locais e régios em outras
oficias da câmara da vila do Cuiabá após a obtenção capitanias, mas nos permite compreender como
de um privilégio local junto ao governador e capitão- estes pedidos se efetivavam na capitania de Mato
general Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Grosso.

Ascensão social e relações de poder dentro da Ordem Terceira


durante a construção de sua capela

Natalia Casagrande Salvador


naticsalvador@gmail.com

A construção da capela da Ordem Terceira de São administrativa da Ordem e como tal participação
Francisco de Assis, em Mariana, Minas Gerais, influiu no seu status dentro da mesma. Após
durou mais de quarenta anos. Neste tempo, vários analisar os principais cargos envolvidos com a
personagens participaram do processo, influindo empreitada, veremos que alguns irmãos terceiros
nas decisões tomadas e resultado obtido. se destacam sobremaneira desde o começo das
Pretendemos com essa comunicação, explorar a obras e passaram a obter posição mais estimada
forma como os principais indivíduos envolvidos por seus pares, com o decorrer dos anos.
na obra da capela se relacionavam com a mesa
SIMPÓSIO TEMÁTICO 8
Fronteiras e Relações Transfronteiriças na América Colonial

Coordenadores: Sebastián Gómez González (Universidad de Antioquia),


Carlos Augusto Bastos (UNIFAP) & Alírio Carvalho Cardoso (UFMA)

Dia 19 de agosto de 2014

Estratégias de defesa no Estado do Maranhão e Grão-Pará

Rafael Ale Rocha


rafael_ale_rocha@yahoo.com.br

O objetivo desta comunicação é ilustrar as independência frente à Espanha (conflito ocorrido


condições defensivas do Estado do Maranhão entre 1640 e 1668); no ultramar, além das ameaças
e Grão-Pará na segunda metade do século sofridas pelas conquistas do Oriente, as Províncias
XVII (1640-1680). Para tanto, procederemos à Unidas (Holanda) ocuparam quase toda a região
comparação, no que se refere ao contingente das atualmente conhecida como nordeste do Brasil
tropas e às estratégias de defesa, entre esse espaço, e parte do Reino de Angola (guerra ocorrida
o Reino e o restante da América Portuguesa – o entre 1624 e 1654). Procuraremos mostrar, enfim,
Estado do Brasil. Cabe lembrar que o território que a profunda dependência dos contingentes
pertencente à monarquia portuguesa, na indígenas e das tropas milicianas locais – em uma
Europa e no ultramar, era ameaçado por outras região fronteiriça – era especialmente particular
potências europeias: no continente, lutava por sua na região Amazônica.

“La Guerra de la Oreja de Jenkins: historias conectadas en contextos


americanos, 1739-1748”

Sebastián Gomez
Juanse419@hotmail.com

La Guerra de la Oreja de Jenkins, también “historias entrelazadas”, de qué manera um


conocida como la “Guerra del Asiento” fue conflicto generó consecuencias directas en
um conflicto bélico desatado entre España e situaciones políticas, sociales y militares
Inglaterra, y cuyos estallidos en la cuenca del mar en lugares como los Andes, el litoral Caribe
Caribe fueron determinantes para los contextos neogranadino y parte de la Real Audiencia
de amenaza y defensa experimentados en El de Quito, incluyendo la cuenca amazónica
continente americano. En este sentido pretendo noroccidental, espacios evidentemente remotos
analizar, partiendo de la metodología de análisis de lós epicentros bélicos que sirvieron como
consistente en las “historias conectadas” o fachada para esta guerra internacional.
98 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

O problema da fronteira equatorial na época da Monarquia


hispânica (1600-1640)

Alirio Carvalho Cardoso


aliriosj@yahoo.com.br

Esta comunicação tem como objetivo discutir entre luso-americanos e hispano-peruanos,


as expectativas dos moradores do norte da habitantes das regiões limítrofes do Maranhão
América portuguesa e das Guianas a respeito da e Grão-Pará, Vice-Reinado do Peru, Reino da
fronteira entre América lusa e Índias de Castela Nova Granada e mesmo o Caribe. As distintas
durante a chamada União Ibérica. No período interpretações sobre o futuro da integração da
em que vigorou a união dinástica, portugueses e região alimentaram, por outro lado, especulações
espanhóis desta zona de fronteira especulavam sobre o próprio papel dos portugueses na
sobre a validade e o futuro das relações comerciais Monarquia Hispânica.

Índios amigos en una frontera de guerra: las tierras bajas del


Pacífico, siglos XVI y XVII

Juan David Montoya Guzman


juan3176@gmail.com

Los llamados indios “amigos” constituyeron, y marginales, donde la guerra casi nunca dejó
sin duda alguna, la fuerza militar principal que de ocupar el primer lugar de la preocupación
permitió la conquista de diferentes regiones de de los naturales y europeos, la participación de
las Indias y que aseguró la permanencia de los indios “amigos” en las huestes conquistadoras
españoles en las ciudades y villas. Sin embargo, fue permanente. En las tierras del Pacífico, por
como ocurre muy a menudo, si esos casos ejemplo, los aventureros y soldados que llevaron
paradigmáticos ilustran los “grandes” procesos a cabo la conquista de estos confines del imperio
de la conquista y le dan una visión exótica a las hispánico nunca hubiesen podido mantenerse
actuaciones de los primeros conquistadores, sin la ayuda de los indios, y sin ellos, tampoco
también ocultan en cierto modo la realidad resistir ni vencer a los indios de “guerra”. Así
compleja y casi cotidiana de la colaboración pues, el objetivo de esta ponencia es analizar la
militar de indios y españoles en casi toda la complejidad de esta categoría polifacética propia
geografía americana. En provincias fronterizas de las fronteras americanas.

“A respeito de serem os sertões todos portas”: conflitos de jurisdição


na fronteira entre Estado do Brasil e Estado do Maranhão e Grão
Pará na segunda metade do século XVIII

Leonardo Cândido Rolim


leonardorolimhist@gmail.com

Em 1621, ao criar o Estado do Maranhão, Felipe muito embora mantivessem estreitas relações
III dividiu a América Portuguesa em duas comerciais. Mais de um século depois dessa
jurisdições que, por diversas vezes, entraram em divisão, estava se consolidando a conquista dos
conflitos (administrativos, políticos, jurídicos), “sertões do norte” e as diferenças/semelhanças
SOMUSER ED ONREDAC 09

que as áreas de fronteiras proporcionam ficaram partir da sistematização de fontes e o diálogo com
mais latentes. A segunda metade dos setecentos a historiografia sobre o tema, nosso objetivo é
foi um período de intenso reordenamento analisar de que forma os agentes régios na colônia
territorial promovido pelas novas diretrizes participaram dos conflitos territoriais acerca de
iniciadas por Sebastião José de Carvalho e Melo região de fronteira entre as duas jurisdições.
e continuadas por seus sucessores. Destarte, a

Dia 20 de agosto de 2014

Poderes locais na capitania de São Vicente e no Paraguai: reflexões


sobre uma abordagem transnacional (séc. XVI-XVIII)

Fernando V. Aguiar Ribeiro


fvribeiro@gmail.com

Essa comunicação objetiva uma reflexão sobre o bandeirantes paulistas em busca de indígenas
processo de fundação de municípios nos sertões para abastecimento de mercado de mão de obra.
da capitania de São Vicente e suas relações com No entanto, esse contato permitiu que houvesse
o Paraguai. Desde meados do século XVI, os relações entre as elites políticas de Asunción, do
caminhos que ligavam Asunción a São Paulo Guairá e da capitania de São Vicente, conexões
possibilitaram o contato contínuo entre essas essas extremamente importantes no processo
duas partes. Essa conexão propiciou o aspecto de fundação de vilas nos sertões ocidentais do
mais difundido pela historiografia paulista e Império Português.
paraguaia: os ataques às missões jesuíticas pelos

Repensando a fronteira na constituição do pensamento agrário


artiguista

Pedro Vicente Stefanello Medeiros


medeirospvs@gmail.com

O presente trabalho tem por objetivo repensar de redimensionar a noção de fronteira. Desta
a concepção de fronteira na constituição forma, concebemos a mesma na região platina
do pensamento agrário de José Artigas, colonial como um território “entre impérios”,
sintetizado em seu regulamento de terras de uma zona de intercâmbios comerciais e humanos
1815. A historiografia tradicional apresenta as de estatuto político impreciso. Este conceito
questões fronteiriças partindo de um prisma de fronteira nos permite entender o processo
indelevelmente marcado por recortes nacionais. histórico do Prata em um sentido mais amplo,e
Considerando que no Rio da Prata as nações portanto, compreender o desenvolvimento da
foram consolidadas posteriormente ao processo política agrária artiguista.
de independência, sinalizamos a importância
19 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Relações transfronteiriças no vale de rio Branco (1790-1822)

Lodewijk Hulsman
lodewijkhulsman@hotmail.com

O vale do rio Branco funcionou desde a pré- bem sucedida a ponto de gerar um comércio de
história como uma conexão entre a bacia do rio carne salgada com os holandeses no Rupununi.
Amazonas e as bacias do rio Essequibo e Orinoco. Apesar do esforço do governo colonial de
Depois do tratado do Madrid em 1750, a política Portugal, esse comércio continuou mesmo
pombalina procurou estabelecer o domínio depois que as colônias holandesas se tornaram
português nessa região confrontando espanhóis Guiana Inglesa em 1814. A presente contribuição
e holandeses, os quais mantiveram relações procura explorar essas relações transfronteiriças
transfronteiriças com os povos indígenas. Depois no interior das Guianas num período turbulento
da construção do Forte de São Joaquim em 1775, da história colonial da região.
a criação do gado bovino foi introduzida e muito

Diplomacia transfronteiriça em tempos de revolução: o Rio Negro


ibero-americano, 1808-1820

Adilson Júnior Ishihara Brito


clio051@yahoo.com.br

Durante a crítica conjuntura da guerra franco- os contatos com os representantes hispano-


britânica na Europa, as políticas diplomáticas americanos durante a guerra de independência na
das Monarquias portuguesa e espanhola em fronteira do Rio Negro possuíram lógicas ligadas
relação a seus domínios americanos sofreram às complexas redes de interesses particulares
uma acentuada mudança de orientação, estabelecidas localmente. Este trabalho procura
desenrolando-se a partir dos influxos oriundos discutir a dinâmica dessas relações políticas
das revoluções de independência no mundo transfronteiriças que incidiam perigosamente,
hispano-americano. Embora a diplomacia luso- do lado luso-americano, sobre a hierarquia
americana devesse seguir as ordens e provisões política e militar de Antigo Regime.
régias reguladas pelo poder central do Império,

ENTRE O COMPASSO E A ESPADA: CONFLITOS POLÍTICOS E CIENTÍFICOS NA


AMÉRICA MERIDIONAL NA DÉCADA DE 1750

Millena Souza Farias


millena.msf@gmail.com

O breve estudo que se segue narra acontecimentos Tratado de Madrid selado em 1750. Durante toda
muito particulares do período colonial do Brasil: a década de 50 os demarcadores portugueses
a relação entre os portugueses, espanhóis e liderados pelos engenheiros-militares Miguel
indígenas durante as demarcações de limites da Ângelo Blasco, José Fernandes Pinto Alpoim
América Meridional enviadas para a execução do e José Custódio de Sá e Faria, estiveram em
SOMUSER ED ONREDAC 29

contato direto com as partidas espanholas e os Assim, este trabalho tenta esboçar as estratégias
índios que habitavam a região da bacia do Rio destes homens traçadas nesse contexto que se dá
da Prata. Muito há o que se falar sobre as trocas numa área de fronteira e que engloba não só as
que ocorreram ao longo das incursões pelos demarcações, mas também a Guerra Guaranítica
rios e do trabalho de campo dos demarcadores. e a conjuntura política ibérica na década de 1750.

Dia 21 de agosto de 2014

A fronteira Brasil-Guiana Francesa do tratado de Utrecht à


neutralização de 1841: Significação de uma fronteira colonial na
Amazônia

Stéphane Granger
granger.stephane@orange.fr

O objetivo desse trabalho, cruzando fontes tanto a França e Portugal e mais tarde o Brasil, e até
francesas como brasileiras, é de mostrar a visão uma invasão da Guiana Francesa pelas tropas
da Guiana Francesa para Portugal e o Brasil luso-brasileiras de 1807 a 1817. Esse trabalho
colonial, desde o tratado de Utrecht (1713), ao assim pretende mostrar por que os portugueses
mesmo tempo reconhecimento da presença devolveram esse território aos franceses apesar
francesa na Amazônia setentrional por parte do sucesso da conquista, e o que representava
das autoridades portuguesas, e vontade de depois para um Brasil recentemente emancipado
isolá-la nas relações econômicas oficiais, até a que também percebeu o aspeto estratégico da
neutralização de 1848, devido à reclamação dos proximidade do rio Amazonas e da sua futura
franceses. Pois a imprecisão da fronteira assim importância internacional.
definida provocou 2 séculos de conflito entre

A zona de fronteira no Vale Amazônico: os comissários de Espanha e


Portugal no tempo das demarcações (1750-1799)

Wesley Oliveira Kettle


wesleycx@yahoo.com.br

Ao longo do século XVIII, cresceram as tensões relações entre as comissões demarcadoras de


diplomáticas em relação aos domínios de limites do norte – do lado espanhol e português
Espanha e Portugal na América. Em 1750, foi – destacando a produção de conhecimento de
assinado o Tratado de Madri com o objetivo de seus membros em relação à natureza do Vale
solucionar questões como essa. Nesse contexto Amazônico. Abordaremos como as trajetórias e
foi contratado pelos reinos ibéricos um grupo inter-relações dos personagens envolvidos nos
de “comissários inteligentes” para a realização permitem perceber suas estratégias de ascensão
dos trabalhos de demarcação de fronteira nessa social na zona de fronteira.
região. Esta comunicação pretende analisar as
39 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

PELO RIO TOCANTINS ABAIXO, ATÉ BELÉM DO GRÃO PARÁ AS NARRATIVAS DO


RIO TOCANTINS NOS DOCUMENTOS COLONIAIS

Deusdedith Alves Rocha Junior


deusdedith.junior@uniceub.br

Esta comunicação é uma proposta de entendimento dos sentidos que produziram e


encaminhamento da pesquisa de doutorado produzem os diversos discursos, que no caso do rio
que desenvolvemos e que toma o rio Tocantins Tocantins inclui relatos de jesuítas, bandeirantes
como objeto de estudo, especulando sobre e outros narradores anônimos ou oficiais do
as possibilidades de uma história dos rios, Estado colonial. Natureza, fronteira e espaço
considerando os caminhos trilhados pela encaminham os sentidos de territorialidade
historiografia brasileira. Nessa perspectiva, a portuguesa nesses relatos, resvalando-se para
compreensão das paisagens e territorialidade a cartografia do século XVIII, como discursos
construídas sobre o rio conduzem para o imaginados sobre o rio Tocantins.

Limites imperiais e populações indígenas no vale amazônico: alianças e


conflitos durante a execução do Tratado de Santo Ildefonso
(1777-1790)

Carlos Augusto Bastos


carlosa@hotmail.com

No decorrer do século XVIII, as políticas de a defesa das fronteiras e para o incremento das
demarcação dos limites territoriais dos Impérios atividades econômicas. Nessa comunicação, serão
ibéricos na América voltaram-se não apenas para abordadas as ações dos oficiais demarcadores
o controle sobre os espaços confinantes, mas voltadas para as populações ameríndias locais
também sobre as populações nativas. No caso durante a execução do Tratado de Santo
do vale amazônico, autoridades portuguesas Ildefonso nos limites da Capitania do Rio Negro
e espanholas procuraram aliar-se aos povos com os domínios coloniais espanhóis. Tais ações
indígenas que habitavam as zonas limítrofes, alimentaram conflitos entre os representantes
a fim de colocar sob a soberania monárquica das duas Coroas, influenciando igualmente a
contingentes populacionais importantes para configuração do espaço fronteiriço.

A indefesa Província de Mainas: o desinteresse da Coroa Espanhola


pelas fronteiras do Marañón na segunda metade do século XVIII

Roberta Fernandes dos Santos


robertafdsantos@gmail.com

Desde meados do século XVII, os portugueses fronteiras preliminarmente estabelecidas pelos


iniciaram um processo de expansão na região Tratados de 1750 e 1777 - primeiramente os
amazônica, invadindo os territórios espanhóis jesuítas, e depois outras autoridades coloniais
da Província de Mainas. Particularmente no denunciaram ao rei Carlos III essa situação,
século XVIII - no contexto da demarcação das exigindo providências para que se pudesse
SOMUSER ED ONREDAC 49

conter o avanço português naquela área. Nosso execução de uma política de defesa das fronteiras
objetivo é mostrar que, embora as autoridades de Mainas, refletindo a falta do interesse real por
americanas tenham alertado a coroa sobre a aquela região periférica do Império e provocando
importância estratégica daquelas terras, não a desvantagem espanhola no processo de
houve - por parte da monarquia espanhola – a demarcação dos limites com o Império português.

Dia 22 de agosto de 2014

Os Índios na ‘‘Alagoas Colonial’’: O Caso da Querela de Santo Amaro

Felipe da Silva Barbosa


felipe_palmeira_19@hotmail.com

Esse trabalho propõe um debate acerca de uma vivenciadas por indígenas e autoridades
disputa territorial localizada ao sul da antiga portuguesas na tessitura da trama colonial.
Capitania de Pernambuco. Por meio desse caso, Culminando com a definição de um espaço de
registrado em Cartas do Conselho Ultramarino, aldeamento que permite notar as definições
pode-se observar a atuação de diversos atores políticas da organização social das aldeias
sociais: Militares, religiosos e Indígenas, acerca da indígenas ao Sul da Capitania, e como este fator
posse de terras situadas no território da aldeia de contribuiu para a definição e desenvolvimento
Santo Amaro. Por meio deste processo, podemos de um espaço singular no interior do universo
perceber as diversas relações desenvolvidas/ pernambucano.

Fronteira oeste brasileira: uma questão conceitual

Maria do Socorro Castro Soares


helpsoares@yahoo.com.br

Pensando em construir um texto que esclarecesse toma-se como eixo de análise a faixa fronteiriça à
melhor os emaranhados políticos que permearam então capitania de Mato Grosso e as possessões
atos e fatos no cotidiano dos habitantes da capitania espanholas em terras da América, na primeira
de Mato Grosso, região fronteiriça do Centro Oeste metade do século XIX. O frenesi dessas aproximações
brasileiro, buscou-se rastrear procedimentos que nos permite questionar a função das fronteiras
revelassem significados de uma espacialidade geopolíticas enquanto forças de representação de
entremeada de enfrentamentos e disputas pela uma dada nacionalidade, ou ainda, como marcos
manutenção ou aquisição do poder. Nesse aspecto criados para refletirem o poder de um Estado.
59 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Considerações sobre a produção da fronteira oeste colonial entre os


impérios Ibéricos: segunda metade do século XVIII

Cléia Rodrigues de Oliveira


cleia32@yahoo.com.br

O projeto de conquista e de definição da marcada por vários tipos de trocas e circulação


fronteira Oeste da América portuguesa permite de pessoas. Limites que foram sendo definidos,
algumas considerações relevantes, pois o estudo também, por importantes rios utilizados como
aqui proposto busca tratar desta fronteira em rota comercial, e ainda, uma fronteira viva,
algumas de suas especificidades. A fronteira nativa e religiosa. Entretanto, os elementos
em estudo é a que envolveu em seu passado preponderantes na definição dos limites foram os
colonial os impérios espanhol e português na tratados do século XVIII, sem que perdessem em
América do Sul. Devemos ressaltar que era uma importância a ocupação de espaços geográficos e
fronteira ainda imprecisa, móvel, permeável e as representações religiosas e nativas.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 9
Impérios Ibéricos no Antigo Regime: política, sociedade e cultura

Coordenadores: Francisco Carlos Cosentino (UFViçosa) & Mônica da Silva Ribeiro (UFRRJ)

Dia 19 de agosto de 2014

O olhar de três luso-africanos na “Guiné de Cabo Verde”: suas vidas e


experiência em seus relatos de viagem (séc. XVI e XVII)

Beatriz Carvalho dos Santos


cs_beatriz@hotmail.com

Tendo em vista as discussões sobre o mundo da Costa da Guiné e em suas obras descreveram
Ultramarino no período das navegações a convivência com os africanos da Senegâmbia. A
portuguesas, este trabalho objetivará posição desses homens no universo do Ultramar,
promover uma análise sobre a vida e obra de suas relações com coroa portuguesa e posição
três caboverdianos que deixaram, em forma entre africanos da região são alguns dos pontos a
de relatos de viagem, sua experiência vivida serem discutidos neste trabalho, que apresentará
na região da Guiné. São estes homens André algumas reflexões e possibilidades ainda a serem
Almada, André Donelha e Francisco de Lemos exploradas nos escritos dos autores, assim como
Coelho, nascidos nas Ilhas de Cabo Verde, que os diferentes aspectos de suas vidas passíveis de
por décadas se inseriram nas redes de comércio se inferir dessas fontes.

Instruções reais, advertências vice-reais: fontes, temas e


possibilidades analíticas da política na Nova Espanha (séc. XVI)

Anderson Roberti dos Reis


dosreiss@gmail.com

Este trabalho pretende apresentar e discutir a Coroa. Interessam-nos particularmente nesta


as características principais de um importante comunicação as instruções emitidas durante
conjunto documental para os pesquisadores o reinado de Felipe II (1556-1598) para o
interessados em conhecer as dinâmicas, temas bom governo da Nova Espanha, bem como as
e linguagens políticas presentes nas relações advertências e memórias dos vice-reis nesse
entre a Monarquia Espanhola e seus domínios mesmo período. Que matérias de governo e
americanos. Trata-se das instruções reais justiça eram prementes para o rei? Como ele as
enviadas aos vice-reis da Nova Espanha e Peru comunicou? Como os vice-reis relataram esses
por ocasião de sua indicação, e das memórias temas? Essas são algumas das questões que
e advertências que estes deixavam para seus orientam este trabalho.
sucessores, mas que também deveriam informar
79 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Vitoria e as Leyes Nuevas em meados do século XVI

Rodrigo Henrique Ferreira da Silva


silvarhf@gmail.com

Desde a chegada dos primeiros europeus à solucionar os problemas das Índias Ocidentais
América em 1492, a colonização espanhola e das populações indígenas americanas. Sendo
baseou-se em modelos jurídicos tradicionais do assim, o trabalho tem como objetivo entender
período medieval. Este sistema jurídico recebeu as teses do frade Vitoria como pioneiras para a
críticas no decorrer das primeiras décadas do formulação do corpo das Leyes Nuevas. Para tanto,
século XVI, no qual diversas leis foram criadas em será discutido o esforço do Estado espanhol
reconhecimento aos direitos indígenas. Uma delas em instituir um modo de governar “Escolástico
foi as Leyes Nuevas, de 1542, inspirada nas ideias Tardio” em seus domínios ultramarinos, através
do dominicano Francisco de Vitoria, que propõe destas Leyes, apropriando-se das teses de Vitoria,
novas jurisdições, baseadas no tomismo, para com base no Direito Natural.

A narrativa como contra-ataque: As Memórias Diárias de la guerra del


Brasil e as lutas políticas da família donatarial de Pernambuco
(1644-1654)

Kleber Clementino da Silva


kleberclementino1@gmail.com

A passagem neerlandesa pelo Atlântico sul, no del Brasil, do então donatário da capitania de
século XVII, resultando na conquista manu militari Pernambuco, Duarte de Albuquerque Coelho,
de enclaves ibéricos na América e na África, e, publicadas em Madri em 1654 em seguida
mais tarde, em sua restauração pelas armas lusas, censuradas e proibidas. Pretende-se, neste
teve como uma de suas consequências menos artigo, examinar o terreno político conflituoso
examinadas pela historiografia a proliferação de em que emerge esta obra, em sua tentativa de
narrativas daquela experiência, sobretudo no defender os feitos e a memória do general Matias
período 1644-1679. Dentre elas, uma das mais de Albuquerque, irmão do autor, duramente
significativas são as Memórias diarias de la guerra atacado em Castela, por adversários.

As representações do sertão no olhar de Antônio Rolim de Moura

Loiva Canova
canovaloiva@gmail.com

Esta comunicação tem por objetivo apresentar pluralidade de significados que compõem
algumas representações que Antônio Rolim um conjunto de representações expressas em
de Moura atribuiu à paisagem no interior da juízos, valores, intenções e projeções. Para
América portuguesa, mais especificamente discussão do conjunto de imagens produzidas
sobre a capitania de Mato Grosso, lugar pelo Governador, foi pesquisada sua
que governou entre os anos de 1751 e 1764. correspondência oficial, atendendo ao período
O sertão e sua população ganharam uma em que esteve à frente da administração da
SOMUSER ED ONREDAC 89

capitania. Deste modo, compreendem-se em para a formação do imaginário dos lugares e


parte, como suas representações contribuíram pessoas.

Espaços de Negociação: Omagua e Jesuítas e o discurso espanhol no


século XVIII

Rosemeire Oliveira Souza


rose.historia@terra.com.br

O presente texto faz parte de uma pesquisa interétnicas no período do século XVIII. Serão
que tem como foco as populações Omaguas no utilizados como fonte o Diário do Padre Samuel
Alto Amazonas nos séculos XVI a XVIII. Estas Fritz e uma carta manuscrita do padre Juan
populações ganharam destaque na documentação Baptista Sanna, que substitui o padre Fritz por
sobre a Amazônia Colonial figurando tanto em ocasião de sua nomeação como superior de todas
escritos portugueses quanto espanhóis. Assim as missões do Marañon no ano de 1704. Ambos os
o presente texto pretende discutir o papel de religiosos foram representantes da Companhia
lideranças Omagua nas missões de Maynas, de Jesus, a serviço da coroa espanhola.
espaço de conflitos, negociações e relações

A ESCRITA DA HISTÓRIA INDIANA POR MEIO DA CRÔNICA FRANCISCANA

Thiago Bastos de Souza


toca98@hotmail.com

A sistemática forma de deslocamento e cargo de cronista mayor de Índias,  possibilitou a


as criações socioculturais provocadas/ confecção do que acreditamos ser um campo
orquestradas pelas monarquias ibéricas, historiográfico Indiano, que tem entre suas
em especial a espanhola, direciona nossas características os registros produzidos entre
atenções para o principal veículo de expressão o século XVI e XVIII. Para tal exercício,
e comunicação entre a centralidade monárquica observaremos a crônica dos Franciscanos
e suas “ocidentalizadas” “duplicatas” pelo Novo Geronimo de Mendieta, situado na Nova
Mundo, a crônica colonial. Acompanhando España, e de Pedro Aguado, na Nova Granada
o historiador Francisco Esteve-Barba, no século XVI, entendendo como Boixo, que há
acreditamos que a administração colonial uma convecionalidade cultural que conforma esses
espanhola, por meio da oficialização do textos. 

ALTERAÇÕES E DESLOCAMENTOS NOS ESCRITOS SOBRE A ESCRAVIDÃO NA


ACADEMIA REAL DE CIÊNCIAS DE LISBOA (1779 – 1826)

Diego Andrade Bispo


andradedgo@gmail.com

No final do século XVIII e início do século XIX, Real das Ciências de Lisboa asseverou em cartas,
um conjunto de letrados luso-brasileiros de Memórias e Discursos Econômicos – produzidos
formação ilustrada e vinculados à Academia no Brasil e em Portugal – a necessidade de se
99 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

repensar o governo dos escravos, com o objetivo a revisão das relações sociais no cotidiano
de promoverem o melhoramento econômico. em cativeiro, condições de vida dos escravos,
Para tanto, construíram ideais de cativeiro que discussões sobre a humanidade do cativo e visões
nem sempre partiam dos mesmos parâmetros. sobre a negatividade ou não da escravidão aos
Nesse sentido, meu propósito aqui é analisar de interesses do Estado, com o objetivo de entender
que forma esses escritos trataram de temáticas as permanências e as rupturas na maneira de
como o aprimoramento da economia colonial, conceber o governo dos escravos.

A ilegitimidade da escravidão indígena:


Vasco de Quiroga e a Información en derecho (1535)

Geraldo Witeze Junior


woitze@gmail.com

Vasco de Quiroga foi um jurista espanhol enviado o rei espanhol, a Información en derecho, em que se
ao México em 1531 para presidir a Segunda Audiencia manifesta contra essa decisão. Neste trabalho
de Nueva España. Posteriormente foi nomeado procuramos explorar os argumentos de Quiroga
o primeiro bispo da região de Michoacán, a contra a escravidão, dando destaque para a
oeste de Tenochtitlán, antiga capital mexica já demonstração da sua ilegitimidade jurídica.
então conquistada pelos espanhóis. Devido ao Através desses argumentos podemos entender
seu trabalho na Audiencia, teve contato com os não só o debate de ideias na Nueva España do século
problemas resultantes da conquista, das queixas XVI, mas também conhecer um pouco mais sobre
dos índios e de seus pedidos por liberdade. as práticas indígenas, como a do aluguel de obras
Em 1535, em face da nova permissão para a a perpetuidade – entendida equivocadamente
escravização dos índios, escreve um parecer para pelos espanhóis como equivalente à escravidão

Dia 20 de agosto de 2014

Homens bons em uma capitania bárbara: a Câmara de Natal na segunda


metade do século XVII

Carmen Margarida Oliveira Alveal


carmenalveal@uol.com.br

O trabalho pretende analisar as relações de poder Guerra dos Bárbaros. A câmara da cidade do
na Capitania do Rio Grande por meio da atuação Natal, único poder municipal em toda a capitania,
dos oficiais da Câmara de Natal na segunda por meio da atuação dos seus oficiais, teve papel
metade do século XVII. Após a Restauração, preponderante na tentativa de estabelecer
a coroa portuguesa passou a incentivar a políticas que levassem o conflito ao fim. O estudo
colonização da capitania de forma mais efetiva, pretende analisar quem eram esses homens bons
resultando em uma maior interiorização, o que e quais os principais assuntos tratados nesse
ocasionou um maior embate dos novos moradores contexto conturbado de ocupação do interior e as
com os grupos indígenas, culminando na chamada dificuldades enfrentadas pelo Senado da Câmara.
SOMUSER ED ONREDAC 001

O Rio ‘das’ Amazonas e o Rio da Prata na Cartografia Quinhentista:


espaços de fronteira da América Portuguesa

Lucas Montalvão Rabelo


lukas.lmr@hotmail.com

Este trabalho busca interpretar, nos mapas de ser natural, essa identificação valia-se, entre
quinhentistas portugueses, a delimitação das outros motivos, da dificuldade na determinação
regiões pertencentes à Portugal e a Espanha da longitude, para estabelecer os interesses da
na América conforme acordado no Tratado de Coroa portuguesa. Essa perspectiva de estudo
Tordesilhas (1494). Assim, no século XVI, ocorreu adota as concepções formuladas por Brayan
uma associação entre a linha divisória imaginária Harley, historiador da cartografia, e empregadas
e a configuração continental da América do Sul. por Enali De Biagge, no estudo da formação do
O Rio ‘das’ Amazonas e o Rio da Prata passavam território brasileiro. Assim, compreendem-se os
a serem identificados como pontos extremos mapas não como reflexos do mundo conhecido,
da divisão entre ambos os reinos. Mas, longe mas produtos de interesses sociais.

A Câmara da cidade do Natal (1720-1750): o cotidiano administrativo de


uma câmara periférica

Kleyson Bruno Chaves Barbosa


k_b_chaves@yahoo.com.br

Na historiografia sobre as Câmaras municipais, inicial, relacionando com estudos referentes


tem-se enfatizado as que foram mais relevantes às outras câmaras periféricas, contribuindo
no contexto do Império Ultramarino assim para a discussão historiográfica sobre
Português. Entretanto, trabalhos recentes tem a governabilidade no Império Ultramarino
procurado compreender como era a dinâmica Português. Buscar-se-á analisar a frequência dos
administrativa das câmaras localizadas em oficiais da Câmara, os assuntos mais discutidos
regiões periféricas. Portanto, este artigo tem por nos termos de vereação, assim como discutir a
intuito compreender a dinâmica do cotidiano questão do poder dessa instituição com outras
administrativo da Câmara da Cidade do Natal, instâncias do período colonial.
entre os anos de 1720-1750, sendo uma pesquisa

Administração colonial na câmara de Vila do Sabará na primeira


metade do século XVIII

Mariana de Oliveira
mdoliveira91@gmail.com

Este trabalho faz parte de um projeto de Vila do Sabará, bem como sobre as redes de
pesquisa ainda em desenvolvimento que tem comunicação política entre Portugal e a mesma.
como ponto de partida a indagação sobre a Nesse sentido, objetiva-se entender, como foi
existência de espaços de autonomia exercidos possível estabelecer um espaço de flexibilidade
por parte da administração local no Império e negociação por parte das câmaras municipais,
Português, representada aqui pela Câmara de mesmo num contexto de rigidez das políticas
101 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

e atitudes dos órgãos administrativos centrais demonstrar conflitos relativos às questões


da Coroa. Para tanto, serão utilizados Livros tributárias, aliados com os documentos avulsos
de Conta de Receita e Despesa, da primeira do Arquivo Histórico Ultramarino relativos à
metade do séc. XVIII, como verificadores para administração da vila.

A natureza da Amazônia colonial e suas “boticas bem providas”


durante as epidemias da primeira metade do século XVIII

Claudia Rocha de Sousa1


claudiarochahistoria@hotmail.com

O presente artigo aborda as questões referentes ausência de médicos, em que os religiosos,


ao debate da história e natureza, a dificuldade especialmente os jesuítas, tornavam-se médicos
em definição do conceito de natureza, a visão e da alma e do corpo, além da utilização dos
relação do homem com o meio natural. Por meio saberes nativos e dos recursos naturais da região
da ocorrência das epidemias que grassaram na amazônica. Como fonte documental utilizo o
Amazônia Colonial na primeira metade do século Arquivo Histórico Ultramarino, Arquivo Público
XVIII, seus efeitos para a sociedade, sua elevada do Estado do Pará e as obras do padre João Daniel,
mortandade, principalmente entre os indígenas e dos cientistas Charles Marie de La Condamine
que eram a fundamental força de trabalho desse e Carlos Frederico von Martius.
período; a problemática das práticas de cura,

Curado e os feridos de Olinda:


a câmara entre a conivência e o conflito (1675-1700)

Aledson Manoel Silva Dantas


aledsondantas@hotmail.com

A câmara de Olinda, em 1676, acusou Antônio No ano seguinte, porém, a câmara de Olinda
Curado Vidal de causar a “inquietação” da lamentava o fim do mandato do Governador,
“nobreza” das capitanias de Pernambuco e relatando o seu zelo com a justiça e seu
Paraíba, assassinando até os próprios familiares compromisso com a “quietação” dos povos. Por
e expropriando terras por meio da violência. meio da análise desse conflito e, principalmente,
A instituição municipal alegava, ainda, que o de sua resolução, buscar-se-á analisar elementos
Governador de Pernambuco D. Pedro de Almeida da cultura política dos grupos que disputavam a
estava em conluio com Vidal, adotando uma hegemonia na capitania de Pernambuco.
postura conivente com a violência na capitania.

O Direito de Almotaçaria na Província do Rio Grande de São Pedro


(Vila de Nossa Senhora do Rio Pardo – 1811/ c. 1830)

Ricardo Schmachtenberg
cado.rs@ibest.com.br

Nas últimas décadas tem-se aprofundado os a governação, os poder locais, as câmaras


debates e as pesquisas sobre a administração, municipais, as redes e as relações sociais no
SOMUSER ED ONREDAC 201

Brasil colonial. Este trabalho propõe apresentar dando um recorte preciso da ação da almotaçaria.
a importância do Direito de Almotaçaria no Era de responsabilidade do juiz almotacé, cargo
processo de administração de uma vila no Brasil nomeado pela câmara municipal, colocar em
Meridional nas primeiras décadas do século XIX. prática, a partir das posturas municipais e seus
Entende-se por direito de almotaçaria, o direito regulamentos, essas ações, tais como: controlar
de administrar a cidade ou vila, cujas atribuições as atividades comerciais, os pesos e medidas,
básicas (mercado, sanitário e construtivo) eram as edificações urbanas, a higiene pública e a
advindas dos problemas do viver em cidade, mediação de conflitos vicinais.

Capitania de Mato Grosso: índios e colonizadores no século XVIII

Cristiane Pereira Peres


cristinapereira@hotmail.com

O trabalho analisa a relação entre indígenas e e APMT (Arquivo Público de Mato Grosso) e
colonizadores na Capitania de Mato Grosso obras teóricas, apresentar o lugar ocupado por
no século XVIII, a partir das expedições esses povos no universo colonial. O estudo busca
colonizadoras e os conflitos decorrentes. apresentar que os povos indígenas ao contrário
Apresentando como os índios se organizaram do que está arraigado no imaginário popular,
na América Portuguesa frente ao projeto não ficaram passivos frente aos ataques sofridos
colonizador. Buscando por meio dos documentos neste período, mas diante da colonização, foram
oficiais do AHU (Arquivo Histórico Ultramarino) sujeitos ativos e articuladores.

Dia 21 de agosto de 2014

Guerra, redes de poder local e governo das conquistas: as estratégias


de inserção e promoção social de Alexandre de Sousa Freire (c.1670-1740)

Fabiano Vilaça dos Santos


fabianovilaca@gmail.com

A comunicação analisa a trajetória de Alexandre Maranhão (1728-1732). Na abordagem desses


de Sousa Freire, filho segundo de uma Casa da percursos são apreciados: o valor dos feitos de
nobreza senhorial portuguesa, considerando os Sousa Freire em África; suas relações com grupos
seus deslocamentos no Real Serviço e as relações de poder na Bahia, onde foi Mestre de Campo,
de poder que possibilitaram sua ascensão social. Provedor da Alfândega e Provedor da Santa
Seguindo a tradição familiar de serviços na Casa da Misericórdia; as tentativas de obter
América e no norte da África, pelejou em Mazagão, distinções, como a carta de Familiar do Santo
deixou temporariamente as armas para estudar Ofício, e o exercício da governação. Neste caso,
Teologia, casou-se com uma representante da acredita-se, no intuito de contornar dificuldades
elite baiana e encerrou a carreira no cargo de financeiras por meio de eventuais mercês.
governador e capitão-general do Estado do
301 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Os governadores gerais e os governos das capitanias:


governação no Estado do Brasil, 1654-1681

Francisco Carlos Cosentino


fcosentino@ufv.br

Essa comunicação tem por objetivo analisar governantes das capitanias – governadores
a gestão do Estado do Brasil reconstruindo das capitanias principais e capitães mores das
as relações políticas desenvolvidas entre os capitanias anexas –, reconstruir a ação governativa,
governadores gerais e os governos das capitanias. dimensionar poderes dos governadores gerais e
Partindo do pressuposto de que cabia ao governo dos governantes das capitanias, identificando os
geral a governação da conquista como um todo, temas tratados e as fontes de conflito entre essas
já que era ele, o representante do monarca no autoridades políticas da conquista americana.
Estado do Brasil, detentor de regalias transferidas Por fim, esse estudo analisa o período que se
a ele pelo rei, cabia a esse governador geral gerir a estende da expulsão dos holandeses do Nordeste,
conquista e, para realizarem a governação dessa restaurando a integridade do Estado do Brasil,
parte do império, os governadores desse período até a formulação de um regimento para o governo
enfrentaram uma conjuntura difícil para o reino e geral e para as capitanias num momento em que,
para a conquista seja pelas pressões decorrentes feita a paz com a Espanha e consolidada a dinastia
das guerras e ocupações estrangeiras, seja, de Bragança, a monarquia portuguesa passa a ter
particularmente, pelas indefinições existentes melhores condições para ordenar, de acordo com
quanto as jurisdições dos diversos poderes o momento, a ordem política da sua conquista
atuantes na governação do Estado do Brasil. americana que, juntamente com o Atlântico Sul,
Pretendemos, por meio da correspondência ganhava cada vez mais importância no império
trocada entre os governadores gerais e os português.

O governo geral do Estado do Brasil e a organização da insurreição


pernambucana (1642-1645)

Hugo André Flores Fernandes Araújo


hugoaffa@hotmail.com

No seguinte artigo faremos uma breve reflexão governo geral fez uso dos poderes delegados pela
sobre a relação entre o governo geral do Estado do Monarquia lusa, observando como o governador
Brasil e a insurreição pernambucana. Analisaremos geral geria a defesa do Estado do Brasil e o socorro
o período compreendido entre a vinda de António à Pernambuco. Objetivamos com isso entender
Teles da Silva (1642), primeiro governador geral a dinâmica governativa deste período histórico,
nomeado por D. João IV, e a deflagração da onde a presença estrangeira em Pernambuco
insurreição pernambucana (1645). Objetivamos interferia no cotidiano da governação, uma vez
expor e analisar as estratégias adotadas para que esta representava uma ameaça ao domínio
a realização da insurreição, que contava com político e econômico da dinastia dos Bragança no
apoio velado de D. João IV. Analisaremos como o Estado do Brasil.
SOMUSER ED ONREDAC 401

Entre a lei a realidade: a administração de Luís da Cunha Meneses na


Capitania de Goiás (1778-1783)

Alan Ricardo Duarte Pereira


alanricardoduarte@hotmail.com

As Cartas Chilenas, escrita pelo ouvidor de Vila problemas na área administrativa, fiscal, militar,
Rica, Tomás António de Gonzaga, acabou entre outros. Para tanto, o presente trabalho tem
notabilizando uma figura importante na como objetivo fulcral analisar a atuação política
Capitania de Minas Gerais, o Fanfarrão Minésio – práxis política – de Luís da Cunha Meneses na
ou, mais exatamente, o governador Luís da Capitania de Goiás destacando-se, entre outros
Cunha Meneses. Antes de ir para a Capitania de fatores: a tentativa de reanimar a mineração,
Minas Gerais em outubro de 1783, Luís da Cunha a situação militar com a reorganização das
Meneses administrou, de 1778 a 1783, a Capitania companhias e a criação de outras; reestruturação
de Goiás que apresentava, nesse período, certa urbanística e pacificação de tribos indígenas.
instabilidade e convivia, diuturnamente, com

Repartição do Sul e o lugar do Rio de Janeiro:


configurações territoriais e sociais

Mônica da Silva Ribeiro


monicaribeiro81@gmail.com

O presente trabalho propõe-se a estudar as importância do Rio de Janeiro, através de uma


divisões governativas estabelecidas no Estado do análise de seu desenvolvimento socioeconômico
Brasil em três períodos: de 1572 a 1577; de 1608 e das mudanças político-administrativas sofridas
a 1612; e de 1658 a 1662, que partiram a América pela cidade nesses períodos, uma vez que
portuguesa em dois governos gerais, a saber, das essa área vai se tornando um local estratégico
capitanias do norte, com capital na Bahia; e das fundamental para a concretização dos objetivos
capitanias do sul, tendo o Rio de Janeiro como da Coroa portuguesa no Atlântico Sul.
sede. Nesse contexto, pretendemos estudar a

A correspondência do conde de Alvor no Estado da Índia (1682-1686)

Marilia Nogueira dos Santos


marilia.nogueira.santos@hotmail.com

O trabalho em questão busca privilegiar a rei recruta e remunera os membros dessa elite.
correspondência de Francisco de Távora, o Neste sentido, buscaremos mapear e percorrer
conde de Alvor e, posteriormente, presidente do as trajetórias dos principais nomes citados na
conselho ultramarino, quando vice-rei da Índia. correspondência do vice-rei, de modo a perceber
Fruto de pesquisa de pós-doutorado ainda em de que forma se deu o jogo político no Estado
desenvolvimento, a presente proposta tem por da Índia. Buscaremos também mapear as redes
objetivo analisar com mais atenção a sua relação das quais estes personagens e o próprio vice-rei
com a elite Goesa a partir da forma como o vice- faziam parte.
501 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Da arte de governar com os santos na monarquia pluricontinental


(c.1630-c.1760): algumas notas de pesquisa

Vinicius Miranda Cardoso


viniciusmiranda@ufrj.br

Este trabalho pretende levantar algumas questões o centro monárquico e periferias também na
acerca dos possíveis usos político-religiosos do apropriação de rituais, discursos e memórias que
culto de certos santos católicos por agentes e buscavam propiciar a “proteção” celestial, naquilo
instituições do poder no “império português”, que teria se constituído então como elemento
entre os séculos XVII e XVIII. Parte-se da hipótese relevante para o exercício legítimo da governança
de que a cultura política da segunda escolástica, e da gestão do “bem comum” nas monarquias do
que sustentou largamente as concepções sobre Antigo Regime católico – não só para os poderes
o poder no mundo ibérico deste período, teria eclesiásticos, mas também para os poderes leigos
possibilitado a construção de vínculos entre centrais e locais.

As capitanias de Itaparica e Tamarandiva e do Paraguaçu:


administração e poder na América Portuguesa (1552-1592)

Alexandre Gonçalves do Bonfim


alexandrebonfim90@gmail.com

A pesquisa aqui apresentada tem como objeto da administração colonial, essa pesquisa pretende
as capitanias hereditárias de Itaparica e discutir como a instalação das donatarias em tela
Tamarandiva e do Paraguaçu, convertidas de contribuía para a administração do território
sesmaria à capitania nos anos de 1556 e 1565 português na América e como as capitanias em
respectivamente. O objetivo do estudo é entender questão se relacionavam com outros corpos da
como essas duas donatarias se inseriam no colonização portuguesa na região do Recôncavo
contexto da administração da América Portuguesa baiano como o poder eclesiástico, a Câmara de
na segunda metade do século XVI. Através da Salvador e com indivíduos instalados no território
análise de fontes como cartas de doação e forais de das donatarias e de seus arredores antes e depois
capitanias, provisões, ordens régias e outras fontes das conversões.

Em Defesa do Recôncavo baiano: Estratégia, Recursos e Governação do


Primeiro Visconde de Barbacena

Ana Paula Moreira Magalhães


anpaulahist@gmail.com

O ofício de governador-geral do Estado do Brasil Pretendemos compreender características


era um cargo de relevada importância entre as peculiares do cotidiano administrativo de um
hierarquias dos ofícios presentes na administração governador específico, D. Afonso Furtado do
colonial portuguesa. Este agente colonial, sediado Rio de Castro Mendonça, o primeiro Visconde
em Salvador, fazia valer a voz do rei e instituía o de Barbacena, que governou o Estado do Brasil
mando por todas as partes do Estado do Brasil. nos anos de 1671-1675. Durante todo o seu
SOMUSER ED ONREDAC 601

governo conviveu com os conflitos indígenas todo o período colonial e não algo extraordinário
que ocorreram no Recôncavo baiano, como os na gerência do Visconde de Barbacena, porém, a
de Aporá (1669-1673) e de São Francisco (1674- maneira como ele administrou essa questão que a
1679). Lidar com os “gentios” foi uma constante em torna extraordinária.

Políticos e viajantes: um território nortista e seus espaços de relação


no mundo Atlântico (1772-1800)

Reinaldo dos Santos Barroso Junior


silesious2001@yahoo.com.br

O Estado do Maranhão e Piauí, existente entre uma lógica de envolvimento entre os espaços
os anos de 1772 e 1811, foi um estado colonial com coloniais da administração portuguesa. Esse
dinâmicas peculiares e ainda pouco exploradas trabalho pretende, justamente, enfocar esse
pela historiográfica nacional. O estado englobava movimento a partir dos passaportes emitidos e
duas capitanias, o Piauí e o Maranhão, e possuía das cartas de governadores, destacando destinos,
dinâmicas especificas de movimentação, tanto rotas; percebendo territórios amigos, estratégias
com o Atlântico, quanto com os territórios que de movimentação no Atlântico ou por dentro da
lhe cercavam, Brasil e Grão Pará, gerando uma própria América Portuguesa.
delimitação socioterritorial e corporificando

AS METAMORFOSES DE UM IMPÉRIO:
PORTUGAL-BRASIL DA DINASTIA DE BRAGANÇA AO IMPÉRIO HÍBRIDO COLONIAL

Marcos Aurélio de Paula Pereira


marcospereira@unb.br

Esta comunicação aborda identidade política 1808; defende-se a hipótese de que no período
do império ultramarino português a partir da em que a sede do império mudou-se para o
dinastia de Bragança e a mudança da sede do Brasil, viveu-se, em aspectos políticos, uma
império. Objetiva-se demonstrar que o império situação de império hibrido colonial. Em termos
ultramarino lusitano, considerado pela recente comparativos, dentre as monarquias europeias
historiografia como monarquia pluricontinental, com domínios além-mar, apenas a portuguesa
viveu transformações até o período em que viveu a experiência de ter a sede transferida para
Portugal foi Reino Unido do Brasil. Com ênfase uma colônia. Essa peculiaridade da história do
nas questões e discursos políticos envolvendo Brasil, em analise comparativa teria configurado
a transferência da corte e o funcionamento do a Portugal, enquanto Reino Unido, uma situação
império localizado no Rio de Janeiro a partir de hibrida e única na história moderna.
701 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Dia 22 de agosto de 2014

Conflitos entre terra e mar: querelas pela posse de localidades


pesqueiras nos séculos XVII e XVIII na capitania do Rio Grande

Ana Lunara da Silva Morais


Lunara_ana@hotmail.com

A atividade da pesca era comum desde os impostas pela Câmara da cidade do Natal, e
primórdios da criação da capitania do Rio também querelas particulares entre os indivíduos
Grande, durante o domínio holandês, e envolvidos na atividade. Neste trabalho serão
continuou pela segunda metade do século XVII analisados alguns casos de conflito pela posse
e todo século XVIII. A partir da segunda metade de localidades pesqueiras na capitania do Rio
do século XVII é que foi possível perceber, por Grande, os quais envolveram moradores que
meio dos documentos disponíveis, conflitos disputavam o domínio e/ou direito de usufruir
sobre a atividade da pesca. Tais conflitos eram de terras propicias à atividade pesqueira.
referentes a descumprimentos de obrigações

A Mesa de Inspeção da Bahia e o sistema de frotas

Poliana Cordeiro de Farias


policfarias@yahoo.com.br

Em 1751 foi criada a Mesa de Inspeção da capitania Mesas de Inspeção sobre a organização das frotas
da Bahia, parte do projeto empreendido pelo do Brasil, fazendo irromper hostilidades por parte
ministro de D. José I, Sebastião José de Carvalho de senhores de engenho, lavradores de cana e
e Melo, que visava à reorganização política, tabaco e negociantes da Bahia, além do Senado da
administrativa e econômica dos domínios Câmara da cidade de Salvador. Através da análise
ultramarinos. Com a função de dinamizar a de fontes diversas, procura-se elucidar como
agricultura e comércio dos principais gêneros a Mesa de Inspeção da Bahia geria o comércio
exportados – açúcar e tabaco – imprimiu uma regular da produção existente, buscando explorar
nova dinâmica às relações econômicas e ao algumas hipóteses sobre os efeitos de suas medidas
transporte marítimo. O Alvará Régio de 25 de e os interesses de agentes envolvidos na economia
janeiro de 1755 concedeu jurisdição exclusiva às baiana, por elas contrariados.

“Mas, e os carmelitas?”. Levantamento acerca dos estudos sobre a


história da Ordem do Carmo e da sua arquitetura colonial no Brasil

Roberta Bacellar Orazem


roberta_bacellar@yahoo.com.br

Em congressos acerca do Brasil colonial, sobre beneditinos, mas raros sobre carmelitas.
há trabalhos sobre ordens religiosas, que Portanto, questiona-se: mas, e os carmelitas, será
se concentram da seguinte forma: muitos que alguém pesquisa sobre eles? Quem? De que
estudos sobre jesuítas e franciscanos, alguns forma? Desde 2006, realizo pesquisas a respeito
SOMUSER ED ONREDAC 801

da Ordem Terceira do Carmo, e, desde 2011, ocorreu somente na Bahia e em Pernambuco. Já os


estudo sobre os carmelitas calçados no doutorado carmelitas calçados atuaram em todo o território
em Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Nesta do Brasil colônia. A maioria dos estudos sobre os
comunicação, pretende-se levantar os autores calçados são de frades carmelitas desconhecidos
e obras que estudam os carmelitas no Brasil da academia. Entretanto, há estudos acadêmicos,
colonial. Há poucos trabalhos sobre os carmelitas principalmente sobre a arquitetura dos
descalços, mas a atuação desses religiosos carmelitas.

O CAMINHO DAS CARTAS: REFORMAS POSTAIS E ESTRATÉGIAS DE ENVIO DE


CORRESPONDÊNCIA NO EPISTOLÁRIO DE JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS MARROCOS
(1811-1821)

Mayra Calandrini Guapindaia


mayra.guapindaia@gmail.com

Em 1796, sob o comando de D. Rodrigo de Souza escolhiam enviar suas cartas por meios paralelos,
Coutinho, iniciou-se o processo de recuperação devido a questões como insuficiência logística
dos serviços de Correio para a alçada direta da dos transportes e, também, por medo de cesura
Coroa Portuguesa, que ficou conhecido como e extravio. A presente comunicação tem por
Reformas Postais. A partir de então, foram tomadas objetivo analisar as questões acima apontadas a
medidas para a construção da Administração partir do caso específico do epistolário de José
Geral dos Correios, bem como se lançaram novas Joaquim dos Santos Marrocos, o bibliotecário da
leis, alvarás e decretos sobre a regularização Real Livraria, que se correspondeu com o pai e
desse tipo de serviço. Não obstante as melhorias demais familiares entre os anos de 1811-1821.
administrativas, muitos correspondentes ainda

IMPÉRIOS IBÉRICOS NO ANTIGO REGIME: POLÍTICA, SOCIEDADE E CULTURA

Thiago Rodrigues da Silva


thiago.rodrigues.silva@gmail.com

O presente trabalho trata de alguns resultados este fato os secretários podiam ser peças chaves
da pesquisa realizada sobre os Secretários de para a construção e/ou perpetuação de possíveis
Governo que atuaram no Centro Sul da América redes de interesses, como as mercantis e as
Portuguesa entre as décadas de 1680 e 1750. governativas, pois era através da sua pena que
Inicialmente a importância do cargo se dá pelo títulos, posses e cargos podiam ser confirmados
fato destes secretários serem os principais agentes e comunicados oficialmente. Para além, estes
arquivísticos de suas áreas de jurisdição, tendo homens executaram missões diversas, muitas
por missão criar e guardar os livros que continham vezes arriscando suas vidas e seus cabedais para
o registro de toda a memória administrativa local, representarem os governadores nos “assuntos
tendo assim a posse e o controle cartorial. Por mais secretos”.
901 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Correios extraviados entre Lisboa e as Minas: uma contribuição para


a história dos assistentes do correio-mor no império português
(séculos XVI-XVIII)

Romulo Valle Salvino


romulovs@uol.com.br

A presente comunicação busca inserir o estudo XVII e início do século XVIII, para, em seguida,
dos correios portugueses do Antigo Regime no debater as mudanças de posição da coroa e dos
campo das discussões sobre o sistema político vassalos com relação aos assistentes do correio,
e a administração naquele período. Para tanto, bem como as estratégias de resistência empregadas
de forma panorâmica, parte da criação do ofício pelos poderes locais e “homens bons” em relação ao
do correio-mor no reino até as suas tentativas de monopólio postal, tendo como fontes básicas alguns
implantação no Brasil na segunda metade do século documentos camarários e processos judiciais.

O Degredo no Extremo Sul da América Portuguesa (1680-1777)

Aluísio Gomes Lessa


aluisiolessa@gmail.com

Este trabalho abordará a prática do degredo no para a exploração inicial de tais terras, bem
extremo sul da América Portuguesa (Colônia como para o seu povoamento e, especialmente,
do Sacramento, Rio Grande de São Pedro e Ilha para a defesa da fronteira meridional em
de Santa Catarina). Tal mecanismo de expulsão formação. A apresentação buscará examinar
penal não foi utilizado somente enquanto uma aspectos como o papel desses condenados ao
medida punitiva pelos Estados da Europa degredo na constituição e manutenção dessa
moderna, mas também como forma de suprir região, as diferentes formas da utilização de
as demandas populacionais trazidas pela sua mão de obra pela Coroa e as possibilidades
colonização. Para o caso dos domínios lusitanos de sua inserção na sociedade para onde foram
ao sul da América, degredados foram designados enviados.

Ribeirado Mossoró, um espaço a ser conquistado: Formação de redes


como estratégia para a conquista do sertão da capitania do Rio
Grande no início do século XVIII.

Patrícia de Oliveira Dias


patriciadeoliveiradias@outlook.com

Com o avanço da conquista para o sertão, Ocupar as terras próximas ao conflito, como a
conflitos entre conquistadores e indígenas ribeira do Mossoró, foi uma ação incentivada
tornaram-se mais frequentes, deflagrando-se a pela Coroa, que doava quinhões de terras para
Guerra dos Bárbaros. Dentro deste conjunto de aqueles conquistadores envolvidos na guerra. Foi
conflitos, no sertão da capitania do Rio Grande neste contexto que o capitão Teodósio da Rocha,
foi travada a Guerra do Assu, iniciada em 1687. oficial do Terço dos Paulistas, e seus familiares
A conquista destes territórios era importante receberam terras na ribeira do Mossoró.
para a consolidação da colonização na região. Este trabalho tem como objetivo analisar as
SOMUSER ED ONREDAC 011

motivações que levaram o capitão Teodósio da conseguindo montar uma rede como estratégia
Rocha e seus familiares a povoarem a ribeira do para a manutenção destas terras.
Mossoró, nas primeiras décadas do século XVIII,

Uma sociedade para reformar: a atuação de D. Frei Aleixo de Menezes,


OESA, na Índia (1595-1612)

Rozely Menezes Vigas Oliveira


rozelui@yahoo.com.br

Os Agostinhos não foram os primeiros a clérigos presos no aljube, acusados de lascívia e


missionar no Oriente português. Chegaram à usurpação de bens e rendas. Encontrou também
Índia tarde, em 1572. Somente depois que já uma sociedade que, segundo ele, estava faminta
estavam lá estabelecidos os franciscanos, jesuítas e desmoralizada. A partir de então, iniciou uma
e dominicanos. Vinte e três anos após o envio de série de atividades caracterizadas principalmente
algumas dezenas de missionários, Frei Aleixo pela caridade. É sobre essas ações que a presente
de Menezes foi intitulado arcebispo de Goa. Ao comunicação pretende tratar, analisando as
chegar à cidade, encontrou uma arquidiocese influências que o frei levou consigo para realizar
inquieta e à espera de um prelado diante dos quase uma reforma não só na Igreja do Oriente como
dois anos sem um. Quanto ao cabido, achou muitos também em sua sociedade.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
Jesuítas, modernidade e colonialismo: Américas, Ásia e África

Coordenadores: Maria Emília Porto Monteiro (UFRN) &  Maria Cristina Bohn Martins (UNISINOS)

Dia 19 de agosto de 2014

Vieira e o Corpo Vivo da Pregação

Guilherme Amaral Luz


guilhermealuz@gmail.com

Em um dos seus mais famosos sermões da época Vieira recuperará de maneira peculiar a tópica
em que era missionário no Maranhão, Sermão do paulina da superioridade (ainda que dentro de
Espírito Santo, Antônio Vieira formula a máxima uma relação complementar) do amor diante
segundo a qual os evangelizadores de sua época do saber no evangelizar. O que se desdobra na
(dentre os quais, especialmente, os pregadores) superioridade do “ensinar” em relação ao “dizer”
antes de serem, tal como os primeiros apóstolos, e, analogamente, do Espírito Santo em relação
milagrosamente infundidos com as línguas de ao Filho na missão junto aos mais bárbaros dos
fogo do Pentecostes, deveriam ser tomados por gentios. Nosso objetivo é explorar as implicações
“fogo de línguas”: ardor de superação de todas as deste raciocínio para a concepção de Vieira a
dificuldades impostas na comunicação com os respeito da arte de pregar nas suas dimensões
“gentios” a fim de anunciarem a eles a palavra da “nãoverbais”, realçando os papeis da vivacidade
salvação. Basicamente, conforme o jesuíta eram e da “incorporação” na parenética missionária do
duas as grandes dificuldades a serem superadas jesuíta. Assim, pretendemos iluminar aspectos
para tal fim no caso das missões na “Amazônia”: que julgamos centrais do papel da experiência
a “inconstância dos índios” (expressa na imagem missionária no Novo Mundo na (re)elaboração
das “estátuas de murta”) e a “babel de línguas dos princípios retórico-teológicos norteadores
inaudíveis” a serem aprendidas. Diante disso, da arte de pregar na época da Contrarreforma.

CONVERSÃO NOS “CAMINHOS DE DENTRO”: ENCONTROS DOS KIRIRI E JESUÍTAS


NA AMÉRICA PORTUGUESA (1660-1699)

Ane Luíse Silva Mecenas Santos


anemecenas@yahoo.com.br

Após a expulsão dos holandeses, intensifica- aliados dos portugueses no apresamento de


se uma rota de povoamento rumo ao sertão índios e de escravos. Face à conquista desse
da Bahia. Nesse processo de expansão pelos novo espaço, o território é partilhado entre
“caminhos de dentro” são estreitados antigos as ordens religiosas, sendo que os jesuítas
laços com as comunidades de tapuias, antigos ficam com a margem sul do Rio São Francisco,
SOMUSER ED ONREDAC 211

enquanto que os capuchinhos, com a margem ao publicação do Catecismo Kiriri, organizado pelo
norte. Esse trabalho visa analisar o processo de padre Mamiani. Para a análise deste processo,
conversão das comunidades Kiriri do sertão da utilizamos e confrontamos diferentes fontes,
Capitania da Bahia e de Sergipe Del Rey pelos tanto de cunho administrativo, dentre as quais,
missionários da Companhia de Jesus. O marco destaco os alvarás, decretos e cartas, quanto
temporal compreende a formação das primeiras de cunho religioso, cartas ânuas, catecismos e
aldeias administradas pelos jesuítas até a gramáticas.

Crer e descrer: relações entre inconstância e liberdade indígena nos


discursos jesuíticos

Ludmila Gomides Freitas


ludmilagomide@hotmail.com

O entendimento teológico jesuítico sobre a o que conformou nos discursos jesuíticos o topos
criatura humana deita raízes na concepção da inconstância selvagem. Essa comunicação
agostiniana, que define o homem a partir das pretende discutir como o entendimento teológico
três potências da alma: entendimento, memória sobre a natureza do homem americano fomentou
e vontade. Em relação aos índios do Brasil, os a política de tutela dos índios a ser exercida
jesuítas afirmaram sua capacidade racional, pelos missionários, o que, por sua vez, ajudou a
não obstante sua memória ser considerada definir a noção de liberdade indígena prevista na
enfraquecida. Todavia, o maior impedimento para política e legislação colonial dos séculos XVI e
a conversão consistia na deficiência da vontade, XVII.

Reorganizando a missão, refazendo a colônia: a dimensão político-


religiosa da missionação jesuítica no Brasil dos Filipes

Luiz Antonio Sabeh


luiz.sabeh@gmail.com

A evangelização foi um importante elemento das religiosos que norteavam as missões religiosas.
políticas ultramarinas de Portugal e Espanha Entre 1549 e 1580, foi a única ordem religiosa
e desempenhou um papel fundamental na autorizada pela Coroa portuguesa a atuar na
construção das sociedades coloniais. O Padroado conversão dos indígenas. Com a União Ibérica,
conferia a essas Coroas o poder de estabelecer porém, os novos programas dirigidos ao Brasil
diretrizes para a atividade missionária. Por esta tiveram um profundo impacto em suas atividades.
razão, suas políticas colonizadoras ditaram a O objetivo da comunicação, portanto, é analisar
dinâmica em que a evangelização se processou. os aspectos fundamentais do alinhamento dos
As atividades da Companhia de Jesus no Brasil jesuítas à política Habsburgo dirigida ao Brasil e
refletiram fortemente os fundamentos político- seus reflexos na lide colonial.
311 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

“EDUCAÇÃO JESUÍTA” NOS ALDEAMENTOS INDÍGENAS DA AMÉRICA


PORTUGUESA: SENTIDO E LIMITES DESTA EXPRESSÃO

Olga Suely Teixeira


olgasuely@gmail.com

Pensados pelos Jesuítas, os aldeamentos instável – observa-se aqui um recorte temporal


indígenas constituíram elemento relevante na entre os Séculos XVI – XVII e na região geográfica
obra evangelizadora e civilizadora da Ordem das Capitanias do Norte da América Portuguesa.
criada no contexto das reformas religiosas A grande questão é saber como foi organizado
europeias. Fala-se, então, em uma “educação esse processo de ensino em momentos nos quais
jesuíta” nestes espaços. Partindo desta expressão se vivia para defender/atacar. Para isso conta-
e identificando algumas lacunas historiográficas se com alguma bibliografia inicial e procura-se
quanto ao tema, o objetivo desta comunicação localizar fontes que deem conta de satisfazer
é buscar os sentidos da mesma, uma vez que o esta problemática, não apresentando ainda nada
contexto vivido naquela época era belicoso e de conclusivo.

Lutas e Negócios no Maranhão e Grão-Pará: Jesuítas, moradores e a


liberdade dos indígenas na Amazônia colonial

João Aluízio Piranha Dias


joao.dias74@yahoo.com.br

Este texto tem por objetivo analisar a liberdade no que visa favorecer uma reflexão em torno do que
contexto da modernidade e do colonialismo, nas os jesuítas representaram na luta pela liberdade
Américas, e no caso específico deste trabalho, no e integridade dos indígenas, em terras do Novo
espaço da Amazônia nos séculos XVII e XVIII e, Mundo e as implicações dessa luta nos dias
mais precisamente no Estado do Maranhão e Grão- atuais, tendo como referência, na Amazônia,
Pará, onde a luta pela liberdade dos indígenas foi a luta para libertá-los do jugo do cativeiro, e
a tônica dos embates entre colonos e missionários, em nome da fé convertê-los ao cristianismo e
principalmente nos anos em que esteve na região o garantir-lhes o direito à liberdade. Situação que
padre Antônio Vieira (1653-1661). É uma pesquisa causará desconforto, perseguição e a expulsão dos
qualitativa de cunho bibliográfico e documental, missionários.

CULTURA, ESCRAVIDÃO E PODER NA EXPANSÃO ULTRAMARINA


(SÉCULOS XVI AO XIX)

Maria Cristina Bohn Martins


mcris@unisinos.br

Ao longo da idade moderna, um notório embate autoritária que permitia que os padres dirigissem
discutiu as práticas da Cia de Jesus, entre outas a vida e explorassem o trabalho dos índios. Tais
coisas, pela falta de liberdade dos índios nas ajuizamentos não consideraram o protagonismo
aldeias e missões. Segundo seus críticos, as e as margens de liberdade que eles poderiam
missões colocavam os nativos sob uma tutela criar nas reduções, não de forma a escapar
SOMUSER ED ONREDAC 411

completamente às imposições do colonialismo, de adaptação e criatividade que desafiavam a


mas para condicioná-lo. Novos trabalhos, imagem anterior. Nosso objetivo aqui é refletir
contudo, têm desafiado a noção de que os jesuítas sobre as relações que se constroem entre os
se relacionaram com sociedades indefesas e que jesuítas e os indígenas da missão de Concepción de
evanesciam diante do contato com os ocidentais, Pampas, especialmente quanto a dois temas: o da
indicando que elas apresentavam características liberdade de movimentação e o do trabalho.

A recepção do cursus conimbricensis no Brasil Colonial, a ética do


comércio de escravos e a liberdade dos índios

Luiz Fernando Medeiros Rodrigues


lmrodrigues@unisinos.br

Para os estudiosos da escolástica barroca, a vinculantes entre elas. Se as universidades


descoberta do “novo mundo” repropôs o modelo coloniais hispânicas foram influenciadas por ou
de cristandade, em parte a ser reproduzido adotaram os paradigmas acadêmicos ibéricos,
e em parte a ser tido como referimento, como a recepção da escolástica barroca no Brasil
necessidade de abordar e solucionar paradoxos Colonial foi bem mais sutil. Os cursos seguiam
ético-jurídicos que a “conquista” suscitava, os currículos conforme o modelo aprovado em
reconfigurando o estatuto do indivíduo e Coimbra. Esta comunicação objetiva apresentar
o direito dos povos recém descobertos e a recepção do “cursus conimbrincensis” no
conquistados, além das regras de convivência Brasil Colonial, sua aplicação ético-jurídica à
com as novas sociedades e as relações liberdade e à escravidão indígena.

TRAVESSIAS PERIGOSAS: A REPRESENTAÇÃO DOS CORSÁRIOS MOUROS EM


RELATOS JESUÍTICOS DO SÉCULO XVII

Karl Heinz Arenz


karlarenz@ufpa.br

As frequentes travessias oceânicas das naus de Marrocos que contou com o apoio substancial
ibéricas, ao longo dos séculos XVI-XVIII, dos corsários sediados na cidade de Salé. Em
implicaram uma série de perigos e riscos para seguida, ver-se-á que, para os autores inacianos,
os viajantes. Entre estes se destacaram os as ameaças destes “mouros”, “barbarescos” ou
missionários da Companhia de Jesus. A presente “gente de Argel” – conforme as designações
apresentação visa analisar a representação usuais da época – não constituíram somente
dos corsários mouros, que ameaçaram uma ameaça física e material, mas também
frequentemente os comboios lusos na rota um desafio a seu ideal missionário, visto que
atlântica, em cartas e crônicas jesuíticas da se tratava de muçulmanos belicosos tidos
segunda metade do século XVII. Para entender como particularmente obstinados em relação à
os contextos envolventes, aprofundar-se-á propagação da fé cristã.
primeiramente o refortalecimento do sultanato
511 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

“Teatro do Mundo”: a comédia divina na “História do Futuro” do padre


Antônio Vieira

Gil Eduardo de Albuquerque Macedo


gileduardo7@yahoo.com.br

Emblemática figura histórica, Antônio Vieira o jesuíta representou o “Mundo” como um


(1608-1697) é considerado um personagem grande teatro, espacialidade responsável por
indispensável para a história luso-brasileira. atribuir valoração divina à vida em sociedade,
Entre os anos de 1646 e 1667, o padre iniciou apontando seus atores, palco e enredo. Partindo
a escrita da História do Futuro, obra que dos pressupostos hermenêuticos de análise,
anunciava o surgimento do “Quinto Império”, investigamos as relações históricas presentes na
unidade político-teológica que alavancaria o construção de tais representações, por meio das
processo de difusão do Cristianismo por todo o quais estabelecemos o diálogo entre a política,
planeta, reconhecendo Portugal como vanguarda teologia e retórica seiscentista.
e centro de todo o movimento milenarista. Nela,

Dos Males da Alma: a salvação no discurso escravista católico dos


jesuítas nas Américas portuguesa e espanhola, séculos XVII e XVIII

Carlos Engemann
carlos.engemann@gmail.com

O presente trabalho busca fazer uma análise gabinetes metropolitanos e a análise produzida
contextualizada a pregação e a ação sacramental a partir da constatação da inexorabilidade da
da Companhia de Jesus para os africanos e escravidão africana na América, por sacerdotes
afrodescendentes escravizados na América, ligados à prática missionária. O que se espera
com suas implicações teológicas. Este estudo é entender como as mudanças nas relações da
considera, em primeiro lugar, os vínculos com a própria Companhia de Jesus com a escravidão
demanda papal e com os governos Ibéricos, para e do olhar aproximado dos padres no universo
os quais atuaram como referencia de direito civil colonial pode ter gerado uma transformação nos
e canônico. A ideia é buscar mensurar a distância argumentos sobre a escravidão.
entre o que foi produzido com os argumentos dos

Dia 20 de agosto de 2014

O PAPEL DOS AUXILIARES ORIENTAIS CONVERTIDOS NA EVANGELIZAÇÃO DA


COMPANHIA DE JESUS NO ORIENTE A PARTIR DA VISÃO DE FRANCISCO XAVIER SJ
- ÍNDIA, MALACA E JAPÃO (SÉCULO XVI)

Jorge Henrique Cardoso Leão


jorgehcleao@msn.com

Criada no século XVI, no contexto das Reformas Companhia de Jesus se tornou uma das armas da
Religiosas e da Expansão Ultramarina, a Igreja Católica na expansão do catolicismo pela
SOMUSER ED ONREDAC 611

América, África e Ásia. A serviço da Congregação aproximação dos nativos, sobretudo, a partir
no Oriente partir de 1542, Francisco Xavier da sua experiência no Japão. Analisando sua
SJ deu início ao processo de evangelização na correspondência, a presente comunicação tem
Índia, em Malaca e no Japão. Durante o tempo por objetivo trazer a tona o debate sobre o papel
que atuou na Ásia, Francisco Xavier SJ esteve dos nativos nos planos da Companhia de Jesus,
atento a questão da complexidade cultural na ótica deste jesuíta, pois seu método e suas
dos povos orientais e do uso de intérpretes e observações teriam inspirado outras levas de
auxiliares locais convertidos como meios de missionários desejosos em atuar na Ásia.

A esterilidade da vinha e a disputa entre os ceifeiros: os limites da


catequização no Recôncavo Colonial – Bahia 1585-1592

Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso


jamilleoliveira19@gmail.com

O Recôncavo da Bahia na segunda metade do A disputa em torno da mão-de-obra indígena


século XVI constitui-se um espaço em formação, vai gerar uma série de conflitos entre jesuítas e
com a construção de engenhos e estabelecimento colonos. O presente texto parte da denúncia do
dos aldeamentos jesuíticos a ocupação colonial padre João Vicente, residente no aldeamento de
ia ganhando seus contornos. Mas apesar da Santo Antônio, que coloca em pauta as disputas
sua aparente prosperidade com a ascensão da e os interesses conflitantes entre mamelucos
economia açucareira o Recôncavo quinhentista e inacianos, trazendo à tona os limites da
estava imerso em uma conjuntura de crise e empreitada jesuítica para a catequização dos
conflitos em diferentes instâncias sociais. Com gentios, que atrelada à influência dos caraíbas e
o desenvolvimento da grande lavoura açucareira o conflito com os colonos vai corroborar para a
surge a necessidade crescente de mão-de-obra, crise da Companhia de Jesus dos fins do século
a princípio buscada nas populações indígenas. XVI, tornando-os, na expressão da historiadora
Em contrapartida os jesuítas também buscavam Charlotte Castelnau-L’Estoile, operários de uma
inserir essas populações em seus aldeamentos. vinha estéril.

Estado do Maranhão e universalismo vieiriano na construção do


império dos Bragança

Nathalia Moreira Lima Pereira


nathalia_mlp@hotmail.com

No contexto da Guerra de Restauração, a vasta da conjuntura político-econômica do Portugal


obra do Padre Antônio Vieira, que incluindo restaurado, e dos impactos causados na América
cartas, sermões e documentos políticos, lusa, tendo como proposta entender como o
reinventa o tema do universalismo português universalismo vieiriano associou elementos
anunciando a chegada do novo rei, D. João IV, como diplomacia bragantina e o papel do Estado
como líder profetizado. Entretanto, seus escritos do Maranhão nesse contexto, contribuindo para
estão para além do espaço europeu, fixando-se o preenchimento de uma lacuna entre os planos
também na América portuguesa e no seu papel gerais do jesuíta para o império português e
na reconstrução do império dos Bragança. O a relação entre este “plano geral” e o papel do
presente estudo justifica-se a partir da análise Estado do Maranhão.
711 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

A guerra dos tamoios em escritos jesuíticos

Agnes Alencar
agnesalencar@gmail.com

Este trabalho analisa as cartas de Manoel da Nóbrega geral sobre as estratégias de catequese da missão
- escrita em 1560 - e de José de Anchieta - de 1565 para jesuítica, pensando seus alcances e limitações. No
refletir sobre a experiência catequética jesuítica processo de avaliação das cartas, serão destacados
diante dos conflitos entre tamoios, tupiniquins, o contexto no qual a documentação se insere e os
portugueses e franceses. O principal objetivo é personagens envolvidos nos eventos, no intuito
avaliar as especificidades desses documentos como de indicar um lugar para o documento na atuação
uma via de acesso para a experiência da Guerra jesuítica da América Portuguesa e perceber como
Tamoio. Porém, além de via de acesso ao evento, eles podem nos dizer da relação entre jesuítas,
acredito serem documentos abertos à reflexão mais indígenas e colonos.

Guerras e missões no extremo nordeste do Brasil:


a ação jesuítica em tempos de conquista

Adriel Fontenele Batista


fontinelli2004@hotmail.com

Essa comunicação, elaborada com base nas Brasil entre as últimas décadas do século XVI
questões iniciais de uma pesquisa de doutorado e as primeiras do século seguinte. O papel dos
ora em desenvolvimento no Programa de Pós- jesuítas nas guerras deflagradas contra franceses
Graduação em História Social da Universidade e populações indígenas e as tensões geradas
Federal do Ceará (PPGHIS-UFC), tem por da participação dos missionários no processo
objetivo levantar um debate sobre a experiência de conquista daqueles novos espações são as
histórica dos jesuítas durante a conquista luso- questões centrais dessa comunicação.
hispano-indígena do extremo nordeste do

PODERES PARALELOS NO SERTÃO DA BAHIA: JESUÍTAS E COLONOS NA SESMARIA


DE ÁGUA FRIA (1653-1727)

Alex Teixeira de Araújo


alexhistoriauneb@gmail.com

O presente trabalho faz uma análise dos conflitos interesses da administração portuguesa, mas ao
que envolveram jesuítas e colonos no sertão da mesmo tempo visava objetivos muito ligados
Bahia entre 1653-1727, em torno da questão da aos jesuítas, pondo-os assim em rota de colisão
escravidão e catequização indígenas, tendo a com sertanistas e sesmeiros influentes, como
sesmaria de Água Fria e o gentio Paiaiá como João Peixoto Viegas. Para além de um estudo de
objetos centrais desta querela. Propomos uma caso, este trabalho objetiva uma compreensão
reflexão da atuação da Companhia e de seu mais ampla acerca da política colonial de
projeto colonizador e/ou catequizador em (des) ocupação e conquista do sertão baiano através
acordo com o projeto de conquista e dilatação das concessões de sesmarias, formação de currais
luso brasileira, enfatizando como o papel e preação dos indígenas e atuação catequizadora
desempenhado por esses religiosos atendia aos da Igreja.
SOMUSER ED ONREDAC 811

“VIRTUOSOS E MUITO AMADOS DE TODO AQUELE POVO E DOS ÍNDIOS”: JESUÍTAS,


ÍNDIOS, OFICIAIS E AUTORIDADES RÉGIAS NA CAPITANIA DE PORTO SEGURO
(1624-1654)

Uiá Freire Dias dos Santos


uiadias@yahoo.com.br

O contexto de crise europeia no século XVII é marcada por conflitos em torno do controle
associado às invasões holandesas da Bahia e de da mão de obra indígena dos aldeamentos
Pernambuco marcam um panorama de tensão no jesuíticos e pelo controle do negócio do pau-
domínio português. Esse cenário fomenta uma brasil que era de grande importância para a
série de conflitos e, por sua vez, a necessidade capitania. Esse trabalho pretende analisar os
de negociações para o estabelecimento da conflitos e negociações na administração do pau-
governança. Após a Restauração Bragantina, brasil na Capitania de Porto Seguro levando em
o confisco dos bens da Casa de Aveiro que consideração a atuação dos jesuítas e oficiais da
acarretou a anexação da Capitania de Porto câmara no que diz respeito à política indigenista
Seguro, a chegada do capitão-mor Paulo Babosa e a construção da liberdade.

Dia 21 de agosto de 2014

O papel dos confessores jesuítas na configuração da missão


extraeuropeia

Jaqueline Mota
jaquemota@gmail.com

A pesquisa busca averiguar a atuação dos padres interesse em lucrar financeiramente com as
jesuítas como confessores e como missionários, confissões foram alguns dos motivos que
enfatizando que foram as ações destes sujeitos levaram teólogos a prevenirem os confessores a
históricos que resultaram em diferentes formas realizarem uma confissão mais consciente, tendo
de confessar nos vários espaços das missões em vista o papel fundamental dos padres na
paraenses e também daquelas pertinentes ao aplicação das orientações tridentinas na tarefa da
esforço evangelizador realizado no Estado do evangelização. Por outro lado, uma mais recente
Brasil. Autores ligados à História das Mentalidades historiografia crítica, como por exemplo aquela
já provaram que a atitude do padre diante do que se destaca na obra de Adriano Prosperi,
confessionário alterava de forma significativa a aponta para toda a complexidade e as profundas
aplicação do sacramento da Penitência. Preguiça, conexões, na época das Reformas, do sacramento
excesso de zelo, inadequação diante da vergonha da confissão em relação à vida social do cristão
dos penitentes, insegurança ao inquirir sobre penitente: tanto nas ‘Índias internas’ quanto em
pecados sexuais, pressa ao confessar grávidas, terra de missão extraeuropeia.
911 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Dos missionários caridosos de Pedro Arata aos homens de ciência


de Guillermo Furlong: uma reflexão historiográfica sobre a
contribuição de jesuítas e indígenas para a implantação de uma
cultura científica na América platina.

Eliane Cristina Deckmann Fleck


ecdfleck@terra.com.br

Nesta comunicação, apresentamos e analisamos ainda muito atual debate historiográfico sobre
as posições assumidas pelo médico argentino o reacionarismo desta ordem religiosa – dada a
Pedro Arata, pelo naturalista e botânico suíço vinculação à tradição medieval católica e barroca
Moisés Bertoni e pelos padres jesuítas Carlos – e nas reflexões sobre a efetiva contribuição dos
Leonhardt e Guillermo Furlong sobre o papel indígenas, especialmente, dos seus saberes sobre
desempenhado pela Companhia de Jesus na a farmacopéia americana, para o conhecimento
introdução e no desenvolvimento das Ciências médico, farmacêutico e botânico que os
na América platina. Seus trabalhos, escritos missionários fizeram circular nos continentes
entre a última década do século XIX e o final da em que atuaram nos séculos XVII e XVIII.
primeira metade do século XX, se inserem no

A tradução da natureza e dos sentidos feita pelos jesuítas nas


fronteiras do sertão do Rio Grande

Juliana Barbosa Peres


juuliana.peres@hotmail.com

A missão jesuítica é descrita na historiografia transposição. Assim, pretende-se analisar essa


como uma das principais ‘forças colonialistas’. tradução a partir da descrição da natureza e dos
Este trabalho pensa o jesuíta sob a perspectiva sentidos feita pelos jesuítas em um instrumento
de ‘força tradutora’ desse ‘novo mundo’, atuando amplamente utilizado por estes - a carta jesuítica.
na transposição das fronteiras e aproximação do Foram escolhidas como fontes de análise cartas
‘velho’ e do ‘novo’ mundo. Pensar esse ‘contato oriundas dos espaços de fronteira do sertão do
cultural’ sob a possibilidade de abertura nesses Rio Grande, dentro do recorte político-temporal
dois mundos possibilita pensar nas possíveis instável que foi a Guerra dos Bárbaros.
trocas decorrentes desse contato e dessa

O traço naturalista e etnográfico de Antônio Vieira na


representação da Amazônia

Milton Araújo Moura


miltonmoura7@gmail.com

O Padre Antônio Vieira é conhecido pela sua ressaltar um traço menos evidenciado de sua
retórica vigorosa e excelente, bem como pelo seu obra, qual seja, o seu talento como etnógrafo e
empenho incansável no sentido de realizar a nova naturalista. Para isto, toma como fonte a Carta ao
Cristandade lusitana. Esta contribuição pretende Provincial do Brasil escrita provavelmente em 1653,
SOMUSER ED ONREDAC 021

durante as viagens pelo Tocantins, e concluída botânicas e zoológicas dessa região. Este traço o
pouco depois em Belém. Nesta missiva, descreve inscreve no ideal moderno de conhecimento e
com requintes de antíteses barrocas cenas da descrição do mundo, prefigurando a fascinação do
vida dos indígenas do Tocantins e peculiaridades intelectual europeu diante do trópico.

Jesuítas, natureza e farmácia: uma reflexão necessária para a


compreensão da dinâmica colonial (Séculos XVI – XVIII)

Viviane Machado Caminha São Bento


vivianecaminha@hcte.ufrj.br

O contato com o Novo Mundo permitiu que aplicação desse conhecimento na confecção
os jesuítas se aproximassem das populações de medicamentos e saberes que circularam o
indígenas e se deparassem com a exuberância mundo, demonstrando assim que sua produção
e diversidade da fauna e flora locais, passando estava em acordo com o entendimento que se
a utilizar muitos de seus elementos, sobretudo, tinha de ciência nesse período. Por fim, buscamos
na confecção de medicamentos. O objetivo desse oferecer uma contribuição que possibilite o
trabalho é ressaltar o conhecimento jesuíta questionamento de enfoques tradicionais para
sobre o mundo natural, desconstruindo a noção melhor compreender a dinâmica colonial e,
simplista de que houve apenas uma apropriação consequentemente, nosso passado colonial.
do saber indígena, bem como ressaltar a

Anchieta e o Concílio de Trento: o caminho da salvação do índio Pirataraka

Thereza B. Baumann
tbbaumann@uol.com.br

Em nossa comunicação analisamos um auto se a aldeia é o espaço privilegiado onde se trava


do teatro anchietano comemorativo da Festa o combate cósmico entre o anjo e o demônio,
da Concepção da Virgem Maria, encenado na entre o Bem e o Mal, o índio Pirataraka aparece
aldeia de Guaraparim no século XVI. Esse autor como a imagem do homem cristão dilacerado
parece traduzir o desejo, manifesto por José entre as penas infernais e o Paraíso. O nosso
de Anchieta, da salvação humana. A Virgem, trabalho pretende observar como por meio da
presença emblemática da aliança que Deus fizera peça citada, Anchieta transmite em sua missão
com o homem, surge como a promessa de uma catequética os conteúdos e a mundividência
“Nova Vida”, como a possibilidade de resgate Tridentina, especificamente aqueles relativos aos
daquela “pobre gente” (o indígena), ameaçada sacramentos e aos conceitos ligados à Mariologia.
de morte eterna pela ausência do Deus cristão E
SIMPÓSIO TEMÁTICO 11
Magistraturas Ultramarinas: Administração da justiça e poderes locais no Brasil colonial

Coordenadores: Antonio Filipe Pereira Caetano (Ufal) & Isabele de Mattos Pereira de Mello (UFF) 

Dia 19 de agosto de 2014

O Rol de culpados e a prática da Justiça: Delitos, Devassas e Querelas


na Vila do Ribeirão do Carmo na primeira metade do século XVIII

Maria Gabriela Souza de Oliveira


mgabi.oliveira@gmail.com

A justiça, bem como a violência e a criminalidade, dos criminosos, a tipologia criminal e processual
são temas caros à historiografia recente. Os através da análise quantitativa dos dados, abrindo
aparatos administrativos e judiciais são objeto espaço para se pensar os caminhos tomados pela
de estudo quando se trata dos mecanismos de Justiça na Vila do Ribeirão do Carmo (cidade
controle e organização social no século XVIII. de Mariana/MG) e seu termo entre os anos de
Esta proposta é fruto de uma dissertação de 1711 e 1740, fornecendo, assim informações sobre
mestrado e se enquadra no âmbito da história da o universo dos delitos e social no qual atuava
justiça, tendo como objetivo analisar o “Rol dos num momento de solidificação das estruturas
Culpados”, fonte importante para a compreensão administrativas e judiciais ocorridos na capitania
da prática da justiça nas Minas setecentistas. na primeira metade da centúria.
Através deste livro, foi possível elaborar o perfil

Homens bons de Vila do Carmo no século XVIII: perfil econômico e


social dos oficias camarários

Regina Mendes de Araújo


rearaujo33@yahoo.com.br

As câmaras eram o órgão de governo local, dentro dos objetivos será perceber que “homens bons”
da estrutura do poder português, responsáveis permaneceram mais tempo na câmara, ou seja,
pela gerência da vida cotidiana nas Vilas da que se destacam dentro da composição da
América Portuguesa. O presente trabalho lança câmara ao longo do século XVIII. A partir da
luz sobre a câmara a Câmara de Vila do Carmo visualização da composição camarária outro
levando em consideração a atuação e o perfil objetivo é apresentar o perfil econômico e social
dos vereadores como agentes da coroa. O ponto dos indivíduos que compõem a estrutura deste
de partida da análise é a composição camarária órgão, bem como refletir sobre o papel destes
recorrendo a elaboração de redes através do dentro da estrutura administrativa do império
uso do software Pajek. De posse das redes um luso.
SOMUSER ED ONREDAC 221

Exercício e Implementação da Justiça nas Vilas e Povoações nos


Confins Ocidentais da Colônia Norte. A Comarca de São José do Rio
Negro por seus Ouvidores

Stephanie Lopes do Vale


stephanie_slv@hotmail.com

Por meio das atuações dos bacharéis Lourenço coloniais flexibilidade para a manutenção da
Pereira da Costa (1760-1767) e António José ordem. A instalação da comarca do Rio Negro faz
Pestana e Silva (1768-1774) na capitania de São parte de transformações propostas pela política
José do Rio Negro como ouvidores na recém- pombalina, identificando-se com o processo de
criada comarca, propomos analisar os projetos burocratização da administração e alargamento
e projeções para a região. Aspectos locais e as da rede de funcionários coloniais. A nomeação de
obrigações oficiais ganham destaque a partir das letrados para capitanias periféricas se insere em
correspondências produzidas por estes lusos. um contexto maior de alterações e continuidades
Na leitura de sua atuação a implementação das políticas do império Português; o cotidiano de
normas e práticas da ouvidoria definem uma forma suas ações nas vilas e povoações amazônicas traz
de “justiça”, com a execução das ordens régias e à análise o choque entre a colônia pretendida e
a necessária adaptação exigiam dos funcionários as realidades nas localidades da vasta capitania.

A Câmara de Vila do Carmo e seus juízes ordinários:


alguns apontamentos (1711-1731)

Mariane Alves Simões


marianehist@gmail.com

O trabalho faz parte de um projeto em de uma documentação diversa (inventários,


andamento que tem objetivo geral refletir sobre testamentos, cartas patentes e mercês e processos
a justiça ordinária na região Vila do Carmo, de Habilitação da Ordem de Cristo) quem eram
Minas Gerais entre 1711 e 1731, período em que os os homens que assumiram esse cargo de juiz
juízes ordinários atuaram na região. A justiça em ordinário na região. Posteriormente, almeja-
primeira instância era realizada nos quadros da se fazer uma discussão sobre a execução dessa
Câmara, estando sujeita a apelação à Ouvidoria e justiça ordinária através da correspondência
o Tribunal da Relação mais próximo. O trabalho existente no Conselho Ultramarino e de alguns
tem dois enfoques principais: entender através documentos judiciais.

REDES DE PODER E DISPUTAS POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS NA ATUAÇÃO DO


DESEMBARGADOR CHRISTOVÃO SOARES REIMÃO: JUSTIÇA E ORDEM SOCIAL NA
CAPITANIA DO SIARÁ GRANDE (1703-1717)

Rafael Ricarte da Silva


rafa-ricarte@hotmail.com

As redes de poder político e econômico instituídas posse da terra, patentes militares, arregimentação
nos sertões do Siará grande – pela concentração da de tropas, grandes distâncias entre as ribeiras e
321 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

dificuldades de acesso ao/do poder central – se emblemático neste jogo de forças políticas. Desta
sobrepuseram ou pelos menos almejaram, em forma, esta proposta de comunicação visa analisar
muitos casos, as recomendações da administração as disputas em torno da atuação do magistrado no
metropolitana. O embate que envolveu o capitão- processo de medição e demarcação das sesmarias,
mor Gabriel da Silva Lago, o desembargador procurando esmiuçar a constituição de alianças/
Christovão Soares Reimão, os camaristas da vila redes de poder que almejavam impedir ou efetivar
de São José de Ribamar do Aquiraz e os sesmeiros a determinação real de controle das possessões
das ribeiras dos rios Jaguaribe e Acaraú, foi doadas.

Dia 20 de agosto de 2014

Os palimpsestos da lei e as potencialidades das formas e do campo de


uma história da justiça (Minas Gerais, século XVIII)

Álvaro de Araujo Antunes


alvoantunes@gmail.com

A comunicação visa apresentar os domínios da Justiça. A partir desses referenciais, considera


e as potencialidades de uma história da as concepções e as ações de justiça correntes
justiça, considerando suas relações com na América portuguesa, mais especificamente
áreas já consagradas da história, como a da nos auditórios e na sociedade mineira do século
administração e a do direito. A proposta toma XVIII. Tomando como fontes os processos e os
como base analítica uma concepção de poder registros judiciais, a comunicação tem o objetivo
plural - que não prescinde da figura de governo de indicar aspectos diversos das formas de ação
metropolitano - e as acepções de Jacques Derrida da justiça; aspectos aos quais competiria um
acerca da universalidade da lei e da especificidade campo analítico específico.

Ouvidores e corregidores: apontamentos para uma história comparada


das magistraturas ibéricas (sécs. XVI-XVIII)

António Castro Nunes


ant.castronunes@gmail.com

Assistiu-se nas últimas décadas nas se-ão para o efeito a origem social e geográfica
historiografias brasileira, portuguesa e destes magistrados, a sua formação letrada, os
espanhola, a um renascimento do interesse ritmos e temáticas da sua comunicação com os
pela história da administração da justiça, respectivos órgãos centrais da Monarquia. Para
multiplicando-se as análises sociais das um melhor esclarecimento das diferenças no que
magistraturas nos impérios ibéricos. Ainda diz respeito às competências comparar-se-ão
assim, é evidente a falta de estudos que abordem estes oficiais com outras instâncias, como seja,
comparativamente este problema. Pretende- para o caso do império português, governadores
se com esta comunicação comparar a acção de e juízes de fora e, para a Monarquia espanhola,
ouvidores de nomeação régia no Brasil com a dos audiencias e oficiales reales.
corregidores da América espanhola. Considerar-
SOMUSER ED ONREDAC 421

Ministros da Justiça na América Portuguesa: Ouvidores-Gerais e Juízes


de Fora (séc. XVIII)

Isabele de Matos Pereira de Mello


isabelemello@gmail.com

A monarquia portuguesa criou diferentes trabalho propõe uma reflexão sobre o papel
instituições e ofícios para administrar a justiça dos ouvidores gerais e juízes de fora como
nos seus territórios. Para estes ofícios de principais responsáveis pelo governo da justiça
justiça, a coroa designou bacharéis formados na América portuguesa. A ideia é dimensionar
na Universidade de Coimbra e habilitados os espaços de jurisdição dos ouvidores-gerais
pelo Desembargo do Paço. Os magistrados e juízes de fora, através de uma análise de
eram enviados para diversas localidades do suas competências, atribuições e acúmulos
império com a missão de contribuir com a de funções no âmbito geral da organização
complexa tarefa de administrar à distância. O administrativa das comarcas.

Cursus honorum dos juízes de fora que estiveram em Minas Gerais e na


Bahia (1700-1750)

Débora Cazelato de Souza


deboracazelato@yahoo.com.br

Salvador foi a primeira cidade da América foram esses homens que estavam a serviço da
Portuguesa a ter um juiz de fora nos finais do Coroa Portuguesa, ou seja, traçar a trajetória
século XVII. Ouvidores e juízes começaram a na burocracia portuguesa. Sabe-se que o cargo
ser nomeados por toda a colônia americana e a de juiz de fora, era geralmente o primeiro ofício
fazer parte da estrutura administrativa e jurídica ocupado depois de se formar na Universidade de
implementada pela Coroa. Em Minas, o primeiro Coimbra. A documentação consultada para essa
juiz de fora foi nomeado na década de 30 do comunicação será o Memorial de Ministros da
século XVIII, o que demonstra a necessidade Biblioteca Nacional em Lisboa e as Chancelarias
da Coroa em estabelecer meios de controle Régias de D. João V e D. José I do Arquivo
em uma Capitania em plena era aurífera. O Nacional da Torre do Tombo.
objetivo dessa comunicação é mostrar quem

A circulação dos juízos locais de Pernambuco – a dinâmica das


comunicações entre a justiça local, o Tribunal da Relação e os
tribunais do Reino no século XVIII.

Jeannie da Silva Menezes


jeanniemenezes@yahoo.com.br

Muitas foram as chamadas “tradições da no âmbito da justiça podem ser percebidas


governança” na construção da jurisdição do na comunicação entre uma das capitanias da
Estado da época moderna, sobretudo na América América Portuguesa com os espaços reinóis.
Colonial. As manifestações deste fenômeno Para tanto, procuramos perceber a justiça local
521 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

instituída na Capitania de Pernambuco na e relativamente autônomo do poder europeu


sua comunicação direta com o centro reinol, cujas dinâmicas aproximam suas experiências
muitas vezes desconhecendo a autoridade do com outros espaços atlânticos e são reveladoras
Tribunal da Relação na Bahia. Percebemos a de certo descolamento do mando em relação aos
capitania enquanto uma das “novas fronteiras centros reinóis e de realidades ibero-americanas
coloniais”, caracterizada como um centro novo mais autônomas.

A extraterritorialidade em questão Elementos para pensar uma


justiça fora de lugar

Susana Isabel Marcelino Guerra Domingos


guerralocal@gmail.com

No século XIX, os poderes ocidentais os sob as suas autoridades nacionais. Assim,


assegurariam direitos extraterritoriais para os mais além da política de domínio dos mares, de
seus cidadãos em diversos territórios africanos e estabelecimento de feitorias e fixação de colónias,
asiáticos, na crença de que estes estados seriam Portugal gozou, dentro do contexto imperial,
incapazes de praticar a justiça, não aceitando deste regime jurídico excepcional, conhecido
a ideia de subserviência à lei das “civilizações como extraterritorialidade. O presente trabalho
inferiores”. No caso português, a presença na pretende explorar criticamente essa figura
Ásia contou com esta outra forma de domínio, jurídica que permitiu criar espaços coloniais em
pela celebração de tratados desiguais, isentando países soberanos.
os seus súbditos da jurisdição local, colocando-

Dia 21 de agosto de 2014

Ouvidores e administração da justiça nas comarcas da Paraíba e


Pernambuco(c.a. 1687- c.a.1799): notas de pesquisa

Yamê Galdino de Paiva


yamepaiva@yahoo.com.br

A presente comunicação traz algumas de nobilitação, etc.) e da montagem do aparelho


considerações sobre a pesquisa de doutorado em judicial procura-se compreender quem eram os
curso dedicada à investigação da administração da agentes designados a executar a justiça régia nesse
justiça nas comarcas das capitanias da Paraíba e espaço da América portuguesa, bem como perceber
de Pernambuco desde as duas últimas décadas do a formação do espaço jurídico nas duas comarcas,
século XVII até ao final do século XVIII. Através com destaque para os ajustes de jurisdição e
da elaboração do perfil dos ministros (origens as relações estabelecidas entre magistrados,
geográfica e social, carreira administrativa, mercês autoridades administrativas e homens locais.
SOMUSER ED ONREDAC 621

Oficiais de Justiça e população local na Comarca de Alagoas:


Conflitos em torno da criação da Conservadoria das Matas
(Século XVIII, 1771c. 1798)

Lanuza Maria Carnaúba Pedrosa


lana_pedrosa@hotmail.com

Objetivamos do presente trabalho será que impunham a Coroa Portuguesa à criação do


apresentar parte das análises de nossa Órgão: o Ouvidor-Geral da Comarca de Alagoas,
dissertação de mestrado, através de uma análise o Governador de Pernambuco e mercadores
documental, de dois dentre vários conflitos que locais com o apoio das Câmaras municipais das
ocorreram entre os oficiais régios da Comarca de vilas alagoanas. Nessa sentido, analisaremos
Alagoas e a população local em torno da criação os capítulos de queixas da população contra o
da Conservadoria das Matasno final do século Ouvidor José Mendonça de Matos Moreira, e em
XVIII (1771c. 1798). Esta consideração é parte contrapartida, como este magistrado se utilizou
essencial de nosso pesquisa que permeia a análise de suas redes de poder local para continuar
do perfil, atuação e redes dos oficiais de justiça exercendo sua autonomia frente a esses trâmites.

Justiceiros ou Aplicadores da Justiça Régia? Queixas e Querelas contra


os Ouvidores da Comarca de Alagoas (1721-1804)

Antonio Filipe Pereira Caetano


afpereiracaetano@hotmail.com

Nos últimos anos, a historiografia sobre a política seja tentando o acompanhamento de suas
colonial tem voltado seu olhar de maneira mais trajetórias administrativas, seja em suas atuações
enfática para a temática da justiça, especialmente nos vários rincões da América Portuguesa. Assim,
tentando aprofundar os trabalhos já consolidados a presente comunicação se debruçará em uma
de Stuart Schwartz (Tribunal da Relação da Bahia) outra temática sobre este mesmo grupo: as queixas
e Arno Wehling & Maria José Wehling (Tribunal e as contestações que os moradores das terras
da Relação do Rio de Janeiro). Neste sentido, os americanas faziam da atuação destes “homens da
ouvidores, juízes de fora, juízes ordinários e de Justiça”, especialmente na Comarca de Alagoas.
vintena tem emergiu nas tintas historiográficas

A Justiça fazendária na América portuguesa: as complexas jurisdições

Cláudia Maria das Graças Chaves


claudiachaves@uol.com.br

Ainda que não seja possível dizer que os efeitos políticos. A partir da criação do Erário Régio e
da política econômica pombalina tenham da separação entre a administração econômica e
produzido resultados no sentido de uma executiva da Fazenda deste órgão em relação a
centralização e de racionalidade administrativa administração jurídica do Conselho da Fazenda,
na América portuguesa, podemos dizer que elas forçosamente se introduz uma nova dinâmica na
impulsionaram uma reconfiguração de espaços administração fazendária ultramarina. As Juntas
721 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

de Administração e Arrecadação da Real Fazenda, jurisdições ou espaços para se estabelecer o


exclusivas dos territórios do ultramar, reuniam direito, pois se tornavam fóruns privilegiados na
funções executivas e jurídicas da fazenda, algo resolução de conflitos fazendários, na ausência
que até então limitado para as provedorias. Nesse do Conselho da Fazenda, e que se amalgamavam
sentido, as Juntas da Fazenda criavam novas com poderes locais em sua composição.

Dia 22 de agosto de 2014

O papel da Justiça local nos conflitos pela alforria e manutenção da


liberdade nas Minas do Rio de Contas Setecentista

Kátia Lorena Novais Almeida


katialorenaa@yahoo.com.br

Nesta comunicação, discuto a vulnerabilidade Justiça local a fim de resolver conflitos em torno
da liberdade por meio da experiência de homens da alforria e manutenção da liberdade, e interessa
e mulheres que recorreram à Justiça na vila de aqui entender em que circunstâncias isto se
Rio de Contas. Sabe-se que as fronteiras entre dava, quem eram os sujeitos que a ela apelavam, e
escravidão e liberdade eram tênues e que a como os advogados envolvidos nessas causas de
prerrogativa de alforriar cabia a cada senhor. liberdade respaldaram suas defesas.
Ainda assim, escravos e libertos recorreram à

Os imbróglios em torno de um padre pregador e o regalismo do


ouvidor do Espírito Santo

Gustavo Pereira
gustavopereira@id.uff.br

O padre Manoel Furtado de Mendonça, em há dado”. Passados cerca de 40 dias, o padre foi
um sermão pregado em 1770, lamentou que “a preso e suas palavras, consideradas “temerárias”,
Igreja está hoje em uma espécie de servidão foram devassadas por representantes das justiças
e [...] o poder secular não permite fazer coisa eclesiástica e régia. Partindo dos referidos autos
alguma à jurisdição espiritual”; disse, ainda, de devassa, busca-se compreender as ações e os
que “os prelados eclesiásticos já não têm direito esforços argumentativos do ouvidor do Espírito
incontestável, porque querendo castigar um Santo, José Ribeiro de Guimarães Ataíde, que
pecador obstinado, lá vem uma justiça estranha orquestrou a prisão e a condenação do padre – em
tirar-lhes das mãos as armas que Jesus Cristo lhes sintonia com as diretrizes regalistas pombalinas.

Influências das relações teológico-jurídicas na expansão político-


administrativa colonial.

Elaine Godoy Proatti1


naneproatti@gmail.com

O objetivo desta comunicação é apresentar as presentes na função do juiz. Demonstraremos


relações entre o mundo jurídico e a esfera moral até que ponto as decisões e sentenças judiciais
SOMUSER ED ONREDAC 821

encontravam-se baseadas na Teologia moral proposta de participação são: Tres pareceres sobre
católica na América portuguesa e espanhola do las servidumbres personales de los índios; Real Cédula
século XVII e a importância dessas decisões, de 24 de Noviembre de 1601 e Medula de la Theologia
apoiadas na Teologia, para a administração Moral, que con fácil, y claro estilo explica, y resuelve
política, social, econômica e cultural da colônia do sus matérias, y casos del Padre Hermano Busembaum,
vice-reinado do Peru e nas colônias portuguesas. edição de 1688, Autos de Correições de Ouvidores
As obras propostas neste trabalho, para esta Gerais -1. Vol..

O ouvidor geral Antônio Figueira Durão e as eleições da Câmara de


São Luís no ano de 1647

Carlos Alberto Ximendes


caximendes@yahoo.com.br

A presente comunicação se propõe analisar o ao mesmo tempo nesta instituição e para


processo eleitoral da Câmara de São Luís do tanto estabelecem uma consulta ao ouvidor
Maranhão no ano de 1647, quando os camaristas Geral Estado Antônio Figueira Durão sobre a
resolveram enfrentar uma questão que há muito legalidade de tal procedimento e o parecer do
os inquietavam. Parentes ocupando cargos referido ouvidor geral sobre a questão.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 12
Os Agentes das ”Dinâmicas de Mestiçagens” na Ibero-América, séculos XV a XIX

Coordenadores: Isnara Pereira Ivo (UESB) & Marcos Antônio de Almeida (UFBA /CNPq/Pesquisador da


Província Franciscana de Santo Antonio do Brasil)

Dia 19 de agosto de 2014

Trajetória e conquistas de um preto-forro nos sertões da Bahia:


trânsitos culturais e mestiçagens. Século XVIII

Isnara Pereira Ivo


naraivo@gmail.com

A analisa-se a trajetória de João Gonçalves da compreendidas no contexto de mundialização


Costa, preto-forro, nascido em Portugal que, ibérica verificada nas possessões do Novo
em meados do século XVIII, compôs bandeiras Mundo que possibilitou a mobilidade planetária
de conquistas e interiorização dos interesses do de pessoas e culturas de diferentes espaços
governo português nos sertões do Brasil. Costa históricos. Os processos de encontros culturais
e sua família tornaram-se grandes proprietários fomentaram a consolidação de grupos familiares
de terras e de escravos e membros das instâncias mestiços que marcaram as instancias do poder
do poder local cuja influência política, e de seus público colonial. Interferências nem sempre
descendentes, perdurou até fins do século XX, na desejadas pela coroa, mas fizeram-se marcantes
região Centro-Sul do estado da Bahia. A trajetória na formação do poder régio nos interiores do
deste ex-escravo e seus descendentes são Brasil.

Do “mestiço” ao racialismo: distinções conceituais e visões


historiográficas

Eduardo França Paiva


edupaiva@ufmg.br

Quais as diferenças entre o “mestiço” e as mesclas perspectivas conceituais, bem como seus usos,
ou misturas (biológicas e culturais), conceitos valores a elas agregados e significados atribuídos
empregados desde o período medieval até o início é o propósito desta comunicação. Pretende-se,
do século XIX, e a miscigenação, a mestiçagem ainda, refletir sobre visões historiográficas que
e a hibridação sob as perspectivas recialistas, não diferenciam as duas perspectivas, às vezes
eugências e cientificistas dos séculos XIX e XX? por desconhecimento e mesmo por escassez
Diferenciar histórica e historiograficamente essas bibliográfica e outra vezes por conveniência.
SOMUSER ED ONREDAC 031

O ParaÍso dos mulatos e das mulatas: a mestiçagem dos escravos da


Companhia de Jesus, RJ, século XVIII

Marcia Amantino
marciaamantino@gmail.com

A presente comunicação tem como objetivo Janeiro essas ideias estruturando sua escravaria
analisar, a partir de uma passagem da obra de com base na mestiçagem. As fontes priorizadas
Antonil (Cultura e opulência do Brasil por suas drogas serão, além da obra de Antonil, as cartas ânuas
e minas), as concepções acerca do trabalho dos relativas ao Rio de Janeiro e os inventários de
escravos mestiços e como a Companhia de Jesus sequestro dos bens da Companhia de Jesus, mas
tentou implementar em suas fazendas do Rio de especificamente, a parte referente aos escravos.

João Duns Escoto (1265/66-1308): influência de um pensador franciscano


medieval nas letras e nos letrados franciscanos na Ibéro-américa
(Sec. XVI-XVIII)

Marcos Antonio de Almeida


marcosbrasilico@yahoo.com.br

A Ordem franciscana está para a América como e o Novo Mundo não são nem Velho nem Novo,
a América está para os franciscanos. Enquanto mas espaços distintos envolvidos em dinâmicas
agente espiritual e político, a Ordem franciscana permanentes impostas pela ação e reflexão da
se associou, desde 1492, às Conquistas, aos Ordem seráfica, ou seja, a Ordem impunha este
conquistadores e aos povos americanos. refazer à luz das novidades emergentes. A partir
Impregnados por ideias medievais na busca do de textos e de autores franciscanos, do século
Paraíso, dezenas de províncias foram erigidas XVI ao século XVIII, sublinharei o pensamento
na Ibéro-América, milhares de missionários medieval tardio de João Duns Escoto (1265/66-
atravessaram os oceanos e interpretaram os novos 1308) subjacente ao pensamento franciscano
povos da mesma forma que os de cá também sobre o Brasil, a sua gente e tudo o que se relaciona
interpretaram os de lá. Aqui começa uma longa com a inclusão dos mundos que foram separados.
história de transformações permanentes: o Velho

De parda a dona: Thereza Gomes de Oliveira – notas sobre mestiçagens


(Goiás, 1770-1850)

Maria Lemke
marialemke@gmail.com

Antônio Gomes de Oliveira era português, naquela senzala – e em tantas outras na América
marchante elevado a capitão-mor e Narciza, portuguesa. Numa época em que homens,
preta da Costa da Mina, escrava do plantel animais e cores tinham lugar predeterminado
daquele português. Dessa relação nascia, por na sociedade, Thereza poderia ser classificada
volta de 1777, Thereza Gomes de Oliveira. Além como mestiça, pois fruto de misturas de cores
dela, outros filhos de “tratos ilícitos” nasceram e condições distintas. Tendo como ponto de
131 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

partida testamentos, registros de batismos, o parentesco espiritual com os parentes da “casa


cartas de alforria, objetivo problematizar a grande”, traços, portanto, que indicam como as
trajetória de Thereza: o desaparecimento de sua mestiçagens longe de acabarem com a escravidão,
cor “parda”, a emergência da qualidade de “dona”, produziam e reproduziam as hierarquias.

AS CATEGORIAS EMPÍRICAS DE DISTINÇÃO SOCIAL NO SERTÃO DA BAHIA DO


SÉCULO XIX

Ocerlan Ferreira Santos


ocerhist@hotmail.com

O presente texto tem por objetivo fazer uma essas categorias foram utilizadas para diferenciar,
discussão historiográfica acerca das categorias hierarquizar e classificar os indivíduos na
empíricas ‘qualidade’, ‘nação’ e ‘cor’. E por meio Imperial Vila da Vitória no século XIX, atual
da análise de inventários post-mortem, processos Vitória da Conquista, centro-sul da Bahia.
cíveis e criminais, evidenciar a maneira como

Dia 20 de agosto de 2014

Biografias e Trânsitos na América açucareira da Monarquia Católica


(1580-1640/68)

Kalina Vanderlei Silva


kalinavan@uol.com.br

O objetivo deste trabalho é pensar as conexões que ligavam a América açucareira portuguesa
estabelecidas entre as capitanias do norte aos territórios dos Habsburgo de Espanha; e em
do estado do Brasil e a corte da Monarquia segundo, o processo de construção identitária
Católica dos Filipes de Espanha entre as últimas da elite açucareira enquanto grupo social e
décadas do século XVI e a segunda metade do oligarquia política. Para tanto observamos uma
século XVII a partir de estudos de trajetórias de série de personagens, cujos indícios biográficos
vida, considerando a relação entre biografias/ estão espalhados em documentos oficiais e
trajetórias individuais e trânsitos oceânicos para cronistas, ilustrativos da intensa circulação de
melhor compreender dois pontos: em primeiro gente entre a América açucareira portuguesa e os
lugar, as relações sociais, culturais e políticas outros territórios da Monarquia Católica.

“Santos negros das Américas: Confraria de São Baltasar em Buenos


Aires e Confraria de São Elesbão e Santa Efigênia no Rio de Janeiro na
crise do Antigo Regime”

Caroline dos Santos Guedes


Caroline.santosguedes@hotmail.com

O tema proposto a ser desenvolvido é o estudo XIX. O período proposto para a pesquisa é
de irmandades negras no mundo colonial ibérico particular, pois é repleto de transformações,
desde fins do século XVIII a princípios do século através das quais a população africana e
SOMUSER ED ONREDAC 231

afrodescendente adquire maior autonomia. A exercerem publicamente suas devoções através


comunicação vai abordar o papel das irmandades das irmandades, que os representava, e de que
nesta dinâmica de intensa mudança e até que maneira e até que ponto essas instituições os
momento a criação de santos negros pode ser representava, criava laços sociais e identidades
vista como uma experiência de resistência. entre os seus membros é relevante para
Visa observar ainda as estratégias negras para identificar as concessões e os limites acerca
conseguir visibilidade e autorizações para dessas instituições.

OS PEREIRA DA CRUZ: UMA FAMÍLIA “MESTIÇA” NO SERTÃO DA CAPITANIA DO


RIO GRANDE DO NORTE (SÉCULOS XVIII-XIX)

Helder Alexandre Medeiros de Macedo


heldermacedox@gmail.com

O trabalho investiga a presença da família dos genealogia da família, composta de pessoas


Pereira da Cruz, que se instalou no sertão da de diferentes qualidades, que mantiveram
Capitania do Rio Grande do Norte, entre o parentesco ritual com parentelas descendentes
século XVIII e a primeira metade do século XIX. de colonizadores de origem portuguesa ou
Os patriarcas dessa família, Francisco Pereira luso-brasílica. Além de trabalharem nas lides
da Cruz e Antonio José Pereira, pardos, eram da pecuária e atuaram como oficiais mecânicos,
sobrinhos do sargento-mor Manuel Esteves de os Pereira da Cruz estiveram envolvidos na
Andrade, a quem a historiografia regional atribui construção e manutenção de um templo dedicado
o título de “fundador” da cidade de Acari-RN. a N. S. da Guia e no gerenciamento da irmandade
O cruzamento de fontes paroquiais, sesmariais, de S. Gonçalo Garcia.
notariais e judiciais nos permitiu construir uma

João Lourenço, o “Príncipe Encoberto”, libertador dos cativos.


Profetismo, escravidão e trânsitos culturais na América Portuguesa
(Minas Gerais, séc. XVIII)

Ana Margarida Santos Pereira


anaspereira@yahoo.com

Em meados do séc. XVIII, foi preso em Minas profetizava? Como se explica a inquietação por
Gerais um homem branco, de origem portuguesa, ele causada? Qual o seu acolhimento junto da
acusado pela justiça secular de perturbar a ordem população de origem africana? Ao responder
estabelecida, promovendo um levantamento a estas questões, procuraremos mostrar
de escravos no Serro do Frio. Posteriormente, que o caso por nós estudado desafia a ideia,
foi denunciado à Inquisição e, depois de vários geralmente aceite, de que o milenarismo não
anos no cárcere, declarado como louco. A nossa teria tido penetração entre os africanos e seus
comunicação segue a trajectória do estranho descendentes no Brasil, fornecendo novos dados
forasteiro que se apresentou como mendigo para o estudo das relações inter-étnicas na
para, depois, revelar que era um príncipe com a América portuguesa.
missão de libertar os escravos do Brasil. O que
331 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Novo Mundo: escritos e mediações

Manoela Freire Correia


manufcorreia@yahoo.com.br

Objetiva-se analisar os escritos de Pero de Quinhentos, num processo de expansão que


Magalhães Gandavo, Fernão Cardim e Gabriel desconheceu as fronteiras geográficas e culturais
Soares de Sousa, cronistas que circularam entre entre o Velho e o Novo Mundos. Patenteia-
o Reino lusitano e a Província do Brasil no século se, portanto, a história da província de Santa
XVI, fornecendo informações destas partes à Cruz com base nos cronistas supracitados, os
Coroa portuguesa. Tais escritos lançam luz sobre quais são considerados mediadores culturais,
a colonização europeia nos trópicos, patenteando visto que, realizando a transposição das
as dinâmicas de mestiçagem biológica e cultural fronteiras geográficas e culturais, mobilizaram
associadas às formas de trabalho – mormente experiências, sentimentos, identidades, técnicas,
o compulsório – que se formaram a partir do crenças e valores.

Ações políticas dos Capitães e Lideres Indígenas no Sertão da Capitania


da Bahia (1697-1816)

Solon Natalício Araújo dos Santos


s_natalicio@yahoo.com.br

Este trabalho toma como fio condutor as trajetórias um projeto de transformação e territorialização
históricas de duas lideranças indígenas: Antônio da aldeia indígena em vila, sede de comarca e
Paulo Gonçalves e Antônio Gonçalves do Rosário. freguesia, um acentuado processo de mestiçagem
Estes personagens, embora não contemporâneos, e inserção no mundo colonial vivido pelos índios
além de homônimos, possuem em comum o fato aldeados e intensas experiências de reconstrução
de terem sido protagonistas de ações políticas identitárias. De acordo aos seus respectivos
nos aldeamentos da missão franciscana do Bom tempos, experiências e relações de contato com
Jesus da Glória, localizados na freguesia e vila de a sociedade colonial vigente, os dois lideres
Santo Antônio da Jacobina, sertão da Capitania indígenas em Jacobina desenvolveram uma
da Bahia. Entre o final do século XVII e o início do cultura política que lhes permitiram negociar e
século XIX, ocorreram mudanças significativas lutar por seus direitos e interesses.
na política indigenista da Coroa portuguesa,

Catarina Paraguaçu e Diogo Caramuru: colonização e mestiçagem na


América Portuguesa

Adriana Dantas Reis


adrihis@hotmail.com

No calor das discussões políticas e acadêmicas Diversas pesquisas foram divulgadas, nos
contemporâneas sobre ações afirmativas, cotas últimos anos, em publicações e eventos nacionais
e racismo, a problemática da mestiçagem no e internacionais, principalmente aqueles sobre
Brasil têm sido retomada entre historiadores. o período colonial. É dentro deste contexto, e
SOMUSER ED ONREDAC 431

tomando como ponto de partida a afirmação de bibliográfica serão repensados os paradigmas


Gilberto Freyre de que a “miscibilidade” foi uma da mestiçagem, através do mito fundador do
das políticas do Estado português para garantir Brasil mestiço, o casamento do português Diogo
o domínio colonial e a eficácia colonizadora, Caramuru com a índia tupinambá Catarina
depois repetida por outros historiadores, que Paraguaçu.
este trabalho se concentra. Através de revisão

Dia 21 de agosto de 2014

Hierarquias sociais e condições de trabalho: as artes mecânicas em


Mariana e as cobranças de ofício (1745 – 1808)

Fabrício Luiz Pereira


fabricioluizp@yahoo.com.br

O objetivo da presente comunicação é debater elementos importantes sobre o universo


acerca das hierarquias próprias do universo do oficialato mecânico, principalmente
fabril setecentista e as condições de serviço nas dos jornaleiros. Dessa maneira, foi possível
quais pedreiros e carpinteiros vivenciaram no descobrir a distribuição desses homens no
período colonial. Como recorte, estabelecemos termo de Mariana, o valor de suas obras, as
a cidade de Mariana no período correspondente negociações entre contratante e contratado, e,
a 1745 – 1808. Através do conjunto de cobranças em alguns casos a diversificação das atividades
das “ações cíveis” do Arquivo Histórico da Casa econômicas.
Setecentista de Mariana foi praticável detectar

“Dos sufrágios que se hão de mandar fazer pelas almas dos irmãos e
irmãs que falecerem”: ritos fúnebres nas irmandades leigas da Vila do
Recife (1750-1800)

Juliana da Cunha Sampaio


juli_historia@yahoo.com.br

As irmandades leigas, surgidas a partir da ligação enterramento dos seus associados, essenciais
consensual de homens e mulheres das mais para garantir um bom destino no além-túmulo,
diversas origens e condição jurídica e social, se conforme o ideal católico-tridentino sobre o
espalharam pela América Portuguesa a partir do bem morrer. Assim, objetivamos, neste trabalho,
século XVII, tornando-se cenário privilegiado para apresentar o perfil de algumas irmandades leigas
análise dos mais variados aspectos da sociedade existentes na Vila do Recife, na segunda metade
e do cotidiano colonial. Entre suas principais do setecentos, enfatizando instituições compostas
atribuições estavam a devoção aos santos prioritariamente por pretos e pardos, a fim de
protetores, o assistencialismo, a disseminação verificar as influências do discurso católico sobre
do culto católico e a realização dos rituais de a morte nos rituais por elas realizados.
531 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Poder e sociedade na Ásia portuguesa na época moderna: os clãs Costa


e Hornay nas ilhas de Solor, Flores e Timor

Manuel Leão Marques Lobato


m.leao.lobato@hotmail.com

A comunidade mestiça de Larantuka (Flores), políticas são aqui traçadas, acabaram por contrair
conhecida por larantuqueiros, topasses ou laços familiares com elites timorenses cujas
portugueses “pretos”, colonizou o noroeste de linhagens exibiram aqueles apelidos e os títulos
Timor e frequentemente opôs-se aos governadores honoríficos portugueses (tenente-general, capitão-
e expedições de portugueses “brancos” enviados de mor, coronel) até ao século XX. A proliferação de
Goa e Macau para impor a autoridade do Estado armas de fogo, reequilibrando as forças exógenas
da Índia. Apontados como um dos três poderes e nativas, desvaneceu a superioridade militar dos
externos activos em Timor por mais de dois larantuqueiros, acelerando a sua integração na
séculos, os larantuqueiros foram inicialmente uma sociedade local, um processo em grande parte
força ocupante apoiada pelos reis da ilha das Flores. concluído no início do século XIX, quando já não
Divididos em duas facções antagónicas encabeçadas havia distinção clara entre famílias de origem luso-
pelos clãs Costa e Hornay, cuja ascensão e ligações asiática e muitas das famílias reais.

Práticas religiosas nos sertões das capitanias do Norte nos séculos


XVII e XVIII

Janaina Guimarães
guimaraes.janaina@gmail.com

Essa comunicação pretende apresentar um se intensificam as miscigenações nos sertões,


projeto nosso em andamento cujo objetivo com o estabelecimento de pousos e vilas nas
central é descortinar as relações sociais e as quais conviveram as mais diferentes pessoas
práticas religiosas desenvolvidas nos sertões e práticas culturais, desde os soldados que
das capitanias do Norte nos séculos XVII e participaram dos combates até os índios e negros
XVIII. Buscamos perceber como se configuraram por eles combatidos. Nesse intenso processo
as práticas religiosas e as relações sociais no miscigenação se desenvolveram diversas práticas
começo da colonização dos sertões, com o religiosas que objetivamos aqui estudar para
avançar do processo de interiorização após a melhor compreender a construção das sociedades
expulsão dos holandeses. É nesse momento que sertanejas.

O tráfico interno de escravos entre a Freguesia do Gentio (Caetité) e


a Villa de Monte Alto no Alto Sertão da Bahia: 1870 – 1888

Rosângela Figueiredo Miranda


rosamirandagbi@gmail.com

O artigo discute o tráfico de compra e venda de Alto, entre os anos de 1840 a 1888. As regiões
escravos no Alto Sertão da Bahia, nas regiões localizam-se hoje entre as cidades de Caetité,
correspondente a Freguesia de Nossa Senhora Guanambi e Palmas de Monte Alto, situado
do Rosário do Gentio e a Vila de Monte aproximadamente a 800 km da capital Salvador.
SOMUSER ED ONREDAC 631

Com base em livros de notas do tabelionato, atividades de comércio, conhecida de tráfico


inventários, registros de nascimento e interprovincial destinadas para o Sudeste do
óbitos, disponíveis nos cartórios e Fórum da Brasil. Essa atividade econômica as portas da
localidade em estudo, verificou-se no século abolição, contribuiu para a formação de redes
XIX, um número significativo de escravos e das de sociabilidade e de poder no sertão baiano.

Dia 22 de agosto de 2014

Desejos e escolhas: dinâmica das vilas de índios na capitania do Rio


Grande do Norte entre o final do século XVIII e início do século XIX

Ristephany Kelly da Silva Leite


ristephany.kelly@gmail.com

O Diretório pombalino, também conhecido de índios como as vilas de Arez (Guajiru),


como diretório dos índios, legislação indigenista Extremoz (Guaraíras), Portalegre (Apodi), São
criada em 1757, visava assimilar os índios à José (Mipibu) e Vila Flor (Igramació). Objetiva-
sociedade colonial, estabelecendo condutas se, neste artigo, perceber as formas de reação e
sociais que pretendiam “civilizar” estes, que, adequação dos índios desta capitania após a
a partir daquele momento, viveriam em vilas. implantação do Diretório, e analisar como estes
Percebe-se que o diretório dava continuidade a se inseriram na lógica da sociedade colonial
política de civilizar os índios, que era realizada reivindicando, através dos mecanismos que
anteriormente através do Regimento das Missões lhes eram disponíveis, direitos garantidos pelo
(1686). Na capitania do Rio Grande do Norte, Diretório e posições desejadas.
há registros de antigas aldeias elevadas a vilas

Vida escrava nas minas do Arraial de Santa Luzia da Capitania de Goyaz

Jason Jugo de Paula


jasondepaula@gmail.com

Em Goiás, os poucos estudos sobre o setecentos da preta mina forra Catherina Fernandez Perez a
justificaram a não discussão de outros aspectos partir dos dados de três Códices: um de assentos
da vida colonial, que não os administrativo- de Óbitos, pertencente ao Arquivo da Igreja
econômicos, pelo mito da “ausência de fontes”. Matriz de Santa Luzia; outro de testamentos,
Deste modo, o objetivo deste trabalho é pertencente ao Museu Padre Simão Dorvi da
justamente abordar outras dimensões da vida Cidade de Goiás; e o terceiro, de assentos de
escrava goiana no século XVIII, tais como os batizados que está sob a guarda do Arquivo
principais grupos étnicos deslocados para parte Público do Distrito Federal (Brasília), todos
central da Colônia, integração dos cativos e forros dedicados à população do Arraial de Santa Luzia
às irmandades religiosas e a trajetória individual no período correspondente ao século XVIII.
731 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

SAMBA DE RODA: TRAÇOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E CULTURAIS DA TABUA GRANDE


NO MUNICÍPIO DE GUANAMBI-BA

Maiza Messias Gomes


mgomes_gbi@yahoo.com.br

Este ensaio configura-se como um recorte de uma partir das narrativas dos próprios moradores. No
pesquisa desenvolvida no âmbito do doutorado, viés das lembranças, as experiências culturais do
que propõe investigar as invenções e reinvenções meio rural são contadas e recontadas de forma
culturais das comunidades negras rurais no significativa através da reinvenção da tradição
município de Guanambi-BA, especialmente, os do samba de roda conhecida popularmente como
sambas de roda que vêm sendo transmitidos de o Vai de Virá. As fontes utilizadas referem-se à
geração a geração por meio da memória coletiva entrevista com os moradores, literatura local,
do grupo. O objetivo desse trabalho é abordar os fotografias, vídeos, narrativas orais, reportagens
aspectos relacionados ao contexto histórico e de revistas e folders, entre outros.
sóciocultural da comunidade de Tabua Grande, a

Negros e índios na Capitania de São José do Piauí, 1720-1800

Mairton Celestino da Silva


mairton.celestino@icloud.com

A constituição do Estado do Maranhão como viajantes, missionários, administradores e


unidade administrativa portuguesa e separada comissariados enviados pela Coroa - adentravam
do Estado do Brasil remonta ao século XVII. A aos sertões e mantinham contatos, amistosos
carta régia de Fevereiro de 1620 que instituía essa ou não, com os índios locais. Neste trabalho,
nova unidade administrativa tinha entre outros gostaria de mostrar esse contexto da expansão
motivos a proteção, o povoamento e a ocupação portuguesa nos domínios do Novo Mundo, com
desse imenso vazio territorial. A necessidade da enfoque analítico para o Estado do Maranhão
interligação desses dois brasis ao longo do século e Piauí, em especial a Capitania de São José do
XVIII propiciará uma série de medidas, entre elas Piauí. Primeiro abordarei os negros escravizados
a criação do Estado do Grão-Pará e Maranhão e, – africanos e seus descendentes - sob o domínio
posteriormente, sua separação em Estados do dos bandeirantes e, posteriormente, sob a
Grão-Pará e Rio Negro e Estado do Maranhão e tutela jesuítica e, a partir da expulsão destes,
Piauí. Tal mudança alteraria sobremaneira a vida em domínio da administração portuguesa. No
dos poucos indivíduos da região, redefinindo segundo momento, perceber as políticas efetivas
assim suas hierarquias, costumes e expandindo de domínio da terra e seus conflitos/negociações/
os conflitos/negociações à medida que africanos alianças com os índios locais.
escravizados e luso-brasileiros – bandeirantes,
SOMUSER ED ONREDAC 831

O REINO SAGRADO DOS ETIOPINOS: NEGOCIAÇÃO NA IRMANDADE DO ROSÁRIO


DA CAPITANIA DE SERGIPE (1800)

Magno Francisco de Jesus Santos


magnohistoria@gmail.com

As irmandades e confrarias se constituíram uma se de um documento que evidencia mais do que


das principais expressões de agrupamentos de as preocupações com as sociabilidades e devoção
leigos na América Portuguesa. Essas associações ao Rosário de Maria, pois evidencia o processo
foram imprescindíveis no processo de construção de negociação e trocas culturais existentes no
de identidades e na organização das práticas de interior da associação entre brancos, pardos e
sociabilidades. Esse trabalho tem como foco o negros. Portanto, trata-se de um testemunho das
compromisso da Irmandade de Nossa Senhora teias sociais da América Portuguesa no descerrar
do Rosário dos Homens Pretos da Vila Nova do século XIX.
de Santo Antônio Real de El Rei do Rio São Palavras-chave: irmandade, religiosidade, trocas
Francisco, na capitania de Sergipe Del Rey. Trata- culturais, Sergipe.

O Mestiço Moral nos Escritos de Capistrano de Abreu

Ricardo Alexandre Santos de Sousa


ricsousa14@gmail.com

A ciência do século XIX foi bastante marcada vozes foi a do historiador João Capistrano de
pelas diversas teorias raciais. Grande parte Abreu. Capistrano percebia a mestiçagem como
dessas teorias classificava o elemento mestiço essencial para a formação de um elemento local
como biologicamente inferior, degenerado, na colônia portuguesa, adaptado ao ambiente
vicioso e outros adjetivos detratores. Algumas americano. Essa mestiçagem, contudo, não se
vozes dissonantes, entretanto se levantavam em daria fundamentalmente no plano biológico, mas
meio ao coro uníssono, contradizendo as crenças no plano cultural, ou, como Capistrano chamou
raciais mais estabelecidas. No Brasil uma dessas em um de seus estudos, “mestiçagem moral”.

Negro: memória, imagem e discurso na propaganda de programas


assistencialistas do governo do Estado da Bahia

José Robson Gomes de Jesus


domini_jr@hotmail.com

O trabalho, ora apresentado, visa a elucubrações desses padrões e não há melhor veículo para
mais agudas, sobre como se estabelecem e este fim, nas sociedades modernas, do que a
se cristalizam os padrões sociais, revelando propaganda publicitária. Nesse ínterim, justifica-
que os processos de legitimação destes estão se, e apresenta-se como extremamente cabível, a
intrinsecamente ligados às raízes ideológicas, análise das intencionalidades discursivas, quando
pautadas na pseudo supremacia étnica, social do uso da imagem de negros para representarem
e econômica das classes dominadores nas as classes desassistidas na propaganda oficial
sociedades históricas. Advém daí a necessidade dos programas assistencialistas do governo do
de meios que, amiúde, reiterem a legitimidade Estado da Bahia.
931 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Processos de Disciplinamento na Fronteira Pampiana: Trabalho e


Propriedade

Jussemar Weiss
jussweiss@hotmail.com

Nosso artigo busca mostrar mediante estudos de autoria de Juan Manoel Rosas; O estatuto
de documentos os processos de contensão rural uruguaio de 1876; A Estância da Música,
que levaram as mudanças nas praticas dos organizado a partir de escritos do proprietário,
trabalhadores do pampa, durante o século XIX, Conde de Piratini, por Guilhermino Cezar e
em função das transformações que passaram as que trata de uma série de ordens dirigidas ao
formas de constituição da propriedade agrária na seu capataz. Estas entre outras obras estudadas
região de fronteira pampiana. Neste estudo que no artigo revelam como as pressões sobre as
segue nossas pesquisas na construção de saberes condutas e saberes dos trabalhadores das regiões
ligados ao espaço pampiano, A partir da analise de fronteira se realiza a partir de um projeto das
dos documentos: Instruções a um administrador, elites para unificar as práticas dos trabalhadores.
SIMPÓSIO TEMÁTICO 13
Populações e Famílias na América Ibérica: pluralidades por desvendar

Coordenadores: Carlos de Almeida Prado Bacellar (USP) & Ana Silvia Volpi Scott (UNISINOS) 

Dia 19 de agosto de 2014

AS REDES DE RELAÇÕES ENTRE OS CHEFES DE DOMICÍLIOS NA


FREGUESIA DE GUARAPIRANGA EM 1831

Rodrigo Paulinelli de Almeida Costa


rodrigopaulinelli16@gmail.com

A capitania de Minas Gerais se desenvolveu, quem eram os chefes dos fogos dessa freguesia,
principalmente devido à exploração mineral, no quais as atividades econômicas em que eles se
entanto, outras atividades foram importantes inseriam, assim como as relações estabelecidas
à economia mineira, como a agricultura, o entre si. Para isso será feita uma análise das listas
comércio. No século XVIII, com a decadência da nominativas de 1831 e, em seguida, utilizado
mineração, essas atividades se intensificaram, o software Pajek, construir as redes sociais.
além disso, houve uma intensa migração para as Dessa forma, será possível visualizar como se
demais comarcas e freguesias de Minas Gerais. estabeleciam as relações (pessoais, econômicas,
A freguesia de Guarapiranga se insere nesse políticas) entre esses chefes.
contexto. Esse artigo tem como objetivo analisar,

A Família Escrava em pequenas unidades produtivas: diferentes significados


e estratégias para senhores e cativos – Borda do Campo – Minas Gerais-
Século XVIII e XIX

Ana Paula Dutra Bôscaro


paulinha_gdac@hotmail.com

O presente trabalho apresenta os resultados com atividades voltadas inicialmente para a


iniciais de uma pesquisa ainda em mineração associadas às atividades vinculadas
desenvolvimento, cujo principal objetivo consiste ao abastecimento interno. A partir da análise
na compreensão da presença, importância e das Listas Nominativas para o ano de 1831 e dos
significado da família escrava nos pequenos Registros Paroquiais de Batismos, buscaremos
plantéis no Alto do Termo da Borda do Campo, traçar o perfil destas famílias cativas, percebendo
Comarca do Rio das Mortes, Minas Gerais. se estas foram usadas como uma estratégia de
Esta região fazia parte da fronteira dos grandes manutenção, sobrevivência e ascensão destes
núcleos mineradores do século XVIII, uma área domicílios e proprietários.
periférica, composta por pequenas propriedades,
141 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Sobre o Mando do seu senhor: as relações de compadrio das escravas do


Barão de Alfenas - Freguesia de São Tomé das Letras - MG (1840-1870)

Juliano Tiago Viana de Paula


juvieiravp@hotmail.com

Nesta comunicação iremos analisar as redes de será utilizado um programa desenvolvido pelo
compadrio de Rita Guine, Francisca Crioula e Software Ucinet Net-Draws para demonstramos
Leonarda Parda, escravas de Gabriel Francisco a representação gráfica de seus laços sociais. A
Junqueira (Barão de Alfenas). Examinaremos necessidade de utilizar a representação gráfica
como essas cativas contribuíram para ampliar dessas interações é para que outras se tornem
o raio social do seu senhor entre seus familiares óbvias aos primeiros olhares. Diante disso, torna-
e pessoas fora de sua parentela consanguínea. se necessário realizar uma análise das redes
Estas mancípias foram as que mais apadrinharam sociais que foram modeladas através das relações
crianças escravas na Freguesia de São Tomé das de compadrio das escravas do senhor, Gabriel
Letras, e dada as complexidades de suas relações, Francisco Junqueira.

O dilema do pai idoso diante de seus jovens filhos: estratégias


familiares para burlar a herança igualitária (capitania de São Paulo,
Brasil, 1790-1855)

Carlos A. P. Bacellar
cbacellar@usp.br

Nesta comunicação iremos analisar os processos da exploração dos inventários de alguns de seus
de transmissão de herança entre gerações de membros. Como resultado, pudemos observar
senhores de engenho no Oeste paulista. A em detalhes as estratégias familiares de burla
partir dos resultados obtidos em “Os Senhores da legislação portuguesa relativas ao processo
da Terra”, livro publicado em 1997, buscamos sucessório, de maneira a buscar garantir a
ampliar o estudo de caso das famílias Pacheco continuidade dos negócios familiares em torno
e Almeida Prado, ambas da vila de Itu, através do açúcar.

A trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel: um exposto da Freguesia


da Cidade do Natal – Capitania do Rio Grande do Norte
(final do século XVIII e inicio século XIX)

Thiago do Nascimento Torres de Paula


thiagotorres2003@yahoo.com.br

Objetivo deste ensaio de pesquisa é construir a Rangel foi exposto em casa de Antonio Martins
trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel. Em Praça Júnior, na segunda metade do século XVIII,
1803 o mesmo teve participação na Câmara da no entanto com a abertura do testamento de
Cidade do Natal, homem casado, foi por varias Dona Catharina Peralta Rangel em 1775, deixou
vezes testemunha de matrimônios, em suma, evidente que o recém-nascido depositado na
um homem de notoriedade na freguesia. Porém soleira da casa de Antonio Martins, foi resultado
quando recém-nascido o Tenente Joaquim Lino de um abandono intra familiar. Joaquim exposto
SOMUSER ED ONREDAC 241

em casa de ... era filho natural de uma sobrinha enjeitado era sobrinho neto da testamenteira,
de Dona Catharina, que também era madrasta que não ficou desamparado com a morte da tia
do receptor do pequeno Joaquim. Por fim, o avó.

Estratégias matrimoniais e mobilidade social em Santiago de Iguape -


1806-1837

Jamile Serra Coutinho


mile.coutinho@hotmail.com

Nas sociedades de Antigo Regime, a mobilidade formalizada pela Igreja Católica representaria
social era garantida através das relações pessoais o intento de mobilidade social em Santiago
tecidas entre a população, assim o casamento de Iguape, Recôncavo baiano, no período de
representava situação privilegiada para a 1806-1837. A partir da análise dos assentos de
constituição de alianças políticas e sociais, trocas casamentos, pode-se perceber de que forma a cor/
e solidariedades. O presente trabalho desenvolve- qualidade do parceiro e a endogamia por origem
se com o intuito de analisar os “padrões” de e estatuto jurídico revelam a escolha matrimonial
casamentos dos escravos, libertos e livres de cor pensada de modo a garantir e/ou facilitar meios de
para perceber de que forma a união matrimonial sobrevivência na sociedade colonial.

Filhos de ninguém: a prática do abandono domiciliar no mundo luso-


brasileiro em perspectiva comparada

Ana Silvia Volpi Scott


asvscott@gmail.com

O caso da exposição de crianças no mundo haviam sido instaladas as Casas da Roda.


luso-brasileiro tem sido bastante estudado nas Nessa oportunidade, abordaremos o abandono
últimas décadas e os pesquisadores recorrem de crianças comparando-se a região noroeste
às fontes produzidas pelas instituições que de Portugal e freguesias do sul da América
receberam os pequenos enjeitados para analisar Portuguesa, entre os finais do século XVIII e
toda a problemática que cercava esse processo. início do XIX. As fontes básicas são os assentos de
Proporcionalmente muito menos estudos batizado. Paralelamente à análise quantitativa do
foram produzidos sobre a prática do abandono abandono, procuraremos identificar os lares que
nas portas das casas. Atendendo à proposta recebiam as crianças expostas. A questão que
do workshop, esta comunicação pretende norteia a comunicação é pensar o abandono como
dar uma contribuição, portanto, ao fenômeno o resultado de contextos variados que podem
do abandono que ocorria fora do âmbito das de ser resultado de momentos de crise familiar
instituições de acolhimento, privilegiando (gravidez indesejada) e/ou vulnerabilidade
o estudo dessa prática em áreas onde não social.
341 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Dia 20 de agosto de 2014

Gênero e poder na capital do vice-reinado: mulheres e viúvas


proprietárias segundo a Relação do Marquês de Lavradio

Cristiane Fernandes Lopes Veiga


crisfer02@usp.br

Os estudos de gênero vêm destacando as relações realidade no Antigo Regime. O Rio de Janeiro
de poder nas quais as mulheres estão inseridas colonial se apresentava como um importante
em tempos e lugares distintos. Neste contexto, centro mercantil, sobretudo depois da fundação
chamam a atenção do historiador as viúvas. Grupo da Colônia de Sacramento, do desenvolvimento
aparentemente fora do mercado matrimonial da cultura da cana no recôncavo da Guanabara,
e de trabalho durante a sociedade colonial, a do comércio do ouro e de gêneros para as minas
ausência dos maridos as colocava, porém, na (alimentos, roupas, escravos, gado, etc.). Optamos
condição de proprietárias e administradoras. por analisar o relatório do Marquês de Lavradio,
Em um período em que a morte fazia parte do destinado ao vice-rei que o substituiria, por ser
cotidiano da população, sobretudo a masculina, representativo do momento em que mudanças se
tornar-se viúva ainda jovem, tendia a ser uma consolidavam na capitania fluminense.

A Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação:


um estudo populacional (1681-1714)

Renata Assunção da costa


renata_assuncao_costa@hotmail.com

O intuito desse trabalho é apresentar os primeiros Capitania. Nesse sentido, pretende-se apresentar
resultados de uma pesquisa de mestrado que vem os dados populacionais dessa Freguesia, por meio
sendo desenvolvida sobre a Freguesia de Nossa dos registros de batismos existentes para essas
Senhora da Apresentação, situada na Capitania igrejas e capelas que formavam a Freguesia de
do Rio Grande (do Norte). A Freguesia de Nossa Nossa Senhora da Apresentação, analisando a
Senhora da Apresentação era a única existente expansão territorial desses espaços por meio do
para o período desse trabalho, sendo constituída de aumento populacional, culminando na criação
três igrejas, uma Matriz e duas secundárias e mais de outros espaços que, em período posterior,
nove capelas, distribuídas pela porção litorânea da constituíram novas freguesias.

Dinâmicas populacionais na formação de famílias nas freguesias de


Russas e Aracati, Ceará – 1770∕1880: casamentos cristãos e naturalidades
dos nubentes

Elisgardênia de Oliveira Chaves


elis_gardenia@yahoo.com.br

A complexidade na formação sócio-familiar na procedência e nas mobilidades elementos


do Ceará, no processo de colonização, tem fundamentais. Seja por mar ou por terra, pelas
SOMUSER ED ONREDAC 441

várias vias de acesso, trânsitos internos e por exemplo, construíram famílias. A partir
intercontinentais o Ceará, sobretudo a partir de dos registros de casamentos dessa população,
finais do século XVII, conectava-se as capitanias mas precisamente das freguesias de Russas e
circunvizinhas, ao Brasil, a África, a Portugal e Aracati, no período de 1770 a 1880, o objetivo
ao mundo. Homens, mulheres, livres, escravos, dessa comunicação é discutir a relação entre a
negros, brancos, mestiços, pobres e ricos, de formação de famílias através do sacramento do
origens diversas e distantes que para cá vieram, matrimônio e a procedência dos nubentes nesses
juntaram-se a povos e culturas que aqui já espaços cearenses.
habitavam e através do casamento cristão,

Famílias portuguesas, lares mineiros: uma análise da presença de


portugueses em comunidades rurais de Minas Gerais – Século XVIII

Clara Garcia de Carvalho Silva


claragcs@hotmail.com

Este trabalho apresenta os primeiros resultados reais ou imaginadas de enriquecimento com o ouro
de uma pesquisa ainda em desenvolvimento, cujo ou pela disponibilidade de terras; as origens de suas
objetivo é a análise socioeconômica de famílias esposas; o tecer de redes relacionais descortinados
constituídas e chefiadas por indivíduos de origem pelos apadrinhamentos. Reveladas tais informações,
declarada portuguesa que chegaram nas pequenas pensaremos na funcionalidade da família como
comunidades rurais da Borda do Campo, Comarca do uma prática de restituição dos laços familiares que
Rio das Mortes, no século XVIII. A partir da análise ficaram para trás após a travessia do Atlântico e
de registros paroquiais de batismos, pretendemos que, consequentemente, proporcionaram a fixação
traçar o perfil dessas famílias: as origens lusitanas de desses indivíduos nas terras da América Portuguesa.
seus chefes, que vieram atraídos pelas possibilidades

AS FAMÍLIAS SETECENTISTAS SERGIPANAS

Vera Maria dos Santos


veramstos@yahoo.com.br

O objetivo deste artigo é compreender quem O aporte teórico compõe-se de autores que
foram as famílias que habitaram a capitania discutiram o significado de família no citado
de Sergipe Del Rey no século XVIII, de modo período como Freyre (1986-1990), Silva (1998),
a evidenciar um breve perfil dessa população. Faria (1998), as Ordenações Filipinas (1870),
As fontes que darão suporte para a realização Bluteau (1712-1728), as Constituições Primeiras
desta pesquisa são oitenta e sete inventários do Arcebispado da Bahia (2010), o Catálogo de
judiciais sergipanos. Toda essa reflexão se documentos manuscritos avulsos da Capitania
desenvolve a partir da transcrição e análise de Sergipe (1619 - 1822), (1999), entre outros. É
dessa documentação e dados serão coletados sob a luz do método Indiciário, que a análise se
através de uma ficha que composta dos seguintes desenvolve.
campos: nome, atividades desenvolvidas, bens.
541 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

A população da capitania da Paraíba (1798-1805): fontes, estruturas


demográficas e comportamentos

Paulo Teodoro de Matos


plmatos@gmail.com

Na sequência do aviso régio de 1797, que retrato da demografia da Paraíba através de um


uniformizava a recolha estatística das colônias exame crítico deste corpus documental. Com
portuguesas, está disponível uma invulgar vista ao estudo das estruturas populacionais
colecção de mapas da população relativos à vigentes e os comportamentos demográficos
capitania da Paraíba. A informação, ainda pouco da população desta capitania, procurar-se-á
estudada, compreende as relações primárias observar a evolução numérica dos habitantes,
elaboradas para cada paróquia e, ainda, os mapas sua composição social, étnica, jurídica e etária,
gerais da capitania nos anos de 1798 a 1805, num assim como os aspectos relativos à fecundidade
total de cerca de 110 documentos. O objectivo e à mortalidade.
desta comunicação é o de apresentar um primeiro

FAMÍLIAS E MULHERES NO EXTREMO NORTE (1650-1840)

Leila Mourão Miranda


miranda.mourao@bol.com.br

Este artigo resultou da pesquisa “Maneiras de famílias vivenciada entre os séculos XVII e XIX.
viver, pensar e representar a sociedade e a natureza As representações elaboradas nesse período
no Estado do Maranhão e Grão Pará no período sobre os processos de conquista, descobrimento
de 1650 a 1840”, que objetivou destacar a família e colonização da região e neles a presença e a
e as mulheres no povoamento e na colonização participação de famílias e mulheres, exigiram a
do extremo Norte. O retorno ao passado, seleção e organização do “corpus documental”
motivado por noticias explicitas ou veladas, nos em múltiplas dimensões, que explicitaram a
documentos de viajantes, administradores, clero, população, as famílias e as mulheres na colônia
militares, nas crônicas e na literatura, buscou em perspectivas simbólicas e históricas.
recuperar e narrar uma história de mulheres e

“Quem tem família, agradeça noite e dia”: reflexões preliminares a respeito


da pluralidade populacional e das relações familiares de Porto
Alegre (1772-1822)

Denize Terezinha Leal Freitas


denizehistoria@gmail.com

A presente comunicação tem por objetivo discutir da população a partir das perspectivas teórico-
a pluralidade da constituição das famílias e das metodológicas da História Social, das Famílias
formas de uniões em Porto Alegre durante o e das populações. Para tanto, será realizada uma
período compreendido entre 1772-1822. Objetiva- análise cruzada entre os registros paroquiais
se elaborar uma análise preliminar a respeito e os róis de confessados correspondentes a
SOMUSER ED ONREDAC 641

Freguesia Madre de Deus de Porto Alegre. Trata- e a diversidade dos arranjos familiares que
se de um estudo quantitativo e qualitativo do constituíram esta sociedade que apresenta em
conjunto documental. Em linhas gerais, buscamos seu âmago várias características típicas do Antigo
apresentar uma reflexão que evidencie novas Regime e dos grupos que compuseram a sociedade
oportunidades de repensar a dinâmica social da América Portuguesa Meridional.

Dia 21 de agosto de 2014

A trajetória de indivíduos e famílias de comunidades agrárias na


América Portuguesa – século XVIII

Mônica Ribeiro de Oliveira


monicaufjf@gmail.com

A América Portuguesa no século XVIII, em uma verticais e horizontais na vida comunitária.


de suas regiões mais dinâmicas (Minas Gerais) Através da análise de trajetórias destes indivíduos
apresentava uma diversificada hierarquia social e famílias que antes viviam sob o cativeiro e depois
marcada pela presença de população livre branca, reconstruíram suas vidas no mundo dos livres,
escravos e libertos (negros e afrodescendentes). suas possibilidades de acumulação e a reiteração
As interações entre estes grupos caracterizavam- das relações de dependência, constituem as
se por laços de dependência e criação de redes principais questões da presente pesquisa.

Laços familiares construídos por homens e mulheres escravos nos


Setecentos na Capitania de Sergipe Del Rey

Jocineide Cunha dos Santos


Joceneidecunha@gmail.com

Na historiografia da escravidão, um dos campos nas terras sergipanas, incluindo entre eles. As
que mais têm crescido é da discussão de famílias fontes históricas utilizadas foram testamentos,
que envolvem escravos. Nesta pesquisa pretendo inventários post-mortem e registros de batismos.
abordar algumas características das famílias Essas fontes foram fichadas, quantificadas e seus
que envolveram homens e mulheres escravos na dados. Dentre os resultados, temos a existência
Capitania de Sergipe Del Rey nos Setecentos. de algumas uniões consensuais que envolveram
Neste momento, sobretudo na segunda metade, portugueses e nascidos no Brasil brancos com
a Capitania recebeu um grande fluxo de mulheres escravizadas e que os filhos foram
pessoas dentre elas portugueses e africanas. transformados em herdeiros dos bens dos pais.
E algumas delas construíram laços familiares
741 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS E FAMILIARES À LUZ DO PARADIGMA DO CURSO DA


VIDA: NOVAS PERSPECTIVAS DA DEMOGRAFIA HISTÓRICA?

Milton Stanczyk Filho


miltinhostanczyk@hotmail.com

Seria a estratégia – enquanto conceito – apenas o paradigma do curso da vida). Esta investida –
uma maneira enfática de combinar motivações ancorada na demografia histórica – prima por
pessoais com restrições definidas pelo ambiente, estudar a interação entre as vidas individuais
talvez econômicas, talvez demográficas, de e a mudança social. De modo ambicioso, os
indivíduos de um tempo pretérito? É possível estudiosos no curso da vida pretendem que
evidenciar empiricamente que determinados sua abordagem, na medida em que forneça uma
planos eram traçados a longo prazo de forma estrutura dos percursos sociais, das trajetórias e
consciente por seus atores sociais e que os de uma mudança social, revelem as interações e
mesmos eram reconhecidos e aceitos por seus interseções em diferentes níveis, tanto no micro
pares? O conceito dá conta de distinguir entre dos indivíduos quanto no macro da cultura,
aqueles sujeitos que o fazem, daqueles que são sociedade, economia e política. A proposta
afetados por determinada estratégia? Em recente desta comunicação é discutir os princípios que
debate nos campos das ciências humanas e guiam o arcabouço teórico-metodológico das
sociais, tal conceito vêm rendendo longas críticas abordagens do curso da vida, apresentando
acerca das limitações que tal noção se coloca ao suas virtualidades e limites, tendo como foco
passado. Se os entraves teóricos não conseguem as estratégias individuais e familiares numa
ser superados em todos seus questionamentos, localidade fronteiriça da América portuguesa
as dificuldades metodológicas são – em partes colonial, mais especificamente os sertões de
– suprimidas quando se utiliza outro artifício Curitiba entre os séculos XVII e XVIII.
conhecido como abordagem ao longo da vida (ou

Inserção portuguesa na Vila de Nossa Senhora do Rosário de


Paranaguá nos períodos pré e pós independência ( 1800-1830): o caso dos
agricultores

André Luiz Moscaleski Cavazzani


andrexcava@hotmail.com

A vila portuária de Nossa Senhora do Rosário de se dedicaram à agricultura: de subsistência,


Paranaguá, localizada na marinha sul do litoral pequeno, médio e grande porte na localidade e
brasileiro, teve importância considerável na recorte indicados. Ao desviar-se do estudo dos
recepção de imigrantes portugueses em fins do comerciantes portugueses (estudados com mais
século XVIII. A partir das Listas Nominativas de frequência), focando-se no caso dos agricultores
Habitantes, tratadas com o software SPSS, se pôde portugueses, este trabalho visa, nuançar o que
recuperar a situação dos portugueses radicados se sabe acerca dos processos de arraigamento de
nesta vila. O presente trabalho busca uma análise portugueses em terras brasileiras.
concentrada nos adventícios portugueses que
SIMPÓSIO TEMÁTICO 14
Revoltas, Lutas Políticas e Inconfidências no Brasil Colonial: episódios e interpretações

Coordenadores: André Figueiredo Rodrigues (UNESP) & Patrícia Valim (UniABC)

Dia 19 de agosto de 2014

Índios, negros e homens livres nas rebeliões da primeira metade do


século XVIII (Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais)

Gefferson Ramos Rodrigues


geffersonramos@gmail.com

Índios, negros e homens livres não apenas normalmente identificadas como o “Povo”.
protagonizaram como foram presença O estudo dos protestos em Pernambuco, São
constante nos protestos da colônia. Paulo e Minas Gerais na primeira metade
Frequentemente exortados para participarem do setecentos com ênfase nos grupos menos
das revoltas, seja na mobilização, seja repressão, favorecidos demonstra que em alguns casos
nem sempre foram vistos com bons olhos pelas eles puderam conservar sua autonomia. Com
elites letradas. Eram caracterizados como essa comunicação pretende-se, por meio
“plebe”, “turba”, “malta”, entre outros. Além do estudo dos grupos menos favorecidos
de depreciados, eram vistos como incapazes nas rebeliões, problematizar o conceito de
de se organizar e atuar politicamente, “Povo” tradicionalmente associado ao âmbito
o que se admitia apenas às elites locais, institucional.

A atuação do ouvidor Luís Ferreira de Araújo e Azevedo nos


sequestros dos bens de inconfidentes mineiros: o caso de Hipólita
Jacinta Teixeira de Melo

André Figueiredo Rodrigues


andrefr@assis.unesp.br

Na comunicação se discutirá a atuação do caso de Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, esposa


ouvidor Luís Ferreira de Araújo e Azevedo nos do inconfidente Francisco Antônio de Oliveira
sequestros de bens empreendidos contra os Lopes, procurando-se demonstrar casos de
inconfidentes mineiros de 1789, em especial o corrupção e favorecimentos ali presentes.
941 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

Palavras de ordem: análise do vocabulário político de uma sedição

Edna Maria Matos Antonio


ednamatos.antonio@gmail.com

O trabalho propõe uma interpretação do do reconhecimento das sedições como formas de


vocabulário político presente nas cartas ação política bastante específica nesta sociedade,
produzidas pelos Governadores-gerais no uma análise que busca a confluência desses
contexto de uma sedição ocorrida em 1656 temas nos parece profícua para problematizar
na capitania de Sergipe, protagonizada pelo elementos dinâmicos da cultura política lusa e
capitão-mor Manoel Pestana de Britto. O exame sua irradiação no mundo colonial. Aspecto que,
das linguagens políticas tem se destacado no acredita-se, pode ser captado na forma como os
atual campo historiográfico da História Política agentes do poder metropolitano e de seus órgãos
e, pela importância das cartas administrativas administrativos dialogavam com os súditos e
para a cultura letrada do Antigo Regime além com a figura real num momento de crise.

A legislação e a relação da Coroa portuguesa com as revoltas do


Estado do Brasil (1650-1730)

João Henrique Ferreira de Castro


jhfcastro@gmail.com

O exercício da revolta como instrumento de anos modificaram sistematicamente a cultura


reivindicação política era frequente nos mais política, mas também a legislação que regulava
variados territórios do Império Ultramarino o trato com os súditos do além-mar. O objetivo
Português e esta realidade também se desta comunicação, diante deste quadro,
manifestava de forma constante no Estado do é expor as transformações jurídicas que as
Brasil, em particular nos séculos XVII e XVIII revoltas provocaram na relação da Coroa com os
sobre os quais se dedica esta apresentação. As moradores do Brasil, demonstrando assim como
revoltas, no entanto, produziam reflexão entre esta relação era dinâmica e influenciada por
os oficiais da Coroa portuguesa e ao longo dos eventos desta natureza.

Ritos festivos, cultura popular e revolta em Vila Rica, Minas do ouro

Francisco Eduardo de Andrade


Franciscoeandrade@hotmail.com

Pretendemos avaliar a dinâmica conflituosa de normalização dos moradores de uma praça


da primeira década de Vila Rica, entre 1711, urbana – justiça, fisco, polícia dos costumes do
criação da vila, e 1721, quando o lugar passa a Estado. Para isso, retornamos à historiografia
sediar o governo da capitania de Minas Gerais. pertinente e à documentação, sobretudo
Apreendemos nesse período (e nessa temática), relacionada ao motim de Vila Rica do fim da
comumente abordado pela historiografia, o papel década de 1710, buscando examinar, no raio de
das práticas festivas populares (de brancos, atuação conflituosa desses moradores, o teatro
de mestiços, de negros) na instituição de um político tramado nas práticas difusas de uma
espaço público de contestação dos propósitos ambiência festiva.
SOMUSER ED ONREDAC 051

Dia 20 de agosto de 2014

A politização da subsistência em fins do século XVIII - França e Bahia

Rodrigo Oliveira Fonseca


rodrigoroflin@gmail.com

A 12 de agosto de 1798 Salvador amanheceu por folhetos que não chegaram a nós. Tal como na
com folhetos afixados em locais de grande França revolucionária, aqueles eram tempos em
circulação. Convocavam o povo para um levante que o social irrompia com força no político. O povo
revolucionário em prol de uma república bahinense parisiense faminto de pão apropriava-se e distorcia
onde todos seriam iguais. Poucas semanas antes, a linguagem dos tribunos para fazer ouvir suas
um papel, simulando edital, fora afixado à porta de demandas. Focando a politização da subsistência,
um açougue: tabelava o preço da carne e acusava discutiremos as apropriações e distorções da
a Câmara de ser inútil. Os signatários, Bahinenses linguagem política francesa na Bahia, a partir
Republicanos, assim prenunciavam o caráter popular dos desafios de se tomar a palavra sendo mulato,
de seu programa, também manifesto na destruição alforriado, republicano, e anticolonialista.
do patíbulo, ocorrida ao início do ano, e justificada

AS REPRESENTAÇÕES DOS POVOS INDÍGENAS DO MARANHÃO, A PARTIR DO


ROTEIRO DE VIAGEM DE FRANCISCO DE PAULA RIBEIRO

Ilma Maria de Oliveira Silva


ilmamsilva@bol.com.br

O presente estudo tem como objetivo analisar e quem escreveu. Utilizamos como fonte os
as representações dos povos indígenas do trabalhos de Franklin e Carvalho (2007) por esses
Maranhão, no século XIX, nos relatos de viagem historiadores terem uma contribuição na região,
do historiador Francisco de Paula Ribeiro. Essa especialmente, no que diz respeito a uma vasta
fonte histórica escrita nos, permite analisar pesquisa com fontes arquivistas levantada junto
os povos indígenas em um contexto histórico, ao Arquivo Público do Estado do Maranhão. Dos
político, econômico, social e cultural, temporal três trabalhos escritos em 1819, escritos por Paula
e de espaço. Dessa forma analisamos, também, Ribeiro, analisamos apenas “Memória sobre as
porque o documento foi escrito, qual a finalidade Nações Gentias: o que presentemente habitam o
desse documento, para quem foi escrito, onde continente do Maranhão”.

A Cabanagem e a luta pela liberdade no Grão-Pará (1820-1840)

Denise Simões Rodrigues


dssr@uol.com.br

Este trabalho constitui um fragmento de Pará e Maranhão pela coroa portuguesa. Como
uma pesquisa mais ampla sobre a sociedade, socióloga, ofereço um olhar específico sobre o
a história e a cultura da Amazônia Paraense movimento como pano de fundo do processo
desde a instituição do antigo Estado do Grão- de constituição identitária na Amazônia do
151 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

período colonial tendo como suporte a análise o ser brasileiro e a liberdade como fundantes das
do trabalho educativo jesuítico de constituição relações sociais e históricas, variáveis presentes
das populações nativas como súditos da coroa no movimento revolucionário cabano. Foram
no período colonial. Pretendo assim elucidar utilizados os acervos do Arquivo do Pará, do
as bases elaboração do processo identitário no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro;
norte do Brasil, no momento em que se discute Arquivo Nacional e Biblioteca Nacional.

“Pronta entrega de escravos na Conjuração Baiana de 1798:


circunscrição social e implicações”

Patricia Valim
pvalim@usp.br

Durante as investigações para se descobrir os nas investigações foram determinantes para


partícipes da revolta projetada na capitania da a conclusão do processo. Objetiva-se nesta
Bahia, no final do século XVIII, um grupo de comunicação analisar as implicações desse
homens notáveis fez, em seus próprios termos, episódio na história da Conjuração Baiana
“pronta entrega” de alguns de seus cativos à de 1798, especialmente no que se refere à
justiça. Os depoimentos desses escravos e o teor circunscrição social do evento e as demandas
das acariações com os milicianos implicados dos partícipes.
APRESENTAÇÃO DE PÔSTERES
Os Inventários Post-Mortem do Memorial de Justiça de Pernambuco:
SéCULOS XVIII E XIX

Amanda Isabela Alves da Silva


Universidade de Pernambuco - Campus Mata Norte
amandaialves2@gmail.com

O presente trabalho pretende compreender a que possuíam valor econômico na sociedade no


sociedade que se desenvolveu no final século século XVIII, além da possibilidade de perceber
XVIII e no início do XIX no interior da Capitania aspectos da cultura material presente nessas
de Pernambuco. Recortando a observação dessa localidades. A riqueza de informações vem nos
sociedade a partir dos inventários post-mortem permitindo construir perfis sociais e perceber
pertencentes ao acervo do Memorial de Justiça a diversidade dos personagens através de seus
de Pernambuco (acervo ainda pouco explorado), bens, que nos dão informação acerca da sua
buscamos conhecer o processo de construção do preocupação com a vida social, perceptível
sertão. Os utensílios listados nesses documentos através de joias e indumentárias encontradas nas
nos dão em primeiro plano, indícios dos objetos fontes.

O caminhar da imagem

Ana Karolina Barbosa Corado Carneiro


Universidade Federal de Alagoas
karolcorado@gmail.com

Este trabalho consiste em um dos resultados da registros enquanto representações sociais. Para
pesquisa de iniciação científica desenvolvida além do olhar sobre a própria imagem e de revisão
junto ao Grupo de Pesquisa Estudos da Paisagem, de literatura acerca da análise iconográfica, vem
UFAL. Trata da análise comparativa de registros sendo realizadas visitas ao lugar para identificar
visuais seiscentistas até fotografias atuais do os fragmentos paisagísticos focados no conjunto
primeiro núcleo habitado da cidade de Penedo, imagético. Em síntese, o que se tem notado nesse
buscando reconhecer as mudanças e permanências processo de investigação é como a arquitetura
de sua paisagem edificada. Nesse processo, a de origem colonial ainda hoje é onipresente em
ideia é também compreender as motivações dos registros contemporâneos da cidade.

O “Serviço das Armas”: patentes e militares na capitania do Rio Grande


sob o reinado josefino (1750- 1777)

André Fellipe dos Santos


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
andrepotiguar@msn.com

A confirmação das patentes, concedidas necessária, pois com ela era possível o solicitante
pelos capitães-mores no período colonial, era galgar uma carreira no serviço das armas e
351 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

na burocracia da coroa portuguesa naquele artigo tem por objetivo analisar a configuração
mundo de Antigo Regime. O que se observa militar na capitania do Rio Grande, os cargos
na documentação referente à capitania do Rio distribuídos, bem como as localidades aonde
Grande é que os militares que atuavam nessa se concentravam, a partir do estudo de cartas
região solicitavam uma confirmação régia, patentes, ressaltando a contribuição do mesmo
reforçando, portanto, a submissão à Coroa e para a historiografia militar.
busca de seus objetivos de ascensão social. Este

O bastião da conquista:
a fortaleza dos Reis Magos no período seiscentista

Arthur Gabriel Frazão Bezerra Alves


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
arthurfrazaob@gmail.com

As fortificações da Coroa portuguesa eram com a sua localização estratégica. Pernambuco,


construídas em pontos estratégicos nas terras que seria o centro para a capitania do Rio
do Ultramar e tinham como principal objetivo Grande, é responsabilizado em alguns momentos
o estabelecimento e a defesa da presença pelo abandono, tendo em vista as solicitações
portuguesa nas novas conquistas. O foco deste de efetivo, munições e recursos, quase sempre
trabalho é demonstrar em linhas gerais, como negados ou não atendidos como solicitado. O
era a situação da Fortaleza dos Reis Magos envio dos recursos de Pernambuco para o Rio
durante o século XVII. É um fato recorrente na Grande é seguida de várias de problemáticas, pois
documentação, a alegação de que na dita fortaleza, lá também existiam dificuldades na manutenção
a miséria e o abandono são constantes, mesmo de seu efetivo militar.

Entre a canoa e o arcabuz: acordos e conflitos entre índios,


missionários e portugueses no Maranhão durante a guerra aos
holandeses (1591 - 1654)

Breno Damasceno Silva


Universidade Federal do Maranhão
brenodamascenosilva@hotmail.com

Entre as ultimas décadas do século XVI no América lusa forneceu a motivação necessária
começo das movimentações de embarcações para a construção de novos acordos políticos
neerlandesas no norte do Maranhão e 1654 ao final entre esses setores da sociedade seiscentista.
da “guerra do Brasil”, houve intenso intercâmbio Ao mesmo tempo, as estratégias utilizadas nos
entre setores da sociedade luso-maranhense combates representavam bem o potencial destes
tradicionalmente considerados antagônicos: acordos. Nesse sentido, a guerra aos “hereges” no
missionários, moradores brancos e índios de Maranhão era uma guerra hibrida, com táticas
diversas nações. A guerra global aos holandeses nativas e europeias e larga utilização das canoas
e o medo da expansão neerlandesa pelo norte do nativas e do arco e flecha.
SOMUSER ED ONREDAC 451

África nos objetos no mundo Atlântico: olhares cruzados sobre os


processos de colecionismo – 1822-1960

Carlos Jorge Silva Mendes


Universidade Estadual de São Paulo- Campus Franca
bemdesantiago@hotmail.com

O presente estudo pretende analisar os contextos imperialista e de ressignificação identitária do


de recolhas e de formações de coleções da cultura chamado atlântico negro. Num estudo de caso
material africana e afrodescendentes no atlântico de algumas experiências históricas, o presente
português e inglês de 1822 a 1960. Numa altura de pretende apoiar no Atlantic History enquanto
grandes reformulações no mundo atlântico - com mecanismo operatório de espaços conectados.
a independência do Brasil, a proibição do tráfico Algumas dimensões de colecionismo podem ser
negreiro e a partilha da África-, o colecionismo realçadas: colecionismo de sustentação imperial,
da cultura material africana e afrodescendentes no caso inglês e português; de ocultação da
representam marcos importantes na cultura negra, no caso brasileiro; colecionismo
reformulação da tessitura neocolonial, mercantilista, no caso estadunidenses.

“Das terras doadas, ouvi dizer...”:


o Auto de Repartição das terras do Rio Grande (1600-1614)

Elenize Trindade Pereira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
elenizetp@gmail.com

O Auto de Repartição das terras do Rio Grande extensão exorbitante e não estivessem cumprindo
apresenta o levantamento das primeiras 186 com a obrigação de cultivar e povoar a terra, como
sesmarias doadas na capitania do Rio Grande de constava na legislação sesmarial. Este conjunto
1600 a 1614, contendo informações como o nome de informações é de suma importância para
do sesmeiro, extensão e localização das terras e as compreender a dinâmica territorial e investigar
possíveis atividades econômicas desenvolvidas. as primeiras levas imigratórias que povoaram a
Este levantamento é resultado de uma ordem capitania do Rio Grande, bem como os conflitos
régia expedida pelo rei Filipe II (1598-1621) que por terra entre os primeiros colonizadores.
mandou repartir as sesmarias que fossem de

“Bom, firme e valioso”: o exercício do perdão nas Minas Setecentistas

Elias Theodoro Mateus


Universidade Federal de Ouro Preto
elias.theodoro@yahoo.com.br

O objetivo deste trabalho consiste em avaliar o costumeiras. Embora houvesse mecanismos


exercício do perdão nas Minas Gerais do século jurídicos referentes à prática do perdão, sua
XVIII, tanto nas dimensões judiciais quanto relação com os arranjos comunitários era
551 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

fundamental, o que nos leva a pensar esta prática Antigo Regime. Portanto, através das escrituras de
através da lógica da infrajustiça, aquela extrínseca perdão registradas nos livros de notas do tabelião
aos ditames da justiça régia. Isso porque o perdão de Vila do Carmo (posteriormente Mariana) do
estava associado, também, aos valores religiosos século XVIII, que analisamos os dados referentes
e comunitários da piedade e da caridade em voga ao exercício do perdão nas Minas setecentistas.
naquela sociedade, tal qual nas sociedades de

Mulheres nas terras sergipanas:


trajetórias e conquistas no século dezoito

Elielma Barbosa Lisboa


Universidade do Estado da Bahia
elielma.lisboa@hotmail.com

O período colonial foi marcado por diversas e inventários post-mortem, dentre outros. Para
mudanças e estas mudanças favoreceram o análise dessas fontes utilizamos o método
crescimento e desenvolvimento de vilas e indiciário proposto por Carlo Ginzburg e o
povoados. Dentro desse contexto podemos cruzamento de fontes. Percebemos que as
trazer as histórias das mulheres sergipanas no mulheres tinham uma participação em negócios
período dos setecentos. Este texto tem como e lutavam para administrar os bens deixados
objetivo apresentar algumas trajetórias de pelos seus falecidos. Ressalto que esta pesquisa
mulheres que viveram nas terras sergipanas. ainda se encontra em andamento e portando
Como fontes históricas, utilizamos fontes do existe muitas lacunas a serem preenchidas.
Arquivo Judiciário de Sergipe como testamentos

O ‘SERVIÇO DAS ARMAS’ NA CONQUISTA:


ORGANIZAÇÃO MILITAR E DISTRIBUIÇÃO DE PATENTES NAS FORÇAS GRATUITAS
(COMARCA DAS ALAGOAS, 1680-1807)

Everton Rosendo dos Santos


Universidade Federal de Alagoas
everton-rosendo@hotmail.com

Recentemente, estudos realizados sobre a poderes locais nas chamadas ‘conquistas’. Nesse
perspectiva da chamada Nova História Militar sentido, a presente comunicação objetiva fazer
têm atraído novos pesquisadores (formados ou um estudo acerca da distribuição de patentes
em formação) a se enveredar por esse campo. e organização dos Corpos de Auxiliares e de
Algo que contribuiu bastante para realçar a Ordenanças presentes na espacialidade da
importância do ‘serviço das armas’, por meio Comarca das Alagoas, tendo como recorte o
das forças gratuitas. Ressaltando e, reafirmando período de 1680 a 1807. Utilizando como aporte
a ideia de pacto político entre a Coroa lusa e os documental, as fontes do Arquivo Histórico
Ultramarino referentes a Capitania de Alagoas.
SOMUSER ED ONREDAC 651

A MORTE E as doenças na Freguesia de Santo Amaro-Sergipe (1802-1806)

Jamilly Laureano
Universidade do Estado da Bahia
jamillylaureano@gmail.com

Com o surgimento da Escola de Annales tornou variantes condições jurídicas e gênero. Os dados
possíveis os trabalhos sobre as populações, bem foram extraídos dos registros de óbitos da Matriz
como trabalhos demográficos, recentemente de Santo Amaro, do período de 1802 a 1806, os
a história da saúde também tem entrado em registros estão sendo quantificados e analisados.
destaque. Algumas teses e dissertações têm Através dos dados retirados dos livros de óbito,
abordado as doenças que assolaram os nascidos percebemos que o nascimento era um momento
bem como os que viviam no Brasil. Este trabalho de tensão, pois tinha um alto número de crianças
pretende debruçar-se sobre as doenças que que faleciam com até oito dias de nascidas dentre
assombraram os primeiros anos do século XIX outros elementos. Ressaltamos que a pesquisa
em Santo Amaro. Levaremos em consideração as ainda está em andamento.

Os Antunes Suzano:
uma elite senhorial na periferia da capitania fluminense (1797)

Jerônimo Aguiar Duarte da Cruz


Universidade Federal do Rio de Janeiro
jeronimoadc@gmail.com

Este trabalho procura analisar a composição oriundo do comércio com as Minas de Ouro, se
de uma elite senhorial fluminense a partir da distingue da tradicional nobreza da terra fluminense.
trajetória da família Antunes Suzano na área de O estudo faz um levantamento de dados sobre
Campo Grande de fins do século XVIII; então a organização da freguesia, demonstrando a
freguesia rural do município do Rio de Janeiro, importância dos Antunes Suzano no contexto
então já principal praça mercantil do Atlântico local, suas estratégias de reprodução social e
Sul luso. Recorrendo a um breve balanço o enraizamento rural da família na região numa
historiográfico e de fontes primárias inéditas, sociedade marcada por caracteres do antigo
ele analisa de que forma este grupo familiar, regime português.

No Labirinto das Estratégias: Bahia e Pernambuco e a constituição das


redes de comércio intracapitanias - 1759 a 1787

Jéssica Rocha de Sousa


Universidade Federal Rural de Pernambuco
jessicarocha91@gmail.com

A partir da segunda metade do século XVIII uma em Portugal tendo por objetivo, uma maior
nova ordem administrativa ligada às questões centralização do poder real. Esse conjunto de
mais pragmáticas de governança foi instituída medidas modernizadoras se estabeleceu a partir
751 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

da nomeação de Sebastião José de Carvalho e importantes relações comerciais, como nos


Mello para o cargo de primeiro ministro do reino. demonstra a documentação, que ainda nos
No bojo destas questões, o comércio praticado revelou que o comércio entre as duas regiões se
pelas colônias ganhou maior atenção por parte desenvolveu majoritariamente por vias ilegais.
do reino. Bahia e Pernambuco, que até o século Desvendar as redes, rotas, tramas e personagens
XVIII ao lado do Rio de Janeiro, eram as mais deste ramo do mercadejar são os objetivos deste
importantes capitanias da colônia, mantiveram estudo.

Universo relacional no engenho do Viegas:


freguesia de Campo Grande, capitania do Rio de Janeiro – século XVIII

João Rafael Carvalho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
joaorafael.carvalho@hotmail.com

A presente comunicação tem por objetivo a localizado na freguesia do Campo Grande, ao longo
apresentação do estudo das relações econômicas e de do século XVIII. A apresentação terá por base o
sociabilidade (amizades, vizinhança e compadrios) emprego de técnicas de pesquisa em história social,
entre as famílias escravas e a dos lavradores de cana, como o cruzamento entre os registros paroquiais
muitas das quais formadas por ex-escravos e seus de batismos da localidade e o Mapa de População
descendentes, existentes no engenho do Viegas, de 1797 feito a mando do Vice-Rei.

Estratégias de ascensão e mobilidade social dos negros inseridos na


estrutura militar colonial. Comarca do Serro Frio, século XVIII

Joelmir Cabral Moreira


Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
joelmircabral@outlook.com

O presente trabalho propõe apresentar os do Tejuco, estabelecidos e organizados em


objetivos e dados preliminares de uma pesquisa função das atividades de mineração do ouro
em desenvolvimento na Universidade Federal e dos diamantes. Neste sentido pretendemos
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri com o levantar reflexões acerca dos mecanismos e das
programa PIBIC/CNPq que intenciona analisar estratégias que possibilitaram a inserção e a
a incorporação de negros no sistema militar mobilidade dessa parcela da população colonial
lusitano organizado em dois dos territórios nas tropas de auxiliares e de ordenanças das
mais importantes da comarca do Serro Frio referidas localidades das Minas setecentistas.
no século XVIII: Vila do Príncipe e Arraial
SOMUSER ED ONREDAC 851

Piratas, corsários e negociantes na Amazônia portuguesa (1600-1630)

Karlla Raphaela Mendes Anchieta


Universidade Federal do Maranhão
karllaaanchieta@hotmail.com

Durante a chamada União Ibérica (1580-1640) havia O encontro desses negociantes com as nações
um fluxo significativo de navegadores “estrangeiros” indígenas proporcionou a realização de diversos
que circulavam livremente pela imensa costa norte projetos comerciais inclinados principalmente à
da América portuguesa. Na documentação luso- busca das “especiarias” da terra. O objetivo deste
espanhola da época podem ser encontradas diversas trabalho é discutir a relação entre esses negociantes
referências a “piratas”, e “corsários” de diferentes europeus e os índios da região, antes e logo depois
lugares, sobretudo Holanda, França e Inglaterra. da conquista portuguesa (1615).

Quitandeiras no Arraial do Tejuco no século XVIII:


mobilidade e ascensão através do comércio ambulante

Kelly Sellani
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
kellyxsellani@gmail.com

O trabalho propõe apresentar uma discussão comércio informal, bem como os mecanismos
sobre as quitandeiras presentes no Arraial e as possibilidades de mobilidade que tal
do Tejuco no século XVIII, grupo composto tarefa lhes proporcionava. Para embasar nossa
por negras, mulatas, forras ou escravas que reflexão utilizaremos a documentação presente
praticavam o comércio ambulante de quitutes no Arquivo Histórico Ultramarino, referente à
pelas ruas do arraial. Objetivamos também, e capitania de Minas Gerais, e no Arquivo Público
principalmente, analisar as formas de inserção Mineiro concernente a cartas, alvarás, provisões,
dessas mulheres na vida econômica e social licenças, etc., que norteavam o funcionamento de
da referida localidade mineira através desse tal comércio.

Perfis atlânticos:
candidatos ao governo da capitania do Rio Grande no século XVIII

Leonardo Paiva de Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
leonardopaivalpo@gmail.com

Ocupar um cargo de governança nas capitanias de menor importância era realizado uma espécie
do ultramar no Império português significava, de concurso que analisava as trajetórias desses
na maioria das vezes, prestações de serviços sujeitos a fim de selecionar aquele que fosse
realizados anteriormente que de alguma maneira mais adequado a ocupar o cargo de governança.
contribuíram para o bom funcionamento do O perfil dessas pessoas variava de acordo com a
Império. Para a seleção do candidato em espaços importância da localidade em que pretendiam
951 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

atuar. Desta forma, esse trabalho pretende analisar século XVIII, a partir das listas desses candidatos
qual era o perfil dos candidatos ao cargo de que eram analisadas pelo Conselho Ultramarino
capitão-mor da capitania do Rio Grande durante o para posteriormente serem enviadas ao rei.

Da homenagem que presto a Vossa Senhoria: relações entre os


capitães-mores do Rio Grande e os governadores de Pernambuco
(segunda metade do século XVII)

Lívia Brenda da Silva Barbosa


Universidade federal do Rio Grande do Norte
livia_brendah@hotmail.com

Com base nos documentos do Conselho Grande à Bahia enquanto que Pernambuco
Ultramarino, foi possível constatar que na ficaria mais próximo do Rio Grande. É possível
segunda metade do século XVII três capitães- inferir, contudo que essas não seriam as únicas
mores do Rio Grande solicitaram permissão à justificativas para tal pedido. Será explorada a
Coroa para prestar homenagem ao governador hipótese de que essas solicitações poderiam estar
de Pernambuco ao invés do governador- ligadas ao fortalecimento de relações políticas
geral do Estado do Brasil. A justificativa ou pessoais entre as autoridades do Rio Grande
comum apresentada pelos três capitães-mores e de Pernambuco, o que resultaria na tentativa
para prestar homenagem ao governador de de estabelecer com a capitania de Pernambuco
Pernambuco, existente nos documentos, lealdade por meio da homenagem.
era a dificuldade quanto à distância do Rio

AS PRÁTICAS FESTIVAS NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO NOS SÉCULOS XVII E


XVIII: A Festa de Corpus Christi

Luís Henrique de Souza Vasconcelos


Universidade de Pernambuco – Campus Mata Norte
henrique.historia2@hotmail.com

O presente trabalho consiste em analisar as dos preceitos católicos. Com isso, analisamos as
práticas festivas na capitania de Pernambuco nos correspondências administrativas que envolvem
séculos XVII e XVIII, destacando as manifestações a organização da festa de Corpus Christi, evento
relacionadas ao Corpus Christi. Norteados por esse de maior relevância no calendário católico
um imaginário fidalgo, especificamente ligado metropolitano. A festa em questão demonstrava
ao Antigo Regime, os colonizadores além de as nuanças intrínsecas à vida da metrópole, em
dominarem politicamente tais espaços, também se falando de etiqueta, ostentação, religiosidade
impunham seus valores culturais elitistas revestidos e, sobretudo, de fator político e status social que
de um forte peso palaciano e religioso por meio deveriam ser aplicados na colônia.
SOMUSER ED ONREDAC 061

“Vidências” e “Sortilégios”: Práticas heréticas e sociedade escravista


no Grão-Pará e Maranhão em meados do século XVIII

Luís Magno Azevedo Silva


Universidade Federal do Maranhão
luismagno14@live.com

Os documentos produzidos pelas visitações engenho local, acusado de “Proposições Heréticas”,


eclesiásticas ao Estado do Grão-Pará e Maranhão de “sortilégios”. Esse processo servirá para entender
traçam vários perfis diferentes no estado. Nesse como os indivíduos conviviam com costumes
trabalho, analisaremos o Auto de Apresentação religiosos diversos nesse espaço heterogêneo –
feito à mesa de visitação contra o escravo Marçal em fruto da aproximação dos grupos sociais descrito
1763, um escravo que trabalha como pedreiro num pela historiografia oficial como antagônicos.

Atritos e conflitos:
provimentos de ofícios e sesmarias na capitania do Rio Grande (1712-
1715)

Marcos Arthur Viana da Fonseca


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
marcos_megi2@hotmail.com

A justaposição de jurisdições foi uma estenderam-se por todo o Ultramar, sobretudo nas
característica fundamental da monarquia e capitanias da América portuguesa. Este trabalho
das formas de organização social no Antigo propõe-se a analisar o conflito de jurisdição
Regime português. Os diversos corpos sociais ocorrido entre os capitães-mores do Rio Grande,
que formavam a sociedade, como os órgãos Salvador Álvares da Silva e Domingos Amado, e o
do governo, encontravam-se em constantes governador de Pernambuco, José Felix Machado,
conflitos de jurisdição, devido às sobreposições sobre a concessão de sesmarias e o provimento
de funções ocasionada pela política singular da de ofícios de justiça e postos militares, entre os
Coroa portuguesa. Estes conflitos de jurisdição anos de 1712 e 1715 na capitania do Rio Grande.

Pedro de Bohorquez e o desenlace da Rebelião Calchaquí em Tucumán,


século XVII

María José Haro


Universidade Federal da Integração Latino-Americana
maria.haro@unila.edu.br ou mariajose.harosly@gmail.com

Esta pesquisa analisa as imbricadas relações Calchaquí, na governação de Tucumán, atual


entre os distintos atores coloniais e seus nordeste da Argentina, resistiram durante
respectivos interesses durante a Rebelião cem anos às distintas tentativas de redução
Calchaquí, em Tucumán, no século XVII. e dominação dos colonizadores espanhóis. O
Os povos originários que moravam no Vale trabalho se desenvolve a partir da trajetória de
161 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

vida de uma personagem insólita na história da arte da manipulação e reconhecido embaucador,


colonização do impéro espanhol no território foi consagrado Inca passando a governar um
sul-americano: o andaluz Pedro de Bohorquez, reino de 20 mil súditos. A insustentabilidade
que conseguiu ser nomeado e reconhecido, tanto das promessas desencadeou numa contenda que
pelos indígenas quanto pelos espanhóis, como concluiu no proceso de redução e domínio do
sucessor da dinastia Inca. Este espanhol, hábil na povo Calchaquí.

Os registros holandeses da flora no contexto colonial e os


rebatimentos na atualidade

Maria Juliana Mendonça de Lyra


Universidade Federal de Alagoas
mjmlyra@hotmail.com

Durante o período colonial brasileiro, a presença biodiversidade do país e o uso dos elementos
dos artistas holandeses que vieram com a naturais pelos moradores do “Novo Mundo”.
comitiva de Maurício de Nassau deixou um Através do conhecimento desses registros,
importante legado de ordem artística, científica este trabalho intenta trazer para um contexto
e cultural. Entre os pintores naturalistas, mais atual as espécies naturais retratadas
destaca-se, principalmente, Frans Post e Albert principalmente por Eckhout, buscando a sua
Eckhout, artistas que retrataram não só o permanência na atualidade, destacando as
povo brasileiro e sua diversidade étnica, como diferenças e semelhanças entre os usos das
também desenvolveram registros importantes espécies da flora na contemporaneidade.
sobre a fauna e flora do Brasil, destacando a

As estratégias de transmissão patrimonial na Freguesia de


Jacarepaguá do século XVIII

Mareana Barbosa Gonçalves Mathias da Silva


mareanabgms@hotmail.com

A pesquisa por nós delineada tem por objeto que Jacarepaguá assistiu ao transcurso do Rio
as estratégias de transmissão patrimonial de Janeiro até a epígrafe de principal praça
no Rio de Janeiro ao longo do século XVIII. mercantil do Império. Para tal, utilizaremos
Especificadamente, nos ocuparemos da freguesia como principais documentos o Mapa da
de Jacarepaguá. Então zona rural da região, População da região de 1797, realizado a mando
acomodava, principalmente, engenhos de do Vice-Rei da época, e os registros paroquiais
açúcar. Articulando a freguesia com o Império (especialmente os batismos e os testamentos
Ultramarino português, tentaremos reconstruir anexos aos óbitos). Nosso principal objetivo
o cotidiano de seus moradores e a teia relacional é esquadrinhar a dinâmica da transmissão
que permitia sua reprodução social. Tendo como patrimonial da freguesia, do Morgadio às redes
ponto de vista a situação da capitania do começo de compadrio que, por vezes, fazia da nobreza da
ao fim do século, contemplaremos o modo com terra parente de escravos.
SOMUSER ED ONREDAC 261

Em meio ao sagrado, a fuga do pecado:


os sentimentos envoltos nos casamentos no Brasil colonial

Mona Mirelly Viana Bandim


Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns
mona_mirelly07@hotmail.com

A referente apresentação tem como ponto de Igreja e sociedade civil, como “uma instituição
discussão a proibição da manifestação do amor básica para a transmissão do patrimônio”, as
no casamento. Em nossos dias discutir tal relações sexuais tinham como única finalidade
assunto poder soar um tanto irrelevante, já que, a de procriação, pois o prazer era sinônimo da
além de escolher os próprios cônjuges, entende- “desordem e do perigo”. E a mulher era sempre
se que nas relações íntimas do casamento é associada como “instrumento do pecado”, que
necessário que haja prazer em consequência do por sua vez submetia-se a “domesticação do amor
amor que os uniu. No entanto, não era dessa conjugal”. Entretanto, muitas iam de encontro às
maneira que procedia ao matrimônio na colônia. regras e, “Predispostas ao amor, mesmo no século
Pelo contrário, além de o casamento ser tido, pela XVIII elas também sabiam atrair e... trair”.

ESCRAVIDÃO NEGRA NA DOCUMENTAÇÃO DA ARQUIDIOCESE

Osmundo Gonzaga da Silva Neto


Universidade Federal de Alagoas
osmundoneto_@hotmail.com

Este trabalho advém de um projeto de pesquisa cada região, quem eram seus donos, se eram
do PIBIC, em que foi feita a leitura e transcrição militares, comerciantes e etc. Além disso, permite
de resumos contidos nos livros de batismos (1802 a compreensão da vida social do escravo negro, da
a 1827) da arquidiocese de Marechal Deodoro. sua relação com o senhor e da vida social. Portanto,
Analisando a documentação, é possível construir o objetivo do trabalho é fazer o mapeamento
um mapa com a possível localização dos engenhos, da população escrava na vila de Santa Maria
saber a quantidade de escravos que existia em Madalena (Atual Marechal Deodoro).

Joaquim Inácio da Cruz e o comércio humano na América portuguesa

Paulo Roberto Gonchoroscki Gonçalves


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
paulogoncho@gmail.com

Coordenado pelo Prof. Dr. Fábio Kühn, na sul da América portuguesa e espanhola. Dentre
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o os inúmeros nomes identificados, encontra-se
projeto “Os homens de negócio da Colônia do Joaquim Inácio da Cruz, Homem de Negócios
Sacramento e o contrabando de escravos para o da Bahia, mas com fortes raízes no reino, que
Rio da Prata (1737-1777)”, busca a identificação, dentre suas inúmeras qualidades uma se destaca:
através do estudo prosopográfico, dos homens amigo íntimo do Marquês do Lavradio. A
responsáveis pelo comércio das almas para o presente pesquisa busca elucidar seu papel no
361 lainoloC airótsiH ed lanoicanretnI ortnocnE º5

comércio de “carne humana” e suas relações com além de sua influência sobre D. Luís de Almeida
os comerciantes do extremo sul do território Soares Portugal, o Vice-rei do Brasil.
português na América, a Colônia do Sacramento,

“QUEBRADO NAS COSTAS” – O SISTEMA ESCRAVISTA E SEU RESULTADO SOBRE OS


ESCRAVOS NA CAPITANIA DO MARANHÃO (1767-1825)

Sâmia Cristina Sousa Silva


Universidade Federal do Maranhão
samiacris@yahoo.com.br

Os escravos são propriedades vivas e enquanto mortem do território do Maranhão. Os malefícios


seres vivos eram passíveis de sofrerem com os eram diversos, tais como “quebrada nas costas”,
malefícios do mundo escravista, tanto aqueles “rendido”, “cego de um olho ou de ambos”,
proporcionados por seus senhores, quanto “obstrução”, “ferida na perna”, “cravo nos pés”,
pela convivência socioambiental. O objetivo “doente de corrimentos”, “achacada”, etc. Isso
deste trabalho é analisar os malefícios, mais influía no valor dos escravos, na produtividade
especificamente os danos causados à saúde dos exigida pelo sistema escravista e poderia
escravos, malefícios que apareceram em 2732 significar desde possíveis contágios na realidade
escravos relacionados em 58 inventários Post colonial até o resultado do abuso senhorial.
ANOTAÇÕES
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SOMUSER ED ONREDAC 271
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Esta obra foi impressa na oficina da Editora Q Gráfica em 2014
Campus Universitário, BR 101, Km 97,6
Tabuleiro do Martins - Fones: (82) 9351.2234
CEP: 57.072-970 - Maceió - Alagoas - Brasil
E-mail: qgrafica@yahoo.com.br - www.qgrafica.com.br

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