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Recursos Hídricos
Carga horária: 60hs
Conteúdo:

Gestão Ambiental ................................................................................................. Pág. 8


O que é gestão ambiental? .................................................................................. Pág. 8
Visão Geral .......................................................................................................... Pág. 11
Políticas ambientais ............................................................................................. Pág. 13
Setores e estratégias ........................................................................................... Pág. 17
Recursos Hídricos ................................................................................................ Pág. 26
O que são recursos hídricos? .............................................................................. Pág. 27
Situação Atual ...................................................................................................... Pág. 33
Monitoramento das águas brasileiras .................................................................. Pág. 34
A água .................................................................................................................. Pág. 50
Educação Ambiental ............................................................................................ Pág. 69
Educação e o meio ambiente ............................................................................... Pág. 70
Políticas de Meio Ambiente .................................................................................. Pág. 71
O que são aqüíferos? ........................................................................................... Pág. 79
Bibliografia........................................................................................................... Pág. 88

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Unidade 1 – Gestão Ambiental

1.1 - O que é gestão ambiental?

A Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento iniciou uma


"campanha" de importância da proteção do meio ambiente, em 1987. A
sustentabilidade começou a ter atenção a partir desse momento.

Para ter essa responsabilidade como algo a ser seguido, foi criada a
Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. É composta de 16
princípios relativos à gestão do ambiente, ressaltando os aspectos de
importância vital para a sustentabilidade e gestão do meio-ambiente.

A divulgação dessa Carta foi em 1991 por ocasião da Segunda


Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Ambiente. De acordo
com a Carta Empresarial, as organizações precisam distinguir claramente o
que é a necessidade de um objetivo comum. Como resultado imediato fica o
entendimento de que proteção ambiental não é obstáculo e nem representa
antagonismo com o desenvolvimento econômico.

No livro Gestão Ambiental: enfoque estratégico aplicado ao


desenvolvimento sustentável está explícito como funciona o esquema de
gestão ambiental.

Fazer atuar as forças de mercado para proteger e melhorar a


qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões com base no desempenho
e no uso judicial de instrumentos econômicos, em um contexto harmonioso
de regulamentação é um dos maiores desafios que o mundo enfrentará na
próxima década.

O relatório publicado em 1987, expressa o mesmo desafio e apela


para a cooperação das organizações para enfrentá-lo.

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Prioridade na organização

A prioridade na organização é reconhecer a gestão do ambiente como


uma das principais prioridades na organização e como fator determinante do
desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas, programas e
procedimentos para conduzir as atividades de modo ambientalmente seguro.

Gestão integrada

A gestão ambiental visa integrar plenamente, em cada empresa,


essas políticas, programas e procedimentos como elemento essencial de
gestão, em todos os seus domínios.

Processo de aperfeiçoamento

Este processo objetiva aperfeiçoar continuamente as políticas, os


programas e o desempenho ambiental das empresas, levando em conta o
desenvolvimento técnico, o conhecimento científico, os requisitos dos
consumidores e as expectativas da comunidade, tendo como ponto de
partida a regulamentação em vigor; e aplicar os mesmos critérios ambientais
no plano internacional.

Formação de pessoal

A formação de pessoal tem por finalidade formar, treinar e motivar os


recursos humanos para desempenhar suas atividades de maneira
responsável diante do ambiente.

Avaliação prévia

Esta avaliação analisa os impactos ambientais antes de iniciar nova


atividade ou projeto e antes de desativar uma instalação ou abandonar um
local.

Produtos e serviços

Este tópico estabelece procedimentos para desenvolver e fornecer


produtos ou serviços que não produzam impacto sobre o ambiente e que
sejam seguros em sua utilização prevista, que apresentem o melhor
rendimento em termos de consumo de energia e recursos naturais, que
possam ser reciclados, reutilizados ou cuja disposição (deposição) final não
seja perigosa.

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Conselho de consumidores

Tais instituições visam aconselhar e, em casos relevantes, propiciar a


necessária formação aos consumidores, aos distribuidores e ao público
quanto aos aspectos de segurança a considerar na utilização, no transporte,
na armazenagem e na disposição (eliminação) dos produtos fornecidos; e
aplicar considerações análogas à prestação de serviços.

Instalações e atividades

Este tópico determina procedimentos para desenvolver, projetar e


operar instalações tendo em vista a eficiência no consumo de energia e
materiais, a utilização sustentável dos recursos renováveis, a minimização
dos impactos ambientais adversos e da produção de rejeitos (resíduos),
assim como o tratamento ou disposição (deposição) final desses resíduos de
forma segura e responsável.

Investigações (pesquisas)

Este processo visa realizar ou patrocinar investigações (pesquisas)


sobre os impactos ambientais das matérias-primas, dos produtos, dos
processos, das emissões e dos resíduos associados às atividades da
empresa e sobre os meios de minimizar tais impactos adversos.

Medidas preventivas

As medidas preventivas procuram adequar a fabricação, a


comercialização, a utilização de produtos ou serviços ou a condução de
atividades em harmonia com os conhecimentos científicos e técnicos, a fim
de evitar a degradação grave ou irreversível do ambiente.

Empreiteiros e fornecedores

Este tópico determina a forma para promover a adoção desses


princípios pelos empreiteiros contratados pela empresa, encorajando e, em
casos apropriados, exigindo a melhoria de seus procedimentos de modo
compatível com aqueles em vigor na empresa; e encorajar a mais ampla
adição desses princípios pelos fornecedores.

Planos de emergência

Planos de emergência procuram estabelecer procedimentos para


desenvolver e manter, nos casos em que haja risco significativo, planos de
ação para situações de emergência, em coordenação com os serviços

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especializados, as principais autoridades e a comunidade local, tendo em
conta os possíveis impactos significativos.

Transferência de tecnologia

Este tópico estabelece formas para contribuir para a transparência de


tecnologia e métodos de gestão que respeitem o ambiente, tanto nos setores
industriais como nos de administração pública.

Contribuição para o esforço comum

A contribuição para o esforço comum procura estabelecer


procedimentos para o desenvolvimento de políticas, de programas
empresariais, governamentais e intergovernamentais, assim como de
iniciativas educacionais que valorizem a consciência e a proteção ambiental.

Abertura ao diálogo

Este tópico procura definir a forma de promover a abertura ao diálogo


com o pessoal da empresa e com o público, em antecipação e respostas às
respectivas preocupações quanto ao risco e aos impactos potenciais das
atividades, de produtos de rejeitos (resíduos) e serviços, incluindo aqueles
de significado relevante ou global.

Cumprimento de regulamentos e informações

Neste item procura-se definir procedimentos para aferir o


desempenho das ações sobre o ambiente, proceder regularmente a
auditorias ambientais e avaliar o cumprimento das exigências internas da
empresa, dos requisitos legais e desses princípios; e periodicamente
fornecer as informações pertinentes ao conselho de administração, aos
acionistas, ao pessoal, às autoridades e ao público.

1.2 – Visão geral

A visão geral que se tem da gestão ambiental é de que uma


organização comercial é um organismo vivo. Ou seja, um agrupamento
humano em interação, que tem o poder de fazer uma construção social da
realidade.

Isso propicia a sobrevivência como unidade. O ambiente em que o


indivíduo se desenvolve, podendo se extinguir, caso não se adeque, ou

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mantiver sua sobrevivência, se conseguir compreender o ambiente, é um
dos fatores primordiais para o desenvolvimento do indivíduo.

Para Rui Otávio Bernardes de Andrade, especialista em gestão


ambiental, quando um grupo social e, por analogia uma organização
empresarial, atinge esse nível de criação de uma interpretação própria de
sua relação com o meio ambiente externo, que é introjetada com uma
estruturação interna correspondente, passa a usufruir de uma identidade
empresarial.

Essa identidade própria como empresa tem como principal elemento


de influência, portanto, o ambiente externo, inclusive o conhecido mercado,
que atua de forma contingente às atividades de uma organização.

Segundo Hall, um dos mais conceituados especialistas em gestão


ambiental, uma organização é uma coletividade com fronteira relativamente
identificável, uma ordem normativa, escalas de autoridade, sistemas de
comunicações e sistemas de coordenação de afiliação: essa coletividade
existe em uma base relativamente contínua em um ambiente e se engaja em
atividades que estão relacionadas, usualmente, com um conjunto de
objetivos.

Ainda consoante, as organizações reivindicaram um domínio ou


mercado, que se constitui em uma dimensão relativa ao grau em que essas
reivindicações são reconhecidas ou questionadas por terceiros, como órgãos
governamentais.

Quando todas as partes interessadas concordam em que determinada


organização tenha o direito e a obrigação de operar de uma dada maneira
em uma área específica, há um consenso de domínio.

Essa é a dimensão que indica as fronteiras ou o território


organizacional.

É evidente que a própria natureza da empresa privada envolve a


divergência de opiniões ou de interesses quanto ao domínio. É patente,
ainda, que muitas empresas buscam chegar ao consenso fazendo com que
uma legislação ou regulamentação protetora seja aprovada em seu
benefício. As cotas e as tarifas de importação são exemplos disso.

Nas organizações do setor público há atritos por domínios à medida


que novas entidades são criadas, tanto governamentais como privadas,
resultado da desestatização, ameaçando a existência dos participantes mais
antigos em determinado setor estatal.

Explicitando de outra maneira, pode-se dizer que nenhuma


organização existe no vácuo ou que seja uma ilha em si mesma. O ambiente
externo é composto por forças e agentes controláveis e não controláveis que
têm impacto nos mercados e na estratégia empresarial da organização.

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Esse contexto externo pode ser distinguido em termos de
microambiente e macroambiente da empresa. O microambiente consiste nos
agentes do ambiente imediato da empresa que afetam sua capacidade de
atender seus mercados.

Ou seja, é o conjunto de agentes, entidades e relações que estão


próximos, mas fora do âmbito interno da organização, cuja atuação
influencia o meio ambiente, assim como é fortemente influenciada por ele,
quais sejam: os fornecedores de recursos (humanos, financeiros, materiais e
tecnológicos); os intermediários de mercado; os clientes; os concorrentes; e
o público em geral.

Conceitualmente, pode-se dizer que a empresa na busca do alcance


de sua missão procura juntar-se a um conjunto de fornecedores e de
intermediários a fim de alcançar seus mercados-alvo.

Por mercado entende-se o conjunto de agentes com demanda por um


grupo de produtos que são substitutos próximos entre si.

A cadeia fornecedores/empresa/intermediários de mercado/clientes


finais compõe a essência do ciclo de processos de agregação de valores na
formação do(s) produto(s) da organização.

A sobrevivência da empresa será afetada, ainda, por dois grupos


adicionais, de concorrentes e de públicos. O microambiente constitui em
essência o setor econômico ou indústria, que serve de base para a
estruturação dos conceitos e conclusões.

1.3 – Políticas ambientais

Assim que uma empresa se empenha para iniciar políticas


ambientais, é preciso que as intenções e o planejamento com relação a isso
sejam bastante claros.

Takeshy Tachizawa, atualmente contribui para a Escola Superior de


Sustentabilidade, afirma que se não houver uma clara definição do negócio
em que a empresa se insere, com certeza não se poderá gerenciar
efetivamente a organização, sob a observância dos princípios de gestão
ambiental em seus diferentes níveis decisórios.

Sem a orientação de uma estratégia empresarial clara e por


decorrência de uma estratégia ambiental específica, não se pode ter certeza
da adequada alocação de recursos, de gerenciamento dos processos
críticos de negócios e de recompensa do desempenho esperado.

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Dados recentes evidenciam que a tendência de preservação
ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma
permanente e definitiva e os resultados econômicos passam a depender
cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta que:

- Não há conflitos entre a lucratividade e a questão ambiental;


- O movimento ambientalista cresce em escala mundial;
- Clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a
proteção do meio ambiente;
- A demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a
sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento
de consumidores que enfatizarão suas preferências por produtos e
organizações ecologicamente corretas.

No núcleo do desenvolvimento da estratégia empresarial, encontram-


se quatro elementos:

1. Produtos a seres ofertados - "o quê";


2. Clientes e mercados - "para quem";
3. Vantagens sobre a concorrência - "por que"
4. Prioridades de produtos e mercados - "onde"

Como elemento de implementação da estratégia corporativa, tem-se o


conjunto integrado de estrutura, sistemas e recursos humanos.

Quando se trata de empresa, sempre se pensa em uma organização


social com objetivos próprios e motivação econômica deliberada. Isso
significa que na maioria das empresas pode ser identificado um conjunto de
objetivos ou propósitos, seja de forma explícita, como parte do plano de
negócios da empresa, seja de forma implícita, por meio da análise de sua
história e das motivações individuais das principais pessoas que nela
trabalham.

Tradicionalmente, a medida de sucesso em uma empresa tem sido o


lucro; entretanto, qualquer que seja o modo de mensuração e por mais
variável que ele seja, pode-se atribuir um conjunto de objetivos a cada
empresa e esse é o principal marco de referência para o processo decisório.

A segunda característica importante e essencial para a compreensão


da tomada de decisões é a de que a empresa procura atingir seus objetivos
por meio do lucro e, mais especificamente, por meio de conversão de seus
recursos em produtos, daí obtendo um retorno sobre esses recursos com a
sua venda aos clientes.

Há três tipos básicos de recursos: físicos, monetários e humanos.


Tais recursos são consumidos no processo de conversão, no qual a
sobrevivência da empresa depende do lucro, que, obtido e reaplicado para a
geração de lucros futuros, assegura a reposição desses insumos produtivos.

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É justamente no sentido de assegurar a sobrevivência da empresa
que se define a estratégia interna de planejamento organizacional, alinhado
às estratégias empresariais e ambientais, que é "quem" e "como" as
decisões serão implementadas para a consecução da finalidade maior da
empresa.

Para esse efeito, a estratégia de planejamento organizacional deve


contemplar a questão de gestão dos assuntos ambientais com a criação de
órgãos próprios ou de programas que envolvam todas as áreas funcionais
da organização e estar voltada para:

- Estabelecer a configuração organizacional no sentido de identificar


as tarefas que precisam ser desempenhadas, de agrupar as tarefas em
funções que possam ser adequadamente desempenhadas e atribuir sua
responsabilidade a pessoas/grupos;

- Proporcionar informações para efeito de tomada de decisões, bem


como medidas de desempenho que sejam compatíveis com objetivos e
metas de qualidade;

- Proporcionar os recursos humanos necessários ao desempenho e


alcance dos objetivos corporativos e das metas de qualidade;

- Implementar as tecnologias de gestão administrativa;

- Definir os processos na dimensão horizontal da estrutura.

A estratégia competitiva, na visão dos autores, se compõe de:


elementos estratégicos genéricos e elementos estratégicos específicos a
cada organização.

Nesse sentido, o modelo de formação de estratégia competitiva


separa os elementos estratégicos genéricos, possíveis de serem aplicados a
todas as empresas de determinado setor econômico, daqueles elementos
estratégicos específicos e singulares a cada organização.

Elementos estratégicos genéricos (empresariais + ambientais) +


Elementos estratégicos específicos = Estratégia singular a cada organização

De fato, existem estratégias que são comuns a todas as empresas de


determinado bloco ou conjunto de organizações pertencentes a um mesmo
setor econômico.

Por exemplo, o setor da economia composto pelo conjunto de


empresas dos tipos: química e petroquímica; papel e celulose;
telecomunicações; e cimento.

É esse um setor que abrange poucas organizações e em que o


comportamento e o desempenho de uma tem reflexo direto sobre as demais.

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Dessa forma, há elementos estratégicos genéricos, normalmente
identificáveis em todas as organizações desse mesmo setor, os quais são:

- Produtos normalmente homogêneos cuja diferenciação se dá no


nível da qualidade e das especificações técnicas;
- Elevado grau de concentração, com poucas empresas responsáveis
por grande parcela do mercado;
- Altíssima exigência de capital e recursos financeiros para entrada no
setor;
- Empresas já instaladas detêm certo controle sobre a tecnologia
empregada no setor e têm acesso direto às fontes de matérias-primas;
- Competição via preços não é comum, pois certas empresas líderes
do setor induzem as demais à fixação de preços.

No entanto, há elementos estratégicos específicos, particulares /


singulares, que variam em função de crenças, valores e estilo de gestão que
são singulares a cada organização.

A presente obra, portanto, procurou abordar apenas os elementos


estratégicos genéricos e aquilo que diz às estratégias ambientais genéricas
passíveis de serem adotadas pelas organizações em função do setor
econômico que pertençam.

As estratégias ambientais/ecológicas a serem adotadas pelas


organizações devem estar voltadas ao desempenho empresarial em relação
ao meio ambiente.

A variável ambiental, gerada pelas transformações culturais ocorridas


no passado, adquiriu extrema importância em direção à proteção e
preservação ambiental como valor fundamental do novo ser humano e da
organização dos novos tempos.

As questões de desenvolvimento sustentável deixaram de ser um


mero controle da poluição, passando a ser controle ambiental integrado às
práticas e aos processos produtivos das organizações.

No futuro, as questões relativas à preservação do meio ambiente


deixarão de ser uma preocupação meramente legal, para evoluir para uma
situação empresarial em que as decorrências ambientais e ecológicas
passem a significar posições competitivas que ditarão a própria
sobrevivência da organização em seu mercado de atuação.

Quanto à análise das características do negócio da empresa, segundo


Tachizawa e Scaico, que resultam nos elementos estratégicos genéricos,
entre eles os ambientais e ecológicos e que se inserem na própria estratégia
empresarial da organização.

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1.4 – Setores e estratégias

A essência da formulação de uma estratégia empresarial é relacionar


uma empresa a seu meio ambiente, identificando assim, seus elementos
estratégicos genéricos.

Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo


tanto forças sociais como econômicas e ambientais, o aspecto principal do
meio ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela
compete.

A estrutura industrial tem uma forte influência potencialmente


disponível para a empresa.

Forças externas à indústria são significativas principalmente em


sentido relativo, uma vez que tais forças, em geral, afetam todas as
empresas na indústria, cujo ponto básico se encontra nas diferentes
habilidades das empresas em lidar com elas.

Por exemplo, o rápido desenvolvimento tecnológico, que tornou


inviável modernizar a organização em todos os elos da cadeia produtiva, o
requisito qualidade e a necessidade cada vez maior de certificação por meio
das normas favoreceram enormemente a terceirização.

A estratégia competitiva sinaliza o desenvolvimento da configuração


organizacional, dos sistemas de informação e dos recursos humanos
necessários para atingir os objetivos empresariais.

Sinaliza, ainda, o tipo de estratégia ambiental a ser adotada pela


organização. A estratégia competitiva de cada empresa se compõe de:

- Elementos estratégicos genéricos;


- Elementos estratégicos contingenciais, que são função direta da
conjuntura particular de cada empresa.

Os elementos estratégicos genéricos, na forma proposta nesta obra,


constituem o fator fundamental para a identificação dos processos-chave de
uma organização.

Tais elementos estratégicos genéricos, entre eles os relativos a


impactos ambientais (classificados em extremo, forte, regular e fraco
impacto), poder ser delineados de acordo com o agrupamento das empresas
por setor econômico ou ramo de negócios.

Estratégias empresariais; ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor econômico concentrado

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No setor econômico relativo à indústria altamente concentrada são
encontradas empresas (cimento, química/petroquímica, ferroviário,
construção pesada, papel e celulose, fertilizantes, hidrelétricas entre outras)
que, em face de características inerentes a seu processo produtivo, estão
sujeitas a produzir impactos ambientais de extrema intensidade.

Essas organizações, de acordo com a estrutura de mercado no qual


se inserem, podem se posicionar em função dos seguintes elementos
estratégicos intrínsecos (e não contingenciais):

- Integração vertical com os fornecedores, em busca de posse de


fontes de matérias-primas ou integração com o cliente, via canais de
comercialização próprios, com significativa otimização de seus custos, viável
de se obter em ambos os processos;

- Ampliação da capacidade produtiva, aumentando sua base instalada


e antecipando potenciais crescimentos de mercado (capacidade ociosa pré-
planejada que oferece obstáculos à entrada de potenciais concorrentes);

- Melhoria da qualidade do produto, pesquisas e desenvolvimento de


produtos, assim como aperfeiçoamento dos processos produtivos e de sua
base tecnológica instalada;

- Aperfeiçoamento de seu processo produtivo de modo a torná-lo


ambientalmente favorável;

- Concessão de prazos e condições propícias de vendas,


financiamentos diretos ou por meio de instituições específicas;

- Acordos sobre encomendas com outras empresas congêneres da


indústria podem significar volumes financeiros expressivos, evitando a
degradação dos preços, coordenados e induzidos pela empresa-líder e
consensualmente fixados no setor;

- Ênfase na redução dos custos de produção, cujos elementos fixos


representam parcela significativa na estrutura dos custos totais da
organização;

- Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna


de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a ser
empregados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Minimização de impactos danosos ao meio ambiente, tanto presente


como futuros;

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- Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes
esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à
legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,


consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de
seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimento;

- Eliminação de efeitos ambientais indesejáveis provocados pela


geração de resíduos e sucatas, por meio de adoção de instalações e
equipamentos de tratamento e eliminação desses elementos no ambiente;

- Maior interação com a comunidade, visando preservar a imagem da


organização em bom conceito, em face das crescentes preocupações
preservacionistas por parte dos membros da sociedade.

Estratégias Empresariais / Ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor econômico semiconcentrado

O setor de baixo grau de concentração ou de indústria


semiconcentrada de empresas com produtos relativamente homogêneos, na
forma de bens de consumo não duráveis (alimentos, têxtil, confecções,
metalurgia, plásticos e borracha, madeira e móveis), se caracteriza pela
existência de impactos ao meio ambiente em caráter elevado.

Pode induzir um posicionamento estratégico genérico, efetivado por


meio de estratégias empresariais como um todo e estratégias ambientais em
particular como:

- Modernização dos canais de distribuição, incluindo rede de


revendedores próprios ou exclusivos;

- Implementação de sistemas de franquias, estabelecendo parcerias


com clientes intermediários;

- Integração vertical com clientes intermediários e clientes finais;

- Ênfase na competição via preços, que nestes ramos de negócios


assumem maior importância comparativamente a outras estruturas de
mercado;

- Automação industrial compatível com a exigência ambiental interna


de eliminação de atividades insalubres e de alta periculosidade a seus
empregados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

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- Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes
esferas, adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à
legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,


consumo de energia, serviços contratados) mediante racionalização por
meio de seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos;

- Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a


eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de
agregação de valores;

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem


ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e
ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com acidentes e doenças profissionais das mais diferentes situações.

Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor econômico misto

Já no setor de bens de consumo duráveis ou da indústria de


empresas mistas (do tipo automobilístico, eletroeletrônico), podem ser
delineados determinados elementos estratégicos a serem adotados no
posicionamento das organizações do setor, conforme discriminados a seguir:

- Diferenciação de produtos por meio de grande número de modelos,


bem como adoção de constantes modificações nos desenhos e
características físicas dos modelos;

- Alteração no mix de produtos a ser ofertado a seus clientes, visando


apresentá-los à comunidade como produtos / serviços
ambientalmente/ecologicamente favoráveis;

- Segmentação de mercado, com adoção de modelos diferenciados


por classes econômicas;

- Financiamento aos clientes por meio de estrutura própria ou de


entidades financeiras especiais;

- Ênfase na prestação de serviços aos clientes, que implica controle


direto ou indireto sobre a rede de distribuição, revenda e assistência técnica;

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- Inovação tecnológica constante com expressivos investimentos em
pesquisa e desenvolvimento, amortizando-os em amplos mercados.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Eliminação de questões legais com o governo em suas diferentes


esferas adotando estratégia ambiental, portanto, de estrita observância à
legislação vigente;

- Redução de dispêndios com insumos produtivos (matérias-primas,


consumo de energia, serviços contratados) por meio da racionalização de
seus métodos operacionais aplicados às fontes de suprimentos;

- Criação e aprimoramento de seus processos produtivos, com a


eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de
agregação de valores;

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem


ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e
ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos.

Estratégias empresariais / ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor econômico de empresas diferenciadas

O setor econômico de empresas diferenciadas tem para suas


organizações (do gênero farmacêutico, de bebidas e fumo, de higiene e
limpeza), as quais se caracterizam por gerar impactos ambientais
moderados, certos elementos estratégicos que podem ser adotados em sua
postura diante do mercado, os quais são:

- Investimentos em publicidade e propaganda, em face da


necessidade de prolongar o ciclo de vida relativamente curto de seus
produtos; de preservar a lealdade que é devida à diferenciação não
sustentada por base objetiva e apoiada em maciça publicidade, promoção e
propaganda;

- Lançamento de novos produtos, obtidos por meio de investimentos


em pesquisa e desenvolvimento, tendo em vista fazer frente à concorrência,
inclusive para a preparação de novos produtos a serem lançados quando a
conjuntura assim o permitir ou em função de mudanças ocorridas no
mercado;

21
- Introdução de várias marcas, que competem dentro do próprio
composto de produtos da empresa;

- Aceleração do lançamento de novos produtos quando a capacidade


de produção instalada ou potencial for maior que a demanda, assim como
redução dos gastos com pesquisa e desenvolvimento, e de lançamento de
produtos quando a demanda for maior que a capacidade de produção;

- Alteração no composto de produtos a serem ofertados a seus


clientes, que visa apresentá-los à comunidade como produtos/serviços
ambientalmente/ecologicamente favoráveis;

- Segmentação do mercado com faixas diferenciadas, bem como


ajustes entre oferta e demanda, por meio da administração dos estoques e
dos prazos dos pedidos em carteira;

- Permanente monitoramento do mercado em face da possibilidade de


novos ingressantes em potencial, assim como tentativa de evitar eventuais
motivações de novos concorrentes por meio de políticas de preços.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem


ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e
ecológicas, que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos;

- Criação e aprimoramento de seus produtos, com a


eliminação/redução de perdas e geração de resíduos ao longo da cadeia de
agregação de valores;

- Preservação de sua planta fabril, para minimização de dispêndios


com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos,
que variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos
ambientais;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas


atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo).

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor econômico de empresas competitivas

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O setor econômico de empresas competitivas é composto por
organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a
questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada
importância nessa área.

Esse setor possibilita que as empresas com maior produtividade


ganhem participação em detrimento daquelas menos eficazes. As empresas
pertencentes à categoria de indústria competitiva e que se caracterizam por
alguns segmentos de alta densidade de conhecimento e de capital, como a
indústria de autopeças têm a possibilidade de adoção de medidas
estratégicas, como:

- Competição básica, via preços, com certeza de ampliação de sua


participação no market share;

- Associação com capitais de entidades nacional e do exterior e


abertura de capital em direção à efetivação de saltos tecnológicos;

- Aquisição de tecnologias como meio de obtenção de posicionamento


competitivo.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Eliminação, criação e/ou aperfeiçoamento de produtos a serem


ofertados ao mercado, dentro do contexto das questões ambientais e
ecológicas que criam uma demanda cada vez mais exigente;

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos;

- Criação e aprimoramento de sues processos produtivos, com a


eliminação/redução de perdas e gerações de resíduos ao longo da cadeia de
agregação de valores;

- Preservação de sua planta fabril, para a minimização de dispêndios


com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e equipamentos,
os quais variam em função direta da maior ou menor exposição a riscos
ambientais;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas


atividades produtivas (redução no consumo de embalagens, por exemplo);

- Identificação e exploração de novos nichos de mercado, composto


de clientes verdes, ecologicamente preocupados em adquirir
produtos/serviços ambientalmente corretos, atendendo-os de forma

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diferenciada dos concorrentes (por exemplo, mediante gerenciamento e
descarte de resíduos, implementação de reciclagem de produtos e
programas ambientais afins).

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor de serviços financeiros

O setor econômico de empresas de serviços financeiros é formado


por organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso,
definir estratégias ambientais/ecológicas representa moderada importância.

No setor de instituições financeiras, que congrega empresas como


bancos e seguradoras têm-se a possibilidade de adoção de estratégias
voltadas:

- Ao deslocamento da prestação de serviços do ambiente


intraorganizacional para o ambiente externo, em direção ao aceleramento da
massificação dos serviços eletrônicos para esvaziar as agências bancárias;

- À diversificação se serviços financeiros prestados aos clientes atuais


e em potencial como diferencial competitivo;

- À maior eficiência no armazenamento e recuperação de grande


volume de documentos operacionais, como elemento de racionalização e
agilização na prestação de serviços aos clientes.

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer suas estratégias ambientais visando à:

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos;

- Redução no uso de insumos e materiais aplicados em suas


atividades produtivas (redução no consumo de papéis, relatórios e materiais
de expediente burocrático, por meio de sua substituição pela mídia digital);

- Dotar seus escritórios de equipamentos de segurança em larga


escala;

- Preservação de sua área de escritórios, para minimização de


dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e
equipamentos, que variam em função direta da maior ou menor exposição a
riscos ambientais (incêndios e sinistros correlatos).

24
Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações
pertencentes ao setor de serviços especializados

Sendo composto por organizações que produzem baixos impactos


ambientais, o setor econômico de empresas de serviços especializados
encara a questão de definir estratégias ambientais/ecológicas como de
moderada importância.

O setor de serviços especializados, constituído por empresas como


agências de publicidade e propaganda, firmas de consultoria e auditoria
independentes, e escritórios de engenharia consultiva e de projetos, induz à
intensa ênfase estratégica na formação e especialização de sua mão de
obra.

Seu produto, de altíssimo conteúdo tecnológico e de elevado grau de


agregação de conhecimentos especializados, sinaliza a adoção de
verdadeiro banco de talentos.

Organizacionalmente, acompanha sua estratégia corporativa, que


exige uma postura pró-ativa e de gerenciamento interno por projetos ou de
configuração matricial.

- Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e


materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de
papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua
substituição pela mídia digital).

Além disso, as organizações pertencentes a esse setor econômico


devem estabelecer outras estratégias ambientais visando à:

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos;

- Preservação de sua área de escritórios, para minimização de


dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações.

Estratégias empresariais/ambientais relativas às organizações


pertencentes ao setor de serviços públicos

Já o setor econômico de empresas de serviço público é composto por


organizações que produzem baixos impactos ambientais. Por isso, a
questão de definir estratégias ambientais/ecológicas é de moderada
importância nessa área.

25
O setor de serviços públicos, dado seu extraordinário crescimento,
influenciou a estagnação da capacidade do Estado em fazer frente a suas
tradicionais atividades-fim, como saúde, segurança, saneamento básico,
educação, transporte entre outras.

O crescimento das estatais ocorreu de forma pouco articulada e


planejada, o que limitou as possibilidades de realizações de estratégias
conjuntas, não só entre as diferentes esferas federal, estadual e municipal
como entre órgãos da administração direta e indireta, reduzindo, com isso, a
eficácia das políticas macroeconômicas.

Tal constatação sinaliza que qualquer intervenção voltada à


modernização do Estado, como, por exemplo, a informatização, deve ser
precedida da implementação de uma reconfiguração institucional na forma
de reestruturação direta e indireta.

Como estratégia ambiental tem-se a redução no uso de insumos e


materiais aplicados em suas atividades produtivas (redução no consumo de
papéis, relatórios e materiais de expediente burocrático por meio de sua
substituição pela mídia digital).

As organizações pertencentes a esse setor econômico devem


estabelecer outras estratégias ambientais visando à:

- Redução ou eliminação de riscos ambientais, no plano


intraorganizacional, para preservação de um ambiente de higiene e
segurança no trabalho e consequente redução de despesas operacionais
com tais eventos;

- Preservação de sua área de escritórios, para minimização de


dispêndios com prêmios de seguros patrimoniais de suas instalações e
equipamentos.

A caracterização da empresa por tipo de atividade ou setor econômico


pode propiciar elementos para a formulação das estratégias, dos sistemas
de informações e do planejamento dos recursos humanos no contexto da
organização.

26
Unidade 2 – Recursos Hídricos

2.1 – O que são recursos hídricos?

Recursos hídricos são as águas que se encontram na superfície


terrestre ou no subterrâneo e que podem ser usadas para diversas ações. O
objetivo principal desses recursos é usar a água com responsabilidade, de
maneira que essa riqueza não desapareça e que todos possam usufruir de
seus benefícios.

Confira agora como os recursos hídricos são compreendidos pela


Associação Brasileira de Engenharia de Produção.

Recursos Hídricos: a importância de sua preservação

A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do homem e


demais seres que habitam o planeta. “A água doce é elemento essencial ao
abastecimento do consumo humano, ao desenvolvimento de suas atividades
industriais e agrícolas, e de importância vital aos ecossistemas – tanto
vegetal como animal – das terras emersas.” (Rebouças, 1999, p. 01)

Observa-se, então, que por ser um recurso de grande importância


para a sobrevivência de todos os seres vivos, o homem sempre demonstrou
interesse em manter o domínio sobre a água.

Para isso, basta observar as origens de poder sobre seu uso. Desde
os primórdios das civilizações antigas, a posse da água representava um
instrumento político de poder, por exemplo, o controle dos rios, como forma
de dominação dos povos foi praticado pelas civilizações da Mesopotâmia,
aproximadamente quatro mil anos antes de Cristo. (op. cit., p. 17).

No entanto, o homem vem utilizando as reservas hídricas de forma


desordenada poluindo com práticas agrícolas perniciosas com o uso de

27
insumos químicos que alteram a composição da água, como os
“neurotóxicos, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos,” os projetos de
irrigação, atividades extrativistas agressivas, desmatamentos, queimadas,
lançamentos de esgotos e outros resíduos industriais e domésticos que, se
não forem tomadas medidas para atuações de uso da água de forma
harmônica com a natureza, a qualidade deste recurso poderá ficar cada vez
mais escassa, podendo afetar a saúde do próprio ser humano. (op. cit., p.
26)

Entre as ações que podem melhorar a qualidade e a quantidade dos


recursos hídricos e também observá-lo como um fator limitante, segundo
Salati et al. (1999, p. 40-41), destacam-se:

- Estudos científicos e tecnológicos;

- Amplo programa de educação ambiental; aprimoramento contínuo e


constante da legislação (gestão da demanda e da oferta);

- Aprimorar a estrutura institucional no manejo, utilização e


fiscalização dos recursos hídricos;

- Projetos que envolvam o manejo de recursos hídricos, como:


construção de represas, saneamento básico, fornecimento de água e
navegação fluvial, devem levar em conta as influências e interações com o
meio ambiente e sociedade;

- Evitar a contaminação das águas;

- Formar recursos humanos;

- Aumentar a cooperação internacional.

Ainda, segundo Tundisi et al. (1999, p. 208) para haver a


exploração dos recursos hídricos deve “haver articulação entre a base de
pesquisa e conhecimento científico acumulado”, bem como, também, as
ações de gerenciamento, levando em conta além dos recursos hídricos a
“unidade-bacia-hidrigráfica-rio-lago ou reservatório.” Pois segundo o autor
somente assim poderá haver um gerenciamento efetivo sobre a questão
dos recursos hídricos.

28
A educação ambiental para os recursos hídricos

A consciência ambiental é fundamentalmente importante para todo e

qualquer tipo de desenvolvimento que se queira alcançar, pois ela poderá

significar um mundo melhor por ser uma das formas mais amplas da relação

harmônica do homem com o seu meio.

Neste sentido, a educação ambiental pode ser vista como um

compromisso com todas as esferas da sociedade de forma geral. Poderá

significar a construção de um futuro mais humano, mais igualitário pelas

decisões tomadas no presente, dada a sua importância na transformação

das questões mundiais.

Por meio da educação ambiental, pode acontecer a legitimação dos

valores éticos, bem como a mudança dos padrões de comportamento na

sociedade, pois acredita-se que, somente com a mudança de mentalidade

surgirá a transformação da consciência, (Dias, 1994).

Dessa forma, a relação ética do homem com o ambiente é realizada

por meio da interação e harmonia, proporcionando, assim, o seu próprio

bem-estar.

Nesse sentido, diante da necessidade de ensinar, na busca por um

futuro melhor, lembra-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) onde foram destacadas várias

29
recomendações para a Educação Ambiental, eis algumas questões que

necessitam ser mais exploradas, (op. cit., p. XV):

- Reorientar a educação para o desenvolvimento sustentável;

- Aumentar/incrementar a conscientização popular;

- Considerar o analfabetismo ambiental;

- Promover treinamento.

Dias (1994) chama a atenção para a importância do treinamento

sobre a questão ambiental e argumenta que em todos os encontros

promovidos em prol da Educação ambiental, este assunto deve ser sempre

enfocado nas discussões em busca de melhorias.

Ainda, sobre as formulações feitas no Fórum Global, o tratado de

“Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

Global.”. Segundo o autor (op. cit.), destaque-se que a Educação Ambiental

deve:

- Ser direito de todos;

- Ter como base o pensamento crítico, fomentando a

transformação e a construção da sociedade;

30
- Ter o propósito de formar cidadãos com consciência local e

planetária;

- Ser considerada como um ato político, baseado em valores para

a transformação social;

- Envolver uma perspectiva holística;

- Desenvolver a solidariedade com estratégias democráticas;

- Abordar as questões globais críticas, como: população, saúde,

paz, direitos humanos, democracia, fome, e degradação da

flora e fauna, numa perspectiva sistêmica;

- Facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de

decisão;

- Capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e

humana;

- Promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e

instituições;

- Ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas as

formas de vida.

31
Por outro lado, Morim (2000) chama a atenção na questão do

desenvolvimento, pois este entra em conflito com as complexidades

existentes no mundo de hoje, já que os atores que compõem a sociedade

são “biológicos, psíquicos, sociais, afetivos e racionais.”

Expõe ainda que, “(...) a educação deve promover a “inteligência

geral” apta a referir-se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional

e dentro da concepção global.”

O conhecimento não deve permear somente uma esfera do

conhecimento isolado, mas deve atingir as diversas partes que compõem a

sociedade dentro da estrutura global. A educação do futuro deve propor o

conhecimento de cada estrutura, suas partes, mas deve sempre procurar

observar o todo.

Deve reconhecer de forma consciente a importância da condição

humana situada no universo, (op. cit.). Deve proporcionar o desenvolvimento

da compreensão para que realmente seja manifestada a mudança de

consciência em todas as sociedades.

Dessa forma, é necessário concordar que, através da educação


ambiental pode-se desenvolver, por meio da compreensão, mudança de
atividades, valores e mentalidades em prol de soluções sustentáveis em
todas os níveis, locais e globais.

32
Acredita-se que, através da disseminação da educação ambiental,

o enfoque de planejamento participativo e ações que sejam adaptadas à

contextos socioculturais e ambientais específicos, podem levar uma

gestão ambiental adequada que tenha como meta atingir os problemas

ambientais numa busca de soluções sustentáveis.

Ainda, para Vieira (1995, p. 72) um dos desafios mais importantes que
devem ser abordados pelas comunidades científicas é a “criação de
sistemas de planejamento melhor articulados ao mundo acadêmico”, bem
como promover a criação de meios adequados às mudanças
comportamentais.

São questões de “regulação política que possam introduzir mudanças de


percepção, atitudes e comportamento” de acordo com a compreensão dos
fatores que levam o ser humano a degradação ambiental e através de
atitudes que os levem a uma vida harmônica com o meio ambiente.

Com isso, surge o aprendizado de uma nova relação com o meio


ambiente. Neste aprendizado, por meio de atitudes concretas, os atores
podem, com hábitos, políticas e comportamentos, proporcionarem uma
melhor qualidade de vida para todos.

2.2 - Situação Atual

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma das maiores unidades


de conservação do sul do Brasil, e de grande importância para a
manutenção da biodiversidade.

Foi criado em novembro de 1975, com 87.405 hectares de área,


representando quase 1% da área total do Estado de Santa Catarina. E
abrange nove municípios: Águas Mornas, Florianópolis, Garopaba, Imaruí,
Palhoça, Paulo Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio e São
Martinho.

Fazendo parte desta Unidade de Conservação, a bacia hidrográfica do


rio Vargem do Braço (a qual é objeto de estudo) encontra-se localizada na
comunidade de mesmo nome no município de Santo Amaro da Imperatriz,
na região da Grande Florianópolis.

33
A região é um ponto estratégico pela riqueza de fontes de água
potável que formam a bacia.

Conforme estudo de caso realizado em 2000, na região de Vargem do


Braço onde está localizada a bacia hidrográfica, constatou-se que existe a
prática agrícola e, assim, vários tipos de proprietários, como pode ser
observados na tabela abaixo.

Ainda, segundo dados fornecidos pelo IBGE todo o vale, do qual a


comunidade faz parte consta de 220 domicílios com uma população de
839 pessoas.

Tabela 1 – Caracterização dos proprietários de terras na região de


Vargem do Braço

Tipificação dos proprietários


Agricultores
Agricultores
que trabalham
Agricultores que trabalham
com o uso de Sitiantes de
que trabalham com o uso de
agrotóxicos e finais de
com o modelo agrotóxicos e
não residem semana
orgânico de residem na
na
produção comunidade
comunidade

2.3 – Monitoramento das águas brasileiras

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos


Naturais e Renováveis, o IBAMA, um dos responsáveis pelos recursos
hídricos do país, o monitoramento das águas brasileiras precisa ser
cauteloso, principalmente quando falamos das bacias e dos rios.

O Brasil é um dos poucos países que tem em abundância água,


apesar da contradição sobre o nordeste ser extremamente seco, e, por isso,
precisa de uma regulamentação de como essas águas são cuidadas e
utilizadas.

Observe com atenção as seguintes páginas, pois contêm como é feito


esse monitoramento.

34
Ações no monitoramento da qualidade da água no país

Em 1998, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis - IBAMA e a Secretaria de Recursos Hídricos -
SRH/MMA celebraram o Convênio 477/98 com o objetivo inicial de
instrumentalizar técnica e operacionalidade ao Instituto para exercer as
ações de controle, de fiscalização e de monitoramento da qualidade
ambiental das águas de domínio da União, bem como apoiar a SRH/MMA na
implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH.

Dentre as ações propostas, no Plano de Trabalho do Convênio,


figurava o apoio à implantação do Sistema Nacional de Informações de
Recursos Hídricos - SNIRH.

Para cumprir esta tarefa o IBAMA vem realizando um levantamento,


junto a todas as instituições do país, que possuem rede de monitoramento
de qualidade de água e junto aos laboratórios de análise ambiental.

Esse levantamento está sendo feito por meio do Formulário - FC02-


Cadastramento da Rede de Monitoramento da Qualidade da Água,
desenvolvido por técnicos da Coordenação de Recursos Hídricos do IBAMA
e aplicado pelos técnicos das representações estaduais do IBAMA,
previamente orientados para este fim.

Como as análises laboratoriais são um dos suportes à eficiência das


redes de monitoramento, foram levantados os laboratórios que realizam
análises ambientais, com ênfase em qualidade de água. Essa ação, também
foi executada pelos técnicos das representações do IBAMA treinados,
aplicando o Formulário FC01 - Cadastro dos Laboratórios de Análises
Ambientais.

As instituições que tiverem interesse de estar nos cadastros do


IBAMA poderão enviar os formulários, acima preenchidos, para os
endereços: SAIN L4 norte Edifício Sede do IBAMA Bloco C CEP. 70.800-
200 Brasília - DF

Resultados:

Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água - SISAGUA:


sistema desenvolvido em Delphi, que acessa banco de dados Oracle,
elaborado com a finalidade de armazenar as informações obtidas no
levantamento.

Esse sistema constitui-se de três cadastros:

35
- Cadastro de Corpo d'água: abrange informações sobre os corpos
d´água federais e estaduais, incluindo o código e nome do curso d´água,
outros códigos e nomes que se referem ao mesmo curso d'água, bacia e
sub-bacia a que ele pertence, enquadramento, descrição dos trechos
enquadrados, dominialidade e listagem das estações de monitoramento
localizadas no corpo d'água.

- Cadastro de Estações de Monitoramento: contém informações


sobre cada estação de amostragem, sua localização, o órgão e a unidade
responsável pela estação, o órgão responsável pela coleta e pela análise
das amostras de água, o órgão responsável pela disponibilização das
informações e quem são os usuários da informação, bem como a data de
início e fim da operação da estação.

As estações são classificadas de acordo com os parâmetros


coletados, a saber, estações que medem descarga líquida, estações
telemétricas, estações para observação do nível d'água, estações com
linígrafo, estações que medem descarga sólida e as de qualidade de água.

- Cadastro de Laboratórios: este cadastro contém as mais diversas


informações acerca de laboratórios públicos e privados existentes no país,
destacando entre elas, a identificação com nome, endereço e material que o
laboratório analisa, a formação do corpo técnico, bem como informações
sobre o controle de qualidade analítica, as metodologias de coleta, os
equipamentos e os parâmetros analisados.

Recursos do Sistema:

O sistema permite realizar consultas, cruzando todas as informações,


como por exemplo: o usuário poderá selecionar um curso d'água e
determinar uma consulta sobre quais e quantas são as estações localizadas
neste curso d´água, quais analisam parâmetros de qualidade, assim como
consultar a frequência em que são realizadas as coletas etc.

De um modo geral o usuário poderá fazer consultas diversas, em


relação a todas as informações contidas no cadastro, de acordo com a
necessidade de informação que pretende obter.

Situação Atual:

No momento, o banco possui 3100 rios e 7539 estações cadastradas,


das quais, 1985 são estações que realizam monitoramento de qualidade de
água. Consultando a data de início e fim de operação das estações,
constatou-se que das 1985 estações de qualidade de água, 1241 estações
continuam operando, isto é, são estações ativas, neste caso, levando em
conta a rede básica da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.

36
As estações de qualidade de água ativas, cadastradas no banco de
dados, estão distribuídas entre as bacias hidrográficas da seguinte maneira:

Bacia Estações
Rio Amazonas 69
Rio Tocantins 17
Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste 95
Rio São Francisco 179
Atlântico Sul - trecho Leste 277
Rio Paraná 432
Rio Uruguai 42
Atlântico Sul - trecho Sudeste 130

O cadastro de laboratórios de análises ambientais, até o presente


momento, contém 147 laboratórios, distribuídos em 23 estados (Acre,
Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe), conforme
tabela.

Cadastro de laboratórios de análises ambientais

Unidade da Laboratórios Realiza Realiza Laboratórios


Federação - UF por UF Controle de Coleta de com ensaios
qualidade amostra credenciados
pelo INMETRO
Acre 1
Alagoas 6 3 6
Amazonas 8 3 6
Bahia 5 2 4 2
Ceará 4 1 4
Distrito Federal 7 5 5
Espírito Santo 10 7 9
Goiás 3 3 3
Mato Grosso 5 3 5
Mato Grosso do Sul 3 1 2
Minas Gerais 5 4 5
Pará 8 7 8
Paraná 3 3 3
Pernambuco 6 2 5
Piauí 4 4 4
Rio de Janeiro 6 6 5
Rio Grande do 4 3 4
Norte

37
Rio Grande do Sul 6 6 4
Rondônia 1 1 1
Roraima 3 2
Santa Catarina 27 17 17 1
São Paulo 20 12 12 2
Sergipe 3 2 3
Total de 147 94 117
laboratórios
cadastrados

Diagnóstico:

As informações contidas no banco de dados, até o presente


momento, permitem fazer um diagnóstico preliminar do monitoramento de
qualidade e quantidade de água, realizado em 22 (vinte e dois) estados do
país:

- Acre
- Alagoas
- Amazonas
- Bahia
- Ceará
- Distrito Federal
- Espírito Santo
- Goiás
- Mato Grosso
- Mato Grosso do Sul
- Minas Gerais
- Pará
- Paraná
- Pernambuco
- Piauí
- Rio de Janeiro
- Rio Grande do Norte
- Rio Grande do Sul
- Roraima
- Santa Catarina
- São Paulo
- Sergipe

O levantamento, até o momento, mostrou que o monitoramento, em


sua grande parte está sob a gerência da Agência Nacional de Energia
Elétrica - ANEEL auxiliada por instituições estaduais que também executam
esse monitoramento

38
Bacia do Rio Amazonas

Gráfico 3 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Bacia do Rio Tocantins

Gráfico 4 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

39
Bacia do Atlântico Sul - trecho Norte/ Nordeste

Gráfico 5 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Bacia do Rio São Francisco.

Gráfico 6 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

40
Bacia do Atlântico Sul - trecho Leste.

Gráfico 7 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

41
Bacia do Rio Paraná.

Gráfico 8 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

42
Bacia do Rio Uruguai.

Gráfico 9 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

43
Bacia do Atlântico Sul - trecho Sudeste.

Gráfico 10 - Estações de Monitoramento de Qualidade de Água (ativas).

Hoje, no Brasil existem esforços por parte de alguns Estados para


manterem uma rede de monitoramento, contudo esses esforços são
independentes, não havendo integração entre as várias redes de qualidade
e nem com a rede que mede a quantidade.

Este fato faz com que haja problemas na distribuição espacial das
estações de coleta, proporcionando o adensamento e superposição de
estações em algumas regiões e em outros espaços vazios

44
Mapa 1 Estações de Monitoramento de Qualidade de Água.

45
Mapa 2 - Estações de Monitoramento da Quantidade de Água.

A aplicação, por várias instituições, de diferentes metodologias de


análise e de coleta dificulta a comparação dos resultados.

Dados gerados sem comprometimento com a frequência de coleta,


com a qualidade analítica, bem como a falta de hábito dos órgãos
responsáveis pelo controle, dos órgãos gestores e da sociedade em geral,
de utilizarem os dados levantados pelo monitoramento em suas ações,

46
levam à necessidade da elaboração de programas de integração,
padronização, capacitação e divulgação dessas informações.

Uma vez que este é um subsídio importante para a detecção da


poluição e de seus efeitos, para proposição de ações de controle e para a
definição dos métodos de contenção, como, por exemplo, o enquadramento
do corpo hídrico, a outorga e a cobrança do direito de uso dos recursos
hídricos, instrumentos fundamentais para o planejamento e gestão dos
recursos hídricos, bem como para a gestão ambiental.

Com as informações, obtidas dos laboratórios de análises ambientais


cadastrados, podemos diagnosticar que os que realizam análise de água, na
sua maioria, não utilizam os mesmos métodos analíticos, dificultando como
já foi dito, a comparação dos dados, bem como poucos têm seus ensaios
credenciados no INMETRO e ainda não existe um controle interlaboratorial
que permita estabelecer a confiabilidade dos resultados analíticos.

Com essa exposição, procuramos demonstrar a importância e a


necessidade de se estruturar e implantar uma rede integrada de
monitoramento da qualidade da água, para a efetiva gestão dos recursos
hídricos e consequentemente dos recursos ambientais do país.

NOME DA BACIA NOME DA SUB-BACIA


BACIA DO AMAZONAS
Rio Solimões, Javari e outros
Rio Solimões, Jandiatuba e Içá
Rio Solimões, Jurua,Japura, Baia
Rio Solimões, Coari, Purus
Rio Amazonas, Negro, Branco
Rio Amazonas, Madeira, Jamari
Rio Amazonas, Trombetas, e outros
Rio Amazonas, Tapajós, Jurema
Rio Amazonas, Xingu, Iriri, Paru
Rio Amazonas, Jari, Para, outros
BACIA DO RIO TOCANTINS
Rio Tocantins, Maranhão, Almas
Rio Tocantins, Paraná, Palmas
Rio Tocantins, M. Alves, Sono
Rio Tocantins, Manuel Alves Grande
Rio Araguaia, Caiapó, Claro
Rio Araguaia, Crixas - Açú, Peixe
Rio Araguaia, Mortes, Javaés

47
Rio Araguaia, Coco, Pau d'arco
Rio Araguaia, Muricizal, Lontra
Rio Araguaia, Tocantins, Itacarunas
BACIA DO ATLÂNTICO
SUL,TRECHOS NORTE E
NORDESTE
Rio Oiapoque
Rio Surubim
Rio Gurupi, Itingá
Rios Mearim, Itapecuru e outros
Rio Paranaiba
Rio Acarau, Pirangi e outros
Rio Jaguaribe
Rios Apoti, Piranhas e outros
Rio Paraiba, Potengi e outros
Rio Capibaribe, Mundau e outros
BACIA DO RIO SÃO
FRANCISCO
Rio São Francisco e Paraopeba
Rio São Francisco, das Velhas
Rio São Francisco, Paracatu
Rio São Francisco, Urucuia
Rio São Francisco, Verde Grande
Rio São Francisco, Carinhanha
Rio São Francisco, Grande
Rio São Francisco, Jacaré
Rio São Francisco, Pajeú
Rio São Francisco, Moxotó
BACIA DO ATLÂNTICO SUL,
TRECHO LESTE
Rio Vaza-Barris, Itapicuru e outros
Rio Paraguaçu, Jequirica e outros
Rio das Contas
Rio Pardo, Cachoeira e outros
Rio Jequitinhonha, Jequitinhonha
Rio Mucuri, São Mateus
Rio Doce
Rio Itapemirim, Itabapoana

48
Rio Paraíba do Sul
Rio Macaé, São João e outros

BACIA DO RIO PARANÁ


Rio Paranaíba
Rio Grande
Rio Paraná, Tiete e outros
Rio Paraná e Pardo
Rio Paraná e Parapanema
Rio Paraná, Iguaçu e outros
Rio Paraguai, São Lourenço e outros
Rio Paraguai, Apa e outros
Rio Paraná e Corrientes
Rio Paraná, Tercero e outros
BACIA DO RIO URUGUAI
Rio Pelotas
Rio Canoas
Rio Uruguai, do Peixe e outros
Rio Uruguai, Chapecó e outros
Rio Uruguai, da Várzea e outros
Rio Uruguai, Ijuí e outros
Rio Uruguai, Ibicuí e outros
Rio Uruguai, Quaraí e outros
Rio Uruguai e outros
Rio Uruguai, Negro e outros
BACIA DO ATLÂNTICO SUL,
TRECHO SUDESTE
Rio Itapanhau, Itanhaem e outros
Rio Ribeira do Iguape
Rio Nhundiacoara, Itapocu e outros
Rio Itajaí-Açú
Rio Tubarão, Araranguá e outros
Rio Jacuí
Rio Taquari
Lagoa dos Patos
Lagoa Mirim

49
2.4 – A água

O Portal Ambiente Brasil discorre sobre a água e como é seu


comportamento em território brasileiro. A água pura (H2O) é um líquido
formado por moléculas de hidrogênio e oxigênio.

Na natureza, ela é composta por gases como oxigênio, dióxido de


carbono e nitrogênio, dissolvidos entre as moléculas de água.

Também fazem parte desta solução líquida sais, como nitratos,


cloretos e carbonatos; elementos sólidos, poeira e areia podem ser
carregados em suspensão.

Outras substâncias químicas dão cor e gosto a água. Íons podem


causar uma reação quimicamente alcalina ou ácida. As temperaturas
apresentam variação de acordo com a profundidade e com o local onde a
água é encontrada, constituindo-se em fatores que influenciam no
comportamento químico.

Subentende-se água como sendo um elemento da natureza, recurso


renovável, encontrado em três estados físicos: sólido (gelo), gasoso (vapor)
e líquido.

As águas utilizadas para consumo humano e para as atividades sócio-


econômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aquíferos, também
conhecidos como águas interiores.

Classificação Mundial das Águas


Água Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) inferior a
doce 1.000 mg/L
Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) entre 1.000
Salobras
e 10.000 mg/L
Apresenta o teor de sólidos totais dissolvidos (STD) superior a
Salgadas
10.000 mg/L

Origem geológica e biológica

A vida surgiu no planeta há mais ou menos 3,5 bilhões de anos.


Desde então, a biosfera modifica o ambiente para uma melhor adaptação.
Em função das condições de temperatura e pressão que passaram a ocorrer
na Terra, houve um acúmulo de água em sua superfície, nos estados líquido
e sólido, formando-se assim o ciclo hidrológico.

Os continentes representam a litosfera; a água existente na Terra


forma a hidrosfera; cada um dos pólos (Ártico e Antártico) e os cumes das
montanhas mais altas apresentam uma cobertura de gelo e neve

50
denominada criosfera; a massa de ar que cobre a Terra é chamada de
atmosfera, e a vida existente no planeta forma a biosfera.

O oxigênio tem por propriedade ser reativo, ou seja, unir-se a quase


todos os outros tipos de átomos: o hidrogênio, o carbono e um grande
número de metais e metalóides.

Em consequência a este fato, quando a Terra se formou, não havia


oxigênio livre na atmosfera primitiva, mas somente óxidos voláteis, como gás
carbônico, água e outros compostos de hidrogênio, como metano e
amoníaco.

Volume de água

A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira:

 97,5% de oceanos e mares;


 2,5 de água doce;
 68,9% (da quantidade geral de água doce) formam as calotas polares,
geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas
da Terra;
 29,9% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas
 0,9% respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos

Características da água

A caracterização da água começa a se compor ainda em seu trajeto


atmosférico. As partículas sólidas e os gases atmosféricos de várias origens
são dissolvidos pelas águas que caem sobre a superfície da Terra em forma
de chuva, neblina ou neve.

Contudo, muitas destas características são alteradas mesmo que


inconscientemente pelo homem.

O uso intensivo de insumos químicos na agricultura, a poluição


gerada pelas indústrias e pelos grandes centros urbanos concentram alguns
gases na água das chuvas, resultando na chamada chuva ácida, causadora
de danos ao ambiente natural e antrópico. Isso ocasiona também a
escassez de água para consumo, fazendo com que os aspectos qualitativos
da água sejam cada vez mais preocupantes nas regiões muito povoadas.

As fontes hídricas são abundantes, porém mal distribuídas na


superfície do planeta. Em algumas áreas, as retiradas são bem maiores que
a oferta, causando um desequilíbrio nos recursos hídricos disponíveis.

51
Essa situação tem acarretado uma limitação em termos de
desenvolvimento para algumas regiões, restringindo o atendimento às
necessidades humanas e degradando ecossistemas aquáticos.

Os recursos hídricos são de fundamental importância no


desenvolvimento de diversas atividades econômicas. A água pode
representar até 90% da composição física das plantas; a falta de água pode
destruir lavouras; na indústria as quantidades de água necessárias são
superiores ao volume produzido.

Na indústria, as quantidades de água necessárias são superiores ao


volume produzido. A utilização de métodos para o tratamento da água é
viável; porém, podem produzir problemas cujas soluções são difíceis, pois
que afetam a qualidade do meio ambiente, a saúde pública e outros
serviços.

Por sua vez, as águas das bacias hidrográficas não são confiáveis e
recomendáveis para o consumo da população por não possuírem as
características padrões de qualidade ambiental.

Já a revista Multiciência, especializada nos centros e nos núcleos de


estudo da Universidade de Campinas, diz que a água é essencial à vida e
todos os organismos vivos no planeta Terra dependem dela para sua
sobrevivência.

O planeta Terra é o único planeta do sistema solar que tem água nos
três estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de estado físico da
água no ciclo hidrológico são fundamentais e influenciam os processos
biogeoquímicos nos ecossistemas terrestres e aquáticos.

Somente 3% da água do planeta está disponível como água doce.


Destes 3%, cerca de 75% estão congelados nas calotas polares, em estado
sólido, 10% estão confinados nos aquíferos e, portanto, a disponibilidade
dos recursos hídricos no estado líquido é de aproximadamente 15% destes
3%.

A água, portanto, é um recurso extremamente reduzido. O suprimento


de água doce de boa qualidade é essencial para o desenvolvimento
econômico, para a qualidade de vida das populações humanas e para a
sustentabilidade dos ciclos no planeta.

A água nutre as florestas, mantêm a produção agrícola, mantêm a


biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos
hídricos superficiais e os recursos hídricos subterrâneos são recursos
estratégicos para o homem e todas as plantas e animais.

O ciclo hidrológico é o princípio unificador fundamental referente à


água no planeta, sua disponibilidade e distribuição. O ciclo hidrológico
opera em função da energia solar que produz evaporação dos oceanos

52
e dos efeitos dos ventos, que transportam vapor d’água acumulado para os
continentes.

A velocidade do ciclo hidrológico variou de uma era geológica a outra,


bem como a proporção de águas doces e águas marinhas.
As características do ciclo hidrológico não são homogêneas, daí a
distribuição desigual da água no planeta.

Há 26 países com escassez de água e pelo menos quatro países


(Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza – território
palestino) com extrema escassez de água (entre 10 e 66 m3/habitante).

A Tabela I mostra os balanços hídricos por continente e a Tabela II o


balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do Brasil.

Tabela I – Balanço Hídrico de águas superficiais por continente [1]


Continente Precipitação Evaporação Drenagem
(Km3/ano) (Km3/ano) (Km3/ano)
Europa 8,290 5,320 2,970
Ásia 32,200 18,100 14,100
África 22,300 17,700 4,600
América do Norte 18,300 10,100 8,180
América do Sul 28,400 16,200 12,200
Austrália/Oceania 7,080 4,570 2,510
Antártica 2,310 0 2,310
Total 118,880 71,990 46,870

Tabela II - Balanço hídrico das principais bacias hidrográficas do


Brasil [2]
Bacia Área (Km2) Média da Média de Evapotransp Descarga/
Hidrográfica Precipitação descarga (m3/s) Precipitação
(m3/s) (m3/s) (%)
Amazônica 6.112.000 493.191 202.000 291.491 41
Tocantins 57.000 42.387 11.300 31.087 27
Atlântico
242.000 16.388 6.000 10.388 37
Norte
Atlântico
787.000 27.981 3.130 24.851 11
Nordeste
São
634.000 19.829 3.040 16.789 15
Francisco

53
Atlântico
242.000 7.78 670 7.114 9
Leste Norte
Atlântico
303.000 11.79 3.710 8.081 31
Leste Sul
Paraná 877.000 39.935 11.200 28.735 28
Paraguai 368.000 16.326 1.340 14.986 8
Uruguai 178.000 9.589 4.040 5.549 42
Atlântico
224.000 10.515 4.570 5.949 43
Sul
Brasil
incluindo
10.724.000 696.020 251.000 445.020 36
Bacia
Amazônica

O Brasil tem aproximadamente 16% das águas doces do planeta,


distribuídas desigualmente. A Figura 1 mostra a distribuição dos recursos
hídricos superficiais do Brasil em relação à distribuição da população.

54
Figura 1 – Regiões hidrográficas do Brasil

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Água – desenvolvimento econômico e estimativas do uso dos


recursos hídricos

Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o


desenvolvimento econômico. A água funciona como fator de desenvolvimento,
pois ela é utilizada para inúmeros usos diretamente relacionados com a
economia (regional, nacional e internacional).

Os usos mais comuns e frequentes dos recursos hídricos são:


água para uso doméstico, irrigação, uso industrial e hidroeletricidade.
De 1900 a 2000, o uso total da água no planeta aumentou dez vezes
(de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000 Km3/ano) (Figura 2).

Os usos múltiplos da água aceleram-se em todas as regiões,


continentes e países. Estes usos múltiplos aumentam à medida que
as atividades econômicas se diversificam e as necessidades de água

55
aumentam para atingir níveis de sustentação compatíveis com as
pressões da sociedade de consumo, a produção industrial e agrícola.

Figura 2 – Tendências no consumo global de água, 1900-2000 [4]

A Tabela III mostra a retirada de água “per capita” para


diferentes continentes por atividade (para o ano 2000).

Região Doméstico Industrial Agricultura Perdas em


m3/ano m3/ano m3/ano reservatórios
m3/ano
Europa 150 400 185 10
União Soviética 120 500 1.310 70
Ásia 75 150 5.585 25
África 50 100 400 85
América do Norte 260 2.000 1.050 110
América do Sul 20 200 190 35
Oceania 110 700 750 150

56
A Tabela IV mostra as projeções para os usos múltiplos da água
retirada para usos diversos até 2015.

Setor 2015 2015


(sem reuso industrial) (com reuso industrial)
km3/ano km3/ano
Doméstico 890 890
Industrial 4,100 1,145
Agricultura 5,850 5,850
Total 10,884 7,885

A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras


alterações no ciclo hidrológico e aumenta enormemente as demandas
para grandes volumes de água, aumentando também os custos do
tratamento, a necessidade de mais energia para distribuição de água
e a pressão sobre os mananciais.

À medida que aumenta o desenvolvimento econômico e a renda


per capita, aumenta a pressão sobre os recursos hídricos superficiais
e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre os usos futuros dos
recursos hídricos variam bastante, em função de análises de
tendências diversificadas, algumas baseadas em projeções dos usos
atuais, outras em função de re-avaliações dos usos atuais e
introdução de medidas de economia da água, tais como, re -uso e
medidas legais para diminuir os usos e o consumo e evitar
desperdício, ou a cobrança pelo uso da água e o princípio do poluidor -
pagador.

A Tabela V mostra algumas das estimativas dos usos da água


para o futuro até o ano de 2025.

Autor / ano Ano para o qual o Uso global da


cenário foi água (Km3/ano)
avaliado
L’Vovich (uso convencional, 1974)
2.000 12.270
[7]
De Mare (1976) [5] 2.000 5.605
Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.089
Shiklomanov (1998) [8] 2.025 4.867
Gleick (visão sustentável, 1997)
2.025 4.270
[9]

57
Raskin et al. (com reformas
legislativas e políticas no uso) 2.050 3.899
(1997) [10]

Os impactos nos recursos hídricos

Os impactos quantitativos nos recursos hídricos são crescentes


e produzem grandes alterações nos estoques de águas superficiais e
subterrâneas.

Há casos muito evidentes de uso excessivo de recursos hídricos


superficiais que resultaram na redução quantitativa acentuada e em
desastres de grandes proporções.

Além dos impactos quantitativos, há muitos outros impactos na


qualidade da águas superficiais e subterrâneas que comprometem os
usos múltiplos e aumentam as pressões econômicas regionais e locais
sobre os recursos hídricos.

Estes impactos estão descritos na Tabela VI.

Tabela VI – Impactos das atividades humanas nos ecossistemas


aquáticos e valores/serviços dos recursos hídricos em risco .

Impacto nos Valores/serviços em


Atividade Humana
ecossistemas aquáticos risco
Altera o fluxo dos rios e o
transporte de nutrientes e - Altera habitats e a pesca
comercial e esportiva
Construção de represas sedimento e interfere na - Altera os deltas e suas
migração e reprodução de economias
peixes

- Afeta a fertilidade natural


das várzeas e os controles
- Destrói a conexão do rio das enchentes
com as áreas inundáveis - Alteração do canal natural
Construção de diques e - Danifica ecologicamente dos rios
canais os rios - Afeta os habitats e a pesca
- Modifica os fluxos dos comercial e esportiva
rios - Afeta a produção de
hidroeletricidade e
transporte

- Perda de biodiversidade -
Elimina um componente- Perda de funções naturais
Drenagem de áreas
chave dos ecossistemas de filtragem e reciclagem de
alagadas nutrientes
aquáticos
- Perda de habitats para
peixes e aves aquáticas

58
Altera padrões de - Altera a qualidade e a
drenagem, inibe a recarga quantidade da água, pesca
Desmatamento do solo comercial, biodiversidade e
natural dos aquíferos,
aumenta a sedimentação controle de enchentes

- Altera o suprimento de
água
- Aumenta os custos de
Diminui a qualidade da
Poluição não controlada tratamento
água - Altera a pesca comercial
- Diminui a biodiversidade
- Afeta a saúde humana

Diminui os recursos vivos - Diminui a biodiversidade


Remoção excessiva de
e a biodiversidade. Altera - Altera os ciclos naturais
biomassa dos organismos
a pesca comercial e
esportiva

- Altera ciclos de nutrientes


e ciclos biológicos
- Perda de habitats e
Introdução de espécies
Elimina espécies nativas alteração da pesca
exóticas comercial
- Perda da biodiversidade
natural e estoques genéticos

Altera a composição - Afeta a biota aquática


Poluentes do ar (chuva - Afeta a recreação
química de rios e lagos. - Afeta a saúde humana
ácida) e metais pesados
Altera a pesca comercial -Afeta a agricultura

Afeta drasticamente o - Afeta o suprimento de


volume dos recursos água, transporte, produção
Mudanças globais no hídricos. Altera padrões de energia elétrica,
clima. de distribuição de produção agrícola e pesca e
precipitação e aumenta enchentes e fluxo
evaporação de água em rios

Aumenta a pressão para - Altera os ciclos


Crescimento da construção de hidrológicos
população e padrões hidroelétricas e aumenta - Afeta praticamente todas
gerais do consumo a poluição da água e a as atividades econômicas
humano acidificação de lagos e que dependem dos serviços
rios dos ecossistemas aquáticos

O aumento e a diversificação dos usos múltiplos, o extenso grau


de urbanização e o aumento populacional resultaram em uma
multiplicidade de impactos que exigem evidentemente diferentes tipos
de avaliação, novas tecnologias de monitoramento e avanços
tecnológicos no tratamento e gestão das águas.

Este último tópico tem fundamental importância no futuro dos


recursos hídricos, pois como já descrito anteriormente, os cenários de

59
uso em crescimento constante estão relacionados com uma
continuidade das políticas no uso e gestão pouco evoluída s
conceitualmente e tecnologicamente.

Os resultados de todos estes impactos são muito severos para


as populações humanas, afetando todos os aspectos da vida diária
das pessoas, à economia regional e nacional e à saúde humana.
Estas consequências podem ser resumidas em:

● Degradação da qualidade da água superficial e subterrânea.

● Aumento das doenças de veiculação hídrica e impactos na


saúde humana.

● Diminuição da água disponível per capita.

● Aumento no custo da produção de alimentos.

● Impedimento ao desenvolvimento industrial e agrícola e


comprometimento dos usos múltiplos.

● Aumento dos custos de tratamento de água.

Além destes impactos produzidos pelas atividades humanas,


deve-se também considerar que as mudanças globais em curso
poderão afetar drasticamente os recursos hídricos do planeta.

Estas mudanças globais, em parte resultantes da aceleração


dos ciclos biogeoquímicos e contribuição de gases de efeito estufa
para a atmosfera, também poderão interferir nas características do
ciclo hidrológico, afetar a temperatura das águas superficiais de lagos,
rios e represas, alterar a evapotranspiração e produzir impac tos
diversos na biodiversidade.

Estas mudanças globais poderão ter efeitos na agricultura, na


distribuição da vegetação e consequentemente poderão alterar a
quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Um dos importantes problemas relativos aos impactos dos usos


múltiplos e a sua quantificação está na distribuição compartilhada dos
recursos hídricos nas bacias internacionais.

Há 19 bacias hidrográficas internacionais cujos recursos


hídricos são compartilhados por 5 ou mais países. A bacia do Rio
Danúbio, por exemplo, hoje é usada por 17 países (eram 12 em 1978).

Estas bacias internacionais geram grande número de problemas


políticos complexos, resultantes da disputa pelos recursos hídricos e
usos múltiplos por diferentes países.

60
Conflitos internacionais com disputa pelos recursos hídricos são
resultados de animosidades religiosas, disputas ideológicas,
problemas fronteiriços e competição econômica.

À medida que ocorre uma percepção cada vez mais acentuada


sobre os recursos hídricos e seu valor econômico e social, mais
acirrada se torna a disputa por recursos hídricos internacionais
(Tabela VII).

Tabela VII - Número de bacias internacionais por Continente

Continente Nações Unidas [15] Wolf et al. [16]


África 57 60
América do Norte e Central 33 39
América do Sul 36 38
Ásia 40 53
Europa 48 71
Total 214 261

Problemas especiais referentes aos usos de recursos hídricos

Para melhor entendimento, separamos os problemas que dizem


respeito ao uso de recursos hídricos por regiões e alimentos.

Água e produção de alimentos

O desenvolvimento socialmente justo de todo o planeta deve


promover a distribuição e o suprimento adequado de alimento para
todos os habitantes do planeta.

A avaliação adequada dos recursos hídricos necessários para


duplicar a produção de alimentos ainda não foi feita. Quais as fontes
principais de água disponíveis para produzir alimento, por região ou
continente?

Ainda não há uma definição muito clara sobre este problema,


especialmente em continentes como a América do Sul e África.

Grande parte da expansão na produção de alimentos foi


conseguida, principalmente, pelo aumento da área irrigada,
especialmente na Ásia e particularmente na Índia.

61
A produção agrícola depende da irrigação, da precipitação
natural e da água produzida por aquíferos subterrâneos utilizados
para irrigação. A utilização de água para irrigação era de 2.500 Km3
em 1999.

Sem essa água utilizada para irrigação, a produção agrícola


mundial estaria muito abaixo da produção atual.
É fundamental o investimento em novas técnicas de irrigação para
melhorar o uso da água e economizar recursos hídricos de forma
adequada, nos diferentes continentes.

Evidentemente, estes usos de água dependem do tipo de solo e


do clima, do tipo de cultura e das características do ciclo hidrológico
local ou regional.

A água requerida para produzir dietas básicas com base em


necessidades regionais varia de um mínimo de 640m3/pessoa/ano
para a África sub-sahariana, até um máximo de 1.830 m3/pessoa/ano
para o continente norte-americano.

Na América Latina estes números são da ordem de


1.000m3/pessoa/ano.

Estes dados incluem água de irrigação e águas de precipitação


natural. Os requerimentos de água para produção de várias culturas e
tipos de alimento variam enormemente.

Por exemplo, para produção de 1Kg de trigo são necessários


900 a 2000 Kg de água e para produção de 1Kg de carne bovina são
necessários 15.000 a 70.000 Kg de água.

Custos do alimento estão relacionados com os custos da


irrigação e o volume de água utilizado na produção.

Água para as regiões urbanas

O crescimento exponencial da população humana promoveu


uma enorme demanda sobre os recursos hídricos, aumentando
significativamente a necessidade de grandes volumes de água para
suprir as populações urbanas adequadamente sem causar danos à
saúde pública.

A urbanização avançou sobre os mananciais e deteriorou as


fontes de suprimentos superficiais e subterrâneas. Os custos do
tratamento de água para produção de água potável atingem altos
valores especialmente se os mananciais estão desprotegidos de
florestas riparias e cobertura vegetal suficiente nas bacias
hidrográficas e se as águas subterrâneas estão contaminadas.

62
Estes custos variam de R$ 0,50 a R$ 80,00 ou R$ 100,00
dependendo da região, época do ano e da fonte. De grande
preocupação é a toxicidade dos mananciais, o que pode aumentar os
riscos à saúde humana e agravar problemas principalmente de
toxicidade crônica.

Regiões urbanas produzem grandes volumes de águas


residuárias de origem doméstica, esgotos não tratados que degradam
rios e lagos próximos e elevam os custos do tratamento.

No Brasil somente 20% dos esgotos municipais são tratados,


produzindo um vasto processo de eutrofização de rios, represas e
lagos naturais e águas costeiras.

Água e Saúde Humana

Existem muitas informações sobre os efeitos dos recursos


hídricos superficiais e subterrâneos deteriorados sobre a saúde
humana. Há diversas doenças de veiculação hídrica que são
consequências de organismos que tem um ciclo de vida de alguma
forma relacionado com águas estagnadas, rios, represas, estuários ou
lagos.

Estas doenças, em Continentes como América Latina, África e


no Sudoeste da Ásia, matam mais pessoas que todas as outras
doenças em conjunto.

As doenças que atingem os seres humanos a partir da água


poluída podem resultar de contaminação em águas não tratadas
(esgotos domésticos) por contribuição de pessoas e animais
infectados, animais em regiões de intensa atividade pecuária (gado,
aves, suínos) ou por animais silvestres.

As doenças de veiculação hídrica aumentam de intensidade e


distribuição em regiões com alta concentração populacional, por
exemplo, em zonas periurbanas metropolitanas, e com o aument o de
despejos de atividades industriais, especialmente aqueles
provenientes das indústrias de processamento da matéria orgânica
(carne, laticínios, cana de açúcar).

Fatores adicionais de contaminação são os rios urbanos de


pequeno porte, com águas contaminadas e não tratadas que podem
funcionar como pólo de dispersão de doenças de veiculação hídrica
direta ou indiretamente.

A eutrofização, ou seja, o excesso de nutrientes na água


causado principalmente por atividades industriais, domésticas e

63
agrícolas, nos sistemas continentais e costeiros também é causa de
contaminação e aumento de doenças. Inabilidade e mortes
prematuras produzidas por doenças de veiculação hídrica têm como
consequência muitas perdas econômicas, efeitos de curto e longo
prazo.

Valoração dos Recursos Hídricos

Os ecossistemas apresentam funções que podem ser


qualificadas de “serviços” e benefícios à população humana e a outras
espécies. Por exemplo, a produção de alimentos, a reciclagem de
nitrogênio e fósforo pelos ecossistemas aquáticos, a produção de
alimento e o suprimento de água para abastecimento público, podem
ser considerados “serviços” proporcionados pelos recursos hídricos.

Esta valorização pode ser feita em função do “capital natural”


que pode ser a biodiversidade ou funcionamento de uma área alagada
como promotor do saneamento.

Os estoques de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos


podem ser considerados um capital que é crítico ao funcionamento do
planeta, contribuindo para o bem estar e a melhor qualidade de vida
da população.

O conjunto de serviços proporcionados pelos recursos hídricos


é de aproximadamente U$ 1700 x109 por ano (para uma área de
200x106 hectares de rios e lagos).

Esta valoração está ainda nos estágios iniciais, uma vez que a
dimensão completa de todos os “serviços” é difícil e complexa e há
enormes diferenças regionais e locais nesses valores.

Valores recreacionais, estéticos e custos do tratamento natural


variam bastante. Esforços precisam ser definidos para avaliações
locais, de diferentes ecossistemas aquáticos, de águas superficiais e
recursos hídricos subterrâneos.

Entretanto, esta valoração é fundamental para definir inclusive


os custos de preservação e da recuperação e como compreensão
para antecipar impactos.

É fundamental avaliar os custos dos impactos sobre o capital


natural e os “serviços” proporcionados por este capital.

64
O futuro dos recursos hídricos

Recursos Hídricos representam um estoque de recursos


fundamental para a manutenção da vida no planeta Terra e também
para o funcionamento dos ciclos e funções naturais.

Recursos Hídricos beneficiam direta ou indiretamente a


população humana, principalmente se levarmos em conta os vários
benefícios promovidos para o bem estar da população humana e para
a sobrevivência de organismos.

Uma nova ética é necessária para enfrentar a escassez de


recursos hídricos no futuro e para tratar este recurso como um
componente fundamental dos ciclos do planeta Terra.

Além desta nova ética que compreende uma visão mais ampla
do recurso, que inclui valores estéticos e culturais, é necessário um
conjunto de alterações conceituais na gestão, como a
descentralização da gestão, implantando os comitês de bacias
hidrográficas, desenvolvendo mecanismos de integração institucional
e ampliando a capacidade preditiva do sistema.

A gestão ambiental e especialmente a gestão dos recursos


hídricos no século 20 foi dirigida essencialmente para uma ação
setorial (pesca, hidroeletricidade, navegação), em nível local (rio,
lago, represa, água subterrânea) e de resposta a crises.

No século 21 esta gestão deverá sofrer uma transição para uma


gestão integrada (usos múltiplos), em nível de ecossistema (bacia
hidrográfica) e preditiva (ou seja, capacidade de antecipação de
problemas, desastres e impactos).

Isto implica também em avanços tecnológicos essenciais:


monitoramento avançado em tempo real, treinamento de gerentes de
recursos hídricos com visão integrada e integradora, capacidade de
análise ecológica e modelagem matemática e construção de cenários
adequados com avaliação de tendências, impactos e análises de
risco.

Acima de tudo, o futuro dos recursos hídricos depende de uma


integração entre o conhecimento (diagnóstico, banco de dados,
sistemas de informação), ou seja, dados biogeofísicos e a sócia-
economia regional, incluindo-se as tendências e a construção de
cenários.

Para evitar desperdícios, economizar água, melhorar os custos


do tratamento e desenvolver arcabouços legais e institucionais é
necessário considerar o conjunto de recursos hídricos – águas
continentais superficiais, águas subterrâneas, águas costeiras e sua

65
sustentabilidade no espaço e tempo incluindo valores estéticos,
segurança coletiva, oportunidades culturais, segurança ambiental,
oportunidades recreacionais, oportunidades educacionais, liberdade e
segurança individual.

As perspectivas de escassez e degradação da qualidade dos recursos


hídricos do planeta colocaram no cerne das discussões globais as
necessidades de adoção do planejamento e do manejo integrado dos
recursos hídricos.

As estimativas do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas


apontam que até o ano de 2025 o número de pessoas que vivem em países
submetidos a grande pressão sobre os recursos hídricos passará dos cerca
de 700 milhões atuais para mais de 3 bilhões. No Brasil, a situação é de
maior tranquilidade do que em outras partes do planeta.

Apesar de ocupar quase metade da área da América do Sul e de ter


em torno de 60% da Bacia Amazônica, que escoa um quinto do volume de
água doce do mundo, há áreas críticas, onde a escassez deixou de ser
apenas uma ameaça.

Com três bacias hidrográficas que contêm o maior volume de água


doce do mundo – Amazonas, São Francisco e Paraná –, o Brasil busca
servir de exemplo na eficácia da gestão de seus recursos hídricos.

Nas duas últimas décadas, foram desenvolvidos mecanismos e ações


voltadas para tornar a água de boa qualidade disponível para as gerações
atuais e futuras, diminuir os conflitos do uso da água e ampliar a percepção
da conservação da água como um valor social e ambiental de alta
relevância.

A partir dos anos 1980, a gestão dos recursos hídricos no Brasil


passou a abordar três fatores: a sustentabilidade ambiental, social e
econômica; a busca de leis mais adequadas e de espaços institucionais
compatíveis; a formulação de políticas públicas que integrassem toda a
sociedade.

 Singreh foi criado para garantir água de boa qualidade à população

66
Em 1997, foi sancionada a Lei das Águas, que estabeleceu a Política
Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh).

A lei tem como fundamentos a compreensão de que a água é um bem


público (não pode ser privatizada), sendo sua gestão baseada em usos
múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria etc.) e
descentralizada, com intensa participação de usuários, da sociedade civil e
do governo. Pela lei, o consumo humano e de animais é prioritário em
situações de escassez.

A Lei das Águas estabelece também instrumentos para implementar a


Política Nacional de Recursos Hídricos. Entre eles, destacam-se:

• Planos de recursos hídricos: os planos nacional e estaduais são


estratégicos, pois estabelecem diretrizes gerais sobre os recursos hídricos
do País ou do estado.

É o instrumento de planejamento nacional ou local, pelo qual se define


como conservar, recuperar e utilizar a água em suas referidas bacias. O
Plano Nacional está em vigor desde janeiro de 2006, tendo sido aprovado
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos e estando em revisão após
esses primeiros quatro anos. Estados estão na fase de desenvolvimento de
seus próprios planos.

• Cobrança pelo uso da água: mecanismo educador que reconhece a


água como bem econômico e dá ao usuário uma indicação de seu real valor,
incentivando a racionalização do uso da água e obtendo recursos para o
financiamento de programas e intervenções contemplados nos planos de
recursos hídricos.

Outro ponto prioritário para o Brasil no campo dos recursos hídricos são
as águas subterrâneas. A reserva estimada para o País é de 112 mil km³ e a
maior parte deste volume se encontra no Aquífero Guarani, localizado na
região centro-leste da América do Sul, o maior manancial de água doce
transfronteiriça do mundo (segundo informações disponíveis até o
momento), com uma área de 1,2 milhão de km2, estendendo-se pelo Brasil
(840 mil km2), Paraguai (58,5 mil km2), Uruguai (58,5 km2) e Argentina (255
mil km2).

67
Ubirajara Machado

 Volume de água por pessoa no Brasil é 19 vezes superior ao mínimo


estabelecido pela ONU.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), 16% dos municípios brasileiros utilizam exclusivamente a água
subterrânea para o abastecimento.

A superexplotação, ou seja, a extração de água subterrânea em


volumes que ultrapassam os limites de produção das reservas reguladoras
do aquífero, pode iniciar um processo de rebaixamento do nível potencial de
fornecimento de água.

Outro risco para os mananciais subterrâneos é a contaminação


provocada por fossas, esgotos domésticos e industriais, lixões e
agroquímicos.

Água no Brasil

O Brasil ocupa uma posição privilegiada em relação à disponibilidade


de recursos hídricos. No mundo, 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso a
água potável e cerca de 5 milhões morrem a cada ano por doenças simples
relacionadas à falta de abastecimento.

Já o Brasil conta com 12% dos recursos hídricos do planeta. Por isso,
o volume distribuído por pessoa é 19 vezes superior ao mínimo estabelecido
pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m3/s por habitante
por ano.

No entanto, esse recurso vital não chega para todos os brasileiros na


mesma quantidade e regularidade.

As características geográficas de cada região e mudanças de vazão


dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do tempo,
acabam afetando a distribuição de água no território nacional.

68
Mesmo assim, o volume de recursos hídricos é suficiente para
atender 57 vezes a demanda atual do país.

O consumo humano, na média nacional, equivale a cerca de 1/3 do


total de água utilizada no Brasil. Já a irrigação consome 46% dos recursos e
as atividades industriais, 18%.

Unidade 3 – Educação Ambiental

3.1 – Educação e o meio ambiente

Myriam Ruth Lagos Bustos, em sua tese A educação ambiental sob a


ótica da gestão de recursos hídricos, expõe a importância que a educação
ambiental tem nas sociedades contemporâneas.

Há tempos, o planeta vem sofrendo constantes e cada vez piores,


ações humanas que o desrespeitam e degradam sua beleza natural. É
preciso parar com essas ações, mas primeiro tem-se que compreender os
motivos de atitudes nocivas para a vida na Terra.

Sistema institucional: educação ambiental na proteção ao meio ambiente

Observa-se que a preocupação com a natureza começa a fazer eco


no Brasil quando é entendida como via de proteção. Primeiro, a Constituição
Brasileira de 1946 e o Código Florestal deram uma orientação protecionista
direcionada para as áreas florestais e os recursos naturais renováveis.

69
No entanto, depois, a Constituição Brasileira de 1965 outorgava essa
responsabilidade para o governo ao especificar em seu artigo 10, item III,
que “Compete à União e aos Estados proteger as belezas naturais (...)”.

Ao mesmo tempo, o artigo 5º do Código Florestal de 1965 concedia a


mesma definição para os objetivos dos Parques Nacionais, além de
acrescentar sua utilização para objetivos educacionais, recreativos e
científicos.

A criação, no âmbito federal, da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA)


em 1973, ligada ao Ministério do Interior, teve um papel importante na época
em que se incorporava oficialmente a educação ambiental em seus
programas, como resposta às exigências internacionais emergentes na área
ambiental.

Assim, a SEMA desenvolveu processos de capacitação em recursos


humanos que conduziram as tarefas públicas no campo ambiental, bem
como definiu junto com os estados as diretrizes e prioridades da educação
ambiental.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis (IBAMA) – órgão federal executor – e a Secretaria do Meio
Ambiente, em articulação conjunta de esforços, destacam-se na
coordenação de trabalhos em diferentes instituições e órgãos.

O resultado disto é que em conjunto, organizaram cursos de


especialização em educação ambiental e de caráter interdisciplinar,
realizaram Seminários Nacionais sobre Universidade e Meio Ambiente e
Encontros Nacionais sobre a Educação Ambiental no Ensino Formal; criaram
no interior do IBAMA os Núcleos Estaduais de Educação Ambiental (NEAs),
desenvolvendo assim atividades na educação formal e não formal dentro
dos estados; e, ultimamente, elaboraram o Programa Nacional de Educação
Ambiental (PRONEA) para atuar junto com o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), visando à construção de uma nova cultura no relacionamento
institucional para contribuir na busca da solução aos problemas de interesse
comum.

3.2 - Políticas de Meio Ambiente

A Lei nº 6.938/81 criou a Política Nacional de Meio Ambiente, que


definiu os princípios, objetivos e instrumentos de controle do meio ambiente.
Ao mesmo tempo, estabeleceu órgãos de apoio como o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (SISNAMA), o qual compartilha sua responsabilidade nesta
política com o governo – a União, os Estados e os Municípios.

Este sistema nacional encontra-se estruturado pelas seguintes


entidades: Conselho governamental, representado pelo Ministério do Meio

70
Ambiente e dos Recursos Hídricos; Conselho Consultivo, que congrega os
Estados, Municípios e especialistas do Ministério; os membros do IBAMA,
das agências estaduais, municipais e organizações não governamentais.

A característica fundamental do sistema, apesar de ter funções


limitadas – por não ser nominativa – em relação à questão jurídica, é atuar
como articulador na comunicação entre Estado, municípios e instituições que
integram, tendo como órgão superior o Conselho Nacional do Meio
Ambiente.

Esta mesma Lei foi a que criou o Conselho Nacional do Meio


Ambiente (CONAMA). Formado por representantes dos Ministérios, dos
Estados e das entidades não governamentais, impõe-se à representação
dos Estados, com funções normativas, já que suas resoluções têm força
legal para instituir normas técnicas e administrativas no cumprimento da lei
que o criou.

O CONAMA, mediante Resolução nº 5/88, determinou o


licenciamento ambiental para obras de saneamento básico; atividades de
abastecimento de água; sistema de esgoto sanitário; sistemas de drenagem
e de limpeza urbana (obras de tratamento e disposição final do lixo
doméstico, industrial e hospitalar).

Encarregou-se, com a Resolução CONAMA/20, de regulamentar


padrões e classificações de qualidade para o ar, solo e água.

Além disso, foi atribuída pela Resolução CONAMA nº 237/97 o


licenciamento ambiental em todo o território nacional, bem como
estipularam-se as penalidades aos infratores da legislação ambiental.

O artigo 7 desta resolução dá atribuições aos órgãos municipais


ambientais para coordenar os interesses locais no licenciamento de
atividades ambientais.

Observa-se a descentralização do Estado, quando este autoriza à


Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo a celebrar convênios com os
municípios paulistas, a outorgar licenciamentos ambientais e a reforçar a
fiscalização de atividades afins para que não provoquem impacto ambiental
no município.

Nesta resolução faz-se uma abordagem das competências, no artigo


7, referente aos interesses locais no licenciamento de atividades ambientais,
as quais os órgãos municipais ambientais seriam responsáveis de
coordenar.

Certamente a valorização dos municípios com atribuições específicas


na gestão ambiental foi consignada, o que obrigou os municípios a criarem o
Conselho de Meio Ambiente, com profissionais qualificados para responder
às novas exigências do CONAMA.

71
Espera-se que os municípios, como forma de descentralização e
participação e por encontrarem-se próximos à realidade das comunidades,
consigam objetivar a gestão ambiental na região.

Ao mesmo tempo, devem contribuir com informações pontuais mais


claras e precisas dos locais de atuação para o Estado e a União e, deste
modo, permitir que estes tenham uma visão ampla na busca do
desenvolvimento sustentável dos recursos naturais.

A Política Nacional do Meio Ambiente pretende assegurar no país as


condições requeridas para o desenvolvimento socioeconômico. Assim,
definiu os interesses de segurança nacional, atendendo entre seus princípios
prioritários à ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como patrimônio a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o seu uso coletivo.

Assinala a Política Nacional do Meio Ambiente que a educação


ambiental deve facilitar a inserção do educando e do educador, como
cidadãos, no processo socioeconômico da sociedade por meio da aquisição
de novos conhecimentos, bem como da formação de valores e atitudes
sociais e coletivas.

Nota-se que as diretrizes das Conferências Internacionais na área


socioeconômica contribuíram na elaboração da lei no tocante à educação
ambiental. A política nacional de educação ambiental utiliza os temas
transversais para serem desenvolvidos nos currículos escolares, buscando
discutir estes temas sob a ótica multidisciplinar em todos os níveis de ensino
de forma contínua, com a finalidade de sensibilizar os estudantes em virtude
dos cuidados ambientais a serem tomados.

O objetivo da Política Nacional do Meio Ambiente tem como finalidade


a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida do homem. Desta forma, se estes fossem alcançados criariam as
condições de desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança
e a salvaguardariam a dignidade da vida humana, como assinala a Política
Nacional do Meio Ambiente.

No Princípio X propõe-se a implantação da educação ambiental em


todos os níveis de ensino das comunidades, com o objetivo de capacitá-las
para a participação ativa na defesa do meio ambiente.

Para atingir a questão ambiental, o governo estabeleceu o Ministério


de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, criado pelo Decreto
91.145/85, o qual, preocupado com o comportamento da população em
relação ao ambiente, em 1996 elaborou um Programa de Educação
Ambiental para a Amazônia.

72
Mais tarde, em 1997, criou internamente a Comissão de Educação
Ambiental, de caráter inter e intra ministerial no âmbito da Secretaria de
Desenvolvimento Integrado e, recentemente, em 1999, formou a Diretoria de
Educação Ambiental, que planejou e executou o Programa Nacional de
Educação Ambiental (PNEA).

Este programa foi reforçado como Lei 9.795/99, que estabeleceu a


obrigatoriedade de se criar a Política Nacional de Educação Ambiental.

O Programa Nacional de Educação Ambiental é um projeto de


cooperação internacional com o Ministério do Meio Ambiente e de atuação
nacional. Promove a sensibilização, mobilização e capacitação da sociedade
para enfrentar os problemas ambientais, visando ao desenvolvimento
sustentável.

Este programa criou os núcleos de educação ambiental municipais


brasileiros, os quais são espaços onde se realizam as atividades ambientais
do município. Além disso, implantou os polos estaduais que concentram as
informações dos núcleos, com o intuito de conformar a rede nacional de
formadores de multiplicadores em educação ambiental, constituindo, assim,
a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, encarregada da
divulgação de experiências locais de práticas sustentáveis.

A Constituição Federal de 1988 é a primeira a tratar a questão


ambiental de maneira mais específica, destinando um capítulo à legislação
do Meio Ambiente, no qual diz: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (Capítulo VI
do Meio Ambiente da Constituição Federal, artigo 225).

Os legisladores desta Constituição, compreendendo a importância da


formação do cidadão na sociedade, incorporaram em seu inciso VI a
Educação Ambiental como instrumento socioambiental para a preservação
do meio ambiente.

Portanto, tornou-se necessário “Promover a educação ambiental em


todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente”.

Além disso, o artigo 24 outorgou competência à União, aos Estados e


ao Distrito Federal para legislar também sobre “Conservação da Natureza,
dos Recursos Naturais e da Proteção ao Meio Ambiente”, dando ao Poder
Público, à coletividade e Fundações o dever de defender e preservar o meio
ambiente.

Entendendo-se que a educação ambiental de atuação isolada seria


insuficiente, a Portaria nº 678/91 do Ministério da Educação e do Desporto

73
estabeleceu que a educação escolar deve incorporar em todos os currículos
dos diversos estágios de ensino conteúdos da educação ambiental.

Em 1996, o Ministério da Educação e a Secretaria de Ensino


Fundamental (SEF) definiram as diretrizes que orientaram os processos de
aprendizagem no ensino fundamental, incluindo temas de interesse social
como: meio ambiente, saúde, saneamento, ética, pluralidade cultural,
orientação sexual e temas locais.

Por sua vez, estes temas são considerados transversais no conteúdo


escolar – temas inclusos nas disciplinas existentes.

Segundo opinião dos estudiosos e autoridades sobre o assunto,


observa-se que na comunidade escolar essas diretrizes ainda não
conseguem representar uma constante de diálogo entre educando e
educador, pois apenas algumas disciplinas abordam a questão ambiental
como um tema específico do conteúdo curricular.

Fica, então, uma questão desvinculada das outras disciplinas e sem


continuidade ao longo do ano letivo e sobretudo, persistindo a figura do
transmissor ativo e do receptor passivo na relação professor-aluno.

No ano de 1997, realizou-se a primeira Conferência Nacional de


Educação Ambiental em Brasília. Mas antes houve um amplo processo de
articulação e participação em conjunto com a sociedade civil, ONGs e
organizações governamentais, mediante os Encontros da Rede Brasileira de
Educação Ambiental e pré-fóruns regionais; tais eventos refletiram sobre as
práticas, estratégias (aplicadas e futuras), perspectivas e tendências da
educação ambiental.

Finalmente, daí resultou a Declaração de Brasília para Educação


Ambiental, a qual foi apresentada na Conferência Internacional sobre Meio
Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a
Sustentabilidade em Thessaloniki (Grécia), em dezembro de 1997.

Política Nacional de Educação Ambiental

A relevância das Conferências Internacionais em educação ambiental


possibilitou, no Brasil, a valorização da relação do ser humano com a
natureza; no entanto, esta relação foi só inserida na Lei nº 9.795/99 da
Política Nacional de Educação Ambiental, que definiu no âmbito nacional a
obrigatoriedade da matéria nas escolas públicas e propiciou a política
ambientalista abrangendo a sociedade civil, empresas, comércio e governo.

A lei estabeleceu como princípio da educação ambiental “o enfoque


humanista, holístico, democrático e participativo”, tendo como objetivo
fundamental o “desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações”, envolvendo os futuros

74
atores sociais nos aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos,
sociais, econômicos, científicos e éticos.

Portanto, atualmente sabe-se que é fundamental a mudança social


apoiada na política de educação ambiental que estrutura a problemática dos
recursos naturais da sociedade, efetivando as transformações internas dos
seres humanos em busca da realização pessoal.

Plano Nacional de Educação

Os membros do Congresso Nacional, preocupados com os problemas


ambientais e a falta de profissionais na área, elaboraram o decreto Lei
10.172/01 habilitando o Plano Nacional de Educação, com duração prevista
de dez anos.

Tomando-se por base a Conferência de Jomtien, realizada na


Tailândia, especificamente a Declaração Mundial de Educação Para Todos,
visou-se a capacitar educadores no ensino fundamental, médio e superior
para garantir o desenvolvimento do educador enquanto cidadão crítico, co-
responsável e profissional.

O Plano Nacional de Educação sustenta-se em três vertentes:

“1 – A educação como direito, que deve ser garantida desde o


nascimento à idade adulta, porque sem ela a pessoa não se completa, não
se realiza e não contribui com o desenvolvimento social do grupo;

2 – A educação como motor do desenvolvimento econômico e social,


onde está ressaltada a necessidade de formação de quadros universitários e
investimento em ciência e tecnologia;

3 – A educação como meio de combate à pobreza e à miséria, onde


mais do que nunca, reverter o quadro de exclusão social, desemprego,
pobreza e miséria, é imperativo para um país que tem cerca de 60 milhões
de pessoas nesta deplorável situação, às portas do século XXI, com 37% da
população vivendo abaixo da linha da pobreza” nas palavras de MEDINA.

O aspecto relevante que encontramos nesta lei, por um lado, é a


sistematização e o resgate da educação como instrumento de inclusão
social, pensada como processo contínuo na aprendizagem social; por outro
lado, é a procura de alternativas aos modelos de desenvolvimento
socioambiental e à iniquidade social, mediante a interação entre a sociedade
e seu meio – objetivo da educação ambiental.

Destaca-se, neste contexto, a educação superior que incorporou em


suas diretrizes curriculares curso de formação de docentes com temas
transversais de interesse social, recorrentes em educação ambiental.

75
Percebe-se a coerência desta questão na formação de docentes para
o ensino fundamental, médio e superior; assim como enaltece-se a
educação de jovens e adultos desenvolvendo atividades de educação
ambiental para promover uma educação cidadã, como fica explicitado de
acordo com a seguinte diretriz:

“Não basta ensinar a ler e a escrever; para inserir a população no


exercício pleno da cidadania, melhorar sua qualidade de vida e de fruição do
tampo livre e ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho” afirma
Medina.

Política de Educação Ambiental em São Paulo

Diante do panorama mundial e coerente com os compromissos


internacionais e nacionais assumidos pelo Brasil, o Estado de São Paulo,
mediante o Decreto 30.555/89, criou a Coordenadoria de Educação
Ambiental (CEAM), vinculada à Secretaria do Meio Ambiente (SMA), com o
intuito de planejar, desenvolver e promover a educação ambiental; estimular
a participação da população na política do desenvolvimento ecologicamente
sustentado; preservar e recuperar o meio ambiente com a difusão de
atividades que visem à melhoria do meio ambiente.

O CEAM tem uma atividade consultiva junto ao programa de núcleos


regionais de educação ambiental em São Paulo. Para efetivar seu trabalho,
desenvolveu diretrizes como: promover e apoiar ações integradas entre os
órgãos da SMA, entre entidades públicas e ONGs, na execução dos
programas de educação ambiental; realizar ações educativas voltadas para
o exercício da cidadania visando ao fortalecimento da consciência social na
busca do desenvolvimento sustentável.

A CEAM criou em 1996 o programa Núcleos de Educação Ambiental,


como forma de atuação mais direcionada em apoio às atividades regionais e
locais. Isto é, fez capacitação de lideranças locais, desenvolveu
metodologias para projetos de educação ambiental nas áreas, efetivou
campanhas de conscientização públicas, elaborou material didático – livros,
cartilhas, boletins informativos - organizou seminários e fóruns, promoveu
encontros para professores e líderes da comunidade que participam dos
problemas ambientais, reuniu técnicos de organismos municipais e
representantes da sociedade civil.

Exemplificando uma de suas atividades, encontra-se o programa de


coleta seletiva executado nas áreas de mananciais de Diadema e Embu.
Priorizou o trabalho de educação ambiental, especialmente nas unidades de
ensino de acordo com as necessidades de cada escola e, ao mesmo tempo,
apoiou ações integradas para os catadores de lixo na busca do
desenvolvimento autossustentável.

76
Esta foi uma alternativa para permitir a sustentação econômica dos
catadores após a retirada do lixo municipal.

Além disso, em 2002, a CEAM desenvolveu um curso de capacitação


para membros de ONGs e pessoas que participam na elaboração de
projetos de educação ambiental. Em relação às tecnologias de capacitação
e gestão ambiental, o que foi apresentado serviu para aprimorar
metodologias e recursos didáticos, elaborar projetos, otimizar e atualizar
procedimentos administrativos.

Em relação à sustentabilidade, tentou-se melhorar a participação e


ampliar as parcerias com a comunidade e ampliar as perspectivas de
financiamento aos projetos.

Esta mesma coordenadoria vem realizando ações de articulação e


integração, envolvendo programas de capacitação de educadores do
sistema formal de ensino, objetivando a difusão de conceitos, metodologias
e a prática da educação ambiental, fortalecendo o intercâmbio de
informações entre as Secretarias de Educação Ambiental do Estado e os
municípios e incentivando a integração da temática ambiental no projeto
pedagógico das escolas e a participação de educadores, alunos e
comunidade na gestão das políticas públicas ambientais.

Destaca-se a competência da CEAM na bacia hidrográfica do Alto


Tietê, que é formada por vários municípios, com características
socioeconômicas e educacionais diferentes de São Paulo.

Por isso, cada município ao elaborar o seu plano de educação


ambiental para a bacia procura a CEAM a fim de estabelecer as diretrizes
apropriadas ao município, na elaboração dos programas educacionais que
envolvam o problema ambiental da bacia.

Além disso, a Coordenadoria avalia os projetos de educação


ambiental do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO).

A Lei 11.426/93 criou a Secretaria Municipal do Verde e do Meio


Ambiente (SVMA) com o objetivo de planejar, ordenar e coordenar as
atividades de defesa do meio ambiente.

O Departamento de Educação Ambiental, proporcionando apoio técnico aos


programas de educação ambiental nas escolas de 1º e 2º graus (atualmente,
Ensino Fundamental e Ensino Médio), coordenou e executou programas e
ações educativas visando à participação da sociedade na melhoria da
qualidade ambiental.

Foram programas como os que se realizou na área da Represa


Billings, em 1998, na zona Sul de São Paulo, junto com o Instituto Brasil de
Educação Ambiental e em parcerias com outras entidades, como da
organização do “Curso de Formação de Educadores Ambientais”.

77
Anos depois, o Decreto nº 42.798/98 instituiu o programa “Núcleos
Regionais de Educação Ambiental” no Estado de São Paulo.

Por tudo isso, ressalta-se a importância da institucionalização das


políticas federais e estaduais de educação ambiental e meio ambiente, bem
como a utilidade da legislação sobre crimes ambientais, o que atende à
formação de cidadania mais ativa e atuante, em benefício dos atores sociais.

Santos e Pivello (1997) identificam três tipos de atores sociais:

1. Os técnicos-científicos, constituídos por especialistas de diferentes


áreas ou grupos técnicos, que priorizam e identificam as áreas que
foram prejudicadas ou conflitos a serem alvos de análise e estudo.

E, como responsáveis pelo processo de gestão, atuam como


grupo de consenso para a tomada de decisões dos outros
atores;

2. Os institucionais, formados pelo poder público/governo que, diante


da sociedade, respondem pelos programas políticos
governamentais para a proteção e conservação do meio ambiente;

3. Os comunitários, representados pelos usuários dos recursos


naturais e hídricos, assim como pelas entidades e associações.

Considera-se essencial um modelo de planejamento estratégico


de ação social de apoio ao desenvolvimento do ensino, defesa dos
direitos e promoção social da população, com base na educação e
capacitação dos diferentes atores sociais, em especial a comunidade e
instituições do governo.

No que diz respeito à comunidade, a educação é fundamental


para propiciar a participação. Para isso, deve-se impulsionar e articular a
educação, como indica a Conferência de Jomtien e as afirmações de
Medina.

As instituições governamentais devem capacitar seus membros


técnicos de nível superior, da mesma maneira que os integrantes dos
órgãos federais, estaduais e municipais, do meio ambiente, da saúde e
entidades representativas da sociedade civil.

Outra prioridade é facilitar a mobilização de recursos humanos,


técnicos e financeiros na procura da integração que viabilize a melhoria
da qualidade de vida e a defesa do meio ambiente.

Portanto, a participação de todos os setores sociais articulados e


vinculados à administração federal, estadual e municipal tornaria mais
eficientes as políticas socioambientais.

78
3.3 – O que são aquíferos?

Um dos portais mais conceituados sobre recursos hídricos, o Portal


São Francisco, reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, descreve as
características de um aquífero e sua importância.

Aquífero livre ou freático é aquele constituído por uma formação


geológica permeável e superficial, totalmente aflorante em toda a sua
extensão, e limitado na base por uma camada impermeável.

A superfície superior da zona saturada está em equilíbrio com a


pressão atmosférica, com a qual se comunica livremente. Os aquíferos livres
têm a chamada recarga direta.

Em aquíferos livres o nível da água varia segundo a quantidade de


chuva. São os aquíferos mais comuns e mais explorados pela população.
São também os que apresentam maiores problemas de contaminação.

Já o aquífero confinado ou artesiano é aquele constituído por uma


formação geológica permeável, confinada entre duas camadas
impermeáveis ou semipermeáveis.

A pressão da água no topo da zona saturada é maior do que a


pressão atmosférica naquele ponto, o que faz com que a água ascenda no
poço para além da zona aquífera.

O seu reabastecimento ou recarga, através das chuvas, dá-se


preferencialmente nos locais onde a formação aflora à superfície. Neles, o
nível da água encontra-se sob pressão, podendo causar artesianismo nos
poços que captam suas águas.

Os aquíferos confinados têm a chamada recarga indireta e quase


sempre estão em locais onde ocorrem rochas sedimentares profundas
(bacias sedimentares).

O aquífero semi-confinado é aquele que se encontra limitado na base,


no topo, ou em ambos, por camadas cuja permeabilidade é menor do que a
do aquífero em si.

O fluxo preferencial da água se dá ao longo da camada aquífera.


Secundariamente, esse fluxo se dá através das camadas semi-confinantes,
à medida que haja uma diferença de pressão hidrostática entre a camada
aquífera e as camadas subjacentes ou sobrejacentes.

Em certas circunstâncias, um aquífero livre poderá ser abastecido por


água oriunda de camadas semiconfinadas subjacentes, ou vice-versa. Zonas

79
de fraturas ou falhas geológicas poderão, também, constituir-se em pontos
de fuga ou recarga da água da camada confinada.

Em uma perfuração de um aquífero confinado, a água subirá acima


do teto do aquífero, devido à pressão exercida pelo peso das camadas
confinantes sobrejacentes.

A altura a que a água sobe chama-se nível potenciométrico e o furo é


artesiano. Numa perfuração de um aquífero livre, o nível da água não varia
porque corresponde ao nível da água no aquífero, isto é, a água está à
mesma pressão que a pressão atmosférica.

O nível da água é designado então de nível freático.

Representação esquemática do nível de pressão nos aquíferos

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Áreas de Reabastecimento e Descarga do Aquífero

Um aquífero apresenta uma reserva permanente de água e uma


reserva ativa ou reguladora que são continuamente abastecidas através da
infiltração da chuva e de outras fontes subterrâneas.

80
As reservas reguladoras ou ativas correspondem ao escoamento de
base dos rios.

A área por onde ocorre o abastecimento do aquífero é chamada zona


de recarga, que pode ser direta ou indireta. O escoamento de parte da água
do aquífero ocorre na zona de descarga (ANA, 2001).

Zona de recarga direta

É aquela onde as águas da chuva se infiltram diretamente no


aquífero, através de suas áreas de afloramento e fissuras de rochas
sobrejacentes. Sendo assim, a recarga sempre é direta nos aquíferos livres,
ocorrendo em toda a superfície acima do lençol freático.

Nos aquíferos confinados, o reabastecimento ocorre


preferencialmente nos locais onde a formação portadora de água aflora à
superfície.

Zona de recarga indireta

São aquelas onde o reabastecimento do aquífero se dá a partir da


drenagem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo subterrâneo
indireto, ao longo do pacote confinante sobrejacente, nas áreas onde a
carga potenciométrica favorece os fluxos descendentes.

Zona de descarga

É aquela por onde as águas emergem do sistema, alimentando rios e


jorrando com pressão por poços artesianos.

As maiores taxas de recarga ocorrem nas regiões planas, bem


arborizadas, e nos aquíferos livres. Nas regiões de relevo acidentado, sem
cobertura vegetal, sujeitas a práticas de uso e ocupação que favorecem as
enxurradas, a recarga ocorre mais lentamente e de maneira limitada
(REBOUÇAS et al., 2002).

Sob condições naturais, apenas uma parcela dessas reservas


reguladoras é passível de exploração, constituindo o potencial ou reserva
explotável Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas
reguladoras (REBOUÇAS, 1992 citado em ANA, 2001).

Esse volume de explotação pode aumentar em função das condições


de ocorrência e recarga, bem como dos meios técnicos e financeiros

81
disponíveis, considerando que a soma das extrações com as descargas
naturais do aquífero para rios e oceano, não pode ser superior à recarga
natural do aquífero.

Funções dos Aquíferos

Além de suprir água suficiente para manter os cursos de águas


superficiais estáveis (função de produção), os aquíferos também ajudam a
evitar seu transbordamento, absorvendo o excesso da água da chuva
intensa (função de regularização).

Na Ásia tropical, onde a estação quente pode durar até 9 meses e


onde as chuvas de monção podem ser bastante intensas, esse duplo serviço
hidrológico é crucial (SAMPAT,2001).

Segundo o mesmo autor, os aquíferos também proporcionam uma


forma de armazenar água doce sem muita perda pela evaporação - outro
serviço particularmente valioso em regiões quentes, propensas à seca, onde
essas perdas podem ser extremamente altas.

Na África, por exemplo, em média, um terço da água extraída de


reservatórios todo ano perde-se pela evaporação. Os pântanos, habitats
importantes para as aves, peixes e outras formas de vida silvestre, nutrem-
se, normalmente, de água subterrânea, onde o lençol freático aflora à
superfície em ritmo constante.

Onde há muita exaustão de água subterrânea, o resultado é,


frequentemente, leitos secos de rios e pântanos ressecados.

Portanto, os aquíferos podem cumprir as seguintes funções


(REBOUÇAS et al., 2002):

1. Função de produção

Corresponde à sua função mais tradicional de produção de água para


o consumo humano, industrial ou irrigação.

2. Função de estocagem e regularização

Utilização do aquífero para estocar excedentes de água que ocorrem


durante as enchentes dos rios, correspondentes à capacidade máxima das
estações de tratamento durante os períodos de demanda baixa, ou
referentes ao reuso de efluentes domésticos e/ ou industriais.

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3. Função de filtro

Corresponde à utilização da capacidade filtrante e de depuração bio-


geoquímica do maciço natural permeável. Para isso, são implantados poços
a distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, lagos ou reservatórios, para
extrair água naturalmente clarificada e purificada, reduzindo
substancialmente os custos dos processos convencionais de tratamento.

4. Função ambiental

A hidrogeologia evoluiu de enfoque naturalista tradicional (década de


40) para hidráulico quantitativo até a década de 60. A partir daí,
desenvolveu-se a hidroquímica, em razão da utilização intensa de insumos
químicos nas áreas urbanas, indústrias e nas atividades agrícolas.

Na década de 1980 surgiu a necessidade de uma abordagem


multidisciplinar integrada da geohidrologia ambiental.

5. Função transporte

O aquífero é utilizado como um sistema de transporte de água entre


zonas de recarga artificial ou natural e áreas de extração intensiva.

6. Função estratégica

A água contida em um aquífero foi acumulada durante muitos anos ou


até séculos e é uma reserva estratégica para épocas de pouca ou nenhuma
chuva.

O gerenciamento integrado das águas superficiais e subterrâneas de


áreas metropolitanas, inclusive mediante práticas de recarga artificial com
excedentes da capacidade das estações de tratamento, os quais ocorrem
durante os períodos de menor consumo, com infiltração de águas pluviais e
esgotos tratados, originam grandes volumes hídricos.

Esses poderão ser bombeados para atender o consumo essencial nos


picos sazonais de demanda, nos períodos de escassez relativa e em
situações de emergência resultantes de acidentes naturais, como
avalanches, enchentes e outros tipos de acidentes que reduzem a
capacidade do sistema básico de água da metrópole em questão.

7. Função energética

Utilização de água subterrânea aquecida pelo gradiente geotermal


como fonte de energia elétrica ou termal.

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8. Função mantenedora
Mantém o fluxo de base dos rios (WREGE,1997).

Ocorrências no Brasil

A combinação das estruturas geológicas com fatores geomorfológicos


e climáticos do Brasil resultou na configuração de 10 províncias
hidrogeológicas, que são regiões com sistemas aquíferos com condições
semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade de água (MMA,
2003). Essas províncias podem estar divididas em subprovíncias.

Sendo assim, as águas subterrâneas no Brasil ocupam diferentes


tipos de reservatórios, desde as zonas fraturadas do embasamento cristalino
(escudo) até os depósitos sedimentares cenozóicos (bacias sedimentares),
reunindo-se em três sistemas aquíferos: porosos, fissurados e cársticos de
acordo com a tabela 2.1 (LEAL, 1999).

Os escudos são formados por rochas magmáticas e metamórficas e


correspondem aos primeiros núcleos de rochas emersas que afloraram
desde o início da formação da crosta terrestre.

As bacias sedimentares são depressões preenchidas, ao longo do


tempo, por detritos ou sedimentos provenientes de áreas próximas ou
distantes que normalmente estão dispostas de forma horizontal (COELHO,
1996).

Representação esquemática das províncias hidrogeológicas do Brasil

Volume
Total
Província Domínio Sistema Aquífero Área de
Hidrogeológica Aquífero Principal (km²) água (%)
(km²)
Escudo Substrato
Zonas iraturadas 600.000 80 0,07
Oriental aflorante
Escudos
Manto rochas
Setentrional, Substrato
alteradas e/ou 4.000.000 10.000 8,90
Central e aflorante
fraturas
Meridional
Bacia
Arenitos Barreiras e
Amazonas sedimentar 1.300.000 32.500 28,94
Alter do Chão
Amazonas
Bacia
sedimentar Arenitos São Luís e
Parnaíba 50.000 250 0,22
São Luís – Itapecuru
Barreirinhas
Bacia Arenitos Itapecuru,
Parnaíba 700.000 17.500 15,58
sedimentar Cordas-Grajaú.

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Maranhão Motuca, Poti-Piauí,
Cabeças, Serra
Grande
Bacia
Arenitos Barreiras e
sedimentar
Costeira Açu-Beberibe, 23.000 230 0,20
Potiguar –
Calcário Jandaíra
Recife
Bacia
sedimentar Arenitos Barreiras e
Costeira 10.000 100 0,09
Alagoas- Marituba
Sergipe
Bacia
sedimentar Arenitos Marizal,
Costeira Jatobá- Tacaratu, São 56.000 840 0,75
Tucano- Sebastião
Recôncavo
Arenitos Bauru-
caiuá,
Bacia
Furnas/Aquidauana,
Paraná sedimentar 1.000.000 50.400 44,88
Guaran, Rio Branco
Paraná
e Basaltos Serra
geral
Depósitos
Aluviões,dunas 773.000 411 0,37
diversos
TOTAL 8.512.000 112.311 100
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Os sistemas aquíferos brasileiros armazenam os importantes


excedentes hídricos, que alimentam uma das mais extensas redes de rios
perenes do mundo, com exceção dos rios temporários, que nascem nos
domínios das rochas do embasamento geológico subaflorante do semi-árido
da região Nordeste (REBOUÇAS et al., 2002), e desempenham, ainda,
importante papel socioeconômico, devido à sua potencialidade hídrica
(MMA,2003).

Sistemas porosos: formados por rochas sedimentares que ocupam


42% (3,6 milhões de km²) da área total do país e compreendem cinco
províncias hidrogeológicas (bacias sedimentares): Amazonas, Paraná,
Parnaíba-Maranhão, Centro-Oeste e Costeira.

A estruturação geológica, com alternância de camadas permeáveis e


impermeáveis, assegura lhes condição de artesianismo. As Bacias do
Paraná, Amazonas, Parnaíba e a Subprovíncia Potiguar-Recife destacam-se
pela extensão e potencialidade (ABAS, 2003).

Representação esquemática dos principais aquíferos brasileiros

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Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

As Províncias Amazonas e Parnaíba posicionam-se como a segunda


e terceira do Brasil, respectivamente, em volume de água armazenado. A
pouca evaporação da Província Amazonas, motivada pela elevada umidade
do ar e a cobertura florestal, contribui também para uma maior absorção das
águas superficiais pelas suas rochas.

A Província Centro-Oeste compreende as Subprovíncias Ilha do


Bananal, Alto Xingu, Chapada dos Parecis e Alto Paraguai, localizadas na
região Centro-Oeste do país, cujos principais aquíferos são o Aquidauana,
Parecis e Botucatu.

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A Província Costeira abrange praticamente toda zona costeira do
Brasil, excetuando-se as porções dos Estados do Paraná, São Paulo, sul do
Rio de Janeiro, norte do Pará, Ilha de Marajó e sudeste do Amapá.

Essa província apresenta-se bastante diversificada, por abranger


várias bacias sedimentares costeiras, de diferentes constituições e idades
geológicas. suas subprovíncias são: Alagoas/Sergipe; Amapá;
Barreirinhas; Ceará/Piauí; Pernambuco; Potiguar; Recôncavo; Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul.

Os aquíferos mais importantes são os arenitos cretáceos e terciários


nas Bacias Potiguar, Alagoas e Sergipe. Os sistemas aquíferos Dunas e
Barreiras são utilizados para abastecimento humano nos Estados do Ceará,
Piauí e Rio Grande do Norte.

O Aquífero Açu é intensamente explorado para atender ao


abastecimento público, industrial e em projetos de irrigação (fruticultura), na
região de Mossoró (RN).

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Bibliografia

Ambiente Brasil. Recursos hídricos. Disponível em:


<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/agua_-
_recursos_hidricos.html>. Acesso em 22 ago 2011.

ANDRADE, R.O. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao


desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron Books, 2006.

Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Gestão ambiental: uma


estratégia para a preservação dos recursos hídricos. Disponível em: <
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR101_0639.pdf >.
Acesso em 25 ago 2011.

Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Disponível em:


<http://www.abrh.org.br/novo/>. Acesso em 23 ago 2011.

Recursos hídricos. Meio ambiente. Disponível em:


<http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/recursos-hidricos> Acesso
em 22 ago 2011.

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