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REVISÃO DE LITERATURA / LITERATURE REVIEW

Terapêutica nutricional para constipação intestinal em


pacientes oncológicos com doença avançada em uso de
opiáceos: revisão*
The nutritional therapy for bowel constipation in oncologic patients with
advanced disease in opioids used: review

Helimar Senna dos Santos

Resumo
Constipação intestinal é um distúrbio comum em pacientes com câncer devido à síndrome
de anorexia-caquexia, e sua freqüência está elevada naqueles com doença avançada e em uso
de drogas opiáceas para tratamento da dor. A terapêutica nutricional na unidade de cuidados
paliativos é fundamental para o sucesso do tratamento, pois ela minimiza os desconfortos
causados por distúrbios como a constipação intestinal, oferece dietas adequadas ao estado
fisiológico e proporciona prazer. A incorporação de nutrientes "laxativos" oferece benefícios,
como a restauração do trânsito intestinal, aumento do peso das fezes e o restabelecimento da
freqüência da defecação. Este artigo trata-se de uma revisão bibliográfica onde será abordada
a constipação intestinal como conseqüência do uso de opióides para tratamento da dor em
pacientes oncológicos em cuidados paliativos.
Palavras-chave: nutrição; dietoterapia; fibra na dieta; constipação; analgésicos opióides;
pacientes incuráveis; cuidados paliativos.

Abstract
Bowel constipation is a typical disorder in cancer patients because of the anorexia-caquexia syn-
drome, and its frequency is high in patients with advanced disease who use opioids for pain
management. The nutritional component in palliative care is very important for the overall treat-
ment, as it helps lessening the severity of the disorders the patient presents, making him feel better.
The use of laxative nutrients are quite beneficial in reducing bowel constipation. This article is a
review of the importance of nutrition for bowel constipation in palliative care patients who use
opioids.
Key words: nutrition; diet therapy; dietary fiber; constipation; opioid analgesics; incurable pa-
tients; palliative care.

*Artigo referente ao Trabalho de Conclusão do Curso de Nutrição Oncológica do Instituto Nacional de Câncer.
Professora do Departamento de Nutrição da Faculdade JK, Aluna Especial do Curso de Mestrado em Ciências da Saúde
da Universidade de Brasília (UnB), Especialista em Nutrição Oncológica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA),
Especialista em Nutrição Clínica e Cirúrgica pela FHDF (Programa de Residência) e Especialista em Nutrição Clínica
pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Enviar correspondência para: SQN 214 / 413 Bloco K, Asa Norte;
70873-110 Brasília, DF - Brasil. E-mail: helimarsenna@uol.com.br
Recebido em julho de 2001.

Revista Brasileira de Cancerologia, 2002, 48(2): 263-269 263


Santos HS

INTRODUÇÃO Estudos têm demonstrado que cerca de 40%


a 80% dos pacientes em cuidados paliativos
No Brasil, o câncer é a segunda causa de cursam com constipação, e esta proporção
morte por doença (27,63% do total).1 Em aumenta para 90% ou mais quando os
1999, cerca de 1,8% dos gastos em alta pacientes são tratados com opiáceos. Além
complexidade destinaram-se para oncologia deste fato, existe uma série de outros fatores
e 12,8% foram gastos com internação implicados em sua gênese, como a baixa
hospitalar para tratamento de câncer. 2 ingestão alimentar de fibras, hipocalemia, falta
Segundo a Organização Mundial de Saúde de mobilidade, distúrbios neurológicos, uso
(OMS), a cada ano 9 milhões de pessoas de medicamentos e outros. Este distúrbio
morrem de câncer. Por isto, os programas de pode ser agravado ou precipitado com a
detecção precoce das neoplasias são administração de drogas opiáceas.11
fundamentais para o sucesso do tratamento e Este artigo tem por objetivos identificar
do bom prognóstico.3 as principais terapias nutricionais
Os avanços no campo da terapia anticonstipantes para os pacientes com câncer
oncológica tornaram muitos tumores curáveis em cuidados paliativos, identificar os
ou passíveis de melhora. Quando a cura não componentes dietéticos que auxiliam a
é possível, como em casos de pacientes que, regulação do trânsito intestinal e apontar as
na ocasião do diagnóstico, possuem doença dificuldades da realização de uma alimentação
avançada e incurável, o objetivo do tratamento equilibrada para o controle da CI, em estudos
é proporcionar uma qualidade de vida descritos na literatura nos últimos 15 anos.
satisfatória, controlando a doença e seus
sintomas com o uso de terapia paliativa.4-6
Nela está incluído o alívio da dor destes CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
pacientes, que ocorre em 67% dos pacientes COMO CONSEQÜÊNCIA DO
com câncer metastático.7,8 Assim, o exercício
USO DE OPIÁCEOS
da medicina paliativa, a qual se dedica ao
estudo de pacientes com doença ativa,
progressiva e avançada, para quem o A dor do câncer é descrita como crônica
prognóstico é limitado e a assistência é voltada e progressiva. Afeta a atividade, a função, o
apetite, o sono dos pacientes, além de
para a qualidade de vida, passa a ser o princi-
deprimir o paciente e aumentar o risco de
pal objetivo do tratamento.9 O controle da
suicídio.8,12
dor, de outros sintomas e dos problemas
Estima-se que 30% dos pacientes em
psicológicos, sociais e espirituais são
tratamento curativo apresentam dor, e esta
soberanos.10
proporção aumenta para 70% a 90% dos
O alívio da dor em pacientes oncológicos
pacientes, em caso de doença avançada. A
requer o uso de medicamentos, como os dor deve ser aliviada para que o paciente volte
opióides, e de outras formas de terapia, como a desenvolver sua capacidade funcional e tenha
a neurocirurgia e anestesia. Entretanto, a uma sobrevida mais confortável até o
administração de drogas opiáceas produz momento final. Este alívio pode ser alcançado
muitos efeitos colaterais, incluindo a de muitas maneiras e o tratamento deve ser
constipação intestinal (CI), cujo controle se individualizado, com as abordagens
faz necessário para promover a qualidade de necessárias para a minimização da dor.7,13,14
vida dos pacientes com doença avançada. Uma das estratégias de tratamento da dor
A CI é um problema comum entre os é o uso de analgésicos opióides, que são
pacientes com doença avançada em uso de compostos naturais ou sintéticos que
opiáceos e pode ser definida como a falta de produzem efeitos semelhantes aos da morfina.
freqüência ou a dificuldade de defecar, com São fármacos obtidos do extrato Papaver
os números de movimentos intestinais somniferum - papoula, como a morfina e a
reduzidos, que resultam no desconforto ou codeína. 15,16 Os principais medicamentos
dor, podendo ser diagnosticada como dois ou opióides são: a) morfina (utilizada
menos movimentos intestinais por semana. amplamente), b) meperidina (opiáceo

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Terapeutica nutricional para pacientes oncológicos

sintético, não relacionado à morfina), aumenta, com espasmos periódicos, mas a


c) metadona (opiáceo sintético, tão potente amplitude das contrações não propulsivas
quanto a morfina), d) fentanil (quimicamente estão diminuídas, isto atrasa a passagem do
relacionado à meperidina, é 80 vezes mais bolo fecal e permite uma absorção maior de
potente que a morfina), e) heroína, água, resultando na constipação. 17,18,23 Em
f ) propoxifeno, g) codeína (menos potente 1946, foi realizado um estudo que mensurou
que a morfina, mas potente por via oral), os efeitos da morfina sobre o aumento da
h) pentazocina, i) buprenorfina, j) naloxona motilidade do tipo I (descrita como os
e; l) naltrexona1. 5 Existem também os movimentos segmentados) e redução dos
analgésicos não opióides, como o ácido acetil- movimentos tipo II (movimentos que
salicílico e antiinflamatórios não esteróides conduzem a evacuação), resultando em
(AINE) que são importantes no tratamento contato prolongado dos alimentos com a
da dor, pois se verifica uma alta concentração parede intestinal e aumento da absorção de
de prostaglandinas no local da dor que pode fluidos. Além disto, foi verificado que a
ser bloqueada pelos AINE.7 morfina atrasa o trânsito intestinal,
A morfina e seus correlatos combinam- especificamente no ceco e no cólon
se seletivamente a vários sítios de ascendente, sugerindo que os problemas de
reconhecimento existentes no organismo para propulsão se iniciam no cólon proximal e
produzirem os efeitos farmacológicos.17 Os culminam distalmente com a inibição da
locais no cérebro envolvidos na transmissão defecação.24
da dor e na alteração da reatividade aos Este distúrbio ocorre por razões variadas,
estímulos nociceptivos (dolorosos) parecem que vão desde o estilo de vida até condições
ser os principais sítios nos quais os opióides patológicas. Os pacientes com câncer
agem. Os receptores também podem ser avançado desenvolvem falência autonômica,
encontrados, em altas concentrações, no trato a qual está associada a síndrome anorexia-
gastrointestinal (TGI).15,16 caquexia, relacionada com a motilidade gas-
No TGI, quando os terminais são ligados trointestinal anormal e sintomas como a an-
com opióides, ocorre redução no estímulo orexia, náuseas e constipação.18, 22
que cria necessária contração propulsiva. Esta A avaliação da CI deve ser minuciosa,
ação reduz a motilidade gástrica, as secreções uma vez que estes pacientes possuem vários
biliar, pancreática e intestinal, e atrasa a fatores de risco e as complicações devem ser
digestão dos alimentos. Este atraso expõe o avaliadas cuidadosamente. Devem ser
conteúdo intestinal à superfície mucosa por considerados a história da freqüência e da
um longo tempo, aumentando a absorção de dificuldade de defecação, a história de dor
fluidos.18 O longo tempo de trânsito intesti- ou tenesmo, os sintomas relacionados à
nal e a absorção de grande quantidade de constipação e exames físico e retal para
fluidos tornam as fezes ressecadas e verificar a presença de sangramentos. 20,22
endurecidas causando a CI. As dificuldades Deve-se utilizar escalas eficazes que medem
e desconfortos relacionados à CI podem estar a presença e a severidade da constipação,
associados à sensação de esvaziamento retal adaptando-as às populações em que serão
incompleto, sucedido por dor abdominal, aplicadas.
flatulência, distensão, anorexia, cefaléia, O controle da dor é essencial para a boa
edema e a presença ou não de náuseas.19-21 prática em saúde e requer cuidadosa
A constipação, como consequência do uso consideração acerca da dose apropriada, tipo
de opiáceos, é um efeito reconhecido e de droga e doença a ser tratada. A dor
inevitável. Os efeitos constipantes são associada ao câncer ou outras doenças
mediados por uma ação no sistema nervoso avançadas deve ser tratada, e preocupações
central e local. No estômago, a motilidade com tolerância e dependência devem ser
pode estar reduzida, mas o tônus deve ignoradas, quando necessário, em favor do
aumentar, principalmente na porção central conforto dispensado ao paciente, entretanto
e a secreção de ácido clorídrico está reduzida. a dose limite da droga deve ser sempre
No intestino delgado, o tônus de repouso respeitada, para evitar o desenvolvimento de

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tolerância e alterações intestinais, como a digestivo, sendo mais comum nos intestinos.
constipação.17 Para os pacientes que apresentam aumento
da plenitude gástrica e por isto possuem
dificuldades para ingerir os alimentos e a
TERAPÊUTICA NUTRICIONAL quantidade hídrica recomendada, algumas
medidas dietoterápicas como: a)
A alta freqüência da CI em cuidados administração de líquidos com temperaturas
paliativos indica que a profilaxia deve ser quentes meia hora antes de o paciente
aplicada, uma vez que sua causa é evacuar; b) oferta hídrica na forma de
multifatorial.23 Em se tratando de CI induzida gelatinas; c) preparações líquidas com valores
pelo uso de narcóticos, o tratamento deve ser nutricionais adequados e; d) evitar a oferta
preventivo.24 de líquidos que contenham poucos nutrientes
A mudança no estilo de vida dos pacientes necessários,24,30 são indicadas para promover
deve ser recomendada e é benéfica por o consumo de líquidos adequado, sem que
melhorar as funções fisiológicas básicas. Os ocorram prejuízos no consumo de nutrientes.
pacientes devem: a) possuir um tratamento Em pacientes com doença avançada, o
individualizado; b) ser orientados quanto aos tratamento da constipação é baseado na
malefícios do uso excessivo de laxantes; prevenção, através da educação nutricional,
c) ser encorajados a ter hábitos intestinais possibilitando-lhes o conhecimento do
regulares, respeitando, sempre que possível, funcionamento intestinal e de medidas
o reflexo gastrocólico após as refeições, preventivas adequadas, como o consumo de
principalmente após o desjejum.25,26 pelo menos 5 a 10g de fibras por dia. Quando
Segundo a Associação Dietética Ameri- o distúrbio já está instalado, a dieta e o uso
cana (ADA), o controle da constipação pode de agentes laxativos naturais como a lactulose,
ser realizado através do consumo de fibras que embora seja um dissacarídeo sintético
(25 a 35g/dia, para indivíduos com mais de formado por frutose e galactose, promove um
20 anos e de 10 a 13g por 1000 Kcal para efeito laxativo, uma vez que não é
idosos), da incorporação de dieta balanceada, metabolizada ou absorvida no organismo,
isto é, com altas quantidades de carboidratos podem fazer parte do tratamento de
complexos e reduzida quantidade de gorduras, escolha. 24,31 Um outro nutriente que tem
da atividade física regular e da ingestão apresentado resultados satisfatórios em
hídrica adequada.27,28 pacientes com constipação crônica, é o
Os benefícios gastrointestinais reconhecidos isomalto-oligossacarídeo, que é um amido
com o uso de fibras dietéticas (FD) são: a) efeito resistente à digestão humana. A
laxativo, promovido pelas fibras insolúveis; suplementação diária com 10g por 30 dias
b) redução na pressão intraluminal, pois o bolo em pacientes do sexo masculino, promoveu
fecal se torna mais macio e úmido; c) redução a melhora da freqüência da defecação e da
do tempo de trânsito intestinal, protegendo o sensação de tenesmo, além de aumentar
cólon de substâncias citotóxicas; d) elevação produção de ácidos graxos de cadeia curta e
do volume fecal e; e) proliferação bacteriana a absorção intestinal de cálcio e fósforo.32
elevada29. Contudo, estes benefícios não são A modificação física da FD também é uma
efetivos sem que haja um consumo adequado medida dietética que possibilita a ingestão de
de líquidos, pois eles são importantes para quantidades suficientes destes produtos sem
lubrificar e aumentar o processo de mistura que ocorra o aumento substancial da pleni-
das fezes. É recomendado que seja ingerido, tude e como conseqüência, menor ingestão
por dia, de um e meio a dois litros de água de alimentos. O cozimento dos alimentos
(1,5 a 2L/dia). Caso ocorra um baixo pode causar quebra das reações, que,
consumo hídrico, o paciente poderá aparentemente, aumentam o conteúdo de
apresentar efeitos adversos causados pelo fibras dos alimentos. Isto ocorre porque há
consumo de fibras, entre estes podemos uma perda de água dos alimentos durante a
observar desde a produção excessiva de flatos cocção, tornando a FD mais biodisponível.33
até obstrução em qualquer parte do tubo Outra alternativa para o tratamento da CI

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Terapeutica nutricional para pacientes oncológicos

é a suplementação de L-arginina, que reduz qualidade de vida de pacientes oncológicos


o atraso no trânsito intestinal produzido pela em cuidados paliativos, uma vez que um dos
morfina, podendo ser um efeito causado pelo prazeres que ainda pode estar conservado é o
aumento da liberação de óxido nítrico, que consumo de alimentos.
tem sido identificado como neuro-modulador A constipação intestinal como
intestinal.24 Porém deve-se observar que o conseqüência do uso de opióides é um
óxido nítrico é um radical livre que causa sintoma comum e interfere na qualidade de
efeitos deletérios ao organismo e pode resultar vida dos pacientes. Seu controle está,
em complicações indesejáveis como principalmente, na intervenção nutricional
toxicidades cardíaca, renal, pulmonar entre adequada, permitindo que o distúrbio seja
outras. Seu uso deve vir sempre minimizado sem que métodos invasivos e
acompanhado de suplementações de desconfortáveis sejam utilizados. A
vitaminas antioxidantes, como as vitaminas alimentação deste pacientes deve ser
C, A e E. compatível com seu estado fisiológico atual.
O sucesso do tratamento nestes pacientes Assim, a ingestão hídrica e a oferta de fibras
é dificultado pela baixa ingestão de alimentos, e de nutrientes devem ser realizadas de acordo
devido a causas variadas pertinentes à própria com a capacidade de aceitação do paciente,
doença avançada, e também por causa das isto é, deve-se evitar a ocorrência de pleni-
alterações que a constipação pode causar, tude gástrica e outros desconfortos físicos e
como náuseas, vômitos, sensação de pleni- psicológicos. É importante que o bem estar
tude e anorexia. Estes fatores são cruciais no do paciente seja a prioridade no momento
tratamento dietoterápico, pois limitam a em que a terapia, seja ela nutricional ou não,
prática do profissional nutricionista que atua for instituída.
em unidades de tratamento paliativo. O plano Alguns componentes dietéticos como a
dietoterápico destes pacientes deve ser o mais lactulose, o isomalto-oligossacarídeo, a FD e
individualizado possível e promover o efeito a L-arginina exercem efeitos positivos no
laxativo desejado. As refeições devem ser intestino, produzindo a melhora da eficiência
fracionadas, sendo oferecidas na consistência dos movimentos intestinais, o aumento do
e temperatura que melhor forem convenientes peso das fezes e a elevação da freqüência da
ao paciente. Elas devem ser compostas por defecação. Estes nutrientes devem integrar a
alimentos de hábito do paciente e com terapia nutricional paliativa, pois minimizam
aspecto e sabor agradáveis. os sintomas de CI e conseqüentemente
O tratamento realizado na enfermaria de restauram o bem-estar do paciente. Medidas
cuidados paliativos deve possuir a integração dietéticas eficazes, como a oferta hídrica
de toda a equipe hospitalar a fim de controlar satisfatória e a ingestão adequada de
todas as causas possíveis de CI. A conduta nutrientes auxiliam no tratamento da CI e
nutricional dependerá do momento e dos possibilitam a manutenção do estado
sintomas encontrados, isto é, deverá ser nutricional do paciente sem que ocorra
avaliada a cronicidade da CI e o grau das depleção maior. A dieta deve ser atrativa e
complicações existentes. A terapêutica composta por alimentos de hábito dos
nutricional deve ser adequada às condições pacientes.
atuais, levando em consideração a capacidade É importante também avaliar a CI e
gástrica do paciente, com a oferta de diferenciá-la de outros distúrbios intestinais
quantidades satisfatórias de calorias, fibras e que possam vir a ocorrer, como a impactação
líquidos, suficientes para amenizar os fecal. É necessário conhecer o momento em
sintomas da CI. que o tratamento com opiáceos foi instituído
e se houve terapias dietéticas ou outras
medidas terapêuticas aliadas a este. Um
CONCLUSÃO acompanhamento eficaz, tanto a nível
ambulatorial, quanto na enfermaria é
A dietoterapia ou terapêutica nutricional importante para a determinação da terapia
é parte fundamental no tratamento e na nutricional a ser instituída e para conhecer

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