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A liquidação consiste no ato preliminar da execução de sentença ilíquida, que tem por fim apurar a quantidade certa
do valor da condenação. Pode ser realizada por meio de cálculo aritmético, que será apresentado pelo próprio credor
para cumprimento da sentença, por meio da instauração de procedimento comum, quando houver necessidade de
alegar e provar fato novo.
Observe-se que a liquidação de sentença é pressuposto sine qua non para a execução de título líquido executivo
judicial, pois deve ser dotado de certeza, liquidez e exigibilidade.
Com a reforma processual na década de noventa, eliminou-se a chamada liquidação por cálculos de contador. Que
tornou-se, totalmente burocrática.
O artigo 509, caput, do Novo CPC prevê expressamente a necessidade de uma sentença condenatória ao pagamento
de quantia ilíquida, e ainda consagra o entendimento de que tanto o credor como o devedor tem legitimidade para dar
início à liquidação de sentença.
É daquele apontado como credor no título a ser liquidado.Legitimidade passiva – A liquidação é instaurada contra
aquele apontado como devedor no mesmo título.
O posicionamento da doutrina sempre foi no sentido de que nada obsta o devedor dar início à liquidação da sentença
para que, apurado o valor, possa cumprir espontaneamente a obrigação, entendimento agora consagrado no NCPC.
O artigo 509, inciso I, do NCPC manteve a liquidação por arbitramento prevista no art. 475-C do CPC/1973.
Deve-se optar por este tipo de liquidação quando determinado por sentença ou convencionado pelas partes ou
quando o exigir a natureza do objeto da liquidação.Lembrando que continua em vigor a orientação constante do
enunciado de súmula do STJ nº 344 dispondo que “a liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não
ofende a coisa julgada”.
Prevista no artigo 509, inciso II do NCPC. Conhecida como “liquidação por artigos” (prevista no art. 475-E do
CPC/1973). Na liquidação pelo procedimento comum existe a necessidade de comprovação de fatos novos ligados
ao quantum debeatur.
Segundo Fredie Didier Jr, “fato novo é aquele relacionado com o valor, com o objeto ou, eventualmente, com algum
outro elemento da obrigação, que não foi objeto de anterior cognição na fase ou no processo de formação do título. O
novo não diz respeito necessariamente ao momento em que o fato ocorreu, mas ao seu aparecimento no processo.”
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(2014, p.136).
No § 1º do artigo 509 do NCPC permite à parte, concomitantemente, liquidar capítulo ilíquido e executar capítulo
líquido. Nesse caso, a liquidação dar-se-á em autos apartados.
Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença (§ 2º do artigo 509, NCPC), sendo, inclusive, auxiliado por programa de atualização
financeira a ser disponibilizado pelo Conselho Nacional de Justiça (§ 3º)
O §4º do art. 509 do Novo CPC mantém a regra da fidelidade ao título executivo, portando continua sendo defeso, na
liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou, regra prevista no artigo 475-G do CPC/1973.
O artigo 510 do NCPC trata sobre o procedimento da liquidação por arbitramento, trazendo grande inovação ao
admitir que pareceres ou documentos possam substituir a realização de perícia voltada à pesquisa do quantum
debeatur.De acordo com este dispositivo, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos
elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o
procedimento da prova pericial.
O artigo 511 do NCPC trata sobre o procedimento de liquidação pelo procedimento comum. Fora a nomenclatura, não
há nenhuma novidade em relação ao CPC de 1973.Nos termos deste dispositivo, o juiz determinará a intimação do
requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo,
apresentar contestação no prazo de quinze dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da
Parte Especial do Código.
É necessário que o liquidante indique o fato novo em que fundamenta o seu pedido na petição inicial. Cabe ao credor
especificar sobre quais fatos a prova a ser produzida deve recair, demonstrando o nexo de causalidade entre eles e a
fixação do quantum debeatur.
O artigo 512 do NCPC continua admitindo que se promova a liquidação mesmo na pendência de recurso, a chamada
“liquidação provisória”, conforme já previsto no §2º do art. 475-A do CPC de 1973.Sendo assim, o efeito secundário
da sentença é mantido pelo art. 512 do Novo CPC, de forma que a liquidação poderá ser realizada na pendência de
recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias
das peças processuais pertinentes.
A decisão que encerra a fase de liquidação em primeiro grau é sentença.Conforme preceitua o artigo 475-H do
CPC/1973, mesmo se tratando de sentença, contra esta decisão cabe agravo de instrumento.
Especial interesse tem decisão do STJ ao julgar como repetitivo recurso especial interposto pela Brasil Telecom, a 2ª
Seção do Superior Tribunal de Justiça definiu teses sobre liquidação de sentença, que servirão especialmente para a
solução de diversas demandas que envolvem complementação de ações de empresas de telefonia.
O colegiado debateu acerca de duas questões jurídicas: atribuição do encargo de antecipar os honorários periciais ao
autor da liquidação de sentença, no caso de perícia determinada de ofício; e possibilidade de atribuição do encargo
ao réu, na hipótese em que o autor é beneficiário de gratuidade da Justiça.
Seguindo o voto do relator, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, a 2ª Seção estabeleceu que:
1) Na liquidação por cálculos do credor, não cabe transferir do exequente para o executado o ônus do pagamento de
honorários devidos ao perito que elabora a memória de cálculos;
2) Se o credor for beneficiário Justiça gratuita, pode-se determinar a elaboração dos cálculos pela contadoria judicial;
3) Na fase autônoma de liquidação de sentença (por arbitramento ou por artigos), incumbe ao devedor a antecipação
dos honorários periciais.
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As duas primeiras teses consolidam, para os efeitos do recurso repetitivo, entendimento já firmado pela Corte
Especial do STJ (REsp 541.024 e 450.809) a respeito da liquidação por cálculos do credor. A terceira tese foi fixada
para as demais espécies de liquidação.
Corte Especial do STJ, provocada pela 3ª Turma, dirimiu a controvérsia e uniformizou a interpretação sobre o
polêmico 475-J.
De que lado? Da divergência! Eis a ementa do acórdão proferido pela Corte Especial:
Portanto, segundo a interpretação fixada pela Corte Especial do STJ, nos termos do art. 475-J do CPC, havendo o
trânsito em julgado da sentença, compete ao credor requerer a execução, apresentando a memória do cálculo
aritmético, conforme art. 475-B do CPC; diante desse requerimento, o juiz da execução intima o devedor, por seu
advogado constituído, via diário eletrônico, para que, do prazo de 15 dias, pague, sob pena de multa de 10%.
Interessante apontar que o Ministro Luiz Fux, nesse julgamento pela Corte Especial do STJ, reviu o seu
posicionamento anterior, e expressamente aderiu ao resultado do julgamento, alinhando-se à posição do Ministro
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Coincidência ao não, o anteprojeto do Novo CPC, redigido pela Comissão de Juristas do Senado Federal, presidida
pelo Ministro Luiz Fux, propõe regra para a execução de sentença por quantia certa, em parâmetros muito
semelhantes:
Art. 490. A execução da sentença proferida em ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação independe de nova citação e será feita segundo as regras
deste Capítulo, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o
disposto no Livro III deste Código.
§ 1º A parte será pessoalmente intimada por carta para o cumprimento da sentença
ou da decisão que reconhecer a existência de obrigação.
Autor
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