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A obra de Teixeira de Freitas e o Direito

Latino-Americano

Arnoldo Wald

Sumário
1. A importância de Teixeira de Freitas no
Direito Latino-Americano. 2. A Consolidação
das Leis Civis. 3. O Esbôço. 4. A originalidade
do Direito Latino-Americano. 5. A modernida-
de de Teixeira de Freitas. 6. A unificação do
Direito Privado. 7. Influência exercida sobre os
códigos modernos. 8. O direito obrigacional
do Mercosul.

“El Dr. Vélez Sársfield era un admirador de Sa-


vigny y de él y del discipulo de éste el jurisconsulto
brasileño Freitas tomó el plan para el Código que
proyectaba y los principios fundamentales sobre
personas, domicilio, actos juridicos y obligaciones; así
como también la teoria sobre la posesión y el dominio.”
Eduardo R. Elguera (p. 405 et seq.)

1. A importância de Teixeira de Freitas


no Direito Latino-Americano
Teixeira de Freitas é certamente, com
Vélez Sarsfield e Andrés Bello, membro do
triunvirato dos mais importantes juristas
sul-americanos do século XIX, que maior
influência exerceram no direito do nosso
continente, na sua época.
Analisaremos rapidamente a vida e obra
Arnoldo Wald é Advogado, Professor Ca- de Teixeira de Freitas, para nos determos,
tedrático de Direito da UERJ (Universidade do em seguida, nos seguintes aspectos:
Estado do Rio de Janeiro), Presidente da Aca-
a) a sua metodologia,
demia Internacional de Direito e Economia,
Doutor honoris causa pela Universidade de Pa- b) a originalidade de sua obra,
ris II, Membro da Corte Internacional de Arbi- c) a unificação do direito privado,
tragem da CCI, Ex-Procurador-Geral da Justiça d) a sua influência sobre o direito con-
do Estado do Rio de Janeiro. temporâneo, e
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e) a aproximação do direito entre os nos- As Ordenações ainda faziam referência ao
sos dois países. direito romano e canônico que, em muitas
Nascido em 1816, formado em direito em matérias, as complementavam e tinham
1837 e falecido em 1883, Augusto Teixeira mais de dois séculos e meio de vida, tendo
de Freitas marcou o direito civil brasileiro sido concebidas em relação ao Portugal do
do mesmo modo que Ruy Barbosa renovou, século XVIII, muito diferente do Brasil de
ou até criou, o nosso direito constitucional.duzentos anos depois.
Advogado, magistrado e professor de direi- Acresce que, com a Independência, pro-
to romano, é o autor da Consolidação das Leisclamada em 1822, e a Constituição Imperi-
Civis de 1858 e do Esbôço de Código Civil, al, outorgada em 1824, numerosas disposi-
publicado parceladamente em 1860 e 1865. ções das Ordenações Filipinas se tornaram
obsoletas ou contrárias à ordem pública,
2. A Consolidação das Leis Civis criando um clima de confusão completa.
Por outro lado, poucas eram, na primei-
A Consolidação abrange uma introdução ra metade do século XIX, as obras doutriná-
de 187 páginas, considerada pela doutrina rias nacionais relevantes, sendo os autores
como um dos trabalhos mais rigorosos e citados pelos tribunais os juristas portugue-
profundos do direito privado brasileiro ses que tinham comentado as Ordenações
(PEIXOTO, 1939, p. 6). Filipinas num contexto e numa época total-
Contém 1.333 artigos e numerosas no- mente diferentes.
tas, algumas muito extensas, que lhe dão A primeira qualidade da Consolidação foi
uma extraordinária consistência e constitu- a de colocar em ordem sistemática, de modo
em verdadeira obra didática. claro e inequívoco, as normas aplicáveis ao
Uma comissão de três membros aprovou direito civil em todo o território nacional,
o texto da Consolidação, só lamentando que excluindo tão-somente as normas de direito
não tratasse da escravidão, mas louvou “a internacional privado e de direito intertem-
clareza e fidelidade do texto” esclarecendo poral, ou seja, os conflitos de lei no espaço e
que o autor prestava “um serviço importan- no tempo.
te ao foro”. A originalidade da Consolidação, que irí-
Acrescentou-se que ficava, assim, supe- amos reencontrar no Esbôço, decorre em
rada a incerteza dominante no direito da grande parte do seu planejamento científi-
época, ensejadora do arbítrio que se tentava co e do seu modo de tratar os diversos as-
justificar pelas lacunas da lei e pela ambi- suntos, reagindo no particular, em parte,
güidade dos textos legislativos então vigen- contra o plano adotado pelo Código de Na-
tes. poleão, que, na época, se aplicava, com pe-
A Consolidação vigorou no Brasil, como quenas modificações, na maioria dos paí-
diploma legal, até 1 o.1.1917, quando entrou ses latino-americanos.
em vigor o nosso Código Civil de 1916, subs- Retomando e desenvolvendo as idéias
tituído, em janeiro de 2003, pelo Código Ci- de autores que inspiraram o Código austrí-
vil de 2002. aco de 1811, Teixeira de Freitas baseou-se
Em meados do século XIX, a legislação na divisão entre direitos absolutos e direi-
brasileira era realmente caótica, vigorando tos relativos, ou seja, entre os direitos reais e
as Ordenações Filipinas de 1603, cuja vigên- pessoais.
cia foi mantida por ocasião da independên- Considerava Teixeira de Freitas que os
cia, assim como numerosas leis extravagan- direitos da personalidade, embora absolu-
tes e a Lei da Boa Razão, além de usos e tos, deviam ter a sua proteção fora do direi-
costumes cuja aplicação era reconhecida to privado, ou seja, no direito público, como
pelos tribunais. se entendia na época.

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Essa distinção já se encontrava em vári- tendo deixado de ser impressas mais algu-
os outros autores da época, como Ortolan, mas centenas de artigos, de tal modo que o
mas coube a Teixeira de Freitas aplicá-la Esbôço completo deveria ter cerca de 5.300
pela primeira vez no campo legislativo, na artigos, tornando-se um dos mais longos do
América Latina, fazendo a distinção entre a mundo.
parte geral e a parte especial da Consolida- A primeira parte, que é geral, contém 866
ção, e antecipando-se, assim, em quarenta artigos e trata das pessoas e coisas, mas tam-
anos, às soluções que iriam ser adotadas bém dos atos e fatos jurídicos.
pelo BGB, que entrou em vigor em 1 o.1.1900. Na parte especial, encontramos dois li-
Na parte geral, trata das pessoas e das vros: o primeiro referente ao regime dos di-
coisas, enquanto a parte especial contém reitos pessoais e de família e o segundo aos
dois livros: o primeiro referente aos direitos direitos reais.
pessoais, abrangendo tanto o direito de fa- Trata-se, especialmente na primeira par-
mília como o das obrigações; e o segundo te, de uma obra didática e científica, que se
sobre os direitos reais, incluindo também o explica pela falta de bibliografia jurídica
direito das sucessões. nacional na época.
A Consolidação das Leis Civis chegou a ser Há nela, como na Consolidação, grande
divulgada em francês e comentada por Raul preocupação com a exatidão e com o uso de
de LA GRASSERIE (1987), o que não costu- uma terminologia científica, assim como
mava acontecer, naquela época, com leis com o exame detalhado da doutrina e da
brasileiras. legislação estrangeiras.
Embora relativamente incompleto, com
3. O Esbôço relação a uma parte do regime das servidões,
hipotecas, penhor e anticreses, o Esbôço cons-
O plano da Consolidação foi, grosso modo, titui, certamente, um dos mais importantes
mantido, com algumas alterações, no Esbôço diplomas legais latino-americanos do sécu-
de Teixeira de Freitas, assim como nos dois lo XIX, tanto do ponto de vista legislativo
Códigos Civis brasileiros de 1916 e 2002. como do doutrinário.
No Esbôço foi, todavia, ampliada a parte Posteriormente, em 1867, Teixeira de Frei-
geral para incluir os fatos jurídicos e, na tas propõe ao governo a unificação do direi-
parte especial, desmembraram-se o direito to civil e comercial, querendo transformar o
de família e o das sucessões para conside- seu Esbôço num verdadeiro Código de Direi-
rá-los como livros independentes. to Privado.
Essa ordem não é, aliás, muito diferente Já se disse que a obra de Teixeira Freitas
da do Código Argentino de 1869, com os é a pedra angular do direito brasileiro e da
seus 4 livros (pessoas, direitos pessoais, di- doutrina do nosso país.
reitos reais, disposições comuns a ambos), e René DAVID (1949, p. 256) comparou
do próprio BGB (parte geral – pessoas, bens Teixeira de Freitas a Acursio, Bartolo, Do-
e atos e fatos jurídicos, e especial – direitos mat e Pothier, Bracton e Blackstone, cuja
pessoais, direitos reais, família e sucessões). autoridade foi tal que implantaram novas
Aprovada a Consolidação, Teixeira de Frei- diretrizes e quadros ao direito do seu país,
tas foi contratado, em 1958, para elaborar constituindo um verdadeiro divisor de
um anteprojeto de Código Civil. águas entre o direito anterior e posterior aos
Passa, pois, a trabalhar no seu Esbôço, que seus trabalhos.
apresenta, de 1860 a 1865, em três partes, sob Depois de uma legislação caótica – e até
a forma de anteprojeto com 4.908 artigos. de um enorme vazio legislativo –, coube a
Faltaram uma parte final dos direitos Teixeira de Freitas construir o que Clóvis
reais e o regime dos direitos das sucessões, BEVILÁQUA (1906, p. 23) denominou “um

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edifício de grandes proporções e de extraor- des préoccupations véritablement sci-
dinária solidez esculpido no rochedo dos entifiques, ses prédécesseurs s’étant
bons princípios péla mão vigorosa de um bornés à détruire ou ayant été inspi-
artista superior”. rés avant tout par des considérations
E acrescentou: d’ordre politique. Sa critique est cons-
“Mas se o Esbôço não poude ser tructive car, s’il note les défauts du
transformado em lei, entrou para o Code Napoléon, ce n’est pas pour fai-
acervo da jurisprudência pátria como re l’apologie d’une réaction condam-
a sua producção mais valiosa, pela née à l’avance: c’est pour s’ingénier à
riqueza, segurança e originalidade y remédier, en proposant des soluti-
das idéias” (BEVILÁQUA, 1906, p. ons nouvelles, et, dans cette partie de
23). sa tâche, il faut reconnaître et louer l’
A sua obra teve a maior importância, tan- esprit réaliste de Teixeira de Freitas,
to no campo legislativo quanto no científi- lequel a commencé sa carrière, il ne
co, e caracteriza-se pela sua reação constru- faut pas l’oublier, en réalisant la tâche
tiva aos Códigos anteriores e pela sua origi- immense, éminement pratique, de la
nalidade. Consolidation, fondée sur une con-
Constitui, no continente sul-americano, naissance parfaite de l’ histoire et de
a primeira crítica construtiva ao Código Ci- la réalité brésiliennes”.
vil Francês, considerando que o mesmo me- Para o direito comparado e o direito lati-
recia ser completado e aperfeiçoado, numa no-americano, a sua obra rompe com a ade-
época na qual ele ainda era adotado quase são irrestrita ao Código francês para discu-
integralmente em muitos países da Europa tir, na América Latina, as idéias do pensa-
e da América Latina. mento jurídico alemão, o mais moderno da
Assim, entre outros exemplos, nele po- época, e dar relevância às tradições locais.
demos encontrar as seguintes inovações: Assim, seu trabalho pode ser compara-
a) trata das pessoas jurídicas; do ao realizado por Savigny na Alemanha,
b) diverge do conceito de propriedade embora sem a mesma emocionalidade. Há,
imobiliária do Código francês, que Teixeira aliás, entre ambos, uma certa semelhança
de Freitas considerava estar em desacordo pelas idéias novas que estão trazendo, ca-
com a estrutura econômica existente nos sando a teoria tradicional do direito roma-
meados do século XIX; no com a realidade histórica social e econô-
c) defende o universalismo do direito, mica dos seus respectivos países (RAMA-
enquanto a legislação francesa demonstra- LHETE, 1980; p. 20; WALD, 1950, p. 25).
va uma certa desconfiança em relação aos
estrangeiros; 4. A originalidade do Direito
d) considera a tradição essencial para a Latino-Americano
transferência da propriedade, que, no seu
entender, não pode decorrer do simples con- Na realidade, coube tanto a Teixeira de
trato, devendo ser protegida a boa-fé dos ter- Freitas como a Andrés Bello, a Vélez Sarsfi-
ceiros e a aparência. eld e a Eduardo Acevedo, respectivamente,
Sintetizando o trabalho realizado por no Brasil, no Chile e na Argentina, conciliar
Teixeira de Freitas, René DAVID (1949, p. as tradições locais com as lições do direito
273) escreveu que: comparado e as necessidades específicas
“Teixeira de Freitas est sans doute dos seus países, ensejando a criação de leis
dans le monde entier, le premier qui e projetos que, na palavra do Professor SA-
ait soumis le Code Napoléon à une LERNO (1998, p. 132), responderam a uma
critique constructive, et reposant sur nova concepção do direito1.

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Nela já se enfatiza a importância da dig- to que se esperava ver adotado e adaptado
nidade humana, que as Constituições só progressivamente a todo o país, em virtude
garantiriam cerca de um século depois e que do progresso cultural e econômico (DAVID,
reflete os ideais das novas nações indepen- 1950, p. 267).
dentes da América. Haveria, até, um certo “quixotismo” em
Assim, podemos vislumbrar, com as defender os conceitos e a escala de valores
obras desses juristas, o início da originali- da Europa em países que tinham, na época,
dade do direito latino-americano, decorren- uma formação e um nível de civilização to-
te tanto de sua modernidade como da influ- talmente diferentes (DAVID, 1956, p. 18).
ência norte-americana no direito constitu- Foi, todavia, com o trabalho pioneiro de
cional. mestres como Teixeira de Freitas, ainda no
O nosso sistema jurídico continuou, pois, século XIX, mas de um modo mais geral a
a pertencer à família do direito francês, mas partir do século XX, que se formou, na Amé-
adotou algumas tradições locais e várias rica Latina, um direito próprio, menos teóri-
técnicas e fórmulas mais vinculadas ao di- co e mais adaptado à realidade local, pas-
reito alemão e italiano, além de outras, es- sando a constituir um verdadeiro subsiste-
pecialmente na área constitucional, que se ma próprio na família romano-germânica.
inspiram no direito anglo-americano. É ainda René David que explica que, do
Essa originalidade do direito latino-ame- mesmo modo que se distingue o direito ale-
ricano não tem sido percebida pela maioria mão do francês, cabe dar uma posição pró-
dos comparatistas europeus, que, sem reco- pria ao direito latino-americano, cuja origi-
nhecer as peculiaridades do direito latino- nalidade reconhece, embora a ela não se te-
americano, limitaram-se a enquadrá-lo na nha referido a maioria dos comparatistas
família do direito francês ou no sistema ro- europeus3.
manista 2. Essa originalidade, que foi defendida por
Ressalta-se, todavia, a posição de auto- DAVID (1956, p. 16-17), mas também por
res como René David, que viveu no Brasil Clóvis BEVILÁQUA (1897) e MARTINEZ
algum tempo, no fim da década de 40, e as- PAZ (1934), decorre tanto das tradições lo-
sinala a evolução construtiva que ocorreu cais e da convivência com o direito norte-
em nosso direito, e Phanor J. Eder, que foi americano – no plano constitucional – como
um profundo conhecedor do direito latino- das construções jurisprudenciais e doutri-
americano. nárias que corresponderam a necessidades
Afirmou o eminente professor francês peculiares econômicas, sociais ou políticas.
que, durante muito tempo, no século XIX, Cabe, pois, salientar que a originalidade
imperou o racionalismo, de acordo com o da legislação na América Latina se iniciou
qual era possível transpor para a América com Teixeira de Freitas e permitiu a elabo-
Latina, mediante simples tradução, os códi- ração de leis e códigos cada vez mais adap-
gos europeus e a constituição norte-ameri- tados ao nosso meio ambiente, às nossas tra-
cana, pensando-se resolver, assim, todos os dições e, por outro lado, em certos caso, até
problemas locais. mais adiantados do que os seus antigos
Essa tentativa de transplante jurídico modelos do Velho Mundo.
baseou-se mais na razão do que na tradi- Conclui René DAVID (1950, p. 267) que:
ção, mas pretendeu aplicar o direito euro- “Les droits des pays latins d’Amé-
peu em países que ainda não tinham alcan- rique, faits pour s’appliquer dans un
çado o mesmo grau de desenvolvimento. milieu différent du milieu américain, se
Assim, a maioria dos códigos inspirados distinguent des droits de l’Europe conti-
pela legislação francesa da época represen- nentale et constituent, au sein du groupe
tou, em geral, o ideal de uma elite: um direi- du droit français, une catégorie originale,

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dont les traits spécifiques apparais- gislações são devidas, em grande parte, aos
sent de plus en plus clairement au fur grandes juristas do século XIX, como Tei-
et à mesure que le divorce s’atténue xeira de Freitas e Vélez Sarsfield, no direito
entre des textes jadis théoriques et les privado, e Juan Bautista Alberdi e Ruy Bar-
réalités de la vie”. bosa no direito público.
Por sua vez, Phanor J. EDER (1950, p.
142-143), já há meio século, louva a origina- 5. A modernidade de Teixeira de Freitas
lidade do direito latino-americano afirman-
do que: A modernidade de Teixeira de Freitas se
“And I am convinced that, the faz sentir também na importância que dá às
Mother Country and the British Do- relações econômicas e na sua tese da unifi-
minions apart, it is in Latin America cação do direito privado.
and no longer in Europe that we shall Já na sua Introdução à Consolidação, Tei-
find the best source and stimulus for xeira de FREITAS (1865, p. 137) escreve:
new currents of revivifying ideas. The “A civilização moderna, que tanto
Spanish language will be better kno- se distingue por seus admiráveis pro-
wn, and easier for our youth, than the gressos na carreira dos melhoramen-
other languages of Europe. The scep- tos materiais, alimenta-se com a livre
ter of Legal Science has crossed the circulação dos capitais, reclama im-
Atlantic. Latin-American law, like our periosamente o movimento constante
own, is eclectic. Its atmosphere is pro- de toda a sorte de valores. E quais os
gressive, not decadent. It draws its phenomenos que manifestam-se na
inspiration from the same ideals of realização desse destino providenci-
human freedom and dignity as ours”. al?
Aliás, há no particular uma evolução As transações distribuem os ins-
construtiva no direito comparado, não só trumentos da producção por todos os
no sentido de redescobrir as peculiaridades ramos de actividade, os capitaes ap-
da América Latina, mas também no de ad- proximam-se a todas as necessidades,
mitir uma maior flexibilidade no enquadra- para que tenham uma direcção mais
mento das famílias dos sistemas jurídicos. fecunda; e o poderoso motor desa ro-
Admite-se, pois, que, como no direito de tação contínua é o crédito. Com seu
família nacional, tenhamos agora, no cam- impulso, os capitaes fixos transfor-
po do direito comparado, além das famílias mam-se em capitaes rolantes, e o com-
tradicionais, “as famílias mistas, desintegra- mércio e industria reproduzem quoti-
das e recompostas, as monoparentais etc” dianamente suas forças.
(FLAUSS-DIEM, 2002, p. 203). Crédito pessoal, credito real, são
Considerando-se as influências que exer- as duas potencias parallelas às duas
ceram, em nossos países, sucessiva ou si- grandes classes de direito, que consti-
multaneamente, de um lado, os diversos di- tuem toda a riqueza nacional”.
reitos do continente europeu – o francês, o É interessante salientar que, contraria-
alemão e o italiano, além do espanhol e do mente aos escritores europeus que só viam
português – e, de outro, o norte-americano, no direito civil o direito dos bens imobiliári-
poderemos afirmar que, já agora, pertence- os e da agricultura, enquanto o comercial
mos a ambas as famílias. tratava dos móveis, do comércio e da indús-
Somos, pois, o fruto do casamento do tria, Teixeira de Freitas teve a intuição de
direito dos sistemas europeus com a influ- dar forma jurídica à mobilização do solo
ência do direito anglo-saxão, sendo que a pelo crédito. Previu, assim, a existência do
autonomia e a originalidade das nossas le- direito bancário, quiçá dos fundos imobili-

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ários e da securitização, que surgiriam no os. A locação de serviços com as rela-
Brasil no fim do século XX, desenvolvendo- tivas a feitores, guarda-livros, caixei-
se no início do século XXI. ros, comissários de transportes, capi-
tães de navios, pilotos, contramestres
6. A unificação do Direito Privado e gente da tripulação. O depósito com
as concernentes a trapicheiros e ad-
Por outro lado, uma vez terminado o seu ministradores de armazéns. A troca
Esbôço, Teixeira de Freitas sustenta, com com o contrato de câmbio e as letras
ampla argumentação, que está superada a de câmbio. A locação de bens com os
dicotomia entre o Código Civil e o Código fretamentos. O mútuo com as contas-
Comercial. E defende, em 1867, a elabora- correntes, letras de terra, notas promis-
ção de um verdadeiro Código Geral de Di- sórias e empréstimos a risco. A inde-
reito Privado. mnização do dano completar-se-á
Na carta que então encaminha ao Mi- com as avarias” (CARVALHO, 1985,
nistro da Justiça, Teixeira de Freitas salien- p. 41).
ta a necessidade de se restaurar a unidade Ora, é somente no fim do século XIX que,
do direito privado. com alguma timidez, assistimos à unifica-
Esclarece que: ção do regime legal do direito das obriga-
“Não há tipo para essa arbitrária ções no resto do mundo, inicialmente na
separação de leis a que deu-se o nome Suíça e, posteriormente, em outros países.
de Direito Comercial ou Código Co- Finalmente, somente nos meados do sé-
mercial; pois que todos os actos da culo XX é que se consolida na Europa a uni-
vida jurídica, exceptuados os benéfi- dade do direito privado no Código Civil ita-
cos, podendo ser comerciais ou não liano, cujo modelo foi adotado, em parte, no
comerciais, isto é, tanto podem ter por Código Civil Brasileiro de 2002 e no Projeto
fim o lucro pecuniário, como outra argentino de 1998.
satisfação da existência. Não há mes- Aliás, o excelente Projeto argentino do
mo alguma razão para tal selecção de Código Civil de 1998 reconheceu o papel de
leis; pois que, em todo o decurso dos Teixeira de Freitas, no tocante à unificação
trabalhos de um Código Civil, apare- do direito, ao afirmar:
cem raros casos em que seja de mister “En la región, Augusto Teixeira de
distinguir o fim comercial, por motivo Freitas propició la unificación al alu-
da diversidade nos efeitos jurídicos” dir a ‘esa calamitosa duplicación de
(CARVALHO, 1985, p. 40). leyes civiles’ y a la inexistencia de ‘ra-
Assim, tudo que não for possível incluir zon alguna que exija un Código de
na parte geral que se refira ao direito comer- Comercio’4”.
cial deve completar o direito das obrigações Também o Código Brasileiro de 2002 faz
nos seus lugares próprios, ou seja: referências a Teixeira de Freitas.
“... os contratos em geral, o mandato, Efetivamente na Exposição de Motivos
a compra e venda, a troca, a locação, o do Código Civil Brasileiro de 2002, o Profes-
mútuo, a fiança, a hipoteca, o penhor, o sor Miguel Reale salienta que:
depósito, as sociedades, os pagamentos, a “Na realidade, o que se realizou,
novação, a compensação, a prescrição e os no âmbito do Código Civil, foi a uni-
seguros, voltarão a seus respectivos gré- dade do Direito de Obrigações, de con-
mios no Código Civil, onde as inscrições formidade com a linha de pensamen-
são as mesmas. O mandato completar- to prevalecente na Ciência Jurídica
se-á com as disposições sobre correc- pátria, desde Teixeira de Freitas e In-
tores, agentes de leilões e comissári- glez de Sousa até os já referidos Ante-

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projetos de Código das Obrigações de As suas idéias de transparência em rela-
1941 e 1964. ção aos direitos reais que deveriam decorrer
.................................................................... de explicitação formal na lei, de acordo com
Restrito o plano unificador à ma- a teoria do numerus clausus, aliás também
téria obrigacional e seus corolários adotado pelo direito argentino, revelam uma
imediatos, não havia que cuidar, como das preocupações do direito contemporâ-
não se cuidou, de normas gerais sobre neo quanto à segurança jurídica.
a vigência das leis e sua eficácia no es- Do mesmo modo, Teixeira de Freitas de-
paço e no tempo, tanto no Direito Inter- fendeu a possibilidade de mutação do regi-
no como no Direito Internacional, ma- me de bens a requerimento da mulher, dian-
téria esta objeto da chamada Lei de In- te da insolvência do marido (art. 1403 do
trodução ao Código Civil, mas que, con- Esbôço), que sustentamos há longo tempo
soante ensinamento inesquecível de (WALD, 1961, p. 50) e que acabou sendo
Teixeira de Freitas, melhor correspon- consagrada no Código Civil brasileiro de
de a uma Lei Geral, na qual se conte- 2002 (art. 1639, § 2o), depois de constar em
nham os dispositivos do Direito Inter- numerosas outras legislações, que abando-
nacional Privado, o que tudo demons- naram o caráter absoluto da imutabilidade
tra que não nos tentou veleidade de tra- do regime matrimonial de bens.
çar um ‘Código de Direito Privado’. Do mesmo modo, admitiu que a arbitra-
.................................................................... gem não necessitaria de homologação judi-
Deve-se, com efeito, recordar que, cial, o que, no direito brasileiro, só acabou
mais de quatro décadas antes do Có- acontecendo com a promulgação da Lei no
digo Civil alemão de 1900, o mais ge- 9.307 de 23.09.1996.
nial de nossos jurisconsultos, Teixei- Assim, reconhece-se nele, na expressão
ra de Freitas, já firmara a tese de uma de Lafayette, “um mestre pela audácia do
Parte Geral como elemento básico da pensamento” ou, como afirma Orlando
sistemática do Direito privado. Obe- GOMES (1986, p. 147):
dece a esse critério a Consolidação das “O certo é que se adiantou ao seu
Leis Civis, de autoria daquele ínclito tempo, pagou pela audácia de ter sido
jurista, consoante texto aprovado pelo original e autêntico ao passar à frente
Governo Imperial de 1858. Não aban- do seu tempo, e, por isso, não foi es-
donam essa orientação as edições se- quecido. Nem será”.
guintes da Consolidação, as de 1865 e É, pois, o fundador, na América Latina,
1875, figurando, com roupagens cien- da dogmática jurídica que começou a se de-
tífico-doutrinárias do mais alto alcan- senvolver na Alemanha, com a escola histó-
ce, no malogrado Esbôço de Código Ci- rica liderada por Savigny, em reação à esco-
vil, ponto culminante na Dogmática la francesa da exegese. Esta última, no iní-
Jurídica nacional” (BRASIL, 2002, p. cio com Bugnet, limitava-se a comentar o
32-34). Código de Napoleão, em vez de expor o di-
reito civil vigente, abrangendo aspectos
7. Influência exercida sobre os códigos que não estavam no texto da lei então em
vigor.
Não há, pois, dúvida que, escrevendo há Aliás, existem paradoxos nas relações
mais de século e meio, Teixeira de Freitas foi entre Teixeira de Freitas e Savigny.
um jurista que teve, ao mesmo tempo, a co- Efetivamente, o autor brasileiro cita Sa-
ragem de romper com as tendências domi- vigny e o acompanha quando se pretende
nantes na sua época e a ousadia de começar conciliar a tradição romana com o direito
a construir o direito do futuro. moderno, mantendo as idéias construtivas

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do direito antigo e abandonando o que nele tinha envelhecido na época em que foi ela-
há de obsoleto. borada a Consolidação e alguns dos seus as-
Mas Teixeira de Freitas, embora consi- pectos já estavam sendo corrigidos, na pró-
dere que a codificação não deva ser arbitrá- pria França, não havendo motivo para man-
ria, considera-a útil e necessária, enquanto, ter no Brasil soluções que se tinham torna-
ao contrário, Savigny se rebelava contra a do obsoletas (VILLARD, 1986, p. 1).
estratificação do direito, em nome do espíri- Chegamos agora ao ponto que mais nos
to popular, Voksgeist, que queria fazer pre- interessa, ou seja, a influência do trabalho
valecer sobre a vontade do legislador. de Teixeira de Freitas nos códigos civis ar-
O mesmo aparente paradoxo de entusi- gentino e brasileiro.
asmo e crítica se pode assinalar apreciando Em primeiro lugar, não há dúvida que a
as numerosas citações que Teixeira de Frei- Consolidação e o Esbôço exerceram importan-
tas faz do Código de Napoleão e dos auto- te influência sobre o Código Civil argentino
res franceses que procederam a sua elabo- sancionado pela Lei no 340, de 25.9.1869,
ração, embora muitas vezes discorde das que entrou em vigor em 1 o.1.1871. Na reali-
soluções do direito gaulês. dade, Vélez Sarsfield teve conhecimento dos
Essa reação se explica por três motivos. trabalhos de Teixeira de Freitas, tendo com
Em primeiro lugar, embora reconhecendo a ele se correspondido e considerando-o como
grande contribuição que o Código de Napo- um luminar do direito. Reconhece a impor-
leão deu à codificação moderna, Teixeira de tância da influência que sobre ele exerce-
Freitas se insurgia contra o resquício de co- ram os grandes juristas estrangeiros e cita,
lonialismo que eventualmente poderia re- além de Freitas, Savigny, Rau e outros 8.
presentar. Na sua excelente biografia de Teixeira
Não obstante Napoleão reconhecesse de Freitas, o Professor Silvio MEIRA cita
que, mais do que as suas vitórias militares, vários trabalhos que tentaram quantificar o
o Código seria o seu legado para o mundo5, número de artigos do Código Argentino que
o jurista brasileiro se rebelava contra um di- se inspiraram no Esbôço, concluindo que
ploma legal que considerava excelente e pi- chegaram a mais de mil, contra 300 inspira-
oneiro, mas que reconhecia ter sido imposto dos no Código Chileno e no projeto Espa-
pelo Imperador pela força das armas, não nhol, e, conforme os autores, algumas cen-
só à maioria dos países da Europa, mas tam- tenas, podendo alcançar até 1000, reprodu-
bém indiretamente a várias nações latino- zindo textos da doutrina francesa e do Có-
americanas. digo de Napoleão9.
Por outro lado, considerando as particu- No Código Civil Brasileiro de 1916, fez-
laridades do contexto brasileiro, entendia o se o mesmo trabalho, localizando-se cerca
autor da Consolidação que era preciso adaptar de 500 artigos inspirados no antigo direito
a lei às condições do meio-ambiente, recor- português, 400 decorrentes dos projetos an-
rendo para tanto, em muitos casos, ao direito teriores liderados por Teixeira de Freitas,
romano e aos trabalhos dos juristas que ante- cerca de duzentos oriundos do Código Na-
cederam o Código de Napoleão. Essa priori- poleão e uma centena do BGB10.
dade que Teixeira de Freitas e Vélez Sarsfield Por outro lado, é preciso reconhecer que,
deram à realidade local se explica tanto pela na realidade, a própria obra de Freitas não
sua formação intelectual6 como pelo conheci- deixa de revelar as suas fontes romanas, ibé-
mento que tinham do que Tullio ASCARELLI ricas e doutrinárias francesas e germânicas,
(1969) veio a chamar de as premissas implí- de modo que estamos no mundo do direito
citas de um determinado sistema jurídico7. comparado, com relevantes analogias entre
Finalmente, decorrido meio século da as fontes do Código Argentino de 1869 e o
sua promulgação, o Código de Napoleão já Brasileiro de 1916.

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8. O direito obrigacional do Mercosul Como diz o Professor Marcelo Urbano
SALERNO (1998, p. 119), parafraseando
O que há de importante é a aproximação Roque Saenz Peña, “em matéria civil, entre
entre a ciência jurídica e o direito legislado a Argentina e o Brasil, tudo nos une, nada
dos dois países, Brasil e Argentina, com in- nos separa”.
fluências recíprocas, que se fizeram sentir E talvez a melhor e a mais eficiente das
nos meados do século XIX, preparando o homenagens que poderíamos prestar a Tei-
desenvolvimento de uma união econômica, xeira de Freitas e a Vélez Sarsfield, presen-
que só se realizaria mais de cem anos de- tes hoje entre nós, pela sua imortalidade
pois com o Mercosul. subjetiva, consistiria, não só em reverenciar
Atualmente, no início do terceiro milê- a sua memória, mas em planejar o futuro, de
nio, também estamos encontrando as mes- acordo com o espírito do trabalho que am-
mas soluções, na Argentina, no Projeto de bos realizaram.
Código Civil elaborado em 1998, pela Co-
missão nomeada pelo Decreto 685/95, e, no
Brasil, no Código Civil de 2002, tendo am-
Notas
bos, em parte, se inspirado nas lições de
Teixeira de Freitas quanto à unificação e à
1
O Professor Marcelo Urbano Salermo escreve
a respeito de Teixeira de Freitas, Vélez Sarsfield,
metodologia. O Projeto argentino, elabora-
Andrés Bello e Eduardo Acevedo que:
do pelos Professores Hector Alegría, Atilio “De cualquier manera, esos cuatro codificado-
Anibal Alterini, Jorge Horacio Alterini e res están ubicados en una sola línea inspirados en
outros, tem seis partes, pois a primeira de- similares ideales y acuciados por fines comunes, lo
las corresponde à nossa Lei de Introdução, cual indica que pertenecen a similar corriente jurí-
dica, aunque su actuación y obra haya sido en dis-
mas, em relação às demais, há uma comple- tintos países y períodos. Responden a una nueva
ta simetria com o nosso Código Civil. concepción del derecho, porque la humanidad há
E talvez, hoje, a nossa legislação possa ido haciendo avances en la búsqueda de soluciones
até estar à frente de algumas das normas justas para afianzar la dignidad del hombre.”
2
Konrad ZWEIGERT e Hein KÖTZ (1998, p.
européias.
114), na tradução inglesa da sua obra originalmen-
Assim, em recente colóquio, sobre a nova te escrita em alemão, esclarecem que:
crise do contrato, o Professor JESTAZ (2003) “The civil codes of the Latin American states
admitiu que gostaria que se pudesse sonhar, are consequently heavily influenced by the Code
na França, com uma revisão da parte do di- civil, though to different degrees. It is true that Fren-
ch influence has declined in the twentieth century,
reito das obrigações do Código Napoleão, rather more in commercial than in private law, since
na qual se incluísse uma concepção co- legislators have increasingly drawn on other sour-
mutativa do contrato11. Ora, este Código, ces, especially Italian, German, and Swiss law, and
com o qual os franceses ainda sonham, já even, in some cases, the Common Law, as by intro-
ducing the Anglo-American trust. Even so, there
existe.
can be no doubt today that as regards private law
É o Projeto Argentino de 1998, com os the states of Central and South America belong to
seus 2.532 artigos, é o Código brasileiro de the Romanistic legal family”.
2002, com os seus 2.045 artigos, ambos ali- 3
É ainda DAVID (1956, p. 6) que, no mesmo
nhados numa nova concepção do direito, estudo, salienta que:
“Quel que soit le titre, d´apparence très généra-
na qual sempre deve prevalecer a boa-fé e se le, qu’ils ont donné à leurs travaux, divers compa-
reconhece a função não só econômica, mas ratistes n’ ont en effet voulu étudier, dans leurs
também social do contrato. ‘Introduction au droit comparé’, que les différences
Assim, reencontramos-nos, brasileiros e entre droits de l´Europe continentale et common law;
argentinos, com a mesma visão moderna e s’ils ont à l’occasion mentionné las droits ou cer-
tains droits de l´Amérique latine, il n’apparait pas
original do direito, como há mais de século qu’ils aient envisagé dans son ensemble le problème
e meio atrás. de la classification de ces droits.

258 Revista de Informação Legislativa


Ce problème toutefois a été envisagé par cer- 8
Respondendo a críticas de Alberdi, escreveu
tains auteurs, qui l’ont résolu en niant l’autonomie Vélez Sarsfield:
des droits de l´Amérique latine et en rangeant ces “Yo ya había estudiado con los primeros juris-
droits, sans réserve, dans la famille du droit conti- consultos los grandes capítulos del derecho que se
nental. Telle est notamment de façon non équivo- encuentran en mi proyecto y no creía hallar un lu-
que, parmi les auteurs d’ouvrages récents, la posi- minar superior a Savigny, Freitas, Marcadé, Rau y
tion de WIGMORE (A panorama of the world´s legal ótros.” (Cf. MEIRA, 1978, p. 297).
system, 1932-1936), de SCHNITZER (Vergleichende 9
Silvio MEIRA (1978, p. 318), citando Lisandro
Rechtslehre, 1945), d´ARMINJON, NOLDE et WOL- Segovia: “El Código Civil de la Republica Argentina,
FF (Traité de droit comparé, 1950-52). Moins nette, con su explicación y crítica bajo la forma de notas hechas
mais orientée dans le même sens, parait avoir été por el Dr. D. Lisandro Segovia”, Buenos Aires, Im-
l’opinion de GUTTERIDGE (Le droit comparé, 1949- prenta de Pablo E. Doni, Editor, 1881).
1953), de SARFATTI (Introduzione allo studie del di- 10
A matéria é examinada minuciosamente por
ritto comparato, 1933) de SAUSER-MALL (Fonction Pontes de MIRANDA (1928, p. 497-507).
et méthode du droit comparé, 1913), de IONESCO 11
Nas conclusões do Colóquio realizado em Lille,
(Introducere la dreptul civil comparat, 1925)”. pelo Centro René Demogue, em 14.5.2001, o Pro-
4
Proyecto de Código Civil elaborado pela Co- fessor Philippe JESTAZ (2003, p. 247) escreve no
misión criada por Decreto 685/95, Exposição de seu relatório final:
Motivos, p. 3 e, também, citando Teixeira de Frei- “Depuis quelques heures, nous nous prenons à
tas, da divisibilidade das obrigações no 143 dos rêver qu’un Garde des sceaux législateur, émule de
Fundamentos do Projeto, p. 41. MM. Jean Foyer et Badinter, fasse un jour procéder
5
Afirmação feita por Napoleão a Monthalan à une refonte générale des articles du code civil con-
em Santa Helena: sacrés aux obligations. Et pour rester fidèles à
“Ma vraie gloire n’est pas d’avoir gagné 40 ba- l´esprit du colloque, nous aimerions alors que la
tailles; Waterloo effacera le souvenir de tant de vic- nouvelle version laissât une place importante à la
toires. Ce que rien n’effacera, ce qui vivra éternelle- conception commutative du contrat, sans pour
ment c’est mon Code civil.” autant renier un certain nombre de principes, en
6
O Professor Carlos Raúl SANZ (2003, p. 1) l´absence desquels – nous en donnons acte à nos
escreve a este respeito que: contradicteurs – il n´y aurait plus de contrat du
“ni Vélez, ni Bello, ni Freitas, ni los peruanos, tout. Ces principes devraient simplement être con-
granadios y altoperuanos que redactaron los pri- ciliés avec d´autres, nouvellement affirmés.
meros códigos de esta región fueron educados, ni L´exercice de rédaction serait difficile, mais notre
formaron su alfabeto jurídico en las cercanías de la ami Ghestin, pour ne citer que lui, aurait sûrement
Place du Pantheon”. le talent d´élaborer un excellent projet.”
7
Escreve o saudoso mestre Tullio ASCARELLI
(1969, p. 9) a este respeito que:
“Não é difícil notar que, com freqüência, os
hábitos peculiares dos vários povos, os seus diver- Bibliografia
sos característicos, a sua história, sua constituição
econômica e social influem na maneira de conside- ASCARELLI, Tullio. Problemas das Sociedades Anô-
rar determinados problemas jurídicos, às vêzes, até nimas e direito comparado. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
mais do que a solução prática definitiva dada a 1969.
determinados conflitos de interêsses.
O estudo do direito comparado deve, em subs- BEVILAQUA, Clovis. Em defesa do projeto de Código
tância, indicar qual é, efetivamente, a solução jurí- Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Livraria Francisco
dica, o seu alcance, servindo-se para êsse fim de Alves, 1906.
todos os elementos que concorrem para essa deter-
______. Lições de direito comparado. [S. l.: s. n.], 1987.
minação.
..................................................................... BRASIL. Código Civil (2002). Novo Código Civil:
É por isso que, através do estudo do direito exposição de motivos e texto sancionado. Brasília:
comparado, somos freqüentemente levados a in- Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas,
vestigar o que chamarei de ‘premissas implícitas’ 2002.
(econômicas, sociais, doutrinárias, etc.) nos diver-
CARVALHO, Orlando de. Teixeira de Freitas e a uni-
sos direitos, premissas às vêzes não formuladas e,
ficação do direito privado. Coimbra: [s. n.], 1985.
no entanto, de importância para evidenciar o alcan-
ce das soluções jurídicas, bem como para explicar DAVID, René. Cours de droit civil compare, (1948-
a diretriz da evolução de determinado direito”. 1949). Paris: Lês Cours de Droit, 1949.

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