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Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Faculdade de Engenharia Elétrica - FEELT

Apostila de Conceitos Teóricos


e Exercícios Propostos

Curso de Graduação

Prof. Dr. Geraldo Caixeta Guimarães

Versão 2010
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
SUMÁRIO i

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL iii

FORMULÁRIO GERAL v

Capítulo I – ANÁLISE VETORIAL 01


1.1 – CONCEITOS GERAIS 01
1.2 – O PRODUTO ESCALAR (OU PRODUTO INTERNO) 01
1.3 – O PRODUTO VETORIAL (OU PRODUTO EXTERNO) 02
1.4 – SISTEMAS DE COORDENADAS CARTESIANAS, CILÍNDRICAS E ESFÉRICAS 03
1.4.1 – Representação de um ponto nos 3 sistemas de coordenadas 03
1.4.2 – Transformações entre os 3 sistemas de coordenadas 04
1.4.3 – Vetores unitários nos 3 sistemas de coordenadas 04
1.4.4 – Produtos escalares entre vetores unitários nos 3 sistemas de coordenadas 04
1.4.5 – Elementos diferenciais de linha, área e volume nos 3 sistemas de coordenadas 05
1.5 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 06

Capítulo II – LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 09


2.1 – LEI DE COULOMB 09
2.2 – INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 09
2.3 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA CONTÍNUA DE CARGAS 10
2.4 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO LINEAR CONTÍNUA DE CARGAS 10
2.5 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO SUPERFICIAL CONTÍNUA DE CARGAS 11
2.6 – LINHA DE FORÇA E ESBOÇO DE CAMPO 12
2.7 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 13

Capítulo III – DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 15


3.1 – DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO ( D ) 15
3.2 – A LEI DE GAUSS 15
3.3 – APLICAÇÃO DA LEI DE GAUSS – GAUSSIANA 15
3.4 – DIVERGÊNCIA 17
3.5 – TEOREMA DA DIVERGÊNCIA 18
3.6 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 19

Capítulo IV – ENERGIA E POTENCIAL 21


4.1 – ENERGIA (TRABALHO) PARA MOVER UMA CARGA PONTUAL EM UM CAMPO ELÉTRICO 21
4.2 – DEFINIÇÃO DE DIFERENÇA DE POTENCIAL (VAB) E POTENCIAL (V) 21
4.3 – O POTENCIAL DE UMA CARGA PONTUAL 21
4.4 – O POTENCIAL DE UM SISTEMA DE CARGAS DISTRIBUÍDAS 22
4.4.1 – VAB de uma reta ∞ com ρL constante 22
4.4.2 – VAB de um plano ∞ com ρs constante 22
4.5 – GRADIENTE DO POTENCIAL ( ∇ V ) 23
4.6 – O DIPOLO ELÉTRICO 24
4.7 – ENERGIA NO CAMPO ELETROSTÁTICO 25
4.7.1 – Energia (trabalho) para uma distribuição discreta de cargas 25
4.7.2 – Energia (trabalho) para uma distribuição contínua de carga 25
4.8 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 26

Capítulo V – CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 29


5.1 – CORRENTE (I) E DENSIDADE DE CORRENTE ( J ) 29
5.2 – CONTINUIDADE DA CORRENTE 30
5.3 – CONDUTORES METÁLICOS – RESISTÊNCIA (R) 30
5.4 – O MÉTODO DAS IMAGENS 31
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
SUMÁRIO ii

5.5 – A NATUREZA DOS MATERIAIS DIELÉTRICOS – POLARIZAÇÃO (P) 32


5.6 – CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA MATERIAIS DIELÉTRICOS PERFEITOS 33
5.7 – CAPACITÂNCIA 34
5.8 – EXEMPLOS DE CÁLCULO DE CAPACITÂNCIA 34
5.9 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 39

Capítulo VI – EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 45


6.1 – IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DE POISSON E LAPLACE 45
6.1.1 – Equação de Poisson 45
6.1.2 – Equação de Laplace 45
6.2 – TEOREMA DA UNICIDADE 46
6.3 – EXEMPLOS DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE 46
6.4 – EXEMPLO DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE POISSON 50
6.5 – SOLUÇÃO PRODUTO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE 51
6.6 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 54

Capítulo VII – CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 59


7.1 – LEI DE BIOT-SAVART 59
7.2 – LEI CIRCUITAL DE AMPÈRE (CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO) 59
7.3 – ROTACIONAL 62
7.4 – TEOREMA DE STOKES 64

7.5 – FLUXO MAGNÉTICO (Φ) E DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO ( B ) 64
7.6 – POTENCIAIS ESCALAR E VETOR MAGNÉTICOS 65
7.7 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 67

Capítulo VIII – FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E


INDUTÂNCIA 71
8.1 – FORÇA SOBRE UMA CARGA EM MOVIMENTO 71
8.2 – FORÇA SOBRE UM ELEMENTO DIFERENCIAL DE CORRENTE 71
8.3 – FORÇA ENTRE ELEMENTOS DIFERENCIAIS DE CORRENTE 72
8.4 – TORQUE EM UMA ESPIRA INFINITESIMAL PLANA 72
8.5 – A NATUREZA DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS 73
8.6 – MAGNETIZAÇÃO E PERMEABILIDADE MAGNÉTICA 73
8.7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA O CAMPO MAGNÉTICO 74
8.8 – CIRCUITO MAGNÉTICO 75
8.9 – ENERGIA DE UM CAMPO MAGNETOSTÁTICO 77
8.10 – AUTO-INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA 77
8.11 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 80

Capítulo IX – CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 85


9.1 – A LEI DE FARADAY 85
9.1.1 – Fem devido a um campo que varia dentro de um caminho fechado estacionário 86
9.1.2 – Fem devido a um campo estacionário e um caminho móvel 87
9.1.3 – Fem total devido a um campo variável e um caminho móvel 88
9.2 – CORRENTE DE DESLOCAMENTO 88
9.3 – EQUAÇÕES DE MAXWELL EM FORMA PONTUAL OU DIFERENCIAL 90
9.4 – EQUAÇÕES DE MAXWELL EM FORMA INTEGRAL 90
9.5 – EXEMPLOS DE CÁLCULO DA INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA 91
9.6 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99

Anexo I – SOLUÇÃO DE EQUAÇÃO DIFERENCIAL POR SÉRIE INFINITA DE


POTÊNCIAS 100

Anexo II – CURVAS B-H DE VÁRIOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS 102


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO GERAL iii

INTRODUÇÃO GERAL

Importância do Curso de Eletromagnetismo


Este curso deve ser encarado com bastante seriedade devido sua indiscutível importância
no currículo de Engenharia. Para facilitar a aprendizagem, ele é iniciado apresentando os
fundamentos matemáticos necessários para então considerar os aspectos físicos da disciplina. A
teoria básica dos campos elétricos, da densidade de fluxo elétrico, a Lei de Gauss, os potenciais e
correntes elétricas, todos da Eletrostática e Eletrodinâmica, são apresentados em seqüência até
se chegar nas formulações da Equações de Poisson e Laplace. Já dentro do Magnetismo,
considera-se primeiramente a teoria básica dos campos magnéticos, abordando importantes
princípios como a Lei de Biot-Savart e a Lei Circuital de Ampère. Vários conceitos do
Eletromagnetismo são então introduzidos, culminando com o estudo dos campos baseados nas
equações de Maxwell, o qual justifica as aproximações que conduzem a teoria de circuitos
elétricos. Todos os conceitos aqui apresentados devem formar a base para a construção de novos
alicerces de conhecimento, como aqueles relacionados às disciplinas que tratam de máquinas
elétricas, aterramentos elétricos, linhas de transmissão, propagação de ondas, antenas, etc.

Metodologia Adotada
• O curso foi esquematizado da forma mais simples possível para ser ministrado através de
aulas expositivas, com diálogos, discussões, demonstrações, incluindo soluções de exercícios,
e, sempre que possível, com interpretação e aplicação prática de cada resultado.
• O conteúdo programático do curso é disposto de tal maneira que os assuntos mais difíceis são
abordados no seu final, sendo os capítulos colocados numa forma seqüencial e lógica para
auxiliar a aprendizagem.
• Além dos livros indicados abaixo foi preparada esta apostila, intitulada Conceitos Teóricos e
Exercícios Propostos de Eletromagnetismo, a qual tem o objetivo de servir de roteiro de
aulas teóricas e fonte suplementar de exercícios, reduzindo o tempo utilizado na exposição de
assuntos e transcrição de enunciados de exercícios no quadro, permitindo assim que mais
tempo seja dedicado a explicação e aplicação prática de conceitos da disciplina.
• Uma outra apostila de Exercícios Resolvidos de Eletromagnetismo também foi preparada,
contendo numerosos exemplos numéricos e literais de cada capítulo do programa, visando
com isto facilitar o entendimento e a auto-aprendizagem do aluno.
• Vários recursos didáticos poderão ser empregados no curso como: quadro e giz,
equipamentos audio-visuais, microcomputador e datashow.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
INTRODUÇÃO GERAL iv

• São também selecionados estudantes monitores com objetivo de:


 Prestar atendimento aos alunos, auxiliando-os na solução de listas de exercícios,
 Corrigir as listas de exercícios que forem entregues pelos alunos,
 Auxiliar o professor na correção de testes aplicados durante o curso,
 Auxiliar o professor na supervisão da aplicação de provas e/ou testes.

Formas de Avaliação
• São realizadas 3 provas do tipo sem consulta, com questões abertas ou dissertativas, isto é,
não são incluídas questões do tipo teste de múltipla escolha.
• São também aplicados 3 testes rápidos (30 minutos no máximo), distribuídos ao longo do
período, podendo estes ocorrem de surpresa, a critério do professor.
• É preparado um total de 9 listas de exercícios, relativas aos 9 capítulos, com 4 exercícios
cada uma, indicados previamente para cada aluno de acordo com a matéria lecionada nestes
capítulos, tomando como base o livro texto (referência [1]) e o livro de exercícios adotado
(referência [2]). Os exercícios são definidos pelo professor de tal maneira que nenhum aluno
tenha os mesmos quatro exercícios de seu colega. Cada lista deverá ser entregue até no
máximo uma semana após o encerramento das aulas correspondentes ao capítulo da lista.
• Para ser aprovado na disciplina, cada aluno deverá cumprir os seguintes requisitos:
 Freqüência mínima de 75% nas aulas ministradas, a qual é verificada através de
chamada oral e/ou assinatura de lista de presença em sala de aula;
 Soma total das notas obtidas nas diversas avaliações igual ou superior a 60 pontos de
um total de 100 pontos, os quais são distribuídos segundo o quadro abaixo.

TIPO DE AVALIAÇÃO VALOR DATA


Primeira Prova (Capítulos I a IV) 20
Segunda Prova (Capítulos V e VI) 20
Terceira Prova (Capítulos VII a IX) 30
3 Testes Rápidos (4 pontos cada um) 12
9 Listas de Exercícios (2 pontos cada uma) 18
Total = 100
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
FORMULÁRIO GERAL v

FORMULÁRIO GERAL

1. DIVERGÊNCIA

  ∂D x ∂D y ∂D z
 CARTESIANAS: ∇•D = + +
∂x ∂y ∂z
  1 ∂ (ρDρ ) 1 ∂D φ ∂D z
 CILÍNDRICAS: ∇•D = + +
ρ ∂ρ ρ ∂φ ∂z
2
  1 ∂ (r D r ) 1 ∂ (sen θ D θ ) 1 ∂D φ
 ESFÉRICAS: ∇•D = + +
r2 ∂r r sen θ ∂θ r sen θ ∂φ

2. GRADIENTE

∂V  ∂V  ∂V 
ax + ay + az

 CARTESIANAS: ∇V =
∂x ∂y ∂z
∂V  1 ∂V  ∂V 
aρ + aφ + az

 CILÍNDRICAS: ∇V =
∂ρ ρ ∂φ ∂z
∂V  1 ∂V  1 ∂V 
ar + aθ + aφ

 ESFÉRICAS: ∇V =
∂r r ∂θ r sen θ ∂φ

3. LAPLACIANO

∂2V ∂2V ∂2V


∇2V = 2 + 2 + 2

 CARTESIANAS:
∂x ∂y ∂z
2 1 ∂  ρ∂V  1 ∂ 2 V ∂ 2 V
 CILÍNDRICAS: ∇ V=  + +
ρ ∂ρ  ∂ρ  ρ 2 ∂φ 2 ∂z 2
1 ∂  ∂V  1 ∂  ∂V  1 ∂2V
∇2V = 2  r 2

 ESFÉRICAS:  +  sen θ  +
r ∂r  ∂r  r 2 sen θ ∂θ  ∂θ  r 2 sen 2 θ ∂φ 2

4. ROTACIONAL

   ∂H ∂H y   ∂H ∂H z    ∂H y ∂H x  
 CARTESIANAS: ∇ × H =  z −  a x +  x −  a y +  −  az
 ∂y 
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x

 CILÍNDRICAS:
   1 ∂H z ∂H φ  
∇ × H =  −
 ∂H
 aρ +  ρ −
∂H z  
 aφ + 
( )
1  ∂ ρH φ ∂H ρ  
−  az
 ρ ∂φ ∂z   ∂z
 ∂ρ  ρ  ∂ρ ∂φ 
 ESFÉRICAS:
  (

)
1  ∂ H φ senθ ∂H θ   1  1 ∂H r ∂ rH φ  
 ar + 
( ) 1 ∂ (rH θ ) ∂H r
 a θ +  
∇×H = − − −  aφ
rsenθ  ∂θ ∂φ  r  rsenθ ∂φ ∂r  r  ∂r ∂θ 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
FORMULÁRIO GERAL vi

5. EQUAÇÕES DE MAXWELL

Forma Pontual Forma Integral



∂B ∂B

  
∇×E = − ∫ E • dL = − ∫S ∂ t • dS
∂t

   ∂D   ∂D


∇×H = J + = J + Jd ∫ H • dL = I + ∫S ∂ t • dS
∂t

∫S D • dS = ∫vol ρ v dv
 
∇ • D = ρv


∫S B • dS = 0
 
∇•B = 0

6. CONDIÇÕES DE CONTORNO ENTRE 2 MEIOS


Componentes tangenciais: Et1 = Et2 Ht1 – Ht2 = k
Componentes normais: Dn1 – Dn2 = ρS Bn1 = Bn2

7. PERMISSIVIDADE DO ESPAÇO LIVRE

−12 10 −9
Permissividade elétrica do vácuo: ε o = 8,854 × 10 ≅ [F/m]
36 π
−7
Permeabilidade magnética do vácuo: µ o = 4π × 10 [H/m]

8. FÓRMULAS IMPORTANTES DO ELETROMAGNETISMO


Lei de Gauss: ∫S D • dS = Qinterna

∫S D • dS = ∫vol (∇ • D) dv
  
Teorema da Divergência:

ρ
∇2V = − v

Equação de Poisson:
ε
2
Equação de Laplace: ∇ V=0

I dL × a R

Lei de Biot-Savart: H=∫ onde IdL = K dS = J dv
   
4πR 2

Lei Circuital de Ampère: ∫ H • dL = I enlacada

∫ H • dL = ∫S (∇ × H ) • dS
  
Teorema de Stokes:
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
FORMULÁRIO GERAL vii

9. OUTRAS FÓRMULAS DO ELETROMAGNETISMO

  
D = εoE + P

(
 
B = µo H + M )
 
P = χeεo E M = χmH
 

B = µH
   
D = εE

ε = εrεo µ = µ rµo

1 1
∫ D • Edv
 
WE =
2 ∫vol
B • Hdv
 
WH =
2 vol

∂Φ FE = QE
 
fem = − N
∂t

(
FM = Q v × B )
  
fem = ∫ E • d L


(
F = FE + FM = Q E + v × B )
     

∂B
fem = ∫ (  
)
v × B • dL − ∫
S∂ t
• dS 
dF = IdL × B

Φ = ∫ B • dS
 
dT = r × dF = IdS × B

S

NΦ dm = I dS
L=
I

d T = dm × B
2 WH
L=
I2   
B = ∇×A

N 2Φ12
M12 = (J = 0)
  
H = −∇Vm
I1
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
FORMULÁRIO GERAL viii

#
10. FÓRMULAS DE DERIVADAS

d d
1. [a ] = 0 17. [cos u ] = − sen u du
dx dx dx
d d
2. [c x ] = c 18. [tgu ] = sec 2 u du
dx dx dx
d d
3. [ ]
c x n = c n x n −1 19. [cotgu ] = −cosec 2 u du
dx dx dx
d
4.
dx
[ x ] = 2 1x 20.
d
dx
[sec u ] = sec u tgu du
dx
d
5.
d
[n u ] = 1 du 21. [cosecu ] = −cosecu cotgu du
dx dx dx dx
n n u n −1
d
6.
d
[u + v] = du + dv 22. [arcsenu ] = 1 du
dx 1 − u 2 dx
dx dx dx
d
7.
d
[c u ] = c du 23. [arccosu ] = − 1 du
dx dx dx 1 − u 2 dx
d
8. [u v] = u dv + v du 24.
d
[arctgu ] = 1 2 du
dx dx dx dx 1 + u dx
du dv d
d  u  dx
v−
dx
u 25. [arccotgu ] = − 1 2 du
9. = dx 1 + u dx
dx  v  v2
d 1 du
d n du 26. [arcsecu ] =
10.
dx
[ ]
u = n u n −1
dx
dx u u 2 − 1 dx
d
11.
d u
[ ]
a = a u lna
du 27. [arccosecu ] = − 1 du
dx dx dx u u 2 − 1 dx
d v du dv
12.
dx
[ ]
u = v u v−1
dx
+ u v lnu
dx 28.
dy dy du
= (Regra de Chain)
dx du dx
d
13. [f (u )] = df du 29. dF =
∂F
dx +
∂F
dy +
∂F
dz
dx du dx
∂x ∂y ∂z
14.
d
[log a u ] = log a e du (a ≠ 0, a ≠ 1) (Diferencial total de F( x , y, z) )
dx u dx
dy ∂F ∂x
d 30. F( x , y) = 0 ⇒
15. [lnu ] = 1 du dx
=−
∂F ∂y
dx u dx
d
16. [sen u ] = cos u du
dx dx

#
u e v são funções de x; c, a e n são constantes arbitrárias.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
FORMULÁRIO GERAL ix

#
11. FÓRMULAS DE INTEGRAIS

d 20. ∫ sec u tg u du = sec u + C


1. ∫ dx [f (x )] dx = f (x )
21. ∫ cosec u cotg u du = −cosec u + C
2. ∫ (u + v ) dx = ∫ u dx + ∫ v dx + C du 1 u
3. ∫ a u dx = a ∫ u dx + C
22. ∫ u2 + a2 =
a
arctg + C
a
n u n +1 du 1 u−a
4. ∫ u du = +C (n ≠ −1) 23. ∫ u2 − a2 = ln +C
n +1 2a u + a
du du 1 a+u
5. ∫ u
= ln u + C 24. ∫ a2 − u2 = ln +C
2a a + u
u
6. ∫e du = e u + C du u
25. ∫ = arcsen
a
+C
uau a2 − u2
7. ∫ a du = +C (a > 0, a ≠ 1)
ln a
du u + u2 + a2
26. ∫ = ln +C
8. ∫ sen u du = − cos u + C u2 + a2 a

9. ∫ cos u du = sen u + C du
= ln u + u 2 − a 2 + C
27. ∫ 2 2
10. ∫ tg u du = −ln cos u + C = ln sec u + C u −a
du 1 u
11. ∫ cotg u du = ln sen u + C = −ln cosec u + C 28. ∫ =
a
arcsec + C
a
u u2 − a2
12. ∫ sec u du = ln sec u + tg u + C
du 1 a + u2 + a2
u π
= ln tg  +  + C
29. ∫ = − ln
a u
+C
2 4 u u2 + a2

13. ∫ cosec u du = −ln cosec u + cotg u + C du 1 a + a2 − u2


30. ∫ = − ln
a u
+C
u u a2 − u2
= ln tg   + C
2 du 1 u
31. ∫ = +C
u sen 2u
2
14. ∫ sen u du = −
2 4
+C (u 2
+a )
2 3/ 2 a2 2
u +a 2

u 2
u sen 2u
2 32. ∫ a 2 − u 2 du = a − u2
15. ∫ cos u du = + +C 2
2 4
2 a2 u
16. ∫ sec u du = tg u + C + arcsen + C
2 a
17. ∫ cosec 2 u du = −cotg u + C u
33. ∫ u 2 ± a 2 du = u2 ± a2
2
18. ∫ tg 2 u du = tg u − u + C
2
± ln u + u 2 ± a 2 + C
19. ∫ cotg u du = −cotg u − u + C
34. ∫ u dv = u v − ∫ v du (Integração por partes)

#
u e v são funções de x; C, a e n são constantes arbitrárias.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 1

Capítulo I

ANÁLISE VETORIAL
1.1 – CONCEITOS GERAIS

• Grandeza Escalar – Representada por um número real,, positivo ou negativo.


Ex.:: Tensão ou potencial, corrente, carga, tempo, massa, volume, temperatura, pressão, etc.

• Grandeza Vetorial – Representada por uma magnitude, direção e sentido..


Ex.:: Densidade de corrente, velocidade, aceleração, força, torque, etc.

Atenção: No curso de Eletromagnetismo não será feita distinção entre a magnitude,


magn módulo,
intensidade e valor absoluto de um vetor. A magnitude de um vetor é um valor sempre
positivo.

• Campo Escalar – Cada ponto da região é representado por um escalar.


Ex.:: Campo de potenciais, campo de temperaturas, campo de pressões, etc.
Notação: Seja φ = x 2 + y 2 + z 2 = 100 definindo um campo escalar.
Se φ = potencial ⇒ temos uma superfície equipotencial esférica.
Se φ = temperatura ⇒ temos uma superfície isotérmica esférica.
Se φ = pressão ⇒ temos uma superfície isobárica esférica.

• Campo Vetorial – Cada ponto da região equivale a um vetor.


Ex.:: Campo elétrico, campo magnético, campo gravitacional, etc.

Notação: Seja E = 3a x + 4a y + 5a z definindo um campo vetorial.
  

Se E = campo elétrico ⇒ temos uma região onde o campo elétrico é uniforme,




possuindo módulo igual a E = 5 2 e direção fixa definida pelos vetores unitários
(também chamados de versores): a x , a y e a z .
  

Atenção: No curso de Eletromagnetismo adota-se



adota se a seguinte notação para vetores: A ou A , sendo

que seu módulo pode ser representado por A ou A , ou, simplesmente, A.

1.2 – O PRODUTO ESCALAR (OU PRODUTO INTERNO)

O produto escalar entre 2 vetores A e B é definido como:


   
A • B = A B cosθ ( = menor ângulo entre A e B )

Propriedades do produto escalar:


escalar
   
(a) A • B = B • A (propriedade comutativa)
 
(b) A • B = 0 ⇔ A ⊥ B (o produto escalar entre 2 vetores perpendiculares é nulo)
2
(c) A • A = A = A 2
 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 2

(i) Aplicação do produto escalar:: obtenção da componente ou projeção de um vetor (ex.: B )


numa dada direção (ex.: o vetor A ou o eixo x → ver figuras).

A projeção (ou componente) escalar do vetor B sobre o vetor A é:


A
B a = B.a = B. ( a = vetor unitário na direção de A )
A

A projeção (ou componente) vetorial do vetor B sobre A é:


 AA
Ba = (B .a )a ⇒ Ba =  B. 
 AA
 

A projeção escalar (Bx) do vetor B sobre o eixo x é:

B x = B.a x ( a x = vetor unitário do eixo x)

A projeção vetorial ( B x) do vetor B sobre o eixo x é:

B x = B x a x = (B.a x )a x

escalar obtenção do ângulo compreendido entre 2 vetores quaisquer.


(ii) Aplicação do produto escalar:

A.B
O ângulo θ compreendido entre 2 vetores A e B é obtido por: cos θ =
A B

1.3 – O PRODUTO VETORIAL (OU


( PRODUTO EXTERNO)

O produto vetorial entre 2 vetores A e B é definido como:


   
A × B = A B senθ a n

(θ = menor ângulo entre A e B )

onde a n = vetor unitário (versor) normal ao plano formado pelos vetores A e B , cuja direção


(e sentido) é obtida pela regra do saca-rolhas


saca (mão direita) indo de A para B .

Propriedades do produto vetorial:


vetorial
   
(a) A × B = − B × A (propriedade não-comutativa)
não
 
(b) A × B = 0 ⇔ A // B (o produto vetorial entre 2 vetores paralelos é nulo)
 
(c) A × A = 0
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 3

(i) Aplicação do produto vetorial:


vetorial
Obtenção do vetor ou versor normal a um plano formado
por 2 vetores A e B .
  
N = A× B   (vetor normal)
N A×B
an =  = (versor normal

 
N A×B

(ii) Aplicação do produto vetorial:


vetorial
Obtenção da área de um paralelogramo (ou triângulo)) cujos lados são as magnitudes dos
vetores A e B .
   
S parale log ramo = Base × Altura = B A senθ = A × B
1 1  
S triângulo = S parale log ramo = A × B
2 2

Exercício: Demonstrar que o volume de um paralelepípedo pode ser obtido através do produto
misto:

( )
  
vol = A × B • C

  
sendo A , B e C , respectivamente, o comprimento, a largura e a altura do
paralelepípedo.

1.4 – SISTEMAS DE COORDENADAS


COORDENA CARTESIANAS, CILÍNDRICAS
ÍNDRICAS E ESFÉRICAS

1.4.1 – Representação de um ponto nos 3 sistemas de coordenadas


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 4

1.4.2 – Transformações entre os 3 sistemas de coordenadas

Quadro das transformações entre os três sistemas de coordenadas


SISTEMA Cartesiano Cilíndrico Esférico
Cartesiano x = x x = ρ cos φ x = r sen θ cosφ
y=y y = ρ sen φ y = rsenθ senφ
z=z z=z z = rcosθ
Cilíndrico ρ = x 2 + y 2 ρ ≥ 0 ρ=ρ ρ = r sen θ
φ=φ φ=φ
φ = tan -1 ( y / x ) 0 ≤ φ ≤ 2π z=z z = rcosθ
z=z
Esférico r = x 2 + y 2 + z 2 r≥0 r = ρ2 + z 2 r≥0 r=r
( )
θ = tan -1 x 2 + y 2 z 0 ≤ θ ≤ π
-1
θ = tan (ρ z ) 0 ≤ θ ≤ π θ=θ
0 ≤ φ ≤ 2π φ=φ
φ = tan -1 (y / x ) 0 ≤ φ ≤ 2π φ = φ

1.4.3 – Vetores unitários nos 3 sistemas de coordenadas

1.4.4 – Produtos escalares entre vetores unitários nos 3 sistemas de coordenadas

Coordenadas cartesianas e cilíndricas Coordenadas cartesianas e esféricas

aρ aφ az ar aθ aφ
     

ax • cosφ - senφ 0 ax• senθ cosφ cosθ cosφ - senφ


 
ay• senφ cosφ 0 ay• senθ senφ cosθ senφ cosφ
 

az • 0 0 1 az • cosθ - senθ 0
 

Nota: O produto escalar entre o vetor unitário a x (ou a y ) e o vetor unitário a r (ou a θ ) do sistema
   

de coordenadas esféricas, é dado pelo coseno do ângulo formado entre o vetor unitário
esférico a r (ou a θ ) e sua projeção no plano xy, multiplicado pelo coseno do ângulo formado
 

por esta projeção e o vetoror unitário a x (ou a y ).


 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 5

Exercício: Completar o quadro abaixo relativo ao produto escalar entre vetores unitários dos
sistemas de coordenadas cilíndricas e esféricas

ar aθ aφ
  

aρ •


aφ •


az •


1.4.5 – Elementos diferenciais de linha,


linha área e volume nos 3 sistemas de coordenadas

Quadro dos elementos diferenciais nos 3 sistemas de coordenadas


Sistema Linha (d L ) Área (d S ) Volume (dv)
Cartesiano dL = dx a x + dy a y + dz a z d Sx = dydz a x dv = dx dy dz
d Sy = dxdz a y
d Sz = dxdy a z
Cilíndrico dL = dρ aρ + ρdφ aφ + dz a z d Sρ = ρdφdz a ρ dv = ρdρdφdz
d Sφ = dρdz a φ
d Sz = ρdρdφ a z
Esférico dL = dr a r + rdθa θ + r sen θdφa φ d Sr = r 2 sen θdθdφ a r dv = r 2 sen θdrdθdφ
d Sθ = r sen θdrdφ a θ
d Sφ = rdrdθ a φ
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 6

1.5 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1.1) As superfícies que delimitam um volume são definidas por: ρ = 5 e ρ = 10, φ = 2π/9 e φ =
7π/9,
/9, z = 2 e z = 20. Determinar:
a) O volume determinado pelas
pela superfícies em questão, utilizando integração;
b) O comprimento de um segmento linear que une dois vértices opostos do volume.
Respostas: a) Volume = 375π;
375 b) PQ = 21,59 .

1.2) Um vetor E = a ρ + a φ + a z está aplicado no ponto P(x = 0, y = 1, z = 1) da superfície


   

plana x + y + z = 2 . Determinar:

a) o vetor E no sistema de coordenadas cartesianas;
b) o ângulo θ que o vetor E faz com o vetor normal à superfície plana;


c) as duas componentes vetoriais de E normal e tangencial à superfície plana.
Respostas: a) E = −a x + a y + a z ; b) θ =70,53o;
   

1  1
( ) ( )

c) E N = a x + a y + a z e E T = − 4a x + 2a y + 2a z .
     
3 3

1.3) Um vetor A , com módulo igual a 10, está orientado do ponto P(r = 5; θ = π/4; φ = π/4) à
origem de um sistema de coordenadas cartesianas.. Expressar este vetor em:
a) coordenadas esféricas no ponto P.
b) coordenadas cartesianas no ponto P.

Respostas: a) A = −10 a r ; b) A = −5 a x − 5 a y − 5 2 a z .


1.4) Dado o vetor A = a x + a y + a z aplicado ao ponto P(x = – 3 , y = 1, z = 2), determinar:


   

a) As coordenadas esféricas r, θ e φ do ponto P;



b) O ângulo α que A faz com a superfície esférica, centrada na origem, que passa por P;

c) O ângulo β que A faz com a superfície cônica, coaxial com o eixo z, que passa por P;

d) O ângulo γ que A faz com o semi-plano
semi plano radial, partindo do eixo z, que passa por P.

Respostas: a) P(r = 2 2; θ = 45°; φ = 150°); b) α = 75o; c) β = 123,9o; d) γ = 142,06o.



1.5) Um vetor A , de módulo igual 8, está situado sobre a linha reta que passa pelos pontos
P(r = 10, θ = 30o, φ = 0o) e Q(r = 20, θ = 60o, φ = 90o) , e orientado no sentido de P a Q.
Determinar:

a) O vetor A expresso em coordenadas cartesianas;

b) O ângulo que o vetor A faz com o vetor normal
mal à superfície plana z = 0;

c) O módulo da projeção do vetor A sobre a superfície plana z = 0.

Respostas: a) A = −2,21 a x + 7,67 a y + 0,59 a z ; b) α = 85,75o; c) Proj A = 7,98 .


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 7

1.6) Transformar o vetor E = 5x a x para coordenadas esféricas nos seguintes pontos:




a) A(r = 4, θ = 30o, φ = 120o);


b) B(x = – 2 , y = 2 , z = –2).
5 5 3 5 3 5 2 5 2
Respostas: a) E = ar + aθ + a φ ; b) E = ar − aθ + 5 a φ .
4 4 2 2 2

1.7) Sejam dados os pontos A(r = 1, θ = π/3, φ = π/6) e B(r = 3, θ = π/2, /2, φ = π/4), os quais
representam 2 vértices extremos da porção de um volume esférico formado com estes pontos.
Determinar, usando integração quando possível, o seguinte:
a) O volume total (vol) da porção de volume esférico formado;
  
b) Os vetores normais de área, S r , Sθ S φ , que saem da superfície da porção de volume
esférico nas direções dos vetores unitários a r , aθ e aφ , respectivamente ;
  

c) O comprimento do segmento AB (“diagonal principal” da porção de volume esférico);



d) O vetor AB , localizado em A e dirigido de A para B, expresso em coordenadas esféricas.
esf
13π  3π   π  2π 
Respostas: a) vol. = ; b) S r = ar , Sθ = aθ , Sφ = a φ ; c) AB = 2,2318
36 8 3 3
d) AB = 1,3713 a x + 1,6883 a y − 0,5 a z = 1,5093 a r + 1,4487 a θ + 0,7786 a φ .

1.8) Sejam dados os dois pontos A(r = 10, θ = 45o, φ = 0o) e B(r = 10, θ = 60o, φ = 90o).
Determinar:
a) A distância d entre os dois pontos medida em linha reta;
b) A distância d’ entre os dois pontos medida ao longo da superfície esférica r = 10.
Respostas: a) d = 11,37 unidades de comprimento.
b) d’ = 12,09 unidades de comprimento.
comprimento

1.9) a) Se os vetores A = xa x + 3a y + 3a z , B = 2a x + ya y + 2a z , e C = a x + a y + za z ,
representam os lados de um paralelepípedo retângulo, quais os valores de x, y e z?
b) Determinar o volume do paralelepípedo retângulo formado acima.
Respostas: a) x = –1,5,
1,5, y = –1,0, z = –0,5 unidades de comprimento;
b) vol. = 20,25 unidades de volume

( ) (
1.10) Sejam 2 pontos em coordenadas esféricas r = 5, θ = 60 o , φ = 30 o e r = 5, θ = 30 o , φ = 120 o . )
Determinar:
a) A distância entre os 2 pontos medida em linha reta;
b) A distância entre os 2 pontos medida ao longo da superfície esférica r = 5;
c) O ângulo entre as 2 linhas que se estendem da origem até os 2 pontos;
d) A área compreendida entre estas 2 linhas e o círculo de raio r = 5.
Respostas: a) AB = 5,32 unidades
unidades de comprimento; b) AB = 5,61 unidades de comprimento;
o
c) 64,34 = 1,123 rad, d) área = 14,04 unidades de área.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo I: ÁNÁLISE VETORIAL 8

1.11) Um círculo, centrado na origem, com raio de 2 unidades, situa-se situa se sobre o plano xy.
Determinar o vetor unitário, situado sobre o plano
plan xy, que é tangente ao círculo no ponto P
( )
3 , 1, 0 e está apontado no sentido de crescimento do eixo y:
(a) Em coordenadas cartesianas; (b) Em coordenadas esféricas.
1 3
Respostas: a) a = − a x + ay ; b) a = a φ
2 2

1.12) Determinar uma expressão para calcular a distância entre dois pontos P (ρ1, φ1, z1 ) e
Q (ρ2 , φ2 , z 2 ) em função das coordenadas cilíndricas dos pontos.

Resposta: d = ρ12 + ρ22 − 2ρ1ρ2 cos(φ 2 − φ1 ) + (z 2 − z1 )2

1.13) Demonstrar que cos α = sen θ cos φ , usando produtos escalares, sendo:
α = ângulo entre o versor a r (coord. esférica) e o versor a x (coord. cartesiana)
 

θ = ângulo entre o versor a z (coord. cartesiana) e o versor a r (coord. esférica)


 

φ = ângulo entre o versor a x (coord. cartesiana) e o versor a ρ (coord. cilíndrica).


 

Resposta: Sugestão: Observar que a r = a ρ sen θ + a z cos θ e que a r • a x = cos α ,


    

a ρ • a x = cos φ e a z • a x = 0
   
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 9

Capítulo II

LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO

2.1 – LEI DE COULOMB

Força de uma carga Q1 sobre uma carga Q2:

Q1Q 2
F2 = 2
a12 [N]
4πε o R 12

onde:
R 12 = vetor orientado de Q1 a Q2
a 12 = versor orientado de Q1 a Q2

Notas: O módulo de F2 depende dos valores das cargas pontuais, da distância entre elas e do meio.
Adota-se vácuo como o meio neste caso, e em todas as análises posteriores até o capítulo 5.
A orientação de F2 (ou sentido de F2 ) depende apenas dos sinais das 2 cargas pontuais.

2.2 – INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO

Força de uma carga pontual Q1 sobre uma carga de prova positiva QP situada num ponto P:
Q1Q P
FP = a1P
4πε o R 12P

Campo elétrico gerado pela carga pontual Q1 no ponto P (definição):

F Q1
E = P = a1P (Unidade: N/C ou V/m)
Q P 4πε o R 12P

Nota: A orientação do campo elétrico E depende apenas do sinal da carga que o produz (Q1).
Assim, as linhas de força do campo elétrico saem (ou divergem) das cargas positivas e
entram (ou convergem) para as cargas negativas.

Campo elétrico gerado por n cargas pontuais:

n Qm
E (r ) = ∑ a
2 m
[V/m]
m =1 4πε o r − rm

onde: Qm = m-ésima carga pontual


rm = posição da m-ésima carga pontual
r = posição do ponto onde se quer o campo
r − rm
am = = versor da m-ésima carga pontual
r − rm
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 10

2.3 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO VOLUMÉTRICA CONTÍNUA DE


CARGAS

dQ
Definindo ρ v = = densidade volumétrica de carga (em C/m3), temos que dQ = ρvdv.
dv
Assim a fórmula para calcular o campo elétrico num ponto P, no vácuo, de um volume de cargas é:

dQ
E=∫ aR [V/m] (FÓRMULA GERAL)
4πε o R 2

sendo:
a R = versor orientado de dQ ao ponto P (saindo)
R = distância de dQ ao ponto P
εo = permissividade elétrica do vácuo [F/m]

Nota: Genericamente: ρv dv = ρS ds = ρL dL = dQ, para volume → superfície → linha → ponto.

2.4 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO LINEAR CONTÍNUA DE CARGAS

dQ
Definindo ρ L = = densidade linear de carga (em C/m), temos que dQ = ρLdL.
dL

Demonstrar que a fórmula que fornece o campo elétrico num ponto P, no vácuo, devido a uma
filamento retilíneo ∞ com carga uniformemente distribuída (ver figura), é expressa por:

ρL
E= aρ
2πεoρ

sendo:
ρL = densidade linear de carga [C/m] (valor constante)
ρ = menor distância (direção normal) da linha ao ponto P [m]
a ρ = versor normal à linha orientado para o ponto P

Solução: Posicionando o eixo z sobre o filamento e o plano xy sobre


o ponto P para facilitar a solução (ver figura), temos:
dQ = ρ L dz
R = − za z + ρ a ρ e R = z 2 + ρ2 ⇒
R − za z + ρa ρ
aR = =
R z 2 + ρ2
Substituindo na fórmula geral acima obtemos:

E=∫
+∞ ρ L dz − z a z + ρa ρ +∞ (
ρ L dz − za z + ρa ρ)
(
z = −∞ 4πε z 2 + ρ 2 ) = ∫z = −∞ 3/ 2
= E z + Eρ
o
2
z +ρ 2
( 2
4πε o z + ρ 2
)
Por simetria E z = 0 .
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 11

Fazendo a substituição trigonométrica (ver triângulo ao lado):


z = ρ tgα
dz = ρ sec 2 α dα

e levando na expressão acima e desenvolvendo,

ρLρ + π / 2 ρ sec 2 α dα a ρ ρL π/2


E = Eρ =
4πε o ∫α = − π / 2 3 / 2
=
4 ∫ = −π / 2
cosα dα a ρ
2 2
(
ρ tg α + ρ 2 πε o ρ ) α

ρ ρ
E = E ρ = L [senα ]απ =/ 2− π / 2 a ρ = L [1 + 1]απ =/ 2− π / 2 a ρ
4πε o 4πε o

ρL
Daí chegamos finalmente a: E = E ρ = aρ
2πε o ρ

Logo, para uma linha ∞ com carga uniformemente distribuída, a magnitude de E é


inversamente proporcional à distância (ρ), e a direção de E é radial (normal) à linha.

2.5 – CAMPO ELÉTRICO DE UMA DISTRIBUIÇÃO SUPERFICIAL CONTÍNUA DE


CARGAS

dQ
Definindo ρ S= = densidade superficial de carga (em C/m2 ), temos que dQ = ρS dS.
dS

Demonstrar que a fórmula que fornece o campo elétrico num ponto P, no vácuo, devido a uma
superfície plana ∞ com carga uniformemente distribuída (ver figura), é expressa por:

ρs
E= an
2ε o
sendo:
ρS = densidade superficial de
carga [C/m2] (constante)
a n = versor normal ao plano
orientado para o ponto P

Solução:
Observando a figura temos:
dQ = ρ s dS = ρ s ρdρdφ
R − ρa ρ + za z
R = −ρa ρ + za z e R = ρ2 + z 2 ⇒ aR = =
R ρ2 + z 2
Substituindo na fórmula geral acima obtemos:
2π +∞ ρ s ρdρdφ − ρa ρ + za z
E=∫ ∫ (
φ = 0 ρ = 0 4πε ρ 2 + z 2
o ρ2 + z 2 )
E=∫
2π +∞ (− ρ ρ a
s
2
ρ )
+ ρ s ρza z dρdφ
φ = 0 ∫ρ = 0
= Eρ + E z
2 3/ 2
4πε o ρ + z ( 2
)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 12

Por simetria E ρ = 0 .
ρ s za z 2 π +∞ ρ dρ ρ s za z + ∞ ρ dρ
E = Ez = ∫
4πε o φ = 0
dφ ∫
ρ=0 3/ 2
= ∫
2ε o ρ = 0 ρ 2 + z 2 3/ 2
(
ρ2 + z 2 ) ( )
Fazendo a substituição trigonométrica (ver triângulo ao lado):
ρ = z tgα
dρ = z sec 2 α dα ,

e levando na expressão acima e desenvolvendo,

ρ s za z π / 2 z tgα z sec 2 α dα ρ s a z π / 2 tgα dα ρ s a z π / 2


2ε o ∫α = 0 z 2 tg 2 α + z 2 3 / 2 2ε o ∫α = 0 secα 2ε o ∫α = 0
E = Ez = = = senα dα
( )
ρs a z
E = Ez = [− cosα]απ /=20 = ρs [0 + 1]a z ⇒ E = Ez =
ρs
az
2ε o 2ε o 2ε o

ρs
De uma forma mais geral, fazendo a z = a n ⇒ E = En = an
2ε o
Logo, para o plano ∞ com carga uniformemente distribuída, a magnitude de E é
independente da distância (z) do plano a P, e a direção de E é normal ao plano.

2.6 – LINHA DE FORÇA E ESBOÇO DE CAMPO

Obtenção da equação da linha de força de E no plano xy:

Para um ponto na linha de força no plano xy, temos:


E = E x a x + E ya y
∆L = ∆x a x + ∆y a y

onde E // ∆L (2 vetores em paralelo)

Fazendo ∆L → dL , obtemos:
dL = dx a x + dy a y

Como, E ∝ dL , obtemos:

Ex Ey
=
dx dy
Logo, basta resolver esta equação diferencial para obter a equação da linha de força no plano xy.

Nota: Para uma linha de força de E no espaço tridimensional, obtém-se a expressão:

Ex Ey Ez
= = (Atenção: Resolve-se duas a duas, segundo as projeções em xy, yz e zx)
dx dy dz
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 13

2.7 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

2.1) Uma linha infinita possui uma distribuição de carga com densidade ρL = -100 [ηC/m] e está
situada no vácuo sobre a reta y = –5 [m] e z=0. Uma superfície plana infinita possui uma
distribuição de carga com densidade ρS = α/π [ηC/m2] e está situada no vácuo sobre o plano
z = 5 [m]. Determinar o valor da constante α para que o campo elétrico resultante no ponto
P(5,5,-5) não possua componente no eixo z.
Resposta: α = 4.

2.2) Dado um campo E(ρ, φ ) = E ρ (ρ, φ )aρ + E φ (ρ, φ)a φ em coordenadas cilíndricas, as equações
 

das linhas de força em um plano z = constante são obtidas resolvendo a equação diferencial:
Eρ Eφ = d ρ ρ d φ
a) Determinar a equação da linha de força que passa pelo ponto P(ρ = 2, φ = 30o, z = 0) para o

campo E = ρ sen 2φ aρ − ρ cos 2φ a φ .
 

b) Determinar um vetor unitário passando pelo ponto P(ρ = 2, φ = 30o, z = 0), que seja
paralelo ao plano z = 0 e normal a linha de força obtida no item anterior.
1  3 
Respostas: a) ρ 2 = 8 cos 2φ ; b) a = ± aρ + aφ  .

2 2 

2.3) Duas linhas infinitas de carga com mesmas densidades lineares uniformes ρL = k [ηC/m]
estão colocadas sobre o plano z = 0. As duas linhas se cruzam no ponto (-2, 1, 0), sendo que
uma é paralela ao eixo x e a outra paralela ao eixo y. Determinar exatamente em que posição
no plano z = 0 deverá ser colocada uma carga pontual Q = k [ηC] para que o campo elétrico
resultante na origem se anule.
 4 5 − 24 5 
Resposta: P ; ;0  .
 5 5 
 

2.4) Determinar a força que atua sobre uma carga pontual Q1 em P(0,0,a) devido à presença de
uma outra carga Q2, a qual está uniformemente distribuída sobre um disco circular de raio a
situado sobre o plano z=0.
Q 1Q 2
Resposta: F = ( )
⋅ 2 − 2 az
4πε o a 2

(
2.5) Seja um campo elétrico dado por E = 5e − 2 x sen 2 y a x − cos 2 y a y )
[V m] . Determinar:
a) A equação da linha de força que passa pelo ponto P(x=0,5; y=π/10; z=0);
b) Um vetor unitário tangente a linha de força no ponto P.

Respostas: a) cos 2 y = e 2 x −1, 212 ou x = 0,5 ln(cos 2 y + 0,606) ; b) a T = 0,5878a x − 0,8090a y .

2.6) O segmento reto semi-infinito, z ≥ 0, x = y = 0, está carregado com ρL = 15 nC/m, no vácuo.


Determine E nos pontos:
a) PA (0, 0, –1); b) PB (1, 2, 3)
Respostas: a) E A = −134,8a z [V/m]; b) E B = 48,6a x + 97,2a y − 36,0a z [V/m].
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo II: LEI DE COULOMB E INTENSIDADE DE CAMPO ELÉTRICO 14

2.7) Duas bolas dielétricas iguais de diâmetro bem pequeno, pesando 10 g cada uma, podem
deslizar livremente numa linha plástica vertical. Cada bola é carregada com uma carga
negativa de 1 µC. Qual é a distância entre elas, se a bola inferior for impedida de se mover?
Resposta: d = 300 [mm]

2.8) Duas cargas pontuais de +2 C cada uma estão situadas em (1, 0, 0) m e (-1, 0, 0) m. Onde
deveria ser colocada uma carga de –1 C de modo que o campo elétrico se anule no ponto (0,
1, 0)?
Resposta: Em (x = 0, y = 0,16 m, z = 0)

2.9) a) Uma carga com densidade uniforme ρL = K C/m


está distribuída sobre um pedaço de condutor
circular de raio r = 2 m, posicionado sobre o
plano y = 1 m, conforme mostra a figura abaixo.
Determinar o campo elétrico E resultante na
origem.
b) Repetir o item (a), supondo, porém, que toda a
carga seja concentrada no ponto (0,2,0).
−K 3 −K
Respostas: a) E = a y [V/m]; b) E = a y [V/m]
8πε o 12ε o

2.10) Uma carga é distribuída uniformemente, com densidade ρ s = 10 −9 (18π ) C/m2, sobre uma
lâmina retangular finita de 1 mm × 1 m, estando centrada na origem, sobre o plano z = 0, e
com os lados paralelos aos eixos x e y. Usando aproximações de senso comum, estimar o

valor do campo elétrico E nos seguintes pontos do eixo z:
(a) z = 0,001 mm; (b) z = 1 cm; (c) z = 100 m
0,1 10 −7
Respostas: a) E = 1a z [V/m]; b) E = a z [V/m]; c) E = a z [V/m]
π 2π

2.11) Quatro cargas pontuais, iguais a 3 µC localizam-se, no vácuo, nos quatro vértices de um
quadrado de 5 cm de lado. Determine o módulo da força que age em cada carga.
Resposta: 61,9 N

2.12) Uma carga pontual de 1 nC localiza-se na origem, no vácuo. Determine a equação da curva no
plano z = 0, para o qual Ex = 1 V/m.
3
(
Resposta: 80,8x 2 = x 2 + y 2 ) ou ρ = 2,998 cos φ

2.13) Três cargas pontuais Q, 2Q e 3Q ocupam respectivamente os vértices A, B e C de um


triângulo equilátero de lado l. Uma das cargas tem a máxima força exercida sobre ela e uma
outra tem a mínima força. Determinar a razão entre as magnitudes destas 2 forças.
Resposta: Razão = 1,82, sendo as magnitudes das forças máxima e mínima iguais,
respectivamente, a 7,94k e 4,36k, onde k = Q2/(4π εo l2)
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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 15

Capítulo III

DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA

3.1 – DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO ( D )

É o fluxo por área produzido por cargas livres e é independente do meio onde estas estão situadas.

dQ
Fórmula geral: D = εo E = ∫ aR (Unidade: C/m2)
2
4πR

onde dQ = ρL dL= ρsds = ρvdv, dependendo da configuração de cargas.

3.2 – A LEI DE GAUSS

“O fluxo elétrico (líquido) que atravessa qualquer superfície fechada é igual a carga total interna
envolvida por esta superfície”.
A expressão matemática é dada por:
Ψtotal = ∫ D.d S = Qinterna (Unidade: C)
S
onde,
Qinterna = ∫ ρ vdv (Nota: No SI: Ψtotal = Q int )
vol.

3.3 – APLICAÇÃO DA LEI DE GAUSS – GAUSSIANA

Gaussiana (def.): É uma superfície especial com as seguintes propriedades:


(i) É uma superfície fechada;
(ii) Em cada um de seus pontos D é tangencial ou D é normal. Assim,
se D⊥d S ⇒ D • d S = 0 ; (Neste caso D é tangencial à gaussiana)
se D // d S ⇒ D • d S = D dS (Neste caso D é normal à gaussiana)
(iii) Em todos os pontos onde D // d S , a magnitude de D é constante.

Cálculo de D , aplicando a lei de Gauss (e gaussiana), para os seguintes casos especiais:

a) Carga pontual Q

Para uma gaussiana esférica de raio R

∫Sgaussiana D • d S = Q int (Lei de Gauss)

Como D // d S e D = cte. em todos pontos da gaussiana


D (área da esfera) = Q
D 4πR2 = Q
Logo:
Q
D=
4πR 2
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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 16

Em forma vetorial:
Q
D= aR ( D é inversamente proporcional ao quadrado da distância)
4πR 2

b) Filamento retilíneo ∞ com ρ L = dQ dL = constante

Para uma gaussiana cilíndrica de raio ρ

∫Sgaussiana D • d S = Q int (Lei de Gauss)

D (área lateral do cilindro) = ρL L


D 2πρL = ρL L
Logo:
ρL
D=
2πρ

Em forma vetorial:
ρL
D= aρ ( D é inversamente proporcional à distância)
2πρ

c) Cabo coaxial ∞ com os condutores central (+Q) e externo (–Q) com ρs constante

Aplicando a lei de Gauss para uma gaussiana cilíndrica de raio ρ (ver figura),
∫ D • d S = Q int
Sgaussiana
temos as seguintes situações:
i) Se ρ < a ⇒ D = 0, pois a carga interna é nula
ii) Se ρ > b ⇒ D = 0, pois a carga interna líquida é nula (blindagem eletrostática)
iii) Se a < ρ < b (gaussiana tracejada) ⇒ D 2π ρ L = +Q
Q
Daí obtemos: D =
2πρL

Sendo a carga uniformemente distribuída, com densidade superficial de carga ρS no


condutor central, podemos re-aplicar a lei de Gauss, obtendo-se:
D 2π ρ L = ρS 2π a L

ρs a ρ L dQ Q Q ρ
D= = onde ρ s = = = = L
ρ 2πρ dS S 2πa L 2πa

sendo ρL a densidade linear de carga no condutor central.

Em forma vetorial:

ρ a ρ
D = s a ρ = L a ρ ( D é inversamente proporcional à distância)
ρ 2πρ

Nota: Observar a semelhança com a fórmula de D para a linha ∞, obtida acima.


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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 17

3.4 – DIVERGÊNCIA

Seja A um vetor qualquer expresso por:


A = A x a x + A ya y + A za z

aplicado ao vértice A(x,y,z) do pequeno volume retangular da figura acima dado por:
∆v = ∆x ∆y ∆z

Definindo divergência de um vetor A , ou div A , com notação matemática ∇ • A , como:

∇ • A = lim S
∫ A • dS
(Nota: O resultado desta operação é um escalar.)
∆v → 0 ∆v

onde ∇ representa o operador vetorial “nabla” ou “del”.

Para a superfície que envolve o pequeno volume retangular da figura acima temos:
∫ A • dS = ∫ + ∫ + ∫ + ∫ + ∫ + ∫ A • dS
S S ABCD S EFGH S ADHE S BCGF S ABFE S DCGH

Cálculo da 1a e da 2a integral do 2o membro (fluxo de A na direção x):


y + ∆y z + ∆z
∫ A • d S = ∫ A x ( x )a x • dS ABCD (−a x ) = − ∫ ∫ A x ( x ) dy dz ≅ − A x ( x ) ∆y ∆z
SABCD y=y z =z
y + ∆y z + ∆z
 ∂A X 
∫ A • dS = ∫ ∫ A x ( x + ∆x ) dy dz ≅ A x ( x + ∆x ) ∆y ∆z ≅  A x ( x ) +
 ∂x
∆x  ∆y ∆z

S EFGH y= y z=z

Somando estas duas integrais, obtemos o fluxo líquido de A na direção x como:


∂A x
∫ + ∫ A • d S ≅ ∂x ∆x ∆y ∆z
S ABCD S EFGH

Similarmente a estas duas integrais, obtemos os fluxos líquidos de A nas direções y e z como:
∂A y
∫ + ∫ A • d S ≅
∂y
∆x ∆y ∆z
SADHE S BCGF
∂A z
∫ + ∫ A • dS ≅
∂z
∆x ∆y ∆z
S ABFE S DCGH
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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 18

Somando as 3 expressões anteriores, obtemos o fluxo total líquido que sai do pequeno volume:
 ∂A x ∂A y ∂A z 
∫ A • d S ≅  ∂x + ∂y + ∂z  ∆x ∆y ∆z
S  

Substituindo esta última expressão na equação que define a divergência e simplificando, obtemos:
∂A x ∂A y ∂A z
∇•A = + +
∂x ∂y ∂z

Se A é substituído pelo vetor densidade de fluxo elétrico D e aplicado a definição de divergência:

∇ • D = lim S
∫ D • d S = lim ∆Q = dQ = ρ
v
∆v → 0 ∆v ∆v → 0 ∆v dv

Assim obtemos uma importante equação da eletrostática:


∇ • D = ρv (1a equação de Maxwell da eletrostática)

onde ρv representa a fonte de fluxo (divergência) de D .

Notas:
∇ • D > 0 ⇒ A região é fonte de fluxo ou a carga líquida da região é positiva.
∇ • D < 0 ⇒ A região é sorvedoura de fluxo ou a carga líquida da região é negativa.
∇ • D = 0 ⇒ A região não é fonte nem sorvedoura de fluxo ou a carga líquida é nula.

3.5 – TEOREMA DA DIVERGÊNCIA


Da lei de Gauss, temos que: S D • d S = Qint

Mas, sabemos que: Qint = ∫ ρ v dv


vol
E também: ρv = ∇ • D

Logo, juntando todas as expressões, obtemos:

∫ D • d S = ∫ ∇ • D dv (Teorema da divergência de Gauss)


S vol
sendo S a área que envolve o volume vol, ou vol o volume envolvido pela área S.

Notas:
1. O teorema da divergência pode ser aplicado a qualquer campo vetorial.
2. O operador vetorial ∇ é somente definido em coordenadas cartesianas pela expressão:
∂ ∂ ∂
∇= ax + ay + az
∂x ∂y ∂z
Logo, não existe uma expressão para ∇ em coordenadas cilíndricas, nem em esféricas.
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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 19

3.6 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

3.1) Seja ρV = α / r [C/m3] de r = 0 a r = R em coordenadas esféricas. Determinar D em todo o


espaço.

2α r 2 2α R 2 R
Resposta: D = a r [C/m ] para 0 < r < R e D = a r [C/m2] para r ≥ R .
5 2
5r

3.2) Uma carga com densidade linear uniforme ρL = k [ηC/m] está distribuída sobre o semi-eixo
positivo de z. No plano z = 0, uma outra carga com densidade superficial ρS = k/(2πρ)
[ηC/m2] é distribuída. Determinar o fluxo elétrico total que atravessa o cilindro ρ = a [m],
cujas bases estão situadas sobre os planos z = a e z = – a (a > 0).
Resposta: ΨT = 2k a [ηC ].

3.3) O plano z=0 contém uma distribuição superficial uniforme de carga com ρS = 10 [ηC/m2].
Determinar a quantidade de linhas de fluxo que atravessa o triângulo formado pelos pontos A
(0,2,0), B (2,0,2) e C (–2,0,2).
Resposta: Ψ = 20 [ηC ].

3.4) Determinar o fluxo elétrico líquido total que sai da porção de um cilindro definido por:
0 ≤ ρ ≤ 2, 0 ≤ φ ≤ π/2, 0 ≤ z ≤ 3, devido as seguintes condições:
a) uma carga distribuída no interior da porção do cilindro com densidade volumétrica de
carga dada por ρv = 4xyz2 [C/m3], sendo que ρv = 0 no exterior da porção de cilindro.
b) a mesma quantidade de carga do item anterior, porém sendo toda ela concentrada na
origem.
Respostas: a) 72 [C]; b) 9 [C].

3.5) Seja ρ v = 6 x 2 [µC/m3] na região – 1≤ x ≤ 1 [m] e ρ v = 0 fora desta região. Determinar:


a) A densidade de fluxo elétrico D na região 0 ≤ x ≤ 1 [m];
b) A densidade de fluxo elétrico D na região x > 1 [m];
c) A densidade de fluxo elétrico D na região –1 ≤ x ≤ 0 [m];
d) A densidade de fluxo elétrico D na região x < -1 [m].

Respostas: a) D = 2x 3 a x [µC/m2]; b) D = 2 a x [µC/m2]; c) D = 2x 3 a x [µC/m2];


d) D = −2 a x [µC/m2].

3.6) Determinar o fluxo total que atravessa um cubo de lado a = 1 [m], centrado na origem e
arestas paralelas aos eixos coordenados para cada uma das seguintes situações:
a) Uma carga pontual Q = 20 [ηC] situada na origem;
b) Uma linha infinita de cargas com densidade ρL = 20 [ηC/m] situada sobre o eixo x.
Repetir a questão e calcular o fluxo que atravessa a face superior do cubo nas duas situações.
10
Respostas: a) ΨT = 20 [ηC ]; b) ΨT = 20 [ηC ] e a) ΨT = [ηC ]; b) ΨT = 5 [ηC ].
3
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Capítulo III: DENSIDADE DE FLUXO ELÉTRICO, LEI DE GAUSS E DIVERGÊNCIA 20

3.7) Seja ρ v = 8z(1 − z ) [C/m3] para 0 < z < 1, ρ v = 8z(1 + z ) [C/m3] para – 1 < z < 0 e
ρ v = 0 para o restante do espaço. Determinar D em todo o espaço usando a Lei de Gauss.

Respostas: D = 0 para z ≤ –1, D =


4
3
( )
⋅ 2z 3 + 3z 2 − 1 a z [C/m3] para –1 < z < 0,

D=
4
3
( )
⋅ − 2z 3 + 3z 2 − 1 a z [C/m3] para 0 < z < 1, D = 0 para z ≥ 1.

3.8) Determinar o quantidade de fluxo elétrico devido a uma carga pontual Q na origem que passa
através das superfícies esféricas definidas por:
a) raio = r, estendendo de θ = 30o a θ = 60o, e de φ = 0o a φ = 360o;
b) raio = 2r, estendendo de θ = 0o a θ = 90o, e de φ = 0o a φ = 90o.
Respostas: a) ψ = [( ) ]
3 − 1 / 4 Q = 0,183 Q ; b) ψ = Q/8

3.9) Seja uma distribuição de carga no espaço onde ρV = K/r C/m3 para r < 2R e ρV = 0 para
r > 2R, sendo K uma constante positiva.
a) Determinar a carga total contida dentro da esfera de raio r = R;
b) Determinar a densidade de fluxo elétrico que sai da superfície esférica r = R.
K
Respostas: a) Qint . = 2πKR 2 ; b) D = ar
2

3.10) Uma carga pontual Q =24π µC está localizada na origem, uma carga de densidade ρs1 = −24
µC/m2 está distribuída na superfície esférica r = a = 0,5 m, e uma carga de densidade
ρs 2 = 24 µC/m2 está distribuída na superfície esférica r = b = 1 m.
Determinar D em todas as regiões.
6
Resposta: D= 2
a r µC/m2 para r < 0,5 m; D = 0 para 0,5 ≤ r < 1 m;
r
24
D= 2
a r µC/m2 para r ≥ 1 m
r

3.11) Uma linha infinita de carga uniformemente distribuída com densidade ρ L = 1 C / m está
colocada sobre o eixo y. Determinar o fluxo elétrico total que atravessa as seguintes
superfícies:
(a) a porção do plano z = 1 m, limitada por –1 < x < 1 m e –1 < y < 1 m;
(b) a esfera de raio r = 1 m, centrada na origem.
Respostas: a) ψ = 0,5 C; b) ψ = 2 C.

3.12) a) Calcular a carga total em todo o espaço se a densidade volumétrica de carga é expressa em
coordenadas esféricas como ρ v = 1 /( r 3 + a 3 ) 2 , sendo a uma constante.
b) Qual é o raio da esfera, centrada na origem, com densidade volumétrica de carga constante,
ρ v = 8 , que contém a mesma carga total do item anterior.
4π 1
Respostas: a) Q T = ; b) r = .
3a 3 2a
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 21

Capítulo IV

ENERGIA E POTENCIAL
4.1 – ENERGIA (TRABALHO) PARA MOVER UMA CARGA PONTUAL EM UM
CAMPO ELÉTRICO

Observando a figura, e adotando a L como um vetor unitário na direção de dL , tem-se:


( ) ( )
dW = Faplicada . dL = − FE L . dL = − FE . a L a L . dL = − FE . a L dL = − FE . dL

Substituindo FE = QE , chega-se a:
dW = −QE .dL

Integrando, obtém-se o trabalho (energia) necessário para mover uma carga Q desde o início (ponto
B) até o final (ponto A) de uma trajetória, sob a ação do campo elétrico E , dado por:
Final ( A )
W = −Q ∫ E .d L
Início ( B)

onde ∫ E.dL = 0 , pois o trabalho do campo eletrostático


depende apenas das posições inicial e final da trajetória.

Nota: Na eletrostática, o campo elétrico é conservativo.

4.2 – DEFINIÇÃO DE DIFERENÇA DE POTENCIAL (VAB) E POTENCIAL (V)

A diferença de potencial VAB entre 2 pontos A e B é definida como sendo o trabalho necessário
para movimentar uma carga pontual unitária positiva desde B (tomado como referência) até A.

VAB =
W
⇒ VAB = −∫BAE.dL (FÓRMULA GERAL)
Q

Como o campo elétrico E é conservativo (na eletrostática), tem-se, para 3


pontos A, B e C:
VAB = VAC – VBC

Os potenciais “absolutos” VA e VB são obtidos adotando-se uma mesma


referência zero de potencial. Se, por exemplo, VC = 0, pode-se escrever VAB = VA – VB

4.3 – O POTENCIAL DE UMA CARGA PONTUAL

Supondo-se a carga na origem, tem-se, aplicando a fórmula geral:


A rA Q
VAB = − ∫ E.dL = − ∫ a .dr a r
B rB 4πε r 2 r
0

Q  1 1
VAB =  −  = VA − VB
4πε0  rA rB 
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Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 22

Q
Se B → ∞ ⇒ VB → 0 ⇒ VA = (potencial absoluto)
4πε0 rA

Escrevendo de forma genérica, o potencial absoluto devido a uma carga


pontual Q fora da origem é:

Q
V=
4πε0 R

sendo R a distância da carga pontual Q ao ponto desejado.

4.4 – O POTENCIAL DE UM SISTEMA DE CARGAS DISTRIBUÍDAS

Para uma carga distribuída, com referência zero no infinito:

dQ
V=∫ 4πε0R

onde: dQ = ρL dL= ρsds = ρvdv, dependendo da configuração


de cargas,
R = R = r − r ′ = distância (escalar) de dQ ao ponto
fixo P onde se quer obter V

4.4.1 – VAB de uma reta ∞ com ρL constante

Partindo de VAB = −∫B E.dL , obtemos:


A

ρ A ρL
VAB = − ∫ a .dρ aρ
ρB 2πε ρ ρ
0

ρL ρ
VAB = ln B
2πε0 ρA

4.4.2 – VAB de um plano ∞ com ρs constante

Partindo de VAB = −∫B E.dL , obtemos:


A

z A ρs
VAB = − ∫ a z .dz a z
z B 2ε
0

ρs
VAB = ( zB − zA )
2ε 0
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Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 23

4.5 – GRADIENTE DO POTENCIAL ( ∇ V )

O gradiente de uma função escalar (ex. V) é


definido matematicamente por:

dV
∇V = aN (resultado = vetor)
dN

onde dV, dN e a N são mostrados na figura.




dV dV 
∇V = aN = a N = Ga N = G
dN dL cos θ
 
Daí, GdL cos θ = dV ⇒ G • dL = dV
onde:

G = G x a x + G ya y + G za z = G a N
  

dL = dx a x + dy a y + dz a z = dL a L
∂V ∂V ∂V
dV = dx + dy + dz
∂x ∂y ∂z
sendo:

dL = vetor comprimento diferencial medido numa direção qualquer,
dN = dLcosθ = menor distância entre as 2 superfícies equipotenciais V1 e V2.

Assim, obtemos a expressão do gradiente em coordenadas cartesianas:


  ∂V  ∂V  ∂V 
G = ∇V = ax + ay + az
∂x ∂y ∂z

Propriedades do gradiente de uma função escalar V:

a) ∇ V é normal a V
b) ∇ V aponta no sentido do crescimento de V

Logo ∇ V é um vetor que dá a máxima variação no espaço de uma quantidade escalar (módulo do
vetor) e a direção em que este máximo ocorre (sentido do vetor).

Se V = função potencial elétrico, então:

E = −∇V ( E está apontado no sentido decrescente de V).

Exemplo: Utilizando gradiente, determinar a expressão de E para uma carga pontual na origem.

Q
Solução: O potencial de uma carga pontual na origem (no vácuo) é: V =
4πε 0 r
Tomando o gradiente de V, em coordenadas esféricas, sabendo-se que V = f(r):
∂V  Q  −1    Q 
E ar

e fazendo E = −∇V ⇒ E = − a = − a
 2 r ⇒ =
4πε0r 2
r
∂r 4πε0  r 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 24

4.6 – O DIPOLO ELÉTRICO

É um sistema com 2 cargas pontuais iguais e simétricas (figura c) bem próximas tal que d < < r,
sendo d a distância (separação) entre as cargas e r a distância do centro do dipolo a um ponto P
desejado.

Cálculo do potencial no ponto P devido ao dipolo na origem:


+Q −Q
VP = +
4πε 0 r1 4πε0 r2
Q 1 1
VP =  − 
4πε 0  r1 r2 
Q  r2 − r1 
VP =  
4πε 0  r1r2 

Sendo d << r, fazemos r2 − r1 ≅ d cosθ e r1r2 ≅ r 2 . Daí,


Qd cos θ
Vp =
4πε0 r 2

Campo elétrico no ponto P devido ao dipolo elétrico na origem:

Qd
E= ( 2 cos θar + sen θaθ ) (obtido de E = − ∇ V )
4πε0 r 3

Definindo momento de dipolo elétrico como p = Qd , onde d é o vetor cuja magnitude é a


distância entre as cargas do dipolo e cuja direção (e sentido) é de –Q para +Q:

p . ar
Vp =
4πε0 r 2

Notas:
a) Com o aumento da distância, o potencial e o campo elétrico
caem mais rápidos para o dipolo elétrico do que para a carga
pontual.
b) Para o dipolo elétrico fora da origem, o potencial é dado por:
p . aR
Vp =
4πε0 R 2

onde:
a R = versor orientado do centro do dipolo ao ponto desejado;
R = distância do centro do dipolo ao ponto desejado.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 25

4.7 – ENERGIA NO CAMPO ELETROSTÁTICO

4.7.1 – Energia (trabalho) para uma distribuição discreta de cargas

WE = trabalho total para trazer 3 cargas Q1, Q2, Q3 do ∞ e fixá-las nos pontos 1, 2, 3, nesta ordem:

WE =W1 + W2 + W3
WE = 0 + Q2 V2,1 + Q3 V3,1 + Q3 V3,2 (i)

Nota: V2,1 = potencial no ponto 2 devido à carga Q1 no ponto 1 (V2,1 ≠ V21)

Se as 3 cargas forem fixadas na ordem inversa, isto é, fixando Q3, Q2, Q1, nos pontos 3, 2, 1, temos:
W E = W3 ’ + W 2 ’ + W1 ’
WE = 0 + Q2 V2,3 + Q1 V1,2 + Q1 V1,3 (ii)

(i) + (ii): 2WE = Q1 V1 + Q2 V2 + Q3 V3


1
WE = (Q 1 V1 + Q 2 V2 + Q 3 V3 )
2

1 N
Para N cargas: WE = ∑ Q i Vi
2 i =1
[J]

4.7.2 – Energia (trabalho) para uma distribuição contínua de carga

Para uma região com distribuição contínua de carga, substituímos Qi da fórmula acima pela carga
diferencial dQ = ρvdv e a somatória se transforma numa integral em todo o volume de cargas.
1
WE = ∫ ρ v Vdv [J]
2 vol

Pode-se demonstrar que o trabalho pode ser também expresso em função de D e/ou E como:

1 1 2 1 D2
WE = ∫ D • E dv
2 vol
ou WE = ∫ ε0E dv
2 vol
ou WE = ∫ ε0 dv
2 vol

Nota: A densidade de energia do campo elétrico no vácuo pode ser obtida pelas expressões:
dWE 1 1 2 1 D2
= D • E = ε0 E = [J/m3]
dv 2 2 2 ε0
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Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 26

Ex. 1 Calcular a energia WE armazenada num pedaço de cabo coaxial de comprimento L e


condutores interno e externo de raios a e b, respectivamente, supondo que a densidade
superficial de carga uniforme no condutor interno é igual a ρs.

Supondo uma gaussiana cilíndrica no interior do dielétrico (vácuo) de raio a < ρ < b, e
aplicando a lei de Gauss ( ∫ D • d S = Q int ), obtemos:
S
ρ a
D 2πρL = ρ s 2πaL ⇒ D = s
ρ
Substituindo na equação de energia obtida acima:
1 D2
WE = ∫
1
dv = ∫
L 2π b
( ρs a / ρ )2 ρdρdφdz
2 vol ε0 2 z =0 ∫ ∫ ε0
φ=0 ρ=a

1 ρs2 a 2
WE = [lnρ]ba 2πL
2 ε0

Daí, obtemos finalmente:


πa 2 L ρs2 b
WE = ln
ε0 a

Ex. 2 Calcular a energia WE armazenada num capacitor de placas paralelas no vácuo, sendo V a
diferença de potencial entre as placas iguais de área S e separadas por uma distância d.
Supor o campo elétrico entre as placas uniforme desprezando os efeitos de bordas.

Da equação de energia obtida acima, e sabendo que V = E d, obtemos:


2
1 ε V 1 ε 0S 2
WE = ∫ ε0 E 2dv = 0   ∫ dv ⇒ WE = V
2 2d 2 d

Tomando a expressão da capacitância do capacitor de placas


paralelas ideal (cap. 5), teremos:
1 εS
WE = CV 2 onde C = 0
2 d

4.8 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

4.1) Três cargas pontuais idênticas de carga Q são colocadas, uma a uma, nos vértices de um
quadrado de lado a. Determinar a energia armazenada no sistema após todas as cargas serem
posicionadas.
Q2
Resposta: WE =
8πε o a
(
⋅ 4 + 2 [J]. )
4.2) Seja uma carga distribuída ao longo da porção |z| < 1 m do eixo z, com densidade linear de
carga ρL = kz [ηC/m]. Determinar:
a) O potencial em um ponto qualquer sobre o plano z = 0;
b) O potencial em um ponto do eixo z situado a uma altura h = 2 m do plano z = 0.
Respostas: a) VA = 0; b) VB = 1,775 [kV].
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Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 27

4.3) Um quadrado de vértices A(0,0,0), B(0,1,0), C(1,1,0) e D(1,0,0), possui uma distribuição
linear uniforme de carga com densidade ρL = 10 [pC/m] ao longo do lado AB, uma carga
pontual Q1 = 1 [pC] no vértice C, uma carga pontual Q2 = -10 [pC] no vértice D. Determinar,
no centro P do quadrado:
a) O potencial elétrico devido a cada uma das três cargas;
b) O potencial elétrico total devido às três cargas.

Respostas: a) VP1 = 0,0127 [V], VP2 = – 0,127 [V], VL = 0,1584 [V]; b) VPT = 0,044 [V].

4.4) Um campo elétrico é dado em coordenadas cilíndricas por: E = 100 a ρ  V 



ρ2  m 
Conhecidos os pontos A(3,0,4), B(5,13,0) e C(15,6,8), expressos em coordenadas cartesianas,
determinar:
a) A diferença de potencial VAB;
b) O potencial VA se a referência zero de potencial está no ponto B;
c) O potencial VA se a referência zero de potencial está no ponto C;
d) O potencial VA se a referência zero de potencial está no infinito.

Respostas: a) VAB = 26,15 [V]; b) VA = 26,15 [V]; c) VA = 27,14 [V]; d) VA = 33,33 [V].

4.5) Uma superfície esférica no espaço livre, definida por r = 4 cm, contém uma densidade
superficial de carga de 20 [µC/m2]. Determinar o valor do raio rA,, em centímetros, se a região
compreendida entre as esferas de raios r = 6 cm e r = rA contém exatamente 1 mJ de energia.

Resposta: rA = 6,54 [cm].

4.6) O campo potencial no vácuo é expresso por V = k/ρ.


a) Determinar a quantidade de carga na região cilíndrica a < ρ < b e 0 < z < 1.
b) Determinar a energia armazenada na região cilíndrica a < ρ < b e 0 < z < 1.

1 1 1  1 1 
Respostas: a) Q = 2πε o k ⋅  −  ; b) WE = πε o k 2 ⋅  − .
b a 2 2 2
a b 
4.7) Uma linha de cargas uniforme de 2 m de comprimento com carga total de 3 nC está situada
sobre o eixo z com o ponto central da linha localizado a +2 m da origem. Num ponto P sobre
o eixo x, distante +2 m da origem, pede-se:
a) Determinar o potencial elétrico devido a linha de cargas;
b) Determinar o potencial elétrico se a carga total for agora concentrada no ponto central da
linha;
c) Calcular e comentar sobre a diferença percentual entre os dois valores de potencial obtidos.
Respostas: a) VPL = 9,63 V;
b) VPQ = 9,55 V;
c) (VPQ – VPL)x100%/VPQ = -0,83 %
Uma carga concentrada produz um potencial menor do que esta mesma carga
distribuída, caso sejam iguais as distâncias dos centros destas cargas ao ponto
desejado.

4.8) Uma carga Q0 = +10 µC está colocada no centro de um quadrado de lado 1 m e vértices A, B,
C, D. Supondo o meio o vácuo, determinar o trabalho necessário para:
a) Mover a carga QA = +10 µC do infinito até fixá-la no vértice A do quadrado;
b) Mover também a carga QB = –20 µC do infinito até fixá-la no vértice B do quadrado;
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IV: ENERGIA E POTENCIAL 28

c) Finalmente mover também a carga QC = +30 µC do infinito até fixá-la no vértice C do


quadrado.
Respostas: a) WA = 1,271 J; b) WB = –4,340 J; c) WC = 0,327 J.

4.9) a) Determinar o potencial VP no ponto P(2, 0, 0) devido a uma carga total Q = 2 nC


distribuída uniformemente ao longo do eixo y, de y = 0 até y = 2 m.
b) Supondo que a mesma carga total Q = 2 nC seja agora concentrada num ponto, determinar
em que posição esta deverá ser colocada ao longo do eixo y para produzir o mesmo
potencial VP no ponto P(2, 0, 0) obtido no item (a).
Respostas: a) VP = 7,9324 V;
b) y = ± 1,072 m.

4.10) a) Determinar a fórmula para o cálculo da diferença de potencial entre 2 pontos quaisquer A
e B devido a uma carga pontual Q, no vácuo. (Supor a carga na origem.)
b) Determinar a fórmula para o cálculo da diferença de potencial entre 2 pontos quaisquer A
e B devido a uma carga distribuída uniformemente numa linha infinita com densidade ρL,
no vácuo.
c) Uma carga com densidade linear constante ρL está distribuída sobre todo o eixo z e uma
carga pontual Q está localizada no ponto (1, 0, 0). Sejam os pontos A(4, 0, 0), B(5, 0, 0)
e C(8, 0, 0). Se VAB = VBC = 1 volt, determinar os valores numérico de ρL e de Q. O
meio é o vácuo.

Q  1 1
Respostas: a) VAB =  −  ;
4πε o  rA rB 
ρ ρ
b) V AB = L ln B ;
2πε o ρ A
c) ρ L = −86,81 pC/m; Q = 1800,04 pC

( )
4.11) Sabendo-se que V = 2x 2 y + 20z − 4 ln x 2 + y 2 V, no vácuo, determine o valor das seguintes
grandezas no ponto P(6; -2,5; 3):
a) V; b) E ; c) D ; d) ρv.

Respostas: a) VP = −135 [V]; b) E P = 61,1a x − 72,5a y − 20a z [V/m];


c) DP = 541a x − 642a y − 177a z [pC/m2]; d) ρ v = 88,5 [pC/m3].

4.12) Um dipolo p1 = 20a z nC.m, localiza-se na origem, no vácuo, e um segundo dipolo


p2 = −50a z nC.m localiza-se em (0, 0, 10).
Determine V e E no ponto médio entre os dipolos.

Resposta: VM = 25,2 [V]; E M = −4,32a z [V/m].


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 29

Capítulo V

CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA

5.1 – CORRENTE (I) E DENSIDADE


DENSI DE CORRENTE ( J )

A corrente elétrica (convencional) representa o movimento de cargas positivas e é expressa por:


dQ
I= >0 (Unidade de corrente: C/s ou A)
dt

A densidade de corrente de convecção J (uma grandeza vetorial) representa o movimento de um


volume (nuvem) de cargas com densidade volumétrica ρv (em C/m3) numa velocidade v (em m/s).
J = ρvv (Unidade de densidade de corrente: A/m2)

Para um condutor com m densidade de carga dos elétrons ρv = ρe, onde os elétrons se deslocam com
velocidade de arrastamento (“drift speed”) v = v d = −µ e E (µe = mobilidade dos elétrons), tem-se:
tem
J = ρ e v d = ρ e (− µ e E ) = (− ρ e µ e ) E

Definindo σ = −ρ e µ e como condutividade do condutor (em S/m), obtemos finalmente:

J=σE → densidade de corrente de condução (Forma pontual da Lei de Ohm)

A tabela a seguir mostra as expressões para cálculo da condutividade σ de vários meios. Observe
O
que o sinal menos é compensado pelo valor negativo da densidade volumétrica de carga negativa.

Meio Condutividade σ [S/m]


Líquido ou gás σ = – ρ– µ– + ρ+ µ+
Condutor σ = – ρe µe
Semicondutor σ = – ρe µe + ρh µh
µ = mobilidade da carga (sempre +) [m2/(V s)]
ρ = densidade volumétrica de carga (±) [C/m3]
h → lacuna ou buraco (do inglês “hole”)
e → elétron

Relação entre corrente e densidade de corrente (ver figura):

A corrente dI que atravessa uma área dS é dada por (ver figura):


dI
dI = J N dS (de onde tem-se:
tem JN = )
dS
dI = J cos θ dS = J dS cos θ
dI = J • d S

Daí, I = ∫s J • d S
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 30

5.2 – CONTINUIDADE DA CORRENTE


CORR

A corrente através de uma superfície fechada (fluxo de cargas positivas para fora da superfície) é
igual a razão do decréscimo de cargas positivas (ou acréscimo de cargas negativas) no interior da
região – princípio da continuidade. Matematicamente, expressamos como:

dQi
I = ∫s J • d S = − (Forma integral da equação da continuidade)
dt

dQ i
onde + = razão (taxa) de acréscimo (incremento) de cargas no tempo dentro da superfície.
dt

ivergência à expressão acima, obtemos:


Aplicando o teorema da divergência

∂ρ v
∇•J =− (Forma pontual da equação da continuidade)
∂t

“A corrente ou carga por segundo que sai (diverge) de um pequeno volume é igual a razão
de decréscimo de carga por
p unidade de volume em cada ponto.”

5.3 – CONDUTORES METÁLICOS – RESISTÊNCIA (R)

Definição de resistência de um condutor qualquer:

a
Vab − ∫b E • dL
R= = [Ω] (parâmetro positivo)
I ∫sσE • d S

Para um condutor que possui seção reta uniforme (condutor


cilíndrico da figura, com área S e comprimento  ):
0
Vab − ∫ E • dL E 
R= = = ⇒ R=
I ∫sσE • d S σE S σS

Exemplo: Calcular R para o condutor em forma de cunha da figura, para J (ou I) no sentido radial.

I I k J k
J= = = ⇒E= = aρ
S ρφh ρ σ σρ
ρ
k k  b ρ 
ρ
∫ρab dρ  σ ln ρ  ln b 
ρ
=  a 
σρ ρa
R= =
h φ k kφh σφh
∫0 ∫0 ρdφdz
ρ
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 31

5.4 – O MÉTODO DAS IMAGENS

Aplicação: Na solução de problemas envolvendo um plano condutor aterrado pela substituição


deste por uma superfície equipotencial mais as cargas imagens, como ilustra a figura.

Exemplo: Calcular o campo elétrico E no ponto P(0,1,1) m, para a configuração mostrada abaixo.

Aplicando o método das imagens, temos:


E = E1 + E 2

onde E1 e E 2 são os campos no ponto P


devido, respectivamente, a carga objeto
(carga original) e a carga imagem.
Assim,

Q1 Q2
E= a R1 + a R2
4πε o R 12 4πε o R 22
onde:
a R1 = R 1 / R 1 , sendo R 1 = a y − a z o vetor distância orientado de Q1 = Q a P,
a R 2 = R 2 / R 2 , sendo R 2 = a y + 3a z o vetor distância orientado de Q2 = –Q a P.

Substituindo os valores, temos:


10 × 10 −9 a y − a z − 10 × 10 −9 a y + 3a z
E= +
10 −9 2 10 −9 10
4π 2 4π 10
36π 36π
90 90
E= (
ay − az − ) ( ) ( )
a y + 3a z = 31,82 a y − a z − 2,85 a y + 3a z ( )
2 2 10 10

Daí: E = 28,97a y − 40,35a z [V/m] (Nota: Conferir o sentido de E na figura)


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 32

5.5 – A NATUREZA DOS MATERIAIS


MATER DIELÉTRICOS – POLARIZAÇÃO (P)

Polarização P é definido como sendo o momento elétrico total por unidade de volume, isto é:

1 n∆v p
P = lim ∑ pi = lim total (Unidade: C/m2 – mesma unidade de D )
∆v → 0 ∆v i =1 ∆v → 0 ∆v

onde n é o número de dipolos elétricos por unidade de volume ∆v


A lei de Gauss relaciona a densidade de fluxo elétrico D com a carga elétrica livre, Q, isto é:

Q = ∫ D • dS (
(Nota: D sai ou diverge da carga livre positiva)
positiva

Por analogia, pode-se


se também relacionar o campo P com uma carga, QP, que produz este campo,
sendo esta carga chamada de carga de polarização.

QP = − ∫ P • dS (
(Nota: P sai ou diverge da carga de polarização negativa)

A lei Gauss em termos da carga total, QT, (lei de Gauss generalizada) é expressa
ressa por:

QT = ∫ εo E • dS

onde:
QT = Q + QP = soma da carga livre com a carga de polarização
εo = 8,854×10-12 = permissividade elétrica do vácuo (unidade: F/m)

Substituindo as cargas pelas suas expressões com integrais, obtemos a seguinte expressão geral que
relaciona os 3 campos D , E e P , para qualquer tipo de meio:

D = εo E + P (Nota: No vácuo P = 0 )

Para um material linear, homogêneo e isotrópico (mesma propriedade em todas as direções) tem-se:
tem

P = χeεo E [C/m2]

sendo χe é a suscetibilidade elétrica do material (constante adimensional, χ lê-se “csi”). Esta


constante é relacionada com a permissividade elétrica relativa (ou constante dielétrica) do material,
εR, (grandeza também adimensional) através da expressão:
χe = εR − 1

Combinando estas 3 últimas equações obtém-se:


obtém

D = εE
onde:
ε = εR εo

sendo ε a permissividade elétrica absoluta do material, dada em F/m.


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 33

Relações usando as densidades volumétricas de carga livre, ρv (ou simplesmente ρ), de carga de
polarização, ρP, e de carga total, ρT:

Q = ∫v ρ v dv ∇ • D =ρv
Q P = ∫v ρ P dv ∇ • P = −ρ P
Q T = ∫v ρ T dv ∇ • ε o E = ρT

5.6 – CONDIÇÕES DE CONTORNO


CONTORN PARA MATERIAIS DIELÉTRICOS
LÉTRICOS PERFEITOS

Condição de contorno para as componentes tangenciais:


Para o pequeno percurso fechado retangular da figura, pode-se
pode aplicar:
∫ E • dL = 0 (válida para o campo E conservativo)
retângulo

Fazendo ∆h → 0 (tendendo a fronteira), obtemos:


E t1 ∆L − E t 2 ∆L = 0 ⇒ E t1 = E t 2 ⇒ E t1 = E t 2 (Et é contínuo)

Condição de contorno para as componentes normais:


Para o pequeno cilindro da figura, pode-se
pode aplicar:
∫ D • d S = Q interna (Lei de Gauss)
cilindro

Fazendo ∆h → 0 (tendendo ndo a fronteira), obtemos:


(i) Para a fronteira com carga (ρ( S ≠ 0):
D n1 ∆S − D n 2 ∆S = ρ S ∆S ⇒ D n1 − D n 2 = ρ S (Neste caso Dn é descontínuo)

(ii) Para a fronteira sem carga (ρ


( S = 0):
D n1 = D n 2 (Neste caso Dn é contínuo)

Relação de contorno se o meio 2 for um condutor perfeito (σ2 → ∞ ⇒ E2 = D2 = 0):

Componentes tangenciais: E t1 = 0 ⇒ D t1 = 0 (as comp. tangenciais se anulam)


Componentes normais: D n1 = ρ s ⇒ E n1 = ρ s / ε1 (existem somente comp. normais)
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Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 34

5.7 – CAPACITÂNCIA

Qualquer dispositivo formado por 2 condutores


condutor separados por um dielétrico
forma um capacitor (figura) cuja capacitância é definida como:

Q ∫ εE • d S
C= = s [F] (parâmetro positivo)
Vo − ∫ + E • dL

5.8 – EXEMPLOS DE CÁLCULO DE CAPACITÂNCIA

Análise do capacitor de placas planas paralelas:


S
Q ∫ ε Ea z • dSa z εES εS
C= = 0 = ⇒ C=
Vo − ∫ 0 Ea z • dza z − E(0 − d ) d
d

Observe também as fórmulas:


Vo = Ed
Q
D = εE = = ρ S
S
onde os campos E e D são considerados constantes no dielétrico do capacitor ideal.

Ex. 1: Carrega-se
se um capacitor de placas planas
planas paralelas no espaço livre com uma fonte de tensão
constante. Desconsiderando os efeitos de bordas (capacitor ideal), determinar as variações
instantâneas sofridas por: WE, D, E, C, Q, V, e ρs, quando:
a) O espaço livre entre as placas é substituído por um dielétrico com εR = 3;
b) A fonte de tensão é removida com as placas afastadas tal que d2 = 3d1.

Solução do caso 1(a) – ver figura abaixo:

V2 = V1 = V (mesma fonte de tensão)


E2 = E1 (E = V/d)
D2 = 3 D1 (D = εR ε0 E)
C2 = 3 C1 (C = εR ε0 S/d)
ρS2 = 3 ρS1 (ρS = DN = D)
Q2 = 3 Q1 (Q = ρS S)
W 2 = 3 W1 (W = (1/2) C V2 ou W = (1/2) εRε0 E2 vol)
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Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 35

Solução do caso 1(b) – ver figura abaixo:

Q2 = Q1 (fonte de tensão removida)


ρS2 = ρS1 (ρS = Q/S)
D2 = D1 (D = DN = ρS)
E2 = E1 (E = D/ε0)
C2 = C1/3 (C = εR ε0 S/d)
V2 = 3V1 (V = Q/C ou V = E d)
W 2 = 3 W1 (W = (1/2) C V2 ou W = (1/2) εRε0 E2 vol)

Ex. 2: Determinar C de um capacitor coaxial de raios a e b (a < b).


Para uma Gaussiana cilíndrica de raio a < ρ < b e comprimento L

∫ D • d S = Q int erna
Q
D 2πρL = + Q ⇒ D =
2πρL
D Q
E= = aρ
ε 2περL
a Q
Vo = Vab = − ∫ρ= b a ρ • dρ a ρ
2περL
a
 −Q  Q b
Vo =  ln ρ ⇒ Vo = ln
 2πεL b 2πεL a
Q 2πεL
C= =
Vo ln(b / a )

Ex. 3: Determinar C de um capacitor esférico de raios a e b (a < b).


Para uma gaussiana esférica de raio a < r < b

∫ D • d S = Q int erna
Q
D 4πr 2 = Q ⇒ D =
4πr 2
D Q
E= = ar
ε 4πε r 2
a Q
Vo = Vab = − ∫r = b a r • dr a r
4πεr 2
a
− Q  − 1 Q 1 1
Vo =   ⇒ Vo =  − 
4πε  r  b 4πε o a b
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Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 36

Q 4πε
C= = Se b → ∞ ⇒ C = 4πε a = capacitância
(Se apacitância do capacitor esférico isolado)
Vo 1 1

a b

Ex. 4: Determinar C de uma linha de transmissão com dois fios infinitos paralelos

Seja uma configuração condutora constituída por 2 fios (infinitos) paralelos, situados em um meio
de permissividade ε,, conforme mostrado na figura abaixo.

Foi visto no capítulo 4 que a diferença de potencial entre 2 pontos A e B devido a um fio infinito
com carga uniformemente distribuída é dada por:
ρ ρ
VAB = L ln B ( A e ρB são as menores distâncias do fio aos pontos A e B)
(ρ (01)
2πε ρA

Para os 2 fios infinitos paralelos da figura, com cargas simétricas com densidade linear uniforme, o
potencial do ponto P(x, y, 0) em relação a um ponto qualquer O (referência) no plano x = 0, é:
ρ ρ ρ ρ ρ ρ
VPO = L ln 0 − L ln 0 = L ln 2 (02)
2πε ρ1 2πε ρ 2 2πε ρ1

onde: ρ1 e ρ10 = ρ0 são as menores distâncias do fio 1 (carga +) aos pontos P e O, respectivamente;
ρ2 e ρ20 = ρ0 são as menores distâncias do fio 2 (carga –)) aos pontos P e O, respectivamente.

Da figura tem-se:
ρ1 = (x − a )2 + y 2 (03)

ρ2 = (x + a )2 + y 2 (04)

Substituindo
stituindo (03) e (04) em (02) e fazendo VPO = V (com a referência V0 = 0 implícita), obtém-se:
obtém
ρ
V = L ln
(x + a )2 + y2 =
ρL
ln
( x + a )2 + y 2
(05)
2πε (x − a )2 + y 2 4πε (x − a )2 + y 2

Seja V = V1 = constante, uma superfície equipotencial. Então, o lugar geométrico dos pontos no
espaço em que V = V1 é obtido fazendo:
fazend
(x + a )2 + y 2 = e 4 πεV1 / ρ L = k1 (06)
(x − a )2 + y2
onde k1 é uma constante arbitrária dependente de V1 e expressa por:
ρ
V1 = L ln k1 (07)
4πε
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 37

Desenvolvendo a expressão (06) temos:


( )
k1 x 2 − 2ax + a 2 + y2 = x 2 + 2ax + a 2 + y 2
( )
x 2 (k1 − 1) − 2ax(k1 + 1) + a 2 + y 2 (k1 − 1) = 0
k +1
x 2 − 2ax 1
k1 − 1
(
+ a 2 + y2 = 0 )
2 2
 k +1  2a k1 
 x − a 1  + y 2 =   (08)
k − 1  k −1 
 1   1 

A equação (08) representa uma circunferência centrada em:


k +1
x=h=a 1 e y=0 (09)
k1 − 1
e raio:
2a k1
r=b= (10)
k1 − 1

De (09), pode-se isolar k1, do seguinte modo:


k1 h − h = a k1 + a
k1(h − a ) = h + a
h+a
k1 = (11)
h−a

Substituindo (11) em (10):


h+a  h+a
b − 1  = 2a
h−a  h−a
2a h+a
b = 2a
h −a h−a
b2 h+a
2
=
(h − a ) h − a
b2
= h+a
h−a
b2 = h 2 − a 2
a = h 2 − b2 (12)

Substituindo agora (12) em (11) e racionalizando o denominador:


2 2
 h + h 2 − b 2   h + h 2 − b 2 
h + h2 − b2 h + h2 − b2 h + h 2 − b2    
k1 = = × = =
h − h2 − b2 h − h2 − b2 h + h 2 − b2
2
( 2
h − h −b )
2
b 2

ou
2
 h + h 2 − b2 
k1 =   (13)
 b 
 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 38

Substituindo (13) em (07):


2
 h + h 2 − b2  2 2
ρ
V1 = L ln  = ρL ln h + h − b (14)
4πε  b  2πε b
 

De (14) podemos obter a capacitância de um capacitor formado por um condutor cilíndrico no


potencial V = V1 e um plano condutor no potencial V = 0, separados por uma distância h (ver
figura abaixo). Esta pode ser obtida pela definição de capacitância por:

Q ρ L 2πεL
C= = L ⇒ C= (15)
Vo V1 − 0 ln  h + h 2 − b 2  b
  

Para b << h, obtém se a capacitância de um capacitor formado por um fio condutor (de raio muito
pequeno e igual a b) e um plano condutor, separados por uma distância h:
2πεL
C= (16)
ln (2h b )

A expressão (15) também permite obter a capacitância do capacitor formado por 2 condutores
cilíndricos nos potenciais V1 e –V
– 1 (cargas simétricas), separados um do outro por uma distância
2h (ver figura abaixo).

Esta capacitância, obtida pela definição e da aplicação do método das imagens,


imagens, corresponde a
metade do valor encontrado em (15), isto é:

Q ρL L ρ L C πεL
C' = = = L = ⇒ C' = (17)
Vo V1 − (− V1 ) 2V1 2 ln  h + h 2 − b 2  b
  

Para b << h, obtém se a capacitância de um capacitor formado por 2 fios condutores (de raios
muito pequenos e iguais a b), separados por uma distância 2h – configuração de uma linha de
transmissão:
πεL
C' = (18)
ln (2h b )
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 39

5.9 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

5.1) Uma carga está distribuída. com densidade linear de carga ρL = π/z /z [ηC/m],
[ ao longo do
segmento que se estende do ponto (0,0,a) ao ponto (0,0,3a), sendo a > 0. Sabendo que sobre o
plano z = 0 existe um plano condutor bastante grande, pede-se:
pede
a) Determinar a densidade superficial de carga na origem;
b) Se esta carga linearmente distribuída fosse concentrada em um ponto, determinar a posição
no eixo z que ela deveria ser colocada para obter a mesma solução de (a).
−2 2 3
Respostas: a) ρS = 2 [ηC/m [ ]; b) z = ln3 a = 1,5722a [m].
9a 2

5.2) Suponha que o plano z = 1 m separa o espaço em duas regiões com dielétricos de
permeabilidades relativas εR1 = 2 e εR2 = 4. A região 1 contém uma carga pontual de 10
[ηC]
C] situada na origem. Determinar, a partir das condições de contorno para materiais
dielétricos perfeitos (Dn1 = Dn2 e Et1 = Et2), o seguinte:
a) O campo elétrico na região 1, aplicado ao ponto (0, 2, 1);
b) O campo elétrico na região 2, aplicado ao ponto (0, 2, 1);
c) O ângulos
los formados pelos dois campos com a direção normal ao plano z = 1.
 9 5    9 5  
Respostas: a) E 1 = ⋅ (2a y + a z ) [V/m]; b) E 2 = ⋅ (4a y + a z ) [V/m];
5 10
o o
c) θ1 = 63,44 e θ2 = 75,96 .

5.3) A região 1, definida por 0 < φ < π/4 /4 rad, contém um material dielétrico de permissividade
relativa εR1 = 2, enquanto que a região 2, definida por π/4 < φ < π/2 π rad, contém outro
material dielétrico de permissividade relativa εR2 = 4. Sabendo-se se que a densidade de fluxo
   
elétrico na região 1 é dada por D1 = 3a ρ + 4a φ + 5a z [ηC/m2], determinar, na região 2:
   
a) D n 2 ; b) D t 2 ; c) D 2 ; d) P2 ;
        
Respostas: a) D n 2 = 4a φ ; b) D t 2 = 6a ρ + 10a z ; c) D 2 = 6a ρ + 4a φ + 10a z ;
   
d) P2 = 4,5a ρ + 3a φ + 7,5a z .

5.4) A superfície de separação entre dois dielétricos é expressa pela equação do plano dada por:
x y
+ + z = 1 . O dielétrico 1 contém a origem e possui permissividade relativa εR1 = 2 e o
3 4
dielétrico 2 possui pemissividade relativa εR2 = 4. Na região do dielétrico 2 existe um campo
elétrico uniforme expresso por E 2 = a x + 3a y . Determinar os seguintes parâmetros (usando as
condições de contorno, quando necessário):
a) a n 2 (versor normal ao plano do lado da região 2); b) E 2n ; c) E 2 t ; d) E1n ; e) E1t .

1 1
Respostas: a) a n 2 = ⋅ (4a x + 3a y + 12a z ) ; b) E 2 n = ⋅ (4a x + 3a y + 12a z ) ;
13 13
1 2
c) E 2 t = ⋅ (9a x + 36a y − 12a z ) ; d) E1n = ⋅ (4a x + 3a y + 12a z ) ;
13 13
1
e) E1t = ⋅ (9a x + 36a y − 12a z ) .
13
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 40

5.5) Seja um condutor plano no potencial zero situado uma distância h do eixo de um condutor
ρL h + h2 − b2
cilíndrico, de raio b, no potencial V1, expresso por: V1 = ln [V], sendo ρL
2πε b
o módulo da densidade de carga (em C/m) no cilindro, no plano, ou na linha equivalente de
cargas (supondo uniforme) e ε a permissividade elétrica do meio. Determinar:
a) A capacitância (a partir da definição) entre o condutor plano e o condutor cilíndrico acima;
b) A capacitância entre dois condutores cilíndricos paralelos, mesmo raio b e potenciais
simétricos ±V1, com seus eixos separados por uma distância 2h;
c) Repetir os itens (a) e (b) supondo b << h.
2πε L πε L
Respostas: a) C1 = ; b) C 2 = ;
ln  h + h 2 − b 2  b  ln  h + h 2 − b 2  b 
     
2πε L πε L
c) C1 = e C2 = .
ln (2h b ) ln(2h b )

5.6) a) Determinar a expressão que fornece a diferença de potencial VAB entre 2 pontos A e B
no espaço livre devido a uma linha infinita de carga com densidade linear constante ρL.
b) Uma linha infinita de carga está paralela a um plano condutor. Determinar o potencial V
no ponto P eqüidistante entre o plano condutor (com V = 0) e a linha com ρ L = 100πε o
[C/m].
c) Para a mesma configuração do item (b) determinar a magnitude do campo elétrico
resultante E neste mesmo ponto P.

ρL ρ  400
Respostas: a) VAB = ln B  ; b) VP = 50 ln3 = 54,93 [V]; c) E = [V/m].
2πε o  ρ A  3h
(Nota:: h = distância da linha infinita ao plano condutor.)

5.7) Uma configuração de carga é constituída por duas cargas pontuais Q1 = +Q e Q2 = −Q,
situadas em (0, a, 0) e (2a, a, 0), respectivamente, e um plano condutor aterrado (V = 0) em y
= 0. Determinar (em função de Q, a e εo):
a) O potencial elétrico no ponto P(a, a, 0);
b) O vetor campo elétrico no ponto P(a, a, 0);
c) O vetor força resultante sobre a carga Q2.

Q ⋅ (25 − 5 ) Q 2 ⋅ ( 2 − 4)
Respostas: a) VP = 0; b) E P = a x ; c) F 2 = (a x + a y ) .
50πε o a 2 64πε o a 2

5.8) Um condutor de cobre (condutividade σ = 5,8 ⋅ 10 7 [S/m]) tem a forma de uma cunha
truncada, de dimensões 2 < ρ < 12 [cm], 0 < φ < 30o, 0 < z < 4 [cm].
 10 − 4 
Se E = a ρ [V/m], no interior do condutor, determinar:
ρ
a) A corrente total que atravessa o condutor;
b) A resistência do condutor,
c) O valor do potencial no centro do condutor em relação a uma de suas extremidades.
Respostas: a) I = 121,47 [A]; b) R = 1,475 [µΩ];
[
c) VPb = 0,54 ⋅ 10 − 4 [V] ou VPa = −1,25 ⋅ 10 − 4 [V].
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 41

5.9) A região entre as placas planas de um capacitor de placas paralelas é constituída por 3
camadas diferentes de dielétricos, dispostas como na figura abaixo (ε (ε = permissividade do
dielétrico, S = área, a = comprimento). Determinar:
a) As capacitâncias
acitâncias individuais dos três capacitores formados (C1, C2 e C3) e a capacitância
total resultante (CT);
b) As diferenças de potencial existentes nos dielétricos 1 e 2, isto é V1 e V2;
c) As magnitudes dos campos elétricos nos três dielétricos, isto é E1, E2 e E3;
d) As magnitudes das densidades de fluxo nos três dielétricos, isto é D1, D2 e D3.

ε S ε S ε S
Respostas: a) C1 = C 2 = 2 o , C 3 = o e C T = 2 o ;
a a a
V V V V
b) V1 = V2 = ; c) E1 = , E2 = e E3 = ;
2 2a 4a 3a
ε V ε V
d) D1 = D 2 = o e D 3 = o .
2a a

5.10) Um arco, carregado com carga distribuída com densidade constante ρL representa a metade de
um círculo de raio a. Sabendo-se
Sabendo que este arco está em pé, com apenas suas extremidades
apoiadas sobre um plano condutor, porém isoladas deste, determinar o campo elétrico ( E )
obtido no centro do círculo formado pelo arco.

− ρL
Resposta: E = ay . (Nota: Adotou-se o plano condutor situado sobre y = 0)
πε o a

5.11) A capacitância de um capacitor coaxial de comprimento L e condutores interno e externo de


raios a e b, respectivamente, é dada pela expressão:
2πε L
C= , onde ε representa a permissividade elétrica do meio entre os condutores.
b
ln 
a
Seja agora a configuração obtida com três cilindros condutores coaxiais, todos de espessura
desprezível, comprimento L e raios a, 2a e 4a. Entre os condutores interno e central existe um
dielétrico
elétrico de permissividade ε1 = εo, e entre os condutores central e externo existe um
dielétrico de permissividade ε2 = 2εo.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 42

a) Determinar os valores das três capacitâncias obtidas com esta configuração;


b) Se uma tensão V é aplicada entre os condutores interno e externo, determinar as tensões
que surgirão entre os condutores interno e central (V1) e entre os condutores central e
externo (V2), ambas tomadas em porcentagem de V.
2πε o L 4πε o L 4πε o L
Respostas: a) C1 = , C2 = , C3 = ;
ln 2 ln 2 3 ln 2
b) V1 = 66,67% de V e V2 = 33,33% de V.

5.12) A figura mostra uma concha de metal semi-esférica


semi esférica de raio b = 1 m cheia de água do mar
(condutividade σ = 4 S/m). Uma bola de metal de raio a = 0,1 m flutua no centro da concha,
ficando a metade mergulhada na água. Pede-se:
a) Determinar a resistência total entre a bola e a concha.
b) Se uma voltagem V0 = 1 volt for aplicada entre os dois
condutores, calcular:
• a corrente resultante,
• a densidade de corrente na região entre a bola e a
concha, supondo função somente de r,
• campo elétrico na região entre a bola e a concha.
1 1 1
Respostas: a) R =  −  = 0,358 Ω ;
2πσ  a b 
0,444 0,111
b) I = 2,79 A, J = 2 a r [A/m2], E = a r [V/m]
r r2

5.13) A figura mostra dois blocos infinitos de dielétricos perfeitos e paralelos, rodeados pelo espaço
     
livre, onde na região 3, E 3 = 6 a z V/m e P3 = 18 a z pC/m2. Se P2 = 24 a z pC/m2.
Determinar:
a) εR3
b) εR2

c) E 1
d) a diferença de potencial através das regiões 2 e
3.
Respostas: a) εR3 = 1,339; b) εR2 = 1,512;
c) E1 = 8,004a z [V/m];
d) V = V2 + V3 = 0,106 + 0,300 = 0,406 [V]

5.14) Uma esfera de raio a é feita de um dielétrico homogêneo com permissividade elétrica
εR constante. A esfera está centrada na origem no espaço livre. Os campos de potencial no
interior e exterior da esfera são expressos, respectivamente, por:
3 r E o cos θ a3 Eo εR − 1
Vint = − e Vext = −r E o cos θ + cos θ (Eo = constante)
εR + 2 r2 εR + 2
a) Mostrar que E int é uniforme (isto é, possui módulo constante).
b) Mostrar que E ext = E o a z para r >> a.
c) Mostrar que estes campos obedecem a todas as condições de fronteira do dielétrico
em r = a.
Atenção:: Cuidado para não esquecer o sinal negativo das expressões acima.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 43

3E o
Respostas: a) E int = (cos θa r − sen θa θ ) , portanto Eint = 3E o = constante ;
εR + 2 εR + 2
b) E ext = E o (cos θa r − sen θa θ ) = E o a z , pois a z • a r = cos θ e a z • a θ = − sen θ ;
3E o
c) De E ext = − ∇ Vext e r=a, E ext = (ε R cos θa r − sen θa θ ) = E ext N + Eext T
εR + 2
3E o
De Eint = − ∇ Vint e r=a, Eint = (cos θa r − sen θa θ ) = Eint N + Eint T
εR + 2
Logo, de D N1 = D N 2 ⇒ Eext N = ε R Eint N e de E T1 = ET 2 ⇒ Eext T = Eint T

5.15) Um capacitor coaxial de raio interno a = 2 cm, raio externo b = 4 cm e comprimento L = 1 m,


contém duas camadas dielétricas, sendo uma na região 1 definida por a < ρ < c com εR1 = 2, e
outra na região 2 definida por c < ρ < b com εR2 = 4. Sendo c = 3 cm,, pede-se:
pede
a) Determinar a capacitância do capacitor coaxial.
b) Determinar Dρ e Eρ em ρ = c– (na região 1 próximo a fronteira com a região 2) e em ρ
= c+ (na região 2 próximo a fronteira com a região 1), sabendo-se
sabendo se que V = 0 em ρ = b
(referência) e V = 100 volts em ρ = a.
C1C 2 274,41 × 773,51
Respostas: a) C = = pF = 202,55 pF
C1 + C 2 274,41 + 773,51
b) D1 = 107,46 nC/m2, E1 = 6,068 kV/m, D2 = 107,46 nC/m2, E2 = 3,034 kV/m

(
5.16) Dado a J = −10 4 ρ sen 2φ a ρ + cos 2φ a φ ) [A/m2], determinar a corrente que cruza:
(a) a região do plano x = 0, limitada por 0 < y < 2 cm e 0 < z < 1 cm, na direção − a x ;
(b) a região do plano y = 0, limitada por 0 < x < 2 cm e 0 < z < 1 cm, na direção − a y .
Atenção: O problema é mais fácil de resolver em coordenadas
co cilíndricas
cilíndricas.
Fazer uma figura ilustrativa para facilitar a visualização.
Respostas: a) I = 20 mA; b) I = 20 mA.

5.17) Sabendo as equações D = ε o E + P e D = ε E (para um dielétrico linear, homogêneo e


isotrópico)
a) Demonstrar as seguintes relações para a polarização na fronteira entre 2 dielétricos
Pt 2 ε R 2 − 1 Pn 2 ε R1 (ε R 2 − 1)
perfeitos: = e = ,
Pt1 ε R1 − 1 Pn1 ε R 2 (ε R1 − 1)
partindo das condições de contorno normal D n1 = D n 2 e tangencial E t1 = E t 2 .
b) Determinar
rminar a constante dielétrica (ou permissividade elétrica relativa)
relativa εR do material no
qual a densidade de fluxo elétrico é quatro vezes a polarização.
Atenção:: Empregar somente as fórmulas dadas acima para resolver os dois itens.

Respostas: a) Demonstração; b) εR = 4/3


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo V: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E CAPACITÂNCIA 44

Anotações do Capítulo V
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 45

Capítulo VI

EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE


6.1 – IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DE POISSON E LAPLACE

Veja no quadro abaixo uma comparação de 2 procedimentos usados para a determinação da


capacitância de um capacitor. Os passos do primeiro são baseados nos conceitos teóricos dos
capítulos 2 até 5, os quais dependem inicialmente do conhecimento da distribuição de carga,
grandeza esta de difícil obtenção prática. Por outro lado, o segundo procedimento apresenta uma
situação mais realística, a qual requer primeiramente a obtenção do potencial através das equações
de Poisson ou Laplace. Estas equações e este novo procedimento são abordados neste capítulo.

Quadro - Procedimentos para cálculo da Capacitância de um Capacitor


Procedimento I – Antigo Procedimento II – Novo
Considera-se conhecida a (expressão da) densidade Considera-se conhecida a expressão que fornece o
Passo
superficial de carga ρS de um dos condutores do potencial V em todos os pontos do capacitor,
ou
Etapa capacitor (Nota: Se a carga deste condutor não for incluindo a diferença de potencial V0 entre os 2
positiva, trabalhar com o módulo de ρS). condutores.
Calcula-se a carga do condutor:

Calcula-se o vetor E no dielétrico:
(i) Q = ∫S ρ S dS  
E = −∇ V
 
Calcula-se o vetor D no dielétrico: Calcula-se o vetor D no dielétrico:
(ii)    
∫S D • dS = Q (Gauss) D = εE

Calcula-se o vetor E no dielétrico: Calcula-se a densidade ρS em um condutor (de
  preferência o condutor positivo):
(iii) E = D/ε 
ρS = D N = D
na superfície condutora
Calcula-se a ddp V0 entre os condutores: Calcula-se a carga total no condutor escolhido:

(iv) A   Q = ∫S ρ S dS
V0 = VAB = − ∫ E • dL
B
Calcula-se, finalmente, a capacitância do capacitor: Calcula-se, finalmente, a capacitância do capacitor:
(v) Q Q
C= C=
V0 V0

6.1.1 – Equação de Poisson

∇ • D = ρv 
 
 

D = εE 
  

[( 
)]
 
⇒ ∇ • ε − ∇V = ρ v ⇒ ∇ • ε ∇V = −ρ v[ ( )]
E = −∇ V 
ρv ρv
Se a permissividade ε for constante, obtemos: ∇.∇ V = − ou ∇ 2 V = − Poisson
ε ε
6.1.2 – Equação de Laplace
Se ainda a densidade volumétrica ρv for nula (dielétrico perfeito), obtemos: ∇ 2 V = 0 Laplace

Nota: ∇ 2 = ∇.∇ = divergência do gradiente = (div.)(grad.) = Laplaciano ou “nabla 2”


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 46

6.2 – TEOREMA DA UNICIDADE

“Se uma resposta do potencial satisfaz a equação de Laplace ou a equação de Poisson e


também satisfaz as condições de contorno, então esta é a única solução possível.”

6.3 – EXEMPLOS DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE

A seguir serão mostrados vários exemplos de solução da Equação de Laplace para problemas
unidimensionais, isto é, onde V é função somente de uma única variável. Os tipos de exemplos
possíveis são:
1. V = f(x), sendo x coordenada cartesiana (válido também para V = f(y) e V = f(z))
2. V = f(ρ), sendo ρ coordenada cilíndrica
3. V = f(φ), sendo φ coordenada cilíndrica (válido também se φ é coordenada esférica)
4. V = f(r), sendo r coordenada esférica
5. V = f(θ), sendo θ coordenada esférica

Ex.1: Cálculo de V = f(x), sendo x coordenada cartesiana

∂ 2V d 2V
∇ 2V = 0 ⇒ =0 ⇒ =0
∂x 2 dx 2
dV
Integrando 1a vez: =A
dx
Integrando 2a vez: V = Ax + B
onde A e B são as constantes de integração que são determinadas a partir de condições de
contorno (ou de fronteira) estabelecidas para a região em análise.

Condições de contorno: x = constante ⇒ superfície plana


 V = V1 em x = x 1
Sejam: 
V = V2 em x = x 2

Substituindo acima, obtemos A e B como:


V − V1
A= 2
x 2 − x1
e
V x − V2 x1
B= 1 2
x 2 − x1
V2 − V1 V x − V2 x1
Logo: V = x+ 1 2
x 2 − x1 x 2 − x1

Suponha agora que as condições de contorno sejam estabelecidas da seguinte maneira:


V = V1 = 0 em x = x1 = 0

V = V2 = Vo em x = x 2 = d
Vo Vo
Assim, temos: A = e B=0 ⇒ V= x (0 ≤ x ≤ d)
d d
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 47

Etapas de cálculo da capacitância C do capacitor de placas // formado:


V 
E = −∇ V = − o a x
 
(i)
d
εV 
(ii) D = εE = − o a x
 
d
εV
= o
  
(iii) ρ s = D n = D = D
x =0 x =d d
εV
(iv) Q = ∫S ρ s dS = ρ s S = o S
d
Q εVo S / d εS
(v) C = = ⇒ C= (Mesmo resultado obtido na seção 5.8)
Vo Vo d

Ex.2: Cálculo de V = f(ρ), sendo ρ coordenada cilíndrica

1 d  dV 
∇ 2V = 0 ⇒ ρ =0 (ρ ≠ 0)
ρ dρ  dρ 

dV
Integrando 1a vez: ρ =A

Re-arrajando e integrando 2a vez: V = A ln ρ + B

Condições de contorno: ρ = constante ⇒ superfície cilíndrica


V = 0 em ρ = b (refer.)
 (b > a)
V = Vo em ρ = a

Daí, obtém-se A e B e substituindo acima:

ln (b / ρ)
V = Vo (a < ρ < b)
ln (b / a )

Etapas de cálculo da capacitância C do


capacitor coaxial formado:
∂V − Vo a ρ − b / ρ 2 Vo 1
(i) E = −∇ V = − aρ = = aρ
∂ρ ln(b / a ) b / ρ ln(b / a ) ρ
εVo 1
(ii) D = εE = aρ
ln(b / a ) ρ
εVo
(iii) ρ s = D n ρ= a = (= densidade superficial no condutor interno c/ carga +Q)
a ln(b / a )
εVo
(iv) Q = ∫s ρ s dS = ρ s S = 2πa L
a ln(b / a )
Q 2πεL
(v) C= = (Mesmo resultado obtido na seção 5.8, Ex. 2)
Vo ln(b / a )
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 48

Ex. 3: Cálculo de V = f(φ), sendo φ coordenada cilíndrica

1 d 2V
∇ 2V = 0 ⇒ =0 (ρ ≠ 0)
ρ 2 dφ2
d 2V
Fazendo ρ ≠ 0 ⇒ =0
dφ 2

dV
Integrando 1a vez: =A

Re-arrajando e integrando 2a vez: V = A φ + B

Condições de contorno: φ = constante ⇒ superfície


semi-plana radial nascendo em z
V = 0 em φ = 0

V = Vo em φ = α

Daí, obtém-se A e B e substituindo acima:


V
V= oφ
α

Nota: Calcular a capacitância do capacitor formado por dois planos finitos definidos por:
φ = 0, a < ρ < b, 0 < z < h (Adotar V = 0)
φ = α, a < ρ < b, 0 < z < h (Adotar V = Vo)
εh b
Desprezar os efeitos das bordas. (Resposta: C = ln )
α a

Ex. 4: Cálculo de V = f(r), sendo r coordenada esférica

1 d  2 dV 
∇ 2V = 0 ⇒ r  = 0 (r ≠ 0)
r 2 dr  dr 

dV
Integrando 1a vez: r 2 =A
dr

Re-arranjando e integrando 2a vez:


A
V=− +B
r

Condições de contorno: r = constante ⇒ superfície esférica


V = 0 em r = b (refer.)
 (b > a)
V = Vo em r = a
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 49

Daí, obtém-se A e B e substituindo acima:


1 1

V = Vo r b
1 1

a b

Etapas de cálculo da capacitância C do capacitor esférico formado:


∂V − Vo  1 
(i) E = −∇ V = − ar =  − a
∂r 1 1  r2  r

a b
εVo 1
(ii) D = εE = a
1 1 r2 r

a b
εVo 1
(iii) ρs = D n ( r = a ) = (= densidade superficial no condutor interno c/ carga +Q)
1 1 a2

a b
εVo 1
(iv) Q = ∫s ρ s ds = 4πa 2
1 1 a2

a b
Q 4πε
(v) C= = (Mesmo resultado obtido na seção 5.8, Ex. 3)
Vo 1 1

a b

Ex. 5: Cálculo de V = f(θ), sendo θ coordenada esférica

1 d  dV 
∇ 2V = 0 ⇒ 2
 sen θ =0 (r ≠ 0, θ ≠ 0, θ ≠ π)
r sen θ dθ  dθ 

Fazendo r ≠ 0, θ ≠ 0 e θ ≠ π:
d  dV 
 sen θ =0
dθ  dθ 

dV
Integrando 1a vez: sen θ =A

Re-arrajando e integrando 2a vez: V = A ln[tg(θ 2)] + B

Condições de contorno: θ = constante ⇒ superfície cônica


V = 0 em θ = π 2
 (α < π/2)
V = Vo em θ = α

Daí, obtém-se A e B e substituindo acima:

Vo ln[tg (θ / 2 )]
V=
ln[tg (α / 2 )]
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 50

Nota: Calcular a capacitância do capacitor formado por dois cones finitos definidos por:
θ = π/2, 0 < r < r1, 0 < φ < 2π (Adotar V = 0)
θ = α, 0 < r < r1, 0 < φ < 2π (Adotar V = Vo)
− 2πε r1
Desprezar os efeitos das bordas. (Resposta: C = )
ln[tg (α 2 )]

6.4 – EXEMPLO DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE POISSON

Exemplo: A região entre dois cilindros condutores coaxiais com raios a e b, conforme mostrado na
figura abaixo, contém uma densidade volumétrica de carga uniforme ρV . Se o campo
elétrico E e o potencial V são ambos nulos no cilindro
interno, determinar a expressão matemática que fornece o
potencial V na região, entre os condutores assumindo que
sua permissividade seja igual à do vácuo.

Solução:

2 1 ∂  ∂V  ρ
Equação de Poisson: ∇ V = ⋅  ρ  = − v
ρ ∂ρ  ∂ρ  εo

Integrando pela 1a vez:


∂V ρ ρ2 ∂V ρ A
ρ =− v ⋅ +A⇒ = − v ⋅ρ + (01)
∂ρ εo 2 ∂ρ 2ε o ρ
∂V ∂V ∂V
Porém, sabe-se que: E = −∇V ⇒ E = − aρ ⇒ E = E = − ⇒ = −E (02)
∂ρ ∂ρ ∂ρ

Substituindo (02) em (01), temos:


∂V ρ A
= −E = − v ⋅ ρ + (03)
∂ρ 2ε o ρ

1a Condição de Contorno (Obtenção de A): E = 0 para ρ = a. (04)

Substituindo (04) em (03), temos:

ρv A ρ
0= ⋅ a − ⇒ A = v ⋅ a2 (05)
2ε o a 2ε o

Substituindo (05) em (01), temos:

∂V ρv ρv a2
=− ⋅ρ+ ⋅ (06)
∂ρ 2ε o 2ε o ρ

Integrando pela 2a vez:

ρv ρ 2 ρv
V=− ⋅ + ⋅ a 2 ln ρ + B (07)
2ε o 2 2ε o
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 51

2a Condição de Contorno (Obtenção de B): V = 0 para ρ = a. (08)

Substituindo (08) em (07), temos:

ρv a2 ρv ρ ρ
0=− ⋅ + ⋅ a 2 ln a + B ⇒ B = v ⋅ a 2 − v ⋅ a 2 ln a (09)
2ε o 2 2ε o 4ε o 2ε o

Substituindo (09) em (07), temos:


ρv ρ ρ ρ
V=− ⋅ ρ 2 + v ⋅ a 2 ln ρ + v ⋅ a 2 − v ⋅ a 2 ln a
4ε o 2ε o 4ε o 2ε o

V=
ρv
4ε o
( ) ρ
2ε o
ρ
⋅ a 2 − ρ 2 + v ⋅ a 2 ln 
a
[V] (10)

6.5 – SOLUÇÃO PRODUTO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE

Suponha o potencial seja função das variáveis x e y de acordo com a seguinte expressão:

V = f ( x )f ( y) = XY onde X = f ( x ) e Y = f ( y) (01)

Aplicando a equação de Laplace, obtemos:


2 ∂ 2V ∂ 2V
∇ V=0 ⇒ + =0 (02)
∂x 2 ∂y 2

(01) → (02):
∂ 2X ∂ 2Y
Y 2 +X 2 =0 (03)
∂x ∂y

Dividindo (03) por XY:


1 ∂ 2X 1 ∂ 2Y
+ =0
X ∂x 2 Y ∂y 2

Separando os termos somente dependentes de x dos termos somente dependentes de y, escrevemos:


1 d 2X 1 d 2Y
= − (04)
X dx 2 Y dy 2

Como X = f ( x ) e Y = f ( y) , então para que a equação (04) seja verdadeira, cada um dos membros
de (04) deve resultar em uma mesma constante. Chamando esta constante de α2, temos:

1 d 2X
2
= α2 (05)
X dx
1 d 2Y
2
= −α 2 (06)
Y dy
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 52

Re-escrevendo (05) e (06) temos:

d 2X
2
= α2X (07)
dx
d 2Y
2
= −α 2 Y (08)
dy

Solução da equação (07) pelo Método de Dedução Lógica: Basta responder a seguinte pergunta:
“Qual é a função cuja segunda derivada é igual a própria função multiplicada por uma
constante positiva?”

Solução 1: Função trigonométrica hiperbólica em seno ou co-seno. Assim:


X = A cos hαx + B sen hαx (09)

Solução 2: Função exponencial. Assim:


X = A' e αx + B' e −αx (10)

Solução da equação (08) pelo Método de Dedução Lógica: Basta responder a seguinte pergunta:
“Qual é a função cuja segunda derivada é igual a própria função multiplicada por uma
constante negativa?”

Solução 1: Função trigonométrica em seno ou co-seno. Assim:


Y = C cos αy + D sen αy (11)

Solução 2: Função exponencial complexa. Assim:


Y = C' e jαy + D' e − jαy (12)

Nota: Veja no Anexo I a solução da equação diferencial (07) por série infinita de potências.

Solução final da equação (01):

Substituindo (09) e (11) em (01), obtemos finalmente:

V = XY = (A cos hαx + B sen hαx )(C cos αy + D sen αy ) (13)

sendo que as constantes A, B, C e D são determinadas pelas condições de contorno do problema.

Exemplo: Calcule o potencial na região interna da calha


retangular da figura. São conhecidos todos os
potenciais nos contornos metálicos da calha.
Observe que temos, neste caso, V = f(x) f(y).
Partir da expressão (13) obtida acima.

Solução: Pela figura temos as condições de contorno:


(i) V = 0 em x = 0,
(ii) V = 0 em y = 0,
(iii) V = 0 em y = d, 0 < x < c
(iv) V = Vo em x = c, 0 < y < d
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 53

Aplicando as condições (i) e (ii) em (13) obtemos A = C = 0 e chamando BD = V1, chegamos a:


V = XY = BD sen hαx sen αy = V1 sen hαx sen αy (14)

e aplicando a condição (iii), V = 0 em y = d, temos:



0 = V1 sen hαx senαd ⇒ α = (n = 0,1,2,…) (15)
d

Substituindo α de (15) em (14):


nπx nπy
V = V1 sen h sen (16)
d d

Para a condição (iv) é impossível escolher um n ou V1 de modo que V = Vo em x = c, para cada 0


< y < d. Portanto, deve-se combinar um número infinito de campos de potenciais com valores
diferentes de n e valores correspondentes de V1, isto é, V1n. Assim, genericamente devemos ter:


nπx nπy
V = ∑ V1n sen h sen 0<y<d (17)
n =0 d d

Aplicando agora a última condição de contorno (iv), V = Vo em x = c, 0 < y < d, obtemos:


nπc nπy
Vo = ∑ V1n sen h sen 0<y<d (18)
n =0 d d
ou

nπy
Vo = ∑ b n sen 0<y<d (19)
n =0 d
onde,
nπc
b n = V1n sen h (20)
d

A equação (19) pode representar uma série de Fourier em seno para f(y) = V(y) = Vo em 0 < y < d
(região de interesse) e f(y) = V(y) = –Vo em d < y < 2d, repetindo a cada período T = 2d. O gráfico
desta função é mostrado na figura abaixo.

Sendo a função ímpar, o coeficiente bn é dado por:

2 T nπy
bn = ∫ f ( y) sen dy n=0,1,2,3,...
T y =0 d
ou
1 d nπy 1 2d nπy
bn = ∫ oV sen dy + ∫ (− Vo ) sen dy
d y =0 d d y =d d

Resolvendo as integrais, obtemos:


4Vo
bn = para n ímpar (21)

e
b n = 0 para n par
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 54

Substituindo bn de (21) em (20) e isolando V1n chegamos a:


4Vo
V1n = (22)
nπc
nπ sen h
d

Finalmente, substituindo (22) em (17) obtemos a expressão para o potencial como:

∞ 4Vo nπx nπy


V= ∑ sen h sen 0 < x < c, 0 < y < d (23)
n =1 nπc d d
ímpar nπ sen h
d

ou,

nπx nπy
sen h sen
4Vo ∞
d d
V= ∑ 0 < x < c, 0 < y < d (24)
π n =1 nπc
ímpar n sen h
d

6.6 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

6.1) Num meio uniforme de permissividade ε existe uma distribuição de cargas com densidade
volumétrica ρv(r) = k, ocupando uma região esférica oca definida, em coordenadas esféricas,
por a ≤ r ≤ b. Assumindo que o potencial seja zero em r = a, determinar pela equação de
Laplace/Poisson, o campo elétrico E(r ) e o potencial V(r) dentro das regiões:


a) 0 ≤ r ≤ a; b) a ≤ r ≤ b; c) r ≥ b.

Nota: Pode-se usar a Lei de Gauss para obter a segunda condição de contorno para E .
Respostas: a) E(r ) = 0 e V(r) = 0;


k  a 3  − k  r 2 a 3 3a 2 
b) E(r ) = a r e V(r ) =

⋅ r− ⋅ + − ;
3ε  2 
r  3ε 
 2 r 2 

k  b 3 − a 3  k  b 3 − a 3 3b 2 3a 2 
c) E(r ) = a r e V(r ) = ⋅  .

⋅ − + 
3ε  r 2  3ε  r 2 2 

6.2) Na região interna entre os planos z = 0 e z = 2a foi colocada uma carga uniformemente
distribuída com densidade volumétrica ρv. Na região externa aos planos, o meio é somente o
vácuo. Determinar a distribuição de potenciais para:
a) A região interna entre os planos definida por 0 ≤ z ≤ 2a ;
Nota: A primeira condição de contorno é obtida fixando a referência de potencial zero em
z = 0. A segunda condição de contorno é obtida verificando onde o campo elétrico
é nulo, baseando-se na simetria da configuração de cargas.
b) A região externa entre os planos definida por z ≥ 2a .
Nota: As condições de contorno devem ser obtidas partindo dos resultados do item
anterior.
− zρ v  z  − aρ v
Respostas: a) V = ⋅  − a  ; b) V = ⋅ (z − 2a )
εo 2  εo
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 55

6.3) ( )
Dados os campos de potencial V′ = 3x − y [V] e V′′ = 5 2r 2 − 7 cos θ [V] , pede-se:
a) Verificar se estes campos de potencial satisfazem a Equação de Laplace;
b) Determinar, para cada campo de potencial acima, a densidade volumétrica de carga no
ponto P(0,5 ; 1,5 ; 1,0) no espaço livre.
Respostas: a) V′ satisfaz (dielétrico perfeito) e V′′ não satisfaz a Equação de Laplace;
b) ρv = 0 (dielétrico perfeito) para V′ e ρv = –283,97 [pC/m3] para V′′ .

6.4) Seja V = Aln[tg (θ 2 )] + B a expressão algébrica para o cálculo do potencial elétrico no


dielétrico entre dois cones condutores coaxiais, sendo θ o ângulo medido a partir do eixo dos
cones e A e B duas constantes. Sejam estes cones condutores definidos por θ = 60o e θ =
120o, separados por um espaço infinitesimal na origem. O potencial em P(r=1, θ =
o o o o
60 , φ= 90 ) é 50 V e o campo elétrico em Q(r=2, θ = 90 , φ= 120 ) é 50aθ [V/m].


Determinar:
a) O valor do potencial V no ponto Q;
b) A diferença de potencial Vo entre os dois cones;
c) O ângulo θ no qual o potencial elétrico é nulo.
Respostas: a) VQ = – 4,93 [V]; b) Vo = 109,86 [V]; c) θ = 87,18o.

6.5) Suponha que o espaço livre seja preenchido com uma carga distribuída com densidade
volumétrica de carga ρV = kεox [C/m3]. Sejam os valores do quadro abaixo e k = 6 ⋅ 106 .
Pede-se: x [mm] V(x) [V] E(x) [V/m]
a) Determinar as expressões matemáticas de 0 0
V(x) e E(x); 5
b) Completar os valores de V(x) e E(x) no 10 – 1200
quadro. 15

− kx 3 kx 2
Respostas: a) V( x ) = + 1500 x e E ( x ) = − 1500 ;
6 2
b)
x [mm] V(x) [V] E(x) [V/m]
0 0 –1500
5 7,375 –1425
10 14,0 –1200
15 13,125 –825

6.6) A figura mostra um capacitor de placas


paralelas, com dois dielétricos (regiões) de
permissividades relativas εR1 e εR2.
Pede-se:
a) Os valores das diferenças de potenciais
V10 e V20, nas 2 regiões, em função da
tensão da bateria Vo;
b) As expressões matemáticas de V1(x) e
V2(x) nas 2 regiões, determinadas a partir
da equação de Laplace e condições de
contorno apropriadas.
Vo 2Vo V V
Respostas: a) V10 = e V20 = ; b) V1(x) = o x e V2 (x) = o (2 x − d)
3 3 3d 3d
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 56

6.7) Um capacitor é constituído de duas placas planas condutoras situadas em φ = 0 e φ = α. As


placas são limitadas pelos cilindros ρ = a e ρ = b e pelos planos z = 0 e z = h. Se a diferença
de potencial entre as placas condutoras for Vo, pede-se:
a) Determinar a expressão matemática do potencial V na região, partindo da equaçao de
Laplace;
b) Determinar a expressão matemática da capacitância;
c) Dizer se é possível obter a mesma expressão da capacitância do item anterior, partindo da
Lei de Gauss empregando uma superfície gaussiana. Justificar sua resposta;
d) Determinar a separação que conduz a mesma capacitância do item (b) quando as placas são
colocadas numa posição paralela, com o mesmo dielétrico entre elas.
Nota: Assumir a permissividade do dielétrico como sendo a do vácuo.
V ε h b
Respostas: a) V = o φ ; b) C = o ⋅ ln ;
α α a
c) Não é possível obter uma superfície gaussiana para a solução pela Lei de
Gauss, pois em qualquer plano radial (φ = cte), D não é constante (D = f (ρ)),
apesar de ser normal à estes planos;
d) d = (b − a )α [ln(b a )]

6.8) Num dispositivo o potencial elétrico é função somente da variável z, possuindo uma região
com densidade volumétrica de carga ρv = ρo(z/z1) e condições de fronteira dadas por E = 0
em z = 0 e V = 0 em z = z1. Determinar para qualquer ponto nesta região:
a) O potencial elétrico V,

b) O campo elétrico E .

Respostas: a) V =
6ε z1
(
− ρo 3
)
z − z13 ; b) E =
ρo 2
2ε z1
z az

6.9) a) Desenvolver as equações de Poisson e Laplace para um meio linear, homogêneo e


isotrópico.
b) Sendo v = campo vetorial qualquer e f = campo escalar qualquer, demostrar a seguinte
identidade vetorial: ∇ • (f v ) = (∇ f ) • v + (∇ • v ) f
Sugestão: Usar o sistema de coordenadas cartesianas para facilitar sua demonstração.
c) De que maneira deve a permissividade elétrica (ε) variar em um meio não-homogêneo sem
carga, de modo que a equação de Laplace continue válida?
Sugestão: Iniciar pelo desenvolvimento do item (a), supondo ε variando espacialmente
(com a distância). Usar também a identidade vetorial do item (b).

Respostas: a) Equação de Poisson: ∇ 2 V = −ρ v / ε , Equação de Laplace (ρv = 0): ∇ 2 V = 0 ;


b) Demonstração;
c) Fazendo na identidade vetorial acima f = ε e v = ∇ V e tomando ∇ 2 V = 0
(Laplace), obtém-se (∇ ε ) • E = 0 , logo ∇ ε ⊥ E e a permissividade elétrica (ε)
deve variar somente numa direção perpendicular ao campo elétrico (E ) .

6.10) a) Demonstrar, partindo da equação de Laplace, que a capacitância C de um capacitor


esférico formado por 2 superfícies condutoras esféricas de raios a e b (b > a), separadas
4πε
por um dielétrico de permissividade elétrica ε, é dada por: C =
1 1

a b
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 57

b) Determinar a capacitância, CESFERA, de um capacitor esférico isolado formado por uma


esfera de cobre de raio 9 cm, no vácuo.
c) Se uma camada de um dielétrico uniforme (com εR = 3) de espessura d é colocada
envolvendo a esfera de raio 9 cm do item (b), determinar d tal que a nova capacitância
total equivalente seja 2 × CESFERA.
Atenção: Note que a configuração final é de 2 capacitores esféricos dispostos em série.
Respostas: a) Demonstração; b) CESFERA = 4πεoa = 10 pF (b → ∞); c) d = 27 cm.

6.11) Dada a equação diferencial de segunda ordem X" + 2 xX' − X = 0 , considere uma solução na
forma de série infinita de potências, e calcule os valores numéricos dos coeficientes a2 até a6
desta série, sendo a0 = 1 e a1 = –2.

Atenção: Como X é função somente de x, fazer X = ∑ a n x n .
n =0

Respostas: a2 = 1/2, a3 = 1/3, a4 = –1/8, a5 = –1/12, a6 = 7/240.

6.12) Sabendo-se que uma solução produto para a Equação de Laplace em duas dimensões é dada
por V1 = X1Y1 , onde X1 e Y1 são funções somente de x e y, respectivamente, verificar se
cada uma das 5 funções dadas a seguir satisfaz ou não à equação de Laplace, justificando sua
resposta.
a) Va = X1 − Y1 ;
b) Vb = Y1 ;
c) Vc = X1Y1 + y ;
d) Vd = 2X1Y1 ;
e) Ve = X1Y1 + x 2 − y 2

Respostas: (a) e (b) não satisfazem a Equação de Laplace. Observe que ∇ 2X1 e ∇ 2 Y1 não
são solucionáveis, já que não se sabe suas expressões matemáticas. Assim, não se
pode afirmar que ∇ 2 (X1 − Y1 ) = 0 para (a), e nem que ∇ 2 Y1 = 0 para (b);
(c), (d) e (e) satisfazem a Equação de Laplace, já que ∇ 2 (X1Y1 ) = 0 (dado) e
( )
também ∇ 2 (y ) = 0 e ∇ 2 x 2 − y 2 = 2 − 2 = 0 .
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 58

Anotações do Capítulo VI
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 59

Capítulo VII

CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO


7.1 – LEI DE BIOT-SAVART

O campo magnético d H produzido pelo elemento de

corrente contínua I dL no ponto P (ver figura) é:
  
 I dL × a R  I dL × a R
dH = ⇒ H=∫ (A/m)
4 πR 2 4πR 2
onde
  
I dL = K dS = J dv (ver figura)
dI
K= = densidade superficial de corrente (A/m)
dL
dI
J= = densidade (volumétrica) de corrente (A/m2)
dS

Exemplo: Calcular o campo magnético H num ponto P
devido a um filamento retilíneo infinito com
corrente I.
   
 I dz a z × (ρa ρ − za z ) I dz ρa φ
Solução: dH = =
(
2
4π ρ + z 2 3/ 2
) (
4π ρ 2 + z 2 )
3/ 2

  +∞
 Iρ +∞ dz a φ Iρ  zaφ 
H= ∫ =  
4 π −∞ ρ 2 + z 2 3 / 2 4 π  ρ 2 ρ 2 + z 2 1 / 2 
( ) ( )
  −∞
 I 
H= aφ
2 πρ

7.2 – LEI CIRCUITAL DE AMPÈRE (CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO)


“A integral de linha de H ao longo de qualquer percurso fechado é exatamente igual à corrente
enlaçada pelo percurso”. A expressão matemática é dada por:
 
∫ H • dL = I (I = corrente total enlaçada, sentido convencional)

Amperiana (def.): É um percurso (caminho) especial com as seguintes propriedades:


(i) É um percurso fechado;
 
(ii) Em cada um de seus pontos H é tangencial ou H é normal ao percurso. Assim,

se H⊥dL ⇒ H • dL = 0 ; (Neste caso H é normal à amperiana)

se H // dL ⇒ H • dL = H dL (Neste caso H é tangencial à amperiana)

(iii) Em todos os pontos onde H // dL , a magnitude de H é constante.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 60

Cálculo de H , aplicando a lei circuital de Ampère (e amperiana), para alguns casos especiais:

a) Condutor retilíneo ∞ com corrente I


 
∫ H . dL = I enlaçada
2π   2π
∫ H φ a φ . ρdφa φ = I ⇒ H φ ρ ∫ dφ = I
φ =0 0
I  I 
Hφ = ⇒ H= aφ
2 πρ 2 πρ

 
b) Película plana ∞ com corrente com densidade superficial uniforme K = K x a x
 
∫ H . dL = I enlaçada
B C D A  L
∫ + ∫ + ∫ + ∫ H . dL = ∫ K x dy
A B C D 0
H yL + 0 + HyL + 0 = K x L ⇒ H y = K x 2

Nota: Forma geral para obtenção do campo H devido a
uma película plana ∞ com corrente uniforme:
 1  
H = K ×an ( H independe da distância)
2
 
onde a n é versor normal ao plano orientado para o lado que se deseja obter H .

 1   1  1  
2 2
( )
Ex.: Acima do plano da figura anterior: H = K x a x × a z = K x − a y = − K x a y = H y
2

Atenção: Provar que o campo magnético H na região entre 2 superfícies infinitas condutoras e
paralelas com densidades de corrente uniformes iguais e de sentidos opostos é dado por:
   
H = K ×an ( H = 0 nas regiões externas às 2 superfícies)

c) Linha de transmissão coaxial com corrente total +I uniformemente distribuída no condutor


central e –I no condutor externo
     
∫ H . dL = I enlaçada onde H = Ha φ e dL = ρdφa φ
Para uma amperiana circular de raio ρ, tal que:
ρ
ρ < a ⇒ Hφ = I (no condutor central)
2πa 2
I
a < ρ < b ⇒ Hφ = (no dielétrico)
2πρ
I c 2 − ρ2
b < ρ < c ⇒ Hφ = (condutor externo)
2πρ c 2 − b 2
ρ > c ⇒ H φ = 0 (fora: blindagem magnética)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 61
 
d) Solenóide de comprimento ∞ com uma distribuição superficial de corrente K = K a a φ

Para o solenóide infinitamente longo e a amperiana retangular ABCD temos:


  B C D A   d
∫ H . dL = I enlaçada ⇒ ∫ + ∫ + ∫ + ∫ H . dL = ∫ K a dL ⇒ H d + 0 + 0 + 0 = K a d
A B C D 0
 
Portanto: H = K a ⇒ H = Kaaz

Se o solenóide for de comprimento finito d com N espiras nas quais flui uma corrente I,
temos:
NI  NI 
Ka = ⇒ H= az (Bem dentro do solenóide)
d d

 
e) Toróide ideal com distribuição superficial de corrente K = K a a z em ρ = ρ o − a, z = 0 ,
sendo ρo o raio médio e a o raio da seção transversal do anel toroidal
 
∫ H . dL = I enlaçada (Lei circuital de Ampère)

Para uma amperiana circular de raio ρ, tal que:


ρ < ρo – a ⇒ H φ = 0 (fora do anel)
ρo − a
ρo – a < ρ < ρo + a ⇒ H φ = K a
ρ
 ρ −a 
Vetorialmente: H φ = K a o aφ
ρ

ρ > ρo + a ⇒ H φ = 0 (fora do anel)

Se este toróide possuir N espiras nos quais flui uma corrente I, temos:

NI  NI 
Ka = ⇒ H= aφ (Bem dentro do toróide)
2π(ρ o − a ) 2πρ
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 62

7.3 – ROTACIONAL
   
Seja um vetor (ou campo vetorial) qualquer expresso por: A = A x a x + A y a y + A z a z

 
Definição: A componente do rotacional de A na direção da normal (versor a n ) de uma área ∆S é
dado por:
 
  ∫ A • dL
( )
rot.A • a n = lim
∆S
∆S→0

onde dL representa o vetor diferencial de comprimento integrado ao longo do perímetro da área ∆S

Para determinar uma expressão matemática para o rotacional no sistema de coordenadas



cartesianas, seja o vetor A aplicado no vértice da área ∆S = ∆y∆z que se situa mais próximo da
origem, ou vértice 1 da figura mostrada ao lado.
Neste caso, pela definição acima, temos:
 
∫ A • dL
 
( )
rot.A • a x = lim 12341
∆y∆z→0 ∆y∆z

 
Desenvolvendo separadamente ∫ A • dL , temos:
12341

  2 3 4 1  
∫ A • dL = ∫ + ∫ + ∫ + ∫ A • dL
12341 1 2 3 4
   ∂A z   ∂A y 
∫ A • dL ≅ A y ∆y +  A z + ∆y ∆z −  A y + ∆z ∆y − A z ∆z
12341  ∂y   ∂z 
   ∂A z ∂A y 
∫ A • dL ≅  − ∆y∆z

12341  ∂y ∂z 

Substituindo acima, obtemos, no limite, a componente do



rotacional de A na direção do eixo x:
   ∂A ∂A y 
( )
rot.A • a x =  z −
∂y ∂z


 

Semelhantemente, obtemos as componentes do rotacional



de A nas direções dos eixos y e z, isto é:
   ∂A ∂A z 
( )
rot.A • a y =  x −  (ver figura)
 ∂z ∂x 

(rot.A )• a z =  ∂∂Axy − ∂∂Ayx 



(ver figura)
 

Combinando os 3 componentes (na forma vetorial),



chegamos ao vetor que representa o rotacional de A ,
sendo expresso por:
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 63

  ∂A ∂A y  ∂A ∂A z    ∂A y ∂A x 
rot.A =  z − a x +  x − a y +  − a z
 
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   ∂x ∂y 
   
Para o vetor campo magnético H = H x a x + H y a y + H z a z e usando a notação de rotacional com o
vetor nabla, pode-se escrever:
  
rot.H = ∇ × H

Em coordenadas cartesianas, e somente neste sistema de coordenadas, o rotacional de um vetor


pode ser obtido através do seguinte determinante:
  
ax ay az
 
∇ × H = ∂ / ∂x ∂ / ∂y ∂ / ∂z
Hx Hy Hz
 
Nota: Ver no FORMULÁRIO GERAL as outras expressões do rotacional ( ∇ × H ) nos sistemas
de coordenadas cilíndricas e esféricas.

Aplicando novamente a definição do cálculo da componente do rotacional na direção do eixo x,


porém agora para o vetor campo magnético, e considerando a lei circuital de Ampère, obtemos:
 
∫ H • dL
  ∆I x
( )
rot.H • a x = lim 12341 = lim = Jx
∆y∆z→0 ∆y∆z ∆y∆z →0 ∆y∆z

onde ∆Ix = corrente envolvida pelo percurso 12341, ou corrente que atravessa a área ∆Sx = ∆y∆z.

De maneira análoga, obtém-se:


 
( )
rot.H • a y = J y
 
( )
rot.H • a z = J z

Daí, concluímos que o rotacional do vetor campo magnético resulta (na magnetostática) no vetor
densidade de corrente, ou seja:
  
∇×H = J (Forma pontual da lei circuital de Ampère)

Propriedades do operador rotacional:

1) A divergência do rotacional de qualquer função ou campo vetorial é sempre nula.


  
(
∇• ∇×A = 0 )
      
Seja, por exemplo, A = H . Da expressão ∇ × H = J chegamos a ∇ • J = 0 .

2) O rotacional do gradiente de qualquer função ou campo escalar é sempre nulo.


 
( )
∇ × ∇f = 0
 
 
Seja, por exemplo, f = -V. Da expressão E = −∇V chegamos a ∇ × E = 0 .
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 64

7.4 – TEOREMA DE STOKES

Pela definição de rotacional, temos:


 
∫ H • dL ∆ S   
∆S
(
≈ ∇× H •an )
    
( )
∫ H • dL ∆S ≈ ∇ × H • a n ∆S
    
(
∫ H • dL ∆S ≈ ∇ × H • ∆S )
Somando a circulação de todos os ∆S da superfície S, chegamos na expressão matemática do
teorema de Stokes:
    
∫ H • dL = ∫ ∇× (
H • dS )
C S

 
Notas: 1 - O contorno C envolve a superfície S. Os vetores dL (de C) e dS devem satisfazer a
 
“regra da mão direita” (com o polegar apontando dS e os outros dedos apontando dL );

2 - O teorema de Stokes é válido para qualquer campo vetorial, e não somente o campo H .

7.5 – FLUXO MAGNÉTICO (Φ ) E DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO ( B )

A densidade de fluxo magnético B é definida para o vácuo de permeabilidade magnética µo (sendo

µo = 4π ×10-7 H/m ) e o campo magnético H , como:
 
B = µoH (Unidade: Wb/m2)

Nota: B é definido em outros meios somente a partir da seção 8.6 desta apostila.

O fluxo magnético Φ que atravessa uma área S é obtido integrando B sobre a área S, isto é:
 
Φ = ∫S B • dS (Unidade: Wb)

Exemplo: Calcular o fluxo magnético Φ entre o condutor interno (raio ρ = a) e o condutor externo
(raio ρ = b) de uma linha coaxial de comprimento L no vácuo.

 I 
Solução: H = a φ na região a < ρ < b
2 πρ
  µI 
B = µH = aφ
2 πρ
  µI  
Φ = ∫ B . dS = ∫0L ∫ab a φ . dρ dza φ
S 2 πρ

µIL b
Φ= ln [Wb]
2π a
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 65

Analogias entre as equações da eletrostática e da magnetostática


ELETROSTÁTICA MAGNETOSTÁTICA

1) Densidade de fluxo elétrico 1) Densidade de campo magnético


   
D = εoE (no vácuo) B = µoH (no vácuo)
2) Fluxo elétrico 2) Fluxo magnético
   
ψ = ∫ D • dS Φ = ∫ B • dS
S S
3) Lei de Gauss da eletrostática 3) Lei de Gauss da magnetostática
  
ψ T = ∫ D • dS = Qint ∫ B • dS = 0
S S
4) Divergência da densidade de fluxo elétrico 4) Divergência da densidade de fluxo magético
   
∇ • D = ρv ∇•B = 0
5) Rotacional do campo elétrico 5) Rotacional do campo magnético
    
∇×E = 0 ∇×H = J
6) Circulação do campo elétrico 6) Circulação do campo magnético
     
∫ E • dL = 0 ∫ H • dL = I = ∫S J • dS

7.6 – POTENCIAIS ESCALAR E VETOR MAGNÉTICOS

O potencial escalar magnético Vm é definido, analogamente ao potencial eletrostático, a partir de:


 
H = −∇Vm (Unidade de Vm: A ou Aespira)

Esta expressão é definida somente na região onde J = 0 . (Por quê?)

Outras expressões (obtidas por analogia com o potencial eletrostático):


 
∇ 2 Vm = 0 em J = 0 (Equação de Laplace para materiais homogêneos magnetizáveis)

a  
Vm,ab = − ∫ H • dL (Depende de percurso específico para ir de “b” até “a”)
b

O potencial vetor magnético A é um campo vetorial tal que:
     
B=∇× A que satisfaz ∇•B= 0 (Unidade de A : Wb/m)

Outras expressões (obtidas por analogia com o potencial eletrostático):



 µI dL ρ dL  
A=∫ (Comparar com V = ∫ L . Note que a direção de A é a mesma de dL )
4πR 4πεR

    ρ
∇ 2 A = −µ J (Comparar com a Equação de Poisson ∇ 2 V = − v )
ε
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 66

Exemplo: Para a região entre o condutor interno (raio ρ = a) e o


condutor externo (raio ρ = b) da linha (ou cabo)
coaxial do exemplo anterior, calcular:
 
(a) Vm por H = −∇Vm
P  
(b) VmP = − ∫ H • dL
Re f
   
(c) A por ∇ × A = B
Solução:
  I  1 ∂Vm  dVm I I
(a) H = −∇Vm ⇒ aφ = − aφ ⇒ =− ⇒ Vm = − φ + C
2πρ ρ ∂φ dφ 2π 2π

I
Adotando Vm = 0 em φ = 0 (referência), obtemos C = 0 ⇒ Vm = − φ

Seja um ponto P(a < ρ <b, φ = π/4, z) situado na região entre os condutores (dielétrico) do
cabo coaxial. Este pode ser atingido de várias maneiras, partindo da referência, mantendo os
mesmos valores de ρ e z, e deslocando-se de um ângulo φ = ±2nπ+π/4, isto é, φ = π/4,
9π/4, 17π/4, ..., no sentido anti-horário, ou, φ = -7π/4, -15π/4, ... no sentido horário.

Assim, o potencial VmP, com relação a referência de potencial zero em φ = 0, possui


múltiplos valores em P, dependendo do percurso usado para chegar até P. Por exemplo:
I  π I  9π  I  − 7π 
VmP = −   ou VmP = −   ou VmP = −   , etc...
2π  4  2π  4  2π  4 

Daí, pode-se concluir que o potencial escalar magnético representa um campo não-
conservativo. Lembre-se que o potencial eletrostático entre 2 pontos não depende do
percurso ou caminho entre estes, representando assim um campo conservativo.
(b) Adotando Vm = 0 em φ = 0 (referência), o potencial no ponto P(a < ρ <b, φ, z) é:
P   φ I   I φ I
VmP = − ∫ H • dL ⇒ VmP = − ∫ a φ • ρdφa φ = − ∫ dφ ⇒ VmP = − φ
Re f φ=0 2πρ 2 π φ =0 2π

    ∂A ρ ∂A z   I  ∂A z I
(c) ∇ × A = B ⇒  − a φ = µ
 aφ ⇒ − =µ
 ∂z ∂ρ  2πρ ∂ρ 2πρ
I ∂ρ µI
Integrando: ∫ ∂A z = −µ ∫ ⇒ A z = − lnρ + C
2π ρ 2π
µI µI b
Tomando Az = 0 em ρ = b (referência), obtemos: C = lnb ⇒ A z = ln
2π 2π ρ
  µI b 
Vetorialmente: A = A z a z = ln a z
2π ρ
 
Atenção: Note que A tem o mesmo sentido de a z (sentido da corrente no condutor central

pois ρ < b). Também A decresce com o aumento de ρ desde ρ = a até ρ = b.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 67

7.7 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS



7.1) a) Demonstrar que o campo magnético H num ponto P devido a um filamento retilíneo de
comprimento finito (extremidades A e B), com corrente I no sentido indicado, é dado por:
 I
H = (sen α1 + sen α 2 ) a φ , sendo:
4πρ
α1, α2 = ângulos positivos medidos conforme indicados,

a φ = vetor unitário que define o sentido do campo no pto P,
ρ = menor distância, na perpendicular, do ponto P ao segmento
AB ou ao seu prolongamento.

b) A partir da expressão de H acima, determinar seus valores nos pontos C(0, 4, 0), D(3, 4,
0) e E(-3, 4, 0), se o filamento for colocado sobre o eixo x, com suas extremidades A e B
posicionadas, respectivamente, em (-3, 0, 0) e (3, 0, 0).

c) A partir da expressão de H acima, determinar seus valores nos mesmos pontos C, D e E,
com o filamento sobre o eixo x, porém, agora com sua extremidade A posicionada na
origem e sua extremidade B estendendo ao infinito.
Respostas: a) Demonstração;
3I 3I 13 3I 13
b) H C = a z [A/m], H D = a z [A/m], H E = a z [A/m];
40π 208π 208π
I I I
c) H C = a z [A/m], H D = a z [A/m], H E = a z [A/m];
16π 10π 40π
7.2) Um filamento de corrente muito longo está situado sobre a reta x = 5 e z = 0, possuindo uma
corrente de 20π [A], orientada no sentido positivo do eixo y. Determinar o campo magnético

H (na forma vetorial) nos seguintes pontos:
a) O(0,0,0); b) P(0,0,5); c) Q(5,0,5); d) S(5,5,5).
Respostas: a) H O = 2 az [A/m]; b) H P = a x + a z [A/m];
c) H Q = 2 a x [A/m]; d) H S = 2 a x [A/m].

7.3) Uma corrente filamentar I, no vácuo, sobre o eixo z, flui no sentido positivo do eixo. Seja um
percurso retangular ABCDA sobre o plano z = 0, com vértices nos pontos A(a,a,0), B(-a,a,0),
C(-a,-a,0) e D(a,-a,0). Determinar, para este percurso e utilizando o menor caminho, os
seguintes valores:
a) VmAB ; b) VmBC ; c) VmCD ; d) VmDA ;
e) VmAB + VmBC + VmCD + VmDA → Concluir a respeito do valor obtido;
f) VmAC por 2 caminhos (via B e depois via D) → Comparar os valores e concluir a respeito.
I I I I
Respostas: a) VmAB = ; b) VmBC = ; c) VmCD = ; d) VmDA = ;
4 4 4 4
e) VmAB + VmBC + VmCD + VmDA = I = corrente enlaçada;
I I
f) VmAC1 = ≠ VmAC 2 = − ⇒ Logo o sistema não é conservativo.
2 2
7.4) Encontre a indução magnética no centro de um triângulo equilátero de lado a, conduzindo
uma corrente I.
9Iµ o
Resposta: B = .
2π a
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 68

7.5) Um toróide no espaço livre com seção transversal retangular é formado pela interseção dos
planos z=0 e z=3 [cm] e os cilindros ρ=5 [cm] e ρ=7,5 [cm]. Uma densidade superficial de
 
corrente flui na superfície interna do toróide sendo dada por K int = 300a z [A/m].
Determinar:
a) O valor total da corrente Itotal na superfície interna do toróide;
b) As densidades superficiais de corrente (forma vetorial) nas outras 3 superfícies do toróide,
  
identificando-as por K ext , K topo e K base ;

c) O campo magnético H dentro do toróide;
d) O fluxo magnético total Φ total que circula dentro do toróide.

15
Respostas: a) Itotal = 30π [A]; b) K ext = −200a z [A/m], K topo = a ρ [A/m],
ρ
15 15
K base = − a ρ [A/m]; c) H = a φ [A/m]; d) Φ total = 0,23 [µWb].
ρ ρ

7.6) Calcular o campo magnético H no ponto P
da figura, admitindo que os fios são muito
longos.

I 1 1
Resposta: H = ⋅  + a z
2a 2 π 


7.7) Dado H = yz 2 a x + 2(x + 1)y 2 za y − (x + 1)z 2 a z
a) Determinar ∫ H • dL ao longo do contorno quadrado indo de P(0, 2, 0) a A(0, 2+b, 0) a
B(0, 2+b, b) a C(0, 2, b) a P(0, 2, 0);
b) Determinar ∇ × H ;
 H • dL 
(
c) Mostrar que ∇ × H ) = lim 
∫  em P.
x
∆S → 0  ∆S 
 

2 3 2b 4
Respostas: a) ∫ H • dL = −8b − 4b − 3
;

b) ∇ × H = (−2( x + 1) y 2 ) a x + (2 yz + z 2 ) a y + (2 y 2 z − z 2 ) a z ;
c) Demonstração (Notar que ∆S = b2 e que em P, x = 0, y = 2, z = 0).

7.8) Seja uma espira circular de raio ρ = a, situada no plano z = 0, na qual circula uma corrente I
no sentido anti-horário. Determinar no ponto P(0,0,h):

a) O campo magnético H ;
b) O potencial magnético Vm, supondo a referência de potencial zero no infinito.
 I a2  I a2  I  h 

Respostas: a) H = a z = a z ; b) V = 1 −
m  2 
(
2
2z +a 2 3/ 2
) 2
(
2h +a )
2 3/ 2 2 
2
h +a 
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 69

7.9) Determinar no ponto P da figura abaixo, as contribuições para a intensidade do campo



magnético H causadas por I (sentido anti-horário) para:
a) A seção semi-circular de raio a;
b) Os 2 condutores horizontais de comprimento l,
c) O condutor vertical de comprimento 2a,
d) Repetir o item (b) supondo l >> a,
e) Repetir o item (c) supondo l >> a.
 I   Il   Ia 
Respostas: a) H = a z ; b) H = a z ; c) H = az ;
4a 2πa l 2 + a 2 2πl l 2 + a 2
 I   Ia 
d) H = a z ; e) H = az
2πa 2πl 2

 10 r 2  
7.10) Dado H = a θ + 180 r cosθ a φ , no espaço livre, determinar:
senθ
 
a) ∇ × H ;
b) a corrente que sai da superfície cônica θ = 30o, 0 ≤ φ ≤ 2π,
0 ≤ r ≤ 2, usando um dos lados do teorema de Stokes;
c) usando o outro lado do teorema de Stokes, verificar o resultado
anterior.
  180 cos2θ   30 r 
Respostas: a) ∇ × H = a r − 360 cosθ a θ + aφ ;
senθ senθ
  
b) 1o lado: ∫ ∇ × H • dS = I = −360 3π = −1959 A ;
S
o
 
c) 2 lado: ∫ H • dL = I = −360 3π = −1959 A

7.11) Três superfícies infinitas de corrente localizam-se, no vácuo, da seguinte maneira: 100a x A/m
em z = 0, − 50a x A/m em z = 4 m, e − 50a x A/m em z = –4 m.
a) Sendo Vm = 0 em P(1, 2, 3), ache Vm em Q(1,5; 2,6; 3,7).
b) Sendo A = 0 em P(1, 2, 3), ache A em Q(1,5; 2,6; 3,7).
Sugestão: Use a componente apropriada de B = ∇ × A e o seu conhecimento acerca da
direção do vetor A .
Respostas: a) Vm = 50 y − 100 ⇒ VmQ = 30 A ;
b) A = (− 50µ o z + 150µ o )a x ⇒ A Q = −44,0a x µWb / m

7.12) Partindo da identidade vetorial ∇ × ∇ × A ≡ ∇ (∇ • A ) − ∇ 2 A , e utilizando coordenadas


cartesianas, mostre ∇ 2 A ≡ ∇ 2 Ax a x + ∇ 2 Ay a y + ∇ 2 Az a z , podendo A ser um vetor
qualquer.
Resposta: Demonstração.

7.13) Demonstre que o potencial vetor magnético para dois fios compridos, retos e paralelos, que
 µ I  r 
conduzem a mesma corrente I, em sentidos opostos, é: A = o ln 2 a L , onde r2 e r1 são
2π  r1 

as distâncias dos fios ao ponto desejado e a L é o vetor unitário paralelo aos fios.
Resposta: Demonstração.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VII: CAMPO MAGNÉTICO ESTACIONÁRIO 70

Anotações do Capítulo VII


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 71

Capítulo VIII

FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA


8.1 – FORÇA SOBRE UMA CARGA EM MOVIMENTO
  
F = Qv × B (Unidade da força: N)

Se ambos os campos elétrico e magnético estão presentes, a


força sobre uma carga pontual Q, chamada força de Lorentz, é:
       
( ) ( )
F = Q E + v × B em N, ou f = ρ v E + v × B em N/m3

8.2 – FORÇA SOBRE UM ELEMENTO DIFERENCIAL DE CORRENTE


         
( ) ( )
dF = dQ v × B = Idt v × B = I(vdt ) × B ⇒ dF = IdL × B
   
Para um condutor retilíneo, com B = cte. , obtemos: F = I L × B

Módulo da força F : F = B I L sen θ onde θ é o ângulo entre os
 
vetores L e B
  
Sentido da força F : Regra do produto vetorial, indo de L para B .
 
Nota: Caso os vetores L e B sejam perpendiculares (θ =90o), pode-se usar a conhecida

“Regra dos 3 dedos da mão esquerda” para obter o sentido de F . Assim, com o
 
dedo indicador apontando B e o dedo médio apontando L (ou I), obtém-se o dedo

polegar apontando o sentido de F .

Exemplo: Determinar as forças de repulsão entre 2 condutores filamentares retilíneos longos e


paralelos, separados por uma distância d por onde fluem correntes I iguais e opostas.

Solução:
Os sentidos das forças estão indicados na figura.
As duas forças possuem mesmo módulo, o qual é obtido do
seguinte modo (no vácuo):
I
F = B I L onde B = µo H = µo
2πd
I F µo I 2
Logo: F = µo IL ⇒ = [N/m]
2πd L 2πd
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 72

8.3 – FORÇA ENTRE ELEMENTOS DIFERENCIAIS DE CORRENTE

Densidade do fluxo magnético no ponto 2 devido ao elemento diferencial de corrente no ponto 1:


 
  I1dL1 × a R12
dB 2 = µ o dH 2 = µ o 2
4πR 12

Relembrando, a força diferencial em um elemento diferencial de corrente é expressa por:


  
dF = IdL × B
   
Substituindo B por dB 2 , e IdL = I 2 dL 2 , a quantidade diferencial da força diferencial no
elemento diferencial de corrente no ponto 2 torna-se:
  
( )
d dF2 = I 2 dL 2 × dB 2

Substituindo dB 2 :
 
  I1dL1 × a R12
( )
d dF2 = I 2 dL 2 × µ o 2
4πR 12
   
 I I  dL 1 × a R 12  I I   dL1 × a R 12 
( )
d dF2 = µ o 1 2 dL 2 ×
4π 2
⇒ F2 = µ o 1 2
4π ∫ dL 2 × ∫
2

R 12  R 12 

Nota: A segunda integral é necessária para obter o campo magnético em 2 devido à corrente no
ponto 1. Pelo demonstrado, é melhor dividir o problema de calcular a força magnética em
duas partes: primeiro calcula-se o vetor campo magnético, e depois calculamos a força.

8.4 – TORQUE EM UMA ESPIRA INFINITESIMAL PLANA


  
Para a espira infinitesimal retangular da figura e da definição de torque ( T = r × F ) , obtém-se:
   
dT = IdS × B (Unidade de T : Nm)
Definindo o momento magnético diferencial da espira como:
  
dm = IdS (Unidade de m : Am2)
podemos escrever o torque na espira como sendo:
  
dT = dm × B

De uma maneira geral, para B constante em toda área S, temos:
    
T = I S× B = m × B

Notas:
• As equações acima são também válidas para qualquer forma de
espira de corrente, como por exemplo a espira circular.

• O torque na espira ( T ) atua de tal maneira a alinhar o momento
 
magnético ( m ) produzido pela espira com o campo magnético externo ( B ).
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 73

8.5 – A NATUREZA DOS MATERIAIS MAGNÉTICOS

Existem 3 tipos de momentos magnéticos em um átomo causados por:



1o) Rotação (spin) do elétron em torno de seu próprio eixo: m spin

2o) Rotação do núcleo em torno de seu próprio eixo: m núcleo

3o) Movimento circular (órbita) do elétron em torno do núcleo: m orb

Dependendo da combinação desses momentos magnéticos pode-se classificar 6 tipos diferentes de


material, conforme mostrado na seguinte tabela.

CLASSIFICAÇÃO MOMENTOS B µR ALGUNS EXEMPLOS


DO MATERIAL MAGNÉTICOS VALORES USUAIS
E COMENTÁRIOS
1 – Diamagnético
  Bint < Bapl, µR < 1, H, He, NaCl, Cu, Au, Si, Ge, S,
m orb + m spin = 0
Bint ≅ Bapl µR ≅ 1 grafite, gases inertes.
2 – Paramagnético
 
m orb + m spin = pequeno Bint > Bapl, µR > 1, K, O, Al, Be, tungstênio, terras-
Bint ≅ Bapl µR ≅ 1 raras, vários sais.

3 – Ferromagnético   Bint >> Bapl µR >> 1 Fe, Co, Ni, ligas. Domínios
m spin >> m orb
10 <µR <10 magnéticos fortes
3 6

4 – Antiferromagnético   Bint ≅ Bapl µR ≅ 1 Óxido de magnésio. Momentos


m spin >> m orb
adjacentes se opõem e cancelam
5 – Ferrimagnético   Bint > Bapl µR > 1 Ferrites. Momentos adjacentes
m spin > m orb
10<µR <103 desiguais paralelos e opostos
6 – Superparamagnético   Bint > Bapl µR > 1 Fitas magnéticas de gravação.
m spin > m orb
1 < µR < 10 Matriz não magnética.

8.6 – MAGNETIZAÇÃO E PERMEABILIDADE MAGNÉTICA



Magnetização M é definido como sendo o momento magnético total por unidade de volume, isto é:

 
1 n∆v  m total
M = lim ∑ m i = lim (Unidade: A/m – mesma unidade de H)
∆v→0 ∆v i =1 ∆v→0 ∆v

onde n é o número de dipolos magnéticos por unidade de volume ∆v



A lei circuital de Ampère relaciona o campo magnético H com a corrente de condução I que
produz este campo, isto é:
 
I = ∫ H • dL

Por analogia, pode-se também relacionar o campo M com uma corrente, Im, que produz este
campo, sendo esta corrente chamada de corrente de magnetização.
 
I m = ∫ M • dL
A lei circuital de Ampère em termos da corrente total, IT, é expressa por:

B 
IT = ∫ • dL
µo
onde:
IT = I + Im = soma das correntes de condução e de magnetização
µo = 4π×10-7 = permeabilidade magnética do vácuo (unidade: H/m)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 74

Substituindo as correntes pelas suas expressões com integrais, obtemos a seguinte expressão geral
  
que relaciona os 3 campos B , H e M em qualquer tipo de meio:

B        
µo
= H + M ⇒ B = µo H + M( ) (Análoga a D = ε o E + P )

 
Para um meio linear e isotrópico, pode-se relacionar M linearmente com H por:
   
M = χmH (Análoga a P = χ e ε o E )

sendo χm chamada de susceptibilidade magnética (constante adimensional).



Substituindo M na expressão geral, e arranjando os termos, obtemos a conhecida relação:
 
B = µH

onde:
µ = µ R µ o = permeabilidade magnética absoluta (unidade: H/m)
µ R = 1 + χ m = permeabilidade magnética relativa (constante adimensional)
        
( )
Nota: Por analogia com ∇ × H = J , pode-se chegar a: ∇ × M = J m e ∇ × B µ o = J T .

8.7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA O CAMPO MAGNÉTICO

Aplicando a lei de Gauss do campo magnético ao pequeno cilindro da figura e fazendo ∆h→0:
 
∫ • dS = 0 ⇒ B n1∆S − B n 2 ∆S = 0 ⇒ B n1 = B n 2
S
B

Logo, a componente normal da densidade de fluxo magnético é contínua, isto é, não se altera.

Aplicando a lei circuital de Ampère ao pequeno circuito fechado da figura, fazendo ∆h→0, temos:
 
∫ H • dL = I enlaçada ⇒ H t1∆L − H t 2 ∆L = K∆L ⇒ H t1 − H t 2 = K
Logo, a componente tangencial do campo magnético sofre uma descontinuidade de K, isto é, altera-
se de K quando existe uma distribuição superficial de corrente na fronteira entre os 2 meios. Em
forma vetorial, a expressão para o campo magnético acima é dada por:
    
( )
H1 − H 2 × a n12 = K (Nota: a n12 = versor normal à fronteira dirigido da região 1 para a 2)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 75

Se não existe distribuição de corrente na fronteira, isto é, se K = 0, obtém-se: H t1 = H t 2

Logo, a componente tangencial do campo magnético é contínua, isto é, não se altera quando não
existe uma distribuição superficial de corrente (K) na fronteira entre os 2 meios.

8.8 – CIRCUITO MAGNÉTICO

A análise de circuitos magnéticos é feita por analogia com circuitos elétricos de corrente contínua
constante. O quadro abaixo indica a analogia entre as equações desses circuitos.

CIRCUITO ELÉTRICO CIRCUITO MAGNÉTICO


1) Intensidade de campo elétrico 1) Intensidade de campo magnético
   
E = −∇ V H = −∇Vm
2) Diferença de potencial elétrico 2) Diferença de potencial magnético
B  B 
VAB = ∫ E • dL Vm,AB = ∫ H • dL
A A
3) Lei de Ohm, forma pontual 3) Densidade de fluxo magnético
   
J = σE B = µH
4) Corrente elétrica 4) Fluxo magnético
 
 
I = ∫S J • dS Φ = ∫S B • dS
5) Resistência (R) 5) Relutância (ℜ)
L L
R= ℜ=
σS µS
6) Lei de Ohm 6) Lei de Ohm para circuitos magnéticos
V =RI Vm = ℜ Φ
7) Lei de Kirchhoff das malhas 7) Lei circuital de Ampère
     
∫ E • dL = 0 ∫ H • dL = I enlaçada ou ∫ H • dL = NI

Exemplo: Seja um toróide de núcleo de ar, de área de seção reta


S = 6 cm2, raio médio rm = 15 cm, envolvido por um
enrolamento com N = 500 espiras onde circula uma
corrente I = 4 A. Calcular a intensidade do campo
magnético H no interior do toróide.

Solução 1: Usando a equação do circuito elétrico análogo:


Fmm = NI = ℜΦ = H L
L 2π rm 2π × 15 × 10 −2
ℜ= = = 7 4
= 1,25 × 10 9 Aesp / Wb
µ oS µ oS −
4π × 10 × 6 × 10 −

Fmm NI 500 × 4
Φ= = = 9
= 1,6 × 10 −6 Wb
ℜ ℜ 1,25 × 10
Φ 1,6 × 10 −6
B= = 4
= 2,67 × 10 −3 Wb / m 2
S 6 × 10 −
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 76

B 2,67 × 10 −3
H= = = 2120 Aesp / m
µo 4π × 10 −7

Solução 2: Usando a lei circuital de Ampère:


 
∫ H • dL = I enlaçada ⇒ H × 2π rm = NI ⇒
NI 500 × 4
H= ⇒ H= = 2120 Aesp / m
2π rm 2π × 15 × 10 −2

Exemplo: Seja um toróide de núcleo de aço-silício (figura abaixo) de área de seção reta S = 6 cm2,
raio médio rm = 15 cm, com um entreferro  ar = 2 mm, o qual está envolvido por um
enrolamento com N = 500 espiras. Calcular a corrente I que deve circular no enrolamento
para que a densidade de fluxo magnético em todo o núcleo seja B = 1 Wb/m2.

Solução:
Escrevendo a equação do circuito elétrico análogo:
Fmm = NI = ℜ aço Φ + ℜ ar Φ

ou,
Fmm = NI = Vm,aço + Vm,ar

ou,
Fmm = NI = H aço L aço + H ar L ar

Daí,
H aço L aço + H ar L ar
I=
N
Fazendo Baço = B = 1 Wb/m2 e levando na curva do aço-silício (ver figura acima) obtemos:
H aço = 200 Aesp/m

Fazendo Bar = B = 1 Wb/m2, obtemos:


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Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 77

B ar 1
H ar = = − 7
= 7,9577 × 10 5 Aesp/m
µo 4π × 10
Logo,
200 × (2π × 0,15 − 0,002 ) + 7,9577 × 10 5 × 0,002
I= = 3,56 A
500
Nota: Se desejarmos considerar o aumento da área da seção transversal por onde passa o fluxo no
ar (devido ao espalhamento de fluxo quando o mesmo passa do ferro para o ar), utiliza-se o
fator de espraiamento k, fazendo S ar = kS ferro , sendo k > 1.

8.9 – ENERGIA DE UM CAMPO MAGNETOSTÁTICO


 
A energia total armazenada no campo magnetostático no qual B é relacionado linearmente com H
é obtida por:

1   1  
WH = ∫ B • H dv [J] (Análoga a: WE = ∫vol D • E dv )
2 vol 2

   B
Notas: a) Fazendo B = µH , ou H = obtemos:
µ
1 2 1 B2
WH = ∫vol µH dv ou WH = ∫vol dv
2 2 µ

b) A densidade de energia (em J/m3) é dada por:

dWH 1   1 1 B2
= B • H = µH 2 =
dv 2 2 2 µ

8.10 – AUTO-INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA

Auto-indutância ou indutância própria ou simplesmente indutância, L, de um circuito fechado


(espira ou bobina) é definida como a razão entre o fluxo total enlaçado pelo circuito (Λ) e a corrente
(I) que produz este fluxo. (Ver figura).

Λ NΦ
L= = (Unidade: Henry, H)
I I
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Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 78

Nota: A equação da indutância pode também ser obtida a partir da energia no campo magnético
(WH) devido a corrente I que flui no circuito fechado. Assim, temos:

2 WH 1 2
L= ⇒ WH = LI
I 2 2

Indutância mútua, M, entre 2 circuitos fechados é definida como a razão entre o fluxo total
enlaçado pelos 2 circuitos e a corrente que produz este fluxo. (Ver figura).

Λ12 N 2 Φ12
M12 = = (Unidade: Henry, H)
I1 I1

Nota: Em termos de energia mútua, temos:


1   1  
M12 = ( )
∫ B1 • H 2 dv =
I 1 I 2 vol
( )
∫ µH1 • H 2 dv
I 1 I 2 vol

onde:
 
B1 , H1 = campo que resulta de I1 (com I2 = 0)

H 2 = campo que resulta de I2 (com I1 = 0)

Na obtenção de M21, o lado direito da expressão


acima não varia, pois o produto escalar é
comutativo.
Portanto,

M12 = M 21

Exemplo: A figura mostra 2 solenóides coaxiais de raios r1 e r2, r1 < r2, com n1 e n2 espiras/m.
Determinar (em H/m) as auto-indutâncias L1 e L2 e as indutâncias mútuas M12 e M21.

Solução: Da seção 7.2, e sendo N = no espiras, n = no espiras/m:


 NI  
H= a z = nIa z bem dentro do solenóide


H=0 fora do solenóide
Assim, para o solenóide 1 (interno) temos:
 N1 I 1  
  a z = n 1 I 1a z para ρ < r1
H1 =  
0 para ρ > r1

Similarmente, para o solenóide 2 (externo) temos:


 N2I2  
  a z = n 2 I 2 a z para ρ < r2
H2 =  
0 para ρ > r2
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Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 79

a) Cálculo de L1 e M12 em H/m (supondo I2 = 0):

Λ 1 N 1Φ 1 n 1Φ 1
L1 = = = onde Φ1 = B1S1 = µ 0 H1S1 = µ 0 n 1 I 1 πr12
I1 I1 I1
L1
Logo: = µ 0 n 12 πr12 [H/m]

Λ12 N Φ n Φ
M12 = = 2 12 = 2 12 onde Φ12 = Φ1 = B1S1 = µ 0 H1S1 = µ 0 n 1 I 1 πr12
I1 I1 I1
M12
Logo: = µ 0 n 1n 2 πr12 [H/m]


b) Cálculo de L2 e M21 em H/m (supondo I1 = 0):

Λ 2 N 2 Φ 2 n 2 Φ 2
L2 = = = onde Φ 2 = B 2S 2 = µ 0 H 2 S 2 = µ 0 n 2 I 2 πr22
I2 I2 I2
L2
Logo: = µ 0 n 22 πr22 [H/m]

Λ NΦ n Φ
M 21 = 21 = 1 21 = 1 21 onde Φ 21 = B 2S1 = µ 0 H 2S1 = µ 0 n 2 I 2 πr12
I2 I2 I2
M 21 M
Logo: = µ0n1n 2πr12 = 12 [H/m]
 

Atenção: Adotando agora n1 = 50 espiras/cm e n2 = 80 espiras/cm; r1 = 2 cm e r2 = 3 cm, para os


2 solenóides coaxiais da figura, calcular os valores numéricos de L1 e L2 e M12 e M21.
L1 = 4π × 10 −7 × 50 2 × π × 2 2 ⇒ L1 = 39,5 mH / m
L 2 = 4π × 10 −7 × 80 2 × π × 3 2 ⇒ L 2 = 227,4 mH / m
M12 = M 21 = 4π × 10 −7 × 50 × 80 × π × 2 2 ⇒ M12 = M 21 = 63,2 mH / m
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 80

8.11 – EXERCÍCIOS PROPOSTOS

8.1) Assume-se que o material ferromagnético da


figura possui permeabilidade constante igual
a µ. Sendo S1 = S2 = S3 = S = a área da
seção reta em qualquer parte do núcleo, 1,
2 e 3 = os comprimentos médios do braço
esquerdo, braço central e braço direito,
respectivamente (com 1 = 3 = 2  e 2 = ),
determinar:
a) A indutância L2 da bobina de N2 espiras
do braço central;
b) A indutância mútua M21 entre as duas bobinas.

N 22 µ S N1 N 2 µ S
Respostas: a) L 2 = ; b) M 21 = .
2 4

8.2) Um condutor retilíneo muito longo estende-se sobre o eixo y, possuindo


uma corrente I1, no sentido indicado. Um condutor de forma retangular
rígida, com corrente I2 no sentido ABCDA, é posicionado no plano xy ao
lado do condutor retilíneo, conforme mostrado na figura. Determinar:
a) Os vetores forças sobre cada um dos lados do condutor retangular;
b) O vetor força resultante sobre o condutor retangular;
c) O fluxo total devido a I1 que atravessa o condutor retangular;
d) A indutância mútua entre os 2 condutores.
µ o I1 I 2 b µ o I1 I 2
Respostas: a) F AB = − ax , F BC = ln 2 a y ,
2π a 2π
µ o I1 I 2 b
F CD = ax ,
4π a
µ I I µ I I b
F DA = − o 1 2 ln 2 a y ; b) F R = − o 1 2 a x ;
2π 4π a
µ o I 1b µ ob
c) Φ = ln 2 ; d) M12 = ln 2 .
2π 2π

8.3) Duas placas infinitas, formadas de materiais magnéticos homogêneos, lineares e isotrópicos,

de espessuras 3 e 4 [mm], localizam-se no vácuo conforme a figura abaixo. Se a z tem a
   
direção indicada e H 1 = a x + 2 a y + 3a z [kA/m] na região (1), ache o ângulo entre o campo
 
vetorial H e o vetor unitário a z nas regiões (1), (2), (3) e (4).

Respostas:
θ1 = θ4 = 36,70o,
θ2 = 56,14o;
θ3 = 65,91o.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 81

8.4) Um condutor filamentar infinito situa-se sobre o eixo z e conduz uma corrente I1 no sentido

+ a z . Um segmento reto de condutor sólido se estende de PA(–, l, 0) a PB(+, 1, 0).
Determinar:

a) O campo magnético H gerado pelo condutor infinito em um ponto genérico sobre o
segmento condutor;

b) O valor diferencial de força dF que surge devido ao campo magnético H do item (a)
atuando em um ponto genérico no segmento condutor quando este conduz uma corrente I2

no sentido + a x ;

c) O torque resultante Ttotal sobre o segmento condutor em relação ao ponto P0 (0, 1, 0).

I (x a y − a x )
Respostas: a) H = 1 ;
2π (x 2 + 1)
µ I I xdx
b) dF = o 1 2 az ;
2π (x 2 + 1)
− µ o I1 I 2
c) T total = ( − arctg  ) a y .
π

8.5) Um eletroimã com a armadura de ferro em forma de ∪


produz força suficiente para manter uma barra de ferro
suspensa. Seja µR = 1800 para o ferro da armadura e da
barra, e os ampères-espiras aplicados à bobina NI = 1
[kA]. O comprimento médio total ao longo da
armadura e da barra é de 1 [m] com uma seção
transversal de 0,1 [m2]. Uma lâmina de cobre de 1
[mm] entre a armadura e a barra previne o contato
ferro-a-ferro.
Adotando µcobre = µo, determinar:
a) fluxo magnético produzido pelo eletroimã;
b) A massa da barra de ferro (g = 9,8 m/s2).
Respostas: a) Φ = 0,0492 [Wb]; b) m = Φ2/(µo g S) = 1965,6 [Kg].

8.6) Uma espira condutora circular de raio a está localizada sobre o plano z = 0 e nela circula
   
(
uma corrente I na direção + aφ . Para um campo uniforme B = Bo a x + a y )2 , calcular a
magnitude (módulo) e a direção (vetor unitário) do torque na espira.
   
(
Respostas: T = πa 2Bo I ; a T = − a x + a y 2. )
8.7) Seja uma bobina solenoidal (solenóide) de N espiras, com núcleo de ar, raio da seção reta
igual a a e comprimento do núcleo igual a .
a) Determinar, usando a Lei Circuital de Ampère, a expressão que fornece o campo
magnético resultante no interior do solenóide;
b) Determinar, utilizando a definição de indutância, a expressão que fornece a indutância
própria da bobina solenoidal.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 82

 NI  µ N 2π a 2
Respostas: a) H = a z ; b) L = o .
 
8.8) Um toróide, que possui seção transversal quadrada, é limitado pelas superfícies z = 0, z=
20 [mm], ρ = 30 [mm] e ρ = 50 [mm].A superfície em ρ = 30 [mm] conduz uma corrente

distribuída cuja densidade superficial é K = −10a z [kA/m]. Determinar:
a) As
 densidades  superficiais
 de correntes correspondentes às outras três superfícies, isto é
K ( ρ =50) , K ( z=0) e K ( z=20) ;

b) O campo magnético H no interior do toróide;
c) A energia total armazenada (WH) no interior do toróide, cuja permeabilidade relativa é µR
= 20.
   300   300 
Respostas: a) K (ρ=50 ) = 6a z [kA/m], K (z =0 ) = a ρ [A/m] e K (z = 20 ) = − a ρ [A/m];
ρ ρ
 300 
b) H = − a φ [A/m]; c) WH = 72,6 [mJ].
ρ

8.9) A figura mostra uma bobina com N = 400


espiras enrolada num núcleo de material
ferromagnético formado com 2 materiais
diferentes: (1) ferro fundido e (2) aço fundido.
Determinar a corrente I na bobina, se a
densidade de fluxo magnético no ferro fundido
é B1 = 0,5 T.
Nota: Ver em anexo as curvas B-H destes
materiais.

Resposta: I = 2,41 A

8.10) Determinar o módulo da intensidade de campo magnético no interior de um material para o


qual:
a) a densidade de fluxo magnético é 4 mWb/m2 e a permeabilidade relativa é 1,008;
b) a suscetibilidade magnética é –0,006 e a magnetização é 19 A/m;
c) temos 8,1×1028 átomos/m3, cada átomo possui um momento de dipolo de 4×10-30 A.m2
e χm = 10-4.

Respostas: a) H = 3.160 [A/m]; b) H = 3.170 [A/m]; c) H = 3.240 [A/m].

8.11) Em um certo material magnético H = 5ρ3a φ A/m e µ = 4×10-6 H/m.


Determinar, para ρ = 2 m:
a) J ; b) J m c) J T

Respostas: a) . J = 80a z [A/m2]; b) J m = 174,6a z [A/m2]; c) J T = 254,6a z [A/m2]


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 83
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 84

8.12) a) Usando a lei circuital de Ampère, demonstrar que o campo magnético H produzido por

uma lâmina de corrente com densidade superficial de corrente K uniforme é expresso
por:
 1  
H = K×aN
2

sendo:

a N = versor normal à lâmina orientado para o lado desejado

b) Uma espira retangular condutora está


posicionada sobre o plano z = 0 conforme
mostra a figura ao lado, sendo seus vértices em
A(1,2,0), B(3,2,0), C(3,6,0) e D(1,6,0). Uma
pequena corrente I circula no sentido anti-
horário na espira, que está submetida a uma

densidade de fluxo magnético B produzido por
 
2 lâminas de corrente K 1 = 400 a x A/m em
 
z = 3 m, e K 2 = −300 a z A/m em y = 0, no
espaço livre. Determinar:

b.1) O campo vetorial total B sobre a espira
devido as 2 lâminas de corrente;
b.2) As forças resultantes sobre os 4 lados da espira e força total resultante;

b.3) O torque total resultante T em relação ao centro da espira, usando a fórmula
  
T = r × F.
(Nota: Supor as forças aplicadas nos centros de cada lado da espira);
   
b.4) O torque total resultante T , usando a fórmula T = I S × B .

Respostas: a) Demonstração;
  
b.1) B = 200µ o a y + 150µ o a x
      
b.2) F = 0 , FAB = 400µo I a z = −FCD , FDA = 600µo I a z = −FBC ;
  
b.3) T = −1600µ o I a x + 1200µ o I a y ;
  
b.4) T = −1600µ o I a x + 1200µ o I a y (igual ao obtido no item anterior)
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Capítulo VIII: FORÇAS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS, MATERIAIS E INDUTÂNCIA 85

Anotações do Capítulo VIII


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 85

Capítulo IX

CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL


9.1 – A LEI DE FARADAY

Haverá uma força eletromotriz, fem, ou tensão induzida, em qualquer uma das seguintes situações:
1. Um caminho fechado estacionário é enlaçado por um fluxo magnético variável no tempo;
2. Um caminho (fechado) se movimenta com relação a um fluxo magnético estacionário;
3. Um caminho (fechado) móvel enlaçado por um fluxo magnético variável no tempo (1 + 2).

A lei de Faraday quantifica esta fem estabelecendo que ela é proporcional a taxa de variação de
fluxo que atravessa o caminho fechado (que não precisa ser condutor), sendo expressa por:


fem = − [V] (para um caminho fechado) (01)
dt
ou,

fem = − N [V] (para um caminho fechado com N espiras - bobina) (02)
dt

Nota: O sinal menos das equações acima provém da lei de Lenz a qual indica que a fem está numa
direção (ou possui uma polaridade) tal a produzir um fluxo magnético de oposição à
variação do fluxo original.

A fem induzida é definida como uma tensão induzida num caminho fechado, sendo expressa por:
 
fem = ∫ E • dL (03)
 
Substituindo Φ = ∫ B • dS em (01) e igualando com (03):
S
  d  
fem = ∫ E • dL = − ∫ B • dS (04)
C dt S

onde
C = contorno da área S ao redor do qual a integral de linha é calculada,
S = área limitada pelo contorno C onde a integral de superfície é calculada.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 86

Nota: Na equação (04), o sentido de dL deve sempre

concordar com o sentido de dS de acordo com a regra da
mão direita ou do saca-rolhas (ver figura ao lado). Os dedos

indicam a direção do caminho fechado, ou de dL , e o

polegar indica a direção de dS . Adota-se para a fem o

mesmo sentido de dL . Se o valor da fem for negativo, então

seu sentido real (ver figura) é o contrário daquele de dL .

Vamos agora separar a análise da fem em 3 partes, calculando:


(1) a contribuição para a fem total por um campo magnético que varia dentro de um caminho
fechado estacionário - fem variacional ou de transformador,
(2) a contribuição para a fem total por um caminho ou contorno que se move sob a ação de um
campo magnético constante - fem de velocidade ou de gerador,
(3) a fem total, correspondendo a soma de (1) e (2).

9.1.1 – Fem devido a um campo que varia dentro de um caminho fechado estacionário

Passando a derivada para dentro da integral de superfície do lado direito de (04), obtemos:

  ∂B 
fem = ∫ E • dL = − ∫ • dS (Equação de Maxwell, forma integral) (05)
S ∂t

Usando o teorema de Stokes e transformando a integral de linha fechada em integral da superfície


envolvida pela linha,

   ∂B 
∫ ∇ × E • dS = − ∫ • dS
S S ∂t

Igualando os integrandos, chegamos a:



  ∂B
∇×E = − (Equação de Maxwell, forma pontual) (06)
∂t

Notas:
(a) As equações (05) e (06), chamadas de equações de Maxwell nas formas integral e pontual,
respectivamente, são obtidas da lei de Faraday aplicada a um caminho ou circuito fechado.

(b) Se B não é função do tempo, as equações (05) e (06) reduzem as equações eletrostáticas:
 
∫ E • dL = 0
 
∇×E = 0

Exemplo: Seja um campo magnético simples o qual aumenta exponencialmente com o tempo
 
dentro de uma região cilíndrica ρ < b e expresso por B = B o e kt a z , sendo Bo uma

constante. Determinar a fem e o campo elétrico E induzidos num contorno circular
(espira) de raio ρ = a, a < b (ver figura abaixo), situado no plano z = 0.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 87
 
Solução: Tomando E = E φ a φ (adotando o sentido anti-horário)
na espira, e aplicando a equação (05) obtemos:
fem = 2πaE φ = − kB o e kt πa 2

Logo, obtemos na espira de raio ρ = a


fem = − kB o e kt πa 2 (sentido real é horário)
1
E φ = − kB o e kt a (sentido real é horário)
2

Genericamente, as expressões de fem e E para qualquer ρ, ρ < b, são dadas por:
 1 
fem = − kB o e kt πρ 2 E = − kB o e kt ρa φ
2
Nota: Refaça este exercício usando a equação de Maxwell na forma pontual (06).

9.1.2 – Fem devido a um campo estacionário e um caminho móvel

O fluxo que atravessa a superfície contida pelo caminho fechado em um tempo t é:


Φ = B S = Byd

A partir da lei de Faraday (fem adotada no sentido anti-horário), obtemos :


dΦ dy
fem = − = − B d ⇒ fem = − Bvd (07)
dt dt
 
Para uma carga Q movendo-se a uma velocidade v em um campo magnético B , tem-se:

   F     
F = Qv × B ⇒ = v × B ⇒ Em = v × B (08)
Q

onde E m representa um campo elétrico de movimento (que gera fem)

Assim, temos:
    
( )
fem = ∫ E m • dL = ∫ v × B • dL (09)

No caso do condutor que se move sob a ação do campo magnético (figura acima), obtemos:
     d
( )
fem = ∫ E m • dL = ∫ v × B • (− dx a x ) = − ∫ v B dx ⇒ fem = − Bvd (= equação (07) acima)
0
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 88

9.1.3 – Fem total devido a um campo variável e um caminho móvel

Se a densidade de fluxo magnético está também variando com o tempo, então nós devemos incluir
ambas as contribuições, a fem de transformador (05) e a fem de movimento (09), resultando em:

  ∂B    
fem = ∫ E • dL = − ∫ ( )
• dS + ∫ v × B • dL (10)
S ∂t

Nota: Tanto a expressão (10) acima pode ser usada em qualquer situação para calcular a fem, como
também pode-se usar a expressão (01). Se o circuito envolver N espiras, sob a ação do fluxo
Φ, o valor final da fem deve ser multiplicado por N.

9.2 – CORRENTE DE DESLOCAMENTO

A forma pontual da lei circuital de Ampère,


  
∇×H = J (11)

apesar de adequada para aplicação em situações com campos magnéticos estacionários é


inadequada para aplicação em condições variáveis no tempo.

Demonstração da validade desta afirmativa:

Tomando a divergência de ambos os lados de (11):


    
∇•∇×H = ∇• J

Mas sabemos que div(rotH) = 0 , resultando:
 
∇•J = 0 (12)

Porém, a equação da continuidade (seção 5.2) afirma que:


  ∂ρ
∇•J = − v (13)
∂t

Para que haja igualdade entre (12) e (13) é necessário que:


∂ρ v
=0
∂t
o qual representa uma limitação irreal para campos variáveis no tempo.

Tornando a expressão (11) compatível para qualquer situação:



Adicionando um termo desconhecido G a (11), temos:
   
∇×H = J + G (14)

Tomando novamente a divergência de ambos os lados:


      
∇•∇×H = ∇• J + ∇•G
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 89

Fazendo div(rotH) = 0 , resulta em:
   
∇•J +∇•G = 0

Da equação da continuidade (13),


   ∂ρ  ∂ρ
∇ • G = − − v  = v
 ∂t  ∂t
 
De ρ v = ∇ • D , temos:
  
  ∂ ∇•D
∇•G =
( ) ∂D
= ∇•
∂t ∂t

Daí, chegamos a:

 ∂D
G= (15)
∂t
Substituindo (15) em (14), chegamos finalmente a:

   ∂D
∇×H = J + (Lei circuital de Ampère, forma pontual) (16)
∂t

Fazendo

 ∂D
Jd = (17)
∂t

sendo J d chamada de densidade de corrente de deslocamento.

Substituindo (17) em (16):


   
∇ × H = J + Jd (18)

Semelhantemente a corrente de condução, pode-se determinar a corrente de deslocamento por:



  ∂D 
I d = ∫ J d • dS = ∫ • dS (19)
S S ∂t

Integrando (16) sobre uma superfície S, para obtenção da forma integral da lei circuital de Ampère:

     ∂D 
∫ ∇ × H • dS = ∫ J • dS + ∫ • dS
S S ∂t

Aplicando o teorema de Stokes ao primeiro membro da expressão acima, chegamos a:



  ∂D 
∫ H • dL = I + I d = I + ∫ • dS (Lei circuital de Ampère, forma integral) (20)
S ∂t
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 90

9.3 – EQUAÇÕES DE MAXWELL EM FORMA PONTUAL OU DIFERENCIAL

As quatro equações básicas de Maxwell são as seguintes:



  ∂B
(1) ∇ × E = − (Lei de Faraday, forma pontual) (21)
∂t

   ∂D  
(2) ∇ × H = J + = J + Jd (Lei de Ampère, forma pontual) (22)
∂t
 
(3) ∇ • D = ρ v (Lei de Gauss do cpo. elétrico, forma pontual) (23)
 
(4) ∇ • B = 0 (Lei de Gauss do cpo. magnético, forma pontual) (24)

Equações auxiliares:
 
(5) D = εE (25)
 
(6) B = µH (26)
 
(7) J = σE (27)
 
(8) J = ρv (28)

Equações envolvendo campos de polarização e magnetização:


  
(9) D = ε o E + P (29)
  
(10) B = µ o ( H + M ) (30)

Para materiais lineares:


 
(11) P = χ e ε o E (31)
 
(12) M = χ m H (32)

Equação da força de Lorentz


     
(
(13) f = f E + f M = ρ v E + v × B ) (força por unidade de volume) (32)

9.4 – EQUAÇÕES DE MAXWELL EM FORMA INTEGRAL

As quatro equações básicas de Maxwell são as seguintes:



  ∂B 
(1) ∫ E • dL = − ∫S • dS (Lei de Faraday, forma integral) (33)
∂t

  ∂D 
(2) ∫ H • dL = I + ∫S • dS (Lei de Ampère, forma integral) (34)
∂t
 
(3) ∫S D • dS = ∫vol ρ v dv (Lei de Gauss do cpo. elétrico, forma integral) (35)
 
(4) ∫S B • dS = 0 (Lei de Gauss do cpo. magnético, forma integral) (36)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 91

Condições de contorno entre 2 meios ou regiões quaisquer:

Componentes tangenciais:
(5) Et1 = Et2 (37)
(6) Ht1 – Ht2 = k (Se k = 0, então: Ht1 = Ht2) (38)

Componentes normais:
(7) Dn1 – Dn2 = ρS (Se ρS = 0, então: Dn1 = Dn2) (39)
(8) Bn1 = Bn2 (40)

Condições de contorno entre 2 regiões se a região 2 for condutora perfeita (σ = ∞):

Componentes tangenciais:
(9) Et1 = 0 (41)
(10) Ht1 = k (42)

Componentes normais:
(11) Dn1 = ρS (43)
(12) Bn1 = 0 (44)

9.5 – EXEMPLOS DE CÁLCULO DA INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Como visto na seção 9.1, quando um circuito se movimenta ( v ≠ 0 ) e B varia com o tempo
( ∂B ∂t ≠ 0 ), a fem induzida total (representada nas figuras pelo símbolo ν) no circuito é dada por:

∂B
fem = femm + femt = ∫ (v × B)• d  − ∫ • dS (caso geral) (45)
s ∂t

sendo femm e femt as fem(s) de movimento e de transformador, respectivamente.

A equação (45) será usada nos exemplos a seguir que apresentam grau de dificuldade crescente.

Exemplo 1: Espira – sem movimento e com variação de B (ver figura).

Seja B = B 0 cos ωt na espira fixa de área A da figura.


Fazendo v = 0 em (1), obtemos:
∂B
fem = femt = −∫ • d S = AωB sen ωt
0 [V]
s ∂t

(Nota: d S tomado no mesmo sentido de B )


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Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 92

Exemplo 2: Espira – com movimento e sem variação de B (ver figura).

Seja a espira formada com o condutor

deslizante conforme figura.

∂B
Se B = constante ⇒ =0.
∂t
Substituindo em (45), obtemos:

fem = femm = ∫ (v × B )• d  = −vB [V]


(Nota: d  tomado de acordo com d S ou B )

Exemplo 3: Espira– com movimento e com variação de B (ver figura anterior).

Na figura anterior, faça B = B 0 cos ωt .


Assim v ≠ 0 e ∂B ∂t ≠ 0 na equação (45) acima.

Cálculo da femm devido a velocidade do condutor (fem de movimento) – 1a parcela de (45):


femm = ∫ (v × B )• d  = −vB = −vB0 cos ωt (Nota: d  de acordo com d S ou B )

Cálculo da femt devido a variação temporal de B (fem de transformador) – 2a parcela de (45):


∂B
femt = −∫ • d S = AωB sen ωt = ω  x B sen ωt
0 0
s ∂t

Cálculo da fem total:


fem = fem m + femt = − vB 0  cos ωt + ω x B 0  sen ωt

fem = B 0  v 2 + (ω x )2 sen (ωt + δ )

onde δ = tan −1 (− v ωx ) e x = comprimento instantâneo da espira

Exemplo 4: Tira condutora móvel – sem variação de B ( ∂B ∂t = 0 ) (ver figura).

Seja a espira fixa formada com a


tira deslizante da figura.
∂B
Se B = constante ⇒ =0
∂t

Substituindo em (45), obtemos:

femm = ∫ (v × B)• d  = −vB

(Nota: d  tomado de acordo com d S ou B )


(Aplicação: Gerador de disco de Faraday)
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 93

Exemplo 5: Tira móvel – com variação de B .

Na figura anterior faça B = B 0 cos ωt

Cálculo da femm devido ao movimento da tira – 1a parcela de (45):


femm = ∫ (v × B )• d  = −vB = −vB0  cos ωt

Cálculo da femt devido a variação temporal de B – 2a parcela de (45):


∂B
femt = −∫ • d S = B ω sen ωt A = ωx B  sen ωt
0 1 0
s ∂t

Cálculo da fem total:


fem = fem m + femt = − vB 0  cos ωt + ω x1 B 0  sen ωt

fem = B 0  v 2 + (ω x1 )2 sen (ωt + δ )

onde δ = tan −1 (− v (ωx1 ) )

Exemplo 6: Espira rotativa – sem variação de B (gerador CA) – (ver figura).

Seja a figura representativa de um gerador


CA elementar (com uma única espira), onde
temos:
(a) vista em perspectiva, com a espira em
posição vertical,

(b) vista da seção transversal perpendicular


ao eixo, com a espira numa posição
qualquer.

Seja θ o ângulo entre v e B medido no sentido


anti-horário, sendo θ = 0 para a espira na posição
vertical (considerar como instante t = 0).
∂B
Se B = constante ⇒ =0
∂t
De (45) e d  tomado de acordo com d S
(regra do saca-rolhas):
femm = ∫ (v × B )• d  = 2vB sen θ

Como θ = ωt e v = ωR
femm = 2ωRB sen ωt

Como 2R = A = área da espira


femm = ωBA sen ωt
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 94

Exemplo 7: Espira rotativa – com variação de B (figura anterior).

Seja B = B 0 sen ωt na figura anterior (sendo a freqüência ω de oscilação deste campo igual a
velocidade angular ω de rotação da espira).

Quando t = 0 ⇒ B = 0 e θ = 0 (espira na posição vertical)

De (45) e d  consistente com d S (regra da mão direita ou do saca-rolhas), obtemos:


fem m = 2ωR  B 0 sen 2 ωt = ωR  B 0 (1 − cos 2ωt )
femt = −2ωR  B 0 cos 2 ωt = −ωR  B 0 (1 + cos 2ωt )

fem = femm + femt = −2ωR  B0 cos2ωt

Notas sobre o exemplo 7:


a) A componente CC (estacionária ou independente do tempo) da fem, existente
tanto em femm como em femt, desapareceu na fem total (ν);
b) A fem total é função do dobro da freqüência angular ω (expressa em rad/s) que
representa tanto a freqüência (ω) de rotação da espira como também a freqüência
(ω) de variação temporal do campo magnético.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS:

9.1) Partindo das equações de Maxwell no espaço livre (vácuo), determinar:


  
a) O campo magnético H a partir de E = A cos (ωt − ny)a x .
   
b) O campo elétrico E a partir de B = ycos (ωt − nz)a y + sen(ωt − nz)a z
Nota: A, ω e n são constantes e n = ω µ oεo

[cos (ωt − ny) − cos (ny)] a z = − ε o Aω [cos (ωt − ny) − cos (ωt )]a z ;
 An
Respostas: a) H = −
µoω n
 ny
b) E = [cos (ωt − nz) − cos (nz)] a x = yω [cos (ωt − nz) − cos (ωt )] a x .
µoεoω n

9.2) a) Uma espira quadrada de lado  = 1 [m] tem seu plano normal a um campo magnético B .
Determinar a fem máxima induzida na espira nas seguintes condições:
a.1) A espira é mantida estacionária enquanto o campo magnético varia de acordo com B
= B0cos2πft sendo f = 159 [Hz] e B0 = 3 [mT];
a.2) O campo é mantido fixo em B = B0 = 3 [mT] enquanto a espira gira a uma rotação
constante f = 159 [rot./s], cortando o fluxo magnético devido a B.
b) Na figura ao lado, a corrente induzida no circuito II, à
direita, será no sentido horário ou anti-horário, quando
a chave do circuito I é fechada? Justificar sua resposta
com os conceitos já estudados.
Respostas: a.1) femmax ≈ 3 [V];
a.2) femmax ≈ 3 [V];
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 95

b) Quando a chave é fechada; uma corrente flui no sentido horário no Circuito I,


produzindo um fluxo que entra no laço do Circuito I e sai no laço do Circuito
II. Pela Lei de Lenz, a corrente induzida no laço do Circuito II deve produzir
um fluxo em oposição ao fluxo indutor, isto é, entrando no laço do Circuito II.
Então, a corrente induzida no Circuito II deve fluir no sentido horário.

9.3) a) Junto a uma superfície condutora perfeita temos os campos de uma onda eletromagnética
expressos por: E = 8 [V/m] e H = 2,8 ⋅10 −3 [A/m]. Determinar os valores das densidades
de carga e de corrente na superfície do condutor.
 
b) Em uma certa região do espaço livre o campo elétrico vale E( t ) = E o sen β z cos ωt a x
sendo Eo o valor máximo do campo elétrico, ω a frequência [rad/s], t o tempo [s], β um
parâmetro [rad/m] e z a distância [m].

b.1) Determinar 2 expressões para H( t ) nesta região partindo das equações de Maxwell;

b.2) A partir destas 2 expressões de H( t ) calcular também o valor numérico de ω .
β
Respostas: a) ρS = 8εo [C/m2] e K = 2,8 ⋅10 −3 [A/m];
 β Eo   ε ω Eo 
b.1) H = − cos β z ⋅ sen ωt a y e H = − o cos β z ⋅ sen ωt a y ;
µoω β
ω 1
b.2) = = c = 3 × 108 [m/s] = velocidade da luz.
β µ oε o

9.4) Duas bobinas A e B, de 300 e 600 espiras respectivamente, são colocadas lado a lado. Pela
bobina A, faz-se circular uma corrente de 1,5 [A], produzindo um fluxo de 0,12 [mWb]
nesta bobina e um fluxo de 0,09 [mWb] na bobina B. Calcular:
a) A auto-indutância da bobina A;
b) A indutância mútua entre as bobinas A e B;
c) O valor médio da fem induzida em B quando se interrompe a corrente de A num tempo de
0,2 [s].

Respostas: a) LA = 24 [mH]; b) M = 36 [mH]; c) femB = 0,27 [V].

9.5) Um condutor retilíneo longo conduz uma corrente expressa por:


i = 100 sen(400t), onde t é o tempo.
Determinar a fem (por unidade de comprimento) induzida por
este condutor sobre uma linha telefônica próxima, constituída
por dois cabos paralelos ao condutor, conforme mostra o
esquema.

fem
Resposta:

[
= −2,77 cos 400t mV m . ]
9.6) Uma bobina (primário) de 2000 espiras está enrolada sobre um núcleo de ar de 100 [cm] de
comprimento e 2 [cm] de diâmetro. Outra bobina (secundário) está enrolada sobre a bobina
primária. Admitindo que a corrente na bobina primária varia de 0 a 10 [A] em 0,01 segundo e
que não haja fluxo disperso, determine:
a) O número de espiras que a bobina secundária deve possuir para que a fem induzida nesta
seja de 2 [V];
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 96

b) O valor médio da fem induzida na bobina secundária, admitindo que ela possui 1100
espiras e o núcleo é de ferro, apresentando uma permeabilidade relativa constante e igual a
115.

Respostas: a) N2 = 2533 espiras; b) fem2 = 100 [V].

9.7) Uma espira quadrada possui os vértices em (0; 0; 0), (0,2; 0; 0), (0,2; 0,2; 0) e (0; 0,2; 0) em t
= 0. A espira é um condutor perfeito exceto em um de seus lados, onde existe um pequeno

[ ( )] 
resistor de 100 [Ω] e está se movendo através do campo B = 5 cos 6 ⋅ 10 8 t − 2 y a z [µT]

com uma velocidade constante de 40 a x [m/s]. Calcular:
a) A tensão induzida (fem) na espira em função do tempo;
b) A potência dissipada (PR) no resistor em função do tempo;
c) O torque (T) produzido na espira em função do tempo.

Respostas:
a) fem = −3 ⋅ 10 8 [cos(6 ⋅ 10 8 t − 0,4 ) − cos(6 ⋅ 10 8 t )] [µV];
( )
b) PR = 142,1 cos 2 6 ⋅10 8 t − 78,5° [W]; c) T = 0.

9.8) Num fio infinito, situado sobre o eixo y, circula uma corrente I no sentido + a y . Uma espira
quadrada de lado a, situa-se no plano xy, com seu lado paralelo e próximo do fio, mantido
inicialmente a uma distância h do fio. Calcular a fem induzida na espira, se:
a) A espira permanece imóvel e a corrente do fio é I = Imsenωt;
b) A espira se afasta do fio com velocidade constante e igual a v e a corrente do fio é
I = I m = constante .
µ o I m ω a cos ω t  h + a  µ I va 2
Respostas: a) fem = − ln   ; b) fem = o m .
2π  h  2π h(h + a )

9.9) Um anel de 3 voltas, com 0,5 [m2] de área, situado no ar, tem um campo magnético uniforme
normal ao plano do anel.
a) Se a densidade de fluxo variar de 5 [mT/s] qual é a fem que aparece nos terminais do anel?
b) Se a fem nos terminais do anel for de 100 [mV], qual será a taxa de variação do campo
magnético?
dB
Respostas: a) fem = –7,5 [mV]; b) = −66,6 [mT/s].
dt

9.10) Calcular o valor máximo da corrente no fio


infinito da figura a fim de que o valor eficaz da
corrente na resistência de 0,05 [Ω] da espira
retangular seja igual a 0,1 [A].

Resposta: Im = 13,73 [A].


CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 97

9.11) A figura abaixo mostra um condutor retilíneo, longo e estreito, de comprimento  , conectado
através de fios condutores flexíveis a um voltímetro e executando um movimento harmônico
simples no plano yz, sendo submetido a um campo magnético variável dado por
 
B = B max cos ωt a x . O eixo z é uma posição de equilíbrio do condutor o qual vibra no plano
 
yz (entre y = –b e y = +b), com uma velocidade dada por v = v max cos ωt a y .
a) Determinar a fem induzida no condutor, desprezando a contribuição dos fios flexíveis.
π
b) Indicar, na figura, o sentido da corrente resultante no instante t = segundos.

Respostas: a) fem = − v max Bmax lcos 2ωt + ωBmax senωt ; b) Sentido anti-horário.

9.12) Considere uma região cilíndrica infinitamente longa contendo um


campo alternado dado em coordenadas cilíndricas como
  
B = B o cos(ωt + α) a z em ρ ≤ a e B = 0 em ρ > a, sendo B o e

α constantes, e ω a freqüência angular. Isto significa que B é
espacialmente constante sobre a área do círculo de raio ρ e oscila
harmonicamente no tempo, como acontece com um solenóide
infinito ideal onde circula corrente alternada. Determinar o campo
 
elétrico induzido E , devido a este campo magnético alternado B ,
na região:
a) ρ ≤ a , isto é, internamente a região cilíndrica ou ao solenóide
infinito ideal de raio a;
b) ρ > a, isto é, externamente a região cilíndrica ou ao solenóide
infinito ideal de raio a;
1
Respostas: a) E φ = B o ωρ sen (ωt + α ) para ρ ≤ a;
2
1 a2
b) E φ = Bo ω sen (ωt + α) para ρ > a.
2 ρ
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Capítulo IX: CAMPOS VARIÁVEIS NO TEMPO E AS EQUAÇÕES DE MAXWELL 98

9.13) A figura ao lado mostra uma barra condutora (formada por três segmentos) situada sobre
dois trilhos condutores paralelos conectados a um voltímetro. Toda a configuração está submetida a

uma densidade de fluxo magnético B .
Calcular a fem induzida em cada uma das seguintes situações:
   
a) B = 2 a z µT, v = 6 a x m/s;
  
b) B = 2 e −60 t a z µT, v = 0 m/s;
   
c) B = 2 e −60 t a z µT, v = 6 a x m/s.
Dizer também qual é o sentido da corrente induzida em cada situação justificando sua
resposta.

Respostas: Para concordar com o vetor B , adota-se o sentido anti-horário para a fem (e,
portanto, para a corrente resultante). Após o cálculo da fem, chega-se a:
a) fem = −1,2 µV. Logo a corrente será no sentido horário.
b) fem = 0,9 e−60 t µV. Logo a corrente será no sentido anti-horário.
c) fem = −0,3 e−60 t µV. Logo a corrente será no sentido horário.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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a
2. EDMINISTER, Joseph, “Eletromagnetismo”, Coleção Schaum, Editora Bookman, 2
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3. GUIMARÃES, G.C., Apostila de Exercícios Resolvidos de Eletromagnetismo, ano


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6. KRAUS, J.D., “Electromagnetics”, McGraw Hill, 1999.

7. MARTINS, N., “Introdução à Teoria da Eletricidade e do Magnetismo”, Editora Edgard


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13. ULABY, Fawwaz T., “Eletromagnetismo para Engenheiros”, Editora Artmed -


Bookman, 2007.

14. PAUL, Clayton R., “Eletromagnetismo para Engenheiros”, Editora LTC, 2006.
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 100

Anotações Gerais
CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISMO
Anexo I: SOLUÇÃO DE EQUAÇÃO DIFERENCIAL POR SÉRIE INFINITA DE POTÊNCIAS 101

Anexo I

SOLUÇÃO DE EQUAÇÃO DIFERENCIAL POR


SÉRIE INFINITA DE POTÊNCIAS

Este anexo pretende mostrar que a solução da equação diferencial (01) abaixo, ou da equação (07)
da seção 6.5 (resolvida naquele lugar pelo Método da Dedução Lógica), pode ser feita por um
método mais longo, porém mais potente e abrangente: a Substituição por Série Infinita de Potências.

d 2X
2
= α2X (01)
dx

Supondo que a solução procurada X seja representada por uma série infinita de potências de x:

X= ∑ anxn (02)
n =0

Substituindo (02) em (01), efetuando as derivações, obtém-se:

∞ ∞
∑ n (n − 1)a n x n − 2 = α 2 ∑ a n x n (03)
n =0 n =0

Se as duas séries infinitas de potências são iguais, estão os coeficientes correspondentes de mesma
potência de x das duas séries devem ser iguais, termo a termo. Assim,

2 × 1 × a 2 = α 2a 0 ; 3 × 2 × a 3 = α 2a1 ; ..., (n + 2)(n + 1) )a n + 2 = α 2a n (04)

Os coeficientes pares podem ser expressos em função do coeficiente a 0 , enquanto que os


coeficientes ímpares podem ser escritos em função de a1 , conforme mostra o quadro:

Coeficientes pares Coeficientes ímpares


α2 α2 α2 α 3 a1
a2 = a0 = a0 a3 = a1 =
2 ×1 2! 3× 2 3! α
α2 α4 α 2
α 5 a1
a4 = a2 = a0 a5 = a3 =
4×3 4! 5× 4 5! α
α2 α6 α 2
α 7 a1
a6 = a4 = a0 a7 = a5 =
6×5 6! 7×6 7! α
... ...

αn α n a1
an = a0 (n par) an = (n ímpar)
n! n! α

Substituindo estes coeficientes de volta na série de potências original (02), obtém-se:


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Anexo I: SOLUÇÃO DE EQUAÇÃO DIFERENCIAL POR SÉRIE INFINITA DE POTÊNCIAS 102

∞ α n n a1 ∞ αn n
X = a0 ∑ x + ∑ x
n =0 n! α n =1 n!
n par n ímpar
ou,

X = a0
∞ (αx )n + a1 ∞ (αx )n (05)
∑ n! α
∑ n!
n =0 n =1
n par n ímpar

Reconhecendo que a primeira e a segunda série do segundo membro de (05) são, respectivamente, o
co-seno hiperbólico e o seno hiperbólico, expressos por (06) e (07),

cosh αx =
∞ (αx )n = 1+
(αx )2 + (αx )4 + ⋅ ⋅ ⋅ (06)
∑ n! 2! 4!
n =0
n par

senh αx =
∞ (αx )n = αx +
(αx )3 (αx )5
(07)
∑ n!
+
3!
+ ⋅⋅⋅
5!
n =1
n ímpar

chega-se a equação (08):


a1
X = a 0 cosh αx + senh αx (08)
α

Fazendo A = a 0 e B = a1 / α , chega-se a solução final (09) mostrada abaixo.

X = A cosh αx + B senh αx (09)

Deve-se observar que as constantes A e B são calculadas em termos das condições de contorno
estabelecidas para o problema.

As funções hiperbólicas de (09) podem ser escritas em termos de exponenciais, ou seja,

e αx + e − αx
cosh αx = (10)
2
e − e − αx
αx
senh αx = (11)
2

Assim, substituindo (10) e (11) em (09), obtém-se a expressão final (12) em termos de
exponenciais, onde foram selecionadas novas constantes arbitrárias A ' e B' .

X = A' e αx + B' e −αx (12)

Atenção: O aluno deve exercitar a utilização do método aqui apresentado (Substituição por Série
Infinita de Potências), resolvendo agora a equação diferencial (08) da seção 6.5,
mostrada novamente em (13).
d 2Y
2
= −α 2 Y (13)
dy
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Anexo II: CURVAS B-H DE VÁRIOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS 103

Anexo II

CURVAS B-H DE VÁRIOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS


Este anexo tem o objetivo de apresentar as curvas de magnetização ou curvas B-H de quatro
materiais ferromagnéticos diferentes a serem utilizadas em problemas do capítulo VIII, ou seja:
A – Curva de magnetização do ferro fundido,
B – Curva de magnetização do aço fundido,
C – Curva de magnetização do aço-silício,
D – Curva de magnetização da liga ferro-níquel.

Figura 1 - Curvas B – H para H < 400 A/m

Atenção para as divisões usadas na figura 1:


Eixo B (eixo vertical) = 0,02 T por cada divisão (menor divisão)
Eixo H (eixo horizontal) = 5 A/m por cada divisão (menor divisão)
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Anexo II: CURVAS B-H DE VÁRIOS MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS 104

B
C
D D

C
B

Figura 2 - Curvas B – H para H > 400 A/m

Atenção para as divisões usadas na figura 2:


Eixo B (eixo vertical) = 0,02 T por cada divisão (menor divisão)
Eixo H (eixo horizontal) = 50 A/m por cada divisão (menor divisão)

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