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Este módulo instrucional impresso faz parte, exclusivamente, do projeto educacional para
formação de jovens e adultos, no Ensino Médio, por meio da modalidade de educação
à distância, aprovado e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro.
PRODUZIDO EM 2009
A SOCIEDADE HUMANA 05
A VIDA SOCIAL - CONCEITOS IMPORTANTES 12
SOCIOLOGIA
AGRUPAMENTO SOCIAL 16
ECONOMIA E SOCIEDADE 19
ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL 24
AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS 27
MUDANÇAS SOCIAIS 31
SUBDESENVOLVIMENTO, COMUNIDADE,
CIDADANIA E MINORIAS 34
EDUCAÇÃO E CULTURA 40
MOVIMENTO RELIGIOSO E SOCIEDADE 45
A GLOBALIZAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO 50
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 55
A SOCIEDADE E A TRANSCEDÊNCIA 60
A CONCIÊNCIA HOLÍSTICA 63
A SOCIEDADE HUMANA
Nas diversas espécies animais que habitam nosso planeta são verificadas formas de rela-
cionamentos que confirmam a teoria de Evolução das Espécies, formulada por Darwin, na qual
a preservação da espécie e o seu aprimoramento parecem ser o objetivo das suas formas de
vida, convivência e sociabilidade. Desta forma, para assegurar a reprodução e a sobrevivência,
os animais estabelecem estilos próprios de vida. Acreditando na superioridade de sua cultura,
SOCIOLOGIA
os europeus intervieram nas formas tradicionais de vida existentes nos outros continentes,
procurando transformá-las. E em consonância com essa forma de pensar desenvolveram-se as
idéias do cientista inglês Charles Darwin a respeito da evolução biológica das espécies ani-
mais. Para Darwin, as diversas espécies de seres vivos se transformam continuamente com a
finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência.
Desde os tempos mais remotos o homem, como uma das espécies existentes, compreen-
deu a importância de viver em companhia dos semelhantes. Para satisfazer suas necessidades,
juntou-se aos demais, formando agrupamentos onde cada qual já podia colaborar e estabele-
cer laços com os outros. Apesar da convivência humana ter sofrido muitas mudanças, ainda
hoje se pesquisa para resgatar e conhecer nossa origem.
Tal como as demais espécies, o homem possui uma variedade de atividades instintivas, ou
seja, ações e reações que se desenvolvem de forma mecânica como respirar, engatinhar, sen-
tir fome, medo, frio. Desenvolveu também habilidades que dependem de aprendizagem como
comer, beber, a obedecer, a brincar, trabalhar, administrar, governar. Distingue-se das outras
espécies, pois necessita de aprendizado para adquirir diferenciada forma de comportamento.
As Ciências Sociais
O comportamento social humano e suas várias formas de organização são o principal foco
da pesquisa e do estudo das Ciências Sociais.
O objeto das Ciências Sociais é o ser humano em suas relações sociais, e o objetivo é ampli-
ar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais. Logo, os variados com-
portamentos humanos como casar, receber salário, fazer greve, participar de eventos, educar
filhos, são considerados comportamentos sociais pois se desenvolvem em sociedade.
Com o avanço do conhecimento fez-se necessária a divisão das Ciências Sociais, para que
cada uma das disciplinas pudessem se ocupar de um aspecto específico da realidade social,
embora todas sejam complementares entre si. As disciplinas abaixo formam as Ciências
Sociais.
A História da Sociologia
Tem sido uma constante na vida dos seres humanos a reflexão sobre os grupos e as
sociedades para sua melhor compreensão. Os gregos na antiguidade recorriam à Mitologia
SOCIOLOGIA
Cabe lembrar que tal filosofia inspirava-se no método de investigação das ciências da
natureza, procurando identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais
os cientistas explicavam a vida natural. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da
exaltação à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem estar do todo social.
CURIOSIDADES
A Sociologia de Durkheim
Embora Comte seja considerado o pai da Sociologia, Émile Durkheim é tido como um dos
seus primeiros grandes teóricos, tendo sido com ele que a Sociologia passou a ser considera-
da uma ciência. Formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os
fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas ou-
tras ciências. Para ele a Sociologia é o estudo dos fatos sociais.
Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Os
fatos têm três características: generalidade, exterioridade e coercitividade. Tais conceitos serão
objeto de estudo na unidade seguinte. Para ele a Sociologia tinha por finalidade não só explicar
SOCIOLOGIA
a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A teoria de Durkheim pre-
tende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa
e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua consciência individual, seu
modo próprio de se comportar e interpretar a vida, observa-se nos grupos ou nas sociedades
formas padronizadas de conduta e pensamento. E com base nesta constatação definiu cons-
ciência coletiva. Na obra “Da Divisão do Trabalho Social” aparece a definição de consciência
coletiva como sendo “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros
de uma mesma sociedade” que “forma um sistema determinado com vida própria”.
CURIOSIDADE:
Para Weber o objeto da Sociologia seria a Ação Social, a ação humana intencional.
A compreensão do que é Ação Social seria a única forma para explicar os fatos sociais.
Assim, a Ação Social não deveria apenas ser constatada ou descrita exteriormente, mas com-
preendida. O homem, enquanto indivíduo, passou a ter significado e especificidade. É ele que
dá sentido à sua Ação Social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propria-
mente dita e seus efeitos.
Para a Sociologia Positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a
eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas
sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de moti-
vação. Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses
racionais ou pela emotividade.
CURIOSIDADE:
De acordo com Marx o capitalismo tem seus dias contados, pois concentra cada vez mais
dinheiro nas mãos de cada vez menos pessoas. No final, haverá tantos sem dinheiro que eles
derrubarão o sistema e o substituirão por outro no qual o dinheiro não seja importante. Esse
novo sistema denomina-se “Comunismo”. Sob o comunismo todos serão livres para traba-
lharem para si e pelo bem comum. Entretanto, os países que tentaram por em prática tais
idéias, como China, Cuba e a ex União Soviética, tiveram resultados variados, além de ques-
tionarmos se foram fiéis às idéias de Marx.
É preciso lembrar que as teorias marxistas, como o próprio Marx propôs, transcendem o
momento histórico no qual são concebidas e têm uma validade que extrapola qualquer das ini-
ciativas concretas que buscam viabilizar a sociedade justa e igualitária proposta por Marx.
Nunca será bastante lembrar que a ausência da propriedade privada dos meios de produção é
condição necessária, mas não suficiente da sociedade comunista teorizada por Marx. Assim,
não se devem confundir tentativas de realizações levadas a efeito por inspiração das teorias
marxistas com as propostas por Marx de superação das contradições capitalistas.
Como Marx mostrou, o próprio esforço por manter e reproduzir um modo de produção acar-
reta modificações qualitativas nas forças em oposição. Enganam-se os teóricos de direita e de
esquerda que vêem em dado momento a realização mítica de um modelo ideal de sociedade.
Hoje se vive nas ciências um momento de particular cautela, pois, após dois ou três séculos de
crença absoluta na capacidade redentora da ciência, em sua possibilidade de explicitar de
maneira inequívoca e permanente a realidade, já não se acredita na infalibilidade dos mode-
los, sendo necessário o trabalho permanente de discussão, revisão e complementação.
CURIOSIDADE:
SOCIOLOGIA
A Sociologia no Brasil
A colonização do Brasil, como a história já nos mostrou, é marcada pela vinda dos jesuítas
e com eles a cultura européia introduzindo a religião como domínio cultural por três séculos.
Apesar de instituírem o tupi como “língua geral”, os jesuítas foram os responsáveis pelo exter-
mínio gradativo da cultura nativa, assim como a submissão das populações escravas, con-
duzindo à subordinação da colônia aos interesses de Portugal e da Igreja. Assim durante sécu-
los a cultura no Brasil manteve seu caráter ilustrado, de distinção social e dominação.
Com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, as atividades culturais surgem
para atender a demanda da burguesia aqui instalada. As inovações implementadas foram:
Criação da Imprensa Régia; surgimento da Biblioteca, hoje Biblioteca Nacional; incentivo ao
estudo de botânica e zoologia com a criação do Jardim Botânico; surge o Museu Real (hoje
Museu Nacional); vinda da Missão Cultural Francesa e a criação do Museu de Belas Artes.
Nosso processo cultural no século XIX é marcado pela importação de idéias e concepções
européias, introduzidas à revelia de nossa realidade. Desde então o processo educacional sofre
várias mudanças ficando, por fim, a educação do povo a cargo das províncias, futuros estados,
e a educação da elite sob responsabilidade do poder central; o que impediu a unidade do sis-
tema educacional. A elitização do ensino fica evidenciada, portanto, com a criação das escolas
de nível superior que atendessem às necessidades da burguesia e do estado constituído. Cabe
ressaltar que a alienação cultural, utilizando modelos europeus, atendia a premissa de garan-
tir o domínio do poder imperial.
o que exige a substituição do capitalismo liberal pelo capitalismo de organização, o que leva
os países não desenvolvidos a uma crise em face de sua base agrícola. A ênfase na ciência e
na tecnologia transforma os usos e costumes da humanidade.
É fundada nessa época a Escola Livre de Sociologia e Política (1933), dedicada a estudos ori-
entados pela sociologia norte-americana, e da Faculdade de Filosofia, Ciências e letras (1934).
Procurou-se, assim, iniciar o estudo sistemático da sociologia, opondo-se ao caráter genérico
de “humanidades” que adquiriu na formação de engenheiros, médicos e advogados, bem
como diferenciar esse conhecimento, por seu cientificismo e pragmatismo, daquele apropria-
do pelo Estado. Citamos aqui expoentes desse período: Caio Prado Júnior, Gilberto Freire,
Sérgio Buarque de Hollanda e Fernando Azevedo.
Com a Segunda Guerra Mundial grandes transformações sociais e políticas marcaram o iní-
cio da década de 40, quando EUA e a então URSS firmaram-se como potências mundiais. E
com a mudança de cenário, uma Nova |Ordem Social afirmava-se, de caráter transformador,
em especial para os países do chamado Terceiro Mundo. A industrialização transformava as
relações sociais entre classes, entre setores e entre regiões. Acentua-se o êxodo rural, com o
abandono do campo por uma massa de população significativa, gerando forte dependência
das áreas agrícolas à região Sudeste industrializada. O país adquiria nessa época a consciên-
cia de sua complexidade e de sua particularidade. Aqui os sociólogos denotam grande pre-
ocupação com a realidade latino-americana, desenvolvendo estudos entre semelhanças e
diferenças existentes entre os conflitos e as sociedades latino-americanas. Destaca-se nesse
momento por suas pesquisas Emílio Willems.
Celso Furtado foi o grande inovador do pensamento econômico, não só no Brasil como em
toda América Latina. É apontado como o fundador da economia política brasileira. Foi o defen-
sor da idéia de que o subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica das
sociedades rumo ao capitalismo, mas se tratava de uma formação econômica gerada pelo
próprio capitalismo internacional.
Neste mesmo período Darcy Ribeiro desponta com a questão indígena e mais adiante
exerce forte influência, enquanto político, na mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. A Sociologia entre o período de 40 e 60 produziu inúmeros trabalhos denunciando
as desigualdades sociais e as relações de domínio e opressão internas e externas.
SOCIOLOGIA
Instalada a Segunda República com forte influência americana no golpe militar de 1964. Os
reflexos da instalação da ditadura militar na sociedade e na Sociologia são significativos, uma
vez que a repressão ao pensar social e político deu-se de inúmeras formas. Universidades
foram fechadas, bem como entidades de classe estudantil, os principais nomes da Sociologia
no Brasil foram sumariamente aposentados e impedidos de lecionar. Muitos foram exilados,
outros se exilaram, passando a publicar seus trabalhos no exterior. Várias reformas foram
instituídas com a finalidade única de atender ao poder político dominante e repressor, impedin-
do o progresso cultural no País.
Vemos emergir um novo milênio com uma ordem social transformadora das relações influ-
enciada pela evolução das comunicações, nos permite a comunicação em tempo real e a uni-
versalização da imagem através da TV, alterando a maneira de pensar e agir das pessoas. Os
sociólogos buscam redefinir os conceitos de dependência e divisão internacional do trabalho
num mundo globalizado.
PARA REFLETIR
A VIDA SOCIAL
CONCEITOS IMPORTANTES
Quase todas as referências sobre a sociedade são feitas em termos de relações sociais. Em
geral, pensa-se nas relações entre pai e filho, entre empregador e empregado, entre líder e par-
tidário, entre comerciante e cliente, ou das que existem entre amigos, inimigos, etc. Essas
SOCIOLOGIA
Ao analisar as relações sociais verifica-se que são muito mais complexas que a princípio
podem parecer. Todas as sociedades contêm centenas, talvez mesmo milhares de relações
sociais convenientemente definidas. Tais relações sociais foram classificadas como interações,
as quais podem ocorrer de pessoa para pessoa, entre uma pessoa e um grupo e entre um
grupo e outro.
Contato Social
O contato social é a base da vida social. É o primeiro passo para que ocorra qualquer asso-
ciação humana.
Podemos considerar que existem dois tipos de contados sociais: primários e secundários.
Os contatos sociais primários são os contatos pessoais, diretos e que têm forte base emo-
cional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais. Temos como
exemplo os familiares, os de vizinhança, as relações sociais na escola, no clube. Já os contatos
sociais secundários são impessoais, calculados, formais, um meio para atingir determinado
fim. Como no caso do passageiro com o cobrador de ônibus, apenas para pagar a passagem;
o cliente com o caixa do banco, para descontar um cheque.
A Socialização
Todo indivíduo é, em parte, produto de duas espécies distintas de transmissão, uma here-
ditária e outra social. À primeira age através do mecanismo dos genes, cromossomos, e da
reprodução humana - refere-se ao plano geral da realidade designado como biológico e estu-
dado por um ramo especial da ciência biológica chamado “Genética”. O segundo funciona por
intermédio do mecanismo do hábito, da educação e da comunicação simbólica - refere-se ao
nível geral da realidade designado como sócio-cultural, e é tratado por outro ramo da Ciência
Social que pode ser chamado de Estudo da Socialização.
Entretanto, a complexidade do assunto vai mais além. Não somente o indivíduo é um pro-
duto desses dois processos dinâmicos de transmissão, como também dos vários e diferentes
tipos de ambiente. Nem a transmissão genética, nem a comunicativa podem ocorrer num
homem que não disponha de um meio geográfico, biológico, cultural e interpessoal.
Pelo exposto acima, podemos afirmar que a socialização é um processo pelo qual os seres
humanos passam ao viverem em sociedade, pois a vida em grupo é uma exigência da natureza
humana. O homem necessita de seus semelhantes para sobreviver, perpetuar a espécie e tam-
bém para se realizar plenamente como pessoa.
SOCIOLOGIA
Convívio Social, Isolamento e Atitudes
O texto acima confirma a vital importância da comunicação para os seres humanos, enquan-
to ser social e para o desenvolvimento da cultura.
grupos cada vez maiores de indivíduos. E isso vem se verificando com uma intensidade cres-
cente graças, sobretudo à Internet. Já mencionamos que as interações ocorrem como princí-
pio básico para a relação social. Neste sentido, também as interações estão no contexto dos
processos sociais.
Processo é o nome que se dá à contínua mudança de alguma coisa numa direção definida.
Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são as
diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma
como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.
O conflito é uma constante das relações humanas. Pede ser resolvido em determinado
nível, como quando se registra um acordo sobre os fins em vista, para manifestar-se de novo
sobre a questão dos meios. Entretanto, esse conflito parcial é diferente do conflito total, pois
no conflito total implica na inexistência de qualquer nível de acordo, e sugere que o único
método para a solução da disparidade de interesses é o recurso à força física.
A competição, em contraste com o conflito que visa a destruir ou banir o adversário, des-
tina-se simplesmente a anular o competidor na luta por objetivo comum. Sugere a existência
de regras do jogo que os competidores precisam respeitar e que por trás dessas regras, justi-
ficando-as e sustentando-as, existe um conjunto de valores comuns superiores aos interesses
antagônicos.
É preciso deixar claro que as formas de interação acima descritas são todas interdepen-
dentes. São aspectos constantes da sociedade humana. Todos os sistemas sociais, e na ver-
dade toda e qualquer situação concreta, possuem-nas de forma completa e entrelaçada. Não
existe cooperação de grupo, por mais harmoniosa que seja, que não contenha as sementes do
conflito reprimido. Não existe conflito, por mais violento que possa ser, que não ofereça uma
certa base oculta de entendimento. Não há competição, mesmo a mais implacável e impes-
soal, que não seja capaz de oferecer certa dose de contribuição à causa superior cooperativa.
Problemas Sociais
Embora sejam muitas as formas pelas quais a Sociologia pode ser aplicada, é evidente que
muitos sociólogos, e a maioria dos que estão empenhados em trabalhos práticos, consideram
a Sociologia aplicada principalmente em termos de sua capacidade de fornecer remédios para
determinados males sociais. Vamos começar examinando o que constitui um problema social.
SOCIOLOGIA
Uma questão fundamental diz respeito à idéia de discriminação entre grupos sociais, bem
como a maneira como as sociedades no mundo vivem e os homens desfrutam os bens e as
oportunidades na vida social. Podemos dizer que é um problema de relações humanas que
ameaça seriamente a sociedade.
Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada para ordenar
as relações entre as pessoas parece estar falhando, como por exemplo, leis transgredidas, o
fracasso na transmissão de valores de uma geração para outra, a delinqüência juvenil, o desvio
de verbas públicas, a pobreza, conflitos industriais, a guerra, entre outros.
O processo histórico tem mostrado como uma tendência marcante a diferenciação e a cres-
cente complexidade da sociedade. Da pequena diferenciação social existente nas sociedades
tribais, as diversas civilizações foram passando por processos que as levaram a formar os mais
diferentes grupos, que começaram a se distinguir por etnia, nacionalidade, religião, profissão
e, de forma mais acentuada, por classe social. A caminho das sociedades plurais, foram se for-
mando inúmeros grupos, cada um com uma função, um conjunto de direitos, deveres, obri-
gações e possibilidades de ação social.
BIBLIOGRAFIA
AGRUPAMENTO SOCIAL
A natureza humana exige que vivamos em grupos, sendo condição necessária para a
preservação e sobrevivência da espécie. O homem sempre procurou viver em sociedade for-
mando agrupamentos como as famílias.
SOCIOLOGIA
Por grupo social é definido no Dicionário Aurélio: “Forma básica da associação humana;
agregado social que tem uma entidade e vida própria, e se considera como um todo, com suas
tradições morais e materiais”.
Sabemos que há muitas definições de grupos sociais, mas há uma confluência entre os con-
ceitos, pois grupo social sempre significa a reunião de pessoas em interação entre si.
Para a Sociologia, grupo social é toda reunião de duas ou mais pessoas associadas pela
interação. Devido à interação social, os grupos mantêm uma organização e são capazes de
ações conjuntas para alcançar objetivos comuns a todos os seus membros.
Ao longo da nossa existência participamos de vários grupos sociais como o familiar, o vi-
cinal – formado pela vizinhança, o educativo, o religioso, o de lazer, o profissional e o político.
Cada um desses grupos tem características próprias, às quais passamos a descrever:
• Organização – todo grupo, para funcionar bem precisa de uma certa ordem interna;
Os grupos secundários são grupos sociais mais complexos, como as igrejas, o Estado, em
que predominam os contatos de maneira pessoal e direta, mas sem intimidade; ou de maneira
indireta, através de cartas, Internet, etc.
SOCIOLOGIA
contatos sociais, primários e secundários, como por exemplo a escola.
Há ainda outros tipos de reunião de pessoas, mas com fraco sentimento grupal e pessoas
frouxamente aglomeradas, que são os chamados Agregados Sociais. Devemos lembrar que
o agregado social não é organizado e as pessoas que dele participam são relativamente anô-
nimas. Tipos de agregados sociais:
• Multidão – grupo de pessoas reunidas para observar um fato, uma ocorrência, como
as que assistem a um incêndio num edifício, ou que se encontra na rua para brincar
o Carnaval. Tem como características a falta de organização, o anonimato,
objetivos comuns, a indiferenciação e a proximidade física.
• Massa – é formada por pessoas que recebem de maneira mais ou menos passiva opiniões
formadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação de massa; consiste num
agrupamento relativamente grande de pessoas separadas e desconhecidas umas das
outras. Como não obedecem às normas, a formação das massas é espontânea. Apesar
da semelhança entre público e massa há uma diferença básica: o público não apenas
recebe opiniões, mas também exprime a sua; o que em geral não ocorre com a massa.
Toda sociedade tem uma série de forças que mantém os grupos sociais. Passaremos a
relatar abaixo aquelas que consideramos as principais.
Liderança
É uma ação exercida por um líder, que dirige o grupo, transmitindo idéias e valores aos out-
ros membros. A liderança pode ser institucional e pessoal.
tante de sustentação do grupo, o líder desempenha papel integrador entre seus membros,
transmitindo-lhes idéias, normas, valores sociais, ao mesmo tempo em que representa os
interesses e os valores do grupo. Os grupos quase sempre aceitam a liderança com respeito.
Há lideranças que chegam a ser veneradas, como é o caso de Ghandi (1869-1948), líder espi-
ritual e político dos hindus, que lutou pela paz e pela unificação da Índia, mas acabou assassi-
nado em seu próprio país.
Normas e sanções sociais são regras de conduta, que orientam e controlam o comporta-
SOCIOLOGIA
mento das pessoas enquanto grupo social e integrante da sociedade. As normas sociais
indicam o que é permitido e o que é proibido.
Toda norma social corresponde a uma sanção social, que é uma recompensa ou uma
punição atribuída ao indivíduo em função do seu comportamento social.
A sanção social pode ser aprovativa – quando vem sob a forma de aceitação, aplausos,
honras, promoções – é o reconhecimento do grupo por ter o indivíduo cumprido o que se
esperava dele; e reprovativa – quando corresponde a uma punição imposta ao indivíduo que
desobedece a alguma norma social.
Símbolos
É algo cujo valor ou significado é atribuído pelas pessoas que o utilizam. Qualquer coisa
pode se tornar símbolo. As pessoas atribuem significado a um objeto, uma cor, um hino ou um
gesto, e estes se tornam símbolos de algo, como a riqueza, o prestígio, a posição social ele-
vada, etc. Como exemplo em nossa sociedade temos a aliança que no casamento simboliza a
união e a felicidade; entre nós o preto significa luto, entre os orientais o branco significa luto.
Valores Sociais
A sociedade estabelece o que é bom e o que é ruim, o que é bonito e o que é feio, o que é
certo e o que é errado. Os valores sociais variam no tempo e espaço em função de cada época,
de cada geração, de cada sociedade; os fatos, as idéias, as opiniões terão significado depen-
dendo do contexto social em que estão inseridas. Como exemplo citamos que o trabalho
doméstico e o cuidado dos filhos, antes considerados tarefas exclusivamente femininas são
hoje divididos entre o casal.
ECONIMIA E SOCIEDADE
HISTÓRIA DA ECONOMIA
A Divisão do Trabalho
SOCIOLOGIA
Duas das mais antigas civilizações da História, a egípcia e a mesopotâmica, puderam desen-
volver-se graças à divisão do trabalho. Antes delas, para sobreviver, todos os homens eram
obrigados a sair diariamente em busca de alimentos (caça de animais e coleta de vegetais), ou
seja, todos praticavam a mesma atividade e dentro do grupo não existiam grandes diferenças
sociais. Com o nascimento da agricultura e a evolução de técnicas produtivas, tornou-se pos-
sível para um só indivíduo produzir muito mais que o necessário para a sua sobrevivência.
Uma parte dos membros da comunidade pode livrar-se da necessidade de produzir meios de
subsistência. Assim nasceu a figura do soberano absoluto, considerado um deus, com poder
de vida e morte sobre seus súditos. Passou a existir também um número restrito de aristo-
cratas, encarregados da defesa militar da comunidade e da segurança pessoal do soberano,
além de um aparato burocrático constituído de escribas, responsáveis pela gestão administra-
tiva do Império. O restante da população, a grande maioria, dedicava-se às atividades produti-
vas: agricultura, canalização de rios e construção de diques de proteção.
A Escravidão
Desenvolveram-se com base no trabalho escravo as civilizações grega e romana. Mas, con-
siderações morais à parte, a escravidão apresentava um importante aspecto negativo: os
escravos não tinham interesse algum em desenvolver suas atividades nem melhorar o modo
de produção, pois compreendiam que uma maior dedicação ao trabalho não lhes traria van-
tagem alguma.
O Sistema Feudal
Na Idade Média, a escravidão foi substituída pelo feudalismo. O sistema feudal organizou-
se a partir da divisão da população em uma hierarquia que, de forma simplificada, pode ser
representada por uma pirâmide; na base dessa “pirâmide social” situava-se a grande maioria
dos servos, os camponeses, que trabalhando arduamente do amanhecer ao pôr-do-sol con-
seguiam o mínimo necessário para a sua sobrevivência. Os servos encontravam-se submeti-
dos à autoridade de um senhor feudal (vassalo), que lhes concedia a possibilidade de cultivar
a terra (em troca de um tributo em dinheiro ou, com mais freqüência, de parte da própria pro-
dução) e administrava a justiça. O vassalo, por sua vez, devia obediência a um senhor de grau
mais elevado, do qual recebia proteção; nessa escala, o vértice da pirâmide era ocupado pelo
soberano. O senhor feudal vivia no castelo, em torno do qual estendiam-se as terras de sua
propriedade, o feudo, praticamente autônomo sob o ponto de vista econômico. (Nessa época,
as trocas comerciais eram muito limitadas).
No sistema feudal, os servos assumiram o lugar que antes cabia aos escravos. Porém,
enquanto os escravos pertenciam plenamente ao dono e, como qualquer mercadoria, podiam
ser comprados e vendidos, os servos “pertenciam” ao feudo. No caso de um feudo passar para
SOCIOLOGIA
As Origens do Capitalismo
Outro fenômeno decisivo para o nascimento das primeiras formas de capitalismo foi a ocor-
rência das grandes explorações marítimas e a conquista de territórios até então desconheci-
dos, em especial a descoberta do continente americano.
No decorrer do século XVI, chegou das Américas uma quantidade de prata e ouro nove
vezes superior à existente na Europa antes das viagens de Cristóvão Colombo. (Ao contrário
do que se supõe, havia mais prata do que ouro).
Os preços aumentaram cerca de quatro vezes em relação ao valor original, situação da qual
os empresários da indústria manufatureira se aproveitaram melhor do que os assalariado e
agricultores. A desvalorização da moeda permitiu aos empresários acumular grandes riquezas,
que, “reinvestidas” em ferramentas e maquinaria, lhes possibilitaram lucros cada vez maiores.
Desse modo, foi instaurado o mecanismo fundamental do sistema capitalista: para financiar
suas atividades, o capitalista industrial procura o sistema bancário – este, por sua vez, ao
menos em parte, é utilizado como forma de consolidação e expansão da indústria e dela obtém
lucros cada vez maiores.
Para colocar em movimento tal mecanismo era necessário um capital inicial, formado
SOCIOLOGIA
graças ao recém-criado sistema bancário. E este não poderia ter nascido sem o desenvolvi-
mento do comércio, sem a expansão da classe mercantil (de onde provêm os primeiros
empreendedores capitalistas), sem a substituição da figura do artesão pela do trabalhador
livre, que usa ferramentas e matérias-primas fornecidas pelo empreendedor; e sem a inflação,
originada pelo ouro e pela prata trazidos da América. Na Inglaterra, país onde primeiro se
desenvolveu o Capitalismo, assumiu importância crucial a apropriação das terras comunais,
que antes eram utilizadas por todos os camponeses para a produção de seu próprio alimento.
Mediante um processo violento e cruel de rescisão de contrato, os ricos proprietários rurais
impediram o acesso dos camponeses a essas terras e passaram a destiná-las ao pastoreio, em
um momento no qual a criação de ovelhas se tornava uma atividade bastante rentável, devi-
do, principalmente, à rápida expansão da indústria têxtil. Como conseqüência, grande parte da
população rural viu-se obrigada a abandonar o campo, indo engrossar as fileiras do operaria-
do que enchiam as cidades industriais. O processo da rescisão de contrato teve início no sécu-
lo XIII, mas alcançou sua intensidade máxima entre o século XV e o século XVI.
A Revolução Industrial
Esse processo consistiu, em termos básicos, na substituição das indústrias primitivas típicas
das primeiras formas de capitalismo, em que muitas vezes o trabalho era realizado em casa,
pelas fábricas, onde os manufaturados eram produzidos em uma longa seqüência de ope-
rações, cada uma delas efetuada por determinada máquina e controlada por um operário, cujo
trabalho limitava-se a seguir operações simples e repetitivas.
Agora, o operário não mais participava de todo o processo produtivo da fabricação de ma-
nufaturados, realizava apenas uma parte da produção. Pela primeira vez, a máquina não tinha
somente a função de facilitar o trabalho do homem, mas a de substituí-lo. A introdução das
primeiras máquinas preocupou de tal forma os trabalhadores que, ao se sentirem ameaçados,
organizaram manifestações de protesto exigindo a destruição das máquinas.
de motor era o carvão, os países que dispunham dessa matéria-prima em grande escala le-
vavam maiores vantagens, como aconteceu com a Inglaterra e a França, os primeiros países a
industrializar-se. Os motores a vapor também foram utilizados na exploração de outros recur-
sos minerais além do carvão, principalmente do ferro, também um elemento essencial no
desenvolvimento da Revolução Industrial.
O Nascimento do Liberalismo
No início da Revolução Industrial, em 1776, foi publicado na Inglaterra o que pode ser con-
siderado o primeiro tratado completo de economia: Investigação sobre a Natureza e as Causas
SOCIOLOGIA
da Riqueza das Nações, escrito pelo escocês Adam Smith (1723-1790). Nessa obra o econo-
mista estabelece a distinção entre preço natural de uma mercadoria e o preço corrente. Para
ele, o primeiro representava o valor de uma mercadoria e consiste na soma dos custos da
terra, do capital e do trabalho. O preço corrente, ao contrário, é o preço que se forma no mer-
cado, o preço efetivamente pago pelo comprador para adquirir uma determinada mercadoria
para seu uso. Nessa condição de mercado livre, na qual o Estado não impõe nenhuma
restrição aos empresários e não existem monopólios, o preço corrente tende a igualar-se ao
preço natural, graças à capacidade de auto-regulação, uma característica do sistema capita-
lista. Smith é radicalmente contra a intervenção do Estado na Economia, a não ser para
impedir a formação de monopólios.
A Grande Depressão
Em outubro de 1929 surge nos Estados Unidos a maior crise da história do capitalismo, ori-
ginada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque tendo reflexos em todo o mundo.
Com essa crise a maioria dos economistas compreendeu que a idéia segundo a qual o ca-
pitalismo tendia naturalmente para um ponto de equilíbrio, com trabalho para todos, era pura
ilusão. John Maynard Keynes (1883-1946), um dos maiores economistas do nosso século, sus-
tentava que a intervenção do Estado era a única forma de enfrentar uma crise de tal dimensão.
Segundo ele, quando a situação da Economia é insegura demais para despertar nos investi-
dores o desejo de investir, cumpre ao Estado criar oferta de trabalho, de forma a reativar o con-
sumo e criar condições para novos investimentos privados.
O Capitalismo Hoje
Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma nova fase do capitalismo. E coube nova-
mente à tecnologia um papel fundamental. O desenvolvimento da eletrônica permitiu constru-
ir, entre outras máquinas, computadores cada vez mais avançados e a custos mais baixos; a
Inteligência Artificial permitiu a automação de muitos processos produtivos.
SOCIOLOGIA
Assistimos ao início do século XXI com marcas importantes no tocante à consciência da
interdependência das sociedades, ao desenvolvimento sustentável e distribuição das riquezas.
LEITURA COMPLEMENTAR
ESTRATIFICAÇÃO
E MOBILIDADE SOCIAL
O termo estratificação social identifica um tipo de estrutura social que dispõe o indivíduo,
com suas posições e seus papéis sociais, em diferentes camadas ou estratos da sociedade.
Todos os aspectos de uma sociedade, econômico, político, social e cultural, estão interliga-
SOCIOLOGIA
dos. Assim, vários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Mas,
para fins didáticos, vamos começar classificando-os.
A estratificação econômica baseia-se na posse de bens materiais, fazendo com que haja
pessoas ricas, pobres e em situação intermediária. O aspecto econômico tem sido mais deter-
minante que os outros na caracterização da sociedade.
Existem sociedades que, mesmo usando toda sua capacidade e empregando todos os
esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a
posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente da sua vontade e
sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, pelo resto da vida, a posição social herdada.
As castas sociais são grupos sociais fechados, endógenos (os casamentos de dão entre
membros de uma mesma casta), cujos membros seguem tradicionalmente uma determinada
profissão herdada do pai.
SOCIOLOGIA
sistema vem sendo gradativo. Porém nas aldeias ainda é rígido, apesar de o sistema de castas
ter sido abolido oficialmente no país em 1947.
O estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na
sociedade estamental a mobilidade social vertical ascendente é difícil, mas não impossível como
na sociedade de castas. É a sociedade típica dos feudos da Idade Média, na qual a pirâmide social
apresentava em seu topo a nobreza e o alto clero; abaixo destes estavam os comerciantes; abaixo
dos comerciantes estavam os artesãos, camponeses livres e baixo clero; e na base da pirâmide
estavam os servos. Tal classificação existiu na Europa até fins do século XVIII.
A classe social é característica das sociedades capitalistas, nas quais as relações de pro-
dução vão dar origem a camadas sociais diferentes. Nas sociedades capitalistas existem basi-
camente duas classes sociais: a burguesia, ou classe alta, que é a proprietária dos meios de
produção; e o proletariado, ou classe baixa, que é a proprietária apenas de sua força de tra-
balho. Entretanto, ainda encontramos a classe média, ou pequena burguesia, que vive do
pequeno capital, como os pequenos industriais, ou pequenos comerciantes, porém, em nossa
sociedade esta classe vem amargando um grande achatamento para baixo face aos níveis
inflacionários, de desestabilização econômica e elevados níveis de desemprego.
LEITURA COMPLEMENTAR
Mobilidade Social
A mobilidade social é a mudança de posição social de uma pessoa num determinado sis-
tema de estratificação social. A mobilidade social pode ser do tipo vertical ou horizontal.
Mobilidade social vertical diz respeito à mudança no sentido de subir ou descer na hier-
arquia social. Neste caso ela pode ser ascendente, ascensão social – quando a pessoa melho-
ra sua posição social, passando a integrar um grupo em geral economicamente superior ao de
seu grupo anterior. Ou descendente, queda social – quando a pessoa piora de posição social e
passa a integrar um grupo em geral economicamente inferior.
SOCIOLOGIA
Mobilidade social horizontal ocorre quando a mudança social dá-se dentro da mesma
camada social, como por exemplo, um operário que muda de partido político ou se casa com
uma pessoa da mesma classe social.
Devemos lembrar que o fenômeno da mobilidade social varia de sociedade para sociedade.
Em algumas sociedades ela ocorre de maneira mais fácil; em outras, quase inexiste no senti-
do vertical ascendente. Em geral é mais fácil ascender socialmente em São Paulo do que numa
cidade no interior do Nordeste, ou seja, as oportunidades, facilidades e restrições serão fatores
que se apresentarão dependendo da sociedade em que nos encontremos.
LEITURA COMPLEMENTAR
AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS
SOCIOLOGIA
Estado e da Escola como instituições comprometidas com a formação moral e civil do cidadão.
Segue-se algumas ponderações a esse respeito, considerando em especial autores como
Pérsio Santos de Oliveira, Jay Stevenson, Dalai Lama, Paulo Freire e Nilson Guedes de Freitas.
A Família
A família constitui o primeiro grupo social primário ao qual pertencemos e é neste grupo
que teremos contato com as regras de controle e de comportamento para uma convivência
harmônica em sociedade.
Os estudos comparativos da família entre muitos povos diferentes nos dão uma visão de
que alguns aspectos na estrutura familiar podem variar no tempo e no espaço. Essas variações,
que podem ser quanto à forma de casamento, ao número de casamentos, ao tipo de família e
aos papéis familiares, são fundamentais para nossa compreensão real da família. Primeiro a
concepção da evolução pela visão da biologia nos sugere uma instituição avançada, se con-
siderarmos a visão baseada no casamento monogâmico digno de louvor e carinho. Excluíam-
se, desta forma, todas as associações familiares que divergiam deste conceito.
Com a civilização moderna, os antropólogos passam a conceituar que a vida familiar está
presente em praticamente todas as sociedades, mesmo naquelas com costumes sexuais e edu-
cacionais diferentes dos nossos.
E dentro do atual contexto social pode-se afirmar das fantásticas dificuldades que o gestor
da família vem desbravando face à globalização e massificação das comunicações. O ques-
tionamento passa a ser quanto aos valores morais e condutas éticas a transmitir com os meios
de comunicação despejando diariamente casos de autoridades envolvidas em corrupção,
desvio de verbas, assassinatos e enriquecimento ilícito, culto à criminalidade e a contravenção.
Uma grande demonstração de inversão de valores sociais, que aos olhares juvenis, ingênuos
e desavisados podem passar por modelos a serem seguidos.
A Religião
Desde os primórdios as sociedades tentam explicar o sentido das coisas, e sob este olhar ao
mesmo tempo curioso e estarrecido surgem as religiões como forma de saciar os questiona-
mentos acerca, principalmente, do que era considerado sobrenatural.
A religião esteve durante longo tempo associada à questão do mito que os povos primitivos
mantinham com os fenômenos da natureza.
Se por um lado a religião sempre desempenhou uma função social importante, vez que o
culto ao sobrenatural auxilia no cumprimento às normas sociais, onde o sentimento de
respeito, temor e veneração estão descritos em seu código de conduta; por outro lado mesmo
as sociedades atuais estabelecendo códigos que primam pela liberdade de expressão reli-
giosa, nem sempre estamos convivendo de modo pacífico com a pluralidade, qual seja, o cris-
tianismo, o judaísmo, o budismo, o hinduísmo, o islamismo, coexistindo de maneira har-
mônica e respeitosa.
SOCIOLOGIA
Vivemos um momento social em que o isolamento humano se faz cada vez mais presente.
Os grandes conflitos por terras e poder travados até hoje pelas grandes religiões do mundo
denotam ainda imaturidade para a convivência social harmônica e pacífica. O fanatismo de
Fundamentalistas está conduzindo a humanidade para o caos. Os sentimentos de compaixão,
amor, fraternidade, respeito e cooperação deixaram há muito de ser a tônica das religiões. O
poder está extrapolando os limites de convivência.
Com isso, dentro das próprias religiões presenciamos dissidências e movimentos contrários
aos excessos provocados pelos extremistas, e alguns líderes religiosos cada vez mais defend-
em a participação da igreja na vida social, de modo ético, dando cada vez menos importância
aos dogmas, reafirmando a importância do homem como agente desse processo de mudança,
e a quem se deve dar todas as condições de Educação para conquista da felicidade. Contudo,
esse discurso mostra-se contraditório e longe de ser alcançado face à notória disputa de poder
existente. Gandhi dizia “Amarás a mais insignificante das criaturas como a ti mesmo. Quem
não fizer isso jamais verá a Deus face a face”.
O Estado
O Estado tem tido fundamental atuação na política educacional de nosso País, desde a vinda
da Corte Portuguesa para o Brasil. Mesmo sendo instituída a educação de forma a atender à elite
dominante, ações foram implementadas para introdução, especialmente, da educação pública.
No século atual o grande desafio para o Estado será manter um sistema educacional coer-
ente com a realidade demográfica das cidades, com uma urbanização desenfreada e um mod-
elo econômico que não atende as camadas menos favorecidas da sociedade, permitindo o
acesso à educação de qualidade para todos, sem exclusões, discriminações. O comprometi-
mento do Estado com a elite dominante, e não com o povo, tem que ser objeto de ampla
revisão, pois segundo Hamilton Werneck “Urge ... uma parada no departamento da respon-
sabilidade social... A educação para a liberdade passará sempre pela responsabilidade, enten-
dendo-se claramente responsabilidade como meio importante de socialização e melhoria da
convivência humana... A responsabilidade social é indispensável, sobretudo numa república
terceiromundista, onde as carências tornam os acessos cada vez mais difíceis.” (2001, pág. 30).
A Escola
Considera-se neste momento a escola como uma instituição de vital importância para for-
mação de uma sociedade. Com a tônica na educação formal, sua função social vai além da
SOCIOLOGIA
interação entre indivíduos e grupos. Tem o caráter político, sensibilizando os indivíduos para
interagirem compartilhando experiências, ensinamentos, na busca do crescimento integral.
O papel da educação e do ensino vem sendo objeto de reavaliação por partes dos edu-
cadores, considerando as transformações sociais do mundo contemporâneo. A discussão está
em torno do papel da escola e do professor, dos conteúdos, dos métodos, enfim, tudo o que
norteia a prática educacional.
Mas não é tarefa apenas da escola a condução das transformações sociais, ela tem sim um
papel singular na preparação dos indivíduos para a sociedade moderna, exigente por excelên-
cia, auxiliando-os a se tornarem sujeitos socialmente ativos, pensantes, críticos e cônscios de
suas responsabilidades.
Do novo professor o mundo moderno passa a exigir: uma ampla cultura geral; ter com-
petência para agir em sala de aula; habilidades comunicativas; saber usar os meios de comu-
nicação e da mídia; ter conhecimento e domínio sobre o ciberespaço; estar em constante atu-
alização; ou seja, resgate do profissionalismo, do compromisso com a qualidade desejável na
prática docente.
Dalai Lama
LEITURA COMPLEMENTAR
“O MUNDO É DE ALÁ”
força da expansão islâmica. Mesmo em países de forte tradição cristã cresce a pre-
sença muçulmana.
Em 1970, havia na França apenas onze mesquitas. Quase trinta anos depois, os
templos já somam mais de 1000. No início da década de 70, a Inglaterra contava
com 3000 muçulmanos. Agora, eles são 1 milhão. Até no Brasil, um dos maiores
países católicos do mundo, o Alcorão, livro sagrado do islã, atrai cada vez mais
adeptos. Há quase quarenta anos a comunidade árabe possuía uma única mesqui-
ta. Hoje são 52 templos, espalhados por todo o país e freqüentados por cerca de
dois milhões de fiéis.
O contato direto com Alá, sem intermediários – esse é um dos grandes trunfos
do islamismo na conquista de cristãos para as fileiras muçulmanas. “A força do islã
está no fato de que é uma religião extremamente acessível. Não há hierarquia, a fé
pode ser praticada em qualquer lugar e não exige muito engajamento de seus adep-
tos”, analisa o dominicano Frei Beto. Os ensinamentos contidos no Alcorão têm
força de lei. Os muçulmanos acreditam na ressurreição dos mortos, no inferno e no
paraíso.
Desde 1979, quando a revolução iraniana, liderada pelo clero xiita, derrubou uma
monarquia pró-Ocidente, o islã virou sinônimo de fanatismo e terrorismo. Os radi-
cais existem, mas são minorias. Na Arábia Saudita, berço do islamismo, quem
rouba tem a mão cortada. Quem mata injustamente é executado em praça pública.
São resquícios de um radicalismo cada vez menos praticado. Hoje, a maioria dos
países muçulmanos reconhece o direito das mulheres. A elas já é permitido traba-
lhar fora. Os tradicionais véus que cobrem o rosto e a cabeça das mulheres con-
vivem em paz com as calças jeans e tênis da moda. Com a bênção de Alá..
MUDANÇA SOCIAL
SOCIOLOGIA
sociedade industrial. Nas antigas teorias universalistas do progresso, como as de Comte e
Spencer, há uma preocupação particular com as sociedades modernas, e nos trabalhos soci-
ológicos posteriores ela é ainda mais evidente. L. T. Hobhouse argumentava que, “através da
ciência, a civilização moderna está começando a controlar as condições físicas da vida e... ...ao
lado da ética e da religião está formando as idéias de unidade da raça e de subordinação do
direito, da moral e das constituições sociais em geral às necessidades do desenvolvimento
humano, que são as condições do controle que se faz necessário. Parecia de importância
secundária que houvesse pouco ou nenhum progresso sob outros aspectos, desde que essa
condição essencial de progresso futuro fosse realizada”. Igualmente Marx tratou o capitalismo
moderno como um período crítico da história humana, do qual o controle racional da vida
humana poderia começar, e dedicou-se ao estudo geral desse fenômeno histórico específico,
e não à elaboração especulativa de uma teoria histórico-filosófica do desenvolvimento social.
A realização do progresso, como quer que seja concebida, não depende dessas interpretações,
mas do conhecimento das condições e modos de mudança social e das circunstâncias de
determinadas sociedades. Não obstante, uma filosofia da história na qual a especulação seja
condicionada e controlada pelo conhecimento sociológico ainda pode ter um papel importante
no estabelecimento dos objetivos do pensamento e da investigação sociológica.
Uma análise sociológica da mudança social exige um modelo mais preciso e que possibilite
a formulação de problemas e a apresentação sistemática de resultados.
Assim, em primeiro lugar devemos nos concentrar na questão seguinte: o que é que muda? É útil
definir a mudança social como uma mudança na estrutura social (inclusive mudanças no tamanho
da sociedade) ou em determinadas instituições sociais, ou nas relações entre as instituições.
O ritmo da mudança, outro aspecto a ser considerado, sempre interessou aos sociólogos,
sendo um lugar-comum mencionar a aceleração da mudança social e cultural nos tempos
modernos. W. F. Ogburn foi o primeiro a examinar o fenômeno sistematicamente e a empreen-
der estudos quantitativos da taxa de troca, especialmente na esfera das invenções tecnológi-
cas. Também focalizou a atenção sobre as discrepâncias entre os ritmos de mudança nos dife-
rentes setores da vida social; a hipótese do “retardo cultural” está ligada a uma grande desar-
monia entre o rápido desenvolvimento da tecnologia, e a mudança mais lenta das instituições
familiares, políticas e outras e das crenças e atitudes tradicionais (religiosas, morais, etc.).
A questão da razão das mudanças, ou das circunstâncias que as tornam possíveis, igual-
mente importante, está intimamente ligada ao problema geral dos fatores da mudança social
e suscitam questões muito complexas relacionadas com a causação social, como por exem-
plo, o papel dos indivíduos na mudança social e a influência relativa dos fatores materiais e
das idéias. Podemos citar fatores para explicar a mudança social os desejos e decisões con-
SOCIOLOGIA
scientes dos indivíduos; atos individuais influenciados pelas mudanças das condições;
mudanças estruturais e tensões estruturais; influências externas; indivíduos, ou grupos de
indivíduos, destacados; confluência ou disposição de elementos de fontes diversas convergin-
do para um determinado ponto; ocorrências fortuitas; e o aparecimento de um objetivo
comum. Cabe ressaltar assim que tais mudanças referem-se a fatores endógenos ou
exógenos, isto é, as originadas dentro ou fora de uma determinada sociedade.
Os obstáculos são barreiras oriundas da própria estrutura social e que dificultam ou impe-
dem a mudança social. A agricultura brasileira, por exemplo, até a Abolição, era totalmente
baseada em trabalho escravo; isso se constituía num grande obstáculo à Abolição: substituir a
mão-de-obra escrava.
Em toda estrutura social existem grupos ou camadas sociais cujos interesses ou valores
fazem com que resistam abertamente a mudanças sociais.
Devemos ter em mente que as invenções e a difusão cultural são processos que ocasionam
mudanças sociais, pois culminam com a modificação nos costumes, nas relações sociais e nas
instituições. As mudanças podem ocorrer de forma gradativa ou mesmo de forma brusca,
porém, há que se lembrar que as grandes transformações pelas quais a humanidade vem pas-
sando nos últimos tempos, com o auxílio da tecnologia devem servir de suporte para cons-
trução de uma sociedade melhor, mais bem sucedida, cooperativa e atuante.
SOCIOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
O sucesso do barão de Mauá durou enquanto suas empresas não sofriam com a
intensificação da concorrência dos produtos importados. Quando isso começou a
ocorrer, as empresas de Mauá foram abaladas e, além disso, sofreram diversos
atentados e sabotagens.
SUBDESENVOLVIMENTO,
COMUNIDADE, CIDADANIA
E MINORIAS
1. Subdesenvolvimento
Os países subdesenvolvidos são conhecidos também como países periféricos – aqueles que
mantiveram ou mantêm uma relação de dependência econômica e/ou política com os países
SOCIOLOGIA
centrais, que são os grandes centros industrializados (países da Europa Ocidental, Estados
Unidos, Japão). De modo geral, as nações subdesenvolvidas foram colônias de nações desen-
volvidas (antigas metrópoles).
A origem do subdesenvolvimento dos países, que eram antigas colônias, está ligada nas
relações econômicas e políticas desses países com as nações centrais, que eram as
metrópoles, ao longo da História.
Como a Revolução Comercial por que passou a Europa, em especial a partir do século XI,
surgiu o movimento de colonização de novas áreas do globo pelas potências européias, a par-
tir do século XV.
• Colônias de povoamento - foram formadas a partir das áreas ocupadas por muitos
desempregados ou por grupos expostos a perseguições religiosas. Essas pessoas pretendi-
am fixar-se definitivamente na nova terra, a fim de reproduzir o mais fielmente possível o
modo de vida do país de origem. Surgiram nessas áreas unidades econômicas relativa-
mente auto-suficientes, produzindo para o seu próprio consumo e sem uma dependência
excessiva da metrópole. Como exemplo temos as Treze Colônias Americanas (hoje Estados
Unidos), o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia.
Praticamente nenhuma das antigas colônias de povoamento veio a se converter em país
subdesenvolvido em nossa época.
• Colônias de exploração – foram formadas nas áreas ocupadas pelas nações européias,
com a finalidade de extrair delas bens comercializáveis na Europa. Inicialmente, os colo-
nizadores procuravam metais preciosos; quando não os encontravam, passavam a praticar
a agricultura, plantando lavouras de grande valor comercial, como a cana-de-açúcar. As
metrópoles incentivaram a ida de seus súditos para tais áreas, a fim de que se dedicassem
à exploração das colônias, enviando o resultado da produção para a Europa.
Todos esses países, bem como outras colônias de exploração, são hoje países subdesen-
volvidos.
Para que haja desenvolvimento é necessário que se verifiquem alterações profundas na dis-
tribuição da renda, nas condições de higiene e saúde da população, nas condições de
emprego, na propriedade da terra, no acesso à educação, etc. Enfim, é necessário que exista
SOCIOLOGIA
uma participação de todos na riqueza produzida, e não apenas um crescimento dessa riqueza.
Indicadores de Subdesenvolvimento
Portanto, as altas taxas de crescimento demográfico devem ser consideradas uma conse-
qüência do subdesenvolvimento, e não sua causa. A eliminação do subdesenvolvimento é que
permitirá a diminuição dos índices de crescimento da população e não o inverso.
Indicadores econômicos
Baixa renda per capita – considerando que renda per capita é o resultado da divisão da
renda nacional pela população do país, em razão de sua fácil apuração, é um dos indicadores
mais comumente usados para indicar a condição de subdesenvolvimento. Porém devemos lem-
brar que este é um indicador impreciso para atestar a condição de desenvolvimento ou subde-
senvolvimento de um país, principalmente porque não leva em conta a concentração de renda.
Problemas no setor externo – O setor externo é aquele que compreende as duas ope-
rações básicas do comércio internacional: a exportação e a importação.
Indicadores Sociais
SOCIOLOGIA
pobreza.
Indicadores Políticos
2. Comunidade
Hoje a Sociologia volta a estudar a Comunidade, não mais como forma de organização dos
membros de uma sociedade, anterior ou em oposição às formas mais individualistas e impes-
soais de convivência, mas como relações específicas que integram grupos menores da
sociedade como os de vizinhança, os grupos religiosos e certas associações profissionais.
Sociólogos norte-americanos identificam na sociedade atual princípios emergentes de
relações de solidariedade, que representariam novas formas de convivência comunitária,
baseadas em objetivos comuns e forte sentimento de solidariedade.
3. Cidadania
Podemos dizer que cidadão é o que está capacitado a participar da vida da cidade, da
sociedade. Como termo legal, cidadania é mais uma identificação do que uma ação. Como
termo político, cidadania significa compromisso ativo, responsabilidade. Significa fazer dife-
rença na sua comunidade, na sua sociedade, no seu país.
SOCIOLOGIA
A cidadania é exercida por cidadãos, que são indivíduos cônscios de seus direitos e deveres,
os quais participam ativamente de todas as questões da sociedade. A cidadania está direta-
mente vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanidade, que
teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos do Homem com o
fim da Segunda Guerra Mundial.
LEITURA COMPLEMENTAR
4. Minorias
A idéia de igualdade não é uma idéia aceitável para a cultura humana. Desde as mais antigas
civilizações, o homem buscou suas diferenças, de origem, de nacionalidade, de classe social. Toda
a Antiguidade conheceu ideologias que pregavam diferenças no interior de uma sociedade e entre
sociedades. Estabelecer diferenças parece ter sido sempre uma tendência da humanidade, para,
por meio delas, procurar definir a essência humana e a razão de sua existência.
Nos séculos seguintes essa idéia de igualdade entre os homens foi se desenvolvendo e se
firmando. Sempre mais no discurso do que na ação, reconheceu-se que todos os homens têm
direito à justiça, ao trabalho, à liberdade, e assim por diante.
SOCIOLOGIA
vêm dando um novo sentido à noção de cidadania. A exclusão social é muito forte entre as
minorias e origina diferentes grupos de excluídos.
A Sociologia tem se voltado para esses grupos a fim de estudá-los e assim se multiplicam
os trabalho de pesquisa que têm por objetivo as mulheres, os homossexuais e os imigrantes,
por exemplo.
Hoje se entende por maioria ou minoria a capacidade de certos grupos sociais fazerem
pressão e obterem sucesso em suas reivindicações. É a força da ação política que torna as
questões majoritárias ou minoritárias.
BIBLIOGRAFIA
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COTRIM, Gilberto. História do Brasil. 1ª ed. São Paulo, Saraiva. 1999.
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DUVERGER, Maurice. Sociologia Política. Rio de Janeiro, Forense. 1968.
FREITAS, Nilson Guedes. Pedagogia do Amor- Caminho da libertação na relação
professor-aluno. Rio de Janeiro, Wak. 2000.
HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Novo Dicionário Aurélio. 2ª ed. Rio de Janeiro,
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LAMA, Dalai. Uma Ética para o Novo Milênio. 6ª ed. Rio de Janeiro, Sextante. 2000.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo, Ática. 2000.
EDUCAÇÃO E CULTURA
A Cultura
Os seres humanos devem seu predomínio atual, em parte a seu equipamento mental supe-
rior, mas ainda mais às idéias, hábitos e técnicas que lhes foram transmitidos pelos seus
SOCIOLOGIA
ancestrais. Tendo nascido numa sociedade qualquer, a criança descobre que a maioria dos
problemas que se apresentam durante sua vida foram já enfrentados e resolvidos pelos que
viveram antes dela. Cabe-lhe apenas aprender as soluções. Se conseguir fazer este aprendiza-
do com êxito, não terá necessidade de muita inteligência. Este acumular e transmitir de idéias
e de hábitos é freqüentemente apresentado como atributo humano.
À medida que a importância da herança social foi aumentando, certos hábitos vieram a
tornar-se característicos de grupos animais. Na verdade, só alguns hábitos particularmente
favoráveis têm probabilidades de tornar-se parte da herança social de toda uma espécie
mamífera. Essas espécies têm em geral distribuição bastante ampla, de maneira que os indi-
víduos que as compõem estão sujeitos a diversos ambientes variados. Poderia muito bem
acontecer que um hábito fosse favorável num desses ambientes e indesejável noutro.
O Homo Sapiens tem distribuição mais ampla que qualquer espécie mamífera; e mais que
qualquer outra, possui capacidade para mudar rapidamente tanto no comportamento indivi-
dual quanto o grupal. Não é, portanto surpreendente que a herança social desta espécie tenha
se subdividido num estonteante conjunto de variantes locais, sendo alguns hábitos em cada
uma dessas variantes diferentes dos encontrados nas demais.
Esta herança social para os seres humanos é chamada cultura, e, um dos fatores mais
importantes no progresso da cultura humana tem sido o uso da linguagem. É como instru-
mento de comunicação que a linguagem tem desempenhado seu mais importante papel na
construção da herança social humana. Sem a transmissão fácil e exata de idéias que ela per-
mite, a cultura tal como a conhecemos nunca teria nascido.
Graças à posse da linguagem os homens podem transmitir uns aos outros uma idéia clara das
situações não atuais e do comportamento adequado a essas situações o que torna possível um
enorme acréscimo de conteúdo da herança social. A criança e o adolescente podem aproveitar
da experiência total da geração anterior e preparar-se tanto para os acontecimentos incomuns
quanto para os comuns. Assim, embora eu nunca tenha sido picada por uma cobra venenosa,
SOCIOLOGIA
nem mesmo visto qualquer outra pessoa ser picada, sei que esses acidentes acontecem e tenho
idéia bastante clara a respeito do que deve ser feito em tal situação. Com a linguagem, a trans-
missão do comportamento adquirido deixa de estar sujeita ao acaso. O conhecimento possuído
por cada geração pode ser transmitido, como um todo, a geração seguinte.
O conceito de cultura sofreu mudanças através do tempo. Não há acordo quanto ao que
abrange, pois existem múltiplas concepções e visões. É no campo de estudo da Antropologia
Cultural (Etnologia) que ocorre o maior debate sobre as idéias de cultura.
Charles Darwin em sua obra “A origem das espécies”, publicada em meados do século XIX,
elabora a idéia de evolução no campo da natureza onde a evolução representaria a capacidade
de adaptação dos organismos vivos.
O Antropólogo inglês Sir Edward Taylor afirmava que a vida humana poderia ser dividida
em três estágios: selvagem (como os nativos da Amazônia brasileira), bárbaro (aborígines aus-
tralianos) e civilizado (europeus do século XIX). Sob este aspecto, o pensamento evolucionista
considerava que sociedade civilizada seria a que dispusesse de maiores conhecimentos técni-
cos e uma trama complexa no que diz respeito a artes, leis, moral, religião, costumes, hábitos,
entre outros. Procuravam ainda diferenciar cultura e civilização. Foram chamadas Grandes
Civilizações as sociedades que deixaram testemunhos grandiosos de sua cultura material –
arquitetura, cidades, objetos diversos – como marca de seu avanço. São os casos de egípcios
e alguns povos pré-colombianos (incas, maias e astecas), por exemplo.
Outro aspecto fundamental para compreender a diversidade cultural é o fato de que não
existem, salvo raras exceções, culturas que se constituíram isoladamente, sem nenhum conta-
to com as outras. O nomadismo, os deslocamentos eventuais e as imigrações foram carac-
terísticas de muitos grupos. Antes de os europeus chegarem ao continente americano, por
exemplo, as culturas existentes realizaram muitos contatos e trocas.
• alfabeto: transmitido inicialmente aos fenícios pelos povos semitas, passado aos gregos
e romanos e difundiu-se por regiões do norte da Europa;
• sistema numérico: tal como a álgebra, é de origem árabe; difundiu-se pela Europa a par-
tir da ocupação dos califados do norte da África e Península Ibérica; o conceito de zero só
chegou à Europa, após sua descoberta pelos sábios indianos, por intermédio dos árabes;
• criações chinesas e indianas: os chineses, que antes da era cristã já viviam em cidades
e possuíam complexos sistemas de irrigação agrícola e sistemas filosóficos, descobriram,
entre outras coisas, o chá, a pólvora, a porcelana, a seda, o arroz, a bússola, o papel e a
impressão (bem antes de Gutenberg); os indianos criaram o aço, o vidro etc;
SOCIOLOGIA
Claude Levi-Strauss, um dos mais brilhantes antropólogos de nosso século, considera que
nos últimos oito mil anos a humanidade nada mais fez do que aperfeiçoar os conhecimentos
da Revolução Neolítica, como a domesticação, a agricultura, a cerâmica, a criação de instru-
mentos e a formação de um embrião de organização social. Destaca as diferenças de signifi-
cado de processo histórico para as diferentes sociedades, sendo difícil para o europeu médio
reconhecer e compreender como os outros povos entendem sua própria “evolução”.
Lembra ainda que a busca da classificação de culturas é uma perda de tempo e uma emprei-
tada sem sentido. O importante seria preservar a diversidade cultural, base da riqueza obtida
pela humanidade, contra a ameaça da uniformidade posta pela mundialização dos padrões
econômicos e dos valores ocidentais.
A Indústria Cultural
Apesar do esforço dos povos para manter seus traços culturais originais, nas chamadas
sociedades modernas a dimensão cultural mudou de significado e sofreu interferências de ou-
tras fontes, particularmente no século XX.
No mundo moderno capitalista pode disseminar-se certo tipo de cultura, não mais produzi-
da espontaneamente pelo corpo social, mas elaborada conforme critérios de mercado.
Falamos no estabelecimento de uma indústria cultural.
O termo foi usado pela primeira vez em 1947, pelos pensadores alemães Theodor Adorno e
Max Horkheimer. Os autores apontavam que a indústria cultural carrega todos os elementos
do mundo industrial moderno e é portadora da ideologia dominante capitalista. Não se trata
de uma indústria convencional, mas da elaboração em massa de produtos culturais. Desse
modo, transforma os homens em meros consumidores de produtos “culturais” – que não
foram produzidos por eles – e determina o próprio consumo.
Fazem parte da indústria cultural os modernos meios de informação (cinema, radio, tele-
visão – assim como a esmagadora maioria de sua programação – jornais, vídeo), a publicidade,
o marketing, etc. Outras manifestações, como a música, a pintura e a literatura, também são
capturadas pela indústria cultural.
A Educação
Nosso processo cultural no século XIX é marcado pela importação de idéias e concepções
européias, introduzidas à revelia de nossa realidade. Desde então a educação, sucateada pelo
SOCIOLOGIA
poder constituído, sofre várias mudanças ficando, por fim, a educação do povo a cargo das
províncias, futuros estados, e a educação da elite sob responsabilidade do poder central; o que
impediu a unidade do sistema educacional. A elitização do ensino fica evidenciada, portanto,
com a criação das escolas de nível superior que atendessem às necessidades da burguesia e
do estado constituído.
Podemos citar alguns dos movimentos educacionais da Segunda República como a Lei de
Diretrizes e Bases, a Campanha de Defesa da Escola Pública, quebra na rigidez dos sistemas
tornando possível a mobilidade entre os cursos, a pluralidade de currículos, a criação dos
Conselhos Estaduais e Federal de Educação, fundação do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros e sua extinção após o golpe militar, o método Paulo Freire.
São Paulo e Rio de Janeiro começam a esboçar mudanças importantes no cenário da edu-
cação. Darcy Ribeiro implementa, ainda que com cunho eleitoreiro no governo Leonel Brizola,
institui os CIEPS com a tônica para a educação integral da criança. Surgem os Parâmetros
Curriculares Nacionais, concentrando-se na qualidade do ensino e destacando os temas trans-
versais como ética, saúde, meio ambiente, estudos econômicos, pluralidade cultural e orien-
tação sexual, visando a formação integral do aluno.
Pedro Demo, no tocante a Lei Darcy Ribeiro (LDBEN), menciona “... nosso maior atraso não
está na economia (...), mas na educação”. Apesar de haver sido instituída, a nova LDBEN – Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, contém aspectos positivos como, por exemplo, a
visão alternativa da formação dos profissionais da educação e o direcionamento de investi-
mentos financeiros para valorização do magistério, porém, observa-se grande atraso quanto à
educação superior e o fato da Lei não se referir à informática educativa, entre outros.
Considera-se, portanto, que o sonho dos educadores por uma sociedade mais justa e críti-
ca está diretamente proporcional à qualidade da prática educativa, a qual por sua vez necessi-
tará de leis ponderadas, que verdadeiramente atendam as necessidades sociais.
MOVIMENTO RELIGIOSO
E SOCIEDADE
Tão universal permanente e penetrante é a religião na sociedade humana que, a menos que
possamos compreendê-la profundamente, não nos será possível compreender a sociedade.
Todas as sociedades conhecem alguma forma de religião. A religião é um fato social universal,
sendo encontrada em toda parte e desde os tempos mais remotos.
SOCIOLOGIA
Ao longo da História surgiram muitas formas de manifestação religiosa, sendo que algumas
desapareceram e outras permanecem até os dias atuais, trazendo para si um elevado número
de fiéis. Contudo, todas elas voltadas para o mesmo tipo de indagação.
A religião sempre desempenhou uma função social indispensável, na medida em que nas
variadas culturas o culto ao sobrenatural apresentou-se sempre como fator de estabilidade
social e obediência às normas sociais vigentes. Outro aspecto diz respeito à busca, no misti-
cismo e no sobrenatural, de algo que transmitisse paz de espírito e segurança aos indivíduos.
Neste sentido, essa crença em poderes sobrenatural ou misteriosa associa-se a sentimentos de
respeito, temor e veneração.
A religião constitui o conjunto das várias práticas, rituais e normas de comportamento liga-
das a essa crença.
Falaremos a seguir um pouco a respeito de algumas das grandes religiões, deixando a su-
gestão para que você estudante busque o aprofundamento, na medida de seu interesse pelo tema.
O Judaísmo
religiões do qual derivam. Mesmo o nome de Deus em língua hebraica, Javé (“Eu sou o que
sou”), significa o único e onipotente criador de tudo o que existe, inclusive do homem.
Segundo o judaísmo, Deus escolheu o povo de Israel para se revelar aos homens, firman-
do com ele um pacto ou aliança através do patriarca Abraão (1500 a.C.). Esse pacto – Abraão
e seus descendentes levariam ao mundo a mensagem do Deus único – teria sido renovado por
Moisés, a quem Deus entregou as Tábuas da Lei (Os Dez Mandamentos). O fato de se consi-
derarem como “povo eleito” levou os judeus a identificarem a história de suas tribos com a
história de sua religião. Assim, certos acontecimentos como o êxodo e o cativeiro da Babilônia
pertencem tanto a uma como à outra. Tais episódios encontram-se narrados em uma série de
livros – a Bíblia, que corresponde ao Antigo Testamento cristão – composta pela Lei de Moisés
SOCIOLOGIA
– a Tora ou o Pentateuco, pelos Profetas e pelos Escritos. A Tora é a lei “escrita”, suplementa-
da pelo Talmude, conjunto de ensinamentos “orais” que servem de comentário à lei. As bases
principais da religião judaica são: a fé num Deus único, eterno, criador do mundo, puro espíri-
to onisciente, senhor universal e juiz que vela pelo seu povo; a fé na Lei de Moisés, que é a
própria palavra de Deus e, por isso, não pode ser modificada ou substituída; a fé no advento
do Messias anunciado pelos profetas que, ao contrário dos cristãos, não é reconhecido na pes-
soa de Jesus Cristo; a fé na vida eterna e na ressurreição dos mortos.
O Cristianismo
Entre os séculos I e II destacou-se do judaísmo a religião cristã, doutrina daqueles que reco-
nhecem Jesus Cristo como o Messias esperado (Jesus, em hebraico Messias, “o ungido do
Salvador”). Além do Antigo Testamento (a Bíblia hebraica), os cristãos consideram sagrado o
Novo Testamento, composto pelos quatro Evangelhos, pelos Atos dos Apóstolos, pelas Epístolas
e pelo Apocalipse. A fé cristã diferencia-se do judaísmo em muitos aspectos, tais como: a crença
em que Jesus a dívida do pecado original (supostamente cometido por Adão e Eva), oferecendo
a própria vida para restituir ao homem o amor de Deus; a convicção de que Deus, único em
natureza, subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; Que o próprio Jesus, a segunda
pessoa da trindade, é homem e Deus ao mesmo tempo; a fé na ressurreição de Cristo.
SOCIOLOGIA
maior parte dos quais vive na Grã-Bretanha. Seu chefe é o soberano inglês, embora, de fato, a
autoridade máxima seja exercida pelo Arcebispo de Canterbury (Cantuária). Dos anglicanos
derivam os Metodistas (cerca de 30 milhões), cuja igreja foi fundada por John Wesley no
século XVIII. Em 1951, seus adeptos foram congregados no Conselho Metodista Mundial.
O Islamismo
Islã é uma palavra árabe que significa “submissão à vontade divina” e os Islamitas, também
são chamados de Muçulmanos (os que praticam o islã). O fundador do Islamismo foi Maomé
no século VII da era cristã (do árabe Mohammad, “o louvado”), que nasceu em Meca por volta
de 570. Naquele tempo os árabes não tinham nem unidade política, nem uma religião comum
às suas diversas tribos: a maioria da população era constituída de Beduínos, mercadores
nômades que adoravam diversas divindades quase sempre personalizadas em forças da
natureza; além disso, veneravam alguns personagens bíblicos como Abraão, Ismael (de quem
se acreditam descendentes) e Jesus Cristo. Entre os seus ídolos estava a Pedra Negra, um
meteorito que eles acreditavam ter sido enviado do céu pelo Arcanjo Gabriel. A Pedra Negra
foi guardada na Caaba, edifício de forma cúbica e principal santuário de Meca.
Maomé não estabeleceu um sacerdócio organizado nem instituiu sacramentos, mas pre-
screveu certo número de deveres conhecidos como os “cinco pilares do islã”:
• as orações que são recitadas cinco vezes ao dia, em qualquer lugar onde estiver o crente,
devendo este se voltar em direção a Meca; na Mesquita, a sexta-feira é o dia de repouso,
sob a orientação do Imã (ancião);
• o jejum diário para ser observado no Ramadã, nono mês no calendário muçulmano, mês
de peregrinação;
• e a peregrinação a Meca, ao menos uma vez na vida dos fiéis em condições de cumpri-la.
• O Alcorão impõe ainda obrigações morais, jurídicas e práticas como a proibição do con-
sumo de carne de porco, animal impuro, e de vinho e a interdição de prática de usura e de
jogos de azar. Maomé proibiu, ainda, a representação de seres vivos, em particular de
homem, na forma de imagens esculpidas ou pintadas; por isso, entre os maometanos orto-
doxos estão ausentes as estátuas e quadros representando o Profeta.
O Hinduísmo
Há cerca de 1500 anos a.C., portanto antes de Moisés, Buda e Maomé, os sábios indianos
entoavam os primeiros hinos religiosos, movidos pelo que chamavam de “sopro de Deus”.
Esses cânticos do Ri-Veda, “a suprema sabedoria”, os textos sagrados do hinduísmo e a pro-
funda espiritualidade daqueles sábios deram origem à religião nacional da Índia, com quase
500 milhões de adeptos naquele país, no Paquistão, Sri Lanka, Birmânia, Bali (Indonésia) e até
em Trinidad (nas Antilhas).
Dentre todas as grandes religiões do mundo, o hinduísmo é certamente a mais antiga, mas,
no decorrer de tantos séculos de sua existência, desenvolveu ininterrupta evolução. Hoje cons-
titui-se de uma fusão de cultos e doutrinas procedentes de inúmeras tradições na Índia.
Representa, especialmente, a evolução do bramanismo, com o qual forma um todo insepa-
rável, sendo, por isso, uma religião muito difícil de definir. O conceito fundamental da religião
hindu é o monismo, ou seja, a reunião de todas as coisas numa unidade absoluta composta
do Ser divino, o eu interior (alma) e o mundo. A religião insere-se, desse modo, no contexto
filosófico-religioso como a mais tradicional forma de panteísmo. Para os hindus tudo, inclusive
o homem, é brahman, o princípio e o fundamento de tudo que existe, o espírito eterno (ou seja,
Deus): a sua personificação é o deus Brama, absoluto. Brama (criador), Vishnu (conservador)
e Shiva (destruidor) constituem a Trimúrti (trindade) hindu. São os deuses principais, mas o
panteão hinduísta encontra-se povoado de um grande número de outras divindades, repre-
sentadas ora na forma humana, ora como animais, que convivem com demônios, heróis, fan-
tasmas, bailarinas, celestiais, etc. O crente pode adorar inúmeros deuses, ao invés de uma
única divindade: tudo, de fato – inclusive todos os deuses – se reduz ao brahman. Na verdade,
o homem só vê o mundo como uma multiplicidade (deuses, homens, animais, coisas) e não
como uma unidade, devido à sua ignorância. A sua salvação consistirá exatamente em dissi-
par essa ilusão e em integrar-se no cosmos, tornando-se parte da “divina unidade”.
O bramanismo introduziu na Índia o sistema de castas sociais, que, apesar de abolido ofi-
cialmente em 1947, continua vigorando ainda hoje. Esse sistema define a existência de quatro
grandes castas: os sacerdotes (brâmanes), os guerreiros, os comerciantes e os servos. Na vida
material, o indivíduo não pode mudar de casta. Mas, ao morrer, sua alma pode se reencarnar
em outra casta. Tudo depende de seu comportamento em vida; se este foi marcado por vícios
e pecados, a alma é enviada para uma casta inferior; caso contrário, ela se reencarna num indi-
víduo de casta superior. Assim, a desigualdade entre os homens na constitui obra do acaso
nem capricho dos deuses, mas é o resultado das ações de cada pessoa. Esta seqüência de
mortes e reencarnações termina quando o homem atinge a consciência de Deus e pode rein-
tegrar-se ao brahman, despojando-se do ego e da individualidade. O objetivo derradeiro do
hinduísta, portanto, é a união com Deus.
SOCIOLOGIA
O Budismo
Nascido na Índia por volta de 560 a.C., Sidarta Gautama era filho de um nobre guerreiro
hindu. Cresceu no luxo e na tranqüilidade até os 29 anos, quando então se deu conta da
existência da velhice, do sofrimento e da morte, que o deixaram profundamente perturbado.
Em virtude dessa experiência, empreendeu uma peregrinação pelo país como mendigo,
refletindo sobre os males, a vida e o destino do homem; além disso falou com sábios, brâ-
manes e iogues (praticantes da ioga), mas nenhum o satisfez. Finalmente, após mais seis anos
de peregrinação, sentou-se sob a árvore sagrada do Bodhi (clarividência), e conseguiu chegar
à luz que procurava. E então passou a chamar-se Buda (iluminado), dedicando o resto de seus
dias à pregação, e organizando seus discípulos num tipo de ordem monástica.
A despeito de constituir uma rebelião contra o hinduísmo tradicional, o budismo não refutou
nenhum dos conceitos daquela religião; a idéia de que todos os seres passam por repetidos ci-
clos de nascimento, morte e reencarnação; a doutrina do carma, a lei universal que premia a vir-
tude e pune o crime na reencarnação futura; o conceito de que o mundo é a sede da ignorância
e da dor, fazendo-se por isso necessário lutar para se libertar dele; e, finalmente, o conceito de
renúncia, pelo qual o caminho da sabedoria está em saber refrear os desejos e paixões da carne.
Para realizar esse objetivo, Buda propôs “as quatro nobres verdades”, a saber: a dor é uni-
versal; a causa das dores são os desejos e as paixões; curam-se as dores eliminando-se os
desejos; os desejos são eliminados praticando-se os “oito nobres sentimentos” (consciência
reta, intenção reta, palavra reta, conduta reta, modo de vida reto, esforço reto, reflexão reta,
concentração reta). O verdadeiro budista, que consegue finalmente atingir a luz, conquista o
nirvana quando cessam todos os sentimentos e desejos e, portanto, os sofrimentos. O indiví-
duo deixa então de estar sujeito ao ciclo das reencarnações. Buda não adorou nenhum Deus,
nem cogitou da existência de uma divindade. Seus seguidores, porém, interpretaram de tal
modo seus ensinamentos que o transformaram numa divindade: o Buda Amitaba.
A GLOBALIZAÇÃO
E O DESENVOLVIMENTO
A política econômica precisa se preocupar com o bem-estar das pessoas, e vão longe aque-
les tempos em que as políticas econômicas, em quase todos os países, cuidavam do desen-
volvimento econômico, do pleno emprego e do bem-estar das pessoas. Hoje em dia elas têm
de cuidar de sua credibilidade diante dos mercados financeiros, um tribunal de cujas decisões
SOCIOLOGIA
Ninguém duvida de que a ação econômica dos Estados Unidos vem sendo severamente
restringida: assiste quase impotente ao desdobramento das estratégias de localização e de
divisão interna do trabalho da grande empresa e está cada vez mais à mercê das tensões ge-
radas nos mercados financeiros, que submetem a seus caprichos às políticas monetária, fiscal
e cambial. Mais do que por seu caráter global, a nova finança e sua lógica tornaram-se decisi-
vas por sua capacidade de “vetar as políticas macroeconômicas. Este poder de veto dos mer-
cados financeiros se impõe a todas as economias, ainda que de forma diferenciada”.
A globalização ao tornar mais livre o espaço de circulação da riqueza e da renda dos grupos
integrados desarticulou a velha base tributária das políticas keynesianas e vem submetendo a
gestão da dívida pública aos humores freqüentemente imprevisíveis dos mercados finan-
ceiros. A ação do Estado, particularmente sua prerrogativa fiscal, vem sendo ademais contes-
tada pelo intenso processo de homogeneização ideológica de celebração do individualismo
que se opõe a qualquer interferência no processo de diferenciação da riqueza, da renda e do
consumo efetuado através do mercado capitalista.
A ética da solidariedade foi francamente derrotada pela ética da eficiência. Por isso, os pro-
gramas de redistribuição de renda, reparação de desequilíbrios regionais e assistência a gru-
pos marginalizados têm sofrido intensa rejeição da parte dos grupos “vitoriosos e cosmopoli-
50 Instituto Educacional Luminis
MÓDULO SOCIOLOGIA - Ensino Médio Módulo III - 3º ano
tas”. Não há dúvida de que este novo individualismo tem sua base social originária na grande
classe média produzida pela longa prosperidade e pelos processos mais igualitários que pre-
dominaram na era keynesiana, ou seja, no período em que as políticas econômicas se preocu-
pavam com o bem-estar das pessoas. Hoje, o novo individualismo encontra reforço e susten-
tação no aparecimento de milhões de empresários terceirizados e autonomizados, criaturas
das mudanças nos métodos de trabalho e na organização da grande empresa.
SOCIOLOGIA
Aparentemente estamos numa situação histórica em que a "Grande Transformação” ocorre no
sentido contrário ao previsto por Karl Polanyi: a economia trata de se libertar dos grilhões da
sociedade. Resta saber que respostas à sociedade está preparando para dar às façanhas da
economia desentranhada e apenas limitada por suas próprias leis de movimento.
Desemprego e Globalização
O desemprego estrutural é uma tendência em que são cortados vários postos de trabalho e
uma das principais causas é a automação de várias rotinas de trabalho, substituindo a mão-de-
obra do homem. As fábricas estão substituindo operários por robôs, os bancos estão substi-
tuindo funcionários por caixas eletrônicos, os escritórios informatizados já possuem sistemas
que executam tarefas repetitivas e demoradas, eliminando alguns funcionários. Em contra-
partida, existe também a criação de novos pontos de trabalho, gerando novas oportunidades
de empregos. Mas esses novos empregos exigem profissionais com boa formação e com isso
o desemprego continua nas camadas mais baixas. Não só no ramo industrial se vê o efeito da
globalização no desemprego. O comércio também está bastante atingido. As grandes empre-
sas multinacionais chegam e acabam com as empresas locais. O aumento de shoppings cen-
ters vem acabando com o comércio de rua.
Por outro lado vemos a globalização funcionando no Mercosul e outros blocos econômicos.
As empresas globais lançam produtos globais para conquistar mercados e ampliar os seus
domínios. "A empresa diante da economia globalizada poderá ser uma dádiva ou um tremen-
do problema”.
“GLOBALIZAÇÃO HUMANA”
A era humana da globalização não ganhou ainda a hegemonia. Mas seus ingre-
dientes são identificáveis e estão fermentando a massa da história e as consciên-
cias. Ela vai irromper gloriosa, um dia. “Inaugurará a nova história da família
humana que caminhou por tanto tempo em busca de suas origens comuns e de sua
SOCIOLOGIA
casa materna”.
LEITURA COMPLEMENTAR
“Não sou adepto das teorias de Karl Marx e acho que ele, apesar de todo o seu
imenso papel histórico, foi apenas mais um dos inúmeros teorizadores que ten-
taram prever o futuro da humanidade e falharam. Mas Marx escreveu uma coisa
que está começando a provocar arrepios de reconhecimento nos que estão estu-
dando a evolução das relações sócio-econômicas mundiais neste final de século, a
chamada "globalização".
humanas mínimas. A solução, na maioria das vezes, tem passado pelo corte insen-
sato de pessoal, gerando legiões de desempregados. E o que Marx escreveu? Ele
disse que a contradição final do capitalismo seria atingida quando pouquíssimas
pessoas fossem capazes de produzir todos os bens de consumo. Só que não teriam
para quem vender, pois a massa da população já estaria desempregada, a essa
altura. O resultado será o colapso da estrutura capitalista de produção, auto-enve-
nenada pelo seu próprio desenvolvimento. Recentemente, um analista dessas
tendências "previu" que as fábricas do futuro terão apenas um homem e um cachor-
ro. O homem, com a função única de alimentar o cachorro, e este com a incum-
bência de impedir que o homem ponha a mão nas máquinas que fazem sozinhas
toda a produção(…)
SOCIOLOGIA
SOCIOLOGIA
tissem fazer grandes transformações. Assim, durante muitos séculos, o homem foi bastante
submisso à natureza. Enquanto ele era caçador e coletor, período que durou desde os primór-
dios da humanidade até aproximadamente 10.000 a.C., sua ação sobre o meio ambiente
restringia-se à interferência em algumas cadeias alimentares, ao caçar certos animais e colher
certos vegetais para seu consumo. A utilização do fogo foi, talvez, a primeira grande descober-
ta realizada pelo homem, permitindo que ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse
seus alimentos. Ainda assim, o impacto ambiental era muito reduzido.
Gradativamente o homem foi descobrindo meios de cultivar a terra e criar animais, e o apri-
moramento da agricultura a criação das primeiras cidades, o ritmo do crescimento se acelerou.
Contudo, ao longo de séculos os avanços técnicos foram muito lentos, assim como o cresci-
mento populacional. Os impactos sobre o meio ambiente eram praticamente irrelevantes.
Assim, foi com a Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX que o homem inicia o proces-
so de transformação da natureza com impactos ambientais crescentes, provocando desequi-
líbrio em escala global. A ação contínua do homem na degradação da natureza não permitiu,
até os dias atuais, que a natureza tivesse tempo para regenerar-se e recuperar tais impactos. E
assim, a própria sobrevivência humana é posta em risco, como resultado de profundos dese-
quilíbrios pelo homem ocasionados. Dessa forma, há que ser rediscutidos o modelo de desen-
volvimento, o padrão de consumo, a desigual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico
existentes no mundo contemporâneo.
A água cobre três quartos da superfície total da terra, e abaixo da superfície, temos ainda
uma grande quantidade de água. Embora exista muita água no planeta, 97,5% é salgada,
encontrando-se nos oceanos, e somente 2,5% é doce e em sua maioria nas regiões polares.
As plantas e os animais, incluindo o ser humano, dependem da água para sobreviver. Mais de
dois terços de nosso corpo são constituídos de água, vem daí a necessidade de reposição
diária da água que perdemos na transpiração e na urina.
Tanto a água doce quanto a água salgada do planeta tem sido objeto de atitudes inconse-
qüentes, sendo a poluição, o desperdício e o desmatamento as maiores contribuições para a
escassez desse recurso natural.
estar atentos aqueles causados pela ação do homem. Tais desequilíbrios foram gerados a par-
tir do sistema produtivo criado pelo capitalismo.
• Destruição da biodiversidade;
• Genocídio e etnocídio das nações indígenas;
• Erosão e empobrecimento dos solos;
• Enchentes e assoreamento dos rios;
• Diminuição dos índices pluviométricos;
• Elevação das temperaturas;
• Desertificação;
• Proliferação de pragas e doenças.
A poluição atmosférica é um dos problemas mais graves das cidades e também dos que
mais atingem os sentidos da visão e do olfato, principalmente nas grandes metrópoles. É o
resultado do lançamento de enorme quantidade de gases e materiais particulados na atmos-
fera, causando seu desequilíbrio. Os principais responsáveis pela poluição do ar nas cidades
são os transportes, as instalações industriais, as centrais termelétricas, as instalações de aque-
cimento, etc. O efeito estufa é talvez o impacto ambiental que mais assusta as pessoas.
Fazem-se previsões catastróficas acerca do derretimento do gelo dos pólos e das montanhas
e a conseqüente elevação do nível dos oceanos e inundação de centenas de cidades litorâneas.
Talvez o que mais assuste no efeito estufa, ou melhor, nas possíveis conseqüências de uma
gradativa elevação das médias térmicas no planeta, é a tomada de consciência, pela primeira
vez na história, da possibilidade de destruição do próprio homem. Os impactos ambientais
passam a atingir todos os homens, sem distinção de cunho econômico, social ou cultural:
atingem indistintamente ricos e pobres, operários e patrões, brancos, negros e amarelos, etc.
Todos os homens passam a ter plena consciência do óbvio: a Terra é finita e a tecnologia não
pode resolver todos os seus problemas.
Outro problema ambiental de caráter global que vem assustando as pessoas é a gradativa
destruição da camada de ozônio existente na estratosfera. Esse gás é encontrado numa faixa
de 10 a 70 quilômetros de altitude, mas sua maior concentração ocorre mais ou menos 25
SOCIOLOGIA
quilômetros. Ele tem um papel fundamental na regulação da vida na Terra, ao filtrar a maior
parte dos perigosos raios ultravioleta emitidos pelo sol. Sabe-se que esses raios podem causar
no homem câncer de pele, perturbações da visão, etc. Além disso, provocam a diminuição da
velocidade da fotossíntese dos vegetais e são perigosos para os animais e para o plâncton ma-
rinho, a medida em que interferem em seus mecanismos de reprodução.
Em 1979, foi verificado pela primeira vez que a concentração de ozônio estava se tornando
rarefeita sobre a Antártica. Descobriu-se o buraco na camada de ozônio, e os causadores da
destruição são:
Em 1986 cento e vinte países assinaram o acordo de redução de uso do CFC, conhecido
como Protocolo de Montreal, dado ao reconhecimento de sua intensa atuação, onde todos os
artigos que têm o CFC em sua composição teriam que ter sua produção e a utilização inter-
rompida até 1996 e substituída por outros, inofensivos ao ozônio.
A poluição das águas é também uma das piores formas de poluição. O derrame de mercúrio
nos rios, lagos e mares têm sido uma grande preocupação. Sendo um metal pesado e alta-
mente tóxico, o mercúrio concentra-se no organismo dos animais; e como essa concentração
vai se acumulando, o maior afetado é o homem que vai consumir um alimento com altas doses
do metal. Esse metal causa sérios danos neurológicos, já que sua concentração no homem se
dá no cérebro.
Nos grandes centros urbanos, a questão da poluição das águas assume graves proporções
pois a concentração populacional e industrial das cidades faz com que haja um elevado con-
sumo de água e, como conseqüência, uma grande variedade de agentes poluidores como
esgotos domésticos e efluentes industriais. Essa água é retirada da natureza e depois devolvi-
da e é nesse ponto que o problema se instala. São devolvidas à natureza quantidades de água
parcial ou totalmente poluídas, sem o devido tratamento, contendo em sua composição subs-
tâncias químicas não-biodegradáveis ou de matérias orgânicas acima da capacidade de
absorção dos rios, lagos e mares. A poluição orgânica desequilibra o ecossistema aquático que
a recebe, causando a mortandade dos peixes por asfixia, enquanto a poluição tóxica mata por
envenenamento.
E pensar que a solução é muito simples: fazer-se o tratamento das águas utilizadas. Se hou-
ver o sistema de tratamento adequado, as cidades devolverão à natureza água limpa, tratada,
livre de elementos nocivos. Portanto, cabe aos governos a regulamentação, implantação de
medidas que permitam a despoluição da água consumida pela sociedade, e a todos nós
cidadãos a fiscalização e o seu cumprimento, para preservação da nossa existência.
Devemos considerar que muitos recursos naturais do planeta não são renováveis, daí
SOCIOLOGIA
decorre a necessidade do homem utilizá-los de forma criteriosa, pois do contrário seu esgota-
mento será rápido e inevitável.
A humanidade avançou muito em termos tecnológicos que o homem se deu conta, na sua
vil vaidade, de que poderia dominar a natureza sem ao menos atentar para a necessidade de
protegê-la. Somente se apercebeu desse fato quando, em 1972 dois importantes eventos
debateram questões sobre meio ambiente: a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem
e o Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia); o Clube de Roma, importante entidade formada
por empresários, encomendou um estudo que ficou conhecido como Desenvolvimento Zero.
Este estudo em especial sinalizou para o agravamento das questões ambientais, propondo
solução para evitar-se uma tragédia ecológica.
A crise econômica mundial de 70 pelo choque do petróleo mostrou ao mundo que os recur-
sos naturais são esgotáveis. Mas somente nos anos 80 o tema desenvolvimento e meio ambi-
ente foi retomado. Em 1987 a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da
ONU, publicou um estudo onde pela primeira vez surge a concepção de desenvolvimento sus-
tentável. Em 1992, no Rio de janeiro, nova Conferência Mundial aprofunda as bases do desen-
volvimento sustentável ecologicamente, com atenção para o futuro das próximas gerações.
LEITURA COMPLEMENTAR
“Apenas um terço dos municípios fluminenses conta com algum tipo de trata-
mento de esgoto.
O Rio, que trata 47,6% dos dejetos, apresenta um dos maiores percentuais do
estado. Na outra ponta, aparecem cidades como Petrópolis, com 2%, e Volta
Redonda, com 5%. Os dados revelam uma realidade cruel, diz o ambientalista Elmo
Amador. É preciso observar que, dos municípios que tratam esgoto, a maioria faz
apenas tratamento primário, que reduz de 30% a 50% da carga orgânica. Com
tratamento secundário, que é raro, a redução pode chegar a 90%. ·No capítulo
sobre lixo, a pesquisa do IBGE também apresenta dados surpreendentes. Em 2000,
existiam no Estado 400 pessoas (catadores) morando em lixões. Um quarto delas
SOCIOLOGIA
com menos de 14 anos. São Gonçalo é o município com maior número de pessoas
residindo nessas áreas: 300. ·Em alguns casos, os depósitos de lixo ficam perto de
residências, como no Rio e em Duque de Caxias, ou de áreas de proteção ambien-
tal, como em Bom Jardim e Volta Redonda. ·Apenas 14 dos 91 municípios do esta-
do fazem coleta seletiva de lixo. Entre eles, estão Rio, Niterói, Angra dos Reis, Parati
e Volta Redonda.
A SOCIEDADE
E A TRANSCEDÊNCIA
Consideramos de fundamental importância que, para a melhor compreensão do assunto
que abordaremos nesta unidade, o conhecimento de algumas definições, as quais abaixo
transcrevemos:
SOCIOLOGIA
• Amor – (do latim amore) sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem,
ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra; muito zelo,
carinho.
• Metafísica – depois dos tratados da Física; parte da Filosofia que apresenta as seguintes
características: é um corpo de conhecimentos racionais em que se procura determinar as
regras fundamentais do pensamento, e que nos dá a chave do conhecimento do real, tal
como este verdadeiramente é; sutileza ou transcendência do discorrer.
Muito tem sido descrito a propósito da existência humana, da conquista gradativa da liber-
dade, das evoluções técnico-científicas dos novos tempos, das relações sociais no intuito de
satisfação das necessidades inerentes aos seres humanos. A história humana tem mostrado
estudos antropológicos na tentativa de compreender essas relações, elaborando conceitos dos
mais variados das relações do homem consigo mesmo, com o próximo e com aquele conce-
bido como o Criador. Sendo o amor uma necessidade humana, que associado a outras for-
mam a base para relações sociais harmoniosas e felizes, uma constatação se faz a primeira
vista incontestável: o homem como ser social tem características que o faz transformar-se em
sujeito ativo ou sujeito passivo. Sujeito ativo na medida em que alça vôos dos mais elevados,
é criativo diante dos movimentos que o tentam tirar de seu horizonte, age e reage aos proble-
mas encarando-os como desafios a transpor, alguém com ilibada auto-estima, está em cons-
tante renovação, com capacidade de rever objetivos alterando o curso de sua navegação,
alguém que faz acontecer. Já o sujeito passivo contenta-se com as migalhas a ele oferecidas,
acomoda-se inviabilizando qualquer ação empreendedora, sua baixa auto-estima o imobiliza,
não se renova e nem encara as dificuldades como desafios. Sua imobilidade o transforma
naquele que deixa acontecer.
Considerando o propósito da vida, o homem existe para ser feliz, as atitudes por ele
tomadas irão refletir o caminho a ser encontrado, construído. Na busca de sua própria identi-
dade o ser humano segue enfrentando obstáculos, os quais o conduzem a uma tomada de
decisão, refletindo sua vocação interior. Por mais bem refletida, sua decisão terá propor-
cionalidade entre a possibilidade de sucesso e a de insucesso. Se considerarmos a realidade
cósmica de que o universo está em expansão e evolução, uma vez inserido neste contexto, o
ser humano será integrante do processo expandindo e evoluindo em consciência.
Em sua caminhada trilha ideais de sonhos e possui espelhos para se refletir. São os mode-
los a seguir, as figuras com as quais mantém um vínculo de identificação, e das quais retira o
melhor na construção de sua identidade. Sidarta Gautama, Dalai Lama, Jesus Cristo, Maomé,
Dante Alighieri, Gandhi, Che Guevara, Chico Mendes, Martin Luther King, entre outros exem-
plos, ilustram essa necessidade humana não apenas de personalidades refletidas ou veneração
de mitos, mas de sentir o cuidado dispensado por eles à humanidade, por meio de suas expe-
riências, querendo, desejando e agindo na construção de uma sociedade melhor.
Da formação de sua personalidade à formação espiritual tem o ser humano percorrido cami-
nhos dos mais antagônicos que se tem conhecimento. Cada qual se servindo de valores morais
SOCIOLOGIA
e éticos apreendidos nas relações em família, nas associações religiosas, e reafirmados na con-
vivência escolar. A ética essencial para convivência humana deve estar respaldada na con-
strução e busca de caminhos que conduzam à felicidade. Dalai Lama em Uma Ética para o
Novo Milênio menciona “... pelo fato de cada uma de nossas ações ter dimensão universal, um
impacto potencial sobre a felicidade alheia, que a ética é necessária como um meio de garan-
tir que não prejudiquemos os outros (...) a felicidade genuína consiste naquelas qualidades
espirituais de amor e compaixão, tolerância, capacidade de perdoar, humildade, e assim por
diante. São elas que proporcionam felicidade tanto para nós quanto para os outros”.
A nossa visão de realidade social humana está ligada a uma visão de ecologia profunda, em
que se exigirá uma mudança radical em nossa percepção do papel dos seres humanos no ecos-
sistema planetário. O que implica numa revisão nos seus conceitos filosóficos e religiosos.
Apoiada pela ciência moderna, a ecologia profunda tem suas bases na percepção da reali-
dade que transcende a estrutura científica e atinge a consciência intuitiva da unicidade de toda
a vida, a interdependência e seus ciclos de mudanças e manifestações. Torna-se evidente que
a consciência ecológica dessa ligação do ser ao cosmos é espiritual.
Ao longo da história humana esta estrutura filosófica e espiritual da ecologia profunda vem
sendo demonstrada. Um exemplo é o taoísmo, que enfatiza a unicidade fundamental e a
natureza dinâmica de todos os fenômenos naturais. Uma filosofia semelhante de fluxo e
mudança estava sendo ensinada por Heráclito na antiga Grécia. Mais tarde São Francisco apre-
sentou uma ética ecológica em seus pontos de vista, sendo um desafio à concepção judaico-
cristã tradicional. Igualmente nas obras de Baruch Spinoza e Martin Heidegger destacaram-se
a sabedoria da ecologia profunda. Em resumo, tal sabedoria apenas revive uma consciência
que é parte de nossa herança cultural; talvez a única coisa nova nesse momento é a ampliação
da visão num nível planetário, apoiada pela experiência dos astronautas e as mudanças de va-
lores advindos dessa realidade planetária, global. Assim a ênfase passa a ser: ao invés de con-
sumo material o ser volta-se para a simplicidade voluntária; do crescimento econômico e tec-
nológico para o crescimento e desenvolvimento interiores.
Essa mudança está sendo promovida pelo movimento do potencial humano, o movimento
holístico da saúde, o movimento feminista e movimentos espirituais. Os psicólogos huma-
nistas concentraram-se nas necessidades não-materiais de auto-realização, altruísmo e
relações interpessoais ditadas pelo amor.
Todos os seres estão enraizados e suas raízes os limitam, impedem sua liberdade. E liber-
dade é sempre libertação. Considerando-se o ser humano um projeto infinito, há que se obser-
var que a transcendência acrescenta ao seu cotidiano os dois pólos: o crescimento e o empo-
brecimento. Estamos em constante busca de realização de algo, e assim, nossos desejos
atuam de forma tão contundente em nosso íntimo, que somos impelidos ao mercado con-
sumista, o qual nos dá a ilusão da realização (denominada pseudotranscendência).
Somos chamados a SER total, e devemos ter a noção do Deus que temos para o Deus que
somos. A conseqüência de conscientizar para a transcendência é ter como projeto:
• plenitude duradoura;
SOCIOLOGIA
Devemos lembrar daquilo que norteia a Lei Suprema do Universo que nos diz da soli-
dariedade cósmica, a interdependência de todos, onde um é cúmplice pela vida do outro. A
Bioética, numa nova concepção da Biologia, nos transporta à consciência de que todos os
seres existentes hoje no planeta, aqui estão tão somente por essa consciência da interde-
pendência, da cooperação mútua com o fim último de manter a subsistência das espécies.
O texto abaixo, escrito pelo teólogo Leonardo Boff, retrata essa necessidade de se buscar ir
para além da nossa realidade material.
"O que é o ser humano? É um ser de abertura. É um ser concreto, situado, mas
aberto. É um nó de relações, voltado em todas as direções. É só se comunicando, rea-
lizando essa transcendência concreta na comunicação, que ele constrói a si mesmo.
É só saindo de si que fica em casa. É só dando de si que recebe. Ele é um ser em
potencialidade permanente, um ser utópico. Sonha para além daquilo que é dado e
feito. E sempre acrescenta algo ao real. Por isso, ele cria símbolos, cria projeções, cria
sonhos. Essa capacidade é o que nós chamamos de transcendência, isto é, tran-
scende, rompe, vai para além daquilo que é dado. Numa palavra, eu diria que o ser
humano é um projeto infinito. Creio que a transcendência é talvez o desafio mais
secreto e escondido do ser humano. Ele se recusa a aceitar a realidade na qual está
mergulhado porque é mais do que ela e se sente maior do que tudo o que o cerca.
Com seu pensamento ele habita as estrelas e rompe todos os espaços. Não há nada
que possa enquadrar o ser humano, nem mesmo o nosso moderno sistema globa-
lizado, dentro do pensamento único que afirma ‘não há alternativa para ele’. Essa con-
cepção supõe um conceito pobre do ser humano, não interessado em formar um
cidadão criativo, capaz de pensar por si. Está interessado em gerar consumidores,
agalinhados em seus poleiros, perdidos da sua identidade de serem águias.
A CONSCIÊNCIA HOLÍSTICA
O Cuidado Essencial
SOCIOLOGIA
tange às relações humanas: a crescente visão do outro como ser complementar e essencial a
sobrevivência da espécie. E neste sentido, a necessidade de estabelecer vínculos, de imple-
mentar cuidado para com o outro se torna essencial.
“Importa buscar respostas, inspiradas em outras fontes e em outras visões de futuro para o
planeta e para a humanidade. Estas respostas não se encontram prontas em algum recanto pri-
vilegiado da Terra. Nem em algum livro ancestral. Nem em mestres e gurus com novas ou anti-
gas técnicas de espiritualização. Nem em alguma profecia escondida. Nem em iniciações rituais
e mágicas. Nem simplesmente em caminhos terapêuticos à base de produtos naturais. Devemos
aprender de todas estas propostas, mas cavar mais fundo, ir mais longe e evitar soluções cal-
cadas sobre uma única razão. Importa inserir outras dimensões para enriquecer nossa visão”.
Uma característica do ser humano é colocar cuidado em tudo o que projeta e faz. Desta
forma, falar de cuidado é dizer da atitude de envolvimento, de responsabilidade com o outro,
seja ela social, pessoal, ecológica, biológica ou material.
Uma profunda crise mundial vem sendo registrada, crise esta que envolve e
afeta o ser humano na sua totalidade existencial: a saúde e o modo de vida, a qua-
lidade do meio ambiente e das relações sociais, a economia, a tecnologia e a políti-
ca. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais. A ameaça premente
SOCIOLOGIA
Assim, modelo cartesiano que outrora serviu para auxiliar a compreensão das
partes, neste momento deve dar lugar à promoção dos conhecimentos pertinentes,
com uma visão de conjunto, do contexto, ao invés de disciplinas fragmentadas. Na
era planetária tudo deve estar bem situado na questão da universalidade dos co-
nhecimentos e ações. Igualmente relevante faz-se o ensino centrado na condição
humana, o ser inserido no universo, parte do processo e, portanto, responsável igual-
mente pelo mesmo. Levar o ser humano ao entendimento da questão planetária, cuja
globalização faz todos os seres humanos partilharem de um destino comum.
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transcende as atuais fronteiras disciplinares e conceituais e será explorada no âmbito
de novas instituições. Não existe, no presente momento, uma estrutura bem esta-
belecida, conceitual ou institucional, que acomode a formulação do novo paradigma,
mas as linhas mestras de tal estrutura já estão sendo formuladas por muitos indiví-
duos, comunidades e organizações que estão desenvolvendo novas formas de pen-
samentos e que se estabelecem de acordo com novos princípios”.
A visão de qualidade de vida tem evoluído muito nos últimos anos, direcionando a
atenção para o Holismo, ou seja, uma transformação cultural em que o capital, o tra-
balho e o meio ambiente estão alinhados, tendo o ser humano como figura central.
Auxiliar o ser humano para o despertar desta nova realidade implica, antes, despertar cada
um no seu íntimo. Transformar-se para tornar o mundo melhor. Capra menciona a esse
respeito que: “Para entender nossa multifacetada crise cultural, precisamos adotar uma pers-
pectiva extremamente ampla e ver a nossa situação no contexto da evolução cultural humana.
Temos que transferir nossa perspectiva do final do século XX para um período de tempo que
abrange milhares de anos; substituir a noção de estruturas sociais estáticas por uma percepção
de padrões dinâmicos de mudança. Vista desse ângulo, a crise apresenta-se como um aspec-
to da transformação. Os chineses, que sempre tiveram uma visão inteiramente dinâmica do
mundo e uma percepção aguda da história, parecem estar bem cientes dessa profunda
conexão entre crise e mudança”.
Para a educação holística se tornar uma prática real seriam necessárias significativas
mudanças na política educacional, a iniciar-se por sua implementação no ensino fundamental, e
conseqüente prosseguimento no ensino médio e superior. Novos cursos de capacitação para os
educadores deveriam ser criados para torná-los grandes agentes desta mudança de paradigma.
Os temas transversais inclusos nos currículos escolares denotam uma tímida tentativa de vis-
lumbrar a integralidade do ser, porém, a não reformulação da capacitação dos educadores per-
mite a lentidão neste processo. Considerando que a didática está pautada em fundamentos dís-
pares da visão holística, com o aluno sendo depositório de informações, lamentavelmente
assiste-se ao pouco envolvimento do docente neste processo. Entretanto, as mudanças urgem e
as necessidades dos sistemas vivos no planeta estão falando mais alto, exigindo a transcendên-
cia, a transformação dos valores para conquista da sobrevivência das espécies. Comporta uma
profunda reflexão acerca do que representamos, como nos vemos e o que pode vir a ser modi-
ficado em nós mesmos enquanto pessoas e educadores. Seja qual for nossa postura em sala de
aula, influímos positiva ou negativamente independente da intenção, e transmitimos muito mais
do que ensinamos formalmente. Na medida em que estamos atentos a estes movimentos temos
condições de rever condutas e nos tornarmos melhores como pessoas.
Perceber o educando como ser integral, que age e reage a ações e estímulos, sejam eles
positivos ou negativos, é integrá-lo ao planeta, é permitir que amplie a consciência acerca das
razões pelas quais existimos, de onde viemos e para onde vamos. Aristóteles em Ética a
Nicômaco menciona a relação entre razão e emoção. Em verdade o ser humano é razão e sen-
sibilidade/emoção, e isso gera um constante conflito quanto à sua adequação para o alcance
do ponto de equilíbrio. E neste equilíbrio estariam refletidas as atitudes enquanto ser social, a
busca deste equilíbrio tem que ser o objetivo de cada um.
A educação do futuro, em sua essência, deve contemplar saberes para a formação integral e
de qualidade considerando o ser humano como principal objetivo. Ter a visão de que homens
não são máquinas nem partes, sua formação envolve razão e sensibilidade, seu conjunto forma
o que de mais precioso existe que é o ser dotado de inteligência, cultura, que se expressa e
interage com os demais sistemas vivos. Mas que ainda necessita desenvolver-se e compreen-
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der a importância da preservação da vida planetária. Dalai Lama nos reporta a responsabilidade
civil de cada ser humano na medida em que relata: “Quando negligenciamos o bem-estar dos
outros e ignoramos a dimensão universal de nossos atos, fazemos uma distinção entre nossos
interesses e os interesses dos outros. Não nos damos conta da uniformidade da família
humana. Sem dúvida, é fácil apontar numerosos fatores que se opõem a essa noção de
unidade: diferenças de crença religiosa, de língua, de costumes, de culturas, etc. Se, porém,
damos demasiada ênfase a diferenças superficiais e por causa delas fazemos rígidas discrimi-
nações, não há como evitar um acréscimo de sofrimento e desgaste para nós e para os outros”.
BIBLIOGRAFIA