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APOSTILA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR E

MASSA

Engenharia Mecânica

2015 – 1
ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 4
1.1 – SISTEMAS DE UNIDADES ......................................................................................................................................... 7
1.2 – DEFINIÇÕES ................................................................................................................................................................ 8
1.3 – MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ................................................................................................. 8
1.3.1 – Condução ............................................................................................................................................................... 8
1.3.2 – Convecção ............................................................................................................................................................. 9
1.3.3 – Radiação ................................................................................................................................................................ 9
1.4 – MECANISMOS COMBINADOS ............................................................................................................................... 10
1.5 – REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ........................................................................................................ 11
2 – CONDUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 12
2.1 – EQUAÇÃO DA CONDUÇÃO .................................................................................................................................... 12
2.2 – TIPOS DE CONDIÇÕES DE CONTORNO ................................................................................................................ 14
2.3 – CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE ......................................................................... 19
2.3.1 – Condução de calor em uma parede plana ........................................................................................................... 19
2.3.2 – Analogia entre resistência térmica e resistência elétrica .................................................................................... 21
2.3.3 – Associação de paredes planas em série ............................................................................................................... 22
2.3.4 – Associação de paredes planas em paralelo ......................................................................................................... 24
2.4 – CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE SISTEMAS RADIAIS ............................................................................ 26
2.5 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE ............................................................................ 28
2.5.1 – O método gráfico ................................................................................................................................................. 28
2.6 – CONDUÇÃO TRANSIENTE ..................................................................................................................................... 33
2.6.1 – Sistemas com resistência interna desprezível (sistemas concentrados) ............................................................... 34
2.7 – EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................................. 36
3 – CONVECÇÃO................................................................................................................................................................... 43
3.1 – EQUAÇÃO DA CONVECÇÃO .................................................................................................................................. 44
3.2 – CONCEITO DA CAMADA LIMITE .......................................................................................................................... 46
3.2.1 – Escoamento Laminar e turbulento ....................................................................................................................... 48
3.2.2 – Efeitos da turbulência .......................................................................................................................................... 51
3.3 – DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA (H) ..................................................................................... 51
3.3.1 – Escoamento externo ............................................................................................................................................. 52
3.3.2 – Escoamento interno ............................................................................................................................................. 54
3.4 – EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................................. 55
4 – RADIAÇÃO ....................................................................................................................................................................... 59
4.1 – EQUAÇÃO DA RADIAÇÃO ...................................................................................................................................... 60
4.2 – TROCA DE RADIAÇÃO ENTRE SUPERFÍCIES ..................................................................................................... 62
4.2.1 – O fator de forma .................................................................................................................................................. 62
4.2.2 – Troca radiante entre superfícies negras .............................................................................................................. 65
4.2.3 – O confinamento com duas superfícies ................................................................................................................. 65
4.2.4 – Blindagens de radiação ....................................................................................................................................... 66
4.2.5 – Superfícies reirradiantes...................................................................................................................................... 68
4.3 – EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................................. 68
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR..................................................................... 72
5.1 – BALANÇO DE ENERGIA EM SUPERFÍCIES .......................................................................................................... 72
5.2 – CONDUÇÃO, CONVECÇÃO E RADIAÇÃO (EM SÉRIE E PARALELO) ............................................................. 73
5.3 – EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................................. 75
6 – ALETAS ............................................................................................................................................................................. 80
6.1 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM SUPERFÍCIES ESTENDIDAS ....................................................................... 80
6.2 – CÁLCULO DO FLUXO DE CALOR EM ALETAS DE SEÇÃO UNIFORME ......................................................... 80
6.3 – EXERCÍCIOS .............................................................................................................................................................. 84
7 – TROCADORES DE CALOR ........................................................................................................................................... 85
7.1 – CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR .............................................................................................. 85
7.1.1 – Classificação pelo processo de transferência ...................................................................................................... 85
7.1.2 – Classificação de acordo com a compacticidade .................................................................................................. 86
7.1.3 – Classificação pelo tipo de construção ................................................................................................................. 86
7.1.4 – Classificação segundo a disposição das correntes .............................................................................................. 91
7.2 – MÉDIA LOGARÍTMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS ................................................................... 92
7.3 – BALANÇO TÉRMICO EM TROCADORES DE CALOR ......................................................................................... 94
7.4 – COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............................................................................... 95
7.5 – FATOR DE FULIGEM (INCRUSTAÇÃO) ................................................................................................................ 96
7.6 – FLUXO DE CALOR PARA TROCADORES COM MAIS DE UM PASSE............................................................... 98
7.7 – EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................ 100
8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO .................................................................................................................................. 103
8.1 – CONDENSAÇÃO ..................................................................................................................................................... 103
8.2 – EBULIÇÃO ............................................................................................................................................................... 104
9 – FORMULÁRIOS ............................................................................................................................................................ 107
9.1 – PRIMEIRA PROVA ................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
9.1 – PRIMEIRA PROVA (ALUNOS) .............................................................................................................................. 107
9.2 – SEGUNDA PROVA ................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
9.2 – SEGUNDA PROVA (ALUNOS) .............................................................................................................................. 110
9.3 – TERCEIRA PROVA................................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
9.3 – TERCEIRA PROVA (ALUNOS) .............................................................................................................................. 114
10 – CONTEÚDO COMPLEMENTAR ................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
10.1 – CONDUÇÃO ......................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
10.2 – CONVECÇÃO....................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
10.3 – BLINDAGENS DE RADIAÇÃO .......................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
10.4 – RADIAÇÃO .......................................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 4

1 – INTRODUÇÃO
A partir do estudo da termodinâmica foi verificado que energia pode ser transferida
através de interações de um sistema com a sua vizinhança. Essas interações são conhecidas
por calor e trabalho. Contudo, a termodinâmica lida com os estados inicial e final do processo
durante o qual a interação ocorre, não fornecendo nenhuma informação relativa à natureza da
interação, a taxa ou a velocidade na qual ela ocorre. O objetivo da disciplina de Transferência
de Calor e Massa é estender a análise termodinâmica através dos meios como o calor é
transferido e do desenvolvimento das relações para calcular as taxas nas quais essa
transferência ocorre.
Sempre que existir uma diferença de temperatura dentro de um sistema ou que dois
sistemas a diferentes temperaturas forem colocados em contato, haverá transferência de
energia. O processo pelo qual a energia é transportada é conhecido por transferência de calor.
A entidade em trânsito, chamada calor, não pode ser medida ou observada diretamente, porém
os efeitos que ela produz são susceptíveis de observação e medição.
Do ponto de vista de engenharia, o problema principal é a determinação da taxa de
transferência de calor em uma diferença de temperatura especificada. Para estimar o custo, a
viabilidade e o tamanho do equipamento necessário para transferir uma quantidade de calor
especificada num determinado tempo é necessário efetuar uma análise detalhada de
transferência de calor. As dimensões de caldeiras, aquecedores, refrigeradores e trocadores de
calor dependem não só da quantidade de calor a ser transmitida, mas também da taxa na qual
o calor é transferido sob determinadas condições. A operação bem-sucedida de componentes
de equipamentos como palhetas de turbinas ou paredes de câmaras de combustão depende da
possibilidade de resfriamento de certas peças metálicas por meio da remoção contínua de calor
de uma superfície a uma taxa rápida. Uma análise de transferência de calor também deve ser
efetuada no projeto de máquinas elétricas, transformadores e rolamentos, a fim de evitar
condições que causem superaquecimento e danos aos equipamentos. Os exemplos mostram
que quase todos os ramos da engenharia se defrontam com problemas de transferência de
calor, os quais não podem ser solucionados somente pelo raciocínio termodinâmico, exigindo
análise com base na ciência da transferência de calor.
Na transferência de calor, como em outros ramos da engenharia, a solução bem-
sucedida de um problema impõe algumas premissas e idealizações. É quase impossível
descrever com exatidão os fenômenos físicos e, para expressar um problema na forma de uma
equação que possa ser resolvida, são necessárias algumas aproximações.
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 5

É importante ter em mente as premissas, idealizações e aproximações feitas no decorrer


de uma análise quando os resultados finais forem interpretados. Algumas vezes, informações
insuficientes sobre as propriedades físicas exigem a utilização de aproximações de engenharia
para solucionar um problema. Por exemplo, no projeto de peças de máquinas para operação
em temperaturas elevadas, pode ser necessário estimar o limite proporcional ou a resistência à
fadiga dos materiais a partir de dados em baixa temperatura. Para garantir a operação
satisfatória de uma peça em particular, o projetista deve aplicar um fator de segurança aos
resultados obtidos a partir da análise. Aproximações semelhantes também são necessárias nos
problemas de transferência de calor. Propriedades físicas como a condutividade térmica ou a
viscosidade variam com a temperatura, mas se forem selecionados valores médios adequados,
os cálculos podem ser consideravelmente simplificados sem a introdução de um erro apreciável
no resultado final. Quando o calor é transferido de um fluido para uma parede, como em uma
caldeira, forma-se uma incrustação com a operação contínua que reduz a taxa do fluxo de
calor. Para garantir a operação satisfatória durante um longo período de tempo, um fator de
segurança deve ser aplicado para levar em conta essa contingência.
Quando é necessário fazer uma suposição ou aproximação na solução de um problema,
o engenheiro deve confiar em sua criatividade e experiência anterior. Não existem guias
simples para solucionar problemas novos ou inexplorados, e uma suposição válida para um
problema pode não o ser para outro. A experiência tem demonstrado, entretanto, que o
primeiro requisito para fazer suposições ou aproximações de engenharia adequadas é a
compreensão física completa e perfeita do problema em questão. No campo da transferência
de calor, isso significa familiaridade não só com as leis e os mecanismos físicos do fluxo de
calor, mas também com os da mecânica dos fluidos, da física e da matemática.
A transferência de calor pode ser definida como a transmissão de energia de uma região
a outra resultante de uma diferença de temperatura entre elas. Como existem diferenças de
temperaturas em todo o universo, os fenômenos de fluxo de calor são tão universais quanto
aqueles associados às atrações gravitacionais. No entanto, ao contrário da gravidade, o fluxo
de calor não é governado por uma única relação, e sim por uma combinação de várias leis
independentes da física.
A literatura da transferência de calor geralmente reconhece três modos distintos de
transmissão de calor: condução, radiação e convecção. Estritamente falando, somente a
condução e a radiação devem ser classificadas como processos de transferência de calor, pois
somente esses dois mecanismos dependem da mera existência de uma diferença de
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 6

temperatura para operar. A convecção não obedece estritamente à definição da transferência


de calor, porque sua operação também depende do transporte mecânico de massa. Como,
porém, a convecção também realiza a transmissão de energia de regiões de temperatura mais
alta para regiões de temperatura mais baixa, o termo "transferência de calor por convecção"
tornou-se aceito de forma generalizada.
Alguns casos de aplicação de transferência de calor:
- isolamento de tetos e paredes de edifícios para manter determinadas condições
climáticas;
- quantificação da perda de energia através de janelas modernas e isoladas para manter
o ambiente confortável tanto no inverno quanto no verão;
- projeto e operação de geradores de vapor requer a compreensão da transferência de
calor que ocorre da queima de carvão, gás ou óleo para a água nos tubos;
- projeto e construção de um radiador para um motor de automóvel para mantê-lo “frio”
quando em operação envolve transferência de calor e massa;
- dissipação de calor em linhas de potência elétrica devido à resistência elétrica;
- proteção de cabos elétricos contra fogo e altas temperaturas;
- manutenção de temperaturas adequadas em circuitos de computadores e outros
sistemas;
- condicionamento de ar para conforto térmico;
- manuseio e processamento de alimentos.
Transferência de massa é o estudo do movimento de massa de um local para outro
através do uso de dispositivos mecânicos ou naturalmente devido à diferença de densidade. A
diferença de densidade provoca difusão de massa ou convecção natural de massa. Os
dispositivos mecânicos (bombas, ventiladores e compressores) provocam difusão e convecção
forçada de massa. Exemplos onde ocorre transferência de massa:
- processos químicos;
- poluição do ar;
- combustão;
- processos criogênicos (baixas temperaturas) tais com produção de N2, H2 e O2 líquidos,
gelo seco (CO2 líquido).
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 7

1.1 – SISTEMAS DE UNIDADES


As dimensões fundamentais são quatro: tempo, comprimento, massa e temperatura.
Unidades são meios de expressar numericamente as dimensões. Apesar de ter sido adotado
internacionalmente o sistema métrico de unidades denominado sistema internacional (S.I.), o
sistema inglês e o sistema prático métrico ainda são amplamente utilizados em todo o mundo.
Na tabela a seguir estão as unidades fundamentais para os três sistemas citados:

SISTEMA TEMPO COMPRIMENTO MASSA TEMPERATURA


S.I. segundo, s metro,m quilograma, kg Kelvin, K
INGLÊS segundo, s pé,ft libra-massa, lb Farenheit, ºF
MÉTRICO segundo, s metro,m quilograma, kg Celsius, ºC

As unidades derivadas mais importantes para a transferência de calor são obtidas por
meio de definições relacionadas a leis ou fenômenos físicos:
- Lei de Newton: Força é igual ao produto de massa por aceleração (F = m.a), então:
2
1 Newton (N) é a força que acelera a massa de 1 Kg a 1 m/s
- Trabalho (Energia) tem as dimensões do produto da força pela distância ( = F.x),
então:
1 Joule (J) é a energia despendida por uma força de 1 N em 1 m
- Potência tem dimensão de trabalho na unidade de tempo (P =  / t), então:
1 Watt (W) é a potência dissipada por uma força de 1 J em 1 s
Unidades derivadas dos sistemas de unidades mais comuns:

SISTEMA FORÇA, F ENERGIA, E POTÊNCIA, P

S.I. Newton, N Joule, J Watt, W


INGLÊS libra-força, lbf Btu Btu/h
MÉTRICO kilograma-força, kgf kcal kcal/h

As unidades mais usuais de energia (Btu e kcal) são baseadas em fenômenos térmicos,
e definidas como:
- Btu é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1lb de água
de 67,5 °F a 68,5 °F.
- kcal é a energia requerida na forma de calor para elevar a temperatura de 1kg de água
de 14,5 ºC a 15,5 ºC.
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 8

1.2 – DEFINIÇÕES
Temperatura: quantificação da energia térmica de um corpo. Tudo o que tem matéria
está associado a uma determinada temperatura. Quanto mais agitadas as partículas de um
corpo, maior será a sua temperatura.
Fluxo: se uma dada área A for atravessada por uma determinada quantidade de energia
térmica ΔE num certo intervalo de tempo t, a relação ΔE/ Δt é o fluxo de energia térmica por
essa área em uma unidade de tempo.
Taxa: Variação de uma propriedade na unidade de tempo.
Calor: é o fluxo de energia térmica entre corpos ou partes de um mesmo corpo com
diferentes temperaturas.
Calor sensível: quando o calor recebido ou doado por uma substância é usado para
mudança de temperatura (cal/gºC).
Calor latente: quando o calor recebido ou doado por uma substância é usado para
mudança de estado físico (cal/g).

1.3 – MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


A transferência de calor pode ser definida como a transferência de energia de uma
região para outra, como resultado de uma diferença de temperatura entre elas. Os mecanismos
são:


 Condução
dependem somente de uma T.
 Radiação
 Convecção  depende de uma T e transporte de massa.

1.3.1 – CONDUÇÃO
A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é transferida de uma
região de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa dentro de um meio (sólido,
líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato direto. Este mecanismo pode ser
visualizado como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas
menos energéticas de uma substância devido a interações entre elas. Só pode ocorrer através
de um meio material, mas sem que haja movimento do próprio meio.
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 9

A capacidade das substâncias para conduzir calor (condutividade) varia


consideravelmente. Como regra geral, os sólidos são melhores condutores que líquidos e
líquidos são melhores condutores que gases. Num extremo, metais são excelentes condutores
de calor e no outro extremo, o ar é um péssimo condutor de calor.
A figura a seguir ilustra a transferência de calor por condução através de uma parede
sólida submetida a uma diferença de temperatura entre suas faces.

1.3.2 – CONVECÇÃO
A convecção ocorre somente em líquidos e gases. Caracteriza-se pelo fato de que o
calor é transferido pelo movimento do próprio fluido, que constitui uma corrente de convecção.
Um fluido aquecido localmente em geral diminui de densidade e por consequência tende a
subir sob o efeito gravitacional, sendo substituído por fluido mais frio, o que gera naturalmente
correntes de convecção. Mas elas também podem ser produzidas artificialmente, com o auxílio
de bombas ou ventiladores.
A figura a seguir ilustra a transferência de calor por convecção quando um fluido escoa
sobre uma placa aquecida.

1.3.3 – RADIAÇÃO
A radiação pode ser definida como o processo pelo qual calor é transferido de uma
superfície em alta temperatura para uma superfície em temperatura mais baixa quando tais
superfícies estão separadas no espaço, ainda que exista vácuo entre elas. A energia assim
transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a forma de ondas eletromagnéticas.
O exemplo mais evidente deste mecanismo é o próprio calor que é recebido do Sol.
Neste caso, mesmo havendo vácuo entre a superfície do Sol e a superfície da Terra, a vida na
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 10

Terra depende desta energia recebida. Esta energia chega até nós na forma de ondas
eletromagnéticas. As ondas eletromagnéticas são comuns a muitos outros fenômenos: raio-X,
ondas de rádio e TV, microondas e outros tipos de radiações. As suas características são:
- Todos os corpos em temperatura acima do zero absoluto emitem continuamente
radiação térmica.
- As intensidades das emissões dependem somente da temperatura e da natureza da
superfície emitente.
- A radiação térmica viaja na velocidade da luz.
A figura a seguir ilustra a transferência de calor por radiação entre duas superfícies a
diferentes temperaturas.

1.4 – MECANISMOS COMBINADOS


O calor normalmente é transferido simultaneamente por condução, convecção e
radiação. Cada tipo de transferência de calor está sujeita a diferentes leis e devem ser tratadas
separadamente. Mas a convecção não pode ser totalmente separada da condução porque o
calor deve passar por condução para o fluido em movimento que está em contato com a
superfície aquecida.
Na maioria das situações práticas ocorrem dois ou mais mecanismos de transferência de
calor atuando ao mesmo tempo. Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos
domina quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas desprezando-se todos,
exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que variações nas condições
do problema podem fazer com que um mecanismo desprezado se torne importante.
A garrafa térmica é um exemplo de um sistema onde ocorre ao mesmo tempo vários
mecanismos de transferência de calor. Neste caso, é possível ter a atuação conjunta dos
seguintes mecanismos esquematizados na figura a seguir:
1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 11

1.5 – REGIMES DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


REGIME PERMANENTE: é a situação na qual não há variação de propriedades ao
longo do tempo. Seu oposto é chamado de regime transiente.
ESTADO OU REGIME UNIFORME: é a condição na qual as propriedades
termodinâmicas não variam ao longo da posição.
Na prática, como a experiência indica, todos os processos são transientes, isto é, variam
no tempo, e não são uniformes, isto é, variam com a localização. Entretanto, inúmeras vezes as
variações são muito pequenas e irrelevantes no tocante à engenharia, especialmente ao longo
das seções de entrada e de saída, que costumam ter pequenos diâmetros.
O conceito de regime de transferência de calor pode ser mais bem entendido através de
exemplos. Por isso será analisada a transferência de calor através da parede de uma estufa
qualquer. São consideradas duas situações: operação normal e desligamento ou religamento.
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 12

2 – CONDUÇÃO
Condução: transmissão de calor sem transporte de matéria, devido à transferência de
energia cinética entre as partículas de um corpo ou entre corpos. Ocorre em qualquer direção e
é independente da gravidade. Ocorre nos sólidos ou fluidos confinados.
Como o calor se propaga de partícula para partícula, corpos mais densos, com maior
número de partícula por unidade de volume, especialmente partículas livres, são bons
condutores. Isto explica por que os metais são bons condutores. Pelo mesmo motivo, os
líquidos e gases não são bons condutores de calor.
Os materiais em que a condução térmica praticamente não ocorre são chamados
isolantes térmicos, por exemplo, a madeira e o isopor.
Na figura a seguir, é possível ver um recipiente fechado, onde a temperatura interna é T 2
e a temperatura externa é T1. Sendo a temperatura interna maior que a externa, o calor passa,
espontaneamente, de dentro para fora do recipiente, por condução. A quantidade de calor que
atravessa as paredes do recipiente é diretamente proporcional à diferença entre as
temperaturas, à área e ao tempo de contato. A quantidade de calor transmitido, de molécula
para molécula, é inversamente proporcional à espessura (∆x) das paredes do recipiente.

2.1 – EQUAÇÃO DA CONDUÇÃO


Equação da transferência de calor por condução: Lei de Fourier.
A lei de Fourier é empírica, isto é, foi estabelecida a partir da observação de fenômenos
(evidências experimentais), em vez de ter sido obtida a partir dos princípios fundamentais. Por
esse motivo, a equação da taxa de calor pode ser vista como uma generalização baseada em
uma vasta evidência experimental.
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 13

Condutividade térmica (k)


É uma propriedade física dos materiais que descreve a habilidade do material de
conduzir calor. Equivale a quantidade de calor que é transmitida através de uma espessura L,
em uma direção normal a superfície de área A, devido ao gradiente de temperatura ΔT, sob
condições de estado fixo.
Materiais que possuem uma alta condutividade térmica são resistores térmicos pobres,
ou seja, isolantes ruins. Por outro lado, materiais com pequena condutividade térmica possuem
grande resistência térmica, são bons isolantes.
Os valores numéricos da condutividade térmica variam em extensa faixa dependendo da
constituição química, estado físico e temperatura dos materiais. Com relação à temperatura,
em alguns materiais como o alumínio e o cobre, o k varia muito pouco com a temperatura,
porém em outros, como alguns aços, o k varia significativamente com a temperatura. Nestes
casos, adota-se como solução de engenharia um valor médio de k em um intervalo de
temperatura.
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 14

A condução pode ser classificada pelo número de dimensões das coordenadas de que
depende a temperatura. Se esta é função de uma só coordenada, o problema é unidimensional,
e se é função de duas ou três, se diz que é um problema bi ou tridimensional, respectivamente.
Se a temperatura é função do tempo e da direção x em coordenadas retangulares, ou seja, T =
T(x,t), se diz que o problema é unidimensional e transitório.
Sabendo-se que o fluxo de calor é uma grandeza vetorial, é possível escrever uma forma
mais geral da equação do fluxo de condução (lei de Fourier) como a seguir:
 T T T 
q "  kT  k  i j k 
 x y z 
Sendo  um operador diferencial tridimensional e T(x,y,z) é o campo de temperatura
escalar. O meio no qual a condução ocorre é isotrópico. Em tal meio o valor da condutividade
térmica independe da direção dos eixos coordenados.

2.2 – TIPOS DE CONDIÇÕES DE CONTORNO


Para determinar a distribuição de temperatura em um meio, é necessário resolver a
forma apropriada da equação do calor. Para isso são necessárias condições de contorno,
conforme o caso a ser estudado.
dT
qx  kA  Lei de Fourier
dx
T = T(x)
1ª Lei da Termodinâmica (conservação da energia):
Ėe +Ėg – Ės = 0 (válido em regime permanente)
Ėe = energia que entra no sistema num intervalo de tempo.
Ėg = energia gerada dentro do sistema num intervalo de tempo.
Ės = energia que sai do sistema por unidade de tempo.

q’ = taxa de geração de calor por unidade de volume [W/m3]


Ėe = qx
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 15

Ėg = q’V = q’ (A Δx)
Ės = qx+Δx
q x  q A  x   q xx  0
Dividindo a equação por Δx e rearranjando-a:
(q xx  q x )
  q A  0
x
Fazendo Δx0, tem-se:
dq x
  q A  0
dx
Usando a Lei de Fourier:
d  dT 
 kA   q A  0
dx  dx 
d  dT 
k q  0  Equação da condução de calor, unidimensional, regime permanente.
dx  dx 
 A solução desta equação fornece T(x); isto é, a temperatura em cada coordenada x.
 Com T(x) é possível se obter q’’x e qx.
 Esta equação é válida para o sistema cartesiano de coordenadas; existem outras
equações para o sistema cilíndrico e esférico.

Condições de contorno
A equação de calor unidimensional, no sistema de coordenadas cartesianas, sem
geração de calor e com condutividade térmica constante é:

d 2T
0
dx 2
Integrando- se uma vez:

d 2T d  dT  dT
 dx 2 dx   dx  dx dx  dx  c1
 Integrando-se pela segunda vez:
dT
 dx dx   c dx1

d
 dx (T )dx   c1dx
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 16

 dT  c  dx
1

T  c1 x  c2  solução geral da equação (perfil linear)


Condições: - A e k constantes
- Sem geração de calor
- Parede plana
Importante:
Se: q’ ≠ 0, ou
A = A(x), ou  T não é linear com x
K = k(T)
 As duas constantes, c1 e c2, são eliminadas aplicando-se duas condições de contorno.
 Existem três tipos de condições de contorno: Dirichlet, Neumann e Robin.
Condição de Dirichlet:
A temperatura é conhecida no contorno. Corresponde a uma situação na qual a
superfície é mantida a uma temperatura fixa.

Condição de Contorno de Dirichlet:


T(x=0) =T1
T(x=L) = T2
Voltando à solução geral:
T = c1x + c2
Em x = 0  T = T1
T1 = c1.0 + c2
T1 = c2
Em x = L  T = T2
T2 = c1.L + T1
C1= (T2 – T1) / L
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 17

Levando c1 e c2 na solução geral:

 T 2  T1 
T   x  T1  T varia linearmente com x, entre T1 e T2.
 L 

Condição de Neumann:
Esta condição corresponde à existência de um fluxo de calor fixo ou constante na
superfície.

Condição de Contorno:
T(x = 0) = T1 (cond. de Dirichlet)

 dT 
 k   q"2
 dx  x  L (cond. de Neumann)

voltando à solução geral:

T  c1 x  c2
portanto em x = L, temos:

 kc1  q"2
logo:

 q"2
c1 
k
na solução geral:
T(x = 0) = T1
T1 = c1.0 + c2  c2 = T1
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 18

Então:

 q" 
T   2  x  T 1  linear com x
 k 

Condição de Robin:
Esta condição de contorno corresponde à existência de aquecimento (ou resfriamento)
por convecção na superfície, e a sua representação matemática é obtida através do balanço de
energia na superfície.

condições de contorno:

T ( x  0)  T 1

 dT 
k    q "  h(T 2  T )
 dx  x L
da solução geral:
T  c1 x  c2
portanto:

 T 2 T1 
k    h(T 2  T )
 L 
 T 2 T1 
Assim, T    x  T1 ,
 L 

 (T  T 1) 
T  h .x  T 1
 k  hL 
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 19

Exemplo 2.1) A condução em regime estacionário unidimensional com geração interna


de calor uniforme ocorre em uma parede plana de 50 mm de espessura e condutividade
térmica constante igual a 5 W/m.K. Para essas condições, a distribuição de temperatura é dada
por T  x   a  bx  cx 2 . A superfície em x = 0 está a uma temperatura de T  0   T0  120C e

troca calor por convecção com um fluido a T  20C e h = 500 W/m2.K. A superfície em x = L é
isolada.
a) Aplicando o balanço geral de energia na parede, calcule a taxa de geração de energia
interna.
b) Determine os coeficientes a, b e c aplicando as condições de contorno para a
distribuição de temperatura dada.
c) Considere as condições para as quais o coeficiente de convecção é reduzido à
metade do seu valor, mas a taxa de geração de energia interna permanece constante.
Determine os novos valores de a, b e c.

2.3 – CONDUÇÃO UNIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE


No tratamento unidimensional a temperatura é função de apenas uma coordenada. Este
tipo de tratamento pode ser aplicado em diversos sistemas de engenharia. Por exemplo, no
caso da transferência de calor em um sistema que consiste de um fluido que escoa ao longo de
um tubo, a temperatura da parede do tubo pode ser considerada função apenas do raio do
tubo. Esta suposição é válida se o fluido escoa uniformemente ao longo de toda a superfície
interna e se o tubo não for longo o suficiente para que ocorram grandes variações de
temperatura do fluido devido à transferência de calor.

2.3.1 – CONDUÇÃO DE CALOR EM UMA PAREDE PLANA


Para a condução unidimensional em uma parede plana (submetida a uma diferença de
temperatura), a temperatura é função apenas da coordenada x e o calor é transferido
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 20

exclusivamente nessa direção. Um bom exemplo disto é a transferência de calor através da


parede de um forno, que tem espessura L, área transversal A e foi construído com material de
condutividade térmica k. Do lado de dentro a fonte de calor mantém a temperatura na superfície
interna da parede constante e igual a T 1 e externamente o meio ambiente faz com que a
superfície externa permaneça igual a T2.

Aplicado a equação de Fourier, tem-se:


dT
q  k . A.
dx
Fazendo a separação de variáveis, é obtido:
q.dx  k. A.dT
Na figura anterior é visto que na face interna (x = 0) a temperatura é T1 e na face externa
(x = L) a temperatura é T2. Para a transferência em regime permanente o calor transferido não
varia com o tempo. Como a área transversal da parede é uniforme e a condutividade k é um
valor médio, é possível integrar a equação anterior, entre os limites que podem ser verificados
na figura.
L T2
q. dx  k . A. dT
0 T1

q.  L  0   k. A. T2  T1   q.L  k. A. T2  T1 


Considerando que (T2 – T1) é a diferença de temperatura entre as faces da parede, a
taxa de calor que atravessa a parede plana por condução é:
k.A
q .T
L
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 21

Exemplo 2.2) As superfícies internas de um grande edifício são mantidas a 20 ºC,


enquanto que a temperatura na superfície externa é -20 ºC. As paredes medem 25 cm de
espessura, e foram construídas com tijolos de condutividade térmica de 0,6 kcal/h m ºC.
a) Calcular a perda de calor para cada metro quadrado de superfície por hora.
b) Sabendo-se que a área total do edifício é 1000 m 2 e que o poder calorífico do carvão
é de 5500 kcal/Kg, determinar a quantidade de carvão a ser utilizada em um sistema de
aquecimento durante um período de 10 h. Supor o rendimento do sistema de aquecimento igual
a 50%.

2.3.2 – ANALOGIA ENTRE RESISTÊNCIA TÉRMICA E RESISTÊNCIA ELÉTRICA


Dois sistemas são análogos quando eles obedecem a equações semelhantes. Isto
significa que a equação de descrição de um sistema pode ser transformada em uma equação
para outro sistema pela simples troca dos símbolos das variáveis. Por exemplo, em uma
parede plana, onde a distribuição de temperatura é linear T(x), sob condições de regime
estacionário, e com área uniforme, a taxa de calor será dada por:
L T2
dT
qx  kA  qx  dx   kAdT
dx 0 T1

q x (L  0)  kA(T2  T1 )
kA T
qx  (T1  T2 ) 
L L
kA
Analogia com a Lei de Ohm para um circuito elétrico: V  IR
T V
qx   I
L R
kA
O denominador e o numerador da equação podem ser entendidos assim:
(T): a diferença entre a temperatura da face quente e da face fria. Consiste no potencial
que causa a transferência de calor.
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 22

(L/k.A): é equivalente a uma resistência térmica (R) que a parede oferece à


transferência de calor.
Portanto, a taxa de calor através da parede pode ser expressa da seguinte forma:
T T é o potencial térmico e
q onde, 
R  R é a resistência térmica da parede
Dada esta analogia, é comum a utilização de uma notação semelhante a usada em
circuitos elétricos, quando a resistência térmica de uma parede ou associações de paredes são
representadas. Assim, uma parede de resistência R, submetida a um potencial T e
atravessada por um fluxo de calor q , pode ser representada assim:

Exemplo 2.3) Um anúncio de TV veiculado por um conhecido fabricante de isolantes


térmicos afirma que não é a espessura do material isolante que conta, mas sim o seu valor de
R. O anúncio mostra que, para obter um valor de R igual a 3, você precisa de uma camada de
18 pés de rocha, 15 polegadas de madeira, ou então apenas 6 polegadas do material
anunciado. Esse anúncio é tecnicamente razoável? Dados: Condutividade térmica dos
materiais a 300K: rocha (2,15 W/mK); madeira (0,12 W/mK); material anunciado (0,048 W/mK).

2.3.3 – ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM SÉRIE


Em um sistema de paredes planas associadas em série, submetidas a uma diferença de
temperatura, sendo as duas constantes, haverá a transferência de um fluxo de calor contínuo
no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, é analisada a
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma camada
interna de refratário (condutividade k1 e espessura L1), uma camada intermediária de isolante
térmico (condutividade k2 e espessura L2) e uma camada externa de chapa de aço
(condutividade k3 e espessura L3). A figura a seguir ilustra o perfil de temperatura ao longo da
espessura da parede composta:
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 23

A taxa de calor que atravessa a parede composta pode ser obtida em cada uma das
paredes planas individualmente:

k1. A1 k .A k .A
q .(T1  T2 ); q  2 2 .(T2  T3 ); q  3 3 .(T3  T4 )
L1 L2 L3
Colocando em evidência as diferenças de temperatura em cada uma das equações e
somando membro a membro, é obtida a seguinte equação:

q.L1
(T1  T2 ) 
k1. A1
q.L2
(T2  T3 ) 
k2 . A2
q.L3
(T3  T4 ) 
k3 . A3
q.L1 q.L2 q.L3
T1  T2  T2  T3  T3  T4   
k1. A1 k2 . A2 k3 . A3

q.L1 q.L2 q.L3


T1  T4   
k1. A1 k2 . A2 k3 . A3
Colocando em evidência a taxa de calor q e substituindo os valores das resistências
térmicas em cada parede na equação, é obtida a taxa de calor pela parede do forno:

T1  T4  q.( R1  R2  R3 )
T1  T4
q
R1  R2  R3
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 24

Portanto, para o caso geral em que se tem uma associação de n paredes planas
associadas em série a taxa de calor é dada por:

 T total n
q , onde Rt   Ri  R1  R2    Rn
Rt i 1

Exemplo 2.4) Uma parede de um forno é constituída de duas camadas: 0,20 m de tijolo
refratário (1,2 kcal/h.m.ºC) e 0,13 m de tijolo isolante (0,15 kcal/h.m.ºC). A temperatura da
superfície interna do refratário é 1675 ºC e a temperatura da superfície externa do isolante é
145 ºC. Desprezando a resistência térmica das juntas de argamassa, calcule:
2
a) o calor perdido por unidade de tempo e por m de parede;
b) a temperatura da interface refratário/isolante.

2.3.4 – ASSOCIAÇÃO DE PAREDES PLANAS EM PARALELO


Em um sistema de paredes planas associadas em paralelo, submetidas a uma diferença
de temperatura, sendo as duas constantes, haverá a transferência de um fluxo de calor
contínuo no regime permanente através da parede composta. Como exemplo, é analisada a
transferência de calor através da parede de um forno, que pode ser composta de uma metade
inferior de refratário especial (condutividade k2) e uma metade superior de refratário comum
(condutividade k1), como mostra a figura a seguir. São feitas as seguintes considerações:
- Todas as paredes estão sujeitas a mesma diferença de temperatura.
- As paredes podem ser de materiais e/ou dimensões diferentes.
- O fluxo de calor total é a soma dos fluxos por cada parede individual.
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 25

A taxa de calor que atravessa a parede composta pode ser obtida em cada uma das
paredes planas individualmente:
k1. A1 k2 . A2
q1  .(T1  T2 ); q2  .(T1  T2 )
L1 L2
A taxa de calor total é igual a soma das taxas:

 k .A   k .A   k .A k .A 
q  q1  q2   1 1 .(T1  T2 )    2 2 .(T1  T2 )    1 1  2 2  .(T1  T2 )
 L1   L2   L1 L2 
A partir da definição de resistência térmica para parede plana, tem-se que:
L 1 k. A
R  
k. A R L
Substituindo uma equação na outra, é obtido:

1 1 (T  T ) 1 1 1
q     .(T1  T2 )  1 2 onde,  
 R1 R2  Rt Rt R1 R2
Portanto, para o caso geral em que se tem uma associação de n paredes planas
associadas em paralelo a taxa de calor é dado por:

 T total 1 n
1 1 1 1
q , onde      
Rt Rt i 1 Ri R1 R2 Rn

Exemplo 2.5) Calcular a taxa de calor na parede composta abaixo:

onde,
Material (k) A b c d e f g
Btu/h.ft.ºF/(w/m.k) 100(173) 40(69) 10(17,3) 60(104) 30(52) 40(69) 20(34,6)
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 26

2.4 – CONDUÇÃO DE CALOR ATRAVÉS DE SISTEMAS RADIAIS


É considerado um cilindro vazado submetido a uma diferença de temperatura entre a
superfície interna e a superfície externa, como pode ser visto na figura a seguir. Se a
temperatura da superfície interna for constante e igual a T1, enquanto que a temperatura da
superfície externa se mantém constante e igual a T2, tem-se uma transferência de calor por
condução no regime permanente. Como exemplo é analisada a transferência de calor em um
tubo de comprimento L que conduz um fluido em alta temperatura.

A taxa de calor que atravessa a parede cilíndrica pode ser obtida através da equação de
Fourier, ou seja:
dT dT
q  k. A. onde é o gradiente de temperatura na direção radial
dr dr
Para configurações cilíndricas a área é uma função do raio:
A  2. .r.L
Juntando as duas equações apresentadas é obtida a seguinte equação:

q  k .2. .r.L .
. dT
dr
Fazendo a separação de variáveis e integrando entre T 1 em r1 e T2 em r2, chega-se a:
r2 dr T2
 r1
q.
r
   k .2. .L.dT
T1

r2 dr T2
q  k.2. .L. .dT
r1 r T1

 r2
  T2

q.  ln r   k .2. .L.  T 
 r1   T1 
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 27

q.ln r2  ln r1   k.2. .L. T2  T1 


Aplicando-se propriedades dos logaritmos, é obtida a equação:

 r 
q. ln 2   k .2. .L. T1  T2 
 r1 
A taxa de calor através de uma parede cilíndrica será então:
k .2. .L
q . T1  T2 
 r2 
 ln 
 r1 

Resistência térmica na parede cilíndrica:


O conceito de resistência térmica também pode ser aplicado à parede cilíndrica. Devido
à analogia com a eletricidade, uma taxa de calor na parede cilíndrica também pode ser
representada como:
T
q onde, T é o potencial térmico; e R é a resistência térmica da parede
R
Então para a parede cilíndrica, é obtido:
k .2. .L T
q .T 
 r2  R
 ln 
 r1 
Eliminado o ∆T na equação, é obtida a resistência térmica de uma parede cilíndrica:

R
 r
ln r2
1

k .2. .L
Para o caso geral em que se tem uma associação de “n” paredes cilíndricas associadas
em paralelo, por analogia com paredes planas, a taxa de calor é dada por:

 T total n
q onde, Rt   Ri  R1  R2   Rn
Rt i 1

Exemplo 2.6) Um tubo de aço (22 Btu/h.ft.ºF)(38,1w/m.k) de 1/2" de espessura e 10" de


diâmetro externo é utilizado para conduzir ar aquecido. O tubo é isolado com 2 camadas de
materiais isolantes: a primeira de isolante de alta temperatura (0,051 Btu/h.ft.ºF)(0,09) com
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 28

espessura de 1" e a segunda com isolante à base de magnésia (0,032 Btu/h.ft.ºF)(0,055)


também com espessura de 1". Sabendo que estando a temperatura da superfície interna do
tubo a 1000 ºF a temperatura da superfície externa do segundo isolante fica em 32 ºF, pede-se
:
a) Determine a taxa de calor por unidade de comprimento do tubo.
b) Determine a temperatura da interface entre os dois isolantes.

2.5 – CONDUÇÃO BIDIMENSIONAL EM REGIME PERMANENTE


Em muitos casos práticos, o tratamento unidimensional de condução de calor representa
uma simplificação inaceitável, e torna-se necessário avaliar os efeitos multidimensionais.
Existem vários métodos de análise de sistemas bidimensionais em condições de regime
permanente. Os procedimentos variam de soluções exatas, que podem ser obtidas de
condições idealizadas, aos métodos aproximados de complexidade e precisão variáveis. Existe
o método gráfico, que obtêm uma estimativa das taxas de transferência de calor de maneira
rápida, porém bastante aproximada. Com auxílio de um computador, métodos numéricos
(diferenças finitas ou elementos finitos) podem ser utilizados para prever com precisão
temperaturas no interior de um meio, bem como as taxas de calor em suas vizinhanças.

2.5.1 – O MÉTODO GRÁFICO


O método gráfico pode ser empregado na solução de problemas bidimensionais
envolvendo fronteiras adiabáticas e isotérmicas. Embora o procedimento tenha sido superado
por soluções computadorizadas baseadas em procedimentos numéricos, ele pode ser utilizado
para se obter uma primeira estimativa da distribuição de temperatura e para se desenvolver a
compreensão física da natureza do campo de temperatura e do fluxo térmico em um sistema.
A lógica do método gráfico vem do fato de que linhas de temperatura constante devem
ser normais às linhas que indicam a direção do fluxo térmico (conforme figura a seguir). O
objetivo do método gráfico é construir sistematicamente uma rede de isotermas e linhas de
fluxo térmico. Essa rede, comumente denominada “representação gráfica do fluxo”, é utilizada
para inferir a distribuição de temperaturas e o fluxo térmico através do sistema.
Considere um canal quadrado bidimensional cujas superfícies interna e externa são
mantidas a T1 e T2, respectivamente. Uma seção reta do canal é mostrada na figura (a). Um
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 29

procedimento de construção da representação gráfica, parcialmente mostrada na figura (b), é


apresentado a seguir.

Condução de calor bidimensional em um canal quadrado de comprimento L. (a) Planos de simetria. (b)
Representação gráfica do fluxo. (c) Quadrado curvilíneo típico.

1) O primeiro passo é identificar todas as linhas de simetria relevantes. Tais linhas são
determinadas pelas condições térmicas, assim como pelas geométricas. Para o canal quadrado
da figura (a), tais linhas incluem as linhas verticais, horizontais e diagonais. Portanto, em tal
sistema é possível considerar apenas um oitavo da configuração, conforme mostrado na figura
(b).
2) Linhas de simetria são adiabáticas no sentido de que não pode existir transferência de
calor na direção perpendicular a essas linhas. Elas são, portanto linhas de fluxo térmico e
devem ser tratadas como tal.
3) Depois de todas as linhas de temperaturas constantes conhecidas terem sido
identificadas, deve-se tentar esboçar as linhas de temperaturas constantes no interior do
sistema.
4) As linhas de fluxo de calor devem então ser desenhadas visando à criação de uma
rede de quadrados curvilíneos. Isto é feito tendo as linhas de fluxo de calor e as isotermas
interceptando-se em ângulos retos e com a exigência de que todos os lados de cada quadrado
tenham aproximadamente o mesmo comprimento. Como é quase impossível satisfazer
completamente essa segunda exigência, deve-se tentar alcançar a equivalência entre as
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 30

somas dos lados opostos de cada quadrado, conforme mostrado na figura (c). Atribuindo à
coordenada x a direção do fluxo de calor e à coordenada y a direção normal ao fluxo, a
exigência pode ser representada como:
ab  cd ac  bd
x   y 
2 2
Na primeira tentativa, é difícil criar uma rede de quadrados curvilíneos satisfatória, de
forma que se torna necessário realizar várias iterações. Esse processo de tentativa e erro
envolve ajustes das isotermas e adiabáticas até que quadrados curvilíneos satisfatórios sejam
obtidos para a maior parte da rede. Uma vez que a representação gráfica do fluxo tenha sido
obtida, ela pode ser utilizada para se deduzir a distribuição de temperatura no meio. A partir de
uma análise, a taxa de transferência de calor pode então ser obtida.

Determinação da taxa de transferência de calor


A taxa na qual a energia é transferida através de uma faixa, que é a região entre
adiabáticas adjacentes, é designada qi. Se a representação gráfica do fluxo for construída
apropriadamente, o valor de qi será aproximadamente o mesmo para todas as faixas, e a taxa
total de transferência de calor pode ser representada como:
M
q   qi  Mqi
i 1

Onde M é o número de faixas associadas à representação gráfica. A partir do quadrado


curvilíneo da figura (c) e da aplicação da lei de Fourier, qi pode ser representado como:

T j T j
qi  kAi  k  y.l 
x x
Onde T j é a diferença de temperatura entre sucessivas isotermas, Ai é a área de

transferência de calor por condução para a faixa e l é o comprimento do canal normal à


página. Contudo, uma vez que o incremento de temperatura é aproximadamente o mesmo para

todas as isotermas adjacentes, a diferença de temperatura global entre os limites, T12 , pode
ser representada como:
N
T12   T j  N T j
j 1
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 31

Onde N é o número de incrementos de temperatura. Combinando as três equações e

verificando que x  y para quadrados curvilíneos, é obtido:


Ml
q k T12
N
A razão do número de faixas de fluxo de calor e o número de incrementos de
temperatura (o valor de M/N) podem ser obtidos a partir do gráfico. Lembre que a especificação
de N é baseada no passo 3 do procedimento anterior, e o valor, que é um inteiro, pode ser feito
maior ou menor dependendo da precisão desejada. O valor de M não é necessariamente um
inteiro, uma vez que uma faixa fracionada pode ser necessária para chegar a uma rede
satisfatória de quadrados curvilíneos. Para a rede da figura (b), N = 6 e M = 5. É claro que
conforme a rede, ou a malha, de quadrados curvilíneos se torna mais refinada, N e M
aumentam e a estimativa M/N se torna mais precisa.

O fator de forma da condução


A taxa de transferência de calor pode ser expressa como:

q  Sk T12
Onde S é o fator de forma de um sistema bidimensional, sendo:
Ml
S
N
A resistência de condução bidimensional pode ser representada como:
1
Rt ,cond (2 D ) 
Sk
Fatores de forma têm sido obtidos para inúmeros sistemas bidimensionais, e os
resultados encontram-se na literatura.
No caso apresentado, presume-se que a condução bidimensional ocorra entre contornos

que são mantidos a temperaturas uniformes, com T12  T1  T2 .


2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 32
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 33

Exemplo 2.7) Um orifício de diâmetro 0,25 m é perfurado através do centro de um bloco


sólido de seção quadrada com 1 m de lado. O orifício é perfurado ao longo do comprimento, 2
m, do bloco, que apresenta condutividade térmica de 150 W/mK. Um fluido aquecido passando
através do orifício mantém a temperatura da superfície interna a 75 ºC, enquanto a superfície
externa do bloco é mantida a 25 ºC. Determine o fator de forma para o sistema e a taxa de
transferência de calor através do bloco.

2.6 – CONDUÇÃO TRANSIENTE


Até aqui, foi tratada a condução de calor somente no estado estacionário. Entretanto,
após o início do processo de transferência de calor, antes que as condições do estado
estacionário sejam atingidas, transcorrerá certo tempo. Durante esse período, chamado
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 34

transitório, a temperatura e a energia interna variam. A análise do fluxo de calor em estado


transitório apresenta grande importância prática nos sistemas industriais de aquecimento e
resfriamento.
Além do fluxo de calor em estado transitório, quando o sistema passa de um estado
estacionário a outro existem problemas de engenharia envolvendo variações periódicas no
fluxo e na temperatura como, por exemplo, o fluxo de calor entre os períodos diurno e noturno
num edifício, além do fluxo de calor em motor de combustão interna. Alguns problemas podem
ser simplificados pela suposição de que a temperatura é somente uma função do tempo e é
uniforme em todo o sistema a qualquer momento. Este método de análise é apresentado a
seguir.

2.6.1 – SISTEMAS COM RESISTÊNCIA INTERNA DESPREZÍVEL (SISTEMAS


CONCENTRADOS)
Embora não exista material na natureza que apresente condutividade térmica infinita,
muitos problemas de fluxo de calor transitório podem ser resolvidos a partir da suposição de
que a resistência condutiva interna do sistema é tão pequena que a temperatura no seu interior
é uniforme em qualquer instante. Esta simplificação é válida quando a resistência térmica
externa entre a superfície do sistema e o meio à sua volta é tão grande, quando comparada à
interna, que ela controla o processo de transferência de calor.
O número de Biot (Bi) é uma medida da importância relativa da resistência térmica
dentro de um corpo sólido:

Rint erna hL
Bi   Bi  0,1  concentrados 
Rexterna k
Onde:

h : é o coeficiente de transferência de calor médio (constante).


2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 35

L: é a dimensão do comprimento significativo (volume do corpo / área superficial do


corpo).
k: é a condutividade térmica do corpo.

Observação: Por conveniência, é costume definir o comprimento característico como a


razão entre o volume do sólido e a área superficial. Tal definição facilita o cálculo de L para
sólidos de formas complicadas e reduz para a metade da espessura para uma parede plana,

para r para um cilindro longo e r para uma esfera.


2 3

Considere o resfriamento de um corpo retirado de um forno, em um banho, onde:

T0 é a temperatura do corpo ao sair do forno.

T é a temperatura do banho (constante).


T é a temperatura média do corpo.
(t = 0) é o tempo em que o resfriamento começa.

Fazendo um balanço de energia para o corpo em um intervalo de tempo dt,


considerando a hipótese de que T é uniforme em qualquer instante:
m
  m   .V dE   .V .c.dT
V
dT
 .V .c  h. As T  T 
dt
Onde:
 = massa específica do corpo [kg/m3].
V = volume do corpo [m3].
c = calor específico do corpo [J/kg.K].

h = coeficiente de transferência de calor médio (constante) [W/m2K].

As = área superficial [m2].


dT = variação de temperatura [K] durante o intervalo de tempo dt [s].
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 36

dT d T  T  h. As
  dt
T  T T  T   .V .c
 h. As 
T
d T  T  h. As
t
 T  T  h. As T  T  t
 c.  .V 
 T  T 
T0 

 .V .c 0
dt ln 
 T0  T


 
 .
V .c
t
T0  T
e

hL  .t k
Bi  Fo  
k L2  .c
hL  .t hL k t h.t T  T
Bi Fo  . 2  . . 2    e Bi Fo
k L k  .c L .c.L T0  T

Exemplo 2.8) No processo de produção de lâmpadas convencionais de bulbo, há


necessidade de resfriamento de 400 ºC até 45 ºC, em 11 segundos. O resfriamento é
alcançado por exposição direta ao ar cuja temperatura média pode ser estimada em 28 ºC.
Admita que:
I) A lâmpada tenha formato esférico e parede fina.
II) O volume da quantidade de vidro componente da lâmpada possa ser estimado como
a área superficial da esfera multiplicada pela espessura da parede da lâmpada.
III) O sistema tenha resistência interna desprezível.
IV) O calor específico do vidro é 780 J/kg.K; a condutividade térmica do vidro é de 1,4
W/mK; a massa específica do vidro é de 2600 kg/m3.
V) O raio externo da lâmpada é 5 cm e a espessura do vidro é 0,2 mm.
Determine:
a) O coeficiente de transmissão de calor por convecção nesse processo.
b) Qual deveria ser a espessura do vidro para que a hipótese de sistema com resistência
interna desprezível não fosse verdadeira?

2.7 – EXERCÍCIOS
Exercício 2.1) Algumas seções de oleoduto do Alasca encontram-se acima do solo e
são sustentadas por meio de suportes verticais de aço (25 W/m.K), que possuem comprimento
de 1 m e área da seção reta de 0,005 m 2. Em condições normais de operação, a variação de
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 37

temperatura ao longo do comprimento do suporte de aço é dada pela seguinte expressão:


T  100  150 x  10 x2 , em que T e x possuem unidade de ºC e metros, respectivamente.
Variações de temperatura na seção reta do suporte de aço são desprezíveis. Avalie a
temperatura e a taxa de calor por condução na junção suporte-oleoduto (x = 0) e na interface
suporte-solo (x = 1 m). Explique as diferenças nas taxas de calor. Resposta: T(0) = 100 ºC;
T(L) = - 40 ºC; qx(0) = 18,75 W; qx(L) = 16,25W.

Exercício 2.2) A distribuição de temperatura através de uma parede de 0,3 m de


espessura em um dado instante de tempo é dada por T  x   a  bx  cx 2 , em que T está em

graus Celsius e x em metros, a = 200 ºC, b = - 200 ºC/m e c = 30 ºC/m2. A condutividade


térmica da parede é 1 W/m.K.
a) Determine a taxa de transferência de calor que entra e sai da parede e a taxa de
variação da energia armazenada no interior da parede por unidade de área armazenada.
Resposta: 200 W/m2 ; 182 W/m2 ; 18 W/m2
b) Se a superfície fria está exposta a um fluido a 100 ºC, qual o coeficiente de
convecção? Resposta: 4,3 W/m2K

Exercício 2.3) Condução unidimensional, em regime estacionário e sem geração interna


de calor, está ocorrendo em uma parede plana com condutividade térmica constante.

a) É possível a existência da distribuição de temperatura mostrada no gráfico? Explique


sucintamente o seu raciocínio. Resposta: A distribuição de temperatura não é possível.
b) Com a temperatura em x = 0 e a temperatura do fluido fixada em T(0) = 0 ºC e
T  20C , respectivamente, calcule a temperatura em x = L, com h = 30 W/m2.K. Resposta:
10,9 ºC
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 38

Exercício 2.4) Uma parede de concreto, com área superficial de 20 m 2 e espessura 0,3
m, separa uma sala com ar condicionado do ar ambiente. A temperatura interna da parede é
mantida a 25 ºC, a condutividade térmica do concreto é 1 W/m.K. Determine a perda de calor
através da parede externa se for inverno e a temperatura ambiente estiver a – 15 ºC.
Resposta: 2667 W; 133,3 W/m2

Exercício 2.5) Um bloco de concreto de uma estrutura mede 11 m de comprimento, 8 m


de largura e 0,20 m de espessura. Durante o inverno, as temperaturas nominais são 17 ºC e 10
ºC nas superfícies superior e inferior, respectivamente. Se o concreto tem condutividade
térmica de 1,4 W/mK, qual a taxa de perda de calor através do bloco? Resposta: 4312 W

Exercício 2.6) O comprimento de um freezer consiste em uma cavidade cúbica com 2 m


de lado. Considere o fundo como sendo perfeitamente isolado. Qual a espessura mínima de
uma espuma isolante de poliestireno (0,030 W/mK) que deve ser aplicada na tampa e nas
paredes para garantir que a carga de calor que entra no freezer seja menor do que 500 W,
quando as superfícies interna e externa encontram-se a – 10 e 35 ºC? Resposta: 0,054 m

Exercício 2.7) Qual a espessura necessária para uma parede de alvenaria com
condutividade térmica 0,75 W/mK se a taxa de calor deve ser 80% da taxa de calor através de
uma estrutura composta cuja condutividade térmica é 0,25 W/mK e a espessura 100 mm? As
duas paredes estão sujeitas à mesma diferença de temperaturas em suas superfícies.
Resposta: 375 mm

Exercício 2.8) Considere condução de calor unidimensional, em regime estacionário,


através do sólido de forma simétrica mostrado na figura.

Supondo que não haja geração interna de calor, desenvolva uma expressão para a
condutividade térmica k(x) para as seguintes condições: A  x   1  x  , T  x   300 1  2 x  x3  e
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 39

q = 6000 W, onde A está em metros quadrados, T em kelvin e x em metros. Resposta:


20
k

1  x  2  3x 2 

Exercício 2.9) A transferência unidimensional de calor por condução em regime


permanente sem geração interna de calor ocorre em uma parede plana. A condutividade
térmica do material é 25 W/mK, enquanto a espessura da parede é de 0,5 m. Determine as
grandezas desconhecidas para cada caso mostrado na tabela a seguir.
Caso T1 T2 dT/dx [K/m] q [W/m2]
1 400 K 300 K
2 100 ºC - 250
3 80 ºC + 200
4 - 5 ºC 4000
5 30 ºC - 3000
Resposta:
Caso T1 T2 dT/dx [K/m] q [W/m2]
1 200 - 5000
2 225 ºC 6250
3 - 20 ºC - 5000
4 - 85 ºC - 160
5 - 30 ºC 120

Exercício 2.10) Um equipamento condicionador de ar deve manter uma sala, de 15 m


de comprimento, 6 m de largura e 3 m de altura a 22 ºC. As paredes da sala, de 25 cm de
espessura, são feitas de tijolos com condutividade térmica de 0,14 Kcal/h.m.ºC e a área das
janelas podem ser consideradas desprezíveis. A face externa das paredes pode estar até a 40
ºC em um dia de verão. Desprezando a troca de calor pelo piso e pelo teto, que estão bem
isolados, pede-se o calor a ser extraído da sala pelo condicionador (em HP). Dado: 1 HP =
641,2 Kcal/h. Resposta: 2 HP

Exercício 2.11) Uma camada de material refratário (1,5 kcal/h m ºC) de 50 mm de


espessura está localizada entre duas chapas de aço (45 kcal/h m ºC) de 6,3 mm de espessura.
As faces da camada refratária adjacentes às placas são rugosas de modo que apenas 30 % de
área total está em contato com o aço. Os espaços vazios são ocupados por ar (0,013 kcal/h m
ºC) e a espessura média da rugosidade de 0,8 mm. Considerando que as temperaturas das
superfícies externas da placa de aço são 430 ºC e 90 ºC, respectivamente; calcule o fluxo de
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 40

calor que se estabelece na parede composta. Na rugosidade, o ar está parado (considerar


apenas a condução). Resposta: 9418 kcal/h

Exercício 2.12) A parede composta de um forno consiste em três materiais, dois dos
quais com condutividade térmicas conhecidas, k A  20W / mk e kC  50W / mk e espessuras

dadas, LA = 0,30 m e LC = 0,15 m. O terceiro material, B, que fica entre A e C, é de espessura


conhecida, LB = 0,15 m, mas condutividade térmica, kB, desconhecida. Em condições de
operação em regime permanente, medições revelam uma temperatura da superfície externa
Ts,e = 20 ºC, da superfície interna Ts,i = 600 ºC e do forno T∞ = 800 ºC. O coeficiente de
convecção vale 25 W/m2K. Qual o valor de kB? Resposta: 1,53 W/mK

Exercício 2.13) Duas placas de aço inoxidável (16,6 W/mK) de 10 mm de espessura


estão sujeitas a uma pressão de contato de 1 bar (sendo a resistência de contato de 15x10-4
m2K/W), sob vácuo, no qual há uma queda global de temperatura através das placas de 100
ºC. Qual o fluxo de calor através das placas? Qual a queda de temperatura através do plano de
contato? Resposta: 3,70x104 W/m2; 55,6 ºC

Exercício 2.14) Um tipo comercial de freezer cúbico com 3 m de lado tem uma parede
composta por uma placa exterior de aço carbono (64 W/mK) com 6,35 mm de espessura, uma
camada intermediária de isolamento de cortiça (0,039 W/mK) com 100 mm de espessura e uma
placa interna de liga de alumínio (2024) (173 W/mK) com 6,35 mm de espessura. Interfaces
adesivas entre as lâminas metálicas e o isolamento são, cada uma, caracterizadas por uma
resistência de contato de 2,5x10-4 m2K/W. Qual a carga de resfriamento, em regime
estacionário, deve ser mantida pelo refrigerador em condições nas quais as temperaturas
interna e externa são 22 ºC e – 6 ºC, respectivamente? Resposta: 590 W
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 41

Exercício 2.15) Uma tubulação de vapor de 0,12 m de diâmetro externo é isolada com
uma camada de silicato de cálcio (0,089 W/mK). Se a espessura do isolamento tem 20 mm e
suas superfícies interna e externa são mantidas a T s,1 = 800 K e Ts,2 = 490 K, respectivamente,
qual é a perda de calor por unidade de comprimento da tubulação? Resposta: 603 W/m

Exercício 2.16) Um tubo de parede grossa de aço inoxidável (19 W/mºC) com 2 cm de
diâmetro interno e 4 cm de diâmetro externo é coberto com uma camada de 3 cm de
isolamento de amianto (0,2 W/mºC). Se a temperatura da parede interna do tubo é mantida a
600 ºC e a superfície externa do isolamento a 100 ºC, calcule a perda de calor por metro de
comprimento. Resposta: 680,45 W/m

Exercício 2.17) Duas tubulações paralelas e afastadas de 0,5 m são enterradas no solo
com uma condutividade térmica de 0,5 W/mK. Os diâmetros externos dos tubos são 100 e 75
mm, e as temperaturas das superfícies são 175 e 5 ºC, respectivamente. Estime a taxa de
transferência de calor por unidade de comprimento entra as duas tubulações. Resposta: 110
W/m.

Exercício 2.18) Um tubo de 50 mm de diâmetro com temperatura superficial de 85 ºC


está imerso no plano médio de uma placa de concreto (1,4 W/mK) de 0,1 m de espessura e
temperaturas nas faces superior e inferior mantidas a 20 ºC. Utilizando as relações apropriadas
tabeladas para essa configuração, encontre o fator de forma. Determine a taxa de transferência
de calor por unidade de comprimento do tubo. Resposta: 6,72 L; 612 W/m.

Exercício 2.19) Esferas de aço com 12 mm de diâmetro são temperadas através do


aquecimento a 1150 K e então resfriadas lentamente até 400 K no ar ambiente que tem uma
temperatura de 325 K e coeficiente de convecção de 20 W/m2.K. Considerando as
propriedades do aço como k = 40 W/m.K, ρ = 7800 kg/m 3 e c = 600 J/kg.K, estime o tempo
necessário para o processo de resfriamento. Resposta: 1122 s

Exercício 2.20) Eixos de aço carbono de 0,1 m de diâmetro são submetidos a


tratamento térmico em um forno a gás cujos gases estão a 1200 K e fornecem um coeficiente
de convecção de 100 W/m2.K. Se os eixos entram no forno a 300 K, quanto tempo devem
2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONDUÇÃO 42

permanecer no forno para atingirem a temperatura de 800 K? Dados do aço carbono:


2
Kg W J 5 m
  7832 3 , k  51, 2 , c  541 ,   1, 2110
m mK Kg.K s
Resposta: 859 s
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 43

3 – CONVECÇÃO
Até aqui foi considerada a transferência de calor por condução nos sólidos, nos quais
não há movimento do meio. Nos problemas de condução, a convecção participou na análise,
simplesmente como condição de contorno, na forma de um coeficiente de transferência de
calor.
Convecção: transferência de calor com transporte de matéria, devido a uma diferença de
densidade e à ação da gravidade. Assim, ela só se processa em meios fluidos, isto é, líquidos e
gases. A convecção pode ser:
– Natural ou Livre
– Forçada
Por exemplo, quando um líquido é aquecido em uma chama, as camadas inferiores, ao
se aquecerem, ficam menos densas e sobem ao mesmo tempo em que, as camadas
superiores mais frias e densas, descem por ação da gravidade. Assim, formam-se as correntes
de convecção, fazendo com que as partes quentes se misturem continuamente com as partes
frias, até que o líquido fique todo aquecido por igual. Da mesma forma, acontece a convecção
nos gases.

Resfriar uma placa por exposição ao ar (espontaneamente).


O calor fluirá por condução da placa para as partículas adjacentes de fluido. A energia
assim transmitida servirá para aumentar a temperatura e a energia interna dessas partículas
fluidas. Então, essas partículas se moverão para uma região de menor temperatura no fluido,
onde se misturarão e transferirão uma parte de sua energia para outras partículas fluidas. O
fluxo, nesse caso, é tanto de energia como de fluido. A energia é, na realidade, armazenada
nas partículas fluidas e transportada como resultado do movimento de massa destas.
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 44

Resfriar uma placa, rapidamente, usando um ventilador.

Quando a velocidade é zero (na placa), o calor é trocado por condução. Nos outros
pontos o calor é trocado por convecção, porque a velocidade provoca um gradiente de
temperatura. Como o movimento do fluido é provocado por um ventilador, à transmissão de
calor é conhecida como convecção forçada.

3.1 – EQUAÇÃO DA CONVECÇÃO


O calor transferido por convecção, na unidade de tempo, entre uma superfície e um
fluido, pode ser calculado através da relação proposta por Isaac Newton:
q  hA(TS  T )
A figura a seguir ilustra o perfil de temperatura para o caso de um fluido escoando sobre
uma superfície aquecida.
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 45

A simplicidade da equação de Newton é ilusória, pois ela não explícita as dificuldades


envolvidas no estudo da convecção, servindo apenas como uma definição do coeficiente de
película (h). O coeficiente de película é, na realidade, uma função complexa do escoamento do
fluido, das propriedades físicas do meio fluido e da geometria do sistema. Seu valor numérico
não é, em geral, uniforme sobre a superfície. Por isto utiliza-se um valor médio para a
superfície.
A tabela a seguir mostra, para diversos meios, ordens de grandeza do coeficiente de
película.
Processo h (W/m2K)
Convecção Natural
Gases 2 – 25
Líquidos 50 – 1000
Convecção Forçada
Gases 25 – 250
Líquidos 100 - 20.000
Convecção com mudança de fase 2.500 – 100.000
(evaporação ou condensação)

Uma taxa de calor é também uma relação entre um potencial térmico e uma resistência.
A equação da transferência de calor por convecção pode ser escrita como:
T
q  hAT 
1
hA

Exemplo 3.1) Um aquecedor elétrico encontra-se no interior de um cilindro longo de


diâmetro 30 mm. Quando água na temperatura de 25 ºC e velocidade de 1 m/s escoa
diagonalmente no cilindro, a potência por unidade de comprimento necessária para manter a
temperatura uniforme em 90 ºC na superfície é 28 kW/m. Quando o ar, também a 25 ºC mas
com velocidade de 10 m/s está escoando, a potência por unidade de comprimento necessária
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 46

para manter a mesma temperatura da superfície é 400 W/m. Calcule e compare os coeficientes
de convecção para os escoamentos do ar e da água.

3.2 – CONCEITO DA CAMADA LIMITE


Quando um fluido escoa ao longo de uma superfície, seja o escoamento em regime
laminar ou turbulento, as partículas na vizinhança da superfície são desaceleradas em virtude
das forças viscosas. A porção de fluido contida na região de variação substancial de
velocidade, ilustrada na figura a seguir, é denominada de camada limite hidrodinâmica.
Quando as partículas do fluido entram em contato com a superfície, elas passam a ter
velocidade zero. Essas partículas então agem para retardar o movimento das partículas da
camada de fluido adjacente, que agem para retardar o movimento na próxima camada e assim
sucessivamente até uma distância da superfície y   , onde o efeito se torna desprezível.

Assim sendo, o escoamento do fluido é caracterizado por duas regiões distintas, uma
camada fina de fluido na qual os gradientes de velocidade e tensões de cisalhamento são
elevados e uma região externa à camada limite na qual os gradientes de velocidade e tensões
de cisalhamento são desprezíveis. Com o aumento da distância da borda de ataque, os efeitos
de viscosidade penetram cada vez mais na corrente livre e a camada limite cresce.
Considere agora o escoamento de um fluido ao longo de uma superfície quando existe
uma diferença de temperatura entre o fluido e a superfície. Neste caso, o fluido contido na
região de variação substancial de temperatura é dito que está na região chamada de camada
limite térmica. Por exemplo, analisando a transferência de calor para o caso de um fluido
escoando sobre uma superfície aquecida, como mostra a figura a seguir. Para que ocorra a
transferência de calor por convecção através do fluido é necessário um gradiente de
temperatura (camada limite térmica) em uma região de baixa velocidade (camada limite
hidrodinâmica).
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 47

O mecanismo da convecção pode então ser entendido como a ação combinada de


condução de calor na região de baixa velocidade onde, existe um gradiente de temperatura e
movimento de mistura na região de alta velocidade. Portanto:
- região de baixa velocidade  a condução é mais importante.
- região de alta velocidade  a mistura entre o fluido mais quente e o mais frio contribui
substancialmente para a transferência de calor.

Na borda de ataque, o perfil de temperatura é uniforme, com T  y   T . Entretanto, as

partículas do fluido que entram em contato com a placa alcançam o equilíbrio térmico na
temperatura da superfície da placa. Por sua vez, essas partículas trocam energia com aquelas
na camada de fluido adjacente, e desenvolvem-se gradientes de temperatura no fluido. A
região do fluido na qual esses gradientes de temperatura existem é a camada limite térmica, e
sua espessura  t é tipicamente definida como o valor de y para o qual a razão [(Ts-T)/(Ts-T∞)] =
0,99. Com o aumento da distância da borda de ataque, os efeitos da transferência de calor
penetram mais ainda na corrente livre e a camada limite térmica aumenta.
Na camada limite térmica tem-se, portanto, elevados gradientes de temperatura e pode-
se dizer que o estudo do fenômeno da convecção se reduz ao estudo da condução através da
mesma. Portanto, considerando a camada limite térmica como uma "parede" hipotética de

espessura t e condutividade térmica kt, tem-se:

kt . A
q Ts  T   fluxo de calor por condução na camada limite térmica
t
Pela equação de Newton:
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 48

q  h.A.Ts  T   fluxo de calor por convecção


Igualando as duas equações:

kt . A
Ts  T   h. A.Ts  T 
t

k
h t

t
Embora essa imagem seja consideravelmente simplificada, a última equação mostra que
o coeficiente de película é inversamente proporcional à espessura da camada limite térmica.
Desta forma, pode ser entendido, por exemplo, a ação de um ventilador. O aumento da
velocidade do fluido causado pela rotação das pás resulta no aumento da velocidade de
escoamento e, como consequência, em redução da camada limite térmica sobre a nossa pele.
A última equação mostra que isto resulta em uma elevação do coeficiente de película. Esta
elevação do coeficiente de película é responsável pelo aumento da transferência de calor por
convecção e pela consequente sensação de alívio do calor.

3.2.1 – ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO


Um primeiro passo essencial no tratamento de qualquer problema de convecção é
determinar se a camada limite é laminar ou turbulenta. O atrito superficial e as taxas de
transferência por convecção dependem fortemente de qual dessas condições existe.
Prandtl apresentou um artigo em que ele demonstrava que em muitos casos os
escoamentos viscosos podem ser analisados pela divisão do escoamento em regiões, uma
perto da superfície sólida limitante e outra cobrindo o restante do escoamento. Apenas na
região diminuta, adjacente à superfície sólida, o efeito da viscosidade é importante. E foi a esta
região diminuta que Prandtl denominou de camada limite. Sendo então nas regiões além da
camada limite, o efeito da viscosidade desprezível e o fluido podendo ser tratado como não
viscoso.
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 49

Camada limite em uma placa plana.

vo
Escoamento Turbulento

Escoamento Zona de
Laminar Transição
Sub camada laminar

A região laminar se inicia no canto da placa e aumenta em espessura. Antes do início da


região turbulenta ainda tem uma região de transição (perfil diferente do laminar e do
turbulento).
Na região turbulenta, ainda existe uma região próxima à parede onde predominam os
efeitos laminares. Esta região é denominada de subcamada laminar.
A espessura da camada limite, , é arbitrariamente tomada como sendo a distância a

partir da superfície onde a velocidade atinge 99% da velocidade da corrente livre, u .


Conforme mostrado na figura a seguir, existem diferenças significativas entre as
condições de escoamento laminar e turbulento. Na camada limite laminar, o movimento do
fluido é altamente ordenado e é possível identificar linhas de corrente ao longo das quais as
partículas se movem. Por outro lado o movimento do fluido, na camada limite turbulenta, é
altamente irregular e é caracterizado por flutuações de velocidade. Essas flutuações aumentam
a transferência de momento, energia e de espécie e, assim sendo, aumentam o atrito
superficial, assim como as taxas de transferência por convecção. A mistura de fluidos
resultante das flutuações faz com que a camada limite turbulenta fique com a espessura maior.
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 50

Na, camada limite turbulenta, existem três regiões diferentes que podem ser delineadas.
Tem a subcamada laminar, na qual o transporte é dominado pela difusão e o perfil de
velocidade é aproximadamente linear. Existe uma camada amortecedora adjacente na qual a
difusão e uma mistura turbulenta são comparáveis, e há uma zona turbulenta na qual o
transporte é dominado pela mistura turbulenta.
O critério para a identificação da camada limite é o número de Reynolds, Rex, baseado
na distância, x, do canto da placa. Assim:
 u x u x
Re x  =
 
Para uma placa plana, o comprimento característico x é a distância da borda de ataque.

Exemplo 3.2) Um ventilador que fornece ar a uma velocidade de 50 m/s é para ser
utilizado em um túnel de vento de baixa velocidade com o ar atmosférico a 25 ºC

  15, 7110 6 m2
s  . Se se desejar utilizar o túnel de vento para estudar o comportamento da
camada limite sobre uma placa, para número de Reynolds Re x = 108, qual deve ser o
comprimento mínimo da placa a ser utilizada? A que distância a partir da borda de ataque a
transição ocorreria se o número crítico de Reynolds fosse Rex,c = 5 x 105?
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 51

3.2.2 – EFEITOS DA TURBULÊNCIA


Na prática a engenharia lida muito mais com escoamentos turbulentos do que com
escoamentos laminares. Pequenas perturbações associadas com distorções nas linhas de
corrente do fluido de um escoamento laminar podem acabar levando a condições turbulentas.
Essas perturbações podem ser originadas na corrente livre ou podem ser induzidas pela
rugosidade da superfície. O início da turbulência depende de essas perturbações serem
amplificadas ou atenuadas na direção do escoamento do fluido, que por sua vez depende da
razão entre as forças de inércia e viscosas (número de Reynolds). Se o número de Reynolds
for pequeno, as forças de inércia são baixas em relação às forças viscosas. As perturbações
que ocorrem naturalmente são então dissipadas e o escoamento permanece laminar. Para um
número de Reynolds alto, contudo, as forças de inércia são suficientemente altas para
amplificar as perturbações, e ocorre uma transição para a turbulência. O número de Reynolds
crítico (Rec), exigido para a transição é aproximadamente 5 x 10 5 para escoamento sobre uma
placa plana.
A existência de um escoamento turbulento pode ser vantajosa no sentido de fornecer
maiores taxas de transferência de calor e massa. Contudo, o movimento é complicado e difícil
de descrever teoricamente.
A temperatura da superfície ou o gradiente de concentração, e consequentemente a taxa
de transferência de calor e massa, é muito maior para o escoamento turbulento do que para o
laminar. Devido a esse aumento das taxas de transferência de calor por convecção e massa, é
desejável ter condições de escoamento turbulento em muitas aplicações de engenharia.
Contudo, o aumento de tensão cisalhante na parede terá sempre o efeito adverso de aumentar
as potências necessárias em bombas e ventiladores.

3.3 – DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE PELÍCULA (h)


O coeficiente h (coeficiente de película) é uma função complexa de uma série de
variáveis relacionadas com as seguintes características: geometria da superfície, velocidade,
propriedades físicas do fluido, potencial térmico.
Uma fórmula que levasse em conta todos estes parâmetros seria extremamente
complexa. O problema é, então, contornado dividindo-se o estudo em casos particulares. Por
exemplo, o estudo da convecção em gases pode ser subdividido assim:
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 52

  horizontal
  parede plana 
  vertical
natural  horizontal
 
convecção em gases   parede cilíndrica 
   int erna
 vertical 
 
  externa
 forçada

Para cada caso particular são obtidas equações empíricas através da técnica de análise
dimensional combinada com experiências. Onde os coeficientes de película são calculados a
partir de equações empíricas obtidas correlacionando-se os dados experimentais com o auxílio
da análise dimensional. Os resultados são obtidos na forma de equações dimensionais como
mostrado nos exemplos a seguir.

3.3.1 – ESCOAMENTO EXTERNO


No escoamento externo as camadas limites de contorno desenvolvem-se livremente,
sem restrições impostas pelas superfícies adjacentes. Assim sendo, sempre existirá uma região
do escoamento fora da camada limite na qual os gradientes de velocidade, temperatura e/ou
concentração são desprezíveis. Exemplos incluem o movimento do fluido sobre uma placa
plana e escoamentos sobre superfícies curvas tais como uma esfera, cilindro, aerofólio ou
lâmina de turbina.
Escoamento externo, com convecção forçada, com baixa velocidade e sem mudança de
fase.
1) Placa plana com escoamento paralelo
1 1
a) Escoamento laminar: Nu L  0,664 Re L 2 Pr 3


 Nu L  0, 037 Re 4 5  871 Pr 13
 L 

 0, 6  Pr  60 
 
b) Escoamento turbulento: 5 105  Re L 108 
 ~

 Re x ,c  5 10 5


hD 1
Nu D   C Re D Pr 3
m
2) Placas cilíndricas:
k
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 53

As constantes C e m são listadas a seguir.


ReD C m
0,4 - 4 0,989 0,330
4 - 40 0,911 0,385
40 – 4.000 0,683 0,466
4.000 – 40.000 0,193 0,618
40.000 – 400.000 0,027 0,805

Grupos adimensionais selecionados de transferência de calor e massa.


Grupo Definição Interpretação
Número de Nusselt (NuL) hL Gradiente de temperatura adimensional na
superfície.
kf
Número de Prandtl (Pr) cp   Razão entre as difusividades de momento e
 térmica.
k 
Número de Reynolds (ReL) VL Razão entre as forças de inércia e viscosas.

Exemplo 3.3) Ar a uma pressão de 6 kN/m2 e a uma temperatura de 300 ºC escoa com
uma velocidade de 10 m/s sobre uma placa plana de comprimento 0,5 m. Estime a taxa de
resfriamento por unidade de largura da placa necessária para manter a temperatura superficial
2
a 27 ºC. Dados do ar:   5, 21104 m , k  36, 4 103 W , Pr  0,687
s mK

Exemplo 3.4) Um placa plana com largura de 1 m é mantida a uma temperatura


superficial uniforme de 230 ºC, pelo uso de fitas aquecedoras controladas independentemente,
cada uma com 50 mm de comprimento. Se o ar atmosférico a 25 ºC escoa sobre a placa a uma
velocidade de 60 m/s. Qual o valor de fornecimento de energia na terceira fita aquecedora?
2
Dados do ar:   26, 41106 m , k  0, 0338W , Pr  0,690 , Recrítico = 5 x 105.
s mK

Exemplo 3.5) Foram conduzidos experimentos em um cilindro metálico de 12,7 mm de


diâmetro e 94 mm de comprimento. O cilindro é aquecido internamente por um aquecedor
elétrico e encontra-se sujeito a um escoamento transversal de ar em um túnel de vento com
baixa velocidade. Sob um conjunto específico de condições para as quais a velocidade do
vento a montante e a temperatura foram mantidas a 10 m/s e 26,2 ºC, respectivamente, a
dissipação de potência do aquecedor foi medida com um valor de 46 W, enquanto a
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 54

temperatura média da superfície do cilindro foi determinada em 128,4 ºC. Estima-se que 15%
da dissipação de potência são perdidas através do efeito cumulativo da radiação e condução
através das extremidades do cilindro. Determine o coeficiente de transferência de calor por
convecção a partir das observações experimentais. Compare o resultado experimental com o
coeficiente de convecção calculado a partir da correlação apropriada. Dados do ar:
2
  20,92 106 m s , k  30 103 W mK , Pr  0,700 .

3.3.2 – ESCOAMENTO INTERNO


Um escoamento interno, tal como o escoamento em um tubo, é aquele para o qual o
fluido é confinado por uma superfície. Assim sendo, a camada limite não pode se desenvolver
sem estar sendo eventualmente restringida. A configuração do escoamento interno representa
uma geometria conveniente para o aquecimento e o resfriamento de fluidos utilizados em
processamentos químicos, no controle ambiental e em tecnologias de conversão de energia.
Como a velocidade varia sobre a seção transversal e não existe uma corrente livre bem-

definida, é necessário trabalhar com uma velocidade média um . A equação que fornece a taxa

de fluxo de massa através do tubo é:



m   um Ac

qconv  mc p Tm, s  Tm,e 
Se temperatura superficial da tubulação for constante:

qconv  hAs Tlm sendo : Ts  constante


Ts  Te
Tlm 
T
ln  s 
 Te 

Exemplo 3.6) Um sistema para aquecimento de água de uma temperatura de entrada de


20 ºC para uma temperatura de saída de 60 ºC envolve a passagem de água através de um
tubo de parede delgada com diâmetro interno e externo de 20 a 40 mm, respectivamente. A
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 55

superfície externa do tubo é bem isolada, e o aquecimento elétrico no interior da parede


fornece uma taxa de geração uniforme de 106 W/m3. Dado da água: cp = 4,179 kJ/kg.K.
a) Para uma vazão de água de 0,1 kg/s, qual deve ser o comprimento do tubo para
alcançar a temperatura de saída desejada?
b) Se a temperatura da superfície interna do tubo for 70 ºC na saída, qual o coeficiente
local de transferência de calor por convecção na saída?

Exemplo 3.7) A condensação de vapor na superfície externa de um tubo circular de


parede delgada com 50 mm de diâmetro e 6 m de comprimento mantém uma temperatura da
superfície uniforme de 100 ºC. Água escoa através do tubo a uma taxa de 0,25 kg/s, e suas
temperaturas de entrada e saída são 15 ºC e 57 ºC, respectivamente. Qual o coeficiente médio
de convecção associado ao escoamento de água? Dados da água: c p = 4178 J/kg.K.

3.4 – EXERCÍCIOS
Exercício 3.1) Você experimenta o resfriamento por convecção toda vez que coloca a
mão para fora da janela de um veículo em movimento ou em um escoamento em água
corrente. Com a superfície de sua mão a uma temperatura de 30 ºC, determine o fluxo de calor
por convecção para: (a) um veículo com velocidade de 35 km/h no ar a – 5 ºC com coeficiente
de convecção de 40 W/m2K e (b) uma velocidade de água de 0,2 m/s a 10 ºC com coeficiente
de convecção de 900 W/m2K. Em qual condição você sentiria mais frio? Resposta: (a) 1400
W/m2, (b) 18000 W/m2

Exercício 3.2) Um procedimento comum para medir a velocidade de uma corrente de ar


envolve a inserção de um aquecedor elétrico em forma de fio (denominado anemômetro de fio
incandescente) em uma corrente de ar, com o eixo do fio orientado perpendicularmente em
direção do escoamento. A energia elétrica dissipada no fio é considerada como sendo
transferida para o ar por convecção forçada. Assim sendo, para uma potência elétrica prescrita,
a temperatura do fio depende do coeficiente de convecção, que, por sua vez, depende da
velocidade do ar. Considere o fio com comprimento de 20 mm e diâmetro de 0,5 mm, cuja
calibração da forma, V  6, 25 105.h2 , foi determinada. A velocidade V e o coeficiente de
convecção h têm unidades de m/s e W/m2K, respectivamente. Em uma aplicação com o ar a
uma temperatura de 25 ºC, a temperatura da superfície do anemômetro é mantida a 75 ºC com
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 56

uma queda de tensão de 5 V e uma corrente elétrica de 0,1 A. Qual a velocidade do ar?
Resposta: 6,3 m/s

Exercício 3.3) Um chip quadrado isotérmico de lado w = 5 mm está montado sobre um


substrato de tal forma que suas superfícies lateral e inferior estão bem isoladas e a superfície
superior está exposta ao escoamento de um fluido refrigerante a 15 ºC. Por medida de
segurança, a temperatura do chip não deve exceder 85 ºC.

Se o fluido refrigerante é o ar com coeficiente de convecção de 200 W/m 2K, qual o valor
máximo admitido para a potência do chip? Se o fluido refrigerante é um líquido dielétrico de
coeficiente de convecção 3000 W/ m2K, qual o valor máximo admitido para a potência do chip?
Resposta: 0,35 W; 5,25 W

Exercício 3.4) Um transistor, de comprimento 10 mm e diâmetro 12 mm, é resfriado por


uma corrente de ar de temperatura de 25 ºC.

Em condições nas quais o ar mantém um coeficiente de convecção médio de 100 W/m 2K


na superfície, qual a dissipação máxima de potência permitida se a temperatura da superfície
não deve ultrapassar 85 ºC? Resposta: 2,94W

Exercício 3.5) Considerando um número de transição de Reynolds de 5 x 105, determine


a distância a partir da borda de ataque de uma placa para a qual a transição irá ocorrer para

cada um dos seguintes fluidos quando u  1m / s : ar atmosférico, água, óleo de motor e


mercúrio. Em cada caso a temperatura do fluido é de 27 ºC.
2 2 2 2
Dados: ar  15,89 106 m , agua  0,858 106 m , oleo  550 106 m , mercurio  0,113 106 m
s s s s
Resposta: 7,95 m; 0,43 m; 275 m; 0,06 m
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 57

Exercício 3.6) Um aquecedor elétrico de ar consiste em uma série horizontal de lâminas


finas metálicas, cada uma com 10 mm de comprimento, na direção da corrente de ar que se
encontra em escoamento paralelo sobre a parte superior das lâminas. Cada lâmina possui 0,2
m de largura, e 25 lâminas são arrumadas lado a lado, formando uma superfície contínua e lisa
sobre a qual o ar escoa a 2 m/s. Durante a operação cada lâmina é mantida a 500 ºC, e o ar
2
encontra-se a 25ºC. Dados do ar:   43,54 106 m , k  0, 0429W , Pr  0,683 , Recrítico =
s mK
5x105 .
a) Qual a taxa de transferência de calor por convecção da primeira e da quinta lâmina?
Resposta: 51,1W; 12,2 W

Exercício 3.7) Considere uma aleta retangular que é utilizada para refrigerar um motor
de uma motocicleta. A aleta possui 0,35 m de comprimento e encontra-se à temperatura de 250
ºC, enquanto a motocicleta está se movendo a 120 km/h no ar a 27 ºC. O escoamento do ar
sobre as duas superfícies da aleta é paralelo. Calcule a taxa de calor removido por unidade de
2
largura da aleta. Dados do ar:   20,85 106 m , k  0, 0346W , Pr  0, 69 . Resposta:
s mK
8112,51 W/m

Exercício 3.8) Placas de aço de espessura 6 mm e comprimento 1 m de lado são


transportadas de um processo de tratamento térmico e são simultaneamente resfriadas por ar
atmosférico a uma velocidade de 10 m/s e 20 ºC em escoamento paralelo sobre as placas.
Para uma temperatura inicial da placa de 300 ºC, qual é a taxa de transferência de calor da
2
placa? Dados do ar:   30, 4 106 m , k  0, 0361W , Pr  0,688 . Resposta: 6780 W
s mK

Exercício 3.9) Um tubo circular de 25 mm de diâmetro externo é colocado em uma


corrente de ar a 25 ºC e 1 atm de pressão. O ar move-se em escoamento cruzado sobre o tudo
a 15 m/s, enquanto a superfície externa do tubo é mantida a 100 ºC. Qual a taxa de
2
transferência de calor do tubo por unidade de comprimento? Dados do ar:   19,31106 m ,
s

k  0, 0288W , Pr  0,702 . Resposta: 520 W/m


mK
3 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO 58

Exercício 3.10) Etileno glicol escoa a 0,01 kg/s em um tubo de 3 mm diâmetro. O tubo
tem forma de serpentina e é submerso em banho bem agitado de água mantido a 25 ºC. Se o
fluido entra no tubo a 85 ºC, quais são a taxa de calor e o comprimento do tubo necessários

para o fluido sair a 35 ºC? Dados do etileno glicol: c p  2562 J ,   0,522 102 N .s ,
kg.K m2

k  0, 260W , Pr  51,3 , Nu D  3, 66 . Resposta: 1281 W; 15,4 m


mK

Exercício 3.11) A superfície de um tubo de diâmetro de 50 mm é mantida a 100 ºC. Em


um caso, o ar está em escoamento cruzado sobre o tubo com uma temperatura de 25 ºC e
2
velocidade de 30 m/s. Calcule o fluxo de calor. Dados do ar:   15, 71106 m ,
s

k  0,0261W , Pr  0, 71 . Resposta: 9,62x103 W/m2


mK
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 59

4 – RADIAÇÃO
Radiação: tipo de propagação do calor em que a energia térmica é transmitida sob a
forma de ondas eletromagnéticas. Ocorre por meio de movimentos oscilatórios em um meio,
sem que haja transferência de matéria. A energia emitida por um corpo (energia radiante)
propaga-se pelo espaço até atingir outros corpos. É o único tipo de transmissão de calor que
pode acontecer no vácuo.
- Substâncias negras são bons absorventes de calor.
- Os bons absorventes de energia radiante são bons radiadores.

As pessoas que vivem nas regiões tropicais preferem vestir-se de branco porque a roupa
branca reflete mais a radiação do Sol do que as roupas escuras. Benjamim Franklim, o primeiro
grande cientista americano, fez uma experiência muito simples, colocando sobre a neve, ao sol,
pedaços de fazendas de cores diversas. Após algumas horas o pedaço preto, que foi mais
aquecido pelo sol tinha-se afundado mais na neve que os outros, enquanto o branco nada se
afundara. As outras cores se afundaram tanto mais quanto mais escuras eram. Ficou assim
provado que as cores mais claras absorvem menos calor do Sol e são, portanto, mais próprias
para as regiões ensolaradas.
- Bons absorventes perdem calor com facilidade. As chaleiras devem ser bem
polidas para irradiar pouco; o fundo não deve ser liso, mas, de preferência negro, para absorver
facilmente.
Absorção e reflexão
A radiação térmica ao incidir em um corpo tem uma parte absorvida e outra refletida pelo
corpo. Corpos escuros absorvem a maior parte da radiação que incide sobre eles, enquanto os
corpos claros refletem quase totalmente a radiação térmica incidente. É por isso que um corpo
preto, quando colocado ao Sol, tem sua temperatura sensivelmente elevada, ao contrário dos
corpos claros, que absorvem pouco calor.
Corpo Negro, ou irradiador ideal, é um corpo que emite e absorve, a qualquer
temperatura, a máxima quantidade possível de radiação. O irradiador ideal é um conceito
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 60

teórico que estabelece um limite superior de radiação de acordo com a segunda lei da
termodinâmica. É um conceito teórico padrão com o qual as características de radiação dos
outros meios são comparadas.
Emissividade é a relação entre o poder de emissão de um corpo real e o poder de
emissão de um corpo negro. Para os corpos cinzentos a emissividade é sempre menor que 1.
Pertencem à categoria de corpos cinzentos a maior parte dos materiais de utilização industrial,
para os quais em um pequeno intervalo de temperatura pode-se admitir que a emissividade
seja constante e tabelada em função da natureza do corpo.

Condução  colisão entre as partículas.


Convecção  transferência de massa.
Radiação  ondas eletromagnéticas.

4.1 – EQUAÇÃO DA RADIAÇÃO


A radiação que é EMITIDA pela superfície tem sua origem na energia térmica da matéria
limitada pela superfície, e a taxa na qual a energia é liberada por unidade de área é
denominada PODER EMISSIVO E da superfície.
Existe um limite superior para o poder emissivo, que é previsto pela lei de Stefan-
Boltzmann. Ela permite o cálculo da radiação total emitida em todas as direções e sobre todos
os comprimentos de onda a partir, simplesmente, do conhecimento da temperatura do corpo
negro.
Poder emissivo E da superfície:
Eb = σ Ts4
Superfície – RADIADOR IDEAL ou CORPO NEGRO
Quando um corpo absorve totalmente a energia nele incidente, ele é chamado de
CORPO NEGRO. Como ele é o melhor receptor de energia radiante, ele também é o melhor
“radiador”.
O Fluxo de calor emitido por uma superfície é menor do que o calor emitido por um corpo
negro a mesma temperatura e é fornecido por:
E = εσ Ts4
Fornece uma medida da capacidade de emissão de energia de uma superfície em
relação a um corpo negro.
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 61

A radiação pode ser incidente sobre uma superfície a partir de uma vizinhança. A
radiação pode ser oriunda de uma fonte especial como o Sol, ou de outra a qual a superfície de
interesse esteja exposta.
Irradiação G – taxa na qual todo tipo de radiação incide sobre uma unidade de área.
Parte da Irradiação pode ser absorvida pela superfície aumentando a energia térmica
deste material. A taxa na qual a energia radiante é absorvida por unidade de área pode ser
avaliada a partir do conhecimento de uma propriedade radiante da superfície denominada
ABSORVIDADE α.
Gabs = α G
Contudo, enquanto as radiações absorvidas e emitidas aumentam ou diminuem,
respectivamente, a energia térmica da matéria, as radiações refletidas e transmitidas não
causam nenhum efeito nessa energia.
Um caso especial que ocorre com frequência envolve a troca de radiação entre uma
superfície pequena a Ts e uma superfície isotérmica muito maior que envolve completamente a
menor. A vizinhança poderia ser as paredes de uma sala ou forno cuja temperatura Tviz difere
da temperatura contida no interior (Tviz ≠ Ts).
Para tal condição a irradiação pode ser aproximada pela emissão de um corpo negro a
Tviz, na qual G = σ Tviz4. Se a superfície considerada apresenta α = ε (superfície cinza), a taxa
líquida de transferência de calor por radiação a partir da superfície, expressa por unidade de
área da superfície, é dada por:
TROCA LÍQUIDA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO
Emite: E = ε σ (Ts)4
Absorve: G = σ Tviz4
q'’ = ε σ (Ts4 – Tviz4)
Outra maneira de expressar a lei acima é:

qrad "  hR(Ts  Tviz )


onde hR = εσ (Ts2 + Tviz2) (Ts + Tviz), coeficiente de transferência de calor por radiação
[W/m²K].

Exemplo 4.1) Uma cavidade fechada possui uma área interna de 100 m2, e sua
superfície interna é negra e mantida a uma temperatura constante. Uma pequena abertura na
cavidade possui uma área de 0,02 m2. O poder radiante emitido dessa abertura é 70 W. Qual é
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 62

a temperatura do interior da parede da cavidade? Se a superfície interior é mantida a essa


temperatura, mas é agora polida, qual será o valor do poder radiante emitido da abertura?

Exemplo 4.2) Considere um grande forno com paredes cinzentas a 3000 K. Um objeto
pequeno, possuindo uma emissividade de 0,85 é mantido no forno a 300 K. Calcule a troca
líquida de transferência de calor por radiação.

4.2 – TROCA DE RADIAÇÃO ENTRE SUPERFÍCIES


A troca de radiação entre duas ou mais superfícies depende das geometrias e
orientações das superfícies, assim como das suas propriedades radiantes e temperaturas. É
considerado que as superfícies estejam separadas por um meio não-participante. Uma vez que
tal meio não emite, nem absorve e nem dispersa, ele não apresenta nenhum efeito na
transferência de radiação entre as superfícies. O vácuo preenche exatamente essas
exigências, e a maioria dos gases as atende com excelente aproximação. No caso estudado
todas as superfícies podem ser aproximadas como corpos negros.

4.2.1 – O FATOR DE FORMA


O fator de forma Fij é definido como a fração da radiação que deixa a superfície i que é
interceptada pela superfície j.
O primeiro índice indica a superfície que emite e o segundo a que recebe radiação.
Considerando duas superfícies negras de áreas A1 e A2, separadas no espaço e em
diferentes temperaturas (T1 > T2):

Em relação às superfícies A1 e A2, os fatores forma são:


F12  fração da energia que deixa a superfície(1) e atinge (2)
F21  fração da energia que deixa a superfície(2) e atinge (1)
A energia radiante que deixa A1 e alcança A2 é:
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 63

 Kcal 2 Kcal 
q12  E1. A1.F12  h.m2 .m .     h 

A energia radiante que deixa A2 e alcança A1 é:

 Kcal 2 Kcal 
q21  E2 . A2 .F21  h.m2 .m .     h 

A expressão para a taxa de calor transferida por radiação entre duas superfícies a
diferentes temperaturas:

q  A1.F12 . T14  T24 

Outra relação importante do fator de forma é relacionada às superfícies de um invólucro.


Da definição do fator de forma, a regra do somatório pode ser aplicada a cada uma das N
superfícies do invólucro.
N

F
j=1
ij 1

O Fator Forma depende da geometria relativa dos corpos e de suas emissividades ().
Os resultados para três geometrias mais comuns são apresentados das figuras a seguir.
Fator de forma para retângulos alinhados paralelamente.
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 64

Fator de forma para discos coaxiais paralelos.

Fator de forma para retângulos perpendiculares com uma extremidade comum.


4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 65

4.2.2 – TROCA RADIANTE ENTRE SUPERFÍCIES NEGRAS


De modo geral, a radiação pode deixar uma superfície devido à reflexão e à emissão, e,
ao alcançar uma segunda superfície, sofre reflexão assim como absorção. Entretanto, os meios
são simplificados para superfícies que podem ser aproximadas como corpos negros, uma vez
que não há reflexão. Assim sendo, a energia sai apenas como resultado da emissão, e toda a
radiação incidente é absorvida.

Exemplo 4.3) Uma cavidade de um forno, na forma de um cilindro de 75 mm de


diâmetro de 150 mm de comprimento, é aberta em uma extremidade para um grande ambiente
que se encontra a 27 ºC. Os lados e a parte inferior que podem ser aproximados como corpos
negros são aquecidos eletricamente, bem isolados, e são mantidos a temperaturas de 1350 e
1650 ºC, respectivamente. Que potência é necessária para manter as condições do forno?

4.2.3 – O CONFINAMENTO COM DUAS SUPERFÍCIES


Embora úteis em um aspecto, o caso anterior é limitado pela consideração de
comportamento de corpo negro. O corpo negro é, obviamente, uma idealização, que, embora
bem aproximado por algumas superfícies, nunca é precisamente alcançado. A principal
complicação associada com a troca radiante entre superfícies não-negras é devida à reflexão
da superfície. Em um invólucro, a radiação pode sofrer múltiplas reflexões de todas as
superfícies, com absorção parcial ocorrendo em cada uma delas.
O exemplo mais simples de um invólucro é um que envolve duas superfícies que trocam
radiação uma com a outra. Neste caso existem apenas duas superfícies, a taxa líquida de
transferência de radiação a partir da superfície 1, q1, deve ser igual à taxa líquida de
transferência de radiação para a superfície 2, - q2, e as duas grandezas devem ser iguais à
taxa líquida na qual a radiação é trocada entre 1 e 2. Assim sendo: q1  q2  q12 .
A radiação líquida entre as superfícies pode ser representada como:
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 66

q12  q1  q2 

 T14  T2 4 
1  1 1 1 2
 
1 A1 A1F12  2 A2
A equação anterior pode ser utilizada para duas superfícies difusas cinzas quaisquer que
formam um invólucro. Casos importantes especiais encontram-se resumidos a seguir.

4.2.4 – BLINDAGENS DE RADIAÇÃO


A blindagem corresponde a um isolante colocado entre duas superfícies. Trata-se da
inclusão de materiais altamente refletores, de baixa emissividade, que irão reduzir
significativamente a taxa de troca de calor. Esta redução pode ser tratada a partir do circuito
elétrico equivalente, a inclusão da blindagem caracteriza-se pela presença de duas novas
resistências elétricas neste circuito.
Considerando planos infinitos e paralelos. Quanto à placa inserida (blindagem), pode ser
definida como muito fina de forma a ser considerada uma placa isotérmica.
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 67

O fluxo de calor trocado pelo sistema vale:

Considere a colocação de uma blindagem de radiação, superfície 3, entre dois planos


grandes e paralelos conforme a figura a seguir.

Sem a blindagem de radiação, a taxa líquida de transferência de radiação entre as


superfícies 1 e 2 é dada pela equação apresentada anteriormente (grandes placas paralelas –
infinitas). Entretanto, com a blindagem de radiação, resistências adicionais encontram-se
presentes, e a taxa de transferência de calor é reduzida. Observe que a emissividade
associada com um lado da blindagem   3,1  pode diferir daquela associada com o lado oposto

  .
3,2

Exemplo 4.4) Um fluido escoa através de um longo tubo de 20 mm de diâmetro cuja


superfície externa é difusa e cinza com 1  0,02 e T1 = 77 K. Esse tubo é concêntrico com um
tubo maior de 50 mm de diâmetro, cuja superfície interna é difusa e cinza com  2  0,05 e T2 =
300 K. Há vácuo no espaço entre as superfícies. Calcule o calor recebido pelo fluido por
unidade de comprimento dos tubos. Se uma fina blindagem de radiação de 35 mm de diâmetro
e  3  0, 02 (ambos os lados) for inserida no meio entre as superfícies interna e externa, calcule

a variação (percentual) de calor recebido por unidade de comprimento dos tubos.


4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 68

4.2.5 – SUPERFÍCIES REIRRADIANTES


A superfície reirradiante é uma superfície idealizada, caracterizada pela transferência
líquida nula por radiação (qi = 0). Ela é bem aproximada por superfícies reais que são bem
isoladas de um lado e para os quais os efeitos de convecção podem ser desprezados no lado
oposto (radiante). Com qi = 0, segue que Gi = Ji = Ebi. Logo, se a radiosidade de uma superfície
reirradiante for conhecida, sua temperatura é imediatamente determinada. Em um invólucro, a
temperatura de equilíbrio de uma superfície reirradiante é determinada por sua interação com
outras superfícies e é independente da emissividade da superfície reirradiante.
Um invólucro de três superfícies, para o qual a terceira superfície, R, é reirradiante, é
mostrado na figura a seguir. A superfície R é por hipótese bem isolada, e os efeitos de
convecção são considerados desprezíveis. Logo, com qR = 0, a transferência líquida de
radiação da superfície 1 deve ser igual à transferência líquida por radiação para a superfície 2.

4.3 – EXERCÍCIOS
Exercício 4.1) Em condições nas quais a mesma temperatura ambiente é mantida por
um sistema de aquecimento ou resfriamento, é comum para uma pessoa sentir-se incomodada
com um pouco de frio no inverno, mas confortável no verão. Dê uma explicação plausível para
essa situação (com cálculos que apóiem sua colocação), considerando que a temperatura do ar
ambiente seja mantida a 20 ºC durante todo o ano e as paredes da sala a 27 ºC e 14 ºC no
verão e no inverno, respectivamente. A superfície exposta de uma pessoa na sala pode ser
considerada a uma temperatura de 32 ºC no decorrer do ano com uma emissividade de 0,90. O
coeficiente associado à transferência de calor por convecção natural entre a pessoa e o ar
ambiente é aproximadamente 2 W/m2K.
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 69

Exercício 4.2) Uma superfície de área 0,5 m2, emissividade 0,8 e temperatura 150 ºC é
colocada em uma câmara grande e vazia cujas paredes são mantidas a 25 ºC. Qual a taxa na
qual a radiação é emitida pela superfície? Qual a taxa líquida de troca por radiação entre a
superfície e as paredes da câmara? Resposta: 726 W; 547 W

Exercício 4.3) Uma casca esférica de alumínio de diâmetro interno de 2 m é evacuada e


é utilizada como uma câmara de teste de radiação. Se a superfície interna é revestida com
negro-fumo e mantida a 600 K, qual é a irradiação em uma pequena superfície de teste
colocada na câmara? Se a superfície interna não fosse revestida com negro-fumo, mas
mantida a 600 K, qual seria a irradiação? Resposta: 7348 W/m2

Exercício 4.4) Duas pequenas superfícies, A e B, são colocadas no interior de uma


cavidade isotérmica a uma temperatura uniforme. A cavidade fornece uma irradiação de 6300
W/m2 para cada uma das superfícies, e as superfícies A e B absorvem radiação incidente a
taxas de 5600 e 630 W/m2, respectivamente. Considere condições após longo período de
tempo decorrido.
a) Quais são os fluxos líquido de calor para cada superfície? Quais são suas
temperaturas? Resposta: 0 W; 577,4 K
b) Determine a absortância de cada superfície. Resposta: 0,89; 0,10
c) Quais são os poderes emissivos de cada superfície?Resposta:5600 W/m2; 630 W/m2
d) Determine a emissividade de cada superfície. Resposta: 0,89; 0,10

Exercício 4.5) Um disco circular de gelo de 25 m de diâmetro é colocado no interior de


uma calota esférica de 35 m de diâmetro. Se as superfícies do gelo e a calota podem ser
aproximadas como corpos negros e se encontram a 0 e 15 ºC, respectivamente, qual a taxa
líquida de transferência radiativa da calota para o anel? Resposta: 3,69x104 W

Exercício 4.6) Um aquecedor tubular com uma superfície interna negra de temperatura
uniforme de 1000K irradia um disco coaxial. Determine a potência radiante do aquecedor, que
incide no disco. Qual é a irradiação no disco, G1? Resposta: 13,4 W; 6825 W/m2
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 70

Exercício 4.7) Uma cavidade cilíndrica de diâmetro D e profundidade L é usinada em um


bloco de metal, e as condições são tais que as superfícies da base e as laterais da cavidade
são mantidas a T1 = 1000 K e T2 = 700 K, respectivamente. Aproximando as superfícies como
negras, determine o poder emissivo da cavidade se L = 20 mm e D = 10 mm. Resposta:
1,58x104 W/m2

Exercício 4.8) Dois planos coaxiais estão separados por uma distância de 0,20 m. O
disco inferior (A1) é sólido com um diâmetro de 0,80 m e uma temperatura de 300 K. O disco
superior (A2), à temperatura de 1000 K, possui o mesmo diâmetro externo mas é em formato de
anel com um diâmetro interno de 0,40 m. Admitindo os dois discos como corpos negros, calcule
a troca líquida de calor por radiação entre eles. Resposta: 11,87 kW

Exercício 4.9) Um tubo redondo com diâmetro de 0,75 m e um comprimento de 0,33 m


possui um aquecedor elétrico enrolado em torno de seu exterior, e uma espessa camada de
isolamento é enrolada sobre a combinação tubo-aquecedor. O tubo é aberto nas duas
extremidades e colocado em uma grande câmara em vácuo cujas paredes encontram-se a 27
ºC. A superfície interna do tubo é negra e é mantida a uma temperatura uniforme estacionária
de 127 ºC. Determine a potência elétrica que deve ser fornecida para o aquecedor. Resposta:
555 W
4 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR RADIAÇÃO 71

Exercício 4.10) Um longo tubo horizontal de parede delgada de 100 mm de diâmetro é


mantido a 120 ºC através da passagem de vapor no seu interior. Uma blindagem contra
radiação é instalada em torno do tubo, fornecendo um espaço de ar de 10 mm entre o tubo e a
blindagem e atinge uma temperatura de superfície de 35 ºC. O tubo e a blindagem, são
superfícies cinzentas difusas com emissividades de 0,8 e 0,10, respectivamente. Qual é a
transferência de calor do tubo por radiação por unidade de comprimento? Resposta: 30,2 W/m

Exercício 4.11) Duas esferas concêntricas de diâmetros D1 = 0,8 m e D2 = 1,2 m estão


separadas por um espaço de ar e possuem temperaturas de superfícies T 1 = 400 K e T2 = 300
K.
a) Se as superfícies são negras, qual é a taxa líquida de troca por radiação entre as
esferas? Resposta: 1995 W
b) Qual é a taxa líquida de troca de radiação entre as superfícies se elas são difusas e
cinzentas com 1  0,5 e  2  0, 05 ? Resposta: 191 W
c) Qual é a taxa líquida de troca de radiação se D2 for aumentado para 20 m, com
 2  0,05 , 1  0,5 e D1 = 0,8 m? Resposta: 983 W
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 72

5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


5.1 – BALANÇO DE ENERGIA EM SUPERFÍCIES
Suponha, como exemplo, uma parede plana qualquer submetida à uma diferença de
temperatura. Na face interna a temperatura é T 1 e na face externa tem-se uma temperatura T2
maior que a temperatura do ar ambiente T 3, como mostra a figura a seguir. Neste caso, através
da parede ocorre uma transferência de calor por condução até a superfície externa. A
superfície transfere calor por convecção para o ambiente. Porém existe também uma parcela
de transferência de calor por radiação da superfície para as vizinhanças. Portanto, a
transferência global é a soma das duas parcelas.

qcond  qconv  qrad

Exemplo 5.1) Um duto de ar quente, com diâmetro externo de 22 cm e temperatura


superficial de 93 ºC, está localizado num grande compartimento cujas paredes estão a 21ºC. O
ar no compartimento está a 27 ºC e o coeficiente de película é 5 kcal/h.m 2.ºC. Determinar a
quantidade de calor transferida por unidade de tempo, por metro de tubo, se:
a) o duto é de estanho ( = 0,1)
b) o duto é pintado com laca branca ( = 0,9)

Exemplo 5.2) O revestimento de uma placa á curado através de sua exposição a uma
lâmpada de infravermelho de 2000 W/m2. Ele absorve 80% da irradiação e tem emissividade de
0,50. A placa também está exposta a uma corrente de ar e a uma grande vizinhança, cujas
temperaturas são 20 ºC e 30 ºC, respectivamente. Se o coeficiente de convecção entre a placa
e o ar ambiente é 15 W/m2.K, qual a temperatura de cura da placa?
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 73

5.2 – CONDUÇÃO, CONVECÇÃO E RADIAÇÃO (EM SÉRIE E PARALELO)


Considerando uma parede plana situada entre dois fluidos a diferentes temperaturas. Se
as temperaturas T1 e T4 dos fluidos são constantes, será estabelecido um fluxo de calor único e
constante através da parede (regime permanente). Um bom exemplo desta situação é o fluxo
de calor gerado pela combustão dentro de um forno, que atravessa a parede por condução e se
dissipa no ar atmosférico.
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 74
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 75

Exemplo 5.3) A parede de um forno é constituída de duas camadas: 0,20 m de tijolo


refratário (1,2 kcal/h.m.ºC) e 0,13 m de tijolo isolante (0,15 kcal/h.m.ºC). A temperatura dos
gases dentro do forno é 1700 ºC e o coeficiente de película na parede interna é 58
2
kcal/h.m .ºC. A temperatura ambiente é 27 ºC e o coeficiente de película na parede externa é
2
12,5 kcal/h m ºC. Desprezando a resistência térmica das juntas de argamassa, calcular:
a) o fluxo de calor através da parede;
b) a temperatura nas superfícies interna e externa da parede.

Exemplo 5.4) Uma tubulação atravessa uma grande sala conduzindo água a 95 ºC, com
coeficiente de película de 20 kcal/h.m2.ºC. O tubo, de diâmetro externo 4” e resistência térmica
desprezível, está isolado com lã de rocha (0,035 kcal/h.m.ºC) de 2”de espessura. Sabendo-se
que a temperatura da face externa do isolamento do tubo é 22 ºC, determinar:
a) A taxa de calor transferida através da tubulação.
b) A emissividade da superfície do isolamento, sabendo-se que a metade da taxa de
calor transferida da tubulação para o ambiente se dá por radiação e que a temperatura da face
interna das paredes da sala é 5 ºC.

Exemplo 5.5) Um chip de silício e um substrato de alumínio com 8 mm de espessura


são separados por uma junta epóxi com 0,02 mm de espessura. O chip e o substrato possuem
10 mm de lado, e suas superfícies expostas são resfriadas por ar a 25 ºC (100 W/m2K). Se o
chip dissipa 104 W/m2 em condições normais de operação, verificar se ele irá operar abaixo da
temperatura permitida de 85 ºC. Considere as laterais isoladas. Dados: kalum = 238 W/mK; Repóxi
= 0,9x10-4 m2K/W.

5.3 – EXERCÍCIOS
Exercício 5.1) Um reator em uma indústria trabalha a 600 ºC em um local onde a
temperatura ambiente é 27 ºC e o coeficiente de película externo é 40 Kcal/h.m 2.ºC. O reator foi
construído de aço inox ( = 0,06) com 2 m de diâmetro e 3 m de altura. Tendo em vista o alto
fluxo de calor, deseja-se aplicar uma camada de isolante (0,05 kcal/h m.ºC e  = 0,75) para
reduzir a transferência de calor a 10 % da atual. Desconsiderando as resistências térmicas que
não podem ser calculadas, pede-se:
a) O fluxo de calor antes da aplicação do isolamento. Resposta: 618368,19 Kcal h
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 76

b) A parcela transferida por convecção após o isolamento, sabendo-se que a


temperatura externa do isolamento deve ser 62 ºC Resposta: 57701, 4 Kcal h
c) A espessura do isolante a ser usada nas novas condições. Resposta: 8, 2 mm

Exercício 5.2) A parede de um edifício tem 30,5 cm de espessura e foi construída com
um material de 1,31 W/m.K. Em dia de inverno as seguintes temperaturas foram medidas:
temperatura do ar interior = 21,1 °C; temperatura do ar exterior = - 9,4 ºC; temperatura da face
interna da parede = 13,3 ºC; temperatura da face externa da parede = - 6,9 ºC. Calcular os
coeficientes de película interno e externo à parede. Resposta: 11,12 W/m2.K; 34,72 W/m2.K

Exercício 5.3) No interior de uma estufa de alta temperatura os gases atingem 650 ºC. A
parede da estufa é de aço, tem 6 mm de espessura e fica em um espaço fechado em que há
risco de incêndio, sendo necessário limitar a temperatura da superfície em 38 ºC. Para
minimizar os custos de isolação, dois materiais serão usados: primeiro um isolante de alta
temperatura (mais caro), aplicado sobre o aço e, depois, magnésia (menos caro) externamente.
A temperatura máxima suportada pela magnésia é 300 ºC. Conhecendo os dados abaixo,
pede-se:
a) Especifique a espessura (em cm) de cada material isolante. Resposta: 4,88 cm; 8,67
cm
b) Sabendo que o custo por cm de espessura colocado do isolante de alta temperatura é
duas vezes que o da magnésia, calcule a elevação percentual de custo se fosse utilizado
apenas o isolante de alta temperatura. Resposta: 36,6%
DADOS: temperatura ambiente: 20 ºC
coeficiente de película interno: 490 Kcal/h.m2.ºC
coeficiente de película externo: 20 Kcal/h.m2.ºC
condutividade térmica do aço: 37,25 Kcal/h.m.ºC
condutividade térmica do isolante de alta temperatura: 0,0894 Kcal/h.m.ºC
condutividade térmica do isolante de magnésia: 0,0676 Kcal/h.m.ºC

Exercício 5.4) Um reator de paredes planas foi construído em aço inox e tem formato
cúbico com 2 m de lado. A temperatura no interior do reator é 600 ºC e o coeficiente de
película interno é 45 kcal/h.m2.ºC. Tendo em vista o alto fluxo de calor, deseja-se isolá-lo com
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 77

lã de rocha (0,05 kcal/h.m.ºC) de modo a reduzir a transferência de calor. Considerando


desprezível a resistência térmica da parede de aço inox e que o ar ambiente está a 20 ºC com
coeficiente de convecção de 5 kcal/h.m2.ºC, calcular:
a) O fluxo de calor antes da aplicação do isolamento. Resposta: 62640,4 kcal/h
b) A espessura do isolamento a ser usado, sabendo-se que a temperatura do isolamento
na face externa deve ser igual a 62 ºC. Resposta: 12,73 cm
c) A redução (em %) do fluxo de calor após a aplicação do isolamento. Resposta:
91,95%

Exercício 5.5) O vidro traseiro (1,4 W/m.K) de um automóvel é desembaçado pela


fixação de um elemento de aquecimento em forma de película transparente à sua superfície
interna. Aquecendo-se eletricamente esse elemento, um fluxo de calor uniforme é estabelecido
na superfície interna. Para uma janela de vidro de 4 mm de espessura, determine a potência
elétrica necessária, por unidade de área da janela, para manter a temperatura da superfície
interna a 15ºC quando a temperatura do ar no interior do automóvel e o coeficiente de
convecção foram 25 ºC e 10 W/m2.K, enquanto a temperatura do ar no exterior (ambiente) e o
coeficiente de convecção forem – 10 ºC e 65 W/m2.K. Resposta: 1270 W/m2

Exercício 5.6) Em um processo de fabricação, um filme transparente está sendo fixado


a um substrato, conforme mostrado no esquema. Para curar a fixação a uma temperatura T0,
uma fonte radiante é utilizada para fornecer um fluxo de calor q0 (W/m2), que é totalmente
absorvida pela superfície fixada. A parte posterior do substrato é mantida a T1 enquanto a
superfície livre do filme é exposta ao ar a T∞ e um coeficiente de transferência de calor por
convecção h.
a) Mostre o circuito térmico representando a situação de transferência de calor em
regime estacionário. Identifique todos os elementos, nós e as taxas de calor.
b) Considere as seguintes condições: T∞ = 20 ºC, h = 50 W/m2 e T1 = 30 ºC. Calcule o
fluxo de calor necessário para manter a superfície fixada a T0 = 60 ºC. Resposta: 2833 W/m2
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 78

Exercício 5.7) Uma técnica para medir os coeficientes de transferência de calor por
convecção envolve a adesão de uma superfície de uma folha delgada metálica a um material
isolante e expor a superfície externa ao escoamento de um fluido em condições de interesse.
Passando-se uma corrente elétrica através da folha metálica, o calor é dissipado
uniformemente no interior da folha e o fluxo correspondente pode ser obtido das medidas de
voltagem e da corrente. Se a espessura do isolamento L e a condutividade térmica k são dadas
e as temperaturas do fluido, da folha e do isolamento (T∞, Ts e Tb) forem medidas, o coeficiente
de convecção pode ser determinado. Considere condições nas quais T∞ = Tb = 25 ºC, o fluxo é
de 2000 W/m2, L = 10 mm e k = 0,040 W/m.K.

a) Com o fluxo de água em torno da superfície, a medida da temperatura da folha


fornece 27 ºC, qual o coeficiente de convecção? Em qual erro poderíamos incorrer
considerando que toda a potência dissipada seja transferida para a água por convecção?
Resposta: 996 W/m2K; 0,40%
b) Se a temperatura fornecida fosse 125 ºC e não 27 ºC, qual seria o coeficiente de
convecção? A folha possui emissividade 0,15 e encontra-se exposta a uma grande vizinhança
a 25 ºC. Em qual erro poderíamos incorrer considerando que toda a potência dissipada seja
transferida para o ar por convecção? Resposta: 14,5 W/m2K; 27,3%

Exercício 5.8) Um aquecedor elétrico delgado é enrolado na superfície externa de um


tubo longo cilíndrico cuja superfície interna é mantida a uma temperatura de 5 ºC. A parede do
5 – MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR 79

tubo tem raios interno e externo de 25 e 75 mm, respectivamente, e uma condutividade de 10


W/m.K. A resistência térmica de contato entre o aquecedor e a superfície externa do tubo (por
unidade de comprimento do tubo) é Rt,c = 0,01 mK/W. A superfície externa do aquecedor
encontra-se exposta a um fluido com temperatura de – 10 ºC e um coeficiente de convecção de
100 W/m2.K. Determine a potência do aquecedor por unidade de comprimento do tubo
necessária para manter o aquecedor a 25 ºC. Resposta: 2377 W/m

Exercício 5.9) Uma placa plana opaca horizontal possui uma área da superfície superior
de 3 m2, e suas extremidades e sua superfície inferior são bem isoladas. A placa é irradiada
uniformemente em sua superfície superior a uma taxa de 1300 W (para a placa toda).
Considere condições de estado estacionário para as quais 1000 W da radiação incidente são
absorvidas, a temperatura da placa é 500 K e a transferência de calor por convecção de sua
superfície é 300 W. Determine a irradiação G, o poder emissivo E, a radiosidade J, absorbância
α, a reflectância ρ e a emissividade . Resposta: 433 W/m2; 233 W/m2; 333 W/m2; 0,769;
0,231; 0,066

Exercício 5.10) Uma esfera (185 W/mK, α = 7,25x10-5) de 30 mm de diâmetro cuja


superfície é difusa e cinzenta com uma emissividade de 0,8 é colocada em um grande forno
cujas paredes estão à temperatura uniforme de 600 K. A temperatura do ar no forno é 400 K, e
o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a esfera e o ar do forno é 15
W/m2.K.
a) Determine o calor líquido transferido para a esfera quando a sua temperatura for de
300 K. Resposta: 19,8 W
b) Qual será a temperatura da esfera em estado estacionário? Resposta: 538,2 K

Exercício 5.11) Fluxo solar de 900 W/m2 incide no lado superior de uma placa suja
superfície possui uma absorbância solar de 0,9 e uma emissividade de 0,1. O ar e o ambiente
encontram-se a 17 ºC e o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa e o
ar é de 20 W/m2.K. Admitindo que o lado inferior da placa é isolado, determine a temperatura
da placa em estado estacionário. Resposta: 329,2 K
6 – ALETAS 80

6 – ALETAS
6.1 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM SUPERFÍCIES ESTENDIDAS
No projeto de trocadores de calor, muitas vezes se torna necessário melhorar a
eficiência do processo de troca, bem como aumentar a troca de calor. Uma das maneiras de
conseguir tal objetivo é aumentar a área superficial do trocador. Devido a limitações de
tamanho, por exemplo, uma maneira de aumentar a superfície de troca é pelo uso de aletas
que são superfícies estendidas a partir de uma base. As aletas têm as mais variadas formas.
Para um melhor entendimento do papel desempenhado pelas aletas na transferência de
calor é considerado um exemplo prático. Quando se quer resfriar ou aquecer um fluido, o modo
mais frequente é fazê-lo trocar calor com outro fluido, separados ambos por uma parede sólida
de resistência baixa. Então, como exemplo, é analisada a transferência de calor entre dois
fluidos separados por uma parede cilíndrica. A taxa de calor entre eles pode ser calculada
assim:
Ti  Te Ti  Te
q 
R1  R2  R3
1

 
ln 2
r
r1

1
hi . Ai k .2 .L he Ae
O aumento da superfície externa de troca de calor pode ser feito através de expansões
denominadas aletas, como mostra a figura a seguir.

6.2 – CÁLCULO DO FLUXO DE CALOR EM ALETAS DE SEÇÃO UNIFORME


Considerando uma aleta em formato de uma barra (pino) circular, como mostra a figura a
seguir, fixada em uma superfície com temperatura T s e em contato com um fluido com
temperatura T∞ é possível derivar uma equação para a distribuição de temperatura, fazendo um
6 – ALETAS 81

balanço de energia em um elemento diferencial da aleta. Sob as condições de regime


permanente tem-se:

 fluxo de calor por condução  fluxo de calor por condução para  fluxo de calor por convecção 
para dentro do elemento em  
 x para fora do elemento em x  dx da superfície entre x e ( x  dx)

Na forma simbólica esta equação torna-se:

qx  qx dx  qconv
dT  dT d  dT  
k. A.   k . A.   k . A.  dx   h.  P.dx T  T 
dx  dx dx  dx  
Onde P é o perímetro da aleta, A é a área da seção transversal da aleta e (P.dx) a área
entre as seções x e (x+dx) em contato com o fluido. Se h e k podem ser considerados
constantes a equação pode ser simplificada para:

d  dT 
h.P.dx. T  T    k . A.  dx
dx  dx 
d 2T
h.P. T  T   k . A. 2
dx
d 2T
2
 m2 . T  T  onde ; m 
h.P
dx k.A
A equação anterior é uma equação diferencial linear ordinária de segunda ordem, cuja
solução geral é:

T  T  Cemx  Ce mx


6 – ALETAS 82

onde C1 e C2 são constantes para serem determinadas através das condições de


contorno apropriadas. A primeira das condições de contorno é que a temperatura da base da
barra é igual à temperatura da superfície na qual ela está fixada, ou seja:
 em x  0  T  TS
De acordo com a segunda condição de contorno, que depende das condições adotadas,
tem-se três casos básicos:

Caso (1)  Barra infinitamente longa.


Neste caso, sua temperatura se aproxima da temperatura do fluido quando x   , ou
T  T em x   . Substituindo essa condição na equação diferencial, tem-se:

T  T  Ts  T  .e m. x
Como o calor transferido por condução através da base da aleta deve ser transferido por
convecção da superfície para o fluido, tem-se:

dT
qaleta  k . A.
dx x  0

Diferenciando a equação da distribuição de temperatura e substituindo o resultado para


x=0 na equação anterior, é obtido:

 h.P 
qaleta  k . A.  m. Ts  T  .e . Ts  T 
 m  .0
  k . A.  
 x  0
 k. A 

qaleta  h.P.k. A. Ts  T 


A equação fornece uma aproximação razoável do calor transferido, na unidade de
tempo, em uma aleta finita, se seu comprimento for muito grande em comparação com a área
de sua seção transversal.

Caso (2)  Barra de comprimento finito, com perda de calor pela extremidade
desprezível.
Neste caso, a segunda condição de contorno requererá que o gradiente de temperatura
em x = L seja zero, ou seja, dT dx  0 em x = L. Com estas condições:
6 – ALETAS 83

T  T cosh  m  L  x  

Ts  T cosh (m.L)
A transferência de calor pode ser obtida substituindo o gradiente de temperatura na
base:

 1   e m.l  e  m.l 
 Ts  T .m.  Ts  T .m. m.l
dT 1
  2.m.l 

 m.l 
1 e 1 e  e e
2.m.l
dx x0 

dT
 Ts  T  .m.tgh  m.l 
dx x0

O calor transferido, na unidade de tempo, é então:

qaleta  h.P.k. A. Ts  T  .tgh  m.L 

Caso (3)  Barra de comprimento finito, com perda de calor por convecção pela
extremidade.
Neste caso, a álgebra envolvida é algo mais complicado, entretanto o princípio é o
mesmo e o fluxo de calor transferido é:

 senh  m.L    h m.k  .cosh  m.L  


qaleta  h.P.k . A. Ts  T  . 
 cosh  m.L    h m.k  .senh  m.L  
 
E a equação da distribuição de temperatura é:

T  T cosh  m  L  x    h mk  senh  m  L  x 



Ts  T cosh (m.L)   h mk  senh  mL 

Exemplo 6.1) Estimar o aumento do calor dissipado por unidade de tempo que poderia
ser obtido da parede de um cilindro usando-se 6400 aletas, com forma de pino circular por m 2,
tendo cada uma um diâmetro de 5 mm e altura de 30 mm. Admitir o coeficiente convectivo de
120 kcal/h.m2.ºC, a parede do cilindro a 300 ºC e o meio ambiente a 20 ºC. A parede e as
aletas são feitas de alumínio (178,8 kcal/h.m.ºC). Supondo que a aleta tem extremidade
isolada.
6 – ALETAS 84

6.3 – EXERCÍCIOS
Exercício 6.1) Uma barra de liga de alumínio (180 W/m.K) de 100 mm de comprimento e
5 mm de diâmetro se estende horizontalmente de um molde de fundição a 200 ºC. A barra está
no ar ambiente que tem temperatura de 20 ºC e coeficiente convectivo de 30 W/m2.K. Qual é a
temperatura da barra a 20, 50 e 100 mm a partir do molde? Considere que este diâmetro da
aleta é muito pequeno. Resposta: 437,37 K; 413,87 K; 396,18 K

Exercício 6.2) Estimar o aumento do calor dissipado que poderia ser obtido com a
utilização de aletas de seção transversal circular instaladas em uma superfície em contato com
o ar a 20 ºC na qual calor é retirado. As aletas são de aço inox com 56,7 W/m.ºC, 5 mm de
diâmetro e 3 cm de comprimento, com espaçamento de 1 cm x 1 cm como mostrado na figura.
Considere o coeficiente de transferência de calor de 50 W/m2.ºC e a temperatura da base de
300 ºC. As aletas têm a extremidade isolada. Resposta: 5,2 W
7 – TROCADORES DE CALOR 85

7 – TROCADORES DE CALOR
Os trocadores de calor são equipamentos que facilitam a transferência de calor entre
dois ou mais fluidos em temperaturas diferentes. Foram desenvolvidos muitos tipos de
trocadores de calor para emprego em diversos níveis de complicação tecnológica e de porte,
como usinas elétricas a vapor, usinas de processamento químico, aquecimento e
condicionamento de ar em edifícios, refrigeradores domésticos, radiadores de automóveis,
radiadores de veículos espaciais, etc. Nos tipos comuns, como os trocadores de calor de casco
e tubos e os radiadores de automóveis, a transferência de calor se processa principalmente por
condução e convecção, de um fluido quente para um fluido frio, separados por uma parede
metálica. Nas caldeiras e nos condensadores, a transferência de calor por ebulição e por
condensação é de primordial importância. Em certos tipos de trocadores de calor, como as
torres de resfriamento, o fluido quente (por exemplo, a água) é resfriado por mistura direta com
o fluido frio (por exemplo, o ar), isto é, a água nebulizada, que cai numa corrente induzida de
ar, é resfriada por convecção e por vaporização. Nos radiadores para aplicações espaciais, o
calor residual do fluido refrigerante é transportado por convecção e condução para a superfície
de uma aleta e daí, por radiação térmica, para o vácuo.
O projeto completo de trocadores de calor pode ser subdividido em três fases principais:
- Análise térmica.
- Projeto mecânico preliminar.
- Projeto de fabricação.

7.1 – CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR


Os trocadores de calor são feitos em tantos tamanhos, tipos, configurações e
disposições de escoamento que uma classificação, mesmo arbitrária, é necessária para o seu
estudo. Serão consideradas as classificações de acordo com:
- O processo de transferência.
- A compacticidade.
- O tipo de construção.
- A disposição das correntes.

7.1.1 – CLASSIFICAÇÃO PELO PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA


Os trocadores de calor podem ser classificados como de contato direto e de contato
indireto. No tipo de contato direto, a transferência de calor ocorre entre dois fluidos imiscíveis,
7 – TROCADORES DE CALOR 86

como um gás e um líquido, que entram em contato direto. As torres de resfriamento,


condensadores com nebulização para vapor de água e outros vapores, utilizando
pulverizadores de água, são exemplos típicos de trocadores por contato direto.
Nos trocadores de calor de contato indireto, como os radiadores de automóveis, os
fluidos quente e frio estão separados por uma superfície impermeável, e recebem o nome de
trocadores de calor de superfície. Não há mistura dos dois fluidos.

7.1.2 – CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A COMPACTICIDADE


A definição de compacticidade é tema bastante arbitrário. A razão entre a área da
superfície de transferência de calor, e o volume pode ser empregada como medida da
compacticidade do trocador de calor. Um trocador de calor com densidade de área superficial,
em um dos lados, maior do que cerca de 700 m2/m3 é classificado, arbitrariamente, como
trocador de calor compacto, independentemente de seu projeto estrutural. Por exemplo, os
radiadores de automóvel, com uma densidade de área superficial da ordem de 1.100 m2/m3,
são trocadores de calor compactos. Os pulmões humanos, com uma densidade de área da
ordem de 20.000 m2/m3, são os trocadores de calor e de massa mais compactos. No outro
extremo da escala de compacticidade, os trocadores do tipo tubular plano e os do tipo casco e
tubos tem densidade da área superficial na faixa de 70 a 500 m2/m3, e não são considerados
compactos.

7.1.3 – CLASSIFICAÇÃO PELO TIPO DE CONSTRUÇÃO


Existem trocadores de calor que empregam a mistura direta dos fluidos, como por
exemplo, torres de refrigeração e aquecedores de água de alimentação, porém são mais
comuns os trocadores nos quais os fluidos são separados por uma parede ou partição através
da qual passa o calor.
7 – TROCADORES DE CALOR 87

Trocadores de calor de placa


Como o nome indica, os trocadores de calor são geralmente construídos de placas
delgadas. As placas podem ser lisas ou com alguma forma de ondulações. Já que a geometria
da placa não pode suportar pressões ou diferenças de temperaturas tão altas quanto um
trocador tubular, são ordinariamente projetados para temperaturas ou pressões moderadas. A
compacticidade nos trocadores de placa se situa entre 120 e 230 m 2/m3.
7 – TROCADORES DE CALOR 88

Componentes chave de um Trocador de Calor a Placas


7 – TROCADORES DE CALOR 89

Trocadores de calor tubulares


Os trocadores de calor tubulares são amplamente usados e fabricados com muitos
tamanhos, com muitos arranjos de escoamento e em diversos tipos. Podem operar em um
extenso domínio de pressões e de temperaturas. A facilidade de fabricação e o custo
relativamente baixo constituem a principal razão para seu emprego disseminado nas aplicações
de engenharia. Estes trocadores podem ser classificados como carcaça e tubo, tubo duplo e de
serpentina.
Carcaça e tubo
Um modelo comumente empregado, o trocador de casco e tubos, consiste em tubos
cilíndricos montados em um casco cilíndrico, com os eixos paralelos ao eixo do casco. A figura
a seguir ilustra as principais partes de um trocador que tem um fluido correndo no interior dos
tubos e outro fluido correndo externamente aos tubos. Os principais componentes deste tipo de
trocador de calor são o feixe de tubos, o casco, os cabeçotes e as chicanas. As chicanas
sustentam os tubos, dirigem a corrente do fluido na direção normal aos tubos e aumentam a
turbulência do fluido no casco. São disponíveis muitas variações do trocador de casco e tubos,
as diferenças estão no arranjo das correntes do escoamento e nos detalhes de construção.
7 – TROCADORES DE CALOR 90

Duplo Tubo
São formados por dois tubos concêntricos, como ilustra a figura a seguir. Pelo interior do
tubo do primeiro (interno) passa um fluido e, no espaço entre as superfícies externa do primeiro
e interna do segundo, passa o outro fluido. A área de troca de calor é a área do primeiro tubo.

Tem a vantagem de ser simples, ter custo reduzido e de ter facilidade de desmontagem
para limpeza e manutenção. O grande inconveniente é a pequena área de troca de calor.
Serpentina
São formados por um tubo enrolado na forma de espiral, formando a serpentina, a qual é
colocada em uma carcaça ou recipiente, como mostra a figura a seguir. A área de troca de
calor é área da serpentina.

A transferência de calor associada a um tubo espiral é mais alta que para um tubo duplo.
Além disso, uma grande superfície pode ser acomodada em um determinado espaço utilizando
7 – TROCADORES DE CALOR 91

as serpentinas. As expansões térmicas não são nenhum problema, mas a limpeza é muito
problemática.

7.1.4 – CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A DISPOSIÇÃO DAS CORRENTES


De acordo com o arranjo dos fluidos existem três configurações principais conhecidas
como escoamentos paralelos (ou co-correntes), escoamentos opostos (ou contracorrente) e
escoamentos cruzados.
Correntes paralelas
Os fluidos quente e frio entram na mesma extremidade do trocador de calor, fluem na
mesma direção, e deixam juntos a outra extremidade.
Contracorrentes
No esquema contracorrente, a diferença de temperatura de uma corrente para outra é
mais uniformemente distribuída ao longo do trocador de calor. Os fluidos quente e frio entram
em extremidades opostas do trocador de calor e fluem em direções opostas.
Correntes cruzadas
No trocador com correntes cruzadas, em geral os dois fluidos fluem perpendicularmente
um ao outro.
7 – TROCADORES DE CALOR 92

Existe outra configuração de escoamento encontrada nos trocadores de calor do tipo


casco e tubo, que é o escoamento multipasse.

Escoamento multipasse
A configuração de escoamento com passes múltiplos é empregada frequentemente no
projeto de trocadores de calor, pois a multipassagem intensifica a eficiência global, acima das
eficiências individuais. É possível grande variedade de configurações das correntes com
passes múltiplos. A figura a seguir ilustra disposições típicas.

7.2 – MÉDIA LOGARÍTMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS


Um fluido dá um passe quando percorre uma vez o comprimento do trocador.
Aumentando o número de passes, para a mesma área transversal do trocador, aumenta a
velocidade do fluido e portanto o coeficiente de película, com o consequente aumento da troca
de calor. Porém, isto dificulta a construção e limpeza e encarece o trocador. A notação
utilizada para designar os números de passes de cada fluido é exemplificada na figura a seguir.
7 – TROCADORES DE CALOR 93

Com relação ao tipo de escoamento relativo dos fluidos do casco e dos tubos, ilustrados
na figura a seguir, é possível ter escoamento em correntes paralelas (fluidos escoam no
mesmo sentido) e correntes opostas (fluidos escoam em sentidos opostos).

Para cada um destes casos de escoamento relativo a variação da temperatura de cada


um dos fluidos ao longo do comprimento do trocador pode ser representada em gráfico, como
mostrado a seguir.
As diferenças de temperatura entre os fluidos nas extremidades do trocador, para o caso

de correntes paralelas, são: (te - Te) que é sempre máxima  Tmax  e (ts - Ts) que é sempre

mínima  Tmin  . No caso de correntes opostas, as diferenças de temperatura nas

extremidades (te - Ts) e (ts - Te) podem ser máxima  Tmax  ou mínima  Tmin  dependendo

das condições específicas de cada caso.


O fluxo de calor transferido entre os fluidos em um trocador é diretamente proporcional à
diferença de temperatura média entre os fluidos. No trocador de calor de correntes opostas a
diferença de temperatura entre os fluidos não varia tanto, o que acarreta em uma diferença
média maior. Como consequência, mantidas as mesmas condições, o trocador de calor
trabalhando em correntes opostas é mais eficiente.
7 – TROCADORES DE CALOR 94

Como a variação de temperatura ao longo do trocador não é linear, para retratar a


diferença média de temperatura entre os fluidos é usada então a Média Logarítmica das
Diferenças de Temperatura (MLDT), mostrada na equação:

Tmax  Tmin
MLDT 
T
ln max
Tmin

Exemplo 7.1) Num trocador de calor TC-1.1 onde o fluido quente entra a 900 ºC e sai a
600 ºC e o fluido frio entra a 100 ºC e sai a 500 ºC, qual o MLDT para:
a) correntes paralelas;
b) correntes opostas.

7.3 – BALANÇO TÉRMICO EM TROCADORES DE CALOR


Fazendo um balanço de energia em um trocador de calor, considerado como um sistema
adiabático, tem-se, conforme esquema mostrado, que:

Calor cedido pelo fluido quente = Calor recebido pelo fluido frio

 qced  qrec
7 – TROCADORES DE CALOR 95

 
 .c p .ts  te   M .C p .Ts  Te 
m
q  m.c p .  te  ts   M .C p . Ts  Te 

7.4 – COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR


Considere a transferência de calor entre os fluidos do casco e dos tubos nos feixes de
tubos de um trocador multitubular, como mostra a figura a seguir. O calor trocado entre os
fluidos através das superfícies dos tubos pode ser obtido considerando as resistências
térmicas:

q 
T total 
T total
Rt 1 1 , onde:
 Rcond 
hi . Ai he . Ae

 T total : diferença de temperatura entre os fluidos.


hi , he : coeficientes de película dos fluidos interno e externo.
Ai , Ae : áreas superficiais interna e externa dos tubos.
Rcond : resistência térmica a condução nos tubos.
Considerando que a resistência térmica a condução na parede dos tubos de um trocador
é desprezível, a equação pode ser rescrita da seguinte forma:

Ae .T total
q 
Ae 1

hi . Ai he
7 – TROCADORES DE CALOR 96

Como o objetivo do equipamento é facilitar a troca de calor, os tubos metálicos usados


são de parede fina (ri @ re). Portanto, as áreas das superfícies interna e externa dos tubos são
aproximadamente iguais, ou seja, Ai @ Ae. Assim, temos que:

Ae .T total
q 
1 1

hi he
O coeficiente global de transferência de calor em um trocador (UC) é definido assim:

1
UC 
1 1

hi he
Assim a expressão para a transferência de calor em um trocador é:

q  UC . Ae .T total
Como visto anteriormente, o T em um trocador de calor é representado pela média
logarítmica das diferenças de temperatura (MLDT). Portanto, a equação pode ser rescrita da
seguinte maneira:

q  U C . Ae .  MLDT 

7.5 – FATOR DE FULIGEM (INCRUSTAÇÃO)


Com o tempo, vão se formando incrustações nas superfícies de troca de calor por dentro
e por fora dos tubos. Estas incrustações vão significar uma resistência térmica adicional à
troca de calor. Como o fluxo é dado por:
potencial térmico
q  T total
soma das resistências q
Rt
Sendo assim a resistência térmica adicional deve aparecer no denominador da equação.
Esta resistência térmica adicional (simbolizada por Rd) é denominada fator de fuligem.
Desenvolvendo raciocínio similar, é obtido:

Ae .T total
q 
1 1
  Rd
hi he
7 – TROCADORES DE CALOR 97

Rdi  fator fuligem interno


onde, Rd  Rdi  Rde e Rd = fator fuligem 
Rde  fator fuligem externo
O coeficiente global de transferência de calor, levando em conta o acúmulo de fuligem,
ou seja "sujo", é obtido por analogia :
1 1
UD  
1 1 1
  Rd  Rd
hi he UC
A equação pode ser colocada na seguinte forma:
1 1 1
  Rd   Rd i  Rd e
U D UC UC
Portanto, a transferência de calor em um trocador, considerando o coeficiente global
"sujo" (UD) é dada pela seguinte expressão:

q  U D . Ae .  MLTD 

Exemplo 7.2) É desejável aquecer 9820 lb/h de benzeno (cp = 0,425 Btu/lb.ºF ) de 80 a
120 ºF utilizando tolueno (cp = 0,44 Btu/lb.ºF), o qual é resfriado de 160 para 100 ºF. Um fator
de fuligem de 0,001 deve ser considerado para cada fluxo e o coeficiente global de
transferência de calor "limpo" é 149 Btu/h.ft2.ºF. Dispõe-se de trocadores bitubulares de 20 ft
de comprimento equipados com tubos de área específica de 0,435 ft2/ft.
a) Qual a vazão de tolueno necessária?
b) Quantos trocadores são necessários?
7 – TROCADORES DE CALOR 98

7.6 – FLUXO DE CALOR PARA TROCADORES COM MAIS DE UM PASSE


Em trocadores tipo TC-1.1 é fácil identificar a diferença de temperatura entre fluidos nos
terminais. No entanto, não é possível determinar estes valores em trocadores com mais de um
passe nos tubos e/ou casco. A figura mostra um trocador do tipo TC-1.2

Neste caso as temperaturas das extremidades nos passes intermediários são


desconhecidas. Em casos assim, o MLDT deve ser calculada como se fosse para um TC 1-1,
trabalhando em correntes opostas, e corrigida por um fator de correção (FT).

MLDTc  MLDT. FT
Assim, a equação do fluxo de calor em um trocador "sujo", torna-se:
q U . Ae . MLDT. FT
D
Os valores do fator FT são obtidos em ábacos em função das razões adimensionais S e
R. Para cada configuração de trocador existe um ábaco do tipo mostrado na figura apresentada
a seguir.
t t T T
S   e R  
T  t t  t

onde, t1 = temperatura de entrada do fluido dos tubos


t2 = temperatura de saída do fluido dos tubos
T1 = temperatura de entrada do fluido do casco
T2 = temperatura de saída do fluido do casco
Para cada valor calculado de S (em abscissas) e cada curva R (interpolada ou não), na
figura, obtém-se um valor para FT (em ordenadas). O valor máximo de FT é igual a 1, ou seja, a
diferença média de temperatura corrigida (MLDT c) pode ser no máximo igual ao MLDT
calculado para um TC-1.1. Isto se deve a menor eficiência da troca de calor em correntes
7 – TROCADORES DE CALOR 99

paralelas, pois quando se tem mais de um passe ocorrem simultaneamente os dois regimes de
escoamento. Deve-se, portanto conferir (no projeto) se esta queda de rendimento na troca de
calor é compensada pelo aumento dos valores do coeficiente de película nos trocadores
multipasse.

Fator de correção para um trocador casco e tubo com um casco e um número de


passes, múltiplo de dois, nos tubos (dois, quatro etc., passes por tubo).

Exemplo 7.3) Em um trocador de calor duplo tubo 0,15 Kg/s de água (cp=4,181 kJ/Kg.K)
é aquecida de 40 ºC para 80 ºC. O fluido quente é óleo e o coeficiente global de transferência
de calor para o trocador é 250 W/m2.K . Determine a área de troca de calor, se o óleo entra a
105 ºC e sai a 70 ºC.
7 – TROCADORES DE CALOR 100

Exemplo 7.4) Em um trocador casco-tubo (TC-2.1), 3000 lb/h de água (cp = 1 Btu/lb.ºF)
é aquecida de 55 ºF para 95ºF, em dois passes pelo casco, por 4415 lb/h de óleo (c p = 0,453
Btu/lb.ºF) que deixa o trocador a 140ºF, após um passe pelos tubos. Ao óleo está associado um
coeficiente de película de 287,7 Btu/h.ft2.ºF e um fator fuligem de 0,005 e à água está
associado um coeficiente de película de 75 Btu/h.ft2.ºF e um fator fuligem de 0,002.
Considerando que para o trocador o fator de correção é 0,95, determine o número de tubos de
0,5" de diâmetro externo e 6 ft de comprimento necessários para o trocador.

7.7 – EXERCÍCIOS
Exercício 7.1) Em um trocador de calor multitubular (TC-1.2 com FT = 0,95), água
(cp=4,188 KJ/Kg.K) com coeficiente de película 73,8 W/m2.K passa pelo casco em passe
único, enquanto que óleo (cp = 1,897 KJ/Kg.K) com coeficiente de película 114 W/m2.K dá
dois passes pelos tubos. A água flui a 23 Kg/min e é aquecida de 13 ºC para 35 ºC por óleo que
entra a 94 ºC e deixa o trocador a 60 ºC. Considerando fator fuligem de 0,001 para a água e de
0,003 para o óleo, pede-se:
a) A vazão mássica de óleo. Resposta:32,856 kg/min
c) A área de troca de calor necessária para o trocador. Resposta: 18,54 m2
d) O número de tubos de 0,5" de diâmetro externo e 6 m de comprimento necessários.
Resposta:78 tubos

Exercício 7.2) O aquecimento de um óleo leve (cp=0,8 Kcal/Kg.ºC ) de 20 ºC até 120 ºC


está sendo feito usando um trocador multitubular tipo TC-1.8 (FT = 0,8) com um total de 80
tubos (diâmetro interno de 1,87" e diâmetro externo de 2" ) de 3 m de comprimento. Vapor
d'água a 133 ºC ( HV = 516 Kcal/Kg) e vazão de 2650 Kg/h está sendo usado para

aquecimento, condensando no interior do casco. Considerando coeficientes de película de


2
2840 Kcal/h.m2.ºC para o óleo e de 5435 Kcal/h.m .ºC para o vapor e que a massa específica
3
do óleo é 0,75 Kg/dm , pede-se:
a) O fator fuligem do trocador. Resposta: 0,0005
b) A velocidade do óleo nos tubos do trocador. Resposta: 0,36 m/s
7 – TROCADORES DE CALOR 101

Exercício 7.3) Um trocador de calor deve ser construído para resfriar 25000 Kg/h de
álcool (cp = 0,91 Kcal/Kg.ºC ) de 65 ºC para 40 ºC, utilizando 30000 Kg/h de água (cp = 1
Kcal/Kg.ºC) que está disponível a 15 ºC. Admitindo coeficiente global (sujo) de transferência de
calor de 490 Kcal/h.m2.ºC, determinar :
a) O comprimento do trocador tipo duplo tubo necessário, considerando que o diâmetro
externo do tubo interno é 100 mm. Resposta: 132,4 m
b) O número de tubos (e = 25 mm ) necessários para um trocador multitubular tipo TC-

1.2 com FT = 0,9 e 7 m de comprimento. Resposta: 84 tubos

Exercício 7.4) Uma "máquina de chope" simplificada foi construída a partir de um


trocador tipo serpentina. Este trocador consiste de uma caixa cúbica de 50 cm de lado,
perfeitamente isolada externamente, onde foram dispostos 50 m de serpentina de 10 mm de
diâmetro externo. A serpentina, por onde passa a chope, fica em contato com uma mistura
gelo-água a 0 ºC. Considerando os coeficiente de película interno e externo à serpentina iguais
a 75 e 25 kcal/h.m2.ºC, respectivamente, determinar:
a) o fluxo de calor transferido para a mistura água-gelo considerando que o chope entra
a 25 ºC e sai a 1 ºC. Resposta: 219,6 kcal/h
b) o número de copos de 300 ml que devem ser tirados em 1 hora para que a
temperatura do chope se mantenha em 1 ºC , considerando que o calor específico e a massa
especifica do chope são iguais a 0,78 kcal/kg.ºC e 1 Kg/dm3, respectivamente. Resposta: 39
copos
c) o tempo de duração do gelo, sabendo que, inicialmente, seu volume corresponde a 10
% do volume da caixa. A massa específica e o calor latente de fusão do gelo são,
respectivamente, 0,935 kg/l e 80,3 kcal/kg. Resposta: 4,27 h

Exercício 7.5) Em um trocador TC-1.1 (contra corrente), construído com 460 tubos de 6
m de comprimento e diâmetro externo de 3/4", 5616 Kg/h de óleo (c p = 1,25 Kcal/Kg.ºC ) é
resfriado de 80 ºC para 40 ºC, por meio de água (cp = 1,0 Kcal/Kg.ºC) cuja temperatura varia
25 ºC ao passar pelo trocador. O óleo passa pelos tubos e tem coeficiente de película de 503,6
Kcal/h.m2.ºC e a água, que passa pelo casco, tem coeficiente de película de 200 Kcal/h.m 2.ºC.
Esta previsto um fator fuligem de 0,013. Pede-se as temperaturas de entrada e saída da água.
Resposta: Te = 12,8 ºC; Ts = 37,8 ºC.
7 – TROCADORES DE CALOR 102

Exercício 7.6) Um trocador de calor casco e tubo deve ser projetado para aquecer 2,5
Kg/s de água de 15 a 85 ºC. O aquecimento deve ser realizado pela passagem do óleo quente
de motor, que se encontra disponível a 160 ºC, através do lado do casco do trocador. Sabe-se
que o óleo fornece um coeficiente de convecção de 400 W/m 2.K no lado externo dos tubos, e a
água um coeficiente de 3061 W/m2.K. A água passa no lado dos tubos. Cada tubo apresenta
parede delgada, de diâmetro de 25 mm, e faz oito passes através do casco. Cada passe tem
10 tubos. Se o óleo deixa o trocador a 100 ºC, qual a sua taxa de escoamento? Qual deve ser o
comprimento dos tubos para fornecer o aquecimento desejado? Dados: Cpóleo = 2350 J/Kg.K;
Cpágua = 4181 J/Kg.K. Resposta: 5,19 Kg/s; 37,9 m.
8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 103

8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO
A transferência de calor associada a um processo de mudança de estado, por envolver o
calor latente, é sempre um fenômeno muito mais intenso do que a maioria dos fenômenos de
convecção que envolvem apenas transporte de calor sensível.
Os processos de transferência de calor com mudança de fase são: condensação,
vaporização (evaporação e ebulição), solidificação, fusão e sublimação.
Neste capítulo serão estudados os processos de convecção associados à mudança de
fase em um fluido. Em particular, serão considerados os processos que podem ocorrer em uma
interface sólido-líquido (ebulição e condensação). Para esses casos, os efeitos do calor latente
associado à mudança de fase são significativos.
Uma vez que envolvem movimentação do fluido, a ebulição e a condensação são
classificadas como formas de transferência de calor por convecção. Entretanto, elas possuem
características específicas. Devido à existência da mudança de fase, a transferência para ou a
partir de um fluido pode ocorrer sem modificar a temperatura do fluido.
Muitos problemas de engenharia envolvem a ebulição e a condensação. Por exemplo,
ambos os processos são essenciais em todos os ciclos de potência e refrigeração fechados.
Em um ciclo de potência, o líquido pressurizado é convertido em vapor em uma caldeira. Após
a expansão na turbina, o vapor retorna ao estado líquido em um condensador, e depois é
bombeado até a caldeira para repetir o ciclo. Evaporadores, nos quais o processo de ebulição
ocorre, e condensadores também são componentes essenciais nos ciclos de refrigeração por
compressão de vapor. O projeto racional de tais componentes exige que os processos com
mudança de fase a eles associados sejam bem entendidos.

8.1 – CONDENSAÇÃO
A condensação tem lugar sempre que o vapor entra em contato com uma superfície que
está a uma temperatura menor que a temperatura de saturação, àquela pressão. Em
equipamentos industriais, o processo comumente resulta do contato entre o vapor e uma
superfície fria. A energia latente do vapor é descarregada, o calor é transferido para a
superfície e o condensado é formado. A condensação junto a uma superfície pode ocorrer de
duas maneiras, dependendo da condição da superfície: em gotas ou em filme.
A condensação em película é geralmente característica de superfícies limpas e
descontaminadas, onde uma película de líquido cobre toda a superfície da condensação, e sob
ação da gravidade a película escoa continuamente da superfície. Entretanto, se a superfície é
8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 104

coberta com uma substância que iniba o umedecimento, é possível manter a condensação em
gotas. As gotas se formam em fendas, depressões e cavidades sobre a superfície e podem
crescer e se unir através da condensação continuada.

Independentemente de se encontrar na forma de película ou gotas, a condensação


fornece uma resistência à transferência de calor entre o vapor e a superfície. Devido a essa
resistência aumentar com a espessura do condensado, que aumenta na direção do
escoamento, é desejável utilizar pequenas superfícies verticais ou cilindros horizontais em
situações envolvendo condensação em película. A maioria dos condensadores, portanto,
consite em feixes de tubos horizontais através dos quais um líquido refrigerante escoa e em
torno do qual o vapor a ser condensado é circulado.

8.2 – EBULIÇÃO
A ebulição ocorre quando um líquido está em contato com uma superfície que é mantida
a uma temperatura (Tp) acima da temperatura de saturação (Tsat) correspondente à pressão no
líquido.
O processo é caracterizado pela formação de bolhas de vapor que crescem e
subsequentemente se desprendem da superfície. O crescimento e a dinâmica das bolhas de
vapor dependem, de forma complicada, do excesso de temperatura, da natureza da superfície
e das propriedades termofísicas do fluido, assim como da tensão superficial. Por sua vez, a
8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 105

dinâmica da formação das bolhas de vapor afeta o movimento do líquido próximo à superfície e
além disso influencia fortemente o coeficiente de transferência de calor.
A ebulição pode ocorrer de duas formas, ebulição em vaso ou com convecção forçada.

Ebulição com convecção forçada


Na ebulição com convecção forçada o movimento do fluido é induzido por meios
externos, assim como pela convecção livre e pela mistura induzida pelas bolhas.

Ebulição em vasos
Na ebulição em vaso o líquido encontra-se em repouso e seu movimento próximo à
superfície é devido à convecção livre e à mistura induzida pelo crescimento e desprendimento
das bolhas.
A ebulição toma diferentes formas dependendo do excesso de temperatura. Existem
quatro diferentes regimes de ebulição:
1) Ebulição com convecção natural.
2) Ebulição nucleada.
3) Ebulição de transição.
4) Ebulição em película.

A CURVA DE EBULIÇÃO
Os diferentes regimes estão identificados na curva de ebulição de acordo com o valor do
excesso de temperatura. A figura mostra a curva de ebulição para água a 1 atm.
8 – EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO 106
9 – FORMULÁRIOS 107

9 – FORMULÁRIOS

9.1 – PRIMEIRA PROVA

q
T
I
V
q x  kA
dT
R
L q
k .2. .L
. T1  T2  R
 r
ln r2
1

R R dx kA  r2  k .2. .L
 ln 
 r1 
Ėe +Ėg – Ės = 0

d 2T
0 T  c1 x  c2
dx 2
1
q  Sk T12 Rt ,cond (2 D ) 
Sk
9 – FORMULÁRIOS 108
9 – FORMULÁRIOS 109

 h. As 
T  T  t
hL  .t k T  T
e  c.  .V 
Bi  Fo    e Bi Fo
T0  T k L2  .c T0  T

1
q  hA(TS  T ) R
hA

k
kt . A u x u x
q Ts  T  Re x   =  h t
t   
t

 
 Nu L  0, 037 Re 4 5  871 Pr
L  1
3


 0, 6  Pr  60 
1 1   Nu D 
hD 1
 C Re D Pr 3
m
Nu L  0,664 Re L 2 Pr 3
5 10  Re L 10 
5 8
k
 ~

 Re x ,c  5 10 5


ReD C m
0,4 - 4 0,989 0,330
4 - 40 0,911 0,385
40 – 4.000 0,683 0,466
4.000 – 40.000 0,193 0,618
40.000 – 400.000 0,027 0,805

hL cp   VL
NuL  Pr   Re 
kf k  

qconv  mc p Tm, s  Tm,e 

m   um Ac
Ts  Te Ts  Ts  Tm, s
qconv  hAs Tlm Tlm  
T
ln  s  Te  Ts  Tm,e
 Te 

4
Esfera: As  4 R 2 V   R3
3
Cilindro: V   R 2 h Ab   R 2 Al  2 Rh
9 – FORMULÁRIOS 110

9.2 – SEGUNDA PROVA


T T é o potencial térmico e V
q onde,  I
R  R é a resistência térmica da parede R
4
Esfera: As  4 R 2 V   R3 Cilindro: V   R 2 h Ab   R 2 Al  2 Rh P D
3

q x  kA
dT
R
L q
k .2. .L
. T1  T2  R
 r
ln r2
1
q  hA(TS  T ) R
1
dx kA  r2  k .2. .L hA
 ln 
 r1 
σ = 5,67 x 10-8 W/m2 . K4 σ = 4,88 x 10-8 kcal/h. m2 . K4 σ = 0,173 x 10-8 Btu/h . ft2 . ºF
Eb= σ Ts4 E = εσ Ts4 Gabs = α G q'’ = ε σ (Ts4 – Tviz4)
qrad "  hR(Ts  Tviz ) hR = εσ (Ts2 + Tviz2) (Ts + Tviz)

J   E  G
N

q12  E1. A1.F12 A1 . F12  A2 . F21 q  A1.F12 . T  T 1


4
2
4
 F
j=1
ij 1
9 – FORMULÁRIOS 111
9 – FORMULÁRIOS 112

q12  q1  q2 

 T14  T2 4 
1  1 1 1 2
 
1 A1 A1F12  2 A2
9 – FORMULÁRIOS 113

h.P
m
k.A
T  T  Ts  T  .e m. x qaleta  h.P.k. A. Ts  T 
T  T cosh  m  L  x  
 qaleta  h.P.k. A. Ts  T  .tgh  m.L 
Ts  T cosh (m.L)
 senh  m.L    h m.k  .cosh  m.L  
qaleta  h.P.k . A. Ts  T  . 
 cosh  m.L    h m.k  .senh  m.L  
 
T  T cosh  m  L  x    h mk  senh  m  L  x 

Ts  T cosh (m.L)   h mk  senh  mL 
9 – FORMULÁRIOS 114

9.3 – TERCEIRA PROVA


T T é o potencial térmico e V
q onde,  I
R  R é a resistência térmica da parede R
4
- Esfera: As  4 R 2 V   R3
3
- Cilindro: V   R 2 h Ab   R 2 Al  2 Rh P D

Tmax  Tmin
MLDT  q  m.c p .  te  ts   M .C p . Ts  Te 
T
ln max
Tmin
q  m.H m  .V . A
 T total
q 1 1 1
=  q  U C . Ae .  MLDT 
1 1
 Rcond  U C hi he
hi . Ai he . Ae
Ae .T total
q 
1 1 Rd  Rdi  Rde
  Rd
hi he

q  U D . Ae .  MLTD 
1 1
  Rd
U D UC
t t T T
q U . Ae . MLDT. FT S 2 1 R 1 2
D T1  t1 t 2  t1
9 – FORMULÁRIOS 115

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