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CRiTICA PSICANALITICA Adalberto de Oliveira Souza INTRODUCAO Neste capitulo, pretende-se apresentar alguns elementos fundamentais para a compreensio da Critica Literiria Psicanalitica, E um esbogo das condicdes basicas para que se possa aplicar esse tipo de andlise. Vé-se que hi exigéncias primordiais para entrar nesse campo de pesquisa: em primeiro lugar, 0 conhecimento prévio tanto da literatura como da psicanilise, Por isso, fez-se necessirio recorrer a um apanhado histérico, isto €, uma verificagio de como foi o proceso de sta origem, como esti caminhando a sua existéncia ¢ qual a sua importincia dentro dos estudos das Ciéncias Humanas. SITUAGAO DA CRITICA PSICANALITICA A psicandlise nio € uma pritica literdria, E uma metodologia clinica e terapéutica, Tem, contudo, um relacionamento complexo com as priticas de leitura ¢ de escrita © com os pressupostos que se faz sobre 0 porqué de as pessoas escreverem € como os textos afetam os leitores. A Critica Psicanalitica € de orientacao interpretativa, portanto de cunho hermenéutico € fenomenoldgico, isto € procura-se captar um sentido irredutivel as intengdes reveladas pelo autor, para se chegar a uma esséncia Gnica de compreensio da obra literaria. A Critica Sociolégica, a Critica Temética e a propria Critica Hermenéutica, esquemnatizadas por Paul Ricoeur, tém 0 mesmo objetivo, Tem-se que observar que essa orientagio critica soffe censura de algumas outras correntes de ccitica literaria, que a consideram como uma tentativa de se afastar das Ciéncias Humanas, Os desconstrutivistas acusam-na de permanecer fiel a uma concepgio teleolégica, ou seja, visar a um fim supremo; os criticos de tendéncia formalista apontam nela o abandono da literariedade, a0 EORIA LITERARIA estabelecer conexio com textos que mostram realidades que ultrapassam aspectos dessa literariedade, que € um dos tragos distintivos da literatura LITERATURA E PSICANALISE O relacionamento entre a psicandlise e a literatura se reduz a0 objeto do processo psicanalitico € do sentido reprimido que se espera recuperar. “Enquanto a literatura pode ser considerada um corpus lingiistico a ser interpretado, a psicanilise refere-se a um corpus epistemoldgico, um conjunto de conhecimento, cuja competéneia € invocada pata efetuar a interpretagio. Em outras palavras, a psicanélise € 0 sujeito, enquanto a literatura € 0 objeto” (FELMAN, 1982, p. 5). A psicandlise da literatura cria uma Iuta para o poder. O relacionamento entte o eritico, 6 texto ¢ © escritor poderd ser discutide no contexto das relagdes entre o analista e o paciente. Analisam-se, portanto, o relacionamento paciente/texto ¢ também o relacionamento leitores/eriticos Além disso, hi um relacionamento entre a psicanilise e a literacura porque os conceitos mais mportantes em psicanilise so definidos por seu referencial a mitos e autores clissicos. Tal é o caso m “complexo de Edipo”, “narcisismo", “masoquismo”, “sadismo”. “A literatura é a linguagem que a psicandlise usa para falar de si mesma, para dar nome a si. A literatura nio esta fora da psicanilise, j& que motiva € nomeia os seus conceitos. E a referéncia pela qual a psicanilise denomina as suas descobertas” (FELMAN, 1982, p. 9) Nio se pode neyar que a Critica Psicanalitica remonta a Sigmund Freud (1856-1939). Sabe-se ue a psicanzlise tem pouco mais de 100 anos, assim como a Critica Psicanalitica, pois Freud, apesar de hesitar, aproveitou para a sua teoria a drea da criagio artfstica, haja vista seus estudos sobre Edipo Rei, de Sofocles, e Hamlet, de Shakespeare, em sua Interpretagao dos sowhos, publicada em 1900, Desde 1897, Freud passou a associar na andlise de seus pacientes ¢ na sua auto-anilise 0 complexo de Edipo, para construir um de seus conceitos fundamentais. Mais tarde, em 1928, ele acrescentou 0 romance de Dostoievski, Os inritos Karamazov, para reforcar sua teoria, além de ampliar suas pesquisas a obras menos candnicas como Gradiva, de Jensen, A literatura © sua pritica sempre foram um exercicio da linguagem, tanto oral como escrita, criando um espaco marginal 3s formas habituais da comunicagao e tendo como fundamento a expresso de uma subjetividade. Ademais, a ferramenta mais importante da psicandlise € a Jinguagem, seu trago comum com a literatura. Além disso, ambas tém como fundamento a subjetividade, até quando transmitem uma ocorréncia de amplo valor social, No entanto, a psicandlise exige para si foros de ciéncia, por um lado, abrangendo um campo de pesquisas todo seu, Que abarca a patologia mental, as neuroses, as parandias, as psicoses, as perversbes ¢ tantas outras mais. Isto 6, a psicanilise tem um objetivo clinico e inovador, que é a cur pela palavra de um doente em particular. Por outro lado, ela também se volta, num segundo plano, para as explicagées das produces culturais. Nota-se, portanto, que ha vitios fatores pelos quais a psicanilise associou-se & literatura ¢ esta, Por stia vez, apropriou-se das descobertas realizadas pelos psicanalistas. Sobretudo porque a psicandlise, cumpre-se repetir, € uma experiéncia que se constr6i unicamente pela linguagem, sendo esta sta base metodolégica. Haja vista a observagio dos atos falas, da livre asociaglo, por parte do paciente ou do objeto analisaclo e, por parte do analista, a alengio flutuante, que deve escutar ow observar, sem preconceitos, sem partidarismo, © discurso ouvido ou lido, mas, em scguida, ser ‘muito atento e preciso para formular sua interpretagio. Por isso, era de se esperar que se criasse uma critica literéria de cunho psicanalitico, ow melhor, uma critica assumidamente psicanalitica, estabelecendo seus métodos em bases treudianas OINCONSCIENTE A Critica Psicanalitica existe devido a psicanilise ¢ 4 sua descoberta mais fértil: 0 inconsciente. Pode-se dizer que o inconsciente € 0 conceito fundador da psicanilise € € a maior contribuigio a0 pensamento contemporinco. 206 Freud, nos seus livros: A interpretagéo dos sons, A psicopatalogia da vids cotidiana, O. humor e suas relagées cout o inconsciente, O souho e a sua interpretagdo, divide a representagio espacial do psiquismo em trés sistemas: 0 inconsciente, o pré-consciente € © consciente, colocando uma outra légica nos processos conscientes (BERGEZ, 1996). Essa outra Iogica esté na anilise sistemitica do sonho, que é, para ele, 0 caminho que leva a0 inconsciente, comparando 0 conteide manifesto do sonho, ou seja, a narrativa que dele se faz, 20 conteido latente, que € aquele obtido através das associacées. Freud também apresenta os mecanismos ue mostram como interpretar sonhos, tais como a condensacio, o deslocamento, a figurabilidade a ehboragio secundaria. A condensagéo € feita quando um elemento inico, no sonho, representa virias correntes associativas ligadas ao contedido latente. Esse elemento pode ser uma pessoa, uma imagem, uma palavra. E preciso decifrar, nesse caso, 9 ponto comum desconhecido que da sentido a essa condensacio. © deslocamento € realizado quando uma representa de uma intensidade visual e de uma carga afetiva que incomoda, chama a atengio. Através da anélise aparentemente insignificante fica investida dessa insignificdncia que se sobressai, pode-se, entio, descobrir descjos inconscientes. A JSiqurabilidade & executada quando pensamentos inconscientes tomam a forma de imagens, € pensamentos abstratos sao substituidos por formas concretas. A claboragio secundiria ocorre com a intervengio do subconsciente quando a narrativa do sonho elaborada pelo paciente. Esses mecanismos podem ser usados para a anilise de obras literitias e podem ser vistos de duas a) O texto como encobrindo a verdade nua e crua do inconsciente; b) O texto como conterido manifesto do inconsciente No entanto, em ambas as maneiras de encarar 0 texto, essas visSes deve ser interpretadas, porque tanto 0 sonho como o texto nos trazem, apenas, uma deformacio do que esté presente no inconsciente. Freud supée uma teoria dinimica do inconsciente, uma vez que ele vé no sonho uma descarga psfquiica de um desejo em estado de recalque, Desse modo, toda produgio psfquica é uma formagio de compromisso entre a forga do desejo e a poténcia censora ou de recalque do consciente, e do pré-consciente. ALLEITURA E A INTERPRETACAO PSICANALITICA Retomando o fato de a psicanilise nio ser intrinsicamente uma pritica litera, € importante vetificar os problemas técnicos de interpretagio, que podem ser aplicados ao texto literério sem se preocupar com o tratamento terapéutico no qual basicamente esse tipo de anilise € usado ¢ para o qual foi criado, Existem algumas categorias que devem ser ressaltadas: * O enigma ~ Todo discurso & enigmitico, j4 que propde a articulagio de processos entre significag6es inconscientes e conscientes. «A detecio ~ Nio é ficil definir conjunto de regras que rege essa detecgio. O analista (ou o “detetive”) devers recolher indices desconhecidos, despercebidos ow negligenciados e organi los para encontrar uma solucio convincente ¢ eficaz, reconstruindo uma historia visando a uma verdade. * 0 deseio de saber - Como a vontade de saber € exacerbada, um caso psicanalitico pode ser interpretado de varios modos, pois sio inesgotéveis as possibilidades de significacio. © A interpretagio dos signos — A psicanilise pode ser colocada entre os sistemas “semisticos" de conhecimento, a0 lado da medicina clinica, da histéria, da pesquisa policial e da exegese dos textos, Por isso, a Critica Psicanalitica ¢ especificamente interpretativa, mas tem uma prética singular dessa interpretagio, pois ela é parcial ¢ tem seus limites com relagio a outras formas de criticas 207 literdrias. Para fazer uma abordagem psicanalitica de um texto, 0 eritico deve sempre avisar quais sio suas escolhas, seus pontos de vista ¢ seus métodos segundo o texto analisado. Nao € demais reiterar que esse tipo de critica € uma pritica adaptada de uma situacio estritamente critica para outra que tem de levar em consideragio a especificidade do texto literdrio, A DIVERSIDADE DAS CONCEPCOES Freud teve iniimeros seguidores, herdeiros de sua teoria, médicos, pesquisadores, criticos ¢ flosofos que constataram uma fecundidade efetiva em suas pesquisas, tais como Adler, Abraham, Adomo, Bettelheim, Cooper, Ferenczi, Froom, Groddeck, Homey, Jones, Jung, Lacan, Laing, Marcuse, Rank, Reich, Reik, Roheim, Sartre € muitos outros. Os eaminhos seguidos foram muito variados assim como os objetivos a serem aleangados, Muitos criticos litersrios recusaramse a uma alianga com as fimdadores dessa disciplina negaram-se a aceitar uma sistematizacio imposta, Assim mesmo, nio deixaram de utilizar conceitos psicanaliticos. Cart JUNG Em geral, a parte mais importante da critica psicanalista se apsia em bases freudianas. Mas ha, também, outros criticos que se voltam para Carl Jung, (1875-1962), um discipulo dissidente de Freud, cuja teoria, no inicio, esté perto do mestre, no tocante & associagao de palavras, que seria uma forma de controlar a associagao livre da técnica psicanalitica. Em seguida, Jung caminha para um sistema mais complexo ¢ menos passivel de verificacio experimental. Ele transforma o sistema de concepgio bisica de Freud na descrigio da interagio organismo ¢ ambiente. Nio aceita, por exemplo, os conceitos de ego, superego id (consciente, pré-consciente ¢ inconsciente) € eria outros conceitos, @ mundo externo-mundo interior, consciéucia-inconsciéncia (pessoal e coletive), persona — animus € anima, ego-somibra JEAN PAUL SARTRE Jean-Paul Sartre (1905-1980) critica a psicanilise freudiana, considerando seus conceitos insuficientes, especialmente no tocante 20 inconsciente € 3 censura. Esse fil6sofo tenta substitui-la por uma psicanilise existencial. A filosofia de Sartre é uma filosofia da liberdade, portanto implica uma moral de responsabilidad. Se nossos atos no nos pertencem e tém a sua causa na obscura quimica de um inconsciente, nio hé moral possivel. Nao se pode aprovar ou desaprovar um rio que desigua no mar. Para Sartre, a psicanilise € um imoralismo determinista que se fondamenta numa pratica repressiva e normativa. Ele aplica sua tentativa de psicanilise existencial em sua obra Baudelaire, expondo que esse “pocta € o homem que, experimentando mais profundamente sua condi¢io de homem, procurou de forma mais apaixonada mascaré-la", segundo Constat (MAGAZINE LITTERAIRE, 1980, p. 41). Sartre ataca a nocio triplice de Freud: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente, justificando que se 0 consciente nao pode tocar o inconsciente, devido 3 censura do pré-consciente, ocorre uma ma f@ dessa censura. Uma vez que ela saiba o que deve censurar, ela € consciente (pois saber & saber que se sabe). Assim sendo, a censura colabora com © consciente; ela pode mentir, enganar tanto o analista quanto © analisado. Em suas aplicagdes fusturas de psicandlise existencial, ele aplica também teorias freudianas, quando analisa a obra de Jean Genet, Saint Genet, comédien et martyr, € a de Flaubert, L'idiot de Ia famille, onde nfo volta a tefutar a teoria do inconsciente porque fala do wivido; apenas recusa determinismo psiquico ¢ inverte os termos em nome da liberdade de escolha e os integra no campo da responsabilidade, © que bem explica isso € a férmula de base de sua antropologia: “o mais importante nfo é o que fizeram de nds, mas 0 que fazemos de nés mesmos daquilo que fizeram de nds” (MAGAZINE LITTERAIRE, 1980, p. 42). 208, dB) crirren psscawacirzca GASTON BACHELARD. Hi também o caso de Gaston Bachelard (1884-1962), que introduzin a imaginagio da metéria como 0 principal objeto de estudo, insistindo na eritica da consciéncia do sujeito que escreve, A imaginagio da matéria é o elemento que escapa A ciéncia, mas nio os devaneios (que nio sio sonhos), elementos fiandamentais de suas anslises Antes dos anos 1970, periodo no qual a lingitistica triunfa sobre todos os outros métodos analiticos de textos, os métodos de Bachelard vio inspirar, praticamente sozinhos, 0 que foi denominado New Criticism ou Nova Critica Bachelard di um sentido outro aos termos usuais psicaliv, fenomenolagia & podtca (TADIE, 1987). Quanto & psicanilise, por exemplo, o inconsciente, para ele, & uma camada menos psfquica © mais intelectualizada (seria, para Freucl, o pré-consciente), e, como ji se disse, ele vai dar mais importincia aos devaneios que aos sonhos. O devaneio € a sedugio de ssma imagem preferida ¢ no elementos soltos no inconsciente freudiano, Quanto a fenomenologia, para ele, esta € um estudo do fendmeno da imagem poética, quando emerge ma consciéncia como produto direto do coragio da alma, do ser e do homem ‘aptado na sua atualidade (TADIE, 1987). A sua poética, portanto, também tem um sentido diferente, pois, seu tinico objeto de estado & semelhante 2 estupefaciie imagem dos surrealistas. A critica literdria de Bachclard quer reconstituir o significado a partir de uma imagem principal na obra do poeta ou escrtor e, entio, descobrrir, nas imagens, o mundo mais significative para o artista Num de seus livros, A psicanilie do fogo, ele escreve: “o Alcool de Hoffmann € 0 aleool que flameja; esté marcado com o signo todo qualitativo, todo masculino do fogo. O alcool de Poe € 0 que submerge e que proporciona o esquecimento ¢ a morte; esti marcado com o signo todo quantitativo, todo feminino da Agua” (BACHELARD, 1938 apud TADIE, 1987, p. 114). Existem outros autores que rogam a Critica Psicanalista; no entanto, seria melhor chamé-los de criticos do imaginério, uma vez que tentam escapar dos conceitos freudianos, assim como Jean- Pierre Richard, Gilbert Durand, Northrop Frye, Mario Praz. Sem diivida eles ofereceram grandes colaboragées também a critica literiia, JACQUES LACAN Hi também o oposto: psicanalistas que nao eram ligidos & literatura e passaram a fazer erftica literdria, notoriamente Jacques Lacan (1901-1981), com seus trabalhos sobre Bataille, Claudel, Hugo, Joyce, Molitre, Plauto, Pascal, Shakespeare, Wedekind, Poe, Gide e Duras. Vale a pena deter-nos no seu trabalho, 5 que ele nio foge dos pressupostos freudianos ¢, sim, tenta recuperi-los. De fato, ele tenta uma reescrita da obra de Freud, utilizando-se da lingiistica estrutural. Sua maior influéncia esti no emprego de métodos psicandliticos para analisar textos culturais, como literatura e filmes. A teoria psicanalitica de Lacan (1966) foi apropriada em virias abordagens pés-estruturalistas, de modo especial na teoria marxista avangada de Althusser, nas obras de tedricas feministas francesas, como veremos, € na teoria pés-colonial (BOWIE, 1991), Os estruturalistas sempre consideraram a teoria do sujeito como ingénua e reacionétia. A critica lacaniana desenvolveu uma anilise do inconsciente que tornou mais aceitivel a teoria do sujeito falante. O inconsciente € um produto da linguagem € tem a estrutura dela. A linguagem € um fluxo constante de significantes instaveis, os quais jamais estio amarrados a conceitos fixos (significados) Para Lacan (1966), 0 mecanismo do desejo impede a fixagio definitiva do significado (semelhante a0 principio da différance, de Derrida, discutido no Capitulo 9), embora ele mesmo nfo seja adepto da pluralidade de significados. Lacan afirma que © simbélico € controlado por um. significante privilegiado ¢ transcendental chamado phallus (nfo € 0 pénis, mas o seu simbolo). O phallus, o significante da diferenga sexual, € 0 simbolo do controle do pai sobre o desejo da crianca. E o phallus que ajuda todos os outros significantes a adquirirem a unidade temporaria com seus significados, garantindo a estrutura patriarcal do Simbotico. A crianga esti no estigio pré-edipal, Ela esté no Imaginario (0 Senidrco de Kristeva), ow seja, cla nao possui linguagem, genero, identidade ou nogio de distincio entre si € 05 outros, nao tem 209 a) eonts urvendnra conhecimento de limites, ¢ esta su nao é 0 mundo exterior. Pela fase do espelho a crianga entra no Sinbélio, ou seja, entra no mundo da Jinguagem, no qual o mundo seal é simbolizado ¢ representado pela linguagem e outros sistemas que se operam como a linguagem. Diga-se de passagem, esse mundo real jamais pode ser conhecido, porque esté fora da linguagem. Em sua entrada no Sinblico a er uum ser distinto, mas aceita a linguagem e os sistemas sociais e culturais que formam o seu ambiente Essa imagem é uma projecio imaginsria do ego unificado e autonome. A identificagio da crianga com tal imagem, porém, é um filso reconhecimento, jA que ela se encontra dividida entre 0 “ess” que percebe © “eu” que esti sendo percebido. segundo estigio de desenvolvimento, portanto, envolve a entrada da erianga no Simbotico, ou seja, no conjunto dos sistemas de significantes culturais dos quais a linguagem & uma pega fundamental. Essa poderosa configuracio de autoridade operacionada pela linguagem é chamada de nome do pai, diante do carter patriarcal do complexo social em vigor. A crianga participa desse processo para se diferenciar dos outros ¢ tornar-se um sujeito awénomo, A introdugio dela linguagem envolve uma segunda divisio: deve identificar-se com 0 “eu” da primeira pessoa do singular para formular suas necessidades © se diferenciar do pronome “tu”. Mais uma vez essa identificag “eu” da elocugio € um filso reconhecimento. Presume-se que haja wma identificagio entre 0 “eu” que fala, 0 sujcito do enunciado, ¢ 0 “eu” representado na elocugio, o sujeito da enunciagio, Lacan (1966) afirma que o “eu” da elocugio fica sempre subvertido pelo inconsciente. Ele concorda com a explicagio de Freud (que usa as expressies “condensagio”, on seja, virias imagens que se misturam num iinico simbolo, € “deslocamento”, ou seja, a mudanga de 1.4 impresses € fintasias, Portanto, mio sabe que seu corpo com o significagio de um simbolo para outro adjacente) para mostrar como o inconsciente representa os desejos reprimidos através da metifora e da metonimia. Estado pré-simbslico: imagens conscientes ¢ inconscientes vivenciadas 1 mpgindrle ou fruto de Fantasias 2. Estiigio do espetho A transigio do Imaginirio ao Simbélico. © dominio da linguagem © da representagio da aq subjetividade, da linguagem ¢ da consciéncia da diferencia 3.0 Simbélico CCaracteristica do Simbolico; figura repressiva, embora uma garantia 20 4-Nome do pai (nom du pire) | steniticado, 3 normalidade e & sanidade. 5. Outro (Autre) O dominio do feminino, fora do Simbslico, associado ao inconsciente. © objeto oriundo dos outros, recebido pelo sujeito: no Simbélico, 0 Scontre Gauiref relacionamento entre o sujito € 0 objeto. | Produzido por causa do hiato entre a necessidade e a incapacidade da 7. Desejo lingvagem de articular a demanda.£ sinal do fiacasso da linguagem € a perda do estado pr6-Simbleo indiferenciado, Contentamento, imbufdo de subversio, que desafia 0 Simbélico, 8. Gozo (jouissance) associado ao feminino Quadro 1. Termos bisicos em Lacan (1966). A anilise do conto de Edgar Allan Poe, intitulado The purloined letter (A carta roubada) introduz na psicandlise 0 modelo da lingtifstica estrutural. Lacan (1966) tenta elaborar uma nova teoria do inconsciente ¢ das leis que regem as relagdes intersubjetivas (MULLER; RICHARDSON, 1988). De fato, procura uma légica do inconsciente, de intersubjetividade e de relagSes com a verdade. Em 1956, ele pensa t@-lo conseguido, gracas a uma leitura do texto de Poe, narrando um inguérito policial em que a personagem do detetive Dupin se sai bem. O conto nio é relacionado com sonhos ou com associagées de pacientes ou do psicanalista que escreve, como ocorre em Freud. Lacan (1966) coloca em relacia dois tipos de textos para produzir © 210 io). Ele coteja esses dois textos para lhes resgatar a "verdade”; nos relacionando-os com o conto, tentando ilustrar “a verdade” seu ode Freud (teoria) ¢ o de Poe ou melhor, repensa os textos feud que quer mostrar. A codificagio do conto permanece ambigua, mas isso nfo tira nenhum interesse desse estudo, que nao se contenta em refazer o inquérito de Dupin para encontrar outra solugio para o enigma: esse estudo procura as leis do enigma e do inquérito, Vamos 20 conto, que se desenvolve em dois epis6dios: 1. O primeiro se passa na antecimara real: a rainha recebe uma carta; o rei entra; ela dissimula coloca a carta sobre a mesa, virada com o subscrito para baixo. O ministro vé 0 embarago da rainha, compreende © motive ¢ tira do seu bolso uma carta idéntica ¢ a troca pela primeira, A rainha vé 0 roubo, mas no pode fazer nada. © rei nfo vé nenhuma das duas cartas, A rainha sabe que o ministro tem a carta ¢ ele também sabe que ela sabe disso. 2. O segundo episédio se passa no gabinete do ministro: a policia revista a sala sem sucesso ¢ no encontra a carta ld, Dupin se faz anunciar a0 ministro e, com os olhos cobertos com éculos verdes, reconhece a carta num bilhete amassado num porta-cartas pendente sobre a lareira, Ele volta no dia seguinte e, provocando um acidente na rua, desvia a atengio do ministro ¢ troca a carta por outra, © ministro no sabe que ele no tem a carta; a rainha sabe que ele mio esté mais com ela, Dupin sabe que 0 ministro nao tem mais a carta, mas the deixa um bilhete sarcéstico € devolve a carta 3 rainha Lacan (1966) coloca de lado todo estudo psicoldgico das personagens e fiz uma leitura estrutural, Ele analisa o segundo episSdio como a repeticio do primeiro: um mesmo sistema de tres figuras ligadas pelo mesmo acontecimento (0 roubo) em volta de uma mesma carta, Com isso procura a organizacio légica: a logica das relagées com a verdade, a légica da intersubjetividade e a logica do inconsciente Lacan observa que © contetido da carta nao € revelado ¢ 0 desenvolvimento do conto nio se di nem pelos personagens nem pelo contetido da carta, mas pela posigio dela em relagio aos personagens presentes em cada episédio. Define as diferentes posigdes do sujeito diante da verdade, analisando o jogo de olhares, segundo a equivaléncia ver = saber: a) © primeiro tipo de olhar (do rei e do chefe da polcia) nfo vé nada; b) o segundo tipo de olhar (da rainha e do ministro) percebe que o primeito tipo de olhar nao vit nada e considera sua posigio segura; €) © tereeiro tipo de olhar (do ministro ¢ do detetive Dupin) percebe que os primeitos olhares deixaram a carta secreta exposta para quem quisesse se apoderar dela, A carta, desse modo, finciona como um significante, porque transforma as personagens da narrativa em sujeitos. Lacan (1966) considera que nesse conto 0 simbdlico é constitutive do sujeito porque o sujeito recebe uma orientacio decisiva a partir do lugar do significante (a carta). O conto, portanto, é uma alegoria da psicandlise e esta é um modelo da ficgio: no € o inconsciente do autor nem o inconsciente dos personagens que sio interpretados na anilise, mas sim o inconsciente do texto, Este revelard as relagdes entre linguagem, texto e leitor. Lacan (1966) nota que, de um epis6dio a outro, a rainha, © ministro ¢ Dupin se sucedem deslocando-se para os mesmos lugares. A carta, que representa o significante e a letra do alfibeto, circular, faz circular os sujeitos no interior de um pequeno mimero de lugares fixos. A carta nfo é propriedade de ninguém, € té- em mio que determina em qual lugar ficar, Isso prova a dcierminagio maior que o sujcito recebe do percurso do significante. Todo sujeito esté sujeito 2 ordem simbélica que 0 transcende e define seu lugar, nao importando quais sejam os dons inatos, a posigio social, o cardter ou 0 sexo, Se a carta representa o phallus ow um grande corpo de mulher (Filicidade ou simbolizagio do phallus ausente) fica claro que as duas cenas estruturam um hist6ria edipiana, organizada em torno do complexo de castracio. As trés posig6es: 0 pai (0 rei), a mie (a rainha) e os filhos (0 ministo, filho inficl, e Dupin, filho fiel), sendo que este segundo filho pela sua fidelidade restabelece a ordem correta inicial, através de tum coméreio com a mie, 2 rainha, S50 as duas figuras desdobradas do sujeito. au Lacan (1966) define uma lei universal da intersubjetividade em torno do phallus: 0 rei detém o poder conferido pelo phalls, com a condicio de confiar a guarda a rainha. Esta, como se sabe, iio 0 tem e s6 tem o poder de transmiti-lo. Ela deve ser fiel 8 jura feita ao rei (0 pacto do casamento). O ministro, detendo a carta, se cré todo poderaso, mas eminiza-se 20 pegi-la; Dupin nio escapa ao seu destino devolvendo-a 4 rainha. Vé-se como essa lei inscrita no inconsciente encontra-se em harmonia com as leis da sociedade patriarcal da qual cla garante a necessidade universal, Gragas 8 sua leitura do conto, Lacan transforma o Edipo para fazer dele uma ldgica geral do sujeito tomado na ordem do parentesco (BERGEZ, 1996). Para Lacan (1966), 0 inconsciente € estruturado como uma linguagem, isto é, como uma lingua, uma I6gica: esperam-se entio combinagbes infinitas de elementos Ginitos, mas plurais € ligados diferentemente entre eles, Na lingiistica, cada um & marcado pela auséncia dos outros © pela presenga do que falta nos outros. Nesse conto no ocorre isso e, sim, o fato de que o inconsciente nio é mais a ordenagio singular de significantes de desejo de afetos caracterizando um individuo. Ha uma carta, um significante, o phallus, 0 tnico representante do desejo os governa: a psicanslise repousa sobre a afirmagio da preeminéncia do pénis ou do phallus, emblema iinico e indivistvel da sexualidade, Nesse conto, o inconsciente funciona, como uma méquina, de acordo com a alternincia repetitiva da presenga ¢ da auséncia do phallus (a carta). Problemiticas sio as apropriacdes pos-estruturalistas feministas da teoria de Lacan (1966). Para cle, o phallus € 0 significante que significa o carater patriarcal, ou seja, 0 phallas & 0 simbolo do poder. O simbotico, portanto, € falocéntrico, denotando a falsa idéia de que o ser masculino é natural como fonte de autoridade e poder. O phallus, contudo, contém em si a promessa inatingivel da plenitude para ambos os sexos, Em outras palavras, os-homens e as mulheres carecem da plenitude simbolizada por ele, que, consegiientemente, permanece como fonte universal do complexo de castracio, © quadro abaixo sugere uma tentativa de critica literdria psicanalitica do personagem principe Hamlet, da peca homénima de Shakespeare, diante da imposicio do pai, rei Hamlet, de vingar assassinato dele ¢ da sua hesitagio em realizar a vinganga, Contrastam-se as interpretagoes freudiana e lacaniana. Pressupostes: (I) © principe Hamlet € um personagem e jamais deve ser tratado como pessoa; (2); em consonancia 20 enfaque dado ao texto literdtio, os sintomas dos problemas psicoldgicas de Hamlet estio em suas palavras, as quais funcionam como a chave a0 seu inconsciente. . ‘© Na fase pré-edipiana o menino esté orientado exclusivamente para a mie. Na fase posterior, o pai torna-se uum “rival” is afeiges da mnie, A ameaga de castragio obriga (© menino a abandonar © desejo incestuoso e, conseqientemente, comega a ver 0 pai como modelo ¢ nfo um rival Realizase, portanto, 2 transigio para a vidi Froud (1985; Maule ' we stalled + Em certas ocasides a fase edipiana nio se realza satisfatoriamente, A repressio do desejo inconsciente ocorre, mas permanece latente 3 espera de momentos de crise + Embora Hamlet tenha suprimido seus descjos edipianos, a crise (0 assassinato do rei Hamlet) faz emergir seus desejos ¢ impede-o a agir (a hesitagdo de vingar a morte do pai). originariamente publicado em 1905) + A “loucura”, real ow fingida, de Hamlet faz com que cle fale atavés de ambigiiidades, usando trocadilhos e jogo de palavras, Em critica psicanalitica, esse | jogo de linguagem indica uma personalidade esquiva © instivel, © revela o inconsciente de Hamlet. + 0 discurso de Hamlet é essencialmente polissémico (o texto escrivel de Barthes) ¢ Lacan (197) admite apluralidade de interpretagbes + Os wocadilhos de Hamlet se referem a sew complexo de Edipo, Constantemente mencionando o incesto de sua mie Gertrudes com Cliudio, Hamlet identifica o rei Hamlet com Cléudio. A identidade de Hamlet com um sujeito masculino depende de sua repressio satisfit6ria do desejo edipiano, Parece que essa repressio esté prestes a desaparecer, provocando resultados terrfves, 212 A) Critrca psrcawacirica © casamento incestuoso de Gertrudes faz com que Hamlet veja a sexualidade, incluindo a de Ofélia, como algo morbido € palavras imbutdas de sexualidade que Hamlet usa diante de Ofélia, Gertrudes, Rosencrantz ¢ Guildenstern (nada = earéncia do phallus; objeto = Claudio tem 0 objeto masculino que Hamlet gostaria de cortar © reduzit a nada; 0 diadema Lacan (1977) precioso = Cliudio possui a sexualidade de Gertrudes; um rei em pedagos e (cont) retalhos = a castragio) mostra esse desejo de castragio, nimalesco, No contexto, o jogo de ‘© Lacan conclu que 08 processas pré-conscientes de Hamlet esto manifestos emt ambighidades, metiforas, wrocadilhos © lapsos de lingua, © estado sobre essa itieativo para a compreensio psicanalitca da pega estratéigia de Hamlet € muito sig alisa apenas 4 textualidade ou Ea contribuigio da critica literdria psicanalitica que a © discursa que esconde os processos pré-conscientes, Quadro 2. Perfil ce unsa critica psicanalitica de Hamlet ‘Atcoria de Lacan sugere que a criatividade pertence 3 etapa pré-edipiana do inconsciente na qual s.crianga se identifica com “o corpo da mic” ¢ existe num estado de fuxo semistico, Kristeva (1974), {que vamos discutir mais adiante, mostra que a eriatividade poétiea € capaz de entrar em contato com ‘essa energia criativa nfi-reprimida, Do mestno modo subverte “a lei do pai” ¢ resiste & dominagio falocénttica pela subversio das leis da sintaxe. Nesse contexto sfo relevantes as teorias de autores, feministas, especialmente sobre o relacionamento entre a libido feminina, a escrita subversiva feminina, a criagio de uma nova linguagem, a multiplicidade diversidade dos possiveis significados de textos, sta incompletude suas contradigbes ‘A obra de Lacan tem matcaclo muito os criticos que pretendem fazer eritica psicanalitica Atualmente € um ponto de referéncia obrigat6rio, ‘Quando a obra literdria € o objeto de estudo, nfo € o texto litersrio que faz papel de mediador entre a clinica e a teoria, ¢ sim a psicanilise, que €a mediadora entre as obras ¢ 0s leitores. Por isso, 0 resultado dessa critica vai depender de como o erftico vé a psicandlise. Estigio pré-edipal: 0 imaginétio| Estigio do espetho Estigio simbélico: Nom du pare © werianga nio fala, © Confronta-se com a imagem que of Submissio a linguagem © i eax dana aceita| mundo exterior devolve para nds. | razio, impressdevfantasiaglinstintos. |» Imagem & ama distorgio gue leva # o mundo exterior é simbolizado endo tem limitagdes ou 29 “reconhecimento errado” c representado pela Jinguagem e fronteiras. © “reconhecimento errado” ¢ a} Outros sistemas que operam base de nossa identidade, ‘gual & linguagem. # nfo sabe que seu corpo ndo €a realidade exterior. Precisamos do reconhecimento dos |* Actitagio da linguagem ¢ dos toutros" edo. “Outro” para] Sistemas socials e culturais reconhecer nossa identidade, 0 phallus (nio 0 penis) € 0 Nossa “subjeividade” & construida | Sigificante do patraralme, ra interagio com os "outros", ou|* Nossa identidade ¢ relacional, Sha. individuos que.” 830] portant bascada nas diferencas emelhantes a n6s, mas que $40]. Por ser mdi, nossa ienidale diferentes nfo € fia ou estiel £ um + Tomamo-nos 1s mesmios pelos] proceso que jamais sr completo pontos de vista sobre quem somos. |» Nossa identdade € incompletae = Tormamo-tiosn6s_mesmos por] incoerente. E um construto causa do “olhae” do Outro (grand| lingtifstico. — Nés somos autie) cconstruidos na linguagem, © A perda do estado original causa o. desjo, 0 qual pode ser 213 eg T)eoRIA LiteRARza simbslicos, Repressio € o efeito da nossa insrodugio na ordem social, ‘© Inconsciente da soriedade ests repleto de tude 0 que indesejada ideolagicamente Hicologia € a dimensio consciente da sociedade. A lingnagem que a sociedade usa wai a ideologia —reprimida (desigualdade social, oportuniidades desiguais, falta de liberdade) | Quadro 3. Os estigios lacanianos. APSICOCRITICA DE CHARLES MAURON Charles Mauron foi 0 primeiro autor a sistematizar a eritica psicanalitica, Ele ctiow o termo psicocritica para sublinhar a autonomia de um método que forja sua propria instrumentaliz razio de seus objetivos, que sio as produgées estéticas (BERGEZ, 1996; TADIE, 1987). Em sua tese, Das metiforas obsessivas ao mito pessoal, Mauron explica os quatro tempos de seu método: 1, As “superposigdes" que permitem a estruturagio da obra em toro de uma rede de associagdes. Trata-se dle uma acaptacio & Jeitura literdria do principio das associagies livres e da escuta flurnante Qualquer texto pode servir de contexto associativo a um outro ¢ qualquer leitura ouve num texto © eco dos outros, Trabalha-se aqui o primeiro t6pico freudiano: inconsciente/pré-consciente/ consciente. 2. Acexposigio de figuras e de situagdes ligadas & producio fantasmitica. A rede de associagies & uma io ao tema consciente de cada um: estrutura textual, comum a virios textos ¢ auténoma com rela figura presente, mas esparsa em cada texto. ito pessoal”, sua génese © sua evolucio, que simboliza a personagem inconsciente € sua historia, Pode-se definir “o mito pessoal” como o fantasma mais freqiiente em cada escritor, ou, melhor ainda, a imagem que resiste & superposigio de suas obras. 4. Os estudos dos dados biogriticos servem de constatagio para a interpretagio, mas sé recebem importancia e sentido no confronto com a leitura das obras. Esse tipo de critica hoje faz parte de nossa paisagem cultural ¢ é confiontada com outros estudos de ciéncias humans, com novas teorias do texto e com a produgio textual Os disefpulos de Mauron, mesmo fiis a0 sew método, partiram pata novas perspectivas valorizando © que cle deixou em siléncio. Por exemplo: (1) Anne Clancier estuda a anilise da personalidade inconsciente relacionada com a simbolizacio poética, a posigio do leitar em face do texto (transfcréncia/contra-transferéncia); (2) Yves Gohin ¢ Serge Doubrovsky estudam as relagSes entrelacadas entre as estruturas conscientes ¢ inconscientes na extrema singularidade de um texto; (3) Marcelle Marini estuda o trabalho da enunciagio: a fantasmatizagio que se destaca da expressio de fantasmas fixos © a distincia ou as contradigdes que produzem a direcio ‘enunciativa; (4) Jean Bellemin-Noél cria um método que desfoca o sujeito com relagio ao texto criado por ele, Essa teoria € chamada por ele de o inconsciente do texto, que € uma forma ambigua, pois pode criar um inconsciente impessoal, ou substituir 0 sujeito-leitor pelo sujeito que escreve, ow ainda tomar s6 por interlocutor 0 sujeito teérico. No entanto, essa teoria também tor escreva para seu “ptiblico interior” eo leitor se construa num autor com a propde que o sua leitura, 21a

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