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Herminio C.

Miranda 1
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© 2000 Herminio C. Miranda

A reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer


meio, somente será permitida com a autorização por
escrito da editora. (Lei nº 9.610 de 19.02.1998)

1ª edição – Dezembro de 2015


ISBN 978-85-98563-88-6
Sumário

Viagem de volta....................................................... 6
Os espíritos escrevem um livro.............................16
Mediunidade, território não mapeado.................. 19
Evangelho – o ‘código divino’................................23
O céu e o inferno.................................................. 26
A gênese – incursões pela ciência da época........28
A permanência e a transitoriedade...................... 29
Para concluir........................................................... 33
O autor....................................................................45

Herminio C. Miranda 5
VIAGEM DE VOLTA

O lançamento de uma nova tradução dos livros


da codificação enseja releituras não apenas nos
textos, mas em nossas próprias ideias, mesmo
porque as obras relançadas costumam trazer
prefácios ou apresentações e enriquecedoras notas
de rodapé. Mais importante que isso, no entanto,
é a oportunidade para um respeitoso reexame na
metodologia, na seriedade e na competência que
Allan Kardec imprimiu ao seu trabalho.
Convidado para escrever esta reapresentação,1
empreendi uma viagem de volta a antigas
reflexões que me levaram a retraçar os passos do

1 Texto escrito originalmente para prefaciar tradução de O livro dos


espíritos feita por Sandra Regina Keppler e publicada pela editora
Mundo Maior.

O que desejamos fazer do espiritismo? 6


codificador na elaboração da doutrina e como ele
próprio situou-se diante dela.
Foi, aliás, com esse objetivo que escrevi em 1972
o artigo intitulado “A obra de Kardec e Kardec
diante da obra”, publicado em Reformador de
março daquele ano e posteriormente incluído no
livro Nas fronteiras do além (editora FEB). Entendia
eu, e ainda assim penso, que não apenas a obra
do codificador é importante, mas também as
posturas que ele assumiu diante dela.
Ao primeiro volume deu o título singelo e
significativo de O livro dos espíritos, colocando-se
na modesta posição de discreto organizador.
Mas não era só isso que me interessava. Eu
desejava saber como ele resolvera a delicada
questão de formatar uma doutrina essencialmente
evolutiva; atenta às imposições do processo de
expansão do conhecimento, e, ao mesmo tempo,
estabilizada em bases sólidas insuscetíveis de
desgaste e obsolescência. Em outras palavras:

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o que fez ele para identificar e separar com nitidez
o que teria de ser permanente, nuclear, inegociável,
em contraste com a transitoriedade característica e
necessária à dinâmica da evolução. Sem o que não
teria reservado espaço suficiente para acomodação
das imprevisíveis e imponderáveis surpresas do
futuro. No seu modo de ver, a doutrina teria de
estar preparada até mesmo para modificar-se
naquilo em que, porventura, viesse a chocar-se
com descobertas científicas e com novos aspectos
da verdade.
Essa corajosa atitude me impressionou fortemente
quando de minhas primeiras explorações em
O livro dos espíritos. O que, exatamente, significava
isso? – me perguntava. Entendia-se minha
perplexidade porque, na visão ignara do neófito,
a afirmativa me parecia algo temerária. Seria o
espiritismo um corpo amorfo e invertebrado de
ideias, pronto para modificar-se ao sabor dos
ventos e dos eventos?
Logo, porém, me rendi ao óbvio. Com aquela

O que desejamos fazer do espiritismo? 8


postura, Kardec evidenciava, ao mesmo tempo,
seu respeito à ciência e à verdade, tanto quanto
sua convicção de que permaneciam nas estruturas
doutrinárias o que poderíamos chamar de
conceitos pétreos, entre os quais, preexistência
e sobrevivência do ser à morte corporal,
imortalidade, responsabilidade de cada um por
seus atos, palavras e intenções.
Caracteristicamente, contudo, recorre ao termo
‘dogma’ para formular a pergunta que levou o
número 171 e que assim está redigida: “Em que
se fundamenta o dogma da reencarnação?”
(Destaque meu.)
Escreve, a seguir,2 longa dissertação assinalada
com o número 222 assim iniciada: “Não é novo,
dizem alguns, o dogma da reencarnação...” E
acrescenta: “Nunca dissemos ser de invenção
moderna a doutrina espírita. Constituindo uma lei
da Natureza, o espiritismo há de ter existido desde

2 Parte segunda, capítulo V, “Considerações sobre a pluralidade das


existências”.

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a origem dos tempos...” (Itálicos meus.)
Estamos lidando, portanto, com leis naturais, que
não exigem adesão em termos de fé ou crença;
tanto faz você crer como não, é desse modo que
elas operam. Ninguém se reencarna porque crê ou
morre porque não crê.
Não há, portanto, o que temer quanto à pureza e à
estabilidade das leis, elas são puras e estáveis.
Por outro lado, ao caracterizar a reencarnação
como dogma, Kardec a situa no centro mesmo
da realidade espiritual, componente aglutinador e
ordenador do sistema de ideias elaborado a partir
dos ensinamentos dos Espíritos. Se reencarnamos,
somos seres preexistentes e sobreviventes,
ficando sem espaço ideológico fantasias
como céu, inferno, purgatório, exclusividade
salvacionista, unicidade da vida e ressurreição
da carne. Além disso, destaca-se a inutilidade de
ritos, sacramentos, celebrações e intermediação
sacerdotal entre o ser humano e Deus. Em outras

O que desejamos fazer do espiritismo? 10


palavras: a chamada ‘salvação’ – o Cristo preferiu
falar de libertação – tem de resultar de um bem
sucedido e responsável projeto pessoal de cada
um de nós, independente de filiação a esta ou
àquela instituição religiosa.
É necessário atentar para o fato de que o termo
dogma não está sendo empregado nesse contexto
no sentido teológico católico. Lê-se em Aurélio que
dogma constitui “ponto fundamental e indiscutível
duma doutrina religiosa e, por exemplo, de
qualquer doutrina ou sistema”. (Itálicos meus.)
Como, no entanto, preservar, sem desvirtuá-los,
os postulados doutrinários básicos e ao mesmo
tempo permitir e até estimular a expansão do
conhecimento potencial neles contidos?
Tínhamos já diante dos olhos a melancólica
experiência cristã. Os ensinamentos do Cristo
nunca estiveram em questão e sim o que se
fez deles. Já se detectavam desvios graves,
quando, entre o segundo e o terceiro séculos, o

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movimento gnóstico surgiu para tentar repor as
coisas nos seus devidos lugares. Fracassou, como
fracassariam outros impulsos restauradores: o
dos cátaros no Languedoc, entre os séculos 12 e
14, o idealismo de Francisco de Assis, também no
século 13, e a Reforma Protestante, no século 16,
para citar apenas os mais importantes.
O espiritismo retomou a tarefa no século 19 e seu
êxito ou malogro dependem, como sempre, de
nós. Léon Denis alerta em seu livro No invisível,
que “o espiritismo será o que o fizerem os
homens”. Atenção para a sutileza da advertência –
o ilustrado continuador de Kardec distingue, neste
ponto, doutrina espírita de espiritismo. Ele não diz
que a doutrina será o que dela fizermos, mas que
o espiritismo, sim, estaria exposto a deturpações
promovidas por nossa incúria e deformações
culturais e de caráter.
Temos sobre isso o fato de que, a despeito de
tudo, preservou-se a doutrina de comportamento
pregada e exemplificada pelo Cristo, ao passo que

O que desejamos fazer do espiritismo? 12


as estruturas teológicas adotadas pelo cristianismo
seguiram na contramão do processo evolutivo
da humanidade em grande parte porque o novo
modelo tentou isolar-se de tal modo que acabou
ele próprio engessado.
A decisão foi de uma infelicidade total,
porque autodestrutiva.
Quando a ciência começou a revelar novos
aspectos da verdade foi um desastre. O primeiro
impacto de porte foi causado pelo anúncio de que
o Sol é o núcleo de nosso sistema planetário e não
a Terra. As implicações dessa descoberta científica
foram devastadoras. Pela primeira vez via-se
dramaticamente exposta a insensatez de ignorar
o processo vivo e contínuo por meio do qual o ser
humano se empenha na decifração progressiva
dos enigmas do universo. Qualquer corpo de
ideias que a isto se oponha ou o ignore, estará
condenado ao malogro.
A doutrina espírita não corre esse risco, pois

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nasceu aberta para o futuro, mas é necessário
que o espiritismo se mantenha ligado ao que
ocorre à nossa volta, atento à sábia advertência de
Léon Denis.
Muito tenho meditado sobre tais aspectos e sobre
alguns deles alinhei umas tantas reflexões.
Por exemplo:
• Qual a leitura espiritual a ser feita do
autismo? Existe espaço na doutrina dos
espíritos para conceitos contemporâneos
como o do inconsciente?
• Que diferença – se é que há – pode ser
detectada entre alma e espírito?
• Que entendimento devemos ter do
fenômeno da personalidade múltipla?
• O que temos a dizer sobre as experiências de
quase morte?
• Que contribuições pode (e deve) a doutrina
das vidas sucessivas oferecer à psicologia?

O que desejamos fazer do espiritismo? 14


• Em que pode a realidade do perispírito
influenciar a biologia, a genética, a medicina?
• Que sugestões tem a doutrina dos espíritos
a oferecer à sociologia, ao ensino, à política,
ao direito ou à economia?
Com essas e outras perguntas em mente, creio
que sempre haverá algo significativo a aprender-se
com uma análise mais atenta do roteiro percorrido
pelo professor Rivail na elaboração de seus livros.

Herminio C. Miranda 15
OS ESPÍRITOS
ESCREVEM UM LIVRO

Tudo começa, como sabemos, com O livro dos


espíritos, por ele reservado para os postulados
básicos da doutrina, com um mínimo possível de
interferência pessoal, deixando a palavra com os
instrutores desencarnados.
O dr. Canuto Abreu3 chama a atenção para o fato
de que Kardec entendeu que a segunda edição da
obra deveria “... ser considerada como trabalho
novo”. Canuto concorda com a observação e a
reforça, declarando que assim ‘deve’ ser.
Para o dr. Canuto, a Terceira Revelação encerrou-
se “...com o último segundo do dia 18 de abril

3 O primeiro livro dos espíritos, “Notas do tradutor”.

O que desejamos fazer do espiritismo? 16


de 1857...”. “(...) Tudo quanto Allan Kardec,
investido de sua nobre missão e inspirado do
alto pelo Espírito Verdade, escreveu a partir desse
derradeiro segundo, sem exceção – acrescenta
–, foi feito segundo os fundamentos lançados
por ordem e sob o ditado do primeiro O livro dos
espíritos, mas de conformidade com o critérium
humano do missionário.”
Vejamos, em suas própria palavras, a avaliação
conclusiva do dr. Canuto.
Portanto – diz ele –, na primeira edição, está a
doutrina espírita segundo espíritos superiores
liderados pelo Espírito Verdade, dada através
de três médiuns ingênuos que dirigiam
inconscientemente um aparelho mecânico
primitivo sob as vistas do autor.
Na reimpressão de 1860, acha-se a filosofia
espírita segundo Allan Kardec, baseada em parte
na doutrina espírita da primeira edição e em parte
no ensinamento de outros espíritos, através de
vários médiuns.

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Na edição primitiva, temos o ensinamento espírita
direto, imediato, genuíno, espontâneo, puro de
origem e vivo como água de rocha, inteiramente
novo ou renovado para a época, dado por Espíritos
Prepostos através de médiuns inconscientes.
Este ensinamento era providencial e visava a “...
estabelecer os fundamentos da verdadeira doutrina
espírita, imune de erros e prejuízos.” (Destaque meu.)
Isso não quer dizer, obviamente, que os instrutores
espirituais tenham abandonado a tarefa logo
após concluído o texto inicial no qual ficaram
registrados os princípios fundamentais da doutrina
espírita. O codificador ficou com liberdade
suficiente para dar prosseguimento à parte que
lhe competia, mas, ainda e até o fim, assistido de
perto pelos seus amigos invisíveis.
A etapa seguinte começa, portanto, com a
elaboração da segunda edição de O livro dos
espíritos. E o codificador explica que razões o
levaram a essa decisão e que critérios adotou no
desenvolvimento de seu trabalho.

O que desejamos fazer do espiritismo? 18


MEDIUNIDADE,
TERRITÓRIO NÃO
MAPEADO

Concluída a elaboração da doutrina espírita e a


reordenação e ampliação que lhe deu na segunda
edição, Kardec dedicou-se à temática de O livro
dos médiuns.
A mediunidade era e continuaria sendo de
fundamental importância para o intercâmbio entre
as duas dimensões da vida; situava-se, portanto,
em nível de elevada prioridade um estudo sobre
suas complexidades e enigmas.
Como de hábito, o livro contou com destacada
participação das entidades num momento em
que Kardec passava a explorar território ainda
não mapeado.

Herminio C. Miranda 19
Em mais de uma ocasião, ele expõe sua
opinião, oferece sugestões, mas adverte para a
possibilidade de opções e alternativas que só o
tempo seria capaz de definir com maior precisão.
Uma vez mais, é necessário lembrar:
ele não dogmatiza.
A mediunidade é um dos componentes do
bloco central da doutrina, mas ainda não se
sabe tudo sobre seus mecanismos operacionais.
A qualquer momento – até hoje é assim – ela
pode surpreender com aspectos inusitados de
difícil enquadramento num rígido esquema de
categorias preestabelecidas, que necessitam ser
mais trabalhadas pela observação atenta e pela
experiência. Isto é particularmente válido para a
interação mediunidade/animismo, por exemplo.
Demonstração explícita dessa postura,
encontramos, entre outras passagens, no Capítulo
VI, “Das manifestações visuais”, de O livro
dos médiuns.

O que desejamos fazer do espiritismo? 20


No “Ensaio teórico sobre as aparições”, números
101 a 110, expõe o codificador suas reflexões e
encerra o módulo com o que caracterizei em
Diversidade dos carismas como “... declaração de
humildade digna de seu porte moral e intelectual”,
ao escrever:
“Longe estamos de considerar como absoluta
e como sendo a última palavra a teoria que
apresentamos. Novos estudos sem dúvida a
completarão, ou retificarão mais tarde; entretanto,
por mais incompleta que ainda seja hoje,
sempre pode auxiliar o estudioso a reconhecer a
possibilidade dos fatos, por efeito das causas que
nada têm de sobrenaturais.”
Minha análise desse testemunho é a seguinte:
“É digno do maior respeito alguém como Kardec
que, empenhado a fundo na elucidação de
questões vitais ao entendimento dos mecanismos
da vida e contando com o apoio de eminentes
espíritos, recusa-se a assumir postura de ‘dono

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da verdade’; mas não apenas isso, deixa aberta a
questão a futuros estudos, contentando-se com
a satisfação de ter dado a sua contribuição, ainda
que incompleta, ao seu esclarecimento.”4
O livro dos médiuns saiu em 1861.

4 Diversidade dos carismas, editora Lachâtre.

O que desejamos fazer do espiritismo? 22


EVANGELHO –
O ‘CÓDIGO DIVINO’

Entre 1861 e 1864, ele preparou O evangelho


segundo o espiritismo, originariamente sob o título
de l’Imitation de l’évangile selon le spitisme.5
Nessa obra, Kardec expunha sua opção pela
moral cristã, não a do cristianismo vigente, mas
a original, a do Cristo. É relevante nela a presença
dos Instrutores Espirituais, mas o desenvolvimento
do trabalho é seu, pessoal. Kardec estava entrando
em território minado, ao defrontar-se com um
bloco inteiriço de ideias tidas por insuscetíveis de

5 Tive oportunidade, a pedido da FEB, de comparar palavra por


palavra a primeira edição francesa com a tradução brasileira do
texto definitivo e escrever para a edição comemorativa o comentário
“Anotações à edição brasileira”.

Herminio C. Miranda 23
qualquer espécie de discussão, muito menos de
contestação e, menos ainda, de reformulação.
Não se tratava mais do Deus bíblico,
antropomórfico, interferindo pessoalmente nos
menores detalhes da vida de cada um de nós, para
punir ou premiar. Em vez de tentar o incongruente
– uma ‘definição’ para a Divindade – a doutrina
dos espíritos, em suas palavras de abertura,
situava Deus como “... inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas”. Significativamente,
Kardec não pergunta QUEM é Deus, mas QUE
é Deus.
É nesse momento que Kardec tem significativas
escolhas a fazer. Deixa de lado o que hoje
chamaríamos de biografia de Jesus – seus atos e
os milagres –, bem como o conteúdo profético
de algumas passagens evangélicas e os aspectos
que a Igreja tomou para montar suas estruturas
dogmáticas, para se fixar no ‘ensino moral’, que ele
caracteriza como um ‘código divino’, ponto pacífico
em torno do qual poderiam, eventualmente, reunir-

O que desejamos fazer do espiritismo? 24


se ‘todos os cultos’. Isto continua verdadeiro no
sentido de que qualquer corpo filosófico, científico
e religioso de ideias há que levar em conta não
apenas um código ético, mas a realidade espiritual
como um todo.
A Igreja, porém, chegara primeiro, ocupara o
território e não estava disposta a ceder o mínimo
espaço a novidades que expunham cruamente
suas fragilidades ideológicas e suas práticas. Pelo
teor eminentemente subversivo, a doutrina das
vidas sucessivas, sozinha e por si mesma, era
suficiente para desestabilizar o sistema concebido
como verdade absoluta e eterna.
Todo o esforço voluntário do cristão ou a ele
imposto concentrava-se na tarefa de conseguir a
‘salvação’ de sua alma, ou seja, a conquista de um
céu de felicidade eterna junto de Deus, evitando a
condenação irrecorrível a um inferno, igualmente
eterno, de tormentos inconcebíveis.

Herminio C. Miranda 25
O CÉU E O INFERNO

Tornara-se imprescindível e urgente explicitar


que tipo de releitura tinha a doutrina dos espíritos
a oferecer sobre os dogmas vigentes e por quê. E
mais: o que era realmente a morte, que história era
essa de anjos e demônios, em que consistia, afinal,
o intercâmbio entre ‘vivos’ e ‘mortos’, que a Igreja
condenava de modo tão veemente e severo.
Essa foi a tarefa deste livro: O céu e o inferno.
Mais uma vez cabe a Kardec dar ao livro o rumo
e o formato que desejasse, mas os Instrutores
acompanham o trabalho, enquanto numerosas
entidades trazem-lhe mediunicamente o
depoimento de suas surpresas, decepções e
revoltas na dimensão póstuma. Há entre elas
espíritos infelizes e sofredores em variada

O que desejamos fazer do espiritismo? 26


gradação. Há suicidas, criminosos arrependidos,
rebeldes inconformados e os que relatam
dolorosas experiências suscitadas pelo mecanismo
de correção de rumos que a lei divina se vê
obrigada a impor em nosso próprio interesse
evolutivo e, em última palavra, visando à
estabilidade da ordem cósmica. Mas há, também,
testemunhos convincentes de entidades felizes
e pacificadas.
Não tinha sentido, portanto, acenar com o
prêmio de um paraíso idílico para aqueles que
se mantivessem fiéis aos preceitos dogmáticos
e às práticas eclesiásticas. Estávamos de volta à
doutrina de comportamento pregada e praticada
pelo Cristo, segundo a qual cada um de nós é
responsável pela construção do reino de Deus em
si mesmo.

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A GÊNESE –
INCURSÕES PELA
CIÊNCIA DA ÉPOCA

O livro seguinte seria A gênese, no qual Kardec


recapitula pontos fundamentais da doutrina, como
o da existência de Deus, o problema do mal e
o papel da ciência; oferece suas reflexões sobre
astronomia, espaço e matéria, bem como sobre
as origens da vida. Estuda, ainda, os milagres e as
predições ou profecias, aspectos que havia deixado
temporariamente à margem ao elaborar
O evangelho segundo o espiritismo.

O que desejamos fazer do espiritismo? 28


A PERMANÊNCIA E A
TRANSITORIEDADE

Vejo na sequência dos livros um deliberado


propósito de deixar perfeitamente caracterizados
o essencial e o acessório, a permanência, de um
lado e o transitório do outro, a fim de garantir às
ideias nucleares da doutrina dos espíritos espaço
próprio no qual pudessem ser preservadas na sua
integridade originária, mas não imobilizadas, a
ponto de inibir a acomodação das verdades novas
a que Kardec aludira.
Temos na doutrina os nossos óculos, a lente, o
microscópio e o telescópio, nosso instrumento de
busca, aprendizado e alargamento de fronteiras.
O livro dos espíritos ocupa-se do permanente,
mas sem caracterizá-lo como dogma em sua
conotação católica. E nem precisaria fazê-lo, pois

Herminio C. Miranda 29
as leis naturais não são dogmáticas, são o que
são; existem.
A partir de O livro dos médiuns, Kardec passa a
explorar áreas de conhecimento que, a seu ver,
precisavam de uma leitura espírita, a fim de ampliar
as fronteiras da doutrina dos espíritos. Isto se
evidencia com clareza em títulos explícitos, como em
O evangelho segundo o espiritismo e em A gênese,
os milagres e as predições segundo o espiritismo.
Implicitamente, porém, está nessa mesma
categoria o próprio O livro dos médiuns, que trata
da mediunidade segundo o espiritismo, e o céu e o
inferno como visão espírita da realidade póstuma.
Atitude semelhante adotaram seus continuadores
imediatos – Gabriel Delanne, Léon Denis,
Alexandre Aksakof, Ernesto Bozzano, Paul Gibier,
Camille Flammarion e outros.
A tarefa continuaria, já em nosso tempo, com a
série André Luiz, que demonstrou mais uma vez
que se pode (e se deve) empreender esse tipo de

O que desejamos fazer do espiritismo? 30


exploração atualizadora e renovadora sem prejuízo
para a essência da doutrina dos espíritos; pelo
contrário, mantendo-a intacta, confirmando-a e
enriquecendo-a sobremaneira.
Isso não quer dizer que devamos abandonar nas
prateleiras do esquecimento obras como O céu
e o inferno e A gênese. Elas foram de indiscutível
utilidade à época em que foram lançadas, serviram
durante mais de um século e continuam sendo
necessárias ao entendimento das implicações
da doutrina dos espíritos, na sua interação com
filosofias, religiões e as ciências então dominantes,
tanto quanto em face das que hoje prevalecem.
É de se anotar que os conhecimentos científicos
e a tecnologia gerada no bojo deles evoluíram
consideravelmente no decorrer do século e meio
que nos separam do lançamento do livro básico
da codificação, mas a abordagem materialista
prevalece, talvez até agravada, ainda que numerosos
e destacados cientistas venham progressivamente
assumindo posturas mais abertas para a realidade

Herminio C. Miranda 31
espiritual, ou, no mínimo, menos reservadas.
É bom que se navegue pelos textos nos quais
Kardec enfrentou esse problema a seu tempo. Os
argumentos com os quais analisa as estruturas
teológicas e as práticas religiosas, as posições
materialistas continuam válidos e dignos de
atenção, pela simples razão de que, século e meio
depois, temos gente ainda falando em céu, inferno,
salvação, ressurreição, unicidade da vida e dogmas,
como se fossem intocáveis verdades eternas.
Gente que ainda não tomou conhecimento, não
se convenceu ou rejeita e até combate a realidade
espiritual na qual estamos todos inseridos.
Portanto, nada envelheceu nem se tornou
obsoleto na doutrina dos espíritos. Reiteramos:
ela não se fundamenta em especulações teóricas
e sim em leis naturais. Se alguma correção
ou modificação tiver de ser feita em aspectos
subsidiários e complementares, que se faça, sem
temores quanto à sua integridade. Kardec deixou-a
preparada para tal eventualidade.

O que desejamos fazer do espiritismo? 32


PARA CONCLUIR

Você que me leu até aqui tem todo o direito de


perguntar: “Mas, afinal, o que você quer dizer com
as coisas que está dizendo?”
A revisitação aos textos básicos colhidos e
elaborados por Allan Kardec e ao roteiro que ele
seguiu para ordenar os ensinamentos de seus
amigos espirituais nos oferece oportunidade
para alinhar alguns tópicos merecedores de mais
amplas meditações.
Vamos colocá-los em ordem:
Primeiro: A doutrina que se depreende daqueles
ensinamentos é lúcida, competente e de uma
paradoxal simplicidade, a despeito de suas amplas
e profundas implicações.

Herminio C. Miranda 33
As ideias nucleares nela contidas não resultam
de especulações teóricas meramente intelectuais
mais ou menos ociosas; são expressão textual de
leis naturais, não impostas e nem colocadas como
objeto de fé ou crença – são pura e simplesmente
realidades cósmicas. É bom lembrar a esta altura,
que Paulo entendia a fé como antecipação do
conhecimento.6 Também recomendou que nos
ocupássemos das coisas invisíveis, que são eternas
e não das passageiras coisas visíveis.7 Estava certo
o grande pensador cristão do primeiro século.
Há, na verdade, a fé que crê e a que sabe. Como
lembrou Kardec, a fé tem que passar pelo teste da
racionalidade, diante da qual nada tem a perder;
ao contrário, tem tudo a ganhar em confiabilidade
e convicção.

6 Epístola aos Hebreus, 11:1.


7 2 Coríntios, 4:18.

O que desejamos fazer do espiritismo? 34


Segundo: “... a doutrina – escreveu Kardec, em
A gênese, cap. 1, número 13 – não foi ditada
completa, nem imposta à crença cega...”8 (Itálicos
no original.)
Se assim fosse, estaria em contradição consigo
mesma, de vez que a evolução é de sua própria
essência. Sempre haverá, portanto, em torno dela,
regiões pouco exploradas e até ignoradas à espera
de estudo. É necessário, sim, preservar a pureza
doutrinária, mas não sufocá-la numa redoma
que lhe retire o oxigênio do qual necessita para
interagir com o que se passa à sua volta. Ela é o
nosso instrumento de trabalho, de aferição e de
busca. É até possível que o Cristo estaria falando
disso quando ensinou que era caminho, verdade e
vida. De fato, o estudo das leis divinas é caminho e
roteiro para se chegar à verdade e é com a verdade
que chegaremos ao melhor entendimento da vida.

8 Allan Kardec, A gênese - os milagres e as predições segundo o


espiritismo, tradução de Albertina Escudeiro Seco da 4ª edição
(1868), edições CELD.

Herminio C. Miranda 35
“Conhecereis a verdade – disse ele – e a verdade
vos libertará.”
A dicotomia permanência e transitoriedade impõe
um desafio que necessita ser definido com clareza,
a fim de ficar bem resolvida em nós a posição a
ser assumida. As leis são definitivas, acabadas,
irretocáveis, insuscetíveis de modificação ou
aperfeiçoamento; o conhecimento, não – ele
é móvel, progressivo, crescente e sujeito à
obsolescência em alguns de seus aspectos, a
fim de que se possa renovar e expandir-se. Tais
diretrizes foram claramente explicitadas pelas
entidades instrutoras quando anunciaram a Kardec
que ele teria de voltar em nova existência para dar
continuidade ao seu trabalho.
Voltar para quê, se viesse apenas para repetir o
que já dissera?
Não há o que temer, portanto, pela doutrina
espírita em si mesma e nos seus fundamentos
– eles são puros e estáveis. Deve-se temer, sim,

O que desejamos fazer do espiritismo? 36


pelo que se fizer de equivocado a partir de tais
conhecimentos. Os conteúdos doutrinários
encontram-se preservados no texto de O livro dos
espíritos, que, ao contrário dos escritos evangélicos
primitivos, espalharam-se em milhões de
exemplares em numerosas línguas vivas.
Terceiro: Falávamos há pouco de áreas ainda não
suficientemente exploradas ou até desconhecidas.
Uma delas está na interação espiritismo e ciência.
A doutrina tende a uma aceitação cada vez mais
ampla por parte daqueles que costumam considerar
seus postulados como simples objeto de fé, crença,
descrença, dúvida ou rejeição. Matem-se estes na
expectativa de pronunciamentos decisivos que a
ciência como um todo ainda não está resolvida
a proclamar, ainda que crescente número de
cientistas e pesquisadores já se tenham declarado
convencidos da realidade espiritual subjacente. A
doutrina, por sua vez, tem relevantes contribuições
a oferecer à ciência, sempre interessada em abrir
novos caminhos.

Herminio C. Miranda 37
Podemos alinhar alguns deles:
As ciências de radical psi, por exemplo –
psicologia, psiquiatria, psicanálise –, necessitam
de criativos e fecundos inputs já instalados
na doutrina, como existência, preexistência e
sobrevivência do ser à morte corporal e, por
conseguinte, reencarnação.
Em idênticas condições de expectativa estão os
ramos do conhecimento que trabalham com o ser
biológico/como a genética, em busca de melhor
entendimento de funções e disfunções orgânicas
e mentais. É inegável a falta que faz neste vetor
científico o conceito de perispírito na sua função
de organizador e administrador do corpo físico
no processo da interação espírito e matéria, bem
como na continuidade da vida após a morte.
Ao escrever isto, testemunhamos o grande debate
em torno do projeto genoma que conseguiu,
afinal, mapear o sistema genético. Persiste, no
entanto, a grande questão: o que fazer desse novo

O que desejamos fazer do espiritismo? 38


conhecimento? Será o gene apenas uma espécie
de software bioquímico regido por combinações
aleatórias? Não teria, porventura, um componente
psíquico, ou melhor, espiritual? Como vão parar
na programação genética comandos cármicos
que suscitam, por exemplo, marcas de nascença
que se reportam a vidas anteriores? Como se
combinam ou descombinam em uns tantos de
nós para, eventualmente, disparar um processo
canceroso, uma deficiência cardiovascular, uma
alergia ou coisas ainda mais complexas como
o autismo, a síndrome de Down, a genialidade
ou a idiotia? Que impulsos determinam que
o material nutritivo recebido da mãe produz a
partir de um ovo fecundado/um corpo físico com
cada célula em seu lugar, com suas estruturas e
funções específicas e ordenadas numa afinada (ou
desafinada) orquestração? Será apenas um jogo
bioquímico de acasos?
Como é que o corpo ‘sabe’ que com aquela
matéria-prima tem de construir células nervosas,

Herminio C. Miranda 39
sanguíneas, ósseas ou musculares? E depois do
pronto o corpo, como ele se desenvolve, mantém-
se e se renova num contínuo processo de troca
com o ambiente em que vive?
E mais: demonstrada como está a sobrevivência
do ser à morte corporal – por mais que ainda se
relute em aceitá-la – como explicar a continuidade
do pensamento e da vida se o cérebro físico
se desintegra?
Preservar a doutrina dos espíritos é,
decididamente, nosso compromisso. O
espiritismo está apoiado nela e seus postulados
fundamentais estão documentados em O livro dos
espíritos. Temos nela um instrumento de busca,
aprendizado e alargamento de fronteiras, não uma
finalidade em si mesma.
O que desejamos ou pretendemos, afinal, fazer
do espiritismo?
Essa é uma das perguntas que a nós mesmos
podemos e devemos formular, num momento

O que desejamos fazer do espiritismo? 40


como este, em que somos solicitados a uma
releitura de Kardec.
Afinal de contas, se ele tivesse preferido limitar-
se ao lançamento da doutrina dos espíritos e
permanecer dentro dela sem dar mais um único
passo, só teríamos hoje a primeira edição de
O livro dos espíritos para que fizéssemos dele o
que entendêssemos e desentendêssemos.
A física não se deteve nas formulações de
Aristóteles ou Demócrito, nem a astronomia
parou em Kepler, Copérnico ou Galileu, por mais
inovadoras e até revolucionárias que fossem para
a época em que foram concebidas. E não terá
chegado ao fim de seu caminho evolutivo com
Einstein e a física quântica.
Mesmo depois de ultrapassados esses limites, em
futuro que ainda não somos capazes de imaginar,
continuarão válidos os fundamentos da realidade
espiritual compactados em O livro dos espíritos.
Kardec estava certo em caracterizá-los como

Herminio C. Miranda 41
expressões das leis naturais e teve o bom senso de
deixar bem claro que nada de novo estava sendo
inventado para compor o corpo doutrinário que
lhe foi confiado. As leis naturais contidas na física
ou na astronomia foram confirmadas; o que nelas
não se enquadrava eram suposições e hipóteses e
foi superado.
A essência do conhecimento sobre a realidade
espiritual está à nossa disposição nas estruturas
doutrinárias, mas temos de entender que a busca
em torno desses preceitos nucleares não termina
com aquela etapa de trabalho; ao contrário,
começa ali.
Foi o que ele, Kardec, fez do espiritismo, como
também o fizeram seus continuadores imediatos
– Denis, Delanne, Aksakof, Bozzano, Geley – e
outros tantos que a estes sucederam ao longo de
quase século e meio.
E nós, o que estamos fazendo? E o que farão os
que vierem depois de nós? E o que faremos nós

O que desejamos fazer do espiritismo? 42


próprios, quando para aqui retornarmos em novas
existências? Será que não aprendemos com o
lastimável episódio histórico que fez da doutrina
de Jesus o cristianismo institucionalizado que
hoje conhecemos?
Jesus já nos falara das leis naturais a que se refere
Kardec: “Vim para confirmar a lei; não para revogá-
la” – disse.
Nem por isso deixou de dar novo sentido e
alargar a visão que tínhamos delas. Preveniu-nos,
ademais, que tinha mais coisas a dizer e ensinar, o
que ficaria para um tempo em que estivéssemos
preparados para dar mais um passo à frente.
Mesmo sujeitos aos temporais das paixões
humanas, preservou-se nos escritos evangélicos
sua doutrina, porque eram transparentes os
ensinamentos contidos no Sermão do Monte,
nas parábolas, nas metáforas colhidas nos fatos
simples da vida: a sementeira, a qualidade do solo,
a colheita, os frutos, as flores, as pragas, a chuva,

Herminio C. Miranda 43
o sol, a pesca, as estações do ano.
Há que entender-se, portanto, que preservar a
doutrina dos espíritos é uma coisa – imobilizá-la
é outra. Ela precisa exercer sua função de irrigar
áreas cada vez mais amplas do conhecimento,
a fim de nos proporcionar uma leitura da
vida em toda a sua plenitude, segundo seus
postulados básicos.

O que desejamos fazer do espiritismo? 44


O autor

Herminio C. Miranda nasceu em 5 de janeiro de


1920, em Volta Redonda, RJ. Em 1937, concluiu o
curso ginasial em Barra Mansa, RJ. Em 1939, para
cursar o colegial, ingressou no Colégio Franciscano
Santo Inácio, em Baependi, MG, município
vizinho a Caxambu. Começava ali seu carinho pela
estância mineira.
Em 1947 formou-se contador pela Escola Técnica de
Volta Redonda, onde passou a lecionar contabilidade
bancária e comercial. Ingressou na Companhia
Siderúrgica Nacional, CSN, em 1942, onde se
aposentou no primeiro escalão, tendo servido no
escritório de Nova Iorque, EUA, de 1950 a 1954.
Casou-se com Inez Chiarelli de Miranda, com
quem teve três filhos: Ana-Maria, Marta e Gilberto.
Publicou contos, crônicas e artigos de teor literário,

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filosófico e técnico. Escreveu um romance inédito,
a despeito da opinião elogiosa de Érico Veríssimo, e
publicou outro chamado Resposta a Josué, em 1946.
Posteriormente, escreveu sua primeira obra
espírita, Os procuradores de Deus, um estudo
de natureza filosófica acerca do problema da
vida e da morte, lançado em março de 1967 pela
Edição Calvário.
Autor de mais de 40 livros, dentre eles diversos
clássicos obrigatórios da literatura espírita, como
Diálogo com as sombras, Diversidade dos carismas
e Nossos filhos são espíritos.
Dialogando por décadas com espíritos, suas obras
relatam vivências, fatos e casos reais, a exemplo
da singular coleção “Histórias que os espíritos
contaram”.
Originário de família católica, aproximou-se do
espiritismo por curiosidade, mas sobretudo pela
insatisfação com a falta de respostas das religiões.
Tendo por guias a razão e a paixão pela pesquisa

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profunda e incessante, e auxiliado por uma sólida
cultura humanista, tornou-se experimentado
magnetizador e uma das maiores autoridades no
campo da paranormalidade e da regressão
de memória.
Nesse leque de habilidades, Herminio acrescenta
a de tradutor, de autores como Charles Dickens,
J. W. Rochester e Luís J. Rodriguez. Todavia, a rica
construção literária de A história triste, de Patience
Worth – cujo enigma investigou –, talvez seja sua
mais primorosa tradução.
Desencarnou em 8 de julho de 2013, aos 93 anos,
no Rio de Janeiro, RJ.

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O que desejamos
fazer do espiritismo?
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