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Prazer e Sofrimento de
Psicólogos no Trabalho em
Empresas Privadas
Pleasure and suffering of psychologists
who work in private companies

Patrícia Costa da Silva &


Álvaro Roberto Crespo
Merlo

Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
Artigo

PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2007, 27 (1), 132-147


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PSICOLOGIA CIÊNCIA E
PROFISSÃO, 2007, 27 (1), 132-147

Resumo: Este artigo visa a problematizar as vivências de psicólogos que


trabalham em empresas privadas. Discutem-se suas práticas profissionais,
experiências associadas ao prazer e ao sofrimento em seu cotidiano e
concepções teóricas que embasam seu trabalho. Trata-se de um estudo
qualitativo, no qual se utilizou, como procedimento, a realização de
entrevistas semi-estruturadas com dez psicólogos assalariados de empresas
privadas de Porto Alegre e Grande Porto Alegre. Teve-se, como referenciais
teóricos principais, a psicodinâmica do trabalho, a abordagem da subjetividade
e trabalho e, para a análise das entrevistas, foi utilizada a análise de conteúdo.
Os resultados indicam que os profissionais têm como atividades prioritárias
as ligadas à Psicologia organizacional. Não foram encontrados casos em
que eles interviessem na visão institucional ou tivessem ações ligadas à
saúde mental de trabalhadores. Suas falas sugerem serem psicólogos com
estilo dinâmico de trabalho, revelam certo “apaixonamento” pelo mesmo,
acreditam na sua atuação e apreciam suas atividades ligadas ao
desenvolvimento de pessoas na organização. Sentem-se satisfeitos com o
reconhecimento das pessoas e por ter espaço para atuar conforme acreditam.
Suas fontes de sofrimento são a carga excessiva de trabalho, os possíveis
conflitos entre os valores da empresa e os pessoais, os cerceamentos da
organização, a falta de reconhecimento e sua percepção de que pertencem
a uma categoria profissional desprovida de força.
Palavras chave: Psicologia do trabalho, prazer e sofrimento no trabalho,
Psicologia organizacional.

Abstract: This study aims at illustrating the experience of psychologists


who work in private companies. We discuss their professional practices,
experiences associated to pleasure and suffering in their daily routine as
well as theoretical concepts that are basis for their work. It is a qualitative
study, in which semi-structured interviews and field notes with 10 wage-
earning psychologists of private companies of Porto Alegre and Grande
Porto Alegre was used as procedure. The main theories used for reference
were the labor psychodynamics, the boarding of the subjectivity and labor
and for the analysis of the interviews the analysis of content was used. The
results show that the professionals give priority to the activities linked to
Organizational Psychology, that is, recruitment, selection, follow up and
training. We have not found out cases in which they intervene in the
institutional view or have actions towards the mental health of the employees.
Their speeches suggest they have a dynamic work style and they refer to a
certain “passion” for what they do. They believe in their actions and
appreciate their activities linked to people development in the organization.
They feel satisfied with people´s recognition and with the space they have
where they work according to what they believe in. Their suffering sources
are the excessive work load, possible conflicts between the company and
the personal values, the organization´s restrictions, lack of recognition and
their perception that they belong to a strengthless professional category.
Key words: Work Psychology, pleasure and suffering, Organizational
Psychology.
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Prazer e Sofrimento de Psicólogos no Trabalho em Empresas Privadas

O presente artigo focaliza as vivências de psicólogos foram chamados a colaborar com o


prazer e sofrimento de psicólogos que intuito de encontrar as melhores pessoas para
desempenham suas funções em empresas cada posto de trabalho, em especial, através
privadas. Com foco dirigido à dimensão do desenvolvimento dos testes psicológicos.
subjetiva, utilizamos metodologia qualitativa. Nesse sentido, os autores trabalham, em seu
É possível acessar estudos sobre a saúde livro Psicologia Industrial, temas que destacam
mental associada ao trabalho de diferentes como os de maior contribuição da Psicologia
categorias profissionais, como operadores de ao trabalho: seleção e avaliação de pessoal, o
fábricas, profissionais da construção civil, contexto social e organizacional do trabalho,
professores, telefonistas, e até mesmo de o cargo e a situação de trabalho, erro humano
médicos, mas são poucos ou inexistentes e acidentes, aspectos psicológicos do
sobre os psicólogos. comportamento do consumidor.

Podem-se também acompanhar as discussões A segunda metade do séc. XX trouxe intenso


Há a proposta de recentes sobre uma prática do psicólogo em desenvolvimento tecnológico e movimentos
redimensionar a
ambientes de trabalho que vá além dos antigos que culminaram com o surgimento de novas
Psicologia no
contexto do modelos da Psicologia industrial, com as formas de gestão, tais como a qualidade total,
trabalho, tradicionais tarefas de recrutamento, seleção, empowerment, as células de produção e a
instigando um
treinamento e acompanhamento de cultura de aprendizagem, entre outras.
posicionamento,
inclusive político, funcionários (McCormick; Tiffin, 1977). As
perante o novas reflexões propõem uma atuação em No Brasil, segundo Antunes (2001), as
compromisso ético primeiras experiências sistemáticas de
saúde mental no trabalho através de
do profissional que
diferentes abordagens possíveis, como aplicação da Psicologia às questões do trabalho
força maior
interface com veremos adiante. Há a proposta de se deram na década de 20 do século XX. Foram
outras disciplinas, aí lançadas as bases para o desenvolvimento
como a Filosofia e
redimensionar a Psicologia no contexto do
trabalho, instigando um posicionamento, desse campo de atuação, cuja aceleração se
a Sociologia.
deu principalmente a partir dos anos 30. As
inclusive político, perante o compromisso
aplicações de testes no Brasil, com o objetivo
ético do profissional que força maior interface
de selecionar pessoas para ofertas de emprego,
com outras disciplinas, como a Filosofia e a
se expandiram rapidamente, em especial nas
Sociologia.
empresas ferroviárias.

Segundo Jacques (1999), a Psicologia geral se


Compreender esse desenvolvimento da
consolida nos objetivos de prever, controlar e
Psicologia implica não somente a compreensão
manipular o comportamento humano. Para a
das vicissitudes dessa ciência mas também as
autora, é com esse objetivo que é chamada a
condições históricas em que isso se tornou
contribuir no ambiente industrial, ganhando
possível. Assim, Antunes (2001) destaca que
destaque no início do século XX. a Psicologia, no Brasil, se inseriu num panorama
de preocupação com a maximização da
McCormick e Tiffin (1977) afirmam que os produção, vindo para contribuir com
primeiros psicólogos industriais estavam conhecimentos e técnicas necessários à
particularmente interessados nos problemas racionalização do trabalho e à “administração
da seleção de pessoal, mas os seus interesses científica”.
também incluíam temas como publicidade e
vendas, acidentes e avaliação de desempenho A Psicologia, nas organizações de trabalho, agiu
de funcionários. Não podemos deixar de essencialmente sobre o “fator humano” da
relacionar o início do século XX com o advento administração industrial, sobretudo na seleção
das idéias tayloristas. Nesse contexto, os de pessoal e orientação profissional. Com isso,
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a ciência psicológica se tornou não apenas o grande desenvolvimento do parque industrial


fundamentação teórica mas também produtora brasileiro, denotando a exigência de
de técnicas auxiliares à aplicação da profissionais aptos a trabalhar de forma
administração científica e da racionalização do adequada com os recursos humanos
trabalho. Vários elementos confluíram para a disponíveis.
definitiva sistematização da Psicologia à gestão
da força de trabalho. Nesse âmbito, foi Segundo Freiras (2002), a partir da
especialmente importante o movimento dos regulamentação, pode-se notar a separação de
testes iniciado na década de 20, no Brasil status para os objetos de estudos da Psicologia
(Antunes, 2001). clínica e da Psicologia no contexto do trabalho.
A primeira direcionaria seus estudos à elite,
Segundo Zanelli (2002), em 1934, a
tendo como foco um campo individualizado
qualificação de profissionais preparados como
e como objetivo “libertar” o indivíduo. Já a
especialistas em Psicologia aplicada, no Brasil,
segunda teria a classe operária como seu
começou com a formação de psicotécnicos.
objeto de estudo e, ao invés da idéia de
Psicotécnico era o nome atribuído ao
liberdade às pessoas, trazia em si a marca da
profissional que aplicava os conhecimentos da
normatização e ajustamento.
Psicologia ao trabalho. Para Spink (1996), a
Psicologia aplicada nasceu da idéia de
Desde seu surgimento, essa vertente da
separação entre a construção experimental e
Psicologia esteve situada mais próximo da
a base conceitual. O caminho era de apenas
uma via: do campo teórico para sua empresa do que do universo acadêmico. Tal
operacionalização num mundo que precisava fato contribui para explicar as dificuldades de
ser organizado e melhorado. Segundo o autor, formação de identidade, legitimação e
o determinismo da eficiência técnica ou da reconhecimento que parecem acompanhar o
organização vista como máquina se combinou psicólogo nas organizações até hoje
para produzir um campo fértil de expansão (Tractenberg, 1999).
não-problemática.
Quanto às diferentes abordagens que a
A regulamentação da Psicologia no País pode Psicologia pode ter no universo do trabalho,
ser encontrada no art. 4°, do Decreto n° Jacques (1999) afirma encontrar
53.464, de 21 de janeiro de 1964, o qual principalmente três perspectivas: Psicologia
regulamentou a Lei nº 4.119, que trata das organizacional, Psicologia institucional e
funções do psicólogo. A primeira função Psicologia do trabalho. Elas possuem diferentes
descreve o seguinte: “1) Utilizar métodos e filiações epistemológicas, teóricas,
técnicas psicológicas com o objetivo de: a) metodológicas e temáticas. Mesmo assim, a
diagnóstico psicológico; b) orientação e seleção autora ressalta que podem coexistir em alguns
profissional; c) orientação psicopedagógica; d) espaços geográficos e darem sua contribuição.
solução de problemas de ajustamento”.
Notamos que as práticas relacionadas ao A Psicologia organizacional
contexto do trabalho se limitavam à seleção
de profissionais e ao uso de testes para Jacques (1999) aponta a Psicologia
avaliações psicodiagnósticas. organizacional como a mais identificada com
as tarefas de recrutamento e seleção de
Deve-se levar em conta também que o pessoal, treinamento, avaliação de
reconhecimento, por Decreto-Lei, da desempenho e outras rotinas típicas de uma
Psicologia enquanto profissão coincidiu com área de recursos humanos.
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Ela inclui uma série de práticas e conceitos b) promover treinamento e desenvolvimento


com o objetivo de auxiliar as lideranças da de pessoal; c) realizar projetos de avaliação
empresa a compreender e lidar com o fator de desempenho; d) implantar política de
humano. A Psicologia organizacional estágios na empresa; e) desenvolver, em
compreende os estudos sobre tomada de equipe multiprofissional, a política de saúde
decisão, motivação, clima organizacional, ocupacional; f) desenvolver ações de
liderança, comunicação interpessoal, assistência psicossocial que facilitem a
desenvolvimento de recursos humanos, entre integração do trabalhador; g) promover vagas
outros (Bergamini, 1982). existentes na organização; h) efetuar
movimentação interna de pessoal e i) implantar
Sampaio, apud Freiras (2002), observa que o e atualizar plano de cargos e salários. O autor
surgimento da Psicologia organizacional não critica a formação do psicólogo que se prepara
necessario
se dá a partir de uma ruptura com a industrial, para a aplicação de testes e entrevistas de
mas representa uma ampliação da mesma. seleção sem uma visão mais ampla. Segundo
Para o autor, é mantida a lógica da preocupação ele, a maioria dos psicólogos não sabe enxergar
com a produtividade das empresas. a organização como um sistema complexo e
nele intervir como tal.
Mais recentemente, Zanelli (2002) afirma que
Trata-se de priorizar
a Psicologia organizacional é uma área que se
o desenvolvimento A Psicologia institucional
da pessoa, por insere no campo relativo ao trabalho e possui
meio de vínculo com as tarefas administrativas de uma
mudanças Guirado (1986) ressalta que o nome Psicologia
empresa. Para o autor, suas metas podem
planejadas e institucional inclui uma variedade de formas
participativas, nas extrapolar a visão tradicional de ajustamento
quais o homem dos indivíduos ao trabalho e a busca de de atuação, e não está, portanto, apenas restrita
possa adquirir ao trabalho, mas pode também ser apropriada
eficiência máxima. Vejamos o que diz Zanelli
maior controle de em tais espaços. Essas formas estão, além de
seu ambiente. O (2002, p.35):
crescimento apenas incluir a intervenção, em uma
individual a que se instituição (escola, hospital, empresa,
Trata-se de priorizar o desenvolvimento da
pretende deve comunidade, etc); possuem em comum a
conduzi-lo a pessoa, por meio de mudanças planejadas e
apreender sua ênfase à instituição como um todo ao
participativas, nas quais o homem possa
inserção nas considerá-la objeto de intervenção. Além
relações do grupo
adquirir maior controle de seu ambiente. O
disso, para a Psicologia institucional, os sujeitos
com a estrutura crescimento individual a que se pretende deve
organizativa e são percebidos como constituídos e
conduzi-lo a apreender sua inserção nas
com a sociedade. constitutivos das relações institucionais. Essa
relações do grupo com a estrutura organizativa
concepção privilegia a posição do sujeito na
e com a sociedade.
estrutura, e não suas capacidades individuais.
Assim, os conflitos são considerados expressões
O autor salienta que, face ao crescimento do
dessa articulação de posições e não sintoma
mercado e das demandas de consumo, é uma
de um indivíduo que está na instituição.
realidade a necessidade de aumento da
produtividade, mas que isso pode ser pensado Bleger (1984), psicanalista argentino, é um dos
em conjunto com as necessidades ecológicas autores que se destaca nessa corrente com
e de qualidade de vida. sua abordagem da psicohigiene e Psicologia
institucional. Para o autor, o psicólogo deve
Dentre as atividades do psicólogo atuar na promoção de saúde (psicohigiene) e,
organizacional, Zanelli (2002) inclui: a) realizar para isso, deve passar do enfoque individual
diagnóstico e proposições sobre problemas ao social. Seu objetivo deve ser o de conseguir
organizacionais ligados aos recursos humanos; a melhor organização e as condições que
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tendem a promover a saúde dos integrantes com a relação entre saúde e trabalho, como
da instituição através de uma intervenção se isso fosse um objeto alheio a ela. Seu
sobretudo intergrupal. Ele destaca que o enfoque era dado à maximização da produção
psicólogo não deve ser o profissional da
e à qualidade dos produtos em detrimento do
alienação, submissão ou desumanização. O
interesse pelo trabalho e pela fala dos
ser humano, sua saúde e sua integração
constituem seu objetivo de trabalho. trabalhadores.

Guirado (1986) destaca que a Psicologia A Psicologia do trabalho, a partir da


institucional se propõe a fazer uma análise do aproximação com a Psicologia social crítica,
cotidiano por meio de uma fala que veicula trouxe a possibilidade de novos significados
reconhecimento/desconhecimento sobre ele. para a atuação, como, por exemplo, o olhar
O efeito é o de estabelecer, na validação do sobre a saúde dos trabalhadores (Jacques,
vivido, um “corte” para pensar.
1999).
A Psicologia institucional, como percebemos
em Bleger, surgiu da aproximação da Os estudos sobre saúde do trabalhador
Psicologia social com a Psicologia clínica, e é incluem diferentes disciplinas, como Medicina,
uma alternativa para atuação nas organizações. Sociologia, epidemiologia, Engenharia,
No entanto, de acordo com Jacques (1999), Psicologia, etc, que, aliadas ao saber do
não teve muito sucesso no meio empresarial. trabalhador sobre seu ambiente de trabalho e
Para Spink (1996), dentre as razões para tal suas vivências das situações de desgaste e
fato, encontra-se a ausência de ferramentas reprodução, estabelecem uma nova forma de
concretas de atuação (dada a abordagem
compreensão das relações entre saúde e
psicodinâmica) para lidar com o universo de
trabalho (Nardi, 1997).
tarefas, cargos e tecnologias.

Mais recentemente, encontramos, na obra de Dentro da saúde do trabalhador, Tittoni (1997)


Gregório Baremblit (1996), uma explanação relaciona os estudos sobre saúde mental e
sobre o movimento institucionalista. O autor trabalho como a contribuição da Psicologia para
ressalta que há diversas escolas, mas todas aquele campo. A noção de saúde mental e
possuem características em comum. As trabalho pode ser definida como a inter-relação
diferentes escolas do movimento entre os processos saúde-doença, cuja
institucionalista se propõem a propiciar, apoiar, dinâmica se inscreve nos fenômenos mentais,
deflagrar nas comunidades, nos coletivos e nos
mesmo que a natureza seja social. A própria
conjuntos de pessoas processos de auto-análise
noção de “identidade de trabalhador” é
e autogestão. Na auto-análise, as comunidades
percebida como traço que sustenta outros
mesmas, como protagonistas de seus
problemas e demandas, podem compreender elementos da identidade psicológica.
e adquirir um vocabulário próprio que lhes
permita saber acerca de sua vida. A autogestão Para Jacques (2003), podem-se dividir as
é o processo e, ao mesmo tempo, o resultado propostas de estudo relacionando saúde
da organização dos coletivos para gerenciarem mental e trabalho em quatro grandes
a sua vida. abordagens: a) as teorias sobre estresse, b) a
psicodinâmica do trabalho, c) as abordagens
A psicologia do trabalho e a com base epidemiológica e d) os estudos em
saúde mental do trabalhador subjetividade e trabalho.

De acordo com Grisci e Lazzarotto (2002), por a) Ao abordar as teorias sobre estresse, Jacques
longo tempo, a Psicologia não se preocupou (2003) menciona que uma grande contribuição
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desses estudos foi desvelar o vínculo entre quantitativos de pesquisa com grandes
trabalho e saúde mental. amostras populacionais. Para o autor, o trabalho
constrói modos de ser constitutivos de um
O conceito de estresse surge emprestado da fazer, havendo “jeitos de ser e viver” de acordo
Física, na qual significa tensão. De acordo com com os tipos de atividades.
Bernik (apud Figueiras e Hippert, 2002), o
estresse é uma das causas mais comuns de c) Os estudos em subjetividade e trabalho, de
doenças, e sua incidência tem aumentado a acordo com Nardi, Tittoni e Bernandes (1997),
cada ano, sendo que algumas categorias buscam analisar o sujeito trabalhador definido
profissionais são mais afetadas que outras. a partir de suas experiências e vivências
França e Rodrigues (apud Figueiras e Hippert, adquiridas no mundo do trabalho. Segundo
2002, p.122) definem o estresse relacionado Jacques (2003), o ponto em comum entre
ao trabalho da seguinte forma: esses estudos e pesquisas reside no fato de
possuírem o trabalho como eixo norteador,
Aquelas situações em que a pessoa percebe para além de seu caráter técnico e econômico,
seu ambiente de trabalho como ameaçador perpassando a estrutura socioeconômica, a
às suas necessidades de realização pessoal e cultura, os valores e a subjetividade dos
profissional e/ou sua saúde física ou mental, trabalhadores.
prejudicando a interação desta com o trabalho
e com o ambiente e trabalho, na medida em No Brasil, a temática da subjetividade e
que esse ambiente contenha demandas trabalho reúne um conjunto de estudos que
excessivas a ela ou que ela não detenha tiveram início nos anos 80. Como metodologia,
recursos adequados para enfrentar tais privilegiam abordagens qualitativas que dão
situações. ênfase à experiência do trabalhador em seu
cotidiano de vida e de trabalho enquanto
Segundo Jacques (2003), em síntese, as expressão do sujeito na intersecção de sua
abordagens ligadas aos estudos sobre estresse particularidade com o mundo sociocultural e
e trabalho empregam predominantemente histórico. Nessas, incluem-se as vivências de
métodos de pesquisa quantitativos e possuem sofrimento, mas não há destaque,
o referencial teórico cognitivo- necessariamente, para os diagnósticos clínicos.
comportamental; também afirma que o Conforme Tittoni (1994), isso se dá através da
trabalho é percebido como fator análise de como esses trabalhadores vivenciam
desencadeante do processo de adoecimento. sua atividade, suas relações pessoais e
hierárquicas, o ambiente de trabalho e outros
b) O modelo epidemiológico possui ampla elementos que compõem o cotidiano do
trajetória na Medicina. No Brasil, são trabalho. As vivências procuram expressar a
reconhecidos os estudos de Codo (1994, forma como os trabalhadores percebem as
1997, 2002), cujo objetivo é identificar
experiências concretas do mundo do trabalho,
quadros psicopatológicos relacionados a
considerando a especificidade que o constitui.
determinadas categorias profissionais. Para citar
Nardi, Tittoni e Bernardes (1997) contribuem
alguns resultados de pesquisa do autor e
com esse ponto de vista asseverando que o
colaboradores, citamos a relação entre a
campo da subjetividade e trabalho
síndrome do trabalho vazio em profissionais
redimensiona duas formas clássicas de análise:
bancários e o burnout em educadores.
uma que prioriza as determinações
O autor busca o nexo causal entre sintomas macrossociais sobre a ação dos trabalhadores;
de origem “psi” e situações de trabalho. Essa outra, de cunho psicológico, individualizante.
abordagem utiliza métodos qualitativos e Fonseca (apud Nardi, Tittoni e Bernardes,
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1997) fala em “modos de subjetivação”, O sofrimento psíquico é objeto de estudo da


representando a forma como o sujeito se psicopatologia do trabalho. O sofrimento
relaciona com a regra com a qual se vê implica um estado de luta do sujeito contra as
obrigado a cumprir e também a forma como forças que o empurram em direção à doença
se reconhece ligado a essa obrigação. mental. O autor esclarece que existem dois
Encontramos ainda em Nardi, Tittoni e tipos de sofrimentos: o criativo e o patogênico.
Bernardes a seguinte contribuição: O sofrimento é inevitável, seja no ambiente
privado, seja no trabalho. Quando ele pode
O campo da subjetividade e trabalho constrói- se transformar em criatividade, traz uma
se no tensionamento entre dicotomias contribuição para a identidade. Acaba por
indivíduo-coletivo e objetivo-subjetivo, aumentar a resistência do sujeito ao risco de
buscando ampliar análises sociais que adoecimento psíquico ou somático. O trabalho,
enfatizam as determinações sociohistóricas então, funciona, nesse caso, como um
para a dimensão da cultura e da ética, por mediador de saúde.
exemplo (1997, p.241).
Se a situação de trabalho, as relações sociais
Se a situação de
d) A psicodinâmica do trabalho estuda as no ambiente e as escolhas gerenciais trabalho, as
representações dos trabalhadores e suas empregam o sofrimento no sentido relações sociais
patogênico, este passa a funcionar como um no ambiente e as
experiências no cotidiano do trabalho, sendo escolhas
fortemente influenciada pela psicanálise. Tem mediador da fragilização da saúde. Isso se dá gerenciais
Dejours (1988, 2002) como autor principal. quando não há nada além das pressões fixas e empregam o
rígidas, mantendo a repetição e a frustração, sofrimento no
Ela privilegia o estudo da normalidade, e não sentido
o da patologia. O objetivo é compreender o aborrecimento, o medo ou outros patogênico, este
como os trabalhadores conseguem manter sentimentos ligados à impotência. Na medida passa a funcionar
em que todos os recursos defensivos foram como um
certo equilíbrio psíquico mesmo estando mediador da
submetidos a condições de trabalho explorados, mas não há percepção de fragilização da
desestruturantes. Para ele, o sofrimento é o recompensa, ocorre, então, a “destruição” do saúde. Isso se dá
equilíbrio psíquico do sujeito, o que o conduz quando não há
espaço intermediário que marca a luta entre nada além das
o funcionamento psíquico, de um lado, e as lentamente a uma descompensação mental pressões fixas e
pressões, de outro. Para o autor, esse encontro ou física. rígidas, mantendo
a repetição e a
acontece a partir da mobilização da história frustração, o
Dejours e Abdoucheli (1994) destacam que a
singular de um sujeito ao deparar-se com as aborrecimento, o
intersubjetividade aparece no centro do medo ou outros
situações de trabalho que estarão, em sua
trabalho, e que este é determinado pelas sentimentos
maioria, independentes de sua vontade. Ele ligados à
relações sociais que ocorrem. O trabalhador
destaca que o indivíduo resiste vigorosamente impotência.
nunca poderá ser considerado um indivíduo
às pressões, as quais são incapazes de fazer
isolado, pois está em relação com pares,
surgir uma psicopatologia de massa.
hierarquia e subordinados. Apesar de a
O autor parte do princípio de que o modo de organização do trabalho ser basicamente
organização do trabalho pode interferir no técnica, ela passa por uma integração humana
funcionamento psíquico. Por exemplo, a que a modifica e que lhe dará sua forma
divisão de tarefas e o modo operatório trazem concreta.
desinteresse às pessoas. Por funcionamento
Em suma, para esses autores, o trabalhador
psíquico, ele empresta o conceito psicanalítico
não é passivo diante das pressões
de que cada indivíduo é um sujeito único,
organizacionais. O sujeito pensa sua relação
portador de desejos e projetos sem igual e
com o trabalho, produz interpretações acerca
que estão enraizados em sua história.
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de sua situação e as socializa através de atos enquanto, em outras áreas, encontramos


intersubjetivos, reage, se organiza e age sobre predominância do profissional liberal.
o próprio processo de trabalho e traz uma
contribuição à construção e evolução das
relações sociais no trabalho. O trabalho é um
20%
operador fundamental na própria construção
do sujeito. Ele é um mediador privilegiado
entre o inconsciente e o campo social e entre
12% 55%
a ordem singular e a ordem coletiva e para a
construção da saúde mental (Dejours, C.; 13% Clínica
Abdoucheli, E., 1994). Saúde
Trabalho
Outros
Para fins deste estudo, tomamos a referência
de Dejours, Dessors e Desriaux sobre saúde
mental:
Figura 1: Percentual de psicólogos no Brasil
a saúde mental não é, seguramente, a ausência por área de atuação
de angústia, nem o conforto constante e
uniforme. A saúde é a existência da esperança, Na cidade de Porto Alegre, pesquisa sobre
das metas, dos objetivos que podem ser psicólogos em contexto do trabalho (Mância,
elaborados. É quando há o desejo. O que faz Rodrigues e Minozzo, 2003) informa que esses
as pessoas viverem é o desejo, e não só as profissionais se sentem em constante
satisfações. O verdadeiro perigo é quando o ambivalência. Primeiramente por não
desejo não é mais possível (1993, p. 101). corresponderem ao ideal clínico pelo qual o
psicólogo é reconhecido. Além disso, há
Quem é o Psicólogo no ambivalência na ligação profissional como
contexto do trabalho assalariado vinculado a uma empresa que, por
um lado, lhe garante estabilidade, mas, por
Em estudo recente do Conselho Federal de outro, o distancia do ideal de profissional liberal,
Em estudo recente sendo este limitado pelo desejo da
do Conselho Psicologia (2003) sobre o perfil do profissional,
organização.
Federal de encontram-se dados que nos ajudam a
Psicologia (2003) compreender a categoria. Como já se poderia
sobre o perfil do As autoras mencionam que todos os psicólogos
profissional, imaginar, a Psicologia é uma profissão exercida
entrevistados atuam na área de recursos
encontram-se predominantemente por mulheres, as quais
dados que nos humanos das empresas. Grande parte deles
representam 92,2% do total. A área de
ajudam a não exerce atividades ligadas diretamente à
compreender a Psicologia do trabalho é o terceiro maior
Psicologia, mas à Administração. A esse
categoria. Como campo de atuação, exercida por 12,4% dos
já se poderia fenômeno, ela chamou de “perda de
profissionais, sendo precedida apenas pela
imaginar, a identidade de psicólogo”. Devido a isso, a
Psicologia é uma atuação na clínica (54,9%) e Psicologia da
profissão exercida saúde (12,6%). Outro dado interessante é que maioria desses profissionais busca realizar sua
predominantemente os profissionais da área de trabalho, docência pós-graduação ou mestrado na Administração.
por mulheres, as Segundo Mância, Rodrigues e Minozzo (2003,
quais representam e jurídica são os que possuem as maiores
92,2% do total. cargas horárias de trabalho quando p.2), tais profissionais: “assumem atividades da
comparados aos das demais áreas de atuação. Administração e esquecem qual contribuição a
Além disso, o psicólogo do trabalho possui, Psicologia tem a oferecer ao mundo do
como especificidade, atuar trabalho”. Além das atividades administrativas,
predominantemente como assalariado, as mais freqüentes aos psicólogos, nesse
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contexto, são as de treinamento e seleção, estudo, trabalhou-se com tais processos, que
tarefas muito mais ligadas à lógica de adaptar não podem ser reduzidos à quantificação
o indivíduo à organização do que trabalhar com (Minayo, 1994 a).
sua saúde e a da instituição como um todo.
Em outra obra, Minayo (1994b) aponta o fato
Seus resultados de pesquisa demonstram o de que, nas pesquisas qualitativas, a interação
pouco reconhecimento social do papel desse entre pesquisador e sujeitos é essencial. Isso
profissional. Isso decorre da insuficiente significa dizer que não se pode pensar no
compreensão quanto à contribuição dos trabalho de campo como neutro, pois a forma
psicólogos, associada à precária formação na de abordá-lo já revela as preocupações do
graduação e em cursos de pós-graduação na pesquisador.
área (Mância, Rodrigues e Minozzo, 2003).
Como estratégias metodológicas, foram
Zanelli (2002) concorda com tais perspectivas, utilizadas entrevistas semi-estruturadas e notas
afirmando que o psicólogo, no contexto do de campo. Esse tipo de abordagem na
trabalho, possui um caráter eminentemente entrevista valorizou a presença do investigador
operacional e técnico. Nas empresas, os e ofereceu perspectivas possíveis para que o
psicólogos são reconhecidos como os sujeito alcançasse a liberdade e a
profissionais que aplicam testes e empregam. espontaneidade necessárias. Desse modo, a
Em síntese, modelos que não se diferenciam entrevista semi-estruturada se transformou em
das atividades iniciais da área no Brasil, um diálogo vivo, do qual participaram duas
reproduzindo a antiga psicotécnica. pessoas com objetivos diferentes, mas que
podiam se tornar convergentes. A outra
Gui (2002) investiga, a partir do referencial de estratégia metodológica utilizada foram as notas
Dejours, as fontes de sofrimento e prazer em
de campo. Estas foram elaboradas no
profissionais de recursos humanos de uma
momento do contato com os entrevistados e,
empresa pública no País. Esses se caracterizam
mais tarde, redigidas e ordenadas. Para Triviños
por lidarem com questões críticas relativas ao
(2001), tais dados de campo à disposição do
bem-estar das pessoas no trabalho. Eles
pesquisador são importantes documentos de
vivenciam problemas específicos de sua
consulta e apoio para as descrições e
posição na empresa, tais como conflitos entre
interpretações das informações e fatos. Para a
seus valores pessoais e os da organização, e
análise das entrevistas, utilizou-se o referencial
os medos e ansiedades originados por um
da análise de conteúdo, conforme proposto
pensar que pode ir em sentido contrário às
por Bardin (1977).
concepções da empresa. Agregam-se a esses
embates as decisões que precisam ser tomadas
e implementadas e que afetam a vida de Os sujeitos desta pesquisa foram dez
outros. O autor acrescenta, ainda, que tais psicólogos, funcionários assalariados de
profissionais reconhecem sua responsabilidade empresas privadas, com os quais foram
em lidar com o humano na empresa e realizadas entrevistas que, por sua riqueza e
vivenciam certo sofrimento ligado à impotência representatividade, puderam dar conta dos
desse papel. temas deste estudo. Não encontramos
psicólogos do sexo masculino, tendo de
Metodologia restringir as entrevistas às mulheres. Uma outra
característica, que foi descoberta apenas no
Utilizou-se uma metodologia qualitativa que contato com os sujeitos e comum a todos, é
procura dar conta do universo de significados, o fato de pertencerem à área de recursos
aspirações, crenças, valores e atitudes. Neste humanos.
142
Prazer e Sofrimento de Psicólogos no Trabalho em Empresas Privadas

Pudemos notar também que, ao serem à inferência sobre suas condições de produção
contratados como funcionários de empresas e recepção.
privadas, predominaram as jornadas de turno
integral, variando entre quarenta e quarenta A primeira fase incluiu as transcrições das
horas semanais. Isso parece interferir na entrevistas na íntegra e as leituras gerais do
possibilidade de realizar outra atividade material, de modo a destacar e selecionar os
profissional. Aqueles com dedicação menor à aspectos mais relevantes relacionados aos
empresa possuem outras tarefas, prestando objetivos da pesquisa.
consultorias a empresas menores ou atuando
Na etapa de exploração do material e
na área clínica.
tratamento dos resultados, as entrevistas foram
Quanto ao tamanho das empresas, estas separadas em trechos de acordo com o
variaram entre médias e grandes, levando em conteúdo temático, visando a um melhor
conta o número de funcionários. O porte manuseio das informações.
variou de 370 até 21 mil funcionários. O ramo
Na fase da inferência e interpretação, tentou-
das empresas dos participantes incluiu: varejo,
se desvendar o conteúdo subjacente ao que
indústria e serviços.
está manifesto nos trechos selecionados e
Com referência ao tempo de vínculo categorizados. Ela se baseou nas descrições
empregatício, a idéia inicial era que os sujeitos dos temas de cada categoria bem como nas
estivessem no mínimo há um ano em seu relações entre as mesmas.
atual local de trabalho, mas, devido à
dificuldade de encontrar pessoas disponíveis As vivências de prazer e
para conceder uma entrevista, aceitamos uma sofrimento
variação maior, tendo sujeitos desde um mês
até treze anos no local. Entendemos, por fim, Dentre os resultados encontrados, pode-se
que tal fato acabou por enriquecer a pesquisa, inferir que, em relação às atividades do
ao invés de prejudicá-la. O tempo de cotidiano desses profissionais, elas são
formatura dos entrevistados está entre um e predominantemente ligadas à Psicologia
trinta e dois anos, sendo a maioria deles entre
organizacional. Há psicólogos que possuem
um e dez anos de graduação concluída.
atuação mais estratégica ligada à tomada de
O método de interpretação dos dados utilizado decisões na empresa, e há aqueles em função
foi a análise de conteúdo, que possui duas de lideranças com cargos de gerência ou
funções na aplicação técnica: verificação de chefia. Nesse grupo, estão aqueles com maior
hipóteses ou questões e descoberta do que tempo de formatura. Não foram feitas
está por trás dos conteúdos manifestos referências a atividades com Psicologia
(Minayo, 1994a). Conforme Engers (1994), a institucional e com saúde mental no trabalho.
análise de conteúdo se constitui num É importante destacar que não há uma
conjunto de técnicas e instrumentos separação estanque entre as fontes de prazer
empregados na fase de análise e interpretação e as de desprazer. De fato, elas parecem se
de dados de uma pesquisa, aplicando-se, de relacionar como um continuum, tratando-se
modo especial, ao exame de documentos de aspectos similares e que, quando existentes,
escritos, discursos, dados de comunicação e produzem efeitos de bem-estar nos psicólogos,
semelhantes, com a finalidade de uma leitura mas, quando ausentes ou em excesso, trazem
crítica e aprofundada, o que leva à descrição sofrimento, podendo acarretar até mesmo
e interpretação desses materiais assim como problemas físicos.

PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2007, 27 (1), 132-147


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Associadas à vivência de prazer, identificam-se diferentes categorias que auxiliaram a compreensão


das características do cotidiano em uma organização. A primeira delas se refere à “paixão” pelo
trabalho. Existe sentimento de adequação, de prazer associado ao “estar fazendo o que gosta”.

Prazer é justamente esse reconhecimento, eu acho importantíssimo fazer um trabalho bem feito,
gostar do que a gente faz. Eu, por exemplo, elaborar um treinamento ou ver a equipe ministrar
um treinamento que tem resultado, que as pessoas gostam. Trazer esse resultado, que é expresso
pelo feedback das pessoas e por números que a gente tenha de horas de treinamento, de formação,
seja lá como for, isso me traz prazer (CORINA).

Prazer Sofrimento

Dinâmico, diversificado e Carga de trabalho


resultados excessiva e pressão
Ter espaço para atuar Conflito entre valores
conforme acredita pessoais e da empresa

Ver o desenvolvimento Restrições que a


das pessoas organização coloca

Reconhecimento das Não atender às


expectativas da pessoas
Categoria profissional sem
Um trabalho apaixonante Força

Figura 2: Fontes de prazer e sofrimento de psicólogos

Aliada a tal percepção de ajustamento, há a citação de que as empresas estimulam o dinamismo,


a diversificação de tarefas e o foco em resultados. Tais características são consideradas
enriquecedoras pelos psicólogos entrevistados, que gostam da possibilidade de atuar com iniciativa,
na busca de resultados objetivos e no convívio com colegas de outras áreas de conhecimento.
Com relação a tais aspectos, os sujeitos fazem um contraponto com a Psicologia clínica. Tal
relação entre essas subáreas da Psicologia não pertencia ao roteiro da entrevista, mas emergiu
espontaneamente. Os sujeitos parecem diminuí-la ao colocá-la como pacata, passiva e com
resultados lentos para serem visualizados, demonstrando certa competição com a área clínica.

Acho que algumas coisas, assim: o trabalho mais dinâmico, têm um dinamismo maior que na área
clínica, não de estudo, não de questões de estudar ou cientificidade, mas do dia a dia mesmo,
porque a gente recebe demandas diversas, a gente leva vários projetos juntos ao mesmo tempo,
tem uma questão de atendimento ao cliente, porque o cliente tá sempre ali te solicitando. Então
tem um dinamismo que eu me vejo mais adaptada a isso. Eu acho que eu tenho um perfil mais
adaptado a esse tipo de coisa (LÍVIA).
144
Prazer e Sofrimento de Psicólogos no Trabalho em Empresas Privadas

Outra fonte de prazer é a possibilidade de ver eu trabalho, é uma área que hoje é consultada,
o desenvolvimento das pessoas. Trata-se de é chamada pra participar de todos os projetos,
uma relação de ajuda entre os psicólogos e os seja na minha pessoa ou por outras pessoas
demais funcionários. A crença básica é de que que já têm confiança dentro da equipe na
elas são capazes de gerar mudanças em si e empresa, por que? Porque faz a diferença na
de aproveitar e construir oportunidades no hora de dar opiniões (CORINA).
trabalho para se desenvolverem. Nesse
sentido, eles desempenham um importante Outra fonte de satisfação é o atuar conforme
papel na manutenção de certa humanização acredita, pois representa um alinhamento entre
nas empresas. As entrevistas sugerem uma valores pessoais e crenças profissionais e o
atuação mais forte no sentido de influenciar respectivo espaço para serem postos em
as lideranças da empresa como estratégia para prática. A capacidade de exercer a atividade
atingir o corpo funcional. utilizando conceitos e ferramentas da
Psicologia também é considerada importante.
Olha, a maior crença que eu tenho e utilizo
bastante é que a gente pode trabalhar com as Eu vejo também a potencialidade de trabalhar
aqui, porque eu vejo que o psicólogo, eu
pessoas, de que a gente pode promover
posso falar das minhas experiências, não posso
mudanças nas pessoas. Isso é o que eu mais
generalizar, mas se eu pudesse comparar as
acredito. Eu sempre trabalhei com pessoas às
empresas que eu passei, o psicólogo acaba
vezes desacreditadas por outras, rotuladas por
tomando um rumo muito administrativo, e,
outras, e a percepção das pessoas acaba
com a visão da Administração, do RH
ficando distorcida em função desses rótulos.
Administração e aqui eu pela primeira vez eu
Poder provocar mudanças nas pessoas e ver
sinto que estou fazendo Psicologia, Psicologia
elas mudando é muito legal. Poder ver as
organizacional, Psicologia do trabalho,
pessoas caminhando e chegando às vezes até
Psicologia clínica. Eu estou fazendo Psicologia
a gerência é muito legal (MADALENA).
clínica aqui dentro também! Seja individual,
seja paciente-organização, e isso está sendo
muito gratificante, porque esse realmente é o
O reconhecimento de suas intervenções
meu trabalho (PIETRA).
funciona como um motivador. A principal
forma pela qual ele se manifesta é através dos Se, por um lado, existem diferentes fontes
elogios feitos diretamente ao trabalho ou favoráveis de manutenção da saúde do
particularmente à forma de atendimento psicólogo, há condições que dificultam seu
prestado. Eles provêm principalmente das cotidiano. As mais citadas são a carga excessiva
lideranças, que parecem ser os principais de trabalho e a pressão. Os participantes deste
usuários dos serviços dos psicólogos. Outro estudo possuem cargas horárias entre quarenta
modo de sentir-se reconhecido é ser chamado e quarenta e quatro horas semanais, mas
para participar das decisões da empresa, sendo narram ficarem com freqüência além do
uma espécie de “voz” dos funcionários diante previsto nas empresas. Uma das
das lideranças. conseqüências diretas disso é o esgotamento
e o empobrecimento das outras esferas da vida
E eu tenho certeza, não só pela trajetória só às quais não conseguem se dedicar. Outro
minha, mas da própria área, é uma área que é efeito se dá no próprio âmbito do trabalho.
constantemente solicitada pra tudo dentro da Dada a falta de tempo, eles não conseguem
empresa. Eu já não vejo assim pra área de analisar e questionar algumas demandas que
administração de RH, que é a mais burocrática, precisam atender, apenas possuem tempo para
mas a área de desenvolvimento, que é a que acatá-las e realizá-las.
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PROFISSÃO, 2007, 27 (1), 132-147

Esse é o meu dia a dia, é bastante corrido, Psicologia para as organizações, já que ela não
porque é muita coisa. Hoje eu tô fazendo uma trabalha com dados predominantemente
coisa aqui, depois outra lá; é bem diversificado. mensuráveis, como as demais áreas de uma
Entediante, jamais (risos). (...) Não, não, tu empresa. Isso dificulta a confiança nas relações
não consegue questionar: “pára aí, será que entre psicólogo e organização e produz um
eu tô fazendo?” Não, não dá tempo (MARIA). movimento no sentido de se tornarem mais
objetivos e buscarem indicadores mensuráveis.
Além da carga horária, existe a carga
emocional que caracteriza suas atividades, já Eles valorizam muito o trabalho das psicólogas
que são procurados pelos demais colegas da aqui dentro, mas, ao mesmo tempo, tem
organização para confidenciar suas dificuldades muita pressão, sabe: “mas pra que vai servir
no trabalho. Entretanto, os psicólogos, algumas isso?” (BIA).
vezes, enfrentam as mesmas questões, visto
que estão no mesmo local e se sentem Há também casos em que existem ou passam
frustrados por, em alguns casos, não a existir conflitos entre crenças pessoais e da
conseguirem atender a tal pedido de ajuda. empresa. Tal situação pode forçar o profissional
a atuar de uma forma com a qual não
No meu caso, ali o RH serve muito como concorda. Em função disso, alguns têm
ombro mesmo. Muitas vezes, as pessoas saem sentimentos de insatisfação que os levam a
de alguma reunião “daquelas” e vão lá chorar. buscar novas oportunidades de emprego em
Então, tu acaba recebendo muita carga! E tem outros locais. Outro aspecto a ser destacado
as outras coisas do dia a dia: interface com é o uso indevido de instrumentos de avaliação
outros processos como admissão, e, às vezes, psicológica, a despeito do parecer do psicólogo
dá problema e tem que estar sempre correndo de que não são os mais adequados. Tanto os
de um lado pro outro (CARLA). instrumentos quanto o modo como são
utilizados seguem diretriz da empresa.
A menção de somatizações associadas à carga
e às pressões no trabalho leva a questionar a Trabalhar te traz desconfortos, às vezes. Como
estrutura rígida de algumas organizações. eu disse, a gente tem que alinhar com as
Dejours (1988) afirma que a forma de estratégias da empresa, mas nem sempre as
organização do trabalho deve ser mais livre estratégias estão dentro dos teus valores,
não apenas para o psicólogo mas também para daquilo que tu acredita. Aí tem que fazer uma
a saúde dos demais trabalhadores. análise e reflexão do que tu quer pra tua vida,
e eu já fiz isso. Eu já trabalhei numa empresa
Olha, eu tô numa fase de bastante em que ela tava indo pra um lado que não ia
questionamento, até em função da minha vida de encontro com o que eu acreditava. Então,
pessoal. Como eu já trabalho há bastante como é que eu ia trabalhar num lugar que eu
tempo nessa área, eu absorvo muito. Sabe não tava acreditando? Aí eu resolvi, porque a
aquela coisa de ficar estressada, de tu absorver empresa não ia mudar; então por que eu ia
muito as coisas da empresa, ficar com continuar nessa empresa? Acabei conseguindo
enxaqueca, dor muscular, torcicolo, bem a outra oportunidade e pedi demissão. No dia
coisa do corpo, da somatização. Então, esses que eu pedi demissão, eu vi o quanto a
dias, eu tava me questionando: “o que eu vou empresa tava me fazendo mal. Porque eu senti
fazer daqui pra frente?” (JUSSARA). um alívio tão grande, tão grande (MADALENA).

Quanto à pressão experimentada, ela advém Essas razões e as restrições que as empresas
do questionamento quanto ao real valor da colocam geram dificuldades nos psicólogos e
146
Prazer e Sofrimento de Psicólogos no Trabalho em Empresas Privadas

o sentimento de estarem presos. Há devido. Tinha gente que tava trabalhando e


questionamentos sobre o quanto as empresas usando um teste e depois foi avisado que não
realmente desejam ou são capazes de mudar. podia usar, foi extremamente desconfortável.
Sobre a importância do reconhecimento para É complicado a gente não ter um conselho ou
os entrevistados, por um lado, os psicólogos um sindicato que nos apóie. A gente, quando
parecem necessitar de reconhecimento, por entra nas empresas, inclusive, não tem nem
outro, as pessoas possuem as expectativas de piso salarial, eu sei de psicólogos muito bons
serem atendidas e compreendidas em seus ganhando uma mixaria (MADALENA).
desejos pelos psicólogos. Os participantes
deste estudo revelam que há um desafio Finalmente, é importante salientar que este
estudo teve um caráter exploratório, pois a
nisso, pois há “dois senhores” nas empresas:
bibliografia específica que relate estudos
os funcionários e o empresário, e o desafio
semelhantes não foi encontrada, o que poderia
consiste em atender e lidar com ambos.
facilitar um procedimento de discussão ao nível
das conclusões deste artigo. No entanto,
Por fim, os sujeitos se sentem enfraquecidos
pensa-se que a pesquisa que embasou este
por não se perceberem como categoria
artigo permitirá uma aproximação mais real do
profissional. Há desunião e isso dilui esforços
mercado de trabalho dos psicólogos, pois,
que poderiam gerar conquistas coletivas como se percebe, há inúmeros desafios a
através da construção de espaços de serem vencidos para que a Psicologia, no
discussão, conforme sugestão de alguns ambiente de trabalho, seja exercida com mais
autores. qualidade, ou seja, com ricas e mais saudáveis
experiências para os psicólogos e, em
Puxa a gente tem esse espaço, mas são conseqüência, para os usuários de seus serviços,
poucos os que aproveitam, me questiono o que são todos os demais trabalhadores das
que a gente tá fazendo da nossa profissão? A organizações às quais pertencem.
própria situação dos testes me deixa
extremamente desconfortável, porque a Sugere-se, por fim, seguir o exercício de auto-
questão da testagem é-nos vendida na análise, visando a conhecer permanentemente
faculdade como a única coisa que só o as limitações e possibilidades, de modo que
psicólogo pode fazer, e aí tu acaba vendo que cada um transforme a si mesmo e, como
tem um monte de teste que, tudo bem, categoria, possa inventar uma nova Psicologia
estava precisando de uma atualização, mas ou, quem sabe, apoiar a invenção de novas
não está tendo a agilidade e o reconhecimento formas de relação no trabalho.

Patrícia Costa da Silva


Psicóloga, Mestre em Psicologia social e institucional (UFRGS)
R. Ferreira Viana, 875/621 – Porto Alegre / RS
E-mail:patics@click21.com.br

Álvaro Roberto Crespo Merlo


Médico, Doutor em Sociologia, docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia social e
institucional (UFRGS) e do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (UFRGS)
E-mail:merlo@ufrgs.br

Recebido 02/12/05 Reformulado 06/07/06 Aprovado 07/07/06

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