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17/08/2016 Vem aí a nova biologia. Ou não.

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Vem aí a nova biologia. Ou não.

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NOTÍCIAS SOBRE BIOLOGIA voltadas ao público geral com frequência fazem referência à briga de acadêmicos
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contra  o  criacionismo  –o  movimento  defensor  de  que  seres  vivos  foram  criados  por  Deus,  não  pelos  processos
descritos  na  teoria  da  evolução.  Ofuscado  por  essa  discussão  infrutífera  de  cientistas  lançando  argumentos
racionais  contra  mentes  religiosas  impenetráveis,  porém,  existe  um  debate  sério  sobre  se  a  biologia  evolutiva
está ou não carente de atualização. Senha: 

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ajudar a propagar o islamismo

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Unidos

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igrejas cristãs e construir mesquitas”,
propõe arquiteto alemão

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pedofilia em Hollywood

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de vítimas?

A Conquista do Reino Unido pelo Islã

A nova geração da Islândia que não
Esse  movimento  defende  que  a  chamada  “nova  síntese”  –a  teoria  da  evolução  de  Darwin  reformulada  à  luz  da conhece a Deus
genética e, depois, da biologia molecular– precisa ser recauchutada. Liderados por biólogos como Gerd Muller, da
Trump desde criancinha
Universidade de Viena, e Eva Jablonka, da Universidade de Tel Aviv, esses pesquisadores defendem aquilo que
batizaram de EES (Síntese Evolucionária Estendida). É um corpo de conhecimento baseado em fenômenos que
correm paralelamente aos descritos pela seleção natural de Darwin. Mas seria esta nova biologia algo com força
suficiente para tornar a nova síntese uma teoria ultrapassada?

Para  defender  uma  mudança  radical,  Jablonka  recorre  a  fenômenos  como  a  epigenética  –transmissão  de
características que não requer mudança do DNA– e à construção de nichos –capacidade de animais de alterarem
seu  próprio  ambiente  e,  portanto,  modificar  as  pressões  que  a  seleção  natural  exerceria  sobre  eles  mesmos.
Também  são  alvo  de  estudo  da  EES  o  “viés  de  desenvolvimento”  –a  impossibilidade  de  organismos  de
adquirirem certas formas enquanto evoluem– e a plasticidade –capacidade de um indivíduo de adquirir diferentes

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formas reagindo a seu ambiente.

Todos esses fenômenos, que são tratados pela (velha) nova síntese apenas como processos marginais, seriam
sinal de que uma teoria de evolução com excesso de foco na biologia molecular se tornou incapaz de dar conta
da  explicação  de  processos  que  ocorrem  sem  interação  com  o  DNA.  Só  a  incorporação  desses  outros
fenômenos, argumentam, pode salvar a teoria da evolução de se tornar algo ultrapassado.

TRAMANDO A REVOLUÇÃO

Entrevistei Jablonka em 2007 e achei interessante e bem fundamentada  suadefesa de que a epigenética reabilita
ideias  malditas  do  naturalista  francês  Jean­Baptiste  Lamarck  (1744­1829).  Mas  fiquei  incomodado  com  sua
crítica  ao  conceito  de  “gene  egoísta”,  a  expressão  criada  pelo  bólogo  Richard  Dawkins  para  descrever  a
centralidade da biologia molecular no processo evolutivo.

No ano seguinte, um congresso organizado por Jablonka e outros correligionários em Altenberg (Áustria) mostrou
com mais clareza qual era a intenção do grupo. Os 16 cientistas presentes finalmente cunharam ali a sigla EES,
para colocá­la em oposição ao que chamavam de SET (Teoria Evolucionária Padrão), rebatizando a nova síntese
com  um  nome  que  a  faz  parecer  algo  ultrapassado.  Ninguém  ali  se  atreveu  a  usar  o  palavrão  iniciado  com  “P”,
mas a intenção era claramente a de declarar que a EES seria um novo paradigma na biologia.

Muita  gente  se  impressionou.  Outros,  incluindo  Dawkins,  nunca  deram  muita  bola.  Desde  então,  deixei  de
acompanhar  essa  escaramuça,  e  confesso  que  a  maior  parte  do  conhecimento  de  almanaque  que  tenho  sobre
evolução acabei adquirindo como ouvinte no curso de Hopi Hoekstra e Andrew Berry, professores de Harvard que
não simpatizam com o grupo de Jablonka.

CONFRONTO DIRETO

Foi  só  lendo  a  edição  desta  semana  da  revista  “Nature”  que  finalmente  tomei  pé  de  como  está  essa  discussão
agora,  ao  me  deparar  com  dois  artigos,  um  a  favor  e  um  contra  decretar  que  a  teoria  da  evolução  precisa  ser
repensada.  Em  contraposição  estavam  justamente  as  duas  biólogas  que  já  tive  o  privilégio  de  ouvir
pessoalmente, Jablonka e Hoekstra, além de seus coautores.

Vale  a  pena  ler.  Como  já  deixer  transparecer  meu  viés  aqui,  posso  dizer  que  a  argumentação  de  Hoekstra  me
convenceu  de  que  a  sigla  EES  é  mais  um  adendo  teórico  do  que  uma  revolução.  É  uma  tentativa  de  alguns
biólogos  de  se  autoatribuírem  a  responsabilidade  por  uma  mudança  de  paradigma,  quando,  na  verdade,  o  que
ocorre  é  um  avanço  gradual,  no  qual  epigenética,  construção  de  nicho,  plasticidade  etc.  vão  se  integrando  à
teoria da evolução tradicional. Ú LTIMOS C OMEN TÁ R IOS

Mas o grupo da EES não quer saber de se render. “Essa não é uma tempestade num copo d’água acadêmico, é
a luta pela própria alma da disciplina [da evolução]”, escreve o grupo de Jablonka, num texto com Kevin Laland José Luis em Encontro de líderes
como  autor  principal.  Hoekstra  retruca:  “Nós  também  queremos  uma  síntese  evolucionária  estendida,  mas  para muçulmanos apontam que America
nós essas palavras estão em letra minúscula, porque nosso campo sempre avançou assim”. Latina é prioridade
Maverick em Países onde o símbolo do
DE VOLTA ÀS ORIGENS Comunismo é proibido

Talvez  seja  tudo  uma  questão  de  nome.  Darwin,  por  exemplo,  publicou  um  livro  inteiro  sobre  como  minhocas Alguém ainda tem dúvidas? |
alteram seu próprio ambiente por meio de sua ação no solo. “Hoje nós chamamos esse processo de construção Historicamente Incorreto em Karl Marx:
de  nicho,  mas  o  novo  nome  não  altera  o  fato  de  que  biólogos  evolucionários  têm  estudado  feedback  entre Satanista Confesso
organismos e seu ambiente por mais de um século”, diz Hoekstra. Carlos em 5 motivos pelos quais Donald
Trump será o próximo presidente dos
O problema, talvez, seja o de achar que a biologia precisa de uma grande ruptura, para seguir em frente apenas
Estados Unidos
por meio de grandes saltos. A quebra de paradigma, o modelo de avanço científico descrito pelo filósofo Thomas
Kuhn,  não  se  aplica  muito  bem  à  biologia,  já  defendia  o  saudoso  Ernst  Mayr,  biólogo  com  importantes Didier em 5 motivos pelos quais Donald
contribuições filosóficas à disciplina. “Precisamos também lembrar que Kuhn era físico e que sua tese reflete o Trump será o próximo presidente dos
pensamento ‘essencialista’ e ‘saltacionista’ tão disseminado na física”, escreveu. Estados Unidos
Renato Silva em 5 motivos pelos quais
Mesmo a teoria de Darwin, a coisa que mais próxima de uma revolução que já ocorreu dentro da biologia, levou Donald Trump será o próximo presidente
quase  um  século  de  debates  e  avanços  graduais  para  se  consolidar  na  forma  da  nova  síntese.  Não  se dos Estados Unidos
estabeleceu  de  forma  tão  brusca  quanto  a  relatividade  de  Einstein,  por  exemplo.  E  mesmo  a  física  pós­
Einstein  não  parece  estar  avançando  em  saltos  tão  grandes.  Não  há  nada  de  errado  com  a  ciência  feita  por
Jablonka,  Muller  e  seus  colegas,  que  têm  dado  boas  contribuições  para  entender  processos  biológicos
A SSIN A N TES
complexos.  Mas  vender  o  advento  da  epigenética  e  companhia  como  uma  revolução  me  parece  algo  um  tanto
caricaturesco.
Tenha acesso integral ao nosso
Escrito por Rafael Garcia. conteúdo. 

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Em "Criação e Evolução" Vaticano Em "Criação e Evolução"
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1 Comentário

Thiago
outubro 30, 2014 às 2:44 am

Prezado Rafael Garcia, entendo sua colocação porém achei que você ia valorizar mais em seu
texto a epigenética e os processos que ocorrem sem alteração do DNA, até porque no meu
modo de ver, essa é uma mudança de perspectiva considerável na Biologia. E tem tudo a ver
com o conservadorismo ao ser um duro golpe no determinismo genético e trazer a
responsabilidade dos comportamentos e até doenças para o próprio indivíduo, já que este pode
através de seu comportamento e alimentação “ligar” e “desligar” genes. Este tema merece maior
atenção. Abraço!

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