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IAO: Morrer para Viver

“Nada será ouvido além deste teu rugido de êxtase; sim, este teu rugido de êxtase.”
Liber Stellae Rubae

Vários autores, de Eliphas Levi a Aleister Crowley, tentaram definir o que é


Magia (k) ou a Verdadeira Vontade. Muitos escreveram grandes livros transmitindo
conhecimentos sobre elas; outros resumiram ou tentaram em obras de arte. Mas uma
definição clara e única é praticamente inexistente em todo o corpo literário mágico. A
impressão que dá é que um iniciante em magia fica longos anos à deriva num grande
oceano, até que ache um navio que o leve à terra firme - que pode ser um livro, um
sistema, uma pessoa. E o pior: dada a diversidade de linhas de trabalho, o trabalho de
comparação e correlação de todos é exaustivo. Não são poucos os que desistem da
Magia(k) nesse período, e não há como culpar alguém ou algo por isso. Não estamos
acostumados ao caos advindo da liberdade irrestrita. Esse ensaio busca fazer algo
ousado: dar uma definição de Magia(k) com base na experiência do autor. Isso não é
de se espantar: é algo que acontece até com tópicos da magia, de elementos a
planetas. Termos incertos, muitas vezes ambíguos, até mesmo oriundos de mitos,
populam o ocultismo e a magia; essa incerteza e falta de objetividade - praticamente
um Caos - acaba por gerar algo que eu creio ser o objetivo supremo da magia: o poder
criativo.
Acredito, pela minha experiência, na definição que aqui proponho. E poderiam
me perguntar porque eu a exporia em tal meio - querer definir algo passível de tantos
significados - , dada a liberdade interpretativa das Artes Mágicas. Uma razão clara é
dada ao longo do texto: se a minha definição estiver correta ou fazer sentido, será
bastante produtivo alertar meus colegas da Arte nessa direção - ou seja, ajudar os que
tem dificuldades em realizar a Grande Obra. E certamente alguém com maior
capacidade e melhor preparo que eu poderá expandir essas definições. O resultado
esperado? Fazer aqueles que tem definições engessadas e conceitos antigos pararem
um pouco para questionar, romper com o passado da literatura oculta e buscar novos
significados pra Arte que para muitos é a coisa mais importante da Vida. Magia(k) é
ação e todos concordamos. Diferentemente do misticismo, implica em movimento. E o
motor desse movimento é Thelema - a Vontade. É ciência e arte, embora esses termos
também impliquem uma infinidade de significados e conceituações possíveis. Essa
definição de magia como ação é um tanto quanto intuitiva. Não nos diz muita coisa de
cara.
Eu vejo Magia(k) como mais do que um conhecimento ou legado. Magia(k) para
mim é uma necessidade, como beber e transar. Se Magia(k) é fruto da vontade, e se
somente estrela (nós) podemos ter Vontade, então Magia(k) não existe sem o homem.
Magia(k) só pode ser vista num sentido global como uma ação inserida na vida
humana. E se ela é inserida na vida humana, está dependente dos fatores culturais do
homem. E de que ação estamos? Uma ação é um movimento e todo movimento é uma Commented [1]: (,,,) estamos falando ?
mudança, seja do objeto ou do espaço. Agir é dar forma à existência. E o que mais
trabalha a forma à exaustão? A Arte. Magia é Arte. A forma é uma estruturação. Não é
um som, odor, imagem. A Magia(k) enquanto ação tem um valor de realização mas
também de comunicação (a ação interior impacta de certa forma o exterior). Magia(k) é
um fazer progressivo, e nesse fazer há expressões da Vontade e da maturação dessa
Vontade no homem.
O ser humano tem uma aspiração e essa aspiração, enquanto força motriz,
produz movimento - Magia(k). Essa aspiração, como tudo na vida, matura e se
transforma, evolui e reforça. Magia(k) é evoluir interiormente e gritar ao mundo o
resultado dessa evolução ou desenvolvimento. E se criação tem como pre-requisito
uma percepção consciente, Magia(k) também o terá, por analogia. Há as escolas
mágicas que pregam que o consciente deve estar cem por cento ligado enquanto ato
mágico, e outras que dizem o oposto. Eu creio que não há contrariedade. O fato de
muitas escolas hoje, a meu ver, refutarem o consciente não é devido ao consciente em
si, mas sim ao fato de ele estar engessado com o modelo de existir atual. Petrificado
por sistemas e conceitos que nos marcam mesmo antes de nascermos. E por mais que
a sociedade seja natural a muitos mamíferos, diversos eventos da sociedade civilizada
não me parecem muito naturais, como o fato de trabalhar exaustivamente em prol de
uma empresa que não necessariamente gera algo positivo à mesma sociedade ou
então certos distúrbios psicossociais causados pelo estilo de vida baseado na
dependência do Capital. Nosso consciente tão enrigecido por uma civilização
reducionista, onde tudo é superficial e básico, não me parece apto à realização da
Magia(k) - do ato mágico.
A preocupação maior que tenho ao discutir a definição de Magia(k) é justamente
a capacidade de ato mágico do neófito contemporâneo. Somos bombardeados por
estímulos auditivos e visuais do primeiro minuto que acordamos até nos deitarmos.
Formas, cores mais ou menos parecidas de uma natureza substituídas por um Caos de
coisas e formas e cheiros e sons e imagens. E já nos levantamos pensando nas vinte e
cinco tarefas de uma agenda corrida. Pensando se devemos pedir um lannche no
almoço para que a refeição seja feita de forma mais rápida. E como fica Magia(k) nesse
monte todo? Não adianta simplesmente dizer que o ato mágico feito nessas condições
tem efeitos melhores do que os feitos em condições melhores. E quantos de nós
tiveram oportunidade de ter um outro estilo de vida? Suponho que nenhum. Este
ensaio busca discutir também a influência da alienação no sabotamento da ação
mágica. O condicionamento imposto pela sociedade só esmaga nosso potencial
criativo e mágico. Essa mesma sociedade que nos esmaga nos dá técnica e método:
se soubermos unir a capacidade que as “corporações” tem de atingir metas/concluir
projetos com as nossas metas mágicas, será certamente uma grande experiência.
O ato mágico associado à terra pode se referir à realização concreta e material
da Vontade. Como disse, para mim Magia(k) é uma necessidade de vivência e
expressão: não basta para mim que a experiência seja vivida. Ela precisa ser
compartilhada e comunicada, não importa a quem. A realização por si só é meta. E a
realização tem dentro de si uma forma de comunicação dessa realização. É o he final
do Tetragrammaton. Visto do ponto de vista do ar, é o pensamento, a ideia. Quanto
mais subimos as letras do Nome, mais sutileza encontramos, até que chegamos ao
YOD que foi início de tudo. O ato mágico é presente em toda a história do ocultismo,
em todas as fórmulas, desenhos e escritos. Magia(K) não existe sem o elemento
comunicador. Esse elemento comunicador é também o Omega em IAO: o fim de tudo,
a ressurreição, a existência perfeita, que passará novamente pelo processo de
reciclagem e virá diferente.
Todos os processos que enfrentamos nessa caminhada que é a Magia(k) segue
a lei da vida e da morte, da criação e da dissolução. E essa lei - aqui digo lei porque
começo e fim é um arquétipo compreensível para 99% dos humanos - é representada
por IAO - as iniciais de Ísis, Apophis e Osíris. Grande parte das religiões do velho aeon
segue essa fórmula: algo se cria, morre ou é destruído, e depois renasce. É assim, por
exemplo, nos mitos de Ísis e Osíris ou então de Jesus, o Cristo. IAO também, através
dos símbolos de Nascimento, Morte e Renascimento, é relacionado aos estágios que
se busca com a prática do Yoga: o prazer inicial da prática é o nascimento: raramente
alguém tem dificuldades nessa parte. Todos temos disposição de sobra para nosso
Yoga. Vem então a agonia. O desconforto inevitável. E por fim, vencido o sofrimento e
a dor, temos um novo estado: e esse estado não é igual ao prazer inicial. É, também,
um prazer, porém diferente e muito mais expressivo.
A maior parte das cerimônias de iniciação das Ordens mais conhecidas tratam
de IAO quando tratam dessa fórmula da destruição e do renascimento. IAO é um
processo de destruição que traz algo MELHOR e mais ESPECIALIZADO. É
relacionada, então, ao processo de Thipareth: conhecimento e conversação do
Sagrado Anjo Guardião, sendo esse acontecimento também uma “morte” para uma
ressurreição como “adepto”. A fórmula de IAO é do velho aeon e rege todos aqueles
que ainda não aceitaram a Lei de Thelema. Na lenda, Apep ou Apophis, o destruidor,
transforma o Osíris - antes homem comum - em deus. Crowley criou, a partir de IAO, a
fórmula de VIAOV, que representa a passagem do velho Aeon para o Aeon de Horus -
sendo Hórus também uma das fórmulas representativas do Novo Aeon: o aeon do filho.
O ritual da Estrela Rubi tem estreita associação com essa passagem, e é uma
recomendação minha para quem tem interesse em “adentrar” nas correntes do Novo
Aeon e não sabe por onde começar. No Liber Stellae Rubae, Crowley trabalha a
fórmula de IAO e sua oposição, retirada da Visão e da Voz, OAI. E o que isso tem a ver
com toda a definição de Magia que demos?
IAO representa o processo de criação e destruição, e portanto é o objetivo
próprio da Magia(k) em relação a Thelema: começar com a exploração da aspiração,
para depois de armazenada uma certa quantidade de experiências, por tese e antítese
como num filtro de “gostos” e “amores”, chegar à verdadeira vontade. IAO nos resume
isso: a criação (ou inspiração), que vai sendo modelada (Apophis) até que surge mais
pura e clara. E no Liber Stellae Rubae Crowley parece dar conselhos precisos sobre a
aplicação dessa fórmula, através da masturbação (“sacrifício da criança”, ou sexo anal,
ao que parece). O texto parece descrever duas pessoas em ato real de consagração,
onde o corpo de uma se torna o altar enquanto outro aplica a operação.
O processo mágico, e mesmo de percepção da Verdadeira Vontade e da
Aspiração, requer um certo trabalho inicial que requer pura e simples observação -
porque ela aflora apenas, sem muito esforço (que talvez demore se apenas
“esperarmos” - mas certamente vem). Podemos usar a fórmula de IAO para fortalecer
esse processo de expressão da aspiração. Essa Aspiração surge em momentos
especiais em que nos sentimos mais criativos e produtivos - é o que acho que
represente a Aspiração. Nesse início de jornada, cabe ao estudante ficar atento aos
seus instintos e principalmente às suas intuições. Aqui é importante diferenciar: o
instinto, enquanto herança genética, é menor nos humanos do que nos outros animais.
E graças a isso somos tão adaptáveis. Ligados sistematicamente, a Intuição é
justamente resultado de milhões de percepções que tivemos durante toda a vida e que
nos fizeram em certos momentos rejeitar, aceitar ou manipular o instinto. Quando
estamos diante de situações desconhecidas, é bem provável que no começo de nossas
existências utilizemos nossos instintos. A intuição, porém, permite que além dos
impulsos, utilizemos toda a nossa experiência e conhecimento de outras experiências
para fazer um filtro altamente meticuloso e personalizado que nos permite lidar com
situações NOVAS de forma totalmente coerente e segura. A intuição é um processo
cognitivo, e por isso a considero racional.
O estudante, utilizando seus instintos e sua intuição para a criação de sua
Aspiração (ou percepção dela), é o “I” de IAO. Segue-se então o processamento disso
tudo: Apophis. A qualidade nova de cada percepção nos faz ter cada vez mais
intuições mais precisas. Quando nossas intuições - frutos de nossas experiências,
vivênvias, conhecimentos, desejos - são analisadas pela nossa percepção, temos a
segmentação dessas intuições e a reformulação - Osíris renascido. O processo de
descoberta da Verdadeira Vontade, para mim, é inteiramente racional e emocional,
passando por esses estágios de instinto e intuição para cuminar com a criação. A
visualização e a imaginação ajudam nesse processo e muito. A criação mental de
situações hipotéticas ajuda a aumentar a gama de possibilidades intuitivas. Quando
fazemos uma imaginação livre, nossa intuição entra em pleno vapor já que todas as
possibilidades estão ali. Imaginar é um exercício de inspiração e na minha opinião
deveria ser fortemente recomendado àqueles que buscam conhecer suas aspirações.
Aos que buscam conhecer suas Verdadeiras Vontades: experimentem
ativamente o mundo e vida. Passivamente também. Usem suas percepções para
receber os dados do mundo e de si mesmo, e apliquem a intuição como processo
regulador dessas percepções. Dentro de cada um de nós existe uma Natureza formada
por nossos desejos, vontades, por nossa história, pelos valores que temos, pelo que
amamos. Essa Natureza se manifesta na forma de intuição. Aquelas respostas que nos
dão prazer mais intensos e constantes serão as intuições mais fortes a cada minuto.
Nossa Aspiração está ordenada em nossas intuições - é preciso torná-la cada vez mais
consciente. E como percebemos a manifestação da Aspiração?
Resposta: Quando começamos a ordenar o mundo de acordo com nossas
intuições. Surge uma ordem no mundo estranha, quase que caótica - mas tão óbvia pra
gente. Nessas ordenações, o que é relevante sempre se manifestará primeiro: daí a
importância de criar. Criar é muito menos aleatório do que a maioria das pessoas
pensam que é. Quando achamos nossa Aspiração, parece que estamos tendo uma
vida extremamente única e original! As conclusões a que chegamos pela nossa
Intuição são surpreendentes e confirmam essa visão. É como se tivessemos alcançado
o verdadeiro sentido de algo. Nos sentimos até um pouco especiais.
Se você tem dúvidas sobre sua Aspiração e sua Verdadeira Vontade, foque na
sua percepção. Olhe para as formas do mundo. Olhe para tudo que circunda você. Que
magnífico é um lápis de cor! Que curvas suaves faz uma lixa de unha! A textura do
vidro, tão sutil. Perceba essa pequena sombra ao seu lado. As luzes do dia. Como um
piso claro reflete tanto a luz do sol. Perceba o som! As vozes das pessoas. Aquela
mulher sentada do seu lado no ônibus que é praticamente uma Fritzgerald e não
percebeu. Perceba o que é barulhento. O que é agradável. Sinta o cheiro da comida,
da bebida. Da pele! Já percebeu como tem pessoas com bons odores cutâneos?
Perceba o tempo! Perceba as pessoas. Os movimentos. A dinâmica. O silêncio, e seu
ritmo. E depois deixe que a Natureza, Ísis, a Intuição, faça seu trabalho complexo e
puro. E não tenha pressa: a verdadeira vontade é algo dinâmico. E se sua Aspiração
parece se associar a algo cultural, não fique com medo de estar errado: eu tenho
também essa ideia. A Verdadeira Vontade brota de algo intensamente profundo e
verdadeiro, tendo uma manifestação íntima e pessoal - mas sua manifestação no
mundo (ou externa) dependerá do meio - em suma, o ato é a Verdadeira Vontade, e
esse ato tem um meio onde é realizado. Perceba, ativamente. Não se restrinja. Deixe-
se refinar por IAO. Bom outono, moçada!

Frater Amaranthus

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