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Personagens alegóricos
Nas trilhas de Lukács, para Alfredo Bosi, “a alegoria exerce um poder singular de
persuasão, não raro terrível pela simplicidade das suas imagens e pela uniformidade da
leitura coletiva. Daí o seu uso como ferramenta de aculturação, daí a sua presença desde
a primeira hora da nossa vida espiritual, plantada na Contra-Reforma que unia as pontas
do último Medievo e do primeiro Barroco. A força da imagem alegórica não se move na
direção das pessoas, como sujeitos de um processo de conhecimento; move-se de um foco
de poder ao mesmo tempo distante e onipresente, que os espectadores anônimos recebem,
em geral passivos, não como um signo a ser pensado e interpretado, mas como se a
imagem fora a própria origem do seu sentido”. Destacando a alegoria como característica
fundamental do que ele considera como “literatura de Anchieta”, Bosi acaba por reforçar
uma concepção que aliena a artística das festas de seus fins religiosos e, ao mesmo tempo,
subordina a primeira aos segundos. A alegoria, para Bosi, é o pilar de sustentação de um
“instrumento catequético”, não de uma linguagem religiosa específica.
deve-se dizer que os exercícios bélicos não são universalmente proibidos. Proibidos são os
exercícios desordenados e perigosos que ocasionam matanças e depredações. Os antigos
praticavam exercícios ordenados à guerra que não tinham nenhum desses perigos. Por isso, eram
chamados de “exercícios de armas” ou “guerras não sangrentas”. ( Suma Teológica, V, p. 519)
1ª. A Autoridade do príncipe, sob cuja ordem deve-se fazer a guerra. (...) Assim como defendem
licitamente pela espada contra os perturbadores internos quando punem os malfeitores, segundo
esta palavra do Apóstolo: “Não é em vão que carrega a espada; é ministro de Deus para fazer
justiça e castigar aquele que faz o mal”; assim também compete-lhes defender o bem público pela
espada da guerra contra os inimigos”. (...) 2ª. Uma causa justa: requer-se que o inimigo seja
atacado em razão de alguma culpa. (...) Costumamos definir como guerras justas aquelas que
punem as injustiças, por exemplo, castigar um povo ou uma cidade que foi negligente na punição
de um mal cometidos pelos seus, ou restituir o que foi tirado por violência. 3ª. Uma reta intenção
naqueles que fazem a guerra: que se pretenda promover o bem ou evitar o mal. (...) Entre os
verdadeiros adoradores de Deus até mesmo as guerras são pacíficas, pois não são feitas por cobiça
ou crueldade, mas numa preocupação de paz, para reprimir os maus e socorrer os bons. (...)
Aquele que pela autoridade do príncipe ou do juiz (...) empunha uma espada, não toma da espada
por si mesmo, mas empunha a espada que um outro lhe confiou. Não incorre, pois, em pena. (
Idem, p. 517-518)
No Auto de Anchieta esta justificativa das batalhas passadas, visando apaziguar
os traumas do genocídio dos tamoios, e a preparação para a possível guerra futura, realiza-
se por meio da coação e atemorização do sujeito, o terceiro ato apresenta o juízo final,
alcançando imperadores romanos há muito mortos mas ainda não condenados, e por meio
de uma prática generalizada do sacrifício. Os protagonistas da peça, São Lourenço e São
Sebastião, são mártires do sacrifício.