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Secretaria Administrativa
Caio Tedeschi de Amorim (Seção São Paulo)
ISSN 0102-8030
Terra Livre
Publicação semestral da
Associação dos Geógrafos Brasileiros
ANO 28 - Vol. 1
NÚMERO 38
Terra Livre São Paulo Ano 28, Vol. 1, n.38 p.1-203 Jan-Jun/2012
Terra Livre
Conselho Editorial: Alzenir Severina - Seção Local Recife | Anderson Bem - Seção Local Mal Candido Rondom |
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Claudinei Lourenço - DEN/Coordenação de Publicações | Claudio Ubiratan Gonçalves - DEN/Coordenação de Publicações
| Cristiane Cardoso - Seção Local Rio de Janeiro | Charlles Antunes da França - DEN/Coordenação de Publicações |
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Local Niterói | Fernando Conde Veiga - Seção Local Belo Horizonte | Flávio Palhano Fernandes - Seção Local Vitória |
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Moura - Seção Local Londrina | João Damasceno - Seção Local Campina Grande | João Edmilson Fabrini - Seção Local
Mal Candido Rondom | Joelma Cristina dos Santos - Seção Local Ituiutaba | José Messias Bastos - Seção Local Florianópolis
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Rodrigues Mendonça - GT Agrária| Marcelo Garrido - Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Chile | Márcio
da Costa Berbat - Seção Local Rio de Janeiro | Marcos Antonio Campos Couto - Seção Local Niterói | Margarida Cássia
Campos - Seção Local Londrina | Margarida Pereira - Universidade Nova de Lisboa, Portugal | Maria Adailza Martins de
Albuquerque - Seção Local João Pessoa | Maria de Fátima Ferreira Rodrigues - Seção Local João Pessoa | Maria Lúcia
Pires Menezes - Seção Local Juiz de Fora | Marilda Teles Maracci - Seção Local Vitória | Natália Freire Bellentani - Seção
Local São Paulo | Paulo Sérgio Cunha Farias - Seção Local Campina Grande | Paulo César Scarim - DEN/Coordenação de
Publicações | Rosemeire Aparecida de Almeida - Seção Três Lagoas | Silvana Lúcia da Silva Lima - GT Agrária | Sinthia
Christina Baptista - Seção Local Porto Alegre | Verônica Ibarra - Universidad Autonoma do México, UNAM | Vitor Koiti
Miyasaki - Seção Local Ituiutaba | William Rosa Alves - Seção Local Belo Horizonte
Ficha Catalográfica
Terra Livre, ano 1, n.1, São Paulo, 1986 - v. ils. Histórico:
Grupos de Trabalho| 17
ARTIGOS
NOTAS | 147
ENTREVISTA |177
Geografias e a AGB
NORMAS | 195
Normas para Publicação
Summary
FOREWORD | 13
WORKGROUPS | 17
ARTICLES
NOTES |147
INTERVIEW | 177
Geografias e a AGB
STANDARDS | 195
Standards for publication
Sumario
EDITORIAL | 15
GRUPOS DE TRABAJO | 17
ARTÍCULOS
NOTAS | 147
ENTREVISTA | 177
Geografias e a AGB
NORMAS |195
Normas para publicación
EDITORIAL
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o importante e fecundo diálogo entre a Geografia brasileira e a Geografia pro-
duzida em diversos outros países da América Latina, que se encontram nos
Encontros e agora se juntam também nas páginas da Terra Livre nº 38.
São publicados, também, uma entrevista, na verdade muito mais um diálogo,
com o professor Douglas Santos, no qual buscou-se debater alguns pontos que
perpassam a Geografia atual e dois documentos resultantes de uma prática que, a
nosso ver, merece ser retomada e aperfeiçoada pelos geógrafos preocupados em
reinventar o trabalho intelectual na e através da AGB – a elaboração de estudos,
associados mais diferentes movimentos sociais, e que de alguma forma já vêm
cumprindo a tarefa de ampliar o acesso as informações sobre fatos, processos e
projetos que impactam a sociedade brasileira em todas as escalas e dimensões.
Esses documentos que são resultados também da importante contribuição dos
Grupos de Trabalho da AGB (GTs), que como já dito reafirmam os objetivos
de ampliação dos diálogos da Terra Livre, o que pode ser novamente reforçado
com o histórico editorial de seu primeiro número, que diz: “decidimos que seria
essencial e prioritário equiparmos a entidade com uma revista de circulação nacional, que
tivesse como pretensão transpor os muros da “comunidade geográfica”.
Que seja boa a leitura; fecunda a aprendizagem e extenso o alcance dos
debates aqui anunciados! É o que esperamos propiciar com esta publicação.
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A Word from the Publisher
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Education. Especially, this issue of our magazine also features articles that ce-
ment the important and fertile dialogue between Brazilian Geography and the
Geography produced in several other Latin American countries, which meet at
conferences and are now coming together on the pages of Terra Livre # 38
as well.
This issue also brings an interview – in fact, more of a conversation
-, with Professor Douglas Santos, in which we discuss a few points related
to today’s Geography and two documents resulting from a practice which we
believe deserves to be resumed and improved by geographers dedicated to
reinventing their intellectual work at and through AGB – the preparation of
studies associated to a wide variety of social movements, and who somehow
have been fulfilling the task of expanding the access to information about
facts, processes and projects that impact the Brazilian people in each and every
way. Those documents are also the product of the important contribution pro-
vided by AGB’s Work Groups which, as previously said, reaffirm the goals of
expanding Terra Livre’s conversation. That fact can be once again reinforced
by our first issue’s historic word from the editor, which states: “we decided it would
be essential and a priority to equip the entity with a magazine circulating nationwide and
which was meant to leap over the wall of the “geographic community.”
May you enjoy your reading; may the learning be fruitful, and far-rea-
ching the scope of the debates announced herein! That is what we hope to
provide you with in this publication.
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Editorial
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formas más críticas y comprometidas de pensar/producir sobre la Enseñanza
de Geografía. En especial este número de la revista trae también artículos que
concretizan el importante y fecundo diálogo entre la Geografía brasileña y la
Geografía producida en diversos otros países de América Latina, que se en-
cuentran en los Encuentros y ahora se juntan también en las páginas de Terra
Livre nº 38.
Se publica, también, una entrevista, en verdad mucho más un diálogo,
con el profesor Douglas Santos, en la cual se buscó debatir algunos puntos que
sobrepasan la Geografía actual y de los documentos resultantes de una práctica
que, para nosotros, merece ser retomada y perfeccionada por los geógrafos
preocupados en reinventar el trabajo intelectual en y a través de AGB –la ela-
boración de estudios, asociados pero diferentes movimientos sociales, y que de
alguna forma ya vienen cumpliendo la tarea de ampliar el acceso a las informa-
ciones sobre hechos, procesos y proyectos que impactan a la sociedad brasileña
en todas las escalas y dimensiones. Esos documentos que son resultados tam-
bién de la importante contribución de los Grupos de Trabajo de AGB (GTs),
que como ya se dijo, reafirmaron los objetivos de ampliación de los diálogos de
Terra Livre, lo que puede ser nuevamente reforzado con el histórico editorial
de su primer número, que dice: “decidimos que sería esencial y prioritario equipar la
entidad con una revista de circulación nacional, que tuviera como pretensión transponer los
muros de la “comunidad geográfica”.
¡Que sea buena la lectura; fecundo el aprendizaje y extenso el alcance de
los debates aquí anunciados! Es lo que esperamos propiciar con esta publicación.
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Grupos de
Trabalho
Impactos socioambientais dos grandes
projetos de desenvolvimento: o caso do
Complexo Industrial-Portuário do Açu
Resumen: Este artículo fue compilado a partir del informe “Impactos socioambientais do
Complexo Industrial-Portuário do Açu (2011)”, producido por el GTAgrária AGBs de Río
de Janeiro y Niterói para apoyar la lucha de los campesinos del Norte Fluminense contra los
impactos generados por megaempreendimento llevado a cabo por Grupo X de Eike Batista
con el apoyo injustificable y abierta del Estado brasileño, en especial el gobierno del estado
de Río de Janeiro. El artículo se propone examinar el caso del CIPA como emblema de la
actual patrón de desarrollo que se está implementando en Brasil, donde la apropriación de las
tierras y los recursos en los países de la periferia por las gran corporaciones transnacionales se
convierte en la base para la expansión de la acumulación capitalista en contexto de la crisis de
las economías centrales.
Abstract: This article was compiled from the report “Impactos socioambientais do
Complexo Industrial-Portuário do Açu (2011)”, produced by GTAgrária AGBs of
Rio and Niterói to support the struggle of peasants from North Fluminense against the
impacts generated by megaempreendimento carried out by Group X from Eike Batista with
unjustifiable and overt support of the Brazilian state, especially the state government of Rio
Terra Livre São Paulo/SP Ano 28, V.1, n.38 p.19-53 Jan-Jun 2012
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de Janeiro. The article proposes to examine the case of CIPA as emblematic of the current
pattern of development that is being implemented in Brazil, where the apropriation of lands
and resources in the peripheral countries by transnational corporations becomes the basis for
the expansion of capitalist accumulation in context of the crisis of the devepoled countries.
Apresentação
Introdução
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1 “A sobreacumulação é uma condição em que o excedente de capital (por vezes acompanhado de exce-
dentes de trabalho) está ocioso sem ter em vista escoadouros lucrativos (Harvey, 2004, p.124).
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2 Embora Coronil tenda a reduzir o território à dimensão natural, considerando apenas a base física,
com o que não concordamos, importa aqui o seu argumento que ressalta a importância da exploração da
natureza para a acumulação de capital na contemporaneidade.
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4 Em março de 2012 a Justiça Federal acatou pedido de liminar do Ministério Público Federal de Minas
Gerais (MPF-MG) e decidiu paralisar as obras da mina e do mineroduto, por prejuízo ao patrimônio
histórico. FONTE: Hoje em Dia - 21/03/2012.
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5 A Resolução CONAMA N° 303 de 20 de março de 2002 dispõe sobre parâmetros, definições e limites
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6 Os trechos citados acima foram retirados dos RIMAs, conforme já referenciado em AGB/GTAgrária, 2011.
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7 “§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a fornecer informações
adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.
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8 O termo é usado em Engenharia e Mineração para designar genericamente os produtos naturais, não
servíveis a curto prazo, que necessitam ser colocados de lado, provisória ou definitivamente. Na Enge-
nharia Civil, os bota-foras são constituídos por material inconsolidado retirado de escavações (solo, areia,
argila) ou material rochoso proveniente de escavações, cortes e túneis.
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3. O processo de desapropriação e
reassentamento das famílias
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9 O contrato diz que as famílias receberão as escrituras seis meses após a regularização da situação jurídi-
ca da terra, o que segunda informações que circulam na região está emperrado por disputas judiciais em
torno do controle da área envolvendo os grupos X e Othon e a justiça trabalhista.
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Caruara, para a qual está prevista a implantação de uma RPPN, como parte da
compensação ambiental pelos danos provocados pela instalação do CIPA, e
contraditoriamente como já analisado acima, uma termelétrica à carvão mineral.
No caso das áreas que estão sendo desapropriadas pela CODIN, os pro-
blemas envolvem a forma de notificação, erros de vistoria, subavaliação e assé-
dio moral. A ASPRIM relata que as famílias têm sido intimidadas por agentes
de segurança privada, contratados pela LLX, pela policia militar do 8° Batalhão
de Campos e por ações criminosas, como o caso de agricultores que tiveram
suas terras e lavouras invadidas e destruídas em pleno final de semana e no
período noturno.
Por outra, as tratativas da CODIN no caso das desapropriações tem sido as
piores possíveis, com ações fraudulentas, onde grande parte das famílias tem re-
cebido – a título de garantia e negociação de suas terras – um pequeno rascunho
de papel, sem carimbo, assinatura, marca oficial da instituição, apenas anotações
a caneta registrando o valor venal da terra, o valor das benfeitorias e o valor a ser
pago na desapropriação. Não há nestes casos, nenhum mandato oficial da justiça,
muito menos a presença de agente judiciário para acompanhar o processo.
Somente na fase de implantação da UCN (fase 1) os agricultores relatam
que serão cerca de 80 pequenas propriedades rurais desapropriadas, além de
1.403 lotes urbanos localizados no distrito de Barra do Açu. De toda forma,
fica evidente que o artigo 265 da Constituição Estadual que prevê que em caso
de remoção deve haver negociação com as famílias para garantir o reassen-
tamento das mesmas está sendo desrespeitado, uma vez que as famílias são
unânimes em afirmar que a fazenda Palacete não oferece condições adequadas
para o reassentamento, pois trata-se de terras degradadas e de áreas irrisórias.
Também não foi cumprida a obrigatoriedade de indenização prévia e
desenvolvimento de programas de readaptação também anteriores à remoção,
pois as famílias foram removidas antes das novas residências terem sido con-
cluídas, assim como deixaram de plantar em suas terras antes de terem os novos
lotes entregues. Cabe ressaltar também a baixa, insuficiente e frágil assessoria
jurídica prestada às famílias.
Especialmente nas localidades de Água Preta e Mato Escuro (São João da
Barra) há forte insatisfação de trabalhadores com o fato de que placas simples-
mente foram colocadas indicando a desapropriação das terras e sua destinação
para unidades do CIPA, sem que qualquer esclarecimento tenha sido prestado
aos trabalhadores. Moradores relatam inclusive que bons laçadores são contra-
tados para capturar gado dos pecuaristas da região e soltá-los à noite, no meio
da estrada, como forma de pressioná-los a sair da área.
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Considerações finais
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Social e o Instituto Justiça Ambiental, moveu uma Ação Civil Pública contra o
Grupo X, o INEA, o IBAMA e a CODIN, denunciando as “inconformidades
legais relativas ao licenciamento ambiental do empreendimento denominado
terminal portuário - Distrito Industrial do Açu” (Ação Civil Pública, São João
da Barra, 2012).
Em março do mesmo ano, a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ
esteve em São João da Barra recolhendo depoimentos de moradores da região,
o que resultou num Relatório que critica as arbitrariedades cometidas durante
o processo de desapropriação.
Além disso, ao longo do último ano foram produzidos vídeos, realizados
seminários e reportagens denunciando as injustiças sociais e ambientais come-
tidas em nome do desenvolvimento na região.
Por ora, a maior parte da população da região parece não olhar critica-
mente o projeto, com expectativas de melhoras na qualidade de vida, diante
das maciças propagandas vinculadas pela grande mídia e pelos governos mu-
nicipais, estadual e federal, porém, como vimos acima, os grandes projetos de
desenvolvimento raramente trazem benefícios para a maioria da população.
É preciso que se diga à custa de que se promove esse desenvolvimento.
Aonde vão se instalar os novos moradores destas cidades que prevêem um
crescimento de 5 a 10 vezes a população atual? E ainda, de onde se espera que
venham os alimentos para as populações urbanas, já que a ofensiva contra a
pequena agricultura e os sem-terra continua? Do agronegócio? Dificilmente,
uma vez que este se concentra tradicionalmente e cada vez mais nas culturas
voltadas para a exportação e agora também para os agrocombustíveis.
Enfim, a criação do CIPA está produzindo em Campos e São João da
Barra incertezas, ameaças, indignação em função do atropelo dos direitos so-
ciais, ambientais e fundiários destas famílias, diante da prioridade dada pelas
autoridades do estado do Rio de Janeiro aos interesses do grande capital em
detrimento das condições de vida da população fluminense.
Afinal, como nos diz Fontes em sua análise sobre o capital-imperialismo
no Brasil,
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BIBLIOGRAFIA
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Artigos
Formación ciudadana en Iberoamérica: la
apuesta desde las ciencias de la educación,
las ciencias políticas y el enfoque crítico
de la geografía1
Resumen: La reflexión surge del interés por el tema del ciudadano y la formación ciudadana
en Iberoamérica, concretándose en la tesis doctoral: Formación ciudadana en perspectiva de los estudios
del territorio como estrategia pedagógica, cuyo propósito fue fundamentar la formación ciudadana
desde el potencial pedagógico de los estudios del territorio. Teóricamente se ocupa de la
constitución del ciudadano territorial como base de la ciudadanía orientada al fortalecimiento de
la democracia; operativamente se centra en el potencial pedagógico y el reto didáctico de los
estudios del territorio para las ciencias sociales, políticas y humanas. Al efecto, se acepta que
en la actualidad, en Iberoamérica, no se cuenta con el ciudadano requerido para afianzar la
democracia; que como éste no nace, es necesario contribuir a formarlo en contexto, de manera
consciente e intencionada para que, ligado al territorio que habita, construye y semantiza, pueda
desplegar junto a otros, una ciudadanía renovada, más activa y crítica, orientada al respeto por la
1 Las reflexiones planteadas surgen de la investigación de tesis doctoral en educación, línea formación
ciudadana de la Universidad de Antioquia, titulada: Formación ciudadana en perspectiva de los estudios
del territorio como potencial pedagógico. La experiencia PUI-NOR en Medellín-Colombia, realizada en
2009-2011, con el apoyo de los grupos de investigación Didáctica de la Educación Superior-DIDES y
Medio Ambiente y Sociedad-MASO.
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Resume: The reflection arises from interest in the topic of citizenship and citizenship
education in Latin America. This reflection took shape in the doctoral thesis: formation of
citizen perspective studies of the territory as a pedagogical strategy. Witch was designed to
support the civic education from the educational potential of the territory studies. Theoretically
it deals with the constitution of the territorial citizen as basis of citizenship aimed to strength
democracy. Operationally it focused on the educational potential and the didactic challenge
of the territory studies for social, political and human sciences. In fact, it is accepted that at
present, in Latin America, there isn´t the required citizens to strengthen democracy, He/she
is not Born like this, you need help to form it into context, consciously and intentionally so,
rooted in the land dwelling, built and semanticezes, can deploy alongside other, a renewed
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citizenship, more active, critical, respect for difference and the recognition of plurality oriented, to
building coexistence and democracy. The purpose is to contribute to democratic debate, making
visible the pedagogical and didactic options granted by citizenship education in studies perspective
planning, supported in approaches to education and political sciences and critical geography. The
theory-practice relationship, citizenship training and studies of the territory. Is the contribution to
boost the teaching of social sciences, political and human. With emphasis on geography.
Keywords: City, democracy, land, education, citizenship education, territorial citizen.
Presentación
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en bases teóricas que deben ser explícitas desde el orden filosófico, sociológico
y psicopedagógico para que, de conjunto, dirijan la enseñanza y el aprendizaje
(Díaz y Quiroz, 2005).
Así las cosas, formar en un determinado campo del conocimiento es,
consecuentemente, un proceso consciente e intencionado en tanto no solo de-
fine en qué hacerlo y cómo llevarlo a cabo sino, fundamentalmente, para qué se
hace, su finalidad e intencionalidad. Formación ciudadana, entonces, entendida
ante todo como proceso, en virtud a su nexo con la pedagogía como funda-
mento de las ciencias sociales, vinculada al carácter de proceso social de la edu-
cación, en relación directa con la sociología y la filosofía de la educación, con
la psicopedagogía y la didáctica; a la vez, como proceso educativo que acontece
no sólo, pero si preeminentemente, en el sistema educativo y se concreta en
la escuela; y, muy en particular, dirigida a los niveles básicos de la educación,
orientada por la teoría de los procesos conscientes, para ampliar las posibilida-
des del conocimiento, aspirar a adquirir y ser un auténtico ciudadano territorial,
en capacidad y dispuesto a actuar en escenarios democráticos, con el propósito
de contribuir a gestar cambios y a transformar positivamente la realidad.
Esta formación habrá de considerar al ser humano, hombre o mujer,
como individuo y, potencialmente, como ciudadano, más allá del estatus legal
y mejor aún, en perspectiva actitudinal, política y critica; no al ciudadano sim-
plemente como perteneciente a la sociedad glo-cal, dado que no todos los seres
humanos alcanzan la categoría de ciudadano (Santos, 1998). Tendrá que ir más
allá del aprendizaje del cómo y el para qué de la ciudadanía, adentrándose en la
enseñanza y más aún, en el proceso de enseñanza-aprendizaje e identificando
además el qué de la formación del ciudadano, de la ciudadanía y de la demo-
cracia, en contexto. No podrá solamente aspirar a generar ciudadanos cívicos,
buenos y responsables, fieles al sistema político imperante y a la política pública
educativa reguladora del sistema educativo vigente.
Será en cambio su tarea, complementar este carácter republicano del ciu-
dadano, la ciudadanía y la democracia, haciéndolo además democrático, parti-
cipativo, social, activo y, ante todo, político y crítico frente al establecimiento y
las políticas públicas en que se sustenta, particularmente las alusivas al sistema
educativo. Deberá concebirse en la escuela, por finalidad y encargo social, de
manera prioritaria, pero no exclusiva. Tendrá que educar en y sobre la ciuda-
danía, el estatus de ciudadano, el proyecto político democrático, la sensibilidad
crítica frente al proyecto político imperante y, a las políticas públicas educativas
que guían el sistema educativo (Pulgarín, 2008).
Los procesos de formación del ciudadano territorial, por lo general,
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vida social que al sistema político, sin que ello signifique una despolitización sino
una “ciudadanización de la política” en tanto los ciudadanos activos “participan
activamente en los asuntos de la comunidad (…) se sienten responsables por el
rumbo que tome el país” (Lechner, 2000, p. 31).
Y, críticos, en tanto posee la capacidad crítica propia de la reflexividad aso-
ciada a la praxis (Magendzo, 1996; Freire, 2005) que le hace ser consciente del fin
de la existencia: “conquistarse, hacerse más uno mismo, y conquistar el mundo,
hacerlo más humano” (Freire, 2005). En suma, que promueve y orienta el ejerci-
cio de una ciudadanía renovada, en procura de ser democrático y más humano.
Este ciudadano territorial también posee perfiles cívicos; es alternativo,
más contemporáneo y enmarcado por el contexto; activo, social, crítico, polí-
tico y democrático; capaz de ejercer la ciudadanía requerida para construir de-
mocracia. Resulta de la combinación entre estatus y actividad dado que, como
conocedor y poseedor de instrumentos para la acción, está dispuesto para la
transformación de la realidad ejercitando la ciudadanía. No es sólo un esta-
tus, una condición básica, normativa y jurídica; es, a la vez, una actividad que
subvierte el orden injusto e inequitativo establecido, una manera de vivir en
medio de la diferencia, una forma de actuar individual y colectivamente en
marcos éticos (Magendzo, 2004). Por ello, es este ciudadano quien semantiza el
territorio, quien se arraiga fluida y libremente al lugar, dotándolo de sentidos,
encontrando motivación y estímulo para el ejercicio de la ciudadanía, dirigida
a la construcción del proyecto democrático. Como tal, en ejercicio de su ciu-
dadanía, este ciudadano está dispuesto a contribuir en la construcción del ideal
democrático en donde existe, se palpa y ubica en un lugar, en un territorio, en
un espacio geográfico delimitado, en una temporalidad dada.
El valor del individuo que nace depende del lugar que habita. Por ello,
el acceso a los bienes y servicios esenciales para una vida digna, tanto públi-
cos como privados, dependerá de esta ubicación territorial, la cual, las más
de las veces, implica desigualdades y exclusiones territoriales para obtener lo
esencial que la vida demanda (Santos, 1998). Es allí en donde puede o no ser
efectivamente ciudadano; en donde se concreta la práctica de su ciudadanía; en
donde es posible la construcción democrática anhelada; en donde podrá o no
contribuir, individual y colectivamente a mejorar los niveles de bienestar gene-
ral siendo, como un todo, producto del territorio, desde el territorio y para el
territorio. Además, requiere del lugar, del espacio geográfico semantizado para
actuar como tal; el ejercicio de su ciudadanía también tendrá clara referencia
territorial; consecuentemente, igual acontecerá con la democracia.
Resulta lógico a esta altura de la reflexión, enfatizar en que debe ser un
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y las influencias contextuales sobre tales formas (García, 1976, p. 87). Además
de materialidad, se requiere, para generar y configurar el territorio, dotarla de
los sentidos propios - semantización - de quienes la habitan. Estos sentidos
se constituyen en una relación sociocultural que es marco de referencia
de las identidades, de las representaciones sociales que se visibilizan en las
prácticas sociales, catalogadas como acontecimientos que ponen en relación, a
hombres y mujeres, con las condiciones materiales en que viven. Como tales,
proponen también su articulación y establecen, de este modo, las reglas del
juego de la sociedad. Por ello, esos sentidos son una realidad social diversa,
conforme la multiplicidad de reglas que pueden implementar las heterogéneas
sociedades humanas. El territorio proporciona un parámetro de referencia
para la constitución de la identidad y la representación social, que se proyecta
simbólicamente en el universo cultural, significando ámbitos de autopercepción
y autodiferenciación, resultado del proceso dialéctico entre la capacidad que
tienen los diversos actores de reconocerse y de distinguirse de los otros, el cual
surge del deseo de apropiación del territorio y de la consciencia que adquieren
de su materialidad. Identidad y representación, así descritas, responden más
a procesos socioculturales y sociopolíticos que a la historia o al espacio
originario (Echeverría y Rincón, 2000, p. 30). En la constitución de identidades
y representaciones sociales, base de las prácticas sociales, resaltan, como sus
componentes, lo individual-subjetivo, con acento en el reconocimiento personal;
también un reconocimiento externo, que implica al otro que es diferente, y, por
último, la expresión de intereses sobre las cuales se construye sentido colectivo
(Sánchez, 2007, pp. 28-39).
El territorio se convierte en punto de referencia para el surgimiento de
la práctica social. En ello intervienen impactos que continuamente la reestruc-
turan desde lo económico, lo político y lo social. De ahí que la relación entre
práctica social y territorio no sea estática, rígida, ni inmutable. Las identifica-
ciones, como resultado de esta relación dialéctica, son transitorias, fugaces, se
forman y se disuelven, no están dadas, se construyen (Sousa, 1998, pp. 161-
188) socioculturalmente. Al respecto coincidimos con Ortiz (1998, p. 24-42) y
Martín-Barbero (2001, p. 17-29), quienes advierten acerca de dos significados
opuestos del término “identidad”, que inciden en la construcción sociocultural
del territorio y, por tanto, en su concepción. Hasta hace poco, identidad aludía
a raíces, raigambre, tiempo largo, memoria simbólicamente densa. En la actua-
lidad, implica redes, flujos, movilidades, instantaneidad, desanclaje, a manera
de raíces móviles o en movimiento, aquellas sin las cuales no se puede vivir
— sin embargo, muchas de ellas impiden caminar — (Ortiz, 1998, p. 23). Es
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decir, los sujetos poseen referencias, pero no propiamente raíces que los fijan
físicamente al territorio. Ello posibilita que los esfuerzos de la construcción so-
ciocultural, en particular los asociados con los procesos productivos, culturales,
de organización ciudadana, política y religiosa, logren mayor éxito cuando las
interacciones visibles en las prácticas, se encuentren enraizadas territorialmente
(Zermeño, 1999, p. 184).
Aunque se perciban cambios en la manera como los sujetos dan significado
a sus territorios y constituyen identidades y representaciones que están a merced
de las circunstancias (Pécaut, 1999, pp. 8-35) —y, por tanto, son frágiles y trans-
territoriales (Martín-Barbero, 1998, p. 26)—, el territorio ofrece la posibilidad de
significar las acciones humanas, es decir, las prácticas sociales y, al tiempo, brinda
opciones para elaborar diversas formas de conocimiento de la realidad societal, la
vida que le habita y le dota de sentido, en medio del vaivén de las fuerzas econó-
micas, políticas y sociales que implican los procesos que conducen la construcción
sociocultural (Sousa, 1998, pp. 85-131). La época contemporánea sugiere que las
ópticas para el análisis territorial deben conjugar la diversidad, la variabilidad, la
inestabilidad y la múltiple coexistencia de órdenes, de tal modo que el surgimiento
de identidades, vinculaciones, lazos y las mismas formas de habitar los territorios,
estén atravesadas por movimientos y flujos que las relocalizan.
La semantización emana de la relación dialéctica entre materialidad y cons-
trucción sociocultural, aludiendo, por tanto, a los sentidos emergentes que dan
lugar al territorio, en contextos donde acontecen relaciones de poder (Lopes de
Souza, 2009, p. 78). Así, la consideración del territorio como objeto de apropia-
ción simbólica y real por parte de la colectividad, escenifica la posesión cultural
que los grupos humanos despliegan mediante acciones que lo delimitan, marcan
y significan (García, 1976, p. 29 y 77). Nos referimos a la semantización como
la transformación mediante la cual la materialidad del territorio modifica la ac-
tividad humana, haciendo que la organización social se estructure y cambie en
función de ella, adaptada al contexto territorial y, al tiempo, a aquella por medio
de la cual la colectividad realiza, en la materialidad, sucesivas transformaciones
histórico-culturales, representativas de las prácticas sociales acumuladas y de los
valores culturales agregados (Echeverría, 2001, p. 220). Ella se entiende mejor,
partiendo de que ocurre en la medida en que los individuos y los colectivos ima-
ginan, representan, sienten y conciben el territorio de cierta manera, y desde estas
imágenes y representaciones, con su práctica social, lo construyen. A la vez, el
territorio habitado marca estas maneras de imaginar, representar, sentir y percibir,
es decir, determina orientaciones y formas de las prácticas sociales.
Mientras la construcción sociocultural crea y modifica el territorio, este
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Síntesis provocativa
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O Estudo do Lugar nos anos iniciais do
ensino fundamental
Resumo: O texto aborda o processo de ensino e de aprendizagem nos anos iniciais assumindo
a posição de uma prática de ensino mais dinâmica para que o aluno possa não só dar significado
ao que está sendo ensinado, mas, também, compreenda a realidade. Entendemos que tal
postura implica uma concepção que reconheça o aluno como sujeito da sua aprendizagem e,
ainda, motive - o a superar os conhecimentos espontâneos por meio de novos conhecimentos
que articulados possam ser reelaborados dando significação ao conteúdo desenvolvido em
sala de aula. A análise apresentada neste artigo está fundamentada no fato que a criança
constrói o conceito de lugar por meio do contato direto com o objeto o que significa não
apenas o que está próximo e concreto, mas o que pode (também) ser distante e concreto. É
importante ter claro que a realidade é construída pelos homens na relação com o trabalho, com
a sociedade, considerando que há conflitos e contradições no cotidiano. A geografia contribui
para entender o real e, na perspectiva geográfica pode passar pelo estudo do lugar e do espaço
vivido, percebido e concebido do ponto de vista das relações sociais, das ocupações e da
construção dos espaços geográficos tendo como referência os processos históricos e o meio
físico, considerando os diferentes tempos e grupos sociais. O desafio é como proceder para
realizar esta tarefa, por isso o texto apresenta resultados de pesquisa onde se pode constatar
como acontece este aprendizado atualmente.
Palavras chave: geografia - espaço - lugar - anos iniciais
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Abstracts: The text approach is the process of teaching and learning in the early years
assuming the position of a teaching practice more dynamic so that the student can not only
give meaning to what is being taught, but also understands the reality. We believe that such
a stance implies a concept that recognizes students as subjects of their learning and also
motivate the knowledge spontaneous overcome through new knowledge that can be articulated
reworked giving meaning to the content developed in the classroom. The analysis presented
in this article is based on the fact that the child constructs the concept of place through direct
contact with the object which means not only what is near and concrete, but what can (also)
be distant and concrete. It is important to be clear that reality is constructed by men in relation
to work with the company, considering that there are conflicts and contradictions in everyday
life. Geography helps to understand the real and the geographic perspective can pass through
the study of place and space lived, perceived and conceived in terms of social relationships,
occupations and geographic areas of the building with reference to historical processes and
the environment physical, considering the different ages and social groups. The challenge is
how to accomplish this task, so the text presents research results where you can see how this
learning takes place today.
Keywords: geography-space-place-early years
Introdução
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Em pesquisas sobre a temática realizada tanto com alunos das series ini-
ciais como com seus professores aparece o mesmo tipo de problema. Espaço
é o espaço físico, e a geografia é aquela que estuda as paisagens, os dados da
natureza; tempo é o do relógio é o da duração da aula e do recreio e grupo é
um conjunto de pessoas, tudo abstrato, neutro. Falta a dimensão política que
queremos ter presente e que a nós interessa para formação cidadã, sendo que
a geografia pode fornecer as ferramentas intelectuais para entendimento do
mundo em sua complexidade.
Em pesquisa realizada com alunos de mestrado em educação numa dis-
ciplina pode-se constar a dificuldade de expressão sobre estes conceitos tanto
do ponto de vista do desenhar como de escrever sobre os mesmos. De outro
modo percebeu-se também o desconhecimento de quanto podem ser impor-
tantes estes conceitos para a significação da aprendizagem. Como dados im-
portantes é adequado informar o nome da disciplina- “Espaço e tempo na
Pesquisa em Educação” quais são os sujeitos envolvidos são professores em
formação, nos cursos de pedagogia e licenciatura. A metodologia utilizada e os
resultados são apresentados a seguir:
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Considerações
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parte do cotidiano das crianças e que podem ser analisados do ponto de vista
científico. A escola, no esforço de transmitir conteúdos que passam por cons-
tantes mudanças, acaba criando uma caricatura do que vem a ser conhecimento
escolar, não conseguindo incorporar nem a realidade.
Uma perspectiva desse contexto é assumirmos, como afirma Arnay (1998:
45) que a cultura científica escolar, no processo de compreensão de um fato so-
cial – como é a ciência, faz parte de um momento histórico e social determinado
e produz uma série de consequências que afetam os cidadãos, os quais deveriam
desenvolver, ao longo da sua escolarização, um conhecimento que lhes permitis-
sem compreender os processos desencadeados pela ciência ao seu redor.
Trata-se, portanto, de estabelecer um espaço intermediário, no qual os
processos de ensino traduzem e tornam compatíveis concepções cotidianas
implícitas e aspectos conceituais tácitos de maior complexidade, parte dos quais
poderiam ser adaptações ajustadas e simplificadas da estrutura histórica e con-
ceitual da ciência, porém, sem oferecer o conhecimento científico como único
modelo e meta do conhecimento escolar, como afirma ainda Arnay (1998).
Embora o trabalho na escola tenha como referência básica os saberes
científicos, ela é um lugar de encontro de culturas, de saberes científicos e coti-
dianos. A escola lida, então, com culturas no interior da sala de aula e em seus
outros espaços, inclusive nos que estão fora e ao redor dela.
Nessa perspectiva, é condição para a ocorrência de uma aprendizagem
significativa não só o modo como ele será ensinado e aprendido, mas como o
conteúdo será organizado. Uma proposta didática que contribua para desen-
volver o raciocínio dos alunos, integrando as várias áreas do conhecimento e
uma compreensão mais critica da realidade é o que estamos buscando. Assim,
o professor poderá avaliar o nível de compreensão que os alunos possuem dos
conceitos que estão sendo tratados em sala de aula, estabelecendo conexões
entre os diferentes lugares, cenários geográficos e as percepções dos alunos em
relações a realidade vivenciada
Referências Bibliográficas
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Formação de professores dos anos iniciais
do ensino fundamental: considerações
sobre escola, conhecimento, linguagem e
ensino de Geografia
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Abstract: This paper presents a brief consideration of the training of teachers of the early
years of elementary school. We emphasize that for the construction of knowledge needed
for teaching practice at this stage of education is central to a movement along the formative
path. The explicit problematization which point: the reason for the elementary school, the
design of the meaning of knowledge in the context of the education proposals, the role of
languages in the school context and the recognition of identities of curricular knowledge. In
addition, we highlight aspects that identify the rationale and the role of geography teaching in
teacher training, as well as purposeful weights noted for working with this component of the
curriculum in the early years of elementary school.
Keywords: Teacher of the early years of elementary school, school, knowledge, language,
teaching of geography.
Résumé: Ce document présente un bref examen de la formation des enseignants des premières
années de l’école élémentaire. Nous soulignons que c’est la construction des connaissances
nécessaires pour enseigner la pratique à ce stade de l’éducation est au cœur du mouvement
le long de la voie formative. La problématisation explicite Quel est le point: la raison pour
laquelle l’école primaire, la conception de la signification de la connaissance dans le contexte
de l’éducation propositions, le rôle des langues dans le contexte scolaire et la reconnaissance
des identités de la connaissance du curriculum. En outre, nous mettons en évidence les aspects
qui permettent d’identifier la raison d’être et le rôle des enseignement de la géographie dans
la formation des enseignants, ainsi que des poids motivantes relevées pour travailler avec cette
composante du programme d’études dans les premières années de l’école élémentaire.
Mots-clés: enseignants des premières années de l’école, l’école élémentaire, la connaissance, la
langue, l’enseignement de la géographie.
INTRODUÇÃO
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[...] Então eu acho assim... mesmo dentro das escolas, alguns professores
negligenciam um pouco tanto geografia, quanto história, quanto
ciências e focam só em português e matemática, que é o foco na
nossa formação na pedagogia... né... então eu acho sim que deveria
sim ter alguma coisa relacionada sim não só em geografia, mas nessa áre-
as história, ciências, artes para que o professor também seja capacitado
pra dar essas aulas porque... são disciplinas diferenciadas as de por-
tuguês e matemática então acabo ficando muito em uma coisa e pouco
em outras que são também importantes pras crianças[...] (depoimento
de uma professora da rede pública do município de São Paulo, out 2011)
(Apud Cerqueira, 2011, p. 47,grifo do autor)
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De onde falamos
A problematização
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Uma boa parte das escolas que conhecemos tem colocado como referência
de existência a disciplina do corpo e do pensar. Desenvolve-se nesse processo ma-
neiras de pensar o mundo que a cada dia comprovamos suas limitações. O que sa-
lientamos como uma possibilidade para se tencionar a discussão sobre os sentidos
da escola na formação inicial do professor aponta para outros encaminhamentos.
A escola é um lugar onde se desenvolvem práticas educativas. Isso sig-
nifica assinalar que ela deve ter como premissa o entendimento de que trata
de relações sociais que envolvem o ser humano. O aluno deve ser visto como
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elementos da pauta do trabalho daqueles que ensinam. É condição sine qua non
para a realização do trabalho do professor, no contexto educativo, considerar
que o sujeito - parte da relação de ensino aprendizagem - é detentor de vivências
e, portanto carrega algum tipo de experiência de mundo.
Ainda sobre as experiências de mundo, vale realçarmos que na escola ou fora
dela ocorre um movimento riquíssimo que nem sempre é captado. A possibilida-
de que os seres humanos possuem de se apropriar do que já conhecem. As ações
cotidianas (as experiências) vão revelando inúmeras necessidades no processo de
transformação do mundo. Isso implica lançar mão de ferramentas para reconhecê-
-las, distingui-las, organizá-las e principalmente ressignificá-las. (Amapá, 2000)
A escola nesse processo de desenvolvimento de estruturas de raciocínio
pode ser um lugar diferenciado, permitindo ao aluno retomar as experiências
de mundo de maneira cada vez mais dotada de atributos. Dessa maneira cada
experiência já se trata de um conhecimento (em movimento) que a criança porta.
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desse ato de conhecer, (pois vai depender de como ele concebe o mundo) mas
não podemos negar ao sujeito o fato de que ele já está conhecendo alguma coisa
ao estabelecer relações como os mais diferentes elementos de sua cotidianidade.
A nossa experiência nos permite saber de acontecimentos. Há uma reve-
lação que se dá em movimentos. São ações permitidas ao sujeito na sua relação
com o objeto, mas não são os acontecimentos na totalidade.
Por essa razão há a necessidade de chamarmos a atenção de que o co-
nhecimento sempre é um processo em construção (e ele não pode ser finito).
Isso deixa claro que o saber, como a citação de Lefebvre enfatiza, não é uma
revelação que se dá lá no final do movimento... É necessária uma ação.
Vivenciar a sala de aula nos seus diferentes aspectos já implica um tipo de
reconhecimento. Há sujeitos/objetos em intensas relações. O conhecimento
não pode ser visto como uma situação que vai ser atingido no final do ato de in-
vestigar, mas sim um processo que, no caso, o sujeito que averigua dialoga com
o objeto. Reconhecer formas, orientações, distâncias e conexões, por exemplo,
implica um dialogo permanente. Isso exige ressignificações em todo percurso,
isto é, o conhecimento não se realiza no fim, mas sim ao longo do processo.
Nesse ponto podemos fazer menção aos problemas que a racionalidade
iluminista construiu e até os dias de hoje que se fazem presentes na nossa ma-
neira de pensar. Por hora basta pelo menos assinalar o fato de que a revelação da
verdade no contexto iluminista ocorre no final do processo. MORAES (2003)
Pensar dessa maneira nos representa a perspectiva de trazer a discussão
da construção do conhecimento, na escola, para o sujeito. Dá-se vida a algo
que nem sempre é tomado como referência. Ao centrarmos o processo de
aprendizagem no aluno estamos dimensionando o que ele porta de vivências e
como ele interage com o mundo.
Quando há uma preocupação de se construir o reapropriar-se das experi-
ências para a partir delas superar o entendimento do que aquilo significa há um
movimento relacionado a elaboração de perguntas. Isso associado a busca do sig-
nificado da indagação é um ponto importantíssimo, como veremos mais adiante .
Acontece que ao tratarmos de conhecimento é preciso, ao menos, pon-
tuar sobre como ele é construído pelos seres humanos.
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[...] A linguagem, que é meio pelo qual um ser humano pode comunicar
e, de facto, agir com os membros do seu grupo, é indispensável ao pleno
desenvolvimento de um ser humano com a capacidade de usar o conhe-
cimento e o raciocínio como meio de orientação sob a forma de símbolos
linguísticos. Todos eles possuem funções humanas que são dirigidas de
umas pessoas para as outras. Eles são tornados possíveis pela forma es-
pecífica que caracteriza a vida conjunta dos seres humanos em grupos e,
por seu lado, possibilitam esta forma específica [...]
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Não é possível pensar que os seres humanos possam viver, isto é, execu-
tar ações voltadas a suprir suas necessidades para a manutenção da vida, se não
levarmos em conta a capacidade de interagirem.
As relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza têm a
característica inexorável de modificar o mundo de forma contínua. São infinitas
experiências de mundo que acontecem desde que os seres humanos surgiram
no planeta. Os diferentes saberes que emanam dessas vivências distinguem os
grupos sociais ao longo da história da humanidade.
Os saberes, aos serem articulados, tornam-se uma ferramenta importante
para as ações humanas, pois a cada demanda que surge nas vivências sociais, as
respostas partem do que já se conhece para refletir sobre o novo. Surge assim,
no acúmulo de vivências organizadas mentalmente e sistematizadas, maneiras
diferenciadas, a cada momento, de se compreender e atuar.
Cada grupo social elabora seus hábitos alimentares, suas expressões reli-
giosas, artísticas, linguísticas etc. Trata-se do fato de que cada povo constrói sua
cultura e essa distinção é fundamental para parametrizar a vida nas sociedades.
Exatamente nessa dinâmica de se (re) tomar para si os conhecimentos
construídos social e historicamente é que ocorre o que nos representa o mais im-
portante: a sistematização de experiências vem acompanhada de ressignificações.
É nesse movimento, de cotejamento e sistematizações de diferentes ex-
periências de mundo que dimensionamos a possibilidade de oferecer – para
aqueles que experimentam o contexto escolar, práticas educativas de ressignifi-
cações das nossas vivências de estar no mundo, visando intencionalmente agir
sobre ele.
Diante desse quadro é que pensamos o contexto escolar. O lugar escola,
além de dar tratamento as sensações que marcam o cotidiano, deve trabalhar a
possibilidade de reordenar/sistematizar o conhecimento que os alunos carregam.
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Criar condições para que os futuros professores dos anos iniciais viven-
ciem e sistematizem a possibilidade de pesquisar, organizar e ministrar aulas de
Geografia tem colocado para todos nós constantes questionamentos.
Os encaminhamentos de cópias de mapas, descrições exaustivas de re-
levos, continentes e cidades, exercícios de coordenadas de longitude e latitude
jogos de localização e ainda jograis que identificam o nome dos países e suas
respectivas capitais, embora sejam já há muito bastante discutidos e conside-
rados inoperantes, pois se fundamentam na junção de dados e na perspectiva
mnemônica, sem que se façam as ponderações sobre as adequações e relações
que envolvem cada uma dessas situações, são ainda muito presentes nessa etapa
do ensino fundamental.
Soma-se a isso, outra prática constante: quando se fala em organizar o
ensino de Geografia a perspectiva de se iniciar pela comunidade mais próxi-
ma, a escola e a família; passando pelo município e depois o estado; aparece
como os conteúdos a serem desenvolvidos. Acontece que essa sequencia linear,
ancorada na teoria dos círculos concêntricos, também tem recebido críticas
contundentes (CALLAI, 2005), em função da desarticulação das partes e fun-
damentalmente por que não contribui na construção de se ver o mundo como
um processo.
Nesse seguimento de muitas dúvidas há também o movimento de mu-
niciar os professores com diversas fontes de informação e novas tecnologias
de comunicação. São mapas, letras de música, poesias, textos literário, infantis
assim como computadores, softwares, lousa digital etc. para a realização do tra-
balho. Uma infinitude de materiais e ferramentas que nem sempre são devida-
mente compreendidas e vinculadas aos porquês de cada ação pedagógica, apre-
sentando falsas questões e tênues resultados na relação ensino - aprendizagem.
De fato encontramos carências, de várias ordens, que têm atingido a for-
mação dos professores e, por conseguinte suas aulas.
Mas, se as ações de memorizar e acumular informações não devem ser os
nossos únicos objetivos, qual seria, então, a finalidade de se ensinar Geografia
nos anos iniciais do ensino fundamental?
Em oposição ao ensino de Geografia que tem uma de suas bases na
perspectiva de que aprender Geografia é decorar o nome dos lugares ou ainda
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Nesse sentido salientamos que não basta ao aluno saber que está num
lugar chamado escola, se não entendermos o que significa escola e onde ela se
encontra em relação às demais, assim como não basta identificar o bairro des-
contextualizado do município a que ele pertence. Entre reconhecer os lugares
a partir das vivências e ser capaz de construir uma sistematização é preciso que
reflitamos sobre o significado dessas vivências nesses lugares. Por outro lado
caberá à escola oferecer ao educando a experiência de se apropriar de ferra-
mentas intelectuais que viabilize o adensamento dessa reflexão.
Então, tal como veremos mais adiante, assinalamos que aprender a ler e
escrever sobre a [...] geograficidade [...] (DARDEL 2011, p.1) do mundo tendo
como referência o papel da linguagem – [...] linguagem e realidade [que] se
prendem mutuamente [...] (FREIRE, 2001) - é aproximar-se do processo de
alfabetização que caracteriza a escola básica. Ou ainda, em outras palavras, é
dar condições para que o aluno se aproprie dos conhecimentos, se reconheça
tomando como referência as localizações, dialogando como sujeito geográfico
com os processos que estuda.
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palavras faladas ou escritas, cores, gestos, sons, músicas etc.) para que, além de
se viver no mundo sejamos capazes de pensar sobre ele.
Isso significa tornar maior a capacidade da descrição. O movimento dos
alunos na direção da apropriação de palavras que estejam vinculadas aos obje-
tos e ações que observa é vital.
Deve ficar claro que ter ciência do nome (dos elementos que caracte-
rizam a paisagem) das coisas (além de suas qualidades e ações) não define o
conhecimento de sua geografia. Os elementos compõem a distinção dos lu-
gares. Além de reconhecer que elementos são esses, devemos localizá-los para
se desvendar o sentido que possuem por estarem onde estão. Por essa razão é
que se fala que a localização de quem observa interfere nos juízos de valor que
resultam dessa experiência.
Assim as noções espaciais aqui, ali, acolá, perto, distante, esquerda, direi-
ta, acima ou abaixo, à frente ou atrás devem se tornar de uso organizado e, nes-
se contexto, o uso da linguagem cartográfica vai se tornar uma das ferramentas
básica dessa aprendizagem. Se por exemplo as montanhas, conjuntos habita-
cionais, estradas, favelas, shopping center, aldeias, plantações de soja, fábricas,
rios, continentes, encosta de morro, bairros, países, regiões do Brasil, florestas,
escolas e pessoas têm seus lugares, conseguir representar tais localizações é
uma das formas mais diretas e eficientes de compreender o significado geográ-
fico que possuem.
Vale reforçar, ainda, que o ensino da Geografia não se resume a identifi-
car o nome das coisas e representa-las cartograficamente (SOUZA, J.G. e KA-
TUTA, A.M. 2001). É preciso que saibamos que a localização de todas as coi-
sas é determinante na definição do significado que possuem. Longe ou perto,
por exemplo, não é somente uma noção de distância métrica, mas poderá nos
informar como os objetos sobre os quais estamos prestando atenção acabam
influenciando uns aos outros.
Em Geografia tais distâncias não podem ser associadas somente a valo-
res numéricos. Não é muito difícil reconhecermos que determinadas pessoas
que vivem a muitos quilômetros de nós estão mais próximas de nossas vidas
que alguns dos nossos vizinhos. Hoje em dia, a existência da internet e de todos
os meios eletrônicos de comunicação acabaram por, definitivamente, revolu-
cionar nossas noções de distância.
Por último, depois de identificar a presença dos elementos, saber seus no-
mes, localizá-los de forma a posicioná-los uns em relação aos outros, o pensar
geográfico estará articulado quando conseguirmos saber como a coexistência
de posições define as dinâmicas e os significados dos lugares.
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Geografia Humana: “desregionalização” (in)consequente?1
1 Texto extraído (e modificado) da tese de doutorado – “Geografia regional: um resgate teórico da ma-
croescala” – orientada pela Professora Ester Limonad e defendida, na UFF, em 11/11/2011.
Terra Livre São Paulo/SP Ano 28, V.1, n.38 p.121-146 Jan-Jun 2012
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INTRODUÇÃO
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Nesse sentido, Diniz Filho (2002, p. 157) critica o conceito de região ado-
tado por Francisco de Oliveira (1993), pois considera o mesmo inoperante, inclu-
sive “para o estudo da dinâmica dos ‘novos espaços econômicos’ (...)”. O autor
ressalta que, na concepção de Oliveira (1993), “não se pode falar de regiões nos
marcos da hegemonia do capital monopolista sobre o processo produtivo em
escala nacional (...)” já que Oliveira “sustenta que em vários países capitalistas
avançados já não seria possível encontrar regiões, mas apenas ‘zonas de localização
diferenciada de atividades econômicas’ (...)”. (DINIZ FILHO, 2002, p. 156).
Diniz Filho (2002) questiona essa noção de “zonas de localização dife-
renciada” de Oliveira (1993). Segundo o autor, essas zonas, conceitualmente,
não se distinguiriam de diferenciações do espaço delineadas pela divisão regio-
nal do trabalho. Além do mais, Diniz Filho (2002, p.155) considera deficiente
a explicitação do “movimento assintótico”, ou seja, a contradição entre a ten-
dência à homogeneização espacial e o caráter desigual e combinado das rela-
ções de produção capitalista, pois esse movimento contraditório constitui um
marco importante das ideias de Oliveira (1993). Segundo Diniz Filho (2002),
esse movimento não é desenvolvido teoricamente por Oliveira (1993, p. 27)
que, no entanto, trata, mesmo assim, dessa contradição ao afirmar que “existem
‘regiões’ em determinado espaço nacional” e que, também,
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Castells (1999, p.437) salienta ainda que “há enorme defasagem entre
nosso excesso de desenvolvimento tecnológico e o subdesenvolvimento so-
cial.” Nesse sentido, cabe especular que a idéia de compressão espaço-tempo de
Harvey (1994) também contribuiu para o desenvolvimento das teorias sociais
críticas, porém, parece que, simultaneamente, estimulou os discursos sobre o
fim do espaço (e da Geografia). Harvey (1994, p. 264), ao tratar da “aniquila-
ção do espaço por meio do tempo” na modernidade e na pós-modernidade
destaca, inclusive, a dimensão espacial e suas variações geográficas, mas, talvez
tenha ficado a impressão de que a velocidade do tempo da mercadoria subtrai
o espaço geográfico ao invés de fragmentá-lo e rearticulá-lo. Provavelmente,
também, prevaleçam, nesse caso, confusões conceituais entre distância espa-
cial e espaço geográfico.
Harvey (1994, p. 260), portanto, ao se referir à mobilidade do capital (e
do trabalho) sob o regime de acumulação flexível salienta que a “efemeridade e
a comunicabilidade instantânea no espaço tornam-se virtudes a ser exploradas
e apropriadas pelos capitalistas para os seus próprios fins.” Nesse âmbito,
Zygmunt Bauman (2008, p.53) difere claramente os grupos detentores de fácil
mobilidade espacial das “pessoas que não são livres para se mover e trocar de
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(2005), o capital – na sua forma atual – adquiriu uma “condição nômade” mui-
to mais significativa, a sua instalação espacial é parcialmente compatível com a
respectiva estabilidade regional que, todavia, torna-se cada vez mais reduzida
em termos temporais.
Há, de acordo com Harvey (2005), um desequilíbrio permanente e cres-
cente entre a reprodução ampliada dos capitais oligopolistas e as infraestruturas
materiais. A produção e, principalmente, a circulação de mercadorias se depa-
ram com o que ele denomina de “inércia geográfica” que, contraditoriamente,
possibilita a reprodução ampliada do capital, mas também inibe sua expansão
em maior escala. Segundo Milton Santos (1985, p.67), dentro “de uma região,
os capitais fixos são geografizados segundo uma lógica que é a do momento de
sua criação. Isso tem um inegável papel de inércia.”
Sobre a “coerência estruturada” no espaço (regional), Harvey (2005) ressalta
a contradição entre a materialidade funcional do território - inércia relativa – e a
mobilidade de capital e trabalho, essa última diretamente atrelada à necessidade de
giro rápido de capital (competição oligopolista). Segundo Harvey (2005, p.147):
Para Harvey (2005) essa coerência regional tende a ser cada vez mais tem-
porária sendo, ainda, definida basicamente por determinações externas. Harvey
(2005) defende que os deslocamentos espacial e temporal oferecem amplas opor-
tunidades para a absorção dos excedentes (inaproveitados) de capital e força de
trabalho. Instabilidade acentuada e estabilidade relativa das configurações regio-
nais constituem, assim, movimentos fundamentais da geopolítica atual do capital
oligopolista. Contradições entre os fixos e os fluxos manifestam-se na (re) produ-
ção das (des)organizações espaciais. Assim, segundo Harvey (2005, p.150):
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Não obstante, David Harvey (2004, p.113) salienta ainda que “(...) as po-
pulações desses territórios vulneráveis que têm de pagar o preço inevitável em
termos de perdas de ativos, perda de empregos e perda de segurança econômi-
ca, para não mencionar perda de dignidade e de esperança.”
Diante desse quadro macroeconômico e macropolítico, como situar a
macrorregião, a região-zonal e mesmo a região-rede? Em termos de funcionali-
dade parece menos difícil situar essas regionalidades/teritorialidades nesse con-
texto (hiperimperialista) de “destruições criativas” e de recriações territoriais
instantâneas. Mas, e em termos de conteúdo formal? O campo aparente das
formas (materialidades) regionais não reflete o domínio estrutural pertinente
aos processos gerais de reprodução ampliada dos capitais financeiros?
Milton Santos (1978, p.199) assinala que a “sociedade não se pode tornar
objetiva sem as formas geográficas.” Segundo Santos (1997, p.101) “de um
lado a estrutura necessita da forma para tornar-se existência e, de outro lado, a
forma-conteúdo tem um papel ativo no movimento do todo social.” E acres-
centa: “tornada forma-conteúdo pela presença da ação, a forma torna-se capaz
de influenciar, de volta, o desenvolvimento da totalidade, participando assim,
de pleno direito, da dialética social.” (SANTOS, 1997, p.101).
Ruy Moreira (2002, p.57) ressalta as novas formas sociais e espaciais (ou
as deformações espaciais no sentido cartesiano?) de regulação capitalista em
que “a globalização financeira poliformiza o valor e o trabalho, e assim libera o
espaço do híbrido e da diferença (...)”. E como referência (memorial) ao “atual
espaço mundial em rede” (MOREIRA, 2002, p.54), o autor trata da produção
capitalista original do espaço (industrial) onde havia, segundo ele, maior nitidez
dos arranjos regionais. Assim, segundo Moreira (2002, p.53):
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daquilo que é em geral descrito como descontrole fiscal dos países que
contraem empréstimos.
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2 Seja pela variável psicossocial e/ou pela lógica inerente ao aumento da composição orgânica do capital
(que, como mais uma contradição imanente, leva à tendência a queda da taxa de lucro).
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Em relação às ideias que sinalizam para o fim das regiões, Lencioni (2000,
p.167) considera tal leitura equivocada e afirma que esses autores contribuem para
esvaziar “o conteúdo espacial da realidade”. Com base na interpretação da autora
pode-se entender que leituras dogmáticas, pseudoestruturalistas, não-dialéticas,
dentre outras ou mataram a região (e o Estado-nacão) ou então a reduziram à sua
função produtiva na economia mundial. Segundo Lencioni (2000), a desconside-
ração da dimensão física da natureza na Geografia Regional e a redução da região
a um produto da divisão territorial do trabalho constituem procedimentos de
determinados geógrafos que adotaram – de maneira pouco cuidadosa – métodos
marxistas para interpretação de processos socioespaciais.
Regionalizações derivadas desses procedimentos, para Sandra Lencioni
(2000), resultam de visões que consideram determinantes os processos gerais
e pouco relevante o espaço; mas, a autora reconhece também outro extremo: a
ocorrência dos “exageros regionais” contidos em certos trabalhos, pois nesses
casos, a região é colocada como sujeito social. Sobre essa última concepção,
Soja (1993) e Lipietz (1988) produziram reflexões interessantes sobre a reifica-
ção regional, as chamadas “metáforas espaciais” que, camuflariam as lutas de
classes e “retirariam da história” os sujeitos e agentes sociais.
Cabe reforçar que, por um lado, o debate em torno da dialética socioespa-
cial proporcionou avanços epistemológicos e motivou algumas posturas de “ad-
vertência permanente” aos tratados geográficos que reduzem o espaço a um tea-
tro ou mesmo a um palco dos acontecimentos sociais e naturais. Mas, por outro
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3 Grosso modo, pode-se afirmar que as três instâncias sociais tratadas por autores como José Luis Cora-
ggio, Manuel Castells e Milton Santos (esse último acrescenta uma quarta, no caso o espaço geográfico)
– dentre outros – são definidas pelas dimensões política, econômica e cultural-ideológica. Para Santos
(1978, p.148) “A estrutura espacial não é passiva mas ativa, embora sua autonomia seja relativa, como
acontece às demais estruturas sociais.”
4 Ver crítica sobre o “espaço-sujeito” em Souza (1988). Para uma reflexão sobre ontologia espacial ver Oliva
(2001).
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(...) Lévy (1999) deixa implícita uma distinção entre local, enquanto es-
cala cartográfico-matemática, instrumento de análise, poderíamos dizer,
e lugar, enquanto concepção geográfica, no sentido de incorporar um
conteúdo sócio-espacial específico (...) O lugar pode ser então pequeno
ou grande em termos físico-cartográficos (...).
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Para Armando Corrêa da Silva (1978, p.7) o lugar é multiescalar sendo que
“o espaço é pois o maior lugar possível (...) o lugar manifesta-se como área, re-
gião, território”. Todavia, o que se questiona é o tratamento em relação aos estu-
dos regionais e, praticamente, o abandono das pesquisas em escala macroespacial.
Dentre as categorias espacias, Sandra Lencioni (2000:155) considera que
a Geografia Humanística aborda preferencialmente o lugar e paisagem. E em
relação à região, Alejandro Benedetti (2009, s.p.) afirma que desde “la perspec-
tiva fenomenológica, la región pasa a ser un espacio de vida, un espacio vivido por
y desde individuo (...) la diferenciación geográfica está asociada a la subjetividad
de los indivíduos, a su percepción (...)”.
Em geral, o espaço de vida é tratado na Geografia Humanística na es-
cala local e a região, muitas vezes, confunde-se como o lugar, com o espaço
vivido sendo ainda restritiva a sua perspectiva escalar. João Batista Ferreira de
Mello (1990, p.102) assinala que na Geografia Humanística as “fronteiras entre
a fenomenologia, existencialismo, idealismo e hermenêutica não são muito rígi-
das”, porém, segundo o autor:
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Mirlei Fachini Vicente Pereira (2004, p.349), por sua vez, considera que
um problema “a ser enfrentado pelo entendimento da noção de região como
espaço vivido é justamente a nítida aproximação da idéia de lugar, e a indefini-
ção de uma escala espacial (...)”. Para o autor, a Geografia Humanística, de ins-
piração fenomenológica, “prioriza a categoria lugar em suas abordagens, ainda
que com variações significativas do conceito.” (PEREIRA, 2004, p.345). Assim,
segundo Pereira (2004, p. 342-343):
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Frémont (1980, p.167) assinala que “de uma maneira geral, a região apre-
senta-se como espaço médio, menos extensa do que a nação ou o grande espa-
ço de civilização, mais vasto do que o espaço social de um grupo (...)”. A região,
desta forma, comparece como uma “unidade essencial de regulação espacial”
(FRÉMONT, 1980, p.115), ou seja, em termos escalares, a região situa-se entre
as relações sociais horizontais e verticais, entre os vastos e pequenos espaços.
Para o autor, a maior ou menor coerência e a especificidade dos espaços estão,
inclusive, relacionados ao tamanho (e densidade) regional. As regiões fluídas,
enraizadas e funcionais de Frémont (1980) obedecem a esses pressupostos es-
calares, porém, os grandes espaços (conjuntos naturais, espaços econômicos,
etc.) são considerados como estruturas extra-regionais.
Essa classificação se baseia no grau de intervenção social no espaço (na
utilização dos meios técnicos que determinados grupos sociais imprimem na
produção do espaço). Assim, grosso modo, as regiões fluídas corresponderiam
àquelas regiões pouco modificadas socialmente, predominando atividades de
caça, coleta, etc. Os espaços urbano-industriais estariam vinculados às regiões
funcionais e as regiões enraizadas implicariam “essencialmente, no quadro de
civilizações campesinas (...)” onde “os lugares pertencem aos homens e os ho-
mens pertencem aos lugares.” (FRÉMONT, 1980, p. 176-177).
Ressalte-se ainda, que na visão de Frémont (1980, p.235), a região – es-
paço vivido – se opõe, muitas vezes, ao espaço alienado: “o demente e o des-
viado (...) recriam na região o espaço que lhes é recusado pela ordem social.” A
“região-lugar” adquire, desta forma, uma atribuição política inerente, revela-se
como um “lócus” de identidade e de resistência.
Contudo, na sequencia das elaborações regionais próprias das correntes
“Crítica” e “Humanística” da Geografia, Benedetti (2009, s.p.) assinala que a
“região político-cultural” representa a concepção mais recente, mais nova (e
inovadora, talvez). Segundo Benedetti (2009), a região político-cultural recupe-
ra a ideia da construção subjetiva do espaço pelo (sujeito) coletivo. Para o autor,
esta perspectiva “não desconhece a dimensão material da região” e, inclusive,
valoriza sua dimensão simbólica, sua construção histórica, as relações de poder,
etc. (BENEDETTI, 2009, s.p.). Assim, no conjunto geral das reflexões perti-
nentes aos estudos regionais na Geografia, cabe perguntar: a região político-
-cultural se constitui(rá) numa “alternativa” teórica que valoriza(rá), de fato, o
espaços regionais na Geografia?
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Considerações Finais
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Acessado em 25/03/2011.
146
Notas de pesquisa
“Expedição Marco Veron” e a luta do povo
Kaiowá-Guarani em Mato Grosso do Sul
Apresentação
Essa nota de pesquisa expõe uma parte das vivências e experiências ad-
quiridas e realizadas pelos geógrafos1 da Associação dos Geógrafos Brasileiros
(AGB) que participaram da Expedição “Marco Veron”, em Janeiro de 2012.
Mais que uma saída a campo para reafirmar teses ou confirmar hipóteses, este
trabalho diz respeito ao movimento concreto que vem sendo construído histo-
ricamente pela AGB, que assume, em seu cotidiano, reivindicações, demandas
e ações conjuntas com os movimentos populares.
Importante destacar que essa construção histórica não é algo linear. A
aproximação da AGB com a luta dos movimentos populares decorre de um po-
sicionamento político que revela, sobretudo, a disputa pela própria concepção
da Entidade. Este compromisso, hoje assumido em âmbito nacional pela AGB,
é imanente à atuação da Diretoria Executiva Nacional (DEN), Seções Locais e
Grupos de Trabalho locais e nacionais que as compõem.
É nesta perspectiva que a AGB reconhece junto ao Tribunal Popular2 -
1 Silvio Marcio M. Machado (AGB - Seção Florianópolis) e Eduardo Luiz D. Goyos Carlini (AGB - Se-
ção São Paulo).
2 O Tribunal Popular, criado em 2008, no 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
constitui um fórum aglutinador e difusor de diversos movimentos sociais e organizações populares que, a partir
das lutas empreendidas em torno das mais diversas pautas (questão agrária; questão urbana; questão indigena;
questão ambiental), procura denunciar os crimes cometidos pelo Estado brasileiro contra os direitos humanos.
A forma encontrada para a ampla divulgação das denúncias é a realização de um juri simulado. O Tribunal
Popular da Terra é um exemplo desta dinâmica dos movimentos populares que colocam no banco dos réus o
Estado capitalista de direito, especialmente no que tange a questão da terra, seja no campo e/ou na cidade. Dis-
ponível em: <www.agb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=87>. Acesso em Jun 2012.
149
MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
3 De acordo com Rossato (2002), a ortografia das etnias está definida em seu uso maiúscula quando es-
tas palavras forem sujeitos (ex.: os Kaiowá-Guarani-Guarani) e minúsculas quando forem adjetivos (ex.:
professores Kaiowá-Guarani-guarani).
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
Antônio Brand (2003) explica que o SPI reconheceu como de posse des-
ses índios um total de oito pequenas extensões de terra, entre os anos de 1915
e 1928 e que todas elas foram sofrendo sucessivas reduções, sempre com a co-
nivência do Estado. Para o autor, os Kaiowá-Guarani, localizados nesta região
sul do Estado de Mato Grosso do Sul, passaram nas últimas décadas por um
amplo processo de confinamento nestas áreas demarcadas.
152
Terra Livre - n.38 (1): 149-176, 2012
4 “É uma mentira dizer que no Brasil a terra é produtiva”. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.
br/entrevistas/39669-e-uma-mentira-dizer-que-no-brasil-a-terra-e-produtiva-entrevista-especial-com-
-ariovaldo-umbelino>. Acesso em Mai/2012.
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
Tabela 01: Área total e área total cadastrada dos municípios, onde estão
localizadas aldeias e acampamentos de retomada do povo Kaiowá-Guarani,
visitados durante a Expedição.
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5 ‘Tekoha’, palavra na língua do povo Guarani para referir-se a terra tradicional, não se pode traduzir para
os conceitos da sociedade não indígena. Numa aproximação, poderíamos dizer lugar onde se convive, se
mantém a relação com os demais e com os antepassados, onde a vida se multiplica na relação cosmológica
que vai além do físico, do visível e do palpável. Contrapondo, violentamente, a esta forma de relação com
a terra, os promotores do latifúndio e do agronegócio em Mato Grosso do Sul vem, progressivamen-
te, expulsando, atacando em emboscadas e assassinando, principalmente, as lideranças Kaiowá-Guarani
Guarani , desde que este povo decidiu negar-se ao confinamento em micro-espaços, insuficientes para
qualquer das dimensões que atribuímos ao tekoha.”. Disponível em: <http://www.cimi.org.br/site/pt-
-br/index.php?system=news&action=read&id=6125> Acesso em Jun/2012.
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
6 De acordo com Brand (2008) é a partir do final da década de 1970, em especial na década de 1980, que
os Kaiowá-Guarani iniciam um amplo processo de recuperação de territórios perdidos e ocupados pelas
frentes não-indígenas.
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Laranjeira Ñanderu
7 “Indígenas do MS evitam despejo e colocam agronegócio no banco dos réus”. Disponível em: <http://
www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19851> Acesso em Abr 2012.
8 “Nota das lideranças Aty Guasu Guarani e Kaiowá-Guarani para as autoridades do Brasil” Disponível
em: <http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=6363>
Acesso em Abr 2012.
161
MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
9 “Fazendeiro não concorda com tratamento recebido da Comissão de Direitos Humanos” Disponível
em: <http://www.douradosnews.com.br/dourados/fazendeiro-nao-concorda-com-tratamento-recebi-
do-da-comissao-de-direitos-humanos>. Acesso em Jun 2012.
10 Segurança privava que cumpre o papel que historicamente cumpriam os jagunços.
162
Terra Livre - n.38 (1): 149-176, 2012
Takwara
11 “Nove anos depois do assassinato do cacique Verón, expedição registra conflito de terra no MS”
Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19386>.
Acesso em Jun 2012.
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
12 Silveira, destaca em seu artigo a pesquisa de Noelli (1999), que levantou, pelo menos 39 gêneros de
vegetais cultivados e cerca de 300 itens alimentares coletados pelos Kaiowá-Guarani-Guarani. In: SIL-
VEIRA, N. H. . Um ponto de vista sobre a segurança alimentar entre os Kaiowá-Guaranide Mato Grosso
do Sul. Itinerarios, v. 6, p. 123-138, 2007.
14 Mapeamento Terra Indígena Takwara realizado pelo Instituto Sócio Ambiental. Disponível em:
<http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4126>. Acesso em Ago de 2012.
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15 “Não foi desta vez que um “branco” foi condenado por matar um indígena no MS” Disponível em:
<http://www.cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=news&action=read&id=5338>. Acesso em Jul 2012
16 “Júri paulista de acusados de matar líder indígena no MS é adiado” Disponível em: <http://ultimains-
tancia.uol.com.br/conteudo/noticias/46080/juri+paulista+de+acusados+de+matar+lider+indigena+n
o+ms+e+adiado+.shtml>. Acesso em Ag 2012
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Guyraroká
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17 “Zé Teixeira estranha nota sobre demarcação de terras em MS” Disponível em: <http://www.al.ms.
gov.br/Default.aspx?Tabid=201&ItemID=30766> Acesso em Jul 2012.
18 “Parceria Shell-Cosan desiste de comprar cana de açúcar de terras indígenas”. Disponivel em:
<http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510418-parceria-shell-cosan-desiste-de-comprar-cana-de-acucar-
-de-terras-indigenas> Acesso em jul/2012.
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Passo Pirayu
19 De acordo o Instituto SocioAmbiental (ISA) até que os resumos dos relatórios de identificação ela-
borados por grupos técnicos criados pela Funai sejam publicados no Diário Oficial da União (DOU) as
terras não podem ser demarcadas.de .
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Foto 03: Cadeia para indígenas em prisão domiciliar – Passo Piraju 2012
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Arroyo Korá
21 “Fazendeiros declaram guerra contra indígenas no MS” Disponível em: <http://carosamigos.terra.
com.br/index/index.php/cotidiano/2412-fazendeiros-declaram-guerra-contra-indigenas-no-ms>. Aces-
so em Ago 2012
22 “Proprietários de fazenda na Terra Indígena Arroio-Korá obtêm liminar suspendendo demarcação”.
Disponível em: <http://nota-dez.jusbrasil.com.br/noticias/2044915/proprietarios-de-fazenda-na-terra-
-indigena-arroio-kora-obtem-liminar-suspendendo-demarcacao>. Acesso em Jul 2012
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Terra Livre - n.38 (1): 149-176, 2012
Kurussu Ambá
Desde 2007 repetidas tentativas de retomada das terras originárias daqueles que
reivindicam Kurussu Ambá vem acontecendo. Após terem sofrido três despejos de suas
próprias terras, os indígenas de Kurussu Ambá reocupam o local pela quarta vez.
Este curto período de retomada é marcado pela extrema violência sofrida
pela comunidade. Durante a primeira ocupação, em janeiro de 2007, a indígena
Xurite Lopes foi assassinada com tiros disparados à queima roupa pela milícia
local. No ano de 2009, após a segunda retomada, as lideranças Osvaldo Lopes
e Ortiz Lopes também foram assassinados24. Estes crimes somam-se a centenas
24 “Carta dos Guarani Kaiowá-Guarani sobre a retomada de Kurussu Ambá” Disponível em: <http://
www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/11/459414.shtml> Acesso em jul 2012
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
25 “Índios permanecem em fazenda de Amambai e prometem resistir à desocupação” Disponível em:
<http://www.midiamax.com.br/view.php?mat_id=276416> Acesso em jul 2012.
26 “Histórico sobre a luta do povo Kaiowá-Guaranide Mato Grosso do Sul pela retomada da terra
tradicional Kurussú Ambá”. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/es/noticias?id=83315&id_
pov=78>. Acesso em jul 2012.
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Terra Livre - n.38 (1): 149-176, 2012
Nesse sentido, fica claro que ainda que o Estado por meio de suas ins-
tituições oficiais, tanto a FUNAI quanto o TRF3 já tenham reconhecido as
terras, contraditoriamente, a ação não é executada em função de uma decisão
política que prioriza os interesses do agronegócio na região. E deste modo, os
indígenas permanecem confinados em uma ínfima área em relação a área total
de suas terras originárias, expostos à diversos tipos de violência.
Considerações finais
“... que história Kaiowá-Guarani tenho para contar para meus filhos na beira do fogo?
A história dos assassinatos? É essa história que vou contar? ”
(Liderança Kaiowá-Guarani)
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MACHADO, S.M.M; CARLINI, E.L.D.G. “Expedição Marco Veron” ...
28 “A Colonia Nacional de Dourados (CAND) situa-se no contexto da política de “marcha para o Oes-
te”, tendo em vista ampliar as fronteiras agrícolas mediante a integração de novos espaços” (BRAND,
2008)
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Referências
176
Entrevista
Geografias e a AGB1
1 Entrevista do Professor Douglas Santos concedida à Revista Terra Livre no dia 14-02-2011, para Clau-
dinei Lourenço, Coordenador de Publicações da Diretoria Executiva Nacional (DEN). Agradecemos a
Paulo Cabral Lage da Seção Local Belo Horizonte pela transcrição da entrevista.
179
ENTREVISTA | DOUGLAS SANTOS Geografias e a AGB
ção destas questões? Porque temos questões que são anteriores a ela. Afinal de
contas, elas estão ainda pouco formuladas. A hegemonia da lógica formal, que
você descreve, é uma delas, e como a lógica dialética poderia num momento,
como a lógica do improvável, visitar o empírico, o real, de uma forma mais
rica? Então a questão no fundo era essa. Quais são as questões colocadas para a
comunidade dos geógrafos, para o pensamento geográfico de uma forma geral?
DS: A primeira reflexão a se levantar é reconhecer quais seriam os fun-
damentos do discurso geográfico. Sem esses fundamentos não é construir per-
guntas e, muito menos, respostas. Tal reconhecimento, no meu entender, deve
ser feito a partir de três dimensões distintas e absolutamente interligadas:
A primeira é o reconhecimento da existência da geograficidade do mun-
do, isto é, que há uma ordem tópica no fenomênico, determinante para sua
própria caracterização e dinâmica. Ao se propor que existe uma relação tópica
entre os fenômenos, o reconhecer das formas, das posições relativas – o onde
elas estão, para onde elas vão - estabelece a possibilidade da construção de uma
estrutura analítica capaz de permitir algum tipo de síntese e, portanto, reconhe-
cer o que é o mundo pelo viés de uma de suas dimensões efetivas.
A segunda é reconhecer que existe uma Geografia. Isto é, existe no mun-
do uma tradição discursiva que tem nesta localização e no desvendamento de
seus possíveis significados seu fundamento lógico e ontológico. Trata-se de um
discurso que nos permite afirmar que tanto Estrabão quanto Milton Santos
produziram discursos com os mesmos objetivos, fundados na mesma tradição.
Vale lembrar que escreveram discursos geográficos muito diferentes – no mí-
nimo porque algo em torno de 1800 anos de histórias e geografias os separa –
mas eles não são geográficos à toa. São geográficos porque têm esses mesmos
fundamentos, têm essa ordem topológica por fundamento.
A terceira é o discurso propriamente dito, o fato de que eu, você e todos
os geógrafos somos capazes de proferir diferentes discursos sobre uma mesma
realidade. Tais discursos, no entanto, só serão geográficos se dialogarem efeti-
vamente com essa mesma tradição. Então, há uma tradição a se considerar. E
essa tradição se funda numa pergunta, que é, justamente, o sentido da localiza-
ção das coisas numa determinada escala, que é a escala do ecúmeno. Neste sen-
tido, então, eu diria que ao reconhecer que buscamos na percepção do mundo
algum tipo de ordem lógica que nos permita explicá-lo, essa nossa percepção
não é divagante, ela não é simplória, ela não é total, ela não é simplesmente
catastrófica, digamos assim, porque ela tem uma direção – todo discurso tem
por objetivo alguma ordem. A percepção do mundo, num primeiro momento,
é sempre caótica e a construção do conhecimento é a tentativa de dar ordem ao
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Terra Livre - n.38 (1): 179-193, 2012
181
ENTREVISTA | DOUGLAS SANTOS Geografias e a AGB
DS: Bom, desculpe cortar sua reflexão, mas acho que é importante identi-
ficar aí que a própria criação do nome, a nomenclatura, assim como Geometria,
Geografia, Filosofia, Física, Metafísica, este conjunto de proposições que a civi-
lização grega clássica nos legou estão associadas à necessidade se reconhecer o
comportamento humano no formato de uma estrutura discursiva. Reconhecer
esse fato é identificar os fundamentos da nossa tradição Greco-romana-judaica
e o sentido que ela deu ao significado de conhecimento.
Tal reconhecimento implica, ainda, que não podemos chamar de não
sistemática a cartografia dos Incas, ou não sistemáticos o conhecimento e a
topologia que se desenvolveu na China, por exemplo, simplesmente porque
consideramos que é mais sistemático o dos gregos. Esses processos de sistema-
tização foram constituídos em todas as civilizações, principalmente quando se
refere ao saber de caráter topológico entendendo por isso o reconhecimento
do lugar em que estou (o caráter sintético) e de coisas e processos que me per-
mitem reconhecê-lo (o caráter analítico), qual é o lugar do outro, qual o outro
lugar, o lugar do imaginário, o céu, o inferno...
CL: Isso não seria uma visita a reconhecer, por dentro das leituras an-
tropológicas, uma ontologia geográfica, que não estava diluída na totalidade da
cultura? E por que os gregos anunciam uma geografia, portanto, a consciência,
somos herdeiros dessa tradição, então, isso coloca...
DS: Essa referência sistemática, claro. Eles batizaram a “criança”.
CL: E antes disso, não é que nós vamos institucionalizar a Geografia
aqui. Porque num primeiro momento essa solidariedade social, a forma social
do pensamento, que Adorno e Horkheimer vão discutir, muito bem, na Dia-
lética do Esclarecimento... A Geografia emerge de uma sociedade específica.
Portanto dá uma forma específica da existência social e do próprio pensamento.
DS: Eu teria algumas divergências aí: a primeira delas envolve o fato de
que uma parte grande da literatura, principalmente da literatura do século XX,
em relação da Geografia, coloca o nascimento da Geografia nas mãos do Hum-
boldt e, mais recentemente, nas mãos de Kant tendo como referência as aulas
de Geografia do Kant, o que me parece absolutamente legítimo. Mas o que
me parece que não é tão legitimo é que confunde a constituição da Geografia
com ela se tornar uma disciplina acadêmica, e, portanto, só é saber aquilo que
é o nosso saber, o saber daqueles que são acadêmicos. Na tentativa de romper
isso, voltamos à tradição grega. Correto, ela estabelece uma determinada nor-
mativa, que dá sentido, significado, ordenação, uma certa teleologia inclusive,
ao discurso sistematizando perguntas que são clássicas para a sociedade como
um todo. Tal constatação nos permite afirmar que o espalhamento da discussão
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Terra Livre - n.38 (1): 179-193, 2012
geográfica, para ficarmos no nosso limite, para o mundo como um todo, não
envolve um empastelamento ou simplificação das culturas, mas a identificação
das estruturas lógicas que estão no fundamento de uma razão que necessita
dialogar com as demais razões. As perguntas sobre a dimensão e significado
do “onde” não é uma prerrogativa da chamada sociedade ocidental. Ela é uma
necessidade da humanidade.
CL: Aí que está. Permita-me aí pensar junto. Como isso, num primeiro
momento, se enquadra e é absorvido como uma totalidade pela sociedade mo-
derna capitalista na medida em que ela absorve aquilo que ela envolve, dialeti-
camente? Neste sentido a Geografia passou por esse crivo, por este processo.
DS: Mais um comportamento do que um ordenamento discursivo explícito.
CL: E que ganha uma continuidade. Ela não foi eliminada como outras
coisas. Ela foi bem recebida no moderno, pelas formas. Então, aí nós encontra-
mos talvez uma questão da própria natureza desse pensamento...
DS: Nesse sentido, sim. Uma coisa interessante da minha experiência na
África, à medida que essa experiência tem me permitido discutir, junto com
os discursos clássicos da chamada sociedade ocidental e que já estão coloca-
dos para a universidade moçambicana na sua confluência com os discursos de
origem tribal, muito presentes na vida e na constituição cultural e intelectual
daquelas pessoas que estão lá... Trata-se da oportunidade de vivenciar onde um
discurso permite o desenvolvimento do outro, ou não. É um solapamento. É
uma violência cultural. Essa experiência tem me obrigado a questionar qual se-
ria a Geografia do discurso geográfico. Em que medida a presença desse discur-
so, e de suas normas cultas, envolve a destruição das identidades, das estruturas
identitárias, ou envolve um repensar dessas identidades, o significado de lugar
para os povos... Tal reflexão ainda está para ser feita. Tendemos a fazer sempre
uma historia do discurso, fazer uma sociologia do discurso, e temos dificuldade
em fazer uma geografia dos discursos. Precisamos efetivamente fazer desven-
dar a geograficidade do discurso geográfico.
CL: Para hoje.
DS: Exatamente, é uma questão para hoje.
CL: Penso que com isso eu só queria trazer aos termos do moderno e
penso que uma questão novamente aparece e ela está presente nas suas pre-
ocupações também. Creio que é o momento evidenciar o espaço como uma
questão. Por mais que temos vivido o espaço, nem sempre ele foi a questão dos
pensadores. Nessa relação entre a constituição do mundo moderno e a consti-
tuição do espaço. Onde se colocaria o contato entre o pensamento geográfico,
a constituição do moderno e a constituição do espaço?
183
ENTREVISTA | DOUGLAS SANTOS Geografias e a AGB
DS: Vou dividir meus comentários nas mesmas partes que construíram tua
pergunta. Antes, porem, gostaria de me reportar, usando exclusivamente a memó-
ria, às primeiras páginas de “O Capital”, do Marx, onde ele advoga a ideia de que,
para construir perguntas uma sociedade deve amadurecer-se ou, numa interpreta-
ção absolutamente pessoal, a construção das perguntas faz parte do processo de
existir da própria sociedade. Assim sendo, na mesma direção, vale afirmar que há
um conjunto de questões que só se constituiu na medida em que a humanidade se
reconheceu como civilização, ou a civilização se reconheceu como humanidade,
isto é, quando nos reconhecemos na escala planetária das relações que hoje nos
constituem. Alguns vão chamar de questão ambiental, outros de política, de temas
do capitalismo monopolista... O que é importante é que o século XX, pelo menos
até os anos de 1970, dentro da sua mitologia, digamos assim, advoga a idéia de que
o tempo é a categoria de análise, por excelência, da dinâmica das transformações e
da tentativa de controlá-las. Desde Newton nota-se a tentativa de se construir um
discurso que coloque o tempo no formato da mecânica e a mecânica sob controle,
o que permitiu ao capitalismo desenvolver a idéia de controlar o trabalho pela via
do tempo de trabalho... Então, a constituição da humanidade da forma como a gen-
te a reconhece hoje, e do modo de produção capitalista da forma como ele se realiza
efetivamente hoje, coloca a dimensão da planetariedade como a escala necessária da
discussão. E aí vem o seguinte dilema: como é que eu construo um discurso único,
genérico, geral, suficiente, que dê conta dessa diferencialidade que é a realização do
fenomênico. Neste sentido então, e é justamente neste momento, que vai se realçar
a categoria espaço.
CL: Ela é, então, necessariamente a constituição do universal...
DS: Exatamente.
CL: Isso na Geografia...
DS: Sim, isso na Geografia.
CL: Na Filosofia o espaço foi uma questão muito anterior...
DS: Sim e não. Vamos considerar o seguinte: do ponto de vista do discurso
cientifico, a partir do século XVI, não há nenhum que tenha se constituído
sem colocar as questões de espaço e tempo em evidência. Espaço e tempo
são categorias tipicamente burguesas. Num primeiro momento, do capitalismo
mercantil, acelerando e colocando em evidência o discurso geográfico pela
majestade da produção cartográfica, a retomada das discussões astronômicas
e assim por diante. A fábrica traz o tempo para o primeiro plano. Creio que
isso se evidencia quando confrontamos a maneira pela qual Kant vai entender
os primeiros movimentos da mecânica e Hegel vai procurar identificar o
significado de Natureza.
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dos verbos que articulam e identificam processos, dos adjetivos que qualificam.
Neste sentido, a construção da lógica é a construção de uma sintaxe. Então, o
que chama geografia de Geografia é o reconhecimento da identidade de um
procedimento necessário da humanidade. Isso é uma institucionalização? É
porque é uma identificação, e a identificação do fenomênico é, entre outras
capacidades, a de dar nomes. Na capacidade de dar nomes construímos iden-
tidades para a nossa própria ansiedade, para nossa relação com o mundo, para
a maneira de olhar o mundo e ao mesmo tempo construímos um conjunto de
conflitos que permite a superação do referencial conceitual que dá significado
aos nomes. Um conjunto de conhecimentos, também construídos pelos gregos,
desapareceu, porque a sociedade que os sucederam, digamos assim, não viram
mais naquelas contradições respostas para suas próprias demandas. No caso, a
Geografia já teve quase que desaparecida varias vezes e ressuscitou das cinzas
outras tantas, porque a cada momento em que se muda a ordem técnica, em
que se mudam as velocidades, também se mudam as noções de distância, que
se mudam as áreas de pertencimento, as escalas de deslocamento, de realização
do trabalho, em cada um desses momentos as questões espaciais retornam e o
discurso geográfico volta a ser importante.
CL: O que me deixa perplexo é que isso tenha se constituído, se cha-
mando de Geografia. Porque simplesmente tenha permanecido por dentro de
vários conteúdos ainda se chamando da mesma coisa, é genérica no seu nasci-
mento, a sua generalidade constitutiva na identidade, preservou talvez...
DS: É como a História, a Filosofia, a Matemática,...
CL: Então a Geografia pertenceria a este momento e constituiu um cam-
po que, por mais que...
DS: Por mais que se autodestrua se reconstitui na sua discussão.
CL: E vai continuar... É como se fossem as raízes constitutivas. Isso é
que é interessante e, ao mesmo tempo, nos coloca aqui hoje. E vamos continuar
conversando sobre isso... Senão não estaríamos aqui.
Tenho ainda uma questão, que leva direto ao núcleo da AGB e que re-
monta à sua experiência na própria entidade, desde 1978, que não vamos re-
tomar, porque já foi amplamente comentado por você em outras entrevistas,
mas em algum sentido a gente não superou uma questão: a da cisão ainda per-
manente entre o que é o movimento dos geógrafos e o movimento estudantil
da Geografia. Nós temos muitas grandes entidades, a AGB e a CONEEG, e
encontros, o ENEG, o ENG... Você acha que há um passo para ser dado na
direção de uma união entre essas entidades da Geografia? Ou nós vamos ter
que construir diversas entidades, cada uma do seu lado? Ou é possível pensar
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DS: Se eu pensar nos meus próprios interesses eu diria que sim, não é?
Mas aí eu estaria deixando de lado a idéia de que a Terra Livre é uma revista de
uma entidade e ela deve responder a este conjunto de demandas. E aí eu citaria
o Ruy Moreira, no sentido de dizer que todo conhecimento que não tem por
objetivo a subversão é melhor nem ser feito. Ele não fala com estas palavras,
mas acho que a idéia é bem esta. Então acho que todo conhecimento tem por
objetivo questionar, mudar, revolucionar, subverter... Mas isto não significa que
não há importância, para este processo de subversão, o movimento de consoli-
dação de determinadas observações. Talvez não sejam os textos que eu escreva,
eu não escreveria, creio que nem sei fazer isto. Mas isso é um papel da entidade,
ela deve tornar a produção pública e as pessoas devem bancar publicamente
aquilo que elas afirmam. Acho que a questão política é essa, e talvez esta seja a
grande revolução.
CL: Muito bem Douglas, gostaríamos de agradecer a sua dedicada audiên-
cia à Terra Livre. Espero você possa continuar contribuindo com essa discussão...
DS: Queria agradecer à Direção da AGB, a você, ao pessoal da publi-
cação que tenha lembrado meu nome para fazer a entrevista e, como sempre,
dizer que estou à disposição e na medida em que puder ajudar estamos juntos
nesta jornada que já vai pra sei lá quantos anos. Obrigado a vocês.
193
Normas
Normas para Publicação
196
Normas para Publicação
data, página). Ex.: (Oliveira, 1991) ou (Oliveira, 1991, p.25). Caso o nome do
autor esteja citado no texto, indica-se apenas a data entre parênteses. Ex.: “A
esse respeito, Milton Santos demonstrou os limites... (1989)”. Diferentes títulos
do mesmo autor publicados no mesmo ano devem ser identificados por uma
letra minúscula após a data. Ex.: (Santos, 1985a), (Santos, 1985b).
9.1. As citações, bem como vocábulos, conceitos que não estejam em
português, deverão ser oferecidas ao leitor em nota de rodapé.
10. A bibliografia deve ser apresentada no final do trabalho, em ordem
alfabética de sobrenome do(s) autor(es), como nos seguintes exemplos.
a) no caso de livro:
SOBRENOME, Nome. Título da obra. Local de publicação: Editora,
data. Ex.:
VALVERDE, Orlando. Estudos de Geografia Agrária Brasileira. Petró-
polis: editora Vozes, 1985.
b) No caso de capítulo de livro:
SOBRENOME, Nome. Título do capítulo. In: SOBRENOME, Nome
(org.). Título do livro. Local de publicação: Editora, data, página inicial-página
final. Ex.: FRANK, Mônica Weber. Análise geográfica para implantação do
Parque Municipal de Niterói, Canoas – RS. In: SUERTEGARAY, Dirce. BAS-
SO, Luís. VERDUM, Roberto (orgs.). Ambiente e lugar no urbano: a Grande
Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2000, p.67-93.
c) No caso de artigo:
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico, local de
publicação, volumedo periódico, número do fascículo, página inicial- página
final, mês(es). Ano. Ex.: SEABRA, Manoel F. G. Geografia(s)? Orientação, São
Paulo, n.5, p.9-17, out. 1984.
d) No caso de dissertações e teses:
SOBRENOME, Nome. Título da dissertação (tese). Local: Instituição
em que foi defendida, data. Número de páginas. (Categoria, grau e área de con-
centração). Ex.: SILVA, José Borzacchiello da. Movimentos sociais populares
em fortaleza: uma abordagem geográfica. São Paulo: Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1986. 268p. (Tese,
doutorado em Ciências: Geografia Humana).
11. O descumprimento das exigências anteriores acarretará a não aceita-
ção do referido texto; tampouco seguirá a tramitação usual para os pareceristas
da Revista Terra Livre.
12. Os artigos serão enviados a dois pareceristas, cujos nomes perma-
necerão em sigilo, omitindo-se também o(s) nome(s) do(s) autor(es). Em caso
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English and Spanish or French. In the second line, the name (s) of author (s),
and the third, the information of the institution (s) you belong to and mailing
address of the author (s).
5. The text should be accompanied by summaries in English, Portuguese
and Spanish or French, with a minimum 10 and maximum of 15 lines, single-
-spaced, and a list of 5 keywords identifying the content of the text.
6. The structure of the text should be divided into unnumbered and with
subtitles. It is essential to include an introduction and conclusion or closing remarks.
7. Footnotes should not be used for references. This feature can be used
when absolutely necessary and every note should be about 3 lines.
8. Textual quotes long (more than 3 lines) should be a separate para-
graph. The words to ideas and / or information during the text should be
referred to the scheme (author’s surname, date) or (author’s surname, date,
page). Example: (Oliveira, 1991) or (Oliveira, 1991, p.25). If the author’s name
is mentioned in the text, indicate only the date in parentheses. E.g.: In this re-
gard, Milton Santos revealed the limits ... (1989). Different works by the same
author published in the same year should be identified by a letter after the date.
E.g.: (Santos, 1985a), (Santos, 1985b).
8.1. The quotes and words, concepts that are not in Portuguese, must be
offered to the reader in a footnote.
9. References must be submitted at the end of the work, in alphabetical
order by surname of the author (s) (s), as the following examples.
a) For a book:
LAST NAME, Name. Title. Place of publication: Publisher, date.
Example:
Valverde, Orlando. Agrarian Studies Geography Brazilian. Petrópolis:
Vozes, 1985.
b) In the case of book chapter:
LAST NAME, Name. Title of chapter. In: SURNAME, Name (ed.). Ti-
tle of book. Place of publication: Publisher, date, page-last page.
E.g.:
Frank, Monica Weber. Geographical analysis for implementation of the
Municipal Park of Niterói, Canoas - RS. In: SUERTEGARAY, Dirce. BASSO,
Luis Verdun, Roberto (eds.). Environment and place in the city: the Porto Ale-
gre. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2000, p.67-93.
c) In the case of article:
LAST NAME, Name. Title of article. Journal title, place of publication,
journal volume, issue number, page-last page, month (s) Year.
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E.g.:
SEABRA, Manoel F. G. Location (s)? Guidance, São Paulo, n.5, p.9-17,
out. 1984.
d) In the case of dissertations and theses:
LAST NAME, Name. Title of dissertation (thesis). Location: Institution whe-
re it was held, date. Number of pages. (Category, grade and area of concentration).
E.g.:
SILVA, José borzacchiello da. Popular social movements in strength: a geo-
graphical approach. São Paulo: Faculty of Philosophy and Humanities at the Uni-
versity of São Paulo, 1986. 268p. (Thesis, Doctor of Science: Human Geography).
10. Failure to comply with the above requirements will result in the rejec-
tion of the text; neither follows the usual procedure for ad hoc of the journal
Terra Livre.
11. The articles will be sent to referees, whose names remain in secrecy
and is also the name (s) of author (s).
12. The originals will be considered by the Coordination Office, which may ac-
cept,rejectorreturntheoriginaltotheauthor(s)withsuggestionsforeditorialchanges.
The versions that contain the comments of the reviewers, and also parts of eva-
luations of the reviewers that the Editorial Board considers important to direct
the authors, are compared with the versions that the authors should return to the
Commission, if there is compliance with the requests signaled by the referee that
carry the disfigurement and demerits of the journal, the texts will be refused by
the Editorial Board.
13. The Association of Brazilian Geographers (AGB) reserves the right
to provide the published articles for playback on your website or by photoco-
py, with proper citation of the source. Each published work is entitled to two
copies of your author (s), if the article, and a copy in all other cases (notes,
reviews, communications ...).
14. The concepts expressed in papers are the sole responsibility of the
author (s) (s), not implying necessarily the agreement of the Coordination Offi-
ce and / or the Editorial Board.
15. E-mail addresses, for which the texts are to be targeted will be an-
nounced in each call specifies for each issue.
16. Authors may contact the Editorial Board via e-mail address of the
Editorial Board of Revista Terra Livre, terralivre@agb.org.br as well as through
the postal address of the AGB / National: National Executive / Coordination
Office – Terra Livre- Av. Lineu Prestes, 332 - Historical Geography and His-
tory - Cidade Universitária - CEP 05508-900 - São Paulo (SP) - Brazil.
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em maio de 2013.