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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPIRITO SANTO – UNESC

ALEXANDRE CRUKIL RAASCH

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE BOVINOS INFECTADOS


POR TRYPANOSOMA VIVAX

COLATINA

2016
ALEXANDRE CRUKIL RAASCH

LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE BOVINOS INFECTADOS


POR TRYPANOSOMA VIVAX

Projeto do Trabalho de Conclusão de


Curso apresentado ao Centro universitário
do Espirito Santo – UNESC, no curso de
Medicina Veterinária, sob orientação do
professor Claudio Wermelinger da
Fonseca, como requisito para obtenção
do título de Bacharel em Medicina
Veterinária.

COLATINA

2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESES ........................................................... 6
2 JUSTIFICATIVA E BENEFÍCIOS ............................................................................ 7
3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 8
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 8
4 METAS E DESFECHO PRIMÁRIO .......................................................................... 9
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS ....................... 10
5.1 QUESTIONÁRIO.............................................................................................. 11
6 RISCOS.................................................................................................................. 13
7 CRONOGRAMA .................................................................................................... 14
8 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 15
8.1 TRYPANOSOMA ............................................................................................. 15
8.2 TRIPANOSOMÍASE ......................................................................................... 15
8.3 TRYPANOSOMA VIVAX.................................................................................. 15
8.3.1 DISTRIBUIÇÃO ......................................................................................... 16
8.3.2 TRANSMISSÃO ........................................................................................ 16
8.3.3 CICLO BIOLÓGICO .................................................................................. 18
8.3.4 SINAIS CLÍNICOS ..................................................................................... 19
8.4 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA ......................................................................... 19
8.5 DIAGNÓSTICO DA DOENÇA .......................................................................... 20
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22
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INTRODUÇÃO

A bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro e tem


grande importância no cenário mundial, sendo que o Brasil possui o segundo maior
rebanho comercial do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças e o setor
pecuário, atualmente, representa 6,5% do PIB brasileiro e é responsável por 18%
das exportações do agronegócio nacional, não deixando dúvidas que constitui um
dos principais pilares econômicos do país. Esse imenso rebanho frequentemente é
infectado por inúmeros parasitos. Dentre eles podemos citar oTrypanosoma vivax,
que no Brasil foi inicialmente diagnosticado em búfalos no Estado do Pará na
década de 70 e somente após 1995 foi diagnosticado fora da região norte, sendo
que no sudeste foi diagnosticado a partir de 2005.

O T. vivax é um hemoprotozoário, sendo a espécie de maior relevância na


medicina veterinária e responsável por impactos econômicos à bovinocultura em
diversos continentes, como África, Ásia, América Central e América do Sul. Este
parasita apresenta alta capacidade de adaptação, fator fundamental para sua
disseminação, tornando-o de grande importância devido ao amplo número de
vetores. Sendo que na América do Sul, seus principais transmissores são dípteros
hematófagos como a Musca domestica e tabanídeos como Stomoxys calcitrans e
Haematobia Irritans, transmitindo a animais imunossuprimidos em virtude de
deficiência alimentar ou patologias parasitárias, bacterianas, virais ou endócrinas. A
infecção por este parasita se não identificada corretamente e precocemente, pode
levar a redução da fertilidade, aborto, perda de peso e se não tratada
adequadamente leva a morte.

Estudos realizados em todo Brasil demostram uma maior prevalência em


animais adultos, geralmente com deficiências nutricionais ou que passam por
estresse, tais como longos períodos de seca, alta incidência de insetos hematófagos
ou episódios de imunossupressão, sendo estes aspectos uma realidade atual do
Estado do Espirito Santo e parte do Estado de Minas Gerais. A infecção apresenta-
se geralmente em forma de foco epizoótico, o que pode levar a ocorrência da
infecção em propriedades vizinhas as do foco de infecção.
5

O presente trabalho visa conhecer a distribuição de animais expostos ao


parasita e infectados que apresentarem sinais clínicos da doença no entorno da área
do foco de infecção em que houve confirmação por exames laboratoriais ou com
suspeita de animais infectados, classificar a faixa etária de animais infectados e
comparar a prevalência da infecção entre animais do sexo masculino e feminino e
analisar a possibilidade de recidiva nos animais tratados.

Será realizada entrevista, através de questionário aos proprietários e


tratadores dos animais em propriedades vizinhas ao foco de infecção, para
levantamento de informações que auxiliem na identificação de animais que
apresentem um quadro clínico indicativo de infecção por Trypanosoma. Identificados
os animais suspeitos de tripassonomíase, será realizada coleta de sangue por
venopunção para pesquisa de T. vivax, utilizando as técnicas de esfregaço
sanguíneo, método da gota espessa e microhematócrito de Woo, e assim identificar
animais infectados ou que apresentam anticorpos para T. vivax, visto que alguns
animais podem apresentar falso negativo para o esfregaço sanguíneo.

Fatores como o possível desconhecimento por parte de criadores e médicos


veterinários e a similaridade dos sinais clínicos com outras doenças tende a dificultar
a diagnose desta enfermidade. Após o diagnóstico correto desta afecção é possível
estabelecer um tratamento eficaz e a adoção de medidas preventivas, tornando
relevante à realização de estudos voltados ao conhecimento dos aspectos clínicos
da doença e a faixa etária de animais infectados por esta importante
hemoparasitose, podendo assim, compreender a disseminação do protozoário na
região de realização do estudo.
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1 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESES

Qual a faixa etária e a distribuição de animais infectados por Trypanosoma


vivax em propriedades vizinhas a um foco de infecção confirmado por exames
laboratoriais?

 As propriedades que mantem limites com a propriedade foco tem maior


chance de apresentar animais infectados.
 Fêmeas gestantes tem maior chance de infecção devido às alterações
fisiológicas decorrentes da prenhez.
 Bovinos mal nutridos tem maior possibilidade de infecção devido ao
estresse alimentar.
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2 JUSTIFICATIVA E BENEFÍCIOS

O conhecimento de um episódio de infecção em bovinos causado por T. vivax,


a provável dispersão da doença na região circunvizinha a origem do surto, a
possível insciência por parte de criadores e médicos veterinários, como a
similaridade de sinais clínicos com outras doenças tende a dificultar a diagnose
desta enfermidade e consequentemente o tratamento e adoção a medidas
preventivas, tornando relevante à realização de estudos voltados ao conhecimento
da abrangência e da faixa etária de animais infectados por esta importante
hemoparasitose, na região de efetuação do estudo.

Ressalta-se a importância de compreender a disseminação do protozoário na


região perifocal a um surto de tripanosomíase, e conhecer o efeito da infecção por T.
vivax sobre os animais e assim realizar um diagnóstico preciso e auxiliar na tomada
de decisão quanto à prevenção e tratamento da enfermidade, reduzindo a incidência
de indivíduos infectados.
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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Conhecer a epidemiologia e a distribuição de animais expostos ao parasita e


infectados que apresentarem sinais clínicos da doença no entorno da área do foco
de infecção e conhecer a classe de animais afetados pela enfermidade e sua faixa
etária.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Realizar exames laboratoriais para confirmação da infecção ou exposição ao


agente etiológico.
 Classificar a faixa etária de animais infectados.
 Comparar a prevalência da infecção entre animais do sexo masculino e
feminino.
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4 METAS E DESFECHO PRIMÁRIO

Para o estudo e acompanhamento dos casos de Trypanosoma vivax, vários


procedimentos serão adotados contribuindo de forma crescente para o
estabelecimento do conhecimento da doença na região de realização do estudo, seu
diagnóstico, incidência e focos que serão analisados através da investigação destes
hemoparasitas pelas técnicas de esfregaço sanguíneo, gota espessa,
microhematócrito e exame sorológico.

A região na qual será realizado o estudo apresenta evidências de casos de


animais infectados de forma natural pelo agente causador da enfermidade, o
Trypanosoma vivax. Espera-se diagnosticar a doença em animais que apresentam
os sinais clínicos comumente observados em episódios de infecção e identificar a
faixa etária dos animais doentes e a disseminação da doença no perifoco do surto
de tripasonomíase.
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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS

Será desenvolvida uma pesquisa utilizando animais da espécie bovina em


fazendas no município de Aimorés Estado de Minas Gerais e em fazendas no
município de Colatina Estado do Espirito Santo. Será realizado levantamento de
informações, através de questionário aos proprietários ou tratadores responsáveis
pelos animais e também aos profissionais médicos veterinários responsáveis pelas
propriedades que serão utilizadas para desenvolvimento da pesquisa. O
questionário irá identificar animais que apresentem um quadro clínico indicativo de
tripassonomíase.

Após o levantamento dos dados da pesquisa a campo, será realizada coleta


de sangue dos animais suspeitos para avaliação de esfregaço sanguíneo e
realização de exame sorológico, para diagnosticar animais infectados ou que
apresentam anticorpos para T. vivax, visto que alguns animais podem apresentar
falso negativo para o esfregaço sanguíneo.

Para a coleta de amostras de sangue os animais serão contidos em tronco e as


amostras serão colhidas na veia caudal ventral (base da cauda) e veia jugular, em
seguida, as amostras serão encaminhadas ao Laboratório CDV – Centro de
Diagnóstico Veterinário e realizados hemogramas e confecção de lâminas para
esfregaço sanguíneo, que consiste em colocar uma gota do sangue em uma lâmina
a uma distância de aproximadamente 2-3 cm de um lado final. A gota é espalhada
na lâmina até o lado final oposto, isto é feito empurrando a gota com outra lâmina,
num ângulo de 45 º. São recomendáveis esfregaços de camada fina, pois facilitam a
leitura ao apresentarem células mais dispersas (SILVA et al, 2003).

Também será avaliada pelo método da gota espessa, que é realizado


colocando-se uma pequena gota de sangue sobre uma lâmina, e com o auxilio de
um palito agita-se por meio de movimentos circulares, esticando a gota de maneira
que fique com um diâmetro de 6 mm. Assim, uma vez hemolisado o sangue, deve
ser colocada na estufa a 100 ºC durante 30 minutos. Em seguida corar com Giemsa
sem precisar fixar em álcool. O tripanosoma fica livre de eritrócitos, observando-se
unicamente glóbulos brancos e plaquetas ao redor dele (SILVA et al, 2003).
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Além dos métodos anteriores também será realizado o microhematócrito pelo


método de Woo que consiste em preencher aproximadamente 2/3 do volume de
cada capilar com o sangue a ser testado. É recomendável montar dois capilares por
cada amostra de sangue. Selar com chama ou com plastilina numa das
extremidades. Centrifugar e logo em seguida realizar a leitura. Para o Buffy Coat
pode se montar uma lâmina, quebrando cada capilar na parte onde se divide a parte
líquida com a parte celular, colocando assim uma ou duas gotas deste material
numa lâmina e fazendo logo o esfregaço. Serão armazenadas amostras para
realização de sorologia caso necessária (SILVA et al, 2003).

5.1 QUESTIONÁRIO

Qual atividade da propriedade?


( ) Gado Leiteiro
( ) Gado de Corte
Os animais apresentam emagrecimento progressivo?
( ) Sim
( ) Não
Houve mortes de animais após emagrecimento progressivo?
( ) Sim
( ) Não
Houve abortos nos últimos três meses de gestação?
( ) Sim
( ) Não
Os animais apresentam perda de apetite?
( ) Sim
( ) Não
Os animais apresentam andar cambaleante ou tremores musculares?
( ) Sim
( ) Não
Houve redução na produção leiteira?
( ) Sim
( ) Não
Houve episódios de diarreia em animais adultos?
( ) Sim
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( ) Não
Os animais apresentam lacrimejamento?
( ) Sim
( ) Não
É realizado controle de mosca dos chifres e mosca do estábulo?
( ) Sim
( ) Não
Houve algum surto de moscas atacando os animais recentemente?
( ) Sim
( ) Não
Com que frequência é feita a limpeza do curral?
( ) Toda semana
( ) A cada 15 dias
( ) A cada 30 dias
( ) A cada 6 meses ou mais
Os animais são criados confinados?
( ) Sim
( ) Não
Utiliza-se a mesma agulha para aplicação de medicamentos como ocitocina ou
outros medicamentos?
( ) Sim
( ) Não
Foi realizado algum procedimento cirúrgico em um número maior de animais, nos
últimos 30 dias?
( ) Sim
( ) Não
Já foi realizada na propriedade alguma prevenção para a doença com a utilização de
medicamentos?
( ) Sim. Se sim quais?
( ) Não
Houve introdução de animais provenientes de outras regiões do país ou do estado
na propriedade nos últimos 30 dias?
( ) Sim
( ) Não
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6 RISCOS

Os riscos da pesquisa são de não haver propriedades com suspeita de animais


infectados ou não haver confirmação pelos exames realizados.
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7 CRONOGRAMA

Quadro 1 – Cronograma de Atividades para o desenvolvimento do TCC


MESES
FASES
S O N D J F M A M J
Escolha e
delimitação do
tema de pesquisa
Elaboração dos
elementos do
projeto de
pesquisa
Desenvolvimento
do referencial
teórico
Entrega do projeto
de pesquisa
Coleta dos dados
e avalição
laboratorial
Análise e
discussão dos
dados
Conclusão
Ajustes finais de
formatação
Entrega do artigo
científico
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8 REFERENCIAL TEÓRICO

8.1 TRYPANOSOMA

É o gênero dos hemoprotozoários flagelados que referem-se à família


Trypanosomatidae. Este gênero presenta espécies hemoparasitas de animais vertebrados
de todas as ordens (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos); transmitidos para seus
hospedeiros por vários vetores invertebrados hematófagos (RODRIGUES et al., 2016). Com
referência a maneira de transmissão, houve a segmentação do gênero Trypanosoma nas
seguintes seções: “Salivaria” e “Stercoraria”. Os hemoprotozoários pertencentes à seção
Salivaria são os transmitidos por meio da saliva (inoculação), já à seção Stercoraria,
pertencem aqueles disseminados através das fezes dos insetos transmissores
(contaminação) (SILVA et al., 2002).

8.2 TRIPANOSOMÍASE

É uma enfermidade provocada por espécies de hemoprozoários do


gênero Trypanosoma em vários continentes, acometendo animais domésticos e
silvestres, bem como os seres humanos. No continente sul americano as espécies
de maior relevância para a medicina veterinária são Trypanosoma
vivax, Trypanosoma evansi, Trypanosoma equiperdum, Trypanosoma cruzie e
Trypanosoma theileri (OSÓRIO et al., 2008). O agente causador da doença em
bovinos é o T. vivax (GUERRA, 2013).

8.3 TRYPANOSOMA VIVAX

O T. vivax é um protozoário pleomórfico unicelular, eucariótico, flagelado, da


classe Mastigophora, ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, subordem
Trypanosomatina e do subgênero Duttonella (GUERRA, 2013), que pertence à
seção Salivaria (JUNIOR, 2014), possuindo somente a conformação de
tripomastigota na circulação sanguínea do seu hospedeiro vertebrado, multiplicando-
se de forma assexuada por fissão binária (ABRÃO, 2009).

Na forma de tripomastigota, o protozoário possui o corpo achatado e alongado,


com extremos afilados e cinetoplasto pós-nuclear, sendo que o flagelo apresenta-se
próximo ao cinetoplasto, emergindo na lateral do corpo e difundindo-se pela
membrana ondulante (ABRÃO, 2009).
16

8.3.1 DISTRIBUIÇÃO

No continente africano, o T. vivax pode ser encontrado em todas regiões onde


há presença da mosca tsé-tsé, gênero Glossina sp. Na região Oeste da África, o
agente T. vivax é classificado como o de maior patogenicidade para os bovinos
(SILVA et al., 2002). De acordo com Barros (2009) o primeiro caso de
tripanossomíase por Trypanosoma vivax diagnosticado nas Américas foi observado
na Guiana Francesa no ano de 1919, e posteriormente em outros países da América
do Sul, Central, e também em algumas ilhas do Caribe.

Mais tarde, em 1946 foi mencionado por Boulhosa, a ocorrência do T. vivax


em bovinos no Estado do Pará, e em 1972 Shaw e Laison descreveram o
hemoparasita em um búfalo (Bubalis bubalis) próximo a cidade de Belém, também
no Estado do Pará (SILVA et al., 2002). No Estado do Mato Grosso, a infecção foi
identificada em animais de fazendas situadas na região de Poconé do Pantanal
(OSÓRIO, 2008). A tripanossomose bovina foi identificada no pantanal
matogrossence, nos municípios de Miranda e Aquidauana (Paiva et al., 1997) e em
bovinos leiteiros no município de Igarapé, região central do Estado de Minas Gerais
(ABRÃO, 2009).

Paiva et al (2000) também descreveram a infecção por T. vivax na região de


Poconé, Estado de Mato Grosso. Há relatos sobre T. vivax em ovinos e bovinos na
Amazônia, em búfalos no Amapá, e em bovinos do Pantanal (SILVA et al., 2002). No
Estado do Maranhão há um registro de animais infectados no município de Itapecuru
Mirim, situado nas proximidades da capital São Luis (BARROS et al., 2009). A
abrangente disseminação do protozoário T. vivax, fora do seu local de procedência,
o continente africano, é devido a sua habilidade de adaptar-se à transmissão
mecânica por insetos hematófagos como tabanídeos e Stomoxys spp (PAIVA,
2009).

8.3.2 TRANSMISSÃO

No continente africano, o agente é transmitido ciclicamente por moscas do


gênero Glossina sp, conhecidas popularmente com tsé-tsé. Porém em algumas
regiões da África e também na América Latina, a transmissão acontece de forma
mecânica por espécies de dípteros hematófagos, como tabanídeos e Stomoxys spp
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(GUERRA, 2013). Segundo Silva et al (2002) moscas da espécie Stomoxys


calcitrans que se alimentaram em ovinos infectados por T. vivax, que tiveram a
alimentação interrompida e em menos de 15 segundos se alimentaram de outro
animal foram capazes de realizar a transmissão mecânica.

De acordo com Abrão (2009), existe uma relação entre a época do ano, mais
precisamente a estação chuvosa, com um aumento nos surtos de infecção por T.
vivax em bovinos, pois nesse período ocorrem picos populacionais dos insetos
transmissores, principalmente tabanídeos, aumentando o risco de transmissão do
tripanosoma. A taxa de transmissão mecânica está ligada ao nível de parasitemia
nos animais hospedeiros (BARROS, 2009).

Além das formas descritas anteriormente, Guerra (2013) citou a transmissão


transplacentária em cordeiros, resultante da inoculação experimental de T. vivax em
ovelhas no terço final da gestação, o que pode levar a ocorrência de abortos. Guerra
(2013) relata ainda a utilização de uma única agulha para aplicar medicamentos e
vacinas em vários animais ou o mesmo instrumental cirúrgico em mais de um
animal, com curto intervalo de tempo, e que o sangue presente neles não tenha
coagulado em procedimentos como castração e descorna cirúrgica, pode ocorrer à
transmissão iatrogênica.

Períodos prolongados de seca com redução da disponibilidade de pastagem ou


o aumento da densidade animal por área, são fatores que levam a deficiências
nutricionais, causam nos animais maior susceptibilidade a tripanosomíase,
resultante da infecção por T. vivax transmitida especialmente por tabanídeos que
apresentam maior população neste período (MADRUGA, 2009). De acordo com
relato de Silva et al (2002), em uma infecção experimental em animais das espécies
bovinos, caprinos e ovinos puderam ser observadas variações nos períodos de
incubação, de 2 a 31 dias, com significativa irregularidade no que diz respeito as
parasitemias, apresentando inclusive, fazes com ausência dos hemoprotozoários na
corrente sanguínea periférica.
18

Figura 01: Transmissão mecânica de Trypanosoma vivax por insetos hematófagos


(reproduzido de Souza, 2009).

8.3.3 CICLO BIOLÓGICO

O T. vivax possui dois hospedeiros, sendo um invertebrado e outro vertebrado.


Seu ciclo inicia-se na probóscide do inseto vetor, estando o protozoário na
conformação de tripomastigota, que na transmissão mecânica apenas tem o papel
de transportar o parasito inoculando-o na corrente sanguínea do hospedeiro
vertebrado no momento da picada (SOUZA, 2009).

Quando a transmissão ocorre de forma cíclica o inseto vetor ingere a forma


tripomastigota, proveniente de um hospedeiro vertebrado infectado (ABRÃO, 2009).
O parasita se fixa à parede interna da proboscídea pela região flagelar onde ocorre a
diferenciação para a forma epimastigota, perdendo neste processo a capa superficial
de glicoproteínas. Após a diferenciação ocorre acentuada multiplicação e forma-se
nova camada de glicoproteína superficial, e posteriormente diferencia-se novamente
em tripomastigota metacíclico, altamente infectante, que são inoculados nos
animais, por moscas enquanto se alimentam do sangue dos hospedeiros. Após a
inoculação ocorre nova troca da capa glicoproteica superficial, havendo
diferenciação para tripomastigotas sanguíneos, as quais se multiplicam por fissão
binária na corrente sanguínea, provocando estado de parasitemia nos animais
infectados (PAIVA, 2009).
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8.3.4 SINAIS CLÍNICOS

Segundo Guerra et al (2013), animais que apresentam diagnóstico positivo


para tripanossomíase podem muitas vezes apresentar-se assintomáticos, ou
expressar sinais como anemia, redução do peso de forma progressiva,
sintomatologia neurológica, que de acordo com Paiva (2009) é caracterizada por
incoordenação, tremores musculares, cegueira transitória e/ou permanente e
hipermetria, outros sinais também podem ser observados como abortos, quedas na
produção de leite e carne, e em casos mais graves, morte. Paiva et al (2000)
relataram sinais como febre, letargia, perda de apetite, fraqueza, lacrimejamento,
diarréia, aborto, substancial perda de peso em curto período de tempo, emaciação
progressiva, morte.

Em ruminantes a enfermidade pode causar sinais clínicos como reações na


pele, anemia, síndromes hemorrágicas e efeitos sobre a fertilidade. Em áreas
pantanal Brasileiro e Bolíviano, observam-se com maior frequência em exames
sanguíneos, anemia e leucopenia, principais fatores causadores da mortalidade. Em
fêmeas prenhas a infecção por T. vivax pode ocasionar morte logo após o
nascimento e nascimentos prematuros (SOUZA, 2005).

8.4 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

As enfermidades que acometem animais prejudicam tanto o desenvolvimento e


crescimento da produção agropecuária e bem estar dos animais, quanto o bem estar
do homem, gerando barreiras para a redução e escape da pobreza nos países em
desenvolvimento (ABRÃO, 2009).

A tripanossomíase se trata de uma importante enfermidade no âmbito


econômico, pois o grande número de vetores e hospedeiros susceptíveis, a
deficiência imunitária e subnutrição, são fatores que predispõem a infecção (ABRÃO
et al., 2009). De acordo com Bezerra e Batista (2008), desordens reprodutivas
podem apresentar-se tanto em machos quanto em fêmeas infectados por T. vivax,
seja a infecção natural ou experimental. Em animais do sexo masculino, os sinais
reprodutivos são a perda de libido, retardamento da puberdade e má qualidade do
sêmen, fatores que levam a redução da eficiência reprodutiva, já nas fêmeas pode
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haver anestro temporário ou permanente, anormalidade no ciclo estral, morte fetal e


abortamento, partos distócitos e morte neonatal (ABRÃO et al., 2009).

A perda econômica provocada pelo T. vivax é difícil de ser estabelecida


especificamente em função da ocorrência concomitante com outras enfermidades,
porém estima-se o custo enfermidade em rebanhos bovinos seja 4% do valor
estimado do rebanho, quando é realizado o tratamento e quando não realizado
nenhum tratamento o custo pode se elevar 17% do valor total do rebanho (JUNIOR,
2014).

O impacto causado pela tripanossomose bovina até então não foi estimado de
forma satisfatória na América Latina, porém acredita-se que ocupe o terceiro lugar
entre doenças parasitárias em importância econômica, na Colômbia. Na Guiana
francesa, foi estimado um custo de 3,3% do peso vivo por animal. No Brasil, em
regiões de alto risco de infecção como o pantanal, o custo do tratamento com
Cloreto de Isometamidium (Trypamidium®) é previsto em torno US$ 37.80 por
animal por ano, no que diz respeito à prevenção da infecção por T. vivax (OSÓRIO
et al., 2008).

Abrão et al (2009) também descreve perdas econômicas no Pantanal brasileiro


e em regiões de planícies na Bolívia, que podem superar a casa dos 160 milhões de
dólares, considerando a população de aproximadamente 11 milhões de animais
nestas regiões, avaliados em aproximadamente três bilhões de dólares.

8.5 DIAGNÓSTICO DA DOENÇA

Para diagnóstico da infecção, baseada em dados epidemiológicos e sinais


clínicos sugestivos da enfermidade, devem-se considerar as características de
sensibilidade e também a especificidade do método utilizado, tendo em vista as
diferentes fases da doença (PAIVA, 2009).

Métodos parasitológicos, imunológicos e moleculares podem ser utilizados no


diagnóstico da infecção por T. vivax (SOUZA, 2009). No Brasil, para diagnóstico
desta importante hemoparasitose, o método mais utilizado é o parasitológico,
quando nos referimos a infecções por T. vivax em rebanhos bovinos. Esse método
consiste no preparo de esfregaços sangüíneos corados, com posterior observação
em microscopia óptica (GUERRA, 2013).
21

A infecção por T. vivax apresenta duas fases, sendo uma aguda e outra
crônica. No estágio agudo da doença, os protozoários apresentam-se abundantes
na corrente sanguínea, tornando possível a identificação morfológica do parasita por
métodos diretos, por meio de avaliação microscópica do sangue fresco entre lâmina
e lamínula. No estágio em que ocorre a intermitência e a redução da parasitemia, se
torna necessária a realização da técnica da centrifugação do sangue em tubo
capilar, conhecida como microhematócrito de WOO (GUERRA, 2013), que segundo
Paiva (2009), é capaz de revelar o T. vivax mesmo havendo quantidade menor que
cinco parasitas por μl de sangue.

A doença em sua fase crônica, devido à baixa sensibilidade das técnicas de


observação direta, passa a ser diagnosticada laboratorialmente por métodos
imunológicos, sendo utilizados especialmente em levantamentos epidemiológicos,
em casos de rebanhos com infecção subclínica (PAIVA, 2009). Estes métodos,
embora apresentem elevadas sensibilidade e especificidade, possuem limitações,
pois indicam apenas, a exposição ao agente etiológico, e não informam sobre o
curso da doença (BARROS, 2009).

No Brasil, são utilizados com maior frequência para diagnóstico de infecção por
Trypanosoma vivax, os métodos de Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) e
ELISA. Na América do Sul, uma das vantagens de se utilizar o teste de ELISA, é a
ausência de espécies de protozoários que geram resposta imune produzindo
reações cruzadas com o T. vivax, diferentemente do que ocorre no continente
africano, com T. congolense (ABRÃO, 2009). O diagnóstico precoce e preciso da
infecção por T. vivax é um importante aspecto no que diz respeito a um tratamento
eficaz (SOUZA, 2005).
22

REFERÊNCIAS
ABRÃO, Diana Cuglovici et al. Impacto econômico causado por Trypanosoma
vivax em rebanho bovino leiteiro no Estado de Minas Gerais. 2009. Tese
(Doutorado) – Curso de parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas ICB,
Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais.

ABRÃO, Diana Cuglovici. Surto por Trypanosoma vivax em rebanho bovino


leiteiro em Minas Gerais: Aspectos epidemiológicos e clínicos. 2009. Tese (Pós-
Graduação) – Programa de Pós-Graduação em Parasitologia do Instituto de
Ciências Biológicas da UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais.

BATISTA, Jael. S et al. Aspectos clínicos, epidemiológicos e patológicos da infecção


natural em bovinos por Trypanosoma vivax na Paraíba. Pesquisa Veterinária
Brasileira. Paraíba, v.28, n.1, p.63-69, 2008.

BEZERRA, Francisco Silvestre Brilhante; BATISTA, Jael Soarez. Efeitos da


infecção por Trypanosoma vivax sobre a Reprodução: uma revisão. Acta
Veterinária Brasilica. Mossoró, v.2, n.3, p.61-66, 2008.

FIDELIS JUNIOR, Otávio Luiz. Patogenicidade do isolado “Lins” de


Trypanosoma vivax em bovinos natural e experimentalmente infectados. 2014.
F451p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências Agrárias e veterinárias, Jaboticabal.

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