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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ENERGIA
Profª.: Dra. Selma Helena Marchiori Hashimoto

Cálculo Diferencial e Integral I

Roteiro 3:LIMITES DE FUNÇÕES E CONTINUIDADE

1. TANGENTES, ÁREAS E LIMITES

Os matemáticos do século XVI tinham dois problemas a serem resolvidos:

1. O Problema da Reta Tangente: Encontrar a inclinação da reta l tangente ao gráfico da


função f, no ponto P.

2. O Problema da Área: Encontrar a área da região R limitada pelo gráfico da função f e o


eixo-x para a ≤ x ≤ b.

O Cálculo Diferencial analisa a taxa de variação de uma função. Portanto, resolve o problema 1.

O Cálculo Integral envolve um processo de soma generalizada que resolve o problema 2.


1.1 A Tangente de uma Curva

O primeiro passo ao atacar o problema da reta tangente é definir claramente o que significa “reta
tangente ao gráfico de f no ponto P”.

Da geometria sabemos que se o gráfico de f é um arco de uma circunferência então a tangente no


ponto P pode ser definida como a única reta que intercepta a circunferência apenas no ponto P.

Esta definição é perfeitamente adequada para arcos de circunferências, mas fracassa para curvas
mais gerais. Por exemplo, a figura (a) mostra várias retas interceptando o gráfico de f apenas no ponto
P, mas nenhuma delas é uma tangente. A figura (b) mostra a tangente a P interceptando o gráfico de f
em outros pontos.

Existe um outro meio, entretanto, de definir a tangente a uma circunferência que tem uma
generalização satisfatória para as curvas mais gerais.

A figura a seguir ilustra que um segundo ponto Q sobre a circunferência determina uma secante
que liga os pontos P e Q.

Quando o ponto Q se move em direção a P ao longo da circunferência, a reta secante gira tendo
o ponto P fixo.

Vamos usar esta idéia para definir a tangente de forma mais geral.
2
Definição 1.1: Sejam P e Q pontos sobre uma curva C. A reta tangente à curva C no ponto P, se
existir, é a posição limite da reta secante que passa por P e Q, quando Q se
aproxima de P ao longo da curva C.

Vamos agora determinar como definir a inclinação da reta tangente ao gráfico de uma função f
em um ponto P, de tal modo que seja consistente com esta noção de tangente a uma curva.

Considere a figura abaixo:

A inclinação da reta secante é:

∆y f ( x0 + h ) − f ( x0 )
=
∆x h

À medida que o ponto Q se aproxima de P ao longo do gráfico de f, o número h ≠ 0 se aproxima


de zero.

Então, a tangente ao gráfico de f em P, é a “posição limite” da secante por P e Q quando h se


aproxima de zero, ou seja, a inclinação da tangente a P é igual ao valor limite da inclinação da reta
secante quando h se aproxima de zero, e isto é igual ao limite quando h se aproxima de zero de
f (x0 + h ) − f ( x0 )
.
h

3
Exemplo 1.1: Encontre a inclinação da reta tangente ao gráfico de f (x ) = x 2 no ponto (2,4).

Solução:

h -1 -0.1 -0.01 -0.001 0.001 0.01 0.1 1

f (2 + h ) − f (2 )
3 3.9 3.99 3.999 4.001 4.01 4.1 5
h

Quando h se aproxima de zero para estes valores, a inclinação das secantes parecem aproximar-
se de 4. De fato:
2
f ( x0 + h ) = f (2 + h ) = (2 + h ) = 4 + 4h + h 2 , e

f (x0 ) = f (2 ) = 2 2 = 4

A inclinação da tangente é portanto,

m = lim(4 + h ) = 4
h →0

Definição 1.2: A inclinação da reta tangente ao gráfico da função f no ponto ( x0 , f ( x0 )) , se


existir, é o número

f ( x0 + h ) − f ( x0 )
m = lim .
h →0 h

4
Exemplo 1.2: Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico de f ( x ) = x 3 + 3 x − 2 no ponto
(1,2).

Solução:

f (1) = 13 + 3 − 2 = 2
3
f (1 + h ) = (1 + h ) + 3(1 + h ) − 2 = h 3 + 3h 2 + 6h + 2

A inclinação da reta secante que passa por (1,2) é:

(
f (1 + h ) − f (1) h 3 + 3h 2 + 6h + 2 − 2
=
)
= h 2 + 3h + 6, h ≠ 0
h h

A inclinação da reta tangente é portanto,

(
m = lim h 2 + 3h + 6 = 6
h →0
)
Uma equação para a reta tangente que tem a inclinação m = 6 e passa pelo ponto (1,2) é:

y − 2 = 6(x − 1) ⇒ y − 6 x − 1 = 0 .

Exercícios

1. Use a definição 1.2 para encontrar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f no ponto dado.

(a) f ( x ) = 3x − 2, P = (2, 4 ) (f) f ( x ) = x 4 , P = (− 2,16 )

(b) f ( x ) = 2 x 2 , P = (3,18) 1
(g) f (x ) = , P = (− 2,1)
x+3
(c) f ( x ) = 2 x 2 + 3, P = (1, 5)
4
(h) f (x ) = , P = (2,1)
(d) f ( x ) = 3 x + 4 x + 2, P = (− 2, 6 )
2
x2

(e) f ( x ) = x 3 + 3, P = (2,11)

2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função f ( x ) = 3x 2 no ponto (-1, 3).

3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função f ( x ) = ax 2 , no ponto (1, a).

4. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráfico da função f ( x ) = 2 x 2 + x , no ponto em


que x = 1.

5
5. Usando uma calculadora podemos aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de f em

(x0 , f (x0 )) calculando a inclinação da secante f (x0 + h ) − f (x0 ) para h pequeno.


h

(a) Aproxime a inclinação da reta tangente ao gráfico de f ( x ) = x 3 − 3 x no ponto (2, 2)


completando a tabela 1.1.

(b) Use o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para calcular a inclinação da reta tangente ao
gráfico de f (x ) = x 3 − 3x no ponto (2, 2). Compare com a parte (a).

Tabela 1.1

f (x0 + h ) − f ( x0 )
x0 h
h

0.1

0.01

0.001

0.0001

-0.0001

-0.001

-0.01

-0.1

6. Use a tabela 1.2 para aproximar a inclinação da reta tangente ao gráfico de y = senx no ponto
(0, 0).

Aplique o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para obter uma expressão para o limite que deve ser
calculado a fim de obter a inclinação da reta tangente.

7. Mostre que a inclinação da reta tangente ao gráfico de f ( x ) = x 2 + 6 x + 1 no ponto em que


x = a é m = 2a + 6. Use esta informação para encontrar o número x em que a inclinação da
tangente ao gráfico é zero.

8. Seja f ( x ) = x . Complete a tabela 1.2 para o ponto (0, 0). A função valor absoluto tem um

tangente no ponto (0, 0)?


6
2. LIMITES DE FUNÇÕES

A afirmação

L = lim f ( x )
x→ a

significa que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos para todo x ≠ a, mas
suficientemente próximo de a.

Esta definição não é uma definição rigorosa porque as frases “tão próximos de L quanto
desejarmos” e “suficientemente próximo de a” são, de algum modo, imprecisas.

Exemplo 2.1: Seja f ( x ) = 2 x + 1 . Então

lim f ( x ) = 7 .
x →3

Para ver como esta função satisfaz a definição intuitiva de limite dada acima, analisaremos duas
escolhas diferentes de “tão próximo” de f ( x ) para L = 7.

Por exemplo, vamos supor que f ( x ) esteja próximo de 7 com um precisão de 0.5, isto é,

6 .5 ≤ 2 x + 1 ≤ 7 .5

Mas,

6.5 ≤ 2 x + 1 ≤ 7.5 ⇒ 5.5 ≤ 2 x ≤ 6.5 ⇒ 2.75 ≤ x ≤ 3.25 .

Assim, para obter a precisão desejada de ±5 em torno de L = 7, restringimos x ao intervalo


2.75 ≤ x ≤ 3.25 .

Agora, se quisermos que f ( x ) esteja próximo de 7 com uma precisão de 0.1, temos

6.9 ≤ 2 x + 1 ≤ 7.1 ⇒ 5.9 ≤ 2 x ≤ 6.1 ⇒ 2.95 ≤ x ≤ 3.05 .

Portanto, se 2.95 ≤ x ≤ 3.05 , então f ( x ) está próximo de 7 com precisão de 0.1.

Em geral, dada qualquer precisão desejada de f ( x ) para 7, podemos encontrar um intervalo

aberto I centrado em 3 tal que, se x pertence ao intervalo I, então o valor f ( x ) difere de 7 por não
mais do que a precisão prescrita. Assim, dizemos que

lim(2 x + 1) = 7 .
x →3

7
senx
Exemplo 2.2: A função f (x ) = não é definida em x = 0. Entretanto, o limite
x

senx
lim = 1.
x →0 x

Observe a tabela 1.2:

Tabela 1.2

senx senx
X x
x x

0.8 0.896695 -0.002 0.999999

0.5 0.958851 -0.005 0.999996

0.2 0.993347 -0.02 0.999933

0.08 0.998934 -0.05 0.999583

0.05 0.999583 -0.08 0.998934

0.02 0.999933 -0.2 0.993347

0.005 0.999996 -0.5 0.958851

0.002 0.999999 -0.8 0.896695

Esta evidência numérica é consistente com o gráfico de f ( x ) :

8
3
Exemplo 2.3: Calcule lim
( x + 1) − 1
.
x →0 x

Solução: A função f ( x ) =
(x + 1)3 − 1
não é definida para x = 0. Mas observando a tabela 1.3 vemos
x
que quando x está se aproximando de zero, o valor f ( x ) se aproxima de L = 3.
Tabela 1.3

x
(x + 1)3 − 1 x
(x + 1)3 − 1
x x
2.0 13.0 -0.001 2.997
1.5 9.75 -0.01 2.9701
1.0 7.0 -0.1 2.71
0.5 4.75 -0.2 2.44
0.2 3.64 -0.5 1.75
0.1 3.31 -1.0 1.0
0.01 3.0301 -1.5 0.75
0.001 3.003 -2.0 1.0

Os dados sugerem que

lim
(x + 1)3 − 1 = 3 .
x x →0

Podemos verificar este limite utilizando uma álgebra simples. De fato,


(x + 1)3 − 1 = (x3 + 3x 2 + 3x + 1) − 1 = x3 + 3x 2 + 3x = x 2 + 3x + 3, x ≠ 0 .
x x x
3
Concluímos, portanto que as funções f (x ) =
( x + 1) − 1
e g ( x ) = x 2 + 3 x + 3 tem os mesmos
x
valores, exceto para x = 0, em que f (0) não é definida. Assim, os limites quando x se aproxima de
zero destas duas funções devem ser os mesmos.
Nosso limite pode ser calculado como segue:

lim
(x + 1)3 − 1 = lim(x 2 + 3x + 3) = 0 + 0 + 3 = 3
x →0 x x →0

Graficamente, temos:

9
x 2 − 3x + 2
Exemplo 2.4: Calcule o limite lim .
x→2 x2 + x − 6

Solução: Primeiro observemos que para x = 2 obtemos o quociente:

22 − 3 ⋅ 2 + 2 4 − 6 + 2 0
= =
22 + 2 − 6 4+2−6 0

que não está definido.

Portanto, devemos fatorar o numerador e o denominador, obtendo para x ≠ 2,

x 2 − 3 x + 2 ( x − 2)( x − 1) x − 1
= = .
x 2 + x − 6 ( x − 2)( x + 3) x + 3

Assim,

x 2 − 3x + 2 x −1 2 −1 1
lim 2
= lim = =
x→2 x + x − 6 x→2 x + 3 2 + 3 5

sen 2 x
Exemplo 2.5: Calcule lim .
x →π 1 + cos x

Solução:
2
Primeiro observemos que sen 2π = (senπ ) = 0 e 1 + cos π = 1 + (− 1) = 0 .

Assim, numerador e denominador são ambos iguais a zero quando x = π . Temos, então, de
sen 2 x
encontrar uma expressão equivalente para , isto é,
1 + cos x

sen 2 x 1 − cos 2 x (1 − cos x )(1 + cos x )


= = = 1 − cos x, se cos x ≠ −1
1 + cos x 1 + cos 2 x 1 + cos x

Assim,

sen 2 x
lim = lim(1 − cos x ) = 1 − (− 1) = 2 .
x →π 1 + cos x x →π

10
2.1 Limites que não existem

x
Exemplo 2.6: O limite lim não existe. Para ver porque, utilizamos a definição de módulo,
x →0 x
 x se x ≥ 0
x =
− x se x < 0
x
Para reescrever a função f ( x ) = como:
x
x
 x se x > 0
f (x ) = 
 − x se x < 0
 x
Se x está próximo de zero e for positivo, f ( x ) = 1 . Mas, se x está próximo de zero e for negativo,
f ( x ) = −1 .
Para que o limite exista quando x → 0 , os valores de f ( x ) devem se aproximar de um número
L, quando x se aproxima de zero por qualquer um dos lados. Como não é o que acontece nesse
exemplo, o limite não existe.

1
Exemplo 2.7: lim sen   não existe.
x →0
 x
1
De fato, os valores f (x ) = sen   não se aproximam de um único número L quando x → 0 .
 x
As tabelas 1.4, 1.5 e 1.6 a seguir ilustram as oscilações de f ( x ) numericamente. A tabela 1.4
sugere que o limite seria 1, a tabela 1.5 sugere que o limite seria 0 e a tabela 1.6 sugere que o limite
2
seria .
2

Tabela 1.4 Tabela 1.5 Tabela 1.6


1 1
1 x sen   x sen  
x sen    x  x
 x
1 4 2
2 0
1 2π π 2
π
1 4 2
2 0
1 4π 9π 2

1 4
2 0 1
1 6π 17π

1 4 2
2 0
1 8π 25π 2
13π
1 4 2
2 0
1 10π 25π 2
17π

11
Exercícios

9. Para cada uma das funções dadas pelos seus gráficos, indique se:

(i) lim f ( x ) existe e é igual a f (a ) .


x→ a

(ii) lim f ( x ) existe mas nãe é igual a f (a ) .


x→ a

(iii) lim f ( x ) não existe.


x→ a

(a) (b) (c)

10. Calcule o limite, se existir:

(a) lim(3 x + 7 ) (b) lim


(3 + x )2 − 9 (c) lim
h2 −1
x→2 x →0 x h →1 h − 1

x2 − x − 6 1 − cos 2 x
(d) lim (e) lim (f) lim sen (2 x ) ⋅ cossecx
x → −2 x+2 x →0 senx ⋅ cos x x→
π
2

x2 − 2x − 3 sec x ⋅ cos x 3− 9+ h
(g) lim (h) lim (i) lim
x → −1 x +1 x→
π x h →0 h
2

11. Esboce o gráfico de y = f ( x ) e determine o limite de f ( x ) quando x → 0 , se existir. Se o


limite não existir explique o porquê.

 x + 2 se x < 0 ( x + 2 )2 se x < 0


(a) f ( x ) =  (b) f ( x ) = 
2 x + 2 se x > 0 ( x − 2 )3 se x > 0

 x 2 - 3x + 3 se x < 0  x 2 + 1 se x < 0
 
(c) f ( x ) =  ( x − 1)3 + 1 (d) f ( x ) =  senx
 se x > 0  se x > 0
 x  x
12. Uma função f e um número a são dados. Plote os pontos (a + h, f (a + h )) para h = ±1,

h = ±0.1, h = ±0.01, h = ±0.001, h = ±0.0001, h = ±0.00001. Então, prediga o limite de f ( x )


quando x → a .

2 x 2 + 5 x − 12 senx
(a) f ( x ) = , a = −4 (b) f ( x ) = , a=0
x+4 3x

2.2 Definição Formal de Limite

Na seção anterior definimos o limite de uma função de maneira informal, dizendo que

L = lim f ( x )
x→ a

Significando que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos, para todo x ≠ a, mas
suficientemente próximo de a.

Do ponto de vista da precisão matemática, esta noção informal de limite é problemática. A


dificuldade repousa no uso da frase “próximo de a”. Uma afirmação matemática precisa pode
envolver constantes, variáveis, sinal de igual, desigualdades, expressões aritméticas, e assim por
diante, mas não referências vagas como “proximidade”.

Para recuperar nossa noção intuitiva de limite com uma linguagem precisa, procedemos da
seguinte forma:

1. Em lugar da frase “os valores de f ( x ) estão tão próximos de L quanto desejarmos”, usamos a
desigualdade

f (x ) − L < ε (2.1)

2. Em lugar da frase “para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a”, usamos a


desigualdade em que δ é um número positivo pequeno

0< x−a <δ (2.2)

A razão da parte esquerda da desigualdade é que não queremos x = a.

3. Para ligar estas duas frases na forma desejada, dizemos que, não importa que ε seja dado,
podemos encontrar um número δ tal que se x satisfaz a desigualdade (2.2), então f ( x ) satisfaz
a desigualdade (2.1). Isto é, queremos dizer que

x − a pequeno garante que f (x ) − L é pequeno .

13
Estas convenções nos permitem fazer a definição formal de limite.

Definição 2.1: Seja f ( x ) definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto
possivelmente em a. Dizemos que o número L é o limite da função f quando x se
aproxima de a, e escrevemos

L = lim f ( x )
x→ a

se, e somente se, dado qualquer número ε > 0 , existe um número correspondente
δ > 0 , tal que se 0 < x − a < δ , então f (x ) − L < ε .

Em outras palavras, L = lim f ( x ) , significa que os valores f ( x ) estão tão próximos de L quanto
x→ a

desejarmos (dentro de ε unidades) para todo x ≠ a, mas suficientemente próximo de a.

Exemplo 2.8: Demonstre usando a definição 2.1, que lim(2 x + 1) = 7 .


x →3

Solução: De acordo com a definição 2.1, L = 7 e a = 3. Além disso, as seguintes desigualdades são
equivalentes:
Dado qualquer número pertencente a ε
(2x + 1) − 7 < ε (2.3)
2x − 6 < ε
2 x−3 < ε
ε
x−3 < (2.4)
2
Ainda, de acordo com a definição 2.1, devemos encontrar uma distância δ aceitável para cada
precisão ε > 0 dada, afim de provar que o limite é 7.

A equação (2.4) obtida a partir de (2.3) é a chave para isto.

De fato, os cálculos acima mostram que

ε
(2 x + 1) − 7 < ε ⇔ x −3 < .
2

ε
É exatamente esta equivalência que nos mostra como escolher δ. Com δ = , sabemos que se
2
ε
0 < x − 3 < δ , então a desigualdade x − 3 < é verdadeira e, portanto, a desigualdade (2.3).
2

14
Formalmente, a demonstração é:

ε
Seja ε > 0 dado. Vamos escolher δ = . Segue, então, que se 0 < x − 3 < δ , então
2

(2 x + 1) − 7 = 2 x − 6
= 2 x − 3 < 2δ , pois x − 3 < δ
ε 
= 2 
2

Ou seja, se 0 < x − 3 < δ , então (2x + 1) − 7 < ε , como exigido pela definição 2.1.

Exemplo 2.9: Prove que lim(4 x + 3) = 11 .


x→2

Solução: Neste caso, f ( x ) = 4 x + 3, L = 11 e a = 2 .


Temos as seguintes desigualdades equivalente:
f (x ) − L < ε
(4 x + 3) − 11 < ε
4x − 8 < ε
4x−2 <ε
ε
x−2 <
4
ε
Dado ε > 0 , escolhemos δ = . Segue, então, que se 0 < x − 2 < δ , então
4
(4 x + 3) − 11 = 4 x − 8
= 4 x − 2 < 4δ
ε
=4
4

ε
Assim, com δ = temos que se 0 < x − 2 < δ , então (4x + 3) − 11 < ε .
4

15
(
Exemplo 2.10: Prove que lim x 2 − 4 x + 7 = 3 .
x→2
)
Solução: Neste caso, temos que f ( x ) = x 2 − 4 x + 7, L = 3 e a = 2 . Assim, se ε é um número positivo
dado, as seguintes desigualdades são equivalentes:
f (x ) − L < ε
(x 2
)
− 4x + 7 − 3 < ε
x2 − 4x + 4 < ε

(x − 2)2 < ε
x−2 < ε

Se tomarmos δ = ε , segue que se 0 < x − 2 < δ , então (x 2 − 4 x + 7 ) − 3 < ε .

( )
Isto prova que lim x 2 − 4 x + 7 = 3 , de acordo com a definição 2.1.
x→2

2.3 Propriedades de Limite

1. lim c = c , c = constante
x→a

2. lim x = a
x→a

A afirmação 1 diz que o limite da função constante f (x ) = c é sempre o número c, independente


de quem seja a.

A afirmação 2 diz que o limite da função linear g ( x ) = x quando x se aproxima de a é o valor da


função em a, isto é, g(a) = a.

O teorema que segue estabelece uma álgebra dos limites, pela qual limites de somas, produtos e
quocientes de funções podem ser calculados a partir de limites de termos individuais.

Teorema 2.1: Suponhamos que lim f (x ) = L e lim g ( x ) = M , existem. Seja c um número qualquer.
x→a x→a

Então, cada um dos seguintes limites existem com os valores indicados:

a) lim[ f (x ) + g ( x )] = lim f ( x ) + lim g (x ) = L + M


x→a x→a x→a

[
b) lim[cf ( x )] = c lim f ( x ) = cL
x→a x→a
]
[ ][
c) lim[ f (x ) ⋅ g ( x )] = lim f ( x ) ⋅ lim g ( x ) = L ⋅ M
x→a x→a x→a
]
f ( x ) lim f (x ) L
d) lim = x →a = , desde que M ≠ 0
x→a g ( x ) lim g ( x ) M
x →a

16
Demonstração: Faremos a demonstração das partes a) e b). As duas últimas, embora similares
às duas primeiras são logicamente mais complexas

a) Queremos mostrar que, dado ε > 0 , existe um δ > 0 tal que


se 0 < x − a < δ , então, ( f (x ) + g ( x )) − (L + M ) < ε
Para isto, consideremos as hipóteses dadas do problema:
- Dado ε > 0 , como lim f (x ) = L , então existe um número δ 1 > 0 tal que se
x→a

ε
0 < x − a < δ1 , então, f ( x ) − L < .
2
- Da mesma forma, dado ε > 0 , como lim g ( x ) = M , então existe um número δ 2 > 0 tal
x→a

ε
que se 0 < x − a < δ 2 , então, g ( x ) − M < .
2
Consideramos, então, δ como sendo o menor dos números δ1 e δ2, isto é, δ = min(δ 1, δ 2 ) .
Assim, utilizando estas informações, temos:

( f (x ) + g (x )) − (L + M ) = ( f (x ) − L ) + (g (x ) − M )
≤ f (x ) − L + g (x ) − M
ε ε
< +
2 2

Isto demonstra que lim[ f ( x ) + g ( x )] = L + M , ou seja,


x→a

“O limite da soma é a soma dos limites”.

b) Primeiro observemos que se c = 0, então, lim cf ( x ) = cL é exatamente lim 0 = 0 , que é


x→a x →a

obviamente verdadeiro.

Vamos supor, então, que c ≠ 0. Queremos provar que dado ε > 0 , existe um δ > 0 tal que
se 0 < x − a < δ , então, cf ( x ) − cL < ε .

- Mas, por hipótese, temos que dado ε > 0 , existe δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ , então,
ε
f (x ) − L < (lembre-se que c ≠ 0).
c
Assim, dado ε >0 existe um δ > 0 tal que se 0< x−a <δ , então,
ε
cf ( x ) − cL = c( f ( x ) − L ) = c f ( x ) − L < c < ε .
c
Isto mostra que lim[cf ( x )] = cL .
x→a

17
(
Exemplo 2.11: Calcule lim 3x 2 + 6 .
x→2
)
Solução:
x→2
( )
lim 3x 2 + 6 = lim 3x 2 + lim 6
x→2
( ) x→2
(a)

= 3 lim x 2 + lim 6 (b)


x→2 x→2

( )( )
= 3 lim x lim x + lim 6
x→ 2 x→2 x→2
(c)

= 3⋅ 2 ⋅ 2 + 6
= 18

 2x + 3 
Exemplo 2.12: Calcule lim  .
x → −1 1 + x 2
 

Solução: Como o limite do denominador é:

(
x → −1
)
lim 1 + x 2 = lim 1 + lim x 2
x → −1 x → −1
(a)

x → −1
(
= lim 1 + lim x lim x
x → −1
)( x → −1
) (b)

= 1 + (− 1)(− 1)
=2

O qual é diferente de zero, podemos aplicar a parte (d) para calcular que:

 2 x + 3  xlim
→ −1
(2 x + 3)
lim   = (d)
x → −1 1 + x 2
  xlim
→ −1
1+ x2 ( )

=
(
2 lim x + lim 3
x → −1
) x → −1
(a) e (b)
2

2(− 1) + 3
=
2
1
=
2

Teorema 2.2: (Extensão do teorema 2.1 para potências inteiras de x e funções potência)

Suponhamos que lim f (x ) = L . Para qualquer inteiro positivo n = 1,2,3,... vale que:
x→a

a) lim x n = a n
x→a

x→a
n
[
b) lim[ f ( x )] = lim f ( x ) = Ln
x→a
]
n

18
(
Exemplo 2.13: Calcule lim 3x 4 + 7 x 2 + 4 x .
x→2
)
Solução:

( ) (
lim 3 x 4 + 7 x 2 + 4 x = 3 lim x 4 + 7 lim x 2 + 4 lim x
x→2 x→2
) ( x →2
) ( )
x→2
4 2
= 3⋅ 2 + 7 ⋅ 2 + 4⋅ 2
= 84

(
Exemplo 2.14: Calcule lim x −3 − 3x −2 + 5 x 3 .
x → −2
)
Solução:

 1 −3 
( )
lim x −3 − 3 x − 2 + 5 x 3 = lim  3 + 2 + 5 x 3 
x → −2

x → −2 x x 
1 −3 3
= 3
+ 2
+ 5(− 2 )
(− 2) (− 2 )
− 327
=
8

(
Exemplo 2.15: Calcule lim x 3 − 7 x + 1 .
x→2
) 3

Solução:

( ) 3
[
lim x 3 − 7 x + 1 = lim x 3 − 7 x + 1
x→2 x→2
( )] 3

[
= 23 − 7 ⋅ 2 + 1 ]
3

3
= (− 5)
= −125

Teorema 2.3: Sejam m, n inteiros positivos. Então,


n n
a) se m é par, lim x m = a m , para 0 < a < ∞ ;
x→a

n n
b) se m é ímpar, lim x m = a m , para − ∞ < a < ∞ .
x→a

19
 −3

Exemplo 2.16: Calcule lim 3 x + x 2  .

x→4
 

Solução: Usando os teoremas 2.1 e 2.3, temos:

 −3
  1 −3

lim 3 x + x 2  = lim 3 x 2 + x 2 
x→4 x→4
   
1
1
= 3 lim x 2 + 3
x →4
lim x 2
x→4
1 1
= 3(4 ) +2
3
(4)2
1
= 3⋅ 2 +
8
49
=
8

Teorema 2.4: (Teorema do Confronto, ou “Sanduíche”)

Suponha que o limite de g ( x ) e o limite de h( x ) existam quando x → a , e que


lim g ( x ) = L = lim h(x ) . Se a função f satisfaz a desigualdade g ( x ) ≤ f ( x ) ≤ h( x ) para todo x em um
x→a x→a
intervalo aberto contendo a (exceto possivelmente para x = a), então,

lim f (x ) = L
x→a

Interpretação Geométrica do Teorema do “Sanduíche”:

20
Exemplo 2.17: Use o teorema do “sanduíche” para mostrar que lim senx = 0 .
x →0

Solução: Usando a desigualdade trigonométrica

senx ≤ x

e supondo que x → 0 quando x → 0 , então, podemos calcular lim senx = 0 como segue:
x →0

senx ≤ x ⇒ − x ≤ senx ≤ x

Como lim− x = 0 = lim x , pelo teorema do “sanduíche”, fica provado que lim senx = 0 .
x →0 x →0 x →0

senx
Exemplo 2.18: (Limite Fundamental) Mostre, usando o teorema do “sanduíche”, que lim =1
x →0 x
Solução: Se para x próximo de 0, vale a relação de desigualdade
sen x
cos x ≤ ≤1
x

então, quando x → 0 , temos que lim cos x = 1 e lim1 = 1 . Assim, podemos concluir, pelo teorema do
x →0 x →0

senx
“sanduíche”, que lim = 1.
x →0 x

Exercícios

13. Considerando lim(2 x + 5) = 9 ,


x→2

ε
(a) Mostre que (2x + 5) − 9 < ε , se e somente se, x − 2 < .
2
(b) Encontre um δ apropriado para ε = 2, 0.4, 0.05.

14. ( )
Considerando lim x 2 − 1 = 3 ,
x →1

(a) Mostre que (x 2 + 3) − 3 < ε , se e somente se, x −1 < ε .


(b) Encontre um δ apropriado para ε = 2, 1, 0.3 .

21
15. Use as propriedades de limites para calcular:

(a) lim(3 x − 7 ) x2 − 2x − 3
x →3 (e) lim
x →3 x −3
x 2 + 3x
(b) lim tan x
x→2 x−3 (f) lim
x →0 sen 2 x

3
x2 + 2 x x−4
(c) lim 5 (g) lim
x→4
2
x + x
x→4 x −2
2
(d) lim x 1 − x 2
x→4
( ) (h)
 73 2

lim  x − 2 x 3 
x → −1
 

16. Nas questões (a) e (b) suponha que lim f ( x ) = 2 e lim g ( x ) = −3 e calcule o limite
x→a x→a

especificado.
2
6 f ( x ) − 4[g (x )]
(a) lim 3 f ( x )g ( x ) (b) lim
x→a x→a g (x ) − 4 f ( x )

17. Use a desigualdade trigonométrica sen x ≤ x para provar que lim x sen x = 0 .
x →0

sen x
18. Use o fato de que lim = 1 (limite fundamental) para calcular o limite:
x →0 x

sen x tan x
(a) lim (b) lim
x→0 2x x →0 4x

19. Suponha que 1 − x 2 ≤ f ( x ) ≤ 1 + x 2 para todo x. Calcule lim f ( x ) .


x →0

22
2.4 Limites Laterais

Considere o gráfico de uma função f ( x )

Este gráfico tem a propriedade de que quando x é escolhido próximo de a, mas à direita de a, os
correspondentes valores da função f ( x ) estão próximos ao número L. Este é o conceito de limite à
direita, cuja notação é:

lim f ( x ) = L
x→a +

Analogamente escrevendo

lim f ( x ) = M
x→a −

significa que os valores de x estão próximos de M se x está próximo de a pela esquerda (limite à
esquerda).

Observação: O conceito de limite lateral obedece a definição intuitiva e formal de limite.

Exemplo 2.17: Como f ( x ) = x não é definida para x < 0 , o limite de x quando x → 0 não

existe. Entretanto, podemos escrever que lim+ x = 0 .


x→0

x x
Exemplo 2.18: Para a função f ( x ) = quando x → 0 , como já concluímos lim não existe.
x x →0 x
Entretanto, seus limites laterais existem. De fato,

x x
(a) Para x > 0, lim+ = lim+ = lim 1 = 1 .
x →0 x x →0 x x →0 +

x −x
(b) Para x < 0, lim− = lim− = lim (− 1) = −1 .
x →0 x x→0 x x→0−
23
Exemplo 2.19: O gráfico a seguir corresponde à função maior inteiro, definida por:

[[x]] = maior inteiro n com n ≤ x.

Por exemplo, [[2.5]] = 2, [[− 1.2]] = −2, [[π ]] = 3, [[7]] = 7, etc.

Embora lim[[x ]] não exista, ambos limites laterais existem. Por exemplo,
x→ n

lim+ [[x]] = 2 e lim− [[x]] = 1 ;


x→2 x →2

lim [[x ]] = −2 e lim− [[x ]] = −3 .


x → −2 + x → −2

Teorema 2.5: lim f ( x ) existe, se e somente se, ambos os limites laterais existem e são iguais. Isto
x→ a

é, lim f (x ) = L se, e somente se, lim+ f ( x ) = L = lim− f ( x ) .


x→a x→a x→a

Exemplo 2.20: Dada a função


4 x − 3, x ≥ 1
f (x ) =  2
2 − x , x < 1
calcule o lim f ( x ) .
x →1

Solução: A estratégia que utilizamos é a de examinar os limites laterais individualmente.


Para calcular o lim+ f ( x ) , observemos que se x > 1 , então, f (x ) = 4 x − 3 . Assim, temos,
x →1

x →1+
( )
lim (4 x − 3) = 4 lim+ x − 3 = 4 ⋅1 − 3 = 1 .
x →1

Analogamente, se x < 1 , então, f ( x) = 2 − x 2 , tal que


( ) ( ) 2
lim− 2 − x 2 = 2 − lim− x = 2 ⋅ (1) = 1 .
x →1 x →1
2

Portanto, como os limites laterais existem, e são iguais, concluímos, pelo teorema 2.5, que
lim f ( x ) = 1
x →1

24
2.5 Limites Infinitos

1
Seja f uma função definida por f ( x ) = . Iremos analisar o comportamento numérico desta
x
função através das tabelas abaixo.

(a) Comportamento de f à esquerda de x = 0:

x -1 -0.1 -0.01 -0.001 -0.0001

f(x) -1 -10 -100 -1000 -10000

Podemos notar que quando x → 0 − , ou seja, por valores menores que zero, os valores da
função decrescem sem limite.

(b) Comportamento de f à direita de x = 0:

x 1 0.1 0.01 0.001 0.0001

f(x) 1 10 100 1000 10000

Podemos notar que quando x → 0 + , ou seja, por valores maiores que zero, os valores da
função crescem sem limite.

Baseado neste exemplo, podemos afirmar que quando x está próximo de 0 esta função não tem
os valores se aproximando de um limite bem definido. Observe o gráfico:

25
1
Analisando, agora, o comportamento da função f ( x ) = , nas proximidades de x = 0,
x2
observamos que:

(a) Comportamento de f à esquerda de x = 0:

x -1 -0.1 -0.01 -0.001 -0.0001

f(x) 1 100 10000 1000000 100000000

(b) Comportamento de f à direita de x = 0:

x 1 0.1 0.01 0.001 0.0001

f(x) 1 100 10000 1000000 100000000

Observamos pelas tabelas, que se x → 0 − ou x → 0 + os valores da função crescem sem limite.


Assim, podemos afirmar, por este exemplo que, quando x → 0 esta função tem os valores se
aproximando de um limiar (infinito = ∞ ). Observe o gráfico:

1
Neste caso, dizemos que não existe o limite de f ( x ) = no ponto x = 0, mas denotamos tal
x2
fato por:

1
lim =∞
x →0 x2

Por causa desta notação costuma-se dizer que algumas funções têm limites infinitos e por causa
deste limite, dizemos também que o gráfico desta função tem uma assíntota vertical, que é uma reta
cuja equação é dada por x = 0, neste caso.

26
Definição 2.2: Seja f ( x ) definida para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto
possivelmente em a. Diz-se que f tem limite infinito, quando x se aproxima de a,
o que é denotado por:

lim f (x ) = +∞
x→a

se, para todo número real ε > 0,existir um δ > 0 tal que se 0 < x − a < δ , então

f (x ) > ε .

1
Observação: De modo similar, pode-se chegar à conclusão que para a função g ( x ) = − não existe
x2
limite no ponto x = 0, no entanto pode-se representar um resultado, como descrito anteriormente, por:
−1
lim = −∞ .
x →0 x 2

2.6 Limites no Infinito

1
Analisaremos agora o comportamento de f ( x ) = , quando x cresce arbitrariamente ( x → ∞ ) ,
x
ou quando x decresce arbitrariamente ( x → −∞ ) :

(a) Comportamento de f para x pequenos:

x -1 -10 -100 -1000 -10000 -100000

f(x) -1 -0,1 -0.01 -0.001 -0.0001 -0.00001

(b) Comportamento de f para x grandes:

x 1 10 100 1000 10000 100000

f(x) 1 0,1 0.01 0.001 0.0001 0.00001

Pelas tabelas observamos que:

lim f ( x ) = 0 e lim f ( x ) = 0
x → +∞ x → −∞

27
E quando construímos o gráfico de f, observamos que existe uma reta (assíntota) horizontal
que é a reta y = 0, que nunca toca a função, mas se aproxima dela em +∞ e em −∞ .

Temos então uma definição geral, englobando tal situação:

Definição 2.3: Seja f ( x ) definida para todo x em um intervalo (a, ∞ ) . Escrevemos:

lim f ( x ) = L
x →∞

quando, para todo número real ε > 0,existir um δ > 0 tal que f (x ) − L < ε e

sempre que x > δ.

Formalizaremos agora o conceito de assíntota horizontal.

Definição 2.4: Dizemos que a reta y = L é uma assíntota horizontal do gráfico de f se:

lim f ( x ) = L ou lim f (x ) = L
x →∞ x → −∞

3x 2 + 1
Exemplo 2.21: Calcule o lim .
x → ±∞ 2 x 2 − 2 x − 4

Solução: Como estamos interessados em valores da variável x tais que x seja grande, porém x ≠ 0 ,
podemos simplificar a expressão como segue:
 1 
2 3+ 2 
3x + 1 x 
lim 2 = lim
x → ±∞ 2 x − 2 x − 4 x → ±∞ 2 4
2− − 2
x x
3+0
=
2−0−0
3
=
2

28
3
A interpretação geométrica deste fato é que a reta horizontal y = é uma assíntota do gráfico
2
3x 2 + 1
da função f ( x ) = .
2x2 − 2x − 4

A figura a seguir é um esboço do gráfico de f.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Quando, no cálculo do limite de uma função, aparecer uma das
seguintes formas:

0 ∞
, , ∞ − ∞, 0 ⋅ ∞, 00, ∞ 0, 1∞
0 ∞

que são denominadas expressões indeterminadas, nada se poderá concluir de imediato sobre o limite
sem um estudo mais aprofundado de cada caso.

Exercícios

20. Para cada função cujo gráfico é o da figura indicada, calcule os limites, se existirem:

(a)

(i) lim− f ( x ) (ii) lim f ( x ) (iii) lim f ( x )


x →1 x →1 x →0

29
(b)

(i) lim f ( x ) (ii) lim− f ( x ) (iii) lim+ f ( x )


x → −2 x→2 x→2

21. Considere o gráfico de f ( x ) mostrado na figura abaixo. Para que números a, temos:

(a) lim− f ( x ) = f (a ) ? (c) lim f ( x ) existe?


x→a x→a

(b) lim+ f ( x ) = f (a ) ? (d) lim f ( x ) existe e é igual a f (a ) ?


x→a x→a

22. Calcule o limite, se existir:


(a) lim+ x − 2 (f) lim− [[1 + x ]]
x→2 x →3

 52 3
 2x2 − x +1
(g) lim
(b) lim+  x − 5 x 2 
 x→∞ x3 − 4
x →0
 
−1
(h) lim
x−4 x →0 x
(c) lim+
x→4 x+2
2x4 + x −1
2
x − 4x + 4 (i) lim
(d) lim− x →∞ x 3 + x 2 + 4
x→2 x−2
x
(j) lim
x→∞ x − 1
(e) lim− x[[x ]]
x→3

x +1
(k) lim
x →0 x
30
cos x, x ≤ 0
23. Seja f ( x ) = 
1 − x, x > 0

(a) Calcule lim− f ( x ) (b) Calcule lim+ f ( x ) (c) lim f ( x ) existe?


x→0 x→0 x →0

 x + 2, x < 3
24. Seja f ( x ) =  . Prove que lim f ( x ) = 5
2 x − 1, x > 3 x →3

2, x ≤ −1

25. Seja f ( x ) = − x, − 1 < x ≤ 1
 2
− x , x > 1

(a) Esboce o gráfico de f.

(b) lim f ( x ) existe? Justifique.


x → −1

(c) lim f ( x ) existe? Justifique.


x →1

3 CONTINUIDADE

Quando definimos limite de f ( x ) quando x tende para a, enfatizamos que este limite não é
necessariamente igual a f (a ) . De fato, f (a ) pode nem mesmo ser definida.

A partir de agora voltaremos nossa atenção para o caso em que

lim f ( x ) = f (a ) .
x→a

Se isto ocorrer, dizemos que a função f é contínua em x = a.

Definição 3.1: Suponhamos que a função f é definida em um intervalo aberto contendo o número
a. Então f é contínua em a, se

lim f ( x ) = f (a )
x→a

Caso contrário, dizemos que f é descontínua em a.

31
Observações:

1. A definição de continuidade exige duas coisas: primeiro que lim f ( x ) exista, e segundo que a
x→a

função f seja definida no número a.

2. A definição 3.1 é uma definição de continuidade no número a para funções que são definidas
sobre um intervalo aberto em torno de a.

Geometricamente, continuidade é uma propriedade que garante que o gráfico de f não terá uma
interrupção (ou será “quebrado”) em (a, f (a )) . Cada uma das funções, cujos gráficos são dados a
seguir, são descontínua em a.

f (a ) não é definida

lim f (x ) ≠ lim+ f ( x ) ⇒ lim f ( x ) não existe


x →a − x →a x →a

f (a ) ≠ lim f ( x )
x→ a

32
x2 − 4
Exemplo 3.1: Calcule os números x para os quais f (x ) = é contínua.
x−2

Solução: Como x − 2 = 0 para x = 2 , então, o valor de f (2) não é definido. Dizemos então, que a
função é descontínua para x = 2 .

Para todos os números a ≠ 2 temos

x2 − 4 a2 − 4
lim f (x ) = lim = = f (a )
x→a x→a x−2 a−2

Assim, f é contínua para todo x ≠ 2 .

A descontinuidade no número 2 é chamada de descontinuidade removível, pois podemos


eliminar (remover) a descontinuidade em x = 2 definindo

f (2 ) = lim f (x ) = 4
x →2

Em outras palavras acrescentamos x = 2 ao domínio de f definindo a nova função

 x2 − 4
 , se x ≠ 2
fˆ ( x ) =  x − 2
4, se x = 2

A função fˆ é, então, contínua para todo x, e concorda com f para x ≠ 2 .

33
Exemplo 3.2: Outra função com uma descontinuidade removível é

sen x
f (x ) = .
x

Embora f (0) é indefinida, já mostramos que

sen x
lim =1
x →0 x

Podemos, portanto, “remover” a descontinuidade para x = 0 , definindo:

 sen x
ˆf ( x ) =  x , para x ≠ 0
 1, para x = 0

A função fˆ é, então, contínua para x = 0 .

Teorema 3.1: Se a função f e g são contínuas para x = a e se c é um número real qualquer, então,
as seguintes funções são também contínuas em x = a :

(a) f+g

(b) c⋅ f

(c) f ⋅g

f
(d) , desde que g (a ) ≠ 0 .
g

Teorema 3.2: Para cada inteiro positivo n = 1, 2, 3,...,

(a) a função f ( x ) = x n é contínua para todo x.

se a função g é contínua em x = a , a função f ( x ) = [g ( x )] é contínua em


n
(b)
x = a.

A combinação dos teoremas 3.1 e 3.2 mostra que qualquer polinômio é contínuo para todo x, e
qualquer função racional é contínua para todo x diferente daquele que anula seu denominador.

34
Por exemplo:

(a) O polinômio f ( x ) = x 3 − 2 x 2 + 7 é contínuo para todo x.

(b) A função racional

x3 + x + 7
g (x ) =
x−6

é contínua para todo x, com x ≠ 6 .

(c) A quarta potência de g ( x )


4
4  x3 + x + 7 
h( x ) = g ( x ) =  
 x − 6 

é contínua para todo x, com x ≠ 6 .

3.1 Continuidade em Intervalos

Definição 3.2: (i) A função f é contínua no intervalo aberto (a, b) se for contínua em cada
x ∈ (a, b ) .

(ii) A função f é contínua no intervalo fechado [a, b] se for contínua em (a, b), e,
além disso

lim f ( x ) = f (a ) e lim− f ( x ) = f (b )
x→a + x→b

A continuidade é definida de modo análogo em intervalos tais como (a, b], [a, ∞), etc.

A função f é contínua em (a, b], mas não em


[a, b].

35
Exemplo 3.3: A função f ( x ) = x é contínua no intervalo [0,∞). Em outras palavras

lim x = a , a > 0 e lim x = 0 = f (0 ) .


x→a x →0 +

n
Teorema 3.3: Sejam m e n inteiros positivos. A função f ( x ) = x m é:

(a) contínua em [0,∞) se m é par;

(b) contínua em (-∞,∞) se m é ímpar.

Exemplo 3.4: Utilizando os teoremas anteriores, podemos concluir que as seguintes funções são
contínuas nos intervalos dados

(a) f ( x ) = x 2 − 3 x em [0,∞)
2
2 3
x −x
(b) f ( x ) = em (-∞,1) e (1,∞)
1− x
2 3
6x + 5x
3 2
(c) f (x ) = em (0,2) e (2,∞)
x( x − 2 )( x + 3)

3.1.1 Definição Alternativa de Continuidade

Teorema 3.4: Seja f uma função definida em um intervalo aberto contendo o número a. Então, f é
contínua em a se, e somente se,

lim f (a + h ) = f (a ) .
h →0

Demonstração:

Seja h = x − a . Então, x → a , se, e somente se, h → 0 . Além disso, a + h = a + ( x − a ) = x , tal que


f (a + h ) = f ( x ) e

lim f (a + h ) = lim f ( x ) .
h→0 x →a

Portanto, lim f (a + h ) = f (a ) é equivalente a lim f ( x ) = f (a ) , que é a definição de continuidade


h →0 x→a

(definição 3.1).
36
Exemplo 3.5: Mostre que a função f ( x ) = sen x é contínua para todo x.

Solução: A função f ( x ) = sen x é definida para todo x. Então

lim f (a + h ) = lim sen (a + h )


h →0 h→0

= lim(sen a cos h + cos a senh )


h→0

[ ][
= (sena )lim cos h + (cos a )lim senh
h→0 h →0
]
= (sen a ) ⋅ 1 + (cos a ) ⋅ (0 )
= sen a
= f (a )

Teorema 3.5: Seja f uma função contínua em um intervalo aberto contendo o número L. Se o limite

lim g ( x ) = L
x→a

existe, então,

[ ]
lim f [g ( x )] = f lim g ( x ) = f (L )
x→a x→a

Este teorema afirma que se a função “de fora” na função composta fog é contínua,
podemos “passar o limite para dentro da função f”.

Exemplo 3.6:

(a)
x →0
( ) [x →0
( )]
lim sen π + x 2 = sen lim π + x 2 = sen (π + 0) = senπ = 0 .

Neste caso, f ( x ) = senx e g ( x ) = π + x 2 .

senx senx 1 senx 1 2


(b) lim = lim = lim = = .
x →0 2x x → 0 2x 2 x → 0 x 2 2

senx
Neste caso, f ( x ) = x e g ( x ) = . Verifique calculando fog.
2x

37
3.1.2 Teorema do Valor Intermediário

Teorema 3.6: Seja f contínua no intervalo [a, b] com f (a ) ≠ f (b ) . Seja d um número qualquer
entre f (a ) e f (b ) . Então, existe, no mínimo, um número c ∈ (a, b ) tal que
f (c ) = d .

O teorema do valor intermediário é um teorema de existência. Ele simplesmente garante que, no


mínimo, um número c existe que satisfaz a condição f (c ) = d . Entretanto, não nos diz como
encontrará este número.

Exemplo 3.7: A função f ( x ) = x 3 + 1 é contínua no intervalo [0,2]. Como f (0) = 1 e f (2) = 3 , o


teorema do valor intermediário garante que se d é qualquer “valor intermediário” com 1 < d < 3, existe

5 5
um número c ∈ (0,2) com f (c ) = d . Em particular se d = , então, f (c ) = .
2 2

Portanto,

5 1 1
c3 + 1 = ⇒ c3 = ⇒ c = 3 .
2 4 4

38
Exemplo 3.8: Use o teorema do valor intermediário para resolver a desigualdade x 3 − 4 x 2 > 5 x .

Solução: Primeiro, convertemos a desigualdade na forma f ( x ) > 0 .

x3 − 4 x 2 − 5x > 0

Assim, seja f ( x ) = x 3 − 4 x 2 − 5 x . Com f é um polinômio, f é contínua em (− ∞, ∞ ) . Os zeros de f são:

( )
f ( x ) = x 3 − 4 x 2 − 5 x = x x 2 − 4 x − 5 = x( x + 1)( x − 5) ,

tal que f ( x ) = 0 para x = -1, 0 e 5.

A tabela a seguir mostra o sinal de f em cada intervalo.

Intervalo x f (x ) Conclusão

(− ∞,−1) x = −2 f (− 2) = −14 < 0 f ( x ) < 0 em (− ∞,−1)

1  1  11
(− 1, 0) x=− f −  = > 0 f (x ) > 0 em (− 1, 0)
2  2 8

(0, 5) x =1 f (1) = −8 < 0 f ( x ) < 0 em (0, 5)

(5, ∞ ) x=6 f (6) = 42 > 0 f ( x ) > 0 em (5, ∞ )

Exercícios

26. Dê os intervalos sobre os quais a função é contínua:

1 1 − x, x ≤ 2
(a) f ( x ) = (b) f ( x ) = 
x −1  x − 1, x > 2


− x, x ≤ −1
x+2
(c) f ( x ) = 2
(d) f ( x ) = 4 − x 2 , − 1 < x ≤ 2
x −x−2 1
 x − 1, x > 2
2

x2 −1
27. A função f ( x ) = tem uma descontinuidade removível em x = 1. Determine como
x −1
definir f (1) tal que a função seja contínua em 1.

39
28. Calcule a constante k que torne a função contínua em x = a:

x k , x ≤ 2
y= ,a=2
10 − x, x > 2

29. Use o teorema 3.5 para calcular o limite:

(
(a) lim 1 + 3 x
x →8
)
5
(b) lim cos(π + x )
x→
π
2

30. Resolva a desigualdade f ( x ) > 0 ou f ( x ) < 0 usando o teorema do valor intermediário:

(a) x( x + 6) > −8 (b) x 4 − 9 x 2 > 0

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