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Pensata

Institucionalização dos Direitos Fundamentais


Nome : Renan Marques Menezes
Número: 9766856

As audiências públicas são mecanismos que possibilitam a oitiva de determinadas pessoas acerca
de matérias de fato que serão decididas no âmbito do Tribunal. Neste sentido, atribuem-se a elas
duas funções principais: uma função epistêmica, de suprir deficits de informação acerca de questões
ou circunstâncias de fato, bem como uma função política, referente de participação da sociedade
civil nas decisões tomadas pela Corte e, desse modo, propiciar uma maior legitimidade ao processo
decisório. Contudo, como é apresentado pela pesquisa de Fernando Leal e outros autores, as
audiências públicas, tanto do ponto de vista legal/formal quanto do ponto de vista prático,
apresentam problemas de incoerência e de inconsistência.
A função epistêmica deste mecanismo deveria trabalhar com a lógica da seletividade, característica
da ciência, que não busca qualquer tipo de informação, mas sim as informações que passam pelos
crivos metodológicos adequados. Por sua vez, a função política opera sob a lógica da inclusão, de
modo que todas as opiniões e intervenções são válidas, devendo ser apresentadas as mais diversas
valorações acerca de um determinado assunto. Ora, ambas as funções não podem coexistir em um
mesmo instituto, visto que são conflitantes entre si. É nisto que reside o que o autor chama de
incoerência do instituto.
A partir do momento em que o Tribunal, em busca de suprimir deficiências epistêmicas dos
julgadores, procuram concomitantemente atingir o objetivo legitimação democrática, com a
inclusão de diversos posicionamentos e valores, os julgadores passam a ficar suscetíveis aquilo que
o autor chama de junk science e de opiniões diretamente interessadas na causa, prejudicando o
processo decisório. A legitimação democrática, neste contexto, não seria importante pra este
instituto, visto que esta já estaria presente no dispositivo do amicus curiae.
Empiricamente, os autores constatam outros problemas, tais como a inexistência do contraditório
entre os participantes, não sendo estes desafiados em suas concepções, o que levaria os ministros a
apenas justificar suas posições apriorísticas com base em um argumento de autoridade falacioso.
Afirma também a baixa utilização das audiências nas fundamentações, a baixa participação dos
ministros nestas, bem como a utilização do mecanismo em questões que não são “de fato”, nas
quais os próprios ministros, em posse de seu “notório saber jurídico”, deveriam estar aptos a
solucionar por si próprios.
Neste contexto, uma ilação que se pode fazer a respeito e além das conclusões tiradas por este
estudo é de que, em um contexto no qual o Supremo Tribunal Federal passa a cada vez mais ser
chamado a exercer um papel contramajoritário, a fim de resguardar os direitos fundamentais que
muitas vezes têm por essência serem “direitos de um contra todos”, as audiências públicas exercem
um desserviço na preservação destes, visto que acabam apenas propiciando argumentos de
autoridade (muitas vezes falacioso) para posições apriorísticas, bem como submetendo os ministros
a falácias de grupos diretamente interessados na causa, que ingressam nas audiências sem critérios
bem definidos. A suplementação democrática já é realizada por outros institutos. Contudo, a
supressão de carências epistêmicas acaba por não ser realizada de fato.

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