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EFEITO DO ÁCIDO JASMÔNICO NA ATIVIDADE DE

LIPOXIGENASES DE PLANTAS DE SOJA [Glycine max (L.) Merrill]

GIORDANI DE OLIVEIRA1
MARIA GORETI DE ALMEIDA OLIVEIRA2
CHRISTIANO VIEIRA PIRES 1
ROSA BÁRBARA BATISTA3
NEWTON DENIZ PIOVESAN 4
MARIA REGINA ARAÚJO GOMES 5
EVERALDO GONÇALVES BARROS 6
MAURÍLIO ALVES MORREIA7

RESUMO – Lipoxigenases (LOX) de plantas são associ- zaram-se dois genótipos de soja para a realização das
adas a importantes processos fisiológicos, tais como: análises: uma variedade que possui as três lipoxigenases
crescimento e desenvolvimento, senescência, biossínte- de semente (IAC-100) e uma linhagem desprovida das
se de moléculas regulatórias, resposta a ferimentos e da- três lipoxigenases de semente (IAC-100 TN). As plantas
nos causados por insetos-praga e patógenos. Essas iso- foram tratadas com JA em solução 0,01% (v/v) de Triton
enzimas são encontradas em diferentes tecidos da planta X-100 em água, no início do estádio V2 de crescimento,
com diferentes níveis de expressão. Considerando a e- até atingirem o estádio V3. Pelos resultados do estudo
xistência de múltiplas formas de lipoxigenases em dife- bioquímico e cinético, revelaram-se dois picos acentua-
rentes órgãos da planta de soja, com este trabalho avali- dos de atividade de LOX a pH 4,5 e 6,5, com temperatura
ou-se a capacidade dessa planta em responder ao trata- ótima de atividade a 25ºC. Pelos dados de cinética enzi-
mento com ácido jasmônico (JA) pela “Via das Lipoxige- mática, constatou-se aumento de atividade de lipoxige-
nases”, tendo sido realizada a caracterização bioquímica nases quando tratada com ácido jasmônico nos dois ge-
e cinética do “pool” de lipoxigenases. O ácido jasmônico nótipos analisados, sugerindo uma resposta da planta
é um composto derivado da via das lipoxigenases e pos- ao tratamento utilizado. Verificou-se, assim, que a remo-
sui atividade de fitohormônio, sendo reconhecido como ção de LOX de sementes não interferiu na expressão de
molécula sinalizadora sintetizada por plantas em respos- LOX de folhas que atuam no mecanismo de defesa da
ta a ferimentos, herbívoros e ataque de patógenos. Utili- planta de soja.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Lipoxigenases foliares, ácido jasmônico, soja, Glycine max.

EFFECT OF JASMONIC ACID ON LYPOXYGENASES


ACTIVITY OF SOYBEAN PLANT [Glycine max (L.) Merrill]

ABSTRACT – Lipoxygenases (LOX) of plants are expression levels. Considering the existence of multiple
associated to physiological process such as: growth and forms of lipoxygenases in different organs of soybean
development, senescence, biosynthesis of regulatory plant, this work evaluated the capacity of this plant to
molecules and response to injury and damage caused by respond to jasmonic acid (JA) treatment by
insect-pests and pathogens. These isoenzymes have lipoxygenases pathway. The kinetic and biochemical
been found in different plant tissues with different characterization of the “pool” of lipoxygenases were

1. Estudante de Mestrado, DBB/BIOAGRO-UFV, MG.


2. DS, Professor Adjunto IV, DBB/BIOAGRO-UFV, MG.
3. MS, DBB/BIOAGRO-UFV, MG.
4. MS, Técnico de Nível Superior, BIOAGRO-UFV, MG.
5. Ph.D., Estudante de Pós-Doutorado, DBB/BIOAGRO-UFV, MG.
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6. Ph.D., Professor Titular, DBG/BIOAGRO-UFV, MG.


7. Ph.D., Professor Titular, DBB/BIOAGRO-UFV, MG.
determined. The jasmonic acid is a compound derived biochemical and kinetic studies showed two pronounced
from lipoxy genases pathway and has phytohormone peaks of lipoxygenase activity at pH 4.5 and pH 6.5, with
activity being recognized as signaling molecules temperature optimum at 25oC. The enzymatic kinetic data
synthesized by plants in response to injury, herbivores showed an increase on lipoxygenases activity when
and attack by pathogens. Two cultivars of soybean were treated with jasmonic acid for the two cultivars analysed,
used in the analyses: one known to have three seed sugges ting a response of the plant to the treatment
lipoxygenases (IAC-100) and the other devoid of these used. It was verified that the removal of LOX from the
three seed lipoxygenases (IAC-100 TN). The plants were seeds did not interfere in the expression of LOX in the
treated with jasmonic acid in aqueous solution of Triton leaves, which act in the defense mechanism of soybean
X-100 0.01% (v/v) at the beginning of the development plants.
stage V2, up to the stage V3. The results of the
INDEX TERMS: Leaf lipoxygenases, jasmonic acid, soybean, Glycine max.

INTRODUÇÃO (L.) Merrill], podem ser citados: a regulação da expressão


de genes que codificam proteínas de reserva vegetativa
Lipoxigenases são isoenzimas (E.C. 1.13.11.12) (Anderson et al., 1989), a transdução de sinais relacio-
que catalisam a dioxigenação de ácidos graxos poliinstu- nados a estresses, a indução gênica de inibidores de
rados contendo o sistema cis,cis -1,4-pentadieno para proteases (Franceschi & Grimes, 1991) e o aumento dos
formação dos respectivos derivados hidroperóxidos, o- níveis dos transcritos e da atividade de lipoxigenase em
riginando moléculas reativas, com atividades fisiológicas plântulas e em folhas de soja (Grimes et al., 1992; Sara-
pronunciadas. Duas principais vias para o metabolismo vitz & Siedow, 1996).
de hidroperóxidos produzidos por essas isoenzimas, A traumatina, conhecida como hormônio do feri-
chamadas de “Via das Lipoxigenases”, vêm sendo pro- mento, e o ácido traumático são também produzidos pela
postas para plantas superiores (Vick & Zimmerman, "Via das Lipoxigenases" e podem estar envolvidos no
1976; Grimes et al., 1992; Farmer & Ryan, 1992), nas quais processo de sinalização celular em resposta a ferimentos
apenas alguns intermediários foram identificados até o em plantas.
momento. As lipoxigenases são amplamente distribuídas na
Os hidroperóxidos formados são posteriormente natureza, sendo encontradas em plantas, animais superi-
metabolizados em plantas por diferentes enzimas, inclu- ores, fungos e leveduras. Apesar de as lipoxigenases s e-
indo hidroperóxido liase, dehidrase e peroxigenase. Hi- rem encontradas em muitos tecidos, os níveis de expres-
droperóxido liase produz aldeídos voláteis e oxiácidos são variam bastante. Em soja, sua atividade também va-
que, juntamente com seus metabólitos, são comp onen- ria de acordo com o estádio de desenvolvimento da
tes das características sabor e odor de frutos e folhas. planta.
Tem sido proposto que os aldeídos fo rmados pela ação Sekiya et al. (1983), estudando atividade de lipo-
da lipoxigenase inibem o crescimento de fungos, insetos xigenase de folhas de 28 espécies de plantas, demonstra-
e protozoários e ainda poderiam estar agindo como um ram que a soja está entre as que apresentam maiores va-
sinal químico na atração do inimigo natural do herbívoro lores de atividade. Grayburn et al. (1991) observaram a
para a planta danificada. Outra rota de ação das lipoxi- presença de pelo menos três isoenzimas de lipoxigena-
genases é a formação de ácidos graxos cíclicos deriva- ses em folhas, que são diferentes das encontradas em
dos do ácido 13-hidroperóxilinolênico, que são precurso- sementes, e pelo menos uma é diferente das encontradas
res da síntese de ácido jasmônico. O ácido jasmônico, em hipocótilos/radículas de plantas de soja.
um composto derivado da “Via das Lipoxigenases”, tem Hildebrand et al. (1988) e Zhuang et al. (1992), e-
atividade de fitohormônio e é reconhecido como molécu- xaminando a expressão dessas is oenzimas de soja em di-
la sinalizadora sintetizada por plantas em resposta a fe- ferentes estádios de desenvolvimento, verificaram que
rimentos, herbívoros e ataque de patógenos (Creelman as maiores atividades ocorrem, em geral, nas folhas mais
et al., 1992; Farmer & Ryan, 1992; Mueller, 1997). Dentre jovens. Saravitz & Siedow (1995) constataram que a
os vários efeitos fisiológicos descritos para o ácido jas- concentração das isoenzimas lipoxigenases decresce a-
mônico e seu metil éster em plantas de soja [Glycine max centuadamente com a idade das folhas, mas que as for-
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mas mais acídicas são mais abundantes em folhas com meio de análises de DNA, utilizando-se marcadores mo-
idade intermediária. Após ferimentos, as mesmas isoen- leculares do tipo RAPD “Random Amplified Polymo r-
zimas acídicas apresentaram um considerado aumento phic DNA”, e também por meio de características feno-
de atividade, quando comparadas com plantas normais. típicas. As plantas foram transferidas para vasos com
As lipoxigenases de semente de soja afetam as capacidade para 4,0 kg de solo e cultivadas em condi-
propriedades e qualidades de produtos alimentícios de- ções de casa-de-vegetação.
rivados, particularmente pela sua participação na forma-
ção dos compostos responsáveis pelos sabores indese- Tratamento com Ácido Jasmônico
jáveis, chamado de “beany flavor”, característicos des-
Plantas de soja no estádio V3 de desenvolvimen-
ses produtos. O “beany flavor” origina-se da associação
to foram submetidas ao tratamento com a solução 0,01%
de compostos carbonílicos de cadeia curta com a fração
(v/v) de Triton X-100 em água e ao tratamento com a so-
protéica. Esses compostos orgânicos são produtos fi-
lução 0,01% (v/v) de Triton X-100 em água contendo
nais de uma série de reações, que se inicia com a hidro-
200µL de ácido jasmônico no primeiro trifolíolo. As plan-
peroxidação de ácidos graxos poliinsaturados, catalisada
tas-controle foram pulverizadas com solução de Triton
por lipoxigenase.
X-100 em água. Foram utilizadas na avaliação das ativi-
Considerando a existência de múltiplas formas de
dades de lipoxigenases e determinação dos parâmetros
lipoxigenases em diferentes órgãos da planta de soja,
cinéticos a primeira folha trifoliolar, para verificar a res-
torna-se cada vez mais importante a caracterização bio-
posta local, e a segunda folha trifoliolar, para verificar a
química e cinética das isoenzimas de lipoxigenase, em
resposta sistêmica.
especial daquelas presentes nas folhas e, conseqüente-
mente, o conhecimento das suas funções bioquímico-
Obtenção de Extratos Foliares
genéticas e fisiológicas relacionadas às funções de defe-
sa das plantas a danos causados por pragas e patóge- O preparo do extrato foliar foi realizado a 4oC, de
nos e na regulação do metabolismo vegetal pela "Via das acordo com o método de Ohta et al. (1986). E a determi-
Lipoxigenases". nação de proteínas nos extratos foliares foi realizada uti-
lizando-se o método do ácido bicinconínico (Smith et al.
Objetivos 1985).
Caracterizar bioquimicamente e cineticamente o
Determinação da Atividade de Lipoxigenase e
“pool” de lipoxigenases foliares de plantas de soja sub-
dos Parâmetros Cinéticos
metidas ao tratamento com ácido jasmônico em genóti-
pos normais, ou seja, contendo as três lipoxigenases na A atividade de lipoxigenases dos extratos foliares
semente (IAC-100), e em outro com ausência completa foi determinada utilizando-se ácido linoléico como subs-
de lipoxigenases em suas sementes (IAC-100 TN). trato, segundo o método de Axelrod et al., (1981).
A atividade de lipoxigenases foi determinada em
MATERIAL E MÉTODOS tampão fosfato de sódio pH 6,0 a 25 oC, utilizando-se á-
cido linoléico como substrato, nas concentrações: 10, 20,
Material Genético 40, 80, 160, 320, 640 e 1280 µM. Os parâmetros cinéticos,
no estado estacionário, foram obtidos por meio da re-
Foram utilizadas plantas de soja da variedade gressão não-linear, utilizando-se o programa de comp u-
IAC-100 e do genótipo com ausência de LOX nas se- tação Enzifitter (Leatherbarrow, 1987).
mentes (IAC-100 TN). As sementes de IAC-100 foram
fornecidas pelo Departamento de Fitotecnia da Univer- Efeito da Temperatura
sidade Federal de Viçosa. O genótipo IAC-100 TN, de-
senvolvido pelo Programa de Melhoramento da Quali- O efeito da temperatura sobre a concentração de
dade da Soja do BIOAGRO/UFV, é uma linhagem avan- hidroperóxidos formados pela ação da lipoxigenase foi
çada obtida a partir da variedade IAC-100, que se encon- determinado a 234 nm, pelo método descrito por Axe lrod
tra no quinto ciclo de retrocruzamentos. Selecionaram-se et al. (1981) a 20, 25, 35, 40, 45 e 50ºC. A reação foi feita
plantas mais semelhantes a IAC-100, com base em suas utilizando-se tampão fosfato 50 mM pH 6,5; ácido lino-
características morfológicas. A alta similaridade genética léico como substrato e extrato foliar de soja.
entre IAC-100 e IAC-100 TN tem sido confirmada por Efeito do pH
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O efeito do pH sobre a atividade de lipoxigenases lharam com lipoxigenases foliares de soja, no estádio V4
foi determinado a 234 nm, pelo método descrito por Axe l- de desenvolvimento, dos genótipos IAC-100, IAC-100
rod et al., (1981), em vários valores de pH. Os sistemas- TN e Cristalina, e também aos resultados obtidos por Vi-
tampão utilizados foram os seguintes: ácido cítri- eira et al. (2001), para lipoxigenases foliares de soja, no
co/Na 2HPO4 pH 2,0-2,5, ácido cítrico/citrato de sódio pH estádio V3 de desenvolvimento dos genótipos IAC-100
3,0-3,5, acetato de sódio pH 4,0-4,5; citrato de sódio pH e IAC-100 TN submetidos a ferimento mecânico.
5,0-5,5; fosfato de sódio pH 6,0-6,5-7,0; Tris -HCl pH 7,5- Christopher et al. (1972), utilizando-se ácido lino-
8,0-8,5 e borato de sódio pH 9,0-9,5-10,0. léico como substrato de lipoxigenases de sementes de
soja, demonstraram que a LOX 1 tem atividade máxima
RESULTADOS E DISCUSSÃO em pH 9,5, a LOX 2 em pH 6,5, e a LOX 3 possui máxima
atividade numa ampla faixa de pH, ou seja, de 5,0 a 9,0.
Efeito da Temperatura sobre a Velocidade de
Efeito do pH de vários Sistemas-Tampão sobre a
Formação de Hidroperóxidos do Ácido Linoléico
Atividade de Formação de Hidroperóxidos do Á-
Na Figura 1 são apresentados os perfis de tempe- cido Linoléico
ratura versus a atividade específica de lipoxigenases s o-
Na Figura 2 é apresentado o perfil de pH versus a
bre o ácido linoléico, a pH 6,5, para os genótipos IAC-
atividade de lipoxigenases sobre a formação de hidrope-
100 e IAC-100 TN coletados 24 horas após tratamento
róxidos do ácido linoléico, da segunda folha trifoliolar no
com ácido jasmônico. Os perfis para os demais tempos
estádio V3 de desenvolvimento, de plantas tratadas com
de análise se apresentaram semelhantes aos de 24 horas,
ácido jasmônico e plantas-controle coletadas 48 horas
para os dois genótipos e seus respectivos controles
após a última pulverização.
(dados não-mostrados).
Obtiveram-se dois picos de pH ótimo para as li-
O valor mais acentuado de atividade foi a 25 0C,
poxigenases foliares de plantas de soja, tanto para a va-
para ambos os genótipos e seus respectivos controles.
riedade IAC-100 quanto para a linhagem IAC-100 TN
Observa-se que os valores de atividade de lipoxigenases
submetidas ao tratamento: um pico em pH 4,5 e outro em
apresentaram-se maiores nos tratamentos do que nos
pH 6,5, com o controle apresentando esses mesmos pi-
respectivos controles, em ambos os genótipos analis a-
cos de p H.
dos, a diferentes valores de temperatura. Com esses re-
Na variedade IAC-100, o perfil apresentado no
sultados, sugere-se resposta das plantas de soja ao tra-
gráfico evidencia que a atividade nas folhas submetidas
tamento com ácido jasmônico, através da via das lipoxi-
ao tratamento com JA é maior em quase toda a faixa de
genases.
pH analisado. Já para a linhagem IAC-100 TN, a ativida-
Observa-se ainda que o genótipo IAC-100 TN a-
de foi igual em quase toda a faixa de pH analisado.
presentou maiores valores de atividade do que o genóti-
Os valores de pH ótimo para a formação de hi-
po IAC-100. Por meio desses dados, verifica-se diferença
droperóxidos de ácido linoléico, catalisada pelas lipoxi-
entre o “pool” de lipoxigenases dos dois genótipos ana-
genases de folhas de soja da variedade IAC-100 e da li-
lisados. Possivelmente esse resultado esteja relacionado
nhagem IAC-100 TN submetidas ao tratamento com JA,
ao fato de essas enzimas encontrarem-se organizadas em
estão dentro da faixa de pH ótimo verificada para as lipo-
uma grande família mu ltigênica, que pode resultar em di-
xigenases de outras fontes: Lipoxigenases das varieda-
ferentes tecidos, na presença de um complexo de isoen-
des IAC-100 e Cristalina, pH ótimo 6,0, linhagem Triplo
zimas lipoxigenases que diferem quanto à especifici-
Nulo, pH ótimo 7,0 (Lanna et al., 1996), lipoxigenases de
dade pelo substrato, parâmetros físico-químicos e ciné-
tubérculos de batata, pH ótimo 5,5-6,0 (Galliard & Phil-
ticos. Estima-se que o genoma de soja contém de 10 a 12
lps, 1971), lipoxigenases de semente de girassol, pH óti-
genes que expressam lipoxigenases (Koetje & Grimes,
mo 6,2 (Leoni et al., 1985) e lipoxigenases de pimentão,
1992).
pH ótimo 6,5 (Minguez-Mosqueira et al., 1993).
Os dados deste trabalho são semelhantes aos re-
sultados obtidos por Lanna et al. (1996), quando
trabalharam com lipoxigenases foliares de soja, no

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V, nM.s

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 Ä
(  ) representa a atividade de lipoxigenase das plantas IAC-100 TN tratadas com ácido jasmônico
  ) representa a atividade de lipoxigenase das plantas IAC-100 TN controle
(
 O
(  ) representa a atividade de lipoxigenase das plantas IAC-100 tratadas com ácido jasmônico
  ) representa a atividade de lipoxigenase das plantas IAC-100 controle
(

FIGURA 1 – Efeito da temperatura sobre a atividade de lipoxigenases de folhas de soja, 24 horas após tratamento
com ácido jasmônico.

Estudo Cinético das Lipoxigenases de Folhas de Os valores de KM app oscilaram para ambos os ge-
Soja da Variedade IAC-100 e da Linhagem IAC- nótipos com o tempo de tratamento. Com esses resulta-
100 TN Submetidas ao Tratamento com Ácido dos, infere-se que ocorreu uma resposta da planta atra-
Jasmônico vés da “Via das Lipoxigenases”, durante a pulverização.
Na variedade IAC-100, no primeiro trifolíolo, por-
Na Figura 3 verifica-se o gráfico de Michaelis -
tanto, na resposta local, os valores de KM app aumentaram
Menten da atividade de lipoxigenase sobre o ácido lino-
após 6 e 12 horas, diminuíram após 24 horas, voltando a
léico, a pH 6,5, da variedade IAC-100 (folíolos da segun-
aumentar 48 e 96 horas da última pulverização com a so-
da folha trifoliolar, estádio V3 de desenvolvimento), em
lução 0,01% (v/v) de Triton X-100 em água. Com o trata-
resposta ao tratamento com a solução 0,01% (v/v) de
mento contendo ácido jasmônico, os valores de KM app
Triton X-100 em água e em resposta ao tratamento com
aumentaram até 48 horas, e após 96 horas, diminuíram.
ácido jasmônico.
Entretanto, observam-se menores valores de KM app no
A atividade de lipoxigenases da linhagem IAC-
tratamento com ácido jasmônico, o que mostra eficiência
100 TN também segue a cinética de Michaelis -Menten
catalítica da enzima. No estádio V3 de desenvolvimento
(dados não mostrados). As lipoxigenases foliares dos
da variedade IAC-100, o valor de KM app apresenta au-
dois genótipos seguem cinética de Michaelis -Menten,
mento linear até 6 horas após a última pulverização com
demonstrando curva hiperbólica de velocidade versus
a solução de Triton. Com o tratamento com ácido jasmô-
concentração de substrato, nas concentrações de subs-
nico, os valores de KM app aumentaram após 6, 12, e 24
trato analisadas nos exp erimentos, para todos os tempos
horas, diminuíram após 48 horas, voltando a aumentar 96
estudados.
horas após a última pulverização. Nesses resultados,
observam-se menores valores de KM app no segundo trifo-
Determinação dos Parâmetros Cinéticos
líolo, segundo uma resposta sistêmica da planta ao tra-
No quadro 1 são apresentados os valores de KM tamento.
appe Vmax app, das isoenzimas de lipoxigenases foliares Já na linhagem IAC-100 TN, os valor de KM app
presentes na resposta ao tratamento com ácido jasmôni- aumentam após 6, 12, 24, 48 horas e diminuíram 96 horas
co em folhas de plantas de soja da variedade IAC-100 e após a pulverização com a solução 0,01% (v/v) de Triton
da linhagem IAC-100 TN, em pH 6,5. X-100 em água, tanto no primeiro trifolíolo quanto no
segundo. Com o tratamento contendo ácido jasmônico,
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os valores de KM app aumentaram após 6 e 12 horas, dimi- É possível que a remoção genética das lipoxige-
nuíram após 24 horas, voltando a aumentar 48 e 96 horas nases das sementes de soja esteja influenciando na ati-
após o tratamento, tanto para o primeiro trifolíolo quanto vidade das lipoxigenases de folhas, pois a resposta ao
para o segundo trifolíolo. Os valores de. KM app na linha- tratamento para ambos os genótipos analisados foi dife-
gem IAC-100 TN, de uma maneira geral, foram ligeira- rente. Contudo, essa hipótese deverá ser mais bem estu-
mente maiores que os da variedade IAC-100, sugerindo dada, utilizando-se plantas de genótipos resistentes e
eficiência catalítica um pouco menor na linhagem IAC- susceptíveis, expondo-as ao mesmo tipo de tratamento.
100 TN. Além disso, as lipoxigenases foliares envolvidas no sis-
Os parâmetros de cinética enzimática mostram tema de defesa da planta não foram purificadas. A elimi-
que ocorreu uma resposta da planta de soja ao tratamen- nação genética das lipoxigenases das sementes não
to com ácido jasmônico. causou a eliminação total das lipoxigenases de folhas,
mas provocou alterações.

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A
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-1
V, nM.s

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B
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V, nM.s-1

30

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0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

pH

 O
(  ) representa atividade de lipoxigenase das plantas tratadas com ácido jasmônico
  ) representa atividade de lipoxigenase das plantas controle
(

FIGURA 2 – Efeito do pH sobre a atividade de lipoxigenases de folhas de soja da variedade IAC-100 (A) e da linha-
gem IAC-100 TN (B), 48 horas após tratamento com ácido jasmônico.

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.
140.00

120.00

100.00

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V, nM.s-1

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20.00

0.00
0.00 200.00 400.00 600.00 800.00 1000.00 1200.00 1400.00
[S], ì M

FIGURA 3 – Gráfico de Michaelis -Menten para a formação de hidroperóxido do ácido linoléico catalisada pelas lipo-
xigenases de folhas de plantas de soja do genótipo IAC-100, folíolos da segunda folha trifoliolar no estádio V3 de
desenvolvimento, coletadas 48 horas após a última pulverização.

QUADRO 1 – Paramêtros cinéticos, KM aparente (KM app) e velocidade máxima aparente (VMáx.app), das lipoxigenases em
pH 6,5, obtidos por meio de regressão não-linear utilizando o programa de computação Enzifitt (Leatherbarrow, 1987).

Variedade IAC- Variedade IAC- Linhagem IAC- Linhagem IAC-


100 100 100 TN 100 TN
1 o Trifolíolo 2 o Trifolíolo 1 o Trifolíolo 2 o Trifolíolo
Tempo KM app VMáx.app KM app VMáx.app KM app VMáx.app KM app VMáx.app
(horas)
µ M)
(µ (nM.S ) -1
µ M)
(µ (nM.S ) -1
µ M)
(µ (nM.S ) -1
µ M)
(µ (nM.S -1)
59.109(c ) 141.925(c) 52.666(c) 220.681(c) 74.00(c) 144.776(c) 63.246(c) 166.474(c)

Solução 1% (v/v) de Triton em água Solução 1% (v/v) de Triton em água


06 100.56 206.41 51.56 204.48 77.70 168.77 75.93 196.93
12 101.05 206.95 55.83 201.92 97.02 161.77 89.14 156.31
24 46.23 168.12 76.42 254.81 99.85 156.17 98.23 159.91
48 94.38 220.88 86.31 207.76 89.81 175.54 101.35 172.57
96 131.39 175.03 140.28 199.74 73.69 158.29 61.68 186.44
Solução 1% (v/v) de Triton X-100 em água, con- Solução 1% (v/v) de Triton X-100 em água, con-
tendo JÁ tendo JÁ
06 72.90 151.45 56.02 258.29 82.81 189.91 86.81 151.11
12 98.21 144.63 76.43 188.19 83.47 166.33 104.17 100.46
24 97.62 169.17 75.80 215.18 67.01 212.62 49.94 238.43
48 65.78 206.63 52.92 206.09 75.87 204.14 74.42 216.58
96 58.90 190.80 63.30 185.47 81.44 132.95 104.81 115.75

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AGRADECIMENTOS GRIMES, H. D.; KOETJE, D. S.; FRANCESCHI, V. H.


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