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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

DANIEL CAPISTRANO SARINHO PAIVA

USO DO BIM PARA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS:


BARREIRAS E OPORTUNIDADES EM UMA EMPRESA
CONSTRUTORA

NATAL-RN
2016
DANIEL CAPISTRANO SARINHO PAIVA

Uso do BIM para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa


construtora

Trabalho de Conclusão de Curso na


modalidade Artigo Científico, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos necessários para
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: Prof. Dr. Reymard Sávio Sampaio de


Melo
Coorientador: Profa. Msc. Sandra Albino Ribeiro

Natal-RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de
Informação e Referência

Paiva, Daniel Capistrano Sarinho.


Uso do Bim para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa construtora /
Daniel Capistrano Sarinho Paiva. - 2016.
16 f. : il.

Artigo científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.
Orientador: Prof. Dr. Reymard Sávio de Melo.
Coorientadora: Sandra Albino Ribeiro.

1. Engenharia Civil - TCC. 2. Building Information Modelling – BIM - TCC. 3. Compatibilização de projetos
- TCC. 4. BIM – Barreiras e oportunidades – TCC. I. Melo, Reymard Sávio de. II. Ribeiro, Sandra Albino. III.
Título.

RN/UF/BCZM CDU 624


Daniel Capistrano Sarinho Paiva

Uso do BIM para compatibilização de projetos: Barreiras e oportunidades em uma empresa


construtora

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Artigo Científico, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em 16 de novembro de 2016:

___________________________________________________
Prof. Dr. Reymard Sávio de Melo – Orientador

___________________________________________________
Profa. MsC. Sandra Albino Ribeiro – Coorientador

___________________________________________________
Profa. MsC. Karla Cavalcanti – Examinador interno

___________________________________________________
Profa. Dra. Josyanne Giesta – Examinador externo

Natal-RN
2016
RESUMO

USO DO BIM PARA COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS: BARREIRAS E


OPORTUNIDADES EM UMA EMPRESA CONSTRUTORA

Autor: Daniel Capistrano Sarinho Paiva 1


Orientador: Reymard Sávio Sampaio de Melo 2
Coorientador: Sandra Albino Ribeiro 3
Departamento de Engenharia Civil – UFRN
Natal, Novembro de 2016

O uso do Building Information Modelling, ou modelagem da informação da


construção (BIM), é um assunto de cada vez maior relevância nos mercados de arquitetura,
engenharia e construção. Esse novo paradigma permite que os envolvidos no projeto
trabalhem de forma colaborativa e alcancem melhores resultados. Dentre os seus diversos
usos, o uso em compatibilização de projetos se mostra uma eficiente alternativa aos métodos
tradicionais, baseados em documentação em 2D. Diante desse contexto, a pesquisa tem como
objetivo identificar barreiras e oportunidades no uso de BIM para compatibilização de
projetos, através de um estudo de caso em empresa construtora. Os resultados obtidos visam
melhor compreender os desafios e vantagens da implementação dessa tecnologia, além de
evidenciar a necessidade de planejamento, organização, investimentos, e análise financeira
antes de decidir pela implementação da tecnologia.

Palavras-chave: BIM. Compatibilização. Barreiras. Oportunidades.

1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Discente.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Dr.
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Msc.
ABSTRACT

BIM FOR DESIGN COORDINATION: BARRIERS AND OPPORTUNITIES IN A


CONSTRUCTION COMPANY

Author: Daniel Capistrano Sarinho Paiva 4


Advisor: Reymard Sávio Sampaio de Melo 5
Co-advisor: Sandra Albino Ribeiro 6
Departament of Civil Engineering – UFRN
Natal, November of 2016

The use of Building Information Modelling (BIM), becomes more and more relevant
in the architecture, engineering and construction (AEC) market. This new paradigm allows
the stakeholders to work in a more collaborative way, resulting in better overall results. One
of the main use cases of this technology is for design coordination, and has proven to be very
efficient when compared to traditional methods based on 2D documentation. Given this
context, this research identifies barriers and opportunities related to the use of BIM for design
coordination, through a case study on a construction company. The results aim to provide a
better understanding of the challenges and advantages of implementing this technology, in
addition to showing the necessity of planning, organization, investments and financial
analysis before deciding to implement BIM.

Keywords: BIM. Design Coordination. Barriers. Opportunities.

4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Student.
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Professor, Dr.
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Professor, Msc.
INTRODUÇÃO
O BIM já é uma realidade em mercados de construção desenvolvidos, e possui
inúmeros exemplos de sucesso. Através da implementação dessa nova tecnologia é possível
atingir melhores resultados através de um processo mais colaborativo. Dentre as principais
vantagens decorrentes da sua implantação, estão a redução de custos, prazos, erros em
documentação e reclamações, além da melhoria da qualidade do produto final.
Apesar de todas essas vantagens, a adoção dessa tecnologia no Brasil ainda pode ser
considerada incipiente (CBIC, 2016). Esse contexto muda a cada dia, à medida que esforços
normativos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e exigências de utilização
em licitações por parte de órgãos públicos, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica
Federal e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) aceleram a
adoção por parte de construtoras, escritórios de projetos e incorporadoras.
O processo tradicional de desenvolvimento de produtos imobiliários é extremamente
fragmentado, e pautado em documentação impressa, onde arquitetos, engenheiros e
construtores trabalham de forma segmentada e as relações contratuais não exigem ou
estimulam a colaboração. A falta de colaboração, além de erros e omissões decorrentes da
comunicação em 2D causam custos inesperados, atrasos, e atritos entre as partes envolvidas.
Uma etapa crítica nesse processo é a de compatibilização dos projetos, que visa identificar e
resolver diferentes inconsistências entre os projetos de diferentes disciplinas.
A utilização de softwares em plataforma BIM para compatibilização de projetos se
mostra como uma opção para mitigar os problemas da representação em 2D, mas a sua
implementação apresenta diversas barreiras. Diversas pesquisas apontam que para obter
sucesso na implantação desta plataforma, se faz necessário a colaboração dos envolvidos, a
modelagem de sistemas que à primeira vista não interferem nos demais (Ex: móveis) - mas
que podem gerar interferências devido à natureza da utilização dos espaços em que se
encontram - e a definição prévia do nível de detalhamento que será utilizado na modelagem
(OLOFSSON, 2007; LEITE, 2009; SILVA; COELHO; MELHADO, 2015).
Muitos estudos descrevem a experiência de utilizar o BIM na compatibilização de
projetos, mas poucos apontam os desafios que antecedem a sua implementação. Nesse
contexto, o trabalho visa elencar barreiras e oportunidades para a implementação de BIM para
compatibilização de projetos em uma empresa construtora através de um estudo de caso.
2

2. CONCEITO BIM
O BIM é um objeto de estudo que vem ganhando cada vez mais visibilidade pela
comunidade científica na área de gestão em engenharia e arquitetura (MACHADO;
RUSCHEL; SCHEER, 2016), e possui diversas definições na literatura, como mostrado no
Quadro 1.
Quadro 1: Definições de BIM
Fonte Definição
BIM é usado como verbo ou adjetivo para descrever ferramentas, processos e
tecnologias que são facilitadas pela documentação digital e legível pelo
EASTMAN, 2014
computador de uma edificação, seu desempenho, seu planejamento, sua
construção e, posteriormente, sua operação.
BIM é uma série de tecnologias, processos e políticas que possibilitam que os
SUCCAR, 2009 diversos envolvidos no processo projetem, construam e utilizem um
empreendimento de forma colaborativa.
BIM é uma representação digital das características físicas e funcionais de uma
National BIM Standard
construção. BIM é um conjunto de informações do empreendimento desde a
– United States
concepção inicial até a demolição, com colaboração integrada das diversas
(NBIMS), 2015
partes do projeto (construtor, arquitetos, engenheiros, proprietário, etc.).
BIM é o desenvolvimento e uso de um modelo de programa de computador
para simular a construção e operação de um empreendimento. BIM usa um
ERNSTROM, 2006 conceito inteligente e paramétrico de uma representação digital de uma
construção onde podemos gerar informação que possa ser utilizada para tomar
decisões e melhorar o processo de construção.
Fonte: Autor

Esse trabalho utiliza a definição de que o BIM é uma representação digital de um ativo
físico a ser construído, que engloba informações relevantes para as diversas etapas do
processo de desenvolvimento de produto, o que possibilita que diversas análises sejam feitas
ainda na fase de projetos, dentre elas a compatibilização de projetos e detecção automática de
interferências. A possibilidade de antecipar tais análises termina por impactar diretamente o
ciclo de vida do empreendimento, desde a fase de projeto, construção e operação. As
definições acima versam sobre o escopo mais abrangente do BIM, sendo que a
implementação do mesmo acontece em estágios, assim como sugere Succar (2009).
A mudança de paradigma resultante da adoção do BIM faz com que haja uma
mudança no fluxo de trabalho, onde enquanto no fluxo de trabalho tradicional grande parte do
esforço é gasto na fase de documentação, onde todos os documentos técnicos são gerados
(projetos, pranchas, quantitativos, orçamentos, etc), sendo eles baseados em desenhos em 2D,
no fluxo de trabalho BIM, os esforços são antecipados para a fase de detalhamento de projeto,
onde é feito o detalhamento do modelo digital, com informações e geometria precisas, e de
onde são gerados de forma automática os documentos técnicos. Vale lembrar que na fase onde
os maiores esforços são realizados no fluxo de trabalho BIM, ainda se têm um grande controle
de impactar custo e performance, e os custos de mudanças no projeto ainda são baixos quando
comparados aos do fluxo de trabalho convencional (CBIC, 2016).
3

3. MODELOS DE NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO


Antes que se possa entender melhor como funciona a metodologia BIM e como ela
pode ser aplicada, se faz necessário conhecer os principais modelos de negócios da indústria
da construção, que são descritos por Eastman (2014) como Projeto-Concorrência-Construção
e Projeto & Construção.
O primeiro modelo, Projeto-Concorrência-Construção (Design-Bid-Build) funciona da
seguinte forma. O dono do futuro empreendimento contrata uma equipe de projetos (que será
responsável por elaborar e/ou contratar os projetos necessários) e uma construtora para
executar a obra (que por sua vez contrata as empresas terceirizadas para realizar serviços
específicos).
Por outro lado, no modelo Projeto & Construção (Design-Build), o dono do
empreendimento contrata uma única empresa, que fica responsável por elaborar e contratar os
projetos, além de construir o empreendimento, sendo responsável também pela contratação
das empresas terceirizadas que se façam necessárias.
A metodologia BIM pode ser aplicada nesses dois modelos de negócios, em diversos
níveis, como será visto a seguir.

4. ESTÁGIOS DE MATURIDADE BIM


De acordo com Succar (2009), existem diferentes estágios de implementação do BIM
na gestão de projetos. Cada um desses níveis trará diferentes vantagens e desafios de
implementação.
O nível que antecede a implementação do BIM (Pré-BIM), é como a maior parte das
empresas trabalha atualmente, com um sistema de gestão altamente fragmentado (pouca
interação entre equipes de projeto e construtores) e sempre se baseando em documentação em
2D, o que gera orçamentos e cronogramas desconexos com a realidade, além de
incompatibilidades de projeto que só serão resolvidos no decorrer da construção.
No primeiro nível de implementação do BIM, o de modelagem baseada em objetos,
é desenvolvido um modelo digital em 3D unidisciplinar do empreendimento, para que se
possa automatizar a geração da documentação técnica em 2D a partir do modelo em 3D. Além
disso, o modelo também é utilizado para que se extraiam informações relevantes para
quantitativos de materiais, o que facilita o levantamento de materiais para pedidos e
orçamentos. Nesse nível, a cooperação entre as equipes envolvidas ainda não sofre grandes
mudanças.
A partir do momento em que as empresas adotam o primeiro nível de implementação
BIM, as vantagens ficam mais evidentes e elas procuram adicionar outras disciplinas ao
4

modelo digital. No segundo nível de implementação, o de modelo baseado em colaboração,


os projetistas envolvidos trocam informações entre si à medida em que realizam seus projetos,
todos utilizando ferramentas BIM, o que possibilita a fácil análise de incompatibilidades e a
procura de melhores soluções de design e engenharia ainda no início da fase de projetos.
Nessa fase também são iniciadas outras análises do projeto, como por exemplo a simulação
4D através da análise conjunta do cronograma da obra com o modelo em 3D, o que possibilita
simulação de construção e correção de eventuais falhas de cronograma ainda na fase de
projeto. Além disso, também pode ser feita uma análise 5D que alia a análise 4D aos gastos
previstos no orçamento para os itens executados, o que possibilita que a empresa tenha uma
ideia mais precisa de todos os gastos ao longo da construção do empreendimento.
No terceiro estágio, o de integração baseada em rede, as empresas adotam um
modelo de software como sendo um serviço. Nesse modelo de gestão, todos os modelos e
dados relacionados ao projeto ficam disponíveis na nuvem através de servidores, o que
possibilita que as diversas partes envolvidas no projeto trabalhem de forma integrada, sempre
de posse do modelo e das informações mais atuais. Esse modelo de gestão necessita que
sejam reavaliadas as responsabilidades contratuais das partes envolvidas, de modo que a
dinâmica de trabalho das mesmas possa ocorrer de forma simultânea e integrada.
Por fim, temos o último estágio, o de desenvolvimento integrado de projetos
(Integrated Project Delivery, IPD). Esse estágio representa um método de gestão de projetos
onde o BIM é utilizado em todas as fases (desde a concepção inicial até a
operação/demolição), e onde todas as tecnologias, processos, contratos e políticas estão
completamente adaptadas ao trabalho com a metodologia. O objetivo maior é promover uma
integração total entre todos os envolvidos (donos, arquitetos, engenheiros, projetistas,
construtores) onde todos possam atingir altos níveis de colaboração, visando maximizar a
eficiência de todas as fases de projeto, fabricação e construção.

5. BARREIRAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO BIM


Apesar de todas as vantagens citadas, a implementação de BIM demanda
planejamento, treinamento e recursos, e assim como na introdução de uma nova tecnologia,
existem barreiras à sua implementação, sendo elas de origem cultural, financeira, legal e
tecnológicas. As principais barreiras documentadas na literatura podem ser categorizadas
conforme o Quadro 2 (LIU, 2015).
5

Quadro 2: Barreiras de implementação de BIM


Categoria Ítem Literatura
Falta de Padronização nacional incompleta Bernstein & Pittman, 2004; Thomson & Miner,
padronização Falta de compartilhamento de 2006; Björk & Laakso, 2010; Azhar, 2011;
nacional informações BIM Aibinu & Venkatesh, 2014; Alreshidi et al., 2014
Alto custo inicial de sofware
Alto custo de Allen Consulting Group, 2010; Thomson &
implementação Alto custo do processo de Miner, 2010; Azhar, 2011; Ganah & John, 2014
implementação
Falta de profissionais Smith & Tardif, 2009; Allen Consulting Group,
Falta de
2010; Sharag-Eldin & Nawari, 2010; Becerik-
profissionais Alto custo de treinamento e Gerber et al., 2011; NATSPEC, 2013 ; Wu &
capacitados educação Issa, 2014
Problemas de processos
Problemas Curva de aprendizado Arayici et al., 2011; Won et al., 2013; Aibinu &
organizacionais Falta de interesse por funcionários Venkatesh, 2014; Demian & Walters, 2014
mais antigos/experientes
Responsabilidade contratual Thomson & Miner, 2006; Chynoweth et al.,
Problemas legais
Problemas de licenciamento 2007; Azhar, 2011; Udom, 2012
Fonte: Liu, 2015

No Brasil, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, coloca como principais


obstáculos à implementação do BIM a inércia e resistência às mudanças, dificuldades de
entendimento e compreensão, barreiras culturais e particularidades do ambiente brasileiro
(falta de valorização de planejamento, busca de soluções rápidas e baratas, falta de interesse
em colaboração, ensino deficiente do assunto nas universidades, etc), além de especificidades
e aspectos intrínsecos ao BIM (CBIC, 2016).

6. COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
Como resultado da fragmentação do processo tradicional (Pré-BIM) a comunicação
ocorre de forma centralizada, onde a construtora e/ou incorporadora contrata separadamente
os projetos arquitetônico e complementares, e os profissionais envolvidos trabalham com
pouca ou nenhuma colaboração. Como resultado, os projetos de diferentes disciplinas
geralmente possuem diversas interferências, e se faz de extrema importância que construtoras,
incorporadoras e escritórios de projetos unam esforços para compatibilizar os mesmos.
A compatibilização de projetos consiste no processo de localizar e solucionar
incompatibilidades entre projetos de diferentes disciplinas, respeitando as restrições de outros
subsistemas, e levando em consideração aspectos de construção, operação e manutenção
(KORMAN; TATUM, 2000). O maior benefício da compatibilização de projetos é a redução
das incertezas na fase de obras (RILEY; HORMAN, 2001), prevenindo custos não orçados e
atrasos de cronograma.
Da forma tradicional, os esforços de compatibilização se dão através da sobreposição
de projetos de diferentes disciplinas, seja de forma física (projetos impressos sobrepostos) ou
6

digital (desenhos em CAD sobrepostos digitalmente em softwares CAD). Esse processo é


completamente manual e depende da atenção, capacidade de visualização e experiência do
profissional responsável. Muitas vezes o processo não é eficiente, e muitas incompatibilidades
somente são percebidas na fase de obras, trazendo custos extras além de atrasos no prazo de
entrega do empreendimento.
Nesse contexto, o uso de ferramentas BIM se apresenta como uma alternativa mais
eficiente, à medida em que elas impossibilitam incompatibilidades entre pranchas de um
mesmo projeto (Ex: planta baixa e vista frontal de projeto arquitetônico), já que é elaborado
um modelo virtual em 3D e não mais desenhos técnicos isolados, os quais apenas representam
partes do objeto tridimensional, no caso o empreendimento. Além disso, o uso dessas
ferramentas possibilita a detecção automática de interferências entre projetos de diferentes
disciplinas, por meio de programas específicos como o Autodesk® Navisworks®.

7. MATERIAL E MÉTODOS
Como método de pesquisa, o trabalho utiliza o estudo de caso, tendo como unidade de
análise uma empresa construtora da cidade de Natal/RN. Como fontes de evidência para
identificar as barreiras e oportunidades na implementação de BIM para compatibilização de
projetos, o trabalho faz uso de entrevistas semiestruturadas além da modelagem e detecção de
interferências de projetos de um empreendimento já finalizado utilizando ferramentas BIM.
Inicialmente, foi elaborado um roteiro de entrevista (Apêndice A) para a realização de
entrevistas semiestruturadas com membros da empresa que estão diretamente envolvidos no
processo de desenvolvimento de produto. A duração média das entrevistas foi de 30 minutos,
e as mesmas foram divididas em 3 blocos: Caracterização e organização da empresa, processo
de compatibilização de projetos e entendimento de BIM.
A seleção dos entrevistados foi feita junto à direção da empresa, para assegurar que os
entrevistados fossem profissionais que pudessem trazer informações relevantes para a
pesquisa, considerando que os mesmos possuem experiência em suas respectivas funções na
empresa. Como a empresa é dividida em incorporadora e construtora, foram selecionados 4
(quatro) entrevistados, sendo dois arquitetos da incorporadora (gerente de projetos e
coordenador de projetos e licenciamento) e os outros dois engenheiros civis da construtora
(diretor técnico e coordenador de contratos).
Ao mesmo tempo em que as entrevistas eram realizadas, foi solicitado à direção da
empresa as versões mais recentes de projetos de um empreendimento já finalizado para a
posterior modelagem e análise de interferências dos mesmos utilizando ferramentas BIM.
Para isso, foi selecionado um empreendimento residencial multifamiliar vertical, o que
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representa a maior parte dos empreendimentos da empresa. Para a modelagem das diferentes
disciplinas, foi escolhido o software Autodesk® Revit®, já para a análise das interferências
foi utilizado o software Autodesk® Navisworks®.
Para a análise dos resultados, foram confrontadas as barreiras e oportunidades
descobertas através das entrevistas e modelagem com as já documentadas na literatura.

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.1. CARACTERIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA


Foi identificado que a construtora estudada é subdivida em duas empresas, sendo uma
incorporadora e uma construtora. A incorporadora é responsável pela parte mercadológica
(estudos de mercado, análise de viabilidade de empreendimentos, marketing e vendas) além
da elaboração de projetos arquitetônicos, licenciamento e contratação de projetos
complementares dos empreendimentos. Por outro lado, a construtora atua como uma
prestadora de serviço, executando as obras de sua cliente (Incorporadora).
As empresas possuem mais de 60 anos de experiência no mercado local de Natal/RN e
atuam principalmente no ramo de empreendimentos residenciais verticais e horizontais.
Dentro da incorporadora funciona o setor de projetos arquitetônicos dos empreendimentos,
sendo assim, juntas, as duas atuam numa variação do modelo de negócios Projeto &
Construção, onde uma única entidade é ao mesmo tempo responsável pelo projeto e
construção (EASTMAN, 2014; CMAA, 2012). No caso estudado, a incorporadora também é
proprietária, tendo total controle do ciclo de vida do empreendimento, através de seu setor de
projetos e da construtora.
A abordagem Projeto & Construção possibilita uma excelente oportunidade para
explorar a tecnologia BIM, levando em conta que uma única entidade é encarregada de
projetar e construir (EASTMAN, 2014). As seguintes vantagens da adoção dessa abordagem
são (CMAA, 2012):
• A abordagem Projeto & Construção consegue produzir um empreendimento em
menor tempo quando comparado ao Projeto-Concorrência-Construção.
• Existe um único responsável contratual pelo projeto e construção.
• Maior eficiência e redução de custos podem ser alcançadas devido ao fato de a
construtora e projetistas trabalharem juntos durante todo o processo.
Apesar de aturem numa abordagem similar à de Projeto & Construção, onde juntas, a
incorporadora e construtora tem total controle do ciclo de vida do empreendimento, o
escritório de projetos atua junto do proprietário do empreendimento (Incorporadora), ao invés
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de atuar em conjunto com a construtora. Por consequência, algumas das vantagens da


abordagem Projeto & Construção não são efetivamente alcançadas. Da forma como ocorre
atualmente, a abordagem se assemelha mais à de Projeto-Concorrência-Construção, onde a
incorporadora contrata um projeto (recorrendo ao seu próprio setor de projetos) e durante a
fase de concorrência, contrata sempre a sua construtora, porém construtora e setor de projetos
atuam de forma independente. Esse processo impossibilita que a incorporadora tenha apenas
um contrato para o projeto e construção, além de limitar os ganhos de eficiência e redução de
custos advindos do trabalho colaborativo contínuo entre projetistas e construtores.
Quanto ao processo de desenvolvimento de produto da empresa, o mesmo é
fragmentado e pautado na documentação impressa (2D) assim como descreve Eastman (2014)
sobre a organização de empresas Pré-BIM. Apesar de alguns esforços de envolver membros
da diretoria das duas empresas além de representantes de escritórios de projetos
complementares durante a fase de projeto, como apontou o gerente de projetos: “A
construtora participa ativamente de todo o processo, através dos comitês de produto onde é
discutida a viabilidade dos mesmos”, não foi consenso entre os entrevistados de que o
processo é colaborativo, como aponta o diretor técnico da construtora: “A construtora não se
envolve de forma significativa na fase de projetos, sendo consultada esporadicamente, e de
forma não sistemática”, “Quando a construtora é consultada, muitas vezes o projeto já está
muito avançado e mudanças não são mais possíveis”.
A falta de comunicação e colaboração durante a fase de projeto foi apontada
principalmente pelos membros da construtora durante a entrevista, onde os mesmos alegaram
que são pouco consultados durante o processo e que quando o projeto chega até eles para que
se faça o orçamento e planejamento da obra, o mesmo já está praticamente definido e não há
mais como fazer mudanças significativas no escopo do mesmo, como aponta o coordenador
de contratos: “A fase de projeto e projetistas são discutidos na incorporadora. A construtora
recebe os projetos apenas para orçar e executar a obra”. Além disso, os membros da
construtora lidam diretamente com as incompatibilidades e omissões dos projetos. Esse
problema foi levantado pelo diretor técnico da construtora: “Muitas vezes o pouco
detalhamento do projeto dá margem a mais de uma interpretação”.
Quando perguntados sobre o processo mais crítico (com maior ineficiência e com
maior oportunidade de otimização) do desenvolvimento de produto os entrevistados
apontaram de forma unânime a fase de projeto, com ênfase na compatibilização de projetos.
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8.2. PROCESSO DE COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS


A empresa não possui procedimento padrão documentado para compatibilização de
projetos, apesar de ter procedimentos padrões para diversos processos, como por exemplo o
de contratação de projetos. Quando perguntados sobre a eficácia, foi consenso entre os
entrevistados que o processo atual da empresa é falho e omisso.
Quanto ao processo atual, houve divergência de informações entre os entrevistados.
Enquanto o gerente de projetos da incorporadora afirmou que existe um profissional
responsável por fazer a compatibilização dos projetos através da sobreposição manual e
análise crítica dos mesmos, o coordenador de projetos e licenciamento foi categórico ao dizer:
“A compatibilização hoje não é feita, nós recebemos os projetos e enviamos para a obra, onde
são identificadas as incompatibilidades”. Enquanto isso, os membros da construtora disseram
que a responsabilidade do processo é da incorporadora, e que desconhecem que o mesmo seja
feito.
Dos quatro entrevistados, três deles (coordenador de projetos e licenciamento, diretor
técnico e coordenador de contratos) disseram que muitas vezes o processo somente é
realizado na fase de construção, o que o torna ineficaz, uma vez que na fase de construção o
custo de mudanças no projeto é maior, e a habilidade de impactar custo e performance é
menor (CBIC, 2016).

8.3. ENTENDIMENTO DE BIM


Quanto ao entendimento de BIM por parte da empresa, apesar de nenhum deles ter
tido nenhum tipo de experiência com BIM, todos os entrevistados demonstraram entender
BIM como uma ferramenta de modelagem que seria utilizada como substituta à ferramenta
atual (CAD).
Os membros da incorporadora definiram BIM como sendo “Uma plataforma de
modelagem com modificações automáticas nas pranchas” (coordenador de projetos e
licenciamento) e “Uma plataforma da qual o Revit® faz parte, e você consegue
compatibilizar, orçar, gerenciar” (gerente de projetos).
Os membros da construtora foram um pouco além e demonstraram entendimento
básicos do BIM no nível 2, onde os mesmos definiram BIM como “Software que facilite o
trabalho de planejar e acompanhar uma obra.” (Diretor técnico) e “Ferramenta de
planejamento, para você se anteceder a problemas que venham a ocorrer na obra”
(Coordenador de projetos), vislumbrando a possibilidade de utilização para planejamento de
obras, provavelmente se referindo a simulações 4 e 5D.
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De modo geral, os membros da empresa vislumbram o BIM como uma ferramenta


substituta às utilizadas atualmente (CAD), sendo que na visão deles a implementação do BIM
não impactaria diretamente os processos de trabalho, funções ou relações contratuais da
empresa, o que seria necessário para a utilização do BIM em estágios mais avançados.

8.4. MODELAGEM
O empreendimento escolhido para a modelagem possui área construída total de
1468,47m², sendo composto de quatro torres de 16 pavimentos de 333,24m² cada, divididos
em seis apartamentos, sendo quatro de 46,25m² e dois de 54,50m². O mesmo conta ainda com
estacionamento e área de lazer (piscina, salão de festas, salão de jogos, quadra poliesportiva,
playground). Para este trabalho foi realizada a modelagem de apenas uma das torres.
Dentre as diversas ferramentas BIM foram adotados os softwares Autodesk® Revit® e
Autodesk® Navisworks®. O primeiro é utilizado para elaborar a modelagem digital da
arquitetura, da estrutura e dos sistemas prediais (hidrossanitário, elétrico, etc) e o segundo
para detecção de interferências e incompatibilidades.
A adoção dos programas da Autodesk® foi dada diante do conhecimento adquirido na
Universidade do Illinois em Urbana-Champaign através do programa Ciência Sem fronteiras
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e na disciplina
de Tópicos Especiais em Arquitetura do curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde foi desenvolvido um projeto de
instalações hidrossanitárias utilizando a ferramenta. Vale lembrar que grande parte dos cursos
de Arquitetura e Engenharia no Brasil adotam os programas desta empresa, assim como
diversos escritório de projetos e construtoras que adotaram o BIM também utilizam os
softwares da Autodesk®.
Após a escolha dos softwares foi feita uma análise geral dos projetos em CAD que
foram disponibilizados pela incorporadora, para maior compreensão do edifício. Já nessa
etapa foram identificadas divergências entre os projetos de arquitetura, e de instalações
hidrossanitárias, onde o projeto de instalações trazia a especificação de um preenchimento na
alvenaria para acomodar tubulações e conexões, o que não era previsto no projeto
arquitetônico, e que diminui as dimensões do ambiente, podendo comprometer o seu uso
(Figura 1). Além disso, não existem detalhes que especifiquem a distribuição espacial de
todos os tubos e conexões presentes nesse preenchimento nos projetos sanitário e hidráulico.
11

Figura 1: Projeto arquitetônico (à esquerda), projeto sanitário (ao centro) e projeto hidráulico (à direita)

Fonte: Projetos cedidos pela incorporadora

Além disso, o projeto hidrossanitário considerava a altura de 2,63cm como sendo do


piso acabado ao forro, enquanto no projeto arquitetônico essa medida é a altura entre o piso
acabado e o fundo da laje do próximo pavimento (Figura 2). Essa duplicidade de informações
pode causas interferências entre o forro e as instalações sanitárias, pois caso não haja espaço
para as mesmas no espaço previsto entre o forro e a laje, o forro deve ser rebaixado para
acomodar as mesmas. Assim como no enchimento de alvenaria da Figura 1, caso o
rebaixamento do forro diminua as dimensões do ambiente abaixo das indicadas pelo código
de obras (no caso, pé direito mínimo), o empreendimento pode enfrentar problemas para
receber o auto de conclusão de obra (Habite-se), certidão expedida pela Prefeitura atestando
que o imóvel está pronto para ser habitado e foi construído conforme as exigências legais.

Figura 2: Projeto arquitetônico (à esquerda) e projeto hidráulico (à direia)

Fonte: Projetos cedidos pela incorporadora

Na sequência foi iniciada a modelagem da arquitetura através da importação do


projeto cedido em CAD para o Revit® para servir como ponto de partida. A partir da
modelagem da arquitetura, foram feitas de forma separada as modelagens das outras
disciplinas (Estrutura, instalações hidrossanitárias e instalações elétricas) para simular a
fragmentação do processo na empresa. Os resultados podem ser observados na Figura 3.
12

Figura 3: Projetos modelados em software BIM (Arquitetura, Estrutura e Instalações, respectivamente)

Fonte: Autor

Durante a modelagem, foram identificadas diversas omissões no projeto, o que


dificulta sua compatibilização e também a própria modelagem, já que as duas precisam de
geometria precisa. Um exemplo de omissão é a Figura 1, que mostra diversas tubulações e
conexões do projeto de instalações hidrossanitárias, porém não existe nenhuma vista,
representação isométrica ou detalhe que possibilite a visualização dos elementos de forma
mais clara, deixando margem para diferentes interpretações. Após a modelagem dos projetos,
os mesmos foram exportados para o software Autodesk® Navisworks®, onde foram feitas
análises de interferências entre as disciplinas de estrutura, arquitetura, instalações
hidrossanitárias e instalações elétricas. Para as análises de incompatibilidades, foi considerado
apenas um pavimento tipo, devido a natureza repetitiva dos pavimentos tipo, o que retornaria
interferências similares, apenas repetidas em outros pavimentos. Os resultados podem ser
vistos nas Figuras 4 e 5, e na Tabela 1.

Figura 4: Projetos importados no software de análise de modelos

Fonte: Autor
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Figura 5: Exemplos de interferências entre projetos de instalações hidrossanitárias e estrutural (à esquerda) e


instalações elétricas e estrutura (à direita)

Fonte: Autor

Tabela 1: Quantidade de interferências entre disciplinas para um pavimento tipo


Arquitetura Hidrossanitária Elétrica Estrutura
Arquitetura * 904 202 332
Hidrossanitária 904 * 16 429
Elétrica 202 16 * 64
Estrutura 332 429 64 *
*Não se aplica
Fonte: Autor

Os testes de detecção de interferências retornaram resultados positivos entre todas as


disciplinas conforme mostrado na Tabela 1. Os mesmos sugerem que não haja colaboração e
comunicação suficientes entre os projetistas, além de que a omissão de informações e
dificuldade de visualização intrínsecos à documentação em 2D dificulta uma compatibilização
eficiente por parte da incorporadora.
Muitas das interferências encontradas, assim como as da Figura 5, são muitas vezes
consideradas normais, sendo a busca da solução das mesmas considerada tarefa comum em
canteiros de obra. O fato de que os projetos cedidos eram as versões mais recentes indica que
as interferências encontradas foram identificadas e solucionadas apenas durante a fase de
obras, o que provavelmente resultou em soluções não otimizadas, gerando custos extras e
atrasos no cronograma.

8.5. BARREIRAS E OPORTUNIDADES


A partir de análise das entrevistas e da modelagem e detecção de interferências dos
projetos cedidos pela empresa, foram levantadas barreiras e oportunidades para uso do BIM
na compatibilização de projetos, que podem ser divididas nas categorias: Pessoas, Processos,
Tecnologia e Financeira, conforme o Quadro 3:
14

Quadro 3: Barreiras e oportunidades


Categoria Barreiras Oportunidades
Definição de um plano de implementação, com objetivos claros,
Resistência às mudanças
para saber como o BIM pode agregar valor para a empresa
Maior interação entre universidades e empresa com o objetivo
Falta de mão-de-obra
avaliar erros e acertos para seguir um manual de boas práticas
especializada
Pessoas BIM
Falta de informação da Elucidação da diretoria da empresa, para que a mesma possa
diretoria fomentar a implementação de novas tecnologias
Aprendizagem de novas tecnologias à medida em que se ganha
Longo tempo de adaptação
experiência com novos processos mais eficientes
Promoção de um processo colaborativo através de relações
Processo de projeto
contratuais que possibilitem trabalho simultâneo de projetistas
fragmentado
com participação da construtora
Baixo nível de integração Aumentar nível de integração nas fases de Projeto (buscando
entre incorporadora e melhores de projeto) e Construção (visando otimizar processos
Processos
construtora para reduzir custo e prazo)
A não adoção da tecnologia Promover mudança no mercado local através da contratação de
por fornecedores e projetistas projetistas e fornecedores adaptados à tecnologia
Definição prévia do nível de detalhamento dos projetos visando
Baixo nível de detalhamento
uma posterior compatibilização de projetos mais eficiente
Adaptação à novos softwares Modernização dos softwares para que os mesmos se adequem
e serviços aos novos processos de trabalho
Tecnologia
Adaptação à novos Hardwares Modernização do hardware para conseguir executar os
(Computadores, servidores) softwares BIM de forma eficiente
Investimento no treinamento da equipe é menor do que
Alto custo de treinamento
contratar profissional pronto no mercado
Aquisição de licenças de Investimento em aquisição de licenças de softwares BIM e
Financeira softwares BIM e hardware hardware terá impacto na redução dos custos de projeto e
para executá-los construção
Atual momento econômico da Aproveitar momento de pouco volume de trabalho para
empresa ou do país implementar novas tecnologias e se diferenciar no mercado
Fonte: Autor

Os resultados obtidos se assemelham às dificuldades já documentadas em outras


pesquisas (SILVA; COELHO; MELHADO, 2015; LIU, 2015). Por não haver um
conhecimento ou experiência de BIM mais profundo por parte dos membros da empresa,
importantes barreiras como a falta de padronização nacional e barreiras legais - como
questões contratuais para uso do BIM em estágios mais avançados - não foram levantadas.
Quanto às pessoas, as barreiras são principalmente relacionadas à treinamento,
adaptação, resistência à mudança e mudança da cultura da empresa. Essas barreiras
apresentam oportunidades de capacitação e reciclagem das equipes, promovendo uma
elevação do nível técnico das mesmas.
Grande parte das barreiras levantadas faz referência aos processos da empresa. No
modelo atual, o processo é fragmentado, a troca de informações não é satisfatória e muitas
vezes o projeto não apresenta nível de detalhamento suficiente para a compatibilização. Além
disso, foi lembrada a problemática da não adoção da tecnologia por fornecedores e projetistas,
apesar de já haver vantagens da implementação de BIM no estágio 1 (SUCCAR, 2009). Essas
barreiras representam a oportunidade de rever todo o processo de desenvolvimento da
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empresa, de modo a torná-lo mais colaborativo e eficiente. Além disso, a uso de BIM para
compatibilização de projetos alavancaria uma melhora no nível de detalhamento dos mesmos,
além de fomentar a implementação por parte dos projetistas e fornecedores.
Na categoria de tecnologia, foram identificadas barreiras relacionadas à
implementação de novos softwares e serviços, aliadas ao hardware necessário para fazer uso
desses produtos. A utilização dessas novas tecnologias representa a modernização de
softwares e hardwares da empresa, para que se adequem a novos processos de trabalho.
Por último, foram identificadas barreiras do tipo financeiras. Elas envolvem os custos
de implementação, como consultorias, treinamentos, licenças de software e compras de novos
equipamentos. Além disso, foi levantado pelos entrevistados o momento atual da empresa,
que não possui lançamentos de novos empreendimentos e passou por um corte de parte de sua
equipe técnica. Esses fatores representam uma oportunidade de investir em inovação e
otimização de processos justamente num momento de volume reduzido de trabalho, tendo
sempre em mente que os investimentos se feitos da forma correta vão trazer retornos futuros,
além de fazer com que a empresa se torne mais competitiva no mercado.

9. CONCLUSÕES
O uso do BIM no processo de compatibilização de projetos traz inúmeras vantagens
quando comparado aos métodos tradicionais. Ainda assim, a sua implementação apresenta
barreiras e oportunidades, de natureza pessoal, organizacional, de processos e financeira.
A identificação de barreiras e oportunidades funciona como um diagnóstico inicial que
tem como objetivo verificar quão pronta a empresa se encontra atualmente para implementar
BIM no processo de compatibilização de projetos. Os resultados sugerem que o processo atual
de compatibilização de projetos da empresa não é satisfatório e que muitas interferências só
são identificadas e resolvidas na fase de obras. Nesse contexto, se faz necessário que empresa
analisada (Incorporadora e construtora) invista em treinamento e capacitação da equipe
técnica, reveja processos (elabore procedimento padrão de compatibilização de projetos e
promova uma maior colaboração), além de que a mesma invista em tecnologia e avalie os
possíveis retornos sobre investimento antes de decidir implementar BIM para
compatibilização de projetos.
O estudo de uma única unidade de análise aumenta a incerteza dos resultados obtidos,
sendo arriscado garantir a generalização dos mesmos para empresas de outros portes ou que
atuem em outros mercados ou segmentos da construção civil. Mais pesquisas se fazem
necessárias para avaliar a validação das barreiras e oportunidades de uso do BIM na
compatibilização de projetos identificadas neste estudo.
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10. REFERÊNCIAS

CBIC, Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras, Câmara


Brasileira da Insústria e da Construção. Disponível em http://cbic.org.br/bim/, acesso
novembro 2016.

CMAA, Construction Management Association of America, “An Owner’s Guide to Project


Delivery Methods, 2012,” CMAA, Internet, Disponível em http://cmaanet.org/files/Owners%20
Guide%20to% 20Project%20Delivery%20Methods%20Final.pdf, accesso em 17 Outubro 2016.

EASTMAN, Chuck et al. Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da


construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Bookman
Editora, 2014.

ERNSTROM, Bill et al. The contractors' guide to BIM. Associated General Contractors of
America, Arlington, VA, 2006.

KORMAN, Thomas M.; TATUM, C. B. Computer Tool for Coordinating MEP Systems.
In: Proceedings of the Computing in Civil and Building Engineering (2000). ASCE
California, United States, 2000. p. 1172-1179.

LEITE, Fernanda et al. Identification of data items needed for automatic clash detection in MEP
design coordination. In: 2009 Construction Research Congress. 2009. p. 416-425.

LIU, Shijing et al. Critical Barriers to BIM Implementation in the AEC Industry. International
Journal of Marketing Studies, v. 7, n. 6, p. 162, 2015.

MACHADO, Fernanda A.; RUSCHEL, Regina C.; SCHEER, Sergio. Análise bibliométrica da
produção brasileira de artigos científicos na área de BIM. In: ENCONTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 16., 2016, São Paulo. Anais... Porto Alegre:
ANTAC, 2016.

NBIMS, National BIM Standard - United States, Disponível em:


https://www.nationalbimstandard.org/files/NBIMS-US_FactSheet_2015.pdf, acesso em outubro,
2016.

OLOFSSON, T. et al. Benefits and lessons learned of implementing building virtual design and
construction (VDC) technologies for coordination of mechanical, electrical, and plumbing. 2007.

RILEY, D. R.; HORMAN, M. J. Effects of design coordination on project uncertainty.


In: Proceedings of the 9th Annual Conference of the International Group for Lean
Construction (IGLC-9), Singapore. 2001.

SILVA, T.F.; COELHO, K.M.; MELHADO, S.. Projetos industriais – barreiras para a
implementação da Modelagem da Informação da Construção. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015,
Recife. Anais... Porto Alegre: ANTAC, 2015.

SUCCAR, Bilal. Building information modelling framework: A research and delivery foundation
for industry stakeholders. Automation in construction, v. 18, n. 3, p. 357-375, 2009.
APÊNDICE A - Roteiro de entrevista

Cargo do entrevistado:

Bloco 1: Caracterização e organização da empresa:

• Como é o processo de desenvolvimento de produto da empresa? Quais são as etapas?


• Na sua opinião, quais são os pontos críticos desse processo? (Quais são os pontos com
maior ineficiência e que podem ser otimizados).
• Como se dá a integração e troca de informações entre a incorporadora, projetistas e
construtora durante o processo?
• Em que momento a construtora se envolve no processo? Nesse ponto do processo,
ainda pode haver grandes mudanças no escopo do projeto?
• Os projetistas de sistemas prediais são envolvidos no processo? Eles podem sugerir
modificações de projetos de outras disciplinas?

Bloco 2: Processo de compatibilização de projetos:

• Como é feita a compatibilização de projetos?


• Em que momento se dá a compatibilização de projetos?
• Quais são os pontos críticos da compatibilização de projetos?
• Quão eficiente é a compatibilização de projetos?
• Como se dá a resolução das interferências?

Bloco 3: Entendimento de BIM:

• Descreva o que você entende por BIM.


• A empresa faz uso do BIM? Caso não, qual é o principal fator para a não
implementação?
• A empresa tem a pretensão implantar o BIM dentro de 5 anos?
• Já existe algum plano de implementação?
• Qual são as principais barreiras para a implementação do BIM na empresa?
• Quais tipo de vantagens você acha que a implementação do BIM poderia trazer?

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