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EXMO (A). SR (A). JUIZ (A) FEDERAL 16ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS
PROCESSO nº 0031701-91.2017.4.01.3500
AUTOR: JOEL MARTINS VIEIRA (ESPOLIO)
RÉU: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
A UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), por seu Procurador que
esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oportunamente
apresentar CONTESTAÇÃO aos pedidos formulados na ação, forte nos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir aduzidos.
DA SÍNTESE DA QUESTÃO
DA PRESCRIÇÃO.
Com efeito, o referido dispositivo legal nada mais fez do que conferir
interpretação autêntica ao art. 168, I, do CTN, afastando a tese conhecida como “tese dos
cinco mais cinco”, e acolhendo a tese da “actio nata”, a qual é defendida por boa parte da
doutrina e da jurisprudência.
“a) quanto aos pagamentos realizados além dos cinco anos que
antecederam a vigência da LC nº 118/05, observa-se estritamente a
"sistemática dos cinco mais cinco";
b) no que tange aos pagamentos efetivados entre 10.06.00 e 09.06.05,
obedece-se à "sistemática dos cinco mais cinco" com certo temperamento,
restringindo-se o prazo prescricional até cinco anos, contados da entrada
em vigor das novas disposições;
c) no tocante aos recolhimentos efetuados de 10.06.05 em diante, incide a
LC nº 118/05 em seus exatos termos, ajustando-se o prazo prescricional a
cinco anos computados a partir do pagamento indevido.”
DO DESCABIMENTO DA ISENÇÃO
Além disso, dispõe o art. 97, VI, do CTN, que somente a lei pode
estabelecer as hipóteses de exclusão do crédito tributário, e entre elas se inclui a isenção.
Sobre a matéria dos autos, imposto de renda pessoa física, a Lei 7.713/1988
assim dispõe:
1
Direito Financeiro & Direito Tributário, 11ª edição, atualizada e aumentada, Rio de Janeiro,
Renovar, 1997, p. 591-2.
PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL NO ESTADO DE GOIÁS. Avenida B (Alfredo de Castro), esquina
com a Rua 05, Quadra B-O, Lote 07, nº 178, Setor Oeste Goiânia-GO- CEP: 74110-030.
E-mail: pfn.go@pgfn.gov.br Tel: (62) 3901-4240 Fax: (62) 3901-4280
O referido dispositivo, sua primeira parte, não admite, em matéria de
isenção, nem interpretação extensiva da legislação tributária, nem recurso
à analogia, em conseqüência do disposto no art. 111 do CTN, que
determina que se "interprete literalmente a legislação tributária que
disponha sobre suspensão ou exclusão do crédito tributário e outorga de
isenção.
Na realidade, o dispositivo em tela consagra em matéria de isenção a
interpretação neutra porque a isenção é uma exceção à regra de que,
ocorrendo o fato gerador, a autoridade administrativa deve promover a sua
cobrança. Assim, o processo de interpretação restritiva impõe que não se
estenda o alcance da lei a casos por ela não previstos expressamente, e,
desse modo, se uma lei concede isenção de IPTU em relação a determinado
imóvel, não se pode ampliar o alcance da lei para alcançar, por exemplo, a
taxa de incêndio incidente sobre o mesmo imóvel.
Com efeito, dúvida não pode sobejar quanto ao fato de que a norma jurídica
de isenção tributária é regra de direito excepcional, posto que subtrai bens ou pessoas ao
princípio geral da tributação. A norma que isenta, estabelecendo um regime tributário
especial para uma certa classe de casos e pessoas, constitui uma exceção à regra da
generalidade da tributação2.
Por tal fato, impõe-se a ela uma interpretação estrita ou restritiva, sendo
vedada sua extensão a casos não expressamente mencionados. Tal lição é sabiamente
ensinada por Pontes de Miranda, ao dizer que “as disposições legais que imunizam ou
isentam de impostos interpretam-se estritamente; e não cabe qualquer invocação de
equidade”3
2
José Souto Maior Borges, Isenções Tributárias, São Paulo, Soluções Literárias, 1980. p. 107.
3
Citado por José Souto Maior Borges, in ob. cit., p.111.
PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL NO ESTADO DE GOIÁS. Avenida B (Alfredo de Castro), esquina
com a Rua 05, Quadra B-O, Lote 07, nº 178, Setor Oeste Goiânia-GO- CEP: 74110-030.
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As normas concessivas de isenção são interpretadas literalmente, segundo o
art. 111, II, do CTN. 2. Apelo improvido.
(TRF da 1ª Região, AMS 01000083058/DF (Processo n°
199801000083058), 4ª Turma, Rel. Juiz Hilton Queiroz, DJ 17.3.2000).
Face ao exposto, é forçoso concluir que a isenção prevista no art. 6°, XIV e
XXI, da Lei 7.713/1988 não ampara a parte autora.
Dessa forma, não há como a autora, herdeira, que não é portadora de doença
grave, aproveitar o direito ao benefício isentivo postulando a isenção sobre os
proventos/pensão recebidos após a morte do titular tampouco postular a restituição a que
eventualmente fazia jus o falecido.