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RAFAELA FEIJÓ
CERRADO
Goiânia, QUARTA-FEIRA, 16 de novembro de 2016
REVISTA BULA
DIVULGAÇÃO
2 GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA
16 DE NOVEMBRO DE 2016 CERRADO
Revista Bula.com
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Brasília Goiânia Editor Reportagem Capa
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GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA
16 DE NOVEMBRO DE 2016 3
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 2
Por mais que longe pareça, Só nuvens, só muitas nuvens Dom José. Dona Maria. CANÇÃO
ides na minha lembrança, vêm pousando, têm pousado Fogos. Mascaradas. Festas. No desequilíbrio dos mares,
ides na minha cabeça, entre os desenhos tão finos Nascimentos. Batizados. as proas giram sozinhas…
valeis a minha Esperança. de azul e encarnado. Palavras que se interpretam Numa das naves que afundaram
Conta já século e meio nos discursos, nas saúdes… é que certamente tu vinhas.
ESTE É O LENÇO de guardado. Visitas. Sermões de exéquias.
Este é o lenço de Marília, Os estudantes que partem. Eu te esperei todos os séculos
pelas suas mãos lavrado, Que amores como este lenço Os doutores que regressam. sem desespero e sem desgosto,
nem a ouro nem a prata, têm durado, (Em redor das grandes luzes, e morri de infinitas mortes
somente a ponto cruzado. se este mesmo está durando? há sempre sombras perversas. guardando sempre o mesmo rosto
Este é o lenço de Marília mais que o amor representado? Sinistros corvos espreitam
para o Amado. pelas douradas janelas.) Quando as ondas te carregaram
SEGUNDO MOTIVO DA ROSA E há mocidade! E há prestígio. meu olhos, entre águas e areias,
Em cada ponta, um raminho, Por mais que te celebre, não me escutas, E as ideias. cegaram como os das estátuas,
preso num laço encarnado; embora em forma e nácar te assemelhes a tudo quanto existe alheias.
no meio, um cesto de flores, à concha soante, à musical orelha As esposas preguiçosas
por dois pombos transportado. que grava o mar nas íntimas volutas. na rede embalando as sestas. Minhas mãos pararam sobre o ar
Não flores de amor-perfeito, Negras de peitos robustos e endureceram junto ao vento,
mas de malogrado! Deponho-te em cristal, defronte a espelhos, que os claros meninos cevam. e perderam a cor que tinham
sem eco de cisternas ou de grutas… Arapongas, papagaios, e a lembrança do movimento.
Este é o lenço de Marília: Ausências e cegueiras absolutas passarinhos da floresta.
bem vereis que está manchado: ofereces às vespas e às abelhas. Essa lassidão do tempo E o sorriso que eu te levava
será do tempo perdido? entre imbaúbas, quaresmas, desprendeu-se e caiu de mim:
será do tempo passado? E a quem te adora, ó surda e silenciosa, cana, milho, bananeiras e só talvez ele ainda viva
Pela ferrugem das horas? e cega e bela e interminável rosa, e a brisa que o riacho encrespa. dentro destas águas sem fim.
ou por molhado que em tempo e aroma e verso te transmutas! Os rumores familiares
em águas de algum arroio que a lenta vida atravessam:
singularmente salgado? Sem terra nem estrelas brilhas, presa elefantíase; partos;
a meu sonho, insensível à beleza sarna; torceduras; quedas;
Finos azuis e vermelhos que és e não sabes, porque não me escutas… sezões; picadas de cobras;
do largo lenço quadrado, sarampos e erisipelas…
— quem pintou nuvens tão negras ROMANCE XXI OU DAS IDEIAS Candombeiros. Feiticeiros.
neste pano delicado, A vastidão desses campos. Unguentos. Emplastos. Ervas.
sem dó de flores e de asas A alta muralha das serras. Senzalas. Tronco. Chibata.
nem do seu recado? As lavras inchadas de ouro. Congos. Angolas. Benguelas.
Os diamantes entre as pedras. Ó imenso tumulto humano!
Este é o lenço de Marília, Negros, índios e mulatos. E as ideias.
por vento de amor mandado. Almocrafes e gamelas.
Para viver de suspiros Banquetes. Gamão. Notícias.
foi pela sorte fadado: Os rios todos virados. Livros. Gazetas. Querelas.
breves suspiros de amante, Toda revirada, a terra. Alvarás. Decretos. Cartas.
— longos, de degredado! Capitães, governadores, A Europa a ferver em guerras.
padres intendentes, poetas. Portugal todo de luto:
Este é o lenço de Marília Carros, liteiras douradas, triste Rainha o governa!
nele vereis retratado cavalos de crina aberta. Ouro! Ouro! Pedem mais ouro!
o destino dos amores A água a transbordar das fontes. E sugestões indiscretas:
por um lenço atravessado: Altares cheios de velas. Tão longe o trono se encontra!
que o lenço para os adeuses Cavalhadas. Luminárias. Quem no Brasil o tivera!
e o pranto foi inventado. Sinos, procissões, promessas. Ah, se Dom José II
Anjos e santos nascendo põe a coroa na testa!
Olhai os ramos de flores em mãos de gangrena e lepra. Uns poucos de americanos,
de cada lado! Finas músicas broslando por umas praias desertas,
E os tristes pombos, no meio, as alfaias das capelas. já libertaram seu povo
com o seu cestinho parado Todos os sonhos barrocos da prepotente Inglaterra!
sobre o tempo, sobre as nuvens deslizando pelas pedras. Washington. Jefferson. Franklin.
do mau fado! Pátios de seixos. Escadas. (Palpita a noite, repleta
Boticas. Pontes. Conversas. de fantasmas, de presságios…)
Onde está Marília, a bela? Gente que chega e que passa. E as ideias.
E Dirceu, com a lira e o gado? E as ideias.
As altas montanhas duras, Doces invenções da Arcádia!
letra a letra, têm contado Amplas casas. Longos muros. Delicada primavera:
sua história aos ternos rios, Vida de sombras inquietas. pastoras, sonetos, liras,
que em ouro a têm soletrado… Pelos cantos da alcovas, — entre as ameaças austeras
histerias de donzelas. de mais impostos e taxas
E as fontes de longe miram Lamparinas, oratórios, que uns protelam e outros negam.
as janelas do sobrado. bálsamos, pílulas, rezas. Casamentos impossíveis.
Orgulhosos sobrenomes. Calúnias. Sátiras. Essa
Este é o lenço de Marília Intrincada parentela. paixão da mediocridade
para o Amado. No batuque das mulatas, que na sombra se exaspera.
a prosápia degenera: E os versos de asas douradas,
Eis o que resta dos sonhos: pelas portas dos fidalgos, que amor trazem e amor levam…
um lenço deixado. na lã das noites secretas, Anarda. Nise. Marília…
meninos recém-nascidos As verdades e as quimeras.
Pombos e flores, presentes. como mendigos esperam. Outras leis, outras pessoas.
Mas o resto, arrebatado. Bastardias. Desavenças. Novo mundo que começa.
Emboscadas pela treva. Nova raça. Outro destino.
Caiu a folha das árvores, Sesmarias, salteadores. Planos de melhores eras.
muita chuva tem gastado Emaranhadas invejas. E os inimigos atentos,
pedras onde houvera lágrimas. O clero. A nobreza. O povo. que, de olhos sinistros, velam.
Tudo está mudado. E as ideias. E os aleives. E as denúncias.
E as ideias.
Este é o lenço de Marília E as mobílias de cabiúna.
como foi bordado. E as cortinas amarelas.
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16 DE NOVEMBRO DE 2016 CERRADO
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18 NOVEMBRO
19h sexta-feira
Na Facer de Jaraguá
Participe. Entrada franca
Após a palestra, distribuição de livros e autógrafos