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Paidéia, 2003, 13(26), 147-156

RESILIÊNCIA: CONCEPÇÕES, FATORES ASSOCIADOS E PROBLEMAS RELATI-


VOS À CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ÁREA1

Mara Regina Santos da Silva2


Fundação Universidade Federal do Rio Grande
Ingrid Elsen
Universidade Federal de Santa Catarina
Carl Lacharité
Université du Québec à Trois-Rivières

Resumo: A resiliência caracteriza-se pela capacidade do ser humano responder de forma positiva às
demandas da vida quotidiana, apesar das adversidades que enfrenta ao longo de seu desenvolvimento. Trata-
se de um conceito que comporta um potencial valioso em termos de prevenção e promoção da saúde das
populações; mas, ainda permeado de incertezas e controvérsias. O objetivo deste artigo é trazer uma revisão
de estudos, focalizando convergências e divergências nas concepções de resiliência de diferentes autores,
além de apresentar o que tem sido analisado como fatores de risco e de proteção a ela associados, pontuando
os problemas identificados na construção do conhecimento acerca deste fenômeno. O material revisado evi-
dencia que, apesar do conhecimento já produzido, não existe, ainda, uma definição de consenso acerca de
resiliência e sua operacionalização constitui-se em um desafio com que se deparam os pesquisadores, em
alguma etapa de seus estudos.

Palavras-chave: resiliência, fatores de risco; fatores de proteção

RESILIENCE: CONCEPTIONS, ASSOCIATED FACTORS AND RELATED PROBLEMS


WITH THE CONSTRUCTION OF THIS KNOWLEDGE

Abstract: Resilience is defined as the human capacity to positively answer to daily life demands,
despite the adversities it faces during its development. It is understood as a concept that holds a great potential
concerning preventing and promoting health among populations; even though, it is still embraced by uncertainties
and controversies. The aim of this paper is to provide a study review, focusing on conversions and diversions
of the resilience conceptions from different authors, besides presenting what has been analyzed as risk and
protection factors associated to it, pointing out the problems found in the construction of the knowledge about
such phenomenon. The reviewed material illustrates that despite the knowledge already produced there is not
a consensus about the definition of resilience yet, and its procedure represents a great challenge for researchers
along their studies.

Key-words: Resiliense, Risk factors, Protection

Nos domínios das ciências humanas e da saú- seu desenvolvimento. Esta capacidade é considera-
de, o conceito de resiliência faz referência à capaci- da por alguns autores como uma competência indi-
dade do ser humano responder de forma positiva3 às vidual que se constrói a partir das interações entre o
situações adversas que enfrenta, mesmo quando es- sujeito, a família e o ambiente e, para outros, como
tas comportam risco potencial para sua saúde e/ou 3
O termo “resposta positiva” faz referência à maneira como estes seres
humanos administram as adversidades que enfrentam ao longo de seu
1
Artigo recebido p/ publicação em 28/09/2003; aceito em 18/12/2003. desenvolvimento, reconhecendo seu potencial de risco, mas sem perder
2
Endereço para correspondência: Mara Regina Santos da Silva, Rua a capacidade de mobilizar os recursos pessoais que possuem e, quando
Frederico Carlos de Andrade, 750, Cassino, Rio Grande, RS, Cep 96208- necessário, os recursos contextuais que lhes possibilitam enfrentar essa
050, E-mail: mara@vetorial.net situações e não sucumbir diante delas.
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uma competência não apenas do sujeito, mas, tam- O acompanhamento deste grupo, ao longo de
bém, de algumas famílias e de certas coletividades. seu desenvolvimento, mostrou que as crianças que
Trata-se, portanto, de um fenômeno complexo, atre- se desenvolveram de forma normativa, apesar das
lado à interdependência entre os múltiplos contex- adversidades, foram aquelas que puderam contar com
tos com os quais o sujeito interage de forma direta um conjunto de fatores de proteção que incluía laços
ou indireta e sobre o qual incide diferentes visões. afetivos positivos dentro da família com pelo menos
De forma geral, Walsh (1998) considera que a um cuidador (um dos pais, um irmão, avós ou pais
resiliência implica mais do que meramente sobrevi- substitutos) e haviam experienciado poucas separa-
ver à situação adversa ou escapar de alguma priva- ções prolongadas de seu cuidador primário, durante
ção. Representa uma contraposição à idéia de que os o primeiro ano de vida. Além disso, encontraram
sujeitos que crescem em ambientes adversos estão suporte emocional fora de casa, geralmente de um
fadados a se tornarem adultos com problemas. Para professor na escola, de amigos ou outra pessoa que
exemplificar, a autora refere que os sobreviventes as apoiavam, principalmente nos períodos de maior
de experiências catastróficas não são necessariamente estresse.
pessoas resilientes; alguns deles podem centrar suas Outro estudo longitudinal que representa um
vidas em torno das experiências negativas que marco inicial para o desenvolvimento da pesquisa
vivenciaram, negligenciando outras dimensões de seu sobre resiliência foi conduzido por Michel Rutter que
viver, enquanto que as pessoas resilientes desenvol- acompanhou, durante dez anos (de 1979 a 1989), 125
vem certas habilidades que lhes possibilitam assu- crianças cujos pais eram portadores de doença men-
mir o cuidado e o compromisso com sua própria vida. tal. A constatação de que muitos desses filhos não
Enquanto objeto de investigação, a resiliência sucumbiram às privações e às adversidades a que
tem sido examinada de forma sistematizada no de- estavam expostos na infância e não apresentaram
correr das últimas três décadas, a partir de trabalhos qualquer tipo de doença mental ou problemas de
desenvolvidos com crianças vivendo em ambientes comportamento, serviu de ponto de partida para a
com múltiplos riscos psicossociais. Dentre esses, o investigação, no sentido de compreender como elas
estudo longitudinal coordenado por Werner (1995) conseguiram evitar os efeitos negativos da convivên-
que acompanhou, durante 32 anos, uma coorte de cia com a doença mental e identificar o que as prote-
698 crianças nascidas em 1955, na ilha de Kauai- gia dos perigos potenciais a que estavam expostas
Hawaii, dentre as quais aproximadamente um terço (Zimmerman & Arunkumar, 1994).
(n= 201) foi considerada de alto risco, pois vivia em Sem dúvida, resiliência é um conceito impor-
famílias cronicamente pobres e havia experienciado tante, com múltiplas possibilidades de aplicação, uma
estresse perinatal, instabilidade familiar, discórdia e vez que pode contribuir para maior compreensão
problemas de saúde física e mental nos pais. Este acerca do processo de produção de saúde que se de-
estudo avaliou, entre outros aspectos, as conseqüên- senrola em meio à aparente desorganização
cias, a longo prazo, das condições adversas sobre o provocada, muitas vezes, pelas adversidades com as
desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial des- quais os seres humanos se deparam ao longo de sua
sas crianças, identificando que, na vida adulta, uma existência. Principalmente em termos de desenvol-
parte desse grupo (n= 72) se desenvolveu como pes- vimento humano, a resiliência ajuda a explicar por-
soas que, sob o ponto de vista vocacional e acadêmi- que algumas crianças expostas a situações de risco
co, foram consideradas competentes, confiantes e são suscetíveis de manifestar problemas emocionais
capazes de administrar sua vida dentro de padrões e comportamentais e outras não. Entretanto, apesar
considerados normativos, apesar de terem crescido do potencial contido neste conceito, existem, ainda,
sob condições desvantajosas. A outra parte do grupo muitas indagações e controvérsias acerca deste fe-
de crianças, que também viveu em condições de alto nômeno que precisam ser revistas e discutidas de
risco, manifestou sérios problemas de aprendizagem, forma a contribuir para que se possam utilizar mais
além de registros de delinqüência e problemas de amplamente suas potencialidades no que se refere à
saúde mental. promoção da saúde e instrumentalização dos profis-
Resiliência: concepções, fatores associados 149

sionais que trabalham com indivíduos e grupos que adversidades inclui desde a habilidade da pessoa para
vivem em situações de risco. lidar com as mudanças que acontecem em sua vida,
Em busca de um confronto com alguns desses sua confiança na própria auto-eficácia, até o reper-
questionamentos foi realizada a revisão de um con- tório de estratégias e habilidades de que dispõe para
junto de estudos que examinam a resiliência, utili- enfrentar os problemas com os quais se depara.
zando como critério de inclusão aqueles produzidos Com uma abordagem semelhante, Masten e
pelos autores que, nos últimos quinze anos, mais têm Coatsworth (1995), Luthar, Cicchetti e Becker (2000)
publicado sobre o tema e, ao mesmo tempo, permiti- consideram que a resiliência se refere à obtenção de
am colocar em destaque as controvérsias. Este arti- resultados desenvolvimentais esperados, apesar da
go aporta uma síntese desta revisão, focalizando, presença de desafios significativos para o desenvol-
especificamente, as aproximações e as divergências vimento e a adaptação do sujeito. Estes autores des-
entre as concepções de resiliência desses autores; o tacam duas condições críticas associadas ao concei-
que tem sido estudado em termos de fatores de risco to: A primeira refere-se à exposição da pessoa a uma
e de proteção associados ao conceito; e os proble- ameaça significativa ou a uma severa adversidade;
mas mais comumente identificados na construção do na segunda há concretização de uma adaptação efe-
conhecimento nessa área. tiva, apesar da ‘agressão’ em potencial que repercu-
te no desenvolvimento do sujeito.
As concepções correntes de resiliência Para Zimmerman e Arunkumar (1994), o ter-
mo resiliência refere-se aos fatores e ao processo que
Rutter (1999) refere-se a resiliência como uma interrompem uma trajetória de risco para transtor-
relativa “resistência” manifestada por algumas pes- nos de comportamento ou psicopatologias, resultan-
soas diante de situações consideradas potencialmente do em respostas positivas mesmo na presença de
de risco psicossocial para seu funcionamento e de- adversidade. Aplicada à área da saúde mental, esta
senvolvimento. Segundo o autor, justamente esse concepção pode ser compreendida como a capacida-
caráter relativo é que faz com que o fenômeno seja de de o sujeito evitar a reprodução, na vida adulta,
observado em algumas circunstâncias, mas em ou- dos conflitos e dos desajustes familiares, vividos na
tras não, dependendo da etapa do ciclo vital na qual infância. Assim, por exemplo, mesmo que um dos
o sujeito se encontra quando enfrenta a adversidade pais tenha sido alcoolista, nem por isso o filho está
e do domínio examinado no estudo. Pela mesma ra- condenado a desenvolver esse problema e tornar-se
zão, fica excluída a possibilidade de se pensar a também um alcoolista na idade adulta, apesar dos
resiliência como um constructo universal aplicável altos índices de recorrência desta doença para a des-
a todas as áreas do funcionamento humano, pois se cendência, apontados na literatura.
as circunstâncias mudam, a resposta da pessoa tam- Já Garmezy (1993) concebe a resiliência
bém pode ser modificada. como a capacidade de recuperar o padrão de funcio-
A resiliência, segundo Rutter (1987), seria namento após experienciar uma situação adversa,
resultante da interação entre fatores genéticos e sem que, no entanto, deixe de ser atingido por ela.
ambientais, os quais, também, oscilam em sua fun- Esta concepção está associada à idéia de que a pes-
ção, podendo atuar como proteção em certos momen- soa resiliente, vivendo sob uma situação de ameaça
tos e, em outros, como fator de risco. Assim, para ao seu bem-estar, pode se curvar, perder suas forças
compreender porque algumas pessoas se mostram e ainda se recuperar. A enfase nesta capacidade do
resilientes apenas em determinadas situações é im- sujeito para retomar os padrões de comportamento
prescindível examinar, primeiramente, essas habituais que possuía antes de vivenciar a adversi-
interações, considerando-as a partir do contexto em dade pressupõe que ela funcionava relativamente bem
que acontecem e do momento histórico vivido pela ao se deparar com a situação negativa e somente a
pessoa, já que ambos influenciam na forma como a partir deste momento passa a ter dificuldades, mas
adversidade é experienciada e, conseqüentemente, que algo se produz, levando-a a recuperar sua for-
na resposta do sujeito aos problemas. Este autor res- ma. Embora esta dimensão atribuída ao conceito de
salta, ainda, que esta ‘capacidade’ para superar as
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resiliência tenha sido explorada em muitas pesqui- Para Walsh (1996; 1998), o conceito “família
sas, é importante destacar que sua aplicabilidade resiliente” diz respeito ao processo interacional que
parece ser mais apropriada ao estudo de populações se desenrola nela enquanto unidade funcional, ao
que, ao longo de sua vida, construíram um “padrão” longo do tempo, fortalecendo a ambos (indivíduo e
de comportamento. Nesse sentido, pensar, por exem- conjunto). Trata-se de um processo mediante o qual
plo, em crianças que vivem as etapas iniciais de seu a família enfrenta seus períodos de crise ou desorga-
desenvolvimento, esta concepção mostra-se limita- nização; resiste às privações prolongadas e efetiva-
da visto que, nestes casos, é difícil falar de um “pa- mente se reorganiza. Já Hawley e DeHann (1996)
drão” prévio de respostas que poderia ser retomado. dizem que este conceito descreve a trajetória que uma
Dando ênfase à idéia de processo, Cyrulnik família percorre no sentido de sua adaptação e pros-
(2001) considera que resiliência traduz um conjunto peridade, quando enfrenta uma adversidade, tanto no
de fenômenos articulados entre si, que se desenro- momento em que vivencia essa situação quanto ao
lam, ao longo da vida, em contexto afetivo, social e longo do tempo. De acordo com essas autoras, trata-
cultural, podendo ser metaforicamente comparado à se de um processo desenvolvimental único que in-
arte de navegar em meio à tempestade. É, pois, uma clui padrões de organização, de comunicação, de re-
história que se constrói, quotidianamente, desde o cursos pessoais e comunitários para a solução de pro-
início da vida, a cada ação, a cada palavra, num lon- blemas, possibilitando à família criar sua própria tra-
go processo que se inscreve em um contexto especí- jetória, crescer e prosperar, ao mesmo tempo em que
fico e se reconstrói de forma coletiva, ao longo do responde à situação adversa. Por outro lado, para
tempo, na qual o ambiente e tudo que o compõe são McCubbin e McCubbin (1993), que examinam o sis-
co-autores. A realidade em que o sujeito vive pode tema familiar no enfrentamento tanto de circunstân-
ser ameaçadora, colocando em risco a qualidade de cias normativas como não normativas, as “famílias
seu viver e fazendo-o sofrer, mas ele consegue en- resilientes” têm um padrão estabelecido de vínculos
contrar recursos que o ajudam a avançar e prosse- e flexibilidade, sendo mais capazes de administrar
guir. Para este autor, a resiliência se refere muito mais privações e mobilizar forças que resultam em res-
à evolução e à história de um sujeito, do que a ele postas positivas diante de situações provocadoras de
mesmo. É, portanto, o caminho construído que é crise. Essas famílias são capazes de se preservar como
resiliente. unidades funcionantes e desempenhar suas tarefas
Por outro lado, os autores que utilizam o durante a crise.
conceito família resiliente partilham da idéia de que Ainda, em relação às concepções de resiliência
esta característica se constrói numa rede de relações é pertinente registrar sua aplicação ao conjunto da
e de experiências vividas ao longo do ciclo vital e coletividade; segundo Mangham, McGrath, Reid e
através das gerações, capacitando a família para rea- Stewart (2002) esta é uma tarefa mais abstrata, re-
gir, de forma positiva, às situações potencialmente servada para aqueles grupos/comunidades que en-
provocadoras de crises, superando essas dificulda- frentam crises ou eventos desfavoráveis de maneira
des e promovendo sua adaptação de maneira produ- a contribuir para sua consolidação, melhoria de seus
tiva a seu próprio bem estar. De modo geral, esses recursos, tendo uma atitude no sentido de se adaptar.
autores ressaltam que este conceito tem como foco a Embora as concepções correntes de resiliência
família como um todo em vez de se restringir ao in- façam referência ao indivíduo, à família e outros gru-
divíduo dentro da família. Ao mesmo tempo, refe- pos, é importante destacar que a maioria dos estudos
rem que muitos aspectos estudados na resiliência produzidos nos últimos anos, mesmo que falem das
individual têm sido incorporados à noção de família influências do contexto familiar, a focalizam, predo-
resiliente, tais como: a ênfase em um processo minantemente, no âmbito individual. São trabalhos
desenvolvimental e não em um fenômeno estático, a desenvolvidos, geralmente, sob a perspectiva da
importância do momento em que o sujeito e a famí- psicopatologia e aportam uma significativa base de
lia se encontram quando se deparam com a adversi- conhecimentos acerca dos fatores de risco e de pro-
dade (Hawley & DeHann,1996; Walsh, 1998). teção, envolvidos neste processo, e das característi-
Resiliência: concepções, fatores associados 151

cas das pessoas nas quais este fenômeno é observa- Fatores de risco e de proteção associados ao estu-
do. Por outro lado, os estudos que examinam a do da resiliência
resiliência como característica do grupo familiar são
desenvolvidos geralmente com uma orientação A presença de uma condição adversa (ou de
sistêmica e introduzem o exame de fatores específi- risco) está, sem dúvida, atrelada ao conceito de
cos relacionados às famílias e não apenas aos indiví- resiliência. Masten e Coatsworth (1995) dizem que
duos, como a estabilidade e a coesão entre seus mem- este termo deve ser usado somente para aqueles ca-
bros. Já o estudo da resiliência atribuída à certas co- sos em que a pessoa responde positivamente em pre-
letividades aporta conhecimento substancial acerca sença de risco significativo, devendo ser evitado
das características grupais e dos fatores de risco e de quando a resposta é positiva, mas não houve essa
proteção em sua interface coletiva como, por exem- exposição. Diferente da idéia de invulnerabilidade,
plo, o suporte social mútuo e o nível de participação resiliência diz respeito a uma capacidade de enfren-
de seus membros. tar e responder bem quando há perigo e possíveis
Assim, em síntese, as concepções de conseqüências negativas, ou seja, não se está diante
resiliência examinadas nesta revisão podem ser clas- de uma situação em que a pessoa não experimente o
sificadas em uma das três categorias já referidas por estresse, ou que não se sinta atingida pela sua adver-
Werner (1995), ou seja: a) a capacidade do ser hu- sidade, nem tampouco que o risco tenha sido afasta-
mano (indivíduo; família ou comunidade) de mani- do. Pelo contrário, de acordo com Cyrulnik (2001),
festar resultados desenvolvimentais esperados, ape- o sujeito resiliente conserva as marcas do que en-
sar dos riscos presentes no ambiente, os quais po- frentou. Elas estão presentes em suas lembranças,
dem comprometer esse processo; b) a manutenção em seus sentimentos. Sua história permanece em sua
de certas competências, mesmo na vigência de ad- memória, mas a pessoa é capaz de se recuperar por-
versidades; c) a capacidade do ser humano de recu- que encontra o suporte que a ajuda a prosseguir e
perar-se das adversidades que experiencia ao longo delinear uma trajetória de vida que, do ponto de vis-
de sua trajetória vital. Cada uma destas categorias ta social e cultural, pode ser considerada positiva.
aporta limites e possibilidades, devendo, portanto, A literatura mostra que a resiliência tem sido
ser cuidadosamente examinadas quanto a sua examinada junto a populações expostas a adversida-
aplicabilidade, tanto na prática profissional quanto des de natureza diversa como a guerra (Davis, 2000;
na pesquisa. Sigal, 1998; Valent, 1998); a pobreza extrema
Outro aspecto importante a destacar é que o (Garmezy, 1991; 1993); a convivência com a doen-
conceito de resiliência pressupõe a presença de cir- ça mental (Rutter, 1994), os maus tratos (Kolbo,
cunstâncias de vida adversas quando, então, o ser 1996), a prematuridade do bebê, as restrições
humano é confrontado com os desafios que se ins- nutricionais, as longas rupturas com as pessoas sig-
crevem em seu interior, os quais colocam à prova nificativas, as limitações físicas e mentais, a
sua capacidade de enfrentá-los. Nesse sentido, ex- institucionalização prolongada, entre outros (Rutter,
prime um paradoxo, uma vez que é, justamente, na 1995; Vinay, Esparbés-Pistre & Trap, 2000).
vigência de situações adversas que o ser humano re- Especialmente importante é a presença
vela potencialidades extraordinárias. Quando olha- concomitante de diversas condições de risco, num
da sob este ponto de vista, resiliência traduz uma mesmo contexto, constituindo o que Garmezy (1993)
dimensão de positividade inserida nas reações dos chama de “cadeia de risco”. Os estudos de Rutter
sujeitos frente aos desafios que, inegavelmente, (1994), sobretudo aquele em que ele toma por base
aporta uma perspectiva promissora em termos da crianças inglesas, com idade em torno de dez anos,
saúde e do desenvolvimento humano, principalmen- vivendo em condições de pobreza, mostraram que
te, junto às populações que vivem em condições os transtornos psiquiátricos estavam relacionados
psicossociais desfavoráveis. com a presença simultânea de problemas crônicos
como a discórdia entre os pais, o baixo status sócio
econômico, a história de criminalidade nos pais, a
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existência de doença mental no principal cuidador ança em si mesma e nos outros. Segundo o autor,
da criança e o fato de elas pertencerem a uma famí- esses fatores têm um caráter complementar, uma vez
lia numerosa. que, isoladamente, eles não garantem uma evolução
Esses autores referem que a presença acu- resiliente. Uma criança que vive em condições de
mulada de estressores, num mesmo contexto, pode risco, mesmo tendo um temperamento que favoreça
explicar até 33% dos índices de transtornos psiquiá- as interações com outras pessoas e o ambiente, po-
tricos em crianças expostas a múltiplos riscos derá seguir uma evolução resiliente em uma família
(Garmezy, 1993). Entretanto, mesmo que este índi- ou em uma sociedade, mas em outra não.
ce seja elevado, é importante destacar que, ainda, Outros fatores de proteção incluem: os cuida-
resta um percentual muito maior, dentro do qual é dos responsáveis e constantes dirigidos à criança; as
possível que algumas crianças encontrem as condi- expectativas positivas nela depositadas; as relações
ções que lhes possibilitem delinear uma trajetória de de apego seguro; a coesão entre os membros da fa-
vida positiva, mesmo estando expostas a múltiplos mília, a existência de pelo menos um adulto verda-
riscos. deiramente interessado na criança, capaz de bem
A pobreza crônica, segundo Garmezy (1993), cuidá-la e protegê-la, mesmo na ausência de respon-
favorece o acúmulo de estressores que, muitas ve- sabilidade dos pais, assim como a sensibilidade ma-
zes, persistem ao longo dos anos, produzindo uma terna que, juntamente com o suporte social são, se-
cadeia de riscos cujos efeitos são capazes de reduzir gundo Silva (2003), capazes de reduzir substancial-
e/ou destruir as possibilidades de resposta positiva mente os problemas emocionais e comportamentais,
da criança pobre às adversidades cotidianas que principalmente para crianças que crescem em ambi-
vivencia, colocando-a, cada vez mais, em desvanta- entes com maiores desvantagens.
gem. Esta cadeia geralmente começa com a inade- De modo geral, pode-se afirmar que o estu-
quada nutrição e supervisão médica para a mãe du- do da resiliência tem focalizado desde os eventos
rante a gravidez, segue com a desnutrição e as doen- adversos estudados de forma isolada, até a associa-
ças ligadas à inacessibilidade de cuidados de saúde ção de múltiplos riscos, alguns sendo examinados
adequados; as dificuldades e limitações na fase de em um período de tempo delimitado e outros de for-
escolarização e pode culminar com o desemprego ma longitudinal, cobrindo uma seqüência temporal
crônico, ou mesmo o sub-emprego com salários in- mais extensa. Alguns estudos tratam, por exemplo,
suficientes, na idade adulta. de uma situação adversa que está sempre presente
Por outro lado, mesmo que a resiliência es- na vida dos seres humanos e outros levam em conta
teja atrelada à presença de uma condição adversa para adversidades que acontecem em um momento espe-
ser reconhecida como tal, não podemos esquecer que cífico do ciclo vital, podendo, após, o sujeito ou a
no contexto onde os sujeitos se desenvolvem outros família, retomar seu modo de funcionamento anteri-
elementos estão presentes. Vinay e cols (2000) di- or. É importante assinalar que, embora as pesquisas
zem que falar de resiliência implica em falar não desenvolvidas em diferentes contextos de observa-
apenas dos riscos impostos pelas circunstâncias vi- ção aportem múltiplas possibilidades de olhar o mes-
vidas pelo sujeito, mas, também, em reconhecer a mo fenômeno e, de certo modo, garantam a expan-
presença, neste mesmo ambiente, de certos fatores são do conhecimento, existem diferenças significa-
que podem proteger o ser humano, atenuando ou tivas entre elas que não podem ser ignoradas, já que
neutralizando os efeitos negativos dos riscos e determinam os rumos de uma investigação e, conse-
viabilizando a construção da resiliência. qüentemente, seus resultados.
Dentre os fatores de proteção Cyrulnik Quando McCubbin e McCubbin (1993) exa-
(2001) aponta o temperamento da criança ___ flexí- minam o sistema familiar vivenciando a doença de
vel, confiante e capaz de buscar ajuda exterior __; o um de seus membros e retomando a unidade famili-
contexto afetivo no interior do qual a criança vive ar após a experiência, estão falando da resiliência
seus primeiros anos ___ um clima familiar que aporte que se manifesta em um contexto específico, mas,
a segurança necessária para que desenvolva a confi- não, necessariamente, dos mesmos fatores e meca-
Resiliência: concepções, fatores associados 153

nismos que podem entrar em ação quando se trata de to, no sentido de promover essa construção, pode
seres humanos vivenciando outras adversidades acontecer em qualquer momento, desde a infância
como a guerra ou a pobreza extrema. Da mesma for- até a velhice.
ma, quando uma pesquisa envolve sujeitos que já A segunda dicotomia considera a resiliência
nasceram em condições adversas, é importante não ora como «a capacidade de algumas pessoas enfren-
perder de vista que, para eles, as adversidades não tarem adversidades acumuladas e situações
promovem alteração em seu estilo de vida, visto que estressantes, sem prejuízo para seu desenvolvimen-
são partes constituintes de seu contexto. Nestes ca- to», de acordo com o que dizem Vicente e Valentini
sos, parece mais apropriado direcionar os estudos (1996) apoiadas nos trabalhos de Rutter, ora como a
no sentido de investigar, por exemplo, o que essas capacidade do sujeito para enfrentar as adversida-
pessoas podem encontrar nestes contextos que vão des e prosseguir apesar do impacto que estas exer-
permitir que seu desenvolvimento siga em uma dire- ceram sobre sua vida (Cyrulnik, 2001; Zimmerman
ção positiva ou não. & Arunkumar, 1994). Aqui se vê contradição, pois
pensar que adversidades como a guerra e os maus
Problemas associados com a construção do conhe- tratos na infância possam não provocar prejuízo para
cimento acerca da resiliência o desenvolvimento de uma pessoa é, de certa forma,
negar sua sensibilidade. Esta posição aproxima-se
Embora a resiliência seja um conceito que do conceito de invulnerabilidade que, durante certo
comporta expectativas promissoras em termos de tempo, foi equivocadamente utilizado como sinôni-
prevenção e promoção da saúde, é importante não mo de resiliência; e os estudos qualitativos com su-
considerá-lo como a única resposta para os possí- jeitos que viveram as atrocidades da guerra desta-
veis problemas decorrentes da exposição dos seres cam o impacto negativo dessa experiência, mostran-
humanos às adversidades; ele é ainda relativamente do que as pessoas não são invulneráveis. Como diz
recente e permeado de muitos vazios e incertezas. Cyrulnik (2001), elas conservam as lembranças das
Há que levar em conta as questões conceituais e humilhações, perdas, vergonha e dos sentimentos de
operacionais que, embora não sejam suficientes para ódio e, muito tempo depois ainda sofrem os prejuí-
comprometer seu potencial, devem ser consideradas zos desta vivência. O que as diferencia é terem con-
como sinais de alerta. seguido se recuperar e construir uma forma de viver
Do ponto de vista conceitual, pelo menos que lhes permite responder às demandas quotidia-
duas dicotomias são identificadas. nas, apesar dos prejuízos que computam.
A primeira considera a resiliência ora como Do ponto de vista operacional, os problemas
um resultado desenvolvimental positivo que emer- envolvidos com o estudo da resiliência incluem a
ge em circunstâncias adversas (Garmezy, 1993; seleção de indicadores para mensurar este fenôme-
Masten & Coatsworth, 1995), ora como uma traje- no multideterminado, assim como sua relatividade
tória desenvolvimental positiva (Cyrulnik, 2001; (manifestação em apenas algumas áreas do funcio-
Zimmerman & Arunkumar, 1994). Embora esta namento) e instabilidade (presença em alguns pon-
dualidade não chegue a caracterizar uma contradi- tos da trajetória vital de um ser humano, mas, em
ção, visto que emergem resultados a cada etapa do outros não).
desenvolvimento que se estruturam sobre outros já A seleção dos indicadores de resiliência re-
manifestados antes, colocando o desenvolvimento presenta uma das etapas mais cruciais do processo
humano como uma seqüência histórica de resulta- de pesquisa. Dependendo dos recursos técnicos, hu-
dos transitórios, ela deve ser examinada com cuida- manos e da abordagem do estudo, este conceito pode
do, especialmente porque anuncia a existência de ser examinado ou através de respostas consideradas
diferentes posições teóricas que podem repercutir positivas em termos de desenvolvimento e das ex-
sobre a prática profissional, uma vez que conceber a pectativas sociais que vigoram para o contexto no
resiliência como uma trajetória construída ao longo qual ele se realiza, ou ainda, através da presença (ou
do ciclo vital comporta a idéia de que o investimen- ausência) de problemas de ordem emocional,
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comportamental, que podem se manifestar quando a pessoas que se sobressaem em alguns domínios, ge-
pessoa está exposta a um contexto adverso. ralmente, continuam manifestando um perfil de adap-
As duas possibilidades exigem atenção cui- tação positiva, ao longo do tempo. O estudo longitu-
dadosa, pois ambas têm limitações. A primeira, por- dinal, desenvolvido por Werner (1995), mostrou que
que está relacionada com a determinação do que seja a maioria das crianças consideradas como resilientes
uma resposta positiva, uma vez que esta, geralmen- mantiveram um adequado nível de funcionamento
te, está ligada ao significado que os sujeitos atribu- na vida diária. De forma enfática, Luthar e cols (2000)
em à experiência que estão vivenciando e ao padrão sugerem que no âmbito da pesquisa deve ser especi-
de normatividade considerado para aquela popula- ficado com clareza as condições e o domínio no qual
ção específica que está em estudo, no contexto onde a investigação está sendo conduzida, de tal modo que
vivem. Nesta intersecção é que se debate a questão fique claro onde e de que maneira seus resultados
da subjetividade em relação ao que está sendo con- podem ser aplicados.
siderado como adversidade e, também, ao que seja Da mesma forma, a instabilidade do fenôme-
uma resposta positiva, do ponto de vista das pessoas no resiliência, ao longo do ciclo vital, constitui-se
que vivem a experiência que o pesquisador está ten- em um desafio sempre presente no processo de pes-
tando compreender. Com relação a essa questão es- quisa. Não há dúvidas de que tanto as pessoas
pecífica, Luthar e cols (2000) e Laurencelle (2000) resilientes como as não resilientes mostram flutuação
chamam atenção tanto para a variabilidade associa- em sua maneira de enfrentar e responder às adversi-
da ao estudo dos fenômenos nas ciências humanas dades, em diferentes etapas de sua vida e, sendo as-
quanto para a subjetividade imbricada nas pesquisas sim, seria ilusório esperar um padrão estável e unifi-
desenvolvidas nas ciências em geral. Nesse sentido, cado de respostas. Principalmente nos dias de hoje
a definição dos indicadores de resiliência estará sem- em que, cada vez mais, ressurge o caráter provisório
pre sujeita aos mesmos limites e possibilidades con- da natureza do sujeito que não mais é visto como
tidos em qualquer outro tipo de pesquisa que envol- uma identidade fixa, essencial ou permanente. Su-
va comportamentos humanos. jeito este que se transforma continuamente a partir
Por outro lado, é importante levar em conta de suas interações e que, por esta razão, não poderia
que, segundo Rutter (1999), a resiliência é, caracte- ter a mesma resposta diante de todas as situações
risticamente, um fenômeno relativo o que contribui que vivencia, ao longo de sua vida. De acordo com
para dificultar sua operacionalização. Possivelmen- Hall (2000), é importante considerar que o sujeito
te sua natureza multidimensional propicia que a assume diferentes identidades em diferentes momen-
resiliência se manifeste em algumas circunstâncias tos de sua vida e que nem sempre estas identidades
e noutras não, ou que se mostre de diferentes manei- são coerentes e convergentes, mas são capazes de o
ras, de acordo com os domínios que estão sendo con- impulsionar em diferentes direções, criando um re-
siderados. Entretanto, mesmo que esta característica pertório diverso de possíveis respostas às várias si-
tenha gerado questionamentos no sentido de escla- tuações. Sendo assim, a instabilidade do fenômeno
recer se os estudos que mostram essas diferenças resiliência coloca em destaque justamente uma das
estão tratando do mesmo constructo, Luthar e cols características mais genuínas do ser humano, isto é,
(2000) referem que, geralmente, espera-se uma cer- a sua capacidade de se reconstruir, ao longo de sua
ta concordância entre os estudos desenvolvidos em vida, de se renovar a cada nova experiência, sem,
domínios de ajustamento teoricamente similares, contudo, deixar de ser o que era anteriormente.
mas, não necessariamente, entre aqueles que são Muitos outros problemas estão associados com
conceptualmente distintos. Dessa forma, se uma cri- a construção de conhecimento acerca da resiliência,
ança mostra-se resiliente sob o ponto de vista acadê- os quais não foram apontados neste artigo. De qual-
mico-cognitivo, ela, provavelmente, responderá po- quer forma, as questões enumeradas são suficientes
sitivamente na esfera do comportamento acadêmi- para anunciar que tanto a conceitualização quanto a
co, também, mais tarde. operacionalização da resiliência têm sido um desa-
Estes mesmos autores referem que muitas das fio com o qual os pesquisadores, inevitavelmente, se
Resiliência: concepções, fatores associados 155

deparam em algum momento do seu trabalho. Anun- ra, violência urbana, negligência, abuso físico e se-
ciam, também, que a delimitação de um problema xual e muitos outros.
específico a ser pesquisado dentro desta temática Entretanto, mesmo detendo um potencial va-
deve ser feita a partir de uma decisão conceitual e lioso em termos de prevenção e de promoção da saú-
metodológica, uma vez que se trata de um fenômeno de, o conceito de resiliência não deve ser usado de
multideterminado que necessita de instrumentos forma ingênua, depositando, sobre as famílias, a res-
apropriados de acordo com o contexto onde o estu- ponsabilidade para resolver problemas cuja solução,
do se desenvolve e com a população focalizada. muitas vezes, extrapola seus limites de competên-
cia. Embora seja, justamente, no contexto de amea-
Conclusão ça globalizada que assola o mundo contemporâneo
que se abre espaço para o estudo da resiliência de
Apesar desses problemas apontados, a rele- forma mais intensificada, não podemos esquecer que
vância do conceito de resiliência para a saúde e o é, também, nesta intersecção que esbarram as dimen-
desenvolvimento humano não diminui. Especialmen- sões éticas e políticas da resiliência, visto que esta,
te do ponto de vista da prática, resiliência representa habitualmente, se manifesta no interior de macro
um dos caminhos possíveis para que os profissio- adversidades sobre as quais as famílias dificilmente
nais da saúde possam trabalhar, de forma prioritária detêm o controle. Adversidades estas que nem sem-
com a saúde, dando ênfase às potencialidades dos pre lhes possibilitam manter interações positivas
seres humanos. Nesse sentido, representa uma “pos- entre seus membros ou utilizar adequadamente os
sibilidade técnica” para o exercício de uma assistên- recursos que poderiam proporcionar condições de
cia ética em saúde, já que a incorporação deste con- vida satisfatórias. Enfim, que dificultam o acesso das
ceito, pelos profissionais, pressupõe a desconstrução famílias aos recursos básicos para a sua sobrevivên-
de algumas crenças, de alguns conceitos e, princi- cia e para que o desenvolvimento de seus membros
palmente, a desconstrução da desesperança atrelada possa seguir um curso normativo. De qualquer modo,
à dimensão de negatividade do processo saúde-do- apesar do potencial contido no conceito de resiliência,
ença que, ainda hoje, dá sustentação às práticas pro- este não deve ser usado para isentar da responsabili-
fissionais em alguns setores da área da saúde. Re- dade aqueles que deveriam trabalhar para gerar as
presenta, ainda, uma possibilidade de reencaminhar condições básicas necessárias a um viver saudável.
a insatisfação decorrente do conformismo e aceita-
ção de que as pessoas que nascem em ambientes onde Referências Bibliográficas
a doença, a violência, a dependência química e ou-
tros problemas se inscrevem, estão condenadas a Cyrulnik, B. (2001). Les vilains petits canards. Pa-
apresentarem algum tipo de transtorno na vida adul- ris: Odile Jacob.
ta. Falar de resiliência é, portanto, falar da possibili-
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dade de quebra de previsões e de expectativas de
Southeast Asian women ′ s mental health.
continuidade dos problemas.
Western Journal of Nursing Research. 22(2),
Do ponto de vista social, o conceito de
144-168.
resiliência comporta uma nova possibilidade de se
Garmezy, N. (1991). Resiliency and vulnerability to
trabalhar com os problemas experimentados pelo
adverse developmental outcomes associated
grande contingente de população que, cada vez mais,
with poverty. American Behavioral Scientist.
está vivendo em condições adversas, exposto a um
34(4), 416-430.
potencial de risco significativo, principalmente, para
as crianças que crescem nestes ambientes. Baseado Garmezy, N. (1993). Children in poverty: resilience
em dados estatísticos da OMS, Cyrulnik (2001), cha- despite risk. Psychiatry 56, 127-136.
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será gravemente atingida por alguma forma de trau-
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156 Mara Regina Santos da Silva

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