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gustavo_fvilela@hotmail.com; 2 hellenkqueiroz@gmail.com; 3 rcmata1@gmail.com
RESUMO: A alvenaria estrutural teve sua origem com os primórdios da sociedade, desde então foi usada sem grandes
conhecimentos técnicos-científicos. No entanto, estudos na área vem ganhando espaço, pois esse método construtivo quando
comparado a alternativas tradicionais, apresenta razoável economia, já que requer maior planejamento e é de fácil execução. Este
trabalho avaliou através de modelagem numérica, o efeito arco em painéis de alvenaria, visando compreender o comportamento
entre vigas de concreto e paredes. O software utilizado para simulação das estruturas foi o DIANA v.9, onde vinte e quatro modelos
foram desenvolvidas. Os resultados referentes a painéis de alvenaria sobre vigas, mostraram que o efeito arco, pode provocar um
alivio das tensões verticais ao longo do vão, e causar a concentração desses esforços nos apoios, além de proporcionar um alivio
do momento fletor atuante. A NBR 15961:2011 ainda não se atenta às mudanças causadas por esse fenômeno - apesar de relatar
sua existência – o que provoca um possível superdimensionamento da estrutura de transição em concreto armado (pilotis). Logo, é
necessário que existam mais debates e estudos a respeito do tema, além de maior exploração na utilização de métodos analíticos,
como elementos finitos, para a verificação de esforços em estruturas.
Palavras-chaves: Alvenaria estrutural, Modelagem numérica, Efeito arco, Interação parede-viga, Dimensionamento.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4 𝐸𝑝 . 𝑡𝑝 . 𝐿³
𝐾= √ (1)
𝐸𝑣 . 𝐼𝑣
4 𝐸 . 𝑡 𝐻³
𝑝 𝑝 (2)
𝑅= √
𝐸𝑣 𝐼𝑣
Onde:
- 𝐸𝑝 = Modulo de elasticidade longitudinal da parede;
- 𝐸𝑣 = Modulo de elasticidade longitudinal da viga;
- 𝐼𝑣 = Inercia da viga de apoio;
- 𝐻 = Altura da parede;
- 𝑇𝑝 = Espessura da parede;
Barbosa (2000) descreve que os componentes que
- 𝐿 = Distância entre apoios.
influenciam na posição da linha neutra são o
𝐻 Através de estudos teóricos e experimentais Riddington
carregamento e a relação (altura da parede pelo vão
𝐿 & Stafford (1978) mostraram que as distribuições de
livre da viga), esta pode estar na parte inferior da parede
tensão de compressão e de cisalhamento ao longo do
ou dentro da viga. O primeiro caso caracteriza-se por
comprimento de contato são expressas como na Figura
tração nas armaduras inferior e superior da viga, e
2.5. Para efeito de simplificação, considerando que os
também na base da parede. Já o segundo caso acontece
resultados são bastante próximos aos das distribuições
tração na armadura inferior da viga, compressão ao
de tensão reais, os autores adotaram uma distribuição
longo de toda parede, e compressão na armadura
triangular.
superior da viga.
𝐻 Figura 2.5 - Distribuição vertical ao longo da interface
Paredes com 𝐿 ≤ 0,5 tem a linha neutra abaixo da
da parede. (A.T. VERMELTFOORT & D.R.W.
armadura superior da viga, antes desta iniciar MARTENS, 2015).
fissuração. Conforme a parede vai fissurando, a linha
neutra sobre, provocando tensões de tração na armadura
𝐻
superior da viga. Já para paredes com 𝐿 ≥ 0,75 , desde
o início do carregamento, tem toda sua armadura
tracionada (LU et al., 1985).
3 METODOLOGIA
𝑞𝑙 2 5𝑙 2
𝑓𝑚á𝑥 = . (4)
8 48𝐸𝐼
5𝑙 2
𝑓𝑛 = 𝑀𝑛 (6)
Para constituição da malha de elementos finitos tanto 48𝐸𝐼
das vigas quanto dos painéis de alvenaria, assim como Daí:
realizado por Mata (2010), utilizou-se o elemento
isoparamétrico de estado plano de tensões e formato 𝑓𝑛 48𝐸𝐼
𝑀𝑛 = 5𝑙 2
(7)
quadrilateral CQ16M. Este elemento é baseado na
interpolação quadrática de Gauss, e possui 8 nós com 2 Este procedimento acontecerá da mesma forma para
graus de liberdade cada um, já que podem ser todos os modelos, variando-se apenas os valores dos
transladados nas direções x e y do plano (TNO, 2016). descolamentos. Posteriormente, será feita a
Figura 3.4 - Elemento CQ16M (TNO, 2016) comparação do momento obtido através da análise
numérica – que será denominado Mn - e do momento
elástico – que será chamado Me.
Uma vez feita essa comparação, a razão entre o
momento Me e o momento Mn, fornecerá uma
constante – que será chamada de K – referente a
superioridade numérica entre os dois.
M (kn.m)
60
ocorrência do efeito arco, como descrevem Riddington 80
& Stafford Smith (1978) e Davies & Ahamed (1977). 100
Assim, foram caracterizados vinte e quatro modelos 120
distintos. 140
160
A seguir, estão listados os dados obtidos a partir da
modelagem numérica, entre o modelo com maior
V1 V2 V3 V4 Me
rigidez relativa e o modelo com menor rigidez, de cada
grupo. Vale relembrar que o intuito principal desta
modelagem, foi a obtenção da flecha máxima para Neste grupo, o conjunto PAR1-V1 foi o que apresentou
realizar a comparação entre o momento 𝑀𝑛 e o a maior redução de 𝑀𝑒 (K=8), pois este é o modelo que
momento 𝑀𝑒 idealizado pela literatura. Tal análise, foi exibe o maior valor de rigidez relativa entre a viga e a
efetivada pela utilização do parâmetro 𝐾, cujo intuito parede. Já o modelo PAR1-V4, que possui o elemento
foi a definição do quão distinto é o momento numérico de suporte mais rígido deste grupo, apresenta uma
do momento elástico. constante K equivalente a 1,5 - uma redução do
momento 𝑀𝑒 em uma vez e meia. Ainda considerando
Outro ponto a se considerar, é que as imagens dos estes dois extremos, chegou-se ao resultado de um
modelos numéricos, englobam apenas os painéis de momento no vão central da viga, de valor igual a
alvenaria, pois as tensões nas vigas são maiores do que 19,26 kN.m para o primeiro exemplo, e um momento
as que atuam nas paredes, o que impossibilita a no valor de 100,12 kN.m para o segundo conjunto. Se
observação da formação do arco. comparados com 𝑀𝑒 - que neste caso equivale a
150,93 kN.m – representam, respectivamente, apenas
4.1 Grupo PAR1 2800 mm x 2000 mm 13% e 66% deste.
Como já foi dito, foram gerados vinte e quatro modelos Adiante, segue o gráfico que apresenta a variação do
para análise numérica, sendo que cada grupo contempla parâmetro K, em decorrência da variação de inércia da
seis destes modelos. Entretanto para as simulações dos viga. Caracteriza-se também, a equação da curva
seis exemplares do grupo PAR1, foram consideradas originada pelo conjunto.
apenas quatro. Isso se deu, porque os modelos PAR1-
V5 e PAR1-V6 exibiram resultados numéricos para Figura 4.2 – Gráfico dos valores de K(Iz).
flecha, superiores aos fornecidos pela equação da linha
elástica. Provavelmente, a alta rigidez dos dois últimos K x Iz - PAR1
modelos de viga, fez com que estas deixassem de se 9,00
comportar como elementos de barra, abandonando a
8,00
hipótese de Bernoulli. Vale destacar ainda, que a
7,00
energia de deformação, não seria causada em sua
maioria pelo momento atuante, e passaria a depender de 6,00
maneira mais acentuada, dos esforços cortantes. 5,00
K
4,00
O gráfico abaixo, mostra a variação dos valores
referentes ao momento fletor, devido a constante K. É 3,00
nítido que a ocorrência do efeito arco, impacta 2,00
diretamente os valores dos esforços, os quais a viga 1,00
suportará, pois, o momento atuante é reduzido. 0,00
0,0E+0 3,0E-4 6,0E-4 9,0E-4 1,2E-3
Iz (m4)
PAR1 K = 0,0111Iz^(-0,709)
R² = 0,9947
L (mm)
Figura 4.4 – Tensões verticais atuantes no painel de 0 1000 2000 3000 4000
alvenaria, para o modelo PAR1-V6. 0
100
200
M (kn.m)
300
400
500
600
700
V1 V2 V3 V4
V5 V6 Me
K x Iz - PAR2
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00 Figura 4.8 – Tensões atuantes no plano vertical para o
K
Iz (m4)
PAR2 K = 0,0348Iz^(-0,771)
R² = 0,9961
1000
1250
1500
V1 V3 V4 V5
V6 V2 Me
60,00
40,00
20,00
0,00
0,0E+0 2,0E-3 4,0E-3 6,0E-3 8,0E-3 1,0E-2
Iz (m4)
PAR3 K = 0,0598Iz^(-0,822)
R² = 0,9989 4.4 Grupo PAR4 2800 mm x 8000 mm
A flecha teórica continuou assumindo valores Para o último grupo a relação H/L assim como seu
extremamente altos, enquanto a numérica (assim como comprimento, também apresentou valores inferiores
os outros modelos) permaneceu dentro dos padrões aos que foram propostos por Wood (1952) e Riddington
limitantes pela norma NBR 6118:2014. & Stafford Smith (1977) para formação do arco. Além
disso, devido a rigidez relativa alta do primeiro modelo,
observou-se o maior coeficiente K de todo o trabalho,
200,00
150,00
Figura 4.16 – Tensões verticais atuantes no painel de
K
50,00
0,00
0,0E+0 2,0E-3 4,0E-3 6,0E-3 8,0E-3 1,0E-2
Iz (m4)
PAR4 K = 0,0763Iz^(-0,86)
R² = 0,9998
PAR1-V1
PAR1-V6
PAR2-V1.
PAR2-V6.
PAR3-V1.
PAR3-V6.
PAR4-V1.
PAR4-V6.
Porcentagem
Tensão vertical no Tensão vertical na Flecha (mm) Inércia da Constante Momentos (kN.m)
Modelos Nd (kN) de Me(%) *
painel (N/mm²) viga (N/mm²) viga (m^4) K
Máxima Mínima Máxima Mínima Numérica Elástica Mn Me
PAR1-V1 603,704 0,283 -16,700 89,600 -120,000 2,389 18,716 1,00E-04 7,834 19,265 150,926 12,764
PAR1-V2 603,704 0,022 -11,600 74,000 133,000 1,826 5,545 3,38E-04 3,037 49,696 150,926 32,928
PAR1-V3 603,704 -0,431 -8,630 61,600 107,000 1,399 2,340 8,00E-04 1,672 90,252 150,926 59,799
PAR1-V4 603,704 -0,588 -8,070 46,200 -80,300 1,164 1,755 1,07E-03 1,507 100,123 150,926 66,339
PAR1-V5 603,704 -1,240 -5,160 32,900 -73,200 0,711 0,520 3,60E-03 - - 150,926 -
PAR1-V6 603,704 -1,550 -3,990 24,700 -68,300 0,531 0,022 8,53E-03 - - 150,926 -
PAR2-V1 1207,408 0,374 -30,400 112,000 131,000 6,457 299,456 1,00E-04 46,377 13,017 603,704 2,156
PAR2-V2 1207,408 0,245 -22,000 99,200 -25,000 5,505 88,728 3,38E-04 16,118 37,456 603,704 6,204
PAR2-V3 1207,408 0,261 -17,300 89,600 -20,000 4,802 37,432 8,00E-04 7,795 77,447 603,704 12,829
PAR2-V4 1207,408 0,275 -16,500 67,200 -90,300 4,380 28,074 1,07E-03 6,410 94,188 603,704 15,602
PAR2-V5 1207,408 -0,098 -11,300 55,500 -84,900 3,191 8,318 3,60E-03 2,607 231,590 603,704 38,362
PAR2-V6 1207,408 -0,595 -8,340 46,000 -80,300 2,331 0,351 8,53E-03 1,505 401,007 603,704 66,424
PAR3-V1 1811,112 0,824 -42,000 126,000 138,000 12,400 1515,998 1,00E-04 122,258 11,110 1358,334 0,818
PAR3-V2 1811,112 0,383 -31,100 112,000 -31,000 10,650 449,185 3,38E-04 42,177 32,206 1358,334 2,371
PAR3-V3 1811,112 0,228 -24,800 103,000 -26,000 9,462 189,500 8,00E-04 20,027 67,824 1358,334 4,993
PAR3-V4 1811,112 0,221 -23,600 77,000 -94,700 8,797 142,125 1,07E-03 16,156 84,076 1358,334 6,190
PAR3-V5 1811,112 0,123 -16,800 67,200 -90,300 7,034 42,111 3,60E-03 5,987 226,889 1358,334 16,703
PAR3-V6 1811,112 0,095 -12,900 59,000 -86,600 5,595 1,777 8,53E-03 3,175 427,786 1358,334 31,493
PAR4-V1 2414,816 -3,390 -51,700 136,000 -42,000 22,610 4791,302 1,00E-04 211,911 11,395 2414,816 0,472
PAR4-V2 2414,816 0,704 -39,200 122,000 -36,000 19,460 1419,645 3,38E-04 72,952 33,101 2414,816 1,371
PAR4-V3 2414,816 0,388 -31,600 112,000 -31,000 17,310 598,913 8,00E-04 34,599 69,794 2414,816 2,890
PAR4-V4 2414,816 0,367 -30,100 83,900 -98,000 16,190 449,185 1,07E-03 27,745 87,037 2414,816 3,604
PAR4-V5 2414,816 0,069 -21,700 74,400 -93,500 13,220 133,092 3,60E-03 10,067 239,864 2414,816 9,933
PAR4-V6 2414,816 -0,127 -16,900 67,200 -90,300 10,860 56,148 8,53E-03 5,170 467,067 2414,816 19,342
* Porcentagem do momento numérico em relação ao momento elástico
Pontifícia Universidade Católica de Goiás Curso de Engenharia Civil 2017/1 16